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Abordagem Sindrômica nas

Doenças Sexualmente
Transmissíveis

Profª. Karen Knopp de Carvalho


Disciplina de Enfermagem no Cuidado à Mulher
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 As DST facilitam transmissão sexual do HIV


 Podem causar graves complicações e morte
 Risco de transmissão para o feto
 Impacto psicológico nos portadores
 Impacto social
 Dados epidemiológicos são escassos
 São agravos vulneráveis a ações de
prevenção primária
Abordagem Sindrômica
 OMS -Genebra, 1984

 tratamento imediato e efetivo das doenças


sexualmente transmissíveis

 recomendação de utilização da
abordagem sindrômica no atendimento
aos portadores de DST em serviços de
atenção primária de saúde
Abordagem Sindrômica

 Fluxogramas esquema terapêutico a ser


adotado

 Esquemas antimicrobianos escolhidos


devem ser capazes de assegurar cobertura
para os principais patógenos responsáveis
por uma determinada síndrome numa área
geográfica específica
Abordagem Sindrômica

 Para usá-lo, o/a profissional identifica a


síndrome que se encontra no topo do quadro
e segue os passos, tomando as decisões de
acordo com os achados clínicos.

 Após o fluxograma de cada síndrome, são


apresentadas as notas explicativas
correspondentes a cada polígono de decisão
e ação.
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica

 Sífilis - doença infecciosa crônica causada


pelo Treponema pallidum.

 Transmissão: via sexual, transfusão de


sangue, parto.
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
 Sífilis - Se não tratada, progride tornando-se
crônica e com manifestações sistêmicas, isto
é, comprometendo várias partes do corpo.

Três fases:
 primária,
 secundária
 terciária.
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
 Sífilis – lesão primária – cancro duro - ferida
com bordas endurecidas e profundas com o
fundo macio e pouco dolorida.
Sífilis

 Pode ocorrer linfoadenomegalias (ínguas) na


região inguinal, concomitante, com a lesão
primária.

 O cancro leva em média 3 a 6 semanas para


se curar, podendo não deixar marca alguma.
Secundária
 -Sintomas: febre,
inflamação da garganta,
faringite, gânglios em várias
regiões do corpo, alopécia,
perda de peso, anorexia e
erupções cutâneas de
aspecto avermelhado ou
arroxeado, principalmente
nas palmas das mãos e
plantas dos
pés(roséolassifilíticas)
Terciária

 doenças
cardiovasculares,
cerebrais,
medula espinhal,
olhos, paralisias,
insanidade,
cegueira e até
mesmo a morte.
Sífilis
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
 Cancro mole - ulceração dolorosa, com a base mole,
hiperemiada (avermelhada), com fundo purulento e
de forma irregular que compromete principalmente a
genitália externa mas pode comprometer também o
ânus e mais raramente os lábios, a boca, língua e
garganta. Pode ocorrer infartamento ganglionar.
 Agente
Haemophilus ducreyi
 Tranmissão: sexo anal, vaginal ou oral
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
 Herpes Genital – caracteriza-se por lesões
vesiculosas agrupadas em “cacho”, sobre base
eritematosa, cujo aparecimento foi precedido
de aumento de sensibilidade, ardência, prurido.
Apresenta história de recorrência das lesões.
 Agente - Herpes simplex vírus (HSV-2)

 Manifestação: Relacionada à queda das


defesas imunológicas do organismo.
Herpes Genital
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica

 Linfogranuloma venéreo – caracteriza-se


pelo aparecimento de lesão de curta
duração, que se apresenta como uma úlcera
ou como uma elevação na pele. Não é
facilmente identificada pelos pacientes.
 Agente – Chlamydia trachomatis
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
 Linfogranuloma venéreo – Após a

cura da lesão primária, que


acontece geralmente entre duas a
seis semanas, surge um inchaço
doloroso dos gânglios na virilha ,
denominada bubão.
 Se esse inchaço não for tratado
adequadamente, evolui para o
rompimento espontâneo e formação
de feridas que drenam pus.
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
Lesões com
 Donovanose mais com
– inicia-se de 4ulceração
semanas? de
borda plana ou hipertrófica, bem delimitada,
com fundo granuloso, de aspecto vermelho
vivo e sangramento fácil.
 A evolução da ulceração é lenta, por isto,
suspeita-se de donovanose, em lesões com
mais de 4 semanas
 Agente – Klebsiella granulomatis
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica
 O quadro de entrada é o paciente com
queixa de úlcera genital
 Com história ou evidência de lesões
vesiculosas – herpes genital
 Lesões hiperemiada com bordas
endurecidas ou moles – cancro mole e sífilis
 Lesões com mais de 4 semanas – sífilis,
cancro mole e donovanose. Encaminhar para
realizar biopsia da lesão.
Úlceras Genitais – Abordagem
Sindrômica

 O tratamento do linfogranuloma venéreo


consiste no tratamento das feridas. São
utilizados medicamentos à base de
antibióticos que, entretanto, não
revertem seqüelas, tais como o estreitamento
do reto e a elefantíase dos órgãos sexuais.
 O parceiro também deve ser tratado.
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

 É a infecção da mucosa endocervical –


epitélio colunar no colo uterino.

Etiologia - Neisseria gonorrhoeae e a


Chlamydia trachomatis
Endocervicite – Abordagem Sindrômica
 Embora a infecção seja assintomática em 70-80%
dos casos, a mulher portadora de cervicite poderá
vir a ter sérias complicações se não for tratada.

 Uma cervicite prolongada, sem o tratamento


adequado, pode-se estender ao endométrio e às
trompas, causando Doença Inflamatória Pélvica –
DIP -, sendo a esterilidade, a gravidez ectópica e a
dor pélvica crônica, as principais seqüelas.
DIP – laparoscopia: útero e trompas
edemaciados
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

 Alguns sintomas genitais leves, como


corrimento vaginal, dispareunia, disúria,
podem ocorrer na presença de cervicite
mucopurulenta.
 O colo do útero pode ficar edemaciado,
sangrando facilmente ao toque da espátula.
Pode ser verificada a presença de mucopus
no orifício externo do colo.
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

 Não é possível fazer o diagnóstico no


momento da consulta.
 Por isso e pela à alta prevalência de
gonococos e clamídia nas endocervicites,
objetivando prevenir DIP e seqüelas,
justifica-se o tratamento combinado de
gonorréia e clamídia se houver sinais de
endocervicite ou se os critérios de risco
estiverem presentes.
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

Critérios de risco para infecção cervical:

 Parceiro/a com sintomas de DST


 Pessoa com múltiplos parceiros, sem
proteção de preservativo
 Pessoa acredita ter se exposto a DST
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

 Paciente com queixa de desconforto ou dor


pélvica;

 Dor a mobilização do colo e ao toque


vaginal;
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

 Mulheres com atraso menstrual, parto ou


aborto recente, com perda de sangue pela
vagina podem vir a desenvolver um quadro
grave e, portanto, devem ser encaminhadas
imediatamente para um serviço de
referência. Ao exame, verificar se existe
abertura do orifício cervical e/ou fragmentos
fetais residuais.
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

Outras possíveis causas da dor ou


desconforto pélvicos devem ser investigadas:

 infecções do trato urinário, endometriose,


varizes pélvicas, aderências pélvicas,
tumores pélvicos, alterações gastrointestinais
verminoses, constipação intestinal, doenças
da vesícula.
Endocervicite – Abordagem Sindrômica

 Se a paciente for usuária de DIU,


esse deve ser retirado.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 O Papilomavírus humano - HPV é um DNA-


vírus do grupo papovavírus, com mais de
100 tipos reconhecidos atualmente, 20 dos
quais podem infectar o trato genital.

 Estão divididos em grupos, de acordo com


seu potencial de oncogenicidade.
Lesões por HPV
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica
 Os tipos de alto risco oncogênico, quando
associados a outros co-fatores, têm relação
com o desenvolvimento das neoplasias intra-
epiteliais e do câncer invasor do colo do
útero, da vulva, da vagina e da região anal.

 Tipos de HPV de alto risco: 16, 18, 31, 33,


35, 39, 45, 46, 51, 52, 56,58, 59 e 68
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 A presença de alguns tipos de HPV é


encontrada em cerca de 95% dos casos do
câncer de colo de útero, mas existem
inúmeros tipos de HPV com baixo potencial
de oncogenicidade e o desenvolvimento ou
não das lesões precursoras - Lesões
Intraepiteliais Cervicais
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 A realização de exames preventivos do


câncer do colo uterino periodicamente é a
medida mais efetiva para o controle das
lesões induzidas pelo HPV, evitando o
desenvolvimento do câncer.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica
 A infecção é de transmissão freqüentemente
sexual, apresentando-se na maioria das
vezes de forma assintomática ou como
lesões subclínicas (inaparentes).

 As lesões clínicas, quando presentes podem


ser planas ou verrugosas, também
conhecidas como condiloma acuminado,
verruga genital ou crista de galo.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 Na forma clínica condilomatosa as lesões


podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou
difusas e de tamanho variável, localizando-
se, mais freqüentemente, na vulva, no
períneo, na região perianal, na vagina e no
colo do útero.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 Menos freqüentemente podem estar


presentes em áreas extragenitais como
conjuntivas, mucoso-nasal, oral e laríngea.

 Dependendo do tamanho e localização


anatômica, podem ser dolorosos, friáveis
e/ou pruriginosos.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica
 O objetivo principal do tratamento da infecção pelo
HPV é a remoção das lesões condilomatosas, o que
leva a cura na maioria dos/as usuários/as.

 Nenhuma evidência indica que os tratamentos


disponíveis erradicam ou afetam a história da
infecção natural do HPV.

 Se deixados sem tratamento, os condilomas podem


desaparecer, permanecerem inalterados ou
aumentar em tamanho ou número.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 Após o tratamento de lesões cervicais a


citologia oncológica deve ser realizada a
cada 3 meses, por 6 meses, em seguida, a
cada 6 meses, por 12 meses e após este
período, anualmente, se não houver
recorrência.
Papilomavírus Humano (HPV) –
Abordagem Sindrômica

 Os parceiros sexuais devem ser buscados,


pois podem ser transmissores do condiloma
para outras parceiras sexuais.

 Devem ser informados de que podem ser


infectantes mesmo na ausência de lesões
visíveis.
Rastreio de câncer cérvico-uterino em
mulheres que tem ou tiveram DST
 Mulheres com história ou portadoras de DST
apresentam risco maior para câncer cérvico-
uterino e para outros fatores que aumentam
este risco.
 Estudos de prevalência mostram que as
lesões precursoras de câncer cérvico-uterino
são 5 vezes mais freqüentes em mulheres
portadoras de DST do que naquelas que
procuram outros atendimentos em saúde
como, por exemplo, o planejamento familiar.
Rastreio de câncer cérvico-uterino em
mulheres que tem ou tiveram DST

 A colpocitologia deve ser realizada a cada


três anos, após duas colpocitologias
consecutivas negativas, com intervalo de um
ano em mulheres sexualmente ativas.
Rastreio de câncer cérvico-uterino em
mulheres que tem ou tiveram DST

 Ao atender a portadora de DST, o


profissional da saúde deve perguntar sobre o
resultado de seu último CP e a época em
que foi realziada.
Rastreio de câncer cérvico-uterino em
mulheres que tem ou tiveram DST
Se a paciente portadora de DST não se
submeteu a uma colpocitologia nos últimos 12
meses:
 A coleta deverá ser realizada tão logo a DST seja
controlada;
 Se a DST é uma infecção pelo HPV, a coleta deve
fazer parte do exame ginecológico;
 A coleta deve ser feita quando a paciente não
souber informar sobre o resultado do teste, seja por
desinformação ou por não ter buscado o resultado.
Considerações Importantes

 A colpocitologia não é um rastreamento


efetivo para diagnóstico de DST;
 Se a mulher estiver em período menstrual, a
coleta deve ser adiada;
 A presença de colpites, corrimentos ou
colpocervicites pode comprometer a
interpretação da citologia. Nesses casos a
mulher deve ser tratada e após encaminhada
para a coleta;
Considerações Importantes

 Se for improvável o seu retorno, a


oportunidade de coleta não deve ser
desperdiçada;

 Nesse caso o excesso de secreção pode ser


retirado com algodão ou gase, embebido em
soro fisiológico;
Considerações Importantes

 Mulheres histerectomizadas não demandam


rastreio rotineiro de câncer cérvico-uterino, a
menos que a histerectomia tenha sido sub
total ou causada por câncer cervical ou seu
precursores;
 Uma boa amostra citológica é aquela com
ecto e endocervix e com fixação logo após o
esfregaço;
Considerações Importantes

 Nas mulheres grávidas deve-se proceder


somente a coleta ectocervical.

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