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Álvaro Furtado Costa

João Miranda
Thiago Aragão Leite

EXTRAS

NEURORRADIOLOGIA

1
SUMÁRIO

NEURORRADIOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1. Trauma cranioencefálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. Cefaleia súbita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3. Déficit focal súbito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4. Tumores e infecções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5. A
 lgumas noções de ressonância magnética (RM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Mapa mental. Neurorradiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13


Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

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NEURORRADIOLOGIA

importância/prevalência

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Primeiro exame no TCE, na investigação de cefaleia e na suspeita de AVC: TC sem contraste.


u Sangramentos recentes aparecem com hiperatenuação e hematomas crônicos com hipoatenuação.
u Hematomas epidurais têm forma bicôncava e hematomas subdurais são côncavo-convexos.
u A hemorragia subaracnoide: normalmente causada por ruptura de um aneurisma, embora também possa
resultar de um TCE. Ela se localiza nos sulcos corticais ou nas cisternas encefálicas.
u No AVC isquêmico, a TC poderá ser normal nas primeiras horas.
u Atenção para alguns sinais precoces de isquemia: 1) cerebral média hiperatenuante; 2) apagamento de
sulcos; e 3) perda da diferenciação córtico-subcortical.
u Na suspeita de tumores e infecções, costuma-se solicitar exame de imagem com contraste.
u Em um paciente imunossuprimido, uma lesão do tipo “preto-branco-preto” corresponde a uma provável
neurotoxoplasmose. Mas não devemos nos esquecer de outros diferenciais, a depender do contexto clínico.
u A RM é um exame bastante útil em diversas situações na neurorradiologia; as principais ponderações são
T1, T2 e Flair.

   BASES DA MEDICINA

Dica 1: Substância branca na TC é cinza (pois contém


mielina, composta por gordura, que tem baixa atenuação
na tomografia) e a substância cinzenta é branca.

Figura 1. Demarcação das substâncias branca e cinzenta.

Fonte: Acervo Sanar.

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Neurorradiologia Radiologia

Dica 2: Principais marcos anatômicos.

Figura 2. Marcos anatômicos.

Fonte: Acervo Sanar.

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Neurorradiologia 

Dica 3: Vascularização cerebral e principais marcos ana-


tômicos.

Figura 3. Vascularização cerebral.

Fonte: Acervo Sanar.

DICA
1. TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO Lembre-se de que, em um exame
normal, os plexos coroides e a pineal apa-
recem hiperatenuantes, pois são calcifi-
u a) TC de crânio sem contraste: primeiro exame cados. Então não confunda com sangra-
a ser pedido no contexto de TCE. mento!
W Este método poderá evidenciar fraturas de
ossos da face e do crânio e sinais de hemor-
ragia intracraniana.

DICA
Na TC de crânio sem contraste,
uma hemorragia aguda costuma aparecer
hiperatenuante (branca), e um hematoma
crônico, hipoatenuante (cinza escuro).

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Neurorradiologia Radiologia

Figura 4. Cortes axiais normais de TC de crânio, mostrando glândula pineal


(à esquerda) e plexos coroides (à direita), calcificados.

Fonte: Acervo Sanar.

W Os principais sangramentos intracranianos são: Figura 5. Hemorragia epidural: imagem


epidural, subdural e subaracnoide. A hemor- hiperdensa e com formato biconvexo.
ragia subaracnoide será abordada com mais
detalhes adiante. Então vamos nos focar nos
dois primeiros tipos.
W O sistema nervoso central é envolvido por
três meninges: a dura-máter (mais externa),
a aracnoide e a pia-máter (mais interna).

u b) Hemorragia epidural:
W Está localizada entre o osso e a meninge du-
ra-máter.
W Lesão da artéria meníngea média (por conta
disso, esse hematoma costuma se desenvol-
ver rapidamente, já que a pressão no vaso é
arterial).
W Clínica: tipicamente, o paciente apresenta ini-
cialmente um intervalo lúcido imediatamente
após o trauma, evoluindo após algumas ho-
ras com sinais localizatórios, e até sinais de
Fonte: Acervo Sanar.
hipertensão intracraniana.
W Imagem: o aspecto na tomografia é de uma u c) Hematoma subdural:
imagem biconvexa.
W Encontra-se entre a dura-máter e a aracnoide.

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Neurorradiologia 

W Ruptura de veias tributárias do seio sagital (hiperarenuantes/brancos) ou crônicos (hi-


superior. Eles apresentam formato de foice/ poatenuantes/pretos).
lente côncavo-convexa. W Os hematomas subdurais crônicos desenvol-
W Ao contrário de outros hematomas intracra- vem-se ao longo de semanas, após traumas
nianos, podem ser classificados em agudos pequenos, geralmente em idosos.

Figura 6. À direita, hemorragia subdural aguda e, à esquerda, crônica. Reparem que, na fase
aguda, a cor do hematoma é branco (hiperdensa) e na fase crônica escura (hipodensa).

Fonte: Acervo Sanar.

Quadro 1. Tipos de hemorragia.

Epidural Subdural
• Entre osso e dura-máter • Entre dura-máter e aracnoide
• Lente BICONVEXA • Lente BICÔNCAVO-CONVEXA
• Quadro: intervalo lúcido • Agudo ou Crônico

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Neurorradiologia Radiologia

V Os vasos mais acometidos são a artéria co-


2. C EFALEIA SÚBITA municante anterior, a artéria comunicante
posterior e a artéria cerebral média.
u a) Hemorragia subaracnoide: W Menos comumente, pode resultar de um TCE.
W Contexto: Cefaleia com sinais de alarme. W Primeiro exame a ser solicitado: tomografia
W Mais comumente relacionada à ruptura de de crânio sem contraste.
aneurisma cerebral. W Achados de imagem: hiperatenuação (sangue)
nas cisternas ou nos sulcos cerebrais.

Figura 7. Hemorragia nas cisternas à esquerda e nos sulcos à direita.

Fonte: Acervo Sanar.

Se TC de crânio normal, mas se a suspeita de hemor- 3. DÉFICIT FOCAL SÚBITO


ragia subaracnoide for grande, podemos continuar a
investigação realizando uma punção lombar.
Na suspeita de um acidente vascular encefálico
Se os exames vierem alterados, podemos comple-
(AVC), o primeiro exame a ser pedido é uma tomo-
mentar a investigação com uma angiotomografia
grafia computadorizada de crânio sem contraste.
ou uma angiorressonância. Arteriografia quase não
é mais realizada nos dias de hoje. Se a causa do déficit focal súbito tiver sido um AVC
hemorrágico (AVCh), poderemos ver uma lesão
hiperatenuante correspondente ao sangramento.
DICA
Outro diagnóstico diferencial para
cefaleia aguda, em especial em jovens e
mulheres, é a trombose venosa cerebral.
Idealmente, o diagnóstico é feito pela res-
sonância magnética, mas pode ser feita
pela TC com contraste.

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Neurorradiologia 

Figura 8. AVCh: sangramento (área hiperatenuante Figura 9. Área de infarto cerebral - artéria
branca) na região nucleocapsular esquerda. cerebral média: observar imagem hipodensa com
apagamento dos sulcos e a perda da diferenciação
entre a substância branca e cinzenta.

Fonte: Acervo Sanar. Fonte: Acervo Sanar.

Já no caso do AVC isquêmico: importante lembrar


que, nas primeiras três horas desde o insulto agudo, 4. TUMORES E INFECÇÕES
a TC de crânio poderá vir normal. Contudo, não deve-
mos esquecer que, por vezes, poderemos observar
sinais precoces de lesão isquêmica, a saber: Na suspeita de infecção ou tumor acometendo o
sistema nervoso central, normalmente se realiza
u artéria cerebral média hiperatenuante;
um exame de imagem com contraste.
u apagamento de sulcos;
Um achado de imagem que costuma ser muito apre-
u perda da diferenciação entre substância branca sentado em provas é o de uma lesão hipoatenuante
e cinzenta. com realce do contorno pelo contraste, com uma
Com o tempo, a área de isquemia pode evoluir para área hipoatenuante (edema) ao seu redor.
infarto do parênquima. Em um paciente imunodeprimido, a primeira hipótese
a ser considerada é a de neurotoxoplasmose – já foi,
inclusive, tema de prova de residência para a USP.

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Neurorradiologia Radiologia

Figura 10. Neurotoxoplasmose: imagens hipodensas com realce anelar.

Fonte: Acervo Sanar.

Uma lesão do tipo “preto-branco-preto” não é patog- 5. A LGUMAS NOÇÕES DE


nomônica de neurotoxoplasmose e, para fazer esse RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM)
diferencial, é importante considerar o contexto
apresentado no caso clínico. Outras possibilidades,
por exemplo, são: linfoma e doença de Chagas. É mais difícil aparecer RM em provas, mas é impor-
tante ter alguma noção sobre como ver um exame
de RM.
u a) Ponderação T1: esta ponderação é adequada
para analisar a anatomia da região estudada. A
substância branca encefálica apresenta hipersi-
nal (“mais branca”) em relação ao córtex.

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Neurorradiologia 

Figura 11. Ponderação T1. Figura 12. Ponderação T2.

Fonte: Acervo Sanar.

Fonte: Acervo Sanar.


u c) Flair: é uma ponderação em que o sinal das
u b) Ponderação T2: nesta ponderação, estruturas estruturas é semelhante ao evidenciado em T2,
com líquido aparecem com hipersinal – ou seja, exceto por líquidos, que apresentam saturados
o líquor apresenta-se “branco”. (ou seja, com hipossinal).

Figura 13. Ponderação Flair.

Fonte: Acervo Sanar.

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Neurorradiologia Radiologia

W TC COM CONTRASTE: alguns casos de cefaleia (como


   DIA A DIA MÉDICO na suspeita de trombose venosa central, a TVC), infec-
ção (neurotoxoplasmose, abscesso) e neoplasias
(primária e secundária).
Vamos fazer um resumo, de forma prática, da melhor forma
para solicitar exames de imagem em neurorradiologia: W ANGIO TC: suspeita de aneurisma, de forma comple-
mentar no protocolo AVC.
W TC SEM CONTRASTE: indicada em casos como déficit W Ressonância: virtualmente, o melhor método para
focal súbito (suspeita de AVC), trauma e em alguns estudo em neurorradiologia, mas nem sempre presente
casos de cefaleia. em ambiente de emergência.
Fluxograma 1. TC com ou sem contraste, como escolher?

TC sem contraste

Déficit focal súbito ANGIO RM / Difusão

Trauma

Cefaleia Cefaleia súbita / HSA


na TC sem contraste

TC com contraste

Suspeita de TVC

Infecção

Neoplasia

Fonte: Acervo Sanar.

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Neurorradiologia 

Mapa mental. Neurorradiologia

NEURORRADIOLOGIA

TCE Déficit Focal Súbito Cefaleia Tumores/Infecção

- TC crânio sem
- TC crânio sem contraste é o
contraste é o exame de escolha
exame de escolha - Sinais de isquemia
- Sangue na TC de precoce: artéria Dois principais
crânio é branco/ cerebral média diferenciais
hiperatenuante hiperdensa, perda na imagem Ponto-chave:
- Hematoma subdural: da diferenciação - Hemorragia - Exame precisa
sinal do crescente entre sustância subaracnoide ser contrastado
- Hematoma subdural branca e cinzenta - Trombose
crônico: hipodenso e apagamento venosa central
- Hematoma de sulcos
epidural: sinal da - AVC Hemorrágico:
lente biconvexa sangue fica
branco na TC
.

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Neurorradiologia Radiologia

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Rocha AJ, Vedolin L, Mendonça RA. Encéfalo. Elsevier; 2012.


(Série CBR – Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico
por Imagem).
Thurnher M. Imaging in acute stroke. Radiology Assistant
[Internet]; 2022 [acesso em 27 out 2022]. Disponível em:
https://radiologyassistant.nl/neuroradiology/brain-ischemia/
imaging-in-acute-stroke.

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Neurorradiologia 

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 regular, deu entrada no Pronto-Socorro trazida pelo


SAMU acompanhada de colega de trabalho, o qual
(UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – SP – 2020) Mu-
refere que a paciente foi encontrada caída no ba-
lher de 53 anos foi encontrada por familiares caída
nheiro inconsciente. Exame físico na admissão: pa-
e arresponsiva. AP: hipertensa e tabagista. Exame
ciente sedada, em intubação orotraqueal (realizada
físico: comatosa (escala de coma de Glasgow 7),
no momento do resgate), ventilação mecânica e
PA 180 x 100 mmHg, FC 70 bpm. TC de crânio (ima-
pupilas anisocóricas, sendo a pupila direita maior
gem a seguir). A hipótese diagnóstica é:
que a esquerda. Baseado na história clínica e exame
de tomografia de crânio sem contraste realizada na
admissão, qual é o diagnóstico:

⮦ Acidente vascular cerebral intraparenquimatoso


hipertensivo.
⮦ Acidente vascular encefálico hemorrágico ca-
⮧ Hemorragia subaracnoidea por rotura de aneu- racterizado por hemorragia nos espaços suba-
risma cerebral. racnoideos das cisternas basais do encéfalo.
⮨ Trombose de seio cavernoso. ⮧ Acidente vascular encefálico de tronco cerebral
⮩ Hematoma subdural agudo traumático. com extensa isquemia caracterizado por hipo-
densidade de mesencéfalo.
Questão 2 ⮨ Hemorragia intraparenquimatosa traumática ca-
racterizada por hemorragia nas cisternas basais
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP – SP – 2020) e lobos frontais bilateralmente.
Mulher, 54 anos de idade, hipertensa em tratamento

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Neurorradiologia Radiologia

⮩ Contusão frontal traumática por contragolpe, Questão 5


caracterizada por hemorragia subaracnoidea e
intraparenquimatosa frontal bilateral, mais pro- (FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS/RJ – 2018) Adoles-
nunciada à direita. cente de 15 anos deu entrada na Unidade de Pron-
to-Atendimento (UPA) com crise convulsiva de di-
fícil controle. Após as medidas de suporte iniciais,
Questão 3 o paciente realizou tomografia de crânio, a qual
evidenciou lesão hiperdensa ovalada, de contorno
(HOSPITAL EVANGÉLICO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM – ES –
regular com cerca de 2 cm de diâmetro no lobo
2021) Observe a imagem a seguir:
frontal, com área de edema perilesional ao redor.
O médico radiologista de plantão levantou a sus-
peita etiológica de parasitose. Qual seria a doença
e o agente etiológico desta parasitose?

⮦ Teníase e Taenia solium.


⮧ Neurocisticercose e Taenia saginata.
⮨ Teníase e Taenia saginata.
⮩ Neurocisticercose e Taenia solium.

Questão 6

(HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO – 2017) Homem de


70 anos, com história de HAS, é admitido no pronto-
-socorro com história de, há 1 hora, ter apresentado
quadro súbito de fraqueza no dimídio corporal es-
querdo. No exame neurológico, apresenta hemipa-
resia completa à esquerda, desproporcionada, com
É CORRETO afirmar que a lesão suspeita de he-
predomínio braquifacial, hiporreflexia à esquerda e
matoma epidural corresponde à imagem da letra:
hipotonia. Estava disártrico, porém orientado. PA
⮦ D. 185/90 mmHg, FC 80 bpm, FR 20 irpm, Tomografia
computadorizada de crânio mostrava área hiper-
⮧ C.
densa em putâmen à direita e medindo 1 cm. Qual
⮨ B. é o diagnóstico e o melhor tratamento?
⮩ A.
⮦ AIT (Acidente Isquêmico Transitório) – hiper-hi-
dratação e antiagregante.
Questão 4
⮧ AVE (Acidente Vascular Encefálico) isquêmico
(OFTALMOCLÍNICA SÃO GONÇALO/RJ – 2014) Em que situa- – trombolítico (Rtpa).
ção a Ressonância Magnética é mais sensível que ⮨ AVE (Acidente Vascular Encefálico) hemorrági-
a Tomografia Computadorizada? co – controle pressórico.
⮩ AVE (Acidente Vascular Encefálico) isquêmico
⮦ Em caso de hemorragia intracraniana.
– hiper-hidratação e antiagregante.
⮧ Em caso de infarto cerebral precoce.
⮨ Em caso de infarto isquêmico.
Questão 7
⮩ Em caso de ataque isquêmico transitório.
(FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2016) Pa-
ciente hipertenso, em tratamento irregular, apresenta

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Neurorradiologia 

quadro de hemorragia intracraniana aguda volumosa ⮦ O diagnóstico mais provável é de tuberculose


e desvio da linha média visto na tomografia com- cerebral e iniciar rifampicina + isoniazida + pi-
putadorizada do crânio. Evolui no segundo dia de razinamida + etambutol.
internação com anisocoria e pupila esquerda fixa ⮧ Devido à gravidade, uma terapia combinada de
e dilatada, posturas motoras anormais bilaterais tratamento para toxoplasmose, tuberculose e
e alterações da frequência cardíaca. Qual a causa histoplasmose.
mais provável dessas alterações?
⮨ O diagnóstico mais provável é de toxoplasmose
⮦ Aumento da pressão intracraniana devido à va- e deve ser iniciado sulfadiazina com pirimetami-
soespasmo cerebral. na e ácido folínico.
⮧ Hipertensão intracraniana e herniação de tron- ⮩ Uma biópsia guiada por tomografia deve ser
co cerebral. realizada para o diagnóstico.
⮨ Síndrome da secreção inapropriada do hormônio ⮪ O diagnóstico é de histoplasmose e deve ser
antidiurético (SIADH). iniciada anfotericina B.
⮩ Isquemia cerebral secundária ao sangramento.
⮪ Mielinólise pontina. Questão 10

(FACULDADE DE MEDICINA DO ABC/SP – 2017) Menino de 12


Questão 8 anos iniciou com queixa de alteração do campo vi-
sual há 2 semanas. Procurou oftalmologista, que
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – 2015) Homem, identificou em fundoscopia edema de papila. Enca-
60 anos, apresenta há cerca de 1 ano déficit de me- minhado ao pronto-socorro, realizou ressonância
mória recente de caráter progressivo associado à magnética, que identificou: “massa lobulada em
desorientação espacial e dificuldade para nomeação. região pineal associada à hidrocefalia”, paciente
Não há alteração do comportamento. Exame neuro- submetido à descompressão com colocação de de-
lógico sem alterações. Ressonância magnética de rivação ventrículo-peritoneal. Resultado de exames:
crânio mostra discreta atrofia cortical. Dosagem de Beta HCG sérico: normal; Alfafetoproteína sérica:
vitamina B12, hormônios tireoidianos e VDRL sem normal; Beta HCG liquórica: 71 (VR: < 50); Alfafe-
alterações. O diagnóstico mais provável é: toproteína liquórica: normal. Com base no achado
⮦ Hidrocefalia de pressão normal. de ressonância e dos exames séricos e liquóricos,
qual sua hipótese diagnóstica?
⮧ Demência frontotemporal.
⮨ Doença de Creutzfeldt-Jakob. ⮦ Germinoma.
⮩ Doença de Alzheimer. ⮧ Ependimoma.
⮨ Astrocitoma pilocítico.
Questão 9 ⮩ Meduloblastoma.

(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – 2016) Homem de 27


anos foi admitido com quadro de hemiplegia com-
pleta à direita. No exame físico, apresentava-se ema-
grecido e familiares comentaram que apresentava
febrícula no final do dia, além de lesões cutâneas
disseminadas tipo pápulas ulceradas. Foi realizada
uma tomografia computadorizada de crânio que de-
monstrou uma lesão de 2 cm em área de gânglios
da base no lado esquerdo.

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Neurorradiologia Radiologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 dificuldade:   Alternativa A: CORRETA.


Y Dica do professor: Paciente encontrada com rebai- Alternativa B: INCORRETA. Na fase aguda de um AVC,
xamento do nível de consciência e com tomogra- dificilmente será possível visualizar área de isque-
fia de crânio, evidenciando sangramento extenso mia na TC, e muito menos um AVC de tronco, visto
em espaço subaracnoide, sobretudo nas cisternas que a TC tem algumas limitações de visualização
basais. O diagnóstico é de hemorragia subaracnoi- devido ao arcabouço ósseo.
de (HSA). Achados do exame físico que poderiam Alternativa C: INCORRETA. A HIP é um tipo de AVCh,
ajudar na porta antes do exame de imagem seriam mas, normalmente, ocorre em duas topografias:
a presença de sinais meníngeos, como rigidez de lobar, principalmente secundária à angiopatia a
nuca, Kernig e Brudzinski, e hemorragias intrao- miloide, e em território de artérias perfurantes, se-
culares observadas no exame de fundo de olho. cundária à doença de pequenos vasos.
A causa mais comum da HSA não traumática é o Alternativa D: INCORRETA. Não há histórico de trau-
aneurisma intracraniano. ma e não há padrão de hemorragia intraparenqui-
✔ resposta: B matosa (HIP), como descrito na assertiva anterior.
Alternativa E: INCORRETA. O hematoma subdural tem
formato de “lua crescente” e é resultado do san-
Questão 2 dificuldade:  
gramento das veias “em ponte” do encéfalo, sendo
Y Dica do professor: Estamos diante de uma pacien- muito comum em idosos e etilistas crônicos, que
te hipertensa de 54 anos de idade, que apresentou possuem redução volumétrica do encéfalo.
quadro súbito de rebaixamento do nível de cons- ✔ resposta: A
ciência. Vem trazida pelo SAMU, em VM com ani-
socoria. Diante de um déficit neurológico focal de
Questão 3 dificuldade:  
início súbito, a primeira, segunda e terceira hipótese
diagnóstica tem que ser AVC. A conduta deve ser a Y Dica do professor: O hematoma epidural, também
estabilização inicial (pode seguir o ABCDE, mesmo conhecido como extradural, é caracterizado pela
não sendo trauma), monitorização, solicitar glicemia imagem tomográfica de uma lesão hiperatenuante
capilar e tomografia de crânio, com objetivo único, em formato de lente biconvexa. É importante tam-
neste momento, de distinguir um AVC isquêmico de bém recordar que esse hematoma está relacionado
um AVC hemorrágico. Na TC do caso, percebemos a sangramento arterial (artéria meníngea média), e
sangramento nas fissuras e cisternas cerebrais, é decorrente de trauma direto em região temporal
padrão compatível com o de Hemorragia Subarac- ou temporoparietal, estando frequentemente asso-
noidea, um tipo de AVCh, geralmente associada a ciada a fratura óssea. Além disso, é comum o inter-
ruptura de aneurisma. Esta paciente precisa ser valo lúcido, no qual ocorre a perda de consciência
encaminhada a uma UTI neurológica ou unidade no momento do trauma, sendo seguida de melhora
de AVC para cuidados finos à beira leito, além da parcial ou completa, e após um período de poucas
necessidade de avaliação neurocirúrgica. horas, ocorre piora neurológica súbita.

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Neurorradiologia 

Alternativa A: CORRETA. Na imagem D, visualizamos com quadro clínico-radiológico igual ao descrito


uma lesão em formato de lente biconvexa, o que no enunciado. O tratamento deve ser feito com al-
é característico do hematoma epidural, conforme bendazol ou praziquantel associado a corticoide.
mencionado na dica. Alternativa A: INCORRETA. A ingestão das larvas de T.
Alternativa B: INCORRETA. Na imagem C, visualiza- solium leva ao desenvolvimento de vermes adultos
mos uma lesão intraparenquimatosa, que pode ser no intestino humano, que é a teníase. A teníase não
decorrente de hemorragia intraparenquimatosa ou acomete o sistema nervoso central.
de neoplasias. Alternativa B: INCORRETA. A T. saginata não tem o
Alternativa C: INCORRETA. Na imagem B, visualiza- homem como hospedeiro intermediário e, portanto,
mos a presença de imagem hiperatenuante nos não causa cisticercose.
ventrículos encefálicos, que nos indicam provável Alternativa C: INCORRETA. A T. saginata não tem o
presença de sangue, sendo compatível com hemor- homem como hospedeiro intermediário e, portanto,
ragia subaracnoidea. não causa cisticercose.
Alternativa D: INCORRETA. Na imagem A, visualiza- Alternativa D: CORRETA.
mos uma lesão em formato de lua crescente, o que
✔ resposta: D
é característico do hematoma subdural.
✔ resposta: A
Questão 6 dificuldade: 

Questão 4 dificuldade:   Y Dica do professor: Paciente idoso, hipertenso, com


déficit neurológico motor agudo há 1 hora, com TC
Y Dica do professor: A RNM já pode identificar AVC de crânio mostrando hiperdensidade em putâmen,
isquêmico desde o início dos sintomas. contralateral ao déficit – estamos falando de um
Alternativa A: INCORRETA. Tanto a TC quanto a RNM AVC hemorrágico!!!
detectam hemorragia intracraniana com elevada Alternativa A: INCORRETA. No AIT, o déficit é reversí-
sensibilidade. vel, geralmente na primeira hora, mas, na maioria
Alternativa B: CORRETA. A TC pode ser normal nas das vezes, nos primeiros 15 minutos, com TC sem
primeiras horas após um AVC isquêmico, enquanto hiperdensidade.
a RNM o detecta logo após o início dos sintomas. Alternativas B e D: INCORRETAS. Aqui o déficit é man-
Alternativa C: INCORRETA. A TC também é sensível tido, porém com TC sem hiperdensidade também,
para detecção de infarto cerebral após 24-72h. podendo ser normal ou com hipodensidade.
Alternativa D: INCORRETA. AIT, por definição, não cur- Alternativa C: CORRETA. A conduta neste momento
sa com alterações nos exames de imagem. é suporte clínico e controle pressórico.
✔ resposta: B ✔ resposta: C

Questão 5 dificuldade:  Questão 7 dificuldade: 

Y Dica do professor: A Taenia solium pode ter o ho- Y Dica do professor: A principal causa de hemorragia
mem como hospedeiro intermediário, causando nele intraparenquimatosa é HAS.
a cisticercose, que ocorre quando o indivíduo ingere Alternativa A: INCORRETA. Vasoespasmo é uma com-
ovos de T. solium. Por ação do suco gástrico, esses plicação típica da hemorragia subaracnoide.
ovos são convertidos em oncosferas, que são ab-
Alternativa B: CORRETA. Hemorragia intracraniana
sorvidas pelo trato gastrointestinal e posteriormente
com anisocoria sugere herniação uncal com com-
disseminadas para os órgãos, onde se transformarão
pressão do nervo oculomotor.
em cisticercos. Quando os cisticercos se instalam
no cérebro, tem-se a neurocisticercose, que cursa Alternativa C: INCORRETA. Não há distúrbio do sódio
relatado.

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Neurorradiologia Radiologia

Alternativa D: INCORRETA. Não é compatível com o Questão 10 dificuldade:   


quadro.
Y Dica do professor: O germinoma é o tumor mais
Alternativa E: INCORRETA. Mielinólise é uma compli-
frequentemente encontrado na região da glându-
cação do tratamento muito rápido da hiponatremia.
la pineal, sendo encontrado em cerca de 50% dos
✔ resposta: B casos. Germinomas, coriocarcinomas e carcinoma
embrionário pertencem ao grupo dos tumores de
dificuldade:  
células germinativas, e verificam-se altos níveis de
Questão 8
marcadores biológicos, como alfa-feto proteína e
Y Dica do professor: Analisando o caso, o diagnós- gonadotrofina coriônica humana. Os tumores de cé-
tico que mais corrobora a descrição é a Doença de lulas germinativas do SNC ocorrem principalmente
Alzheimer, visto que, além de ser a causa mais co- em estruturas medianas do encéfalo (região da pi-
mum de demência, é uma doença degenerativa de neal e suprasselar) em células germinativas rema-
instalação insidiosa e progressiva, cursando com nescentes que migraram erroneamente para esta
deficit de aprendizagem e retenção, dificuldade de localização. Rapidamente, estas lesões causam
raciocínio, aprendizagem e retenção, além de de- quadros obstrutivos devido a sua proximidade com
ficit de orientação e habilidade espacial, descritos o sistema ventricular, e os pacientes frequentemen-
no caso do paciente acima. te apresentam sinais de hidrocefalia por obstrução
✔ resposta: D do fluxo do LCR.
✔ resposta: A

Questão 9 dificuldade:  

Y Dica do professor: Trata-se de um paciente jovem


com um déficit neurológico focal, que aparentemente
não foi súbito, associado a febre, lesões cutâneas
ulceradas e perda ponderal. Esse quadro sugere
a presença de uma imunodepressão (secundária
ao HIV/Aids), levando a uma infecção oportunista.
No paciente portador de Aids, as principais cau-
sas de déficit neurológico são: neurotuberculose,
neurotoxoplasmose e linfoma primário do SNC. No
entanto, a topografia da lesão estrutural encontra-
da na TC sugere o diagnóstico de neurotoxo, além
de possuir maior incidência. O tratamento dessa
condição é com sulfadiazina, pirimetamina e ácido
folínico por 21 dias.
✔ resposta: C

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