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1
Análise da incidência e risco de lesões musculoesqueléticas e articulares no
crossfit: revisão bibliográfica
2 crossfit
Análise do perfil e prevalência de lesão musculoesquelética em praticantes de
16
Prevalência de lesões musculoesqueléticas em jovens e adultos praticantes de
Crossfit ®: revisão bibliográfica
Abstract
Resumo
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS
Outros onze artigos, sendo eles: Tibana, de Farias, Nascimento, Da Silva- Grigoletto
Cinco bibliografias restantes, sendo elas: Neto e Preis (2015); Heinrich, Patel,
O’Neal e Heinrich (2014); Gipson, Campbell e Malcom (2018); Dantas (2018) e
Tibana et al. (2018) foram utilizados como embasamento para a relação entre a
força muscular e o exercício de alta e moderada intensidade com o desempenho
esportivo e o risco de lesão, onde o exercício de alta intensidade, como o CrossFit,
desempenham papel fundamental no aumento exponencial de força,
condicionamento físico, homeostase e qualidade de vida, trazendo benefícios a curto
e longo prazo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Journal of Specialist 8 de 13
incidência de lesões musculoesqueléticas e articulares na prática de CrossFit é
baixa, quando comparada a esportes que possuem as mesmas características de
treinamento (intensidade, volume, duração). As lesões ocorrem principalmente nas
estruturas do complexo do ombro e coluna lombar, porém não são comumente
relacionadas à prática do CrossFit per se. Contudo, é difícil comparar a taxa dessas
lesões em um curto período de tempo com as de equipes multidisciplinares de alto
rendimento.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 198
RODRIGO HENRIQUE FERREIRA LOPES, PEDRO ANTÔNIO PIRES DE JESUS, ANDRÉ BENETTI DA FONSECA MAIA,
KARINA MARTIN RODRIGUES SILVA, ANA CLÁUDIA TOMAZETTI DE OLIVEIRA,
LUIZ RICARDO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS
Foram avaliados 123 participantes, sendo 49,59% do sexo feminino (61) e 50,41%
do sexo masculino (62) (Gráfico 1).
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 200
RODRIGO HENRIQUE FERREIRA LOPES, PEDRO ANTÔNIO PIRES DE JESUS, ANDRÉ BENETTI DA FONSECA MAIA,
KARINA MARTIN RODRIGUES SILVA, ANA CLÁUDIA TOMAZETTI DE OLIVEIRA,
LUIZ RICARDO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
A média de idade dos participantes foi de 30,3 anos (± 6,55), média de peso
74,9 kg (± 16,05), média de altura 1,70 m (± 0,11) e a média do IMC foi de 25,44 kg/m²
(± 3,71) (Quadro 1).
Com relação aos treinos, a média do tempo de prática de CrossFit dos avaliados
foi de 18,11 meses (± 13,23), com duração da sessão de 72,39 minutos (± 26,31) e média
de 4,75 vezes por semana (± 1,44) (Quadro 2).
Quadro 2 Média e desvio padrão do tempo de prática, duração do treino e o número de vezes por
semana.
Média Desvio Padrão
Tempo de Prática (meses) 18,11030 13,23723
Duração do treino (minutos) 72,39316 26,31538
Número de vezes por semana 4,75410 1,43919
Gráfico 2 Participantes que foram afastados ou não de suas atividades devido á lesão.
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 201
ANÁLISE DO PERFIL E PREVALÊNCIA DE LESÃO MUSCULOESQUELÉTICA EM PRATICANTES DE CROSSFIT
PROFILE ANALYSIS AND PREVALENCE OF MUSCULOSKELETAL INJURY IN CROSSFIT PRACTITIONERS
Dos 123 participantes, 48,78% (60) praticam outra atividade física aliada ao
CrossFit e 51,22% (63) treinam apenas CrossFit (Gráfico 3).
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RODRIGO HENRIQUE FERREIRA LOPES, PEDRO ANTÔNIO PIRES DE JESUS, ANDRÉ BENETTI DA FONSECA MAIA,
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LUIZ RICARDO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
Quadro 3 Porcentagem dos participantes que fazem ou não ingesta de álcool e que são ou não
fumantes.
Sim Não
Ingesta de álcool 47,15% 52,84%
Fumantes 25,20% 74,79%
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 203
ANÁLISE DO PERFIL E PREVALÊNCIA DE LESÃO MUSCULOESQUELÉTICA EM PRATICANTES DE CROSSFIT
PROFILE ANALYSIS AND PREVALENCE OF MUSCULOSKELETAL INJURY IN CROSSFIT PRACTITIONERS
Gráfico 6 Porcentagem dos pacientes que apresentavam ou não alguma doença associada.
*O paciente com hipoglicemia não foi descrito no texto acima, pois esta condição se encaixa como
quadro clínico e não como uma patologia.
O gráfico de correlação entre IMC e risco de ter lesões ilustrou uma correlação
direta e estatisticamente significante (p= 0,0419611), identificando que quanto maior
o IMC maior a chance de ocorrer uma lesão durante o treino (Gráfico 8).
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 204
RODRIGO HENRIQUE FERREIRA LOPES, PEDRO ANTÔNIO PIRES DE JESUS, ANDRÉ BENETTI DA FONSECA MAIA,
KARINA MARTIN RODRIGUES SILVA, ANA CLÁUDIA TOMAZETTI DE OLIVEIRA,
LUIZ RICARDO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
Na análise das variáveis tempo de prática e risco de lesão não foi obtido um
valor estatisticamente significante, não mostrando correlação entre as variáveis (p=
0,1641767) (Gráfico 9).
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 205
ANÁLISE DO PERFIL E PREVALÊNCIA DE LESÃO MUSCULOESQUELÉTICA EM PRATICANTES DE CROSSFIT
PROFILE ANALYSIS AND PREVALENCE OF MUSCULOSKELETAL INJURY IN CROSSFIT PRACTITIONERS
DISCUSSÃO
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 206
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KARINA MARTIN RODRIGUES SILVA, ANA CLÁUDIA TOMAZETTI DE OLIVEIRA,
LUIZ RICARDO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
que essa correlação foi altamente significante. No nosso levantamento de dados, foi
encontrado que, aproximadamente, metade dos participantes 60 (48,78%) faziam outra
atividade aliada ao CrossFit, mostrando que grande parte dessa população busca outras
práticas para intensificar seus ganhos, expondo esses indivíduos a um alto risco de
lesão.
Hak, Hodzovic e Hickey (2013) relataram que as lesões musculoesqueléticas são
frequentes em praticantes de CrossFit. Não há predominância entre membros superiores e
inferiores. Ainda foi descrito que 74% dos que tiveram lesão precisaram ser afastados
do trabalho ou treino. Montalvo et al (2017), reportou que 50% dos indivíduos que
sofreram lesão tiveram alteração no desempenho da prática esportiva e 20% desses atletas
tiveram que interromper os treinamentos. Weisenthal et al (2014), expôs que o diagnóstico
mais comum era dor e inflamação, seguido por entorses e contraturas musculares. Rupturas
e luxações foram infrequentes. O presente estudo encontrou que 36 (29,27%) dos
participantes sofreram afastamento do seu trabalho, treino ou de suas atividades devido
a lesões decorrentes da prática do CrossFit, com uma média de afastamento de 54 dias.
Embora constitua uma porcentagem pequena da população estudada, este dado mostra sua
importância quando se analisa a média dos dias que esses indivíduos precisaram ficar
ausentes de suas atividades diárias, implicando que foram lesões com um certo grau de
severidade, exigindo repouso ou diminuição das funções rotineiras.
No estudo de Hak, Hodzovic e Hickey (2013) e Weisenthal et al (2014), foi
observado que as regiões mais frequentemente lesadas eram ombro, joelho e coluna lombar.
Na presente pesquisa, foi encontrado que as regiões mais reclamadas de dor pelos
participantes foram ombro, joelho, coluna lombar e punho, dispondo os praticantes a um
risco maior de lesão nessas estruturas, corroborando com a literatura.
Tafuri et al (2016) analisou, através da Avaliação Funcional do Movimento, 7
movimentos básicos do CrossFit quanto à sua qualidade na estabilidade e mobilidade. Foi
encontrado como resultado da pesquisa um aumento significante na mobilidade do ombro.
Esse dado, associado à fraqueza muscular pode levar a traumas que levam ao
comprometimento do complexo do ombro.
Em 2009, Melo e Bordonal, e em 2015, Zambão, Rocco e von der Heyde, relataram
que a fadiga muscular é devido ao estresse oxidativo metabólico que ocorre após uma
atividade intensa. Muitos praticantes de esportes utilizam suplementos alimentares com
o intuito de acelerar a recuperação muscular e melhorar a performance. Esses suplementos
conferem ao atleta diversos benefícios como, por exemplo, uma recuperação mais eficaz
da musculatura, fortalece o sistema imunológico e melhora os resultados do exercício
físico, decorrente de uma eficiente síntese proteica quando associado ao estímulo
correto do treinamento físico.
Para Steiner e Lang (2015), o consumo em excesso de álcool resulta na perda
da homeostase proteica no músculo devido a uma diminuição na massa muscular e na área
de secção transversa das fibras do tipo II, que são aquelas responsáveis pela contração
rápida. De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM – 2000), o álcool
compromete a unidade funcional contrátil, prejudicando a recuperação muscular após a
sessão de exercícios. Conforme a American Heart Association Nutrition Committee
Circulation (2006), a contração muscular é dependente da entrada de íons de cálcio nos
miócitos e o álcool vai dificultar essa entrada, comprometendo a efetividade da função
muscular, prejudicando o desempenho do atleta.
Na presente pesquisa foi encontrado que, dos 123 praticantes, quase a metade
58 (47,15%) faziam a ingesta de álcool regularmente, podendo este ser um fator preditivo
para o surgimento de novas lesões devido aos efeitos do álcool no sistema muscular.
Montalvo et al (2017) encontrou que o índice de massa corpórea (IMC) foi um
fator diferenciador entre praticantes lesionados e não-lesionados. Em 2017, Xavier e
Lopes constataram que o sobrepeso/obesidade foi um fator determinante para a ocorrência
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ANÁLISE DO PERFIL E PREVALÊNCIA DE LESÃO MUSCULOESQUELÉTICA EM PRATICANTES DE CROSSFIT
PROFILE ANALYSIS AND PREVALENCE OF MUSCULOSKELETAL INJURY IN CROSSFIT PRACTITIONERS
de lesão em praticantes de Crossfit. O presente estudo obteve uma média de IMC de 25,4
kg/m², classificado como pré-obeso pelas Diretrizes Brasileiras de Obesidade (2010),
apresentando um risco aumentada às lesões e ser um fator de risco a ser controlado.
Portanto sugere-se que seja realizado um controle regular do IMC dos praticantes para
minimizar o risco de lesões e manter a longevidade da pratica esportiva.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 208
RODRIGO HENRIQUE FERREIRA LOPES, PEDRO ANTÔNIO PIRES DE JESUS, ANDRÉ BENETTI DA FONSECA MAIA,
KARINA MARTIN RODRIGUES SILVA, ANA CLÁUDIA TOMAZETTI DE OLIVEIRA,
LUIZ RICARDO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
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Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 17, n. 48, jul./set. 2020, ISSN 2318-2083 (eletrônico) • p. 209
ARTIGO ORIGINAL
DOI: 10.31744/einstein_journal/2021AO5941
❚❚RESUMO
Objetivo: Correlacionar as lesões durante a prática do CrossFit com sedentarismo prévio
e pesquisar outros fatores possivelmente relacionados ao aumento da taxa de lesão entre os
praticantes. Métodos: Estudo transversal nacional, envolvendo praticantes de CrossFit, que
receberam questionário digital para avaliar lesões relacionadas à prática da modalidade, à vida
sedentária anterior, a intensidade e tempo de treinamento, à localização da lesão e à demografia
geral. Resultados: Esta amostra incluiu 121 praticantes de CrossFit, 34,7% dos participantes
eram sedentários antes de iniciar o CrossFit, desses, 45,2% sofreram alguma lesão relacionada
a essa atividade, versus 30,4% dos que eram anteriormente ativos (p=0,104). Dos praticantes
avaliados, 35,5% declararam história de alguma lesão relacionada ao CrossFit. Os locais mais
frequentes foram ombro e cotovelo (60,5%), coluna lombar (30,3%), e punho e mão (16,3%). Os
participantes que realizam levantamento de peso de forma intensa estiveram mais propensos a
lesões do que aqueles que realizavam treinamento leve ou moderado (p=0,043). Os participantes
com história de lesão apresentaram tempo médio de treinamento significativamente maior quando
comparados àqueles sem antecedente de lesão (68,4 minutos versus 61,7 minutos; p=0,044).
Conclusão: Não houve diferença significativa na incidência de lesões relacionadas ao CrossFit
entre participantes previamente sedentários e fisicamente ativos. O levantamento intenso de
pesos esteve relacionado à maior incidência de lesões. A taxa média de lesões encontradas
Como citar este artigo: neste estudo foi de 35,5%, semelhante a encontrada em estudos prévios. O local mais
Paiva TM, Kanas M, Astur N, Wajchenberg frequente foi ombro/cotovelo.
M, Martins Filho DE. Correlação entre
sedentarismo prévio e lesões relacionadas Descritores: Crossfit; Ferimentos e lesões; Atletas; Comportamento sedentário; Exercício físico
ao CrossFit. einstein (São Paulo).
2021;19:eAO5941. ❚❚ABSTRACT
Autor correspondente: Objective: To correlate CrossFit-related injuries with previous sedentary lifestyle, and to
Michel Kanas investigate other factors potentially associated with higher rates of injury among practitioners.
Avenida Albert Einstein, 627/701, 3o andar, Methods: A nationwide cross-sectional study involving CrossFit practitioners who received
bloco A1, sala 306 – Morumbi a digital questionnaire inquiring into CrossFit-related injuries, previous sedentary life, training
CEP: 05652-900 – São Paulo, SP, Brasil intensity and experience, site of injury and general demographics. Results: This sample
Tel.: (11) 2151-9393
included 121 CrossFit practitioners, 34.7% of participants were sedentary prior to starting
E-mail: michelkanas@gmail.com
CrossFit practice, from these, 45.2% reported CrossFit-related injuries, compared to 30.4% from
Data de submissão: previously active practitioners (p=0.104). The shoulder/elbow (60.5%), lumbar spine (30.3%)
20/6/2020 and wrist/hand (16.3%) were the most common sites of injury among participants reporting
Date de aceite: CrossFit-related injuries (35.5%). Participants performing intense weight training were more
19/11/2020 prone to injuries than those practicing light or moderate weight training (p=0.043). On average,
participants with a history of injury spent significantly more time training than those with no
Conflitos de interesse:
não há. history of injury (68.4 and 61.7 minutes, respectively; p=0.044). Conclusion: The incidence of
CrossFit-related injuries did not differ significantly between previously sedentary and physically
Copyright 2021 active participants. Intense weight training was associated with a higher incidence of injuries.
The overall injury rate was 35.5%, similar to that found in previous studies, and the most
Esta obra está licenciada sob common site of injury was shoulder/elbow.
uma Licença Creative Commons
Atribuição 4.0 Internacional. Keywords: Crossfit; Wounds and injuries; Athletes; Sedentary behavior; Exercise
A análise das correlações entre a intensidade do treina- Tabela 2. Dados referentes às lesões relacionadas ao CrossFit
mento e o índice de lesões revelou diferenças significan- Perguntas n (%)
tes entre os participantes com e sem história de lesões Você já sofreu lesões relacionadas à prática do CrossFit?, n=121
no domínio peso. Os participantes que realizavam le- Não 78 (64,5)
vantamento intenso de pesos, tiveram maior incidência Sim 43 (35,5)
de lesões em relação aos que realizavam levantamento Lesão de joelho 3 (7,0)
de pesos de intensidade moderada ou leve (p=0,043) Lesão de tornozelo/pé 6 (14,0)
(Tabela 4). Não houve diferenças significativas nos do- Lesão de quadril 1 (2,3)
mínios velocidade e frequência. Lesão de coluna lombar 13 (30,3)
A maioria dos participantes (58,1%) que relataram Lesão de coluna cervical 4 (9,3)
lesões era do sexo masculino (p=0,018). Em média, Lesão de ombro/cotovelo 26 (60,5)
os participantes com história de lesões dedicavam um Lesão de punho/mão 7 (16,3)
tempo significativamente maior ao treinamento do que Outros tipos de lesões 6 (14,0)
os sem história de lesões (68,4 e 61,7 minutos, respecti- Por quanto tempo você teve que interromper o treinamento
por estar lesionado?, n=43
vamente, p=0,044).
1-2 dias 3 (7,0)
3-5 dias 7 (16,3)
1 semana 4 (9,3)
2 semanas 14 (32,6)
Tabela 1. Características demográficas dos participantes e dados referentes à 1 mês 5 (11,6)
intensidade do treinamento
Mais de 1 mês 8 (18,6)
Variável
Permanentemente 2 (4,7)
Sexo
Foi necessário modificar a duração, a intensidade ou o regime
Feminino 68 (56,2) usual de treinamento por mais de 2 semanas?, n=43
Masculino 53 (43,8) Não 11 (25,6)
Altura, m 1,70±0,10 Sim 32 (74,4)
Peso, kg 70,91±15,07 Você buscou atenção médica após a lesão?, n=43
IMC 24,34±3,40 Não 12 (27,9)
Você era fisicamente ativo antes de começar a praticar CrossFit? Sim 31 (72,1)
Não 42 (34,7)
Sim 79 (65,3)
Há quanto tempo você pratica CrossFit ou por quanto tempo praticou?
Tabela 3. Correlações entre prática prévia de atividade física e lesões
Menos de 1 mês 1 (0,8)
Estilo de vida antes da
1-3 meses 6 (5,0) Sem lesões (%) Com lesões (%) Valor de p*
prática do CrossFit
3-6 meses 14 (11,6) Estilo de vida sedentário 23 (29,5) 19 (44,2) 0,104
6 meses a 1 ano 27 (22,3) Fisicamente ativo 55 (70,5) 24 (55,8)
Mais de 1 ano 73 (60,3) * Valor de obtido no teste do χ2 para comparação entre grupos.
❚❚REFERÊNCIAS 10. Shaw SB, Dullabh M, Forbes G, Brandkamp JL, Shaw I. Analysis of
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Conteúdo
1. Introdução
2. Metodologia
3. Resultados e Discussões
4. Conclusões
Referências bibliográficas
RESUMO: ABSTRACT:
CrossFit é um programa de força e condicionamento, com exercícios CrossFit is a program of strength and conditioning, with constantly varied
constantemente variados, alta intensidade e movimentos funcionais. O exercises, high intensity and functional movements. The objective was to
objetivo foi analisar por meio da literatura os riscos e as taxas de lesões da analyze through the literature the risks and injury rates of the CrossFit
prática do CrossFit. O banco de dados PubMed foi usado, incluindo 7 artigos. practice. The PubMed database was used, including 7 articles. The lesion rate
A taxa de lesão foi semelhante a outras modalidades, as regiões mais was similar to other modalities, the most injured regions were shoulders and
lesionadas foram ombros e costas. Conclui-se que a prevalência e a incidência back. It was concluded that the prevalence and incidence of injuries in the
de lesões na prática de CrossFit foram baixas. practice of CrossFit was low.
Palavras-Chiave: CrossFit. Revisão. Lesões Keywords: CrossFit. Review. Injuries.
1. Introdução
CrossFit é um programa de força e condicionamento de alta intensidade. Ganhou ascensão com a expansão de sua metodologia
pelo mundo, seguido de muitos adeptos e usuários.Atualmente são mais de 13 mil afiliados no mundo, no Brasil já passa de 800
afiliados, sendo o segundo país no mundo em número de boxes (CrossFitInc, 2017).
A metodologia desse programa se caracteriza por treinos chamados de WorkoutOfthe Day (WOD) que são “constantemente
variados, alta intensidade, movimentos funcionais” (Glassman, 2007). O termo constantemente variado se diz em relação a
diversidade de modalidades impostas nos treinos, como Weightlifting (snatch, clean andJerk), Powerlifting (squat, deadlift,
press/pushpress, benchpress), Ginástica Olímpica (pullup, pushup, toes to bar, kneetoelbows, muscleup, hand stand pushup,
ropeclimbs, pistol, entre outros) e exercícios de cunho aeróbico (remo, corrida, burpee, saltos, corda, bicicleta, nado, entre
outros), desta forma são empregados de maneiras variadas em um mesmo treino (Glassman, 2010). Outra característica a ser
levantada é que esses WODs são realizados o mais rápido possível, com tempo determinado ou pela quantidade de
repetições/rounds, com pouco ou nenhum tempo de recuperação.
Devido à sobrecarga de trabalho e outras ocupações, as pessoas tem optado por programas de treinamento de curto período de
tempo, porém com os mesmos resultados dos treinos regulares. Desta forma, esses programas têm ganhado muitos praticantes
(Fisher, 2016). A ciência vem mostrando muitas vantagens dessa prática, Smith (2013) em seu estudo mostrou benefícios
fisiológicos da prática do CrossFit, com melhoras na composição corporal e no consumo máximo de oxigênio, corroborando com os
resultados de Aune (2016), no qual o treinamento de alta intensidade como o CrossFit trouxe melhoras nos aspectos fisiológicos,
na composição corporal (redução do percentual de gordura, aumento da massa magra), melhora no Vo2 máximo. Já Schultz
(2016) apresentou benefícios psicológicos e fisiológicos da prática do CrossFit, melhorando a motivação, a autoestima e a
composição corporal.
Apesar dos aspectos positivos relacionados a este programa de treinamento, há questionamentos em função da aplicação de
movimentos complexos e constantemente variados com alta intensidade e a probabilidade do desenvolvimento de lesões
(Bergeron, 2011).
Movimentos como snatch, clean andjerk, hand stand pushup, muscleup, pullup, possuem alta complexidade técnica, necessitando
de preparo e muito treino para serem executados, porém, são aplicados nos mesmos WODs com muitas repetições e com as
demais características da metodologia. Dada a complexidade dos exercícios, os praticantes (recreacionais e atletas) estariam
aptos a prática? O risco e as taxas de lesões não seriam superiores aos benefícios? Quais os riscos e as taxas de lesões? Desta
forma, o objetivo dessa revisão foi analisar por meio da literatura os riscos e as taxas de lesões da prática do CrossFit.
2. Metodologia
A base de dados PubMed, foi utilizada e consultada no período de Março a Abril de 2017. Como parte da estratégia de busca,
foram utilizadas as palavras chave, “Injury”, “Injury Rate”, “RiskofInjury”, “CrossFit”, “InjuryFactors”. Ao final das buscas com
diversas combinações das palavras chaves, um total de 50 artigos foram encontrados.
Foi prosseguido com a leitura do título e do resumo, selecionando os artigos que tinham envolvimento com odesfecho a ser
analisado, ficando 36 artigos. Em um segundo momento foi feita a leitura dos artigos por completo, aplicando os seguintes
critérios de inclusão: ter como público alvo praticantes de CrossFit e analisar prevalência ou incidência de lesão em sua prática.
Outros artigos foram excluídos por motivos de: impossibilidade de obtenção da versão completa do estudo e artigos duplicados,
restando14 artigos.
Posteriormente, com uma análise mais apurada foram excluídos sete (7) artigos por motivos de não contemplaremou não
apresentarem dados de acordo com os critérios de inclusão, apesar de serem relevantes a área. Após todo esse processo, sete (7)
artigos foram considerados legíveis e relevantes, sendo inclusos na revisão.O fluxograma abaixo apresenta um panorama geral da
seleção de estudos da base científica PubMed.
2.1 Fluxograma
3. Resultados e Discussões
Diante dos resultados, os públicos estudados foram adultos, com faixa etária de 30 anos (± 8 anos). O método mais usado para
tal verificação foi por meio de questionário, em sua grande maioria, questionários onlines indexados em sites, fóruns de CrossFit
ou entregue para os donos de “box” ou “coaches”. Tiveram como característica um corte transversal, alguns estudos levaram em
consideração as lesões dos últimos 6 meses. (Anexo 1)
Poucos estudos analisaram o risco e as taxas de lesões do CrossFit, a literatura apresentou somente sete estudos examinando
esse desfecho (Tabela 1). Segundo Medronho (2008), trazendo para o contexto, incidência seriam os novos casos de lesões nos
praticantes de CrossFit por um determinado período de tempo e prevalência seriam os casos de lesões já ocorridas diante dessa
prática em determinado período de tempo.
Todos estudos consideraram qualquer dor músculo-esquelética a partir da prática de CrossFit que impedisse ou requeresse
alteração da rotina de treino como uma lesão (Hak, 2013; Weisenthal, 2014; Montalvo, 2017; Summitt, 2016; Aune, 2016; Sprey,
2016; Moran, 2017).
Tabela 1
Incidência e Prevalência de lesões
TAXA DE LESÃO
Parkkari (2003) apresentou a taxa de lesões por 1000 horas de participação em esportes recreacionais e competitivos, como:
Squash (Taxa de lesão de 18.3 por 1000 horas), Judô (Taxa de lesão de 16.3 por 1000 horas), Basquetebol (Taxa de lesão de 9.1
por 1000 horas), Futebol (Taxa de lesão de 7.8 por 1000 horas), Voleibol (Taxa de lesão de 7.0 por 1000 horas), Karatê (Taxa de
lesão de 6.7 por 1000 horas), Tênis (Taxa de lesão de 4.7 por 1000 horas), Aeróbico, Ginástica, Musculação (Taxa de lesão de 3.1
por 1000 horas), Ciclismo (Taxa de 2.0 por 1000 horas), Remo (Taxa de lesão de 1.5 por 1000 horas), Natação (Taxa de lesão de
1.0 por 1000 horas), entre outros. Já Keogh (2016) também apresentou as taxas de lesões em outras modalidades como
Bodybuilding (Taxas de lesão de 0,24-1 por 1000 horas), Strongman (Taxa de lesão de 4,5-6,1 por 1000 horas) e Highland Games
(Taxa de lesão de 7,5 por 1000 horas). Ao comparar com a taxa de lesões no CrossFit,é notório uma inferioridade em relação a
esportes como Squash, Judô, Karatê, Tênis, Strongman, Highland Games e coletivos como Basquetebol, Voleibol, Futebol e
equiparável a Aeróbico, Ginástica, Musculação, Ciclismo e Remo.
De acordo com Chachula (2016), a relação do histórico de lesões anteriores com o aumento da prevalência de novas lesões em
indivíduos que participavam do treinamento de CrossFit foi significante. Em seu estudo, mostrou que indivíduos já lesionados eram
mais propensos a sofrer outra lesão no treinamento de CrossFit, atentando a esse público a suscetibilidade de lesão diante a
prática. Seis dos sete estudos inclusos classificaram as regiões mais lesionadas diante da pratica do CrossFit, como mostra a
Tabela 2.
Tabela 2
Regiões Mais Lesionadas
Essas regiões são mais lesionadas por estarem presentes praticamente em todos movimentos e gestos, compondo movimentos
dinâmicos e/ou estabilizadores. Diversos fatores podem ocasionar essas lesões, desde um encurtamento muscular, uma falta de
mobilidade, uma assimetria, uma carga excessiva, falta de técnica, falta de orientação e acompanhamento, entre outros. Keogh
(2016) reportou que as regiões mais lesionadas foram ombros, costas, joelhos, cotovelos e punho/mão, indo de acordo com os
resultados do estudo. Já Hopkins (2017) demonstrou que 81,5% das lesões acometidas foram musculo-esqueléticas, tendo as
regiões da coluna lombar e ombros mais afetados. Aune (2016) aponta que os exercícios que mais lesionaram a região do ombro
foram, squats clean, ringdips, overhead squat e pushpress. Os exercícios usados e executados no CrossFit têm como característica
a complexidade, requerendo muita mobilidade, técnica e preparação, desta forma, uma opção para se melhorar e evitar/diminuir
as lesões seriam trabalhar esses fatores antes de progredir com a carga.
Toda atividade física possui risco potencial de lesão (Oh, 2013). Dois estudos analisaram os fatores de riscos para lesões. Moran
(2017) coloca que os fatores de risco que tiveram maior inferência a lesões foram: o sexo masculino em relação ao feminino (4.62
≠ 1.00), lesões anteriores a quem não tinha lesão (2.83 ≠ 1.00) e assimetrias diante do teste FunctionalMovementScreen (FMS)
de quem teve o score de pontuação atingido (2.62 ≠ 0.64). Já Montalvo (2017), reportou a comparação de fatores de risco diante
de praticantes não-lesionados e lesionados, tendo significância o tempo (em anos) da prática de CrossFit (1.80 ≠ 2.71), as horas
semanais de treino (4.85 ≠ 7.30), a exposição semanal (5.65 ≠ 6.41), a estatura (1.68 ≠ 1.72) e o peso corporal (72.91 ≠
78.24), respectivamente.
Meyer (2017) em sua revisão da literatura apresenta que os riscos mais comuns para lesões foram, fadiga excessiva, dor
muscular, inchaço muscular, músculo dolorido ao toque, limitação dos movimentos durante os treinos, Aune (2016) corrobora com
esses dados, apresentando em seu estudo que os fatores mais suscetíveis a lesões foram, esforço excessivo e fadiga, técnica
imprópria, área lesionada anteriormente e falta de aquecimento.
Podemos apontar relevantes considerações dos estudos: homens apresentaram maior taxa de lesão em relação as mulheres, taxa
de lesão do CrossFit foi semelhante a esportes como Powerlifting, Weightlifting, Ginástica Olímpica e inferior a esportes coletivos
de alto rendimento como Rugby, futebol americano. Porém o uso de questionário (também online) para avaliar lesões é
conflitante, pois muitas lesões podem não ser constatadas, mascaradas ou até mentidas, por não saberem quem está
preenchendo e a veracidade das respostas.
4. Conclusões
De fato, pode se verificar por meio desta revisão que a prevalência e a incidência de lesões na prática de CrossFit foi baixa,
quando comparada a esportes que possuem as mesmas características de treinamento (intensidade, volume, duração). Contudo, é
difícil comparar a taxa dessas lesões em um curto período de tempo com as de equipes multidisciplinares de alto rendimento.
Estudos longitudinais com métodos fidedignos devem ser feitos, usando e diferenciando atletas de praticantes recreacionais.
Sabendo e considerando os riscos e todos os fatores influenciadores, a intervenção de um Coach capacitado se mostra de suma
importância para a redução de lesões, pois a periodização e a técnica de execução dos exercícios são os principais determinantes
no desempenho dos praticantes a longo prazo.
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Anexos
Anexo 1
Características gerais dos estudos
Incidência - Taxa
de lesão foi de 2.7
por 1000 horas.
(Geral). A taxa de lesão
Prevalência de estimada entre os
34%. 247 atletas participantes
(1) Determinar
completaram a dos Programas de
retrospectivamente a
pesquisa. 132 extremo
incidência e a
lesões ao total. condicionamento foi
prevalência estimadas
Ombro, costas, semelhante à taxa de
de lesões músculo-
joelhos (mais lesão no levantamento
esqueléticas atribuída à
lesionados). de peso e na maioria
participação em
Exercícios que mais das outras atividades
Programas de Extremo
lesionaram (squats recreativas. O ombro
Condicionamento, (2) Questionário
Aune, (2017) 247 Adultos clean, ringsdips, -
Determinar a online ou parte superior do
OHS, Pushpress). braço foi a área mais
distribuição anatômica
Causas – esforço comumente lesada e
da lesão, (3) Identificar
excessivo e fadiga lesão anterior do
qualquer exercício
os principais; ombro predisposto a
particularmente perigoso técnica impropria, nova lesão no ombro.
e (4) Determinar as área lesionada Novos atletas estão em
causas auto-relatadas de anteriormente, risco considerável de
lesões. falta de lesão em comparação
aquecimento. 47% com atletas mais
lesões no ombro experientes.
necessitaram de
cirurgia
Incidência de lesão
foi 2.3/1000 horas. A taxa de lesão em
Examinar epidemiologia
Membros CrossFit é semelhante
de lesões e fatores de
Montalvo, (2017) 191 Adultos Questionário lesionados foram, a outras formas de -
risco para lesão em
ombros (14/62), exercício (Weightlifting,
atletas de CrossFit.
joelhos (10/62) e Powerlifting, Gymnast).
costas(8/62).
As taxas de lesões de
CrossFit são
comparáveis às de
outros esportes
recreativos ou
Avaliar o perfil, o competitivos e as
Não apresentou a
histórico esportivo, a Prevalência – 31% lesões mostram um
Questionário incidência e a
Sprey, (2016) rotina de treino e a 566 Adultos sofreram alguma perfil semelhante ao
online região corporal
presença de lesões entre lesão (176) levantamento de peso,
lesionada.
atletas do CrossFit. musculação, ginástica
olímpica e corrida, que
têm uma taxa de
incidência de lesões
quase a metade do
futebol.
Apesar do treinamento
Taxa de 1,94 por de CrossFit representar
Examinar e identificar 1000 horas de um risco de lesão,
esses dados muito
quaisquer características treinamento, limitados mostram que
dos participantes de Questionário enquanto as lesões as taxas de lesão são
Summitt, (2016) 187 Adultos -
CrossFit ou o Online de ombro "novas" comparáveis ou
treinamento que poderia ocorreram a uma mesmo inferiores a
influenciar a ocorrência taxa de 1,18 por outras formas
de lesão no ombro. 1000 horas de recreativas e
treinamento competitivas de
exercício.
A taxa de lesões em
CrossFit foi de
aproximadamente
20%. Os homens
foram mais propensos
a sofrer uma lesão do
que as mulheres. O
Estabelecer uma taxa de
A taxa global de envolvimento de
lesão entre os
lesões foi coachs para orientação
participantes do CrossFit
determinada como no treino correlaciona-
e identificar tendências e
sendo de 19,4% se com uma taxa de
associações entre as
Weisenthal, Questionário (75/386). Homens lesão diminuída. O
taxas de lesões e 386 Adultos -
(2014) Online (53). Mulheres ombro e a parte
categorias demográficas,
(21). Ombro inferior das costas
características de ginásio
(21/84). Costas foram os mais
e habilidades atléticas
(12/84). Joelhos comumente lesados
entre os participantes de
(11/84) em movimentos de
CrossFit.
levantamento de força
e ginástica,
respectivamente. Os
participantes relataram
principalmente lesões
agudas e bastante
leves.
1. Graduado em Educação Física pela Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: murilobianchimartins@hotmail.com
2. Graduada em Educação Física pela Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: vivian_mendes09@hotmail.com
3. Graduado em Educação Física pela Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: brunocosta1996@gmail.com
4. Graduando em Educação Física pela Universidade Estadual da Paraíba. E-mail: lucasfsilvaba@hotmail.com
5. Mestranda em Ciências da Saúde, Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: barbara_carminati@hotmail.com
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Rev Ed Física / J Phys Ed (2017) 86, 1, 8-17 8
Artigo Original
Original Article
Crossfit, musculação e corrida: vício, lesões e vulnerabilidade imunológica
Crossfit, Weight Training and Running: Addiction, Injuries and
Immunological Vulnerability
Thiago Guimarães§1,2 MS, Marcos Carvalho1, William Santos1, Ercole Rubini1 MS, Wagner Coelho1,3 PhD
Resumo
Introdução: A inatividade física figura como um dos principais
fatores associados à mortalidade. Por outro lado, os possíveis
prejuízos provocados pelo excesso de exercícios físicos não devem
Pontos-Chave Destaque
ser negligenciados. - Praticantes de musculação
Objetivo: Avaliar e comparar o nível de dependência ao exercício apresentaram maiores níveis de
entre diferentes modalidades, estimar a prevalência de lesões dependência do que os que não
musculoesqueléticas e a vulnerabilidade imunológica em jovens
assintomáticos. praticavam esse tipo de
Métodos: Estudo observacional. Uma amostra com 219 pessoas foi exercício.
dividida em cinco grupos: sedentários (e/ou insuficientemente - Praticantes de crossfit
ativos) (n=50), controle (moderadamente ativos) (n=31),
apresentaram maior
praticantes de crossfit superativos (n=45), praticantes de
musculação superativos (n=47) e corredores superativos (n=46). prevalência de lesões.
Além de uma anamnese para caracterizar a amostra e inferir o - Sedentários e praticantes de
número de lesões musculoesqueléticas, gripes e infecções nos seis musculação apresentaram
meses anteriores à coleta de dados, foi utilizada a Escala de
Dependência de Exercício. Utilizou-se a ANOVA one way para maior prevalência de gripes e
analisar as diferenças estatísticas e para comparar os níveis de infecções.
dependência total ao exercício, e a prevalência de lesões
musculoesqueléticas, gripes e infecções.
Resultados: O grupo musculação apresentou os maiores níveis de dependência ao exercício quando
comparado com os grupos sedentários e controle (p<0,05). Quanto às lesões musculoesqueléticas, o grupo
crossfit apresentou a maior prevalência, com diferença estatística em relação ao grupo controle. Gripes e
infecções foram mais prevalentes nos grupos sedentários e musculação.
Conclusão: Pessoas moderadamente ativas apresentaram menos lesões musculoesqueléticas e menor
vulnerabilidade imunológica em relação a sedentários e superativos. A inatividade física e o vício em exercício
parecem tornar o sistema imunológico mais vulnerável. Pessoas com hábitos extremos em relação à prática de
atividades físicas (sedentários e adeptos superativos) podem ter a saúde comprometida.
§
Autor correspondente: Thiago Guimarães – e-mail: thiagotguimaraes@yahoo.com.br.
1 2
Afiliações: Laboratório de Fisiologia do Exercício – LAFIEX/UNESA-R9; Laboratório de Imunofisiologia do Exercício – LIFE/UERJ;
3
Centro Universitário Estadual da Zona Oeste – UEZO (Centro de Ciências Biológicas da Saúde, Unidade de Farmácia).
Rev Ed Física / J Phys Ed – Crossfit, musculação e corrida: vício, lesões e vulnerabilidade imunológica 9
Abstract
Introduction: Physical inactivity is one of the main causes
related to mortality. On the other hand, the possible damages Keypoints
caused by excessive exercise should not be neglected.
- Weight training practitioners
Objective: To analyze the level of exercise dependence between
different modalities, the prevalence of musculoskeletal injuries presented higher levels of
and immunological vulnerability in asymptomatic young people. dependence than those who did
Methods: This was an observational study. A sample of 219 not practice this type of
people was divided into five groups: sedentary or insufficiently
exercise.
active (n=50), moderately active control (n=31), superactive
crossfitters (n=45), superactive amateur weight trainers (n=47) - Crossfit practitioners had a
and superactive amateur runners (n=46). Additionally, an higher prevalence of injuries.
anamnesis to characterize the sample and to infer the number of - Sedentary and weight trainers
musculoskeletal injuries, flus and infections in the six months
prior to data collection, the Exercise Dependency Scale was used. presented higher prevalence of
One way ANOVA was used to analyze the statistical differences and flu and infections.
to compare the levels of total dependence to exercise, prevalence
of musculoskeletal injuries, flu and infections.
Results: The amateur weight trainers group presented higher levels of exercise dependence, with statistical
difference in relation to the sedentary and control groups. Regarding the musculoskeletal lesions, the crossfit
group presented the highest occurrence, with a statistical difference in relation to the control group. Flus and
infections were more prevalent in sedentary and weight training groups.
Conclusion: Moderately active people have fewer musculoskeletal injuries and less immunological
vulnerability to sedentary and overactive ones. Physical inactivity and exercise addiction appear to make the
immune system more vulnerable.. People with extreme habits in relation to the practice of physical activities
(sedentary and superactive adepts) can have their health compromised.
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Gráfico 2 – Comparação da quantidade relatada de lesões musculoesqueléticas nos seis meses
anteriores à pesquisa.
Significância estatística: * = p<0,01
3
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Nº Gripes e Infe cções
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Gráfico 3 – Comparação da quantidade relatada de gripes e infecções nos seis meses anteriores à
pesquisa.
Significância estatística: * = p<0,01
cerebral, regiões relacionadas com o prazer, vulnerável. Além do vício ao exercício, fruto
emoções e recompensas, após o esforço físico de uma maior atividade de áreas do cérebro
máximo (29,30). De acordo com a teoria do relacionadas ao prazer e cobranças por
processo oponente ou hipótese hedonista (31), padrões estereotipados de beleza, o temor do
testada inicialmente em paraquedistas e destreinamento pode acometer atletas e
expandida para outras situações onde há treinadores, resultando em contínua e precoce
estresse físico, desafio e riscos envolvidos, realização de sessões adicionais de exercícios
um estímulo inicialmente aversivo pode gerar físicos, estabelecendo lesões sucessivas e uma
um rebote de prazer muito intenso, condição inflamatória crônica semelhante à
promovendo reforços positivos. Medo, dor observada em indivíduos obesos e/ou com
e/ou ansiedade, por exemplo, quando diabetes mellitus tipo 2 (33).
superados, podem provocar orgasmos Os achados do presente estudo quanto à
cerebrais. Essa é uma das razões pelas quais frequência de lesões estão em concordância
maratonistas, lutadores de MMA (Mixed com uma recente revisão sistemática (19). Os
Martial Arts), surfistas de ondas gigantes, autores apontam que as lesões em
praticantes de esportes de aventura ou modalidades que utilizam exercícios de força
qualquer outra modalidade onde há riscos, (crossfit e musculação) ocorrem na proporção
alta intensidade, desafio e até mesmo dor, de uma a sete lesões em mil horas de
tornem-se viciados em suas modalidades. treinamento.
Outra questão frequentemente associada à Os resultados deste estudo também estão
dependência ao exercício é a aparência, alinhados com a literatura quanto à maior
sinônimo de sucesso, saúde e determinação prevalência de gripe e infecções entre os
(32). Em um estudo com 151 frequentadores sedentários e os praticantes de musculação. A
de academia e 25 fisiculturistas, todos jovens Sociedade Internacional de Exercício e
e do gênero masculino, a duração da sessão de Imunologia (ISEI), em seu posicionamento
treino se correlacionou positivamente com os oficial, preconiza que a disfunção imune
escores totais da mesma Escala de observada após o exercício é mais
Dependência de Exercício utilizada nesta pronunciada quando o esforço é contínuo,
investigação, sem diferenças entre os dois prolongado (> 1,5h) e realizado em
grupos (32). Além do aumento da atividade intensidade variando de moderada a alta (55 e
do sistema límbico de recompensas, padrões 75% do VO2máx) (34). O aumento na
estereotipados de beleza podem gerar uma incidência de doenças pode ser justificado
busca incessante pela prática de exercícios pelo desequilíbrio entre a imunidade humoral
físicos (32). No presente estudo, o único e celular (27, 35, 36). O exercício crônico
grupo de superativos que se diferenciou moderado (frequência e volume) promove
estatisticamente do grupo controle quanto à uma proteção contra infecções causadas por
variável dependência ao exercício foi o de microrganismos intracelulares, em
praticantes de musculação, uma modalidade comparação com a inatividade física, pois
frequentemente associada a objetivos direciona a resposta imune para a
estéticos. predominância de um perfil de resposta do
Empiricamente, o vício à prática de tipo Th1 (37). Já atividades vigorosas
atividades físicas é visto como algo positivo, promovem a predominância de um perfil de
pois, se o hábito não é desenvolvido, os resposta humoral do tipo Th2 (35). O
benefícios do movimento humano não desequilíbrio com predominância da resposta
ocorrem. Porém, a dependência ao exercício imune humoral parece desenvolver a
não deve ser negligenciada, sobretudo quando imunossupressão celular e a janela de
se torna uma condição patológica. O elevado oportunidades. Testamos a hipótese de que os
volume de exercício físico e uma recuperação três grupos superativos, assim como o grupo
insuficiente podem provocar um estado de sedentário, apresentam mais gripes e
esgotamento físico e psíquico, com infecções em relação ao grupo controle
repercussões neuroimunoendócrinas, gerando moderadamente ativo. Confirmamos
lesões e tornando o sistema imunológico parcialmente a hipótese testada, pois os
Rev Ed Física / J Phys Ed – Crossfit, musculação e corrida: vício, lesões e vulnerabilidade imunológica 15
analysis of burden of disease and life syndrome: clues from depression and
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Rev Ed Física / J Phys Ed – Crossfit, musculação e corrida: vício, lesões e vulnerabilidade imunológica 17
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Paulo Gentil
Universidade Federal de Goiás
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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.11. n.64. p.138-139. Jan./Fev. 2017. ISSN 1981-9900.
139
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r
REFERÊNCIAS
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.11. n.64. p.138-139. Jan./Fev. 2017. ISSN 1981-9900.
ARTIGO DE REVISÃO
Dayse Queiroz da Silva Oliveira1, Marília Cordeiro Vasconcelos1, Ravena Santana Torres1,
Deisiane Reis Santos1, Dario da Silva Monte Nero2
1
Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), Indaial/SC, Brasil
2
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador/BA, Brasil
ABSTRACT
BACKGROUND: CrossFit® is a fitness program that features successive movements encompassing a wide variety
of exercises ranging from running to Olympic lifting exercises and gymnastics movements performed in high
intensity with short recovery intervals. In recent years, adherence to this sport has grown considerably, and in
this way it is suggested that the practitioners have undergone heavy and strenuous workouts that lead them
to develop injuries.
OBJECTIVE: The objective of this study is to carry out a systematic review to identify the incidence of injuries in
CrossFit and which are the most referred joints of injury in this practice.
METHODS: This study consists of a bibliographic review carried out in the electronic databases Scielo, Pubmed/
Medline with the terms CrossFit and injury in Portuguese and English. A total of 64 articles were found in the
databases searched, but only 6 articles were included.
RESULTS: Based on the studies analyzed, the results show that the injury incidence in CrossFit is not high,
varying between 0.27 and 18.9 per 1000 hours of training, being higher in beginners or experienced individuals.
In relation to the location of the injuries, the shoulder, lumbar spine, and knee were the joints most cited with
incidence of injuries, probably because they are the joints most requested in most movements.
CONCLUSION: Based on the studies analyzed, the incidence of injury at CrossFit is low, and injuries occur more
frequently on the shoulder, lower back, and knee.
Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 18, n. 3, p. 95-99, set./dez. 2020.
http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/index
OLIVEIRA, D. Q. da S. et al.
Incidência de lesão no CrossFit: uma revisão sistemática de literatura 97
sem conflito de concordância. Os critérios de inclusão contem- Outro estudo realizado com praticantes de CrossFit foi o de
plaram estudos que abordassem a incidência de lesão apenas Mehrab et al. (2017) através de questionário online. Um total
no CrossFit, artigos livres e disponíveis, em ambos os sexos e de 449 pessoas (226 homens e 183 mulheres) foram incluídas
em qualquer faixa etária, publicados em português e inglês e neste estudo, com média de idade de 31,9±8,3 anos, sendo que
artigos originais. Os critérios de exclusão foram: artigos de revi- 19,6% da população (n=88) era composta por indivíduos que
são, resultados duplicados (utilizado em outros estudos), outros tinham menos de 6 meses de experiência no esporte, 21,8%
idiomas e sem resumo disponível. Os artigos que preencheram (n=98) entre 6 e 12 meses, 28,5% (n=128) entre 12 e 24 meses,
os critérios de inclusão foram lidos na íntegra. No total 6 artigos e 30,1% (n=135) com mais de 24 meses de experiência. Do total
foram selecionados e incluídos nesta revisão. de questionários avaliados 252 relataram ter tido alguma lesão,
sendo que a parte mais afetada foi o ombro (n=87), lombar
RESULTADOS (n=48) e joelho (25).
Segundo relato dos atletas, as possíveis causas de lesão
No Quadro 1 é possível visualizar um resumo dos estudos foram execução incorreta (n=75), fadiga (n=74), carga alta
analisados nesta revisão. O estudo de Feito et al. (2018) avaliou (n=59), desconhecido (n=37), resultado de lesão anterior (n=34)
incidência de lesão em praticantes de CrossFit durante um e por causa do treinador (n=6), o relato dos atletas não foi um
período de 4 anos através de um questionário online. Foram dado discutido no artigo. Neste estudo a taxa de lesão foi 56,1%
incluídos indivíduos com mais de 18 anos e com pelo menos 3 (neste estudo as taxas de lesões não foram calculados por 1000
meses de prática no CrossFit. Um total de 3049 indivíduos (1483 horas de treinamento).
mulheres e 1566 homens) responderam ao questionário, deste
total, 931 (30,5%; 495 homens e 436 mulheres) relataram ter No estudo de Montalvo et al. (2017) foi avaliada a incidência
tido uma lesão relacionado ao CrossFit, dos quais 581 (62,4%) e fatores de risco para lesão no CrossFit, através de entrevista
tiveram lesão em uma única parte do corpo, e 350 (37,6%) em utilizando um questionário que avaliava os seis meses de treino
mais de uma parte. anteriores em 191 atletas (94 homens e 97 mulheres) através
de entrevista realizadas em 4 instalações da CrossFit no sul
Os locais mais comuns de lesão foram os ombros (39%),
da Flórida, deste total 50 referiram ter sofrido lesão (total
costas (36%), cotovelos (12%), joelhos (15%) e punho (11%), e
de 62 lesões), sendo que a taxa de incidência de lesão foi 2,3
6 casos de rabdomiólise (0,6%) foram relatados. O tempo de
lesões por 1000 horas de treino. Em relação aos fatores de
experiência no esporte influenciou a taxa de lesão, sendo que
risco que influenciaram, os mais expressivos foram o tempo
indivíduos com mais de 3 anos de experiências tiveram taxas
de participação no CrossFit, estatura, massa corporal, horas
maiores de lesão (43,1%), em relação àqueles com 1 a 3 anos
semanais de treino. Com relação à participação na competição,
(38,8%) e menos de 1 ano (18%), estes resultados podem
aqueles que declararam competir (n=65), 40% tiveram lesão nos
ser devido a uma maior frequência semanal, intensidade do
6 meses anteriores. A prática de outros esportes também estava
treinamento e variedade de exercícios, porém o autor não deixa
claro essas informações. associada à lesão, de um total de 123 que declaram atividades
externas, 31,7% (n=39) tiveram lesão em comparação aqueles
Em relação a frequência semanal, indivíduos que praticam que fazem exclusivamente o CrossFit (n=67) apenas 10 tiveram
de 3 a 5 vezes na semana tiveram mais lesões do que aqueles lesão (15%). Os locais que tiveram mais lesões foram o ombro,
que faziam menos de 3 vezes ou mais de 5 vezes. As taxas de joelho e lombar. De um total de 62 lesões descritas em partes
lesão mostram neste estudo que com base no número máximo
distintas, 11 eram lesões pré-existentes e 47 se originaram com
de horas semanais treinadas a taxa de lesão foi de 0,27 por 1000
o CrossFit.
horas de treino (mulheres: 0,28; homens: 0,26) e com base no
número mínimo de horas treinadas por semana a taxa foi de No estudo de Da Costa et al. (2019) foram incluídos atletas e
0,74 por 1000 horas (mulheres: 0,78; homens: 0,70) (FEITO et não-atletas das modalidades (estudo prospectivo de 12 meses,
al., 2018). os dados foram coletados através de questionário), no total 414
Quadro 1. Estudos avaliados sobre lesão no Crossfit nos periódicos científicos publicados e localizados no PubMed/Medline e Scielo até julho de 2020.
Autores Amostra Idade População avaliada Tipo de lesão Incidência
Máximo de horas semanais treinadas=
Ombro, costas, joelho, 0,27/1000 hrs de treinamento
3.049 (1.483 mulheres e
Feito et al. (2018) 36,8±9,8 anos Praticantes cotovelo, punho e
1.566 homens) Mínimo de horas semanais treinadas=
rabdomiólise
0,74/1000 hrs de treinamento
449 (226 homens e 183
Mehrab et al. (2017) 31,9±8,3 anos Atletas Ombro, lombar e joelho 56,1%
mulheres)
191 (94 homens e 97
Montalvo et al. (2017) 31,69±9,4 anos Atletas Ombro, joelho e lombar 2,3/1000 hrs de treinamento
mulheres)
414 (243 homens e 171 Atletas competitivos,
Da Costa et al. (2019) 31±6,6 anos Ombro e coluna lombar 3,24/1000 hrs de treinamento
mulheres) recreativos e iniciantes
Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 18, n. 3, p. 95-99, set./dez. 2020.
http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/index
OLIVEIRA, D. Q. da S. et al.
98 Incidência de lesão no CrossFit: uma revisão sistemática de literatura
indivíduos (243 homens e 171 mulheres) com média de idade de uma maior frequência semanal sem período adequado de
de 31 anos. Destes 157 (37,9%) relataram ter sofrido lesão, a recuperação. Segundo o Mehrab (2017), o curto tempo de par-
incidência de lesão foi 3,24 por 1000 horas de treinamento. Os ticipação na modalidade tem contribuído para a ocorrência das
locais referidos de lesão foram: ombro (30,8%), lombar (30,1%), lesões, menos de seis meses na modalidade, isso associado a
perna (19,2%), pulso (14,7%), joelho (13,5%), mão/dedo treinos excessivos e a complexidade dos exercícios e movimen-
(10,9%), o tornozelo, coxa, braço, coluna cervical, pé, cabeça, tos, este fato pode ser reduzido com uma maior atenção a par-
abdômen, cotovelo, costela, e antebraço tiveram um percentual ticipantes iniciantes e na redução do volume e intensidade dos
abaixo de 10%. Um percentual de 89,1% (n=139) das lesões fo- treinos, todos estes dados são uteis como base para a realiza-
ram classificadas como leves a moderadas e 10,9% (n=17) foram ção de futuras pesquisas na prevenção de lesões no CrossFit.
consideradas graves a muito grave. (MEHRAB et al., 2017).
Neste estudo os fatores de risco para lesão foram lesões an- Em relação a localização, nos estudos analisados as
teriores e o tempo de prática no CrossFit. Em atletas competiti- articulações mais referidas de lesão foram a do punho, coluna
vos as taxas de lesão foram maiores (82,2%) do que em atletas lombar e ombro, segundo Lopes et al. (2018) estas lesões
recreativos, com menos experiência. Comparando atletas de estão associadas a alta quantidade de peso e repetições
nível competitivo com iniciantes, a probabilidade de lesão foi típica do esporte. Vale ressaltar, que alguns dos estudos
5 vezes maior, entre atletas de nível recreativo e iniciante foi 2 analisados (SZELES et al., 2020; FEITO et al., 2018; LARSEN et
vezes maior, provavelmente devido a necessidade de superar al., 2020; MEHRAB et al., 2017) foram auto-relatados e não
limites. Estes dados corroboram com o estudo de Feito et al. tiveram a orientação de um profissional sobre lesões, apenas
(2018) no qual a incidência de lesão foi maior em praticantes uma descrição e/ou imagem nos questionários, o que pode
com tempo maior de experiência do que os iniciantes. Este fato prejudicar não somente na identificação exata da lesão, pela
se deve provavelmente a um maior tempo de exposição ao trei- falta de validação médica, deixando livre para interpretação
namento, necessidade de superar limites e uma melhor profici- pessoal além do viés de memória.
ência técnica (DA COSTA et al., 2019).
Szeles et al. (2020) investigaram a incidência de lesão e a CONCLUSÃO
associação de características pessoais e do treinamento durante
Com base nos estudos analisados a incidência de lesão no
12 semanas em 406 indivíduos (198 homens e 208 mulheres)
CrossFit não é alta, sendo semelhante em alguns estudos e
com média de idade de 32,1 anos. Destes indivíduos, 133 rela-
em outros um pouco mais elevada, provavelmente devido a
taram ter sofrido lesão. A incidência cumulativa foi de 32,8% e
característica da população (atletas competitivos, recreativos e
a densidade de incidência foi de 18,9 por 1000 horas de treina-
iniciantes) e a definição de lesão adotada pelos estudos. Em
mento. Os locais mais referidos de lesão foram o ombro (n=47,
relação à localização das lesões, ombro, lombar e joelho foram
19%) coluna lombar (n=37, 15%) e joelho (n=29, 11,7%). As
as articulações mais citadas com incidência de lesão, isso se
cargas de treinamento (Scaled e Rx) e lesões anteriores foram
deve ao fato de serem as articulações mais solicitadas na
consideradas fatores de risco para lesão, e o aumento de 1 ano
maioria dos movimentos do esporte, sendo bastante associado
de experiência foi considerado um fator protetor. Com relação
aos movimentos ginásticos e levantamento de peso.
as cargas de treinamento, o autor sugere que ao sair do Scaled
(iniciante) para o Rx (avançado) haverá um aumento na carga Os estudos apresentam limitações em relação a lesões auto
de treino, e que deve haver uma atenção maior nesta transição referidas, podendo levar a um erro de interpretação, apesar de
para evitar lesões. Já em relação a experiência ser considerada alguns estudos terem definido o que seria lesão e/ou imagens
um fator protetor o autor sugere que mais estudos devam ser ao aplicar o questionário, mas o viés da memória também
feitos. é importante porque ao fazer uma análise retrospectiva
os participantes poderiam ter se esquecido de alguma
No estudo de Larsen et al. (2020) investigou a incidência de eventualidade que tiveram em decorrência do CrossFit, outra
lesão em indivíduos iniciantes no CrossFit, através de questio- limitação foi a definição de lesão variou entre os estudos.
nário (autorrelato), durante um período de treinamento de 8
semanas que só incluiu indivíduos que nunca haviam praticado
REFERÊNCIAS
a modalidade. Foram incluídos 168 indivíduos (51 homens e 117
mulheres) com média de idade de 29,2±7,9 anos. Os resultados BACH, B. R.; HASAN, S. S. Lesões esportivas e a resposta dos tecidos à lesão
mostram que 22 indivíduos relataram 1 lesão (13,1%) e 3 rela- física. In: SCHENCK R. C. J. Medicina esportiva e treinamento atlético. 3. ed.
taram 2 lesões (1,8%), totalizando 28 lesões em 25 indivíduos. São Paulo: Roca. 2003. p. 128.
A incidência de lesão foi de 9,5 por 1000 horas de treinamento. DA COSTA, T. S.; LOUZADA, C. T. N.; MIYASHITA, G. K.; SILVA, P. H. J. da;
As regiões referidas de lesão foram: a coluna lombar (n=7, 25%), SUNGAILA, H. Y. F.; LARA, P. H. S.; ... ; ARLIANI, G. C. CrossFit: injury
prevalence and main risk factors. Clinics, São Paulo, v. 74, p. e1402, 2019.
joelho (n=6, 21,4%), cotovelo/mão (n=5, 17,9%), “outras locali-
zações anatômicas” (n=5, 17,9%), ombro (n=2, 7,1%), pescoço FEITO, Y.; BURROWS, E. K.; TABB, L. P. A 4-year analysis of the incidence of
(n=1, 3,6%), quadril (n=1, 3,6%) e tornozelo (n=1, 3,6%). injuries among crossfit-trained participants. Orthopaedic Journal of Sports
Medicine, Thousand Oaks, v. 6, n. 10, p. 2325967118803100, 2018.
De acordo com os estudo analisados há um risco maior em
GLASSMAN, G. Guia de treinamento. CrossFit Journal, Whashington,
indivíduos iniciantes, que se deve ao fato de não passarem por 2005. Coletânea de artigos publicados no CrossFit Journal, disponível em:
um período de adaptação ao treinamento e aprendizagem das <http://library.crossfit.com/free/pdf/CFJ_L1_TG_Portuguese.pdf>. Acessa-
técnicas e execuções corretas, outras já referem maior incidên- do em: 31 de março de 2019.
cia em indivíduos experientes, que provavelmente se deve ao LARSEN, R. T.; HESSNER, A. L.; ISHOI, L.; LANGBERG, H.; CHRISTENSEN, J. In-
fato de treinarem com altos volumes e cargas intensas, além juries in novice participants during an eight-week start up Crossfit program:
Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 18, n. 3, p. 95-99, set./dez. 2020.
http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/index
OLIVEIRA, D. Q. da S. et al.
Incidência de lesão no CrossFit: uma revisão sistemática de literatura 99
CONFLITO DE INTERESSE
Os autores do estudo declaram não haver conflito de interesses.
FINANCIAMENTO
Este estudo não teve apoio financeiro.
Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 18, n. 3, p. 95-99, set./dez. 2020.
http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/index
Incidência de lesões em praticantes de cr ossfi t e
IJMSR musculação
Juliana de Oliveira1
Yasmini Portes Carneiro2
Patrícia Espindola Mota Venâncio3
RESUMO
O objetivo desse estudo foi identificar a incidência e tipos de lesões, quais os locais são mais comuns as dores
nos praticantes de crossfit e musculação. A amostra foi composta por 59 indivíduos, sendo 41 do crossfit e 18
da musculação. Foram utilizados dois instrumentos de questionários, um semiestruturado, com 25 questões, que
aborda qual a modalidade de treinamento, as patologias e as lesões, e o questionário de prontidão para o esporte
com foco nas lesões musculoesqueléticas (MIR-Q), contendo seis questões focadas em avaliar a possibilidade de
ocorrer tais lesões ou fatores predisponentes. Como resultado, constatou-se que a maioria dos praticantes de
crossfit não possuem nenhum tipo de lesão e que o índice encontrado em musculação foi superior. Porém
quanto ao tipo de lesão, as mais acometidas nas modalidades analisadas durante o estudo foram: 9,8% de
tendinite no crossfit e na musculação, 5,6%, de torção e estiramento muscular. Os locais de maior incidência de
dor no crossfit foram, 9,8% no joelho, 7,3% no punho, seguido de 4,9% no tornozelo e de 2,4% na lombar,
enquanto que, na modalidade de musculação esse índice alcançou 5,6% tanto no joelho, quanto na lombar e no
tornozelo. Os testes, no presente estudo de caso, nos levam a concluir que a maioria dos praticantes não tem
acometimento de lesões em nenhuma das modalidades, porém, na minoria lesionada, as lesões que mais
prevaleceram foram citadas acima.
Palavras-chaves: crossfit; musculação; lesões.
ABSTRACT
The aim of this study was to identify the incidence, type of injuries and which are the most affected sites of pain
in crossfit and bodybuilders. The sample consisted of 59 individuals, 41 from crossfit and 18 from bodybuilding.
Two questionnaires instruments were used, one semi-structured with 25 questions that addresses the type of
training, pathologies and injuries, and the sport readiness questionnaire focusing on musculoskeletal injuries
(MIR-Q) containing 6 questions focused on evaluating the possibility of such injuries or predisposing factors
may occur. As a result it was found that most crossfit practitioners do not have any type of injury and the index
found in bodybuilding was higher. However, regarding the type of injury, the most affected in the modalities
analyzed during the study were: 9. 8% or crossfit and bodybuilding tendonitis, 5.6% or muscle torsion and
stretching. The places with the highest incidence of crossfit pain were 9.8% in the knee, 7.3% in the wrist,
followed by 4.9% in the ankle and 2.4% in the lower back, while in bodybuilding mode this index reached 5.6%
in both the knee, lower back and ankle. Regarding the incidence, we conclude with the tests in the case study
that most practitioners do not have injury in any of the modalities, but in the minority who obtained injury, the
most prevalent, were mentioned above.
Keywords: crossfit; bodybuilding; injuries.
Submissão: 10/02/2020
Aceite: 20/06/2020
INTRODUÇÃO
O exercício físico pode contribuir para a melhora da saúde, se feito habitualmente, permitindo aos
indivíduos uma vida mais benéfica1. Pois, indivíduos que são fisicamente ativos apresentam alterações
significativas no metabolismo, tendo um aumento considerável nos níveis do lactato e da glicose sanguíneos2.
Para que haja melhor benefício, há de se levar em consideração as características específicas do
indivíduo, como intensidade, volume, complexidade das tarefas e idade de acordo com o que é praticado, para
assim, o exercício físico contribuir para tais benefícios3.
É notório que os exercícios físicos mais procurados são musculação e o crossfit. A musculação, que é
voltada para saúde e/ou esporte, sendo que a saúde é voltada para pessoas que estão preocupadas com a
melhoria ou manutenção do corpo, associada também a estética e a musculação, enquanto o esporte se aplica às
pessoas que buscam performance. Já o crossfit, é um método central de força e condicionamento físico, com o
intuito de desenvolver uma aptidão física geral, tanto em pessoas que possuem habilidades ou em atletas de alto
nível, trazendo melhorias fisiológicas e estéticas4.
Entretanto, apesar das vantagens adquiridas através da prática do exercício físico, não se deve esquecer
das possíveis lesões causadas através das modalidades, sendo a atenção dos profissionais da área e dos
praticantes um fator de grande importância para a prevenção ou agravos de lesões5.
A prática de qualquer exercício físico pode provocar alguma lesão, caso não tenha conhecimento da
atividade e também não se tenha uma supervisão de um profissional capacitado da área, ou, caso haja uma
prática desenfreada da atividade, o que acabará acarretando algum tipo de lesão, seja ela muscular, articular ou
tendinosa.
Prevenir as lesões é algo muito importante para que se consiga treinar bem em uma determinada prática
de exercício físico, com um corpo “saudável”, pois, a partir do momento em que se tem a primeira lesão, as
outras ficarão muito mais susceptíveis de surgirem, uma vez que uma parte do corpo está danificada e as outras
que terão que fazer seu papel de uma forma muito mais extensiva para conseguir manter o corpo em trabalho,
prejudicando todo o resto6.
Porém, quando se tem um conhecimento da técnica correta do exercício que será realizado, tendo um
nível de segurança e de exatidão apurados, as incidências de lesões, sejam elas, agudas ou crônicas, podem ser
diminuídas7, tendo em vista que o exercício físico age como um fortalecedor da musculatura, um protetor para
as articulações e tendões, melhorando a postura corporal, trazendo também manutenção dos músculos, dos
ossos e ligamentos, prevenindo, portanto, as lesões8.
Com base no exposto acima, o estudo traz como problemática: Qual a incidência de lesões nas
modalidades de crossfit e musculação? Qual modalidade obteve mais lesões?
É neste sentido que se justifica este estudo, por se tratar de índice de lesões e envolver uma série de
discussões acerca do tema, fazendo assim, com que surja a necessidade de mais estudos, com intuito de
averiguar e aprofundar sobre esta problemática.
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo identificar a incidência de lesões em praticantes de
crossfit e musculação, além de comparar qual modalidade obteve mais lesões.
M ETODOLOGIA
O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo transversal de caráter descritivo. Os
dados foram coletados na cidade de Anápolis-GO, com 41 praticantes de crossfit e 18 praticantes de
musculação, a amostragem era de 67 indivíduos, de ambos os sexos, por conveniência, tendo perda amostral de
oito participantes. Foram critérios de inclusão, os praticantes de crossfit e musculação, que treinam há mais de
seis meses, com idade acima de 20 anos. Já os critérios de exclusão foram treinar menos que três vezes por
semana e possuir qualquer deficiência física.
Com a autorização dos proprietários dos centros de treinamento, os indivíduos foram abordados para a
entrega do TCLE (termo de consentimento livre e esclarecido) e aplicação de um questionário semiestruturado
com 25 questões que aborda modalidade de treinamento, patologias e lesões, e o questionário de Prontidão para
o esporte com foco nas lesões musculoesqueléticas (MIR-Q) contendo seis questões focadas em avaliação de
possíveis lesões musculoesqueléticas ou fatores predisponentes. Os indivíduos preencheram os mesmos
questionários, individualmente, e responderam no próprio local de treino, ao término foram catalogados.
Foi feita uma análise descritiva em percentual e em teste “Manny Wlitim” para verificar a diferença das variáveis
analisadas entre as modalidades. Foi utilizado um programa (SPSS. 20.0.), adotando um nível de significância de
p ≤ 0,05.
RESULTADOS
A tabela 1 descreve os dados da amostra. Em relação ao crossfit, apresentou como frequência dos
treinos, a maioria, cinco vezes na semana (56,1%), já em musculação, quatro vezes na semana (38,9%), em
relação a duração dos treinos nas duas modalidades se destacou 1 hora de treino (78,0%) e respectivamente
(88,9%). Quanto ao tempo de prática, a maioria treina há dois anos, nas duas modalidades, (70,7%) e (61,1%).
No crossfit, apenas um (2,4%) praticante possui patologia, ao passo que na musculação são dois (5,9%). Foram
analisadas nessa tabela: medicação, suplementação, etilismo e tabagismo, sendo que, a maioria dos indivíduos
não fazem uso dessas variáveis em ambas as modalidades.
Tabela 1: Anamnese dos avaliados
Em relação a tabela 2, no que tange ao histórico de lesão, foram avaliados os tipos de lesões, em relação
ao crossfit, sendo que a tendinite foi a lesão mais relatada (9,8%), seguida por mais de uma lesão (9,8%) em
musculação, mais de uma lesão (11,1%) foi mencionada. No que diz respeito a quantidade de lesões no crossfit,
se destacaram praticantes com uma (22,0%) a duas (12,2%) lesões, na musculação, uma (11,1%) a duas (11,1%)
lesões. Sete indivíduos apresentaram caráter incapacitante no crossfit (17,1%), já na musculação, não houve
caráter incapacitante. Em algum movimento foi informado que, no crossfit, 13 pessoas sentem dor (31,7%)
sendo os locais mais mencionados joelho (9,8%) e punho (7,3%), em musculação duas (11,1%) responderam
que sentem dor em algum movimento, sendo os locais mais relatados joelho, lombar e tornozelo (5,6%).
uma pessoa diz que apresenta dor (2,4%) em crossfit. Já a questão sobre queixa de instabilidade articular, quatro
indivíduos responderam sim (9,8%), no crossfit, e dois, na musculação (11,1%). Apresentaram sinais visíveis de
lesão dois praticantes de crossfit (4,9%), seguido de uma, da musculação (5,6%). Os desvios posturais
apareceram apenas em três, no crossfit (7,3%), para dois, na musculação (11,1%). À variável “alterações
fisiológicas”, apenas um indivíduo (2,4%), respondeu que apresenta. Por último, a queda no rendimento apenas
quatro praticantes de crossfit (9,8%) observaram a queda nos últimos seis meses de treinamento.
Ainda na tabela 3, quanto a “queda no rendimento”, na musculação e crossfit, nos últimos seis meses, ao
fazer a tabulação cruzada (crosstab), percebeu-se que a queda no rendimento ficou relacionada quanto ao local
da dor, com p= 0,007, quanto ao tempo de dor com p=0,003 e essa queda no rendimento teve caráter
incapacitante de p= 0,002.
Tabela 3: Questionário
Fazendo uma correlação entre as variáveis analisadas, houve uma correlação moderada em que quanto
mais patologias, maior era a frequência de medicamento semanal, e, maior o tempo de uso do medicamento, o
que foi observado nas duas modalidades. Já na modalidade crossfit, houve uma correlação entre tipo de lesão,
com tempo de lesão (r=0,513), quantas lesões (r=0,706), incapacidade (r=0,503), dor (r=0,468) e local da dor
(r=0,716), em que mostra se o tipo de lesão vai influenciar no tempo que o indivíduo tem a lesão, na quantidade
de lesões e na incapacidade de executar algum exercício. A lesão é que vai indicar o tipo da dor e o local da dor
do mesmo. Com relação à dor nos treinos e jogos, quanto maior a dor, os entrevistados tiveram menor
rendimento nos últimos seis (r=0,481).
DISCUSSÃO
Feito9 ao avaliar, em seu estudo, o risco de lesões em pessoas que treinam em média menos de três vezes
por semana, e com um ano de prática, constatou que as lesões foram em sua maioria adquiridas pela falta de
técnica na execução dos exercícios e pela falta do professor capacitado para tal. Esses dados vêm ao encontro
com o presente estudo, uma vez que, dentre os praticantes de crossfit, apenas oito relataram adquirir a lesão
depois da prática e a maioria dos avaliados mesmo depois de mais tempo de prática não adquiriam nenhuma
lesão. Assim, é possível concluir que não é a prática do crossfit ou musculação que traz a lesão, mas sim o uso
inadequado da técnica e a falta de acompanhamento profissional.
Quando analisados os praticantes de musculação, constatou-se que a maioria das lesões encontradas na
prática foram mais de uma, por pessoa, de torção ou estiramento muscular. Os locais mais acometidos foram
joelho, lombar e tornozelo. Para a modalidade crossfit, esse índice foi tendinite, como maior incidência, e os
locais sendo joelho e punho. Esses dados podem ser reforçados no estudo de Souza10, que também buscou
verificar a ocorrência e particularidades das lesões em praticantes de musculação e constatou que o ao tipo de
lesão que mais prevaleceu foi a distensão muscular (35% de relatos), seguida pela tendinopatia, com 25%, e dor
aguda indefinida, com 20%. Quanto ao local mais recorrente da lesão, concluiu-se que foi o ombro e o joelho
com 35 e 30%, respectivamente. Tende, como resultado final, uma incidência de 44,4% de lesões, e que esses
resultados sugerem que as lesões estão associadas com a má execução dos exercícios, pelo uso inadequado dos
princípios do treinamento e pela falta de acompanhamento de um profissional da área.
Em uma pesquisa desenvolvida por Hаk11, houve uma taxa de lesão de 3,1 а cada 1000 horas de treino,
mostrando também que as taxas de lesões no crossfit são similares as relatadas na literatura por outras
modalidades, como ginástica artística e о LPО. Os dois locais que tiveram maior número de lesões foram os
ombros, durante exercícios de hiperextensão da ginástica ou exercícios com а barra acima da cabeça do LPО, e а
lombar, durante exercícios do LPО.
Da mesma forma, Weisenthаl12, ao analisar características das lesões, verificou que о índice foi
significativamente diferente, entre as partes do corpo, estudadas, sendo as mais lesionadas: ombro, lombar e
joelho. Os mesmos resultados podem ser vistos no presente estudo, uma vez que, ao avaliar os 41 indivíduos,
apenas oito adquiriram lesões depois que começaram a praticar a modalidade de crossfit, onde tiveram maior
acometimento de lesões no joelho, punho e tornozelo e, de 18 indivíduos, dois adquiriram lesões na prática de
musculação, com maior índice em tornozelo, lombar e joelho. Contudo, não foi feita avaliação se eles se
lesionaram enquanto praticavam essas ou outras modalidades que podem ter taxas maiores de lesão. Isso sugere
que a capacitação e atuação do instrutor, bem como a escolha dos exercícios, são mais prováveis de causar
alguma lesão do que a modalidade crossfit e musculação.
No estudo de Oliva13, foram analisados praticantes de musculação, com no mínimo seis meses de
prática, restando constado, através da amostra, que a maioria dos entrevistados apresentam dores após a prática
do exercício, não correlacionando essas dores com outras modalidades. A maior incidência de lesão ocorreu no
ombro 13%, seguido de dor nos músculos dorsais e coluna lombar 6%, cotovelo 5%, joelho 5% e o músculo do
peitoral com baixa incidência de 3%. Após as mencionadas informações, foi verificado que a maioria dos
indivíduos já treinaram na presença de dor, sem comunicar ao profissional tal incidência. Entretanto, mesmo
com o profissional sendo comunicado sobre o ocorrido, não houve alterações nos treinos dos indivíduos,
resultando assim a má capacitação e atuação do profissional da área, que pode ser a causa das dores analisadas
Da mesma maneira, no presente estudo, houve a incidência de lesões no crossfit de 19,5%, depois do
início da prática, e de 11,2% de lesões, na musculação. Porém, como dito anteriormente, não houve análise se
essas lesões ocorreram nas devidas modalidades ou em outras. Sendo assim, como no estudo de Oliva13, descrito
anteriormente, pode se relacionar que não é a prática que traz a lesão e sim o uso inadequado da técnica e a falta
de capacitação e acompanhamento profissional.
CONCLUSÃO
O estudo concluiu, no que se refere a incidência de lesões, que a maioria dos praticantes não tem
acometimento de lesões tanto na modalidade de crossfit quanto na de musculação. Contudo, na minoria que
obteve lesão, as lesões que mais prevaleceram foram: tendinite e torção, no crossfit, enquanto na musculação,
houve incidência de estiramento muscular. Os locais, do corpo, mais afetados nos praticantes de crossfit foram
joelho, tornozelo, punho e lombar, já na musculação, foram joelho, lombar e tornozelo.
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Artigo de Revisão
Moreira MO, Castello TM, Moraes MM, Silva JGL, Braga RAT. Lesões em praticantes de Crossfit: revisão narrativa / Injuries in Crossfit
practitioners: narrative review. Rev Med (São Paulo). 2022 nov.-dez.;101(6):e-197455.
RESUMO: Introdução: O CrossFit tem como pilar o ABSTRACT: Introduction: CrossFit is a training program based
desenvolvimento do condicionamento físico e está se difundindo on fitness development which has been gaining popularity, both
entre a população, tanto em modalidades competitivas quanto não in its competitive and non-competitive modes. The training uses
competitivas. O treinamento faz uso de três padrões para orientar three standards to guide physical conditioning: development of
o condicionamento físico: desenvolvimento de habilidades, skills, such as endurance and strength; good performance in all
como resistência e força; bom rendimento em toda atividade; tasks; and competency and training of pathways that determine
e competência e desenvolvimento das vias determinantes do metabolic conditioning. Objective: To assess the most frequent
condicionamento metabólico. Objetivo: Reunir os tipos mais types of injuries associated with CrossFit training and the causes
frequentes de lesões provocadas pela prática de CrossFit e as
causas e os fatores de risco para o desenvolvimento destas. and risk factors for their occurrence. Methodology: The literature
Metodologia: A revisão da literatura foi realizada ao longo dos review was conducted between October and November 2021 in
meses de outubro e novembro de 2021, por meio das bases de the PubMed, BVS, LILACS and IBECS databases, using the
dados PubMed, BVS, LILACS e IBECS, utilizando os termos MeSH terms “high intensity interval training”, “sports injury”
MeSH “high intensity interval training”, “sports injury” e and “injury”. Results: After applying the inclusion and exclusion
“injury”. Resultados: Foram inseridas 8 publicações neste criteria, eight studies were used in the review and a table with the
estudo, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão main findings of each one was created. The results found were
e foi confeccionada uma tabela com os principais achados de divided into 4 groups, referring to: upper limbs; lower limbs; trunk
cada estudo. Os resultados encontrados foram subdivididos and spine; and risk factors for injuries. Shoulder and knee injuries
em 4 grupos relacionados a: MMSS; MMII; tronco e coluna; were the most prevalent, and there is a need for further studies on
fatores de risco para lesões. As lesões de ombro e joelho são as spinal and trunk injuries. As for risk factors for the occurrence of
mais prevalentes, e há necessidade de mais estudos sobre lesões injuries, the correlations between CrossFit experience, training
de coluna e tronco. No que tange aos fatores de risco para o frequency, and participation in competition are not well defined.
desenvolvimento de lesões, as correlações entre tempo de prática Conclusion: The studies found different values of prevalence, but
do CrossFit, frequência de treinos e participação de competições agreed that shoulder injuries were more prevalent in the upper
não são bem definidas. Conclusão: As prevalências das lesões limbs, knee injuries in lower limbs, and lumbar injuries in the
divergem entre os estudos, todavia as lesões de ombro são mais spine. Despite the scarcity of literature on the subject, there is a
predominantes em MMSS, joelhos, em MMII e região lombar, clear need for the supervision of trained professionals in order
na coluna vertebral. Apesar da literatura escassa sobre o tema,
torna-se evidente a necessidade de acompanhamento por meio to avoid injuries.
de profissionais capacitados para evitar a ocorrência de lesões.
Keywords: High-intensity interval training; Sports medicine;
Palavras-chave: Treinamento intervalado de alta intensidade; Athletic injuries.
Medicina esportiva; Traumatismos em atletas.
1. Universidade Federal de São João del-Rei, campus Dom Bosco, São João del-Rei, Minas Gerais, Brazil. ORCID: Moreira MO - https://orcid.
org/0000-0002-0469-4877; Castello TM - https://orcid.org/0000-0002-0163-9442; Moraes MM - https://orcid.org/0000-0003-1077-5048; Silva
JGL - https://orcid.org/0000-0002-9492-4372. E-mail: milenamoreira99@aluno.ufsj.edu.br, thalesmcastello@gmail.com, marianamauriciomoraes@
gmail.com, oniloaoj@gmail.com
2. Universidade Federal de São João del-Rei, campus Dom Bosco, Departamento de Medicina, São João del-Rei, Minas Gerais, Brazil. https://orcid.
org/0000-0002-8254-7119. E-mail: renatoatb@hotmail.com
Corerspondence: Milena Oliveira Moreira. Rua Monsenhor Maurício, 321. Bairro Centro. Senador Firmino, Minas Gerais. Brazil. CEP: 36540-000.
1
Moreira MO, et al. Lesões em praticantes de Crossfit: revisão narrativa
2
Rev Med (São Paulo). 2022 nov.-dez;101(6):e-197455.
3
Moreira MO, et al. Lesões em praticantes de Crossfit: revisão narrativa
realização dos movimentos aliada à falta de treinamento fratura de acetábulo (cavidade que se articula com o fêmur,
prévio dos praticantes. O levantamento de peso olímpico no quadril) ao realizar exercício de alta intensidade que
(LPO) também impõe demanda significativa no ombro por consistia em empurrar uma máquina com pesos, sendo a
meio de manobras pesadas para cima da cabeça3. Outro causa da lesão a realização inadequada do movimento9.
estudo, em concordância, mostrou que os tipos de lesões Dessa forma, tem-se que, em MMII, as lesões
mais prevalentes foram articulares (cartilagem, menisco, de joelho são mais prevalentes1,3,6,8, com variação, entre
lesão ligamentar/entorse, luxação) e musculares (tendão, os estudos, tanto do índice de lesão quanto das causas
contusão), sendo elas mais frequentes no ombro (35,9%)1. destas, as quais estão entre a técnica9, o tipo de exercício
Também foi encontrada, na revisão, a prevalência de lesões executado1,3 e a força demandada3. Apesar disso, relatos de
durante a prática de Crossfit de 32,8%, sendo o ombro a caso sobre traumas incomuns têm surgido9, demonstrando
região mais frequente (19%)6. a necessidade de estudos mais consistentes sobre o Crossfit
Ainda, por meio de metanálise, verificaram que a não só para elucidar a prevalência e a correlação das lesões
lesão de ombro é a mais prevalente, principalmente nos mais comuns com sexo, idade e fatores de risco associados,
exercícios de ginástica, com um índice de lesão de 1,9 mas também para conhecer outras possíveis injúrias que
lesões por 1000 horas de treinamento (n=187); as principais podem acometer atletas e praticantes da modalidade.
causas das lesões foram movimentos realizados de forma
inadequada e exacerbação de lesão prévia7. Também Principais lesões ocasionadas pela prática de Crossfit
foi encontrada a prevalência maior de lesões de ombro no tronco e na coluna vertebral
(35,4%), e média maior de lesões por tempo, 6,1/1000
horas de treinamento (n=189), sendo as principais causas Sobre as lesões de tronco, foi relatado o primeiro
de lesões: execução incorreta, esforço repetitivo e cargas caso na literatura sobre lesão completa do tendão do
elevadas usadas de modo errôneo8. músculo peitoral maior em mulher jovem e por mecanismos
Dessa forma, tem-se que, em MMSS, lesões de não traumático, tendo a ruptura total do músculo peitoral
ombro são mais prevalentes1,6,7,8, com variação, entre os maior ocorrido ao realizar o exercício “muscle up”
estudos, tanto do índice de lesão quanto das causas destas, (movimento transicional entre estar pendurado e erguer o
as quais estão entre a técnica3,7,8, o tempo de treinamento3, peso do corpo sobre barra ou anéis com o braço esticado
o tipo de exercício executado3, o peso utilizado8 e a sustentando o peso do corpo) do Crossfit, no momento
presença de lesões prévias7. Isso demonstra a necessidade do “dip” (em que se retorna à posição em nível inferior),
de estudos mais consistentes sobre o Crossfit para elucidar que está presente em outros exercícios que envolvem a
a prevalência e correlação desses traumas no que tange ao ginástica10.
sexo, à idade e aos fatores de risco associados a fim de que No que se relaciona à coluna vertebral, atletas de
medidas de prevenção possam ser elaboradas. 19 anos ou menos têm proporção maior de lesões quando
comparados a maiores de 19 anos, sendo exemplos dessas
Principais lesões ocasionadas pela prática de Crossfit injúrias: dorsalgia (dor na região das costas) generalizada,
em membros inferiores (MMII) lesão na articulação sacroilíaca (região de junção do osso
terminal da base da coluna vertebral – sacro – com o osso
No que se refere às lesões de MMII, em estudo do quadril – ilíaco) e espondilólise (fratura por estresse
transversal, evidenciou-se a incidência de lesões ligadas na porção posterior dos ossos da coluna vertebral)3. Essas
a exercícios funcionais de alta intensidade. As lesões de lesões acontecem mais frequentemente devido à técnica
MMII corresponderam a 35,3% das lesões totais, sem e ao peso inadequados no levantamento de peso, além da
discriminação do local e do tipo de injúria5. estabilidade de tronco inadequada e da carga excessiva, bem
Há proporção maior das lesões de MMII em como a falta de supervisão, que pode ser um agravante3.
atletas femininas de Crossfit (58,3%), sendo a articulação Outro estudo apontou a coluna lombar como um dos locais
do joelho a mais prevalente (30%) e podendo ocorrer de maior prevalência de lesões (17%)1. Da mesma maneira,
devido a manobras complexas realizadas sem força outros estudos apontam predominância de 15% a 28,5%
necessária nos músculos abdutores de quadril somado à de lesões da coluna lombar na prática de Crossfit5,6,8. Em
realização de levantamento de peso e saltos repetitivos3. um estudo com quase 4 milhões de relatos levantados,
Outro estudo também aponta as lesões de joelho entre as notou-se que as lesões da coluna lombar são a segunda
principais (11,5%), devido à prática de LPO e ginástica1. mais preeminente em atletas de treinamentos funcionais de
Em concordância, estudos encontraram que, em lesões em alto impacto, perdendo apenas para as lesões de MMII5,6,8.
MMII, a prevalência destas no joelho foram de 12,7%8 e Assim, tem-se que a prevalência e a incidência de
11,7%6. lesões relacionadas ao tronco ainda são pouco discutidas,
Apesar de as lesões do quadril serem pouco ainda que existentes. No que se relaciona a lesões de coluna
prevalentes na prática de exercícios de alta intensidade vertebral, estudos mais consistentes são necessários para
semelhantes ao Crossfit (2-4%), um caso foi relatado sobre o estabelecimento de correlações entre essas injúrias e o
4
Rev Med (São Paulo). 2022 nov.-dez;101(6):e-197455.
sexo do praticante, o tempo de prática e os fatores de risco de lesões, é a alternância de treinos do Crossfit entre “scale”
associados, já que os estudos encontrados se limitam à e “RX”, categorias iniciante e avançada, respectivamente6.
correlação das lesões da coluna com a faixa etária de atletas Dessa forma, o período de transição entre as categorias deve
e praticantes3. ser feito de maneira cautelosa. Além disso, a presença de
lesões prévias aumenta em 3 vezes as chances de lesões
Fatores de risco para lesões no Crossfit no Crossfit6.
Assim, as correlações entre o tempo de prática
Os praticantes de Crossfit que participaram de do Crossfit6,7, a frequência de treinos por semana1,8 e a
competições tiveram menor probabilidade de ter uma lesão participação ou não de competições1 com a ocorrência
do que os que não competem (razão de chance = 2,64), e de lesões, ainda que estudadas, não são bem definidas e
os que treinam menos de duas vezes na semana tiveram esclarecidas, já que os autores apresentam divergências
maior probabilidade (razão de chance = 3,24) de ter uma sobre o assunto.
injúria do que aqueles que treinaram três ou mais vezes
por semana1. Isso ocorre porque os praticantes que treinam CONCLUSÃO
menos desenvolvem pouca força muscular e flexibilidade
e têm menor capacidade técnica para realizar exercícios A presente revisão, conforme seu objetivo e método
de forma adequada 1. Praticantes que participam de proposto, descreveu estudos sobre o Crossfit e exercícios
competições provavelmente possuem mais supervisão do intervalados de alta intensidade. Embora existam estudos
coach, maior tempo de treinamento e execução de técnica relevantes, há limitação na quantidade destes. Além disso,
mais correta, além de se beneficiarem de um treinamento as prevalências das lesões divergem entre os trabalhos,
mais individualizado tanto em exercício quanto em carga. apesar de as lesões de ombro serem mais prevalentes em
O praticante que treina menos de 3 vezes na semana possui MMSS, joelhos, em MMII e região lombar, na coluna
uma resposta muscular mais aguda e crônica ao exercício vertebral. Outros locais de lesões são poucos discutidos,
de menor valor do que quem treina mais vezes por semana, como lesões de tronco e quadril, embora existentes entre
o que pode levar ao aparecimento de fadiga e piorar a os praticantes, o que limita a prevenção destas. Somado a
estabilidade musculoesquelética das estruturas1,8. isso, os autores divergem em relação aos fatores de risco
Em contrapartida, há um estudo apontando associados às lesões, como tempo de prática, frequência
que participantes de Crossfit com mais de 6 meses de semanal e participação ou não em competições.
experiência apresentaram maior índice de lesões do que Dessa forma, são necessários estudos mais
aqueles com menos de 6 meses de experiência e que a consistentes que elucidem as lacunas apresentadas neste
maior experiência do participante está relacionada ao nível estudo sobre as lesões em praticantes de Crossfit e
de performance7. No entanto, o autor diz que os artigos exercícios intervalados de alta intensidade. No entanto,
utilizados nessa metanálise não apresentaram níveis de deve-se considerar achados importantes encontrados, como
evidência com um baixo risco de viés7, de forma que é a necessidade de supervisão dos exercícios por profissionais
preciso cautela com os dados apresentados. Outro estudo capacitados, a atenção à técnica dos movimentos
aponta que a experiência de pelo menos 1 ano no Crossfit executados, bem como o peso utilizado e a progressão de
diminui o risco de lesões aproximadamente pela metade6. movimentos e cargas de acordo com a individualidade de
Outro fator de risco existente para o desenvolvimento cada pessoa para prevenir a ocorrência de lesões.
Participação dos autores: Milena Oliveira Moreira – Participação na escolha da temática abordada, escrita do texto, formatação e
revisão da escrita. Thales Martins Castello – Participação na escrita do texto. Mariana Mauricio Moraes – Participação na escrita do
texto. João Guilherme Lino da Silva – Participação na escrita do texto. Renato Andrade Teixeira Braga – Orientação no delineamento
da temática abordada, orientação na metodologia para a realização da escrita, auxílio no processo de inclusão e exclusão dos artigos,
participação na escrita do estudo e revisão do texto.
5
Moreira MO, et al. Lesões em praticantes de Crossfit: revisão narrativa
6
ARTIGO ORIGINAL
LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM
PRATICANTES DE CROSSFIT
Skeletal muscle injuries in crossfit practitioners
Alan de Almeida Xavier¹, Aírton Martins da Costa Lopes²
RESUMO
Introdução: A modalidade esportiva Crossfit é uma atividade física nova que abrange um
dos programas de treinamento de força e condicionamento físico geral que mais cresce em
número de adeptos. Acredita-se que seus participantes, seja no âmbito recreativo ou
competitivo, estejam expostos a riscos de lesões musculoesqueléticas associadas à prática do
esporte. Objetivos: Verificar a prevalência de lesões musculoesqueléticas na modalidade
Crossfit. Métodos: Foi realizado em estudo descritivo do tipo transversal. A pesquisa foi
feita com praticantes adultos com faixa etária de 18 a 59 anos, de ambos os sexos,
praticantes e ex-praticantes de Crossfit que realizaram a atividade por um período mínimo de
três meses de treino. Todos os praticantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Foram coletados dados através de um questionário virtual estruturado e
específico para o Crossfit referente à prevalência de lesões e os fatores associados.
Resultados: A prevalência de lesões entre os praticantes foi 56,2%. Dentre os fatores
associados às lesões está o sexo, o sobrepeso, fazer outra atividade física além do Crossfit,
praticar mais de três vezes por semana com um tempo diário acima de 1 hora de treino, uso
de suplementos alimentares, ingestão de bebidas alcoólicas e uso de cigarro. De acordo com
o estudo as lesões musculoesqueleticas mais ocorridas foram ombro (44,2%), coluna
(40,3%) e joelho (35,1%). Conclusão: A modalidade esportiva Crossfit provoca um alto
índice de lesões musculoesqueléticas.
¹ Graduado em Fisioterapia.
² Fisioterapeuta e Mestre em Biomedicina no Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, Minas Gerais-Brasil.
Alan de Almeida Xavier - Rua: Ouricuri, n: 90. Bairro: Floramar – CEP: 31840-030- Belo Horizonte-MG
E-mail: alan.valadao@yahoo.com.br Tel: (31) 99186-9284
ABSTRACT
Introduction: The sports modality Crossfit is a new physical activity that covers strength
training programs and overall fitness and is fast growing in number of adherents. It is
believed that its participants, whether in recreational or competitive environment, are
exposed to risks of developing musculoskeletal injuries associated with the sport.
Objectives: To determine the prevalence of musculoskeletal injuries in Crossfit. Methods:
We conducted a descriptive cross-sectional study. The survey was conducted with adult
practitioners and former practitioners aged 18 to 59, of both genders, who carried out the
activity for a minimum of three months training program. All participants signed a consent
form. The data concerning the prevalence of injuries and associated factors was collected
through a virtual, structured questionnaire specific to Crossfit. Results: The prevalence of
injuries among practitioners was 56.2%. Some of the factors associated with the injuries
were gender, overweight, other physical activity besides Crossfit, practicing more than three
times a week with a daily time over 1 hour workout, use of dietary supplements, alcohol
consumption and smoking. According to the study, the most occurring musculoskeletal
injuries were shoulder (44.2%) column (40.3%) and knee (35.1%). Conclusion: The
modality Crossfit actually causes high indices of musculoskeletal injuries.
INTRODUÇÃO
local. Distensão ou estiramento ocorre quando as fibras musculares alongam-se além do seu
comprimento normal. O músculo distende-se e provoca dor, fisgada e às vezes, incapacidade
de contrair normalmente. Câimbra que é a contração involuntária e dolorosa do músculo.
Pode ser provocada por acúmulo de ácido lático ou alteração no metabolismo de alguns
elementos (sais minerais, potássio, cálcio), entre outras causas. Tendinopatia que é a
disfunção do tendão (cordão ou feixe fibroso localizado na extremidade dos músculos), como
conseqüência da repetição excessiva de movimentos14.
A modalidade Crossfit é uma atividade física que fornece amplo programa de força e
condicionamento físico geral. Portanto o Crossfit promove adaptações morfo-fisiológicas, e
consequente melhora na capacidade física e qualidade de vida dos praticantes. Mantém o
indivíduo em perfeita funcionalidade, saudável, além de prevenir distúrbios e doenças
correlacionadas. Indivíduos que apresentam lesões musculoesqueléticas na prática de Crossfit
podem apresentar afastamento da atividade laboral e física. Necessita de realizar a
reabilitação, tornando-os, muitas vezes, incapazes de continuar treinando até obterem a
melhora funcional. Se o ambiente for favorável para a prática de Crossfit, ele se torna uma
ótima ferramenta para o trabalho funcional e aumenta a qualidade de vida do praticante, ao
prevenir de lesões musculoesqueléticas e incapacidades.
Assim, pode-se rematar esse raciocínio inicial observando que o Crossfit é um esporte
de alta intensidade biomecânica e fisiológica, que leva o praticante um empenho máximo em
atingir seu objetivo de esforço físico e psicológico durante o treinamento. Sendo assim, o
Crossfit apesar de ser uma atividade física que apresenta uma série de benefícios fisiológicos
inerentes ao esporte, envolve de maneira geral, um risco de lesões musculoesqueléticas
considerável, podendo levar a afastamento e a incapacidade funcional.
Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de lesões
musculoesqueléticas na modalidade Crossfit. E descrever quais são os fatores principais e as
estruturas do sistema musculoesquelético mais acometidas entre os praticantes da modalidade
em duas academias da cidade de Belo Horizonte – MG.
MÉTODO
comparação de grupos de praticantes que apresentaram ou não lesão utilizou-se o teste qui-
quadrado para as variáveis categóricas e o teste não paramétrico de Wilcoxon para variáveis
contínuas. As variáveis com p<0,20 na comparação de grupos foram incluídas em um modelo
de regressão logística múltipla. A adequação do modelo de regressão logística foi verificada
através do teste de Hosmer-Lemeshow. As análises foram feitas no software livre R versão
3.1.3 [1]15. O nível de significância adotado foi de 5%.
RESULTADO
Variáveis n %
Sexo
Masculino 77 56,2
Feminino 60 43,8
Idade (anos)
Média ± DP 31,1 ± 6,1
IMC
Peso normal (IMC de 18,5 a 24,9) 95 69,3
Sobrepeso (IMC de 25 a 29,9) 39 28,5
Obeso (IMC ≥ 30) 3 2,2
Possui algum problema de saúde relativo prática de
crossfit
Sim 4 2,9
(continuação)
Há quanto tempo faz atividades físicas (meses)
(continuação)
Tempo diário de prática de Crossfit 0,019*
Até 1 hora 41 68,3 36 47,8
Mais de 1 hora 19 31,7 41 53,2
Faz uso de suplementos 0,139*
Sim 16 26,7 31 40,3
Faz uso de bebidas alcoólicas 0,622*
Sim 38 63,3 53 68,8
Faz uso de cigarro 0,910*
Sim 5 8,3 8 10,4
Nota: * O p-valor refere-se ao teste qui-quadrado para associação de variáveis. £ O
p-valor refere-se ao teste não paramétrico de Wilcoxon para comparação de médias.
Este estudo foi realizado com uma amostra de pessoas jovens (idade média 31,1 anos
com desvio-padrão de 6,1 anos) e saudáveis (69,3% apresentam peso normal segundo a
classificação do IMC). A maioria destes indivíduos, 56,2%, já apresentou alguma lesão
relacionada à prática de crossfit, sendo mais comuns as lesões no ombro (44,2%), na coluna
(40,3%) e no joelho (35,1%). Os fatores associados à maior chance de ocorrência de lesões
foram ser do sexo masculino e treinar mais de uma hora por dia.
DISCUSSÃO
pesquisadores concluíram que em ambos (praticantes e não praticantes) houve uma incidência
de lesões de 12%. As principais razões para tais lesões foram à baixa aptidão
cardiorrespiratória, sobrepeso/obesidade e ser fumante. Além disso, foram observados que os
combatentes, praticantes ou não de Crossfit, que já tinham o hábito de praticar treinamento de
força possuíam uma menor incidência de lesões17.
Não obstante, Hak PT e colaboradores em 2013, determinaram a taxa de lesões em
atletas de crossfit através de um questionário online. Foram observados taxa de 3,1
lesões/1000 horas de treinamento, nenhum caso de rabdomiólise foi reportado4.
Já em 1999, Calhoon G e Fry A, publicaram um estudo para determinar as lesões
durante o treinamento de levantamento de peso nos Estados Unidos. De acordo com resultado
da pesquisa, a taxa de lesões agudas e recorrentes foi calculada em 3,3 lesões/1000 horas de
exposição halterofilismo. E que essas lesões são causadas principalmente por overuse18.
Em um estudo na Universidade La Trobe Bundoora na Austrália, com o objetivo de
determinar a taxa de lesão, localização e os tipos de lesões sofridas por ginastas. A amostra
registrou uma taxa de 5,45 lesões/1000 horas de treino19.
Sobre prevalência de lesões no futebol em atletas jovens, em 2007, Rodrigo NR e
colaboradores, observaram-se uma taxa de 4,47 lesões/1000 horas de jogo/treino por atleta20.
Esses dados demonstram que em diferentes esportes, que exijam tanto dos praticantes
e competidores, que mesmo envolvendo capacidades fisiológicas e biomecânicas diferentes,
força, e treinamentos diferenciados, o Crossfit tem menos probabilidade de ter lesões
musculoesqueléticas, com um percentual por 1000 horas de treino, menor quando comparado
com os demais esportes.
De acordo com a Tabela 2, praticantes do sexo masculino apresentaram mais lesões
musculoesqueléticas do que sexo femino em adultos jovens, média 30,5 anos. E o fator de
sobrepeso e obesos é diretamente relacionado ao acometimento de lesões na prática de
Crossfit.
O grupo que apresentou lesões (n=77), de acordo com os resultados da Tabela 2,
treinam com frequência semanal acima de 3 vezes e tempo diário de prática de Crossfit acima
de 1 hora, isso pode ser um fator agravante para o surgimento de lesões musculoesqueléticas.
Este é um importante resultado para mostrar ao praticante de Crossfit, que deve ser
respeitado um limite de tempo durante o treino, pois grande parte dos atletas que obtiveram
lesões praticaram mais de 3 vezes por semana e treinam por quase nova minutos (Tabela 3). É
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
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87.
RESUMO
O aumento da demanda de exercícios modernos e competitivos provocou o aumento simultâneo no risco
de lesões, causando preocupações em todas as esferas de rendimento. O Crossfit® é um exercício com
base em uma visão multidimensional da aptidão física, assim diz a American College of Sports Medicine, mas
que ainda precisa de uma identificação ampla no que diz respeito a provocação de lesões em seus
praticantes. A proposta desse estudo é identificar as possíveis lesões geradas em praticantes de Crossfit®.
Trata-se de um estudo de campo, transversal, descritivo, com estratégia de análise quantitativa dos
resultados apresentados. Foram coletados os dados através de um questionário semiestruturado. Foram
respondidos 100 questionários, 3 participantes foram excluídos por não atenderem aos critérios, dos
quais 61,9% eram homens e 38% mulheres, com Idade média de 32 anos. 30,2% dos participantes
responderam que já se lesionaram na pratica do Crossfit®, dessas pessoas. Quanto a localização
anatômica da lesão, 42% relataram a coluna lombar, 35% punho, 28% ombro e 25% joelho. A
predominância entre lesões se deu nas articulações mais instáveis do corpo humano com punho, ombro e
coluna lombar e pode estar relacionado à alta quantidade de peso e repetições.
Palavras-chave: fisioterapia, exercícios em circuitos, treinamento de força.
ABSTRACT
The increased demand for modern and competitive exercise has simultaneously increased the risk of
injury, causing concerns in all spheres of income. Crossfit® is an exercise based on a multidimensional
view of physical fitness, so says the American College of Sports Medicine, but it still needs a broad
identification with regard to injury provoking in its practitioners. The purpose of this study is to identify
the possible injuries generated in Crossfit® practitioners. This is a cross-sectional, descriptive field study
with a quantitative analysis strategy of the presented results. Data were collected through a semi
structured questionnaire. 100 questionnaires were answered, 3 participants were excluded because they
did not meet the criteria, of which 61.9% were men and 38% women, with a mean age of 32 years. 30.2%
of respondents said they had already injured themselves in Crossfit® practice. Regarding the anatomical
location of the lesion, 42% reported the lumbar spine, 35% wrist, 28% shoulder and 25% knee. The
predominance among injuries occurred in the unstable joints of the human body with wrist, shoulder and
lumbar spine and may be related to high amount of weight and repetitions.
Keywords: physiotherapy, circuit exercises, strength training.
1
Centro Universitário Estácio do Ceará
* Autor correspondente: Centro Universitário Estácio do Ceará. Rua Eliseu Uchôa Beco, 600, Água Fria. CEP:
60810-270, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: prodamypn@hotmail.com
Lesões entre praticantes de crossfit | 267
Figura 1. A – Gráfico que mostra a frequência de pratica por dias; B – Gráfico que demonstra a quanto tempo
em meses o individuo pratica a modalidade
Figura 4. Correlação estatística que demonstra através de uma curva de regressão uma proporção inversa
entre idade e lesão no Crossfit®
predominância entre lesões se deu nas among former elite male athletes. The American
articulações mais instáveis do corpo humano Journal of Sports Medicine, 29(1), 2-8.
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Todo o conteúdo da revista Motricidade está licenciado sob a Creative Commons, exceto
quando especificado em contrário e nos conteúdos retirados de outras fontes bibliográficas.
DOI: 10.1590/1809-2950/17014825022018
229
REVISÃO SISTEMÁTICA
Perfil de lesões em praticantes de CrossFit: revisão
sistemática
Injury profile in CrossFit practitioners: systematic review
Perfil de lesiones en los practicantes de CrossFit: revisión sistemática
Fábio Hech Dominski1, Thais Cristina Siqueira2, Thiago Teixeira Serafim3, Alexandro Andrade4
RESUMO | O CrossFit se apresenta como um novo muitas vezes obtidas em outras modalidades. Ainda,
método de treinamento físico que vem ganhando que o CrossFit pode ser praticado com segurança por
popularidade desde sua criação. O objetivo deste estudo indivíduos de 18 a 69 anos.
foi analisar o perfil de lesões em praticantes de CrossFit Descritores | Exercício; Treinamento Intervalado de Alta
por meio de uma revisão sistemática da literatura. Intensidade; Ferimentos e Lesões; Revisão.
Utilizaram-se as recomendações da Declaração PRISMA
para condução da revisão sistemática. A busca foi ABSTRACT | CrossFit is a new form of physical training
realizada nas bases de dados CINAHL, SciELO, Science that has become popular since its inception. This study
Direct, SCOPUS, LILACS, PEDro, PubMed, SPORTDiscus aimed to analyze the injury profile of CrossFit practitioners
e Web of Science. Avaliou-se a qualidade metodológica through a systematic review. PRISMA recommendations
dos estudos, entre os quais dez foram considerados were applied to this systematic review. Electronic search
elegíveis. A prevalência de lesões nos praticantes de was performed in the databases CINAHL, SciELO, Science
CrossFit variou de 5 a 73,5%, e a taxa de lesão variou de Direct, SCOPUS, LILACS, PEDro, PubMed, SPORTDiscus
1,94 a 3,1 lesões a cada 1.000 horas de treinamento. A and Web of Science. The methodological quality of the
região corporal mais acometida por lesões nos estudos studies was assessed. Ten studies were selected. The
selecionados foram os ombros, seguidos pelas costas prevalence of injuries in CrossFit practitioners ranged
e joelhos. Em relação aos fatores associados às lesões, from 5 to 73.5%, and the overall injury incidence rate per
destacou-se o tipo de exercício realizado e o tempo de 1000 training hours ranged from 1.94 to 3.1 injuries. The
prática de CrossFit. O sexo apresentou associação com body region most affected by injuries was the shoulders,
a prevalência de lesões, estudos demonstraram que followed by the back and the knees. Regarding associated
os homens apresentaram maior número de lesões em factors, the type of exercise performed and CrossFit
relação às mulheres. A idade esteve entre os fatores training time were related to injuries. Besides that, sex was
que não estiveram associados às lesões. Conclui-se associated to the prevalence of injuries, with men showing
que os ombros são a região corporal mais comumente more injuries than women. Age was not related to injury
acometida entre os praticantes de CrossFit, em prevalence. It was concluded that the most commonly
indivíduos do sexo masculino e com lesões prévias, affected body region among CrossFit practitioners was
Estudo desenvolvido no Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (Lape) da Universidade do Estado de Santa
Catarina (Udesc) – Florianópolis (SC), Brasil.
1
Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE) do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid) da
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
2
Departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid) da Universidade do Estado de Santa
Catarina (Udesc) – Florianópolis (SC), Brasil.
3
Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (Lape) do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid) da
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) – Florianópolis (SC), Brasil.
4
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano no Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (Lape) do
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid) – Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) – Florianópolis (SC), Brasil.
Endereço para correspondência: Fábio Hech Dominski – Rua Pascoal Simone, 358, Coqueiros – Florianópolis (SC), Brasil – CEP 88080-350 – E-mail: fabio.dominski@udesc.br –
Telefone: (48) 3664-8677 – Fonte de financiamento: Nada a declarar – Conflito de interesses: Nada a declarar – Apresentação: 9 ago. 2017 – Aceito para publicação: 24 maio 2018.
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Fisioter Pesqui. 2018;25(2):229-239
the shoulders, predominantly in males and with previous injuries, elegibles. La prevalencia de lesiones en los practicantes de CrossFit
often obtained in other modalities. In addition, CrossFit can be tuvo una variación del 5 al 73,5%, y la tasa de lesiones de 1,94 a 3,1
safely practiced by individuals aged 18-69. lesiones a cada 1000 horas de entrenamiento. La región corporal
Keywords | Exercise; High-Intensity Interval Training; Wounds más lesionada fueran los hombros, seguido por las espaldas
and Injuries; Review. y rodillas. En relación a los factores asociados a las lesiones, se
destacan el tipo de ejercicio fue realizado y el tiempo de práctica
RESUMEN | CrossFit es un nuevo método de entrenamiento físico del CrossFit. En relación al género, los hombres presentaron más
y ha ganado popularidad desde su creación. El objetivo de este lesiones. La edad no estuvo asociada a las lesiones. Se concluye
estudio fue analizar el perfil de lesiones en practicantes de CrossFit que la región corporal más comúnmente acometida entre los
a través de una revisión sistemática. La Declaración PRISMA practicantes de CrossFit fueron los hombros, en individuos
fue utilizada para la preparación de esta revisión. Se realizó una masculinos y con lesiones previas, muchas veces obtenidas en
búsqueda bibliográfica en las siguientes bases de datos: CINAHL, otras modalidades. Además, el CrossFit puede ser practicado con
SciELO, Science Direct, SCOPUS, LILACS, PEDro, PubMed, seguridad por individuos de 18 a 69 años.
SPORTDiscus y Web of Science. Se evaluó la calidad metodológica Palabras clave | Ejercicio; Entrenamiento de Intervalos de Alta
de los estudios, entre los cuales diez estudios fueron considerados Intensidad; Heridas y Lesiones; Revisión.
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Dominski et al. Lesões em praticantes de CrossFit
estudos abordando os diversos aspectos que as lesões temporal. Foram excluídos artigos de revisão, estudos de
apresentam, como taxa e prevalência, regiões corporais caso, resumos de congresso, editoriais e cartas.
mais acometidas e fatores associados, caracterizando um A elegibilidade dos estudos ocorreu por meio dos
perfil de lesões14,15. Nesse sentido, o objetivo deste estudo critérios PICOS e estão detalhados na Tabela 1.
foi analisar o perfil de lesões em praticantes de CrossFit
Tabela 1. Critérios de inclusão e exclusão dos estudos selecionados
por meio de uma revisão sistemática da literatura. para a revisão
Inclusão Exclusão
Indivíduos praticantes
Qualquer indivíduo
METODOLOGIA P Participate
praticante de CrossFit
de outras formas de
exercício físico
Massagens, terapia
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura manual, alongamentos,
que seguiu os critérios recomendados pela Declaração terapias alternativas,
I Intervention CrossFit musculação,
PRISMA – Preferred Reporting Items for Systematic caminhada ou corrida,
Reviews and Meta-Analyses16. High Intensity Interval
Training (HIIT)
Com indivíduos
Estratégia de busca dos estudos saudáveis ou não,
com grupos de outros
C Comparision –
exercícios físicos ou
Representando significativa parte da produção Grupo Controle sem
intervenção
científica mundial, a busca pelos estudos foi feita nas
O Outcome Lesões, traumas –
bases de dados eletrônicas relacionadas às Ciências do
Estudo controlado Estudos de caso,
Esporte e Exercício Físico e Fisioterapia: CINAHL S Study randomizado e não revisão, revisão com
via EBSCO, SciELO (Scientific Electronic Library randomizado metanálise
Critérios de elegibilidade dos estudos Para avaliar a qualidade metodológica dos estudos
utilizaram-se as recomendações do STROBE
Foram considerados para análise somente artigos (Strengthening the Reporting of Observational
originais sobre lesões com amostra de atletas e praticantes Studies in Epidemiology), por meio do STROBE
de CrossFit, incluindo estudos com abordagem Statement – Checklist of items that should be included
quantitativa, qualitativa ou mista, com resumos e textos in reports of cross-sectional studies17,18. Essa escala
completos disponíveis na íntegra pelo meio on-line até possui 22 itens que receberam uma pontuação de
o dia 11 de maio de 2017. Não foi estabelecido limite 0 (não atende) a 1 (atende), sendo que a pontuação
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Fisioter Pesqui. 2018;25(2):229-239
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Dominski et al. Lesões em praticantes de CrossFit
O tamanho da amostra nos estudos selecionados e soldados em um. A média de idade dos sujeitos de
variou de 34 a 1.393, totalizando 3.307 sujeitos de pesquisa variou de 26,8 a 38,9 anos, e a faixa etária de
pesquisa, sendo 2.244 do sexo masculino e 871 do sexo 18 a 69 anos.
feminino (o sexo não foi reportado para 192 sujeitos). A prevalência de lesões nos estudos variou de 5 a
Os sujeitos foram caracterizados como praticantes 73,5%. A taxa de lesões a cada 1.000 horas de treinamento
de CrossFit em seis estudos, atletas em três estudos de CrossFit variou de 1,94 a 3,1 lesões (Quadro 1).
Figura 2. Regiões corporais acometida pelas lesões nos estudos sobre CrossFit (número de estudos por região)
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Fisioter Pesqui. 2018;25(2):229-239
A região corporal mais acometida por lesões nos estiveram mais presentes nos estudos foram o tipo
estudos selecionados foram os ombros (7 estudos). As de exercício realizado, em 5 estudos3,22-25 e o tempo de
costas e joelhos foram regiões lesionadas em praticantes de prática de CrossFit, em 3 estudos6,26,27. Além disso, o sexo
4 estudos cada, seguido pela região lombar em 3 estudos apresentou associação com a prevalência de lesões, sendo
e braços/cotovelos em 2 estudos. Regiões do corpo que os homens apresentaram maior número de lesões
como cabeça/pescoço, punhos, coxas, pernas e pés foram em relação às mulheres, assim como a presença de lesões
citadas como regiões lesionadas em 1 estudo (Figura 2). prévias esteve associada a novas lesões. Em 5 estudos, a
Foram observados diversos fatores associados às idade esteve entre os fatores que não estiveram associados
lesões em praticantes e atletas de CrossFit. Os que às lesões (Quadro 2).
Quadro 2. Resultados dos estudos sobre CrossFit em relação aos fatores associados e não associados às lesões
a) Sexo e índice de a) Risco de lesão maior para os homens com IMC classificado como
Grier et al.20 massa corporal sobrepeso ou obesidade –
b) Fumo b) Risco de lesão maior nos fumantes em relação aos não fumantes.
a) Homens apresentaram maior número de lesões do que as mulheres
a) Sexo (53 contra 21) Idade, tempo de
participação, tempo da
b) Tipo de exercício b) O ombro foi mais lesionado nos movimentos ginásticos e a lombar nos
Weisenthal et al.22 sessão de treinamento,
c) Supervisão de movimentos de powerlifting
dias de treinamento por
profissional c) A taxa de lesão foi significativamente diminuída com o envolvimento do semana
instrutor
a) Praticantes com lesão articular prévia tem 3,75 vezes maior Idade
probabilidade de sofrer uma lesão relacionada ao CrossFit
experiência no CrossFit
Chachula, Cameron, a) Lesões prévias b) Participantes percebem que exercícios como levantamento terra e
Svoboda23 b) Tipo de exercício kettlebell swing agravam lesões na lombar, os saltos intensificam a dor nos Participação em aulas
joelhos, e dores nos ombros e cotovelo são acentuados devido aos ring com supervisão de
dips profissional
a) Praticantes de CrossFit há mais de 6 meses (35%) mostraram maior
Sprey et al.6 a) Tempo de prática taxa de lesão, com 70% em relação aos praticantes com menor tempo de Sexo e faixa etária
prática
a) Os praticantes atribuíram exercícios de ginástica como principal causa Idade, número de dias
Summitt et al.25 a) Tipo de exercício
de lesão (25 lesões das 46 totais). de descanso
a) A taxa de incidência de lesões entre atletas com menos de 6 meses de
experiência foi 2,5 vezes maior do que a de atletas com mais de 6 meses
a) Tempo de prática de experiência
b) Tipo de exercício b) Squat cleans, ring dips, overhead squats e push presses foram exercícios
c) Tipo de mais propensos a causar lesões
Aune e Powers26 equipamento c) Exercícios realizados com barras foram os que implicaram em mais –
d) Lesão prévia lesões
b) Esforço excessivo e d) Atletas com lesão prévia de ombro possuem 8,1 vezes mais chances de
técnica inadequada lesionar o ombro em relação a atletas com ombros saudáveis
e) Atletas relataram que 35% das lesões ocorreu devido a esforço
excessivo e 20% devido a técnica inadequada na execução dos exercícios
a) Os atletas lesionados apresentaram mais tempo de participação
a) Tempo de (em anos) e tempo semanal de prática de CrossFit, em relação aos não Idade, sexo, tamanho
participação e tempo da turma de CrossFit,
lesionados
de prática número de treinadores,
Montalvo et al.27 b) Atletas com prática de atividade física além do CrossFit têm 2,3 maior
b) Atividade Física anos de atividade física
além do CrossFit probabilidade de lesionar-se estruturada e participar
c) Estatura c) Os atletas lesionados apresentaram maior estatura em relação aos não de competição
lesionados
a) Maior taxa de lesão encontrada nos homens, que tiveram lesão nos
últimos 6 meses
a) Sexo
Moran et al.3 b) Exercícios de levantamento de peso foram os mais citados como –
b) Tipo de exercício
causadores de lesão: agachamento, levantamento terra, overhead press e
Snatch.
Legenda: (–): Não informa
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Dominski et al. Lesões em praticantes de CrossFit
No que se refere à avaliação da qualidade dos estudos classificados como B e apenas um estudo
metodológica pelos critérios do STROBE, a aderência classificado como A, possuindo acima de 80% dos
aos critérios variou entre 50% e 81,8%, sendo a maioria critérios cumpridos (Tabela 2).
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Fisioter Pesqui. 2018;25(2):229-239
maior prevalência no sexo masculino, em esportes como Regiões corporais acometidas e tipo de exercício
basquetebol, judô e corrida de rua37-39.
Diversas populações têm procurado a prática de O ombro foi a principal articulação acometida por
CrossFit, muitas já praticantes de outras modalidades lesões devido aos treinamentos de CrossFit. Segundo
de exercício físico ou esporte e, em alguns casos, os estudos, esse resultado está relacionado à execução
compostas por portadores de lesões prévias. Foi de alguns exercícios que vêm sendo considerados
observado que esse é um fator associado importante, lesivos – como overhead squat, push press, kettlebel swing
pois indivíduos com lesões prévias possuem 3,75 vezes e snatch26 – por possuírem uma elevada amplitude de
maior probabilidade de adquiri-las novamente no movimento do complexo do ombro, característica que
CrossFit23, especificamente em relação ao ombro, foi pode aumentar o risco de lesão, visto que movimentos
visto que atletas com lesão prévia possuem oito vezes acima da linha articular do ombro predispõem a lesões
mais chance de lesionar o local comparado a atletas devido à redução do espaço subacromial40.
com ombros saudáveis26. Por conseguinte, destaca-se O estudo de Weisenthal et al.22 mostrou que, para
a necessidade de atenção para a anamnese dos novos os movimentos da ginástica olímpica presentes na
praticantes nos locais que oferecem a prática de modalidade, houve diferença significativa entre as
CrossFit, a fim de conhecer lesões antecedentes destes regiões corporais que sofreram lesões, sendo o ombro a
e prevenir a reincidência dessas lesões. mais lesionada, correspondendo a mais de 41% das lesões
A associação entre lesões e tempo de prática mostrou- de ombro nos praticantes analisados. A causa desse tipo
se não estar clara, pois alguns estudos mostraram que os de lesão geralmente está associada a uma diminuição
praticantes com maior tempo de prática sofrem mais da estabilização da articulação escapulo torácica. A
lesões em relação aos com menor tempo6,27. Por outro discinese escapular afeta a excursão de movimento
lado, um estudo encontrou uma taxa de incidência dessa articulação, sobrecarregando a articulação
de lesões entre atletas com menos de seis meses de glenoumeral41,42, esta geralmente está associada a um
experiência 2,5 vezes maior do que a de atletas com desequilíbrio muscular, principalmente pela fraqueza de
mais de seis meses de experiência, fator que pode ser serrátil anterior e trapézio fibras inferiores43,44. O estudo
explicado pela não execução da técnica correta dos de Summit et al.25 mostrou que entre os movimentos
movimentos26. Apesar do tempo de prática e frequência ginásticos causadores de lesão (25 de 46) reportados
semanal de treino estarem associados à maior experiência pelos praticantes, estão o kipping pull-up, ring muscle-up,
nos exercícios, há o aumento da exposição do praticante push-up e ring dips.
à movimentação repetida, o que aumenta as chances Além dos exercícios derivados da ginástica,os exercícios
de lesão27. Ademais, uma das características presentes característicos do levantamento de peso olímpico que
na prática nos boxes de CrossFit é o estabelecimento compõe o CrossFit, como overhead squat, exigem a
de recordes pessoais, principalmente nos exercícios colocação da articulação do ombro em posições de flexão
relacionados ao levantamento de peso, os chamados extrema, abdução e rotação interna, as quais aumentam o
personal record (PR), em que o indivíduo busca executar o risco de lesão45. Devido à elevada incidência de lesões no
movimento com a maior carga possível. Tal característica ombro encontrada nos estudos, sugere-se maior cautela
estimula os praticantes a elevarem a carga à medida que sobre os exercícios ginásticos e de levantamento de peso
aumenta seu tempo de prática, objetivando melhorar olímpico por parte dos praticantes e dos profissionais que
seus recordes, porém aumentando também o risco de supervisionam a execução desses movimentos, com foco
lesão. Hak et al.21 sugerem foco na técnica de execução em fatores como esforço excessivo e técnica inadequada,
apropriada, sendo característica mais importante do que fatores apontados pelos atletas como causadores de lesões
a velocidade e número de repetições realizadas. em 35 e 20% dos casos respectivamente26.
O fato de a maioria dos estudos não ter encontrado Anteriormente citado na literatura como um risco
associação entre a presença de lesões e idade/faixa etária durante a prática de CrossFit10, casos de rabdomiólise
reforça o proposto por Weisenthal et al.22, que afirmam foram reportados em apenas um estudo relacionado24.
que o CrossFit é um programa de treinamento físico Segundo Hak et al.21, isso pode ter ocorrido devido à
que pode ser praticado com segurança por indivíduos inclusão de praticantes de diversos níveis de aptidão,
de uma ampla faixa etária – 18 a 69 anos, desde que sendo a rabdomiólise esperada naqueles que se exercitam
realizados em ambiente seguro. em níveis extremamente elevados no fator intensidade.
236
Dominski et al. Lesões em praticantes de CrossFit
Rabdomiólise é um quadro não exclusivo do CrossFit, autorrelato, sendo assim, a acurácia de algumas respostas
uma vez que outros esportes, se realizados de forma pode ter sido prejudicada, demonstrando a necessidade
extenuante, também podem desencadeá-la. Ocorre, da utilização ou desenvolvimento e validação de
geralmente, devido à má prescrição de exercícios ou instrumentos específicos para essa população. Além disso,
realização destes sem supervisão adequada46, fator este a maioria dos estudos caracterizou-se como retrospectiva,
que também esteve associado a lesões no CrossFit como ou seja, baseada em dados do passado e poucos estudos
verificado no estudo de Weisenthal et al.22, em que a abordaram a questão do tratamento utilizado para as
taxa de lesão foi significativamente diminuída com o lesões, podendo ser um tema de futuras pesquisas.
envolvimento do instrutor.
Falta de supervisão adequada e/ou má prescrição Implicações clínicas
do treinamento pode resultar em componentes do
treinamento como volume e carga inadequados ao A extrapolação dos achados deste estudo possibilita
praticante47, especialmente quando se trata de programas que os profissionais envolvidos com praticantes de
de condicionamento com elevada intensidade. Dessa CrossFit possam identificar fatores de risco associados
forma o treinador deve possuir conhecimento sobre o pico às lesões, de forma a atuar preventivamente sobre
de carga de cada atleta para prevenção de lesões. Halson48 estes. Conhecer a população, regiões corporais mais
sugere algumas variáveis que podem ser avaliadas para acometidas e proporcionar a devida supervisão na
monitorar a carga de treinamento. Variáveis como prática da modalidade, permite que o praticante seja
frequência de treinamento, tempo, intensidade, esforço, orientado corretamente, minimizando o risco de
repetições, volume, percepção de esforço ou fadiga, lesões. Para conhecer sua população, é importante a
análise da técnica entre outras, devem ser levadas em realização de avaliações físicas e funcionais com o aluno
consideração. O monitoramento dessas variáveis se faz da modalidade. Isso pode ser feito, por exemplo, com
importante para prevenir lesões, pois o desempenho avaliações sobre os componentes mobilidade, equilíbrio
não deve ser a única forma de verificar se a carga de e controle neuromuscular por meio de testes como o
treinamento está adequada ou não para o atleta48. Y balance test e step down50,51. Baixo desempenho nesses
O quadro epidemiológico de lesões em algumas testes destaca a necessidade de maior cuidado sobre
modalidades esportivas e de exercício físico ainda apresenta esses praticantes.
lacunas, carecendo de maiores investigações49. Nesse caso Aulas de CrossFit com pouca supervisão e/ou com
destaca-se o CrossFit, um tipo de treinamento físico elevado número de alunos também devem ser evitadas,
novo que tem apresentado expressivo crescimento nos afinal o controle dos profissionais sobre movimentos
últimos anos. Consequentemente a produção científica realizados de forma incorreta se torna mais difícil.
sobre lesões nessa modalidade também é recente, dessa Além disso, os trabalhos que antecedem o workout of
maneira sugere-se a investigação sobre lesões em futuros the day (WOD), como aquecimento e atividades para
estudos, analisando praticantes e atletas após exposição desenvolvimento de uma habilidade específica devem
ao CrossFit em longo prazo, caracterizando estudos ser realizados.
longitudinais prospectivos, com melhores condições
metodológicas e instrumentos específicos.
Todos os estudos selecionados na revisão cumpriram CONCLUSÃO
50% ou mais dos critérios estabelecidos pelo STROBE.
A maioria dos itens que não foram cumpridos esteve Conclui-se que os ombros são a região corporal
relacionada à descrição dos métodos, principalmente mais comumente acometida de acordo com os estudos,
em relação ao viés, tamanho amostral e tratamento seguidos pelas costas e pelos joelhos. As lesões foram
de variáveis quantitativas. Além disso nenhum estudo relatadas com maior frequência em indivíduos do sexo
reportou outras informações como financiamento do masculino e com lesões prévias, muitas vezes obtidas
estudo. Tais achados sugerem a necessidade de maior em outras modalidades. Na maioria dos estudos não
detalhamento na descrição na seção de métodos nos se evidenciou associação da idade com a presença de
estudos futuros, para melhor qualidade metodológica. lesões, caracterizando o CrossFit como um programa de
Os estudos selecionados apresentam limitações, treinamento físico que pode ser praticado com segurança
estes investigaram as lesões dos praticantes por meio do por indivíduos de 18 a 69 anos.
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Fisioter Pesqui. 2018;25(2):229-239
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Dominski et al. Lesões em praticantes de CrossFit
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239
DOI: 10.1590/1809-2950/21019929012022PT
88
PESQUISA ORIGINAL
Perfil de lesões em praticantes de CrossFit:
prevalência e fatores associados durante um ano
de prática esportiva
Injury profile in CrossFit practitioners: Prevalence and associated factors during a year
of sports practice
Perfil de lesiones en practicantes de CrossFit: prevalencia y factores asociados durante un año
de práctica deportiva
Vitor Andrade Reis1, Natália Alexandre de Melo Andrade Reis2, Thiago Ribeiro Teles Santos3
RESUMO | Este estudo teve como objetivo investigar a ombro e punho, assim como do tipo músculo e tendão foi
prevalência de lesões durante um ano em praticantes acima da esperada. As demais variáveis não apresentaram
de CrossFit e a influência das características da prática diferença entre grupos ou não foram associadas à
esportiva e demográficas nessas lesões. Foi realizado presença de lesão. Logo, a maioria dos investigados
estudo de coorte retrospectivo com 180 praticantes de relatou lesão que foi influenciada pelas características da
CrossFit , que responderam a um questionário sobre:
prática esportiva, e não pelas demográficas.
características demográficas (idade, massa corporal, Descritores | Lesões; Epidemiologia; CrossFit; Esporte.
altura e sexo), características da prática esportiva (tempo
de prática esportiva, frequência e duração de treino, ABSTRACT | This study aimed to investigate the prevalence
formação de carga e prática de outro esporte) e ocorrência of injuries in CrossFit practitioners and the influence of
e características da lesão (quantidade, região lesionada e sports practice and demographic characteristics on these
estrutura acometida). Por meio do teste de Mann-Whitney injuries. A retrospective cohort study was carried out with
U, investigou-se a diferença nas variáveis contínuas entre 180 CrossFit practitioners who answered a questionnaire
aqueles com e sem histórico de lesão. Utilizando o teste with demographic characteristics (age, body mass, height,
de qui-quadrado e o teste exato de Fisher, avaliou-se a and sex), sports characteristics (number of years practicing
associação entre variáveis categóricas e a presença ou CrossFit; training frequency, duration, and training program;
não de lesão. O teste de qui-quadrado goodness-of-fit and practice of other sports), and presence of any injury
foi aplicado para investigar se a frequência observada suffered and its characteristics (number of injuries, region,
de lesões por região do corpo e por tipo era diferente da and type of injury). The Mann-Whitney U test investigated
esperada. A prevalência de lesão foi de 63%, e aqueles the difference in continuous variables between those with
com histórico de lesão tinham menor tempo de prática and without injury history. The chi-square test and Fisher’s
esportiva. A presença de histórico de lesão foi associada exact test investigated the association between categorical
a menor frequência semanal e diária e menor duração variables and the presence or not of injury over the last year.
de treinos, assim como à formação de carga Scale. The chi-square goodness-of-fit test investigated if the
A frequência de lesão em perna, joelho, coluna lombar, frequency of injuries per body location and type differed
1
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) – Diamantina (MG), Brasil. E-mail: vitoreis.fisio@gmail.com.
ORCID-0000-0002-2986-2312
2
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) – Diamantina (MG), Brasil. E-mail: ntlmelo@outlook.com.
ORCID-0000-0002-5346-930X
3
Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e Centro Universitário Una – Belo Horizonte (MG), Brasil. E-mail: trtsantos@gmail.com.
ORCID-0000-0003-2395-2023
Parte dos achados deste estudo foram apresentados no X Congresso Brasileiro VII Congresso Internacional da SONAFE Brasil 2021.
Endereço para correspondência: Thiago Ribeiro Teles Santos – Avenida Prof. Mário Werneck, 1685 – Belo Horizonte (MG), Brasil – CEP: 30575-180 – E-mail: thiago.teles@prof.unibh.br
– Fonte de financiamento: nada a declarar – Conflito de interesses: nada a declarar – Apresentação: 19 set. 2021 – Aceito para publicação: 1 fev. 2022 – Aprovado pelo Comitê de Ética:
nº CAAE 34206120.8.0000.5093.
88
Reis et al. Lesões em praticantes de CrossFit
from the expected one. Injury prevalence was 63%. Participants (cantidad, región lesionada y estructura afectada). Para el análisis de
with a history of injury showed a shorter time of CrossFit practice. la diferencia en las variables continuas entre los practicantes con y sin
The presence of injury history was associated with lesser weekly antecedentes de lesiones, se utilizó la prueba U de Mann-Whitney. Se
and daily training frequency, shorter training duration, and Scale evaluó la asociación entre las variables categóricas y la presencia o
training program. The frequency of injuries on leg, knee, lumbar ausencia de lesión mediante la prueba de chi-cuadrado y la prueba
spine, shoulder, and wrist, and the muscle and tendon was greater exacta de Fisher. La prueba de chi-cuadrado goodness-of-fit se aplicó
than expected. The other variables were neither different between para investigar si la frecuencia de lesiones por parte del cuerpo y por
groups nor associated with injury presence. Thus, most participants tipo era distinta de lo esperado. La prevalencia de lesión fue del 63%,
presented injury over the last year, influenced by the sports y los practicantes con antecedente de lesión tenían menor tiempo de
characteristics but not by demographic characteristics. práctica deportiva. La presencia de antecedentes de lesión se asoció
Keywords | Injuries; Epidemiology; CrossFit; Sports. con una menor frecuencia semanal/diaria y una menor duración
del entrenamiento, así como con la formación de la carga de Scale.
RESUMEN | Este estudio tuvo como objetivo investigar la prevalencia de La frecuencia de lesiones en la pierna, la rodilla, la columna lumbar,
lesiones en practicantes de CrossFit durante un año y la influencia de
el hombro y la muñeca, así como de tipo muscular y tendinoso fue
las características deportivas y demográficas en estas lesiones. Se trata mayor a la esperada. Las demás variables no mostraron diferencia
de estudio de cohorte retrospectivo, realizado con 180 practicantes entre grupos o no se asociaron con la presencia de lesión. Por lo tanto,
de CrossFit, quienes respondieron a un cuestionario que contenía: la mayoría de los participantes reportaron presentar una lesión que
características demográficas (edad, masa corporal, altura y sexo), estuvo influenciada por las características de la práctica deportiva,
características de la práctica deportiva (tiempo de práctica deportiva, y no por la demografía.
frecuencia y duración del entrenamiento, carga de entrenamiento y Palabras clave | Lesiones; Epidemiología; CrossFit; Deporte.
práctica de otro deporte) y ocurrencia y características de la lesión
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Fisioter Pesqui. 2022;29(1):88-95
de participação, volume e carga de treinamento, assim durante o ano de 2019 em 180 praticantes de CrossFit.
como características demográficas já foram considerados Esses praticantes foram recrutados por conveniência em
em investigações sobre o perfil de lesões em diferentes um box licenciado de CrossFit, em Belo Horizonte,
esportes9-11. Por exemplo, uma revisão de literatura Minas Gerais. Os critérios de inclusão foram ser maior
indicou que uma quantidade maior de horas de treino e de 18 anos e ter treinado CrossFit durante os 12 meses
um grande aumento de carga estavam associados a lesões de 2019. Os critérios de exclusão foram não preencher
no ombro em esportes em que são realizados gestos acima completamente o questionário e pertencer a outro box de
da cabeça11. Alguns estudos com praticantes de CrossFit treinamento. Todos os participantes assinaram o termo
identificaram resultados similares, sugerindo que uma de consentimento livre e esclarecido.
maior exposição resultaria em maior chance de lesão12.
Em contrapartida, outros estudos não identificaram Procedimentos
diferença na taxa de lesões de acordo com a frequência
semanal e a duração do treino13,14, assim como a prática O questionário foi disponibilizado para os praticantes,
conjunta de outro esporte15. Por outro lado, alguns durante os meses de agosto e setembro de 2020, por meio
estudos identificaram um maior risco de lesão entre de divulgação em plataformas digitais. As perguntas iniciais
praticantes menos experientes, que treinam com menor estavam relacionadas a características demográficas –
frequência semanal e que praticam outro esporte12,16. idade, massa corporal, altura e sexo –, e as perguntas
O tipo de formação de carga é um fator pouco investigado, seguintes, a características da prática esportiva – tempo
mas que já foi associado, por um outro estudo, com lesões de prática esportiva, frequência semanal e diária de
musculoesqueléticas no esporte15. treino, duração diária do treino, prática de outra atividade
Características demográficas também são comumente esportiva e formação de carga (RX, Scale, intermediária
consideradas na análise de perfil de lesão; entretanto os ou outra). Por fim, os participantes foram solicitados a
achados na literatura são conflitantes no que se refere informar o número de lesões ocorridas no último ano de
ao CrossFit. Enquanto alguns estudos sugerem uma prática esportiva e, na presença de lesão, a região do corpo
relação entre frequência de lesão, sexo masculino e idade lesionada e a estrutura acometida (músculo, tendão, osso,
mais avançada12, outros não identificaram a influência do articulação, ligamento ou outros). Considerou-se como
sexo e da idade na ocorrência de lesões, assim como de lesão qualquer dano causado por trauma físico em tecidos
outras características como altura e massa corporal14,15. do corpo, podendo ser um único trauma ou o resultado
Dessa forma, novos estudos que considerem a investigação de cargas repetidas a longo prazo17. Essas lesões deveriam
de características demográficas e da prática esportiva ter ocorrido durante os treinos ou em decorrência deles,
podem contribuir para o entendimento dos diferentes resultando em redução ou afastamento completo dos
achados relativos ao perfil de lesão no CrossFit. praticantes das atividades esportivas17. Essa definição de
Assim, os objetivos deste estudo foram investigar a lesão foi apresentada no questionário.
prevalência de lesões no último ano de praticantes de
CrossFit e a influência das características demográficas Análise estatística
e da prática esportiva nessas lesões. A hipótese deste
estudo é que tanto as características da prática esportiva Os participantes foram organizados em dois grupos:
quanto as demográficas devem estar relacionadas ao com e sem histórico de lesão. A prevalência de lesões foi
histórico de lesões no último ano de praticantes desse calculada pela proporção de praticantes de CrossFit que
esporte. Os resultados do estudo poderão colaborar para a apresentaram lesão em 2019. Foi utilizada a estatística
compreensão do perfil de lesão de praticantes de CrossFit descritiva para o cálculo de média e desvio-padrão das
e para o planejamento de ações preventivas. variáveis contínuas (idade, massa corporal, altura e tempo de
prática esportiva). Já as variáveis categóricas (sexo, frequência
semanal e diária do treino, duração diária do treino, prática
METODOLOGIA de outra atividade e formação de carga) foram apresentadas
como a frequência observada e a porcentagem por grupo.
Este estudo de coorte retrospectivo foi realizado a Para a análise estatística inferencial das variáveis contínuas,
partir dos dados coletados por questionário autoaplicável o teste de Shapiro-Wilk revelou que os dados não apresentavam
para identificar as características de lesões que ocorreram distribuição normal. Assim, o teste Mann-Whitney U foi
90
Reis et al. Lesões em praticantes de CrossFit
aplicado para investigar a diferença entre os grupos com e investigar se a frequência observada de lesões por região
sem histórico de lesão para essas variáveis. do corpo e por tipo era diferente da esperada. Um nível
Para a análise estatística inferencial das variáveis de significância de 0,05 foi adotado para todas as análises.
categóricas, investigou-se a associação com a presença
ou ausência de histórico de lesão por meio do teste qui-
quadrado ou teste exato de Fisher. A escolha entre esses RESULTADOS
testes ocorreu de acordo com a análise da frequência
esperada nas células da tabela de contingência. Nos casos Dos 180 praticantes, 113 (63%) sofreram lesão no
em que a frequência esperada foi menor que 5, optou-se último ano. A Tabela 1 apresenta as características
pelo teste exato de Fisher (frequência semanal de treino demográficas de acordo com a presença ou não de lesão
e formação de carga) e nos demais casos foi utilizado no último ano e o valor-p da análise inferencial. Os grupos
o teste qui-quadrado (sexo, frequência diária de treino, não apresentaram diferença quanto à idade, massa corporal
duração diária do treino e prática de outra atividade e altura. Além disso, não foi observada associação entre
física). Na presença de uma associação significativa, o sexo do participante e ter histórico de lesão.
a análise do resíduo ajustado foi utilizada para identificar A Tabela 2 apresenta as características da prática esportiva
qual célula da tabela de contingência realizou uma de acordo com a presença ou não de lesão no último ano e o
contribuição significativa para o resultado. Nessa análise, valor-p da análise inferencial. Os grupos diferiram quanto
se o valor do resíduo ajustado era maior que ±1,96, isso ao tempo de prática do esporte, sendo que aqueles com
indicava que o número de casos na célula da tabela de histórico de lesão tinham menos tempo de prática esportiva.
contingência era diferente do esperado. Além disso, Não se verificou associação entre a presença de histórico
o teste qui-quadrado goodness-of-fit foi utilizado para de lesão e a prática de outra atividade física.
Tabela 1. Características demográficas dos participantes
Sem histórico de lesão Com histórico de lesão
no último ano no último ano Valor-p
n=67 n=113
Idade (anos)* 26,5 (3,4) 26,2 (4,1) 0,14
Massa corporal (kg)* 74,2 (15,1) 74,0 (13,6) 0,96
Altura (cm)* 171,7 (12,1) 169,2 (11,9) 0,17
Sexo
Feminino (%) 32 (47,8%) 62 (54,4%)
0,39
Masculino (%) 35 (52,2%) 52 (45,6%)
*: idade, massa corporal e altura estão expressas como média (desvio-padrão).
(continua)
91
Fisioter Pesqui. 2022;29(1):88-95
Tabela 2. Continuação
Sem histórico de lesão Com histórico de lesão
no último ano no último ano Valor-p
n=67 n=113
Prática de outra atividade esportiva 0,85
92
Reis et al. Lesões em praticantes de CrossFit
56,1% em um ano de prática esportiva, e ao estudo quatro anos de experiência na modalidade, executando
de Elkin et al.5, que identificou 60,7% em dois anos. todos os movimentos do WOD com as cargas sugeridas.
Dessa forma, a prevalência identificada corrobora estudos Os resultados indicaram que aqueles com histórico de lesão
similares que indicam uma proporção de mais de 50% que apresentavam formação Scale e aqueles sem histórico
da amostra com histórico de lesão. de lesão que apresentavam formação RX foram os que
As variáveis idade, massa corporal e altura não mais contribuíram para essa associação. Assim, a expertise
diferiram entre grupos, assim como não foi observada para a execução do movimento e o condicionamento físico
associação de sexo com apresentar histórico de lesão. adequado podem ser pontos-chave a serem considerados
A influência dessas características demográficas no em um programa de prevenção de lesões.
perfil de lesões é tipicamente considerada em estudos A prática em menor frequência semanal, uma vez ao
sobre outras modalidades esportivas9,10. Além disso, dia, durante uma hora foi associada com o histórico de
esses resultados corroboram achados de outros estudos lesão. Esse achado corrobora um estudo que observou
com participantes de CrossFit14,18. Uma revisão sobre que praticantes de CrossFit que treinaram até duas
esportes com levantamento do peso identificou que vezes por semana mostraram uma probabilidade de
a influência da idade e do sexo no perfil de lesões 3,24 vezes maior de lesão do que aqueles que treinaram
é mínima 9. Assim, sugere-se que características três ou mais vezes 20 . Nessa perspectiva, aqueles
demográficas não são os principais fatores relacionados que treinam menos podem ter menor aprendizado
a lesão em praticantes de CrossFit. e habilidade nas técnicas da modalidade e menor
A prática de outra atividade física não foi associada à adaptação aos estímulos de carga. Dessa forma, esses
presença de histórico de lesão, como observado em outro praticantes podem não ter a capacidade necessária
estudo14. As demais características da prática esportiva para lidar com a carga do esporte e, assim, apresentar
investigadas se relacionaram com o histórico de lesão. efeitos negativos sobre sua saúde21.
Os praticantes com e sem histórico de lesão diferiram A coluna lombar foi a região em que a maior parte
quanto ao tempo de prática esportiva, em que aqueles das lesões ocorreu. Enquanto essa região correspondeu
com histórico de lesão apresentaram menor tempo a 37% das lesões relatadas, outros estudos reportam
de prática. Esse resultado corrobora outro estudo que porcentagens de 17,9% a 36% de lesões nessa região
demonstrou que o risco de lesões era maior entre os entre praticantes de CrossFit18,20,22,23. O resultado pode
participantes novatos de CrossFit do que entre os mais estar relacionado às características dos gestos executados
experientes19. Uma possível explicação para esse achado que, em geral, são definidos por movimentos repetitivos
é que os praticantes com menos tempo de experiência em alta velocidade e carga1,2,24. Além disso, a carga axial
podem não dispor de conhecimento apropriado das imposta exige que a coluna torácica e lombar estejam
técnicas executadas nos treinos, como também não alinhadas23. A carga axial alta somada ao grande número
ter a preparação física necessária à demanda exigida repetições pode levar a fadiga precoce, fazendo com que o
para o esporte. A associação observada entre formação praticante adote uma postura inadequada, como executar
de carga e histórico de lesão pode ser interpretada de o movimento mantendo a coluna lombar fletida23.
maneira similar. O ombro foi a segunda região mais lesionada,
A formação de carga é definida a partir do padrão seguido por joelho, perna e punho. O ombro e o
médio dos movimentos e das cargas usadas nos benchmarks punho são articulações comumente lesionadas em
e WODs propostos em cada campeonato, com o intuito movimentos de ginástica e de levantamento de peso25.
de explorar ao máximo a capacidade física dos atletas. Essas articulações recebem carga alta durante a realização
Sua classificação ocorre com base nos anos de prática desses movimentos, frequentemente em amplitudes
esportiva e no treinamento do praticante: (1) iniciante extremas26,27. Lesões em membros inferiores, como as
ou beginner: normalmente até dois meses de prática, de joelho e perna, são comumente relacionadas aos
dependendo da evolução individual, com movimentos movimentos de levantamento de peso13. Agachamento
básicos; (2) Scale: menos de um ano de prática e profundo e com a barra acima da cabeça são exemplos
realização de apenas alguns movimentos do WOD; de movimentos que os atletas indicam como aqueles
(3) intermediário ou evolution: acima de um ano de que têm maior chance de causar lesão em membros
prática, realiza mais movimentos do WOD comparado inferiores devido ao esforço excessivo e aos diversos
ao RX, porém com cargas inferiores; e (4) RX: dois a cuidados necessários para a execução13,28. Além disso,
93
Fisioter Pesqui. 2022;29(1):88-95
a maior parte das lesões foi do tipo muscular, seguido carga Scale. Provavelmente, a alta demanda requerida
do tipo tendíneo. Esses achados reforçam a demanda por diversas atividades do CrossFit® requer uma
alta sobre o sistema musculoesquelético durante a grande capacidade do sistema musculoesquelético de
prática do CrossFit29, uma vez que as lesões estão lidar com os estresses gerados nos exercícios32. Por fim,
tipicamente relacionadas a forças tensionais excessivas, a intervenção preventiva deve considerar as possíveis
especificamente aos frequentes movimentos excêntricos lesões localizadas em pernas, joelhos, coluna lombar,
repetitivos e à carga imposta28,30. ombros e punhos, principalmente as relacionados ao
Este estudo apresenta limitações, como considerar músculo e ao tendão por serem a localização e o tipo
possíveis fatores relacionados a lesões em praticantes de lesão mais frequentemente relatadas.
de CrossFit de um único box. Outros fatores
como características do sistema musculoesquelético
(por exemplo, assimetria na capacidade de geração de CONCLUSÃO
torque) não foram investigados e podem contribuir para
o perfil de lesão. Este estudo também não investigou o A maioria dos praticantes de CrossFit apresentaram
tempo de afastamento e o tipo de tratamento recebido histórico de lesão, havendo prevalência de lesões de
pelos praticantes dessa modalidade, o que limita a músculo e tendão e localizadas em perna, joelho,
interpretação do impacto da lesão na prática esportiva. coluna lombar, ombro e punho. As características
Outros fatores não investigados também podem demográficas investigadas não influenciaram o perfil
estar associados a lesões, como histórico de lesões de lesão, diferentemente das características da prática
musculoesqueléticas prévias, histórico de prática de outra esportiva que influenciaram, uma vez que foi encontrada
atividade física antes do CrossFit®, nível de supervisão relação entre histórico de lesão e menor tempo de prática
e características da periodização no planejamento esportiva. Além disso, o relato de lesão foi associado à
da prática esportiva. Além disso, o registro de lesões formação de carga Scale, treinar com menor frequência
pode apresentar viés de memória31, uma vez que os semanal, uma vez ao dia e durante uma hora.
praticantes tendem a reportar somente as lesões que
mais impactaram sua prática. A restrição de lesões àquelas
ocorridas no ano anterior ao invés de em um período REFERÊNCIAS
maior foi a estratégia adotada para minimizar esse viés.
1. Wagener S, Hoppe MW, Hotfiel T, Engelhardt M, Javanmardi
O registro de lesão foi ainda realizado com base no S, Baumgart C, et al. CrossFit® – development, benefits and
autorrelato. Apesar de esse procedimento ser similar risks. Sportorthopa¨die-Sporttraumatologie. 2020;36(3):241-9.
ao de outros estudos5,14,18,24,25, ele pode ser influenciado doi: 10.1016/j.orthtr.2020.07.001.
pela interpretação do questionário e pelo entendimento 2. Glassman G. A theoretical template for CrossFit’s programming.
da lesão. Dessa forma, futuras investigações podem Crossfit Journal Articles. 2013;(6):1-5.
considerar outros fatores que podem estar associados 3. Maté-Muñoz JL, Lougedo JH, Barba M, García-Fernández P,
Garnacho-Castaño MV, Domínguez R. Muscular fatigue in
ao histórico de lesão em praticantes de CrossFit®, response to different modalities of CrossFit sessions. PloS One.
assim como a implantação e análise de banco de dados 2017;12(7):e0181855. doi: 10.1371/journal.pone.0181855.
com registros padronizados. 4. Claudino JG, Gabbett TJ, Bourgeois F, Souza HS, Miranda
Os resultados deste estudo podem contribuir para RC, Mezêncio B, et al. CrossFit overview: systematic
o planejamento de intervenções preventivas feito pelo review and meta-analysis. Sports Med Open. 2018;4(1):11.
doi: 10.1186/s40798-018-0124-5.
fisioterapeuta esportivo. Devido à alta prevalência
5. Elkin JL, Kammerman JS, Kunselman AR, Gallo RA. Likelihood
de lesões, a maioria dos praticantes de CrossFit® of injury and medical care between CrossFit and traditional
provavelmente se beneficiaria de uma avaliação que weightlifting participants. Orthopaedic J Sports Med.
rastreasse aspectos a serem abordados preventivamente. 2019;7(5):2325967119843348. doi: 10.1177/2325967119843348.
Além disso, os achados sugerem que uma maior 6. van Mechelen W, Hlobil H, Kemper HC. Incidence,
preparação pode ser benéfica para o praticante, uma vez severity, aetiology and prevention of sports injuries.
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que aqueles com histórico de lesão tinham menor tempo doi: 10.2165/00007256-199214020-00002.
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95
PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ATLETAS COMPETIDORES DE CROSSFIT®
Alisson Rodrigues 1
Lisboa ,Anderson J. S. 1
Oliveira ,
Lucas Resende³, Rodrigo Hollanda⁴,
Natália Garrote Braga², Wagner Rodrigues Martins 1
1UnB, Curso de Fisioterapia, Brasília, DF; 2UniCEUB, Curso de Fisioterapia, Brasília, DF; ³Clínica Lucasr Fisioterapia, Brasília, DF; ⁴Academia
CrossFit® Waya, Brasília, DF.
70
60 Conclui-se que, a prática do CrossFit® sobrecarrega principalmente a
50 região do ombro, gerando a necessidade de maior prevenção nessa região.
40
30
Proporcionalmente, as lesões são mais prevalentes em mulheres. O
20 Fisioterapeuta foi o profissional mais citado como orientador de prevenção
10 de lesões na categoria Elite. No RX e no Scale os Coaches foram os mais
0 citados.
Homens Mulheres Total
Total de Indivíduos 58 37 95
Total de Lesionados 14 11 25
Referências:
Carolina Cunha Carvalho1; Deysi Micaelli Rodrigues Cantarelli1; Allana Núbia Santos
Araújo1; Pedro Guilherme Campos Lima1; Danilo Sobral da Silva Fernandes2; Laís Regina
de Holanda3
1
Graduandos do curso de Fisioterapia na Faculdade UniBRAS – Juazeiro/BA, 2Professor da Faculdade
UniBRAS Juazeiro- Juazeiro/BA, 3Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Reabilitação e
Desempenho Funcional na Universidade de Pernambuco – Petrolina/PE.
ABSTRACT
CrossFit is a high-intensity physical activity modality, whose main objective is to promote physical
conditioning, improving the body's physical capacities through varied exercises, functional movements and
high-intensity training. Despite presenting exercises with general health benefits, in extreme conditioning
programs like this one, there are risks of musculoskeletal injuries, ligament injuries and even rhabdomyolysis.
19
Carvalho, C. C. et al. / Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde v. 2 n. 3 (2021) p. 19-25
Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde v.2, n.3 (2021) 19-25
ISSN: 2675-9683/DOI: 10.51909/recis.v2i3.166
The aim of the study was to conduct a bibliographic survey to analyze the prevalence of musculoskeletal
injuries in Crossfit practitioners. This is a literature review. The collection was carried out from January to
June 2021, in the PubMed, BVS, and Scielo databases using articles published from 2017 to 2021. Although
CrossFit has a large number of participants, in the literature the positive results, which still show its benefits,
do not confirm a high level of evidence. Furthermore, it can be stated that the rate or proportion of injuries, as
shown by most of the included studies, must take into account a wide variety of factors. According to the
literature, it is concluded that CrossFit seems to be a safe modality, as long as it is performed properly for each
individual and monitored by the responsible professional. However, more studies on the subject are still
needed, as there are gaps in the literature, with little evidence of quality and divergence in the literature.
Keywords: High Intensity Interval Training; Prevalence; Athletic Injuries;
20
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Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde v.2, n.3 (2021) 19-25
ISSN: 2675-9683/DOI: 10.51909/recis.v2i3.166
DESENVOLVIMENTO isso, foram incluídos seis artigos na revisão,
A pesquisa bibliográfica resultou no total conforme mostrado na Figura 1. As características
de 24 artigos encontrados nas bases de dados dos 6 artigos selecionados estão descritos na
escolhidas, sendo removidos 18 artigos por não Tabela 1.
cumprirem os critérios de inclusão do estudo. Com
Identificação
Estudos excluídos
Estudos selecionados:
por duplicata:
SciELO n = 1; PubMed n = 20; BVS n = 1
(n = 2)
Elegibilidade
Estudos incluidos no
estudo:
(n = 6)
21
Carvalho, C. C. et al. / Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde v. 2 n. 3 (2021) p. 19-25
Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde v.2, n.3 (2021) 19-25
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Tabela 1 – Características dos estudos selecionados
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ISSN: 2675-9683/DOI: 10.51909/recis.v2i3.166
A taxa de lesão foi de 18,9 por
1000 horas de exposição CrossFit.
Questionário impresso para Foram relatados os ombros e a
Estudo epidemiológico recrutamento dos coluna lombar os locais mais
Szeles et al descritivo. participantes e questionários acometido e as lesões mais comum
(2020) 515 participantes de online a cada duas semanas foram lesões musculares e dores
ambos os sexos. para acompanhamento dos nas articulações, sendo relatados
mesmos como fatores de risco a carga de
treinamento e as lesões anteriores a
prática do CrossFit.
Embora o CrossFit possua um amplo havendo uma diferença significativa entre os sexos.
número de participantes, a literatura ainda é 60,4% da população lesionada relataram a lesão em
limitada, mostrando os resultados positivos e uma única parte do corpo e 37,6% relataram lesões
benefícios. Com relação ao objetivo do presente em várias partes do corpo, estando prevalentes as
estudo, os achados da investigação relacionadas à lesões nos ombros (39%), costas (36%), joelhos
prevalência de lesão no CrossFit mostra maior (15%), cotovelos (12%) e pulsos (11%). ¹¹
predomínio de lesão no ombro e lombar entre os Foi empregado uma investigação
estudos analisados. Além disto, podemos afirmar epidemiológica descritiva utilizando um
que o índice ou proporção de lesões, de acordo questionário eletrônico para verificar o risco de
como mostrado pela maioria dos estudos incluídos, lesão em 252 participantes. Os resultados
deve levar em consideração uma grande variedade encontraram 56,1% dos participantes sofreram pelo
de fatores como lesões prévias, o protocolo menos uma lesão. Os locais mais comuns foram
aplicado, a presença de técnicos qualificados e ombro, parte inferior das costas e seguido de
outros. joelho. Um total de 58,7% das lesões foi relatado
O questionário aplicado aos praticantes de como crônicas e uso excessivo. Os possíveis danos
CrossFit no estudo verificou uma incidência de podem ser causados por: pouco tempo de
3,24 por 1.000 horas de exercícios e a prevalência participação no CrossFit associado a dimensões
de 36% de lesões. As taxas desse estudo são incorretas de exercícios, complexidade dos
parecidas com a de outras modalidades, como movimentos dos treinos, fadiga e peso exagerado.¹
levantamento de peso básico, ginástica olímpica e Segundo a pesquisa epidemiológica, a
Overhead Walking Lunge (OWL). Esse resultado prevalência de lesões durante a prática de CrossFit
sugere que os movimentos do corpo durante o é de 30%. A respeito da taxa de lesões, esse estudo
treinamento é o principal determinante para as mostrou 1,34 por 1000 horas de treinamento.
lesões. Com relação à localização das lesões, o Considerando essas taxas apropriadas aos
ombro e coluna lombar baixa foram as regiões mais componentes, como sessão de treinamento,
afetadas, devido serem regiões mais utilizadas no intensidade e período de recuperação, assim como
OWL e ginástica olímpica. Dessa forma os atletas os exercícios prescritos. Acerca dos tipos mais
precisam reduzir as execuções incorretas dos prevalentes de lesão, o estudo mostrou lesões
movimentos para menor risco de lesões. A articulares (30,8%) e lesões musculares (23,1%).
associação entre lesão e o período de prática no Os locais de lesão mais frequente foram: ombro,
CrossFit, mostra que atletas com maior tempo coluna lombar e joelho, devido serem as regiões
obtiveram 82,2% superior a atletas menos mais usadas nos exercícios básicos de
experientes. Por isso, atletas em níveis levantamento de peso, levantamento olímpico e
competitivos são mais susceptíveis a sofrer mais movimento de ginástica. Além disso, o estudo
lesão do que aqueles que são iniciantes e revelou que praticantes que treinam pouco, com
recreativos, devido ao período maior de exposição menos experiência de treinamento ou que não
aos treinamentos, superação de limites e ao alto participam de competições desenvolvem maior
nível de habilidade técnica. ² probabilidade de desenvolver lesões devido aos
No estudo realizado, notaram que, dos níveis baixos de condicionamento e técnica com
3049 praticantes de CrossFit que participaram do execução incorreta.9
questionário, 30,5% relataram sofrer uma lesão que Na pesquisa epidemiológica, foi observada
estava relacionada à prática do esporte, não uma frequência de lesões nos ombros, joelhos e
23
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Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde v.2, n.3 (2021) 19-25
ISSN: 2675-9683/DOI: 10.51909/recis.v2i3.166
parte inferior das costas, obtendo uma maior de uma pouca quantidade de estudos com alto teor
predisposição para lesão os atletas competidores ou metodológico.
que possuíam alto volume de treino, pela maior
exposição aos movimentos. 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Na pesquisa, foi notável que praticantes do 1. Mehrab M, de Vos RJ, Kraan GA, Mathijssen
sexo masculino com menor frequência semanal de NMC. Injury Incidence and Patterns Among
treino e menor experiência (<1 anos) foi mais Dutch CrossFit Athletes. Orthop J Sports Med.
propenso a relatar uma lesão em comparação com 2017; 5(12).
o sexo feminino. E os praticantes que tinham um https://doi.org/10.1177/2325967117745263
volume maior de treino e uma experiência, 2. da Costa TS, Louzada CTN, Miyashita GK, da
justifica-se essa diferença com problemas de força Silva PHJ, Sungaila HYF, Lara PHS, et al.
ou de flexibilidade em praticantes menos CrossFit®: Injury prevalence and main risk
experientes, impedindo dos mesmos completar factors. Clinics (Sao Paulo). 2019; 74:e1402.
alguns exercícios básicos, porém concluiu que o https://doi.org/10.6061/clinics/2019/e1402
CrossFit é uma atividade segura quando realizada 3. Timón R, Olcina G, Camacho-Cardeñosa M,
a mais de um ano, com um alto volume de treino Camacho-Cardenosa A, Martinez-Guardado I,
semanal. ¹² Marcos-Serrano M. 48-hour recovery of
Nos estudos, não são encontradas biochemical parameters and physical
diferenças na associação entre lesões durante a performance after two modalities of CrossFit
prática do CrossFit com a idade, sexo, peso workouts. Biol Sport. 2019; 36(3):283-289.
corporal, altura do atleta e prática de outros https://doi.org/10.5114/biolsport.2019.85458
esportes. Porém, os estudos divergem em relação à 4. Hak PT, Hodzovic E, Hickey B. The nature and
associação da lesão e o tempo de prática. Em três prevalence of injury during CrossFit training
estudos desta pesquisa, foi mostrado que pessoas [published online ahead of print, 2013 Nov
que tinham mais tempo de prática eram mais 22]. J StrengthCond Res. 2013;
propensos a desenvolver lesões em comparação https://doi.org/10.1519/JSC.00000000000003
com os que tinham um menor tempo de 18
experiência, tendo uma maior probabilidade de 5. Lopes P, Bezerra FHG, Filho NA, Brasileiro I,
lesão os atletas de nível competitivo. Por outro Neto PP, Júnior FS. Lesões osteomioarticulares
lado, nos outros três estudos incluídos foi entre os praticantes de crossfit.
observado que o menor tempo de experiência foi Motricidade. 2018: 14( 1 ): 266-270.
relacionado com um maior risco para lesões, uma Disponível em:
vez que iniciantes devem ter o treino concentrado http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sc
mais nos padrões de movimentos, com uma boa
i_arttext&pid=S1646107X2018000100038&l
qualidade de treinamento, corrigindo o volume,
complexidade e intensidade de acordo com o ng=pt
praticante, diminuindo o risco de lesões devido ao 6. Weisenthal BM, Beck CA, Maloney MD,
uso excessivo e à complexidade dos exercícios e DeHaven KE, Giordano BD. Injury Rate and
movimentos, sendo a maioria das lesões de origem Patterns Among CrossFit Athletes. Orthop J
crônica/excessiva.1,2,9,10,11,12 Sports Med. 2014;2(4).
https://doi.org/10.1177/2325967114531177
7. Xavier AA, Lopes AMC. Lesões
CONCLUSÃO
musculoesqueléticas em praticantes de crossfit
De acordo com a literatura, conclui-se que
[monografia]. Revista Interdisciplinar Ciências
o CrossFit parece ser uma modalidade segura,
Médicas – MG 2017, 1(1): 11-27.
desde que realizada da forma adequada para cada
8. Drum SN, Bellovary BN, Jensen RL, Moore
indivíduo e com acompanhamento do profissional
MT, Donath L. Perceived demands and
responsável, principalmente os praticantes
postexercise physical dysfunction in
iniciantes e os do nível de competição, que utilizam
CrossFit® compared to an ACSM based
altas cargas e volume nos treinos, sendo um esporte
training session. J Sports Med Phys Fitness.
que interfere em muitas variáveis do corpo humano
2017;57(5):604-609.
e melhora a saúde e qualidade de vida. Porém,
https://doi.org/10.23736/S0022-
ainda são necessários mais estudos sobre o tema,
4707.16.06243-5
pois existem incertezas na literatura consequentes
9. Minghelli B, Vicente P. Musculoskeletal
injuries in Portuguese CrossFit practitioners. J
24
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ISSN: 2675-9683/DOI: 10.51909/recis.v2i3.166
Sports MedPhys Fitness. 2019;59(7):1213- CrossFit-Trained Participants. Orthop J Sports
1220. https://doi.org/10.23736/S0022- Med. 2018;6(10).
4707.19.09367-8 https://doi.org/10.1177/2325967118803100
10. Montalvo AM, Shaefer H, Rodriguez B, Li T, 12. Szeles PRQ, da Costa TS, da Cunha RA,
Epnere K, Myer GD. Retrospective Injury Hespanhol L, Pochini AC, Ramos LA, et al.
Epidemiology and Risk Factors for Injury in CrossFit and the Epidemiology of
CrossFit. J Sports Sci Med. 2017;16(1):53-59. Musculoskeletal Injuries: A Prospective 12-
11. Feito Y, Burrows EK, Tabb LP. A 4-Year Week Cohort Study. Orthop J Sports Med.
Analysis of the Incidence of Injuries Among 2020;8(3).
https://doi.org/10.1177/2325967120908884
25
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Brazilian Journal of Development 108842
ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n11-489
RESUMO
Introdução: Atualmente, o Brasil é o segundo país com o maior número de praticantes
dessa modalidade. Estudos recentes apresentam associados ao treinamento de CrossFit®
prevalências variáveis de lesões, com inúmeros fatores possivelmente significativos.
Diante disso, o objetivo da revisão foi avaliar a hipótese de que a prática de CrossFit®
está associada a alta prevalência de lesões musculoesqueléticas e, secundariamente,
definir o segmento corporal mais acometido. Metodologia: a revisão sistemática foi
realizada de acordo com os critérios do PRISMA, selecionando estudos das bases de
dados do Scielo e Pubmed que atendiam ao objetivo, sem recorte temporal, em português
e inglês e com participantes com idade superior ou igual a 18 anos. Os descritores
utilizados foram CrossFit, Crossfit injury e Crossfit training. A qualidade dos estudos foi
avaliada através da iniciativa Strengthening the Reporting of Observational Studies in
Epidemiology (STROBE). Resultados: Após o processo de seleção e triagem dos artigos
a revisão sistemática contou com 11 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. A
pontuação média da qualidade dos estudos foi de 18,68 com uma nota mínima de 15 e
máxima de 20,5. A prevalência de lesão variou de 73,5 a 12,8%, com taxa de lesão por
1000 horas de 18,9 a 3,1. O segmento mais acometido nos estudos foi ombro, seguido por
lombar. Conclusão: A prevalência de lesão é variável e depende de vários fatores e do
perfil dos praticantes, acometendo tanto praticantes menos experientes quanto os mais
experientes. Os segmentos mais acometidos estão diretamente relacionados com os
exercícios realizados na prática.
ABSTRACT
Introduction: Currently, Brazil is the second country with the largest number of
practitioners of this modality. Recent studies show variable prevalence of injuries
associated with CrossFit® training, with numerous possibly significant factors.
Therefore, the objective of the review was to evaluate the hypothesis that the practice of
CrossFit® is associated with a high prevalence of musculoskeletal injuries and,
secondarily, to define the most affected body segment. Methodology: the systematic
review was carried out according to the PRISMA criteria, selecting studies from the
Scielo and Pubmed databases that met the objective, without time frame, in Portuguese
and English and with participants aged 18 years or over. The descriptors used were
CrossFit, Crossfit injury and Crossfit training. Study quality was assessed through the
Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE)
initiative. Results: After the selection and screening process of articles, the systematic
review included 11 articles that met the inclusion criteria. The mean score for study
quality was 18.68 with a minimum score of 15 and a maximum score of 20.5. The
prevalence of injury ranged from 73.5 to 12.8%, with an injury rate per 1000 hours
ranging from 18.9 to 3.1. The most affected segment in the studies was shoulder, followed
by lumbar. Conclusion: The prevalence of injury is variable and depends on several
factors and the profile of practitioners, affecting both less experienced practitioners and
more experienced practitioners. The most affected segments are directly related to the
exercises performed in practice.
1 INTRODUÇÃO
O CrossFit® é uma atividade física nova que surgiu na década de 90, nos EUA
(LICHTENSTEIN; JENSEN, 2016). Inicialmente foi utilizado para treinamento militar
(SPREY et al., 2016), a fim de desenvolver resistência cardiorrespiratória, resistência
muscular, força, flexibilidade, potência, coordenação, velocidade, equilíbrio, agilidade e
precisão (LICHTENSTEIN; JENSEN, 2016). Atualmente, é uma prática que virou
fenômeno, sendo notificado, no final de 2017, 14.969 boxes pelo mundo, sendo a sua
maioria nos EUA, com 7314 boxes, seguido pelo Brasil com 1055 (DOMINSKI et al.,
2019).
É um treinamento composto por movimentos funcionais e estímulos de alta
intensidade (NETO; KENNEDY, 2019), levando os praticantes a um esforço máximo,
associado a rápida fadiga muscular (MINGHELLI; VICENTE, 2019). A prática é
dividida, basicamente, em 4 momentos, sendo o aquecimento dinâmico, trabalho de
habilidades/força, treinamento do dia e desaquecimento e alongamento, porém a estrutura
de aula pode variar de acordo com cada box (MALLIA, 2016).
Pelo CrossFit® ser uma prática relativamente nova, os estudos estão se tornando
crescentes a cada ano, concomitante com o avanço daquela. Contudo, apesar de crescente,
muitos estudos apresentam prevalências muito variáveis de lesões, de 73,5% (HAK et al.,
2013) a 12,8% (MORAN et al., 2017), com inúmeros possíveis fatores associados, como
fatores intrínsecos como idade e gênero, e extrínsecos como tempo de experiência,
exposição semanal, lesões anteriores, prática de outros esportes, etc. Além disso, muitos
estudos não são específicos de CrossFit®, incluindo-o junto a outras práticas de alta
2 METODOLOGIA
Desenho de estudo
Foi realizada uma revisão sistemática para avaliar a hipótese de que a prática de
CrossFit® está associada a alta prevalência de lesões musculoesqueléticas. Os resultados
apresentados seguiram as recomendações do PRISMA (Preferred Reporting Itens for
Systematic Reviews and Meta-Analyses) (LIBERATI et al., 2009).
Critérios de inclusãos
Artigos com acesso a textos completos, publicações em português e inglês, sem
recorte temporal definido e envolvendo praticantes com idade igual ou superior a 18 anos.
Extração de dados
Os artigos foram selecionados por dois pesquisadores independentes seguindo a
ordem de título, resumo e texto completo através dos critérios de elegibilidade. Os dados
dos estudos incluídos na revisão sistemática foram coletados e tabulados no software
Microsoft Excel®. O presente trabalho foi realizado entre outubro de 2019 e novembro
de 2020.
Bases de dados e descritores
O trabalho foi realizado através da busca nas respectivas bases de dados: Scielo e
Pubmed/MedLine. Os descritores utilizados foram CrossFit, Crossfit injury e Crossfit
training.
Avaliação da qualidade
3 RESULTADOS
Na primeira etapa de identificação dos estudos, um total de 181 trabalhos foram
encontrados nas bases de dados eletrônicas. Na etapa de triagem, 1 artigo foi excluído por
duplicidade e 140 foram excluídos por análise de título, restando 40 artigos. Foram lidos
os resumos desses 40 estudos e excluídos 24, por não responderem à pergunta do estudo
ou por se tratar de um tipo de estudo que não é válido para esta análise. 16 artigos foram
lidos na íntegra, sendo 5 excluídos por não serem compatíveis com os critérios de
elegibilidade (idade inferior a 18 anos), restando 11 artigos que foram incluídos nessa
revisão sistemática. O processo está descrito na Figura 1.
16 estudos avaliados pelos critérios de 05 estudos que não atenderam aos critérios
elegibilidade de elegibilidade
Incluídos
apresentou uma correlação estatística fraca de quanto maior a idade, maior a chance do
indivíduo se lesionar (r = -0,1999; p = 0,0496).
Em relação ao sexo, os estudos de HAK et al., (2013), MEHRAB et al., (2017),
WEISENTHAL et al., (2014), FEITO et al., (2018), LOPES et al., (2007), MORAN et
al., (2017) e TAFURI et al., (2019) apresentaram uma predominância do sexo masculino,
ao contrário dos estudos ELKIN et al., (2019), MONTALVO et al., (2017), SZELES et
al., (2020) e LARSEN et al., (2020) os quais apresentaram uma predominância feminina.
A distribuição percentual, de acordo com o gênero, está disponível no Quadro 1. Em
WEISENTHAL et al., (2014) as lesões acometeram significativamente mais o sexo
masculino que o sexo feminino (p = 0,03). Da mesma forma, em MORAN et al., (2017),
os homens se apresentaram como tendo 4,4 vezes mais chance de lesão do que as
mulheres. Nos outros estudos o gênero não foi uma variável dependente significativa para
lesão.
A taxa de lesão por 1000 horas de treinamento é um cálculo determinado para
estimar a incidência de lesões em diferentes grupos em um mesmo intervalo de horas de
exposição. Os estudos que apresentaram as maiores taxas de lesão por 1000 horas foram
SZELES et al., (2020) e LARSEN et al., (2020), respectivamente, 18,9 e 10,6. Já os
estudos de HAK et al., (2013), MONTALVO et al., (2017), MORAN et al., (2017) e
FEITO et al., (2018), apresentaram as menores taxas de lesão, variando de 3,1 a 0,27. Em
FEITO et al., (2018) a taxa de lesão por 1000 horas ainda foi estimada com base no
número mínimo e máximo de horas de sessões de treinamento por semana, obtendo,
respectivamente, 0,74/1000h e 0,27/1000h. As maiores taxa de lesão foram encontradas
em frequência semanal < 3 dias/semana (mínimo de 2,46/1000h; máximo de 0,54/1000h)
e em praticantes com experiência < 6 meses (mínimo de 3,9/1000h; máximo de
1,15/1000h). Em TAFURI et al., (2019) a taxa de lesão foi calculada por ano de
treinamento, obtendo-se 0,23 eventos por pessoa, por ano de treinamento. O cálculo da
taxa de lesão não foi feito em MEHRAB et al., (2017), WEISENTHAL et al., (2014),
ELKIN et al., (2019) e LOPES et al., (2007)
Quadro 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática relacionados Crossfit e prevalência de lesões musculoesqueléticas
Homens IMC Taxa de lesão
Autor/ano n (população) Critério de lesão Resultados
(%) (kg/m²) (1000h)
132 participantes com Qualquer lesão sofrida durante o treinamento que impedisse o 73,5% dos participantes
Hak et al.,
média da idade de 32,3 70,5 NR 3,1 participante de treinar, trabalhar ou competir de qualquer forma e relataram lesões durante o
2013
anos por qualquer período. treino de Crossfit®
117 participantes com Qualquer queixa física que foi sustentada durante o treinamento
Moran et al., Taxa de incidência de
média da idade de 35 ± 56,4 25,9 ± 3,5 2,1 CrossFit®, a qual resultou em um participante incapaz de
2017 lesão de 2,10 por 1000h
10 anos participar integralmente no futuro do treinamento de CrossFit®
Os praticantes de Crossfit
tem 1,30 vezes mais
122 participantes com Não utilizou nenhum qualificador definido, apenas instruiu os
Elkin et al., chances de se lesionar se
média da idade de 37,45 43,4 NR NR participantes a autodeterminar se um evento deveria ou não ser
2019 comparado ao
anos considerado uma lesão.
levantamento de peso
tradicional
estudo de LOPES et al., (2007), 52.6% alegaram praticar CrossFit® há mais de 12 meses,
sendo que 52.6% responderam treinar mais de 5 dias/semana e 45.4% treinar de 3 a 5
dias. No estudo LARSEN et al., (2020) os participantes foram escolhidos com base na
inexperiência com a prática de CrossFit®, nunca tendo praticado anteriormente. Quanto
a duração dos treinos durante as 8 semanas, os 168 praticantes totalizaram 2634.5 horas
de uso da academia.
O estudo de MONTALVO et al., (2017) determina que o maior tempo de
experiência no CrossFit® e maiores horas semanais de treinamento são fatores
significativos para lesões (p = 0,048). TAFURI et al., (2019) referiu que o tempo de
treinamento de CrossFit® é um determinante de tendinite e atletas com mais tempo e
maior especialização tinham maior probabilidade de apresentar histórico de lesão por uso
excessivo (AOR = 1.02; p = 0.021). FEITO et al., (2018) informa que homens com tempo
de experiência > 3 anos referiram mais lesões do que os menos experientes (p = 0.013) e
uma frequência de 3 a 5 dias foram significativas nos praticantes, em ambos os sexos, que
relataram lesão (p = 0.0019). MEHRAB et al., (2017) refere que uma curta duração na
prática de CrossFit® (< 6 meses) apresentou um risco, aproximadamente, 4 vezes maior
de apresentar lesão comparado com uma longa duração (≥24 meses; OR 3.687; p < 0.001).
O estudo de SZELES et al., (2020) relatou ainda que um aumento de 1 ano na experiência
no CrossFit® foi considerado fator de proteção contra lesões (OR 0.7 [95% CI, 0.5-1.0]).
MORAN et al., (2017) foi o único estudo que não apresentou o tempo de experiência no
CrossFit® e a duração do treinamento semanal.
Quadro 2. Características dos segmentos anatômicos mais acometidos por lesões no Crossfit e média de
frequência da prática.
Segmentos anatômicos Média de experiência Média semanal
Autor/ano
mais acometidos (meses) (dias/semana)
Ombro, coluna e
Hak et al., 2013 18.6 5.3**
braço/cotovelo
Weisenthal et al.,
Ombro, lombar e joelho Variável categorizada Variável categorizada
2014
Mehrab et al.,
Ombro, lombar e joelho Variável categorizada 3.9
2017
Montalvo et al.,
Ombro, joelho e lombar 24.48 4.39
2017
Lombar, joelho, punho,
Moran et al., 2017 NR NR
coxa, ombro, cotovelo e pé
Lombar, joelho,
Larsen et al., 2020 cotovelo/mão, ombro e 0 2634.5***
pescoço
MMSS- membros superiores; *não considerou lesões por segmentos anatômicos, mas por tipo de lesão,
sendo a mais comum a contratura muscular em MMSS; **informação fornecida em horas/semana,
***informação fornecida em horas, correspondendo aos 168 praticantes durante as 8 semanas; ****tempo
expresso em meses.
4 DISCUSSÃO
Visto como uma prática de alta prevalência de lesões pela mídia (CORNWALL,
2013), os estudos recentes mostram que o CrossFit® pode não ter uma prevalência tão
alta quanto suposto anteriormente. Os estudos que trouxeram maiores prevalências de
lesão foram HAK et al., (2013), ELKIN et al., (2019) e MEHRAB et al., (2017). Como
mencionado por MORAN et al., (2017)., comparações diretas entre estudos são difíceis
devido as diferenças metodológicas, critérios de lesão adotados e diferenças geográficas
entre os locais. A alta prevalência de lesões desses estudos pode ser justificada por terem
adotado critérios de lesão mais amplos, como lesão que comprometesse a rotina por
qualquer período ou mesmo por autodeterminação de lesão, sem uso de qualificador. Para
além disso, o estudo de HAK et al., (2013) que apresentou a mais alta prevalência pode
ser explicado por ser o estudo mais antigo, realizado em 2013, quando ainda não se tinha
estudos suficientes sobre a prática do CrossFit® e, portanto, não havia uma preocupação
e prevenção por parte dos praticantes e dos treinadores como se tem hoje em dia, em
relação aos fatores possivelmente associados a lesão.
Um estudo que utilizou o mesmo critério de lesão que HAK et al., (2013) foi o
estudo de SZELES et al., (2020), porém apresentando uma prevalência menor. Esse fato
pode ser justificado pelos diferentes tipos de estudo, sendo esse um estudo de coorte de
12 semanas, enquanto HAK et al., (2013), um estudo transversal. Os estudos com uma
menor prevalência foram o de WEISENTHAL et al., (2014), LARSEN et al., (2020),
MORAN et al., (2017). O estudo de MORAN et al., (2017) utilizou critério de lesão mais
específicos, como a incapacidade futura de participação no CrossFit®, já o estudo de
LARSEN et al., (2020) expôs os praticantes a poucas horas de treinamento por semana,
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João Paulo Castro Soares1, Paulo Roberto Milanez Oliveira Junior2, Deivide Dener Milanez3
Carlos Eduardo Nunes Vieira1, Andrei Iago Gonçalves Viana Soares Feitosa1
Riccardo Samuel Albano Lima4, Izabelle Macedo de Sousa5
RESUMO ABSTRACT
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de Curitiba-PR
Lesões Porse e 2018/ Transversal Coluna lombar – 42%
osteomioarticulares colaboradores, Brasil descritivo Punho – 35%
entre os praticantes 2018 Ombros – 28%
de CrossFit Joelho – 25%
Incidência e padrões Aune e Powers, 2017/ Epidemiológico Ombro – n=87, 28,7%;
de lesões entre 2017 Holanda descritivo Coluna lombar – n=48,
atletas holandeses 15,8%;
de CrossFit Joelho – n=25, 8,3%
Epidemiologia Mehrab e 2017/ Epidemiológico Ombro (14/62);
retrospectiva de colaboradores, EUA retrospectivo Joelho (10/62);
lesões e fatores de 2017 Coluna lombar (8/62).
risco para lesões no
CrossFit
Lesões em um Montalvo e 2017/ Transversal O ombro ou a parte
programa de colaboradores, Birmin- superior do braço – 38
condicionamento 2017 gham lesões (15% dos
extremo atletas)
Lesões no ombro em Summitt e 2016/ Pesquisa 14,4% nova lesão no
indivíduos que colaboradores, Indiana descritiva ombro de acordo com
participam de 2016 os critérios utilizados.
treinamento CrossFit
Taxa de lesões e Weisenthal e 2014/ Transversal Lesões com maior
padrões entre atletas colaboradores, EUA frequência em ombros,
de CrossFit 2014 joelhos e a região
lombar
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CF prevalência de de treinamento.
(23,5%) indicaram
lesões durante 6 Se o participante
ter sofrido uma
meses sofreu lesão – 17
lesão no ombro
durante perguntas o para
reunir
treinamento CFdetalhes
nos sobre a lesão.
últimos 6
meses.
Weisenth 386 Questionário Registro de 75 participantes 8
al e praticantes baseado em uma características (19,4%) sofreram
colabora- de CF pesquisa demográficas e pelo menos 1
dores, desenvolvida para de participantes, lesão; Não
2014 avaliar lesões em a incidência e as encontramos
participantes de características diferença
atletismo. das lesões significativa na
ocorridas nos 6 taxa de lesões ao
meses anteriores. longo da idade
(n=381; p=0,56)
Legenda: CF – CrossFit®, GM – grupo masculino, GF – grupo feminino, ECP – Exercício para
praticantes de CrossFit®, WOD – Work out Ofthe Day.
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pesado (n=4, 12,1%), fadiga (n=6, 18,2%), foram ou não incorporados aquecimentos e
falta de orientação (n=1, 3%) e exacerbação desaquecimentos. Neste estudo, o termo lesão
de lesão anterior (n=11, 33,3%). Observam-se foi definido como qualquer dano físico a uma
limitações neste estudo que devem ser parte do corpo que os levou a perder ou
consideradas ao revisar os resultados modificar uma ou mais sessões de
apresentados. A taxa de resposta a pesquisa treinamento ou dificultou as atividades da vida
foi baixa em 19% (Summitt e colaboradores, diária.
2016). Dos 50 entrevistados que relataram
Ao avaliar os programas de lesões nos seis meses anteriores, 12
treinamento diário do ano anterior, Aune e entrevistados relataram mais de uma lesão
Powers (2017) buscaram ainda quantificar a durante o período de vigilância. Os locais mais
porcentagem total de tempo gasto em cada lesionados foram ombro (n=14), joelho (n=10)
um dos 13 exercícios mais comuns relatados e região lombar (n=8) de 62 lesões.
para causar lesões foi calculada por um Onze das 62 lesões foram pré-
especialista certificado em força e existentes ou novas lesões e 47 foram lesões
condicionamento. primárias que ocorreram como resultado direto
Dos que completaram a pesquisa, 72 da participação do CrossFit®. A maioria das
(29%) relataram um problema médico lesões ocorreu de forma aguda 34 enquanto
musculoesquelético preexistente e 107 (43%) uma proporção menor foi de início crônico
relataram uma lesão musculoesquelética (n=22).
prévia. Lesões anteriores foram mais Assim 24% dos atletas indicaram que
comumente relatadas como ocorrendo na a lesão não afetou o treinamento, enquanto
perna ou joelho (39%); ombro ou parte 50% indicaram que a lesão relatada os levou a
superiores do braço (36%); ou o tronco, mudar desempenho de um regime de
costas, cabeça ou pescoço (30%). Oitenta e exercício (Montalvo e colaboradores, 2017).
cinco atletas relataram um total de 132 lesões Mehrab e colaboradores (2017)
durante sua carreira de treinamento, realizaram um estudo com iniciantes, com uma
resultando em uma prevalência vitalícia de duração de participação no CrossFit® inferior
lesões sofridas durante o ECP (Exercício para a 6 meses (n=88, 19,6%). As sessões de
praticantes de CrossFit®) de 34% e uma taxa treinamento duraram de 30 a 60 minutos para
de incidência estimada de 2,71 lesões por a maioria dos participantes (n=249, 55,5%).
1.000 horas. A taxa de incidência de lesões em
A incidência estimada entre as atletas CrossFit® entre a coorte neste estudo
mulheres não foi significativamente diferente foi de 56,1%. Os locais de lesão mais
dos homens (TIR, 0,91; IC 95%, 0,6-1,3). frequentem foram ombro, região lombar e
Atletas experientes que participaram da ECP joelho. Uma curta duração da participação no
por pelo menos 6 meses tiveram 4,4 vezes CrossFit® (<6 meses) foi significativamente
mais chances (p<0,001) de sofrer uma lesão associada a um aumento no risco de lesões.
(42% vs 14%) do que atletas inexperientes (<6 Quando comparados ao futebol,
meses de treinamento em ECP). encontraram-se taxas de incidência de lesões
No entanto, os atletas mais novos na variando de 57% a 62%.
ECP (<6 meses de treinamento) sofreram No entanto, uma lesão foi definida
lesões 2,5 vezes mais (IC95%, 1,5-4,2) do que como qualquer queixa física sustentada por
os atletas mais experientes (6,34 / 1000 vs um jogador resultante de uma partida de
2,50 / 1000 horas). Os locais mais lesionados futebol ou sessão de treinamento de futebol,
foram o ombro ou o braço; a perna ou joelho; portanto, a comparação é difícil.
ou o tronco, costas, cabeça ou pescoço. Os Outra diferença coletada é sobre os
exercícios mais comumente implicados foram dados diretamente dos atletas em contraste
agachamento, corrida e agachamento aéreo. com outros estudos em que as lesões foram
(Aune e Powers, 2017). registradas por médicos ou fisioterapeutas.
Montalvo e colaboradores (2017) As partes do corpo mais lesionadas
relacionaram a participação dos atletas no foram ombro, região lombar e joelho em que
CrossFit® incluindo o tempo de participação não foram quantificados valões objetivos.
em anos, a frequência da participação em dias Isso está de acordo com pesquisas
semanais de treinamento de atletas, horas anteriores realizadas nos Estados Unidos a
semanais de treinamento de atletas e respeito de lesões no CrossFit® (Merhab e
exposições semanais de atletas e se os atletas colaboradores, 2017).
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Autor Correspondente:
João Paulo Castro Soares
Rua Paranaguá, 1316.
Aeroporto, Teresina-PI, Brasil.
CEP: 64003-710.
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.14. n.90. p.304-314. Mar./Abril. 2020. ISSN 1981-9900.
Motricidade © Edições Desafio Singular
2018, vol. 14, n. 1, pp. 259-265 6º ISSC
RESUMO
Este estudo buscou identificar as sintomatologias osteomusculares referidas pelos atletas que participavam de
uma competição de CrossFit® realizada em Fortaleza, Ceará, Brasil, no mês de dezembro de 2016. A amostra
foi composta por 195 praticantes, sendo eles, atletas da categoria RX, intermediário ou scaled que procuraram o
serviço de Fisioterapia antes, durante ou depois das provas. Os dados foram obtidos através de um questionário
desenvolvido para o inquérito científico. A análise estatística foi realizada através da associação entre as
variáveis através do teste Pearson Chi-Square com o fator de correção de Monte Carlo e os resultados confrontados
com a literatura nacional e internacional sobre o assunto vigente em questão. Observou-se que a média de idade
dos indivíduos era de 30,63±6,97 anos, com um tempo de prática de 15,56±0,95 meses, sendo prevalente o
sexo masculino e a categoria scaled. 34,4% dos participantes procuraram o serviço de Fisioterapia após finalizar
todas as provas da competição. A localização corporal com presença da sintomatologia dolorosa foi: quadríceps
(25,8%), seguido da lombar (13,1%) e do ombro (11,9%) sendo que 42,6% dos entrevistados referiram por
fadiga, seguido por dor articular (30,8%). A maioria tinha preferência por liberação miofascial e 25,6% não
faziam nenhum tipo de tratamento antes das competições por não apresentarem sintomas, e, aqueles que
tinham acompanhamento faziam na maioria das vezes fisioterapia eletrotermofototerápica (39%). Destaca-se
que grande parte dos participantes relataram mais sintomas agudos e leves, sendo na maioria das vezes por
fadiga pós prova. É importante o envolvimento do fisioterapeuta de forma contínua visando prevenção,
tratamento da fase aguda e diminuição dos níveis de lesões. Este estudo forneceu dados sobre os principais
locais e sintomas referidos pelos atletas de CrossFit® durante uma competição, bem como as principais
categorias que necessitam de uma melhor abordagem e atenção.
Palavras-chave: crossfit, lesões musculoesqueléticas, fisioterapia.
ABSTRACT
This study aimed to identify the musculoskeletal symptoms reported by athletes participating in a CrossFit®
competition held in Fortaleza, Ceará, Brazil, in December 2016. The sample consisted of 195 athletes, being
athletes of category RX, intermediate or scaled who sought the Physiotherapy service before, during or after the
tests. The data were obtained through a questionnaire developed for the scientific investigation. The statistical
analysis was performed through the association between the variables through the Pearson Chi-Square test with
the Monte Carlo correction factor and the results confronted with the national and international literature on
the current issue in question. It was observed that the mean age of the individuals was 30.63 ± 6.97 years, with
a practice time of 15.56 ± 0.95 months, being the male and the scaled category prevalent. 34.4% of the
participants sought the Physiotherapy service after finishing all the competitions. The body location with the
presence of painful symptoms was: quadriceps (25.8%), followed by lumbar (13.1%) and shoulder (11.9%),
with 42.6% of respondents reporting fatigue, followed by joint pain (30.8%). The majority had myofascial
release preference, and 25.6% did not have any type of treatment before the competitions because they did not
present symptoms, and those who had follow-up most often had electrothermo-photometric therapy (39%). It
is noteworthy that most of the participants reported more acute and mild symptoms, most of them being post-
test fatigue. It is important to involve the physiotherapist continuously in order to prevent, treat the acute
phase and decrease the levels of injuries. This study provided data on the major sites and symptoms reported by
CrossFit® athletes during a competition, as well as the major categories that need better approach and
attention.
Keywords: crossfit, musculoskeletal injuries, physiotherapy.
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
2
Centro Universitário Estácio do Ceará
3
Universidade Federal do Ceará
* Autor correspondente: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, complexo Desportivo da UTAD, Quinta de
Prados, 5000-000, Vila Real, Portugal E-mail: gnotini@hotmail.com
260 | GN Arcanjo, PC Lopes, PS Carlos, DQ Cerdeira, POP Lima, J Vilaça-Alves
2,6% dores no ombro. Destaca-se que a maioria carga durante o exercício. Os sintomas referidos
(67,2%) não sentia nenhuma sintomatologia e que apresentaram maior prevalência foram
por isso 79% não referiram algum local de quadríceps, lombar e ombro, sendo que
sintomatologia clínica. Desta forma, 25,6% não relataram ser fadiga muscular ou articular,
faziam nenhum tipo de tratamento antes das provavelmente por elevada intensidade na
competições por falta de necessidade, e, aqueles execução do exercício e pelo uso intenso do
que tinham acompanhamento clínico para grupo muscular para determinados movimentos
tratamento dos seus sintomas faziam na maioria solicitados nas provas da competição. Além
deles fisioterapia eletrotermofototerápica (39%), disto, sugere-se que a sintomatologia na lombar
osteopatia (21,5%) ou massagem relaxante ou pode ter sido relatada por provável fraqueza dos
esportiva (21%). músculos estabilizadores do tronco para
Foi observada uma associação significativa suportar maior sobrecarga.
entre a localização dos sintomas e: i) a existência A fadiga muscular é a incapacidade do
de lesão prévia (p=0,023); ii) momento da sistema neuromuscular produzir movimento,
competição que procurou por atendimento pelo acúmulo de produtos metabólicos finais,
(p=0,046). Detectou-se também uma associação como o lactato que, em concentrações elevadas,
significativa entre o momento da competição diminui a capacidade contrátil do músculo.
que procura por atendimento e: i) o Maté-Muñoz et al. (2017) analisaram o nível de
aparecimento dos sintomas (p<0,0001); ii) a fadiga dos membros inferiores em três
localização dos sintomas (p=0,046); e iii) as características metabólicas distintas em
causas dos sintomas (p=0,011). diferentes WOD’s do CrossFit e observaram que
Mensurou-se uma associação significativa os treinos ginásticos e de levantamento de peso
entre as causas dos sintomas e: i) momento da tiveram um maior nível de lactato sérico, pois
competição que procurou por atendimento recrutam mais fibras musculares do tipo II, mais
(p=0,014); e ii) a preferência do atendimento suceptíveis a fadiga.
(p=0,021). Foi observada uma associação A causa da fadiga mecânica pode ser a alta
significativa entre a preferência de tratamento intensidade e volume de exercício, juntamente
dos sintomas e: i) momento da competição que com o pequeno intervalo de descanso. Assim,
procura por atendimento (p=0,037); ii) as dada a alta demanda técnica de alguns exercícios
causas dos sintomas (p=0,018); e iii) a do CrossFit®, juntamente com os efeitos da
existência de lesão prévia (p=0,019). fadiga na biodinâmica do movimento, esses
Verificou-se uma associação significativa processos de fadiga quando não mediados
entre as técnicas escolhidas no tratamento das podem ocasionar lesões por falha na execução
lesões e: i) a categoria (p=0,042); e ii) o dos movimentos (Smilios, Häkkinen,
aparecimento dos sintomas (p=0,047). Foi Tokmakidis, & Savvas, 2010).
observada uma associação significativa entre a No estudo de Hak et al. (2013) também foi
existência de lesão prévia e: i) o tempo de observaram a alta prevalência de lesões no
prática (p=0,018); ii) e os sintomas (p=0,028); ombro justificando que durante a prática do
iii) a localização dos sintomas (p=0,023); iv) o CrossFit®, os movimentos ginásticos ou de
aparecimento dos sintomas (p=0,023); v) levantamento de peso são realizados em alta
momento da competição que procurou por repetição e intensidade, muitas vezes com
atendimento (p=0,019). grandes pesos. Isso pode levar a uma mecânica
fraca, colocando o ombro em movimentos
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES extremos e numa posição de risco. Relataram
Os principais resultados do estudo mostram também alta prevalência de sintomatologia na
que a maioria dos participantes procurou o lombar após a execução do powerlifting e
serviço de Fisioterapia após finalizar todas as levantamento terra. Portanto, a perda da
provas da competição, sendo que relataram que mecânica correta da execução do movimento por
era por ter realizado uma intensidade elevada da extrema fadiga e em exercícios e suas variações
Sintomas osteomusculares no Crossfit | 263
que exijam mais dos músculos estabilizadores parassimpática (Henley, Ivins, Mills, Wen, &
como o agachamento, deadlift, clean e snatch, Benjamin, 2008). Dependendo da técnica de
colocam estresse em toda a coluna torácica e liberação, a pressão mecânica imposta no
lombar levando à fadiga muscular. músculo deverá aumentar ou diminuir a
Participantes da categoria scaled foram excitabilidade neural pela estimulação dos
os que mais procuraram atendimentos durante o receptores sensoriais e diminuição da tensão
evento, que por ser uma categoria de iniciantes, muscular, reduzindo a excitabilidade
podem sentir mais incómodos por falta de neuromuscular (Rodríguez-Huguet, Gil-Salú,
adaptação ou realização incorreta de algum Rodríguez-Huguet, Cabrera-Afonso, & Lomas-
movimento. Vega, 2017). Estudos apontam que um estímulo
Butcher, Judd, Benko, Horvey, e Pshyk de liberação entre 3 e 6 minutos já diminui a
(2015) e Bellar, Hatchett, Judge, Breaux, e amplitude do reflexo de Hoffmann. (Chen &
Marcus (2015) compararam praticantes Zhou, 2011; Shiratani, Arai, Kuruma, &
iniciantes e experientes de Crossfit e observaram Masumoto, 2016). Além desta resposta
melhores resultados de força, aptidão fisiológica, acredita-se que o ganho de ADM, é
cardiovascular, capacidade aeróbica e potência também o resultado esperado pelos atletas ao
anaeróbica no grupo com maior experiência. buscarem esse procedimento (Cheatham,
Hooper et al. (2014) avaliaram o padrão Kolber, Cain, & Lee, 2015; Fairall, Cabell,
motor do agachamento livre quando realizado Boergers, & Battaglia, 2017) benefícios esses
dentro em uma exaustiva rotina de treino do que ajuda os atletas melhorar seu desempenho e
Crossfit®. Apesar de terem sido realizadas reduzir riscos de possíveis lesões (Schroeder &
adaptações para relativizar a intensidade do Best, 2015).
exercício para todos os sujeitos, isso não foi É importante observar que 25,6% não faziam
suficiente para evitar que o padrão motor do nenhum tipo de tratamento antes das
exercício fosse alterado ao longo da sessão, competições por não apresentarem sintomas, e,
levando a conclusão que realizar exercícios aqueles que tinham acompanhamento faziam na
complexos em regime de exaustão diminui a maioria das vezes fisioterapia convencional
eficiência da técnica e consequentemente a (39%). Achados do estudo de Guimarães et al.
segurança do praticante. (2017) quanto à frequência de lesões esportivas
Importante ressaltar que uma baixa apontam que em modalidades que utilizam
estabilidade do quadril também pode interferir exercícios de força ocorre uma proporção de uma
em um maior recrutamento do músculo reto a sete lesões em mil horas de treinamento e,
femural por compensação, podendo prejudicar a geralmente, estão relacionadas a pessoas com
articulação do joelho (De Souza, Da Fonseca, Da hábitos extremos de atividade física.
Veiga, De Oliveira & Vieira, 2017). Grier, Canham-Chervak, McNulty, e Jones
A maioria teve como preferência de (2013) analisaram a incidência de lesões em
atendimento a técnica de liberação miofascial combatentes norte americanos após a
para tratar os seus sintomas, justificada implementação do CrossFit® nas rotinas de
empiricamente pela vontade de melhorar a preparação física antes e após 6 meses. Os
fadiga e retirada de metabólicos. pesquisadores concluíram que em ambos
A liberação miofascial oferece vários (praticantes e não praticantes) houve uma
mecanismos de resposta, como relaxamento, incidência de lesões de aproximadamente 12%.
alívio das dores musculares e melhora da As principais razões foram a baixa aptidão
amplitude de movimento (ADM). cardiorrespiratória, sobrepeso/obesidade e ser
Fisiologicamente explicam-se por aumento das fumante. Além disso, foi observado que aqueles
endorfinas plasmáticas (Harris, Richards, & que já tinham o hábito de praticar treinamento
Grando, 2012), diminuição dos níveis de de força possuíram uma menor incidência de
hormônio do estresse (Kim, Park, Goo, & Choi, lesões.
2014) ou uma ativação da resposta
264 | GN Arcanjo, PC Lopes, PS Carlos, DQ Cerdeira, POP Lima, J Vilaça-Alves
Destaca-se que grande parte dos participantes Journal of Sports Physical Therapy, 10(6), 827-
relataram mais sintomas agudos e leves, sendo 838.
Chen, Y. S., & Zhou, S. (2011). Soleus H-reflex and
na maioria das vezes por fadiga pós prova. its relation to static postural control. Gait &
Segundo Sprey et al. (2016) a dor muscular posture, 33(2), 169-178.
aumentada pode ser mal interpretada como De Souza, L. M. L., Da Fonseca, D. B., da Veiga
Cabral, H., De Oliveira, L. F., & Vieira, T. M.
lesão, e essa dor é extremamente comum em
(2017). Is myoelectric activity distributed
atividades de alta intensidade. equally within the rectus femoris muscle
O envolvimento do fisioterapeuta, during loaded, squat exercises? Journal of
trabalhando em conjunto com os coachs é Electromyography and Kinesiology, 33(1), 10-19.
Fairall, R. R., Cabell, L., Boergers, R. J., & Battaglia, F.
essencial para prevenir, tratar o sintoma agudo, (2017). Acute effects of self-myofascial release
aumentando o processo de recuperação e and stretching in overhead athletes with GIRD.
diminuindo a fadiga logo após o treino e, Journal of Bodywork and Movement Therapies,
21(3), 648-652.
consequentemente, diminuindo as taxas de
Gentil, P., Costa, D., & Arruda, A. (2017). Crossfit®:
lesões. uma análise crítica e fundamentada de custo-
Este estudo forneceu dados sobre os benefício. Revista Brasileira de Prescrição e
principais locais e sintomas referidos pelos Fisiologia do Exercício, 11(64), 138-139.
Grier, T., Canham-Chervak, M., McNulty, V., & Jones,
atletas de CrossFit® durante uma competição,
B. H. (2013). Extreme conditioning programs
bem como as principais categorias que and injury risk in a US Army Brigade Combat
necessitam de uma melhor abordagem e atenção. Team. US Army Medical Department Journal, 36-
Sugerimos que estudos futuros sejam realizados 47.
Guimarães, T., Carvalho, M., Santos, W., Rubini, E.,
para verificar a eficácia de técnicas utilizadas nas & Coelho, W. (2017). Crossfit, musculação e
competições pela equipe de fisioterapia. corrida: vício, lesões e vulnerabilidade
imunológica. Revista de Educação Física, 86(1),
8-17.
Hak, P. T., Hodzovic, E. & Hickey, B. (2013). The
Agradecimentos:
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Nada a declarar
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Harris, M., Richards, K. C., & Grando, V. T. (2012).
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Nada a declarar. minutes of nighttime sleep in persons with
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home: a pilot study. Journal of Holistic Nursing,
Financiamento: 30(4), 255-263.
Nada a declarar Henley, C. E., Ivins, D., Mills, M., Wen, F. K., &
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static contraction of the muscles of the right
Todo o conteúdo da revista Motricidade está licenciado sob a Creative Commons, exceto
quando especificado em contrário e nos conteúdos retirados de outras fontes bibliográficas.
Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(2): enquanto outros (por exemplo, cros-
sfit triplete) podem ser considerados
moderados. Desta forma, parece que
a prática regular de crossfit contribui
Prevenção de Lesões no
Tema
para a melhoria da condição car-
diorrespiratória, avaliada através do
Crossfit: Bases Científicas e VO2max.3 Ainda assim, parece não
condicionar alterações significativas
Aplicabilidade na composição corporal, segundo
indica a meta-análise incorporando
Prof. Doutor Rodrigo Ruivo1,4, Fisiol. Miguel Anes-Soares2,4, Prof. Doutor Jorge Ruivo3 estudos de intervenção de curta
1
Fisiologista do Exercício, Docente na Escola Superior de Desporto Rio Maior e no Instituto Politécnico
de Beja; 2Fisiologista do Exercício, Estádio Universitário de Lisboa; 3Assistente Hospitalar de Medicina
duração (≥3 semanas) aplicando
Interna; Departamento de Medicina Desportiva, Clínica das Conchas; Docente na Faculdade de Medicina crossfit (apenas 6% dos estudos
da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Desporto da Universidade Lusófona; 4Departamento de
Exercício Clínica das Conchas. Lisboa.
eram randomizados e controlados e
com baixo risco de viés), reforçando
necessidade de mais estudos de alta
RESUMO / ABSTRACT qualidade sobre o crossfit.1
O crossfit é reconhecido como uma modalidade de treino com grande crescimento a nível Apesar dessa disparidade fisioló-
mundial. Consiste num treino constantemente variado, de alta intensidade, baseado gica, existe a evidência de níveis mais
em movimentos funcionais. Não obstante o papel positivo que o crossfit desempenha na
elevados de pertença numa comu-
melhoria da condição física, e sendo uma metodologia de elevada intensidade, é perti-
nente avaliar as lesões que lhe estão associadas, assim como definir estratégias para a
nidade, satisfação e motivação entre
sua prevenção. Para se alcançar este objetivo é necessário respeitar os princípios de treino os participantes de crossfit, ainda que
(sobrecarga, individualidade, progressividade) a especificidade da modalidade. a retenção/adesão dos participantes
não pareça ser diferente em relação
Crossfit is recognized as a training modality with great growth worldwide. It consists of a con-
a outras modalidades de treino de
stantly varied, high-intensity training based on functional movements. Despite the positive role that
crossfit plays in the improvement of the physical condition, being a high intensity methodology, it
força/cardiorrespiratório.4
is pertinent to evaluate the injuries that are associated to it as well as to define strategies for its
prevention. In order to achieve this goal, it is necessary to respect the training principles (overload,
individuality, progressivity) the specificity of the modality. Riscos
238
Marcos Vinicius Ferreira da Conceição1
Regis Peres Morais2
Sheila Pimentel da Cruz3
Resumo: Introdução: O CrossFit é uma modalidade esportiva com uma enorme variedade de
exercícios que são praticados em alta intensidade, e vem se destacando no decorrer dos anos,
ganhando cada dia mais adeptos. As lesões são eventos inesperados e indesejados por qualquer
atleta ou praticante de atividade física, pois interfere tanto na continuidade da prática esportiva
quanto nas suas atividades de vida diária (AVD’s) e atividades de vida profissional (AVP’s).
Com crescimento do CrossFit pelo mundo, a fisioterapia vem ganhando espaço, atuando tanto
na prevenção quanto no atendimento emergencial. Objetivo: analisar as principais lesões que
acometem os praticantes da modalidade CrossFit; indicar as regiões mais lesionadas; verificar
se as lesões se diferem entre os sexos, e relacionar a fisioterapia na prevenção e tratamento
dessas lesões. Materiais e Métodos: Este estudo caracteriza-se como uma abordagem quali-
quantitativa e descritiva. Como método de estudo foram aplicado o questionário de prontidão
para praticantes do CrossFit (adaptado) em uma academia na cidade de Paracatu/MG.
Resultado: As lesões musculoesqueléticas no CrossFit se encontram nas queixas mais comuns
encontradas no estudo, sendo a maioria dos praticantes entrevistados do sexo feminino, assim
como a maioria dos participantes lesionados. O ombro foi a região mais suscetível a sofrer lesão
durante a prática do Crossfit. Conclusão: As incidências de lesões encontradas foi considerada
baixa em relação a maioria dos estudos na literatura, evidenciando, que apesar do CrossFit
1
Bacharel em Fisioterapia pela a Faculdade Finom/Tecsoma. Email: marcos.conceicao@soufinom.com.br
regis.morais@soufinom.com.br
2
Bacharel em Fisioterapia pela a Faculdade Finom/Tecsoma. Email: marcos.conceicao@soufinom.com.br
regis.morais@soufinom.com.br
3
Fisioterapeuta pós-graduada em Fisioterapia Neurológica e Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva
pelo CEAFI – Universidade Católica de Goiás. Professora Especialista dos Cursos de Fisioterapia e Biomedicina
Faculdade Finom/Tecsoma. E-mail: sheilacruz@ finom.edu.br
Recebido em 28/12/2020
Aprovado em 24/02/2021
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
ocasionar lesões, realizando os devidos cuidados e precauções, é possível minimizar os riscos
de lesões e tornar a prática eficaz e segura.
Abstract: CrossFit is a sport with a huge variety of exercises that are practiced in high intensity,
and it has been standing out over the years, gaining more fans every day. The injuries are
unexpected and unwanted events for any athlete or physical activity practitioner, because they
interfere both in the continuity of sports practice and in their activities of daily life (AVD's) and
239
activities of professional life (AVP's). With CrossFit's growth around the world, physiotherapy
has been gaining space, acting both in prevention and emergency care. Objective: to analyze
the main lesions that affect CrossFit practitioners; to indicate the most injured regions; to verify
if the lesions differ between the sexes, and to relate physiotherapy in the prevention and
treatment of these lesions. Materials and Methods: This study is characterized as a quali-
quantitative and descriptive approach. As a study method, the CrossFit practitioner readiness
questionnaire (adapted) was applied in a gym in the city of Paracatu/MG. Result:
Musculoskeletal injuries in CrossFit are found in the most common complaints found in the
study, being the majority of practitioners interviewed female, as well as the majority of
participants injured. The shoulder was the most susceptible region to suffer injury during the
practice of CrossFit. Conclusion: The incidences of injuries found were considered low in
relation to most studies in the literature, showing that although CrossFit causes injuries, by
taking due care and precautions, it is possible to minimize the risks of injuries and make the
practice effective and safe.
Introdução
A preocupação com o corpo perfeito e saudável tem aumentado a cada dia e os recursos
midiáticos e tecnológicos contribuem para este crescimento. Consequentemente a esta busca,
vem o interesse em atividades físicas, principalmente nas modalidades que predomina elevada
intensidade. Estudos mostram que o treinamento de alta intensidade promove mais benefícios
na aptidão física e na saúde com menor tempo de duração, quando comparado aos métodos de
treinamento tradicionais. (DOMINSKI et al., 2018).
Nos últimos anos iniciou-se um novo método de treinamento físico que vem ganhando
popularidade desde sua criação, conhecido por CrossFit. Esta modalidade tem como método a
promoção de aptidão física através do desenvolvimento de elementos como coordenação,
agilidade, equilíbrio, força, resistência muscular e capacidade aeróbia, por meio da prática de
exercícios funcionais e esportivos, permitindo realizar também atividades de alta intensidade
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
como movimentos ginásticos, condicionamento aeróbico e levantamento olímpico
(DOMINSKI et al., 2018).
O CrossFit é uma modalidade esportiva que vem se destacando no decorrer dos anos,
ganhando cada dia mais adeptos em todo mundo. Criado no fim dos anos 90 pelo americano
Greg Glassman que desenvolveu um programa de condicionamento de forma ampla,
preparando seus praticantes para qualquer tipo de atividade (RAMOS; SANTOS, 2018).
Em geral, existem aproximadamente 12 mil academias e centros fitness registrados em
240
todo o mundo que fornece a prática de CrossFit, destas, 440 estão no Brasil, com cerca de 40
mil praticantes e atletas. Estudos trazem que o número de praticantes vem crescendo devido
sua natureza desafiadora e motivacional, em que cerca de 5% se declaram dependentes da
modalidade (DOMINSKI et al., 2018).
A modalidade do CrossFit é uma prática esportiva com uma enorme variedade de
exercícios que são praticados em alta intensidade, realizados a partir de três princípios básicos:
movimentos cíclicos; levantamento de peso; e movimentos gímnicos (exercícios de ginástica),
com intuito de desenvolver todas as capacidades físicas, como resistência, velocidade,
equilíbrio, coordenação entre outros. Por se tratar de treinos de alta intensidade, tem sido
utilizada entre os militares, por ser muito eficaz (CORDEIRO e PINHEIRO, 2018).
Os treinos do CrossFit são realizados seguindo três etapas e posteriormente o WOD
(Work Out of the Day) que significa treino do dia, e cada treino é preparado de acordo com o
nível dos praticantes. A partir do WOD e os três pilares que compõem o CrossFit, serão
realizados movimentos funcionais de alta intensidade e variações, sendo motivadores e
desafiadores para seus praticantes (XAVIER e LOPES, 2017).
A realização da prática esportiva pode ocasionar várias lesões musculoesqueléticas,
produzidas por condições intrínsecas e extrínsecas, gerando lesões musculares, ligamentares,
tendíneas, entre outras. Todas as pessoas que praticam atividades físicas ou esportivas sejam
elas de caráter competitivo ou recreativo estão sujeitas as lesões associadas ao esporte,
principalmente com movimentos e/ou treinos realizados de maneira inadequada (XAVIER e
LOPES, 2017; PORSE et al., 2018).
Para Xavier e Lopes (2017) e Porse et al. (2018), as causas extrínsecas são as que afetam
direta ou indiretamente as lesões, podendo estar correlacionados à preparação dos exercícios,
erros na execução dos movimentos e na forma de realização do treinamento, local do treino,
horas de preparação, condicionamento físico e equilíbrio. Já os aspectos intrínsecos são os que
estão ligados ao organismo envolvendo a anatomia e biomecânica. Ambos os fatores devem ser
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
levados em consideração, principalmente os fatores intrínsecos que são poucos observados.
A fisioterapia através de seus métodos e técnicas, tem se mostrado muito eficaz e
importante no tratamento de diversas lesões, seja de forma direta ou indireta, para que haja uma
melhor recuperação, minimizando o tempo ausente dos praticantes de suas atividades físicas,
com menor risco de recidivas. Vale lembrar que uma lesão, dependendo do nível e grau, pode
acarretar um longo período de afastamento ou até mesmo uma incapacidade permanente, por
esse motivo, é fundamental o trabalho fisioterapêutico, que além de reabilitar, tem a capacidade
241
de elaborar estratégias preventivas, garantindo uma prática esportiva segura com melhores
rendimentos (LOPES, et al., 2019).
Toda atividade física ou exercício pode gerar algum tipo de lesão, principalmente
quando os praticantes não possuem o conhecimento adequado ou realizam a atividade sem
nenhuma supervisão. A prevenção de qualquer tipo de lesão é crucial para manutenção de um
corpo saudável, pois uma lesão pode danificar várias outras partes do corpo, pois na tentativa
de manter um bom trabalho, partes saudáveis se intensificam na tentativa de suprir a ausência
de uma parte lesada, gerando um desequilíbrio corporal. (OLIVEIRA; CARNEIRO;
VENÂNCIO, 2020).
As lesões são eventos inesperados e indesejados por qualquer atleta ou praticante de
atividade física, pois interfere tanto na continuidade da prática esportiva quanto nas suas
atividades de vida diária (AVD’s), sendo um temor para todos os praticantes de atividade física
(SILVA et al., 2019).
As lesões musculoesqueléticas são todas as alterações no sistema musculoesquelético
decorrentes da prática esportiva que gera afastamento de um ou mais dias de treinos, porém as
dores podem se manifestar em até 72 horas. Quando ocorrem nas modalidades esportivas, são
provocadas por traumas que resultam na lesão dos tecidos. A ocorrência destas lesões sem
tratamento adequado podem gerar lesões graves e até mesmo uma alteração biomecânicas
irreversíveis, ocasionando para os praticantes prejuízos tanto nas suas atividades esportivas
quanto em suas atividades profissionais (RICHENE, 2018).
Indivíduos que realizam a modalidade do CrossFit, sem se preocupar em obedecer e
respeitar seus limites, e sem se preocupar com possíveis riscos, estão propícios a se lesionar.
Porém, vale lembrar, que alguns praticantes assumem tal risco devido à falta de conhecimento
ou de orientações sobre os riscos, e até mesmo sobre a melhor forma ou maneira de realizar os
exercícios (XAVIER e LOPES, 2017).
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
O número de praticantes do CrossFit vem aumentando a cada dia, e por se tratar de uma
modalidade esportiva que inclui uma série de exercícios variados e complexo, realizados em
alta intensidade, pode acarretar como consequências, o surgimento de fadigas musculares,
devido a reações metabólicas, se tornando um fator a se preocupar, uma vez que a fadiga
muscular é um dos principais fatores causadores de lesões nos esportes. Apesar da preocupação
sobre as lesões e seus mecanismos, em relação ao CrossFit os estudos ainda são limitados e
discutíveis, ou seja, ao mesmo tempo em que alguns estudos trazem que a modalidade gera um
242
baixo índice de lesões, outros já dizem que se trata de uma modalidade com um alto índice de
lesões, além de seus benefícios não serem totalmente definidos (MOURA et al., 2019).
Lesões musculoesqueléticas geram alterações morfológica e/ou histoquímica do tecido,
gerando lesões musculares, que se caracterizam como uma ruptura das fibras musculares
(estiramento) ou distensões, que é quando ocorrem rupturas de fibras musculares na junção
neuromuscular ao nível dos tendões. Essas lesões em particular, se tornaram um dos maiores
desafios para o profissional de fisioterapia, devido a complexidade e sua lenta recuperação,
ocasionando longos períodos de afastamento (XAVIER e LOPES, 2017).
Por se tratar de uma modalidade com uma gama de exercícios, as lesões mais
encontradas na modalidade se concentram em 5 principais articulações, sendo elas: ombro,
coluna lombar, joelho, punho e mão. As lesões no ombro estão relacionadas aos exercícios de
levantamento de peso e argola. Por se tratar de uma articulação com uma ampla mobilidade
estão mais propícias a lesionar durante a prática dos exercícios (FRANCISCO, 2017).
A articulação do ombro é a mais sujeita a sofrer lesões devido aos exercícios que são
realizados acima linha cabeça como, wall ball e dumbell push press, quando executados de
forma rápida e intensa, exigem uma força excessiva desta articulação. A articulação do ombro
apesar de sua grande mobilidade é necessário cuidados, pois alguns movimentos podem
ocasionar falhas na execução e até mesmo possíveis luxações, devido a grandes sobrecargas.
Alguns movimentos deixam o complexo do ombro muito desfavorável, como na posição de
rotação interna máxima, agravando todo complexo e sujeitando o ombro a uma lesão aguda,
pois essa posição faz com que o ombro perda sua estabilidade (FRANCISCO, 2017).
Outra área sujeita a lesões é a coluna lombar e joelhos, que estão associados a outro
exercício bastante utilizado, que é o agachamento e os saltos. Ombro, joelho e coluna, devido
aos exercícios da modalidade, se destacam como as áreas mais sujeitas a lesões (FRANCISCO,
2017).
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
As lesões musculoesqueléticas mais frequentes no CrossFit são contusões, sendo
ocasionada por trauma direto em alguma parte do corpo, provocando assim uma compressão
excessiva dos tecidos moles, que pode envolver a função dos músculos ou tendões, ocorrendo
uma inflamação e edema local, estiramento ou distensão, que ocorre quando as fibras
musculares se alonga além do normal, podendo gerar dor, edema, perda de função e câimbra
que é uma contração involuntária do músculo, gerando uma contratura seguida de dor local,
sendo provocada pelo acúmulo de ácido lático ou alguma alteração no metabolismo de alguns
243
elementos como sais minerais, potássio e cálcio (XAVIER e LOPES, 2017).
Outra lesão comum no CrossFit é a tendinopatia, que é uma disfunção do tendão. O
tendão é um cordão fibroso constituído por tecido conjuntivo, onde os ossos e músculos são
inseridos. Tem função de manter o equilíbrio do corpo estático e dinâmico. Os tendões são
estruturas não contráteis de cor esbranquiçado, rígido da musculatura estriada. Como os
exercícios realizados na modalidade possuem uma grande repetição dos movimentos, podendo
gerar disfunções nas estruturas do tendão e consequentemente a ocorrência desse tipo de lesão
(FERREIRA, 2015).
A lesão tendinosa ou tendínea, se caracteriza por uma ruptura parcial ou total do tendão,
ocorrem mais por trauma e movimentos repetitivos, em alguns casos apresenta lesões crônicas,
relacionadas às sobrecargas durante os exercícios. As lesões tendíneas também podem ser
decorrentes de erros na realização dos exercícios, fazendo com que a articulação realize o
movimento inadequado. Nos quadros de lesões tendíneas, principalmente quando ocorrem
rupturas totais dos tendões, é necessária intervenção cirúrgica o mais rápido possível, pois
podem gerar incapacidade prolongada ou até definitivas (FERREIRA, 2015).
Metodologia
Tipo de estudo
Critérios éticos
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
Foi apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), preenchido e
assinado posteriormente pelos entrevistados antes da aplicação dos questionários; foram
esclarecidas as dúvidas referentes ao projeto de pesquisa pelos autores deste projeto. Os dados
colhidos tiveram exclusivamente para fins acadêmicos, cumprindo ao requisito previsto nas
Diretrizes Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo seres humanos de acordo com a
resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
244
Materiais e métodos
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
programa Microsoft Excel. Foram divididos em 3 grupos: incidências de lesões, locais mais
acometidos por lesões, incidências entre os sexos.
Resultados e Discussão
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
246
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desse total, 75 apresentaram algum tipo de lesão o que representa 19,4% da amostra. No
segundo estudo, realizado em 2016 no Brasil, teve a participação de 591 participantes, do total,
171 pessoas que correspondem a 31%, relataram ter sofrido lesões durante a prática do CrossFit.
O que se destaca nesse segundo estudo, que apesar da maioria dos participantes relatarem que
já realizavam algum tipo de atividade física antes do CrossFit, constatou-se que mesmo assim
muitos se lesionaram.
Nos estudos de Souza et al., (2017), composto por uma amostra de 344 participantes,
247
23,5% relataram algum tipo de lesões após aderir ao CrossFit, onde a maior parte praticava a
modalidade a mais de 12 meses. Foi observado valores comparativos no que se refere a
incidências e fatores predisponentes a lesões, tais como idade, peso e sexo. Contudo, é
necessário um certo cuidado ao analisar as taxas de lesões nos demais estudos, pois a definição
de lesões se contrastam no que se menciona em relação ao tempo de afastamento da prática,
pois alguns estudos trazem que lesões como qualquer afastamento da prática, já outros definem
lesões quando geram afastamento do esporte por alguns dias ou até mesmo semanas. O tempo
de afastamento desse estudo, demostrou que 69,1% tiveram que se afastar por até 15 dias. Um
limitante deste estudo, foi que os participantes fizeram um auto-relato dos sintomas e/ou lesões
apresentadas, sem diagnósticos clínicos realizados por profissionais, o que pode ter
influenciado no resultado da pesquisa.
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
No que se refere à incidência de lesões entre os sexos, observamos que dos 9
participantes que relataram algum tipo de lesão, 6 foram mulheres com 8,57%, e 3 foram
homens com 4,28% como mostra o gráfico 2.
Segundo o estudo de Porse et al., (2018), os participantes com lesões, 55% eram homens
e 31% eram mulheres. Um fator que pode estar relacionado a uma incidência menor entre o
público feminino, é a procura por supervisão ou de um treinador durante os treinamentos, uma
vez que a prática da modalidade com supervisores qualificados podem minimizar os riscos de
248
lesões.
No estudo realizado por Machado e Santos (2017) do público participante que relataram
lesões, 70,5% eram homens e 29.5% eram mulheres, demonstrando que as mulheres se
lesionam menos em relação aos homens, uma vez que as mulheres buscam com maior
frequência acompanhamentos com os treinadores. Contudo os mesmos autores entendem que
devido aos princípios anatômicos e fisiológicos, as mulheres estão mais propensas a se
lesionarem, devido menor massa muscular e ângulo Q maior em relação aos homens.
Segundo Beretta 2020, não foi observado correlações das lesões entre homens e
mulheres. Outros estudos trazem que o fator sexo pode ser notado como um fator intrínseco
quando se refere a riscos de lesões, pois as mulheres estão mais sujeitas a se lesionarem, já que
possuem menor massa óssea e muscular e articulações mais flexíveis. Em contrapartida, os
homens estão mais sujeitos a se lesionarem, uma vez que seus treinos são realizados com cargas
maiores, além de que os homens buscam o crescimento muscular bem mais do que as mulheres.
Dominisk et al. (2018), em seu estudo observou um índice de lesões maiores entre os
homens, pois estes tendem a procurar treinadores e/ou supervisores com menor frequência,
observou-se também uma incidência maior entre os homens em outros esportes, como
basquetebol, corrida de rua, judô, entre outros.
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
249
O gráfico 3, demonstra as regiões mais acometidas por lesões causada pela modalidade
do CrossFit foram o ombro, lombar e joelho. Dos 9 participantes que apresentaram lesões, 6
foram no ombro com 8,57%, 2 na lombar 2,86%, e 1 joelho 1,43% como apresentado no gráfico
3.
Nos estudos de Xavier e Lopes (2017), os locais mais acometidos foram ombro 44.2%,
lombar 40,3% e joelho 35,1%, a ocorrência de lesões durante a prática do CrossFit pode estar
associado ao tempo da realização dessa modalidade, duração do treino, dentro desse estudo os
homens foram mais susceptíveis a desencadear lesões com 2,917 vezes mais que as mulheres
com 2,785 vezes.
Para Montalvo et al.. (2017), as regiões mais frequentes que ocorreu lesões durante os
exercícios realizados dentro do CrossFit foram ombro 22,6%, joelho 16,1% e costas 12,9%, os
exercícios de levantamento de peso olímpico são os maiores causadores de lesões no joelho,
costas e ombro, e a prática de levantamento de peso com maior repetição está propício a
desencadear lesão no ombro, costas e joelho.
Estudos realizados por Mehrab et al.. (2017), as partes acometidas por lesões foram
ombro 28,7%, costas 15,8% e joelho 8,3%, sendo elas mais frequente no decorrer do WODs
(treino do dia) e treinamento de força.
Estudos de Dominisk et al.. (2018) realizou 17 estudos com praticantes do CrossFit. Em
uma de suas pesquisas tiveram a participação de 3.307 praticantes ao todo, que consistia em
871 participantes do sexo feminino e 2.244 do sexo masculino. Obteve os seguintes achados,
em 7 dos seus estudos o ombro foi o membro mais acometido; em 4 de seus estudos foram
lombar e joelhos; em 3 do seus estudos a lombar foi a parte mais acometida; em 2 estudos os
HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
participantes tiveram braços/cotovelos mais acometidos e 1 estudo em que os participantes
tiveram lesões em outras partes do corpo como pescoço/cabeça, pés, pernas, coxas e punhos.
Nestes estudos realizados por Dominisk et al.. (2018) prevalece que as áreas mais acometidas
na prática do CrossFit foram ombros, costas, joelhos e lombar, isso se dá devido a sobrecarga
de treinamento, quantidade praticada na semana sem descanso da musculatura, fadiga muscular
por causa do número de repetições executadas durante a prática do CrossFit e a realização dos
exercícios efetuados pela articulação do ombro que são vistos como lesivos sendo eles;
250
overhead squat, push press, kettlebel swing e snatch, e pelo fato do ombro ser uma das
articulações mais móveis do corpo e menos estáveis possibilitando risco de lesão, e, além do
fato da articulação do ombro ter redução da estabilização da articulação escapulotorácica,
realizados pelos exercícios acaba sobrecarregando a articulação glenoumeral, normalmente está
relacionado a um desequilíbrio muscular, especialmente serrátil anterior e trapézio parte
inferior.
Considerações finais
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aliada, através de suas técnicas, recursos e conhecimentos, para auxiliar na redução das lesões
musculoesqueléticas da modalidade; juntamente com os treinadores da modalidade de CrossFit
pode-se elaborar um treino específico e individual. Com um bom trabalho preventivo, os danos
de uma possível lesão podem ser minimizados ou evitados, onde o trabalho preventivo é focado
na educação dos praticantes de CrossFit, demonstrando o quanto é importante ter cuidado com
algumas articulações durante a execução de alguns movimentos e exercícios.
Vale ressaltar, que apesar da fisioterapia estar inserida em várias outras modalidades
251
esportivas, ainda são limitados os estudos que relacionem a fisioterapia ao CrossFit, sendo
necessário novos estudos, a fim de evidenciar a importância do fisioterapia na modalidade do
CrossFit.
Referências:
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FERREIRA, Rhaony Pedro da Graça. Revisão sistemática sobre tipos de tecidos de lesões
mais frequente na articulação do ombro e a pratica esportiva: uma analise de literatura
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GAVA, Tainara Teixeira. Crossfit: uma análise crítica. 2016. Monografia- universidade
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HUMANIDADES & TECNOLOGIA (FINOM) - ISSN: 1809-1628. vol. 30- jul. /set. 2021
v. 3, n.3, p. 1-11, 2021
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Envio: 31/05/2021
Aceite:05/06/2021
ABSTRACT: Crossfit is considered to be an intense training course that uses aspects of weight
lifting, gymnastic movements and exercises that develop cardiovascular resistance. It appeared in
California (USA), its creator was Glassman and arrived in Brazil in mid 2009 by Joel Fridman and since
then its demand for supporters has been growing. As is known, people who practice high impact
activities are more likely to develop an injury. Physiotherapy offers treatments for these athletes and
uses kinesiotherapy to use manual therapy using techniques such as myofascial release, joint
mobilization, traction, chiropractic and others.Objective: To review treatment through manual therapy in
the rehabilitation of musculoskeletal injuries in crossfit practitioners . Methods: This is a literature
C
review integrated with the descriptive objective of a quantitative sample. The searches were carried out
in the databases: Pubmed, Google scholar and LilaCs under the following keywords: Manual therapy,
Musculoskeletal injuries, Crossfit and by title. Results / Discussion: Several techniques of manual
therapy cited in studies were found, such as massage, qiuiropraxia, manipulation (Maitland) and joint
mobilization associated with exercises in kinesiotherapy. Conclusion: Manual therapy is effective in the
treatment of musculoskeletal injuries in crossfit practitioners, helping with the pain and functionality of
these athletes
Keywords: Manual Therapy. Manumusculoskeletal injuries. Crossfit
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos tempo a pratica de exercício físico vem crescendo e ganhando novos
adeptos e com isso melhorando vários aspectos sejam estéticos ou psicossociais e
com isso o exercício segue promovendo a promoção de saúde na população. O
crossfit é uma modalidade que vem ganhando bastante popularidade, surgiu em
meados dos anos 2000 e desde então vem aumentando cada vez mais o número de
praticantes em estúdios ou academias (Weisenthal et. Al.,2014). Pode se dizer que o
crossfit é formado por três movimentos básicos: corrida, pular corda, e o remo
(MARTINS; SANTOS; SPERANDIO,2021).
Como aponta Claudino et. al (2018), por mais que o crossfit disponha de
resultados positivos na composição corporal e nos aspectos psicológicos, fica claro,
que para iniciantes o risco de uma lesão musculoesquelética é alto, e isso resulta
em tempo fora dos programas de treinamento para busca de uma ajuda medica e
reabilitadora.
Segundo Lopes et. al (2018), quando não se tem embasamento paras as técnicas
realizadas na modalidade a tendência de ocorrências de lesões durante o crossfit
aumentam disparadamente, visto que, esse esporte exige boa técnica e segurança e
nem todos os praticantes tem nível de aptidão física adequada para a realização das
técnicas que o crrosfit exige.
Apesar do crossfit ter se tornado bastante popular nos últimos anos e com isso
ter proporcionados inúmeras vantagens a quem o pratica, a literatura ainda é um
pouco escassa em relação a evidência de lesões ocasionadas na modalidade. Se
faz necessário a atenção dos profissionais de educação física acompanhado de
profissionais da fisiioterpia pra quem ambos trabalhem em prol desses praticantes
promovendo a prevenção possíveis lesões ocasionadas durante a pratica de crossfit
(OLIVEIRA; CARNEIRO; VENÂNCIO, 2020).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
plataformas:
PUBMED( Palavras
Pubmed, , Google LILACS(Palavras chaves):
chaves):
acadêmico, LilaCs 13
72
GOOGLE
Após criterios de exclusão:
ACADÊMICO(Por título): TOTAL: 127
24
42
Após leitura :
19
v. 3, n.3, p. 1-11, 2021
ISSN: 2675-343X
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificar a incidência
Silva et. Incidência de lesões de lesões A Incidência de lesão musculoesquelética
al .(2019) musculoesqueléticas musculoesqueléticas entre os 151 voluntários praticantes de
em praticantes de em praticantes de CrossFit foi de 19,28%.
crossfit crossfit.
Araujo A eficácia da terapia Eficácia do tratamento Todas as técnicas de terapia manual descritas
et.al.(2014) manual para dor em com terapia manual nestes trabalhos tem resultados eficazes tanto
pacientes com comparada a outros a longo (maioria 12 semanas) como a curto
síndrome do impacto métodos para dor em prazo (48) horas.
do ombro. pacientes com
síndrome do impacto
do ombro
Avaliar a eficácia de
Garcia e Mobilização de tecido uma intervenção A mobilização de tecidos moles assistida por
Barriuão(2021) mole e alongamento fisioterapêutica por instrumento pode melhorar a adução
para ombro em meio da mobilização horizontal do ombro e a rotação interna. Uma
crossfit de tecidos moles técnica de mobilização de tecidos moles
assistida por assistida por instrumento produz os mesmos
instrumentos e resultados por si só que aqueles obtidos em
alongamentos de combinação com alongamento pós-isométrico
ombro em adução com adução de ombro.
horizontal em crossfit
com idade entre 18 e
40 anos
Efeito da Terapia
v. 3, n.3, p. 1-11, 2021
ISSN: 2675-343X
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Pereira e Junior Manual em Pacientes Compilar informação O trabalho demostrou que a técnica de terapia
(2019) com Lombalgia: Uma a respeito do efeito da manual é efetiva no tratamento de pessoas
Revisão Integrativa terapia manual em com diagnóstico de lombalgia, aumentando a
pacientes com capacidade funcional das mesmas.
lombalgia.
O crossfit apresenta uma grande taxa de lesões como aponta os estudos atuais.
Entretanto é importante ressaltar algumas divergências entre autores Larsen et. al
(2019), Silva et. al(2019) e Aune e Powers (2017) em seus estudos sobre as áreas
mais recorrentes dessas lesões nos praticantes.
Dessa forma sugere-se que a automobilização do tornozelo pode ser aplicado até
mesmo no estágio de prevenção melhorando a mobilidade do tornozelo em
praticantes de crossfit e evitando uma futura lesão ostemioarticular.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS
TIBANA, R A; ALMEIDA, L M; PRESTES, J. Crossfit® riscos ou benefícios? O que Ramires Alsamir Tibana1
Leonardo Mesquita de Almeida1
sabemos até o momento? R. bras. Ci. e Mov 2015;23(1):182-185. Jonato Prestes1
1
Programa de Mestrado e
® Doutorado em Educação Física
O CrossFit é um método de treinamento novo caracterizado pela realização
da Universidade Católica de
de exercícios funcionais, constantemente variados em alta intensidade1. Este tipo de Brasília (UCB)
Recebido: 20/03/2015
Contato: Ramires Alsamir Tibana - ramirestibana@gmail.com Aceito: 23/03/2015
183 Crossfit® riscos ou benefícios?
Em relação à incidência de lesões no CrossFit®, cada série até que fosse finalizada em uma repetição nos
10
Grier et al , analisaram a incidência de lesões em exercícios supino horizontal, levantamento terra e
combatentes norte americanos após a implementação do agachamento. Todos os exercícios foram feitos com 75%
®
CrossFit nas rotinas de preparação física antes e após 6 de 1RM e sem intervalo. Eles encontraram um aumento
meses. De forma interessante, os pesquisadores significativo da interleucina-6 (IL-6) imediatamente após
concluíram que em ambos (praticantes e não praticantes) o exercício e após 15 minutos, a mioglobina se manteve
houve uma incidência de lesões de ~12%. As principais alta imediatamente após, 15 e 60 minutos depois e a
razões para tais lesões foram a baixa aptidão creatina kinase (CK) permaneceu aumentada desde o
cardiorrespiratória, sobrepeso/obesidade e ser fumante. repouso até 60 minutos após o programa ser realizado.
Além disso, foi observado que os combatentes praticantes Nesse aspecto, parece plausível que dias consecutivos de
®
ou não de CrossFit que já tinham o hábito de praticar treinamento de alta intensidade podem afetar o sistema
treinamento de força possuíam uma menor incidência de imune e consequentemente deixar os praticantes/atletas
lesões. Não obstante, Hak et al8, determinou a taxa de mais susceptíveis às infecções do trato superior
lesões em atletas de crossfit através de um questionário respiratório. Neste caso, sugere-se uma diminuição na
online. Foram observadas uma taxa de lesão de 3,1 por intensidade ou a inclusão de dias de descanso entre as
1000 horas de treinamento, nenhum caso de rabdomiolise sessões.
foi reportado. Portanto, as taxas de lesões reportadas no Em relação às adaptações crônicas, Smith et al3,
Crossfit foram semelhantes ao levantamento olímpico11, utilizaram as rotinas de treinamento do CrossFit® e
12 13
levantamento básico e ginástica e menor quando verificaram após 10 semanas de treinamento em jovens
14
comparado a esportes de contato como o Rugby . adultos, redução de até 20% no percentual de gordura (de
Já foi demonstrado que treinamentos de alta 22,2 ± 1,3 para 18,0 ± 1,3%), (de 26,6 ± 2,0 para 23,2 ±
intensidade podem levar a apoptose (morte celular) de 2,0%) e melhoras de até 15% no consumo máximo de
linfócitos, acarretando uma diminuição dos linfócitos oxigênio (de 43,10 ± 1,40 para 48,96 ± 1,42 ml.kg-1.min-
1
circulantes e consequentemente uma redução na ), (de 35,98 ± 1,60 para 40,22 ± 1,62 ml.kg-1.min-1) em
imunidade, que poderá ser maior, quanto mais intenso e homens e mulheres, respectivamente. No entanto, até o
frequente for o exercício15. Recentemente, Navalta et al16, presente momento este é o único estudo que avaliou as
investigaram os efeitos de três dias consecutivos de respostas crônicas ao CrossFit®.
treinamento de alta intensidade (HIIT) até a exaustão e Deste modo, apesar dos poucos estudos publicados
demonstraram que o HIIT induziu a apoptose de até o presente momento, parece que, a prática do
linfócitos, o que pode predispor a quadros de CrossFit® não aumenta a incidência de lesões, e pode
imunossupressão. melhorar as adaptações no sistema cardiovascular,
5
Heavens et al , selecionaram indivíduos treinados neuromuscular e na composição corporal. Não obstante,
recreacionalmente no treinamento de força para realizar mais estudos são necessários para elucidar as respostas
®
um protocolo de treinamento do CrossFit que consistia agudas nos sistemas cardiovascular e imunológico.
em iniciar com 10 repetições e diminuir uma repetição a
Referências
Autores
Instituições
Grosso, Faculdade de Educação Física. Avenida Fernando Correa da Costa, 2367 Boa
ano de 2017. Entretanto, escrevemos esta carta para tecer algumas considerações
incidência.
Por outro lado, "incidência" fornece uma medida da taxa em que as pessoas sem
condição (por exemplo, 50 indivíduos dos 100 sofreram alguma lesão após a prática
de CrossFit [50%]), por outro lado, as taxas de incidência nos dão a medida real (p.
jardinagem, caminhada e reparo doméstico. E por que isso aconteceu? Por serem
atividades praticadas diversas vezes ao longo da análise. Por outro lado, quando
taxa de incidência (número de ocorrência por horas de prática). Com base nessas
aproximadamente 12%. As principais razões para tais lesões foram a baixa aptidão
observam uma taxa de lesão de 3,1 por 1000 horas de treinamento. Resultados
lesões por 1000 horas de prática, que são similares aos demais estudos que estão
citados na figura 1.
(0,24–1 lesões por 1000 h), e os competidores do Strongman (4,5–6,1 lesões por
1000 h) e do Highland Games (7,5 lesões por 1000 h) tiveram as maiores taxas de
consequente perda do padrão motor do movimento. É fato que ocorre uma perda do
são evidentes com a prática do CrossFit. Sem dúvida que as evidências científicas
situação não pode ser referida como uma evidência de que não existem adaptações.
CrossFit® foi capaz de melhorar o consumo máximo de oxigênio (38,7 ± 5,6 para
44,9 ± 6,2 ml.kg-1.min-1), reduzir o percentual de gordura (23,9 ± 3,3 para 22,2 ±
3,0%) em mulheres e aumentar a massa livre de gordura (45,0 ± 4,1 para 45,6 ± 4,1
metodologias serem mais avançadas, ou seja, devem ser utilizadas apenas com
treinamento para indivíduos iniciantes. Sem dúvida que existe uma flexibilização da
mais criteriosa, sendo que estudos recentes apontam para uma taxa de lesões igual
evidências das adaptações crônicas no CrossFit® não podem ser entendidas como
um tipo de treinamento que não apresenta melhorias para o indivíduo, uma vez que
Referências
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p. 541-546.
*Autor correspondente
Universidade Federal do Ceará (UFC), Departamento de Fisioterapia, Rua Major Weyne,
1440, Rodolfo Teófilo, Campus Porangabuçu, CEP 60430-450, Fortaleza, Ceará, Brasil.
E-mail: malmeidab.ufc@gmail.com (M.A. Bezerra)
CRENÇAS E CONHECIMENTO DE PRATICANTES DE CROSSFIT® ACERCA
DOS FATORES DE RISCO DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICA.
RESUMO
Objetivo: Identificar qual o entendimento dos praticantes de CrossFit® acerca dos fatores
de risco de lesão relacionados a prática do esporte. Métodos: Estudo do tipo transversal,
de abordagem qualitativa, no qual utilizou dados coletados por meio de um formulário
com questões de marcar e uma questão aberta “O que pode ser considerado como fator
de risco para lesões em praticantes de Crossfit?”. As respostas foram analisadas em 3
etapas: 1) agrupou as respostas em unidades temáticas; 2) leitura criteriosa dividindo os
conteúdos das respostas em categorias segundo as unidades temáticas identificadas no
passo 1; e 3) interpretação dos dados categorizados. Resultados: 71 atletas de CrossFit®
(42 homens, 29 mulheres) com idades de 21 a 44 anos responderam o estudo. Destes,
35% já haviam sofrido alguma lesão durante a prática do esporte. Dentre os fatores de
risco a lesão citados, Erro de Treinamento obteve o maior número de citações (, sendo os
fatores de risco mais mencionados pelos atletas “técnica errada”, seguido de “sobrecarga”
e “despreparo do coach”. Conclusão: Praticantes de CrossFit® entendem como fatores
de risco para lesões musculoesqueléticas elementos que caracterizam erros de
treinamento e alguns fatores comportamentais como desencadeadores de lesões.
Palavras-chave: Treinamento Funcional de Alta Intensidade, Fator de risco, Lesões
Esportivas
CROSSFIT PRACTITIONERS' BELIEFS AND KNOWLEDGE ABOUT THE RISK
FACTORS OF MUSCULOSKELETAL INJURIES
ABSTRACT
Objective: To identify the understanding of CrossFit® practitioners about injury risk
factors related to the practice of the sport. Methods: A cross-sectional qualitative study
using data collected through a form with multiple choice questions and an open question
"What can be considered as a risk factor for injuries in Crossfit practitioners?". The
answers were analyzed in 3 steps: 1) grouped the answers in thematic units; 2) careful
analysis by dividing the contents of the answers into categories according to the thematic
units identified in step 1; and 3) interpretation of categorized data. Results: 71 CrossFit®
athletes (42 mens, 29 women) aged 21-44 years answered the study. 35% had already
suffered some injury during the practice of the sport. Among the risk factors for injury,
Training Error obtained the highest number of citations, the risk factors most mentioned
by athletes "poor technique", followed by "overload" and "unprepared coach".
Conclusion: CrossFit® athletes understand as risk factors for musculoskeletal injuries,
elements that characterized training errors and behavioral factors as injury triggers.
Keywords: High-intensity Functional Training, Risk Factors, Sport Injuries
HIGHLIGHTS
Entre os praticantes, 35% já sofreram lesão musculoesquelética sendo os
membros superiores o segmento mais acometido por lesão.
A categoria Erro de Treinamento obteve o maior número de citações, sendo os
fatores de risco mais mencionados pelos atletas “técnica errada”.
A categoria Fatores comportamentais também apresentou segmentos, sendo “não
seguir orientação do coach” e “não respeitar seus limites” os mais citados pelos
participantes.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Participantes
Foi realizado um estudo transversal sobre o entendimento de quais possíveis
fatores podem apresentar risco de lesão em atletas de CrossFit®. Os participantes da
pesquisa foram recrutados em diferentes boxes de Fortaleza, Ceará, Brasil. O critério de
elegibilidade para este estudo foi: idade entre 18 e 60 anos. Este estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil
(Parecer de aprovação: 2.055.615). Todos os participantes leram e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido, e tiveram seus direitos protegidos.
Coleta de Dados
Os dados foram coletados através de um questionário impresso aplicado aos
participantes da pesquisa, em várias academias de CrossFit® em Fortaleza, contendo
perguntas aberta acerca do entendimento dos atletas sobre fatores de risco para lesão no
seu esporte (“Para você, o que pode ser considerado como fator de risco para lesões em
praticantes de Crossfit®?”). O entrevistador foi treinado para adotar uma posição neutra
durante a aplicação do instrumento, para que os participantes pudessem escrever
livremente apenas o que era de seu conhecimento. Além de responder as duas questões
abertas, os participantes preencheram um formulário sobre dados pessoais lesões
anteriores à prática esportivas e lesões atuais.
Análise de Dados
Foi realizada uma análise descritiva do perfil dos participantes. A análise das
respostas ao questionamento sobre os fatores de risco foi dividida nas seguintes etapas:
1) as respostas foram analisadas e organizadas em unidades temáticas; 2) em seguida foi
realizada a leitura cuidadosa e criteriosa dividindo os conteúdos das respostas em
categorias segundo as unidades temáticas identificadas no passo 1; e 3) interpretação dos
dados categorizados. Os autores aprovaram as unidades e categorias identificadas durante
a análise dos conteúdos das respostas.
RESULTADOS
Um total de 71 atletas de CrossFit® (42 homens, 29 mulheres) com idades de 21
a 44 anos foram entrevistados, respondendo o questionário. Neste estudo, houve o
predomínio de participantes do sexo masculino (59,2%), com a maioria da amostra
participando ativamente de competições (81,7%) na categoria Scaled (45,1%). Além
disso, a prevalência das lesões em todos os questionários foi em membros superiores
(18,3%), seguido de membros inferiores (8,5%), como mostra a tabela 1.
Com base na análise dos dados, os fatores de risco foram divididos em 5
categorias: erro de treinamento, mobilidade, overtraining, fatores comportamentais e
outros (fatores que não puderam ser agrupados).
A categoria Erro de Treinamento obteve o maior número de citações, sendo os
fatores de risco mais mencionados pelos atletas “técnica errada”, seguido de “sobrecarga”
e “despreparo do coach”. A categoria Fatores comportamentais também apresentou
segmentos, sendo “não seguir orientação do coach” e “não respeitar seus limites” os mais
citados pelos participantes. Dentro de ‘outros’, podemos apontar “dor”, “hipertensão”,
“má alimentação”, “sobrepeso” e “desconhecer o próprio corpo” (Tabela 2).
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
No presente estudo, identificamos que os praticantes de CrossFit® entendem
como fatores de risco para lesões musculoesqueléticas no esporte, elementos que
caracterizem erros de treinamento, como a técnica inadequada, seguida de sobrecarga das
estruturas e a falta de preparo do instrutor. Além disso, os participantes consideraram
alguns fatores comportamentais como desencadeador de lesões, como é o caso de não
seguir a orientação do coach e não respeitar os limites de seu corpo.
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Tabela 1. Caracterização dos praticantes de Crossfit®
MMSS – membros superiores; MMII – membros inferiores; scaled – experiente; Rx- Iniciante
Tabela 2. Fatores de risco mencionados pelos praticantes de Crossfit®