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Cervicite

Uretrite
Vaginose
Alunas: Brunna Bernardi e
Eduarda Gonçalves
Cervicites e uretrites
Conceito
→ CERVICITES: é a inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar do colo uterino),
geralmente de causa infecciosa (gonocócicas e ou não gonocócicas), e outros agentes menos
usuais, tais como bactérias aeróbicas e anaeróbicas, Trichomonas vaginalis, Mycoplasma
hominis, Ureaplasma urealiticum, vírus do herpes simples (HSV), citomegalovírus (CMV) e
adenovírus.

→ A maioria dos casos de cervicites é assintomática.

→ A ausência de sintomas dificulta o seu diagnóstico e favorece as inúmeras complicações


advindas de quadros, como endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP), desfechos
adversos para gestantes e recém-nascidos, incluindo ainda maior risco de aquisição do vírus
da imunodeficiência humana (HIV) e do câncer cervical.
Conceito
→ URETRITES: são ISTs caracterizadas por inflamação da uretra acompanhada
de corrimento, apresentando características epidemiológicas, clínicas,
etiologia e fatores de risco muito semelhantes aos das cervicites.

→ Os principais microrganismos associados as uretrites são a N. gonorrhoeae


e a C. trachomatis. Outros agentes, como T. vaginalis, U. urealyticum,
enterobactérias (nas relações anais), M. genitalium, HSV e infecções não
sexualmente transmissíveis como adenovírus e Candida spp. são menos
frequentes.
Etiologias
● Chlamydia trachomatis (CT):
- Bactéria Gram-negativa, intracelular obrigatória.
- É IST mais comum causada por bactéria em todo o mundo, superando a
infecção gonocócica e a sífilis.
- Possui alto grau de morbidade e potencial de complicação (de trabalho
de parto prematuro, endometrite puerperal, DIP aguda, esterilidade
conjugal e dor pélvica crônica).
- Quase sempre é assintomática em 70%.
- Quando apresenta quadro clínico, podem ocorrer: colo edemaciado,
hiperemiado, com mucorreia (eventualmente purulenta), friável;
acentuação do ectrópio (mácula rubra), dor no ato sexual e à mobilização
do colo uterino ao exame ginecológico, dor cônica, que pode sugerir
comprometimento do trato genital acima do orifício interno do colo
uterino.
Etiologias
● Neisseria gonorrhoeae:
- Prevalência muito menor que a Chlamydia, porém atinge cerca de 1% a
2% da população feminina.
- É uma bactéria diplococos Gram-negativa, não flagelada, não formadora
de esporos, encapsulada, e anaeróbia facultativa.
- A gonorreia é uma DST que pode acarretar sequelas, como infertilidade,
gravidez ectópica, DIP, trabalho de parto prematuro.
- Em decorrência do processo inflamatório desencadeado, a cervicite por
NG costuma ser quase sempre muito mais exuberante e sintomática.
- Os sinais inflamatórios mais importantes
são:

→ Exsudato purulento ou mucopurulento


endocervical visível no canal.

→ Sangramento endocervical facilmente


induzido pela passagem suave de um cotonete
ou escovinha através do orifício endocervical.
O colo fica edemaciado e aumenta seu
volume, ficando com aspecto congesto. → Fluxo vaginal anormal ou disúria;

→ Corrimento e/ou sangramento vaginal → Bartholinite;


irregular no período intermenstrual e
sangramento pós-coito; → Doença inflamatória pélvica.
Etiologias
● Mycoplasma:
- Os micoplasmas e os ureaplasmas são bactérias cuja maioria das
espécies é considerada apenas comensal para o ser humano. Entretanto,
o Ureaplasma urealyticum e o Mycoplasma hominis são conceituados
como micoplasmas genitais patogênicos e são considerados também
germes oportunistas, por causarem infecção em populações suscetíveis,
principalmente em imunodeprimidos.
- Os micoplasmas podem ser encontrados em até 8% e 41% em mulheres
assintomáticas sexualmente ativas. Estão claramente relacionados à
atividade sexual e aos hormônios sexuais
Os sinais e sintomas incluem:

- Dispareunia
- disúria
- polaciúria
- infecção urinária e genital
- Corrimento vaginal incaracterístico
- Descarga uretral de material com características purulentas
- Graus variados de cervicite.
Etiologias
● HSV e CMV:
- Pertencem à família Herpesviridae, são vírus DNA que podem ser
diferenciados por técnicas imunológicas.

- HSV tipo 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) podem provocar lesões em qualquer parte


do corpo mas há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas
lesões periorais.
- Na maioria das vezes, costumam ser de caráter
assintomático ou oligossintomático.
- Após a infecção genital primária por HSV-2 ou HSV-
1, respectivamente, 90% e 60% dos pacientes
desenvolvem novos episódios após um ano, por
reativação dos vírus.
- Episódios de febre, exposição à radiação
ultravioleta, traumatismos, menstruação, estresse
físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e
imunodeficiência podem preceder reativação.
- O quadro clínico das recorrências é menos intenso
que o da primeira infecção, apresentando sintomas
como prurido, mialgias, além da sensibilidade no
local.
- Cervicites por CMV representaram 7,6% dos casos em um grande estudo
transversal, sendo significativamente mais observado em pacientes com
HIV positivo.
- A cervicite com CMV diagnosticada histologicamente é rara, com
relatórios limitados a casos individuais ou a um pequeno número de
casos.
Etiologias

● Trichomonas vaginalis:
- Trichomonas vaginalis é um protozoário.
- Tem sido associado à inflamação cervical e a maior
risco de transmissão de HIV.
- A infecção por T. vaginalis quase sempre propicia
intensas alterações inflamatórias em esfregaços
de Papanicolaou.
Diagnóstico
- Nos casos sintomáticos, as principais queixas são corrimento vaginal,
sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria.
- Ao exame físico, podem estar presentes dor à mobilização do colo
uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e
sangramento ao toque da espátula ou swab.
- Quanto às uretrites, estas também podem ser assintomáticas ou
acompanhadas de corrimento uretral com aspecto que varia de mucoide
a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral
(independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e
dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral.
Diagnóstico laboratorial
- PCR e a detecção de DNA e ampliação do sinal (captura híbrida) são testes mais sensíveis do
que a cultura para o diagnóstico de cervicite e uretrite por CT/NG.
- Cultura: é considerado o teste de referência para a detecção de CT.
- Bacterioscopia de secreção endocervical: swab endocervical disposto em esfregaço corado
pelo Gram. Procurar diplococos Gram (-) no citoplasma de polimorfonucleares neutrófilos.
- Imunofluorescência direta: o uso de anticorpos poli/monoclonais conjugados com
substâncias fluorescentes, como a fluoresceína, identifica componentes da membrana externa
da clamídia.
- Métodos imunoenzimáticos: os testes EIA e ELISA permitem a pesquisa de CT em grande
número de amostras. Têm menor sensibilidade que a cultura celular e os métodos de biologia
molecular.
- Detecção de anticorpos: a pesquisa de anticorpos tem valor diagnóstico nas infecções
complicadas, como linfogranuloma venéreo, tracoma, endometrite, salpingite, periepatite,
síndrome de Reiter e pneumonia. Não é usada em diagnóstico de infecções superficiais como
uretrite e cervicite.
Tratamento
● Chlamydia trachomatis (CT):

Recomendação do Ministério da Saúde do Brasil

- Azitromicina 500 mg, dois comprimidos, via oral (VO), em dose única (DU);
- Doxiciclina 100 mg, VO, duas vezes ao dia, por sete dias (exceto gestantes);
- Amoxicilina 500 mg, VO, três vezes ao dia, por sete dias.

Tratamento das gestantes

- Azitromicina, 1g VO, em DU;


- Eritromicina, 500 mg VO, de 6 em 6 horas, por sete dias, ou a cada 12 horas, por 14 dias;
- Amoxicilina, 500 mg VO, de 8 em 8 horas, por sete dias (melhor tolerância gastrointestinal se
comparada à eritromicina).

Observações

- Amoxicilina não é efetiva na infecção crônica;


- Tetraciclinas e doxiciclina são contraindicadas na gravidez;
- Na gestação, deve-se colher teste de controle após três semanas do fim do tratamento, para
confirmar êxito terapêutico.
Tratamento
● Neisseria gonorrhoeae:

Considerando-se a possibilidade da associação da N. gonorrhoeae e C. trachomatis e a


dificuldade prática do diagnóstico, recomenda-se o tratamento de ambas:

- Ciprofloxacino 500 mg, VO, DU, + azitromicina 500 mg, dois comprimidos, VO, DU;
ou ceftriaxona 500 mg, intramuscular (IM), DU, + azitromicina 500 mg, dois
comprimidos, VO, DU;
- Ciprofloxacino é contraindicado em gestantes e menores de 18 anos, sendo a
ceftriaxona o medicamento de escolha;
- Ciprofloxacino está contraindicado nos estados do RJ, MG e SP, substituindo o
tratamento pela ceftriaxona, devido à circulação de cepas de gonococos
resistentes;
- Na indisponibilidade de ceftriaxona, usar cefalosporina de terceira geração, como a
cefotaxima 1.000 mg IM, DU;
Tratamento
Tratamento das gestantes

- Estearato de eritromicina 500 mg, VO, de 6 em 6 horas, por 10 dias;


- Ampicilina 3,5g, em DU, VO, precedido de probenecida, 1g em DU;
- Amoxicilina 3g, em DU, VO, precedido de probenecida, 1g em DU.
Tratamento
● Infecções por Micoplasmas:

Opções terapêuticas (usar apenas uma das opções):

- Doxiciclina: 100 mg – duas vezes ao dia por sete dias;


- Tetraciclina: 500 mg – quatro vezes ao dia por sete dias;
- Eritromicina: 500 mg – quatro vezes ao dia por sete dias;
- Levofloxacino ou ciprofloxacino: 500 mg por dia por sete dias;
- Azitromicina: 1 g DU, ou 500 mg por dia por cinco dias.
Recomendações
- Todos os parceiros dos pacientes devem ser tratados para NG/CT se o
último contato foi antes do diagnóstico.
- Pacientes com sintomas persistentes devem ser testados para
suscetibilidade antimicrobiana do gonococo.
- Pacientes de risco e viventes em área de alta prevalência devem ser
submetidos à triagem de rotina.
- Na gravidez – triagem de rotina para a NG/CT.
Vaginose
Conceito
- É uma infecção do trato reprodutivo, no qual o meio ambiente vaginal
fisiológico, composto primordialmente por Lactobacillus, encontra-se
alterado, assim, possibilitando a proliferação de outros microrganismos
e podendo estar associado a processo inflamatório (vaginites) ou sem
evidências de inflamação (vaginoses).
- Responsável por aproximadamente 40% das consultas nos consultórios.
Sintomas
- Corrimento vaginal → variável
- Odor desagradável
- Prurido
- Sensação de ardor e/ou queimação
- Disúria
- Dispareunia
Etiologia
- Vaginose bacteriana: estado de desequilíbrio da flora vaginal. →
principais agentes: Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera,
Leptotrichia, Sneatia, Bi dobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasmas.

- Candidíase: processo inflamatório vaginal causado pela proliferação de


fungos. → principais agentes: Candida albicans (85% a 95% dos casos);
outras espécies de Candida como a glabrata, tropicalis, parapsilosis,
guilliermondii (10% dos casos.)
- Tricomoníase: IST causada pelo parasita flagelado Trichomonas vaginalis.

- Vaginose citolítica: Causada pela excessiva proliferação de Lactobacillus,


pela redução do pH vaginal e pela citólise → Os fatores desencadeantes
são desconhecidos.
Fisiopatologia
Vaginose bacteriana

- As bactérias associadas a essa patologia alteram a resposta imune local, o


que torna o meio vaginal imunossuprimido → o que acarreta em um local
suscetível a outros agentes (HPV e HIV)
- Relaciona-se a distúrbios do trato reprodutor:
- Aumento da taxa de infecção por HIV
- Aumento da possibilidade de aquisição de agentes sexualmente transmissíveis
- Aumenta o risco de infertilidade
- Riscos no pós-parto: Prematuridade, abortamento espontâneo, baixo peso ao nascer e
endometrite pós-parto
Candidíase vaginal

- A Candida albicans pode fazer parte da flora vaginal em baixas doses


- Estudos não comprovam o motivo mas essa bactéria passa de saprófita
para o estado infeccioso → levando a invasão do epitélio vaginal,
respostas inflamatórias e aparecimento dos sintomas
- Produzem enzimas proteolíticas → aderência → dano
- Possuem a capacidade de formação de biofilmes → facilita recidiva
Tricomoníase

- Trichomonas penetra na vagina e adere a parede da vagina através da


ligação da proteína de sua superfície à membrana das células
- O parasita adquire nutrientes do meio externo
- Trichomonas provoca resposta inflamatória → facilita a aquisição de
outras infecções
Vaginose citolítica

- Mecanismo ainda não muito bem compreendido → Relacionado ao pH


- Aumento dos Lactobacillus aumenta o processo citolítico → o produto
dessa degradação gera os sintomas
Diagnóstico e tratamento
Vaginose bacteriana

- Sintomas: Corrimento de intensidade variável com odor fétido (peixe


podre) que pioram durante a menstruação ou intercurso sexual
desprotegido.
- Ao exame: Conteúdo vaginal de aspecto homogêneo com coloração
esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada.
- Tratamento:
- Metronidazol 500mg VO 12/12 horas por sete dias
- Metronidazol gel 0,75% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar durante cinco dias
Candidíase vaginal

- Sintomas: prurido, corrimento, disúria e dispareunia.


- Ao exame: hiperemia da mucosa vaginal e presença de conteúdo vaginal
esbranquiçado ou amarelado, em quantidade variável, de aspecto uido,
espesso ou ocular
- Tratamento:
- Candidíase não complicada: tópico → derivados imidazólicos: fenticonazol, miconazol;
sistêmico → fluconazol ou itraconazol
- Candidíase complicada: tratamento tópico por 7 a 14 dias ou por VO ( fluconazol 150 mg,
total de três doses com intervalos de três dias)
- Após a remissão: um comprimido de uconazol (150 mg) uma vez por semana,
durante seis meses
Tricomoníase

- Sintomas: corrimento amarelado ou amarelo-esverdeado, coceira, odoor


forte, irritação vulvar e disúria
- Tratamento: metronidazol 2g por VO em dose única ou tinidazol 2g por
VO em dose única
- Recomenda-se a pesquisa de outras infecções de transmissão sexual
Vaginose citolítica

- Por não conhecer a etiologia exata, não há tratamento específico.


- Recomenda-se a utilização de medidas que alcalinizam o meio vaginal,
como uso de duchas vaginais com bicarbonato de sódio. →
principalmente no período menstrual.
Referências
- https://www.febrasgo.org.br/images/pec/Protocolos-assistenciais/Protoco
los-assistenciais-ginecologia.pdf/NOVO_Vaginites-e-Vaginoses.pdf

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