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Avaliação Cinesiológica e

Biomecânica da Marcha
Prof. Esp. Hellyangela Bertalha Blascovich
LOCOMOÇÃO

“Toda ação que move o corpo de um animal através do espaço aéreo,


aquático ou terrestre”. (CAPOZZO, 1991).

• Movimentos coordenados, complexos e integrados


• Interação dinâmica das forças internas (muscular e articular)
• Forças externas (inercial, gravitacional)
• Duas pessoas não se movem identicamente
• Padrões universais
MARCHA
• A marcha humana é uma sequência de ações coordenadas dos
segmentos articulares de membros superiores, inferiores e tronco,
compondo um movimento altamente complexo.

• É produto de movimentos coordenados dos segmentos corporais


gerados internamente (forças internas -muscular e articular)
interagindo com as forças externas (inercial, gravitacional e friccional).

• Deslocamento rítmico das partes do corpo que mantém o indivíduo


em constante progresso para diante.
TERMOS IMPORTANTES

• Comprimento da passada:
• Distância percorrida entre o impacto do pé e um novo impacto do mesmo pé.
• Comprimento do passo:
• Distância que vai do calcâneo de um pé ao calcâneo do outro pé durante a
fase de apoio duplo dos pés = metade do comprimento da passada.
• Cadência:
• Número de passos por minuto.
• Velocidade da marcha:
• Velocidade de movimento em uma mesma direção em m/s.
• Centro de gravidade:
• Ponto no qual pode-se considerar concentrado seu peso.
CICLO DA MARCHA
• É intervalo de tempo ou na sequência de movimentos que ocorre
entre dois contatos iniciais consecutivos do mesmo pé.
(MAGEE, 2005)
• Descreve o que acontece em um membro inferior
• Dividido em duas fase:
• FASE DE APOIO
• Quando pelo menos um dos pés está sobre o solo.
• Corresponde 60%- 65% do ciclo.
• FASE DE BALANÇO (ou balanceio, oscilação)
• Quando o membro está oscilando.
• Corresponde 35%-40% do ciclo.
FASES DA MARCHA
FASES DA MARCHA
• APOIO • BALANÇO
• Apoio inicial (Apoio do • Balanço inicial
calcanhar); • Balanço médio
• Resposta à carga (Aplainamento
do pé); • Balanço terminal
• Apoio médio (Acomodação
intermediária);
• Apoio final (Impulso);
• Pré-balanço
FASE DE APOIO
• Início: Inicia-se com o choque do calcanhar no solo
• Fim: Retirada dos artelhos
• Subfases:
• Apoio inicial: Quando o calcanhar toca o solo.
• Resposta à carga: Restante do pé entra em contato com o solo.
• Apoio médio: Membro contralateral em balanço passa a fase apoio.
• Apoio final (Impulso); Retirada do calcanhar; peso suportado pelo antepé
• Pré-balanço: Quando o restante do pé sai do contato
FASE DE APOIO
FASE DE APOIO
FASE DE BALANÇO

• Início: Retirada dos artelhos (dedos)


• Fim: choque do calcanhar no solo
• Subfases:
• Balanço inicial (aceleração)
• Balanço médio:
• Balanço terminal (desaceleração)
FASE DE BALANÇO
• Balanço inicial (aceleração): Da saída dos artelhos até metade da oscilação
• Flexão joelho e dorsiflexão tornozelo
• Balanço médio: Membro em oscilação passa pelo membro suportando o
peso.
• Balanço terminal (desaceleração): Após metade da oscilação até contato
do joelho estendido com o solo.
FASE DE BALANÇO
FASE DE BALANÇO
PARÂMETROS NORMAIS DA MARCHA
Para uma população entre 8 e 45 anos de idade.

LARGURA DA BASE DE SUPORTE 5-10CM


COMPRIMENTO DO PASSO APROXIMADAMENTE 35 a 45cm
COMPRIMENTO DA PASSADA APROXIMADAMENTE 70 a 82cm
Se aumentar a base tem algum
CADÊNCIA 90-120 PASSOS/MIN. problema: equilíbrio, neuropatia;
VELOCIDADE DA MARCHA APROXIMADAMENTE 1,4M/S musculoesquelético.

• Comprimento da Passada= é aproximadamente duas vezes o


comprimento de um passo.
• Passo e passada tendem a diminuir: idade;fadiga;dor e doenças.
• CORRIDA: Ocorre fase de flutuação (fase de apoio duplo desaparece)
DETERMINANTES DA MARCHA

• São os ajustamentos feitos pelo corpo para reduzir a oscilação do seu


centro de gravidade (CG) tornando a marcha eficiente.
• O CG situa-se 5 cm à frente de S2.

• PELVE:
• JOELHO
• INTERAÇÕES ENTRE JOELHO, TORNOZELO E PÉ
DETERMINANTES DA MARCHA
• DESVIO PÉLVICA LATERAL (INCLINAÇÃO PÉLVICA)
• Necessário para centrar o peso do corpo sobre o MI de apoio;
• Normalmente é de 2,5 a 5cm.
• Se tiver aumentado = > fraqueza dos abdutores do MI de apoio
• DESVIO PÉLVICA VERTICAL
• Impede que o centro de gravidade se mova mais de 5cm para
cima e para baixo.
• ROTAÇÃO PÉLVICA
• Total: 8° (4° para frente MI em balanço; e 4°para trás MI
de apoio.
• A rotação da pelve com o
membro de balanço
aumento o comprimento
do passo.
DETERMINANTES DA MARCHA
• Tórax roda na direção oposta a pelve para manter o equilíbrio.
• MMSS balançam em contraposição aos MMII.
DETERMINANTES DA MARCHA

• INTERAÇÃO JOELHO – TORNOZELO – PÉ =>


• PREVINE MUDANÇAS ABRUPTAS NO DESLOCAMENTO DO CENTRO DE
GRAVIDADE.
• EX: No médio apoio, o centro de gravidade alcança seu ponto mais alto e a
flexão do joelho reduz uma elevação adicional.
OUTROS DETERMINANTES DA MARCHA

• Nem todos os padrões de


marcha em desacordo com as
características da marcha
“normal” são causados por
doença. Os padrões de marcha
de crianças pequenas e de
adultos idosos têm diferenças
características em relação ao
padrão de marcha de adultos
jovens, consideradas variações
relacionadas com a idade, não
patológicas.
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE APOIO
Apoio inicial (Apoio do calcanhar);

Articulação Movimento Musculatura ativada


TORNOZELO NEUTRO Tibial anterior
JOELHO ESTENDIDO Quadríceps
QUADRIL FLETIDO Glúteo médio, Máximo
e Isquiotibiais

Extensores para freiar o


movimento de flexão.
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE APOIO
Resposta à carga (Aplainamento do pé);

Articulação Movimento Musculatura ativada


TORNOZELO FLEXÃO PLANTAR Tibial anterior
JOELHO FLEXÃO Isquiotibiais
QUADRIL FLEXÃO Glúteo médio
Isquiotibiais

Estabilizar a pelve do lado oposto.


ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE APOIO
Apoio médio (Acomodação intermediária);
Freiar o avanço da tíbia

ARTICULAÇÃO MOVIMENTO MUSCULATURA ATIVADA


TORNOZELO DORSIFLEXÃO Triceps Sural
(ROLAMENTO DA TIBIA) (excêntrico)
JOELHO EXTENSÃO Quadriceps
QUADRIL ESTABILIZAÇÃO Glúteo médio
Iliopsoa (resistir à
extensão)
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE APOIO
Apoio final (Impulso);

ARTICULAÇÃO MOVIMENTO MUSCULATURA ATIVADA


TORNOZELO FLEXÃO PLANTAR Tríceps Sural
JOELHO EXTENSÃO Gastrocnemios (destrava o joelho
para iniciar uma flexão)

QUADRIL EXTENSÃO Glúteo médio


Iliopsoa (resistir à extensão)
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE APOIO
Pré-balanço

ARTICULAÇÃO MOVIMENTO MUSCULATURA ATIVADA


TORNOZELO FLEXÃO PLANTAR Tríceps Sural
JOELHO FLEXÃO Gastrocnemios (destrava o
joelho para iniciar uma flexão)

QUADRIL NEUTRO Adutor longo e magno – avanço


da coxa
Iliopsoa – estabiliza
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE BALANÇO
Balanço inicial
ARTICULAÇÃO MOVIMENTO MUSCULATURA
ATIVADA
TORNOZELO FLEXÃO Tibial anterior (levar o
PLANTAR tornozelo posição
(REDUÇÃO) neutra)
JOELHO FLEXÃO Isquiotibiais
QUADRIL FLEXÃO Flexores de quadril –
iliopsoas
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE BALANÇO
Balanço médio

ARTICULAÇÃO MOVIMENTO MUSCULATURA


ATIVADA
TORNOZELO DORSIFLEXÃO Tibial anterior
JOELHO EXTENSÃO PASSIVA (peso da tíbia)
indo p/ flexão
QUADRIL FLEXÃO Iliopsoa
ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA
FASE DE BALANÇO
Balanço terminal
ARTICULAÇÃO MOVIMENTO MUSCULATURA
ATIVADA
TORNOZELO NEUTRO Tibial anterior
JOELHO EXTENSÃO Isquiotibiais (restringir)

QUADRIL FLEXÃO Isquiotibiais (restringir)

Desaceleração
COMO AVALIAR A MARCHA ?
AVALIAÇÃO DA MARCHA
• Exige tempo, prática e habilidade técnica;
• Conhecimento do padrão da marcha normal;
• Pode ser analisada por meio de:
• Análise Visual/Filmagem
• Padrão Ouro: (laborátorios)
• Plataforma de força (mede forca de reação do solo)
• Eletromiografia (mede atividade muscular)
• Análise do movimento com vídeo de
alta velocidade.
ANÁLISE VISUAL
• Avaliar a marcha em qualquer avaliação do MMII
• Observar as fases
• Alterações em relação ao padrão.
• Marcha patológica
• Velocidade normal x rápida
• Pedir para o paciente andar como o habitual
usando qualquer auxilio.
• Pré-intervenção
• Pós-intervenção
AVALIAÇÃO MOBILIDADE

• TIMED UP AND GO TEST (TUG)


• Avalia mobilidade funcional (marcha; equilíbrio, agilidade) –
Risco de queda
Resultado:
• <10 segundos: NORMAL;
• 10 a 20 segundos: leve comprometimento da mobilidade mas
com independência em transferências básicas;
• >/= 20 segundos: São dependentes em muitas AVD’s e tem sério
distúrbio da mobilidade.
AVALIAÇÃO MOBILIDADE
Material necessário: Para a
realização do teste são
necessários uma cadeira de
braços, um cronômetro e uma
ficha de anotação dos dados

Como realizar: Consiste em mensurar em o tempo gasto por um indivíduo para levantar de uma cadeira, andar uma
distância de 3 metros, dar a volta, retornar a cadeira e sentar novamente. O indivíduo, ao início do teste, deverá estar com o
dorso apoiado no encosto da cadeira e, ao final, deverá encostar novamente, sem receber auxílio durante o teste. O sujeito,
recebe a instrução ”vá” para realizar o teste, sendo o tempo cronometrado. O teste deverá ser realizado uma vez para que o
indivíduo se familiarize com o teste e uma segunda vez para oferecer o resultado final.
MARCHA PATOLÓGICAS
MARCHA ANTÁLGICA

• Auto-protetora
• Fase de apoio do membro acometido é mais curta
• Fase de balanço do membro não acometido diminuí
• Diminui comprimento do passo e velocidade
MARCHA EQUINA

• Caracterizada pela ausência de contato do calcanhar com o chão na


fase do contato inicial da marcha.
• Pode ser causada:
Tendão Aquiliano curto;
Anomalia do músculo solear;
Origem no sistema nervoso central;
Outros
MARCHA HEMIPARÉTICA OU HEMIPLÉGICA

• Postura em flexão do membro superior e extensão do membro


inferior.
• Membro inferior realiza circundunção
• Membro Superior levado através do tronco para equilíbrio
• Marcha ceifante – perdem dorsiflexão
• transporte ceifante do membro atingido (elevação da hemipelve e
circundução do quadril).
• A espasticidade do músculo tríceps sural provoca choque da ponta
do pé com o solo.
MARCHA PARKINSONIANO

• Passos curtos; deslocamento em bloco, inclinação anterior


e tronco.
• Dificuldade para iniciar, parar e mudar o sentido do
movimento.
• Não apresenta dissociação de cintura e balanceio dos
braços.
• Causada pela hipertonia plástica e o déficit de movimento
automático.
MARCHA ESCARVANTE/CEIFANTE

• Apresenta um caminhar arrastando a ponta do pés no solo ,


pela fraqueza na dorsiflexão.
• Tenta fazer uma compensação elevando os joelhos na
tentativa de não arrastar os pés.
• É a marcha proveniente de lesões dos nervos periféricos,
radiculites, polineurites e poliomielites.
MARCHA ANSERINA

• O paciente caminha com rotação exagerada da pelve


• Arremessando ou rolando os quadris de um lado para o outro a cada
passo, para deslocar o peso do corpo, assemelhando ao pato quando
anda.
• É frequente nas miopatias com fraqueza da musculatura da cintura
pélvica, principalmente dos músculos glúteos médios.
• A mudança do eixo da coluna vertebral na gestação relaciona-se à
acentuação da lordose lombar e à mudança do padrão de marcha
materna, chamada de anserina por se assemelhar ao andar de um pato.
MARCHA ESPÁSTICA – EM TESOURA

• Ocorre um encurtamento dos músculos adutores do quadril,


provocando uma adução das coxas, de modo que os
• joelhos podem cruzar-se um na frente do outro, com a passada
assemelhando-se a uma tesoura.
• Bastante comum nos pacientes com espasticidade grave dos membros
inferiores, principalmente (paralisia cerebral).
MARCHA ATÁXICA

• Movimentos rápidos, bruscos e desconexos.


• A velocidade está aumentada.
• A Base de Sustentação está aumentada -> MMII afastados.
• Os MMSS afastados do corpo -> tentar melhorar equilíbrio
• Movimentos excessivos de flexão de quadril e joelho na fase
de balanço.
• É uma marcha típica das lesões cerebelares.

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