Você está na página 1de 103

Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Sobre Giovani Lavieri

Giovani é farmacêutico, formado pela Universidade Federal do


Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em Toxicologia Clínica e
Forense pela Faculdade Unyleya e em Ciências Forenses e Perícia
Criminal pela Universidade Potiguar (UnP).

Possui experiência nas análises clínicas, já atuou como


farmacêutico bioquímico em laboratórios de grande rotina e é
professor universitário desde 2016. Também atua como assessor
científico.

Criou o Farmaceuticando com objetivo de ajudar estudantes da


área da saúde, bem como profissionais formados, a se aprofundarem
nas análises clínicas e toxicológicas.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Olá, tudo bem? Obrigado por adquirir o e-book Parasitas


Intestinais. Tenho certeza de que vai te ajudar bastante na sua jornada.
Esse material foi criado pelo meu amigo e colega Epifanio Fernandes,
um excelente profissional farmacêutico que topou me ajudar a criar um
conteúdo de qualidade para o Farmaceuticando. Ele preparou um e-
book bem completo, falando sobre os principais parasitas intestinais e
métodos do exame parasitológico de fezes.

Depois dá uma olhada no meu site, lá tem bastante conteúdo


gratuito e outros e-books bem legais que eu preparei com muito
carinho. Para acessar o site, basta clicar aqui.

Se quiser, também tem meu Instagram @farmaceuticando_. Se


depois de ler o e-book, você ficar com alguma dúvida ou se quiser saber
mais sobre o conteúdo que eu preparo, fique à vontade para me
chamar no WhatsApp.

Quero te avisar que é proibido compartilhar o conteúdo desse e-


book sem minha autorização. Sei que posso contar com você!

Bom, espero que aproveite bastante o material que preparei e,


qualquer coisa, estou por aqui.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Sumário

1. Introdução aos parasitas intestinais....................................................................5


2. Exame parasitológico de fezes...............................................................................7
2.1 Etapa pré-analítica.................................................................................................7
2.2 Etapa analítica...........................................................................................................8
2.3 Etapa pós-analítica...............................................................................................10
3. Helmintos intestinais...................................................................................................12
3.1 Ascaris lumbricoides...........................................................................................13
3.2 Ancilostomídeos....................................................................................................19
3.3 Enterobius vermicularis..................................................................................24
3.4 Fasciola hepatica.................................................................................................29
3.5 Schistosoma mansoni......................................................................................33
3.6 Strongyloides stercoralis.................................................................................38
3.7 Trichuris trichiura.................................................................................................42
3.8 Taenia sp....................................................................................................................46
3.9 Outros cestódeos..................................................................................................55
3.10 Tamanho relativo dos ovos de helmintos.......................................63
3.11 Resumo dos principais helmintos e formas evolutivas...............64
4. Protozoários intestinais............................................................................................65
4.1 Complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar.............66
4.2 Amebas comensais.............................................................................................73
4.3 Giardia duodenalis.............................................................................................80
5. Coccídios intestinais.................................................................................................86
6. Principais técnicas em parasitologia clínica...............................................92
6.1 Exame direto a fresco.........................................................................................92
6.2 Técnica da fita adesiva.......................................................................................93
6.3 Técnica de Hoffmann, Pons e Janer.........................................................94
6.4 Técnica de Ritchie................................................................................................95
6.5 Técnica de Faust...................................................................................................96
6.6 Técnica de Rugai...................................................................................................97

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.7 Técnica de Willis....................................................................................................98


6.8 Técnica de Kato-Katz.........................................................................................99
7. Referências.....................................................................................................................100

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

1. Introdução aos parasitas intestinais

O parasitismo pode ser definido como a associação entre duas


espécies, onde uma se beneficia e outra se prejudica. Várias espécies de
organismos podem colonizar a superfície (ectoparasitas) ou entrar no
corpo humano (endoparasitas) com o instinto mais básico de
sobrevivência, que inclui se alimentar e reproduzir. Durante a atividade
do parasita, o hospedeiro pode se apresentar assintomático, porém em
outros casos pode ocorrer até a morte. As relações parasita-hospedeiro
são bastante complexas e levam em consideração desde a quantidade
do parasita, a capacidade de infecção do parasita, o local do organismo
onde o parasita se estabelece, o estado nutricional e imunológico do
hospedeiro, dentre outros aspectos.

O hospedeiro serve como um carreador do parasita, para que ele


possa se reproduzir e se disseminar para outros hospedeiros, formando
um ciclo biológico. O conhecimento do ciclo biológico é fundamental
para o estudo da parasitologia clínica pois a partir do ciclo é possível
extrair informações importantes sobre os processos patológicos e
sintomas, diagnóstico, tratamento, medidas de controle e prevenção.

Independente da complexidade do ciclo biológico, todos eles têm


3 componentes essenciais:

 Modo de transmissão
 Forma infectante: forma evolutiva ou morfológica que invade o
ser humano.
 Forma diagnosticável: forma evolutiva (ou formas evolutivas) que
pode ser detectada através de métodos laboratoriais.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Figura 1. Esquema geral do ciclo biológico dos parasitas. Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

2. Exame parasitológico de fezes

O exame parasitológico de fezes pode ser solicitado pelo médico


quando há sinais e sintoma sugestivos de infecção gastrointestinal.
Esse exame permite a identificação de helmintos e protozoários
intestinais através da detecção de diversas formas evolutivas desses
parasitas nas fezes. A seguir serão apresentadas algumas
considerações em relação às etapas pré-analítica, analítica e pós-
analítica.

2.1 Etapa pré-analítica

A coleta das fezes para o exame parasitológico deve ser realizada


em dias alternados ou três coletas no intervalo de dez dias. Esse
procedimento serve para aumentar a sensibilidade do exame, uma vez
que os ovos, larvas, cistos e outras formas evolutivas são eliminados de
maneira intermitente e não de maneira contínua.

A preservação das fezes é imprescindível caso as amostras não


possam ser levadas imediatamente ao laboratório. Para a preservação
pode-se utilizar a refrigeração (entre 4° e 10°C por até 72h) ou
conservantes. Os conservantes mais utilizados na rotina de
parasitologia clínica são as soluções de formaldeído a 10% e MIF
(mertiolate-iodo-formaldeído). Essas soluções tem a finalidade de
manter a integridade morfológica das várias formas evolutivas de
helmintos e protozoários para uma posterior identificação. Além disso,
as soluções conservantes impedem a maturação das larvas e eclosão
dos ovos de helmintos.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Outro ponto fundamental da etapa pré-analítica é a correta


identificação da amostra e do paciente, com a maior quantidade de
informações possíveis como: nome completo, data de nascimento,
telefone ou e-mail para contato, indicação clínica ou suspeita clínica.

2.2 Etapa analítica

A etapa analítica corresponde à realização do exame em si e o


exame parasitológico de fezes é realizado em duas etapas: o exame
macroscópico e o exame microscópico.

O exame macroscópico consiste observação da consistência das


fezes (formadas ou moldadas, pastosas e diarreicas) e da presença de
elementos anormais como muco, pus ou sangue e visualização de
vermes e fragmentos de vermes liberados na evacuação. Esse exame é
realizado antes do processamento da amostra para o exame
microscópico e pode ser pela simples observação do analista ou através
da tamisação. O exame macroscópico através de tamisação consiste
em peneirar toda a mostra fecal sob água corrente, para que sejam
retidos os vermes adultos ou as proglotes de tênia, com posterior
identificação (nesses casos, pode-se separar um pouco da amostra para
o exame microscópico antes da tamisação).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Quadro1. Helmintos mais comuns encontrados no exame macroscópico das fezes.

Espécie Tamanho Características Imagem


aproximado

Enterobius 0,8 – 1,3 cm de Cor branca. Fêmea possui a


vermicularis comprimento extremidade posterior
afilada e é comumente
encontrada na região
perianal. O macho tem a
extremidade posterior
recurvada. Podem ser
encontrados na superfície
das fezes.

Ascaris 15 – 35 cm de Cor clara. Apresentam


lumbricoides comprimento estrias circulares. A fêmea
tem extremidade posterior
arredondada e o macho
tem a extremidade
recurvada.

Taenia sp. 1,5 – 2 cm de Cor branca. Podem ser


comprimento encontradas na superfície
das fezes ou eliminadas
espontaneamente, no caso
da Taenia saginata.

Fonte: Adaptado de BARCELOS E AQUINO, 2018.

O exame microscópico, como o nome sugere, é a observação das


formas parasitárias com o auxílio do microscópio, com a possibilidade
de utilizar algum corante como a solução de lugol. As fezes contêm
restos alimentares, elementos celulares como células epiteliais e

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

leucócitos, bactérias, resíduos de origem animal e vegetal, e os parasitas


se encontram misturados nesses resíduos. Por isso, como rotina são
utilizadas técnicas de concentração de parasitas, para aumentar a
sensibilidade do teste. Numa seção adiante serão apresentadas as
principais técnicas em parasitologia.

2.3 Etapa pós-analítica

Após a realização do exame, o resultado é expresso em um laudo.


Na parasitologia, o laudo deve conter a forma evolutiva e o nome do
parasita encontrado. É importante que o nome científico do parasita
esteja escrito corretamente, com o gênero iniciado em letra maiúscula,
o epíteto específico em letra minúscula e todo o nome da espécie
escrito em itálico (Ovos de Ascaris lumbricoides, cistos de Entamoeba
histolytica, larvas de Strongyloides stercoralis, etc.). Um resultado
negativo pode ser expresso como: “Ausência de parasitos na amostra
analisada”.

O material utilizado pode ser fezes ou fezes em conservante e o


método utilizado também deve ser nomeado (mais comum é o método
de Hoffman ou sedimentação espontânea). O valor de referência no
exame parasitológico de fezes é “No material analisado não foram
encontradas formas parasitárias de helmintos ou protozoários”.

Algumas observações podem ser acrescentadas ao laudo, como


por exemplo:

“Um único resultado negativo não afasta a possibilidade de


parasitose, razão pela qual devem ser examinadas três ou mais
amostras em um intervalo de até 10 dias”.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

“Caso a queixa principal seja prurido anal, o provável agente


etiológico é o Enterobius vermicularis, o qual pode ser pesquisado por
exame parasitológico colhido com fita adesiva ou swab anal”.

“Caso a suspeita clínica seja de infecção por Strongyloides


stercoralis, é recomendada a solicitação do exame das fezes pelo
método de Baermann-Moraes para detecção de larvas”.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3. Helmintos intestinais

De acordo com a organização anatômica, os helmintos podem se


enquadrar no grupo dos nematódeos (classe Nematoda), que
apresentam corpo cilíndrico, e os platelmintos, que, geralmente,
apresentam o corpo achatado. Nesse último grupo estão os helmintos
de corpo foliáceo (classe Trematoda) e os de corpo segmentado (classe
Cestoda). No ciclo biológico dos helmintos, existem diferentes formas
evolutivas: ovos, larvas e vermes adultos. Ainda podem ser classificados
em dois grupos: os bio-helmintos e geo-helmintos. Os bio-helmintos
apresentam ciclo biológico com participação de mais hospedeiros além
do homem. Já os geo-helmintos são aqueles cujo ciclo biológico ocorre
em parte no solo, onde ficam a fonte de infecção (larvas infectantes ou
ovos). Essa divisão é didática e, às vezes, pode trazer confusão. De
maneira geral, os nematódeos são geo-helmintos e os platelmintos são
bio-helmintos. No corpo humano, são encontrados helmintos nos
intestinos, fígado, sistema nervoso, sistema circulatório e linfático e
tecido subcutâneo. Nesta seção do e-book serão abordados os
principais helmintos cujas formas evolutivas podem ser detectadas no
exame parasitológico das fezes.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.1 Ascaris lumbricoides

É um dos helmintos mais comuns nos exames parasitológicos de


fezes, sendo popularmente conhecido como “lombriga”. São
nematódeos que se alojam no intestino delgado. A ascaridíase
geralmente apresenta poucos sintomas, mas podem evoluir para
formas graves e complicadas, como a obstrução intestinal, biliar ou
pancreática. As queixas mais descritas são náuseas, diarreia e dor
abdominal.

A infecção ocorre por ingestão dos ovos embrionados em água


ou alimentos contaminados. Após passar pelo estômago, os ovos
eclodem no intestino liberando uma larva capaz de perfurar a mucosa
e atingir a circulação venosa. Uma vez no sangue, as larvas chegam ao
pulmão, onde atravessam os capilares alveolares, migram pelos
brônquios, traqueia e chegam até a faringe onde entram pelo esôfago,
atingindo novamente o intestino, onde se desenvolvem como vermes
adultos. Esse processo pulmonar recebe o nome de ciclo de Loss e
ocorre em parasitas cujas larvas precisam sofrer amadurecimento e
mudança de estágio evolutivo no pulmão. Os parasitas que fazem esse
processo são Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercoralis e
Ancilostomídeos. A migração das larvas no pulmão causa uma
inflamação que cursa com febre, tosse e eosinofilia. O agravamento
desse quadro em indivíduos sensíveis recebe o nome de síndrome de
Loeffler. Os vermes adultos quando estão no intestino delgado,
executam uma ação espoliadora, tóxica e mecânica. Uma fêmea adulta
de Ascaris lumbricoides pode liberar cerca de 200 mil ovos por dia junto
com as fezes. Os ovos que foram fecundados no sistema reprodutor das
fêmeas adultas desenvolvem uma larva em seu interior.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ciclo biológico do Ascaris lumbricoides. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: ingestão dos ovos larvados


em alimentos e água contaminados com fezes humanas.

Forma diagnosticável: pode-se visualizar vermes adultos nas fezes,


mas o mais comum é o exame microscópico para visualização dos ovos.

No exame parasitológico de fezes, os ovos férteis de Ascaris


lumbricoides se apresentam com a forma arredondada e
frequentemente apresentam uma camada externa de aspecto
grosseiro, que recebe o nome de membrana mamilonada. Alguns ovos
não apresentam essa membrana externa, recebendo o nome de ovos
decorticados. Ovos com formato alongado podem aparecer também
no exame microscópico, sendo indicativo de ovos que não foram
fecundados, ou seja, são inférteis.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema de um ovo embrionado de Ascaris lumbricoides. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Ovo fértil de Ascaris lumbricoides. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovos férteis de Ascaris lumbricoides. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo fértil decorticado e ovo fértil corticado de Ascaris lumbircoides (presença de


membrana mamilonada). Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo fértil decorticado de Ascaris lumbricoides. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo infértil de Ascaris lumbricoides. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovos inférteis de Ascaris lumbricoides. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Vermes adultos de Ascaris lumbricoides. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.2 Ancilostomídeos

O termo ancilostomídeo compreende duas espécies de


nematódeos, Ancylostoma duodenale e Necator americanus. Os
ancilostomídeos possuem dentes ou placas calcárias que auxiliam na
fixação do verme na parede intestinal e na sua espoliação de sangue,
causando gotejamento que pode levar o hospedeiro a um quadro de
anemia. A ancilostomíase é conhecida popularmente por “amarelão”
devido a anemia e palidez do hospedeiro. Os pacientes acometidos por
ancilostomíase também podem apresentar eosinofilia e sangue oculto
nas fezes. No duodeno, ocorre a cópula dos parasitas e a deposição de
ovos que são eliminados com a fezes no meio ambiente. Num período
de uma semana, ocorre a eclosão do ovo e maturação da larva capaz de
penetrar a pele do hospedeiro, quando alcançam a corrente sanguínea
e atingem o pulmão. Esse parasito também passa pelo ciclo de Loss,
passando por maturação pulmonar e migração para o trato
gastrointestinal, completando o ciclo biológico.

Esquema do ciclo biológico dos ancilostomídeos. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Modo de transmissão/ Forma infectante: penetração ativa das larvas


através da pele.

Forma diagnosticável: raramente vermes adultos podem aparecer nas


fezes. O exame microscópico das fezes evidencia a presença dos ovos.

Os ovos de ancilostomídeos apresentam formato oval ou elíptico,


uma casca fina e incolor, um espaço transparente entre a casca e as
células embrionárias. O embrião geralmente é segmentado em 2, 4 ou
8 células.

Esquema de um ovo de ancilostomídeo. Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de ancilostomídeo. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo de ancilostomídeo. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de ancilostomídeo. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo de Ancilostomídeo (alto), ovo de Enterobius vermicularis (centro) e ovo fértil de


Ascaris lumbricoides (abaixo). Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema da cápsula bucal dos ancilostomídeos. O Ancylostoma duodenale


(esquerda) apresenta dentes e o Necator americanos (direita) apresenta placas
cortantes. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Vermes adultos de Ancylostoma duodenale (A) e Necator americanus (B)


evidenciando a cápsula bucal, principal diferença entre eles. Enquanto o
Ancylostoma duodenale apresenta cápsula bucal com dentes, o Necator
americanus possui lâminas ou placas cortantes. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.3 Enterobius vermicularis

Conhecido como “oxiúro”, é verme que se aloja no intestino


grosso humano, podendo causar um intenso prurido na região perianal,
inquietação e irritabilidade, especialmente em crianças. O ovo ingerido
passa pelo estômago e chega ao intestino delgado onde eclode e libera
a larva. Esta sofre o processo de maturação a verme adulto e habita o
colón e a região cecal. A fêmea grávida migra para a região perianal
podendo depositar até 15 mil ovos. Durante o episódio de coceira, esses
ovos podem ser removidos e se depositam em lençóis, roupas e até
carreados pelo ar, sobrevivendo vários dias no ambiente, podendo ser
ingerido.

Esquema do ciclo biológico do Enterobius vermicularis. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: a ingestão de ovos


embrionados é a forma mais comum. Pode ocorrer inalação (evento

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

raro), autoinfecção (quando um indivíduo já parasitado leva as mãos


contaminadas à boca) e retroinfecção (quando ovos eclodem na região
perianal, as larvas migram de volta ao intestino e se desenvolvem).

Forma diagnosticável: os vermes adultos podem aparecer no exame


macroscópico. O exame microscópico das fezes é eficiente na
recuperação de ovos de Enterobius vermicularis, mas a técnica mais
específica é a detecção dos ovos e/ou vermes na região perianal, sendo
o método da fita adesiva o mais indicado.

O ovo de Enterobius vermicularis é ligeiramente oval e achatado


de um lado, conferindo o aspecto de um “D”. A larva em
desenvolvimento pode ser vista no interior da casca de dupla camada,
incolor e espessa.

Esquema do ovo de Enterobius vermicularis. Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovos larvados de Enterobius vermicularis observados na fita adesiva. Fonte: Lenilza


Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo de Enterobius vermicularis em amostra fecal. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovos de Enterobius vermicularis em amostra fecal corada com lugol. Fonte: Lenilza
Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovos de Enterobius vermicularis e um ovo fértil de Ascaris lumbricoides (A). Fonte:


Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovos de Enterobius vermicularis e um ovo de Ancilostomídeo (A). Fonte: Lenilza


Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Verme adulto de Enterobius vermicularis. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.4 Fasciola hepatica

Trata-se de um helminto trematódeo que se aloja no fígado,


especialmente nas vias biliares, e conhecido popularmente por “barata
do fígado”. Afeta animais ruminantes, sendo um problema sanitário na
pecuária, e também o homem.

Os vermes adultos se localizam na vesícula biliar ou nos canais


biliares do fígado, onde depositam os ovos que são arrastados pela bile
até o intestino, onde são liberados para o ambiente junto com as fezes.
Numa coleção de água, o ovo eclode liberando um miracídio que
alcança um hospedeiro intermediário (caramujos da família
Lymnaeidae). Dentro desse hospedeiro, ocorre a maturação à cercária,
que sai do caramujo e se adere à vegetação aquática, formando uma
membrana cística e passando a fase de metacercária. O gado ou o
homem ingere água ou vegetais aquáticos e se contamina com a
metacercária, que se libera do cisto no intestino delgado, penetra a
mucosa e, através da cavidade peritoneal, chega ao fígado e vias
biliares.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ciclo biológico de Fasciola hepatica. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: ingestão das metacercárias


contidas em água e vegetais aquáticos contaminados.

Forma diagnosticável: o exame microscópico das fezes é eficiente na


recuperação de ovos.

Os ovos de Fasciola hepatica são grandes, de formato elíptico


alongado, com um opérculo e um miracídio não desenvolvido em seu
interior.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ovo de Fasciola hepatica. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Ovo de Fasciola hepatica. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Fasciola hepatica. Notar o opérculo aberto. Fonte: CDC, 2021.

Esquema (A), imagem de um verme adulto corado com carmin clorídrico (B) e
verme adulto de Fasciola hepatica encontrado em exame CPRE
(colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) no ducto biliar de um paciente
(C). Fonte: ZEIBIG, 2014; CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.5 Schistosoma mansoni

A esquistossomose pode se caracterizar por perda de apetite e


diarreia, mas os sintomas característicos de insuficiência hepática e
hepatoesplenomegalia fez essa doença ser conhecida popularmente
como “barriga d’água”.

A infecção ocorre com a penetração das cercárias através da pele


quando o indivíduo se encontra em coleções de água doce
contaminadas com esses parasitas. Essa penetração causa uma reação
local, uma dermatite com coceira intensa. Os esquistossômulos
migram pela corrente sanguínea e se desenvolverá em verme adulto
nos vasos sanguíneos do sistema porta hepático e nas veias
mesentéricas, onde ocorre a cópula e deposição dos ovos, causando
uma intensa resposta inflamatória. Os ovos de Schistosoma mansoni
conseguem atravessar os vasos sanguíneos e a parede intestinal,
caindo na luz do órgão e podendo ser eliminado com as fezes. Com a
eclosão do ovo em ambiente aquático, ocorre a liberação de um
miracídio que se aloja em caramujos da espécie Biomphalaria glabrata
e se torna uma cercária, que, em determinadas condições de
temperatura e luminosidade, saem do molusco e podem penetrar a
pele dos humanos.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ciclo biológico do Schistosoma mansoni. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: penetração ativa das


cercarias através da pele.

Forma diagnosticável: pesquisa dos ovos no exame parasitológico de


fezes através de vários métodos, como o de sedimentação espontânea
ou o método de Kato-Katz.

O ovo de Schistosoma mansoni é grande, apresenta formato


elíptico e um espículo lateral bem característico.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ovo de Schistosoma mansoni. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Ovo de Schistosoma mansoni. Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Schistosoma mansoni. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovos de Schistosoma mansoni. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Vermes adultos de Schistosoma mansoni. A fêmea mais delgada reside no canal


ginecóforo, um sulco formado pelo corpo do macho (mais espesso) dobrado
lateralmente. Fonte: CDC, 2021.

Concha de caramujo Biomphalaria sp., hospedeiro intermediário de Schistosoma


mansoni. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.6 Strongyloides stercoralis

A estrongiloidíase é uma infecção geralmente assintomática,


mas os infectados podem apresentar sintomas de acordo com a fase
do ciclo biológico deste parasita. Podem ocorrer sinais digestórios
como, diarreia, dor abdominal, vômitos, constipação e perda de peso. O
local onde a larva penetrou na pele pode se tornar eritematoso e
pruriginoso. Sintomas respiratórios e eosinofilia podem ser observados
durante a migração das larvas pelos pulmões. As infecções mais severas
ocorrem em indivíduos imunocomprometidos, onde pode haver
disseminação das larvas por todo o organismo, infecções secundárias e
até a morte.

No intestino delgado, as fêmeas depositam ovos na mucosa


intestinal que liberam larvas rabditiformes, as quais são excretadas com
as fezes. Nesse ponto, as larvas podem seguir o estágio de vida livre e se
desenvolverem no ambiente como vermes adultos, se produzir
sexuadamente e gerar mais larvas que poderão sofrer mudas e se
tornarem filariformes, que são infectantes para o ser humano. As
mesmas larvas rabditiformes excretadas nas fezes, podem se tornar
infectantes (filariformes) e seguir como parasitas dos humanos. Após a
penetração das larvas migram por via sanguínea até os pulmões, onde
sofrem maturação, e depois vão para o trato gastrointestinal (ciclo de
Loss), onde se desenvolvem como vermes adultos. As larvas rabditoides
liberadas dos ovos depositados pelas fêmeas também podem causar
uma autoinfecção.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ciclo biológico do Strongyloides stercoralis. Fonte: MOLINARO et al,


2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: penetração ativa das larvas


filariformes através da pele.

Forma diagnosticável: pesquisa das larvas rabditoides no exame


parasitológico de fezes através de sedimentação espontânea ou através
dos métodos de Baermann-Moraes ou Rugai, sendo estes últimos mais
específicos.

As larvas rabditoides apresentam um esôfago curto e dilatado,


além do primórdio genital bem proeminente e evidente.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema de uma larva rabditoide de Strongyloides stercoralis. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Larva rabditoide de Strongyloides stercoralis. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Larva rabditoide de Strongyloides stercoralis. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.7 Trichuris trichiura

A tricuríase é a doença causa por esse nematódeo que habita o


intestino grosso. A gravidade da infecção depende da carga parasitária,
do estado nutricional dos hospedeiros e da idade, sendo as crianças
mais afetadas. A infecção é geralmente assintomática, mas pode causar
perda de apetite, desnutrição, dor abdominal, e retardo no crescimento
em crianças. Em infecções graves e maciças ocorre uma intensa
infamação intestinal que, em casos raros, pode levar a um prolapso retal
(exteriorização do reto).

O helminto Trichuris trichiura habita a região cecal no intestino


grosso. As fêmeas depositam ovos que são liberados com as fezes para
o ambiente e podem contaminar alimentos e água. Após a ingestão, os
ovos resistem ao suco gástrico, atingem o intestino delgado, onde
ocorre a eclosão. A larva migra para o intestino grosso onde se
desenvolve como verme adulto.

Esquema do ciclo biológico de Trichuris trichiura. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Modo de transmissão/ Forma infectante: ingestão (ou inalação, mais


raramente) de ovos larvados.

Forma diagnosticável: raramente podem aparecer vermes adultos nas


fezes. O exame microscópico das fezes permite a detecção dos ovos.

Os ovos de Trichuris trichiura apresentam um formato de barril


ou bandeja com o embrião se desenvolvendo ou a larva em seu interior.
Apresenta duas extremidades polares hialinas e transparentes, que
lembram rolhas ou tampões, e recebem o nome de opérculos.

Esquema de um ovo de Trichuris trichiura. Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Trichuris trichiura. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo de Trichuris trichiura. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Trichuris trichiura e um cisto de Entamoeba coli (seta). Fonte: CDC, 2021.

Vermes adultos de Trichuris trichiura. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.8 Taenia sp.

As tênias pertencem à classe Cestoda, são vermes achatados com


o corpo segmentado e popularmente conhecidas como “solitárias”.
Cada segmento é chamado de proglote e à medida que vão
amadurecendo vão se destacando do corpo do verme. As proglotes são
hermafroditas, e as proglotes terminais são grávidas repletas de ovos. O
verme adulto de tênia vive fixado no intestino delgado do homem
através de uma estrutura denominada escólex. Essa estrutura possui
ventosas e ganchos chamados de acúleos (no caso da Taenia solium)
ou exclusivamente ventosas (Taenia saginata). As proglotes grávidas e
os ovos são liberados com as fezes para o ambiente.

As proglotes das duas espécies apresentam diferenças


estruturais e funcionais. As proglotes de Taenia saginata são mais
longas (cerca de 18mm de comprimento), apresentam muitas
ramificações uterinas em seu interior e podem ser eliminadas de forma
ativa, passando pelo ânus. Já as proglotes de Taenia solium são
menores, possuem menos ramificações uterinas e são eliminadas
apenas de maneira passiva com as fezes.

Aqui serão abordadas duas doenças causadas por espécies do


gênero Taenia: a teníase e a cisticercose. A teníase ocorre quando, um
hospedeiro intermediário (bovinos para Taenia saginata e suínos para
Taenia solium) ingere as proglotes e ovos. A oncosfera, assim chamada
a larva da tênia liberada do ovo, penetra a mucosa intestinal e se
deposita na musculatura esquelética e outros órgãos, formando o
cisticerco nesse local. O ser humano, ao ingerir a carne bovina ou suína
contaminada com o cisticerco poderá desenvolver a teníase, se o verme
adulto se desenvolver no trato gastrointestinal. A teníase geralmente é
assintomática, mas raramente as proglotes podem se direcionar para
outros locais e causar apendicite ou pancreatite.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

A cisticercose ocorre quando o homem acidentalmente se torna


hospedeiro intermediário da Taenia solium. Nesse caso, o indivíduo
ingere alimentos ou água contaminada com proglotes/ovos da Taenia
solium e o que se desenvolve em qualquer parte do organismo é o
cisticerco. Essa infecção pode ocorrer também por autoinfecção em
um indivíduo já parasitado pela Taenia solium. Uma grave complicação
é quando o ovo amadurece em cisticerco no encéfalo, levando à
neurocisticercose.

Esquema do ciclo biológico heteroxeno (mais de um hospedeiro) de Taenia sp.


causando a teníase. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ciclo biológico monoxeno (um hospedeiro) da Taenia solium causando


cisticercose. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante para a teníase: ingestão de


carne mal cozida ou crua de porco (Taenia solium) ou boi (Taenia
saginata) contaminada com cisticercos.

Forma diagnosticável para teníase: No exame macroscópico é


possível verificar a presença de proglotes através da tamisação das
fezes e as proglotes encontradas devem ser analisadas pela técnica do
ácido acético glacial e coloração com nanquim ou carmim clorídrico
para diferenciação das espécies entre Taenia solium e Taenia saginata.

No exame microscópico das fezes é possível encontrar ovos de


Taenia sp., não sendo possível a diferenciação da espécie pelo ovo. Os

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

ovos apresentam uma casca espessa com a presença de estrias radiais,


chamada de embrióforo. Em seu interior é possível observar a oncosfera
ou embrião hexacanto, pela presença de acúleos.

É importante ressaltar a importância da investigação clínica para


cisticercose em indivíduos infectados por Taenia sp.

Modo de transmissão/ Forma infectante para a cisticercose: ingestão


de alimentos contaminados com ovos de Taenia solium.

Forma diagnosticável para cisticercose: Por se tratar de uma forma


tecidual, o diagnóstico da cisticercose não é realizado pelas fezes, e sim
através de exame clínico, de imagem (tomografia) ou sorológico
(pesquisa de anticorpos anticisticerco).

Esquema de um ovo de Taenia sp. Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Taenia sp. Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo de Taenia sp. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovos de Ascaris lumbricoides e Taenia sp. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Esquema da estrutura rostral das Taenia saginata (esquerda) e Taenia solium


(direita). O escólex da Taenia saginata apresenta apenas ventosas como estruturas
de fixação, enquanto o escólex da Taenia solium apresenta ventosas e acúleos.
Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Escoléx de Taenia saginata (A) e de Taenia solium (B), notar a presença dos acúleos
em B. Fonte: CDC, 2021.

Esquema das proglotes de Taenia saginata (esquerda) e Taenia solium (direita). A


principal diferença entre as proglotes das espécies é o número de ramificações
uterinas. A Taenia saginata apresenta proglotes com muitas ramificações uterinas
(mais de 12, usualmente entre 15 e 30). As proglotes de Taenia solium apresentam
menos ramificações uterinas (entre 7 e 15). Fonte: ZEIBIG, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Proglotes de Taenia saginata (A) e Taenia solium (B) coradas com carmin clorídrico.
Fonte: CDC, 2021.

Cisticerco de Taenia solium (A). Em (B) uma ampliação da mesma imagem


destacando os acúleos. Fonte: SIQUEIRA-BATISTA et al, 2020.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Verme adulto de Taenia sp. Parte do corpo achatado e segmentado, não sendo
evidenciado o escólex para diferenciação da espécie. Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.9 Outros cestódeos

Existem outras espécies de cestódeos que parasitam o homem e


apresentam outros hospedeiros intermediários. Espécies de
Hymenolepis sp., Dipylidium caninum e Diphyllobothrium latum são
espécies de tênias que parasitam roedores, cães e peixes,
respectivamente, e podem ter o ser humano como hospedeiro
acidental, sendo consideradas zoonoses. Os parasitas Hymenolepis
nana e Hymenolepis diminuta são conhecidas popularmente como
tênia anã ou tênia do rato, podem infectar o ser humano através da
ingestão de alimentos ou água contaminada com os ovos e mais
raramente através de pequenos insetos presentes em vegetais como
cereais.

O Dipylidium caninum é conhecido como tênia do cão e do gato,


por parasitar mais comumente esses animais, e infectar o homem por
ingestão acidental de pulgas contaminadas com o cisticerco dessa
espécie. Já o Diphyllobothrium latum, conhecido popularmente por
tênia do peixe, pode causar uma infecção assintomática no ser humano
através da ingestão de carne crua de peixes contendo a larva do
parasita.

Esses parasitas podem ser diagnosticados através da pesquisa de


seus ovos no exame microscópico das fezes. Dipylidium caninum e
Diphyllobothrium latum também podem eliminar proglotes grávidas
nas fezes, que podem ser evidenciadas no método de tamisação. As
proglotes de Hymenolepis sp. tendem a desintegrar no intestino
humano liberando os ovos.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema dos ovos de Hymenolepis diminuta (esquerda) e Hymenolepis nana


(direita). Ambos os ovos apresentam o embrião hexacanto ou oncosfera, sendo o ovo
de Hymenolepis diminuta maior e apresenta o embrióforo incolor. Já o ovo de
Hymenolepis nana é menor e possui filamentos no embrióforo, ao redor do embrião.
Fonte: ZEIBIG, 2014.

Ovo de Hymenolepis diminuta. Fonte: Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Hymenolepis diminuta. Fonte: CDC, 2021.

Esquema (A) e foto de proglotes de Hymenolepis nana (B) e Hymenolepis diminuta


(C) coradas em carmin clorídrico. Fonte: ZEIBIG, 2014; CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Hymenolepis nana. Notar os filamentos no espaço do embrióforo. É comum


a associação da aparência de ovo de Hymenolepis nana com a de um “sombreiro
mexicano visto de cima”. Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Ovo de Hymenolepis nana. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema da cápsula ovígera de Dipylidium caninum. Os ovos desse parasita


também possuem uma oncosfera ou embrião hexacanto com seis acúleos, mas
diferente dos outros cestódeos, o Dipylidium caninum libera seus ovos em grupos
envolvidos por uma membrana, a cápsula ovígera. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Cápsula ovígera de Dipylidium caninum. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cápsula ovígera de Dipylidium caninum. Fonte: CDC, 2021.

Esquema e imagem de proglote de Dipylidium caninum corada em carmin


clorídrico. Notar os poros genitais indicados pelas setas. Fonte: ZEIBIG, 2014; CDC,
2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ovo de Diphyllobothrium latum. Diferente dos outros cestódeos, esse


não apresenta o embrião hexacanto ou oncosfera. Dentro do ovo se encontra o
estágio larval ciliado que recebe o nome de coracídio. O ovo também apresenta um
opérculo semelhante a uma tampa e na extremidade oposta ao opérculo existe a
protuberância abopercular. Fonte: ZEIBIG, 2014.

Ovo de Diphyllobothrium latum. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Ovo de Diphyllobothrium latum. Notar o opérculo aberto. Fonte: CDC, 2021.

Esquema e imagem de proglotes de Diphyllobothrium latum. Fonte: ZEIBIG, 2014;


CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.10 Tamanho relativo dos ovos de helmintos


abordados nesta seção (medidas em
micrômetros)

*Hookworm é a nomenclatura em inglês para Ancilostomídeos. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

3.11 Resumo dos principais helmintos e as formas


evolutivas encontradas nas amostras de fezes

Larvas Strongyloides stercoralis

Ancilostomídeos

Ascaris lumbricoides

Diphyllobothirum latum
Dipylidium caninum
Enterobius vermicularis
Ovos Fasciola hepática

Hymenolepis diminuta
Hymenolepis nana
Schistosoma mansoni
Taenia sp
Trichuris trichiura
Ancilostomídeos

Ascaris lumbricoides

Diphyllobothrium latum

Vermes adultos/proglotes Dipylidium caninum

Enterobius vermicularis

Taenia sp

Trichuris trichiura

Fonte: Adaptada de BARCELOS E AQUINO, 2018.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

4. Protozoários intestinais

Os protozoários incluem microrganismos unicelulares e


eucarióticos que apresentam vida livre em sua maioria. Colonizam água
doce, ambientes úmidos e matéria em decomposição. Entretanto,
algumas espécies de protozoários são capazes de parasitar diversos
hospedeiros, podendo causar doenças. No ser humano, os protozoários
causam infecções no trato gastrointestinal, no sangue e no sistema
linfático, na pele, em músculos e em outras partes do corpo. A
transmissão de protozoários intestinais é geralmente por via fecal-oral,
enquanto a de protozoários teciduais e sanguíneos se dá através de
vetores artrópodes.

Nesta seção do e-book serão abordados os principais


protozoários intestinais humanos, incluindo as amebas (subfilo
Sarcodina), giárdia (subfilo Mastigophora) e algumas considerações
sobre coccídeos intestinais (Filo Apicomplexa, ordem Eucoccidiida).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

4.1 Complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba


dispar

O gênero Entamoeba compreende algumas espécies que


podem aparecer nas fezes, porém a Entamoeba histolytica é a única
considerada patogênica. A doença causada pela Entamoeba
histolytica recebe o nome de amebíase. Entamoeba histolytica e
Entamoeba dispar apresenta morfologia semelhante quando
analisadas no microscópio óptico, por isso a presença de formas
evolutivas dessas amebas deve ser relatada como complexo
Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar. A Entamoeba dispar é
considerada não patogênica.

Apresentam duas formas evolutivas principais: os cistos e os


trofozoítos. Os cistos são formas de resistência ao meio ambiente,
apresentam uma membrana cística, rica em polissacarídeo quitina,
protegendo o parasita de estresse osmótico e contra o ressecamento.
Já os trofozoítos, são formas mais “frágeis” e que utilizam pseudópodes
(“falsos pés”, são como prolongamentos ou projeções do citoplasma
com a membrana) como forma de locomoção e para a fagocitose. Os
trofozoítos são as formas responsáveis pela patogenia e também é a
forma evolutiva que se alimenta e reproduz assexuadamente por
divisão binária.

Quando os cistos maduros são ingeridos, sofrem


desencistamento no final do intestino delgado liberando trofozoítos
que se deslocam para o intestino grosso. Os trofozoítos podem
permanecer confinados na luz intestinal causando uma infecção não
invasiva, que pode ser sintomática ou não, porém o hospedeiro ainda
será carreador e transmissor. Os trofozoítos também podem aderir aos
enterócitos e invadir a mucosa intestinal, causando uma doença
intestinal (disenteria amebiana, com presença de muco e sangue nas

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

fezes), ou alcançar a corrente sanguínea e disseminar para outros


órgãos como fígado, pulmões e cérebro (quadro de amebíase
extraintestinal). No intestino, alguns trofozoítos permanecem
“causando a doença” enquanto outros passam pelo processo de
encistamento, sofrendo remodelação e produção da membrana cística.
As duas formas evolutivas podem ser evidenciadas nas fezes, sendo os
trofozoítos mais comuns em fezes diarreicas. Os cistos podem ser
eliminados em fezes diarreicas ou moldadas. Como explicado
anteriormente, os trofozoítos são mais sensíveis e se degradam
rapidamente no ambiente, ao passo que os cistos são resistentes,
podendo se localizar em água e alimentos que venham a ser ingeridos
pelo homem.

Esquema do ciclo biológico de Entamoeba histolytica. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: ingestão de água e


alimentos contaminados com os cistos maduros.

Forma diagnosticável: os cistos também são a principal forma


diagnosticável no exame microscópico das fezes diarreicas e moldadas.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Os trofozoítos também podem aparecer quando fezes diarreicas são


analisadas no exame direto, sem passar por método de concentração.

Em casos de amebíase extraintestinal, o diagnóstico pode ser


realizado utilizando outras amostras biológicas como aspirado
brônquico ou aspirado de abscesso hepático. Métodos imunológicos
como a pesquisa de anticorpos contra a E. histolytica também auxiliam
no diagnóstico da forma extraintestinal.

Os cistos de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar são


redondos, apresentam uma parede cística delimitando essa forma.
Possuem entre 1 e 4 núcleos com uma massa central condensada
chamada de cariossomo e cromatina periférica. O citoplasma é
granular, pode apresentar corpos cromatoides (compostos de RNA
condensado, dificilmente observados com clareza na microscopia
óptica comum e sem coloração específica).

Os trofozoítos não apresentam um formato definido devido a


emissão dos pseudópodes. Possuem 1 núcleo também apresenta
cariossomo central e cromatina periférica. O citoplasma também é
finamente granuloso, podendo apresentar hemácias, microrganismos
e detritos por causa da fagocitose que essa forma evolutiva realiza.

Esquema do cisto (A) e do trofozoíto (B) de Entamoeba histolytica. Fonte: ZEIBIG,


2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cisto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Cisto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cisto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar com dois núcleos e corpos


cromatoide evidente (seta). Fonte: CDC, 2021.

Cisto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar corado com tricrômio. Notar os


dois núcleos visíveis (setas pretas) e o corpo cromatoide (seta vermelha). Fonte: CDC,
2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Trofozoítos de Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar em coloração com lugol.


Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Trofozoíto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar corado com lugol. Fonte:


CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Trofozoíto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar corado com tricrômio. A


inclusão escura à esquerda do núcleo trata-se de uma hemácia fagocitada. Fonte:
CDC, 2021.

Trofozoíto de Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar corado com hematoxilina


férrica. Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

4.2 Amebas comensais

O comensalismo é um tipo de relação entre duas espécies onde


a associação é benéfica para uma e neutra para outra. Algumas
espécies de amebas são capazes de colonizar o intestino grosso
humano, mas sem causar danos ou adoecimento. Essas amebas
apresentam ciclo biológico e formas evolutivas semelhantes à
Entamoeba histolytica, mas não são patogênicas. A presença dessas
amebas nas fezes indica que uma exposição dos hospedeiros a água e
alimentos contaminados, não excluindo a possibilidade da presença de
outros parasitas transmitidos por via fecal-oral. As amebas abordadas
aqui são a Entamoeba coli, Endolimax nana e Iodamoeba butschlii. A
seguir serão apresentados os cistos dessas amebas.

A Entamoeba coli forma cistos esféricos grandes, com cerca de 12


a 25 micrômetros de tamanho, possuem de 1 a 8 núcleos (podendo
apresentar mais), com cariossoma excêntrico. Raramente são vistos os
corpos cromatoides em rotina usual sem coloração ou com lugol.

Esquema e imagem do cisto de Entamoeba coli sem coloração. Fonte: ZEIBIG, 2014;
CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cisto de Entamoeba coli. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Cistos de Entamoeba coli. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Os cistos de Endolimax nana são esféricos ou ovais, pequenos,


medindo cerca de 7 a 10 micrômetros, com 1 a 4 núcleos com
cariossomo central e citoplasma sem corpos cromatoides

Esquema e imagem de cisto de Endolimax nana corado por tricrômio. Fonte:


ZEIBIG, 2014; CDC, 2021.

Cistos de Endolimax nana. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cistos de Endolimax nana. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Cistos de Endolimax nana e um cisto de Entamoeba coli (seta). Notar a diferença de


tamanho entre os cistos das duas espécies. Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Outra ameba comensal é a Iodamoeba butschlii, que forma


cistos ovoides com cerca de 8 a 12 micrômetros de tamanho. Possui
apenas 1 núcleo com cariossomo grande. Uma característica
importante desse cisto é a presença citoplasmática de um vacúolo de
glicogênio bem definido, que adquire coloração castanha quando
utilizada a solução de lugol como corante.

Esquema e Imagem de cisto de Iodamoeba butschlii corado com tricrômio,


evidenciando o vacúolo de glicogênio (seta). Fonte: ZEIBIG, 2014; CDC, 2021.

Cisto de Iodamoeba butschlii. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cistos de Iodamoeba butschlii. Fonte: Lenilza Mattos Lima


(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Cisto de Iodamoeba butschlii corado com tricrômio. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Comparativo entre os cistos das espécies mais prevalentes de amebas. (A)


Entamoeba histolytica; (B) Entamoeba coli; (C) Endolimax nana; (D) Iodamoeba
butschlii. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

4.3 Giardia duodenalis (sin. Giardia lamblia, Giardia


intestinalis)

A giárdia é um protozoário que utiliza flagelos como forma de


locomoção. As formas evolutivas desse parasito são cistos e trofozoítos,
assim como as amebas. A infecção por Giardia duodenalis pode ser
assintomática, mas costuma causar diarreia aguda e crônica,
especialmente em crianças. A Giardia duodenalis é um parasita
transmitido por via fecal-oral, mas apresenta várias modalidades, como
por exemplo: através de água contaminada, alimentos mal lavados,
através de mãos contaminadas, em ambientes onde convivem muitas
pessoas (creches e instituições de longa permanência para idosos e
crianças) e até por meio de moscas e baratas.

Os cistos de Giardia duodenalis chegam ao estômago e o suco


gástrico estimula o processo de desencistamento, que se completa no
intestino delgado. Os trofozoítos formados passam a se reproduzir e
colonizar o intestino e, raramente, podem infectar ducto e vesícula
biliar. Na luz intestinal, os trofozoítos podem ficar livres ou utilizam um
disco suctorial para fixar-se na mucosa. Dificilmente ocorre invasão
tecidual, porém há uma inflamação da mucosa e atrofia das vilosidades
e, dependendo da intensidade ou gravidade da infecção, podem formar
uma barreira mecânica (uma espécie de tapete ou escudo sobre a
mucosa) causando um grande prejuízo na absorção de nutrientes,
especialmente proteínas, gorduras, vitaminas, ácido fólico e ferro. À
medida que os trofozoítos migram pelo intestino grosso, sofrem o
processo de encistamento, originando os cistos que são eliminados
com as fezes e se tornam infectantes. Os cistos de Giardia duodenalis
são resistentes ao processo de cloração da água e ao ressecamento, e
podem permanecer viáveis por cerca de 3 meses em água.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Esquema do ciclo biológico da Giardia duodenalis. Fonte: MOLINARO et al, 2012.

Modo de transmissão/ Forma infectante: ingestão de alimentos e


água contaminados com os cistos maduros.

Forma diagnosticável: os cistos também são a principal forma


diagnosticável no exame microscópico das fezes diarreicas e moldadas.
Os trofozoítos se desintegram rapidamente ao chegar no ambiente
externo. Semelhante aos das amebas, os trofozoítos também podem
aparecer quando fezes diarreicas são analisadas no exame direto, sem
passar por método de concentração.

Os cistos de Giardia duodenalis têm formato ovoide delimitado


pela membrana cística. O citoplasma pode se apresentar separado da
parede cística por uma zona clara, especialmente quando o material
fecal contaminado é conservado em formalina. Contém 2 a 4 núcleos
com cariossomo central. No citoplasma também é possível evidenciar
a presença de corpos parabasais ou corpos medianos e estruturas
fibrilares, que originarão os flagelos no trofozoítos.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Os trofozoítos tem o formato de pêra ou de lágrima, com simetria


bilateral e apresenta 4 pares de flagelos (um par anterior, um par
posterior e dois pares centrais que se estendem pela lateral do
organismo) que conferem sua motilidade característica semelhante a
uma folha caindo. Na parte interna tem dois núcleos com cariossomo
grande, os corpos medianos, o axóstilo e os axonemas, estruturas de
sustentação do parasita. Visto lateralmente, o trofozoíto tem uma face
dorsal convexa e uma face ventral côncava, onde se localiza o disco
suctorial.

Esquema e imagem de cisto de Giardia duodenalis corado com tricrômio. Fonte:


ZEIBIG, 2014; CDC, 2021.

Esquema e imagem de trofozoítos de Giardia duodenalis corados com Giemsa.


Fonte: ZEIBIG, 2014; CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Cistos de Giardia duodenalis corados com lugol. Fonte: CDC, 2021.

Cistos de Giardia duodenalis corados com lugol. Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Dois cistos de Giardia duodenalis corados com lugol (pouco acima do centro da
imagem). Notar a membrana separada do citoplasma no cisto da esquerda. Fonte:
Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Trofozoíto de Giardia duodenalis corado com lugol. Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Trofozoíto de Giardia duodenalis corado com lugol. Fonte: CDC, 2021.

Formas evolutivas de Giardia duodenalis. (A) trofozoíto em coloração tricrômica; (B)


cisto em coloração tricrômica; (C) cisto corado com lugol. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

5. Coccídios intestinais

São protozoários do filo Apicomplexa, que se caracterizam por a


apesentarem um complexo apical (visto sob microscopia eletrônica)
formado por estruturas como os microtúbulos subpeliculares que
permitem a invasão da célula hospedeira e também as contrações
sucessivas possibilitando a locomoção do microrganismo por
deslizamento sem alterar sua forma. Nesta seção serão abordadas três
espécies: Cryptosporidium spp (Cryptosporidium hominis e
Cryptosporidium parvum são as espécies mais comuns), Cyclospora
cayetanensis e Cystoisospora belli (sin. Isospora belli).

Entre os pacientes mais suscetíveis a esses enteroparasitas estão


as crianças, devido à imaturidade do sistema imunológico e facilidade
de contaminação, e os indivíduos imunocomprometidos, pacientes
transplantados, oncológicos, ou que possuem alguma imunofeficiência
(por exemplo, pessoa vivendo com HIV). Os pacientes
imunocomprometidos tendem a apresentar quadros mais severos
dessas enteroparasitoses, portanto, é possível enquadrar a infecção por
coccídios intestinais nas infecções oportunistas.

As espécies destacadas apresentam ciclo biológico com


transmissão fecal-oral (alimentos ou fonte de água contaminados). Os
coccídios intestinais possuem algumas características importantes,
como reprodução assexuada e sexuada na célula hospedeira e a
esporulação do zigoto, formando os oocistos (forma infectante para o
homem). Cyclospora cayetanensis e Cystoisospora belli possuem
apenas o homem como hospedeiro, já o gênero Cryptosporidium spp
pode ser considerado uma zoonose, sendo o gado um importante
reservatório.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

O diagnóstico dos coccídios intestinais é baseado no exame


microscópico das fezes. Geralmente são utilizados em conjunto
métodos de concentração de parasitas e de coloração. Esses
protozoários são álcool-ácido resistentes, por isso podem ser
submetidos à coloração de Ziehl-Neelsen (mesma coloração utilizada
para visualização e contagem de bacilos álcool-ácido resistentes, como
Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae) e suas
variações, como a safranina-azul de metileno. Apesar da visualização do
parasita ser a melhor forma de diagnóstico, essa técnica microscópica
especificamente apresenta algumas limitações como a necessidade de
experiência do analisador para correta identificação e de padronização
da execução dessa técnica.

Esquema das diferenças morfológicas dos oocistos maduros (esporulados) dos


coccídios intestinais. Entre os três, apenas o oocisto de Cryptosporidium spp é
eliminado na forma madura e infectante nas fezes.

Os oocistos maduros (esporulados) de Cryptosporidium spp são


esféricos ou ovoides. Apresentam cerca de 5 micrômetros, uma parede

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

espessa e grânulos em seu interior. Dentro do oocisto também é


possível visualizar esporozoítos em forma de C.

Oocistos de Cryptosporidium spp. Em amostra fecal corada com derivados de Ziehl-


Neelsen. Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Oocistos de Cryptosporidium spp. Fonte: CDC, 2021.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Os oocistos de Cyclospora cayetanensis tem cerca de 10


micrômetros (cerca de 2 vezes maiores que o de Cryptosporidium spp),
aparência esférica e não fezes eles não são esporulados, pois se tornam
infectantes após 2 semanas no meio ambiente. O oocisto maduro
(infectante) apresenta dois esporocistos contendo os esporozoítos.

Oocisto imaturo de Cyclospora cayetanensis. Fonte: CDC, 2021.

Um oocisto imaturo de Cyclospora cayetanensis (seta preta) e três oocistos de


Cryptosporidium spp (seta verde). Fonte: Lenilza Mattos Lima
(http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Os oocistos de Cystoisospora belli são ovais, transparentes,


apresentam um ou dois esporoblastos quando eliminados nas fezes. No
meio ambiente sofre maturação e formam-se dois esporocistos com 4
esporozoítos em cada.

Oocisto imaturo de Cystoisospora belli (apenas 1 esporoblasto no interior). Exame


direto. Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Oocistos imaturos de Cystoisospora belli com 2 esporoblastos em cada. Exame


direto. Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

Oocisto imaturo de Cystoisospora belli com 1 esporoblasto. Coloração derivada de


Ziehl-Neelsen. Fonte: Lenilza Mattos Lima (http://parasitologiaclinica.ufsc.br).

Imagem dos oocistos dos coccídios intestinais. Fonte: CAMA e ORTEGA, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6. Principais técnicas em parasitologia


clínica

6.1 Exame direto a fresco

Essa técnica é mais utilizada quando pretende se observar os


trofozoítos de protozoários, especialmente sua morfologia e motilidade,
já que estes são mais sensíveis e não sobrevivem muito tempo fora do
trato digestório do hospedeiro. Trata-se de uma técnica com pouca
sensibilidade e muitos requisitos. Esse exame é mais utilizado para
fezes diarreicas e a análise deve ser realizada entre 15 e 30 minutos
(melhor orientar a coleta no próprio laboratório).

Técnica: colocar uma gota de soro fisiológico em uma lâmina.


Tocar a amostra fecal com um palito em diferentes locais (preferência
por locais com sangue ou muco, onde há maior possibilidade de
encontrar os trofozoítos) e transferir para a lâmina, misturando no soro
fisiológico. Cobrir com lamínula e examinar com as objetivas de 10x e
40x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.2 Técnica da fita adesiva

Desenvolvido por Graham, esse método indicado para pesquisa


de ovos e vermes adultos de Enterobius vermicularis na região perianal.
Eventualmente ovos e proglotes de outros helmintos podem ser
encontrados. A coleta deve ser realizada de manhã, antes da
higienização.

Técnica: fixar uma fita adesiva transparente a um tubo de


hemólise (ou numa espátula de madeira) com a face colante voltada
para fora. Abrir as nádegas do paciente e encostar o lado adesivo na
região perianal. Colocar a fita adesiva numa lâmina e observar no
microscópio com as objetivas de 10x e 40x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.3 Técnica de Hoffmann, Pons e Janer

Também conhecido como técnica de Lutz ou pela sigla “HPJ”.


Esse método tem como princípio a sedimentação espontânea das
formas parasitárias em água potável. Por ação da gravidade, os
parasitas se concentram no fundo do cálice cônico de sedimentação. É
considerado um método versátil e universal, pois consegue recuperar
ovos e larvas de helmintos (especialmente ovos pesados como de
Schistosoma mansoni), cistos e oocistos de protozoários com boa
sensibilidade.

Técnica: Adicionar cerca de 2g de fezes em um béquer (ou


recipiente similar, um frasco de borrel, copo descartável ou coletor
universal) contendo água e homogeneizar com bastão de vidro. Filtrar
através de uma gaze dobrada para um cálice cônico de sedimentação.
O cálice deve ser preenchido com mais água até ¾ de sua capacidade.
Deixar a suspensão de fezes em repouso por 2 a 3 horas (no máximo 24
horas). Decantar o sobrenadante com cuidado e recolher o sedimento
com pipeta Pasteur, transferindo para uma lâmina (nessa etapa, pode-
se adicionar o corante lugol no sedimento). Cobrir com lamínula e
examinar com as objetivas de 10x e 40x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.4 Técnica de Ritchie

Tem como princípio a centrifugo-sedimentação de cistos e


oocistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos em um sistema
formol-éter. Uma variação dessa técnica é o método MIFC para material
fecal conservado. Nesse caso se utilizam fezes conservadas em MIF,
onde esse conservante faz o papel do formol. A execução do MIFC é
semelhante a técnica de Ritchie.

Técnica: dissolver 2g de fezes em 10mL de água, filtrar em gaze


para um tubo de centrifugação. Centrifugar por 1 minuto a 2500RPM,
decantar o sobrenadante. Adicionar mais 10mL de água e repetir o
processo de centrifugação até que o sobrenadante esteja límpido.
Quando o sobrenadante for decantado pela última vez, ressuspender o
sedimento em formol a 10% e completar o volume para cerca de 10mL.
Adicionar 3mL de éter, tampar o tubo e agitar de maneira vigorosa por
30 segundos. Centrifugar por 1 minuto a 2500 RPM. Após a
centrifugação serão formadas 4 camadas: a camada superior de éter,
um anel de gorduras e detritos, a camada de formol e o sedimento com
os parasitas. Remover o anel de gordura com o auxílio de uma agulha
ou alça metálica. Decantar as 3 camadas superiores. Adicionar uma
gota de lugol no sedimento, transferir uma gota do sedimento para
uma lâmina com uma pipeta Pasteur. Cobrir com lamínula e examinar
com as objetivas de 10x e 40x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.5 Técnica de Faust

Baseia-se na centrífugo-flutuação das formas parasitárias em


uma solução de sulfato de zinco 33% com densidade 1,18g/mL. É um
método com maior especificidade para cistos e oocistos de
protozoários e ovos leves de helmintos, como ancilostomídeo. Ovos
pesados como Schistosoma mansoni podem não ser encontrados com
essa técnica.

Técnica: dissolver 2g de fezes em 10mL de água, filtrar em gaze


para um tubo de centrifugação. Centrifugar por 1 minuto a 2500RPM,
decantar o sobrenadante. Adicionar mais 10mL de água e repetir o
processo de centrifugação até que o sobrenadante esteja límpido.
Quando o sobrenadante for decantado pela última vez, ressuspender o
sedimento com a solução de sulfato de zinco 33% e novamente
centrifugar. Retirar o tubo da centrífuga com cuidado e com o auxílio
de uma alça de platina tocar a película da superfície e transferir para
uma lâmina. Cobrir com lamínula e examinar com as objetivas de 10x e
40x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.6 Técnica de Rugai

Trata-se de uma variação do método de Baermann-Moraes. É


uma técnica que se baseia numa característica das larvas de
nematódeos que é o termo-hidrotropismo positivo. As larvas são
atraídas por umidade e temperaturas mais elevadas. Esse método é
indicado para pesquisa de larvas de Strongyloides stercoralis, de
ancilostomídeos e outros helmintos.

Técnica: estender gaze dobrada sobre a abertura do frasco


coletor com as fezes. Colocar essa preparação em um cálice de
sedimentação com água em temperatura entre 40 e 45°C, de modo
que a água aquecida cubra a abertura do frasco. Deixar em repouso por
1 hora. Colher o sedimento do fundo do cálice com uma pipeta Pasteur,
colocar em uma lâmina e corar com lugol. Cobrir com lamínula e
examinar com as objetivas de 10x e 40x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.7 Técnica de Willis

Método indicado para pesquisa de ovos leves como os de


ancilostomídeos e Hymenolepis sp. Baseia-se na flutuação espontânea
dessas formas parasitárias em uma solução saturada de cloreto de
sódio em água (densidade 1,20 g/mL).

Técnica: homogeneizar 2g de fezes em um frasco de vidro com a


solução saturada de cloreto de sódio. Completar o volume com essa
solução até a borda do frasco e colocar uma lâmina em contato com o
menisco durante cerca de 30 minutos. Retirar a lâmina e rapidamente
invertê-la. Cobrir com lamínula e examinar com a objetiva de 10x.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

6.8 Técnica de Kato-Katz

A técnica de Kato-Katz possui como característica ser qualitativa


e quantitativa pois permite a quantificação de ovos de helmintos (a
citar: Schistosoma mansoni, Ascaris lumbricoides, Ancilostomídeos,
Trichuris trichiura, Taenia sp. e mais raramente, Enterobius
vermicularis) e uma estimativa da carga parasitária. Deve ser realizada
com fezes moldadas e formadas. O fundamento da técnica se baseia
em três processos: O primeiro é a passagem das fezes numa tela
metálica com o objetivo de concentrar o material e reter detritos
maiores que poderiam dificultar ou impedir a visualização dos ovos de
helmintos. O segundo processo é a transferência das fezes para uma
placa perfurada, para que haja padronização na quantidade de fezes
analisada. O último processo é a utilização de uma solução
diafanizadora e fixadora (a base de verde malaquita), que permite a
conservação dos ovos e tornar o esfregaço de fezes mais transparentes.

Técnica: pressionar as fezes em uma tela metálica e recolher para


um cartão com orifício sobre uma lâmina de vidro. Remover o cartão e
cobrir as fezes com uma lamínula de celofane embebida em solução de
verde malaquita e glicerina. Inverter e pressionar a lâmina sobre um
papel absorvente. Após 2 horas em temperatura ambiente, examinar a
lâmina com a objetiva de 10x. Essa preparação pode ser guardada por
vários dias. A quantidade de ovos encontrados na lâmina é multiplicada
pelo fator 24, para se obter o número de ovos por grama de fezes.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

7. Referências

BARCELOS, Luiz Fernando (Ed.); AQUINO, Jerolino Lopes (Ed.). Tratado de


Análises Clínicas. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018.

CAMA, Vitaliano A.; ORTEGA, Ynes R. Protozoa: Cyclospora cayetanensis.


Encyclopedia of Food Safety. Academic Press, 2014.

CENTER OF DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). DPDx –


Laboratory Identification of Parasites of Public Health Concern. Parasites A-Z
Index. USA. Disponível em < https://www.cdc.gov/dpdx/az.html>. Acesso em 20
de mai de 2021.

DE CARLI, Geraldo Attilio. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e técnicas


de laboratório para diagnóstico das parasitoses humanas. São Paulo: Atheneu,
2001.

LIMA, Lenilza Mattos; SANTOS, Jairo Ivo; FRANZ, Helena Cristina Ferreira.
Atlas de Parasitologia Clínica e Doenças Infecciosas Associadas ao Sistema
Digestivo. Fotografias Microscópicas e Macroscópicas. Disponível em <
https://parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/fotografias/>. Acesso
em 15 de mai de 2021.

MOLINARO, Etelcia Moraes (Org.); CAPUTO, Luzia Fátima Gonçalves;


AMENDOEIRA, Maria Regina Reis. Conceitos e métodos para a formação de
profissionais em laboratórios de saúde: volume 5. Rio de Janeiro: EPSJV;
Instituto Oswaldo Cruz, 2012

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

SANTOS, Raphael Pereira; FARIA, Angélica Rosa. Atualização em coccidioses


intestinais: uma abordagem crítica. Rev Bras An Clin. 2019, v. 51, n. 4, pp. 290-
295.

SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo et al. Parasitologia: fundamentos e prática clínica.


1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

WARREN, Levinson. Microbiologia médica e imunologia. 10 ed. Porto Alegre:


AMGH, 2011.

ZEIBIG, Elisabeth A. Parasitologia clínica uma abordagem clínico-laboratorial. 2


ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2014.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084


Parasitas intestinais – Epifanio Fernandes

E aí, curtiu o conteúdo? Espero que sim. Se você precisar de


alguma coisa, pode entrar em contato comigo:

 e-mail: contato@farmaceuticando.com
 Instagram: @farmaceuticando_
 WhatsApp: (84) 99102-1799
 Site: https://farmaceuticando.com

Ah, só para lembrar que o conteúdo desse e-book não pode ser
compartilhado sem a minha autorização, tá? Se gostou do material, dá
uma olhada no meu site, lá tem artigos gratuitos e outros e-books para
você se especializar! Obrigado pela confiança e até a próxima.

www.farmaceuticando.com

Licensed to Iara de Jesus Resador - resadoriara@gmail.com - 391.526.448-20 - HP16516241064084

Você também pode gostar