Você está na página 1de 36

Infecções genitais na gravidez

SAÚDE DA MULHER I
Curso: Medicina
7º período
Profa.: Dra. Gabriela Chaves
Infecções genitais na gravidez

• Infecções oportunistas
Microbiota
normal da vagina

• IST
Novos
microorganismos
por contato sexual
Vulvovaginites
• Infecções que acometem a vulva e vagina
• Trabalho de parto prematuro
• Ruptura prematura de membranas
• RN de baixo peso
• Corioamnionites
Tricomoníase na gestação
• Protozoário flagelado - Trichomonas vaginalis
• Afinidade pelo trato urinário e epitélio vaginal
de mulheres com pH >6
• O homem é o único hospedeiro
• Homens: uretrite, epididimite ou prostatite
• Mulheres: corrimento vaginal, verde-
amarelado, com odor desagradável, podendo
ter associação com irritação vulvar
• Maioria são assintomáticos ou sintomas leves
• Prevenção – preservativo!
Tricomoníase
• Maior risco de aquisição do HIV
• Parto prematuro
• Ruptura prematura de membranas
• Infecção do trato respiratório do
recém-nascido
Tricomoníase
• Diagnóstico na gestação:
- Microscopia de preparação a fresco
- Testes point-of-care (POC) de detecção de
antígeno
- Culturas laboratoriais
- NAAT (do inglês nucleic acid amplification
test): detecta o DNA ou RNA específico de
T. vaginalis.
Tricomoníase
• Tratamento:
- Metronidazol 2g, VO, DU
- Tinidazol deve ser evitado em mulheres grávidas, e a
amamentação deve ser adiada por 72 horas após dose única de
2g VO
Candidíase vulvovaginal na gestação
• Causada por um fungo comensal que
habita as mucosas vaginal e digestiva e
cresce quando o meio se torna favorável a
seu desenvolvimento
• A relação sexual não é a principal forma de
transmissão!
• Agentes: Candida albicans, C. tropicalis, C.
glabrata, C. krusei, C. parapsilosis
Candidíase vulvovaginal na gestação
• Prurido e eritema vulvovaginal
• Corrimento branco e espesso com
aspecto caseoso
• Disúria, dispareunia
• Edema e fissuras na região vulvar
Candidíase vulvovaginal na gestação
• Diagnóstico:
- clínico- características dos sintomas
- pH vaginal, que se encontra na faixa de
normalidade entre 4 e 4,5
- aspecto e ausência de odor da secreção
- identificação de leveduras e hifas no exame
microbiológico
- microscopia direta- esfregaço com número
elevado de células epiteliais, esporos, micélios
e leucócitos
- adição de KOH- elementos fúngicos
Candidíase vulvovaginal na gestação
• Tratamento mais indicado é por via vaginal
• Fluconazol foi relacionado a abortamento e teratogenicidade
• Clotrimazol (categoria B) – 500mg, 1 comprimido via vaginal,
DU
• Butoconazol (categoria C) – 20mg/g, introduzir um aplicador via
vaginal, DU
• Miconazol (categoria C) - 20mg/g, introduzir um aplicador via
vaginal à noite por 7 dias
• Nistatina (categoria C) - 25.000 unidades/g – introduzir um
aplicador via vaginal à noite por 14 dias)
Vaginose bacteriana
• Pode estar relacionado a parto prematuro, a corioamnionite e a aquisição de
DST
• Associada a múltiplos parceiros, ao não uso de preservativo, a falta de
lactobacilos vaginais e ao uso de duchas vaginais
• Presença de 3 critérios diagnósticos:
- Corrimento fino, brancacento ou acinzentado que reveste finamente a parede
vaginal; Presença das células indicadoras (clue cells) na avaliação microscópica
- pH da secreção vaginal >4,5; Odor característico de peixe antes ou após o teste
de KOH a 10%
Vaginose bacteriana
• Tratamento:
- Metronidazol: 500mg VO,12/12h, por 7 dias
- Metronidazol: gel a 0,75% intravaginal, uma vez ao dia, por 7 a
10 dias
- Clindamicina: creme, a 2% intravaginal, ao deitar-se, por 7 dias
Gonorreia na gestação
• IST causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae
• Acomete o revestimento da uretra, do colo do útero, do reto e da
garganta ou conjuntiva e córnea
• Altas taxas de coinfecção com a clamídia
Gonorreia na gestação
• Complicações:
- DIP
- Esterilidade
- Gravidez ectópica
- Dor pélvica crônica
- Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis > peritonite, abscessos
pélvicos ou peri-hepatite devido à disseminação
gonocócica secundária à salpingite aguda
- Gestação > prematuridade, ruptura prematura de
membranas, perda fetal e embrionária e restrição do
crescimento intrauterino
- RN > conjuntivite, pneumonite intersticial atípica,
bronquite e otite média
Gonorreia na gestação
• Tratamento:
- Ceftriaxona 250mg, IM, DU + Azitromicina 1g, DU
Úlceras genitais na gestação
➢ Cancro mole
• IST causada por um gram-negativo – Haemophilus ducreyi
• Apresentam lesões na genitália externa ou na região perineal ou
anal
• Lesão macular ou vesiculosa que evolui para ulceração em curto
período; é dolorosa com odor fétido
• Diagnóstico é clínico
Úlceras genitais na gestação
➢ Herpes genital
• Frequentemente apresenta transmissão
sexual
• HSV-1 e o HSV-2
• Infecção primária: acomete pacientes que
não possuem anticorpos anti-HSV1 ou
anti-HSV2; período de incubação de 2 a
12 dias; prurido, ardor, dor, formigamento
ou aumento da sensibilidade no local de
inoculação; depois surgem pequenas
vesículas agrupadas de conteúdo citrino
que se rompem e formam úlceras
confluentes e dolorosas de fundo limpo
Úlceras genitais na gestação
➢ Herpes genital
• Infecção não primária: acomete pacientes
com anticorpos anti-HSV-2 preexistentes;
apresentam menos manifestações
sistêmicas e menor quantidade de lesões,
alguns casos são assintomáticas; ocorre
reativação do sorotipo de HSV
previamente infectado, que estava latente
Úlceras genitais na gestação
➢ Herpes genital
• Complicações: meningite herpética, disfunção do sistema
nervoso autônomo sacral com retenção urinária e mielite
transversa
• Diagnóstico diferencial deve ser feito com lesão primária de
sífilis e cancroide
• Diagnóstico: clinico
- Cultura viral
- Reação de cadeia de polimerase (PCR)
- Sorologia: identifica o anticorpo específico para HSV-1 e HSV-2
(IgM e IgG)
- Citologia
Úlceras genitais na gestação
➢ Herpes genital
• Tratamento:
- Infecção primária:
Aciclovir: 400mg, três vezes ao dia, ou 200mg, cinco vezes ao dia,
VO, por 7 a 10 dias
Fanciclovir: 250mg, 8/8h, VO, por 7 a 10 dias
Valaciclovir: 1g, 12/12h, VO, por 7 a 10 dias

- Se episódios de recorrência:
Aciclovir: 800mg, 8/8h por 2 dias ou 800mg 12/12h por 5 dias
Fanciclovir: 1g, 12/12h por 1 dia ou 125mg 12/12h por 5 dias
• Valaciclovir: 500mg, 12/12h por 3 dias ou 1g/ dia por 5 dias
Úlceras genitais na gestação
• Se infecção primária no 3º trimestre está contraindicado parto via
vaginal!
- Aciclovir 400mg 8/8h por 7 a 10 dias
• Se RPMO pré-termo: corticoide para amadurecimento pulmonar
e aciclovir endovenoso, 5mg/kg a cada 8/8h
Úlceras genitais na gestação
➢ Sífilis
• Causada por uma bactéria gram-negativa
espiroqueta denominada Treponema pallidum
• Lesões primárias (úlceras genitais),
secundárias (mucocutâneas e linfáticas) ou
terciárias (cardíacas, cutâneas ou no SNC)
• Precoce: antes de 1 ano
• Tardia: quando se deu há mais de 1 ano
• Desconhecida, quando não se tem
informação sobre o início da infecção
• SNC - neurossífilis, podendo ocorrer em
qualquer um dos estágios
Úlceras genitais na gestação
• Sífilis primária :
- Após o contato com a lesão infectada há um período de
incubação de aproximadamente 21 dias
- Úlcera, indolor, sem bordas elevadas, com leito endurecido, liso
e limpo, não exsudativo - cancro duro, que tem remissão
espontânea após 3 a 6 semanas
Úlceras genitais na gestação
• Sífilis secundária
- Após algumas semanas a meses da remissão do cancro duro,
pode iniciar algumas manifestações sistêmicas - rash cutâneo
simétrico, macular ou papular, porém sem vesículas, difuso,
acometendo geralmente tronco e extremidades (roséolas)
Úlceras genitais na gestação
• Sífilis tardia
- Após período de latência de 3 a 12 anos de
infecção, as manifestações clínicas voltam a
ocorrer de forma generalizada com grande
morbidade e mortalidade
- Lesões cutaneomucosas (tubérculos ou
gomas), neurológicas, cardiovasculares
(aneurisma aórtico) e articulares (artropatia
de Charcot)
Úlceras genitais na gestação
➢ Sífilis
• Diagnóstico padrão-ouro: análise em campo escuro do exsudato
ou tecido das lesões para detecção de T. pallidum
• Diagnóstico presuntivo: testes sorológicos
- não treponêmico (VDRL)
alta sensibilidade e baixa especificidade
método de escolha para acompanhamento e controle de cura
- treponêmico (FTA-ABS)
altas sensibilidade e especificidade
não devem ser usados para o controle de cura
Úlceras genitais na gestação
➢ Sífilis
Úlceras genitais na gestação
➢ Sífilis
• Tratamento:
- Sífilis primária ou latente recente: Penicilina G benzatina, 2,4 milhões
UI, IM, DU
- Sífilis tardia, terciária ou desconhecida: Penicilina benzatina, 7,2 UI no
total, administrada em 3 doses de 2,4 milhões UI, IM, com intervalo de
1 semana
- Neurossífilis:
Penicilina G cristalina na dose de 2,4 milhões de unida-des, intravascular,
a cada 4 horas por 14 dias.
Penicilina G procaína na dose de 2,4 milhões de uni-dades DM ao dia, por
14 dias, associada à probenecida 500mg VO a cada 6 horas por 14 dias.
Úlceras genitais na gestação
➢ Sífilis
• Monitorização pós-tratamento:
seguimento sorológico quantitativo por
6 e 12 meses (VDRL)
• “Cicatriz sorológica” está relacionada
com titulações menores do que 1:8 no
VDRL
• Tratamento de parceiros sexuais: se
contato sexual foi a menos de 90 dias
Úlceras genitais na gestação
➢ Linfogranuloma venéreo
• Causado pela Clamidia trachomatis
• Infecção primária: caracteriza-se por úlcera ou
reação inflamatória na mucosa do local de
inoculação (bucal, genital, anal, colo de útero)
com período de incubação de 3 a 12 dias
• Infecção secundária: em 2 a 6 semanas após o
aparecimento da úlcera se inicia um processo
inflamatório na cadeia de linfonodos de drenagem
do sítio de infecção primária, geralmente
unilateral. – bubão
• LGV tardio: nos casos não tratados, pode evoluir
para fibrose, estenose e fístula, principalmente na
região perianal e na orofaringe
• Diagnóstico é laboratorial
Úlceras genitais na gestação
➢ Linfogranuloma venéreo
• Tratamento
- Doxiciclina: 100mg VO, a cada 12 horas, por 21 dias (categoria
D!!!!)
- Eritromicina: 500mg VO, a cada 6 horas, por 21 dias
- Tratar os parceiros que tiveram contato sexual até 60 dias antes
do aparecimento dos sintomas com Azitromicina 1g, DU
Infecção pelo HPV na gestação
• Papilomavírus humano
• Transmissão: qualquer tipo de atividade sexual e,
excepcionalmente, durante o parto
• Quase todas as pessoas sexualmente ativas adquirirá
a infecção em algum momento de suas vidas!!!

• Sintomas: maioria ASSINTOMÀTICAS


-1% a 2% verrugas anogenitais
- 2% a 5% alterações no exame preventivo de colo do
útero provocadas por infecção pelo HPV
• Prevalência: é maior em mulheres abaixo dos 30
anos. A maioria das infecções por HPV em
mulheres (sobretudo quando adolescentes) tem
resolução espontânea, em um período aproximado
de até 24 meses
Infecção pelo HPV
• Diagnóstico:
- Exame ginecológico completo
- Exame preventivo de câncer de colo do
útero
- Se necessário – colposcopia + biópsia
- Se lesões anais - exame proctológico
com anuscopia e toque retal
Infecção pelo HPV na gestação
• A gestação pode alterar a evolução natural da infecção pelo
HPV, acelerando seu processo de patogênese
• A transmissão vertical pode dar-se por via hematogênica e
transplacentária por progressão ascendente ou no canal de parto
• Diagnóstico é clínico
Bibliogarfia
• MANUAL DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA –
SOGIMIG – 6ª edição, 2017.
• REZENDE, Jorge - Obstetrícia Ed. Guanabara Koogan, 11ª
edição, 2010.
• ZUGAIB, Marcelo – Obstetrícia. Ed. Manole, 2a edição,2012

Você também pode gostar