Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2. Epidemiologia
₋ As principais são tricomoníase, gonorreia, clamídia e sífilis.
₋ Mais de um milhão de pessoas adquirem uma IST diariamente. A cada ano, estima-se que 500 milhões de
pessoas adquirem uma das IST curáveis (gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase).
₋ Segundo algumas pesquisas realizadas, observaram-se a prevalência de sífilis em gays e outros HSH,
profissionais do sexo e pessoas que usam drogas.
SÍFILIS
1. Introdução
₋ É uma infecção bacteriana sistêmica, crônica, curável e exclusiva do ser humano.
₋ Quando não tratada, evolui para estágios de gravidade variada, podendo acometer diversos órgãos e
sistemas do corpo.
₋ Tempo de incubação: em média 21 dias (varia de 3 a 90 dias).
₋ Trata-se de uma doença conhecida há séculos.
₋ A maioria das pessoas com sífilis são assintomáticas; quando apresentam sinais e sintomas, muitas vezes
não os percebem ou valorizam, e podem, sem saber, transmitir a infecção às suas parcerias sexuais
₋ Na gestação, a sífilis pode apresentar consequências severas, como abortamento, prematuridade,
natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e/ou
morte do recém-nascido (RN).
2. Agente etiológico
₋ Seu agente etiológico, descoberto em 1905, é o Treponema pallidum,
subespécie pallidum.
₋ Espiroqueta, gram negativa anaeróbia, espiralado e fino.
3. Transmissão
₋ Relação sexual, principalmente. Mas também podem ser por drogas injetáveis, na gravidez ou parto, e
transfusão sanguinea.
₋ Os microrganismos penetram por meio de pele erodida ou mucosa.
₋ A transmissibilidade da sífilis é maior nos estágios iniciais (sífilis primária e secundária), diminuindo
gradualmente com o passar do tempo (sífilis latente recente/ tardia).
₋ No primeiro ano de latência, 25% dos pacientes apresentam recrudescimento do secundarismo e,
portanto, pode haver a transmissão. Essa maior transmissibilidade explica-se pela riqueza de treponemas
nas lesões, comuns na sífilis primária (cancro duro) e secundária (lesões muco-cutâneas).
Infecções Sexualmente Transmissíveis – Infectologia
Dr. Tiago Heringer
4. Patogênese
Quando tem-se relação sexual com
aguem que tenha sífilis, as espiroquetas
entram pela mucosa, no caso mucosa
peniana. Onde a espiroqueta entrar, irá
desencadear uma lesão (cancro duro),
posteriormente a espiroqueta cai na rede
linfática, depois para os linfonodos. Caso
não ocorra o inicio do tratamento, irá
formar uma disseminação
hematogênica, e consequentemente
atingirão outras vísceras. Podendo causar
meningite, nefrite, uveíte, labirintite com
hepatite, embora que raro, pode
acontecer, relata-se que menos de 2%
dos casos evoluem atingindo as vísceras.
A mais comum é manifestações
cutâneas.
I. Sífilis primária
₋ Período de incubação: 10 a 90 dias (média 3 semanas) depois da infecção.
₋ A primeira manifestação é ulcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem
definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis,
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento), não deixa cicatriz, sendo
denominada “cancro duro”.
₋ A lesão primária é acompanhada de linfadenopatia regional (acometendo linfonodos localizados
próximos ao cancro duro). Sua duração pode variar muito, em geral de 3 a 8 semanas, e seu
desaparecimento independe de tratamento. Pode não ser notada ou não ser valorizada pelo paciente.
Embora menos frequente, em alguns casos a lesão primária pode ser múltipla.
₋ Linfonodos satélites: surgem devido a reação em decorrência da lesão. Se for uma lesão no pênis /vagina,
os linfonodos serão inguinais.
₋ Diagnósticos diferenciais: Lesões de herpes simples genital, cancro mole, lesões iniciais do linfogranuloma
venéreo, donovanose, leishmaniose tegumentar americana e síndrome de Behçet (vasculite rara que
acomete orofaringe e genitália).
₋ Cuidado! O rash pode lembrar fungo, mas é sífilis. Em relação as lesões palmares e plantares, na pediatria
é importante lembrar também da síndrome mão-pé-boca.
₋ A sintomatologia desaparece em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa
impressão de cura.
₋ Sífilis maligna: as lesões lembram a leishmaniose disseminada.
₋ Diagnósticos diferenciais: exantemas por drogas e por infecções virais (rubéola e sarampo), pitiríase rósea
de Gilbert, formas de psoríase e líquen plano, formas de psoríase e líquen plano, linfomas, hanseníase,
sarcoidose, líquen plano oral, leucoplasia, condiloma acuminado e alopecia areata/tricotilomania.
IMPORTANTE, procurar gravar esses diagnósticos.
III. Sífilis latente
₋ O que é latência? Possui dados laboratoriais que indicam sífilis, mas não possui mais a clínica da doença.
₋ O diagnóstico faz-se exclusivamente pela reatividade dos testes treponêmicos e não treponêmicos.
₋ A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio.
₋ A sífilis latente é dividida em latente recente (< 1 ano de infecção) e latente tardia (> 1 ano de infecção).
₋ Aproximadamente 25% dos pacientes não tratados intercalam lesões de secundarismo com os períodos
de latência.
SIM SIM
I. Testes treponêmicos
₋ Detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos de T. pallidum.
₋ São os primeiros a se tornarem reagentes, podendo ser utilizados como primeiro teste ou teste
complementar.
₋ Positivo: 15 dias após a infecção.
₋ Em 85% dos casos, permanecem reagentes por toda vida, mesmo após o tratamento e, por isso, não são
indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento.
₋ São práticos e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos. Podem ser
realizados com amostras de sangue total colhidas por punção digital ou venosa. Têm a vantagem de serem
realizados no momento da consulta, possibilitando tratamento imediato.
IMPORTANTE!
Quais doenças dão falso-
positivo de VDRL?
1. Lúpus.
2. Síndrome de anticorpo
antifosfolípide.
3. HIV.
Infecções Sexualmente Transmissíveis – Infectologia
Dr. Tiago Heringer
Curso da sífilis não tratada de acordo os estágios clínicos e métodos diagnósticos
7. Diagnóstico
₋ A presença de sinais e sintomas compatíveis com sífilis (primária, secundária e terciária) favorecem a
suspeição clínica.
₋ Como não há sinal ou sintoma patognomônico da doença, necessita da realização de testes diagnósticos.
₋ Nas fases sintomáticas, é possível a realização de exames diretos, enquanto os testes imunológicos podem
ser utilizados tanto na fase sintomática quanto na fase de latência.
Obs.: Recomenda-se tratamento imediato, com benzilpenicilina benzatina, após apenas um teste reagente
para sífilis (teste treponêmico ou teste não treponêmico) para as seguintes situações (independentemente da
presença de sinais e sintomas de sífilis):
→ Gestantes. Não exclui a realização de um segundo teste.
→ Vítimas de violência sexual.
→ Pessoas com chance de perda de seguimento (que não retornarão ao serviço).
→ Pessoas com sinais/sintomas de sífilis primária ou secundária.
→ Pessoas sem diagnóstico prévio de sífilis.
₋ Quando não tratada, a sífilis pode evoluir para formas mais graves, comprometendo especialmente os
sistemas nervoso e cardiovascular.
₋ Quando faz a administração da bezentacil, vai gerar uma destruição do treponema liberando fator de
necrose tumoral, interleucina, e consequentemente irá desencadear uma reação chamada REAÇÃO
FEBRIL DE JARISCH-HERXHEIMER.
→ Não precisa preocupar, é só dar corticoide, dipirona, e não abordar com alergia a penicilina.
→ Após a dose terapêutica inicial.
→ Em alguns casos, pode surgir: exarcebação das lesões cutâneas, geralmente exigindo apenas
cuidados sintomáticos, ocorre involução espontânea em 12 a 48 horas.
→ Não justifica a interrupção do tratamento.
→ Todo paciente com sífilis deve ser alertado quanto a possibilidade de desenvolver tal reação.
8.1. Gestantes
₋ Realizar o teste VDRL ou FTA-ABS:
→ Primeiro trimestre da gravidez ou na primeira
consulta.
→ No início do terceiro trimestre da gravidez
(para detectar infecção ao final da
gestação).
₋ Se FTA-ABS: Não reagente. Considerar para o
diagnostico as gestantes com VDRL (RPR)
reagente, com qualquer titulação, desde que
não tratadas anteriormente.
Infecções Sexualmente Transmissíveis – Infectologia
Dr. Tiago Heringer
9. Monitoramento pós tratamento
₋ Para o seguimento do paciente, os testes não treponêmicos (ex.: VDRL/ RPR) devem ser realizados
mensalmente nas gestantes e, no restante da população (incluindo Pessoa Vivendo com HIV), a cada três
meses até o 12º mês do acompanhamento do paciente (3, 6, 9 e 12 meses).
₋ O monitoramento deve ser realizado com teste não treponêmico e, sempre que possível, com o mesmo
método diagnóstico.
→ Por exemplo: se o diagnóstico for realizado com VDRL, deve-se manter seguimento com VDRL. Em
caso de diagnóstico realizado com RPR, manter seguimento com RPR.
NEUROSSÍFILIS “Neurolues”
₋ O envolvimento do sistema nervoso central (SNC) pode ocorrer durante qualquer estágio da sífilis e
anormalidades laboratoriais do LCR são comuns em pessoas infectadas já nos estágios iniciais da doença.
Formas sintomáticas precoce Formas sintomáticas tardias
(meses até anos) (> 2 anos)
Meningite aguda Paresia geral
Meningovascular (stuttering stroke) Tabes dorsalis
Manifestações clínicas
₋ Com a era antibiótica e o uso dominante dos beta-lactâmicos, a apresentação clínica da neurossífilis sofreu
mudanças, com aumento dos quadros oligossintomáticos e atípicos.
₋ Envolvimento ocular (uveite e panuveite) e auditivo.
₋ Paresia geral.
₋ Deficiência cognitiva.
₋ Mudança de comportamento.
₋ Demência, depressão, mania, psicose com alucinações visuais ou auditivas.
₋ Dificuldade de memória e confusão mental.
₋ Meningite sifilítica.
₋ Tabes dorsalis.
₋ Gomas sifilítica.
₋ Epilepsia.
Diagnóstico
₋ É um desafio, pois não há teste padrão-ouro.
₋ O diagnóstico é baseado em uma combinação de achados clínicos, alterações do Líquido
Cefalorraquidiano (LCR) e ao resultado do VDRL no LCR.
₋ O método de escolha é o VDRL, com sensibilidade que varia de 50% a 70%.
₋ Em relação aos testes treponêmicos, apesar da alta sensibilidade, estes apresentam especificidade muito
variável e o valor preditivo negativo (VPN) varia de acordo com a prevalência da doença.
Indicação de punção lombar para pesquisa de neurossífilis
Infecções Sexualmente Transmissíveis – Infectologia
Dr. Tiago Heringer
Quando eu penso em neurossífilis?
₋ Quando o paciente tem um quadro neurológico, manifestação ocular e otológica. Nesse caso o
paciente terá um VDRL positivo, o que confirma o diagnostico para neurossífilis. Por exemplo, um rapaz
jovem com AVC (atípico pela idade), foi feito a sorologia e obteve como resultado positivo, o médico já
pode dizer que se trata de uma neurossífilis.
₋ Outra forma que faz suspeitar de neurossífilis, paciente possui um quadro clinico alterado somado com a
LCR alterada, mas VDRL do líquor negativo, isso não afasta neurossífilis, mas faz uma presunção que seja.
₋ Questão de prova: Quando que se deve investigar neurossífilis em um paciente com HIV?
CD4 < 350 (baixo) e o título do VDRL > 1:32 (alto) Sempre tem que fazer punção
liquorica nesse paciente.
Tratamento
Monitoramento
₋ Indivíduos tratados para neurossífilis devem ser submetidos à punção liquórica de controle após 6 meses do
término do tratamento.
₋ Na persistência de alterações do LCR, recomenda-se o retratamento e punções de controle em intervalos
de 6 meses, até a normalização da celularidade e VDRL não reagente.
LINFOGRANULOMA VENÉREO
₋ Doença sexualmente transmissível causada por Chlamydia
trachomatis. Ele causa linfonodos inchados e dolorosos na
virilha e às vezes infecção do reto.
₋ Não tem nenhuma úlcera, porém possui um linfonodo enorme
que costuma fistulizar espontaneamente e causar uma
estenose uretral, e quando evolui para úlcera, é indolor e
autolimitada.
₋ Começa como uma bolha pequena e muitas vezes
imperceptível que cicatriza rapidamente. Depois os linfonodos
incham e se tornam sensíveis.
₋
CANCRO MOLE
₋ “Tudo ao contrário da sífilis”.
₋ É uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Haemophilus ducreyi que provoca feridas
genitais dolorosas e múltiplas.
Infecções Sexualmente Transmissíveis – Infectologia
Dr. Tiago Heringer
CANCRO DURO CANCRO MOLE
Treponemas pallidum Haemophilus ducrey
Período de incubação longo (21 a 30 dias) Período de incubação curto (3 a 7 dias)
Geralmente lesão única Geralmente lesões múltiplas
Erosão/exulceração Ulcerações
Bordas em rampa Borda talhada a pique
Fundo limpo e liso Fundo sujo, purulento e anfractuoso
Indolor Doloroso
Base dura Base mole
Evolui espontaneamente sem deixar cicatriz Não evolui espontaneamente e cura sem sequelas
Adenopatia constante, indolor, múltipla, dura e Adenopatia em 30 a 50% dos casos, dolorosa,
aflegmástica unilateral, supurativa, fistulizante através de orifício
único.
GONORRÉIA E CLAMÍDIA
₋ A cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar do
colo uterino).
₋ Agente etiológico: Neisseria gonorrhoeae.
₋ Tempo de incubação: 1 a 14 dias.
₋ Acomete 100 milhões de casos por ano.
₋ As cervicites são frequentemente assintomáticas (em torno de 70% a 80%). Nos casos sintomáticos, as
principais queixas são corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria.
₋ As principais complicações da cervicite por clamídia e gonorreia, quando não tratadas, incluem: dor
pélvica, DIP, gravidez ectópica e infertilidade.
₋ No brasil, faz uma abordagem sindrômica, em que orienta: o paciente possui secreção/descarga uretral,
deve ser abordado como uma síndrome de uretrite. Diante disso, o esquema terapêutico é feito com
ceprofloxacino OU ceftriaxona + azitromicina.
Deve-se tomar cuidado nessa abordagem, pois poderá tratar muito mal uma uretrite causada
por outro agente etiológico, ou uma ITU, ou uma prostatite. Logo o ideal, é colher amostras.