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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DOENÇAS EMERGENTES E
REEMERGENTES NA
REALIDADE BRASILEIRA
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 18

Brasília – DF
2023 
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DOENÇAS EMERGENTES E
REEMERGENTES NA
REALIDADE BRASILEIRA
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 18

Brasília – DF
2023 
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Hishan Mohamad Hamida – Conasems Juliana de A. Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Leandro Raizer – UFRGS Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Roberta Shirley A. de Oliveira – MS
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Rodrigo dos Santos Santana – MS Colaboração:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Antonio Jorge de Souza Marques –
Edifício PO 700, 4º andar Conasems
Direção técnica:
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Daniela Riva Knauth - UFRGS
Rodrigo dos Santos Santana – MS
Tel.: (61) 3315-3394 Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
E-mail: sgtes@saude.gov.br Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Organização:
Núcleo Pedagógico do Conasems Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
Secretaria de Atenção Primária à Saúde: Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Departamento de Saúde da Família Conasems
Supervisão-geral:
Esplanada dos Ministérios Bloco G, Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
Rubensmidt Ramos Riani
7º andar Rosângela Treichel – Conasems
CEP: 70058-90 – Brasília/DF Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
Coordenação técnica e pedagógica:
Tel.: (61) 3315-9044/9096
Cristina Fatima dos Santos Crespo
E-mail: aps@saude.gov.br Valdívia França Marçal Assessoria executiva:
Conexões Consultoria em Saúde LTDA
Secretaria de Vigilância em Saúde: Elaboração de texto: Antonio Jorge de Souza Marques
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Ana Amélia Nascimento da Silva Bones
Edifício PO 700, 7º andar Coordenação de desenvolvimento gráfico:
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Revisão técnica: Cristina Perrone – Conasems
Tel.: (61) 3315.3874 Andréa Fachel Leal– UFRGS
E-mail: svs@saude.gov.br Diogo Pilger – UFRGS Diagramação e projeto gráfico:
Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Aidan Bruno – Conasems
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS Fabiana Schneider Pires – UFRGS Alexandre Itabayana – Conasems
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems
José Braz Damas Padilha – SVS/MS Bárbara Napoleão – Conasems
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B,
Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Lucas Mendonça – Conasems
Sala 144
Patrícia Campos – Conasems Ygor Baeta Lourenço – Conasems
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF
Rubensmidt Ramos Riani – SGTES/MS
CEP: 70058-900
Fotografias e ilustrações:
Tel.:(61) 3022-8900
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Núcleo Pedagógico do Conasems
Rua Professor Antônio Aleixo, 756
Imagens:
CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG
Freepik, Brasil Escola e Wikipédia
Tel: (31) 2534-2640

Revisão ortográfica:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
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Porto Alegre - Rio Grande do Sul Keylla Manfili Fioravante
CEP: 90040-060
Tel: (51) 3308-6000 Normalização:
Ficha Catalográfica XXX – Editora MS/CGDI

Brasil. Ministério da Saúde.


Doenças emergentes e reemergentes na realidade brasileira [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias
Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.
xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 16)

Modo de acesso: World Wide Web: xxx


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2.Doenças emergentes e reemergentes. 3. Doenças Arboviroses. I. Conselho Nacional de Secretarias
Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx


Título para indexação:
Emerging and re-emerging diseases in the Brazilian reality
BEM-VINDA (0)!
Este é o seu e-book da disciplina Doenças Emergentes e
Reemergentes na Realidade Brasileira. Nele, iremos refletir sobre as
doenças emergentes e reemergentes, como um problema real ou
potencial de saúde pública no século XXI no Brasil. Refletiremos
também sobre quais os fatores biológicos, clínicos, epidemiológicos,
econômicos e sociais da emergência ou reemergência de patógenos,
bem como, os aspectos relevantes sobre sífilis, sarampo, COVID-19,
influenza, tuberculose, HIV e arboviroses, como doenças emergentes
ou reemergentes no Brasil.
Você, Agente de Saúde, vai perceber a importância do seu papel na
promoção da saúde, como, por exemplo, no trabalho de controle de
vetores e no incentivo da vacinação nas comunidades, no processo
de trabalho, no cuidado em não revelar o diagnóstico do paciente
sem sua autorização ou de seu responsável para garantir o direito da
confidencialidade do paciente.
Estude este material com atenção e consulte-o sempre que
necessário! Acompanhe também a aula interativa, a teleaula e realize
as atividades propostas para assimilar as informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE | Agente de Combate às Endemias

ACS | Agente Comunitário de Saúde

BCG | Bacilo de Calmette e Guérin

CMS | Conselho Municipal de Saúde

COVID-19 | Doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2

HIV/AIDS | Human Immunodeficiency Virus

ISTs | Infecções Sexualmente Transmissíveis

OPAS | Organização Pan Americana da Saúde

PREP | Profilaxia de Pré-Exposição

PEP | Profilaxia Pós-exposição

SARS | Síndrome Respiratória Aguda Grave

MERS | Síndrome Respiratória do Oriente Médio

SUS | Sistema Único de Saúde

VDRL | Venereal Disease Research Laboratory


SUMÁRIO

6 DOENÇAS EMERGENTES E
REEMERGENTES

15 COVID-19

20 INFLUENZA

24 SARAMPO

29 TUBERCULOSE

35 AIDS/HIV

41
SÍFILIS NA GESTAÇÃO E SÍFILIS
CONGÊNITA

DOENÇAS ARBOVIROSES:
48 DENGUE, CHIKUNGUNYA E FEBRE
CAUSADA POR ZIKA VÍRUS

54 RETROSPECTIVA

56 BIBLIOGRAFIA
DOENÇAS
EMERGENTES E
REEMERGENTES
Você sabe o que significa
doenças emergentes e
qual é a importância de
conhecer sobre elas para o
nosso trabalho como ACS e
ACE? 
As doenças emergentes são aquelas que não são conhecidas em um
determinado local, ou região geográfica e que, por algum motivo,
aparecem. Um exemplo é a aids, que emergiu no início dos anos 1980,
quando começaram a aparecer casos nos Estados Unidos. Naquele
momento, ela era uma doença emergente. 

As doenças reemergentes são aquelas que reaparecem (reemergem)


em um local ou região que já teve contato prévio com a doença. Um
exemplo clássico é a dengue. O Brasil foi assolado por essa doença no
início do século XX e, quase 100 anos depois, na década de 1980, ela
voltou, tornando-se um problema imenso de saúde pública e que
permanece até hoje.

7
Mas como surge uma nova
doença?
Para que haja o surgimento de uma nova doença ou o
reaparecimento de uma antiga, há a necessidade da existência de
um micro-organismo (vírus ou uma bactéria, por exemplo) e o
contato desse com o ser humano (direta ou indiretamente por
vetores), como visto previamente na Disciplina de Microbiologia e
Parasitologia. 

Esses agentes já existem na natureza e, muitas vezes, estão presentes


em animais que estão próximos ao homem. Esse contato com o ser
humano pode se dar pelos hábitos cotidianos ou até pelo consumo de
animais silvestres (tais como alguns tipos de macacos, de tatus, de
roedores, capivaras, lobos guará, entre outros). Aquele
micro-organismo que estava dentro de um hospedeiro passa a ter
contato com o homem. 

Para ampliar seus conhecimentos, clique


aqui e veja exemplos de doenças
emergentes e reemergentes e como
surge uma doença. Se estiver lendo este
material no formato impresso, escaneie
o QR para fazer download.

8
Alguns fatores
contribuem para a
propagação de um
micro-organismo novo e
com potencial pandêmico.
Veja os principais!
• fatores sociais (como o empobrecimento);
• conflitos civis e armados;
• crescimentos populacionais;
• comportamento sexual;
• uso de drogas;
• questões de infraestrutura (como áreas de grandes aglomerações
sem saneamento adequado);
• questões ligadas às políticas em saúde pública; 
• mudanças climáticas;
• desenvolvimento de resistência às terapias medicamentosas; 
• mutações do agente etiológico; e,
• mobilidade urbana (propicia o deslocamento dos agentes
etiológicos a uma taxa muito rápida, talvez tornando-o como o
mais preponderante dos fatores nos últimos anos).

9
A história da humanidade é marcada por epidemias novas e antigas.
Há registros desde a Grécia Antiga e a Idade Média, onde milhares de
pessoas morreram por conta delas.

Figura 1: Epidemias e pandemias no Brasil

VARÍOLA
1826
HANSENÍASE
1832
TUBERCULOSE
1848
FEBRE AMARELA
1850
CÓLERA
1855
PESTE BUBÔNICA/ PESTE NEGRA
1900
DIFTERIA
1910
FEBRE TIFÓIDE
1916
MALÁRIA
1917
SÍFILIS
1921
GRIPE/ INFLUENZA
1923
POLIOMIELITE
1953
DOENÇA DE CHAGAS
1954
TRACOMA LEISHMANIOSE
1955
MENINGITE/SARAMPO/
ESQUISTOSSOMOSE
ENCEFALITE/ MENINGITE VIRAL/ VACA LOUCA
1973
1975
DENGUE
HIV/AIDS
1986
1988
COQUELUCHE
RUBÉOLA
1996
2001
CATAPORA
SARS
2002
2003
GRIPE AVIÁRIA
2005
GRIPE SUÍNA/ INFLUENZA A/ H1N1
2009
CHIKUNGUNYA/
ZIKA VÍRUS
2015
COVID 19/ SARS COV2
2020

Linha do tempo com indicação do primeiro ano em que foi relatada cada doença no Senado.

Fonte: Secretaria de Gestão de Informação e Documentação do Senado Federal.

10
No Brasil, a partir do século XX, grandes epidemias de febre
amarela, varíola e peste bubônica assolavam a população. Houve
também a gripe espanhola, causada pelo vírus H1N1 e, a partir da
década de 1980, a dengue se estabeleceu de vez. 

Em 1981, o vírus HIV foi identificado. Já nos anos 2000 surgiram a


Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a Síndrome Respiratória
do Oriente Médio (MERS), ambas doenças respiratórias causadas por
variações do Coronavírus. Apareceram também as doenças causadas
pelo chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. 

No Brasil, a epidemia de Zika vírus causou uma grande preocupação, à


medida que trouxe consigo a possibilidade de crianças nascerem com
microcefalia. Atualmente, o mundo está em alerta com o novo
coronavírus, o SARS-CoV-2, buscando formas de controlá-lo. Milhões
de brasileiros já contraíram a COVID-19 e não se sabe ainda quanto
tempo vai durar esta pandemia. 

11
Agora, reflita! Sabendo
sobre doenças emergentes
e reemergentes, e
conhecendo a maioria dos
fatores desencadeantes,
seria possível prevermos as
próximas epidemias e
pandemias?
A resposta é sim! O aprendizado deixado pelos eventos anteriores,
somado ao conhecimento do comportamento humano, permite que
se possa antever os ciclos de muitas doenças, porém ainda sem
podermos precisar o ano e o local exato onde se darão.

A forma como os países identificam as futuras ameaças pode ser um


divisor de águas de como serão oferecidas as respostas às doenças,
sejam elas através do desenvolvimento de novos medicamentos,
vacinas, capacitação profissional, etc., e através de uma rede pública
de saúde bem estruturada e atenta às necessidades da população.

12
A ciência, aliada à responsabilidade social do cidadão, através das
nossas atitudes, pode contribuir para evitar o surgimento de novas
doenças. Um aspecto que vale sempre ser lembrado é quanto ao
contato com animais silvestres e, principalmente, o consumo de sua
carne, algo que é amplamente debatido há décadas e, mesmo assim,
permanece como um dos principais meios de transmissão de doenças
ao ser humano. 

Outro aspecto importante é a população realizar as vacinas


propostas para fazer o bloqueio vacinal comunitário aos
micro-organismos alvo (vírus ou bactérias), ou seja, realizar
vacinação específica em uma seleção de pessoas (um grupo), para
que o micro-organismo não consiga circular naquela comunidade, por
isso ficaria “bloqueada”. Como, por exemplo, a vacina do sarampo, que
tinha antes uma excelente cobertura e após a queda da cobertura
vacinal, os casos de sarampo voltaram a acontecer, tornando-a uma
doença reemergente. 

Ainda, o uso indiscriminado (sem critério clínico) de antibióticos


também favorece o aparecimento de micro-organismos
multirresistentes, ou seja, que não respondem a diversos tipos de
antibióticos por causa do seu uso irregular, gerando resistência. Para
controlar isso, atualmente no Brasil a venda de antibióticos só pode ser
feita com prescrição do profissional de saúde.

13
Quando falamos em controle e prevenção de doenças emergentes e
reemergentes, deve-se estimular as práticas sustentáveis, que são
ações que auxiliam no desenvolvimento da comunidade e minimizam
os impactos negativos no meio ambiente, tais como sistemas de
gestão de lixo/resíduos, coleta seletiva dos resíduos e reduzir os
desperdícios de matéria prima e energia.

Desse modo, promove-se uma relação mais equilibrada do homem


com o meio ambiente, a fim de reduzir a agressividade de possíveis
futuras novas doenças ou retorno de doenças já controladas pela
humanidade. A eliminação de vetores, como o mosquito Aedes, entra
nessa proposta de melhoria do saneamento básico. Ainda, os
trabalhadores da saúde devem incentivar a adesão da população ao
calendário vacinal e às campanhas de vacinas, evitando a
reemergência de doenças ou manifestações de formas graves das
mesmas.

Vamos saber um pouco mais


sobre as principais doenças
emergentes e reemergentes da
atualidade no Brasil? Vamos
começar pela COVID-19.

14
COVID-19
A COVID-19 é uma doença emergente que surgiu como pandemia no
mundo a partir do final de 2019 e chegou ao Brasil no início de
2020.  Causada pelo vírus coronavírus SARS-CoV-2, já existe uma
vacina para evitar as formas graves da doença. As vacinas para esse
vírus requerem doses de reforço para garantir uma imunidade
prolongada e para dar cobertura a novas variantes.

Para evitar a transmissão, que é preferencialmente por aerossol


(pequenas gotículas em suspensão no ar), foram estimuladas
medidas de mitigação, ou seja, medidas de lentificação da
propagação do vírus, como uso de máscaras, distanciamento,
lavagem das mãos e o uso de álcool gel.

A adesão ao calendário vacinal permite que o usuário adquira uma


imunidade que proporciona uma proteção parcial contra o vírus,
evitando assim as formas mais graves da doença, diminuindo a
chance do COVID-19 evoluir para internação e óbito.

16
A pessoa infectada pode ser assintomática (estar com a infecção,
mas não ter sintomas), o que pode fazer com que esta pessoa
carregue o vírus para diversos locais por onde transite. Assim, as
vacinas devem ser ofertadas a todos, e não apenas aos idosos,
gestantes e imunocomprometidos.

Os trabalhadores de saúde, incluindo


vocês, Agentes Comunitário de Saúde
(ACS) e Agentes de Combate às
Endemias (ACE), devem se informar
no Plano Nacional de Vacinação para
combater as FAKE NEWS sobre
vacinas. “Fake news” significa
“notícias falsas”, ou seja, aquelas
mensagens que circulam com
informações falsas ou equivocadas
sobre a vacina ou sobre a doença.

“Fake news” significa “notícias falsas”, ou


seja, aquelas mensagens que circulam
com informações falsas ou equivocadas
sobre a vacina ou sobre a
doença. Clique aqui para acessar o
Plano Nacional de Vacinação e saber
mais sobre como combater estas
notícias.

17
Clique aqui e veja informações
atualizadas sobre o Plano Nacional de
Vacinação. Se estiver lendo este material
no formato impresso, escaneie o QR para
fazer download.

Como a COVID-19 é uma doença viral, é importante lembrar que não


estão indicados antibióticos, a não ser que tenham ocorrido
complicações, como infecção bacteriana secundária. Assim, pode-se
evitar o uso irracional (não indicado) de antibióticos, o que evita a
chance do aumento da resistência bacteriana. 
Entre as informações que devem ser transmitidas no território de
atuação, é importante salientar que: 

Uma pessoa pode se infectar mais de uma vez pelo SARSCoV-2, pois
ao longo do tempo surgem diferentes variantes e a imunidade pode
ficar mais baixa ao longo das semanas. Por isso, mesmo que uma
pessoa tenha desenvolvido COVID-19, deve realizar as vacinas
seguindo o calendário vacinal vigente orientado pelo Ministério da
Saúde e se prevenir com as medidas de mitigação (uso de máscaras,
distanciamento, lavagem das mãos e o uso de álcool gel).

18
Desse modo, a pandemia de COVID-19 continua como
uma doença emergente no mundo, pois as variantes
continuam surgindo até o momento (2022).

Entenda como acontecem as mutações


que dão origem a novas variantes do
coronavírus. Clique aqui, ou, se estiver
lendo este material no formato impresso,
escaneie o QR para fazer download.

Podemos atuar em alguns pontos para enfrentar o


COVID-19, como: na Educação em Saúde, alertando contra
as fake news, no incentivo às campanhas de vacinação
propostas pelo Ministério da Saúde, na orientação quanto
às medidas de mitigação e orientar sobre os malefícios do
uso indiscriminado de antibióticos. Em casos de suspeita
de influenza ou COVID-19, encaminhar o paciente para a
avaliação em um serviço de saúde.

Agora, vamos falar


sobre mais uma
doença, a Influenza!

19
INFLUENZA
A influenza é uma doença reemergente, a qual temos registro que foi
emergente no Brasil há mais ou menos 100 anos, com alta mortalidade,
chamada Gripe Espanhola. E, em 2009, temos um dos seus retornos,
que por sua característica é chamada de Doença Reemergente. 

Ela é uma doença viral que, conforme o quadro clínico, pode ser
tratada com um antiviral, chamado Oseltamivir. Existe, também, a
vacina contra influenza lançada anualmente no outono, com
cobertura das variantes mais prevalentes no período. Idosos, crianças
(de 6 meses a menores de 5 anos de idade), trabalhadores da saúde,
pessoas com comorbidades e imunossuprimidos, gestantes e
puérperas, povos indígenas, entre outros grupos prioritários, são
privilegiados para serem os primeiros a se vacinarem, visto que a ação
imunológica da vacina não é imediata. 

Veja bem, a vacina não impede a infecção da influenza, mas diminui


as chances de evoluir para quadros mais graves, como internação e
morte. Por isso, as unidades de saúde trabalham em Campanhas
anuais, muitas vezes chamadas de “Dia D”, para que os grupos-alvo
da vacina tenham adesão e se imunizem uma vez por ano. Outras
medidas a serem tomadas são evitar aglomerações e manter os
ambientes ventilados, pois a principal forma de transmissão é pelo ar,
pela respiração.

21
Os principais sintomas da influenza incluem: febre, Calafrios, tosse,
dores musculares, Coriza, dores de cabeça e fadiga. Muitos desses
sintomas lembram o COVID-19, por isso, ao encontrar um paciente
com esses sintomas, é importante encaminhá-lo para a avaliação em
um serviço de saúde para realização de testes de detecção para
determinar se é COVID-19 ou influenza, ou descartar as duas doenças.

Júlio recebeu um convite bem legal


para falar sobre influenza para
crianças e seus responsáveis na
escola de seu território. Como ele
pode levar informações e fazer algo
lúdico?

Júlio poderá trabalhar com as crianças de modo a englobar propostas


divertidas que transmitam o conteúdo em uma linguagem fácil. Você,
agende de saúde, caso tenha a mesma oportunidade, poderá recorrer
aos mesmos materiais utilizados por Júlio. Veja!

22
Para enfrentar a influenza, você, agente de saúde, pode atuar da
seguinte forma:

● Promovendo a educação em saúde, alertando contra as fake


news (desinformação);
● Incentivando a adesão da população às campanhas de
vacinação, muitas vezes chamadas de “Dia D”. O foco é que os
grupos-alvo da vacina sejam imunizados uma vez por ano.
● Incentivando a população à higienização das mãos e à
manutenção dos ambientes bem ventilados, evitando
aglomerações.
● Orientando a população sobre os malefícios do uso
indiscriminado de antibióticos, uma vez que para influenza pode
ser avaliado o uso de um antiviral.
● Em casos de suspeita de influenza, encaminhar o paciente para
a avaliação em um serviço de saúde para descartar doenças
semelhantes, como a COVID-19.

Agora, vamos estudar sobre o sarampo.

23
SARAMPO
O sarampo é uma doença reemergente, pois já tinha sido controlada
na década de 1970 no Brasil por causa das vacinas. Porém, essa vitória,
que durou décadas, não está mais garantida. Apesar do nosso país
possuir um vasto calendário de vacinas gratuitas pelo SUS, o Brasil
perdeu a Titulação Nacional de Erradicação contra o sarampo pela
recusa de parte da população em receber a vacina. 

O retorno de casos dessa doença deve-se à queda da cobertura


vacinal. Essa queda proporciona um aumento de crianças suscetíveis
e, assim, o reaparecimento da doença. Ou seja, ela é reemergente.
Logo, os esforços em retomar uma excelente cobertura vacinal são
para evitar o surgimento de novos casos do sarampo. 

São necessárias pelo menos duas


doses da vacina para garantir
imunidade, desse modo
prevenindo surtos pelo bloqueio
vacinal que se cria na
comunidade. Veja, segundo a
Organização Pan Americana da
Saúde (OPAS), no seu tópico sobre
o sarampo, acredita-se que 15%
das crianças vacinadas não
conseguem desenvolver
imunidade na primeira dose, por
isso a segunda dose é tão
importante.

25
É importante saber que o sarampo é uma doença viral muito
contagiosa pelo ar em gotículas de aerossol, a qual acomete
principalmente crianças, podendo levar a óbito.  Não existe tratamento
antiviral específico para o sarampo, assim a prevenção é a melhor
estratégia para evitar as consequências graves da infecção. Quando
sua unidade de saúde notificar um caso suspeito de sarampo, deve-se
realizar busca ativa nos locais usualmente frequentados pelo paciente,
a fim de detectar outros possíveis casos.

Você sabe quais são os


principais sintomas do
sarampo? É importante
para ficarmos em alerta
caso ocorra no nosso
território.
Os principais sintomas iniciam aproximadamente uns 15 dias após o
contato com a pessoa contaminada, são eles: febre, tosse, dor de
cabeça, pintinhas vermelhas na pele (chamado de exantema), dor no
corpo, coriza e irritação ocular. A sua infecção pode causar diarreia
intensa, infecção de ouvido, perda da visão, pneumonia, encefalite
(inflamação do cérebro) e até a morte.

26
Uma dica sobre o sarampo é que as
pintinhas vermelhas no corpo, cujo o
nome técnico é exantema, surgem
inclusive nas palmas das mãos e na
sola dos pés. E ao examinar a boca,
pode conseguir visualizar as manchas
de Koplik, que são brancas.

Veja como podemos atuar para enfrentar o sarampo: Educação em


Saúde em diversos ambientes, alertando contra as fake news
(desinformação), especialmente sobre a vacina do sarampo. Assim,
incentivar as campanhas de vacinas propostas pelo Ministério da Saúde
e, quando suspeitar de um caso de sarampo, encaminhar
imediatamente para ser avaliado no serviço de saúde, em razão da alta
transmissão dessa virose. Buscas ativas no território de contatos quando
um caso for notificado também fazem parte do trabalho no
enfrentamento ao sarampo.

Chegou o momento de sabermos mais sobre a tuberculose!

27
TUBERCULOSE
Se a tuberculose é uma
bactéria e tem esquemas
de antibióticos disponíveis
de forma gratuita para
tratá-la, porque ela
existe?
A tuberculose que tem registro no Brasil desde o período em que
estava sob o domínio da colonização de Portugal, é causada por uma
bactéria, do tipo bacilo, que deve ser tratada com esquemas
combinados de antibióticos, conforme sua apresentação clínica. Este é
um tratamento longo, que exige a adesão do paciente ao tratamento
até o final.

Desse modo, os trabalhadores de saúde devem realizar o diagnóstico


o mais precocemente possível e apoiar os pacientes para se tratarem
até atingir a cura. Além do fornecimento do tratamento
medicamentoso específico para o quadro clínico do paciente, é
importante estar atento à realidade do paciente e garantir acesso a
uma alimentação adequada e hidratação.

Um dos desafios para eliminar a tuberculose é a longa duração dos


esquemas terapêuticos (no mínimo 6 meses).

29
Assim, cuidado! Mesmo que o paciente se sinta melhor ao longo do
tratamento, se o paciente abandonar o tratamento antes de sua
conclusão pode permanecer portador do bacilo, permitindo uma
possível nova manifestação da doença. Ainda, o abandono do
tratamento pode levar à resistência da bactéria a parte dos esquemas
terapêuticos, gerando bactérias multirresistentes.

Logo, devemos ao máximo evitar o abandono do tratamento da


tuberculose. Uma das estratégias para tal é o tratamento diretamente
observado, na qual um profissional da saúde ou uma pessoa
comprometida com o bem-estar do paciente visualiza o próprio
paciente ingerir os remédios todos os dias ou em uma grande parte
dos dias durante todo o tratamento.

Os pacientes sem diagnóstico


ou em abandono do
tratamento da tuberculose
pulmonar prejudicam a sua
saúde e podem contaminar
por aerossol outras pessoas
com quem convivem, o que faz
com que o número de pessoas
vivendo com tuberculose
aumente.

30
Ao pensarmos como uma doença reemergente, existem outros fatores
a serem considerados, tais como pobreza, desigualdade social, falha
no controle global da tuberculose e gerenciamento inadequado dos
casos descobertos e não curados, entre outros.

Assista o vídeo: Dia mundial da tuberculose:


Invista no fim da tuberculose. Salve Vidas. E
entenda como os indicadores da Tuberculose
pioraram durante a pandemia do COVID-19 e
porque devemos estar ainda mais atentos
agora. Clique aqui, ou, se estiver lendo este
material no formato impresso, escaneie o QR
para fazer download.

Vocês, ACS e ACEs, quando participam de abordagens de


rastreamento, devem saber informar aos pacientes que o exame de
escarro é ofertado a pessoas com tosse com expectoração por 2
semanas ou mais, ou em qualquer momento, no caso de a pessoa ter
fatores de risco para Tuberculose, tais como passagem no sistema
carcerário ou outros ambientes reclusos e/ou ser portador do vírus do
HIV e/ou estar em situação de rua.

Contatos próximos a pessoas com diagnóstico recente de Tuberculose,


especialmente o contato domiciliar, também requerem investigação,
independentemente de ter ou não tosse, ou outros sintomas. 

31
Para orientar a coleta do exame, é importante reforçar que o paciente
deve escarrar do fundo do pulmão dentro do frasco/pote com tampa
e previamente identificado com os dados do paciente. Lembre-se de
ressaltar ao paciente que não deve ter saliva, pois a amostra
de escarro coletada deve sair do pulmão, não do nariz ou da
garganta. Depois de coletado, o frasco deve ser armazenado
preferencialmente na geladeira e nunca no freezer.

Lembre-se: como visto na


disciplina de Microbiologia e
Parasitologia, os sintomas usuais
encontrados são: tosse persistente
por mais de duas semanas,
sudorese noturna, falta de ar, perda
de peso, febre baixa, rouquidão e
fraqueza. Na identificação desses
sintomas, é indicado orientar que a
pessoa busque por um serviço de
saúde mais próximo. 

Com a pandemia de COVID-19, ocorreu um retrocesso no


acompanhamento da Tuberculose, e agora é o momento de se
resgatar para que nenhuma pessoa fique para trás.

32
Alguns pontos que podemos atuar para enfrentar a Tuberculose:
Educação em Saúde nos mais diferentes espaços, alertando a
população contra as FAKE NEWS (desinformação), e incentivando-a a
aderir às campanhas de vacinas propostas pelo Ministério da Saúde
ao nascer (BCG), incentivar manter os ambientes bem ventilados e
orientar sobre os malefícios do uso indiscriminado de antibióticos.
Lembrar dos sintomas clássicos da Tuberculose e reforçar as principais
vias de contaminação. Buscar de forma ativa os contatos prolongados
dos pacientes diagnosticados, especialmente os domiciliares.

Em casos de suspeita de Tuberculose, encaminhar o paciente para a


avaliação na unidade de saúde para coleta de exame de escarro e
avaliação clínica.

Ainda podemos enfrentar a Tuberculose


com a prevenção das formas graves
através da vacina BCG, aquela que o
bebê faz logo ao nascer no braço direito, e
que geralmente fica com a cicatriz. Você
irá aprender mais a respeito na disciplina
de Imunizações aqui no curso.

33
Para finalizar nossos estudos sobre a Tuberculose nesta
disciplina, escute o Podcast abaixo e veja como o trabalho
do agente apresenta um papel importante para assegurar
que o tratamento para Tuberculose seja adequadamente
seguido, estimulando a adesão ao tratamento nas visitas
domiciliares. 

Ouça o Podcast: FIOCRUZ NO AR -


Tuberculose 02: Tuberculose resistente.
Clique aqui, ou, se estiver lendo este
material no formato impresso,
escaneie o QR para fazer download.

Quanta orientação importante para


você repassar para sua
comunidade! Vamos falar agora de
mais uma doença, a AIDS/HIV.
Avance e conheça mais sobre esta
doença que é considerada
emergente.

34
AIDS/HIV
O HIV é um vírus que ficou conhecido na
década de 1980, e hoje é uma doença
emergente mundialmente.

Erroneamente, na década de 1980, era


atribuído apenas ao grupo de homossexuais.
Hoje em dia, sabe-se que pode acometer
qualquer ser humano. Sendo uma infecção
exclusiva de seres humanos, não acomete
outros animais. Inclusive, não envolve os
mosquitos.

Ainda não existe cura ou vacinas regulamentadas pelo Ministério da


Saúde que previnam a infecção pelo HIV, mas existem diferentes
esquemas terapêuticos de antirretrovirais (ARV) indicados conforme
cada caso clínico das pessoas que vivem com HIV/ AIDS (PVHA).

Também existem as terapias de Profilaxia de Pré-Exposição (PREP)


indicadas a pessoas que não possuem HIV, mas se expõem a
situações de risco de contrair o vírus do HIV. A PREP, junto com outras
medidas, tais como o incentivo ao uso do preservativo e lubrificantes
durante as relações sexuais, são chamadas de Prevenção
Combinada, pois diminuem a chance de as pessoas contraírem o
vírus.

36
Os grupos de pessoas sem o diagnóstico de HIV, mas que estão mais
expostos as situações de risco, são chamados de populações-chave,
como por exemplo: homens que fazem sexo com outros homens e
trabalhadores do sexo.

Para conhecer um pouco mais sobre a


história dessa doença emergente,
clique aqui e assista ao vídeo produzido
pelo Departamento de HIV/Aids,
Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções
Sexualmente Transmissíveis; conforme
nova estrutura regimental do MS
publicada em 2023. Decreto: 11.358

Ou, se estiver lendo este material no


formato impresso, escaneie o QR para
fazer download.

Conheça, a seguir, a mandala de


prevenção combinada que ilustra as
principais formas de prevenção que
podem ser associadas conforme cada
caso.

37
Figura 2: Mandala de prevenção combinada

Fonte: Ministério da Saúde. Disponível em:


https://unaids.org.br/prevencao-combinada/

Reflita! Quais são as indicações mais comuns que podemos


reconhecer no nosso território, a fim de orientar a procurar auxílio
para avaliação da indicação de PREP (Profilaxia de Pré-Exposição) e
de PEP (Profilaxia Pós-exposição) para o HIV?

Para conhecer estas indicações, clique


aqui e veja o folder do Ministério. Ou, se
estiver lendo este material no formato
impresso, escaneie o QR para fazer
download.

38
É claro que o processo de trabalho deve ser discutido com sua equipe
para que todo o acolhimento seja o mais humanizado possível.

O setor de recepção da
unidade de saúde não é o
melhor lugar de se
identificar suas preferências
sexuais, se é trabalhador do
sexo ou se sofreu violência
sexual, entre outras
particularidades de gênero.
Logo, o acolhimento deve ser
em um lugar privativo!

Ainda, sobre a Profilaxia Pós-exposição (PEP) ao HIV, se prescreve um


esquema ARV por 28 dias quando houve algum contato recente
(menor que 72 horas) em que pode se transmitir o vírus do HIV.

Como enfrentar a epidemia do HIV/AIDS? Você, agente de saúde, pode


atuar da seguinte forma: Educação em Saúde nos mais diferentes
espaços, como salas de espera na unidade, no território, nas escolas,
entre outros, alertando contra as FAKE NEWS (desinformação),
incentivo à prevenção combinada ao HIV e outras infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs).

39
Deve-se apoiar as campanhas de vacinas especiais para pessoas
vivendo com HIV e incentivar as Testagens Rápidas de ISTs para os
usuários conhecerem seu status sorológico. Incentivar a aderência aos
tratamentos propostos de terapia antirretroviral para ficar com carga
viral indetectável. Buscar de forma ativa os casos de abandono. Apoiar
a saúde sexual e reprodutiva das pessoas vivendo com HIV e AIDS.

Em casos que o usuário relatar suspeita de ter HIV ou outra IST,


encaminhar para a unidade de saúde para ser acolhido. Distribuir e
orientar o uso de preservativos masculino/feminino e lubrificantes
conforme o processo de trabalho da sua unidade de saúde. O que não
fazer: revelar o diagnóstico do paciente para a comunidade ou
familiares, sem a autorização expressa do paciente.

Quero dividir com vocês uma


situação: estou com três
gestantes com sífilis no meu
território, assisti um vídeo que
explica que esta infecção pode
prejudicar muito, tanto a mãe
quanto o bebê. Quero saber
mais a respeito para poder
ajudar, vamos estudar sobre a
sífilis?

40
SÍFILIS NA
GESTAÇÃO E
SÍFILIS CONGÊNITA
Atualmente a sífilis congênita é considerada uma doença reemergente
no Brasil devido o retorno do aumento da sua incidência nos últimos 10
anos.  É uma doença infecciosa sistêmica humana curável, causada
por uma bactéria, do tipo espiroqueta, chamada de Treponema
pallidum.

Você já viu no módulo anterior, a disciplina Noções de Microbiologia e


Parasitologia sobre as Noções em Microbiologia e Parasitologia, sobre
a sífilis e suas manifestações clínicas. Na sequência, vamos aprofundar
um pouco mais sobre a sífilis na gestação e também a respeito da
sífilis congênita, ambas envolvem infecção da mãe e do bebê.

A transmissão da sífilis pode ocorrer


por contato sexual, por transmissão vertical
(durante a gestação ou na hora do parto
da mãe para o seu bebê) e, de modo
menos frequente, pelo contato de pele ou
mucosas com lesões sifilíticas.

42
A evolução da infecção é crônica, muitas vezes assintomática, ou seja,
a pessoa com a infecção pode ficar sem apresentar nada de diferente
no exame físico e nenhuma queixa diferente, mas não se engane, a
bactéria pode estar no sangue. O único jeito de se ter certeza quando
não se tem sintomas é fazendo o teste rápido para sífilis ou exame no
laboratório.

Nas unidades de saúde, na maioria das vezes, têm o teste rápido para
sífilis o qual o resultado sai em alguns minutos e, se necessário,
também pode-se pedir exames que coletam no laboratório, como o
VDRL.

Assim, todas as gestantes devem ser testadas já no início da gravidez


e no final da gravidez também, mesmo que ela pareça saudável. E,
todas as suas parcerias sexuais também devem se testar
independente do resultado dos exames da gestante.

Clique aqui e assista “Entendendo a


sífilis”, do Departamento de HIV/Aids,
Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções
Sexualmente Transmissíveis; conforme
nova estrutura regimental do MS
publicada em 2023. Decreto: 11.358
Se estiver lendo este material no
formato impresso, escaneie o QR para
fazer download.

43
Quando falamos em abordar a sífilis congênita, estamos falando no
cuidado da gestante com diagnóstico de sífilis, seus embriões/fetos e
bebês expostos ou com sífilis congênita, e, também suas parcerias
sexuais.

A sífilis congênita é uma das principais causas de abortamentos


evitáveis no mundo. Assim, para enfrentar essa epidemia, as
gestantes com testes rápidos reagentes deverão ser consideradas
como portadoras de sífilis até se provar o contrário, pois o tratamento
imediato representa uma oportunidade de evitar a transmissão
vertical (da mãe para o bebê) da sífilis.

Os fatores de risco: o baixo nível socioeconômico, a baixa


escolaridade, múltiplas parcerias sexuais e, sobretudo, a falta de
adequada assistência pré-natal relaciona-se com maior prevalência
de sífilis congênita. Assim, como é importante todos os trabalhadores
da saúde buscarem todas as gestantes e suas parcerias para serem
acolhidas, testadas e, se necessário tratadas e acompanhadas no
pré-natal, no parto, no puerpério e, o bebê na puericultura.

A realidade da ACS Gerusa pode ser de muitos outros ACEs e ACS. Para
aprender um pouco mais sobre a sífilis, escute o Podcast da Fiocruz no
Ar - Sífilis em gestantes: um risco para a mãe e o bebê. Se tiver a
oportunidade, compartilhe o vídeo anterior e o próximo Podcast com
os demais membros da sua equipe e reflita sobre a importância de
iniciar o pré-natal do modo mais precoce possível.

44
Clique aqui e ouça o Padcast Fiocruz No
Ar: Sífilis em gestantes: um risco para a
mãe e o bebê. Se estiver lendo este
material no formato impresso,
escaneie o QR para fazer download.

O grau de infecção do bebê dentro do útero da mãe é influenciado


pelo estágio da evolução da doença na mãe (maior nos estágios
primário e secundário) e pelo tempo em que o feto é exposto. Até
metade das gestações em mulheres com sífilis não tratada irão
resultar em desfechos gestacionais adversos, dentre eles aborto ou
morte do feto, prematuridade do bebê, baixo peso ao nascer ou morte
logo após o parto.

O tratamento recomendado imediatamente ao se atender uma


gestante com suspeita ou diagnóstico de sífilis é a benzilpenicilina
benzatina (Benzetacil), visto que é a única medicação com eficácia
comprovada durante a gestação, independentemente da idade
gestacional da paciente.

Muitas vezes as gestantes não querem deixar aplicar as injeções da


Benzetacil por ser dolorida, mas devemos explicar que estas
aplicações são a garantia de tratar a mãe e o bebê dentro do útero ao
mesmo tempo.

45
Pela gravidade da sífilis na gestação, o Ministério da Saúde prevê
ações de enfrentamento a essa doença emergente.

Clique aqui e conheça algumas dessas


ações de enfrentamento a essa doença
emergente. Se estiver lendo este
material no formato impresso,
escaneie o QR para fazer download.

Alguns pontos que podemos atuar para enfrentar a epidemia da


sífilis na gestação e sífilis congênita:

● Educação em saúde nos mais diversos espaços, como salas de


espera na sua Unidade Básica de Saúde (UBS), no seu território,
nas escolas, nos Conselhos Municipais de Saúde (CMS), entre
outros; alertando contra as fake News, incentivando à prevenção
de todas as ISTs.
● Deve-se encorajar as testagens rápidas de ISTs para os usuários
conhecerem seu status sorológico em relação à sífilis e outras
doenças.
● Incentivar a aderência ao tratamento semanal com
Benzilpenicilina da gestante e suas parcerias sexuais. Buscar de
forma ativa os casos de abandono do tratamento, as pacientes
faltosas nas consultas de pré-natal e as crianças faltosas na
puericultura, desde o nascer até os 18 meses de vida.
● Apoiar a saúde sexual e reprodutiva das pacientes na gestação
e no puerpério e das suas parcerias sexuais.

46
● Em casos que a gestante e/ou
suas parcerias relatarem
suspeita de ter qualquer IST,
encaminhar os mesmos para a
unidade de saúde para serem
acolhidos.

● Distribuir e orientar o uso de preservativos masculino/feminino e


lubrificantes conforme o processo de trabalho da sua unidade
de saúde. O que não fazer: revelar o diagnóstico da paciente
para suas parcerias ou para a comunidade, sem a autorização
expressa da paciente

Agora, vamos saber mais


sobre as Arboviroses:
dengue, chikungunya e
febre causada por Zika
vírus.

47
DOENÇAS
ARBOVIROSES: DENGUE,
CHIKUNGUNYA E FEBRE
CAUSADA POR ZIKA
VÍRUS
Nas comunidades onde
Bia e Júlio atuam,
existem uma infestação
muito grande de
mosquitos. Você sabe
quais são as principais
doenças que eles podem
transmitir?

As doenças causadas por vírus que são transmitidos


principalmente por meio da picada de mosquitos são conhecidas
como arboviroses. Dentre as principais temos a dengue, a
chikungunya e a febre causada por Zika vírus. Vamos começar
pela Dengue.

Dengue

A dengue é uma doença causada por vírus e transmitida para o


homem através de um vetor, o mosquito Aedes aegypti. Sem o vetor, o
mosquito, não temos a transmissão das doenças arboviroses. Por isso,
o trabalho de todos é eliminar possíveis criadouros do mosquito perto
do homem.

49
Veja como quebrar o ciclo do mosquito.
Clique aqui, ou se estiver lendo este
material no formato impresso,
escaneie o QR para fazer download.

Quanto ao quadro clínico, como você aprendeu na disciplina de


Microbiologia e Parasitologia, a dengue evolui de diversas formas,
dependendo do tipo de vírus, do quadro clínico do paciente e de
quantas vezes a pessoa já teve a virose. As pessoas podem
apresentar poucos ou vários sintomas, como febre, dor de cabeça
e dores pelo corpo.

Atenção com a dengue hemorrágica que evolui com manchas


vermelhas na pele, sangramentos (nariz e gengivas), dor
abdominal e vômitos persistentes. Estas merecem avaliação no
serviço de saúde com urgência. Não se esqueça, dengue pode até
matar!

Não há vacina ou medicação antirretroviral específica para


dengue (essa doença reemergente). Assim, a melhor forma é
prevenir e eliminar o mosquito.

50
Zika vírus e o Chikungunya

O Zika vírus e o Chikungunya também são viroses que podem causar


febre e são transmitidas pelo mosquito Aedes, que nem a dengue.
Portanto, todas as medidas que aprendemos acima continuam
valendo. Todavia, diferente da dengue que o Brasil já enfrentou no
passado e voltou a enfrentar agora, a febre causada por Zika vírus e a
chikungunya apresentam-se como micro-organismos (vírus) novos,
que até pouco tempo não eram conhecidos, por isso são doenças
emergentes.

A chikungunya tem um quadro


muito similar ao da dengue, mas as
dores articulares são mais intensas.
Também não possui vacina ou
tratamento específico. Já a febre
causada pelo vírus Zika, além de ser
transmitida pela picada do
mosquito, pode ser passada da mãe
para o bebê durante a gestação.

51
Zika vírus e o Chikungunya

Gestantes que se
contaminam com Zika vírus
podem sofrer abortamento
ou o feto apresentar
microcefalia ou morte.
Assim, a indicação de
repelentes e eliminação de
criadouros do mosquito
devem ser prioritárias pela
possibilidade de desfechos
graves.

Veja alguns pontos que podemos atuar para enfrentar as Arboviroses:


Educação em Saúde nos mais diferentes espaços no território e nos
serviços da rede de cuidado, alertando contra as fake News. Auxiliar a
comunidade a eliminar os criadouros de mosquito das mais diferentes
formas. Incentivar métodos de barreira, como uso de repelentes,
mosquiteiros, telas nos ralos e telas na janela. Não há vacinas ou
medicações específicas antivirais. Reconhecer os sinais de gravidade.

52
Lembram que fui convidado a falar em
uma escola na comunidade que atuo
sobre a influenza? Pois é, voltei a esta
mesma escola para falar sobre a dengue,
a chikungunya e a febre causada por
Zika vírus. vejam os materiais que utilizei.

Vídeo: 10 Minutos contra a dengue. Clique


aqui, ou, se estiver lendo este material
no formato impresso, escaneie o QR
para fazer download.

História em quadrinhos : Maluquinhos


contra a dengue 2. Clique aqui, ou, se
estiver lendo este material no formato
impresso, escaneie o QR para fazer
download.

Agora, vamos para uma retrospectiva. Acompanhe o que vimos


nesta aula!

53
RETROSPECTIVA

55
Nesta disciplina, vimos a importância do seu trabalho, agente de saúde,
no incentivo da comunidade à adesão das vacinas, no controle dos
vetores, na prevenção combinada às ISTs e no controle das doenças.
Além disso, você tem papel fundamental na adesão dos pacientes aos
tratamentos antirretrovirais, no caso do HIV, e no tratamento da
tuberculose quando necessário.

Vimos também que, para controlarmos as endemias e epidemias, o


trabalho coletivo deve ser interprofissional e multiprofissional, através
de educação popular em relação aos métodos preventivos e em
parceria com a vigilância epidemiológica. 
Até a próxima disciplina!

55
BIBLIOGRAFIA
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revalorização da epidemiologia descritiva. Inf. Epidemiol. Sus, v.8, n. 1,
p. 7-15, 1999. Disponível em:
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Disponível em:
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PIGNATTI, M.G. Saúde e ambiente: as doenças emergentes no Brasil.


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57
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br

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