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TIREOIDE
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ÍNDICE
Doenças da Tireoide 4
- Anatomia 4
- Histologia e Fisiologia 8
Hipertireodismo e Tireotoxicose 19
- Quadro Clínico 20
- Laboratório 24
- Etiologia 25
- Doenças Graves 26
- Tireoidites 44
- Crise Tireotóxica 55
Hipotireoidismo 63
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- Quadro Clínico 68
- Diagnóstico Laboratorial 72
- Tratamento 74
- Coma Mixedematoso 76
Nódulos Tireoidianos 82
- Avaliação Diagnóstica 83
Cancêr de Tireoide 94
- Carcinoma Papilífero 95
- Carcinoma Folicular 96
- Carcinoma Anaplásico 97
- Carcinoma Medular 98
- Tratamento 99
Bibliografia 102
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Doenças da Tireoide
Anatomia
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Fonte: https://app.biorender.com/biorender-templates/figures/
5c65c5eebce1963300935370/t-6047bf90fb554126e6649a63-thyroid-gland-anatomy-and-
histology
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Uma das relações anatômicas mais importantes da tireoide é com os
nervos da região cervical. Não desista! Essa parte será fundamental para
você entender as complicações relacionadas à tireoidectomia.
Acompanhe esta explicação vendo a figura 2.
Próximo da tireoide, lateralmente às carótidas passa o nervo vago. Ele
emite um ramo mais ou menos na altura do osso hioide, chamado de
nervo laríngeo superior. Este, por sua vez, se divide em ramo externo e
ramo interno. O ramo externo tem função de modulação da voz,
tornando-a mais aguda ou mais grave, enquanto o ramo interno tem
função mais sensitiva, envolvido no reflexo de tosse. Portanto, se houver
lesão do nervo laríngeo superior haverá dificuldade para elevar o tom
de voz.
Seguindo o caminho do vago, depois que ele já passou pela tireoide, ele
emite outro ramo muito importante, o nervo laríngeo recorrente, um de
cada lado. Estes nervos estão envolvidos na motricidade das pregas
vocais. Lesões unilaterais do nervo laríngeo recorrente levam a
rouquidão, enquanto lesões bilaterais levam ao fechamento
permanente das pregas vocais, levando à insuficiência respiratória
aguda (IRpA).
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Fonte: https://somepomed.org/articulos/contents/mobipreview.htm?12/4/12355
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Histologia e Fisiologia
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Fonte: Patrícia E. Molina. Fisiologia Endócrina (pp. 131-132). AMGH. Edição do Kindle. 2021
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A tri-iodotirosina (T3) e tiroxina (T4) são formadas pela combinação de
MIT e DIT. O T3 e o T4 são as formas ativas de hormônios tireoidianos,
que serão secretadas na circulação. Essa secreção ocorre através da
endocitose de coloide pela célula folicular, rico em moléculas de
tireoglobulina com MIT, DIT, T3 e T4. Dentro da célula folicular, a Tg é
degradada e ocorre a liberação de T3 e T4, que serão exocitados pela
membrana basolateral para a circulação. A tireoglobulina, MIT e DIT que
sobraram são reaproveitadas e secretadas novamente ao coloide.
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Fonte: Ref: Chapter 48, "SYNTHESIS OF THYROID HORMONES" in: Walter F., PhD. Boron
(٢٠٠٣) Medical Physiology: A Cellular And Molecular Approach, Elsevier/Saunders, pp. 1,300
ISBN: 1-4160-2328-3.
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A questão é: se o brasileiro está exposto a doses altas de iodo todos os
dias, por que não vivemos todos em hipotireoidismo? Porque a tireoide
consegue “escapar” deste efeito Wolff-Chaikoff, quando exposta
cronicamente a níveis elevados de iodo. Ela faz isso simplesmente
diminuindo a captação de iodo circulante.
Então, mesmo que os níveis de iodo no plasma estejam elevados, a
quantidade que entra na célula folicular continua “normal”, e a produção
de hormônio tireoidiano segue normalmente. Quem não consegue fazer
isso são aquelas pessoas que possuem alguma doença tireoidiana
subjacente (tireoidite autoimune ou outras etiologias) e não conseguem
ajustar a captação do iodo. Assim, estes pacientes sofrem cronicamente
com o excesso de iodo e o efeito Wolff-Chaikoff, diminuindo sua
produção de hormônio tireoidiano.
No extremo oposto, temos o efeito Jod-Basedow. Diferente do anterior,
ele não é uma resposta fisiológica e só ocorre em pessoas que vivem em
estado de deficiência crônica de iodo. Nestas situações, a tireoide fica
muito ávida por iodo, para aproveitar ao máximo o pouco material
disponível para síntese de hormônios tireoidianos. Quando estas pessoas
são expostas a uma carga maior de iodo, a tireoide continuará captando
e produzindo “loucamente” seus hormônios, porque já vinha adquirindo
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Hipertireodismo e Tireotoxicose
E como vamos diferenciar na prova, se estamos diante de um quadro de
tireotoxicose ou de uma situação de hipertireoidismo? Através do Índice
de Captação do Iodo Radioativo (RAIU) após 24h. Este exame consiste
em uma cintilografia quantitativa que observa a quantidade de iodo que
a glândula tireoidiana é capaz de captar.
O segredo está em pensar que uma glândula normal é capaz de captar
5-20% de iodo. Situações clínicas que cursam com hiperfunção da
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Quadro Clínico
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• Tremor de extremidades
Musculoesqueléticas:
Cardiovasculares:
• Maior sensibilidade às catecolaminas, causando os efeitos
cardiovasculares:
◦ ↑ frequência cardíaca
◦ taquiarritmias
◦ palpitações
◦ fibrilação atrial
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Cutâneas:
Gastrointestinais:
Genitourinárias
Neuropsiquiátricas
• Ansiedade
• Agitação
• Irritabilidade
• Labilidade emocional
• Insônia
Oftalmológicas
• Retração palpebral
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• Lid-lag*
* O lid lag ocorre devido à retração palpebral. Quando um paciente
normal olha para baixo, não visualizamos mais a parte superior da sua
esclera, porém, em um paciente com tireotoxicose e retração palpebral,
quando ele olha para baixo, continuamos vendo a esclera superior.
Fonte: https://www.reviewofoptometry.com/article/normal-thyroid-abnormal-eyes
Hematológicas
• Aumento da massa de eritrócitos (porém, apresentação com
anemia dilucional, porque o volume plasmático aumenta ainda
mais)
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Em pacientes idosos que desenvolvem fibrilação atrial, sem alteração
cardíaca estrutural, devemos pensar SEMPRE na possibilidade de
tireotoxicose.
Laboratório
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hipertireoidismo.
Etiologia
• Doença de Graves
• Adenoma Tóxico
Além delas, existem algumas outras:
• Hashitoxicose
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Em relação às causas de tireotoxicose, no geral, além de todas as causas
de hipertireoidismo, também temos:
Agora vamos estudar um pouco mais a fundo as principais causas de
hipertireoidismo e tireotoxicose!
Doenças Graves
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Fisiopatologia
O mecanismo da Doença de Graves consiste na produção de
autoanticorpos direcionados contra o receptor do TSH. Estes anticorpos
são chamados de TRAb , que vem do inglês Thyrotropin Receptor
Antibody. O anticorpo, quando se liga no receptor do TSH na tireoide, vai
exercer uma função ativadora do receptor.
Assim, com o receptor do TSH ativado, a tireoide vai entender que precisa
produzir mais hormônios e o resultado é o aumento do tamanho da
glândula (bócio), com aumento da vascularização e aumento da
produção de hormônios (hipertireoidismo).
Quadro clínico
Os achados clínicos são todos os já descritos para qualquer causa de
tireotoxicose, porém, com algumas manifestações específicas, que valem
a pena serem destacadas.
A primeira que você deve saber é a oftalmopatia de Graves. Ela também
tem mecanismo autoimune e tem correlação com os níveis do TRAb. Os
autoanticorpos agem provocando autoagressão intraorbitária, levando a
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Outra manifestação clássica da Doença de Graves, mas não exclusiva
dela, é o bócio (aumento do tamanho da tireoide). Classicamente, o
bócio do Graves (Já estamos íntimos!) é difuso, mas pode ser assimétrico
e lobulado. Em alguns pacientes, podemos sentir um frêmito ou ouvir
um sopro sobre a glândula tireoide, refletindo o aumento absurdo da
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Fonte: https://www.merckmanuals.com/home/hormonal-and-metabolic-disorders/
thyroid-gland-disorders/hyperthyroidism
Por fim, existe uma outra manifestação menos comum, mas também
exclusiva do Graves, que é a dermopatia (mixedema pré-tibial). Ele é
caracterizado por espessamento da pele, particularmente na área pré-
tibial, devido ao acúmulo de glicosaminoglicanos. As lesões apresentam-
se como placas espessadas, com aspecto de casca de laranja e coloração
violácea. Geralmente, está associada à orbitopatia, que tende a ser mais
grave!
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Fonte: Vilar, Lucio. Endocrinologia Clínica (p. 330). Guanabara Koogan. Edição do Kindle.
Diagnóstico
O diagnóstico da Doença de Graves começa pela confirmação de um
estado de tireotoxicose, no qual vamos ter um TSH muito baixo, ou
suprimido, para níveis elevados de T4L e T3. Em fases iniciais, podemos
encontrar apenas níveis baixos de TSH, com T4 e T3 normais,
caracterizando o hipertireoidismo subclínico (que é uma definição
laboratorial e não quer dizer que o paciente não tenha sintomas).
Em seguida, o próximo passo, na suspeita de Graves, é a dosagem do
TRAb. A positividade do TRAb em um paciente com sintomas clássicos
de hipertireoidismo tem uma especificidade muito boa para o
diagnóstico de DG (presente em 90 a 99% dos casos). Então, de maneira
geral, guardem a seguinte mensagem:
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Além dos exames laboratoriais, alguns exames de imagem também nos
ajudam no diagnóstico. O primeiro que vamos abordar é a captação de
iodo radioativo em 24h (RAIU-24h) ou cintilografia de tireoide. Este
exame oferta iodo marcado com substância radioativa ao paciente e,
após 24 horas, mede a quantidade deste iodo que se concentrou no
tecido tireoidiano e vai nos dizer se a glândula está hiperfuncionante
(captação aumentada) ou não. Em 100% dos casos de DG, a RAIU-24h
mostra hipercaptação. Por ser um exame trabalhoso, geralmente não é
muito utilizado no diagnóstico da Doença de Graves, a não ser na dúvida
com outras causas de tireotoxicose em que a glândula não está
hiperfuncionante (principalmente as tireoidites), nas quais teremos uma
RAIU-24h com baixa captação.
Figura 9. A primeira foto mostra uma RAIU-24h com captação intensa, compatível com
Doença de Graves. A segunda imagem é de um paciente com uma tireoidite, em que não
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Fonte: Meng, Z. et al. “Differentiation between Graves' disease and painless thyroiditis by
Outro exame de imagem importante no arsenal diagnóstico do
hipertireoidismo é a ultrassonografia de tireoide. Na Doença de Graves, o
ultrassom vai mostrar uma tireoide difusamente aumentada, com
característica heterogênea e hiperecoica. Ao doppler, podemos
observar um aumento importante da vascularização da glândula. Em
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tireoidites, por outro lado, o USG vai mostrar uma glândula de tamanho
normal ou diminuída, sem alteração de vascularização.
doppler.
www.svuhradiology.ie/case-study/graves-disease/
Tratamento
O primeiro passo no tratamento de pacientes com tireotoxicose é o
controle dos sintomas adrenérgicos (palpitações, hipertensão, tremores
e ansiedade). As melhores drogas para atingir o controle rápido destes
sintomas são os betabloqueadores. Eles são capazes de reduzir a
frequência cardíaca, a pressão arterial, os tremores, a fraqueza muscular,
a ansiedade, a irritabilidade e a labilidade emocional. Os fármacos mais
usados são o propranolol e o atenolol. Caso o paciente apresente
contraindicação ao uso do betabloqueador (asma grave e insuficiência
cardíaca descompensada), podemos utilizar bloqueadores de canal de
cálcio (verapamil e diltiazem).
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Em relação ao tratamento específico da Doença de Graves, existem
basicamente três modalidades terapêuticas: (1) drogas antitireoidianas;
(2) radioiodoterapia (RIT) e (3) cirurgia:
A) Drogas antitireoidianas:
Estas medicações pertencem à classe das tionamidas e agem
bloqueando a organificação do iodo e o acoplamento das moléculas de
MIT e DIT - inibindo a síntese de hormônios tireoidianos novos. Porém,
é importante lembrar que elas não inibem a secreção dos hormônios pré-
formados.
Os dois principais representantes destas medicações são o metimazol
(MMZ) e o propiltiouracil (PTU), sendo que a primeira escolha é o
metimazol. Porém, temos duas exceções:
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O tratamento com medicações antitireoidianas deve ser mantido por 12
a 18 meses (algumas referências colocam o tempo como até 2 anos) e
retirado para avaliar se houve remissão, que ocorre em até 50% dos casos.
B) Radioiodoterapia (RIT)
A RIT é um tratamento no qual o paciente recebe uma dose oral de iodo
radioativo (I¹³¹), que irá se concentrar nos tecidos mais ávidos por iodo no
organismo e causar a destruição desses tecidos. E qual é o tecido mais
ávido por iodo? A tireoide!
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2000;343(25):1855-1855. doi:10.1056/nejm200012213432506
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v. 336, n. 7656, p. 1298-302, Jun 7 2008. ISSN 1756-1833. Disponível em: < http://
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18535072 >.
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weakness/
Não é ótimo quando o nome de uma doença já conta tudo sobre ela?
Esta condição é caracterizada por uma tireoide com dimensões
aumentadas (bócio), com diversos nódulos (multinodular), que
adquirem produção autônoma e exagerada de hormônios tireoidianos
(tóxico).
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oncohemakey.com/nuclear-medicine-in-evaluation-and-therapy-of-nodular-thyroid-2/
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Tireoidites
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O início da tireoidite aguda, como diz o nome, é geralmente súbito,
associado aos sinais e sintomas sistêmicos importantes: febre,
prostração e calafrios. No exame da tireoide vamos observar uma
glândula aumentada, muito dolorosa à palpação, com hiperemia local
importante, como visto na figura.
Fonte: Vilar, Lucio. Endocrinologia Clínica (p. 382). Guanabara Koogan. Edição do Kindle.
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A tireoidite aguda supurativa é uma condição potencialmente grave que,
se não tratada, pode se complicar com sepse e risco de morte. Portanto,
é importante o reconhecimento e pronto tratamento. Os pacientes
geralmente recuperam a função tireoidiana ao longo do tempo, mas se a
destruição for muito intensa, pode resultar em hipotireoidismo.
Tireoidite Granulomatosa Subaguda (TGSA)
Esta tireoidite é a que mais aparece em sua prova, sem dúvida! Ela é a
causa mais comum de tireoidite dolorosa. Também é chamada de
tireoidite dolorosa de De Quervain.
O mecanismo fisiopatológico é uma agressão direta ou reacional à
glândula tireoide após um gatilho de infecção viral. Ela pode ocorrer,
teoricamente, após qualquer infecção viral, mas as mais comuns são as
respiratórias. Os principais vírus associados são: enterovírus, adenovírus,
ecovírus, Coxsackie, Epstein-Barr, influenza, sarampo e caxumba. Desde o
início da pandemia da COVID-19, também têm sido descritos casos de
TGSA após infecção pelo novo SARS-CoV-2.
Histologicamente, a TGSA é caracterizada por infiltração de
polimorfonucleares, mononucleares e células gigantes, com formação de
microabscessos e fibrose. Isso resulta em destruição dos folículos e
proteólise da tireoglobulina.
O quadro clínico característico se inicia com uma fase prodrômica, com
sintomas como astenia, mal-estar, artralgia, mialgia, faringite e febre
baixa. Em seguida, a febre piora e surge a dor na topografia da tireoide.
De maneira interessante, a dor pode irradiar para a mandíbula, garganta
e ouvidos, o que pode fazer com que o paciente procure inicialmente um
otorrinolaringologista.
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Fonte: Vilar, Lucio. Endocrinologia Clínica (p. 384). Guanabara Koogan. Edição do Kindle.
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Tireoidite Linfocítica Subaguda (TLSA)
Esta é uma tireoidite que ocorre por infiltração de linfócitos na tireoide,
gerando um processo inflamatório subagudo que é caracteristicamente
silencioso, ou seja, indolor. Diferente da TGSA, não percebemos a
associação com gatilhos virais e acreditamos tratar-se de uma agressão
autoimune contra a tireoide. A TLSA pode ocorrer no período pós-parto,
situação que vai ser chamada de tireoidite pós-parto, mas que vamos
estudar separadamente, porque tem alguns aspectos específicos.
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Fonte: https://www.pathologystudent.com/lymphocytic-thyroiditis/
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Os achados laboratoriais são iguais aos descritos na tireoidite linfocítica
subaguda. Importante ressaltar que esta condição é transitória e tanto a
tireotoxicose quanto o hipotireoidismo são leves e geralmente não
precisam de tratamento.
Tireoidite linfocítica crônica (Tireoidite de Hashimoto)
Esta é, sem dúvida, a forma mais comum de tireoidite e a principal causa
de hipotireoidismo. Como está frequentemente associada ao
hipotireoidismo permanente, vamos estudá-la com mais detalhes
quando falarmos de hipotireoidismo.
Tireoidite de Riedel
Esta é a tireoidite mais rara de todas as que estudamos. É caracterizada
por fibrose extensa da tireoide e dos tecidos adjacentes, de etiologia
desconhecida. Apresenta-se como um bócio endurecido, com
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um bócio importante, com fibrose extensa da glândula e das estruturas adjacentes, que
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Aqui, observamos uma RAIU-24h com captação normal e pode haver
áreas “frias”, que representam a área de lesão. No exame histopatológico,
observa-se uma fibrose intensa comprometendo a glândula total ou
parcialmente e que se estende além da cápsula, podendo envolver
nervos, vasos, tecido muscular, adiposo e até as paratireoides.
O tratamento é de suporte. Tireoidectomia se sintomas compressivos
importantes. Reposição de hormônio tireoidianos em caso de
hipotireoidismo. O curso da doença é benigno, com progressão
geralmente lenta, podendo estacionar ou mesmo involuir sem nenhum
tratamento específico.
Tireoidites induzidas por medicamentos
Este é um outro tipo de tireoidite muito importante para a vida e para a
sua prova! Então, fique ligado! A lista de medicamentos capazes de
causar tireoidite (autoimune ou inflamatória destrutiva) não é longa, mas
você precisa saber os principais, que são: amiodarona, lítio, interferon-α,
inibidores de tirosinoquinase e inibidores do checkpoint imune.
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Crise Tireotóxica
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Como você pode perceber, este conjunto de sintomas não é muito
específico, podendo ocorrer, em maior ou menor grau, em outros
cenários clínicos. Para tentar padronizar o diagnóstico, foi criada uma
escala por Burch e Wartofsky que pontua os diferentes achados clínicos e
determina a probabilidade de crise tireotóxica. Este escore é
demonstrado abaixo (apenas a título de curiosidade, visto que a prova
não cobra estes conceitos).
Observe que a escala divide os sintomas em grupos, de forma
semelhante ao que já falamos: disfunção termorregulatória (febre),
disfunção gastrointestinal, disfunção do SNC, enquanto a disfunção
cardiovascular é dividida em 3 categorias: taquicardia, presença de sinais
e sintomas de insuficiência cardíaca e presença de fibrilação atrial. Por
fim, ganha pontos também a presença de um fator desencadeante.
Na somatória dos pontos, se obtivermos um valor menor que 25 é
improvável tratar-se de crise tireotóxica, enquanto valores acima de 45
são altamente sugestivos de crise tireotóxica. Entre estes dois valores, a
probabilidade é intermediária. Obviamente, uma prova jamais vai cobrar
que você decore esta tabela, mas é importante dar uma olhada nela,
porque ela resume bem os principais achados da crise tireotóxica.
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Tratamento
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Além disso, não vamos esquecer do tratamento de suporte: reposição
volêmica se desidratação e correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. Tão
importante quanto o manejo que acabamos de falar, é também instituir
o tratamento para o fator precipitante da crise.
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QUESTÃO
Paciente tem doença de Graves e chega ao pronto-socorro com quadro de febre, sudorese
excessiva, taquicardia sinusal (160 bpm) e agitação psicomotora. O diagnóstico mais
provável e a prioridade inicial do tratamento, neste momento, são, respectivamente:
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GABARITO
Comentário Medway
Esta questão está praticamente dada se formos usar o raciocínio instintivo, mas é
interessante revisarmos alguns conceitos da identificação e tratamento da crise tireotóxica.
O enunciado traz um paciente com diagnóstico estabelecido de doença de Graves (a
causa mais importante de hipertireoidismo) que se apresenta com febre, sudorese,
taquicardia e agitação psicomotora e te pergunta o diagnóstico mais provável. Vamos
analisar as alternativas e revisar o raciocínio e manejo deste caso.
A - Incorreta. O feocromocitoma é um tumor produtor de catecolaminas originado da
medula adrenal. Apresenta caracteristicamente paroxismos de taquicardia, hipertensão,
agitação e sudorese. Isso até bate com as informações do enunciado, porém precisamos
lembrar que o feocromocitoma é muito raro! É bem mais provável que um paciente com
Graves conhecido apresente uma crise tireotóxica do que ele também tenha um
feocromocitoma sintomático. Preste atenção que o enunciado perguntou o que é mais
provável. Quanto ao tratamento, aqui também está errado. Nossa principal preocupação
diante de uma crise de feocromocitoma é o tratamento da hipertensão, inicialmente
com um alfa-bloqueador (prazosin, doxasozina), para reduzir a ativação destes
receptores pelo excesso de catecolaminas circulantes.
B - Correta. O diagnóstico da crise tireotóxica é clínico e se baseia em 4 achados
principais - nosso paciente tem todos: (1) exacerbação dos sintomas de hipertireoidismo;
(2) hiperpirexia (aumento de temperatura); (3) taquicardia (geralmente > 140) e (4)
alteração do estado mental. O tratamento é feito com medicações antitireoidianas, que
reduzem a síntese e liberação de hormônios tireoidianos - sendo o PTU preferido sobre o
MMZ por bloquear conversão periférica de T4 em T3. Além disso, também usamos beta-
bloqueadores para bloquear os efeitos periféricos dos hormônios tireoidianos e melhorar
os sintomas.
C - Incorreta. Apesar de um quadro de sepse poder apresentar-se com todas as
características citadas, estamos trabalhando com o diagnóstico mais provável e em
nenhum momento foi citada possível fonte de infecção no enunciado.
D - Incorreta. O enunciado não falou nada de consumo prévio de álcool. Apesar da
abstinência alcoólica poder apresentar-se com estes achados, aqui faltam dados como
insônia, náuseas e vômitos, alucinações visuais, táteis ou auditivas e crises convulsivas.
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E - Incorreta. Novamente, falta coisa pra pensar nisso. Cadê a exposição às medicações
clássicas (antipsicóticos, metoclopramida)? Além disso, na SNM também observamos
rigidez muscular, disautonomia e elevação de CPK. Não dá pra marcar!
Visão do aprovado: Saber o diagnóstico diferencial da síndrome tireotóxica e as nuances
de cada um deles é essencial. Neste caso, já sabíamos que o paciente tinha doença de
Graves e evoluiu para a tétrade clássica: hipertermia, piora dos sintomas prévios,
taquicardia e alteração do estado mental… Não é possível que estaríamos diante de outro
diagnóstico, né?
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Hipotireoidismo
Na prática, o termo preferível para descrever as causas de
hipotireoidismo hipotalâmicas ou hipofisárias é o hipotireoidismo
central, porque muitas vezes é difícil diferenciá-las.
Além dessas classificações, o hipotireoidismo também pode ser
classificado como periférico, ou extratireoidiano, quando ocorre uma
resistência localizada ou generalizada à ação dos hormônios tireoidianos
ou quando existe uma metabolização e consumo exagerado dos
hormônios tireoidianos - causas muito raras.
O importante é ter em mente que a principal causa de hipotireoidismo
é o hipotireoidismo primário, representando até 95% dos casos. Todas
as outras causas mencionadas são bem mais raras na vida e na prova,
mas vamos falar um pouquinho delas, para te deixar bem preparado,
inclusive na hora do diagnóstico diferencial, que é o mais cobrado pelas
provas ao abordar estas causas mais raras.
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A história natural da doença geralmente começa com um
hipotireoidismo subclínico (caracterizado por níveis elevados de TSH,
mas níveis dentro da normalidade de T4L) que, ao longo dos anos,
progride para hipotireoidismo franco (TSH elevado com T4L reduzido,
com ou sem sintomas).
Outras causas de hipotireoidismo primário são:
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Esta condição não se trata de hipotireoidismo, mas vamos falar sobre ela
aqui, já que estamos discutindo o diagnóstico diferencial de alterações
nos exames laboratoriais da função tireoidiana.
A síndrome do eutireoidiano doente é uma condição clínica em que
pacientes que não tinham nenhum problema tireoidiano prévio
apresentam alguma doença aguda grave, e no laboratório mostram
alterações na função tireoidiana, porém, estão clinicamente
eutireoidianos.
Esses pacientes apresentam níveis normais ou diminuídos de T4,
redução da ligação de T4 à globulina de ligação dos hormônios da
tireoide (TBG), redução do T3, aumento do T3 reverso, TSH normal e
cintilografia de tireoide normal.
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Como vimos, esta situação é geralmente precipitada por algum
estressante orgânico, como jejum, anorexia nervosa, desnutrição
proteica, trauma cirúrgico, infarto do miocárdio, insuficiência renal
crônica, cetoacidose diabética, cirrose, sepse e hipertermia.
Toda essa alteração no perfil dos hormônios da tireoide acontece devido
às alterações na atividade das deiodinases. As principais alterações são
redução da atividade da deiodinase tipo 1 (D1) hepática, limitando a
conversão de T4 em T3; e aumento da atividade da D3, favorecendo a
conversão de T4 em T3 reverso (rT3) - a forma inativa dos hormônios
tireoidianos.
Quadro Clínico
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• Alterações cutâneas: Pele seca, descamativa e áspera. Outra
queixa muito comum é a queda de cabelos, com cabelos secos e
quebradiços. Além disso, pode haver madarose (rarefação do terço
lateral das sobrancelhas), edema facial e fragilidade ungueal.
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Figura 20. Fácies mixedematosa, em duas pacientes, com edema, palidez, edema
Fonte: Vilar, Lucio. Endocrinologia Clínica (p. 318). Guanabara Koogan. Edição do Kindle.
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Fonte: Vilar, Lucio. Endocrinologia Clínica (p. 319). Guanabara Koogan. Edição do Kindle.
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• Alterações hematológicas: Anemia é a principal alteração
hematológica encontrada, que normalmente é normocrômica e
normocítica. Entretanto, em mulheres de idade férti que
apresentem menorragia, pode haver um componente de
ferropenia associado, com microcitose e hipocromia.
Diagnóstico Laboratorial
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Hipotireoidismo primário
Nesta forma mais comum de hipotireoidismo, como a produção de
hormônio pela tireoide está diminuída, a resposta compensatória é um
aumento da secreção de TSH pela hipófise (lembre-se da alça de
feedback entre tireoide, hipófise e hipotálamo). Desta forma, o achado
laboratorial no hipotireoidismo primário é T4 livre baixo com TSH
elevado.
Nas fases iniciais da tireoidite de Hashimoto, por exemplo, podemos
observar um TSH elevado com um T4L normal, condição chamada de
hipotireoidismo subclínico. Preste atenção que, apesar do nome, o hipo
subclínico é uma definição laboratorial e não tem nada a ver com a
presença ou ausência de manifestações clínicas. Não vá se confundir!
Hipotireoidismo central
Aqui, o problema está na secreção hipofisária de TSH ou hipotalâmica de
TRH (bem mais rara, mas que também reduz o TSH). Com níveis baixos
de TSH, a tireoide é pouco estimulada e produz menos hormônios do
que o necessário.
Assim, no hipo central encontramos níveis baixos de T4L e níveis de
TSH, que podem estar baixos ou mesmo inapropriadamente normais.
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Aqui pode estar uma pegadinha. Numa situação de T4L baixo, a resposta
esperada seria um aumento muito importante dos níveis de TSH. Se
temos um T4L baixo e um TSH normal, isto é inapropriado e já nos
permite diagnosticar um componente de hipotireoidismo central.
Tratamento
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Coma Mixedematoso
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Outros achados clínicos muito frequentes são bradicardia, hipotensão,
hipoventilação, hiponatremia e hipoglicemia.
Diante da suspeita, devemos solicitar a função tireoidiana (TSH e T4L) e
também níveis de cortisol, para descartar insuficiência adrenal associada.
O T4L virá reduzido e no hipotireoidismo primário o TSH estará
absurdamente elevado, enquanto no hipotireoidismo central pode estar
normal, baixo ou discretamente elevado (< 10 mU/ℓ).
O tratamento consiste na reposição de hormônios tireoidianos e deve
ser iniciado já na suspeita de estado mixedematoso, não devemos
esperar o resultado dos exames. Classicamente, os livros-texto e
guidelines internacionais recomendam o uso de levotiroxina
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QUESTÃO
A. Solicitar nova avaliação da função tireoidiana após três meses da data de coleta do TSH
alterado.
B. Introduzir levotiroxina na dose de 2,2 mcg/kg/dia, devido ao maior risco de doença
cardiovascular e mortalidade associados ao hipotireoidismo subclínico nessa faixa etária.
C. Introduzir tri-iodotironina, na dose de 1,0 mcg/kg/dia, que é indicada para melhorar a
qualidade de vida em idosos.
D. Solicitar a dosagem do anticorpo antirreceptor de TSH (TRAb).
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GABARITO
Comentário Medway
Galera, questão sobre o seguimento e conduta de uma condição muito comum, o
hipotireoidismo subclínico. Antes de tudo, vamos ter bem em mente que ele trata-se de
um padrão LABORATORIAL e não tem nenhuma relação com o paciente ter ou não um
quadro clínico compatível com hipotireoidismo.
O hipo subclínico é definido por um TSH acima do valor da normalidade com um T4L
normal. Antes de tomar qualquer decisão, especialmente diante de valores limítrofes, o
correto é repetir o exame em 2-3 meses.
A grande questão é: quando devemos tratar um hipotireoidismo subclínico? Apenas em
algumas situações específicas! Vamos relembrar o fluxograma:
A primeira variável depende da presença ou não de anticorpos contra a tireoide (o
principal é o anti-TPO). As outras são o valor do TSH e a idade do paciente.
Nos pacientes com anti-TPO positivo:
Nos pacientes com anti-TPO negativo:
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Agora vamos às alternativas:
A - Correta. Nosso paciente tem um TSH < 7,0 e mais de 70 anos. Nesta situação,
independente da presença de anti-TPO ou não, vamos acompanhar com um novo TSH em
alguns meses para observar a tendência. Perfeito!
B - Incorreta. Como vimos, este paciente não tem indicação de tratamento agora. Além
disso, caso fôssemos tratar, em pacientes idosos, começamos com doses mais baixas de
levotiroxina. E a dose ideal para todas as pessoas, de maneira geral, é de 1,6 a 1,7 mcg/kg/dia
e não 2,2!
C - Incorreta. Não há indicação de repor levotiroxina, quanto mais tri-iodotironina.
Alternativa sem noção!
D - Incorreta. O TRAb é o anticorpo envolvido na patogênese da doença de Graves, que
cursa com HIPERtireoidismo (um TSH suprimido com T4L elevado). Nada a ver com nosso
paciente! Se fôssemos dosar algum anticorpo aqui, seria o anti-TPO! Mas lembre que neste
valor de TSH a conduta é seguimento, independente da presença ou não de anti-TPO.
Visão do aprovado: o tratamento de quadros de hipotireoidismo subclínico vai depender
de algumas variáveis. No caso da questão, como o TSH é inferior a 7, sempre iremos
acompanhar a tendência do hormônio, independente da idade do paciente.
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Nódulos Tireoidianos
• Doenças granulomatosas
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Avaliação Diagnóstica
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Agora sim vamos partir para o exame que nos dá mais informações e dita
condutas na avaliação do nódulo tireoidiano: a ultrassonografia. Foram
desenvolvidas uma série de critérios para pontuar as características dos
nódulos e determinar a chance de malignidade. Mais importante do que
decorar as tabelas é saber quais são as características
ultrassonográficas sugestivas de malignidade:
• Microcalcificações
• Hipoecogenicidade
• Extensão extratireoidiana
Vamos entender o porquê de um nódulo hipoecogênico (mais escuro
que o parênquima vizinho) ter maior chance de malignidade. Lembre-se
que a ultrassonografia trabalha com a reflexão da onda ultrassônica que,
ao atingir as estruturas, retorna e é captada pelo probe, que converte
este sinal em imagem. A tireoide normal é rica em coloide dentro dos
folículos, que reflete bastante o som, conferindo a característica
ecogênica habitual da tireoide.
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• Ecogenicidade
• Forma
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• Margens
• Focos ecogênicos
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Tabela 11. Recomendações para a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) segundo o
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Como você pode perceber pelas tabelas, não há indicação para punção
de nódulos menores que 1 cm na maior parte dos casos. Entretanto, em
algumas situações, iremos “burlar” esta regra e indicar a punção de
nódulos suspeitos subcentimétricos. Vamos fazer isso em situações onde
o nódulo, sua localização ou mesmo as características do paciente forem
de muito alto risco. Por exemplo:
• Nódulos no istmo
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Uma vez que indicamos a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) do
nódulo tireoidiano, precisamos interpretar os resultados. Para isso, existe
um outro sistema de classificação para padronização do laudo da análise
histopatológica, chamado de sistema de Bethesda. Este sistema divide o
resultado da punção em seis categorias. Com base nisso, teremos uma
conduta recomendada. Novamente, acompanhe conforme a tabela.
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QUESTÃO
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GABARITO
Comentário Medway
Paciente com história de radioterapia na infância, surgindo com "bolinha" em região
anterior de pescoço. Nestes casos, devemos sempre suspeitar de nódulos de tireoide e
excluir malignidade. O primeiro passo é solicitar TSH e, em caso de normalidade e USG
evidenciando nódulo > 1 cm, devemos prosseguir investigação com PAAF.
Vamos ver ítem por ítem...
A - Correta. Ultrassonografia; punção com agulha fina para biópsia. Nosso paciente,
apresenta a história de radioterapia quando criança. Sabemos que radioterapia é fator de
risco para carcinoma papilífero. Há alguma dúvida que devemos prosseguir nossa
investigação? Claro que não, né? Pois bem, nosso paciente já tem TSH normal e já é
descrito que a lesão tem 2cm (> 1cm), o que, segundo nosso fluxograma, indicaria a
realização da PAAF.
B - Incorreta. Nos casos de TSH suprimido, indicaríamos a realização de um teste para
avaliarmos a função desta glândula (cintilografia).
C - Incorreta. Caso positivo, ou seja, caso houvesse muita captação, diríamos que a lesão é
“quente” e pensaríamos num adenoma tóxico. Mas se houver baixa captação ao exame,
seguiríamos o fluxograma e pediríamos uma USG. TC não é um exame muito bom para
avaliarmos a tireoide, uma vez que a sensibilidade e a especificidade são baixas na
detecção de doenças tireoidianas.
D - Incorreta. Pessoal, mais uma vez, observemos o fluxograma. Fica claro que nossa
investigação deve ser iniciada com exames mais simples, como uma USG, e não com uma
tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT).
Visão do aprovado: Questão direta e sem enrolação. Cobra do candidato algo essencial
para todos que irão fazer prova: conhecimento do fluxograma de investigação do nódulo de
tireoide. O candidato tem que saber isso antes de prestar a prova. Assunto quente que cai
todos os anos.
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Cancêr de Tireoide
• Carcinoma papilífero
• Carcinoma folicular
Carcinomas foliculares de tireoide indiferenciados
• Carcinoma anaplásico
Existe ainda um tipo de carcinoma originado das células parafoliculares,
também chamadas de células C, produtoras de calcitonina. Este é o
carcinoma medular de tireoide (CMT). O CMT pode ser esporádico (na
maior parte dos casos) ou fazer parte de alguma síndrome.
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Por fim, a tireoide pode ser foco de outros tumores mais raros, como
linfomas, sarcomas, teratomas e mesmo metástase de outros tumores.
Estes tipos, entretanto, pela sua raridade não serão abordados aqui.
Carcinoma Papilífero
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Figura 24. Foto de uma lâmina de H&E de um carcinoma papilar de tireoide, obtida após
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Thyroid_papillary_carcinoma_histopathology_(2).jpg
Carcinoma Folicular
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Carcinoma Anaplásico
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Carcinoma Medular
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O CMT pode se apresentar em qualquer faixa etária. Entretanto, a forma
esporádica tem pico de incidência durante a 5ª e a 6ª décadas de vida,
enquanto as formas familiares manifestam-se mais cedo. Na NEM-2A o
CMT geralmente aparece na 2ª década de vida, já na NEM-2B, ele ocorre
ainda nos primeiros 10 anos de vida e tem comportamento mais
agressivo.
As metástases do CMT geralmente são via linfática, mas também
podem ocorrer a distância, mais comumente para fígado, pulmão e
ossos. Como são originados das células produtoras de calcitonina, o CMT
mantém a capacidade de secreção dessa substância, que normalmente
está presente em níveis bem elevados.
Tratamento
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especialista. Na prova o que você precisa saber é que pode envolver: (1)
cirurgia; (2) radioiodoterapia; e (3) supressão de TSH.
1. Cirurgia
De maneira geral, a cirurgia de escolha para o tratamento é a
tireoidectomia total, para garantir que não haja resto tumoral em
nenhum outro local da tireoide ou, mesmo, no leito cervical. A título de
curiosidade, para que o paciente com câncer diferenciado de tireoide
possa realizar uma lobectomia e não tireoidectomia total, ele precisa
preencher uma série de critérios:
Se houver sinais clínicos de acometimento linfonodal no carcinoma
papilífero, será indicado também o esvaziamento cervical (retirada dos
linfonodos).
2. Radioiodoterapia
Em alguns casos (os quais exatamente você não precisa saber), é
indicada também a radioablação com iodo radioativo. Essa terapia
consiste na administração de uma dose de iodo (30 a 100 mCi), que visa
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Bibliografia
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PARA SABER MAIS
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104
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APLICATIVO MEDWAY
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PARA SABER MAIS
105
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106
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NOSSA MISSÃO
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