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Fundamentos em Entomologia
Autores:
Maria Aparecida Cassilha Zawadneak
Joatan Machado da Rosa
Capa: Gustavo Hansen e Carolina Calomeno
Projeto Gráfico: Gustavo Hansen e Carolina Calomeno
Diagramação: Gustavo Hansen
Fotografia: Bráulio Santos
Curitiba, 2022
Sumário
Apresentação .............................................................................................. 4
1. Origem e Importância das Pragas Agrícolas ................................................. 5
1.1 Conceitos de Entomologia ..................................................................... 6
1.2 Definição de Praga de Plantas Cultivadas .............................................. 7
2. Noções de Morfologia e Fisiologia de Insetos ............................................. 13
2.1. Morfologia de Insetos ......................................................................... 13
2.2 Anatomia Interna e Fisiologia ............................................................... 18
2.3 Metamorfose ....................................................................................... 22
3. Interações entre Artrópodes e Plantas ....................................................... 25
3.1 Interação entre Plantas e Insetos ......................................................... 25
3.2 Preferência Alimentar .......................................................................... 26
3.3 Efeitos Ocasionados pelo Ataque......................................................... 26
3.4 Adaptações dos Insetos para Viver sobre as Plantas ............................ 27
3.5 Sistema de Defesa das Plantas ............................................................ 27
3.6. Aleloquímicos ..................................................................................... 29
3.7. Estratégias dos Insetos para Superar as Defesas das Plantas ............. 31
4. Identificação e Biologia de Insetos.............................................................. 33
4.1 Nomenclatura Zoológica ...................................................................... 33
4.2 Identificação dos Principais Grupos de Pragas ..................................... 34
5.Coleta, Montagem e Conservação de Insetos-Praga ................................... 43
5.1 Coleta de Insetos................................................................................. 43
5.2 Procedimentos para Sacrifício dos Insetos ........................................... 45
5.3 Montagem de Insetos .......................................................................... 46
5.4 Alfinetagem e Posição do Inseto .......................................................... 46
5.5 Posicionamento dos Apêncices ........................................................... 46
5.6 Etiquetagem ........................................................................................ 48
5.7 Conservação ....................................................................................... 49
6. Biologia de Insetos .................................................................................... 51
6.1 Tipos de Metamorfose ......................................................................... 51
6.2 Tipos de Reprodução .......................................................................... 52
7. Comunicação Química entre Insetos .......................................................... 54
7.1 Semioquímicos .................................................................................... 55
7.2 Comunicação Mediada por Aleloquímicos............................................ 55
7.3 Comunicação Mediada por Feromônios ............................................... 56
7.4 Monitoramento com Feromônios.......................................................... 58
7.5 Coleta Massal...................................................................................... 59
7.6 Confusão sexual .................................................................................. 60
Apresentação
Esta apostila reúne, de forma sucinta, aspectos gerais sobre os fundamentos em
Entomologia, com ênfase em pragas de plantas cultivadas. Durante a leitura serão
abordados assuntos como a origem das pragas, importância, fisiologia e
morfologia de insetos, interações entre insetos e plantas, princípios gerais de
monitoramento, controle de pragas e MIP. Dessa forma, será possivel
proporcionar aos discentes do Curso Lato Sensu Em Fitossanidade – UFPR, uma
revisão de conceitos e exemplos práticos relacionados à Entomologia Agrícola.
consumida pela praga, pois nesse caso não haveria prejuízo para o agricultor.
Infelizmente as pragas não se limitam a consumir o que não é aproveitado; motivo
pelo qual, surgem os problemas com elas relacionados.
Por praga agrícola entende-se ainda: População de organismos que são capazes
de reduzir a quantidade ou a qualidade dos alimentos, rações, forragens, fibras,
Classificação de Pragas:
a) Fatores econômicos
ii. Uso inadequado dos inseticidas químicos: usar produtos não seletivos aos
inimigos naturais, ou adotar a redução ou aumento da dose recomendada;
utilizados de forma incorreta podem aumentar a pressão de seleção de insetos
resistentes, ocasionar a morte de insetos benéficos, inimigos naturais e
ocasionar a ressurgência de pragas;
b) Fatores ambientais
Leitura complementar
Capítulo 2
i. Cabeça
ii. Tórax
(a) Pernas
(b) Asas
Existem alguns casos que, apesar de possuírem asas, não as utilizam para o voo:
são os insetos aptésicos (mariposa do bicho-da-seda). Além de auxiliar no
momento do voo, também podem ser utilizadas como forma de proteção (élitros
de besouros), produção de sons (grilos e gafanhotos), equilíbrio durante o voo
(halteres ou balancins nos dípteros).
(c) Abdome
Existem três tipos de abdome, os quais são baseados na sua ligação com o tórax.
O abdome séssil é aquele que se liga ao tórax em toda a sua largura (besouros,
baratas, gafanhotos, etc.). O abdome do tipo livre apresenta uma constrição
pouco pronunciada no ponto de ligação com o tórax (moscas, abelhas, mariposas
e borboletas). Por fim, o abdome do tipo pedunculado que apresenta constrição
pronunciada no 2º ou 2º e 3º segmentos abdominais, enquanto o 1º segmento
está fundido ao tórax (formigas e vespas).
i. Livre ou Exarada: Pupa com apêndices (por exemplo, antenas, pernas) visíveis
e afastados do corpo, sendo encontrada nos besouros, abelhas, formigas,
vespas etc.
ii. Coarctada: Pupa envolvida pela exúvia do último instar larval, portanto,
nenhum apêndice do futuro inseto é visível, sendo encontrada nos dípteros.
2.2.1 Tegumento
O tegumento que possui origem ectodérmica (produzido de dentro para fora por
células especializadas) é a parte externa do inseto, formado por três camadas
distintas: cutícula, epiderme e membrana basal (Figura 4). A cutícula recobre toda
a superfície do corpo, bem como as aberturas naturais como boca, orifícios
excretores, e espiráculos respiratórios. A cutícula é rica em quitina (polissacarídeo
estrutural que oferece proteção, suporte e sustentação ao corpo de insetos,
através do exoesqueleto). A epiderme é uma camada de células epiteliais
secretoras responsáveis pela formação da cutícula. Já a membrana basal é a
camada mais interna do tegumento que separa a epiderme da hemocele
(cavidade geral do corpo dos insetos).
Por ser uma estrutura rígida e inflexível, parte do tegumento precisa ser renovado
e o tegumento velho precisa ser abandonado a cada troca, acompanhando assim
Nos insetos que possuem o sistema digestivo, ele é dividido em três regiões:
c) intestino posterior ou proctodeu, formado pelo reto, ampola retal e ânus. Sua
estrutura varia nos diferentes grupos de insetos. O proctodeu tem como
principais funções, a coleta, condução e eliminação de excrementos, bem
como reabsorção de água e sais.
Nos insetos, o sistema nervoso está localizado em uma posição ventral no corpo
dos insetos. O cérebro é o gânglio central e dorsal da cabeça que está conectado
ao gânglio subesofágico, na região do estomodeu, o qual, por conseguinte está
ligado ao cordão nervoso ventral que percorre as estruturas torácicas e
abdominais. A transmissão de informações entre células nervosas se dá através
da transmissão do impulso nervoso. Esse processo pode ocorrer de maneira
elétrica (através da diferença de potencial de membrana transporte ativo de íons)
e de maneira química (através de neurotransmissores).
2.3 Metamorfose
A injeção de hormônio juvenil em uma pupa fará com que a pupa se desenvolva
em uma segunda pupa. A injeção de JH em uma larva ou ninfa em último instar
causará a produção de um outro estágio larval ou ninfal na muda seguinte. Os
corpora allata estão ativos durante os instares iniciais e geralmente interrompem
a secreção de HJ no último instar pré-adulto. A ausência desse hormônio resulta
em metamorfose.
Leitura complementar
Viver sobre as plantas e retirar delas o seu alimento requer adaptações que nem
todas as espécies foram capazes de operar. Mas devido às abundâncias de
recursos vegetais e diversidade de plantas pode-se entender por que mais da
metade das espécies de insetos, por exemplo, são fitófagos.
a) monófagos: os que têm uma relação específica com uma só espécie vegetal
como, por exemplo broca do pinhão Cydia araucariae (Pastrana)
(Lepidoptera: Tortricidae), broca do café (Hypothenemus hampei (Ferrari)
(Coleoptera: Curculionidae: Scolytinae);
c) polífagos: aqueles que são generalistas, que possuem baixa relação específica
com diferentes espécies vegetais tais como gafanhotos Schistocerca
cancellata (Serville) (Orthoptera: Acrididae); ácaro-rajado Tetranychus urticae
Koch (Acari: Tetranychidae); lagarta-militar (Spodoptera frugiperda (Smith)
(Lepidoptera: Noctuidae)); Lagarta rosca, Agrotis ipsilon (Hufnagel)
(Lepidoptera, Noctuidae), corós (Diloboderus abderus Sturm Coleoptera:
Scarabaeidae: Melolonthinae).
3.6. Aleloquímicos
Leitura complementar
Artrópodes
I. Ácaros (Acari)
a) Família Tetranychidae
Eles possuem corpo ovalado, setas longas distribuidas pelo dorso do corpo,
geralmente possuem duas manchas escuras de cada lado da parte dorsal de seu
corpo. As espécies desta familia são cosmopolitas e alimentam-se de uma grande
diversidade de plantas. Os ácaros tetraniquídeos possuem estiletes quelicerais
alongados que perfuram o tecido foliar ou radicular e se alimentam de conteúdo
celular ou de fluidos intersticiais. Ataca as folhas das plantas na face inferior onde
tecem teia para oviposição e para dispersão, ocasionando manchas branco-
prateadas. Na face superior, áreas de início cloróticas, tornam-se bronzeadas.
Quando o ataque é intenso, as folhas secam e caem, podendo causar a morte da
planta atacada.
b) Família Tarsonemidae
Eles possuem corpo em formato de pera, coloração clara e não produzem teia.
Duas de suas pernas estão no início de seu corpo e as outras duas no meio de
seu corpo. Esta família inclui pragas agrícolas severas como o ácaro-branco
Polyphagotarsonemus latus (Banks), uma praga polífaga de muitas culturas
agrícolas. Ácaros desta familia comumente causam enrolamento das bordas das
folhas dos ponteiros ou do terço superior das plantas. A sua atividade interfere na
expansão foliar, tornando as folhas espessas, coriáceas e quebradiças ao toque.
c) Família Eriophyidae
Microácaros que medem até 0,19mm de comprimento. Eles possuem corpo com
formato modificado, alongados, semelhantes a vermes, têm apenas dois pares de
pernas na extremidade anterior do corpo. Todos são fitófagos obrigatórios,
usando seus estiletes curtos para perfurar células individuais. Ao se alimentarem
dos tecidos vegetais, geralmente provocam atrofia, enrolamento das folhas, danos
em órgãos reprodutivos e formação de galhas. Além disso, algumas espécies são
vetores de viroses.
d) Família Tenuipalpidae
Estes ácaros não produzem teias de seda nas plantas. Eles também são
conhecidos como ácaros planos porque a maioria das espécies é achatada
As principais características dos insetos são: corpo dividido em três partes, pernas
e antenas articuladas, exoesqueleto, simetria bilateral, circulação sangüínea
(hemolinfa) livre, sistema respiratório formado por tubos que atingem a parte
externa do corpo por orifícios, um par de antenas, três pares de pernas,
desenvolvimento por metamorfose e asas geralmente presentes nos adultos.
a) Coleoptera (Besouros)
Adultos tem grande diversidade de forma, coloração e tamanho que pode variar
de 0,3 a 200 mm de comprimento. Corpo muito esclerotisado, com primeiro par
de asas é engrossado e endurecido (élitro) e asas posteriores membranosas e em
repouso permanece dobrada embaixo do elitro. Suas larvas possuem cabeça
visível, três pares de pernas no início do corpo ou não. Eles são pragas tanto na
fase de larva como na fase adulta e possuem aparelho bucal mastigador.
possuem formato de “C”, final de seu corpo é dilatado e elas atacam órgãos
subterrâneos principalmente raízes;
iv. Larva arame (Elateridae): Os adultos são escuros, possuem corpo fino, dois
espinhos no final da cabeça que o torna capaz de emitir um sonoro clique ao
mesmo tempo que produz um rápido e violento salto. As larvas são delgadas,
longas, cilíndricas ou ligeiramente achatadas, com revestimento quitinoso
relativamente duro quando comparadas com outras larvas. Os três pares de
pernas do tórax são curtas e as últimas (abdominais) são diretamente dirigidas
para baixo para servir de pseudopatas terminais; elas atacam órgãos
subterrâneos principalmente raízes;
v. Serra-pau (Cerambycidae): Adultos têm como característica as longas
antenas articuladas que possuem, em muitos casos, tendo mais que o dobro
do tamanho do próprio corpo do inseto. Suas larvas são esbranquiçadas,
possuem o início do corpo dilatado. Nome comum dado é em função do habito
de broquear caules e troncos;
b) Diptera (Moscas)
ii. Moscas das frutas (Tephritidae) Os adultos são moscas que possuem
desenhos em formatos variáveis de “S” e “V” nas asas em função da espécie
Essas moscas pertencem a dois gêneros: Anastrepha e Ceratitis. As moscas
do gênero Anastrepha são chamadas de mosca-sul-americana devido a sua
origem. Já as moscas do gênero Ceratitis (Ceratitis capitata) são chamadas
de mosca-do-mediterrâneo (mosca Med) devido a sua origem.
c) Isoptera (Cupins)
d) Hemiptera
A classificação antiga onde Homoptera era uma ordem foi abandonada, tendo a
mais recente apresentada como Subordens Heteroptera, Auchenorrhyncha e
Sternorrhyncha
Rostro originando-se na região anterior da cabeça. Asa anterior com metade basal
coriácea e a metade distal membranosa (hemiélitro). Causam danos às plantas
tanto na fase adulta como na fase jovem (ninfas). Nessa subordem, a morfologia
do rostro serve para reconhecermos percevejos fitófagos (rostro com 4
segmentos), hematófagos (rostro com 3 segmentoe e reto) e predadores (rostro
curvo com 3 segmentos).
e) Hymenoptera (Formigas)
f) Lepidoptera (lagartas)
h) Thysanoptera (Tripes)
Leitura complementar
A coleta de insetos em áreas agrícolas pode ser realizada de várias formas (de
forma ativa ou passiva) e em diferentes locais. Os materiais mais comuns para a
realização da coleta são:
• Vidros contendo álcool 70%: para receber ácaros e insetos imaturos (larvas e
ninfas) ou insetos adultos de corpo mole (pulgões, tripes, cupins etc.). Estes
espécimes são jogados vivos diretamente no álcool 70%, onde permanecerão
para sua preservação. Se o álcool é 96°GL, usar 70 mL de álcool + 26 mL de
água.
• Frasco mortífero: frasco de vidro papel toalha picado e contendo gás tóxico
(éter, clorofórmio ou acetato de etila). Ideal para matar insetos adultos em
geral: moscas, libélulas, besouros, percevejos, formigas, gafanhotos, grilos e
outros.
Outros materiais podem ser utilizados no momento de coleta, com destaque para
aspirador entomológico, guarda-chuva entomológico, pano de batida, armadilhas
com atrativos alimentares, feromônios, armadilhas luminosas e armadilhas de solo
(pit-fall).
• Uso de gases tóxicos: servem para matar grande parte dos insetos
capturados: besouros, moscas, vespas, percevejos, formigas etc.
• Álcool 70%: é utilizado para sacrificar ácaros e insetos adultos de corpo mole
e insetos jovens em geral (larvas e ninfas). São colocados vivos em frascos
contendo álcool 70%. O álcool vendido no comércio é encontrado em duas
concentrações: 42° GL, que corresponde a 96% e 36° GL, que corresponde
a 85%. Para o primeiro, pode-se preparar o álcool 70% com 70 ml de álcool
diluídos em 26 ml de água. O segundo tipo não é recomendado para este tipo
de uso.
Após o sacrifício dos insetos, o ideal é que eles sejam montados o mais rápido
possível. Se os insetos forem mal-conservados (insetos secos, quebradiços, ou
insetos moles com alta umidade corporal), certamente teremos problemas na
montagem. Se os insetos já estiverem endurecidos, tornar-se-ão quebradiços e
dificil manipulação. Assim, estes devem permanecer em câmara úmida até que
possam ser alfinetados e seus apêndices posicionados de forma correta. A
Câmara úmida consiste em um recipiente com abertura larga e tampa de boa
vedação. No fundo deste recipiente coloca-se uma camada de areia fina úmida e
pequenos pedaços de naftalina, para que não haja proliferação de fungos. Sobre
a areia, coloca-se papel-toalha ou similar para evitar o contato direto com a areia
e umidade em excesso. O pote deve permanecer hermeticamente fechado para
que os insetos amoleçam. O tempo necessário para hidratação do inseto depende
do seu tamanho e da temperatura ambiente. Pode variar de poucas horas
(moscas e insetos pequenos) a dias (grandes coleopteros, gafanhtos etc.).
De modo geral, o alfinete deve ser inserido verticalmente no tórax (Figura 6A),
entre o primeiro e segundo par de pernas da maioria dos insetos, de modo que
fique em um ângulo de 90° em relação ao eixo longitudinal do corpo do inseto
(Figura 6B). Cada grupo de insetos tem uma posição específica. Todos os
exemplares devem ser posicionados a uma mesma altura, cerca de 1,0 m abaixo
da cabeça do alfinete (para facilitar o manuseio e a transferência do inseto
transfixado de um local para outro). O uso de blocos de madeira com alturas
determinadas auxilia essa tarefa, bem como a altura das etiquetas que
acompanham os exemplares. Como a perfuração do corpo do inseto pelo alfinete
sempre causa algum dano ao exemplar, o ideal é que a inserção do alfinete se dê
ligeiramente deslocada para a direita, pois como estes possuem simetria bilateral,
as estruturas do lado esquerdo permanecerão intactas.
segundo e terceiro pares, voltados para trás. Esta posição é obtida através da
utilização de alfinetes comuns (de costura) cruzados sobre isopor, de uma
maneira na qual as pernas dos insetos fiquem imóveis na posição que desejamos.
Recomenda-se que os alfinetes para posicionamento das pernas permaneçam
junto ao inseto por mais ou menos uma semana, até que o exemplar seja fixado
na posição desejada. Em lepidópteros não é preciso se preocupar com a posição
das pernas.
No que diz respeito ao posicionamento das asas, a grande maioria dos insetos
pode permanecer com as asas fechadas, cobrindo o abdome. Entretanto, as
borboletas, mariposas e libélulas devem ter as asas abertas facilitando a
visualização das nervuras, imprescindíveis para sua identificação.
Por fim, insetos diminutos, os quais é inviável uma montagem tradicional, devem
ser montados em microalfinetes ou em triângulos de cartolina ou papel similar
(dupla montagem) (Figura 6C). Os triângulos devem ser brancos e medir
aproximadamente 8-10 mm de comprimento e e 3-5 mm na base. O alfinete deve
perfurar a base do triângulo. O inseto deve ser colado com uma pequena gota
esmalte de unha (incolor) na extremidade. O inseto deve ser colado pelo lado
direito do corpo (região mediana do tórax), na ponta do triângulo, ligeiramente
recurvado (Figura 6C).
5.6 Etiquetagem
Importante que no dia da coleta, cada inseto ou grupo de insetos coletados rereba
uma etiqueta contendo a data de coleta e o local e planta hospedeira onde foi
capturado. Outras informações também podem ser registradas como coletor do
material, planta que foi encontrada, altitude entre outras. No caso de insetos que
serão coletados e terão como destino museus entomológicos, são utilizadas duas
etiquetas, uma de procedência e outra de identificação. A etiqueta de procedência
deve possuir tamanho de 2,0 x 1,0 cm, papel de cor branca e de gramatura
resistente à deformação; a escrita pode ser com tinta nanquim, a lápis ou
5.7 Conservação
Leitura complementar
Biologia de Insetos
Durante o desenvolvimento, os insetos passam por transformações metabólicas
anatômicas de uma forma imatura para uma fase adulta, denominada
metamorfose. Tais modificações estruturais na forma corpórea desses animais
ocorrem em razão do tipo de desenvolvimento, que pode ser classificado da
seguinte forma:
a) Oviparidade
b) Viviparidade
c) Partenogênese
Os óvulos sofrem completa maturação sem terem sido fertilizados; ocorre nas
abelhas, pulgões e de forma facultativa em ácaros fitófagos e tripes. Em função
do sexo dos indivíduos nascidos, a partenogênese é telítoca (origina fêmeas) (Ex:
os pulgões de clima tropical); na arrenótoca (origina machos) e na partenogênese
anfítoca (insetos de ambos os sexos são gerados) (Ex: os pulgões de clima
temperado).
d) Pedogênese
e) Neotenia
f) Poliembrionia
Nesse caso, há geração de dois ou mais (até centenas de) embriões a partir de
um único ovo. Ex: algumas vespas da família Braconidae.
g) Hermafroditismo
Leitura complementar
7.1 Semioquímicos
O feromônio sexual, quando liberado, é dissipado pelo vento, originando uma trilha
de odor que segue a turbulência e a direção da corrente de ar. Em geral, a
concentração do feromônio diminui à medida que aumenta a distância da fonte
emissora. Os insetos captam as moléculas de feromônio através de sensilos em
suas antenas e enviam impulsos nervosos para o cérebro, que traduz a
informação, induzindo à resposta comportamental.
A coleta massiva utilizando feromônios sexuais é uma forma de controle pela qual
utiliza-se grande número de armadilhas iscadas com atrativo sintético no intuito
de atrair e capturar os insetos, eliminando o maior número de machos da espécie-
praga antes do acasalamento. Esta prática permite reduzir progressivamente a
densidade da população ao longo do tempo. Quando efetiva, a coleta em massa
elimina o uso de inseticidas, trazendo benefícios econômicos e ambientais. Porém,
Leitura complementar
Amostragem de Pragas
8.1 Avaliação do Agroecossistema
iv. Pode ser uma área de avaliação, uma planta ou parte da planta (caule, folha,
fruto, flor, etc.).
ii. Para tanto, são confeccionadas tabelas que possuem três colunas: a primeira
contém o número de amostras, a segunda o limite inferior e na quarta coluna
o limite superior, sendo que estes dados já vêm anotados nesta tabela. Na
terceira são anotados de forma acumulativa os dados provenientes das
amostragens.
iii. Se a unidade amostral não está atacada pela praga ela recebe nota “0” e se
ela está atacada recebe nota “1”, sendo que estes dados são anotados de
forma acumulativa.
vi. Se o valor for intermediário entre os limites inferior e superior, deve-se fazer
mais amostragens até que esta caia em uma das duas situações anteriores.
vii. Se na última linha da tabela o valor obtido das anotações acumulativas é ainda
intermediário aos limites inferior e superior, deve-se em um período próximo
reamostrar este talhão.
Leitura complementar
O período pós segunda guerra mundial foi de grande entusiasmo na luta contra
pragas e insetos vetores. Nesse período a indústria química estava apta a
descobrir e desenvolver novas moléculas químico-sintéticas. Não obstante, nessa
época todas as atenções foram voltadas para uso intensivo da mecanização,
adubos minerais de alta solubilidade e principalmente, o desenvolvimento de
inseticidas clorados e na sequência a síntese dos organossintéticos fosforados.
Naquele período, as descobertas de novas moléculas inseticidas praticamente
decretaram o abandono de outras técnicas de controle de pragas, especialmente
em países desenvolvidos.
manejo têm sido preconizadas, com destaque para o uso moléculas seletivas, a
proteção de organismos não-alvo, o uso de inimigos naturais e microrganismos,
agricultura de precisão, biotecnologia, bioengenharia e uso de feromônios, ambas
voltadas para a produção de forma mais sustentável.
Sistema convencional
a) Controle Cultural
b) Controle Biológico
c) Controle químico
d) Controle comportamental
f) Controle genético
g) Controle varietal
h) Controle Legislativo
Leitura complementar
ALTIERI, M.; SILVA, E.N.; NICHOLLS, C.I. O papel da biodiversidade no
manejo de pragas. Ribeirão Preto: Holos, 2003. 226p.
DENT, D.; BINKS, R. H. Insect pest management. 3ed. Cabi, 2020, 363p.
A alta eficiência aliada ao baixo custo e a fácil obtenção dessas moléculas foram
as causas do sucesso inicial do controle químico. Porém a euforia durou pouco.
Em 1946 iniciaram os primeiros relatos de resistência de pragas a esses
compostos destacando os casos de moscas domésticas, ácaros, lagartas
desfolhadoras no milho, pulgões e lagartas de hortícolas. Paralelamente surge o
problema de biomagnificação desses produtos altamente persistentes (aumento
da concentração de clorados proporcionalmente a sua posição na cadeia trófica
devido à afinidade aos tecidos gordurosos – lipossolubilidade). Em poucos anos o
uso de organoclorados levou muitos animais à ameaça de extinção. No início dos
anos 50 surge o termo “controle integrado” filosofia que tinha como objetivo
associar intervenções com produtos químicos e uso de inimigos naturais.
A definição de MIP adotada por um painel organizado pela FAO enuncia: “Manejo
Integrado de Pragas é o sistema de manejo de pragas que associa o ambiente e
a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e
métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga
em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico”.
Características
O MIP pode ser considerado uma filosofia de controle de pragas que procura
preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, através do uso
integrado dos métodos de controle selecionados com base em parâmetros
econômicos, ecológicos e sociológicos. Nesse sistema, que associa o ambiente
da lavoura à dinâmica populacional de pragas, o produtor deve lançar mão das
boas práticas agronômicas para manter a quantidade de pragas em níveis abaixo
daqueles capazes de causar danos econômicos. Uma de suas principais
recomendações é o monitoramento das áreas para verificar a presença de
organismos nocivos, sua identificação, tamanho populacional e o nível de danos
já provocados nas plantas. Com uma amostragem dessa população, é possível
decidir sobre as melhores estratégias de controle a serem adotadas. O
monitoramento da plantação é atividade fundamental que não deve ser
negligenciada, tanto para pragas-alvo, quanto para as consideradas secundárias
Para o controle de pragas em qualquer cultura é preciso que haja uma razão de
ordem econômica. Sabemos que muitas plantas produzem muito mais flores e
frutos na sua fase inicial de desenvolvimento do que na fase final. Isso é uma
garantia que a natureza oferece para a perpetuação das especies, selecionando
de certa maneira, os mais vigorosos. Assim, admite-se que a perda normal que a
planta sofre pode ser consumida pela praga sem pejuízo para o agricultor. Mas,
as pragas não se limitam a consumir apenas o que não é aproveitado, motivo pelo
qual surgem problemas relacionados a elas.
níveis (NE, NDE E NC) ao longo do tempo, as espécies podem ser classificadas
em pragas-chave (densidade populacional sempre acima do NDE), pragas
esporádicas (densidade na lavoura raramente atinge o NDE) e não-pragas (a
densidade da espécie em questão nunca atinge o NDE) (Figura 7). Mais
recentemente tem sido proposto também o nível de não-controle (NNC), ou seja,
a densidade populacional de uma ou mais espécies de inimigos naturais capaz de
reduzir a população da espécie -alvo a níveis não econômicos, dispensando
assim, a utilização de medidas de controle.
Leitura complementar
Literatura Consultada
ALMEIDA, L.M.; RIBEIRO-COSTA, C.S; MARINONI, L. Manual de Coleta,
Conservação, Montagem e Identificação de Insetos. Ribeirão Preto: Holos, 1998,
78p.
CHAPMAN, R.F. The insects: structure and function. Mass. Harvard Univ. Press,
1982.
DENT, D.; BINKS, R. H. Insect pest management. 3ed. Cabi, 2020, 363p.
EL-GHANY, N. M. A. Semiochemicals for controlling insect pests. Journal of Plant
Protection Research, v. 59, n. 1, p. 1-11, 2019.
PEDIGO, L. P. Entomology and pest management. MacMillan Pub. Co., New York,
1989, 646p.