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Sumário 4
1. Introdução...................................................................................................................................................5
2. Exame de urina de rotina.................................................................................................................8
3. Coleta da amostra..................................................................................................................................9
4. Exame físico ou macroscópico da urina................................................................................11
4.1. Cor.........................................................................................................................................................11
4.2. Aspecto.............................................................................................................................................12
4.3. Odor e Espuma...........................................................................................................................13
5. Exame químico da urina..................................................................................................................15
5.1. pH.........................................................................................................................................................15
5.2. Densidade.......................................................................................................................................16
5.3. Proteínas (Albumina)..............................................................................................................17
5.4. Glicose...............................................................................................................................................17
5.5. Cetonas (Corpos cetônicos)................................................................................................18
5.6. Bilirrubinas e Urobilinogênios..........................................................................................19
5.7. Sangue (Hemoglobina).........................................................................................................19
5.8. Leucócitos (Esterase leucocitária)................................................................................20
5.9. Nitrito................................................................................................................................................20
6. Exame macroscópico da urina ou sedimentoscopia..................................................21
6.1. Células epiteliais........................................................................................................................22
6.2. Leucócitos......................................................................................................................................24
6.3. Hemácias........................................................................................................................................25
6.4. Dismorfismo eritrocitário....................................................................................................26
6.5. Cristais urinários........................................................................................................................27
6.6. Cilindros urinários....................................................................................................................34
7. Outras estruturas do sedimento urinário..........................................................................40
7.1. Bactérias.........................................................................................................................................40
7.2. Fungos.............................................................................................................................................40
7.3. Parasitas..........................................................................................................................................41
7.4. Fios mucosos...............................................................................................................................42
7.5. Corpos ovais gordurosos ou graxos.............................................................................43
8. Referências..............................................................................................................................................45
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1. Introdução 5
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DIA! O que acontece com o ultrafiltrado para que seu volume seja 6
reduzido até o volume que é excretado como urina? Esse filtrado
precisa ser concentrado através dos processos de reabsorção e
secreção que ocorrem nos túbulos renais.
A reabsorção tubular é um processo de recuperação de
substâncias que são importantes para o organismo, como a água,
glicose, aminoácidos, sódio, potássio, bicarbonato, cálcio, dentre outras.
Ao serem transportadas pelas células que revestem os túbulos renais,
as moléculas retornam para a corrente sanguínea. Assim, os rins evitam
a perda urinária de substâncias necessárias. É importante salientar que
os túbulos renais apresentam uma capacidade reabsortiva máxima e
algumas substâncias em alta concentração podem ultrapassar essa
capacidade e aparecer na urina. Essa capacidade reabsortiva máxima
pode ser compreendida como o limiar renal de reabsorção. A glicose,
um carboidrato importante como fonte de energia, é filtrada e
reabsorvida no túbulo proximal. O limiar renal para a glicose é de 160 a
180mg/dL, em concentrações elevadas a glicose não é completamente
reabsorvida. Isso explica o aparecimento comum da glicose na urina de
pacientes diabéticos.
A secreção tubular consiste na passagem de substâncias do
sangue dos capilares peritubulares para o sistema de túbulos renais,
onde poderão ser excretadas. A secreção serve para a remoção de
resíduos celulares que não são filtrados pelos glomérulos. Além disso, o
mecanismo de secreção é importante na eliminação de fármacos
ligados às proteínas plasmáticas, uma vez que estas são dificilmente
filtradas. Uma função muito importante da secreção é na manutenção
do equilíbrio ácido-básico do organismo, pois esse é o principal
mecanismo de regulação dos íons hidrogênio.
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3. Coleta da amostra 9
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4.1 Cor
A cor normal da urina pode variar levemente entre os
laboratórios, podendo ser amarelo claro, amarelo citrino, amarelo
escuro ou âmbar. A cor da urina é causada pela presença dos
pigmentos urocromo (maior quantidade), uroeritrina e urobilina.
Quanto maior a quantidade desses pigmentos, mais acentuada será a
cor da urina. Por outro lado, uma urina mais incolor é mais diluída e
pode estar relacionada a um consumo elevado de líquidos, uso de
diuréticos ou portadores de diabetes mellitus ou diabetes insípido. A
urina pode assumir outras cores menos usuais dependendo da
ingestão de medicamentos ou de condições clínicas.
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4.2 Aspecto
Também chamado de turbidez, o aspecto tem relação com a
transparência ou a turvação da urina. A análise consiste na observação
da urina homogeneizada, dentro de um recipiente transparente e
contra uma fonte luminosa. De acordo com a quantidade de partículas
suspensas, o laboratório deve padronizar a nomenclatura, sendo as
mais comuns: límpida, semi-turva ou ligeiramente turva e turva, ou
ainda leitosa. Normalmente a cor e o aspecto são analisados de uma
vez só, através da observação subjetiva do analista.
Existem diversas causas para a turvação da urina, podendo ser
patológica ou não. Dentre as causas não patológicas de turvação, pode
ser devido à presença de células epiteliais escamosas, filamentos de
muco ou precipitação de alguns sais amorfos devido a refrigeração da
amostra, dentre outras. Em relação às causas patológicas de turvação,
podem ser devido à presença de hemácias, leucócitos, microrganismos,
célula epiteliais tubulares, cristais patológicos, cilindros, dentre outras.
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Figura 4. Escala visual para avaliação da turbidez da urina. Fonte: Adaptado de Cunningham
et al, 2020.
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Figura 5. Esquema de uma tira reagente, mostrando as áreas e parâmetros avaliados. Autor:
Giovani Lavieri, 2021.
5.1 pH
O equilíbrio ácido-básico do organismo é regulado pelos rins e
pelos pulmões. Os rins fazem isso principalmente através da secreção
de ácidos orgânicos e íons hidrogênio e da reabsorção de bicarbonato.
Não são atribuídos valores normais para pH urinário, uma vez que pode
variar amplamente devido ao pH sanguíneo, aos hábitos alimentares
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5.4 Glicose
Dentro do néfron, a glicose é filtrada e depois reabsorvida no
túbulo proximal. Como foi dito anteriormente, existe um limiar renal de
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5.9 Nitrito
Algumas bactérias que causam infecção urinária apresentam a
capacidade de converter o nitrato urinário em nitrito. A pesquisa desse
composto se tornou um método indireto da triagem para bacteriúria e
infecção urinária.
As bactérias mais prevalentes nas infecções urinárias e que
podem positivar nitrito na tira reagente são principalmente as
enterobactérias, gram-negativas fermentadoras, como Escherichia coli,
Proteus spp, Klebsiella spp. Algumas cepas de Pseudomonas
aeruginosa também podem positivar nitrito.
É importante ressaltar que o método padrão para detecção de
infecção urinária é a urocultura com realização de antibiograma, onde
é realizada a identificação correta da bactéria e ainda é feito o teste de
sensibilidade a antimicrobianos. Também é válido informar que pode
ocorrer infecção urinária sem nitrito positivo.
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sedimentoscopia
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Figura 6. Células escamosas em campo claro (A) e contraste de fase (B). Fonte:
SBPC/ML, 2017.
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Figura 7. Células epiteliais de transição em campo claro (A) e contraste de fase (B). Fonte:
SBPC/ML, 2017.
Figura 8. Célula tubular renal em campo claro (A) e contraste de fase (B). Fonte: SBPC/ML,
2017.
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6.2 Leucócitos 24
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Figura 10. Hemácias isomórficas. Ao centro uma hemácia crenada, com aspecto granular.
Aumento de 400x. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 11. Hemácias dismórficas em microscopia de campo claro. Fonte: Japanese Association
of Medical Technologists, 2017.
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Figura 13. Cristais de oxalato de cálcio dihidratado com sua forma octaédrica ou em forma de
“envelope”. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 15. Cristais de ácido úrico se apresentam de diversas formas, nesta imagem possuem
forma de cunhas ou agulhas, formando uma espécie de roseta. Fonte: Japanese Association of
Medical Technologists, 2017.
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Figura 16. Uratos amorfos se apresentam com aspecto granular amarelado no sedimento.
Macroscopicamente, quando em grande quantidade, forma um depósito cor de rosa no tubo
após a centrifugação. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 18. Cristais de biurato de amônio ou urato de amônio. Apresentam cor castanha e
formato esférico com projeções em forma de espículas, semelhantes a uma “maçã com
espinhos”. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
Figura 19. Cristais de fosfato de cálcio podem aparecer na urina alcalina em formato de placa
transparente (esquerda da imagem) ou de prismas finos que se agrupam em rosetas (centro
da imagem). Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 20. Fosfatos amorfos aparecem em urina básica como grânulos cinzas ou em tons
mais escuros. Quando a urina apresenta uma grande quantidade de fosfatos amorfos, após a
centrifugação, é possível ver a formação de um depósito esbranquiçado. Fonte: Japanese
Association of Medical Technologists, 2017.
Figura 21. Cristais de cistina. Cristal patológico que pode aparecer na urina de pacientes com
alteração no transporte tubular de aminoácidos como cistina, lisina, ornitina e arginina,
levando à excreção desses aminoácidos. Apresenta formato de placas hexagonais
transparentes. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 22. Cristais de colesterol. Cristais ligados as condições clínicas que cursam com
lipidúria (excreção de lipídeos na urina), como a síndrome nefrótica. Geralmente a sua
presença é associada à cilindros graxos e corpos ovais gordurosos (células tubulares ou
macrófagos que fagocitaram gorduras, associados aos casos de lipidúria). Possuem aspecto
de placas de vidro retangulares com entalhes nos vértices. Fonte: Japanese Association of
Medical Technologists, 2017.
Figura 23. Cristais de bilirrubina (centro da imagem e porção superior direita) associados à
doença hepática grave com aparecimento de bilirrubina em grande quantidade na urina.
Formato de agulhas finas isoladas ou agrupadas de coloração amarela ou marrom. A
presença de bilirrubina na urina também pode pigmentar outras estruturas do sedimento,
como as células (porção inferior da imagem). Fonte: Fonte: Japanese Association of Medical
Technologists, 2017.
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Figura 24. Cristal de leucina. Forma de “esferoide” com círculos concêntricos e algumas
estrias radiais. Sua presença é rara e associada a doenças hepáticas graves e distúrbios
hereditários do metabolismo de aminoácidos. Fonte: NephSIM.
Figura 25. Cristal de tirosina. Formato de agulhas finas isoladas ou agrupadas em formato de
feixes ou de roseta. Também está associado com doença hepática grave e distúrbios
metabólicos de aminoácidos. Fonte: Mundt, 2012.
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Figura 26. Cilindro hialino. Matriz sem inclusões, aspecto incolor e homogêneo, com índice de
refração próximo ao da urina, necessitando de atenção do analista para sua observação. Uma
quantidade pequena de cilindros hialinos pode aparecer após exercício extenuante, em caso
de desidratação, febre ou estresse emocional. Podem estar aumentados de maneira
patológica em casos de glomerulonefrite aguda, pielonefrite, doença renal crônica e
insuficiência cardíaca congestiva. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
Figura 28. Cilindro epitelial. São raros e resultam da descamação das células epiteliais
tubulares renais em casos de dano tubular grave, como necrose tubular, nefrite intersticial,
injúria tubular tóxica ou isquêmica, doença renal crônica e rejeição a transplantes. Fonte:
Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 31. Cilindro granuloso. Podem ser cobertos por grânulos finos ou grosseiros, e claros ou
escuros, variando em número e tamanho. Assim como os cilindros hialinos, podem aparecer,
em pequenas quantidades, em situações não patológicas, como após exercício extenuante e
dieta rica em carboidratos. Acredita-se que eles se originam a partir da atividade dos
lisossomos das células tubulares renais durante o metabolismo normal. Porém, também é
descrito que os cilindros granulosos se originam a partir de uma degeneração de cilindros
celulares (epitelial, leucocitário ou eritrocitário), por isso eles também podem indicar doença
renal, como glomerulonefrite, necrose tubular e rejeição de transplantes, podendo estar
associados a cilindros celulares. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
Figura 32. Cilindro gorduroso. Também chamado de lipídico ou graxo. Chama-se cilindro
graxo quando há, na matriz proteica do cilindro, gotículas de gordura (círculos na parte
interna do cilindro), corpos ovais gordurosos ou cristais de colesterol (quadrado transparente
no meio do cilindro). Inclusive com a presença dessas partículas isoladas no sedimento. São
geralmente associados às condições clínicas com lipidúria, especialmente a síndrome
nefrótica. Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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Figura 33. Cilindro céreo. O nome vem da aparência de cera derretida e seu aspecto vítreo.
Apresentam aspecto homogêneo e mais refringente que o cilindro hialino, o que torna mais
fácil sua identificação. Os cilindros céreos estão associados com doença renal crônica e
amiloidose renal, situações clínicas que apresentam estase urinária. Fonte: Japanese
Association of Medical Technologists, 2017.
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7.1 Bactérias
Em relação à presença de bactérias na urina, é importante
reforçar informações sobre o procedimento de coleta de urina de jato
médio com antissepsia uma vez que, especialmente em mulheres,
contaminação por secreções vaginais podem contaminar a urina com
bactérias e leucócitos. Em uma amostra recentemente coletada, e em
condições corretas, a presença de bactérias indica infecção urinária. Se
apresentam como cocos ou bacilos e estão associadas com numerosos
leucócitos no sedimento.
7.2 Fungos
As leveduras podem aparecer na urina como estruturas
pequenas, ovais e refringentes, podendo apresentar brotamentos. Em
casos de infecção mais grave, podem se apresentam como formas
micelares (pseudo-hifas) ramificadas. Podem ser observadas em urinas
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7.3 Parasitas
O parasita encontrado com mais frequência na urina é o
protozoário Trichomonas vaginalis, é um microorganismo flagelado,
em formato de ovoide, um pouco maior que um leucócito e com a
membrana ondulante. É fácil identificar numa amostra fresca devido à
sua rápida movimentação no campo de visualização. Quando está sem
movimento (uma das causas pode ser a demora para analisar a
amostra), é facilmente confundido com leucócitos ou células epiteliais
tubulares, o que torna difícil sua identificação correta. A infecção por
Trichomonas vaginalis é uma infecção sexualmente transmissível,
causando inflamação vaginal. A contaminação fecal de uma amostra
de urina pode causar o aparecimento de alguns parasitas intestinais,
sendo o mais comum o Enterobius vermicularis.
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Figura 38. Cilindro com quatro corpos ovais gordurosos em sua matriz proteica (cilindro
gorduroso ou graxo). Fonte: Japanese Association of Medical Technologists, 2017.
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8. Referências 45
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