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PREFÁCIO

O termo planta daninha é usado para se referir a determinadas plantas que se tor-
nam indesejáveis em certos momentos e locais relacionados à atividade humana.
Muitas vezes é comum encontrar outros termos para se referir a uma planta inde-
sejável, como planta invasora, planta infestante, planta adventícia, erva daninha,
além de termos de linguagem coloquial, como mato, brejo e inço.
Em um agroecossistema, de modo geral, as plantas daninhas causam impac-
tos negativos nas atividades humanas, sejam elas agrícolas, florestais, pecuários,
ornamentais, entre outras. Apesar disso, as plantas daninhas também propor-
cionam efeitos benéficos ao homem, aos animais e ao meio ambiente, como a
produção de compostos medicinais, a conservação do solo e da água, e a manu-
tenção dos inimigos naturais. Nesse sentido, o manejo sustentável das plantas
daninhas toma-se importante com o intuito de evitar danos e manter o equilíbrio
do agroecossistema.
Para manejar as plantas daninhas de forma eficiente é importante conhecer o
seu comportamento dentro e fora das áreas cultivadas, sua biologia e ecofisiologia,
e também algumas características que permitam agrupá-las. Em certos casos, as
técnicas de manejo e a seletividade de alguns herbicidas baseiam-se em caracterís-
ticas especificas das plantas daninhas, como diferenças morfológicas e fisiológicas
existentes entre as espécies.
Por outro lado, a alelopatia é muito importante no manejo integrado de plan-
tas daninhas, pois, entendendo esse processo, é possível formular novos herbicidas,
criar cultivares com alto potencial alelopático e definir práticas agronômicas, como
a rotação de culturas, o consórcio e a utilização de plantas de cobertura para con-
trolar plantas daninhas. Contudo, apesar de a alelopatia ser uma alternativa no
manejo de plantas daninhas, o potencial alelopático das culturas não é o objetivo
da maioria dos programas de melhoramento genético, que visam o incremento da
produtividade.
O conhecimento da dinâmica populacional e de como as condições ambientais
e as interações entre as espécies vegetais influenciam os padrões de coexistência
e abundância relativa de espécies é necessário para compreender a complexidade
das comunidades de plantas. A classificação e a caracterização das comunidades de
plantas podem ser realizadas por meio da fitossociologia. Os principais parâmetros
fitossociológicos que caracterizam a estrutura horizontal são: densidade, frequência,
dominância, valor de importância e valor de cobertura. Existem também os índices
de similaridade, equitabilidade, diversidade de espécies e riqueza de espécies.
Em uma comunidade vegetal, as interações que ocorrem entre as espécies
podem ser positivas, negativas ou neutras. Em áreas agrícolas, normalmente são
observados os aspectos negativos dessas interações. Dessa forma, a cultura de
interesse é prejudicada quando em competição com outras espécies, as quais, como
consequência, interferem com a redução no crescimento, desenvolvimento e produ-
tividade dessas culturas. A competição é a forma mais conhecida de interferência
direta das plantas daninhas nas culturas agrícolas. Os recursos normalmente pas-
siveis de competição entre plantas são os elementos essenciais (nutrientes, água,
luz e C02), além da competição por espaço e a liberação de substâncias com efeitos
alelopáticos.
Dessa forma, a escolha dos métodos de controle de plantas daninhas deve
levar em consideração as espécies presentes na área de interesse (cultura de inte-
resse econômico e plantas daninhas), as condições locais de mão de obra e de
equipamentos, e os aspectos ambientais e econômicos. A redução da interferência
das plantas daninhas, considerando uma cultura, deve ser feita até um nível n o
qual as perdas pela interferência sejam iguais ao incremento no custo do controle,
ou seja, que não interfiram na produção econõmica da cultura.
Diante do exposto, verifica-se a importância de estudar as plantas dani-
nhas para, assim, poder manejá-las. Este livro é o mais atual e completo sobre o
assunto no Brasil, composto por cinco capítulos sobre a ciência aplicada das plan-
tas daninhas, e é destinado aos estudantes de graduação, pós-graduação, técnicos,
professores, produtores rurais e a todos os envolvidos nessa área.

Prof. Dr. Kassio Ferreira Mendes


Prof. Dr. Antonio Alberto da Silva
Biologia e Manejo Integrado de Plantas Daninhas
Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa
Viçosa, Minas Gerais, Brasil
SUMÁRIO

1 Aspectos da biologia e ecofisiologia de plantas daninhas .................................. 9


1.1 Conceito e características de planta daninha ............................................ 10
1.2 Origem e evolução das plantas daninhas ...................................................11
1.3 Efeitos positivos e negativos das plantas daninhas ..................................13
1.4 Reprodução, dispersão, dormência e
banco de sementes de plantas daninhas ....................................................15
1.5 Classificação de plantas daninhas .............................................................. 28
1.6 Considerações finais ....................................................................................39

2 Alelopatia no controle de plantas daninhas:


mecanismos fisiológicos e ecológicos ............................................................... 40
2.1 Natureza dos aleloquímicos ........................................................................40
2.2 Síntese de aleloquímicos pela planta ......................................................... .41
2.3 Liberação de aleloquímicos no ambiente ...................................................42
2.4 Mecanismos de ação e sintomas causados pelos aleloquímicos ..............43
2.5 Fatores determinantes para a eficiência dos aleloquímicos .................... .47
2.6 Potencial alelopático das culturas ..............................................................48
2.7 Alelopatía no controle de plantas daninhas .............................................. 51
2.8 Estudos dos compostos alelopáticos em plantas .......................................53
2.9 Considerações finais ....................................................................................54

3 Competição e interferência de plantas daninhas em culturas ......................... 56


3.1 Definição de competição .............................................................................. 57
3.2 Fatores do meio passíveis de competição .................................................. 58
3.3 Definição de interferência ..........................................................................66
3.4 Fatores que afetam a interferência entre
plantas daninhas e culturas ........................................................................ 66
3.5 Métodos experimentais de estudos da competição
e interferência das plantas daninhas em culturas .................................... 72
3.6 Considerações finais .................................................................................... 81

4 Parâmetros do levantamento fitossociológico para avaliar a abundância,


distribuição e diversidade da comunidade de plantas daninhas ..................... 83
4.1 Métodos para avaliação de fitossociologia ................................................84
4.2 Parâmetros fitossociológicos ......................................................................88
4.3 Mapeamento de plantas daninhas ............................................................. 92
4.4 AnáHses estatísticas utilizadas na fitossociologia ................................... 94
4.5 Fitossociologia na ciência das plantas daninhas ...................................... 95
4.6 Considerações finais .................................................................................... 99
5 Métodos de control-e e manejo integrado de plantas daninhas
na agricultura.................................................................................................. 100
5.1 Manejo pre ventivo .....................................................................................101
5.2 Manejo cultural ..........................................................................................107
5.3 Controle físico ........................................................................................... 112
5.4 Controle n1ecânico .....................................................................................114
5.5 Controle biológico ....................................................,.................................116
5.6 Controle qulmico ........................................................................................118
5.7 Manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) ..................................... 125
5.8 Considerações finais ................................................................................. 127

RBPBRÍ!NCIAS BIBLIOGRÁPICAS . ..................................... ... .............................. 129

As figuras com o símbolo~ tem sua versão ]


[ colorida no final do livro.
1 ASPECTOS DA BIOLOGIA E
ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS
DANINHAS
Adalin Cezar Moraes de Aguiar
Kassio Ferreira Mendes
Lucas Heringer Barcellos Júnior
Elisa Maria Gomes da Silva
Antonio Alberto da Silva

Com o surgimento da agricultura, há aproximadamente incluir as espécies selvagens e as descendentes selvagens


12.000 anos, o ser humano passou a criar novos hábitats de culturas, que evoluíram por meio da desdomesticação
férteis, não apenas para as espécies cultivadas que foram (Fig. 1.1) (Guo et al., 2018).
semeadas intencionalmente, mas também para espécies Ao longo do tempo, as plantas daninhas desenvolve-
indesejáveis que se adaptaram com o objetivo de explorar ram mecanismos que lhes proporcionam a capacidade de
esse novo ambiente, chamadas de plantas daninhas. Em sobreviver em ambientes sujeitos aos mais variados tipos
alguns casos, essas espécies de plantas daninhas estão e intensidades de limitações. Entre os principais mecanis-
intimamente relacionadas às culturas agrícolas, e podem mos de sobrevivência das plantas daninhas, destacam-se

x 1000 anos
12 Plant ® Ecossistema natural
1 1 Diversidade
'1 genética
1
1
Plantas daninhas
1 InvasãodoW


2 9 o 1 Parentes não
Principais inovações 'r!. agroecoss1stema
1 cultivados
evolutivas da l3 1
(ex.: capim-arroz)
domesticação
·.o~
(arroz com exemplo) E
In7ogressão O
Sf!lvagem '\...v


3 o
6 Q
..1 Parentes de cultivo
Desdomesticação (ex.: arroz como
planta daninha)
F1G. 1.1 Relações evolutivas
3 entre plantas selvagens,
Agroecossistema culturas e plantas daninhas,
Planta cultivada
5 ut ilizando como exemplo as
espécies de arroz e capim-arroz
Fonte: adaptado de Guo et al.
Hoje (2018).
10 PLANTAS DANINHAS

a habilidade de competir por recursos, a capacidade de


1.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
produção de propágulos, a desuniformidade do processo
DE PLANTA DANINHA
germinativo, a viabilidade dos propágulos em condições
O termo planta daninha é usado para se referir a deter-
desfavoráveis, os mecanismos alternativos de repro-
minadas plantas que se tornam indesejáveis em certos
dução, a facilidade de disseminação dos propágulos e o
momentos e locais, relacionados à atividade humana.
rápido crescimento e desenvolvimento inicial (Brighenti;
Muitas vezes é comum encontrar outros termos para se
Oliveira, 2011).
referir a uma planta indesejável, como planta invasora,
Em um agroecossistema, de modo geral, as plan-
planta infestante, planta adventícia, erva daninha, além
tas daninhas causam impactos negativos nas atividades
de termos de linguagem coloquial como mato, brejo e
humanas, sejam elas agrícolas, florestais, precuários,
inço. Pitelli (2015) propõe a utilização do termo plan-
ornamentais, entre outras. Apesar disso, as plantas dani-
ta daninha para designar qualquer planta superior que
nhas também proporcionam efeitos benéficos ao homem,
interfira nos interesses do homem e no meio ambiente,
animais e meio ambiente, como a produção de compostos
e o termo comunidade infestante para designar o conjunto
medicinais, conservação do solo e da água e manutenção
de plantas daninhas que habitam determinado ambien-
dos inimigos naturais. Nesse sentido, o manejo sustentável
te, incluindo o local de infestação, quando é necessário
das plantas daninhas torna-se importante com o intuito
ser mais especifico.
de evitar danos e manter o equilibrio do agroecossistema.
A priori, nenhuma espécie de planta pode ser consi-
Para manejar as plantas daninhas de forma eficiente,
derada daninha, mas se torna a partir do momento em
é importante conhecer seu comportamento, dentro e
que interfere de forma negativa na cultura de interesse.
fora das áreas cultivadas. Fatores como reprodução, dis-
Algumas plantas daninhas, inclusive, podem ser úteis
persão, dormência, longevidade e viabilidade do banco
quando presentes, pois propiciam contenção da erosão
de sementes/propágulos (disseminulos ou diásporos) no
de solo, ciclagem de nutrientes, propriedades medicinais,
solo são importantes para compreender a dinâmica das
fitodescontaminantes ambientais, fornecimento de néc-
plantas daninhas dentro do agroecossisterna (Barrat-
tar para as abelhas, entre outros.
-Segretain, 1996; Vivian et al., 2008; Chauhan; Abugho,
As plantas daninhas podem ser divididas em comuns
2013; Hossain; Begum, 2015; Saeed et al., 2020).
e verdadeiras. As comuns são aquelas que não possuem
Além de conhecer a biologia e a ecofisiologia, é
capacidade de crescer e se desenvolver em condições des-
importante compreender algumas características que
favoráveis. Essas plantas ocorrem, n a maioria das vezes,
permitam agrupar as plantas daninhas. A classificação é
no sistema de sucessão de culturas na mesma área, como
fundamental para a ciência e o controle delas, utilizando o sistema milho/soja, onde as plantas de milho, também
chaves classificatórias que levam em consideração carac- conhecidas como plantas voluntárias ou tigueras, emer-
terísticas gerais da planta adulta, hábitat, ciclo e hábito gem dentro do ciclo da soja, causando danos à cultura
de crescimento (Brighenti; Oliveira, 2011). Em certos (López-Ovejero et al., 2016). Outro exemplo é o sistema
casos, as técnicas de manejo e a seletividade de alguns algodão/soja, em que a rebrota das plantas de algodão
herbicidas baseiam-se em características específicas das dentro da soja causa efeitos negativos à cultura. Essas
plantas daninhas, corno as diferenças morfológicas e plantas daninhas estão se tornando cada vez mais impor-
fisiológicas existentes entre as espécies. tantes, principalmente pela resistência a herbicidas,
Neste capítulo, serão apresentados assuntos da parte por meio dos organismos geneticamente modificados
conceituai das plantas daninhas, a origem e evolução das (OGMs), que serão melhor abordados no terceiro volume
espécies, bem como aspectos da reprodução, dispersão, desta série.
dormência e banco de sementes dessas plantas. Além As plantas daninhas consideradas verdadeiras
disso, foi realizada urna abordagem sobre a classificação possuem características que as diferenciam de outras
de plantas daninhas, com o intuito de auxiliar os agricul- plantas, pois conseguem invadir, se estabelecer e per-
tores e pesquisadores com informações que contribuam sistir nos ambientes agrícolas em condições adversas de
para a ciência e o manejo dessas espécies. temperatura, umidade e luminosidade. Essas caracterís-
1 1 A SPECTOS D/1 BIO LOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLA NTAS DANINHAS 11

ticas, listadas no Quadro 1.1, dão às plantas daninhas Por que tem, então, joio? 211E ele lhes disse: Um inimigo
é quem fez isso. E os servos lhe di~seram: Queres, pois,
uma enorme capacidade de sobrevivência em ambientes
que vamos arrancá-lo? 29 Porém, ele lhes di sse: Não;
perturbados pelo homem.
para que, ao colher o joio, não arranqueis também o
trigo com ele. 3ºDeixai crescer ambos juntos até à ceifa;
Quadro 1.1 Características que conferem às
e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei pri-
plantas daninhas sucesso em invadir
meiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o
se estabelecer e persistir nos ambie~tes
trigo, ajuntai-o no meu celeiro (Mateus 13:25- 30).
agrícolas
1. Requisitos de germin ação atendidos em muitos
ambientes Hoj e, as plantas que interferem n as atividades
2. Germinação descontínua (controlada Internamente) agrícolas do homem são chamadas de plantas daninhas
e grande longevidade de sementes (Ellstrand et al., 2010). Elas originaram-se dos distúr-
3. Crescimento rápido por meio da fase vegetativa bios naturais, como glaciação, desmoronamentos de
até a floração
montanhas, ação de rios e mares (Musik , 1970). Devido
4. Produção contínua de sementes enquanto as
ao próprio conceito de planta daninha, elas começaram a
condições de cultivo permitirem
surgir quando o homem deixou de ser nômade e iniciou
5. Autocompatibilidade, mas não autogamia ou
apomixia completa suas atividades agrícolas em um território fixo, sepa-

6. Polinização cruzada, quando ocorre, por visitantes rando as benéficas (plantas cultivadas) das plantas que
não especializados ou vento não apresentavam interesse (plantas daninhas).
7. Elevada produção de sementes em circu nstâncias Algumas espécies de plantas t ornam-se plantas
ambientais favoráveis daninhas por serem competitivas e adaptáveis, capa-
8. Produção de algumas sementes em ampla zes de explorar hábitats naturalmente perturbados ou
variedade de condições ambientais, tolerância e
interferidos pelo homem. À medida que os seres huma-
plasticidade
nos manipulam o ambiente para atender às necessidades
9. Adaptações na dispersão de curta e longa distância
de sobrevivência, oferecem um ambiente adequado para
10. Quando perene, reprodução vegetativa vigorosa
ou regeneração de fragmentos certas espécies de plantas, que podem prosperar nessas
11. Quando perene, fragilidade de modo a não ser circunstâncias. As plantas daninhas são apenas espécies
retirada do solo facilmente oportunistas que estão bem adaptadas para crescer em
12. Capacidade de competir de forma interespecífica, locais que sofreram distúrbios (Chandrasena, 2014).
por meios especiais (roseta, crescimento sufocante As plantas daninhas tornaram-se totalmente
e liberação de ~ loquímicos)
domesticadas por um processo incon sciente, em que
Fonte: Baker (1974) e Monaco, Weller e Ashton (2002).
ocorriam de forma simultânea às culturas, benefi-
ciando-se das condições de cultivo. E, ainda, por sua
1.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS adaptabilidade superior à da cultura, elas passaram a ser
PLANTAS DANINHAS alvo de seleção humana. As plantas daninhas evoluem
Desde o advento da agricultura, os seres humanos encon- dentro do hábitat feito pelo homem de três formas prin-
traram plantas que dificultaram seu objetivo de gerenciar cipais (De Wet; Harlan, 1975):
o meio ambiente. Vários termos referentes a tais plantas
1. por meio de colonizadores selvagens, da seleção
são encontrados em livros antigos. Na bíblia, a parábola
e adaptação a perturbações contínuas do hábitat;
do semeador (Mateus 13:25-30) traz urna referência a
2. corno derivados de hibridização entre selvagens
essas plantas: e raças cultivadas de espécies domésticas;
3. espécies domesticadas abandonadas pelo homem.
dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou
[ ...] 25

joio no meio do trigo, e retirou-se. 26E, quando a erva


cresceu e frutificou, apareceu também o joio. 27 E os ser- As plantas daninhas são frequentemente classi-
vos do pai de família, indo ter com ~le, disseram-lhe: ficadas usando categorias ecológicas relacionadas ao
Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? comportamento da população: podem ser colonizadoras
12 PLANTAS DANINHAS

(plantas que aparecem no início da sucessão da vegeta- relativamente maduros em ambientes hostis e limitados,
ção) ou espécies naturalizadas (espécies exóticas que como secas ou inundações recorrentes, e até fatores bió-
formam populações sustentáveis sem assistência direta ticos, como a utilização de recursos por plantas vizinhas
dos seres humanos) (Radosevich; Holt; Ghersa, 2007). e o ataque de pragas.
O processo de invasão de uma espécie colonizadora As competidoras são plantas que evoluíram com
pode ser dividido em três fases: introdução, colonização características que maximizam a captura de recursos
e naturalização (Cousens; Mortimer, 1995), definidas da ambientais em condições produtivas. Essas plantas
seguinte forma: têm crescimento vegetativo extenso e são abundantes
• Introdução: resultado da dispersão, os propágulos che- durante os estágios iniciais e intermediários de sucessão.
gam a um local além de sua área geográfica anterior e Por fim, as ruderais são plantas encontradas em
estabelecem populações de plantas adultas. ambientes altamente perturbados, mas potencialmente
• Colonização: as plantas da população fundadora se produtivos. Em geral, apresentam uma vida útil curta,
reproduzem e aumentam em número para formar crescimento rápido e alta produção de sementes. Elas
uma colônia que se autoperpetua. ocupam os primeiros estágios de sucessão.
• Naturalização: a espéáe estabelece novas populações A modificação dos sistemas de cultivo ao longo dos
que se autoperpetuam, sofre ampla dispersão e é in- anos teve uma contribuição importante na evolução das
corporada à flora residente. plantas daninhas. Um exemplo disso foi a adoção do sis-
tema de plantio direto, por sua capacidade de promover
As plantas daninhas também podem ser classifica- modificações na dinâmica populacional e na composição
das de acordo com estratégias evolutivas baseadas em da comunidade infestante. Essas mudanças ocorrem
padrões geneticamente determinados de alocação de pelas alterações nas condições de manejo, como o não
recursos de carbono (Radosevich; Holt; Ghersa, 2007). revolvimento do solo, e pela presença de resíduos vege-
Existem dois fatores externos fundamentais que limitam tais predominantes sobre o solo, exercendo efeitos
a quantidade de material vegetal que pode se acumular químicos, físicos e biológicos nas plantas daninhas.
em uma área: o estresse e a perturbação (Grime, 1979). Além disso, houve a adoção do controle químico, usado
Quando os extremos desses fatores são considerados, as para substituir o controle mecânico realizado por meio
plantas daninhas apresentam diferentes estratégias de de arações e gradagens, no cultivo convencional (Gomes
desenvolvimento, o que as classifica em ruderais, com- Júnior; Christoffoleti, 2008).
petidoras ou tolerantes ao estresse, ou, ainda, podem O método de controle é determinante na evolu-
acabar morrendo. Tais estratégias possíveis de desenvol- ção da comunidade infestante de plantas daninhas. As
vimento evolutivo das plantas daninhas estão resumidas formas de controle em geral (cultural, mecânico, físico,
no Quadro 1.2. químico e biológico) são todas não seletivas, principal-
mente quando usadas em uma espécie de planta daninha
Quadro 1.2 Estratégias evolutivas das plantas ou uma comunidade de plantas com variações inter e
daninhas resultantes de perturbação
e estresse intraespecíficas quanto a morfologia, hábito e cresci-
mento. Cada espécie pode se adaptar ou não a qualquer
Intensidade de ___ln_t_e_n_si_d_a_d_e_d_o_e_s_t_re_s_s_e_ _
perturbação urna dessas formas de controle. Corno as plantas dani-
Alto Baixo
nhas apresentam plasticidade e resposta diferencial
Alto Morte da planta Ruderais
quando expostas a condições adversas do meio, a adoção
Baixo Tolerantes ao estresse Competidoras
de um único método contínuo de controle, por um longo
As plantas daninhas toleradoras de estresse sobrevi- período, faz com que as espécies migrem, floresçam ou
vem em ambientes improdutivos, reduzindo sua alocação morram. As espécies que sobrevivem e conseguem se
de biomassa para crescimento vegetativo e reprodução e reproduzir gradualmente se tornam mais adequadas e
aumentando-a para manutenção e defesa. Elas exibem adaptadas, alterando o número e a diversidade popula-
características que garantem a resistência de indivíduos cional na ausência de outras (Qasem, 2013). Por outro
ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 13

lado, a população de indivíduos menos adaptados é b] São hospedeiras de inimigos naturais de pragas
restringida quanto ao número e ao crescimento até ser ou patógenos, além de abelhas melíferas e outros
fortemente suprimida, podendo até se extinguir. insetos polínizadores. Em estudo de análise em
Outro exemplo de evolução é o surgimento de bióti- colmeias de abelhas, observou-se elevada carga
pos de plantas daninhas resisten tes a herbicidas. A pressão de pólen originária de flores da planta dani-
de seleção provocada pela intensa utilização de herbicidas nha assa-peixe (Vernonía polyanthes) (Modro;
tem a capacidade de selecionar biótipos dentro de popu- Marchini; Moreti, 2011).
lações de plantas daninhas resistentes, preexistentes no c] Alimentação de animais terrestres e aquáti-
ambiente. A resistência é a capacidade natural e herdável cos. De acordo com Pond e Lehmann (1989), o
de alguns biótipos, dentro de uma determinada população caruru (Amaranthus cruentus) promoveu ganho
de plantas, de sobreviver e se reproduzir após a exposição de peso e aproveitamento de ração para cordei-
à dose de um herbicida, que seria letal a uma população ros em crescimento, enquanto o capim teosin-
suscetível. Isso é resultante do processo evolutivo, o qual to (Euchlaena mexicana), segundo Costa et al.
ocorre pela ampla variabilidade genética das plantas dani- (2008), foi eficiente na suplementação de carpa-
nhas, que permite a adaptação e a sobrevivência dessas -capim associado à ração.
espécies em diversas condições ambientais e do agroecos- d] Uso como plantas ornamentais. Plantas de corda-de-
sistema (Christoffoleti; López-Ovejero, 2003). -viola (Ipomoea spp.) e balãozinho (Cardiospennum
Conhecer a origem e a evolução das plantas dani- halicacabum) são espécies com características orna-
nhas é importante para compreender o comportamento mentais (Brighenti; Oliveira, 2011).
dessas espécies diante das alterações do ambiente provo- e] Auxílio em processos de fitorremediação, permi-
cadas pelo homem e também tentar prever o que ocorrerá tindo a extração e/ou degradação de pesticidas
com essas plantas no futuro. Vale ressaltar, mais uma no solo e na água. As plantas daninhas aquá-
vez, que as plantas daninhas não apresentam apenas ticas alface-d'água (Pistia stratiotes) e aguapé
características que geram danos às atividades humanas, (Eichhomia crassipes) reduzem a concentração de
mas, dependendo do local, época e condição de cultivo, resíduos de clomazone na água (Alencar et al.,
elas também podem promover efeitos benéficos. 2020).
f] Apresentam propriedades medicinais. O men-
EFEITOS POSITIVOS E trasto (Ageratum conyzoides) tem ação antis-
NEGATIVOS DAS PLANTAS séptica e é usado contra doenças de p ele, e a
DANINHAS guanxuma (Sida rhombifolia) pode ser utilizada
Pontos positivos na cura de feridas (Sahu, 1984).
Algumas espécies de plantas daninhas podem proporcio-
nar efeitos benéficos ao homem, aos animais e ao meio 1.3.2 Pontos negativos
ambiente, obtidos pelo conhecimento e uso correto des- Apesar das inúmeras utilidades de algumas espec1es
sas plantas. Entre eles, podem-se citar: de plantas daninhas, a grande maioria interfere nega-
a] Benefícios ao solo em conter a erosão, reduzir o tivamente nas atividades do homem, gerando danos
impacto da gota da chuva, evitar o superaqueci- diversos, tanto de forma direta, ou seja, estreitamente
mento superficial, reter umidade, incrementar o relacionados a perdas d.e produtividade e qualidade dos
teor de matéria orgânica, promover a ciclagem de produtos, quanto de forma indireta, interferindo nas
nutrientes e melhorar o pH do solo. O ext rato de demais práticas agrícolas.
plantas de picão-branco (Galinsoga parviflora) foi
eficiente no aumento do pH dos solos utilizados em Danos diretos
estudos, e o capim-carrapicho (Cenchrus echínatus) Em média, cerca de 20-30% do custo de produção de uma
apresentou elevada ciclagem de nutrientes quando lavoura se deve ao controle das plantas daninhas (Silva

presente (Meda et al., 2002; Cury et al., 2012). et ai., 2007). Além da redução da produtividade das
14 PLANTAS DANINHAS

culturas, as plantas daninhas causam outros prejufzos Elas também podem ser hospedeiras de nematoides. Um
diretos, como: exemplo é o picão-preto, que já foi relatado como hospe-
aJ Reduzem a qualidade do produto comercial. deiro do nematoide Meloidogyne mayaguensís no Estado
Alguns exemplos são os tubérculos de tiririca do Paraná (Carneiro et ai., 2006).
(Cyperns spp.) se desenvolvendo dentro de tubér- Algumas espécies, além dos prejuízos diretos que
culos de batata, e as impurezas vegetais oriun- causam às culturas, podem prejudicar ou até mesmo
das de plantas daninhas na fibra de algodão. impedir a realização de certas práticas culturais e a
b] São responsáveis pela não certificação das colheita. Como exemplo, algumas espécies de corda-de-
sementes e mudas de culturas, quando estas -viola (Ipomoea grandifolia, Ipomoea aristolochiaefolia,
são colhidas junto com sementes de determina- Ipomoea purpurea e outras desse gênero), que afetam a
das espécies de plantas daninhas proibidas. Um cultura do milho e da cana-de-açúcar. A presença dessas
problema frequente é a presença de sementes de plantas diminui a eficiência das máquinas e aumenta as
arroz vermelho (Oryza sativa) em arroz branco perdas durante a operação da colheita, mesmo quando
cultivado (Marchezan, 1994), e também a infes- em infestação moderada nas lavouras. Além da pro-
tação de tiririca (Cyperus rotundus) em mudas dutividade, a presença de corda-de-viola (I. purpurea)
cítricas produzidas em viveiros. reduziu a eficiência de colheita da pimenta no Chile
c) Podem intoxicar animais domésticos, quan- (Schutte, 2017). O capim-carrapicho (Cenchrus echinatus),
do presentes em pastagens, como o cafezinho o carrapicho-de-carneiro (Acanthospennum hispidum),
(Palicourea marcgravii), e, quando ingeridas, arranha-gato (Acacia plumosa) e outras plantas espinho-
podem causar a morte de animais (D'Oliveira et sas podem até impedir a colheita manual das culturas.
al., 2018). As plantas daninhas também são inconvenientes
d] Algumas espécies exercem o parasitismo em em áreas não cultivadas, como áreas industriais, vias
grandes culturas, fruteiras, plantas ornamen- públicas, ferrovias e refinarias de petróleo. Ademais,
tais, entre outras. Alguns exemplos são a erva- podem gerar problemas em ambientes aquáticos, como a
-de-passarinho (Phoradendron rubrum) em citros captação da água, pesca e aumento do custo de irrigação,
e a erva-de-bruxa (Striga lutea) em milho, esta além de prejudicar a manutenção de represas e usinas
última sendo uma planta daninha parasita de hidrelétricas (Tanaka et al., 2002; Thomaz, 2002).
sistema radicular, além das plantas de Orobanche
(Orobanche spp.), que podem gerar prejuízos em 1.3.3 Agressividade das plantas
cultivos de tabaco (Cidasc, 2018). daninhas
As características das plantas daninhas verdadeiras
Outras espécies de plantas daninhas podem ainda fazem com que sejam mais agressivas em termos de
reduzir o valor da terra, como a tiririca (C.rotundus) desenvolvimento e ocupação rápida do solo; com isso,
e a losna-brava (Artemisia verlotorum). Essas plantas, elas dominam as plantas cultivadas, caso o homem não
quando presentes em áreas com culturas que apresen- interfira, usando os métodos de controle disponíveis. De
tam pequena capacidade competitiva, como as olerícolas acordo com Silva et al. (2007), essas características de
em geral e os parques e jardins, têm o custo de controle agressividade são:
muito elevado, tomando-se inviável economicamente a] Elevada capacidade de produção de diásporos
(Silva e t al., 2007). (sementes, bulbos, tubérculos, rizomas, est o-
lões, entre outros). Exemplo: o caruru-gigante
Danos indiretos (Amaranthus retroflexus) produz até 291.570
As plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas sementes por planta (Sellers et al., 2003).
de organismos nocivos a espécies vegetais cultivadas, os b] Manutenção da viabilidade mesmo em condições
quais podem causar doenças, como o mosaico-dourado desfavoráveis. Exemplo: ao passar pelo trato
do feijoeiro, o mosaico da cana-de-açúcar, entre outras. digestivo de ovelhas e cabras, 18% das sementes
1 ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANIMHAS 15

de leiteiro (E. heterophylla) não foram danifica- ançarinha-branca (Chenopodium album), por
das (Lacey; Wallande r; Olson-Rutz, 1992). 1.700 anos (Shen-Miller et ai., 1995). Essa gran-
c] Capacidade de ge rminar e emergir a grandes de longevidade se deve a inúmeros e complexos
profundidades. Exemplo: o leiteiro pode germi- processos de dormência.
nar a profundidades maiores que 15 cm (Scheren
et ai., 2013). Isso pode ser a causa do insucesso REPRODUÇÃO, DISPERSÃO,
dos herbicidas aplicados ao solo. DORMÊNCIA E BANCO DE
d] Grande desuniformidade no processo germina- SEMENTES DE PLANTAS
tivo, que ocorre devido aos complexos proces- DANINHAS
sos de dormência, sendo uma das estratégias de 1.4.1 Reprodução
sobrevivência das plant as daninhas. Exemplo: As plantas daninhas se multiplicam e se reproduzem de
sementes de língua-de-vaca (Rumex crispus) forma sexuada e/ou assexuada (vegetativa). A reprodu-
apresentaram germinação acima de 70% após ção sexuada requer a polinização e fertilização de um
serem enterradas a 20 cm de profundidade por óvulo, o que, em geral, ocorre por meio da p olinização
17 a nos (Burnside et al., 1996). de uma flor, a qual posteriormente produz sementes. A
e] Mecanismos alternativos de reprodução; mui- semente viável, então, tem o potencial de produzir uma
tas espécies daninhas apresentam mais de um nova planta.
mecanismo. Exemplo: o capim-massambará A produção de sementes é considerada a principal
(Sorghum halepense) reproduz por sementes e forma de reprodução das plantas daninhas, principal-
rizomas; a grama-seda (Cynodon dactylon), por mente nas plantas anuais. Uma das características de
sementes e estolões; e a tiririca (C. rotundus), agressividade das plantas daninhas é a capacidade de
por sementes, tubérculos, bulbo basal e estolões produção de propágulos, pelos quais as plantas podem
(Lorenzi, 2014). perpetuar-se. De modo geral, a maioria das plantas dani-
f] Facilidade de dispersão de propágulos e semen- nhas produz uma elevada quantidade de sementes, o que
tes a grandes distâncias, pela ação de água, assegura alta taxa de dispersão e restabelecimento de
vento, animais, homem, máquinas, entre outros. uma infestação, porém a produção pode variar ampla-
Exemplo: sementes de buva (Conyza spp.) são mente entre as espécies (Quadro 1.3).
facilmente movidas a distâncias de 72 km a A variabilidade n a produção de sementes das plantas
1
145 km com vento fraco de cerca de 18 km h- daninhas depende principalmente das características da
durante um único voo; com velocidades de vento espécie. Plantas de carrapichão (Xanthium strumarium),
mais altas, de 72 km h-1 , as sementes de buva de maneira geral, produzem uma quantidade reduzida
podem chegar a 550 km ~e distância (Shields de sementes por planta (Quadro 1.3), diferente da buva
et al., 2006). (Conyza bonariensis), com resultados de produção de mais
g] Rápido crescimento e desenvolvimento inicial. de 800.000 sementes por planta. A variabilidade, no
Muitas plantas daninhas crescem e se desen- entanto, não depende somente da espécie, mas de fato-
volvem mais rápido do que muitas culturas. res ambientais como clima, precipitação e temperatura.
Exemplo: na cultura da cebola, as plantas dani- Fatores de cultivo, como fertilidade, época de e mergên-
nhas germinam e crescem muito mais rápido, cia, sistemas de cultivo, densidade de plantas e presença
dominando facilmente a cultura, quando esta de culturas, também influenciam no potencial de produ-
é condu zida por semeadura direta em vez do ção de sementes de plantas daninhas.
transplantio (Pontes Jr. et al., 2020). Além da quantidade de sementes produzidas,
h] Grande longevidade dos diásporos. Exemplo: os processos germinativos das sementes são impor-
14
observações usando a datação do C mostra- tantes para quem trabalha com o manejo de plantas
ram que a semente do lótus-da-Índia (Nelumbo daninhas. A variabilidade na emergência das plantas
nucifera) pode ser viável por 1.000 anos, e a da daninhas ocorre pela variab ilidade inter e intrapopu-
16 PLANTAS DANINHAS

Quadro 1.3 Capacidade de produção de se mentes por planta em diferentes espécies de plantas daninhas
Número de
Nome comum Nome científico sementes por Local Fonte
planta
Caruru Amaranthus rudis 288.950 Estados Unidos
Caruru-palmeri Amaranthus palmeri 250.700 Estados Unidos
Caruru-gigante Amaranthus retroflexus 291.570 Estados Unidos
Caru ru-roxo Sellers et ai. (2003)
Amaranthus hybridus 254.540 Estados Unidos
Caruru-de-espinho Amaranthus spinosus 113.950 Estados Unidos
Caruru Amaranthus a/bus 50.090 Estados Unidos
Ançarinha-branca Chenopodium a/bum 8.749 a 371 .199 Reino Unido Grundy et ai. (2004)
Carrapicho-de-carneiro Acanthospermum hlspidum 166 a 815 Índia Hosamani, Shivaraj e Kurdikerl
26 a 1.205 Índia (1971)
Carrapichão Xanthium strumarium
8.938 Estados Unidos Bararpour e Oliver (1998)
1.244 a 10.507 Índia Shivakumar et ai. (2014)
Bidens pilosa
Picão-preto 687 Brasil Santos et ai. (2002)
Bldensspp. 960 a 3.620 Brasil Fleck et ai. (2003)
Pega-pega Desmodium tortuosum 714 Brasil Santos et ai. (2002)
Mentrasto Ageratum conyzoldes 2.808 Índia Shlvakumar et ai. (2014)
76.408 a 121 .482 Brasil Piasecki et ai. (2019)
Conyza bonariensis 119.100 Austrália Wu et ai. (2007)
Buva
366.425 a 878.086 Brasil Kaspary et ai. (2017)
Conyza canadensis 100.000 a 200.000 Estados Unidos Bhowmik e 8ekech (1993)
Serralha Sonchus o/eraceus 8.289 a 46.050 Austrália Mobll et ai. (2020)
Dente-de-leão Taraxacum officinale 2.170 Reino Unido Bostock e Benton (1979)
503 a 1.250 Austrália Blackshaw et ai. (2002)
Nabiça Raphanus raphanistrum
59 a 1.030 Austrália Reeves, Code e Pigg1n (1981)
Guanxuma Sida rhombifolia 640 a 1.340 Brasil Fleck et ai. (2003)
Guanxuma Sida spinasa 1.231 Estados Unidos Walker e Oliver (2008)
Corda-de-viola lpomaea purpurea 15.000 a 26.000 Estados Unidos
Crowley e Buchanan (1982)
Flor-de-cardeal lpamoea quamaclit 9.000 Estados Unidos
478 a488 Brasil Santos et ai. (2002)
Leiteiro Eupharbia heterophylla Hassa"pour-Bourkheili et ai.
110/êl 125 Brasil
(2020)
11.420 Estados Unidos Bararpour e Oliver (1998)
Fedegoso-branco Senna obtusifolia
350 Estados Unidos Walker e Oliver (2008)
Língua-de-vaca Rumex crispus 1.575 a 24.932 República Teheca Hejcman et ai. (2012)
Chloris Chlorís polydactyla 3.175 a 30.000 Brasil Carvalho et ai. (2005)
Trapoeraba Commelina benghalensis uoo Fllipínas Pancho (1964)
Capim-pé-de-galinha Eleusine indica 120.000 Brasil Takano et ai. (2016)
2.200 a 3 .100 Filipinas Chauhan e Johnson (2010)
Echmochloa colona
603 a 7.716 Filipinas Chauhan (2013)
Caplm-arroz
2.100 a 2.900 Filipi nas Chauhan e Johnson (2010)
Echinoch/oa crus-galli
682 a2.977 Fillpinas Chauhan (2013)
Capim-camalote Rottboe/lia cochinchinensis 460 a 560 Filipinas Chauhan (2013)
Capim-massambará Sorghum halepense 28.000 Israel Horowltz (1973)
Azevém Lolium multiflorum 633 a 1.382 Brasil Vargas et ai. (2005)
Capim-amargoso Digitaria insularis 662 a 1.155 Brasil Ferreira et ai. (2018)
1 ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA OE PLANTAS DANINHAS 17

!acionais, pela capacidade adaptativa e pelas condições germinam tanto na presença quanto na ausência de luz,
ambientais prevalecentes dura nte o desenvolvimento das são chamadas de plantas não fotoblásticas ou indiferentes
sementes (Eslami, 2011). Ademais, a semente é uma elas (Carvalho, 2013).
vias de entrada dos herbicidas, além das partes das plântu- A buva (Conyza spp.) é uma planta daninha fotoblás-
las, como hipocótilo, radícula e caulículo. Muitos herbicidas tica positiva, com emergência em solos com sistemas de
possuem seus mecanismos de ação ligados ao processo ger- produção de baixo distúrbio (plantio direto e áreas de
minativo, impedindo que a planta se estabeleça. fruticultura) (Fig. 1.3). Além da resposta à luz, a buva
Se a semente não estiver em estado de dormência e apresenta elevada resposta germinativa em períodos
houver condições ambientais favoráveis, como adequado com temperaturas mais amenas durante o ano, ou seja,
suprimento hídrico, temperatura, concentração de oxi- na época de dessecação para plantio das culturas de
gênio e presença ou ausência de luz, sendo fotoblástica inverno e em citros durante a primavera, o que é eviden-
positiva ou negativa, ela entrará em processo de germi- ciado pela maior germinação da buva na temperatura de
nação (Mondo et al., 2010; Yamashita; Guimarães, 2010; 20 ºC (Vidal et al., 2007).
Saeed et al., 2020). A temperatura é um dos fatores mais Já a reprodução assexuada (propagação vegetativa)
importantes nesse processo. Saeed et al. (2020) reportaram é um mecanismo de sobrevivência de grande importân-
que sementes de carrapichão (X. strumarium) tiveram ele- cia nas plantas daninhas perenes. Os propágulos são
vada influência da temperatura na germinação, com maior classificados em estolões, rizomas, tubérculos, bulbos,
percentagem germinativa próximo aos 30 ºC (Fig. 1.2A). rebentos, raízes, caules ou fragmentos desses órgãos, que
Mesmo quando em condições ideais de germinação, apresentam duas características essenciais: dormência e
as plantas daninhas apresentam dificuldade em emergir, reservas alimentícias. Desse modo, espécies como capim-
sobretudo em profundidades maiores no perfil do solo. massambará (S. halepense) e grama-seda (C. dactylon),
Plantas de carrapichão, por exemplo, não foram capazes que apresentam, além de sementes, reprodução vegeta-
de emergir quando enterradas a profundidades de 15 cm tiva por meio de rizomas e estolões, respectivamente, são
abaixo da superfície do solo (Fig. 1.2B). mais competitivas por possuírem como atributo elevada
A luz é outro fator importante que afeta a ger- capacidade reprodutiva.
minação de sementes de plantas daninhas. Plantas São vários os tipos de estruturas de propagação
responsivas à luz são chamadas de fotoblásticas. Quando vegetativa das plantas daninhas, entre os quais se des-
germinam na presença de luz, são denominadas fotoblás- tacam (Fig. 1.4):
ticas positivas, e quando germinam na ausência de luz, ou • Bulbos: são estruturas subterrâneas modificadas, de
seja, no escuro, são fotoblásticas negativas. Porém, quando reserva e de reprodução vegetativa, formada por parte

® •
..
Ambiente cultivado
Ambiente não cultivado
® • Ambiente cultivado
.. Ambiente não cultivado
100

80
~

e
-~60
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~
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(1)

s
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20
t
1
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
º'----------========~
O1 2 4 6 8 10 12 15
Temperatura (ºC) Profundidade (cm)

fJG. 1.2 Influência (A) da temperatura na percentagem de germinação de sementes e (B) da profundidade de
semeadura de populações adquiridas em ambientes agrícolas e não agrícolas de carrapichão (Xanthium strumarium)
Fonte: adaptado de Saeed et al. (2020).
18 P LANTAS DANINHAS

80 ~ Luz
■ Escuro
60

*o
"":g 40
V


CIJ
l:I 20 Alho-bravo )
Bulbo ,A
o
20 25 30 20/30 Tiririca Cardo
Temperatura (º C) Raízes gerrúferas
Tubérculos

FIG.1.3 Germinação de buva (Conyza spp.) em quatro FIG. 1.4 Mecanismos de reprodução assexuada
regimes térmicos e dois níveis luminosos, avaliada aos (propagação vegetativa) de plantas daninhas
12 dias após a semeadura
Fonte: adaptado de Vidal et al. (2007).

do caule e folhas modificadas. Exemplo: trevo-azedo A dispersão de sementes e propágulos das plantas
(Oxalis latifolia). daninhas pode ser realizada por meios próprios, ou seja,
• Estolão: é um tipo de caule que se desenvolve for- por meio da planta-mãe, o que é chamado de autocoria, ou
mando raízes adventícias e parte aérea na região dos por agentes de dispersão externos, ou seja, do meio, pro-
nós, paralelamente ao solo. Exemplos: grama-seda cesso chamado de alocoria. No caso da autocoria, algumas
(C. dactylon) e capim-de-rhodes (Chloris gayana). espécies têm a capacidade de lançar suas sementes longe
• Rizoma: é um caule subterrãneo longo que produz raí- da planta-mãe por dispersão explosiva (balocoria), como
zes adventícias e parte aérea, com função de reserva e o leiteiro (E. heterophylla) e a mamona (Ricinus commu-
reprodução vegetativa. Exemplos: capim-massambará nis). Outras espécies, como os carurus (Amaranthus spp.),
(S. halepense) e capim-amargoso (Digitaria insularis). fazem a dispersão por gravidade (barocoria), em que as
• Tubérculo: é um tipo de caule subterrâneo, geralmente sementes simplesmente caem da planta-mãe, permane-
curto e arredondado, que possuí uma grande quanti- cendo próximas dela.
dade de reservas e gemas. Exemplos: tiririca (Cyperus Já a dispersão das plantas daninhas por alocoria é
rotundus) e tiriricão (Cyperus esculentus). classificada de acordo com o agente dispersante (Fig. 1.5):
• Raízes gemíferas: são raízes subterrâneas, paralelas à • Anemocoria (vento): esse tipo de dispersão abiótica
superfície do solo, que apresentam gemas capazes de de sementes de plantas daninhas é resultado do mo-
regenerar a parte aérea. Exemplos: mamica-de-cadela vimento aéreo impulsionado pelo vento, em que as
(Brosimum gaudichaudii) e cardo (Carduus nutans). sementes tipicamente pousam no solo ou em obstácu-
los constituídos por vegetação ou em microssítios do
Dispersão solo, como a serrapilheira. A capacidade de dispersão,
Uma das características que confere às plantas daninhas nesse caso, depende da velocidade do vento, da estru-
agressividade é a capacidade de disseminação de suas tura e tamanho da superfície de voo e do tamanho da
estruturas de propagação, principalmente das sementes. semente. Um exemplo é a buva (Conyza canadensis) ,
Fatores como vento, água e animais, incluindo o homem, nativa da América do Norte e que está se expandindo
são dispersores de plantas daninhas. em várias partes do mundo d evido ao seu potencial
de dispersão espacial (Benvenuti, 2007). Além de
A SPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 19

velocidade e capacidade de dispersão. Outros fatores


são a época de produção das sementes pelas plantas
e O período de maior regime pluviométrico. Como
exemplo, têm-se a língua-de-vaca (Rumex spp.) e o
capim-branco (Chloris elata).
Zoocoria (animais): a dispersão por animais é dividida
A B e em epizoocoria, endozoocoria, sinzoocoria e antro-
pocoria. A epizoocoria diz respeito à dispersão por
meio da adesão ao pelo de animais, como bois, cava-
los ovelhas e animais silvestres como ratos e rata-
'
zanas, a exemplo do carrapichão (X. strumarium), o
picão-preto (Bidens spp.) e o carrapicho-de-carneiro
(Acanthospermum hispidum), que apresentam estru-
turas capazes de aderir aos animais. A endozooco-
D E F ria consiste na ingestão do diásporo pelos animais,
e seu movimento e excreção pela fauna circundante,
como ocorre nas sementes de melão-de-são-caetano
(Momordica charantia), que possuem arilos verme-
lhos e doces, atrativos aos animais. A sinzoocoria é
a dispersão proposital, em que os animais carregam
as sementes, e representa interações mutualísticas
entre espécies vegetais e animais, como a mirmeco-
coria, em que a dispersão é realizada por formigas,
G H
a ictiocoria, por peixes, a saurocoria, por répteis, a

FIG. 1.5 Sementes de plantas daninhas com ornitocoria, porpássaros, a mamaliocoria, por mamí-
modificações para disseminação: (A) capim-car rapicho feros, e a quiropterocoria, por morcegos. Por fim, a
(Cenchrus echinatus), (B) carrapicho-de-carneiro antropocoria é a dispersão artificial de sementes pela
(Acanthospennum hispidum), (C) carrapich ão (Xanthium atividade humana. Qualquer atividade agronômica,
strumarium), (D) dente-de-leão (Taraxacum officinale),
(E) picão-preto (Bidens subalternans), (F) buva (Conyza assim como o comércio de sementes, pode inten-
spp.), (G) serralha (Sonchus oleraceus), (H) língua- sificar a dispersão acidental de sementes ou levar à
-de-vaca (Rumex obtusifo/ius) e (I) capim-amargoso introdução de espécies exóticas de plantas daninhas.
(Digitaria insularis). Um exemplo disso é a ocorrência de caruru-palmeri
Fonte: cortesia de Antônio Vitor Braga Martin s.
(Amaranthus palmeri) no Brasil, cuja principal hipó-
tese de aparecimento é pela entrada de maquinário
todas as plantas do gênero Conyza, há espécies como contaminado pelos diaspóros dessa planta originário
o capim-amargoso (D. insularis), o dente-de-leão (Ta- de outros países.
raxacum offidnale) e a serralha (Sonchus oleraceus), que
também apresentam dispersão com auxílio do vento. 1.4.3 Dormência
• Hidrocoria (água): nesse modo de movimento espa- Algumas espécies de plantas daninhas desenvolveram
cial dos diás poros, as sementes são transportadas mecanismos que permitem a sua sobrevivência. Entre
pelo escoamento da água ou por flutuação ao longo eles, está a dormência, que representa uma das prin-
dos canais de drenagem, rios e inundações. É indis- cipais habilidades das espécies vegetais de garantir a
pensável, na dispersão hidrocórica, a flutuabilidade sobrevivência e perpetuação.
das sementes, a proximidade de valas de drenagens, É importante ressaltar a diferença entre dormência
rios e também o fluxo de água, o qual interfere na e quiescência, pois, embora sejam de difícil separação
20 PLANTAS DANINHAS

con ceituai, são eventos distintos na prática. A guiescên- • Dormência qufmica: é imposta pela presença de inibi-
cia é um estado de repouso que, estando viável a semente, dores no pericarpo dos frutos, em que os compostos
é facilmente superado com o fornecimento das condições são translocados para as sementes antes da dispersão
ambientais necessárias (Braccini, 2011). Por outro lado, ou desligamento da planta-mãe e impedem o cres-
a semente dormente não é capaz de germinar, em um cimento do embrião e a germinação. Os principais
período de tempo especificado, nas combinações de con- inibidores são ácido giberéllco, ácido abscísico, ácido
dições ambientais em que normalmente germinaria se indolacético, citocininas e etileno.
não estivesse no estado de dormência, ou seja, a semente • Dormência mecânica: é definida como a inibição da
dormente n ão germina em condições ambientais consi- germinação pela presença de frutos duros ou com
deradas favoráveis ou adequadas (Baskin; Baskin, 2004; parede lenhosa, atribuída, em geral, ao endocarpo
Cardoso, 2009). ou estendida ao mesocarpo de espécies.
Existem dois mecanismos de dormência, sendo
o primeiro vinculado a eventos internos das semen- A dormência de sementes também pode ser
tes (embrião) e o segundo, às características externas classificada em primária ou natural e secundária ou
(tegumento, endosperma ou barreiras impostas pelo induzida (Benech-Arnold et al., 2000). A dormência pri-
fruto), denominados dormência endógena e exógena, mária é característica inata das sementes, desenvolvida
respectivamente (Nikolaeva, 1977; Vivian et al., 2008). enquanto presentes na planta-mãe e que permanece após
A superação é comprovada quando a semente consegue sua dispersão. A dormência secundária refere-se ao estado
embeber água e emitir a raiz primária, ou seja, quando de indução da dormência, sob condições não favoráveis
ocorre a germinação (Vivian et al., 2008). à germinação, em sementes não dormentes ou naquelas
A dormência das plantas daninhas pode ser subdivi- cuja dormência primária foi superada.
dida de acordo com o mecanismo envolvido no processo Há alguns fatores que afetam a dormência das
biológico: sementes de plantas daninhas, entre eles a temperatura
• Dormência fisiológica: ocorre quando o embrião e disponibilidade hídrica, a luz, os teores de nitrato e os
apresenta algum mecanismo fisiológico específico demais compostos do solo (Vivian et al., 2008):
que impeça a produção da raiz primária, e pode ser • Temperatura: é o principal fator do ambiente que cau-
dividida em dormência fisiológica profunda, inter- sa alterações no estado de dormência das sementes,
mediária ou superficial, de acordo com a intensidade. principalmente em regiões de clima temperado. A
A dormência profunda ocorre nos casos em que a quebra da dormência ocorre quando a temperatura
semente necessita, por exemplo, de um longo perío- estiver adequada; em alguns casos, além do resfria-
do com temperaturas baixas para a sua superação. A mento ou aumento da temperatura, a flutuação na
intermediária e a superficial são as mais comuns, e temperatura diária é ainda mais importante para
se dão pela ausência de crescimento do embrião ou superar a dormência.
pela geração de plântulas anormais, mesmo quando • Água: o estado hídrico das sementes é o segundo
o embrião é isolado da semente (Vivian et al., 2008). fator mais importante na indução e superação da
• Donnência morfológica: ocorre em espécies que apre- dormência, embora a água esteja interligada aos de-
sentam embrião rudimentar ou imaturo, ou seja, mais fatores, como temperatura e luz. A hidratação
sementes em que o embrião não completou o seu e a secagem das sementes influenciam no aumento
crescimento ou desenvolvimento final. ou redução das taxas de germinação e no percentu-
• Dormência f(sica: normalmente ocorre em espécies al de emergência de plantas daninhas. Em muitas
que apresentam sementes grandes, cujo embrião espécies, a superação da dormência das sementes é
armazena grande parte das reservas. Esse mecanis- alcançada após a repetição desses ciclos de secagem
mo está associado à impermeabilidade à água, com e hidratação.
proteção de camadas de células simples ou duplas • Luz: a resposta à luz é distinta entre as espécies, estan-
lignificadas. do relacionada, em especial, aos fitocromos. A ação da
1 ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 21

luz na região do vermelho e vermelho distante sobre parecem influenciar significativamente a dormªncia
o fitocromo promove a alteração da sua forma iso- de sementes. A ação do nitrato pode ser favorável
mérica, permitindo o balanço entre a forma ativa (fi- tanto na indução como na superação da dormência
tocromo vermelho distante, Fvd- P730) e inativa (fito- para muitas espécies.
cromo vermelho, Fv - P660). Quando a taxa Fvd/Fv
é elevada, ocorre maior estímulo à germinação, no Alguns métodos podem ser usados para superar a
entanto, quando a taxa é menor, a predisposição ao dormência de sementes de plantas daninhas. Há proces-
estado dormente das sementes é maior (Figs.1.6 e 1.7). sos que ocorrem naturalmente em condições ambientais
• Nitrato: são muitos os compostos presentes nos que permitem a superação da dormência de espécies; no
solos que possuem algum efeito sobre o banco de entanto, a maioria dos estudos de superação da dormência
sementes. No entanto, somente o nitrato e o nitrito é conduzida em laboratório. Popinigis (1985) sugere alguns
métodos de superação de dormência de sementes de acordo
os tipos de dormência, compilados no Quadro 1.4.
Os métodos químicos e mecânicos são os mais
utilizados para superar a dormência das plantas dani-
nhas. A escarificação mecânica com o auxílio de lixa foi
eficiente para quebrar a dormência de sementes de cor-
P660 P730 da-de-viola (Ipomoea nil), no entanto, não foi eficiente
(Manutenção (Estímulo para na superação da dormência de leiteiro (E. heterophylla)
da dormência) germinação)
(Tab. 1.1). Por outro lado, o método de escarificação
química, realizada com o auxílio do ácido sulfúrico, foi
eficiente para superar a dormência de guanxuma (Sida
glaziovii) e capim-marmelada (Urochloa plantaginea)
(Salvador et al., 2007).

FIG.1.6 Interconversão das duas formas do fitocromo 1.4.4 Banco de sementes


nas sementes O termo roais comum para representar o montante de
Fonte: adaptado de Braccini (2011). sementes e outras estruturas de propagação presentes

@
Planta daninha anual de verão
+
o
'O
Janela de Janela de
li) til
emergência emergência
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sazonal sazonal li)
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N ;:l
-e ~
,::: .o
Qj " '
li) F1G. 1.7 (A) Representação
z esquemática das mudanças
Outono Inverno + sazonais no nível de dormência do
banco de sementes e sensibilidade
à luz para uma planta daninha
Baixa taxa Fvd/Fv Cultivo de solo
®
-::1,--::/,-~:J- Desbaste[º dossel
anual de verão e (B) representação
esquemática do término da

i;:~~- dormência pela luz em sementes

?-:-:·--:--= rt~r.~r1n
Alta taxa Fvd/Fv sensíveis (sementes com baixo
nível de dormência)
Fonte: adaptado de Batlla e
Benech-Arnold (2014).
22 PLANTAS DANINHAS

Quadro 1.4 Métodos de superação dos principais mecanismos de dormência das sementes

Tipo de dormência Métodos de superação


Imersão em solventes (água quente, álcool, acetona etc.)
Escarlficação mecânica
Impermeabilidade e restrições Escarificação com ácido sulfúrico
mecânicas do tegumento Resfriamento rápido
Exposição à alta temperatura
Aumento da tensão de oxigênio
Choques ou impactos contra superflcles rígidas
Embrião dormente Estratificação à baixa temperatura
Tratamento com hormônios (giberelinas ou citocininas)
Rompimento da cariopse
Tratamento com nitrato de potássio
Exposição à luz

Dormência em Poaceae Emprego de temperaturas alternadas


Aplicação de pré-esfriamento
Aumento da tensão de oxigênio
Tratamento com hormônios
Germinação à temperatura subótima
Tegumento impermeável combinado com Escarificação mecânica ou com ácido sulfúrico, seguida de
embrião dormente estratificação à baixa temperatura
Estratificações a baixas temperaturas, seguidas de condições
0ormência dupla (epicótilo e radícula dormentes) favo ráveis para o crescimento da radícula e do epicótilo,
respectivamente
Fonte: Popinigis (1985).

Tab. 1.1 Percentagem de germinação de sementes de plantas daninhas submetidas ao tratamento sem quebra
de dormência mecânica (Euphorbia heterophylla e lpomoea ni/) e química (Sida glaziovii e Urochloa
plantaginea)

Espécies
Tratamento
E. heferophy/la I. nil S. g/aziovii U. pl'antaginea
Sem quebra 64,0 a* 47,2 b 2,7 b 24,5 b
Com quebra 66,2 a 71,5 a 19,5 a 45,2 a
• Letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Fonte: Salvador et al. (2007).

no solo ou em restos vegetais é banco de sementes. No daninhas. O banco de sementes de plantas daninhas é a
entanto, o termo mais correto para representar a quanti- reserva de sementes viáveis presentes na superfície do
dade de estruturas de propagação oriundas de sementes solo e também espalhadas ao longo do perfil, e é cons-
e estruturas vegetativas é banco de dissem(nulos. Outros tituído de sementes recentemente lançadas e sementes
termos também utilizados são diáspora, que está mais mais velhas que persistiram no solo por vários anos
ligado às estruturas de reprodução sexuada, e propágulos, (Menalled, 2008). Na ausência de reintrodução de
utilizado para estruturas de reprodução assexuada. sementes no local, a persistência de infestação de plantas
De todos os dissemínulos, as sementes são as daninhas depende exclusivamente do conteúdo do banco
estruturas mais importantes de reprodução das plantas de sementes e da longevidade natural das espécies.
1 A SPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 23

As sementes de plantas daninhas podem ter crus-galli), rabo-de-raposa-eriçado (Setaria verticillata),


vários destinos depois de ser desprendidas ela planta- rabo-de-raposa-verde (Setaria viridis), ançarinha-branca
-mãe. Apenas algumas sementes do banco emergirão (Chcnopodium a/bum), girassol comum (Helianthus
e produzirão uma planta; a maioria das sementes será annuus), cãnharno-d'água (Amaranthus tuberculatus),
decomposta, ou ingerida, antes mesmo de germinar jeticuçu (Ipomoea hederacea), entre outras, apresentaram
(Menalled, 2008). Muitas sementes também podem ser emergência significativa após serem enterradas por 17
predadas, por besouros, grilos e animais maiores, corno anos. Em contrapartida, para espécies como estramônio
roedores e pássaros. Esses animais podem consumir (Datura stramonium), sorgo-forrageiro (Sorghum bicolor) e
quantidades significativas de sementes de plantas dani- cardo-russo (Salsola iberica), a longevidade do banco de
nhas, influenciando no banco de sementes (Fig. 1.8). sementes não ultrapassou os seis anos.
O tipo de solo não teve tanta influência na alteração
Germinação e da longevidade das espécies de plantas daninhas, pois a
Dispersão de
. _crescimento , sementes longevidade está mais relacionada às características da
Chuva
Germmaçao Ch d Vento espécie, às condições ambientais e ao manejo.
e morte uva e Animais
sementes A longevidade das sementes das plantas dani-
Humanos
Máquinas nhas no solo depende da interação de muitos fatores,
+ + + + + + + + +++++++ incluindo dormência da população e concl.ições ambien-
++~-+-++++
B+an_c;..o u~ se!lles+tes + ( + ) + .J3âl\cÓ ~e+s~rii.~nte~ +
+ nao <!l.ormentes + 'li + + , + + dormentes + + tais como umidade, temperatura e luz, além de processos
+ + + + + + + + + + + + + + +
biológicos como ação predatória e alelopatia. As práticas
de manejo também influenciam na longevidade do banco
Redução Predação de sementes: o preparo do solo, de modo geral, aumenta
Patógenos Pássaros essa longevidade, pois as sementes de plantas daninhas
Fungos Roedores
Insetos normalmente permanecem viáveis por mais tempo se
forem enterradas. Por outro lado, o plantio direto reduz
FIG. 1.8 Destino das sementes das plantas daninhas. As
entradas para o banco de sementes são mostradas com a persistência das sementes ao expô-las a predadores e
setas de cor cinza e as perdas, com setas brancas patógenos (Menalled, 2008).
Fonte: adaptado de Menalled (2008). As sementes das plantas daninhas se dispersam de
forma vertical e horizontal no perfil do solo. Os sistemas
O banco de sementes de plantas daninhas pode ser de cultivo são determinantes na sua distribuição verti-
dividido em dois tipos: transitório e persistente. O banco cal. No preparo convencional, a maioria das sementes de
de sementes transitório é constituído por sementes que plantas daninhas é enterrada de 10 cm a 15 cm abaixo da
podem permanecer viáveis por no máximo um ano. Por superfície do solo. Em sistema de cultivo mínimo, apro-
outro lado, o banco de sementes persistente contém ximadamente 80% a 90% das sementes são distribuídas
sementes que não germinam durante o primeiro ano após nos primeiros 10 cm de solo (Hossain; Begum, 2015).
ter sido produzidas, e que permanecem viáveis por mais Já em sistema de plantio direto, a maioria das semen-
de um ano. A não emergência ocorre principalmente pelo tes permanece na superfície do solo ou próximo a ela
fato de muitas sementes apresentarem dormência, tanto (Clements; Benoit; Swanton, 1996).
primária como secundária (Braccini, 2011). Com a utilização de arado de aiveca, a maior parte
A Tab. 1.2 mostra a longevidade de 41 espécies das sementes passaram para camadas mais profun-
de plantas daninhas em dois tipos de solos, arenoso e das, de 10 cm a 15 cm de profundidade (Fig. 1.9). Nesse
argiloso, em Lincoln, Nebraska (EUA), semeadas a 20 estudo, o sistema de manejo associado à textura do solo
cm de profundidade durante um período de 17 anos também influenciou na profundidade das sementes. Em
(1976-1992). Com isso, pode-se observar a variabili- solo arenoso, as sementes chegaram m ais facilmente nas
dade das espécies de plantas quanto à longevidade do camadas mais profundas, com o auxilio de equipamentos
banco de sementes. As espécies capim-arroz (Echinochloa de preparo do solo (Fig. 1.9).
24 P LANTAS DANINHAS

Tab. 1.2 Germinação de sementes de 41 espécies de plantas daninhas em solo argiloso e em solo arenoso,
de 1976 a 1992

Solo argiloso
Anos após a semeadura das sementes
o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 12 17
Gramínea anual Germinação (%)
Echinochloa crus-galli 17 4 4 19 16 35 20 8 3 8 3 1
Setaria verticillata 74 79 75 55 34 44 20 18 9 26 11 13
Bromus secalinus 20 16 10 7 8 14 o 1 1 5 1 o
Bromus tectorum 99 2 o 1 o 2 o o o
Setaria viridis 8 73 61 45 49 34 20 21 13 23 8 5
Bromus ;aponicus 95 5 1 1 o o o o o
Aegilops cylindrica 100 54 12 6 1 1 o o o 1 o o
Digitaria sanguinalis 12 48 28 28 19 9 15 4 7 3 1 o
Cenchrus longispinus 25 16 14 4 2 4 2 1 o o o o
Sorghum bicolor 99 43 4 2 o o o o o o o 1
Setaria glauca 94 73 48 36 10 13 7 6 7 22 2 o
, FoIha 1arga anual
-· -
1
Solanum rostratum 10 3 2 1 1 1 o o o o 1 o
Xanthium strumarium 10 60 36 16 16 4 3 o 18 20 o o
Chenopodium a/bum 28 53 43 40 40 17 48 36 21 37 42 28
Helianthus annuus 15 1 2 2 1 15 2 1 1 1 5 3
Thlaspi arvense 81 72 3 36 26 43 4 10 52 11 13 2
Solanum sarrachoides 85 90 11 13 6 8 8 1 o 1 1 4
Datura stramonium 93 81 16 23 o o o o o o o o
Kochia scoparia 100 o 2 o 1 o 11 o 1 1 1 1
Polygonum pensylvanicum 11 3 1 1 1 30 o o o 1 o 7
Tribulus terrestris 50 42 21 11 9 3 3 2 1 o o o
Amaranthus retroflexus 66 73 27 5 8 1 3 3 o 2 7 o
Sa/sola iberica 73 o o o o o o o o o o o
Amaranthus tuberculatus 40 38 10 7 12 10 14 3 2 7 6 3
Abutilon theophrasti 15 32 23 43 17 40 70 5 24 41 25 25
- -
1 Bienal folha larga - - -
Verbascum thapsus 98 91 87 83 86 73 92 62 63 74 85 72
Carduus nutans 44 6 6 34 40 33 19 33 30
Onopordum acanthium 79 68 51 45 60 45 50 39 47
Cirsium altissimum 16 7 2 8 14 33 9 16 26
Folha larga perene -
Cirsium arvense 60 47 39 44 40 35 31 29 28 34 14 9
Asclepias syriaca 33 36 21 34 28 28 26 5 6 13 o o
Rumex crispus 76 83 73 88 88 89 87 87 91 86 83 77
Taraxacum officinale 2 3 6 3 1 5 1 o o 1 o o
Cirsium flodmanii 2 o 1 4 5 27 4 5 9 2 3 1
Apocynum cannabinum 74 22 o o o o o o o o
Cardaria draba 75 41 21 16 9 3 2 2 5 1 o o
Solanum carolinense o 12 2 2 1 2 2 1 1 1 o 1
1 1 ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 25

Tab. 1.2 (continuação)

Solo à:rglfoso
Anos após a semeadura das sementes -12 l

1 o 1 2 3 4" 5 6 7 8 9 17 1
/pomoea hederacea 69 4 3 9 9 11 7 4 5 5 8 7
Amorpha canescens 5 2 o 1 o o o o o o
Polygonum coccineum 5 3 2 1 1 20 2 o 1 o 1 14
Ambrosla grayí o 6 5 7 1 4 1 2 4 o 1
Solo arenoso
Gramínea anual Germínação
., (%)
Echínochloa crus-gallí 17 3 58 39 42 31 9 14 4 4 2 o
Setaria verticillata 74 73 33 34 38 22 22 26 33 6 10 o
Bromus secalinus 20 35 31 50 69 26 13 12 25 35 7 13
Bromus tectorum 99 1 o o o o o o o 1
Setaria viridis 8 51 59 45 11 26 6 18 20 2 o o
Bromus japonicus 95 10 o o o o o o o
Aegilops cylindríca 100 72 55 37 29 2 o o o o o o
Digitaria sanguinalis 12 79 45 42 43 12 1 12 2 o o o
Cenchrus longispinus 25 12 8 7 19 13 1 3 1 o o 1
Sorghum bicolor 99 37 24 7 13 3 o o o o o o
Setaria glauca 94 79 85 38 60 9 56 37 25 10 9 o
-- ,_ -
Folha largai•vanual - --- - .
Solanum rostratum 10 2 2 2 3 3 1 2 2 o 1 2
Xanthium strumarium 10 60 59 51 65 33 37 41 15 21 o 1
Chenopodium a/bum 28 49 35 23 44 31 14 6 11 16 16 7
Helianthus annuus 15 1 1 2 o 6 1 1 o 2 o o
Thlaspi arvense 81 61 17 16 17 14 3 1 10 16 15 8
So/anum sarrachoides 85 94 88 79 47 70 82 59 80 49 4 65
Datura stramonium 93 93 93 94 96 89 88 82 92 78 95 90
Kochia scoparia 100 8 2 1 1 1 2 o o 1 o o
Polygonum pensylvanicum 11 20 12 7 6 7 o 2 7 1 o o
Tribu/us terrestris 50 43 38 29 23 15 3 15 6 1 3 2
Amaranthus retroflexus 66 69 38 40 40 37 9 2 6 5 7 1
Salsola iberica 73 o 1 1 o o o o o o o o
Amaranthus tuberculatus 40 42 39 14 24 23 o 8 9 8 14 1
Abutilon theophrasti 15 35 27 35 53 50 60 40 57 36 29 35
Bienal folha larga -
Verbascum thapsus 98 95 88 82 90 88 90 84 79 55 90 95
Carduus nutans 44 39 36 35 33 38 23 23 10 4 .
Onopordum acanthium 79 65 55 68 64 51 65 46 62 31 -
Cirsium altissimum 16 28 24 47 35 19 28 26 7 6
Folha larga perene -
Cirsium arvense 60 35 29 21 30 29 25 25 1 11 17 7
Asclepias syriaca 33 31 33 14 13 5 o o o o o o
Rumex cr;spus 76 92 93 85 70 74 94 84 91 22 73 61
Taraxacum officinale 2 12 5 10 1 1 2 4 o Q o o
26 PLANTAS DANINHAS

Tab. 1.2 (continuação)

Solo arenoso
Anos após a semeadura das sementes
o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 12 17
Cirsium flodmanii 2 3 2 12 8 11 11 7 1 o 2
Apocynum cannabinum 74 52 13 o 1 o 1 o o o o
Cardaria draba 75 37 28 8 30 13 4 1 2 o o o
So/anum carolinense o 12 7 9 7 7 6 6 5 5 4 5
lpomoea hederacea 69 5 10 6 10 9 6 4 6 3 6 3
Amorpha canescens 5 3 o o 1 o o o o o
Polygonum coccineum 5 7 6 5 8 7 o 2 14 2 o
Ambrosia grayi o 15 10 2 7 8 11 5 8 6 3 o
(.) Dados ausentes.
Fonte: Burnside et ai. (1996).

nea), por exemplo, variou na faixa de 0-523 a 4.438-4.735


sementes m-2 , enquanto o da trapoeraba (Commelina
benghalensis) variou de 0-261 a 1.306-1.392 sementes
o m-2 dentro de um mesmo talhão de cultivo (Fig. 1.10).
õ.,,
o Além disso, a correlação da densidade com o tempo de
-o
QJ avaliação pode ser alta, mostrando uma elevada estabili-
'O
"'
-o dade do banco de sementes.
:ei:: Os bancos de sementes de plantas daninhas podem
2
e
p.,
ser bastante reduzidos com a eliminação da produção
de sementes por alguns anos; por outro lado, as áreas
podem ser rapidamente reinfestadas com sementes,
caso as plantas daninhas não sejam manejadas (Gulden;
Arado de Aiveca Escarificador Plantio direto
Shirtliffe, 2009). A redução da entrada de sementes de
FIG. 1.9 Distribuição vertical de sementes (%) de plantas plantas daninhas no banco de sementes é a maneira
daninhas em um solo arenoso (cinza-escuro) e um solo mais eficiente de reduzi-lo. Assim, qualquer método
argiloso (cinza-claro)
que reduza a população de plantas daninhas reduzirá
Fonte: adaptado de Clements, Benoit e Swanton (1996) e
Menalled (2008). também o número de sementes depositadas no banco
de sementes. Há, ainda, outros métodos que aumentam
Os mecanismos de dispersão de sementes das plantas a morte das sementes nele ou encorajam a germinação
daninhas promovem uma alteração no banco de semen- quando as plantas daninhas podem ser facilmente con-
tes de forma horizontal na área. O banco de sementes, troladas (Hossain; Begum, 2015).
quando é bem determinado e considera a dormência das Entre os métodos de controle do banco de sementes,
espécies, apresenta uma distribuição mais estável que a destacam-se o método preventivo, o uso de herbicidas,
própria flora emergente. Com isso, a confecção de mapas a rotação de culturas, a retirada da palha, o preparo do
do banco de sementes pode gerar informações importan- solo, a cobertura morta e a adubação (Menalled, 2008;
tes para a aplkação de herbicidas de forma controlada em Gulden; Shirtliffe, 2009; Hossain; Begum, 2015), descri-
taxa variada (Shiratsuchi; Fontes; Silva, 2004). tos a seguir:
A densidade do banco de sementes no solo pode • Método preventivo: a abordagem mais eficiente para
apresentar elevada variabilidade dentro da mesma área. reduzir os bancos de sementes de plantas daninhas
O banco de sementes de capim-marmelada (U. plantagi- é não permitir a produção de novas sementes. Além
ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 27
1 1

Capim-marmelada
Capim-marmelada (sementes/m2}
(sementes/m2)
O· 523 ■ 2785-3306
D O· 523 ■ 2785 · 3306
■ 3829 - 4437
524 - 1131 3307 - 3828
D ■ 3829 - 4437
524 - 1131 3307 • 3828

D 1132 - 1653
■ 4438 · 4785
1132 - 1653
■ 4438 · 5655
1654 - 2175

1654 · 2175
2176 · 2784


2176 - 2784

N
N

O*Ls
O*L s
200 metros
100 o 100 200 metros 100 o 100

Trapoeraba Trapoeraba
(sementes/ m1) (sementes/m1}
■ 1132-1305
O- 261 ■ 871- 957 D 436 - 609
O-435

262 - 435
■ 1132 -1305
958 - 1131 D 610 - 783 ■ 1567
1306-1566

536 - 522
■ 1306 -1392. D 784 - 957 ■ 1741-1914
-1740

523 - 696
■ ■

697 - 870 958 - 1131

N
N

O*Ls 100 o 100


O*L s
200 metros
100 o 100 200metros

f1G.1.10 Mapa de distribuição espacial do banco de sementes de duas plantas daninhas em dois momentos
de avaliação
Fonte: adaptado de Shiratsuchi, Fontes e Silva (2004).

disso, deve-se ter cuidado para evitar a entrada de de culturas e, portanto, acabam na palha-. Mesmo
novas sementes oriundas de outras áreas por meio com sementes de plantas daninhas grandes, a cole-
de irrigação, equipamentos (semeadoras e colhedo- ta de palha pode evitar mais de 90% do número de
ras) e animais. sementes dessas plantas que seriam adicionadas ao
• Uso de herbiddas: os herbicidas apresentam boa efici- banco de sementes.
ência em reduzir as populações das plantas daninhas • Preparo do solo: o grau de inversão do solo e a profun-
e, ao mesmo tempo, o número de sementes adiciona- didade de preparo afetam fortemente a distribuição
das ao banco de sementes do solo. vertical das sementes de plantas daninhas no banco
• Rotação de culturas: a rotação pode causar uma mu- de sementes. Sementes enterradas profunda.mente
dança na composição das espécies da comunidade que permanecem intactas podem persistir no banco
infestant e. O conhecimento dessas mudanças pode de sementes do solo por mais tempo. Todavia, no
ajudar a mudar a composição do banco de sementes, sistema de plantio direto, a maioria das sementes
facilitando o emprego de outros métodos de manejo. permanece na superfície do solo, podendo serpreda-
• Retirada da palhada: a coleta de palha é um método das por animais ou ficar mais propensas a condições
eficaz para reduzir a entrada no banco de sementes que poss ibilitam o início da processo de germinação.
de plantas daninhas. As sementes das plantas dani· • Cobertura morta: os res[duos das colheitas criam mi-
nhas geralmente pesam menos do que as sementes croambientes que fornecem cobertura aos animais
28 PLANTAS DANINHAS

que usam as sementes como alimento. Além disso, cies das plantas daninhas, para que se possa escolher o
os resíduos têm um efeito moderador sobre as flu- melhor método de controle da comunidade infestante.
tuações de temperatura no solo, o que, por sua vez, O sistema taxonômico aceito e usado nos dias de
pode impactar a dormência das sementes de muitas hoje classifica os organismos em uma hierarquia de cate-
plantas daninhas. Os restos de culturas recentemente gorias: reino, classe, ordem, familia, gênero e espécie. A
incorporados podem conter substâncias alelopáticas maioria das plantas daninhas situa-se no filo Anthophyta
que também podem inibir a germinação de sementes (angiospermas). As angiospermas são subdivididas nas
de algumas plantas daninhas. classes Dicotyledones (eudicotiledôneas ou dicotiledô-
• Adubaçlio: semelhante às culturas, as plantas dani- neas) e Monocotyledones (monocotiledôneas). Em relação
nhas podem responder à aplicação de fertilizantes à ordem, não há consenso desse tipo de classificação das
inorgânicos, em especial nitrogênio. A longo prazo, plantas daninhas. Dentro das ordens, são divididas em
o bane.o de sementes de muitas espécies de plantas famílias, que, como classes e ordens, são compostas de
daninhas pode ser reduzido por meio de aplicações plantas cujas semelhanças morfológicas são maiores do
de fertilizante no momento correto. que suas diferenças (Radosevich; Holt; Ghersa, 2007).
As principais familias de plantas daninhas, de
A compreensão do comportamento das plantas acordo com o número de espécies no Brasil, são Poaceae
daninhas, de seus aspectos de reprodução, dispersão, dor- e Asteraceae, com 40% do total de espécies. Em seguida,
mência e banco de sementes, ajuda a entender melhor a têm-se as familias Malvaceae, Pabaceae eAmaranthaceae
dinãmic.a dessas plantas no ambiente agricola e não agrí- com 7%, 6% e 5% do total de espécies, respectivamente.
cola. Essas informações podem auxiliar na redução dos As demais famílias apresentam um menor número de
impactos da competição de plantas daninhas com as cul- espécies de plantas daninhas (Fig. 1.11).
turas e também na tomada de decisão sobre as melhores No Quadro 1.5 estão listadas as principais espécies
técnicas de controle a serem adotadas. Além de compreen- de plantas daninhas que ocorrem no Brasil, divididas de
der melhor essa dinãmica, é importante classificar e acordo com suas famílias, além do nome comum, ciclo de
agrupar as plantas daninhas de acordo com suas caracte- vida e método de reprodução.
rísticas, como taxonomia, hábitat, de.lo de vida e hábito de Muitas plantas daninhas apresentam elevada simi-
crescimento. Tal agrupamento é essencial para o manejo laridade entre as espécies, como acontece com o gênero
das plantas daninhas, pois algumas técnicas de manejo e Amaranthus (caruru). Os carurus estão presentes em
a seletividade de alguns herbicidas baseiam-se em carac- grande parte das áreas agrícolas do Brasil e, entre as
terísticas específicas dessas plantas, como diferenças espécies mais comuns, podem-se destacar: Amaranthus
morfológicas e fisiológicas existentes entre as espécies. defiexus (caruru-rasteiro), Amaranthus hybridus (caruru-
-roxo), Amaranthus lividus (caruru-folha-de-cuia),
Amaranthus retrofiexus (caruru-gigante), Amaranthus
1.5 CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS
spinosus (caruru-de-espinho), Amaranthus viridis (caruru-
DANINHAS
-de-mancha) (Carvalho et ai., 2006) e a mais recente, o
As principais formas de classificação das plantas dani-
Amaranthus palmeri (caruru-palmeri).
nhas baseiam-se na taxonomia, no hábitat de ocorrência,
Como as espécies desse gênero apresentam variação de
no de.lo de vida e no hábito de crescimento. A seguir,
crescimento, desenvolvimento e ainda sensibilidade quanto
estão agrupadas as diferentes espécies de plantas dani-
a aplicações de um mesmo herbicida, toma-se importante
nhas, de acordo com suas características.
a diferenciação entre as espécies (Carvalho et al., 2006;
Carvalho; López-Ovejero; Christoffoleti, 2008). Algumas
1.5.1 Classificação taxonômica
espécies possuem hábito de crescimento mais prostrado,
A base da classificação moderna é a taxonomia, ou seja,
com ramos decumbentes, como o A defiexus e o A. livi-
a identificação, nomeação e agrupamento de plantas de
dus, repletos de ramificações secundárias. Por outro lado,
acordo com suas características em comum. O objetivo
as espécies A hybridus, A. retrofiexus e A. viridis possuem
dessa classificação é identificar corretamente as espé-
1 1 A SPECTOS DA BIOLOGIA F. ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 29

Malvaceae Cyperaceae
Lamiaceae

F1G. 1.11 Principais famílias de plantas


daninhas no Brasil, de acordo com o número de
Solanaceae espécies, considerando-se o Quadro 1.5

Quadro 1.5 Principais plantas daninhas em áreas de cultivo no Brasil, divididas por família, nome científico,
nome comum, ciclo de vida e método de reprodução
Classe Magnoliopsida (eudicotiledôneas)
Ciclo de Método de
Família Nome científico Nome popular
vida reprodução
Alternanthera tenella Colla Apaga-fogo Perene Semente
Amaranthus def/exus L. Caruru-rasteiro Anual Semente
Amaranthus hybridus L. Caruru-roxo A nual Semente
Amaranthus lividus L. Caruru-folha-de-cuia Anual Semente
Amaranthus retrof/exus L. Caruru-gigante Anual Semente
Amaranthaceae Amaranthus spinosus L. Caruru-de-espinho Anual Semente
Amaranthus viridis L. Caruru-de-mancha Anual Semente
Amaranthus pa/meri Caruru-palmeri Anual Semente
Chenopodium a/bum L. Ançarinha-branca Anual Semente
Chenopodium ambrosioides L. Erva-de-santa-maria Anual Semente
Gomphrena ce/osioides Mart. Perpétua-brava Perene Semente
Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze Carrapicho-rasteiro Anual Semente
Acanthospermum hispidum DC. Carrapicho-de-carneiro Anual Semente
Achyrocline satureioides (Lam.) DC. Macela-amarela Anual Semente
Ageratum conyzoides L. Mentrasto Anual Semente
Ambrosia elatior L. Losna-do-campo Anual Semente
Semente e
Artemisia ver/otorum Lamotte Losna-brava Perene
rizoma
Bíâens pilosa L. Picão-preto Anual Semente
Asteraceae Picão-preto
Bidens subal ternans DC. Anual Semente
8/ainvillea acmel/a (L.) Philipson Erva-palha Anual Semente
Conyza bonariensis (l.) Cronquist Buva Anual Semente
Cony.za canadensis (l.) Cronquist Buva Anual Semente
Conyza sumatrensis Buva Anual Semente

Eclipta alba (L.) Hassk. Erva-de-botão Anual Semente


Emitia coccinea (Sims) G. Don Serralhinha Anual Semente
Emília fosbergii Nicolson Falsa-serralha Anual Sem~nte
30 PLANTAS DANINHAS

Quadro 1.5 (continuação)

Classe Magnollopsida (eudicotiledôneas)


Família Ciclo de Método de
Nome científico Nome popular
vida reprodução
Gallnsoga parviflora Cav. Picão-branco Anual Semente
Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav. Botão-de-ouro Anual Semente
Gnaphalium spfcatum Lam. Macela Anual Semente

Hypochaeris chlllensis (Kunth) Britton Anual ou


Almeirão-do-campo Semente
bienal
Hypochaeris radicata L. Almeirão-de-roseta Perene Semente
Jaegeria hirta (Lag.) Less. Erva-de-botão Anual Semente
Lourteigia ballotifolia (Kunth) R. M . King &
H. Rob. Aleluia Anual Semente

Melampodium divaricatum (Rich. ex Pers.) DC. Flor-amarela Anual Semente


Melampodium perfollatum (Cav.) Kunth Botão-de-cachorro Anual Semente
Parthenium hysterophorus L. Losna-branca Anual Semente

Pluchea sagittalis Anual ou


Lucera Semente
perene
Asteraceae Porophyl/um rudera/e (Jacq.) Cass. Erva-cravinho Anual Semente
Praxe/is pauciflora (Kunth) R. M. King & H. Rob. Couve-cravinho Anual Semente
Pterocaulon virgatum (L.) DC. Barbasco Anual Semente
Senecio brasillensis (Spreng.) Less. Maria-mole Perene Semente
Siegesbeckia orienta/is L. Botão-de-ouro Anual Semente
Soliva pterosperma Roseta Anual Semente
Sonchus asper (L.) Hill Dente-de-leão Anual Semente
Sonchus oleraceus L. Serralha Anual Semente
Semente e
Synedrel/opsis grísebachii Hieron. & Kuntze Agrião-do-pasto Perene
estolão
Tagetes minuta L. Cravo-de-defunto Anual Semente
Táraxacum offfcinale (L.) Webber ex F. H. Wigg. Dente-de-leão Anual Semente
Anual ou
Tridax procumbens L. Erva-de-touro Semente
bienal
Xanthium strumaríum L. Carrapichão Anual Semente
Anual ou
Echium plantagineum L. Flor- roxa Semente
Boraginaceae bienal
Heliotropium indicum L. Crista-de-galo Anual Semente
Brassfca rapa L. Mostarda Anual Semente
Cleome affinis DC. Mussambê Anual Semente
Coronopus didymus (L.) Smith Mastruço Anual Semente
Lepidlum virginicum L. Mentuz Anual Semente
Brassicaceae Raphanus raphanfstrum L. Nabiça Anual Semente
Raphanus sativus L. Nabo Anual Semente
Anual ou
Rapfstrum rugosum (L.) Ali. Rapistro Semente
bienal
Sinapls arvensis L. Mostarda Anual Semente
Silene gal/ica L. Alfinete-da-terra Anual Semente
Caryophyllaceae Spergu/a arvensis L. Espérgula Anual Semente
Stellana media (L.) Vill. Erva-de-passarinho Anual Semente
1 1 A SPECTOS DA 0IOLOGIA E ECOFISIO LOGIA DE PLANTAS DANINHAS 31

Quadro 1.5 (continuação)

Classe Magnollopslda (eudicotiledôneas)


Ciclo de Método de
Família Nome científico Nome popular vida reprodução
lpomoea ca lrica (L.) Sweet Campainha Perene Semente

lpomoea hederifolía L. Corda-de-viola Anual Semente

lpomoea nil (L) Roth. Corda-de-viola Anual Semente

lpomoea purpurea (L.) Roth. Corda-de-viola Anual Semente


Convolvulaceae
lpomoea quamocllt L. Flor-de-cardeal Anual Semente

lpomoea triloba L. Corda-de-víola Anual Semente

Merremia aegyptia (l.) Urb. Campainha Anual Semente

Merremia cissoides (Lam.) Hall. f. Jetirana Anual Semente

Cucurbitaceae Momordica charantia L. Melão-de-são-caetano Anual Semente

Astraea lobata (L.) Klotzsch Café-bravo Anual Semente

Chamaesyce hirta (L.) Millsp. Erva-de-santa-luzía Anual Semente

Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small. Erva-andorinha Anual Semente

Euphorbiaceae Croton glandulosus L. Gervão-branco Anual Semente

Croton lobatus L. Café-bravo Anual Semente

Euphorbia heterophylla L. Leiteiro Anual Semente

Ricinus communis L. Mamona Perene Semente

Aeschynomene denticulata Rudd . Angiquinho Anual Semente

Aeschynomene rudis Benth Angiquinho Anual Semente

Calopogonium mucunoides Desv. Calopogônio Perene Semente

Crotalaria incana L. Guizo-de-cascavel Anual Semente

Crotalaria lanceolata E. Mey. Chocalho Anual Semente

Crotalaria pai/ida Aiton Cascaveleira Perene Semente

Crotalaria spectabilis Roth. Chocalho-de-cascavel Anual Semente


Fabaceae
Desmodium incanum DC. Agarra-agarra Perene Semente
Desmodium tortuosum (Sw.) DC. Pega-pega Anual Semente
lndigofera hirsuta L. Anileira Perene Semente
Mimosa pudica L. Dormideira Perene Semente
Senna obtusifolia (L.) H. S. lrwin & Barneby Fedegoso-branco Perene Semente
Senna occidentalis (L.) Link Fedegoso Perene Semente
Vigna unguiculata (L.) Walp. Feijão-miúdo Anual Semente
Cantinoa americana (Aublet.) Harley e
Catirina Anual Semente
J. F. B. Pastore
Hyptis atrorubens Poit. Hortelã- brava Perene Semente
Hyptis suaveolens Poit. Cheirosa Anual Semente
Lamiaceae Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. Cordão-de-frade Anual Semente

Leonurus sibiricus L. Rubim Anual ou


Semente
bienal
Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze Hortelã-do-campo Anual Semente
Stachys arvensis L. Orelha-de-urso Anual Semente
32 PLANTAS DANINHAS

Quadro 1.5 (continuação)

Classe Magnollopslda (eudicotlledôneas)


Ciclo de Método de
Familia Nome científico Nome popular
vida reprodução
Anoda cristata (L.) Schltdl. Malvastro Anual Semente
Anual ou
Malvastrum coromandelianum (L.) Garcke Falsa-guanxuma Semente
bienal
Sida acuta Burm. f. Guanxuma Perene Semente
Sida ciliaris L. Malva Anual Semente
Sida cordifo/ia L. Guanxuma-branca Perene Semente
Sida galheirensis Ulbr. Malva-de-vassoura Perene Semente
Sida glaziovii K. Schum. Guanxuma-branca Perene Semente
Sida planicaulis Cav. Guanxuma Perene Semente
Malvaceae Anual ou
Sida rhombifo/ia L. Guanxuma Semente
perene
Sida spinosa L. Guanxuma Perene Semente

Sida urens L. Anual ou


Guanxuma-dourada Semente
bienal
Sidastrum micranthum (St.-Hil.) Fryxell Malva-preta Perene Semente
Triumfetta rhomboidea Jacq. Amor-do-campo Perene Semente
Triumfetta semitriloba Jacq. Carrapicho-de-boi Perene Semente
Waltheria indica L. Malva-veludo Perene Semente
Wissadu/a subpeltata Malva-estrela Perene Semente
Anual ou
Ludwigia /epfocarpa (Nutt.) H. Hara Cruz-de-malta Semente
Onagraceae perene
Ludwigia odovalvis (Jacq.~ P. H. Raven Cruz, de-malta Perene Semente
Semente e
Oxalis corniculata L. Azedinha Perene
estolão
Semente,
Oxalidaceae Oxa/is debilis Kunth Trevo-azedo Perene bulbo e
estolão
Semente e
Oxalis /atifolia Kunth Trevo-azedo Perene
bulbo
Papaveraceae Argemone mexicana L. Cardo-amarelo Ar:iual Semente
Phyllanthus tenellus Roxb Quebra-pedra Anual Semente
Phyllanthaceae
Phyl/anthus niruri L. Arrebenta- pedra Anual Semente
Plantago major L. Tanchagem-maior Perene Semente
Plantaginaceae
Plantago tomentosa Lam. Tanchagem Anual Semente
Polygonum convolvulus L. Cipó-de-veado Anual Semente
Polygonum hydropiperoides Michx. Acataia Perene Semente
Anual ou
Polygonum persicaria L. Erva-de-bicho Semente
perene
Polygonaceae Rumex crispus L. Língua-de-vaca Perene Semente
Semente e
Rumex obtusifolius L. Língua-de-vaca Perene
rizoma
Semente e
Rumex acetosella L. Língua-de-vaca Perene
rizoma
1 1 A SPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 33

Quadro 1.5 (continuação)

Classe Magnoliopslda (eudicotlledôneas}


Ciclo de Método de
Família Nome científico Nome popular vida reprodução
Borrerla capitata (~uiz & Pav.) DC. Agríãozlnho-tapete Anual Semente
Cordão•de-fnide-
Borrerla latlfolia (Aubl.) K. S.chum. Anual Semente
-branco
Borreria verticillata (L.) G. Mey Erva-botão Perene Semente
Rfchardia brasiliensis G(:)mes Poaia-branca Anual Semente
Rubiaceae Ríchardíagrandiflora (Cham. & Schltdl,) Steud. Poaia-da-praía Anual Semente
Anual ou Semente
RiGhardia scabra L. Poaia-do-cerrado
perene
Spermacoce capitata Ruiz & Pav Poaia-da-praja Anual Semente
Spermaco<re latitolia Aubll Erva-quente Anual Semente
Spermaeoce vertí<Zillata L. Vassoura-de-botão Perene Semente
Sapindaceae Cardiospermum halicacabum L. Balãozinho Anual Semente
Buddte;a stachyoides Cham. & Schltdl. Barbasco Perene Semente
Sc(ophulariaceae Anual ou
Verbascum virgatum Stokes Barbasco Semente
bienal
Datura inoxia Mill. Datura-branca Anual Semente
Datura stramonium L. Quinquilho Anual Semente
Nicandra physalodes (L.) Gaertn. Joá-de-capote Anual Semente
Physalis angulata L. Balão-rajado Anual Semente
Solanum americanum Mill. Maria-pretinha Anual Semente
Solanaceae Solanum granulosoleprosum Dunal Fumo-bravo Perene Semente
Solanum mauritianum Scop. Couvetinga Perene Semente
Semente e
Solanum paniculatum L. Gerobeba Perene
rizoma
Solanum sisymbriifolium Lam. Joá-bravo Perene Semente
Solanum viarum Joá-bravo Anual Semente
Classe Liliopsida (monocotiledôneas}
Anual ou Semente e
Alismataceae Sagittaria montevidensis Sagitária
perene rizoma
Rizoma,
Commelina benghalensis L. Trapoeraba Perene estolão e
Commelinaceae semente
Anual ou Estolão e
Commelina diffusa Burm. f. Trapoeraba
perene semente
Cyperús difformis L. Junquinho Anual Semente

Cyperus esculentus L. Tiríricão Semente e


Perene
tubérculo
Cyperaceae
Cyperus iria L. Junça Anual Semente
Cyperus odoratus L. Anual ou
Capim-de-cheiro Semente
perene
34 PLANTAS DANINHAS

Quadro 1.5 (continuação)

Classe Magnoliopslda (eudlcotlledôneas)


Ciclo de Método de
Família Nome científico Nome popular
vida reprodução
Semente,
bulbo basal,
Cyperus rotundus L. Tlrlrlca Perene
estolão e
Cyperaceae tubérculo
Anual ou
Fimbristy/1s miliacea (L.) Vahl. ClJminho Semente
perene
Semente e
Marantaceae Tha/ia genicu/ata L. Caeté Perene
rizoma
Moliuginaceae Mollugo verticillata L. A~rião Anual Semente
Semente e
Andropogon bicornis L. Capim-rabo-de-burro Perene
rizoma
Andropogon leucostachyus Kunth Capim-membeca Perene Semente
Andropogon gayanus Capim andropogon Perene Semente
Aristida /ongiseta Steud. Capim-barba-de-bode Perene Semente
Avena sativa L. Aveia-branca Anual Semente
Semente e
Uroch/oa brizantha (Hochst. ex A. Rich.) Stapf. Braquiarão Perene
rizoma
Semente,
Uroch/oa decumbens Stapf. Capim-braquiária Perene rizoma e
estolão
Bromus catharticus Vahl. Aveia-louca Anual Semente
Cenchrus ciliaris L. Capim-búfalo Perene Semente
Cenchrus echinatus L. Capim-carrapicho Anual Semente
Anual ou
Chloris barbata Sw. Chloris Semente
perene
Semente e
Chloris gayana Kunth Capim-de-rhodes Perene
estolão
Poaceae Semente,
Cynodon dactylon (L.) Pers. Grama-seda Perene estolão e
rizoma
Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler Capim-colchão Anual Semente
Digitaria horizontalis Willd. Capim-colchão Anual Semente
Semente e
Digitaria insu/aris (L.) Fedde Capim-amargoso Perene
rizoma
Anual ou
Digitaria sanguinalis (L.) Scop. Capim-colchão Semente
perene
Echinochloa colona (L.) Link Capim-arroz Anual Semente
Echinoch/oa crus-gal/i (L.) P. Beauv.
Capim-arroz Anual Semente
var. crus-galli
Echinochloa crus-pavonis (Kunth) Schult. Capim-arroz Anual Semente
Eleusine indica (L.) Gaertn. Capim-pé-de-galinha Anual Semente
Eragrostis plana Nees Capim-annoni Perene Semente
Eragrostis cifiaris (L.) R. Br. Capim-mimoso Anual Semente
Eragrostis pilosa (L.) P. Beauv. Barbicha-de-alemão Anual Semente
Eustachys distichophylla (Lag.) Nees Capim-branco Perene Semente
1 1 ASPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DAMINHAS 35

Quadro 1.5 (continuação)

Classe Magnoliopslda (eudicotiledôneas)


Ciclo de Método de
Família Nome científico Nome popular vida reprodução
Leptochloa filiformis (Lam.) P. Beauv. Capim-nungá Perene Semente
Anual ou
Lolium multiflorum Lam. Azevém Semente
bienal
Megathyrsus maximus (Jacq.) B. I<. Simon & S. Semente e
Capim-da-colônia Perene
W. L. Jacobs rizoma
Oryza sativa L. Arroz-vermelho Anual Semente
Oryza sativa var. nitrispina Portéres Arroz-preto Anual Semente
Semente e
Panicum dichotomiflorum Michx. Capim-do-banhado Perene
rizoma
Semente e
Panicum maximum Jacq. Capim-colonião Perene
rizoma
Semente e
Paspalum paniculatum L. Capim-guiné Perene
estolão
Pennisetum glaucum (L.) R. Br. Milheto Anual Semente
Semente,
Pennisetum purpureum Schumach. Capim-elefante Perene rizoma e
estolão
Semente e
Poaceae Pennisetum setosum (Sw.) Rich. Capim-custódio Perene
rizoma
Anual ou
Rhynchelytrum repens (Willd.) C. E. Hubb Capim-favorito Semente
perene
Anual ou
Rottboellia cochinchinensis (Lour.) Clayton Capim-camalote Semente
perene
Semente e
Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen Capim-rabo-de-raposa Perene
rizoma
Anual ou
Sorghum arundinaceum (Willd.) Stapf. Falso-massambará Semente
perene
Sorghum bicolor (L.) Moench Sorgo-forrageiro Anual Semente
Semente e
Sorghum halepense (L.) Pers. Capim-massambará Perene
rizoma
Sporobolus indicus (L.) R. Br. Capim-capeta Perene Semente
Urochloa decumbens (Stapf) R. D. Webster Capim-braquiária Perene Semente
Semente,
Uroch/oa mutica (Forssk.) T. O. Nguyen Capim-angola Perene rizoma e
estolão
Uroch/oa plantaginea (Link) R. D. Webster Capim-marmelada Anual Semente
Semente e
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms Aguapé Perene
rizoma
Semente e
Heteranthera reniformis Ruiz e Pav. Hortelã-do-brejo Perene
Pontederiaceae rizoma
Semente,
Heteranthera !imosa (SW.) Willd Agrlãozinho Perene rizoma e
ertolão
Portulaca oleracea L. Beldroega Anual Semente
Portulacaceae
Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. Beldroega-grande Anual Semente
Fonte: Moreira e Bragança (2010, 2011) e Lorenzi (2014).
36 PLANTAS DANINHAS

crescimento mais vertical, destacando-se as ramificações são liberadas numerosas sementes pequena s, es féricas
primárias (Carvalho; López-Ovcjero; Christoffoleti, 2008). e de coloração preta. A exceção se faz para A. viridis, da
Em campo, a identificação das plantas por espécie se qual I<issmann e Groth (1999) classificam o fruto como
torna mais diffcil, devido à elevada plasticidade fenotl- utrfculo, ou seja, indeiscente; porém, em condição prá-
pica (Maluf, 1994; Carvalho; Christoffoleti, 2007), além tica, a semente é obtida com facilidade, evidenciando a
da existência de relatos sobre a viabilidade de hibrida- elevada deiscência do fruto.
ção delas, dificultando sua identificação. Numa mesma Na Fig.1.12, propõe-se uma chave dicotômica simplifi-
espécie, são encontradas diferenças no comprimento e cada, baseada em Kissmann e Groth (1999), Lorenzi (2000),
largura da folha, bem como na estimativa da área foliar Moreira e Bragança (2010), Senna (2015) e Carvalho (2016).
(Carvalho; Christoffoleti, 2007).
O primeiro passo para a diferenciação das plantas se Classificação quanto ao hábitat
dá por meio dos frutos, que podem ser de dois tipos: pixl- As plantas daninhas podem ser classificadas de acor-
dios (deiscentes) ou utrículos (indeiscentes). A deiscência do com o local onde crescem. Na sua maioria, as plantas
dos frutos é confirmada projetando-se a inflorescência daninhas são terrestres, mas algumas são restritas ao
contra a palma da mão. No caso dos frutos deiscentes, ambiente aquático. Existem plantas que infestam apenas

Planta de porte intermediário,


A. u1ridis inflorescência terminal, com típicas
manchas roxo-prateada nas folhas.

Planta com maior crescimento vertical, pigmentada,


inflorescência terminal, com panicula verde ou púrpura.
A.hybndus Brácteas de comprimento igual ou maior que o das pétalas,
sempre excedendo ao ffuto, com ápice formando um espinho.

Planta com grande crescimento vertical, inflorescência


terminal, sempre verde, frequentemente pubescente.
Brácteas agydas, com o dobro do comprimento das pétalas.
Gaule grosso e anguloso. Presença de r.úzes avermelhadas.
Monóica
Rlanta glabra, de hábitojprostrado, ramos decumbentes,
A. dejlexus numerosas, ramificações secundárias com
inflorescências dispersas.

Planta de hábito prostrado, ramos decumbentes, tam.ifica.ç ões


secundárias, inflorescências dispersas. Muito semelhante à
A. lividus A. dejiexus, porém com folhas de ápice emarginado, com
significativa reentrância, simulando ápice bilobado.

Arnaranthus Presença de espinhos. Planta de crescimento vertical ou


A spinosus prostrado. Como significa ramificação primária e secundária.

As inflorescências podem ser terminais ou axilares, as terminais são


alongadas e robustas. Plantas "machos" tem inflorescências mais macias,
enquanto as plantas "fêmeas'' são espinescentes, por consequência de
suas brácteas. As folhas possuem penedo longo, frequentemente maior
que o limbo foliar. Na ponta da folha, nota-se pequena reentrância, onde
Dióica ---►• A pai •----+ pode ser encontrado um pequeno espinho. Na axila das folhas e na
inserção dos ramos nos caules, também são encontradas formações
espinescentes, porém menos rígidas que em A. spinosus.

ftG. 1.12 Chave dicotômica simplificada, considerando-se as principais espécies de plantas daninhas do gênero
Amaranthus encontradas no sistema agrícola brasileiro
Fonte: adaptado de Carvalho (2016).
1 A SPECTOS D/\ BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DANINHAS 37

um determinado sistema de cultivo ou cultura, comunida- 1.5.3 Classificação quanto ao ciclo


des de plantas ou condição de cultivo. Portanto, é comum de vida
encontrar, na literatura , materiais que trazem as plantas Quanto ao ciclo de vida ou ciclo vegetativo, as plan tas
daninhas encontradas em ambientes especfficos, como daninhas são divididas em monocárpicas ou policárpicas.
terras aráveis, pastagens, florestas e áreas selvagens. Nesse As monocárpicas incluem aquelas esp écies que florescem
sentido, é importante classificar as plantas daninhas quan- e frutificam apenas uma vez ao final do ciclo, e podem ser
to ao seu hábitat, divididindo-as em terrestres, de baixada, anuais e bienais. As anua is são aquelas que completam
aquáticas, de ambientes indiferentes e parasitas: o ciclo de vida em até um ano e as bienais, que comple-
• Plantas daninhas terrestres: são plantas que vivem tam O ciclo de vida em mais de um ano a até dois anos. Já
sobre o solo. Algumas se desenvolvem melhor sobre as polícárpicas são as espécies perenes, que complet am o
solos mais férteis, como o caruru (Amaranthus spp.) ciclo de vida em mais de dois anos, podendo viver de p ou-
e a beldroega (Portulaca oleracea), enquanto outras se cos a muitos anos, florescendo e frutificando anualmente.
desenvolvem em solos de baixa fertilidade, indicando Assim, de modo geral, as plantas daninhas podem
solos pobres, como a guanxuma (Sida spp.). Existem ser divididas em anuais, bienais e perenes, classificaçã o
ainda aquelas indiferentes à fertilidade, como é o caso detalhada a seguir:
das tiriricas (Cyperus spp.). • Anuais: germinam, desenvolvem, florescem, produzem
• Plantas daninhas de baixada: são aquelas espécies que sementes e morrem dentro de um ano (Fig. 1 .14A).
se desenvolvem melhor em solos orgânicos e úmidos. Podem ser anuais de inverno, as quais germinam no
Como exemplo, a sete-sangrias (Cuphea carthagenen- outono ou inverno, crescem na primavera e produzem
sis) e erva-de-jacaré (Alternanthera philoxeroides). frutos e morrem em meio ao verão, ou anuais de verão,
• Plantas daninhas aquáticas: são plantas que vivem em que germinam na primavera, crescem no verão e ma-
ambientes aquáticos, podendo ser divididas em emer- durecem e morrem no outono (Fig. 1.15). Em certas
gentes (taboa, Typha domingensis), flutuantes fixas regiões do Brasil, principalmente no Sul, em que as
(lírio-d'água, Nymphaea elegans), flutuantes livres (al- estações do ano são bem definidas, há nítida obser-
face-d'água, Pistia stratiotes), submersas fixas (elódea, vância desses fatos. As plantas anuais se propagam por
Egeria densa) e submersas livres (utriculária, Utricularia frutos e sementes, e a melhor época de controle dessas
spp.) (Damo; Mendes; Freitas, 2020) (Fig. 1.13). espécies deve ser antes da produção de sementes. Um
• Plantas daninhas de ambientes indiferentes: plan tas exemplo é o caruru-roxo (A. hybridus).
que vivem tanto dentro como fora da água, como o • Bienais: são plantas cujo completo desenvolvimento
capim-arroz (Echinochloa spp.). normalmente se dá em dois anos. No primeiro ano,
• Plantas daninhas parasitas: vivem sobre outras plantas, elas germinam e crescem e, no segundo ano, pro-
às custas delas. Como exemplo, a cuscuta (Cuscuta spp.) duzem flores, frutos e sementes e morrem. Devem
e a erva-de-passarinho (Phoradendron spp.). ser controladas no primeiro ano (Fig. 1.15). Podem

Emergentes Flutuantes
livres
Submersas
livres
i
o

5 f1G. 1.13 Classificação de plantas daninhas


aquáticas
10 Ponte: adaptado de Ferrarese, Xavier e
Canto-Dorow (2015) e Da mo, Mendes e
Freitas (2020).
38 PLANTAS DANINHAS

ser anuais em uma região e bienais em o utra. Como do crescimento ano após ano a partir do mesmo siste-
exemplos, o rubim ou macaé (Leo11un1s sibiricus). ma radicular (Fig. 1.14B). São melhores controladas
• Perenes: as plantas perenes são aquelas que vivem com o uso de h erbicidas sistêmicos, pois o método
mais de dois anos e são caracterizadas pela renovação mecânico de controle faz com que se multipliquem

@
/ Florescimento ----i►~ Planta 1 ~a

Mudas Semente
Crescimento e captura Produção
de recursos do meio de semente

t
Planta vegetando Cjolo de mda das Dispersão
Planta florescida

Formação de
tI plantas daninhas
anuais
/ ""
~
Perenização
crescimento propágulo
vegetativo
Emergência ,_~_,...., Mortalídade
das plantas ~ Planta vegetativa

'
"---Germinação~
/
l
Banco de sementes
Estabelecimento
Dispersão
dormência
brotação
.______Dormência
Propágulo vegetativo

FIG. 1.14 Ciclo de vida das plantas daninhas (A) anuais e (B) perenes
Fonte: adaptado de Grime (1979) e Radosevich, Holt e Ghersa (2007).

Perenes

Verão

Verão
Outono

Outono
8(r ,
Inverno

Inverno
Primavera

Primavera
Bienais
Verão Outono Inverno

:.·.....
...-··-.
Primavera

Primavera
Anuais de Inverno

Verão Outono Inverno Primavera

l l
4 Anuais de Verão
••

Verão Outono Inverno Primavera

F1G. 1.15 Classificação das plantas daninhas ,q uanto ao ciclo vegetativo


Fonte: adaptado de Bellinder, Kline e Warholic (1989).
1 1 A SPECTOS DA BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE PLANTAS DAN INHAS 39

ainda mais por meio de suas partes vegetativas. Um


exemplo é o assa-peixe branco (Vernonia spp).

1.5.4 Classificação quanto ao hábito


de crescimento
A classificação quanto ao hábito de crescimento divi-
de as plantas daninhas em herbáceas, subarbustivas,
arbustivas, arbóreas, trepadeiras, epifitas, hemiepifitas e
parasitas, conforme descrito a seguir:
• Herbáceas: plantas de baixo porte, menor que 1,0 m,
eretas ou prostradas e tenras. Exemplo: picão-branco
(Galinsoga parviflora).
• Subarbustivas: apresentam altura entre 0,8 ma 1,5 m,
são eretas e de caule lenhoso. Exemplo: fedegoso
(Senna obtusifolia).
• Arbustivas: plantas com altura entre 1,5 ma 2,5 m, FrG. 1.16 Plantas de Orobanche (Orobanche aegyptiaca)
(A) infestando uma planta de repolho e cuscuta .
eretas, lenhosas, e apresentam ramificações desde a
(Cuscuta chinensis e Cuscuta reflexa) e (B, C) parasitando
base. Exemplo: lobeira (Solanum lycocarpum).
espécies arbóreas ~
• Arbóreas: com altura acima de 2,5 m, são plantas le- Fonte: O'Neill e Rana (2016).
nhosas, eretas e que também apresentam ramificações
humana. As espécies tornam-se plantas' daninhas porque
bem definidas, acima da base do caule. Exemplo: lacre
são competitivas e adaptáveis, capazes de explorar hábi-
(Vismiaguianensis) e dganinha (Memora peregrina).
tats naturalmente perturbados ou alterados pela ação do
• Trepadeiras: são plantas que se beneficiam de outras
homem. No entanto, muitas plantas daninhas apresen-
plantas usadas como suporte para o crescimento. São
tam caraterísticas úteis quando presentes, favorecendo
divididas em volúveis, como a corda-de-viola (Ipomoea
certas práticas agrícolas em determinadas condições.
spp.), que sobem por enrolamento, e cirríferas, como
A elevada produção de sementes e propágulos,
o balãozinho (Cardiospermum halicacabum), que se
associada a fatores como dormência, longevidade e viabi-
prendem por meio de gavinhas.
lidade do banco de sementes, influencia na capacidade de
• Epífitas: são plantas que crescem sobre outras, sem a
infestação e sobrevivência das espécies de plantas dani-
utilização de fotoassimilados da planta hospedeira.
nhas. Então, conhecer tais características é importante
Exemplo: musgos, samambaias e orquídeas.
para o manejo dessas plantas, com o intuito de evitar
• Hemiepífitas: essas plantas iniciam seu desenvolvi-
danos e manter o equilíbrio do agroecossistema. Além
mento como trepadeiras e, em desenvolvimento pos-
disso, classificar e agrupar espécies de plantas daninhas
terior, emitem sistema radicular. Exemplo: figueira de acordo com sua taxonomia, o hábitat onde essas plan-
estranguladora (Coussapoa schottii). tas vivem, seu ciclo de vida e seu h ábito de crescimento
• Parasitas: plantas que crescem sobre outras, bene- também é importante, pois muitos m étodos de m anejo
ficiando-se dos fotoassimilados da espécie vegetal necessitam dessas informações para que possam ser
parasitada. Podem ser divididas em parasitas da parte posicionados de forma correta, para aumen tar a eficiên-
aérea, como cuscuta (Cuscuta spp.) e erva-de-passari- cia no controle das plantas daninhas.
nho (Phoradendron spp.), e parasitas do sistema radi- As plantas daninhas sempre estarão presentes nas
cular, como Orobanche (Orobanche spp.) (Fig. 1.16). atividades agrícolas do h omem. Nesse sen tido, é neces-
sário aprender a conviver com a sua presença, sempre
1.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS tentando retirar o máximo do que as plantas daninhas
As plantas daninhas são plantas que se t ornam indesejá- têm a contribuir e manejá-las de forma eficiente, pa.ra que
veis em certos momentos e locais relacionados à atividade não gerem prejuízos aos sistemas de produção agricola.
2 I ALELOPATIA NO CONTROLE DE
PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS
FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS

Júlia Resende Oliveira Silva


Kassio Ferreira Mendes

Ao estudar as interações de interferência das plantas com o negativos em outra planta (Vidal; Bauman, 1997). Esses
meio e os seus mecanismos de defesa, Szczepanski (1977) compostos podem ser divididos em três categorias: com-
definiu os seguintes termos: alelospolia, alelomediação postos fenólicos, terpenos e alcaloides. Atualmente, as
e alelopatia, que podem ocorrer de forma simultânea. substâncias alelopáticas são utilizadas como farmacoló-
Alelospolia é caracterizada pela interferência causada gicos, aromatizantes, corantes, alucinógenos, pesticidas,
pelos organismos, que competem por um ou mais fatores entre outros.
de crescimento, sendo eles água, luz, nutrientes e C02 que, A alelopatia é muito importante no manejo integrado
na maioria das vezes, estão disponíveis em quantidade de plantas daninhas, pois, entendendo esse processo, é
insuficiente no ambiente. Alelomediação ou interferên- possível formular novos herbicidas, criar cultivares com
cia indireta trata de modificações físicas ou biológicas no alto potencial alelopático e definir práticas agronômicas,
ambiente provocada por organismos. Por fim, a alelopatia corno a rotação de culturas, o consórcio e a utilização de
refere-se a qualquer efeito direto ou indireto, prejudi- plantas de cobertura para controlar as plantas daninhas.
cial ou benéfico em urna planta ou comunidade biológica Contudo, apesar de a alelopatia ser uma alternativa n o
por meio da produção de compostos químicos liberados no manejo dessas plantas, o potencial alelopático das cul-
meio ambiente (Hagemann et al., 2010). turas não é o objetivo da maioria dos programas de
O termo alelopatia foi utilizado p ela primeira vez melhoramento genético, que visam o incremento da
por Molisch (1937), pela junção das duas palavras gre- produtividade (Hijano et al., 2021). Diante disso, neste
gas alelon e pathos, com o significado de dano mútuo. capítulo serão abordados os principais tópicos acerca dos
De acordo com o conceito estabelecido, a alelopatia é processos alelopáticos importantes no controle de plan-
um tipo de interação bioquímica em que substâncias tas daninhas na agricultura.
secundárias do metabolismo vegetal são liberadas no
ambiente por volatilização, lixiviação, exsudação radicu- 2.1 NATUREZA DOS
lar e decomposição dos restos vegetais (Rice, 1984). As ALELOQUÍMICOS
substâncias liberadas por plantas na alelopatia são cha- Para compreender a alelopatia, é importan te conhecer
madas de a leloquímicos e podem ter efeitos positivos ou os compos tos aleloquímicos produzidos e como eles são
2 1 ALELOPATIA NO CO NTROLE DE PLANTAS DANINHAS: M ECANISM OS FISIOLÓGICOS E ECO LÓGICOS 41

classificados. Rice (1984) classificou os compostos como: Os taninos podem ser hidrolisáveis ou condensa-
ácidos orgân icos solúveis em água, álcool de cadeia linear, dos e são responsáveis pela inibição do crescimento das
aldeídos e cetonas; lacton as insaturadas simples; ácidos sementes na espiga de alguns h íbridos de sorgo e n o ata-
graxos de cadeia longa; naftoquinonas, an traquinonas e que por fungos (Harris; Burns, 1970). Já as cumarinas
quinonas complexas; fenóis simples, ácidos benzoicos e estão presentes n as pla ntas e são apontadas na inibição
derivados; cumarinas; flavonoides; taninos; terpenoides do crescimento destas e da germinação de sementes ,
e esteroides; aminoácidos e polipeptídeos; alcaloides e além de p ossuírem atividade antimicrobiana (Rice, 1984;
cianoidrinas; glicosfdeos; purinas e nucleotfdeos. Alves; Santos, 2002).
Entre eles, os derivados fenólicos se destacam por Diante do exposto, é notável que os aleloquimicos afe-
sua capacidade de interferir na atividade dos fitormô- tam mais de urna função nos organismos, entre as quais
nios como a giberelina, ou seja, possuem a capacidade podem-se citar a redução da absorção de nutrientes, a
de interromper muitos processos essenciais para o cres- alteração nos hormônios de crescimento, a inibição da fotos-
cimento e desenvolvimento das plantas (Wheller, 1975; síntese e a alteração do processo respiratório, que afetam a
Nutbeam; Briggs, 1982). Os terpenoides são substâncias síntese de proteínas, a permeabilidade da membrana e a ati-
voláteis formadas por meio da rota do mevalonato, e seus vidade enzimática (Monteiro; Vieira, 2002). Dessa forma,
efeitos fitotóxicos variam dependendo da sua solubili- entender os efeitos dos processos alelopáticos é importante
dade em água (Alves; Santos, 2002). Por outro lado, os e tem relação direta com o controle das plantas daninhas e a
esteroides são poucos utilizados na alelopatia, porém a mitigação do uso de moléculas químicas sintéticas.
digitoxigenina e a estrofantidina (Fig. 2.lA,B) possuem
elevada atividade antimicrobiana. 2.2 SÍNTESE DE ALELOQUÍMICOS
Os alcaloides podem ser simples, derivados de PELA PLANTA
aminoácidos alifáticos, derivados da fenilalanina e A biossíntese dos metabólitos secundários das plantas
da tirosina ou derivados do triptofano (Hendrickson, acontece em múltiplas organelas, sendo eles armazena-
1965). Em geral, estão presentes nas plantas na forma dos em estruturas secretoras especializadas, como dutos,
de sais de ácidos orgânicos e são conhecidos por seu uso vacúolos e parede celular, para, assim, proteger o meta-
farmacológico, como, por exemplo, a cafeína (Fig. 2.lC). bolismo vegetal dos efeitos tóxicos. Apesar dos efeitos
Adicionalmente, os flavonoides são produzidos por gra- tóxicos, esses metabólitos podem beneficiar a planta de
míneas e inibem a germinação de sementes, por meio do várias maneiras, conferindo, por exemplo, maior adapta-
crescimento de bactérias nitrificantes, e podem ser utili- ção reprodutiva e defesa con tra fungos, bactérias e vírus
zados como herbicida (Rice, 1987). (Alves; Arruda; Souza Filho, 2002).
De acordo com Rodrigues, Almeida e Rodrigues De maneira geral, a síntese dos aleloquímicos está
(1993), as substâncias alelopáticas podem ser encontra- envolvida no metabolismo de carboidratos por meio da
das em todas as partes da planta, porém não de forma via do acetato e do ácido chiquímico, con forme apresenta
uniforme durante seu ciclo de vida. a Fig. 2.2.

,,,
HO

Digitoxigenina Estrofantidina Cafeína

F1G. 2.1 Es trut ura química das substâncias alelopáticas (A) dígitoxigenina, (B) estrofantidina e (C) cafeína
42 PLANTAS DANINHAS

Metabolismo Ácido gálico


do açúcar Toni nos hidrolizáveis

Cumarinas
Fenilpropano L Ácidos cinâmicos
~ Flavonóides

Alcalóides
Ácidos hidroxâmícos
Mevalônico Terpenóides

Ácidos orgânicos
FtG. 2.2 Rota biossintética
das substâncias alelopáticas A!coois de cadeia reta, aldeídos e cetonas
Fonte: Einhellig (1995). Poliacetilenos

Os compostos alelopáticos podem ser produzidos restos vegetais (Fig. 2.3). A partir do momento que essas
nas folhas, flores, frutos, caules, gemas, rizomas, raízes e substâncias são liberadas no ambiente, fatores bióticos e
sementes, e a concentração desses compostos é alterada abióticos podem afetar seu comportamento e influenciar
em função da espécie e do estádio de desenvolvimento no seu efeito fitotóxico.
da planta. Um exemplo muito utilizado no controle de A volatilização, por definição, é o processo de pas-
plantas daninhas é o sorgoleone, composto hidrofóbico sagem do estado líquido para o gasoso. As substâncias
exsudado das raizes de sorgo (Sorghum bicolor L.), que é aleloquímicas liberadas para o ambiente dessa forma são
eficaz no manejo de plantas daninhas com menos agres- de difícil identificação. Um exemplo é a liberação de com-
sividade ao meio ambiente, por meio da ação sobre o postos alelopáticos voláteis a partir de caules e folhas de
fotossistema II, favorecendo o desenvolvimento de novos Salvia reflexa em mudas de trigo (Lovett; Levitt, 1981).
herbicidas naturais (Cheng; Cheng, 2015). Na lixiviação, os aleloquímicos podem ser lixiviados
Além disso, estudos apontam que o tabanone, subs- das folhas, cascas, sementes e frutas e atingirem o solo.
tância presente no extrato da parte aérea de Imperata De acordo com Putnam (1987), os compostos com maior
cylindrica, inibiu o crescimento da espécie Lemna aequi- taxa de lixiviação são os ácidos orgânicos, os açúcares,
noctialis, afetando a permeabilidade da membrana e a os aminoácidos, as substâncias pécticas, os terpenoides,
fotossíntese (Cerdeira et al., 2012). Ainda, bioensaios os alcaloides e os compostos fenólicos. Qasem (1994)
com extratos coletados da parte aérea da Conyza cana- identificou esse mecanismo de liberação por lixiviação de
densis aplicados em Lactuca sativa, Lemna paucicostata e compostos alelopáticos de rebentos de Lepidium draba em
Agrostis stolonifera mostraram que os acetilenos podem plantas de trigo.
desempenhar propriedades alelopáticas e apresentam Um outro mecanismo é a exsudação radicular, em
potencial para utilização como herbicidas naturais que a liberação dos compostos aleloquimicos desem-
{Queiroz et al., 2012). Outros exemplos de aleloquímicos penha interferência química, ou seja, alelopatia. Essa é
de plantas daninhas estão descritos no Quadro 2.1. uma estratégia muito utilizada pelas plantas para o seu
sucesso adaptativo, como é o caso do sorgo. A maioria

2.3 LIBERAÇÃO DE ALBLOQUÍMICOS dos aleloquímicos exsudados pelas raízes são compostos
NO AMBIENTE fenólicos (Einhellig, 1986).
De acordo com Rice (1984), os aleloquímicos podem ser Por fim, a decomposição dos restos vegetais ocorre,
liberados no ambiente de quatro formas: por volatiliza- direta ou indiretamente, pela ação dos microrganismos
ção, lixiviação, exsudação radicular e decomposição dos no solo, quando a matéria orgânica é degradada e tam-
2 1 ALELOPATIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 43

Quadro 2.1 Compostos aleloquímicos de plantas daninhas

Planta daninha Aleloquímico Fonte


Ageratum conyzoides Monoterpenos Chuihua, Fel e Shoushan (1999)
Amaranthus palmeri Metil-cetonas, pantenonas, álcools e aldeídos Bradow e Connlck (1988a,b)
Ambrosia artemisiifo/ia Sesqulterpenos Rlce (1965)
Brassica spp. Glitosídeos Choesin e Boerner (1991)
Chenopodium a/bum Ácido clorogênico Mallik, Puchala e Grosz (1994)
, Chenopodium ambrosioides Terpenos Datta e Ghosh (1987)
Cyperus esculentus Ácido p-hidroxibenzoico, cumarina Tames, Gesto e Vieitez (1973)
Cyperus rotundus Sesqi.Jiterpenos 1 tani,nos Komai e Uekí (1975)
Datura stramonium Alcaloides Lovett et ai. (1981), Lovett e Potts (1987)
Rice, Penfound e Rohrbaugh (1960),
Digitaria sanguinalis Ácido clorogênico, ácido isodorogêniw Parer:iti e Rice (1969)

Erigeron spp. Poliacetilenos Kobayashi et ai. (1980)


Parthenium hysterophorus Sesquiterpenos, fenóis Kanchan e Chandra (1980)'
Compostos fenólicos, ácido clorogênico, Rice (1965), Abdul-Wahab e Rice (1967)
Sorghum halepense
cu marinas
Urochloa plantaginea Ácido aconítico Voll et ai. (2004)
Urochloa ruziziensis Ácido aconítico Foletto et ai. (2012)
Xanthium strumarium Cafeína, ácido clorogênico lnam, Hussain e Bano (1987)
Fonte: adaptado de Qasem e Foy (2001).

Volatilização cesso de exsudação radicular e decomposição, a absorção


dessas substâncias pela planta se dá preferencialmente
de forma indireta, com atividade microbiana (Fig. 2.4).
Por outro lado, os aleloquímicos lixiviados e volatiliza-
dos são absorvidos de forma direta, por meio da absorção
pela epiderme da folha (Souza Filho; Alves, 2002).
Apesar das diversas maneiras de liberação dos com-
postos alelopáticos, a maioria deles é absorvida pelas
plantas receptoras por meio das raízes (Qasem; Foy,
2001). Diante disso, mostra-se a importância do estudo
das interações das plantas com o solo para caracterizar a
ocorrência da alelopatia.

2.4 MECANISMOS DE AÇÃO E


Exsudação • Aleloquímicos SINTOMAS CAUSADOS PELOS
ALELOQUÍMICOS
F1G. 2.3 Liberação pelas plantas de aleloquímicos no ~
ambiente É relevante destacar que dois mecanismos ativos opera-
Fonte: adaptado de Lima et al. (2018). cionais (competição e alelopatia) estão envolvidos nas
interações planta-planta em todos os níveis de complexi-
bém libera aleloquímicos no ambiente. Aleloquímicos
dade. No entanto, um recurso que diferencia a alelopatia
oriundos da Setaria faberi, por exemplo, podem inibir o
da competição é que alguns fatores estão sendo adicio-
crescimento do milho (Bell; Koeppe, 1972).
nados ao ambiente via alelopatia, em oposição a alguns
Outros exemplos de liberação de aleloquímicos
fatores que estão sendo removidos na competição.
estão descritos no Quadro 2.2. Ressalta-se que, no pro-
44 PLANTAS DANINHAS

Quadro 2.2 Relação de plantas daninhas, culturas atingidas e forma de liberação dos aleloqufmicos

Planta daninha Cultura receptora Forma de llberação Fonte


do aleloquímlco
Ageratum conyzoides Trigo Llxiviação Sugha (1979)
Sorgo, cebola, cenoura e Volatlllzação, Bradow e Co nnick (1987), Menges
Amaranthus palmeri
couve decomposição (1988)
Soja, milho, trigo, Llxiviação, exsudação Bhowmik e Doll (1979), Menges
Amaranthus retroflexus
algodão, cenoura, couve radicular, decomposição (1987), Qasem (1995)
Ambrosia artemlsiifolia Exsudação radicular, Jackson e Wlllemsen (1976), Bhowmik
Milho, centeio, sorgo
decomposição e Doll (1984)
Feijão, milho, sorgo,
Bidens pilosa Exsudação radicular Stevens e Tang (1985)
alface
Urochloa mutica Alface, arroz, trigo lixlviação Chou (1989)
Milho, aveia, soja, Exsudação radicular, Bhowmik e Doll (1979), Caussanel
Chenopodium a/bum
tomate, trigo decomposição (1979), Porwal e Gupta (1986)
Horowitz e Friedman (1971), Weller,
Cevada, café, laranja,
Cynodon dactylon Decomposição Skroch e Monaco (1985), Meissner, Nel
pêssego
e Beyers (1989)
Tames, Gesto e Vieitez (1973),
Cyperus esculentus
Milho, alface, aveia, Horowitz e Friedman (1971), Drost e
Decomposição
sorgo, laranja Doll (1980), Bezuidenhout e Reinhardt
(1999)
Datura stramonium Girassol lixiviação Levitt, Lovett e Garlrck (1984)
Digitaria sanguinalis Maçã, milho Decomposição Parenti e Rice (1969)
Euphorbia hirta Amendoim\ soja Exsudação radicular Tiwari et ai. (1985)

Lolium multiflorum
Lixiviação,
Alfafa, alface Naqvi e Muller (1975)
decomposição
FE!,ijão, repolho, tomate, Sarma, Giri e Subrahmanyam (1976),
couve-flor, feijão-frade, Lixivlação, Kanchan (1979), Mersie e Singh
Parthenium hysterophorus
lentilhas, amendoins, deGomposição (1987b), Kohli e Batish (199~). Kohli
tr~o, soja, pimenta et ai. (1996)
Cevada, repolho, cebola, Exsudação radicular, Abdul-Wahab e Rice (1967), Horowitz
Sorghum halepense
laranja, alho, girassol decomposição e Friedman (1971), Menges (1987)
Tfidax procumbens Arroz Volatilização Das e Pai (1970)
Fonte: adaptada de Qasem e Poy (2001).

Algumas diferenças entre alelopatia e competição estão ferir em diversos processos metabólicos das plantas
descr itos no Quadro 2.3. (como as cumarinas, por exemplo), sendo mais um fator
Quando o aleloquím.ico é absorvido, ele passa a relevante para os estudos de interação entre a causa e as
afetar diferentes processos metabólicos e de desen- consequências daquele composto na planta. Além disso,
volvimento da planta. O mecanismo p elo qual essas diversos compostos aleloqu.ímicos podem influenciar
substâncias exercem influência nas plantas ainda carece uma mesma atividade fisiológica, como a respiração, que
de estudos, principalmente pela dificuldade de separar pode ser afetada por compostos como flavonoides, qui-
as diversas funções alelopáticas da alelospolia. Além nonas e ácidos fenólicos (Einhellig, 1986).
disso, o efeito de um aleloquímico está relacionado à sua Geralmente, os efeitos da alelopatia consistem
concentração e ao limite de resposta da espécie afetada em interferência nas atividades vitais d as plantas
(Souza Filho; Alves, 2002). e dependem tanto da concentração do aleloquímico
Para entender os mecanismos de ação, é necessário como da resposta da pla nta-alvo, conforme descrito
saber que um a única substância alelopática pode inter- no Quadro 2.4.
2 1 A LELOPATIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 45

~ Lixlviação

~
Exsudação Aleloqufmicos
-----=.i=.:=--+
► presentes no solo

----.:..__
l... Interaça
microrganismos-
•aleloquímicos
~
Absorção

Degradação - - - - -
microbiana
. ...-.os
· crorgan18 1"
Mediação por m1

A colonização da rizosfera pode levar a proteção da região


rizosférica em um ambiente com presença de aleloquímicos

FIG. 2.4 Funções dos microrganismos na interação com os aleloquímicos


Fonte: adaptado de Cheng e Cheng (2015).

Quadro 2.3 Algumas diferenças entre alelopatia e competição de plantas


Alelopatia Competição
Compostos químicos adicionados ao ambiente Resultado da escassez de recursos ambientais
Pode ser induzida artifi<iialmente em e;onéitções de laboratório

Pode ser demonstrada em apenas uma planta


------- ou estufa
Necessita de mais de uma planta para demonstrar o efeito
Seletiva -~------
To_d_as as e:§eéaies podem ser afetadas
Não afeta o processo de germinação de sementes, mas sim o
Pode afetar a germinação de sementes seu crescimento e desenvolvimento
Pode ser causado por plantas vivas e mortas ecorre ai:ienas em organismos vivos
Todas as plantas concorrentes podem se_r afetadas
Somente as plantas receptoras possuem sintomas negativamente, de acordo com a capacidade competitiva
. Não requer muitas plantas para ocorrer
------Densidade Grítfca para ocorrer
Nenhuma característica específica da planta na alelopatia Características específicas das plantas daninhas
O efeito pode ocorrer em qualquer estádio de
desenvolvimento da pJanta que produz compostos Efeito mais intenso nos estádios de crescimento iniciais e nos
alelopáticos, e a concentração desses é maior na floração.e períodos críticos de competição com as plantas daninhas
no crescimento tardio
Não pode ser resolvida com a oferta de fato res de Pode ser revertida, dependendo das fases de crescimento,
crescimento com a oferta ou redução de fatores de crescimento
Resultado da interação entre fatores ambienta is, mas não
Oco~re devidq a fatores ambientais
da competição entre eles
Todas as espécies podem gerar competição, a depender da
Caracteriza certas espécies de plantas densidade
O aumento da densidade da planta alelopática aumenta o
A densidade de todas as espécies concorrentes aumenta por
efeito, mas o aumento da densidade de plantas receptoras
meio da concorrência interespecífica e intraespecí1ica
diminui o efeito
46 PLANTAS DANINHAS

Quadro 2.3 (continuação)

Alelopatia Competição
As espécies concorrentes devem estar no mesmo lugar e na
Pode ocorrer na ausência da espécie alelopátlca
mesma hora
Ocorre naturalmente, apesar de ser afetada por outros
Pode ser criada por agricultores
fatores
~ resultado da concorrência Não resultante da alelopatia
Influenciada pela microbiota do solo Pouco afetada pela microbiota do solo
Os microrganismos podem intensificar ou anular o efeito Os microrganismos não exercem influência direta
As espécies alelopáticas mostram morfologia, fisiologia e O efeito é observado na aparência de todas as espécies
anatomia diferentes envolvidas
A influência das condições ambientais é importante para a A influência das condições ambientais não é muito
sua ocorrência significativa
Com a redução do crescimento da planta, a concentração Com a redução do crescimento da planta, a capacidade
dos aleloqufmicos aumenta competitiva diminui
Todas as partes da planta podem estar envolvidas no A competição interespecífica só ocorre entre as raízes ou
processo rebentos
As espécies alelopáticas tendem a ser encontradas em
Nenhum arranjo de crescimento especial
manchas ou colônias na natureza
Os exsudados da raiz têm um papel significativo no Os exsudados não são um fator de atenuação ou

-
processo alelopático
Os sintomas aparecem sob a forma de toxicidade, inibição
intensificação do processo

Os sintomas de deficiência mineral são comuns, mas a maioria


de crescimento, posterior morte de células e tecidos ou
morte da planta das plantas pode completar seu ciclo de vida

Algumas espécies alelopáticas liberam materiais voláteis


Odor e volatilidade não são importantes
ou odor aromático
Os fatores de crescimento não superam o efeito causado Quantidades excessivas de fatores de crescimento podem ter
pelos aleloquímicos efeito tóxico ou negativo
A maioria é afetada negativamente por herbicidas em
Positivamente influenciada por herbicidas
determinado estádio de desenvolvimento
DeP.ende de compostos guímicos ~ plantas A presença de produtos químicos não é uma condição
As práticas agrícolas não podem negar a influência do As práticas agrícolas podem negar completamente seu efeito
processo após a remoção da espécie alelopática quando as p,antas daninhas são removidas
Efeitos internos e externos ou efeitos internos refletidos
O efeito é principalmente externo, mas refletido internamente
externamente
Muitas espécies alelopáticas possuem ação pesticida O efeito nocivo é fisiológico
Encontrada, em sua maioria, em espécies selvagens Encontrada em espécies cultivadas
Fonte: adaptado de Qasem e Foy (2001).

Quadro 2.4 Relação de plantas daninhas, culturas atingidas e efeitos alelopáticos

Planta daninha Cultura receptora Efeitos Fonte


Inibição da germinação e redução do
Ambrosia artemisiifofia Milho e soja Formigheiri et ai. (2018)
crescimento das plãntulas

Soja, milho, feijão e Redução da matéria seca e inibição da


Cyperus rotundus Muniz et ai. (2007)
alface germinação

Amendoim, soja e Redução da germinação e crescimento


Euphorbia hirta Tanveer et ai. (2013)
feijão das plântulas
2 1 ALELOPATIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 47

Quadro 2.4 (continuação)

Planta daninha Cultura receptora Efeitos Fonte


Oxalís corniculata Trigo Redução do crescimento das plãntulas Hódi, Hódi e Palkovics (2012)
Sorghum bicolor Feijão Efeitos do ciclo celular Hallak, Davlde e Souza (1999)
Inibição da germinação e
Raphanus raphanistrum Alface, tomate desenvolvimento da radlcula e do Wandscheer e Pastoríni (2008)
hlpocótilo
l~iblção da germinação e Morais et ai. (2013)
Solanum lycocarpum Cebola
desenvolvimento da radícula
Redução do crescimento da parte Mersie e Singh (1987a)
Lantana camara Soja, milho e trigo
aérea e das raízes
Inibição do crescimento de raízes e de Nouri, Talab e Tavassoli (2013)
Sorghum halepense Trigo
part~ aérea
Fonte: Kohli, Batish e Singh (1997) e Lima et al. (2018).

Diversas espécies de plantas daninh as com diferen- Além dos mecanismos de ação citados, existem
tes hábitos de crescimento e formas de vida também têm vários ainda desconhecidos, destacando, assim, a pos-
sido utilizadas no controle de outras plantas daninh as sibilidade crescente da utilização da alelopatía no
(Qasem; Foy, 2001), por p ossuírem efeitos alelopáticos. controle de plantas daninhas com a produção de herbi-
Algumas delas estão descritas no Quadro 2.5. cidas naturais.
Em u m modelo proposto por Ein hellig (1996), a
atuação dos compostos a l elopáticos t em início com FATORES DETERMINANTES
as alterações nas membran as celulares e as alterações PARA A EFICIÊNCIA DOS
na conduância estomática, afet an do a divisão celular, ALELOQUÍMICOS
a fotossíntese, a respiração e a síntese de compostos Para que os efeitos alelopáticos ocorram, é necessária
como a clorofila, de forma a inibir o crescimento das a combinação de diversos fatores, sejam eles edafocli-
plantas. Diante disso, o Quadro 2.6 apresenta algun s máticos ou ecofisiológicos. Inicialmente, fatores como
exemplos de mecanismos de a ção a lelopáticos n as plan- o estresse hídrico e a deficiência nutricional podem
tas daninhas. influenciar a produção de aleloquímicos e sua ação na

Quadro 2.5 Relação alelopát ica ent re plantas daninhas

Forma de liberação da Planta daninha


Planta daninha doadora Fonte
toxina receptora
Amaranthus retroflexus Decomposição Cyperus esculentus Simkins e Doll (1982)
Amaranthus retroflexus, Bruckner, Moinar e
Ambrosia artemisiifo/ia Extrato
Chenopodium a/bum Szabo (1999)
Amaranthus retrof/exus,
Argemone mexicana Extrato Srivastava e Das (1974)
Chenopodium a/bum

Chenopodium a/bum Decomi:>0sição Cyperus esculentus Simkins e Doll (1982)


Extrato, lixiviação,
Chenopodium ambrosioides Cassia tora Datta e Ghosh (1987)
decomposição
Eleusine indica Decomposição Várias plantas daninhas Altieri e Do(l (19}8)
Leptoch /oa fi/iformis Decomposição Várias plantas daninhas Altieri e Doll (1978)
Parthenium hysterophorus Toxina Ageratum conyzoides Batish et ai. (1997)
Amaranthus retroflexus,
Abdul-Wahab e
Sorghum ha/epense Decomposição Digitaria sanguinalis,
Rice (1967)
Sorglwm ha/epense

Ponte: adaptado de Qasem e Foy (2001).


48 PLANTAS DANINHAS

Quadro 2.6 Mecanismos de ação de aleloqufmicos de plantas daninhas em culturas

Planta daninha Cultura receptora Mecanismo de ação Fonte


Artemisla tridentata Inibição da atividade respiratória Weaver e Klarich (1977)
Chenopodium a/bum Tomate Atuação na absorção de minerais Qasem e Hill (1989)
Parthenium hysterophorus Inibição da atividade respiratória
Salvia leucophylla Pepino Interferência na divisão celular Muller (1965)

Aegllops kotschyi Efeito sobre os hormônios Wurzburger e Leshem


de crescimento (1969)

Salvia /eucophy//a Efeito sobre a permeabilidade


Muller (1969)
da membrana
Abutilon theophrasti Soja Redução na fotossíntese Colton e Einheliig (1980)

Plantago lanceolata • Redução da disponibilidade de


Newman e Miller (1977)
fósforo no solo
Abutilon theophrasti Soja Inibição da condutância estomática Colton e Einhellig (1980)
Polygonum aviGular:e Mi.c roflora do solo Inibição da microflora dó-solo Alsaadawi e Rice (1982)

Ácido cinâmico Alface Interferência no metabolismo de


Cameron e Julian (1980)
. proteínas e ácidos nucléicos
. Agropyron repens linho Inibição da abertura estomática Vikherkova (1970)
Fonte: adaptado de Qasem e Foy (2001).

planta-alvo (Pires; Oliveira, 2011). Com base nisso, a pro- de ácido ferúlico quando a temperatura subiu de 29 ºC
dução e a eficiência dos aleloquímicos são reguladas pela para 37 ºC (Einhellig; Eckrich, 1984). Outro fator impor-
temperatura, intensidade luminosa, disponibilidade de tante na ação de um aleloquímico é o pH do solo, que
água e nutrientes, textura do solo, microrganismos e ata- interfere na disponibilidade de substâncias alelopáticas
ques de insetos (Einhellig, 1996; Chou, 1999). no ambiente. Ao avaliar a liberação de ácidos fenólicos,
Para os compostos alelopáticos que são liberados houve um aumento no pH do solo. No plantio de trigo
por meio da decomposição de restos vegetais, as condi- e soja, a concentração de ácidos fenólicos das amostras
ções climáticas e o tipo de solo influenciam a velocidade de solo estabeleceu correlação positiva com o pH do
desse processo e a concentração dos compostos que serão substrato (Whitehead; Dibb; Hartley, 1981; Bium et al.,
absorvidos pelas plantas. Já na liberação de aleloquími- 1991). De acordo com Jalal e Read (1983), a diminuição
cos por meio da volatilização, a umidade relativa do ar do pH ocasiona o aumento do potencial fitotóxico de um
é um fator que influencia a absorção desses compostos, composto alelopático ácido na região próxima à raiz. Por
que podem permanecer voláteis, solubilizados em água outro lado, os compostos alelopáticos podem diminuir o
ou lixiviar no perfil do solo. pH do solo e reduzir a absorção de potássio pelas raízes
Para que ocorra a alelopatia, outros fatores, como a de aveia (Harper; Balke, 1981).
natureza da substância alelopática, influenciam a absor- No estudo da alelopatia, os fatores aqui descritos
ção dos aleloquímicos pela planta-alvo. Ainda, a atividade são extremamente importantes no desenvolvimento
biológica desses produtos depende da sua concentração e de pesquisas visando a utilização dos aleloquímicos no
mobilidade no ambiente (Putnam; Duke, 1974). Em diversas controle de plantas daninhas e na produção de novos
espécies vegetais, o teor de compostos fenólicos aumentou herbicidas com eficiência sem elhante ou maior que as
com a deficiência de nutrientes no solo (Putnarn, 1985). moléculas utilizadas atualmente, as quais podem causar
Ademais, o efeito alelopático de mentrasto (Ageratum cony- danos ao meio ambiente.
z oides) sobre outras espécies aumentou com condições de
estresse nutricional (Kong; Hu; Xu, 2002). 2.6 POTENCIAL ALBLOPÁTICO
A temperatura também pode modificar a atividade e DAS CULTURAS
a disponibilidade dessas substâncias. Para inibir o cres- O controle alelopático de plantas daninhas vem sendo
cimento do sorgo, foi necessária urna quantidade menor utilizado cada vez mais nas lavouras, pois não prejudi-
2 i ALELOPATIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 49

ca o meio ambiente e não aumenta os custos de m anejo Outra possibilidade é a aplicação de aleloquímicos
dessas plantas, além de ser eficiente em grandes áreas. obtidos de plantas em alta concentração, que podem
Outro fator importante é que, em relação ao manejo levar à criação de herbicidas naturais e, além de con-
integrado, a alelopatia pode ser utilizada tanto no plan- trolar as plantas daninhas, elevar a disponibilidade de
tio convencional como na agricultura orgânica para o nutrientes no solo, como é o caso de algumas cultivares
de trigo que exsudam carbono e nitrogênio e promovem
controle das plantas daninhas já emergidas e também do
o aumento das atividades microbianas no solo (Jabran
banco de sementes (Jabran et ai., 2015).
et ai., 2010; Zuo et ai., 2014).
Diante disso, existem diversas formas de utilizar o
Entre as culturas utilizadas no controle alelopático
potencial alelopático das culturas para controlar plan-
de plantas daninhas (Tab. 2.1), o centeio é uma das mais
tas daninhas, entre eles a rotação de culturas, as plantas
importantes. Essa planta possui cerca de 16 aleloquí-
de cobertura e a utilização de herbicidas naturais. É micos, apresentando alto potencial alelopático quando
importante lembrar que, no caso da rotação de culturas, utilizada como cultura de cobertura para controlar plan-
culturas como o girassol podem causar efeitos tóxicos tas daninhas como Amaranthus retroflexus e Eleusine
às culturas seguintes, sendo necessário um planeja- indica (Reberg-Horton et al., 2005). Por isso, além de
mento adequado (Alsaadawi et ai., 2012). cultivares altamente produtivas, deveria buscar-se cada

Tab. 2.1
,_
Cultivares de plant as alelopáticas e plantas daninhas que foram controladas
- li
Supressão 11

1 Cultura Planta daninha lo
Fonte-
Cultiva~ ~leloguímicos de plantas Países
Ialêlopática• controlada
- -. daninhasi(o/o)
Echinoch/oa crus-galli e
Huagan-3
Cyperus difformis
- 26-39
'
Cyperus iria, Lindernia
procumbens, Kong et ai.
Arroz China
Alternanthera sessilis, (2011)
Pl312777
Eclipta prostrata,
- 27-51
Leptoch/oa chinensis e
Monochoria vagina/is
Buldo Echinochloa crus-gal/í - 56
A gudo Echinochloa crus-gal/i - 54
Jaeraejonga Echinochloa crus-galli - 47 Ahn et ai.
Arroz Coreia
Dabaegjo Echinoch/oa crus-gal/i - 47 (2005)
Geumjeom Echinochloa crus-galli - 47
Baekjicheongbyeo Echinochloa crus-galli - 43
Echinoch/oa crus-gal/i,
Noindari, Baekna, Monochoria vagina/is, Momilactone A, Chung, Kim e
Arroz
Scirpus ;uncoides e Momilactone B
> 50 Coreia
Baekgwangok Kim (2006)
Eleocharis kuroguwai
Hinohikari 75
Nipponbare 62 Kato-
Noguchi,
Arroz Sasanishiki Lactuca sativa Momilactone B 63 Japão
lno e Kujime
Yukihikari 60 (2010)
Norin 8 51
Ácido Chung etal.
Arroz Janganbyeo Echinochloa crus-ga/li 79-94 Coreia
4-hidroxibenzoico (2002)
Echinoch/oa crus-galli, 2,9-dihidroxi-4-
Saiam et ai.
Arroz BR17 Digitaria sanguinalis e megastigmen-3- 45,42 Bangladesh
(2009)
E. colona ona
50 PLANTAS DANINHAS

Tab. 2.1 _,_


(continuação)

Cultura
-- - -- ~

supressão
- -
Cultivar P.lanta danlnha
alélopátlca Aleloquímlcos de plantas Países Fonte
éontrolélda
daninhas (%)
Dinorado, 60
Neda, 45
Domsrokh, Berendji;
Arroz Echinochloa crus-galli 40 Asghari e
Dular, Ácido fenólico Irã
36 Matin (2008)
Mehr, 34
Usen 30
Lepidium sativum, Estados
Arroz OM5930 N-trans-cinamoil Le Thi et ai.
Leptochloa chinensis e - Unidos,
tiramina (2014)
E. crus-gal/i Vietnã
Triticum aestivum,
Arroz Trifolium alexanderum, Farooq et ai.
Super Basmati
Hordeum vulgare e - - Paquistão
(2008)
Avena sativa
Reberg-
Centeio Wheeler Amaranthus retrof/exus Estados
DIBOA 5-95 Horton et ai.
e Eleusine indica Unidos
(2005)
Sorghum halepense, AI-Bedairy,
Sorgo China,
Enkath Cyperus rotundus e - 23-44
Iraque
Alsaadawi e
Portulaca oleracea Shati (2013)
Rohtas 90, V6007,
Pak 81, AS 2000,
V7189, Bhakkar
Trigo 2002, V6111, Mahmood et
Avena fatua - 42-83 Paquistão
ai. (2013)
Chanab 2000,
V6034, Uqab
2000, V4611

Trigo Bertholdsson
Vinjett Lolium perenne - - Suécia
(2005)

Trigo Zuo et ai.


22 Xiaoyan Descurainia sophia - - China
(2014)
Sin-Altheeb 74
Coupon Compostos 81 Alsaadawi et
Girassol
Shabah
- Iraque
fenólicos 61 ai. (2012)
Zahrat Al-lraq 53
Rumex dentatus e Anjum and
Girassol Suncross-42
Chenopodium a/bum
- 57-67 Paquistão
Bajwa (2008)
Bertholdsson
Cevada Alexis, Baronesse Lolium perenne - - Suécia
(2005)
Echinochloa crus-galli e Dhima et ai.
Cevada Athinaida
Setaria verticillata
- 83 Grécia
(2006)
Alpha 58
Esterel 53
Lignee 640 Papaver rhoeas e 59 Dhima et ai.
Cevada
Tersey Veronica hederifolia
- 50
Grécia
(2006)
Scarleta 68
Galt Brea 65
Av-opal, Inibição
Pak85388-502, radicular:
Roy98310, Roy47- 47-55 Asaduzzaman
Canola Lolium rigidum - Inibição do
Austrália
99P1, JC134, et ai. (2014)
Sardi603, Atr- crescimento:
beacon, Rivette 15-23

Fonte: adaptado de Jabran et al. (2015).


2 1 ALELOP/\TIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 51

vez mais, com o m elhoramento genético, cultivares que Como exemplo, segundo Saudy (2015), o cultivo
também poss uam potencial alelopático para O controle consorciado de milho e feijão-frade reduziu a densidade
de plantas daninha s. de Dactylocteníum aegyptium e Portulaca oleracea em apro-
xi madam ente 50%. O estudo de Amossé et ai. (2013), ao
2.7 ALELOPATIA NO CONTROLE DE comparar o cultivo de trigo convencional com o plantio
PLANTAS DANINHAS de trigo e leguminosas consorciadas, observou a redução
Como já mencionado, entender as relações alelopáticas de diversas plantas daninhas. Nesse sentido, percebe-se
é importante para melhorar a eficiência no controle de que o cultivo consorciado de culturas, em que pelo menos
plantas daninhas e diminuir os danos causados em cul- uma delas possua potencial alelopático, pode ajudar no
turas de interesse agrícola. Com o crescente número de controle de plantas daninhas e levar à redução dos custos
casos de resistência de biótipos de plantas daninhas a de controle, além de promover o aumento da produtivi-
herbicidas sintéticos e, consequentemente, o aumento dade (Wardle, 1987; Jabran et a l., 2015).
dos custos de produção e danos ambientais, a demanda
por agentes biológicos como os bioherbicidas, provenien- 2.7.2 Culturas de cobertura
tes de substâncias alelopáticas, também cresceu. Ainda, alelopáticas
o estudo de melhoramento genético para aumentar a O cultivo de culturas de cobertura tem por objetivo
concentração de compostos alelopáticos presentes em melhorar a qualidade do solo, reter água e suprimir a
culturas de interesse agronômico auxilia na vantagem emergência e a formação de um banco de sementes de
competitiva da cultura com as plantas daninhas. plantas daninhas. Por isso, culturas com potencial ale-
Além dos herbicidas naturais e do melhoramento lopático, como trigo, feijão-frade, azevém, aveia e sorgo,
genético, a escolha adequada de espécies para produ- são utilizadas, separadas ou em conjunto, para manejar
ção de cobertura do solo e a rotação de culturas podem as plantas daninhas de maneira sustentável (Jabran
intensificar o efeito alelopático sobre as plantas dani- et al., 2015). Em uma lavoura de milho, por exemplo, a
nhas, de forma a suprimir o desenvolvimento dessas cobertura com azevém proporcionou redução no número
plantas. Dessa forma, a alelopatia é uma maneira eficaz de plantas daninhas se comparado a outras plantas de
no controle sustentável de plantas daninhas n a produção cobertura, devido aos efeitos alelopáticos com capacida-
agrícola e, com o manejo integrado, pode diminuir a inci- de para suprimir a emergência de Sida spp., Ipomoea spp.
dência das plantas daninhas resist entes e tolerantes aos e Bídens spp. (Roman, 2002; Moraes et al., 2009).
herbicidas sintéticos nos cultivos. Nas seções a seguir, Em outro estudo, o centeio foi utilizado de maneira
serão discutidas várias maneiras de implementação da eficaz como cultura de cobertura para controlar plantas
prática do controle alelopático de plantas daninhas. daninhas em uma lavoura de soja com plantio direto
(Bernstein et al., 2014). Além disso, em relação ao banco
2.7.1 Consórcio de culturas com de sementes de plantas daninhas, ao utilizar aveia como
potencial alelopático cultura de cobertura, ocorreu redução de 30% a 70% de
O consórcio é um sistema de cultivo múltiplo caracte- espécies de plantas daninhas como Digitaria sangu.ina-
rizado p elo crescimento simult ân eo de duas ou mais lis, Amaranthus retroflexus e Eleusine indica (Dube et al ..
culturas em uma mesma área (Kolma ns; Vásquez, 2012). No Quadro 2.7 est ão descritas algumas cultu ras
1999). Assim, um sist ema consorciado é dependente da de cobertura e plantas daninhas suprimidas por elas.
combinação entre as culturas utilizadas. Esse tipo de cul-
tivo tem demostrado resultados importantes tanto no 2.7.3 Criação de cultivares
aumento da produtividade como no controle das plantas alelopáticas
daninhas, devido à liberação de substâncias alelopáticas Diversas cult uras têm elevado potencial alelopático e,
de uma determinada cult ura, aumentando a eficiência com os avanços do melhoramento gen ético no controle
do controle em todo o sist ema consorciado (Rice, 1984; de plantas daninhas, a manipulação e a transferência de
Wardle, 1987). genes responsáveis pela síntese de aleloquímicos para
52 PLANTAS DANINHAS

Quadro 2.7 Culturas de cobertura e plantas daninhas suprimidas por essas culturas

Cultura
Cultura de cobertura Plantas daninhas controladas Fonte
principal
Trigo Eleusine indica, Amaranthus palmeri,
Algodão Norsworthy et ai. (201 1)
lpomoea lacunosa

Centeio Eleuslne Indica; Amaranthus palmeri,


Algodão Norsworthy et ai. (2011)
lpomoea lacunosa

Centeio Chenopodium a/bum,


Soja Bernstein et ai. (2014)
Abuti/on theophrasti

Azevém, centeio, aveia, Urochloa plantaginea, lpomoea


Feijão, tomate grandifolia, Bidens pilosa, Euphorbia Altieri et ai. (2011)
ervilhaca e rabanete
heterophyl/a
Digitaria sanguinalis, Eleusine
Ervilhaca, aveia Milho indica, Amaranthus retroflexus, Dube et ai. (2012)
Datura stramonium
Sorgo Brócolis Plantas daninhas de folha larga Finney et ai. (2009)
Aveia, ervilhaca Amaranthus paJmeri, Portulaca oleracea,
Algodão Moran e Greenberg (2008)
Helianthus annuus
Chenopodium a/bum, Amaranthus
Milho e soja hybridus, Thlaspi arvense, Taraxacum
Centeio, ervilhaca, cevada Silva (2014)
orgânicos officina/e, Stellaria media, EfYmus repens,
Panicum crus-gal/i, Selaria g/auca

Mostarda

6rvi1Haca, trevo, aveia


__________
Oliveira

Tomate
Amaranthus blitoides,
------------------------~
Chenopodium a/bum
,_..;
Amaranthus retroflexus1
Alcântara, Pujadas e
Saavedra (2011)

Campigliaet aL (2010)

Fonte: adaptado de Jabran et al. (2015).


---- Chenopodium a/bum

a cultura de interesse estão sendo utilizadas (Jabran et tas daninhas e a germinação de suas sementes. Tanto
al., 2015). Com esse objetivo, pesquisadores de vários espécies cultivadas de interesse agrícola como as plantas
países da Europa e outros países, como Estados Unidos, daninhas são uma excelente fonte de produtos químicos
Japão, Índia e China, têm desenvolvido pesquisas cien- naturais: os aleloquímicos (Qasem; Foy, 2001).
tíficas para inserir genes responsáveis pela produção de Diversos são os compostos alelopáticos que podem
compostos alelopáticos no arroz (Khanh et ai., 2013). ser utilizados como herbicidas naturais devido ao ele-
Em um estudo com 99 cultivares de arroz, cinco delas vado potencial alelopático. Os herbicidas glufosinate,
apresentaram potencial alelopático, suprimindo as plan- methoxyethane, benzanin, picloram, quinclorac, moni-
tas daninhas em 40-50% (Chung; Kim; Kim, 2006). liformin, benzodex, cinmethylin, blazer e 3,4-dibutoxy
Em outro estudo avaliando 35 cultivares de trigo, 11 são derivados de compostos alelopáticos (Hatzions,
apresentaram atividade alelopática (Mahmood et al., 1987). Outro exemplo é o mesotrione, derivado de um
2013). Da mesma maneira, em um experimento com dez composto alelopático produzido pela espécie Callistemon
cultivares de centeio, todas apresentaram potencial ale- citrinus (Mitchell et al., 2001). Em um outro experi-
lopático de controle de plantas daninhas (Reberg-Horton mento, houve a criação de um herbicida composto por
et al., 2005). vários compostos alelopáticos extraídos do pinheiro,
cedro e bambu para a cultura do arroz (Ogata; Hamachi;
2.7,4 Herbicidas naturais Nishi, 2008).
A utilização de alelopatia para o controle de plantas dani- Além disso, a utilização de aleloquimicos em mis-
nhas pode acontecer por meio de herbicidas naturais, de tura com herbicidas sintéticos pode ajudar n o controle de
ação seletiva, que podem inibir o crescimento das plan- plantas daninhas (Razzaq et ai., 2012). Como e..xemplo,
2 1 ALELOPATIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 53

o uso de compostos alelopáticos oriundos do sorgo e do dos compostos, como a cromatografia líquida de alta efi-
girassol combinados com fenoxaprop-P-ethyl e bromoxy- ciência (do inglês high performance liquid chromatography
nil + MCPA foi eficiente no manejo de plantas daninhas - HPLC), a cromatografia líquida em camada delgada de
na cultura do trigo (Mahmood et ai., 2009). Da mesma alto desempenho (do inglês hlgh performance thin layer
maneira, aleloquímicos produzidos pelo sorgo reduziram liquid chromatography - HTPLC), a cromatografia líquida
em 34-57% a densidade de plantas daninhas na cultura de ultra eficiência acoplada à espectrometria de massa
do milho (Ahmad; Cheema; Ahmad, 2000). Tandem (do inglês ultra-performance liquid chromatogra-
Para concluir, a diversidade de substâncias alelopá- phy coupled to Tandem mass spectrometry- UPLC-MS/MS)
ticas é alta, e por isso são necessárias diversas pesquisas e a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de
para descobrir novas moléculas que poderão ser utiliza- massa (do inglês gas chromatography coupled to mass spec-
das como herbicidas naturais, favorecendo o controle de trometry - GC-MS), que servem para separar, quantificar
plantas daninhas e manejando os casos de resistência e identificar compostos químicos. Além disso, a purifica-
aos herbicidas (Favaretto; Scheffer-Basso; Perez, 2018). ção cromatográfica de determinados produtos químicos,
útil para a identificação estrutural dos compostos, pode
1
2.8 ESTUDOS DOS COMPOSTOS ser realizada por ressonância magnética nuclear de H e
ALBLOPÁTICOS EM PLANTAS 13C (do inglês nuclear magnetic resonance - NMR) (Souza
De acordo com Putnam e Tang (1986), para provar a Filho; Pereira; Bayma, 2005).
existência da alelopatia, os estudos deveriam possuir Em uma análise por HPLC para determinar as subs-
a seguinte ordem de estudo: demonstrar e quantificar tâncias alelopáticas realizada por Chon e Kim (2004),
a interferência; isolar, identificar e analisar os alelo- quatro amostras secas foram moídas, colocadas em uma
químicos responsáveis pela interferência; analisar a solução de metanol 80% e agitadas durante 24 h para
toxicidade da substância aleloquímica no ambiente; e então os extratos serem filtrados e levados à secagem em
detectar a liberação dos aleloquímicos no ambiente em um evaporador rotativo a 40 ºC. Posteriormente, foram
torno da planta-alvo. identificados nas análises cromatográficas os seguintes
Para estudar os efeitos alelopáticos, são utilizadas compostos: cumarina, ácido trans-cinâmico, ácido hidro-
várias técnicas experimentais, sobretudo para a extra- xicinâmico, ácido m-cumárico, ácido o-cumárico, ácido
ção desses compostos. Para preparar o extrato, Chon e p-cumárico, ácido salicílico, ácido ferúlico e ácido cafeico.
Kim (2004), aos 60 dias após o cultivo de arroz, aveia, Em outro estudo, Baumeler, Hesse e Werner
cevada e trigo, cortaram as plantas 1 cm acima do solo, (2000) também utilizaram as análises por HPLC
que foram secas em estufa a 60 ºC por cinco dias. Depois para identificar e separar compostos aleloquímicos
de secas, as plantas foram moídas e extraídas em 1 L a partir do extrato coletado de raízes de Aphelandra
de água destilada a 24 ºC durante 24 h, e o extrato cole- tetragana. Os compostos separados foram: (1) 2-/3-D-
tado foi filtrado e centrifugado a 5.000 rpm durante 2 h glucopiranosiloxi-4-hidroxi-l,4-benzoxazin-3-ona, (2)
(Chon; Kim, 2004). 2-/J-D-glucopiranosiloxi.-4-hidroxi-7-metoxi-1,4-benzoxazin--3-
Para aleloquímicos liberados por exsudaç~o radicu- ona, (3) 2,4-dihidroxi-(2H)-1,4-benzoxazin-3(4H)-ona,
lar, como o sorgo, as raízes foram coletadas, colocadas em (4) 2,4-dihidroxi-7-metoxi-(2H)-1,4-benzoxazin-3(4H)-ona,
um frasco com 50 mL de metanol e agitadas durante 1 h (5) 2(3H)-benzoxazolinone, (7) (2R)-2-0-/J-D-glucopira-
a 220 rpm (Gfeller et al., 2018). De maneira semelhante, nosiloxi-4,7-dimetoxi-2H-l,4-benzoxazin-3(4H)-ona,
após esse processo, as amostras foram filtradas e centri- (10) 2-,B-D-glucopiranosiloxi-7-metoxi-1,4- benzoxazin-
fugadas a 5.000 rpm por cinco minutos e o sobrenadante -3-ona, (11) 2-hidroxi-(2H)-1,4-benzoxazin-3(4H)-ona
foi passado por um filtro de acetato de celulose a 0,45 µm e (12) 2-hidroxi-7-metoxi-(2H)-l,4-benzoxazin-3(4H)-
e evaporado até cerca de 0,5 mL (Gfeller et al., 2018). -ona, conforme apresentado na Fig. 2.5.
Após a extração, foi realizada a análise de alguns Tais técnicas analíticas e o fracionamento dos
produtos químicos. Nessa etapa, utilizam-se técnicas de extratos para purificação de substâncias isoladas em
padrão analítico ou por meio de uma biblioteca de dados testes de plantas suscetíveis monocotiledôneas e eudico-
54 PLANTAS DANINHAS

2 germi nação em diferentes concentrações. Entre esses


7 efeitos, a porcentagem de germinação foi reduzida a par-
10
tir do extrato com concentração de 40% e o comprimento
C1I
"O
"'
"O
1 3\ 5
médio da raiz dim inuiu consideravelmente pelo extrato
·;;; ela concentração de 80% (Rickli et al., 2011).
e 12
2:! Os estudos aqui descritos são importantes para
.s 11
descobrir os mecanismos de ação dos aleloquímicos
nas plantas e, assim, elaborar estratégias de controle
das plantas daninhas e diminuir os danos causados n as
10 12 14 16 min
lavouras. Como já reportado, os efeitos dos compostos
FrG. 2.5 Separação de ácidos hidroxâmicos, lactamas e alelopáticos nas plantas são caracterizados por alterações
glicosídeos por HPLC no metabolismo, afetando a permeabilidade da mem-
Fonte: adaptado de Baumeler, Hesse e Werner (2000).
brana, a concentração hormonal e a atividade enzimática
tiledôneas, em espécies como Agrostis stolonifera e Lemna (Sunmonu; Van Staden, 2014; Cheng; Cheng, 2015). Em
aequinoctialis, são utilizados com frequência. Souza Filho muitos desses processos, os aleloquímicos podem atuar
et al. (2009) utilizaram o GC-MS para a identificação dos na degradação celular, por meio da produção e acumu-
constituintes químicos de óleos essenciais da pimenta e lação de espécies reativas de oxigênio (do inglês reactive
para a avaliação da atividade fitotóxica com teste de ger- oxygen species - ROS), resultando em estresse oxidativo
minação de sementes, desenvolvimento da radícula e do (Aumonde et al., 2013).
hipocótilo de Mimosa pudica e Senna obtusifolia. Ao avaliar o estresse oxidativo em sementes e plân-
Em estudo de Anwar et al. (2020), os parâmetros de tulas de Cucumis sativus submetidas ao extrato de folhas
porcentagem de germinação, o comprimento da plúmula de Leucaena leucocephala, houve um atraso na germina-
e o comprimento radicular das espécies Avena {atua, ção das sementes e uma diminuição no comprimento da
Helianthus, Rumex dentatus, Zea mays e Triticum aesti- radícula das plântulas, devido ao estresse oxidativo cau-
vum foram testados para avaliar o potencial herbicida sado pelos aleloquímicos presentes no extrato (Ribeiro
das subst âncias alelopáticas presentes em Carica papaya. et al., 2017). Em outro estudo, o sorgoleone, aleloquí-
Como resultado desse estudo, A. {atua foi a espécie mais mico presente no sorgo, inibiu o crescimento de várias
suscetível aos aleloquímicos de C. papaya, e R. dentatus plantas, agindo sobre o fotossistema II da fotossintese
foi a espécie menos inibida, de acordo com as variáveis (Cheng; Cheng, 2015).
analisadas.
Para determinar os parâmetros toxicológicos de 2.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
compostos aleloquímicos da espécie Guettarda uruguensis, Entre as promissoras aplicações da alelopatia, o gran -
Duarte (2012) estabeleceu, por meio de curvas dose-res- de potencial de produção de novos herbicidas naturais,
posta, a quantidade antioxidante necessária para reduzir que pode diminuir a utilização dos herbicidas sintéticos
50% da concentração inicial (IC50) do radical 2,2-difenil- e tornar o controle de plantas daninhas cada vez mais
-1-picrilhidrazila (DPPH) em amostras de ácido ascórbico, sustentável, representa um ramo importante de pesqui-
rutina, acet ato de etila, extrato bruto, fração hidroalcóo- sa científica. Por outro lado, o desenvolvimento de novas
lica remanescente, diclorometano e hexano. cultivares que, além de produtivas, apresentem potencial
A alface (Lactuca sativa) também é uma espécie alelopático para supressão de plantas daninhas também
muito utilizada como teste, devido à sua sensibilidade possui grande relevância.
a agentes químicos e rápida germinação (Rice, 1984; Apesar do grande valor da alelopatia numa agri-
Souza Filho; Guilhon; Santos, 2010). Em um experi- cultura sustentável, poucos h erbicidas comerciais no
m ento realizado por Rickli et al. (2011) com sementes de mercado são derivados de algum aleloquímico. Uma das
alface em extrato aquoso de folhas de nim (Azadirachta causas desse número reduzido de herbicidas naturais é a
indica), observou-se efeito a lelopático negatívo sobre a dificuldade de um estudo completo do potencial alelopá-
2 1 ALELOPATIA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: MECANISMOS FISIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS 55

tico de determinada espécie, pois, para isso, é necessário Diversos estudos que relatam o efeito dos a leloquí-
demonstrar a interferência e a sintomatologia em um micos em espécies vegetais no Brasil já foram realizados;
ecossistema; isolar, caracterizar, testar e identificar a no entanto, mais pesquisas em relação a esse tema são
substância alelopática; demonstrar o efeito causado pela demandadas, devido à elevada diversidade biológica
substância alelopática; e determinar a forma de libera- do País. Entre as regiões do Brasil, o Sudeste é a que
ção da substância. Além disso, no estudo da alelopatia apresenta o maior número de estudos, mostrando a
é importante levar em consideração a interação entre necessidade de mais pesquisas nas demais regiões, com
as plantas, a quantidade de aleloqufmicos produzidos, o seus diferentes ecossistemas.
solo e as condições ambientais, sendo os bioensaios uma
ferramenta fundamental no estudo desses processos.
3 COMPETIÇÃO E INTERFERÊNCIA
DE PLANTAS DANINHAS
EM CULTURAS
Elisa Maria Gomes da Silva
Adalin Cezar Moraes de Aguiar
Kassio Ferreira Mendes
Antonio Alberto da Silva

Em uma comunidade vegetal, as interações que ocorrem A competição é a forma mais conhecida de interfe-
entre as espécies podem ser positivas, negativas ou neutras. rência direta das plantas daninhas nas culturas agrícolas.
Em áreas agrícolas, normalmente são observados os aspectos Os recursos geralmente passíveis de competição entre
negativos das interações. Dessa forma, a cultura de interesse plantas (Fig. 3.1) são os nutrientes minerais essenciais,
é prejudicada quando em competição com outras espécies, as água, luz e C0 2, além da competição por espaço e a libe-
quais, como consequência, interferem com a redução no cres- ração de substân cias com efeitos alelopáticos (Pitelli,
cimento, desenvolvimento e produtividade dessas culturas. 1987).

F1G. 3.1 Recursos do meio


passíveis de competição entre
plantas daninhas e plantas Planta daninha Planta daninha
Cultura
cultivadas
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 57

A intensidade da competição e a capacidade de inter- aos mais variados tipos de interferentes e limitações ao
ferir das plantas daninhas dependem dos fatores ligados crescimento e desenvolvimento, atributos que favorecem
à comunidade, como as espécies presentes e a densidade sua capacidade competitiva em relação à das culturas nos
na qual se encontram. As espécies cultivadas também ambientes agrícolas (Brighenti; Oliveira, 2011).
influenciam, devido à capacidade competitiva da cultivar O efeito da competição das plantas daninhas nas
e densidade de plantio, além das condições do ambiente. culturas é impulsionado por três variáveis principais.
Essas condições são influenciadas pelo tipo de manejo A primeira variável, e a mais importante, é o tempo de
adotado na condução da cultura, que pode alterar a dis- emergência das plantas daninhas em relação ao cultivo
ponibilidade de recursos (Silva et al., 2007; Pitelli, 2014). de interesse: plantas daninhas que emergem a ntes da
Os efeitos da competição pela interferência das cultura são mais competitivas e resultam em maiores
plantas daninhas podem ser compreendidos por estu- perdas de rendimento. A segunda variável é a densidade
dos capazes de fornecer informações importantes para de plantas daninhas, que apresenta uma estreita relação
auxiliar no manejo das plantas daninhas. Estudos como com a intensidade e a duração da interferência. Por fim, a
o de n ível de dano econômico (NDE) e a determinação terceira variável é em relação às espécies de plantas dani-
dos períodos críticos de interferência auxiliam os agri- nhas predominantes na área, as quais diferem quanto à
cultores na tomada de decisão acerca da necessidade capacidade competitiva com as culturas (Swanton; Nkoa;
de controle e de quando entrar com as medidas de con- Blackshaw, 2015).
trole, visando evitar perdas no rendimento das culturas As plantas daninhas, quando em convivência, quase
(Swanton; Nkoa; Blackshaw, 2015). sempre superam os parâmetros de crescimento das plan-
Baseando-se na importância de conhecer as inte- tas cultivadas. Isso ocorre devido a características que
rações entre culturas e plantas daninhas, destacam-se fazem com que as plantas daninhas se comportem de
neste capítulo a competição por recursos e os fatores que forma superior às culturas, como as descritas a seguir
influenciam no grau de interferência na comunidade de (Silva et al., 2007):
plantas, além da utilização de modelos experimentais a] ciclo de vida semelhante ao da cult ura;
de estudos de competição e interferência entre plantas b] desenvolvimento inicial rápido das raízes e/ou
daninhas e culturas. parte aérea;
c] plasticidade fenotípica e populacional;
3 .1 DEFINIÇÃO DE COMPETIÇÃO d] germinação desuniforme no tempo e no espaço
A presença de recursos naturais como água, luz, nutrien- (presença de dormência);
tes e C02 , em quantidades adequadas, é necessária e] produção e liberação no solo de substâncias ale-
para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Em lopáticas;
condições limitadas desses recursos, pode ocorrer a com- f] produção de um elevado número de propágulos
petição entre plantas da mesma espécie ou de espécies por planta;
diferentes. Nesse sentido, a competição pode ser definida g] capacidade de dispersão de sementes e estrutu-
como uma relação biótica em que diferentes indivíduos ras reprodutivas;
utilizam um mesmo recurso do meio, cuja disponibi- h] adaptação às condições ambientais.
lidade e provimento não são suficientes para atender à
demanda das espécies (Pitelli, 2014). Um dos princípios básicos da competição baseia-se
Nos sist emas agrícolas, a seleção de biótipos mais no fato de que as primeiras plantas que surgem no meio
produt ivos foi acompanh ada de um decréscimo do poten- tendem a dominar as demais. Desse modo, é importante
cial competitivo das cultivares, alterando a capacidade dar condições para que a cultura se es tabeleça antes do
dessas plantas de adquirir recursos quando limita- surgimento da comunidade infestante. Técnicas que pro-
dos, prejudicando seu desenvolvimento. Além disso, as piciam o crescimento e o desenvolvimento da cultura,
plantas daninhas apresentam características que pro- como preparo do solo, época de plantio, profundidade de
porcionam sua sobrevivência em ambientes sujeitos plantio, porcentagem de germinação e vigor das seme ntes ,
58 P LANTAS DANINHAS

espaçamento e densidade de plantas, são essenciais na Certas espécies de plantas daninhas são capazes
redução da habilidade competitiva e potencial de inter- de usar menos água por unidade de matéria seca pro-
ferência d as plantas daninhas com a cultura de interesse. duzida, ou seja, apresentam maior eficiência no uso da
água. Portanto, é de se esperar que as plantas com baixo
3.2 FATORES DO MBIO PASSÍVEIS DE requerimento de água sejam mais produtivas durante
COMPETIÇÃO os períodos limitados de disponibilidade hldrica, em
Em áreas agrícolas, na maioria das vezes, a cultura e as comparação com as plantas com alto requerimento em
plantas daninhas crescem juntas. Como ambas possuem água, portanto, mais competitivas (Silva et al., 2007).
suas demandas por recursos e estes geralmente estão Um estudo realizado com quatro espécies de plantas
disponíveis em quantidades insuficientes, a competição daninhas, capim-marmelada (Urochloa plantaginea),
é estabelecida. Além desse fator, a limitação de espaço na picão-preto (Bidens pilosa), corda-de-viola (Ipomoea
superfície e no solo, promovida pelas plantas daninhas, indivisa) e buva (Conyza bonariensis), mostrou que o capim-
ainda pode afetar o crescimento e o desenvolvimento das -marmelada foi a espécie com maior eficiência no uso
plantas cultivadas. da água (Fig. 3.2A). De modo geral, as plantas daninhas
Os fatores do ambiente que determinam o cresci- com metabolismo C4 , como é o caso do capim-marme-
mento das plantas e influenciam a competição podem lada, apresentam maior eficiência do uso da água quando
ser divididos em recursos e condições (Radosevich; Holt; comparado a plantas C3 • As plantas C4 , além da enzima
Ghersa, 1997). Os recursos são fatores consumíveis, como rubisco, possuem a enzima PEP carboxilase, que auxilia
água, luz, nutrientes e CO2, e as condições são fatores não na fixação do carbono. Dessa forma, essas espécies fixam
diretamente consumíveis, como pH, densidade do solo e mais CO2 por unidade de água perdida, representando
temperatura, que exercem influência sobre a utilização dos uma maior eficiência no uso da água presente no solo.
recursos pelas plantas e, assim, influenciam a competição. Essa característica beneficia as plantas C4, sobretudo, em
A seguir, estão descritos os principais recursos que condições de déficit hídrico, mas não em condições de
são alvo de competição entre plantas daninhas e culturas elevada disponibilidade de água no solo (Fig. 3.2B).
agrícolas. Algumas espécies de plantas daninhas podem ser
mais competitivas em condições de déficit hídrico. A
3.2.1 Competição por água presença de plantas de rnalva-branca (Waltheria indica),
As plantas necessitam de uma grande quantidade de água por exemplo, não afetou o crescimento de plantas de
em muitos processos, como na fotossíntese e na turges- girassol, independente da disponibilidade de água~ em
cência das células. Assim, a redução da disponibilidade contrapartida, o caruru-de-espinho (Amaranthus spino-
desse recurso influencia o desenvolvimento e o transpor- sus) reduziu o crescimento das plantas de girassol em
te de minerais e fotoassimilados na planta, o que pode condições de menor disponibilidade hídrica (Fig. 3.3)
acarretar redução do crescimento e da produtividade. (Soares et al., 2019). Isso demonstra que a competição
Mecanismos como resistência à cavitação (forma- entre plantas depende não apenas da disponibilidade de
ção de bolhas de ar durante o transporte de líquidos), água, mas também de características das espécies de cul-
características fisiológicas para remoção de água no solo, tura e planta daninha que estão em convivência.
regulação estomática e capacidade de as raízes se ajus- A capacidade de extrair água do solo em con dições
tarem osmoticamente (Craine; Dybzinski, 2013; Pitelli, de pouca disponibilidade é uma característica impor-
2014) são desenvolvidos pelas plantas para responder e tante das plantas daninhas. As plantas de picão-preto (B.
se adaptar aos estresses promovidos pelo ambient e no pilosa) foram capazes de extrair água do solo em tensões
qual a disponibilidade de água é reduzida. Essas adapta- três vezes maiores do que as alcançadas pelas culturas
ções podem influenciar a capacidade competitiva t anto de soja e feijão, além de outras plantas daninhas, como
na aquisição da água presente no solo como na capacidade o carrapicho-beiço-de-boi (Desmodium tortuosum) e
de explorar maiores volumes de solo pelo crescimento e leiteiro (Euphorbia heterophylla) (Fig. 3.4). A elevada capa-
desenvolvimento das raízes. cidade de sobrevivência do picão-preto (B. pilosa) com
3 1 (OMPETIÇA.O E INTERFER~NC/A DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 59


......... .•. ..... ..·•·....... •........ .. .•
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20

o IL:.,,.-,---.---...--...--.---r--.---r
20 40 60 80 100 o 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000
Densidade (plantas ha·1) Biomassa de plantas daninhas (Kg ha·1)

F1G. 3.2 (A) Eficiência no uso de água (EUA) de plantas daninhas de capim-marmelada (Urochloa plantaginea) (•),
picão-preto (Bidens pilosa) (o), corda-de-viola (Ipomoea indivisa) (T) e buva (Conyza bonariensis) (~), e (B) uso da água
por plantas daninhas C3 e C4
Fonte: adaptado de Norris (1996) e Thiel et ai. (2018).

70

60 Aa Aa

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ca
'i:40
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0.
~30
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::,
FIG. 3.3 Altura de plantas de girassol em razão dos
~20
regimes de água e competição com malva-branca
10 (Waltheria indica) e caruru-de-espinho (Amaranthus
spinosus). Médias seguidas pela mesma letra
minúscula (entre os arranjos de competição em
Girassol Girassol+ W. indica Girassol+ A. spinosus cada regime de água) e maiúscula (entre os regimes
~ Irrigação de água dentro de cada arranjo de competição) não
diferem entre si comparadas pelo t este de Tukey
D Déficit hídrico Fonte: adaptado de Soares et al. (2019).

pouca água no solo pode estar relacionada a essa espécie daninhas presentes na área, diminuindo os benefícios da
apresentar, no início do desenvolvimento, a aptidão de fertilização (Little et al., 2021).
drenar grande parte de fotoassimilados para a produ- As plantas daninhas, de modo geral, possuem grande
ção de raízes, as quais auxiliam, em fases posteriores de capacidade de extrair do solo os nutrientes essenciais ao
desenvolvimento, na m a ior exploração do solo em busca seu crescimento e desenvolvimento e, em con sequência
de água (Procópio et al., 2002, 2004). disso, exercem elevada competição com as culturas por
esses nutrientes. Fatores como capacidade de exploração
3 .2.2 Competição por nutrientes do sistema radicular, habilidade de absorção de nutrien-
Os nutrientes necessários ao desenvolvimento das tes e eficiência n a sua utilização são essenciais para uma
plantas muitas vezes estão p resentes em quantidades planta daninha em competição (Silva et al., 2007).
escassas no solo, o que torna necessária a adubação. No Essa capacidade de competir por nutrientes do
entanto, essa prática pode favorece r também as plantas solo depende das espécies de plantas daninhas e cul-
60 PLANTAS DANINHAS

turas, além da quantidade e do nutriente disponível. A o caruru-de-mancha reduziu o teor do potássio (K) acu-
presença de plantas daninhas como caruru-de-mancha mulado tanto na raiz como na parte aérea dessas plantas
(Amaranthus viridís), picão-preto (B. pilosa) e corda-de- (Matos et al., 2019).
-viola (Ipomoea grandifolia) com plantas de milho não A presença de plantas daninhas pode afetar o acú-
afetou os teores de nitrogênio (N), fósforo (P) e cálcio (Ca) mulo de nutrientes em plantas perenes, como mudas de
acumulados na parte aérea da cultura, nem o acúmulo no café. A avaliação dos períodos de convivência e do acúmulo
sistema radicular de N e Ca (Fig. 3.5). Em contrapartida, de nutrientes de diferentes plantas daninhas e o cafeeiro
a presença de corda-de-viola (I. grandifolia) reduziu os foi realizada por Ronchi et al. (2003). Esses autores veri-
teores de P acumulado nas raízes de plantas de milho e ficaram que as espécies infestantes, mesmo em baixas

0,40
Desmodium tortuosum
0,35
E. heterophylla (suscetível)
~0,30 Phaseolus vulgaris
"bo E. heterophylla (resistente)
:,.::
IJO 1
O 25
Glycine max
M
ai 0,20 Bidens pilosa
"O
rei
:S 0,15
s
::> 0,10
Y = 0,6152x'°.2365
3 .4 Potencial hídrico no solo cultivado
F1G. 0,05 IR.2 = 0,80
com diferentes espécies vegetais, 0,00 L - - - - - - - , - - - - - - . - - - - - - . - - - - - - r - - - - - - ,
no ponto de murcha permanente O 300 600 900 1200 1500
Fonte: adaptado de Procópio et al. (2004). Potencial (-kPa)

1.5 a
0.9 ab b ab
~1.0 0.6
b
~ 0.5 b
> Parte ~ 0.3 Parte
IJO aérea > aérea
-;-o.o IJO
·s
'~0.5 Raiz i"' º·º Raiz
'~.....""''
o 0.3
a a b b
zb 1.0 0.6
1.5 0.9

0.3 0.3

0.2 0.2
1:i ~
l(l 0.1 Parte ~ 0.1 Parte
> aérea ~ aérea
~o.o ~o.o
...o Raiz b
o
·o Raiz
.E 0.1 a a ab - 0.1
•rei
"'
'º u
µ. 0.2 0.2

0.3 0.3
Zm Zm/Bp Zm/Av Zm/lg Zm Zm/Bp Zm/Av Zm/Ig
Espécies de plantas

Fie. 3.5 Teores de nitrogênio (N), potássio (K), fósforo (P) e cálcio (Ca) na matéria seca da parte aérea e raiz de milho
(Zea mays) em associação milho (Zm), picão-preto (Bidens pilosa) (Bp), caruru (Amaranthus viridis) (Av) e corda-de-
-viola (Ipomoea grandifolia) (Ig) cultivados até 60 dias em monocultura ou competição interespecífica. Letras diferentes
indicam diferenças entre o nível de nutrientes nas associações com base no teste de Tukey
Fonte: adaptado de Matos et al. (2019).
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 61

densidades, acarretaram decréscimos no conteúdo rela- O efeito direto da quantidade de luz que incide
tivo de nutrientes nas plantas de café. Espécies como a nas plantas influencia a fotossíntese e a ontogênese,
trapoeraba (Commelina diffusa) causaram a maior redução caracterizando tal recurso como um dos fatores mais
no conteúdo relativo de nutrientes nas plantas de café, e a importantes para o crescimento das plantas. No entanto,
guanxuma (Sida rhombifolia) provocou menor capacidade os efeitos da luz não estão relacionados apenas à mag-
de reduzir o acúmulo de nutrientes no cafeeiro (Tab. 3.1). nitude do fluxo de fótons que atinge as plantas, mas
Os autores também afirmaram que o grau de interferência também à qualidade, direção e duração da irradiân-
por nutrientes variou consideravelmente com as espécies cia (Smith, 2000; Jiao; Lau; Deng, 2007; Merotto Jr.;
e com a densidade das plantas daninhas. Fischer; Vidal, 2009).
Em relação às vias fotossintéticas, as plantas C4 são
Competição por luz consideradas mais eficientes em condições de densidade
A luz é um recurso con stante, mas passível de competição de fluxo de fótons relativamente alta, temperatura e dis-
quando sua disponibilidade é reduzida pelo sombrea- ponibilidade limitada de água, ou seja, em ambientes
mento que as plantas podem realizar umas sobre as tropicais e, sobretudo, subtropicais. Por outro lado, as
outras dentro de uma comunidade. Por isso, a velocidade plantas que possuem apenas a via C3 são mais favorecidas
e a intensidade de interceptação da radiação solar pelas em condições relativamente temperadas, com tempera-
plantas são fatores determinantes na capacidade de com- tura e densidade de fluxo de fótons mais baixas, e um
petição (Pitelli, 2014). suprimento de água menos limitado (Fig. 3.6). Em condi-

Tab. 3.1 Conteúdo relativo de macro e micronutrientes (% do tratamento controle sem competição) na parte
aérea de plantas de café cultivadas em vasos, sob a interferência de diferentes espécies de plantas
daninhas

Mª-crg1r~ micro_nutríente~ (~ _I
Planta daninha
~
~ -·
i]?T€* N -_Jp K Ç_a Mg s eu Zn B Mn Fe Na j
-
Picão-preto (Bidens pi/osa) 77 59 72 67 67 74 97 106 66 76 59 54 69
Trapoeraba (Commelina diffusa) 180 30 42 37 45 48 69 69 37 54 19 41 35
Rubim (Leonurus sibiricus) 82 35 33 38 36 40 41 66 37 41 30 57 39
Joá-de-capote (Nicandra physaloides) 68 37 62 68 72 76 86 114 69 101 50 107 68
Poaia-branca (Richardia brasiliensis) 148 49 61 57 53 50 67 43 51 63 57 61 59
Guaxuma (Sida rhombifolia) 133 97 83 105 90 88 98 93 77 ·138 102 80 106
*Período total de convivência da planta daninha com a muda de café no vaso.
Fonte: adaptado de Ronchi et al. (2003).

® c4

"'u
'Jj
•Q)
..... e.
.s
(/) Vantagem
FtG. 3.6 Taxas esperadas
(/)
o
.....
-E de fotossíntese por plantas
CJ
"' C3 e C4 em relação à (A)
~ temperatura variável e
(B) densidade de fluxo
de fótons fotossintéticos
variáveis
5 15 25 35 45 Baixo Alto Fonte: adaptado de Cobb e
Temperatura (ºC) Densidade de fluxo de fótons Reade (2010).
62 PLANTAS DANINHAS

ções de interação entre a cultura e as plantas daninhas, tico (AOA). O AOA é convertido em maiato ou aspartato,
as condições climáticas são importantes para prever uma dependendo da espécie vegetal, os quais, em seguida,
competição baixa ou severa (Cobb; Reade, 2010). por difusão, são t ransportados para as células da bainha
A magnitude da competição por luz pode ser influen- vascular das folhas, onde são descarboxílados, liberando
ciada pelas espécies em competição, principalmente pela no meio o C02 e o ácido pirúvico. Esse C02 liberado
rota fotossintética dessas espécies, se são C3 , C4, ou pelo é novamente fixado, agora pela enzima ribulose-1,5-
mecanismo ácido das crassuláceas (CAM). As plantas de -bifosfato carboxilase/oxigenase, ocorrendo o ciclo de
rotas fotossintéticas do tipo C3 apresentam apenas o ciclo Calvin; o ácido pirúvico, por difusão, retorna às células
de Calvin, responsável pela fixação do C02, de modo que do mesófilo, onde é fosforilado, consumindo duas ATPs
o primeiro produto estável da fotossíntese é um composto (adenosina trifosfato), regenerando a enzima PEP carbo-
de três carbonos (ácido 3-fosfoglicérico). A enzima respon- xilase e recomeçando o ciclo.
sável pela carboxilação primária do C02 proveniente do ar Nesse sentido, as plantas C4 são, na maioria das
é a ribulose-1-5-bifosfato carboxilase/oxigenase (rubisco), vezes, mais eficientes na fixação do C02 que as plantas
a qual realiza atividades de carboxilase e oxigenase. Essa C3 . No entanto, as plantas C4 , por apresentarem dois
enzima apresenta baixa afinidade pelo C02 e catalisa a sistemas carboxilativos, requerem maior energia para a
produção do ácido 3-fosfoglicérico e também do glicolato, produção dos fotoassimilados, pois precisam recuperar
substrato inicial da respiração. Em consequência da ação duas enzimas para a realização da fotossíntese. Como
dessa enzima, as plantas C3 fotorrespiram intensamente e toda essa energia é proveniente da luz, em condições
possuem baixa afinidade pelo C02 , elevado ponto de com- de baixa luminosidade, essas plantas passam a perder a
pensação para o C02 , baixo ponto de saturação luminosa, competição com as plantas C3 (Fig. 3 .7).
baixa eficiência no uso da água e menor t axa de produção Apesar disso, a enzima PEP carboxilase, responsá-
de biomassa, quando comparadas com plantas de metabo- vel pela carboxilação primária nas plantas C4 , apresenta
lismo do tipo C4 (Quadro 3.1). algumas características favoráveis, como alta afinidade
As plantas ½ possuem duas enzimas responsá- pelo C02, atuação espeáfica como carboxilase, atividade
veis pela fixação do C02• Essas plantas não apresentam ótima em temperaturas mais elevadas, e sem saturação
fotorrespiração detectável, logo, não desassimilam o em alt a intensidade luminosa. Em função dessas e outras
C02 fixado. A enzima primária de carboxilação é a PEP características (Quadro 3.1), as espécies C4 tendem a ser
carboxilase, localizada nas células do mesófilo foliar, a superiores em competição com as plantas C3 , quando se
qual carboxiliza o C02, absorvido do ar via estômatos, desenvolvem em condições de temperaturas elevadas, alta
no ácido fosfoenolpirúvico, formando o ácido oxaloacé- luminosidade e até mesmo déficit hídrico temporário.

Quadro 3.1 Característ icas diferenciais entre plantas com rot as fotossintéticas C3 e C4

Característica Fotossíntese C3 Fotossíntese C4


Presente: 25% a 30% da
Fotorrespiração Presente: não mensurável
fotossíntese
Ponto de compensação de C0 2 Alto: 50-150 ppm de C02 Baixo: 0,0 a 10 ppm de C02
Enzima primária carboxilativa RuDP-carboxilase PEP carboxilase
Efeito do oxigênio Inibição Sem efeito
Relação C02:ATP:NADPH 1:3:2 1:5:2
Saturação com 1/3 de Não satura com aumento da
Fotossíntese x intensidade luminosa luminosidade
lumi nosidade máxima
Temperatura ótima para a fotossíntese Próxima de 25 ºC Próxima de 35 ºC
Taxa de fotossíntese líquida 15-35 mg <;ü_
2 dm-2 1
h- 40-80 mg C02 dm-2 h-1
Coeficiente transpiratório 450-1.000 g H20/g biomassa seca 150-350 g H2 0 /g biomassa seca
Fonte: adaptado de Ferri (1985) e Silva et ai. (2007).
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFERtNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 63

cana-de-açúcar, feijão, mandioca) é cultivada nos meses


í," 60 Planta e,
N
do ano que coincidem com os períodos de elevada inten-
i: sidade luminosa e temperatura, as plantas daninhas C4
õ 50
E: tendem a exercer maior competição com as culturas.
2,
Atualmente no Brasil, as plantas daninhas problemá-
040
u
CIJ ticas, como buva, capim-amargoso (Digitaria insularis),
"O
~ 30 capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-arroz
·3 (Echinochloa spp.), carurus (Amaranthus spp.) e tiriricas
g Planta C3 não eficiente
,:ilU' 20
"'
110
• (Cyperus spp.), apresentam em sua maioria a rota fotos-
sintética C4 (Quadro 3.2).
Devido à importância da luz no seu desenvolvi-
UI
"'CIJ '
Ponto de corripensação de luz
mento, as plantas, para tentar evitar a competição por
"O
'"' o -- --- --- --- ----;----- -- ---r- luz, desenvolveram sistemas complexos de aquisição
~ '
de informações que lhes permitem ajustar seu fenótipo
10 .___ _ _ _ _ _ _ __.__ _ _ _ _;__
o 20 40 60 80 em razão dos sinais de luz, que indicam a competição
100
Irradiação (% luz solar total) presente ou futura com plantas vizinhas, para acesso
à radiação solar (Ballaré, 2009). Essas informações são
F1G. 3.7 Curvas de saturação de luz idealizadas de plantas
C3 e C4 . O ponto de compensação de luz (cruzamento com coletadas e processadas por vários fotorreceptores, como
a linha pontilhada), a eficiência fotossintética (declive os fitocromos, criptocromos e fototropinas. A absorção
em condições de limitação de luz) e o ponto de saturação diferencial pela clorofila reduz a luz vermelha (R) em
de luz (setas pontilhadas) são maiores para plantas
C3 eficientes em comparação com as plantas C3 não relação à radiação vermelha distante (FR), e essa redução
eficientes. Plantas C4 muitas vezes não alcançam o ponto fornece informações sobre a proximida de de plantas vizi-
de compensação à plena luz do sol nhas. A razão R:FR entre 1 e 1,2 é indicativa de luz solar
Fonte: Koyro et al. (2014).
direta, enquanto valores mais baixos indicam algum

Como a maioria das cultur as agr ícolas das regiões grau de sombreamento ou a proximidade de competido-

tropicais e subtropicais (algodão, soja, milho, arroz, res potenciais (Fig. 3.8) (Gundel et ai., 2014).

Quadro 3.2 V ia fotossintética de diferentes espécies de plantas daninhas de


importância econômica no Brasil
Via
Nome científico Nome popular
fotossi ntética
Alternanthera tenel/a Apaga-fogo C3
Chenop_odium a/bum Ançarinha-branca C3
Bidens pilosa Picão-preto C3
Conyza bonariensis Buva C3
Galinsoga parviflora Picão- branco C3
Sonchus o/eraceus Serralha (3
Xanthium strumarium Carrapichão C3
Raphanus sativus Nabo (3
lpomoea purpurea Corda-de-viola C3
Euphorbia heterophylla Leiteiro C3
Senna obtusifolia Fedegoso C3
Sida rhombifolia Guanxu ma C3
Richardia brasiliensis Poaia-branca C3
Solanum americanum Maria-pretinha C3
64 PLANTAS DANINHAS

Quadro 3.2 (continuação)


V ia
Nome cientifico Nome popular fotossintética
Spermacoce verticillata Vasso urinha- de-botão (3
Commellna benghalensls Trapoeraba C3
Amaranthus retroflexus Caruru-gigante (4
Cyperus rotundus Tlrlrlca (4
Cenchrus echinatus Capim-carrapicho (4
Chloris gayana Capim- de-rhodes C4
Cynodon dactylon Grama-seda C4
Digitaria horizonta/ís Capim- colchão C4
Digitaria insularis Capim-a margoso C4
Echinochloa crus-galli Capim-arroz (4
Eleusine indica Capim - pé-de-galinha C4
Lolium multif/orum Azevém C4
Rottboellia cochinchinensis Capim-camalote (4
Sorghum halepense Capim-massambará C4
Urochloa plantaginea Capim- marmelada (4
Portulaca o/eracea Beldroega C4

Razões R:FR

Síndrome de evitar a sombra:

• Aumento da altura da planta


• Redução de ramificação
► • Evitação fototrópica
• Aumento da proporção Parte aérea/raiz

FIG. 3.8 Resp ostas da síndrome de evitação de sombra desencadeadas pela razão vermelho/vermelho distan te (R:FR),
e representação esquemática dos efeitos dos sinais informativos percebidos p elo fi.tocromo n o escape da sombra
Fonte: ad aptado de Gundel et al. (2014).

As plantas realizam alguns ajustes no seu cres- podendo interferir no acúmulo de biomassa e na produ-
cimento para evitar a competição por luz, como ção de grãos.
alongamento do caule, au mento da altura e área foliar, Em um estudo da interação entre milho e caruru-
redução da espessura foliar, reorientação das folhas, -gigante (Amaranthus retroff.exus), Liu et ai. (2009) cul-
mudanças na concentração de clorofila, senescência, tivaram plantas de milho de forma isolada e conjunta,
redução das ramificações e floração acelerada. É impor- mas fo rneceram água, luz e nutrientes suficientes para
tante ressaltar que essas modificações, na maioria dos ambas as espécies, com intuito de impedir a competição.
casos, custam um elevado gasto de energia à planta, As plantas de milho em convivência com caruru-gigante,
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 65

mesmo com disponibilidade de recursos, apresentaram plantas daninhas podem ser classificadas de acordo com
redução da matéria seca, quando comparado ao mono- suas rotas fotossintéticas, C3 ou C4 • Essa diferenciação
cultivo. Essa redução sem a competição pode, então, entre as espécies pode alterar a eficiência na captura de
estar relacionada a um gasto energHico das plantas com CO2 proveniente do ar, e tal característica pode interferir
0 objetivo de promover um escape das plantas vizinhas, na habilidade competitiva entre as culturas e a comuni-
para evitar um futuro sombreamento (Fig. 3.9) (Liu dade infestante quando em convivência, principa lmente
et ai., 2009). pela elevação da produção de biomassa.
A quantidade atual de CO2 na atmosfera é baixa
3.2.4 Competição por CO2 para saturar a enzima rubisco, que conduz a fotossín-
Atualmente, a concentração m édia global de CO2 atmos- tese em plantas C3 . Em contraste, as plantas do tipo C4
férico é de 415,13 ppm e está em constante aumento tendem a responder menos aos níveis elevados de CO2,
(ESRL, s.d.). Como já discutido, tanto as culturas como as pois possuem um mecanismo de concentração inato
capaz de aumentar o nível de CO2 no local de atuação
da rubisco para 2.000 ppm (Fig. 3.10) (Korres et al.,
2016). Portanto, a possibilidade de aumentos futuros
nas concentrações de CO2 atmosférico provavelmente
favorecerá as espécies tanto de plantas daninhas como
de culturas C3 •
Algumas das espécies de plantas daninhas mais
problemáticas do mundo são do tipo C4 e são encontra-
das principalmente em culturas C3 • Um exemplo disso é
o capim-arroz competindo com arroz cultivado: nesses
casos, pode ocorrer uma resposta positiva da cultura C3
ao aumento do CO2 , o que pode tornar a planta daninha
menos competitiva. No Quadro 3.3, estão descritas algu-
mas associações de plantas de metabolismo C3 e c.;, e
■ Livre de planta daninha suas respostas competitivas em condições de incremento

D Com planta daninha de CO2 atmosférico.

4 6 8 10 12 14 16
Folhas de milho

Fie;. 3.9 (A) Milho no estágio de ponta de três folhas


crescendo no balde cercado por caruru-gigante
(Amaranthus retroflexus) em potes (o tubo central
de abastecimento de solução nutritiva do milho foi
O Concentração de co2 no ambiente (µbars) tOOO
removido para fins fotográficos), e (B) matéria seca
da parte aérea das plantas de milho amostradas na
ausência e em convivência com o caruru-gigante Fie;. 3.10 Resposta da assimilação de CO2 , em plantas
(Amaranthus retroflexus) em diferentes tempos C3 x plantas C4 , aos aumentos na concentração de CO2
Fonte: adaptado de Liu et al. (2009). Ponte: adaptado de Korres et al. (2016).
66 PLANTAS DANINHAS

Quadro 3.3 Competição entre culturas e plantas daninhas em função da alta concentração de C02 atmosférico

Planta daninha e cultura Espécies favorecidas Ambiente

Planta daninha C4 x cultura C3


Sorghum halepense x festuca Cultura Estufa
• Sorghum halepense x soja Cultura Câmara de crescimento
Amaranthus retroflexus x soja Cultura Campo
Echinochloa glabrescens x arroz Cultura Estufa
Paspalum dilatatum x gramíneas Cultura Câmara de crescimento
Gramíneas x alfafa Cultura Campo
Planta daninha C3 x cultura C3
Chenopodium a/bum x beterraba Cultura Câmara de crescimento
Taraxacum officinale x alfafa Planta daninha Campo
Plantago lanceolata x pastagem Planta daninha Câmara de crescimento
Taraxacum e P/antago x pastagem Planta dal')inha Ca~po
Cirsium arvense x soja Planta daninha Campo
Chenopodiu,m a/bum x soja Planta daninha Campo
Planta daninha C4 x cultura C4
Amaranthus retroflexus x sorgo Planta daninha Campo
Planta daninha C3 x cultura C4
Xanthium strumarium x sorgo Planta daninha Estufa
• Abutllon theophrasti x sorgo Planta daninha Camp·o
Fonte: adaptado de Brunce e Ziska (2000) e Korres et aL (2016).

Assim, o aumento da concentração de C02 atmos- forma, o grau de interferência das plantas daninhas em
férico pode influenciar as interações que ocorrem entre cultivos agrícolas depende de três fatores principais: a
as culturas e as plantas daninhas. Culturas antes mais comunidade infestante, a cultura e o ambiente em que
competitivas podem apresentar maior suscetibilidade est ão presentes. Além desses, o período de convivência,
com essa alteração de C02 e, com isso, maior necessidade ou seja, a época em que ~ plantas daninhas emergem em
de monitoramento e controle das plantas daninhas pre- relação à cultura e também o período de tempo que elas
sentes, enquanto em outras cultivares essa necessidade convivem, é capaz de influenciar a intensidade da inter-
pode ser reduzida. ferência das plantas daninhas nos cultivos de interesse.

3.3 DEFINIÇÃO DE INTERFERÊNCIA 3.4 FATORES QUE AFETAM A


A interferência pode ser definida como o efeito adverso INTERFERÊNCIA ENTRE
que uma planta pode desempenhar sobre o crescimento PLANTAS DANINHAS E
e desenvolvimento de outras plantas próximas. No caso CULTURAS
de plantas daninhas, essa interferência ocorre quando a Os principais fatores envolvendo a comunidade infestante
presença dessas espécies junto à cultura afeta de alguma é(são) a(s) espécie(s) de planta presente(s) na área, a den-
forma os interesses humanos (Hijano et al., 2021). sidade e sua distribuição. Já os fatores ligados à cultura
Outra questão importante é o grau de interferência, seguem os mesmos princípios dos das plantas daninhas:
que é a intensidade dos efeitos provocados pelas plantas a cultivar utilizada, a densidade de plantas e também o
daninhas, o qual vai ser influenciado pela comunidade espaçamento. Em relação ao ambiente, as características
infestante, pelas características relacionadas à cultura e do solo, o clima e o manejo adotado influenciam o grau
pela época e extensão do período de convivência. Dessa de interferência das plantas daninhas nas culturas, pois
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 67

algumas espécies podem apresentar maior adaptabi lida- diferentes aptidões agrícolas, corno para a produção de
de às condições do meio. Por fim, como já mencionado, grãos, biomassa e qualidade do produto final. Essas adap-
destaca-se o período de convivência: a época em que tações, promovidas pelo melhoramento genético, podem
as plantas daninhas emergem em relação à cultura e o alterar a capacidade competitiva dessas cultivares quando
tempo em que elas ficam em convivência vão influir em em convivência com as plantas daninhas (Fig. 3.12).
uma maior ou menor interferência (Fig. 3.11) (Silva et al., O arroz é uma cultura com constantes modificações
2007; Pitelli, 2014). provocadas pelo melhoramento. Sharma et aL (2013)
idealizaram um conceito de um novo tipo de planta
Fatores ligados à cultura para aumentar ainda mais o potencial de rendimento do
As espécies cultivadas variam em sua capacidade de com- arroz, e as modificações incluíram redução do número de
petir e suportar a interferência imposta pelas plantas perfilhos, aumento do número de grãos por panícula e
daninhas. Dentro de uma mesma cultura, o mercado agrí- aumento da rigidez do caule. No entanto, muitas modifi-
cola dispõe de inúmeras cultivares com adaptações para cações, como redução de porte, perfilhamento e aumento
de estruturas reprodutivas, reduziram a capacidade
competitiva dessas cultivares com as plantas daninhas,
resultando em maior interferência.
Algumas características de cultivares auxiliam na
capacidade das culturas em competir com as plantas dani-
nhas, como a rápida germinação e emergência, a altura
da planta, a acumulação rápida de biomassa e a cobertura
do solo. As características da folha, como o elevado índice
de área foliar, o comprimento e o ângulo das folhas, e de
estrutura do dossel, como a elevada capaádade de inter-
ceptar luz, a emissão de ramos laterais e a capaádade de
perfilhamento, também são fatores relevantes.
Estudos de habilidade competitiva são eficientes
para demonstrar a capacidade de algumas cultivares
em suportar a interferência das plantas daninhas. Em
Ambiente estudos de habilidade competitiva de cultivares de
canola (Brassica napus var. Oleifera) com nabo (Raphanus

Gbccli~.J ~ sativus), Durigon et al. (2019) observaram que o nabo


apresenta maior capacidade competitiva do que a canola
F1G. 3.11 Fatores que afetam o grau de interferência e, além disso, que a cultivar de canola Hyola 571CL teve
entre plantas daninhas e plantas cultivadas o acúmulo de matéria seca menos afetada na presença do
Fonte: adaptado de Pitelli (1985).

~
F1G. 3.12 Mudanças de ideótipo
sugeridas para melhoria contínua
da produtividade do arroz: (A) tipo
de planta tradicional, (B) tipo de
planta semianã (variedades atua.is)
e (C) novo tipo de planta
Fonte: adaptado de Sharma et al.
(2013).
68 PLANTAS DANINHAS

nabo do que a cultivar de canola Hyola SSSTT. Tal fato melhor interceptação de luz, resultando em um desenvol-
mostra que a escolha de cultivares com maior capacidade vimento eficiente da área foliar e no fechamento precoce
de suportar competição com plantas daninhas evita per- do dossel, o que modifica os padrões de emergência e
das de rendimento (Fig. 3.13). crescimento das plantas daninhas, reduzindo sua compe-
Outro fator que influencia o grau de interferência é titividade (Knezevic; Horak; Vanderlip, 1999).
o arranjo das plantas, que é alterado em função do espa- Ao avaliar o efeito do espaçamento entre fileiras e
çamento entre linhas na semeadura e da densidade de da época de controle de plantas daninhas em algodão,
plantas por área. Culturas com arranjo adequado das plan- Tursun et al. (2016) observaram um aumento da produ-
tas tendem a crescer e cobrir o solo em um menor período ção de matéria seca das plantas daninhas com o aumento
de tempo, além de evitar a competição interespedfica. do espaçamento entrelinhas do algodão (50 cm, 70 cm e
Culturas cultivadas em linhas estreitas podem apresentar 90 cm), mostrado na Fig. 3.14. Esse maior espaçamento

1,4
1,2 Hyola 571CL 1,2
1,4 Hyola 555TI
1,2 1,2
~ 1,0 1,0
·o
ro 1,0
] 0,8 0,8 ,
, ,,
(1.1 0,8
"CI
.{g 0,6 0,6
·s
·o
0,6
iJ 0,4 0,4 0,4
e -'
e.. 0,2 0,2 0,2 0,2
----
0,0----------------=-o 0't-=---------------!l!==~:e o
100:0 75:25 50:50 25:75 0:100 100:0 75:25 50:50 25:75 0:100
Proporção de plantas de canola:nabo (%) Proporção de plantas de canola:nabo (%)

FIG. 3.13 Produtividade relativa de plantas de canola do híbrido Hyola 571CL e Hyola SSSTT (•) e nabo (o), e
produtividade relativa total (T) da matéria seca da parte aérea, de acordo com as proporções entre as espécies
Fonte: adaptado de Durigon et al. (2019).

2,0 2,0
2012 2013
-o-SOcm -o-50cm
--A-· 70 cm ••1:,.•• 70 cm

•·+-· 90 cm ·-+-- 90 cm

1,5 1,5 .......+


....•·.•·····.+ ....•·
~

sbO •••• -----·A


e
ro
~ 1,0
U)

ro
·i::
....nl
•QJ

Fie. 3.14 Matéria seca de plantas 0,5 0,5


daninhas (kg m-2) em resposta
ao aumento da duração da
interferência de plantas daninhas
em três espaçamentos de linha
0,0
(50 cm, 70 cm e 90 cm) de algodão,
nos anos de 2012 e 2013
º·º
O soo 1000 1500 2000 O 500 1000 1500 2000
Fonte: adaptado de Tursun
et ai. (2016). Crescimento em graus/dias Crescimento em graus/dias
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 69

das fileiras faz com que a cultura demore mais para fechar Hijano et al., 2021). Tais característ icas de crescimento,
o dossel, o que propicia mais luz chegando de forma mais aliadas ao porte das plantas e a capacidade de cobrir o
intensa ao solo. A maior qua ntidade de luz, por sua vez, solo, contribuem para a capacidade competitiva e o grau
possibilit a a emergência das plantas daninhas fotoblás- de interferência das comunidades infestan tes.
ticas positivas e favorece o crescimen to e o acúmulo de A comunidade e a densidade das plantas daninhas
biomassa das plantas, contribuindo para a competição t ambém são fatores impor tantes para a interferência e
das plantas com a cultura. a perda de rendimento das culturas. Adeux et al. (2019),
ao avaliar a perda de rendimento de t rigo em convivência
3.4.2 Fatores ligados à comunidade com seis comunidades distintas de plantas, observaram
infestante que as perdas variaram de 3% a 56%, e a densidade de
Existe uma disputa constante entre as plantas daninhas plantas daninhas e a composição da comunidade in fes-
e as plantas cultivadas por recursos do meio, e a intensi- tante foram determinantes no aumento das p erdas de
dade dessa competição também depende da composição rendimento da cultura, como mostrado na Fig. 3.15.
da comunidade infestante presente na área. Fatores como Plantas do mesmo gênero podem variar quanto ao
espécies , densidade e distribuição influenciam a capaci- grau de interferência. Bensch, Horak e Peterson (2003),
dade dessas plantas de interferir na cultura de interesse, estudando a interferência de espécies de A maranthus em
ou seja, o grau de interferência. soja, observaram que o caruru-palmeri (Amaranthus pal-
Características que variam entre as espécies, como meri), seguido do caruru-comum (Amaranthus rudis) e do
a capacidade de produção de propágulos, a velocidade caruru-gigante (Amaranthus retroflexus), apresenta maior
de emergência e crescimento inicial, a eficiência do uso capacidade de reduzir o rendimento da soja. Os resulta-
de recursos, o metabolismo fotossintético e também a dos de produtividade, detalhados na Fig. 3.16, mostraram
plasticidade fenotípica de responder às condições adver- a estimativa de perda máxima de rendimento de 86,9%,
sas do meio, influem na velocidade de crescimento das 44,9% e 62,8% da soja quando em convivência com o A .
plantas daninhas em relação às culturas (Pitelli, 2014; palmeri, A. rudis e A. retrofiexus, respectivamente.

® ®
ti' 100
s 400 Espécies
"'
"'i::: 350
..... D Outras
"' ~ªº

Cyanus segetum é
S 300 e
"'"' o
~ Veronica persica .....

1
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~ Geranium dissectum ...Qj
@ 150 ~40
~
b bc Viola arvensis
p.
Qj ab 'E"'Qj

"O 100 Venonica hederifolia o..
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20

"O
"' 50 Galium aparine
e ~ ...
"O
·.;;
i:::
Qj o (@A Alopecurus myosuroide
Q o
Cl C2 C3 C4 C5 C6 Cl C2 C3 C4 cs C6
Comunidade de plantas daninhas Comunidade de plantas daninhas

Fie. 3.15 (A) Densidade e composição média das comunidades de plant as daninhas d.istintas observadas (denotadas
Cl a C6). Letras iguais não apresen tam dife renças significativas em termos de densidade total de plantas daninhas
pelo teste dos mínimos quadrados a p < 0,05. (B) Perda de rendimento de trigo (Triticum aestivum) em convivência com
as comunidades de plant as
Fonte: adaptado de Adeux et al. (2019).
70 PLANTAS DANINHAS

100
•- o - • Amaranthus palmeri (1=35,0 e A=86,9)
..... 6 ..... Amaranthus rudis (1=20,1 e A=44,9)

--- - - -
-O-- Amaranthus retroflexus (1=18,0 e A=62,8)
D
.....
o ..........
,,,,
........... .............
□,.-
1 ... •···· .. •· .. •··1s··········· ·············
I

FIG. 3.16 Perda de rendimento o


(%) estimada da soja, afetada pela
densidade de plantas daninhas de
caruru-palmeri (Amaranthus palmeri),
caruru-comum (Amaranthus rudis) e
caruru-gigante (Amaranthus retrofiexus)
Fonte: adaptado de Bensch, Horak e o 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Peterson (2003). Densidade de caruru (plantas m· na linha) 1

3.4.3 Fatores ligados ao ambiente a galinsoga-peluda (Galinsoga ciliata), buva, bolsa-de-pas-


Os fatores ligados ao ambiente, como clima, solo e mane- tor (Capsella bursa-pastoris) e o agrião-do-campo (Thlaspi
jo, influem na emergência e no crescimento das culturas arvense), dificultam a adoção de estratégias de controle,

e plantas daninhas presentes no meio. Essa influên- pois possivelmente precisarão de métodos que permitam
cia pode favorecer ou desfavorecer uma ou ambas as evitar a competição por um maior período de tempo.
Os manejos ou práticas culturais adotados também
espécies, alterando o grau de interferência entre elas.
podem influenciar o grau de interferência (Pitelli, 2014).
Assim, as alterações climáticas e edáficas determinam
Ao avaliar o efeito do sistema de cultivo convencional
as mudanças no equilíbrio da comunidade, influencian-
(SPC) e direto (SPD), Cunha et al. (2015) observaram
do o balanço competitivo. As plantas daninhas possuem
que, na cultura do pimentão, o SPD reduziu a densidade e
vários mecanismos que conferem dormência e, com
o acúmulo de matéria seca das plantas daninhas quando
isso, a emergência das plantas é responsiva às condi-
comparado ao SPC. A presença da palha do SPD, quando
ções ambientais, como temperatura, umidade e luz. Esse
bem manejada, proporciona uma barreira física que
fluxo de emergência, diferente para cada espécie, é deter-
impede a passagem de luz, reduzindo a germinação das
minante para o grau de interferência, pois influencia a
sementes das plantas daninhas fotoblásticas positivas e
densidade de plantas e a sua época de emergência em
impedindo o crescimento de espécies que não conseguem
relação à cultura (Fig. 3.17) (Mortensen et al., 2017).
transpor a cob ertura morta.
A ép oca de emergência das espécies de plantas
daninhas é determinante para o controle delas. Muitas
3.4.4 Período de convivência
plantas daninhas apresentam apenas um fluxo de emer- Como já mencionado, dois fatores importantes que alte-
gência durante o ano, por exemplo, em condição de clima ram o grau de interferência entre plantas daninhas e
temperado como a ambrosia (Ambrosia artemisiifolia), a culturas são o período de t empo em que as plantas dani-
planta daninha inteligente da Pensilvânia (Polygonum nhas permanecem em convivência com a cultura e a sua
pensylvanicum), o caruru-gigante e o capim-rabo-de-ra- época de emergência em relação à emergência das cul-
posa (Setaria spp.) (Fig. 3.17). No caso dessas plantas, a turas. As plantas daninhas com emergência antecipada
introdução do controle de forma estratégica auxilia no apresentam ma ior crescimento, por adquirirem vanta-
manejo, evitando a reinfestação no restante do ano. gem ao acesso de recursos do meio, e, com isso, são mais
Em contrapartida, plantas que apresentam um competitivas (Agostinetto et al., 2004).
periodo maior de emergência, variando ao longo das O estabelecimento da cultura antes do aparecimento
estações, como a ançarinha-branca (Chenopodium album), das plantas daninhas é importante para a superação da
3 i C OMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DAN INHAS EM CULTURAS 71

Primavera Verão Outono Inverno


Planta daninha F M N D

Ambrosia
Ambrosia artemisiifolia

Ançarinha-branca
Chenopodium album

Planta daninha inteligente


da Pensilvânia
Polygonum pensyluanicum

Galinsoga peluda
Galinsoga ciliata

Caruru-gigante
Amaranthus retro.flexus

Capim-rabo-de-raposa
Setaria sp.

Buva
Conyza bonariensis

F1G. 3.17 Proporção de

Bolsa-de-pastor sementes de plantas daninhas


Capsella bursa-pastoris germinando ao longo do ano no
centro da Pensilvânia. As letras
representam os meses, e a maior
Agrião-do-campo largura da barra representa maior
Thlaspi aroense germinação
Fonte: Mortensen et al. (2017).

competição, pois reduz o grau de interferência das plan- PCPI, devem-se determinar o período anterior à interfe-
tas daninh as. A emergência do milho voluntário junto rência (PAI), que é o período em que as plantas daninhas
com a cultura do feijão, por exemplo, foi mais competi- podem permanecer em convivência com a cultura sem
tiva quando comparada ao milho que emergiu sete dias que os níveis aceitáveis de rendimento sejam atingidos;
após o feijão. As perdas por unidade de planta de milho e o período total de prevenção à interferência (PTPI),
voluntário reduziram de 27,1% para 11,1% quando as que é o período após a emergência, em que a cultura
plantas emergiram sete dias após o feijão (Fig. 3.18) deve desenvolver sem competição, a fim de que sua p ro-
(Silva et al., 2019). dutividade não seja alterada significativamente; depois
O efeito dos períodos de convivência é bem repre- desse período, as plantas daninhas que emergirem não
sentado em estudos de período crítico de prevenção à são capazes de causar prejuízos à cultura. Esses estudos
interferência (PCPI), os quais realçam o período em que mostram que, quanto mais as plantas daninhas convi-
as culturas necessitam permanecer exclusivamente na vem com a cultura, maiores são as p erdas de rendime nto.
ausência das plantas daninhas, para que não ocorram Além disso, os estudos do PTPI evidenciam que as plan-
perdas de rendimento; durante esse período, deve ser tas danin h as podem conviver com as cult1,1ras desde que
realizado o controle de plantas daninhas. Para definir o não estejam presentes em momentos críticos e, princi-
72 PLANTAS DANINHAS

70 uma densidade razoavelmente uniforme e a densidade


e O DAE = 27,08 D/1 + (27,08/70,69) D R2 = 0,97
60 O 7 DAE = 11,07 D/1 + (11,07/77,43) D R2 = 0,98 e de plantas daninhas varia entre as áreas, ao longo dos
anos, ou de acordo com as práticas de manejo (Swanton;
êso Nkoa; Blackshaw, 2015).
B
i:: Nesse tipo de estudo, a porcentagem de perda de
QI 40
~s:: rendimento (YL) da cultura com o aumento da densidade
~ 30 de plantas daninhas é calculada dividindo-se a produção
QI
'0
em cada densidade de plantas daninhas pela produ-
~
... 20 ção livre da comunidade infestante. Os dados são mais
&:
10 comumente ajustados a um modelo de regressão não
linear (hipérbole retangular), mostrado na Fig. 3.19B e
na Eq. 3.1 (Cousens, 1985):
2 . 4 6 8 10 12
Densidade do milho voluntário (plantas m2)
I·d
YL=----
FIG. 3.18 Perda de rendimento do feijão em função
1+(!)d
do tempo de emergência e da densidade do milho
voluntário, aos zero dias após a emergência (O DAE), em
que as plantas de feijão e milho voluntário emergiram em que YL é a porcentagem de perda de rendimento, d é
juntas, e a 7 DAE, em que o milho emergiu sete dias a densidade de plantas daninhas, I é a porcentagem de
após o feijão
perda de rendimento por unidade de plantas daninhas
Fonte: adaptado de Silva et al. (2019).
quando d se aproxima de zero, e A é a assíntota máxima
palmente, quando a cultura já está bem estabelecida. da perda de rendimento quando d se aproxima do infi-
Esse assunto será melhor abordado nas próximas seções. nito (Cousens, 1985; Radosevich; Holt; Ghersa, 2007;
Swanton; Nkoa; Blackshaw, 2015).
3.5 MÉTODOS EXPERIMENTAIS DE A principal vant agem desse método é a facilidade de
ESTUDOS DA COMPETIÇÃO E estabelecer o estudo em condições de campo, visto que é
INTERFERÊNCIA DAS PLANTAS o mais adequado para determinar o potencial de perda de
DANINHAS EM CULTURAS rendimento das culturas na presença das plantas dani-
Os estudos de -competição entre plantas daninhas e cul- nhas. Além disso, o estudo é útil para avaliar o efeito dos
turas fornecem informações importantes que auxiliam tempos relativos de emergência das plantas daninhas e
no manejo das plantas daninhas, como o de NDE e PCPI, culturas em competição, e para a determinação de limia-
que ajudam os agricultores na tomada de decisão acerca res econômicos de plantas daninhas. A desvantagem
da n ecessidade de controle para evitar perdas de rendi- desse estu.do, entretanto, está relacionada às mudan-
mento das culturas. Com base na relevância de conhecer ças simultâneas na população e na densidade total
as interações entre culturas e plantas daninhas, a seguir das plantas daninhas, tornando-se difícil determinar
estão descritos os modelos experimentais mais utili- as interações específicas das plantas e obter informa-
zados nos estudos de competição e interferência entre ções sobre os processos de competição. Os resultados
esses dois grupos. dependem também das condições edáficas e ambientais
locais e, portanto, deve-se ter cuidado ao extrapolar
Experimento aditivo os resultados para amplas áreas geográficas (Cousens,
O experimento aditivo é o mais comumente utiliza- 1985; Blackshaw, 1993; Weaver; Ivany, 1998; Swanton;
do para estudar o efeito da competição entre plantas Nkoa; Blackshaw, 2015).
daninhas e culturas. A densidade da cultura é mantida Com o uso do parâmetro I da Eq. 3.1, é possível cal-
constante enquanto a densidade das plantas daninhas é cular os limiares econômicos ou o NDE, com auxílio da
alterada (Fig. 3.19A). É um estudo relevante para a maio- Eq. 3.2 a seguir, adaptada de Lindquist e Kropff (1996) e
ria das situações agrícolas, em que a cultura ocorre em Agostinetto, Silva e Vargas (2017).
3 i COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 73

mento da soja (2,000, 3.500 e 5.000 kg ha-1), preços da


soja (R$ 40, R$ 60 e R$ 80 saca- 1), custo de controle
NDE= Cc (R$ 50, R$ 100 a R$ 150) e eficiência dos herbicidas no
R·P(- I )( H ) controle da buva (80%, 90% e 100%).
100 100 De modo geral, aumento na produtividade da cul-
tura, elevação do preço recebido pelo produto e alta
em que NDE é o n(vel de dano econômico (plantas m-2) ,
eficiência do herbicida reduzem o NDE, indicando
Cc é o custo de controle das plantas daninhas (herbicida e que medidas de controle devem ser adotadas quandó a
aplicação, em reais ha-1) , Ré o rendimento de grãos da cul-
densidade das plantas daninhas é baixa. No entanto,
tura (kg ha-1), Pé o preço pago pela cultura (R$ kg-1), I é a quando o custo de controle é alto, ocorre um aumento
perda de rendimento da cultura (%) por unidade de planta no NDE, sinalizando que é mais econômico controlar as
de competição, quando o nível de densidade se aproxima de
plantas daninhas quando a densidade está mais elevada
zero, e H é a eficiência de controle com o uso de herbicida(%).
(Fig. 3.21) (Agostinetto; Silva; Vargas, 2017).
Para fins de cálculo de NDE, três valores são normalmente
estimados (baixo, médio e alto) de acordo com o potencial
de rendimento da cultura, o preço pago pelo produto, o 3.5. 2 Série de substituição
custo de controle e a eficiência dos herbicidas aplicados. O estudo foi desenvolvido para superar algumas das
Ao estudar a perda de rendimento da soja (cultivares críticas do experimento aditivo, pois experimentos subs-
BRS Estãncia e BMX Turbo) e o NDE de interferência da titutivos são frequentemente usados para determinar
buva (Conyza spp.) resistente ao glyphosate, Agostinetto, qual espécie em estudo é a mais competitiva, bem como
Silva e Vargas (2017) observaram diferentes valores de para obter informações sobre as interações planta a plan-
perda de rendimento por unidade (I) e de perda de ren- ta (Radosevich, 1987). A densidade geral das plantas é
dimento máximo (A). Na cultivar BRS Estância, o I foi mantida constante, enquanto a proporção das espécies
de 1,4% e o A, de 82,8% (Fig. 3.20); em contrapartida, na é variada. Uma abordagem comum é cultivar espécies de
cultivar BMX Turbo, os parâmetros de I e A foram esti- plantas em um arranjo espacial uniforme em várias pro-
mados em 25,9% e 95,0%, respectivamente. porções de mistura, como, por exemplo, 25:75, 50:50 e
No cálculo do NDE, Agostinetto, Silva e Vargas 75:25, junto com o monocultivo de cada espécie, confor-
(2017) estimaram três valores de potencial de rendi- me exposto na Fig. 3.22.

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* Cultura L Planta daninha
o
o Densidade de plantas daninhas

Fie. 3.19 (A) Representação esquemática de um experimento aditivo com o uso de duas espécies de plantas, no qual
a densidade da cultura é mantida e a densidade da planta daninha é acrescida, e (B) 0 modelo de regressão não linear
(hipérbole retangular) que possibilita relacionar a perda de rendimento com a densidade das plantas daninhas, por
meio dos parâmetros A e I
Fonte: adaptado de Cousens (1985), Radosevich, Holt e Ghersa (2007) e Swanton, Nkoa e Blackshaw (2015).
74 PLANTAS DANINHAS

@ ®100
100 Pr = -0,14 + 1,0Gx
R' = 0,94
RMS = 14,45 • ..
... . . ....... . .
80
F = 66,37'
80
. ,'

,,
ffl. • . •

• Pr = -0,18 + 12,9x
R' = 0,99
RMS = 1,14
1,4' D F = 2151,7' 25,9' D
• Pr=-----
1+(~)•0
Pr=-----

20 82,8
20
1+ (-2-:-t-)•D
R1 = 0,80 2
R = 0,96
RMS = 34,65 RMS = 30,78
F = 107,23' F =288,53"

20 40 60 80 100 120 140 o ...


O- - -20- - - 40
- - - -60- - - -
80- - .100
- - -.....
120
Densidade de buva (plantas m') Densidade de buva (plantas m")

·F-lú. ~.20 Perda de rendimento da soja nas cultivares (A) BRS Estância e (B) BMX Turbo, devido ao aumento da
densidade de plantas de buva
Fonte: adaptado de Agostinetto, Silva e-Vargas (2017).

®
0,35
50,30
::J 0,25
E 0,20
:ê,0,15
..., 0,10
ê 0,05
0,00 "---'----=---...;;;;;;;;;.__,
2000 3500 5000
Potencial de rendimento (kg ha·1) Potencial de rendimento (kg ha·')

© ©

2000 3500 5000


Potencial de rendimento (kg ha·1) Potencial de rendimento (kg ha·1)

® ®

2000 3500 5000


Poten cal de rendimento (kg ha·1)

Fie. 3.21 Níveis de dano econômico (NDE) da buva na cultivar de soja (A, C, E) BRS Estância e (B, D, F) BMX Turbo em
razão do potencial de rendimento, preço da soja, eficiência do herbicida e custo de controle das plantas daninhas
Fonte: Agostin etto, Silva e Vargas (2018).
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 75

Os resultados dos estudos de série de substituição espécies estão localizadas tão distantes que nenhuma
são frequentemente apresentados de forma gráfica com interação ocorre entre elas. Quando urna curva de res-
diagramas, em que o rendimento absoluto ou relativo de posta é côncava e a outra é convexa, urna espécie é mais
cada uma das duas espécies é plotado contra sua propor- agressiva do que a outra. Quando ambas as curvas de
ção na mistura (Fig. 3.23). resposta são côncavas e o rendimento total das duas
Na interação de uma espécie de cultivo e uma planta espécies em um povoamento misto é inferior ao de seus
daninha em um esquema de substituição, existem qua- respectivos rendimentos em um povoamento puro, é um
tro resultados possíveis. Quando as produtividades caso de antagonismo mútuo. Quando ambas as espécies
relativas (PR) de ambas as espécies A e B (PRA e PRs) apresentam curvas de resposta convexas e seu rendi-
se comportam como linhas retas, a capacidade de cada mento total em um povoamento misto é maior que os
espécie de interferir na outra é equivalente ou as duas seus respectivos rendimentos em um povoamento puro,

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Cultura
Z Planta d~ninha o
o 25 50 75 100
Proporção da espécie A

F1G. 3.22 (A) Esquema experimental e (B) proporções de plantas em um estudo de série de substituição, com o uso de
du as espécies de plantas
Fonte: adaptado de Rejmá~ek, Robinson e Rejmánková (1989), Cousens (1991) e Swanton, Nkoa e Blackshaw (2015).

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Produtividade
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esperada para B t o
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observada para B iil i:,..
ô:
Espécie A O 25 50 75 100 Espécie A O 25 50 75 100
Espécie B 100 75 50 25 o Espécie B 100 75 50 25 o
Proporção relativa de plantas Proporção relativa de plantas

FIG. 3.23 Exemplo hipotético de um diagrama de série de substituição, que mostra os rendimentos das espécies em
função de suas proporções relativas de semeadura, com (A) as produtividades relativas das espécies A e B e (B) a
produtividade relativa total das espécies
Fonte: adaptado de Rejmánek, Robinson e Rejmánková (1989), Cousens (1991), Swanton, Nkoa e Blackshaw (2015) e
Bastiani et ai. (2016).
76 PLANTAS DANINHAS

con sidera-se um caso de simbiose (Swanton; Nkoa; a espécie B será mais competitiva que a espécie A quando
Blackshaw, 2015). CR < 1, KA < K8 e C < O (Cousens, 1991; Cousens; O'Neill,
Em relação à produtividade relativa total (PRT), 1993; Hoffman; Buhler, 2002; Bianchi et ai., 2006b;
quando esta se comporta como linha reta, significa que Bastiani et al. , 2016).
ocorreu competição pelo(s) mesmo(s) recurso(s). Se o valor A vantagem desse estudo é a boa adequação para
for s uperior a 1 (linha convexa), não ocorre competição, classificar a capacidade competitiva de uma espécie sob
pelo fato de o suprimento de recursos superar a demanda determinado conjunto de condições, apropriado para
ou as espécies possuírem diferentes demandas pelo(s) examinar os mecanismos de competição entre cultu-
recurso(s) do meio. Quando inferior a 1 (linha côncava), ras e plantas daninhas. As taxas de rendimento podem
significa que ocorreu antagonismo, havendo prejuízo ser usadas para descrever padrões de uso de recursos e
mútuo ao crescimento de ambas as espécies (Fig. 3.23B)
agressividade relativa entre as espécies. Em relação às
(Radosevich; Holt; Ghersa, 2007; Bastiani et al., 2016).
desvantagens, o estudo pode não ser representativo da
Na proporção de 50/ 50 das espécies, podem ser cal-
maioria das situações de campo, em que as safras ocorrem
culados os índices de competitividade relativa (CR) e os
em uma densidade constante. Além disso, os resultados
coeficientes de agrupamento relativo (K) e de competiti-
experimentais podem depender da densidade total da
vidade (C). A CR representa o crescimento comparativo
planta selecionada e das condições específicas de aumento
da espécie A em relação à B, o K indica a dominância rela-
dos recursos utilizados (Swanton; Nkoa; Blackshaw, 2015).
tiva de uma espécie sobre a outra, e o C determina qual
Em estudos de competição de arroz irrigado e soja
espécie é mais agressiva.
com capim-colchão (Digitaria ciliaris), Agostinetto et al.
Os cálculos desses índices são obtidos utilizando a
Eq.3.3. (2013) observaram uma maior capacidade competitiva
do arroz irrigado e também da soja (linha convexa) com
CR= PRA/PRB a D. ciliaris (linha côncava) (Fig. 3.24). Os dados de PRT
KA = PRA/ (1 - PRA) mostraram que o arroz irrigado e a D. ciliaris competem
pelos mesmos recursos do meio, pelo fato de a linha de
KB = PRB/(1 - PRi0
PRT das plantas ser similares à linha hipotética. A PRT
e= PRA-PbRB da soja: D. ciliaris mostra um efeito antagônico das duas
Nesse sentido, a espécie A é mais competitiva que a espécies, no entanto, a redução da PRT está relacionada
espécie B quando CR > 1, KA > K8 e C > O; por outro lado, ao baixo acúmulo de matéria seca na presença da soja.

@ 1,2 1,2 @1,2 1,2

1,0 ~1,0 1,0


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100:0 75:25 50:50 25:75 0:100 100:0 75:25 50:50 25:75 0:100
Proporção de arroz: Digitária ciliaris Proporção de soja: Digitária ciliaris

f1G.3.24 (A) Produtividade relativa de arroz (Oryza sativa) irrigado(•), (B) soja (Glycine max) (•) e de capim-colchão
(Digitaria ciliaris) (o) e produtividade relativa total (T), quanto ao acúmulo de massa seca da parte aérea, em razão das
proporções entre as espécies. As linhas tracejadas referem- se à produtividade relativa hipotética quando n ào ocorre
interferência de uma espécie sobre a outra
Po nte: adaptado de Agos tinetto et al. (2013).
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 77

Os valores de CR, K e C, apresentados na Tab. 3.2, Uma abordagem experimental comum em que o
reforçam que a D. ciliaris apresenta menor habilidade desempenho de uma única espécie-alvo é avaliado em
competitiva por indivíduo do que as plantas de arroz uma faixa de densidades de uma espécie vizinha é descrita
irrigado e soja, quando as culturas estão na mesma pro- por Goldberg e Werner (1983). A espécie-alvo é cultivada
porção de plantas que a planta daninha. sozinha ou é cercada por indivíduos das espécies vizinhas.
O arranjo espacial das plantas individuais também pode
Tab. 3.2 Índices de competitividade entre arroz variar entre as espécies-alvo e as vizinhas (Fig. 3.25).
irrigado ou soja e capim-colchão (Digitaria O efeito das espécies vizinhas sobre as espécies-alvo
ciliaris), expressos por competitividade é definido como a inclinação da regressão de desempe-
relativa (CR) e coeficientes de agrupamento
nho (por exemplo, taxa de crescimento, sobrevivência
relativo (K) e de competitividade (C)
ou reprodução) de indivíduos-alvo na quantidade (por
1 ~rroz irrigMi.9: Digitaria clliªrls 1 exemplo, de densidade, biomassa ou área foliar) das espé-
CR K arroz K D.ciliaris e cies vizinhas (Radosevich, 1987). A relação é expressa
3,47 5,01 0,32 0,59
- por meio do modelo matemático indicado na Eq. 3.4.
1 S,9ja: Dlgl@rfi. _çlfjarl~ 1
CR K soja K D.ci/iaris e
3,68 2,13 0,22 0,48
em que P(T) é o desempenho do indivíduo-alvo, XN é a
Fonte: adaptado de Agostinetto et al. (2013).
inclinação da equação de regressão e A(N) é a densidade
de vizinhos.
3.5.3 Estudos de vizinhança Um refinamento do método de vizinhança é medir
A maioria dos estudos de competição concentra-se em a distância dos vizinhos dos indivíduos-alvo, para que os
avaliar o rendimento das culturas; no entanto, esse efeitos de diminuição de vizinhos mais distantes possam
parâmetro pode ser influenciado pela proximidade dos ser incorporados às equações de regressão (Goldberg;
indivíduos e pela variação local no ambiente (micros- Werner, 1983). De modo geral, se a inclinação da curva
sítios). O desempenho de uma espécie nos estudos de n ão for significativamente diferente de zero, nenhuma
vizinhança é registrado em função do número, biomassa, interação está presente. No entanto, se as inclinações
cobertura, agregação ou distância de seus vizinhos. forem maiores que zero, indicam efeitos benéficos de

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N N N N
N

FIG.3.25 Desenho experimental para avaliar os efeitos competitivos de uma espécie vizinha N sobre uma espéàe-
-alvo T. R, Q e S representam indivíduos que não pertencem às espécies vizinh as selecionadas para estudo (A). Apenas
quatro etapas do gradiente de densidade vizinha (após o tratamento) são mostradas (B), mas os experimentos devem
incluir uma gama mais ampla de densidades para estimar com precisão a inclinação da equação de regressão
Ponte: adaptado de Goldberg e Werner (1983).
78 P LANTAS DANINHAS

vizinhos; já inclinações menores que zero indicam efei- 3.5.4 Partição da competição
tos competitivos. Estudos de competição por recursos disponíveis abaixo e
Uma abordagem adicional pode ser feita, de acordo acima da superfície do solo, na sua ampla maioria, são efe-
com a distância dos vizinhos do alvo dentro de cada par- tuados sob condições controladas, em razão da facilidade
cela, de modo que os efeitos competitivos decrescentes de sua separação, se comparado às condições de campo.
de vizinhos mais distantes possam ser incorporados nas O método da fileira de plantas é a t écnica mais comum
equações de regressão. Assim, o termo para a quantidade usada para os estudos de partição, desenvolvido por
de vizinhos [A(N)] pode ser substituído por, como exem- McPhee e Aarssen (2001). O método consiste na partição
plo, l: 1 (A/di2), em que A; é a biomassa de uma planta do espaço abaixo e acima da superfície do solo, em que
individual da espécie vizinha a uma distância d 1 do alvo, uma divisória implantada separa a competição abaixo
ou a biomassa de plantas dentro de anéis concêntricos de da superfície e outra divisória separa acima da superfí-
distância média d do alvo (Weiner, 1982). cie do solo. Quatro situações de competição são geradas:
A declividade da regressão pode variar de forma que ausência de competição, competição apenas por recursos
os efeitos competitivos de várias espécies vizinhas pos- do solo, competição somente por radiação solar e compe-
sam ser comparados estatisticamente de modo direto, tição por ambas as fontes de recursos (competição total)
e essas espécies vizinhas possam ser classificadas em (Fig. 3.27). A competição na parte aérea pode ser isolada
termos da magnitude de seu efeito em uma dada espé- com a utilização de divisórias revestidas por filme de alu-
cie-alvo (Fig. 3.26). mínio, para refletir a radiação solar e evitar a competição
pelo recurso luz (Bianchi et al., 2006a).
Em estudos de competição de soja com milho
voluntário, Caratti et al. (2016) observaram redução no
acúmulo de matéria seca da soja quando em competição
g com milho voluntário pela luz, pelo solo e por ambos
íji
"'
o
::l
os recursos. No entanto, a matéria seca do milho não
'O
foi afetada de forma negativa na presença da soja; além
l.s disso, quando a competição envolveu os recursos do solo,
"'o
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pôde-se observar aumento no acúmulo de matéria seca
o (Fig. 3.28).
..e:
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o
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• Espécie 1
• Espécie 2
Densidade de vizinhos

F1G. 3.26 Relações possíveis entre o desempenho de


®
indivíduos das espécies-alvo e a abundãnda das espécies
vizinhas. A curva A corresponde à Eq. 3.4 (relação linear).
A curva B representa uma relação na qual os efeitos
competitivos são minimos na baixa densidade vizinha, mas
cada vez mais severos conforme a densidade aumenta. A Luz Solo
curva C representa uma função quadrática com um pico em
alguma densidade vizinha intermediária, indicando efeitos FIG. 3.27 (A) Esquema de distribuição das plantas
benéficos em baixa densidade, mas efeitos negativos em altas em caixas plásticas e vasos e (B) posicionamento da
densidades. A curva D representa uma função exponencial divisória (linha tracejada) nos vasos, para divisão da
negativa, indicando efeitos competitivos decrescentes por competição pelos recursos
quantidade à medida que a densidade aumenta Fonte: adaptado de Mcphee e Aarssen (2001), Bianchi
Fonte: adaptado de Goldberg e Werner (1983). et al. (2006a) e Caratti et al. (2016).
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 79

14
■ Soja
A
12 ■ Milho voluntário

F1G. 3.28 Matéria seca da parte aérea (MSPA), aos


42 dias após a emergência (DAE), de plantas de soja
e milho competindo nas seguintes condições; sem
competição (nula), recursos do solo + radiação solar
2 (total), radiação solar (luz) e recursos do solo (solo).
Médias seguidas de letras diferentes divergem entre
o si de acordo com o teste t (pi 0,05)
Nula Total Luz Solo Fonte: adaptado de Caratti et al. (2016).

período em que a cultura deve ser mantida livre das


3.5.5 Período crítico de interferência
plantas daninhas para evitar perda de rendimento,
de plantas daninhas
definido corno período total de prevenção à interferên-
Os estudos dos períodos críticos de interferência são
amplamente utilizados para estudar a interferência cia (PTPI) (Fig. 3.30B).
Em ambos os conjuntos de tratamentos, os inter-
entre plantas daninhas e culturas. Esse período é defi-
valos por que as culturas permanecem na presença ou
nido como o tempo (estágios de crescimento), no ciclo da
ausência das plantas daninhas podem ser implementa-
cultura, em que as plantas daninhas devem ser controla-
dos como um número específico de dias ou semanas após
das para evitar perdas inaceitáveis de produção.
a emergência da cultura, ou, ainda, em estágios específi-
Em estudos de período crítico, as culturas são man-
tidas livres de plantas daninhas por vários intervalos de cos de crescimento da cultura (duas, quatro, seis folhas,

tempo após o plantio ou a emergência e, após esse período, assim por diante). A remoção de plantas daninhas nesses

as plantas daninhas podem crescer pelo resto da estação intervalos especificados de tempo pode ser realizada por

de cultivo (Fig. 3.29). Os dados resultantes são compara- capina manual ou pela utilização de herbicidas.
1

dos aos de um estudo complementar no qual as plantas O PCPI é a combinação dos dois períodos PAI e PTPI,

daninhas podem crescer por intervalos de tempo variáveis ou seja, é o período em que a presença da planta daninha
após o plantio ou a emergência da cultura, com o restante influencia o rendimento da cultura (Fig. 3.31). Os valores

da estação de cultivo livre de plantas daninhas. aceitáveis de perda de rendimento nesse período variam
O período crítico é determinado por meio de dois de 1% a 10%, de acordo com o valor agregado do produto.
conjuntos de tratamentos experimentais, segundo Vários modelos são descritos para calcular os
Swanton, Nkoa e Blackshaw (2015). No primeiro períodos críticos de interferência das plantas daninhas,
conjunto de tratamentos, as plantas daninhas se desen- em diversos estudos, como os de Knezevic et al. (2002),
volvem junto à cultura por períodos crescentes de tempo, Agostinetto et al. (2008), Chauhan e Johnson (2011),
com o objetivo de determinar o período máximo que uma Stagnari e Pisante (2011), Odero e Wright (2013) e
cultura pode tolerar as infestações antes da ocorrência Souza et al. (2020). Chauhan e Johnson (2011) des-
de perdas de rendimento, definido como período anterior creveram alguns modelos comumente utilizados para
à interferência (PAI) (Fig. 3.30A). Para isso, medidas de calcular os períodos de interferência, a exemplo da
controle de plantas daninhas mecânicas ou a utilização equação de Gompertz (Eq. 3.5), usada para modelar o
de herbicidas podem ser utilizadas para remover as plan- efeito da duração dos períodos de controle das plantas
tas daninhas, de acordo com o tratamento. daninhas no rendimento relativo de grãos, e da equa-
No segundo conjunto de tratamentos, a cultura ção logística (Eq. 3.6), usada para modelar o efeito da
é mantida livre das plantas daninhas por períodos duração da interferência das plantas daninhas no ren-
crescentes de tempo, com o objetivo de determinar o dimento relativo de grãos.
80 PLANTAS DANINHAS

FtG. 3.29 Período crítico


de interferência de plantas
daninhas. (A) Se as plantas
daninhas estiverem ausentes até
da cultura ausentes presentes
o ponto II, o domínio da cultura é
estabelecido e não ocorrem perdas
de rendimento, embora as plantas
®
daninhas possam estar presentes
posteriormente. (B) Se as plantas
daninhas estiverem presentes
por um período de tempo após
o surgimento da cultura, mas
estiverem ausentes pelo resto do
Eme~••!!!,'!h,i~
da cultura ausentes I ausentes

~!•-~
© ••
período de cultivo, as perdas de
rendimento não ocorrem. (C) A
combinação dos resultados de (A)
e (B) indica o período crítico entre Emergênci~ Colheita
os pontos I e II, que é uma "janela" da cultura I Período 11
de tempo durante o qual as plantas crítico de
daninhas devem ser removidas ou interferência
@

-
suprimidas para evitar perdas de
rendimento. (D) Situação em que as
plantas daninhas estão presentes 9?
Emergência
ao longo da estação de crescimento, Plantas daninhas Colheita
com os resultados da perda de da cultura presentes
rendimento da cultura
Fonte: adaptado de Radosevich,
Holt e Ghersa (1997, 2007). Tempo

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2
3
4
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3
4 ,..,....,,...,._r-r+-,<-,,,...,.._,..,.-r-rr------------;
5 5 l,<Y'-,L-,<-,L,.,c-,L---'-,L-,<-,L,.,c+,.<+-~~----------l
6 6
7 7 ----+7''-,L-,-'+,,r-r--,L-,1'+7''-r-,H-.-r-.,..,---------l

89 98 _..,...,,_ _,,_,..,_..__...,...,....,..._..,,_,.-...,....,....,...7"-r.,..-r-,---;

10 10 L..L-.L...L,.L..L..-L+...L-.L--'-r-''--'--''-+--<-L-",--L-.L-Lr--.L...L...1.........'--4'-L...'-+-L...L.-<j

Período após a semeadura da cultura


~ Período com controle de plantas daninhas
D Período sem controle de plantas daninhas
FtG. 3.30 Esquema de representação gráfica dos tratamentos, (A) com e (B) sem controle, para determinação dos
períodos de interferência
Fonte: adaptado de Dawson (1970) e Swanton, Nkoa e Blackshaw (2015).

Na equação de Gompertz, Y é o rendimento (%) do


controle livre de plantas daninhas, A é a assíntota, B é
-(T-TO)))
Y(%)=A · exp- ( exp ( B a taxa exponencial, T é o número de dias após a semea-
dura e TO é o ponto de inflexão. Na equação logística, Y é
A o rendimento (%) do controle livre de plantas daninhas,
Y(%)= (T
1+ -
)º A é a assíntota inferior, B é a medida da taxa de redução
TO no rendimento, T é o número de dias após a semeadura e
3 1 COMPETIÇÃO E INTERFER~NCIA DE PLANTAS DANINHAS EM CULTURAS 81

TO é a duração da convivência das plantas daninhas em nhas em alface. Odcro e Wright (2013) relataram que
dias após a semeadura, quando há redução de metade do o PCPI das plantas daninhas foi estimado entre 15-48,
rendimento máximo que ocorreria em A. 16-40 e 20-36 dias após o transplante, em razão da
Apesar dos períodos cr[ticos de interferência for- quantidade de P aplicado no plantio das mudas de alface
necerem informações valiosas aos produtores, deve-se (93, 196 e 293 kg P ha-1, respectivamente) (Fig. 3.32).
notar que a comunidade científica atualmente está Os resultados mostraram que, em solos com níveis ina-
dando mais ênfase ao controle de toda a produção de dequados de fertilização com P, há uma necessidade de
sementes de plantas daninhas, como um meio de preve- práticas mais intensivas de manejo de plantas daninhas
nir a infestação nos próximos cultivos, além de algumas para atingir rendimentos aceitáveis.
plantas daninhas interferirem em operações de colheita
e/ou qualidade do produto final. 3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A principal vantagem desse estudo é a facilidade de À medida que as culturas se desenvolvem, os fatores
estabelecê-lo sob condições de campo, onde a cultura está ligados ao ambiente, como água, luz, nutrientes e C02 ,
presente em densidade constante. Em relação a desvan- podem se tornar limitados. Essa situação se agrava com a
tagens, o estudo em geral é realizado com apenas uma presença de outras plantas, chamadas de daninhas, que
espécie de planta daninha ou densidade, portanto, é difí- não apresentam interesse econômico mas que se desen-
cil estender os resultados para situações em que ocorrem volvem no mesmo espaço. O efeito que essas plantas
várias espécies de plantas daninhas. daninhas causam é denominado competição, que, depen-
Vários fatores, como adubação, épocas de cultivo, sis- dendo da intensidade, é capaz de interferir de forma
temas de irrigação, espaçamento entre linhas, cultivares negativa à cultura.
e densidade de plantas daninhas, alteram os períodos de Estratégias simples podem minimizar os efeitos da
interferência de plantas daninhas em culturas, demons- competição, como a escolha de cultivares mais competi-
trando a importância do manejo cultural (Ahmadvand; tivas, com crescimento rápido e boa capacidade de cobrir
Mondani; Golzardi, 2009; Chauhan; Johnson, 2011; o solo; semeadura no limpo; época adequada de plantio;
Silva et al., 2013b; Singh; Bhullar; Chauhan, 2014; Souza densidade e espaçamento de plantas adequados. Essas
et al., 2020). estratégias permitem que as culturas se sobressaiam
A adubação fosfatada (P), por exemplo, foi capaz de sobre as plantas daninhas, minimizando os efeitos da
alterar o período critico de interferência de plantas dani- competição por recursos.
Com intuito de impedir que a convivência acarrete
Livre prejuízos, não basta observar apenas os fatores ligados
à cultura, mas também o comportamento das plantas
daninhas. As informações referentes à época de emer-
gência das plantas daninhas, a dinâmica populacional,
além de características morfológicas e fisiológicas das
espécies, auxiliam no controle dessas plantas e nas
decisões referentes ao cultivo que possam maximizar
o potencial competitivo das culturas, reduzindo a com-
Competindo petição.
o 1-----,---=---.------. -_-_-_-_-_-.-_-_-_-_
--,
-. Os efeitos da competição podem ser minimizados se
o 20 40 60 80 100
Dias após a emergência essas interações forem mais estudadas. Estudos de com-
petição e interferência entre plantas daninhas e culturas
F1G. 3.31 Influência do tempo de emergência e remoção
são capazes de fornecer informações para determinar
das plantas daninhas na produtividade relativa da
cultura e na magnitude dos períodos de interferência: a capacidade competitiva das plantas daninhas. Além
PAI (período anterior à interferência), PTPI (periodo disso, ajudam a determinar se as medidas de controle
total de prevenção à interferência) e PCPI (período das plantas daninhas são necessárias e qual o momento
crítico de prevenção à interferência)
82 PLANTAS DANINHAS

® 120
ideal de se implementar as práticas de cont role, com o

-ê 100
98 kg P ha·1
objetivo de evitar as perdas de rendimento e a redução da
qualidade do produto final. Os estudos também podem
.g fornecer informações sobre o efeito de práticas cultu-
"' 80
e! rais como rotação de culturas, densidade e espaçamento
~ 60
"'
"CI de plantas, adubação, época de semeadura, consórcios e
·s
·.o 40 escolha de cultivares, que são capazes de melhorar a com-
::,
"CI
petitividade geral da cultura .
.t 20
Vários estudos foram descritos neste capítulo para
compreender as interações entre plantas daninhas e
o 14 28 42 56 70 culturas. A escolha do foco do estudo vai depender da
Dias após a emergência
hipótese a ser testada e dos recursos disponíveis. Os
cuidados na condução do estudo são importantes, como
®120
-
~ 100
196 kgP ha·1 a determinação das variáveis a serem analisadas, a
metodologia adotada e a seleção de análises estatísticas
-E;"' apropriadas. A seleção adequada do desenho experimen-
"' 80
] tal e dos procedimentos garantirá seu sucesso.
(1)
"g 60
"CI
'>
·.e: 40
::,
"CI
g
~ 20

o
o 14 28 42 56 70
Dias após a emergência

©120 293 kg P ha·1

*"' 100
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"' 80
]
(1)
"g 60
"CI
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·.o 40
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"CI
g PCPI
~ 20
20-36

o '-r- - - ~ - L . - . . . - - - - ' ' - - - , - - - - , - - - , -


o 14 28 42 56 70
Dias após a emergência

F IG.3.32 Período de interferência de plantas daninhas


na produtividade da alface, em razão da adubação
fosfatada: (A) 98 kg P ha·1 , (B) 196 kg P ha· 1 e (C) 293
kg P ha· 1 . Duração da interferência de plantas daninhas
(o) e duração do período sem plantas daninhas(•) na
produtividade relativa de alface
Fonte: adaptado de Odero e Wright (2013).
4 PARÂMETROS DO LEVANTAMENTO
FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR
A ABUNDÂNCIA, DISTRIBUIÇÃO E
DIVERSIDADE DA COMUNIDADE DE
PLANTAS DANINHAS
Wendel Magno de Souza
Maria Carolina Gomes Paiva
Úrsula Ramos Zaidan
Kassio Ferreira Mendes
Francisco Cláudio Lopes de Freitas

O conhecimento da dinâmica populacional e de como dades fitogeográficas. Por outro lado, Blasi e Frondoni
as condições ambientais e as interações entre as espé- (2011) postularam que a fitossociologia está relacionada
cies vegetais influenciam os padrões de coexistência e à geografia botânica, na qual, de acordo com as diferen-
abundância relativa de espécies é necessário para com- tes regiões geográficas e condições ambientais (clima,
preender a complexidade das comunidades de plantas altitude e latitude), as espécies vegetais diferem em com-
(Concenço et al., 2017). A classificação e a caracterização posição e fisiologia, sendo agrupadas em associações.
das comunidades de plantas podem ser realizadas por O estudo fitossociológico considera três princípios:
meio da fitossociologia. o analítico, o sintético e o sintaxonômico. O princípio analí-
A palavra fitossociologia se originou da junção de tico refere-se ao tamanho da superfície de inventário, às
dois termos: phytos, que significa planta, e sociologia, que características do local de amostragem e variáveis como
é o estudo de grupos ou agrupamentos. A definição de abundância, densidade, dominância, e à sociabilidade
fitossociologia, de acordo com a sua utilização em estu- das espécies vegetais; o sintético retrata a frequência
dos, foi modificada ao longo do tempo (Kuva; Salgado; das espécies que compõem a comunidade vegetal; e o
Alves, 2021). Segundo Braun-Blanquet (1968), a fitosso- sintaxonômico estabelece a hierarquia fitossociológica
ciologia é a ciência que busca compreender a interação (Oosting, 1956; Roberts, 1981; Blasi; Frondoni, 2011;
entre o meio ambiente e a diversidade das plantas em Concenço et al., 2017).
uma região fitogeográfica, por meio da composição e Nesse estudo, é necessário levar em consideração
distribuição de espécies vegetais. Rodrigues e Gandolfi que a vegetação varia em escalas espaciais e temporais,
(1998) definiram a fitossociologia como o ramo da eco- o que permite que cada espécie tenha sua própria tole-
logia vegetal que descreve e busca compreender as rância a certos fatores de seleção e responda às pressões
associações e interações das espécies vegetais entre si ambientais de maneiras específicas (Barbour et al.,
e com O meio ambiente, as quais caracterizam as uni- 1998). As escalas espaciais são definidas pelo tamanho
84 PLANTAS DANINHAS

das unidades amostrais (Concenço et al., 2017). O t ama- das parcelas pode ser aleatória, sistemática ou contígua
nho da unidade de amostragem, por sua vez, interfere (Fig. 4.1). O critério de inclusão depende do objetivo
na análise de modelos espaciais de uma população de da atividade, e os indivíduos abrangidos pela unidade
plantas; desse modo, diversos modelos podem ser iden- amostral e que atendam ao critério de inclusão devem
tificados apen as com a mudança na escala de observação ser registrados com variáveis numéricas (Kuva; Salgado;
(Ostermann, 1998). Alves, 2021).
Com o estudo fitossociológico, é possível obter-se Os prin cipais parâmetros fitossociológicos que
uma avaliação momentânea da composição da vegetação, caracterizam a estrutura horizontal são: densidade, fre-
coletando dados de frequência, densidade, abundância, quência, dominância, valor de importância e valor de
índice de importância relativa e coeficiente de simi- cobertura. Existem também os índices de similaridade,
la ridade d as espécies ocorrentes em um determinado equitabilidade, diversidade de espécies e riqueza de espé-
a mbie nte, o que permite fazer várias inferências sobre cies. Neste capítulo, serão abordadas as metodologias
a comunidade das espécies em questão. Dessa forma, de estudo da fitossociologia e seus parâmetros quando
avaliar a qualidade e a quantidade na composição das aplicados à agricultura, com ênfase na interação com a
espécies vegetais que ocupam determinado ambiente, ciência das plantas daninhas.
corno expressão de todas as influências temporais e espa-
ciais, pode ser primordial para entender a composição MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE
florística (Pott, 2011). FITOSSOCIOLOGIA
Para que a comparação espacial e temporal seja Durante anos surgiram várias formulações e metodo-
confiável, é necessária a obtenção de variáveis numéri- logias de avaliação da comunidade de plantas em um
cas, ou seja, dos parâmetros fitossociológicos. Para isso, determinado local, que permitem avaliar o equilíbrio
alguns pontos são fundamentais: definição da unidade da comunidade na área e as alterações em respostas a
amostral, definição do critério de inclusão, registro de fatores bióticos e abióticos ao longo do tempo {Iqbal
variáveis numéricas e cálculo de parâmetros fitossocio- et al., 2018). Entretanto, muitas vezes esses métodos são
lógicos (Kuva; Salgado; Alves, 2021). Assim, ao se iniciar confusos e de difícil implementação, sendo necessárias
um estudo da composição florística e estrutura de uma adaptações para obter dados reais de acordo com o obje-
comunidade de plantas, é importante definir o tipo de tivo do estudo.
amostragem, a localização, o tamanho e a quantidade Os estudos fitossociológicos são aplicados em
de unidades amostrais (Barbour et al., 1998; Concenço ambientes selvagens e também frequentemente utili-
et al., 2017). zados na ciência das plantas daninhas. Quanto a esta
Uma unidade amostral pode ser definida em parce- última, o intuito é compreender a dinâmica da comuni-
las com figura geométrica de dimensões padronizadas, dade infestante em resposta a alguma alteração, seja ela
pontos quadrantes e caminhamento padrão (Concenço um tratamento, variações edafoclimáticas ou método
et al., 2017; Kuva; Salgado; Alves, 2021). A disposição de controle imposto. São buscadas técnicas que visam o

Amostragem aleatória Amostragem sistemática

□ º D ºD □
D D D D
D D D D
Amostragem contígua Quadrante

□□□□□□□
F 1G. 4.1 Organização das unidades de amostragem
por parcelas e por quadrante □□□□□□□
Fonte: adaptado de Kuva, Salgado e Alves (2021). □□□□□□□
4 1 PARAMETROS DO LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR A ABUNDÂNCIA... 85

manejo das plantas daninhas, mantendo-se a produtivi- de amostragem é o que gera menor custo (Nkoa; Owen;
dade das culturas. Swanton, 2015).
O objetivo principal da avaliação de plantas daninhas A disposição das parcelas pode ser aleatória, con-
é verificar mapeamento, dinâmica espacial, abundância e tígua ou sistemática (Kuva; Salgado; Alves, 2021). O
distribuição das plantas na área. Segundo Concenço et número de amostragens por parcela e/ou campo vai
al. (2017), a escolha entre as diferentes variantes das depender do limite de variabilidade que o pesquisador
metodologias depende do objetivo da amostragem e das deseja obter e de sua observação na área, mas deve-se
características das populações (riqueza e distribuição) atentar às variações no ambiente, que podem influen-
a serem avaliadas em cada agroecossistema. Diante das ciar a comunidade infestante, além da observação da
várias metodologias disponíveis nos últimos anos, os distribuição das plantas daninhas, que na maioria das
métodos de levantamento fitossociológico por relevé, por vezes ocorrem em manchas ou reboleiras. Para proce-
uso de quadrado vazado e por banco de diásporos do solo der às avaliações, o pesquisador pode optar por fixar
se destacam como plausíveis a serem utilizados na ciên- uma porcentagem de variação aceitável entre as amos-
cia das plantas daninhas aplicada a sistemas agrícolas. tragens na unidade experimental, em que o número de
amostragens só será significativo quando a variação
4.1.1 Método do quadrado vazado entre as repetições for de até 5%, por exemplo (Nkoa;
O método do quadrado vazado de dimensões predeter- Owen; Swanton, 2015).
minadas é o principal método utilizado para plantas de Em posse das variáveis numéricas, é possível obter os
porte baixo (Fig. 4.2). Esse método consiste no uso de parâmetros fitossociológicos que são utilizados no conhe-
quadrados lançados de forma aleatória dentro da área ou cimento da comunidade de plantas daninhas presentes
unidade experimental, seguido pela identificação, sepa- na área ou unidade experimental em avaliação, os quais
ração e medição de variáveis numéricas, como número permitem uma comparação entre os diferentes ambientes
de plantas, altura, diâmetro, matéria fresca e seca, entre
ou tratamentos aplicados. Esses parâmetros são de den-
outros (Braun-Blanquet, 1979).
sidade, frequência, dominância, valor de importância e
A escolha e o dimensionamento do quadrado uti-
valor de cobertura, que podem ser utilizados na áênda
lizado devem levar em consideração a estabilidade e
de plantas daninhas, onde são considerados de estrutura
definição, a forma e tamanho fixos, a facilidade de visua-
horizontal (Kuva; Salgado; Alves, 2021).
lização no campo, a facilidade de medição, a alta precisão
e o baixo custo. O quadrado q:ue proporcionar a menor
4 .1.2 Método re/evé
variação entre as estimativas dentro da mesma área
Esse método tem como base uma lista de hierarquia de
tem maior precisão, e aquele que possuir menor tempo
espécies, em que será determinada uma área cuja repre-
sentatividade amostral equivale à condição real da área
em estudo (Concenço et al., 2017). Essa área mínima é
estimada por sucessivas amostragens com quadrados de
tamanhos crescentes até que o número de espécies tenda
à estabilização, como demonstrado no exemplo hipoté-
tico representado na Fig. 4.3. O recomendado é que o
tamanho a ser utilizado nas amostragens ultrapasse a
dimensão da área mínima para garantir maior uniformí-
dade (Concenço et al., 2017).
A área mínima vai variar de acordo com as carac-
terísticas do ambiente e do ecossistema avaliado.
FIG. 4 .2 Quadrado vazado (0,50 m x 0,50 m) para Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) sugeriram valores
amostragens de plantas daninhas (A) na cultura do
empíricos de áreas mínimas amostradas para alguns
trigo e (B) no café em produção
Fonte: Wendel Magno de Souza. ambientes, expostos na Tab. 4.1.
86 P LA NTAS DANINHAS

Area 1:1rnima

rc7 D

F
A = 0,50 m1
B = 0,50 m1
e = 1,00 m21
D = 2,00 m
.,,
., 50
·a
60

E= 4,00 m2 .o.
., 40
E F = 8,00 m2 .,"'
G = 16,00 m2
FtCi. 4.3 Determinação da {l 30
e
á rea mínima dos quadrados E20
,:,
vazados necessária para G z 10
am ostragens de plantas pelo
método relevé 0 L..~-T-~ - ~ ~ - ~ - . - - " - T - -
Fonte: adaptado de Concenço 0 2 4 6 8 10 12 14 16
et al. (2017). Area amostrada (m2)

Tab. 4.1 Valores empíricos de áreas mínimas sementes, em que há fecundação do óvulo da flor pelo
amostradas para diversos ecossistemas grão de pólen, e a assexuada ocorre por meio de estru-

Ecossistemas Áreà mínima 1 turas vegetativas denominadas propágulos, como caules,


(m2) rizomas, tubérculos, estolões, bulbos, entre outros. Dessa
Floresta (incluindo extratos arbóreos) 200-500 maneira, o termo diásporos designa as reservas de semen-
Floresta (somente vegetação arbustiva) 50-200 tes ou demais estruturas vegetais, ou seja, qualquer parte
Pastagens naturais 50-100 da planta que, sob condições adequadas, tenha a capaci-
Prados de feno 10-25 dade de gerar um novo indivíduo da espécie.
Pastagens implantadas 5-10 O tamanho e a composição do banco de diásporas
Comunidade de plantas daninhas 25-100 são diferentes de acordo com o hábitat (Carmona, 1992;
Comunidade de musgos 1-4 Monquero; Birata; Pitelli, 2014). Entretanto, qualquer
Comunidade de líquenes 0,1-1 interferência no hábitat, ressaltando-se os distúrbios
Fonte: Mueller-Dombois e Ellenberg (1974).
causados pelo homem, modifica o banco de diásporas no
solo, como, por exemplo, as práticas e técnicas agrícolas
As teorias que envolvem a aplicação desse método
(Monquero; Christoffoleti, 2005). Segundo Severino e
são controversas, o que pode levar a amostragens pouco Christoffoleti (2001), o banco de diásporas e a vegetação
confiáveis em ambientes constantemente perturba- presente na superfície de uma área são indicadores de
dos, como as áreas agrícolas (Concenço et al., 2013). O
todo o sistema de manejo de solo e outras técnicas uti-
método também não considera n enhuma variação no lizadas na área.
ecossistema avaliado, visto que, se a calibração é reali- O banco de diásporas no solo não é homogêneo,
zada para encontrar a área mínima que representa todo sendo composto por estruturas reprodutivas de dife-
o ecossistema, não há necessidade de mais de uma amos- rentes espécies, depositadas em épocas e profundidades
tragem, o que pode gerar erros, pois não é possível obter distintas no perfil do solo (Monquero; Hirata; Pitelli,
o erro padrão amostral para eventuais análises estatísti- 2014). Além disso, essas estruturas podem apresentar
cas. Outro fator limitante é que sempre haverá diferença diferentes tipos e graus de dormência, podendo germi-
t endenciosa entre dois quadrantes amostrados diferen- nar e emergir em várias épocas durante anos, de forma
tes com a mesma área e, portanto, a calibração com base a garantir a longevidade da espécie, permanecendo por
somente no número de espécies não seria suficiente para prolongados períodos no solo até que as condições para
descrever a comunidade (Concenço et al., 2013). germinação, corno a quebra d e dormência, sejam con-
cedidas.
Levantamento de banco Contudo, ainda é possível realizar o levantamento
de diásporos (propágulos e do banco de diásporas das plantas no solo, sendo ele uti-
sementes) de plantas daninhas lizado para estabelecer as relações quantitativas en tre as
As plantas se reproduzem de forma sexuada e assexuada. populações de plantas e as da flora infes t ante (Dessaint;
A forma sex uada corresponde à formação e disp ersão de Chadoeuf; Barralis, 1990; Seve rino; Ch ristoffoleti,
4 1 PARÂMETROS DO LEV/\NT/\MENTO FITOSSOCIOLÓGICO PAR/\ AVALIAR A ABUNDÂNCIA... 87

2001), possibilitando a predição de íuluras Infestações dos diásporos remetentes à especte por profissionais
e, no caso de plantas daninhas, um bom pla nejamento de capacitados e treinados, podendo utilizar lupa e demais
técnicas e métodos de manejo delas. equipamentos. Dessa maneira, há a possibilidade de uti-
A maioria das se mentes de plantas daninhas encon- lizar outras metodologias para simplificar a extração e
tra-se na camada mais superficial, onde elas têm maior separação.
facilidade de acesso a fatores para germinarem, como Um método mais simples de avaliação é o método
a luz solar. Dessa maneira, alguns estudos demonstra- da emergência, em que as amostras de solo, após homo-
ram que a coleta do solo até 10 cm de profundidade é geneizadas, são peneiradas e distribuídas em recipientes
suficiente para o levantamento de diásporos (Carmona, com profundidade conhecida, desde que as condições em
1995; Caetano; Christoffoleti; Victoria Filho, 2001; Silva; toda a área do recipiente sejam homogêneas (Roberts,
Dias Filho, 2001). Entretanto, 90% das sementes de 1981; Monquero; Christoffoleti, 2005). Posteriormente,
plantas daninhas em áreas cultivadas encontram-se nos é realizada a avaliação do fluxo de emergência em dife-
primeiros 20 cm do perfil do solo, sendo recomendada rentes épocas, efetuando-se a identificação, contagem
essa profundidade para avaliação, a depender do objetivo e corte das plantas para secagem em estufa e pesagem
de estudo (Buhler; Hartzler; Forcella, 1997; Monquero; da matéria seca (Caetano; Christoffoleti; Victoria Filho,
Christoffoleti, 2005). Por tal motivo, há algumas meto- 2001). Esse método deve ser realizado com cuidado,
dologias de avaliação do banco de diásporos no solo, que sobretudo a etapa de peneiramento, visto que os diáspo-
serão reportadas a seguir. ros possuem tamanhos diferentes, podendo ser maiores,
A coleta de solo na maioria dos métodos tende a como os tubérculos da espécie Cyperus rotundus (tíririca),
seguir um padrão: as amostras de solo são coletadas e menores, como as sementes de Eleusine indica (capim-
em uma determinada área e profundidade, com auxilio -pé-de-galinha), os quais podem ser descartados nessa
de algum equipamento de dimensões preestabelecidas. etapa. Caso necessário, é realizada a catação manual
Segundo Caetano, Christoffoleti e Victoria Filho (2001), para reduzir tal erro, além da escolha correta da malha
nas metodologias de estudos do banco de diásporos, não da peneira a ser utilizada.
se tem uma definição exata quanto ao número e o volume Há também a possibilidade de extração química.
de solo a ser amostrado. Entretanto, deve-se coletar as Buhler e Maxwell (1993) propuseram uma metodologia
amostras em diversos pontos para formar uma amos- de extração química que utiliza o carbonato de potássio
tra composta que represente a área em questão. Se a (K2CO3), seguido de centrifugação, sendo posteriormente
área possuir sobre a superfície restos culturais, deve-se utilizada e adaptada pela comunidade científica. Voll et al.
proceder à retirada desses restos com cuidado, a fim (2001), por exemplo, demonstraram uma adaptação
de não comprometer a camada de solo mais superficial desse método baseada na lavagem e fl.otação. A lavagem
(Calegari et al., 2013). Após a coleta, as amostras podem consistiu na eliminação da argila do solo, realizada sobre
ser destinadas a diferentes metodologias laboratoriais peneiras de 0,5 mm. A fração composta por partículas
de separação e/ou extração dos diásporos. mais grosseiras do solo, sementes de plantas daninhas e
O método de extração manual pode ser utilizado. palha foram secas à sombra, e posteriormente foi condu-
Nesse método, as amostras devem ser homogeneiza- zida a operação de fl.otação. Para a fl.otação, foi utilizada ·
das e os diásporos podem ser separados com auxilio de solução de cloreto de cálcio dihidratado (CaCl2 .2H2 O) a
água e peneiras. Após a separação, os diásporos podem 75% de pureza com densidade de 1,40-1,42 g cm- 3 • Essa
ser destinados a testes de viabilidade, como os tes- densidade fora superior à das sementes, fazendo com que
t es de tetrazólio e de germinação (Andres et ai., 2001; estas flutuassem na solução, ocupando a parte superior
Monquero; Hirata; Pitelli, 2014). Segundo Mesgaran et do recipiente. Após determinado tempo de repouso. a
ai. (2007), o método de extração e remoção manual pode fração do sobrenadante contendo sementes e palhas foi
ser o mais preciso, todavia, ele demanda tempo, dinheiro vertida em peneira de malha de 0,5 mm, lavada e seca
e mão de obra qualificada, o que o toma oneroso. Outro à sombra sobre papel toalha. Em seguida, procedeu-se à
fator relevante é que há a necessidade de identificação identificação e contagem das sementes com auxilio de
88 PLANTAS DAN INHAS

lupa, contando somente as sementes viáveis. Vale ressal- em que FRe é a frequência relativa da espécie, FAe é a
tar que o repouso após a etapa de flotação das amostras frequência absoluta da espécie, e LFAe é o somatório da
pode ser subst itufdo pela centrifugação, entretanto, pode frequência absoluta de todas as espécies.
ocorrer redução da taxa de germinação de algumas espé-
cies, a depender da solução utilizada (Luschei; Buhler; 4.2.2 Abundância absoluta e relativa
Dekker, 1998; Monquero; Hirata; Pitelli, 2014). Nesse A abundância fornece dados re lacionados à concentração
caso, o pH do meio aliado ao aumento da pressão hidros- das espécies na área (Gom es e t al., 2010); se a avaliação
tática da centrifugação podem vir a danificar a semente. for de descrição de uma área, a contagem do número de
2
Por fim, no cálculo do número de sementes por m , deve- indivíduos em si fornece uma avaliação da abundância
se levar em consideração a densidade do volume de solo nesse local. Com os valores dos números de indivíduos
coletado (Monquero; Hirata; Pitelli, 2014). das espécies, é possível calcular a abundância absoluta:
As metodologias de avaliação do quadrado vazado,
relevé e banco de diásporos do solo permitem estimar os
parâmetros fitossociológicos, comparando as espécies
dentro do ecossistema ou em resposta a algum trata- em que ABe é a abundância absoluta da espécie, Ne é o
mento. Em uma comunidade de plantas daninhas, nem número de indivíduos de determinada espécie, e LNAe é
todas as espécies têm a mesma importância, pois haverá o somatório do número de amostras que contém a espécie.
aquelas que dominam a área, seja em crescimento (maté- De posse dos valores das abundâncias das espécies,
ria seca) ou pela densidade e frequência (Monquero; é possível calcular a abundância relativa:
Hirata; Pitelli, 2014). Dessa maneira, na próxima seção
estão listadas as formas de cálculo dos parâmetros mais ABr=( ABe )·100
IABe
utilizadas na ciência de plantas daninhas, pois auxiliam
no conhecimento sobre a interação das espécies com o em que ABr é a abundância relativa, ABe é a abundância
ambiente. da espécie, e LABe é o somatório da abundância de todas
as espécies.
4.2 PARÂMETROS
FITOSSOCIOLÓGICOS Densidade absoluta e relativa
4.2.1 Frequência absoluta e relativa A densidade absoluta observa a quantidade de plantas de
A frequência absoluta permite avaliar a distribuição das cada espécie por unidade de área, representando a par-
espécies da área e indica o número de vezes em que a espé- ticipação das diferentes espécies dentro da comunidade
cie está presente nas unidades amostrais (quadrados) em por unidade de área. Quando a avaliação é realizada com
relação ao total de quadrados obtidos na área total. Essa quadrados em parcelas, considera-se como área total
frequência pode ser expressa em forma de percentagem a área somada de todas as unidades amostrais utiliza-
ou em valores decimais (Kuva; Salgado; Alves, 2021): das. Essa densidade, na ciência de plantas daninhas, é
comumente apresentada por número de plantas por m 2
FAe= ( -UAe) ·100 (Monquero; Hirata; Pitelli, 2014):
UAt

em que FAe é a frequência absoluta da espécie, UAe é


o número de quadrados que contém a espécie, e UAt é o
número de unidades amostrais total. em que DAe é a densidade absoluta da espécie, Ne é o
A partir dos valores das frequências de cada espécie, número de indivíduos de determinada espécie, e LAUa é
é possível obter a frequência relativa: o somatório da área das unidades amostrais.
A densidade relativa pode ser calculada a partir da
FRe= - FAe
-) ·100 densidade absoluta (Monquero; Hirata; Pitelli, 2014) ou
( IFAe
do número total das espécies (Kuva; Salgado; Alves, 2021):
4 1 PARÂMETROS DO LEVA~ITAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR A ABUNDÂNCIA... 89

DAe amostrada, MSe é a matéria seca da espécie, e MST é a


DRe=--·100 matéria seca total de todas as espécies.
LDAt
Assim como os demais parâmetros, é possível
DRe = ( ~ ) · 100 expressar a dominância absoluta em percentagem e obter
LNte a dominância relativa em relação à área basal ocupada
em que DRe é a densidade relativa da espécie, DAe é a por todas as espécies (Eq. 4.10) e ao acúmulo de matéria
densidade absoluta da espécie, é o somatório da den- seca das plantas (Eq. 4.11):
sidade absoluta de todas espécies, Ne é o número de
AOe )
indivíduos de determinada espécie, e INte é o somatório DORe = ( IABte · 100
do número total de todas as espécies.
DORe = ( -MSe
-) · 100
4 .2-4 Dominância absoluta e relativa IMSe
Outro índice bastante utilizado é a dominância abso-
em que DORe é a dominância relativa da espécie, AOe é a
luta, que representa a taxa de ocupação de uma espécie
área ocupada pela espécie, kABte é o somatório da área basal
por unidad e de área. Entretanto, pela difícil mensura-
total de todas as espécies identificadas, MSe é a matéria seca.
ção da área basal ocupada pelas espécies (Eq. 4.8), que da espécie. A frequência relativa, a densidade relativa, a
pode gerar estimativas imprecisas (Kercher; Frieswyk; abundância relativa e a dominância relativa permitem obter
Zedler, 2003; Nkoa; Owen; Swanton, 2015), esse parâ-
informações comparativas de determinada espécie dentro
metro pode ser calculado pelo acúmulo de matéria seca
do equfübrio da comunidade de plantas encontradas na área
das plantas (Eq. 4.9), que é de mais fácil mensuração e
(Gomes et al., 2010). Contudo, nem sempre os maiores valo-
maior confiabilidade:
res de algum desses parâmetros indicam que a espécie leva
vantagem sobre as demais. Um exemplo é que a espécie pode
DOAe = ( AOe)At ter uma elevada frequência absoluta, no entanto, devido ao
seu hábito de crescimento ou algum fator limitante, pode ter
DOAe= ( -MSe)
- uma baixa dominância absoluta. Dessa maneira, existem
MST
parâmetros mais novos que se baseiam na interação entre
em que DOAe é a domin ância absoluta da espécie, AOe é os parâmetros, com intuito de promover maior eficiência na
a área basal ocupada pela espécie, At é a área basal total comparação entre as espécies (Fig. 4.4).

Eleusine indica ■ Densidade relativa


Cyperus rotundus
■ Frequência relativa
Alternanthera tenella
Digitaria horizontalis ■ Dominância
Uroch/oa decumbens
Emília fosbergii
Chamaesyce hirta
Sonchus oleraceus
lepidium virginicum
Oxalis JaUfolia Dens = 1 2,13 pia tas m 2
Amaranthus hybridus MS = 57 3 ,55 g m 2
Nº total spécies = 32
Outras
0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00 120.00 140.00
índice de Valor de Importância (IVI%)

F1G. 4.4 Densidade (Dens), acúmulo de matéria seca (MS), número total de espécies, densidade relativa (DRe),
frequência relativa (FRe), dominância (DORe) e índice de valor de importância (IVI) das espécies
Fonte: Zaidan (2020).
90 PLANTAS DANINHAS

No exemplo da Fig. 4.4, é passivei verificar essa dife- VCe = DRe + DORe
rença na esp éde C. rotundus, conhecida popularmente
como tiririca (Zaidan, 2020). Essa planta se reproduz em que VCe é o valor de cobertura da espécie, DRe é a
assexuadamente, por meio de seus tubérculos, bulbo densidade relativa da espécie, e DORe é a dominância
basal e estolões, além da produção de sementes (repro- relativa da espécie.
dução sexu ada), e todas essas estruturas estão presentes O valor de cobertura também p ode ser expresso em
n o solo, originando urna densidade de plantas elevadas percentagem, origin ando o valor de cobertura relativo
na área em que está infestando. Entretanto, essa espécie (VCRe), que é calculado pela fórmula da Eq. 4.15.
apresenta porte relativamente baixo, o que proporciona
VCe )
acúmulo de matéria seca menor por planta em relação VCRe = ( - - ·100
í:VCe
às outras de hábito de crescimento mais denso, como a
espécie Urochloa decumbens. Pode-se observar na Fig. 4.4 em que VCRe é o valor de cobertura relativo da espécie,
que em C. rotundus h ouve urna densidade relativa elevada VCe é o valor de cobertura da espécie, e LVCe é o somató-
e uma dominância baixa, enquanto que em U. decumbens rio do valor de cobertura das espécies.
ocorreu o inverso, baixa densidade relativa e maior valor
de dominância absoluta. Dessa maneira, com o intuito de índice de similaridade
minimizar esses erros nas comparações, outros índices O índice de similaridade (IS) é bastante utilizado na ciên-
podem ser utilizados, como o índice de valor de impor- cia das plantas daninhas, pois permite a comparação
tância (IVI). entre a composição das espécies em diferentes parcelas,
tratamentos ou áreas (Kuva; Salgado; Alves, 2021). O IS,
4.2.5 Índice de valor de importância segundo Sorensen (1948), pode ser calculado pela Eq. 4.16.
O índice de valor de importância (IVI) é o somatório da
frequência relativa, densidade relativa e dominância Is=(_l!!_)-100
b+c
relativa de cada espécie, variando de Oa 300%. Esse índi-
ce permite inferir qual espécie exerce maior influência na em que a é o número de espécies comuns às duas áreas
área amostrada: e b e e são os números totais de espécies nas duas áreas
comparadas, sendo b representado pela área ou parcela 1
IVIe = FRe + DRe + DORe e e, pela área ou parcela 2.
O IS varia de O a 100% e, quanto maior o seu valor,
em que IVIe é o índice de valor de importância da espécie,
maior é a homogeneidade de distribuição das espécies
FRe é a frequência relativa, DRe é a densidade relativa, e
nas parcelas e/ou área. Ou seja, quando todas as espé-
DORe é a dominância relativa. cies são comuns na parcela amostrada, o valor de IS será
A partir dos valores de IVIe, pode-se obter a impor-
de 100% (Oliveira; Freitas, 2008; Gomes et ai., 2010).
t ância relativa das espécies por meio da Eq. 4.13.
Contudo, no cálculo do IS é considerada somente pre-
sença ou ausência das espécies, descartando a densidade
e dominância, o que pode gerar um IS que não representa
verdadeiramente a semelhança na composição entre as
em que IRe é a importância relativa da espécie, IVIe é o
áreas amostradas (Kuva; Salgado; Alves, 2021).
índice de valor de importância da espécie, e Í: IVlet é
Outro índice que pode ser utilizado é o coeficiente
o somatório do índice de valor de importância de todas
de similaridade de Odum (1985), mostrado na Eq. 4.17.
as espécies.

4.2.6 Valor de cobertura


O valor de cobertura da espécie (VCe) é o somatório dos em que S é o coeficiente de similaridade de Odum, A é 0
índices de densidade relativa (DRe) e dominância relati- número de espécies comuns entre duas áreas ou meto-
va da espécie (DORe): dologias de levantamento distintas, B é o número de
4 J PARAMETROS DO LEVANTAM ENTO FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR A ABUNDÂNCIA ... 91

espécies da á rea ou metodologia 1, e C é o número de espé- em que Id é o índice de agregação de Morisita , nX é o


cies da á rea ou metodologia 2. número de indivíduos nas un idades a most rais, N é
O índice de similaridade permite a comparação entre 0 número total de indivíduos contados em todas as unida-
duas áreas ou parcelas distintas. No entanto, na ciên- des a mostrais, e xi 2 é o quadrado do número de indivíduos
cia de plantas daninhas é mais comum a sua utilização na enésima parcela (i) (Kuva; Salgado; Alves, 2021).
para comparação entre a composição da flora emergida Dessa maneira, pode-se considerar que se Id = 1,0,
(quadrado vazado ou relevé) e análises de composição do 0 padrão de distribuição é considerado aleatório; se
banco de diásporos no solo. Id < 1,0, o padrão de distribuição é uniforme; e se Id > 1,0,
Esses são os índices mais comumente utilizados na há tendência de distribuição agregada.
ciência das plantas daninhas; todavia, há outros índices
fitossociológicos desenvolvidos que auxiliam no conhe- índices de diversidade
cimento dentro da comunidade infestante. Alguns deles A diversidade de espécies é descrita por dois componentes
serão listados a seguir. principais: riqueza e uniformidade. A riqueza é expressa
pelo número de espécies diferentes detectadas em uma
4.2.8 Índices de padrão de agregação determinada área amostrada, enquanto a uniformidade
Esses índices indicam o padrão de distribuição das espé- remete ao padrão de abundância dessas espécies (Nkoa;
cies em determinada área ou região, quando a amostragem Owen; Swanton, 2015).
é realizada em parcelas arranjadas em distribuição contí- A diversidade pode ser classificada em alfa, beta e
gua ou sistemática (Nkoa; Owen; Swanton, 2015; Kuva; gama. A alfa descreve a riqueza de espécies dentro de
Salgado; Alves, 2021). Para seu cálculo, leva-se em conside- uma mesma área, a beta indica a riqueza entre áreas
ração a razão (I) entre a média e a variância da distribuição distintas e a gama, uma região com todos os seus hábi-
dos indivíduos de uma população, conforme demonstrado tats (várias áreas distintas) e comunidades presentes
nas Eqs. 4.18 e 4.19 (Nkoa; Owen; Swanton, 2015): (Magurran, 1988; Nkoa; Owen; Swanton, 2015; Kuva;
Salgado; Alves, 2021).
s2 = r(xi-x)2 Para se avaliar a diversidade, três índices são
N-1
comumente empregados, de acordo com Nkoa, Owen
s2
I=- e Swanton (2015): o índice de diversidade de Margalef
x
(Dmg), o índice de diversidade de Shannon-Weaver
2 (H'), e o índice de dominância de Simpson (D), indica-
em que S é a variância da população, xi é o número de
indivíduos na enésima parcela (i), x é a média do núme- dos na Tab. 4.2. O índice de Shannon-Weaver (H') é o
ro de indivíduos por unidade amostral, N é o número de mais empregado na ciência das plantas daninhas (Kuva;
unidades amostrais e I é a razão de agregação. Salgado; Alves, 2021), pois, ao contrário do índice de
Por esse índice, o padrão de distribuição pode ser Margalef, que abrange somente a riqueza das espécies,
considerado uniforme ou regular quando o valor da ele abrange a estimativa da riqueza e da uniformidade
razão for próximo a um (I =1), agregado ou tendendo ao das espécies, sendo também mais completo do que o de
agrupamento quando o valor da razão for maior que um Simpson, o qual engloba somente a estimativa da unifor-
(I > 1), e aleatório quando o valor da razão for menor que midade (Nkoa; Owen; Swanton, 2015).
um (I < 1) (Monquero; Hirata; Pitelli, 2014). Quanto maior o índice, maior será a diver sificação
Outro índice de agregação comumente utilizado é o da comunidade quanto à composição de espécies (Kuva;
proposto por Morisita (1959), que é pouco influenciado Salgado; Alves, 2021).
pelo tamanho das parcelas, mas é considerado um exce-
lente indicador do grau de dispersão (Arruda; Daniel, 4.2.10 Índice de Pielou
2007). Esse índice é calculado pela fórmula da Eq. 4.20. A partir do valor do índice de diversidade de Shannon-
-Weaver (H'), é possível cnlcular o índice de equltabilida-
i:;xi 2 -N
Id = nX N(N-1) de de Pielou (J) pela Eq. 4.21:
92 PLANTAS DANINHAS

Tab. 4.2 fndices de diversidade de Shannon-Weaver, Margalef e Simpson, da comunidade


infestante de plantas daninhas

Shannoh•Weaver (H') Margalef (1:>mg) Slmpson (D)

D
S-1 ~ ni(ni-1)
H' = - }.: pi ln(pi) Dmg=-- D=L-
N(N-1)
l=l ln(N)

Nota: n "' número de espécies na área amostrada; pi= densidade relativa de cada espécie; ln = logaritmo
neperiano; S = número de espécies na área amostrada (riqueza); N = número total de indivíduos de todas as
espécies; e ni = densidade ou número de indivíduos da espécie.

H' possibilidade de utilização de imagens provenientes de


J=--
ln(S) câmeras instaladas em veículos aéreos. As câmeras devem
apresentar boa resolução, podendo ser multiespectrais,
em que J é o índice de Pielou, H' é o índice de diversida- hiperespectrais e térmicas, instaladas em helicópteros,
de de Shannon-Weaver, ln é logaritmo neperiano, e S é o aviões e veículos aéreos não tripulados (VANTs) (Fig. 4.5).
número de espécies amostradas. Em relação aos VANTs, eles vêm sendo bastante utiliza-
Esse índice varia de O a 1 ,00 e mostra o equilíbrio dos, visto que podem ser empregados em alturas de voo
na distribuição do número das espécies da comunidade e velocidade menores, gerando imagens de curto alcance
infestante. Quanto mais próximo de um for o seu valor, em diferentes ângulos, além de proporcionarem menor
maior é a semelhança entre as espécies. turbulência que os helicópteros e aviões (Kuva; Salgado;
Alves, 2021). Há a possibilidade de utilização de drones de
MAPEAMENTO DE PLANTAS asa fixa e rotor - entretanto, Meneses et al. (2018) verifi-
DANINHAS caram que as imagens das câmeras instaladas em drones
O mapeamento consiste em determinar a presença ou de rotor obtiveram maior foco e nitidez. As câmeras
ausência da espécie no local Dados sobre a distribuição real geram imagens de alta resolução espacial, identificando
de uma espécie de planta daninha podem ser coletados dire- as plantas na área por meio de diversos equipamentos de
tamente no campo ou indiretamente de registros públicos, análises das imagens, com bases em algoritmos de um
como documentos governamentais, herbários e publicações banco de dados gerado anteriormente (Shirzadifar et al.,
acadêmicas de pesquisa (Nkoa; Owen; Swanton, 2015). 2020; Gasparovic et al., 2020).
Os métodos antigos de mapeamento eram mais Contudo, para se utilizar a identificação por algo-
onerosos e dispendiosos, e a cobertura da área avaliada ritmos e redes neurais artificiais, é necessário gerar um
era intermitente e falhada. Atualmente, há a opção de
mapeamento por meio de sistema de imagens por saté-
lites, em que há monitoramento constante da área com
intervalo de dias, sendo disponibilizadas em platafor-
mas digitais (Kuva; Salgado; Alves, 2021). Esse método
permite cobrir uma extensa área, resolvendo o problema
cau sado pelas amostragens antigas; contudo, para obter
bons resultados n as avaliações por imagens de satélites,
é necessário ter uma elevada infestação de plantas dani-
nhas e céu limpo (Yano et al., 2016). A visualização de
alguma anomalia (manchas de plantas) no campo deve
ser constatada por vistorias ao local.
Para minimizar os problemas relacionados à limi- 4.5 Veículo aéreo não tripulado (VANT) com
FiG.
câmera digital de alta resolução
tação de uso de imagens aéreas por satélites, há a
Fonte: https://pxhere.com /en/photo/ 1379974.
4 1 PARÂMETROS DO LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR A ABUNDÂNCIA... 93

banco de imagens em diversos eslágios de cresci menlo de algoritmos de segme ntação, aliado a uma técnica de
das plantas, para treinar e validar as redes neurais a rti- seleções baseadas em agrupamento, demon strou eficiên-
ficiais na distinção das plantas daninhas presentes nas cia na identificação de plan tas da ninhas na linha e na
áreas agrlcolas. Dessa forma, é posslvel tomar a decisão cio entrelinha de um plantio de girassol por uso de imagens
melhor método de controle a ser utilizado (Sudars et ai., provenientes de VANTs. Zhang et ai. (2020) observaram
2020). Uma desvantagem desse tipo de utilização em 91,67% de eficiência em um método baseado em ima-
larga escala é a necessidade de rotular milhares de plantas gens aéreas provenientes de VANTs na identificação de
no processo de treinamento, bem como de um programa plantas do gênero Espeletia, comumente encontradas na
para avaliar esses dados, visto que há um número muito Colômbia. Esses estudos reforça m o avanço na identifica-
elevado de espécies de plantas daninhas nas áreas agrí- ção das plantas daninhas pelos sistemas de algoritmos.
colas (Goldman et al., 2019; Osco et ai., 2021). Um exemplo de sistema de identificação por algo-
Com o uso das redes neurais artificiais, é possível defi- ritmos baseado em cor, forma, tamanho e recursos
nir o período crítico de prevenção à interferência (PCPI) texturais diferenciados está representado na Fig. 4.7.
das plantas daninhas com a cultura, determinando o Ele fez a identificação de 90% das plantas de garras-do-
momento correto de se realizar o controle (Monteiro et al., -diabo (Proboscidea louisianica) em uma área cultivada
2021). Um exemplo básico de identificação das plantas com soja (Singh et al., 2020).
daninhas por algoritmos está demonstrado na Fig. 4.6. Os levantamentos de imagens por VANTs e sua uti-
A identificação por redes neurais artificiais de melão lização para o mapeamento de espécies apresentam um
(Cucumis melo) e gergelim (Sesamum indicum) demonstrou avanço no manejo de plantas daninhas com base em
que elas podem prever, com alta precisão, o momento mapas específicos (Gasparovic et al., 2020), pois permi-
em que o manejo de plantas daninhas deve ser iniciado, tem o monitoramento da disseminação, sobretudo, de
a fim de evitar perdas de produtividade em lavouras com biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas,
plantas com via fotossintética C3 (Monteiro et al., 2021). a fim de promover o manejo integrado, minimizando
Pérez-Ortiz et ai. (2016) demonstraram que o sistema sua possível dispersão para outros locais em que essas

VANT Fotos aéreas Ortofoto


!

Classlficação por algoritmos

Plantas daninhas Identificadas

FIG. 4.6 Ilustração da cole ta de imagen s por veiculas aéreos não tripulados (VANTs) e posterior classificação das
plan tas da ninhas por algoritmos
Ponte: adaptado de Hung, Xu e Sukkarieh (2014). ~
94 PLANTAS DANINHAS

Fie. 4.7 Detecção de


plantas de garras-do-diabo
(Proboscidea louisianica) em
uma área cultivada com soja,
por imagem de alta resolução
(8 mm/pixel). (A) Imagem
aérea da área com as
plantas de garras-do-diabo
destacadas no círculo branco
e (B) detecção das plantas-
-alvo
Fonte: adaptado de Singh
et al. (2020). ~

espécies não estão presentes, auxiliando no método de australis) em meios aquáticos, utilizando imagens prove-
manejo preventivo. Com esses levantamentos, pode-se nientes de VANTs.
aplicar herbicidas ou demais métodos de controle em No Brasil, a utilização de VANTs vem ganhando
áreas de infestações localizadas de plantas daninhas, grande destaque nos últimos anos. Alguns estudos rela-
ajustando a dose dessas aplicações de acordo com a den- cionados à identificação por programas, analisando as
sidade ou composição de espécies de plantas daninhas imagens aéreas de VANTs, foram realizados nas cultu-
(López-Granados et al., 2016; Gasparovic et al., 2020). ras da cana-de-açúcar (Yano et al., 2016), citros, milho
Shirzadifar et al. (2020) demonstraram que índices (Osco et al., 2021) e soja (Ferreira et al., 2017). Dessa
espectrais selecionados por algoritmos podem ser utili- forma, esse método mostra-se promissor, podendo se
zados para a detecção de biótipos de plantas daninhas expandir no País com o intuito de auxiliar o agricultor
resistentes ao glyphosate, o que representa um ganho na na tomada de decisão a respeito do manejo das plantas
adoção de estratégias de erradicação delas, a fim de evi- daninhas.
tar posterior disseminação em novas áreas. Por fim, o monitoramento com uso dos VANTs torna
Para o conhecimento da dinâmica da comuni- a coleta de imagens mais fácil, com imagens maiores e
dade na área ao longo do tempo, o levantamento deve mais nítidas, facilitando o processamento e a análise de
ser realizado em épocas distintas, por um período imagens pelos programas e gerando maior confiabilidade
de tempo prolongado, com equipamento calibrado e na identificação da planta daninha. Vale ressaltar que os
padronizado em todas as amostragens. Um dos proble- VANTs possuem tempo de autonomia de voo baixa por
mas do mapeamento aéreo é que as plantas daninhas bateria, o que reduz um pouco sua capacidade operacio-
ocupam diferentes posições verticais na área, devido nal. Como alternativa, deve-se sempre ter à mão baterias
aos seus diferentes tamanhos, podendo também e carregadores reservas.
ocorrer sombreamento e não captura pelas lentes
das cãmeras sobre as infestantes, as quais podem ser 4.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
cobertas pelas folhas de outras plantas com hábitos de UTILIZADAS NA
crescimento diferentes. FITOSSOCIOLOGIA
O mapeamento aéreo por meio de VANTs tam- Além dos parâmetros fitossociológicos, é possível
bém pode ser utilizado no levantamento de plantas em realizar técnicas estatísticas multivariadas para com-
áreas não agrícolas, como reservatórios de água, prin- preender aspectos relacionados à diversidade de plantas
cipalmente em hidrelétricas, barragens, entre outras. daninhas em uma área (Iqbal et al., 2018). Entre essas
Esse avanço permite avaliação rápida em águas, visto técnicas, têm-se a análise de componentes principais e a
que a identificação dessas plantas pelos métodos con- análise de agrupamento. Vale ressaltar que essas análi-
vencionais é de difícil execução. Meneses et al. (2018) ses procuram evidenciar como as mudanças no hábitat e
demonstraram que foi possível identificar diferentes as atividades antropogênicas afetam a diversidade, adis-
alturas e densidades de plantas de caniço (Phragmites tribuição das espécies, além da formação de a ssooaçao
· -
·
4 1 PARÂMETROS DO LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR A ABUNDÂNCIA . .. 95

entre as plantas (Iqbal et ai., 2015, 2018; Marshall et al., em m aior den sidade e cobert ura, suprimindo o desen -
2003; Roschewitz et al., 2005). volvimento das demais espécies. As espécies de plantas
Com as aná lises multivariadas, avalia-se a influência da ninhas que são suprimidas, por sua vez, geralmente
dos at ributos do solo e dema is condições na composição n ão resultam em problem as econômicos aos cultivos
das plantas em uma área. Iqbal et ai. (2018) avaliaram a agrícolas (Fernández-Quinta nilla; Saavedra; Garcia
influência de fatores ambientais e práticas agrícolas na Torres, 1991). O grau de importân cia das espécies de
composição das plantas daninhas e observaram que o plantas daninhas e, con sequentemen te, as estratégias
teor de matéria orgânica, a condutividade elétrica, o tipo de controle a serem adot adas são dados pelos p arâmetros
de colheita, o tipo de esterco e a prática usada no manejo fitossociológicos já detalhados n est e capítulo.
de plantas daninhas têm um efeito significativo no O objetivo dos estudos fitossociológicos na ciência
padrão de distribuição das espécies dessas plantas. Esses de plantas daninhas é semelhante ao dos estudos eco-
mesmos autores observaram cinco associações entre os lógicos. Ao fazer um levantamento fitossociológico de
gêneros de plantas daninhas: 1 - Emix-Vicia-Lathyrus; espécies, deve ser levado em consideração que a natureza
2 - Alysum-Cannabis-Lithospermum; 3 - Oxalis-Lathyrus- dos est~dos agronômicos implica parcelas com tama-
-Chenopodium; 4 - Euphorbia-Cerastium-Capsella-bursa; e nho menor do que o esperado e com fatores de seleção
5 Alopecurus-Mazus-Persicaria, considerando-as muito mais fortes do que aqueles que atuam no ambiente
como indicadoras, sendo o conceito de indicadora uti- (Concenço et al., 2013). Além do mais, os fatores de sele-
lizado para definir o relacionamento dentro do mesmo ção são momentâneos à medida que os trat amentos s ão
grupo. Esse estudo possibilitou observar as exigências aplicados, por exemplo, densidades de plantio de cult u-
de um grupo de plantas daninhas para determinado ras distintas, espaçamentos entre linhas e aplicação de
ambiente, de forma que seja possível estabelecer cone- herbicidas (Concenço et al., 2013).
xões de características do ambiente com as possíveis Em geral, os estudos fitossociológicos de comunida-
espécies infestantes, podendo auxiliar no manejo dessas des de plantas daninhas em agroecossistemas permitem
espécies nas áreas agrícolas. identificar espécies com maiores índices de importância
para as populações de plantas nas culturas. O estudo
4.5 FITOSSOCIOLOGIA NA CIÊNCIA fitossociológico também permite analisar os impactos
DAS PLANTAS DANINHAS desses métodos de manejo e tratos culturais sobre a
A composição da comunidade de plantas daninhas em dinâmica da população dessas espécies (Mendes et al.,
um hábitat depende das características de solo, clima, 2014; Zaidan, 2020). Segundo Kuva, Salgado e Alves
época de cultivo e dos tratos culturais empregados (Voll (2021), de acordo com o grau de similaridade quanto à
et al., 2001; Kuva; Salgado; Alves, 202-1). Desse modo, tal composição e participação dos componentes, a organiza-
composição depende da interação entre a plasticidade ção das comunidades de plantas daninhas pode ser útil
fenotípica de cada indivíduo e os processos de flexibilida- no planejamento das estratégias de cont role.
de adaptativa a eventuais mudanças no ambiente (Pitelli; Os diferentes métodos de manejo de plantas
Pitelli, 2004; Concenço et ai., 2017). daninhas influenciam diretamente a composição e dis-
Em uma comunidade de plantas daninhas, as espé- tribuição das espécies na área. Dessa maneira, é p ossível
cies não possuem o mesmo grau de importância. Cada definir os métodos de manejo mais eficientes, podendo
espécie de planta daninha possui determinadas caracte- utilizá-los de forma sucessiva, combinada e/ ou alter-
rísticas biológicas que podem influenciar a capacidade de nada. Zaidan (2020) observou que a capina por meio de
competição por água, luz e nutrientes e o grau de interfe- enxada das plantas daninhas n a entrelinha do cafeeiro
rência na produtividade das culturas agrícolas (Tyagi etal., proporcionou mudança na composição das plantas dani-
2018). Existem espécies dominantes que, pela maior nhas na área, selecionando esp écies, como C. ronmdus,
capacidade de competição intra e interespecífica pelos por causa de seu hábito de reprodução (propagação vege-
recursos do meio, são responsáveis pela maior parte dos tativa e sementes) e do r evolvimento do solo devido ao
danos. As esp écies dominantes estão presentes na área método utilizado (Fig. 4 .8).
96 PLA NTAS DA NINHAS

FIG. 4.8 (A) Diversidade de plantas daninhas na entrelinha do cafeeiro na condição inicial do experimento, (B) capina
com enxada na entrelinha do cafeeiro e (C) diversidade de plantas daninhas na entrelinha do cafeeiro, após dois anos
de adoção da capina manual por meio de enxada, destacando-se a espécie de Cyperus rotundus
Fonte: Zaidan (2020). ~

Essa mesma autora observou que o tratamento em a umidade do solo, o pH e o teor de matéria orgânica do
que foi realizada roçada na entrelinha com roçadeira solo podem proporcionar modificações na composição da
motorizada selecionou espécies rast eiras, em especial a comunidade de plantas daninhas em uma determinada
trapoeraba (Commelina diffusa), que apresentou índice de região. Mendes et al. (2014), estudando o efeito do oxa-
valor de importância (IVI) de 108%. A roçadeira tende a diazon na dinâmica da comunidade de plantas daninhas,
cortar as plantas em uma determinada altura em relação em diferentes momentos de aplicação de lâminas d'água
ao solo e, corno a trapoeraba apresenta hábito de cresci- e incorporação de material orgânico, verificaram que a
mento rasteiro e reprodução por propagação vegetativa aplicação de oxadiazon afetou negativamente o número
e sementes, essa espécie dominou a área em relação às e a matéria seca de plantas daninhas, com a espécie C.
demais espécies (Zaidan, 2020), rotundus apresentando maior !VI, seguida da U. decum-
A aplicação de herbicidas em pré ou pós-emergência bens, Galinsoga parviflora (botão-de-ouro), Bidens pilosa
p ode influenciar a diversidade, composição e organiza- (picão-preto) e Melampodium perfoliatum (estrelinha).
ção de comunidades de plantas daninhas associadas a A maior similaridade foi observada entre o tratamento
determinada cultura. Os h erbicidas apresentam dife- que recebeu a aplicação sequencial de 10 mm de lâmina
rentes espectros de ação sobre o controle das espécies, d'água antes e depois da pulverização do herbicida, sendo
sendo assim, tendem a selecionar as espécies em que são que n ão houve interação significativa entre os momentos
seletivos, as tolerantes e também os biótipos de plantas de aplicação de lâminas d'água e a incorporação ou não
daninhas resistentes, o que interfere diretamente na de material orgânico, devido à semelhança de valores da
composição florística na área. Como exemplos, podem-se matéria orgânica presente no solo (Mendes et al., 2014).
citar os herbicidas auxínicos, que são seletivos para De acordo com as práticas agrícolas adotadas e com
espécies monocotiledôneas, os herbicidas inibidores o período de cultivo da cultura agrícola, também podem
da acetil-coenzima A carboxilase (ACCase), que são ocorrer variações na composição das espécies de plantas
seletivos par a espécies eudicotiledôneas, e o ghypho- daninhas. Nesse contexto, Ferreira et al. (2019), estu-
sate, que não exerce controle sobre espécies tolerantes, dando os efeitos de diferentes doses de nitrogênio na
como a C. diffusa (Santos et al., 2001; Dias; Carvalho; dinâmica de plantas daninhas na lavoura durante o ciclo
Christoffoleti, 2013) e biótipos resistentes de capim- da cultura do milho, verificaram que a comunidade de
-amargoso (Digitaria insularis), sendo necessário utilizar espécies de plantas sofreu alt erações n a su a dinâmica em
m isturas de h erbicidas ou outros métodos de controle no função do tempo de amostragem e inserção de t écnicas
manejo dessas espécies (Adegas et al., 2010a). de plantio, e a similaridade foi men or quando se aplica-
O conheciment o da comunidade de plantas daninhas ram menores doses de nitrogênio. Em estudos realizados
que ocorre nas á reas de cultivo torna-se a base para a for- por Mi et al. (2018), t ambém foi possível constata r que
m ulação de u m program a de controle eficiente. A altitude o número de espécies foi influenciado pela aduba-
e a t axa de precip itação da região, a cultura antecessora, ção n itrogenada. Os autores descobriram que o maior
4 1 PARÂM ETROS DO LEVAN TAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PARA AVALIAR A ABUNDÂNCIA. .. 97

número de espécies de plantas daninhas foi registrado dade de levantamento de plantas daninhas aquáticas,
no tratamento sem a presença do nitrogênio, seguido do visa ndo medidas de prevenção do aumento do volume
tratamento com alta dosagem. de plantas em reservatório, sobretudo de hidrelétri-
Por outro lado, é importante salientar que a rotação cas, em que a proliferação desequilibrada pode causar
de culturas é uma prática agrícola que, além de melhorar danos em equipamentos, prejudica ndo a geração de ener-
a fertilidade do solo, reduzir a erosão e diminuir o risco gia (Rocha; Martins, 2011).
de doenças das culturas, também é importante para o Além desses estudos reportados, pode-se ainda rea-
controle de plantas daninhas, uma vez que tal método lizar diversas investigações relacionadas com o banco
pode modificar a diversidade e a composição das comu- de diásporos de plantas da ninhas no solo. Os bancos de
nidades infestantes em uma área. Neyret et al. (2020), diásporos do solo funcionam como fonte de comunida-
investigando o efeito da rotação de culturas com milho, des de plantas daninhas, determina ndo sua ocorrên cia,
arroz e seringueira na diversidade de comunidades de dinâmica e sucessão (Bàrberi; Cascio, 2001). Desse modo,
plantas daninhas no ~orte da Tailândia, observaram que o conhecimento da dinâmica do banco de diásporos do
a diversidade de espécies herbáceas aumentou em 36%, solo (Fig. 4.9) contribuirá para a previsão da estrutura e
enquanto a dominância diminuiu em 38%, em áreas dos padrões dinâmicos da comunidade de plantas dani-
agrícolas com mudanças anuais de safra. Diante disso, a nhas, auxiliando os agricultores no manejo integrado
rotação de culturas pode evitar o acúmulo de comunida- (He; Gao; Qiang, 2019).
des de plantas daninhas dominantes em monocultivos. O cultivo de vários tipos de culturas pode propi-
O estudo fitossociológico pode ser utilizado para ciar o surgimento de diferentes comunidades de plantas
entender a dinâmica das plantas daninhas em diferentes daninhas. Portanto, as áreas agrícolas contêm diferen-
culturas. Diversos estudos fitossociológicos foram reali- tes bancos de diásporos de plantas daninhas (Bellinder;
zados em culturas no Brasil, com o milho (Duarte; Silva; Dillard; Shah, 2004). A comunidade de plantas dani-
Deuber, 2007), o girassol (Adegas et al., 2010b), a banana nhas das áreas agrícolas está relacionada com as safras
(Moura Filho; Macedo; Silva, 2015; Santos et al., 2019), da rotação anterior, podendo-se supor que os diferen-
a cana-de-açúcar (Oliveira; Freitas, 2008), pastagens tes sistemas de cultivo abrigam diferentes e complexos
(Inoue et al., 2012, 2013), o arroz (Erasmo; Pinheiro; bancos de diásporos no solo (He; Gao; Qiang, 2019). Em
Costa, 2004), o café (Maciel et al., 2010; Zaidan, 2020), o estudos realizados por He, Gao e Qiang (2019), foi possí-
amendoim (Piazentine et al., 2020), a batata-doce (Silva vel constatar que, após a implementação de padrões de
et al., 2017) e demais culturas. Há também a possibili- monocultura de longo prazo, as composições de espécies

Planta sobrevive e Planta morre antes de


produz diásporos produzir diásporos

Diásporos morrem durante


ou após a germinação

t
Germinação

Entrada de diásporos Entrada de diásporos de


produzidas por plantas outras áreas trazidas pelo
oriundas do banco vento, animais, máquinas
de diásporos agrícolas etc.
F1G. 4.9 Dinâmica do banco de

Dlásporos morrem antes Saída de diásporos devido diásporos de plantas daninhas


de entrar no banco de à morte por ação de insetos, do solo
diásporos do solo fungos, clima etc. Fonte: adaptado de Dias Filho
Banco de diásporos do solo (2011).
98 P LANTAS DANINHAS

de plantas daninhas no banco de diásporos do solo tor- A análise do banco de diásporos no solo possui suas
naram-se homogeneizadas, independentemente do tipo particularidades, e muitas vezes é difícil alcançar uma
de cultura. estimativa de maior representação d a composição das
Por outro lado, existem sementes de plantas dani- plantas na á rea. Tal fato se deve à dificuldade de sepa-
nhas que permanecem no solo apenas por alguns ração e à diversidade de estruturas de reprodução. Dessa
períodos do ano, formando um banco temporário maneira, há a possibilidade de correlacionar as meto-
de sementes. Esses bancos temporários são compostos dologias para verificar a semelhança entre o banco de
por sementes de espécies que germinam quando existem diásporos presente no solo e as espécies encontradas na
condições ambientais favoráveis, propiciando o apareci- área, aliando o método do quadrado vazado aos métodos
mento de diferentes comunidades de plantas daninhas de avaliação da composição de diásporos.
(Santín-Montanyá et al., 2016). Em geral, o preparo do Entre as alternativas de comparação, pode-se optar
solo atua no banco de sementes do solo promovendo por análises de correlação, como a correlação de Spearman
ou dificultando essa germinação (Trichard et al., 2013; Rank, ou pelo coeficiente de similaridade de Odum, des-
Santin-Montanyá et al., 2016). Nesse contexto, Santín- crito na seção 4.2. Kuva et al. (2008) verificaram que a
-Montanyá et al. (2016), avaliando o impacto no banco de correlação de Spearman e o coeficiente de similaridade
sementes temporário e persistente de plantas daninhas de Odum foram pouco eficientes para estimar a flora
de diferentes práticas de preparo do solo nos sistemas infestante em relação ao método de emergência do banco
de cultivo de cereais de inverno, constataram que os de sementes no cultivo da cana-de-açúcar, com valores
sistemas de preparo do solo não afetaram a densidade máximos de 60%, a depender da área. Esse fato pode ser
de sementes de plantas daninhas e os parâmetros de explicado pelas condições necessárias no campo para as
diversidade no banco de sementes temporárias, porém, sementes germinarem, além da presença de diásporos
no banco de sementes persistente, as técnicas de cultivo de estrutura vegetativa, não contabilizados no método
conservacionistas favoreceram o aumento da densidade de avaliação do banco de sementes. Embora as técni-
e diversidade das sementes de plantas daninhas em com- cas de emergência possam não retratar com precisão 0

paração ao cultivo convencional. volume de sementes no solo, elas podem prever com mais
O termo banco de sementes também tem sido adotado acurácia quais plantas podem se estabelecer em condi-
para designar as reservas de sementes viáveis no solo, em ções de campo (Espeland; Perkins; Leger, 2010).
profundidade e na superfície (Roberts, 1981; Caetano; Não obstante, o levantamento fitossociológico de
Christoffoleti; Victoria Filho, 2001). Conforme já relatado, plantas daninhas, quando aplicado em áreas agrícolas,
a composição do banco de sementes é determinada prin- também pode apresentar algumas desvantagens. Como
cipalmente pelas práticas culturais empregadas na área. esses parâmetros foram originalmente planejados para
Caetano, Christoffoleti e Victoria Filho (2001) avaliaram caracterizar comunidades de plantas em ambientes
o banco de sementes de plantas daninhas para determi- naturais, foram n ecessárias adaptações para o contexto
nar as possíveis influências dos diferentes sistemas de agrícola, como estabelecer etapas básicas numa análise
manejo utilizados na cultura dos àtros nas profundidades fitossociológica, priorizar as fórmulas menos afetadas
de 0-10 cm e 0 -20 cm, e verificaram que o banco de semen- por fatores que podem alterar a análise fitossociológica,
tes concentra-se nas camadas superficiais de 0-10 cm e a e usar parâmetros não apenas para avaliar a composição
utilização de grade e roçadeira proporcionaram maiores das plantas daninhas atuais em uma determinada área
'
percentagens de plantas, enquanto a cobertura verde com mas também para analisar o banco de diásporos do solo
leguminosas suprimiu a germinação das plantas dani- (Concenço et al., 2017), conforme descrito neste capítulo.
nhas. Com essa cobertura verde com leguminosas, a massa Outra desvantagem é a dificuldade da coleta de
vegetal formada pode inibir a germinação das sementes dados em campo e de seu processamento (Concenço et al.,
de plantas daninhas por algum efeito alelopático, barreira 2017). O conjunto de parâmetros adotados na fitos-
física ou interceptação da luz (Caetano; Christoffoleti; sociologia não é padronizado; com isso, dificilmente
Victoria Filho, 2001). será possível comparar estudos conduzidos por dife-
4 1 PARÂMETROS DO LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PAR/\ AVALIAR A ABUNDANCIA. .. 99

rentes pesquisadores, uma vez que as fórmulas e os controvfrsias em relaçl'o à confiabílidade e representa-
procedimentos raramenle são se melhantes (Concenço, tividade dos métodos existentes. Dessa maneira, este
et ai., 2017). Neste capítulo, entretanto, buscou-se padro- capitulo buscou evidenciar os principais aspectos rela-
nizar os parâmetros fitossociológicos e suas aplicações cionados à fitossociologia aplicada na ciência das plantas
com ênfase na ciência das plantas daninhas. daninhas, ressaltando os principais parâmetros que
podem ser utilizados na análise de uma comunidade
4.6 CONSIDBRAÇÕBS FINAIS infestante em uma determinada área, cuja resposta pode
A fitossociologia é uma ferramenta da ciência extrema- ser um tratamento imposto a um local onde haja inte-
mente importante para se gerar conhecimento sobre a resse de se conhecer a composição florística.
abundância, distribuição e diversidade da comunidade Contudo, vale ressaltar que esse ramo da ciência
infestante e possíveis interações das plantas daninhas ainda necessita de mais estudos, com o intuito de buscar
em respostas aos fatores bióticos e abióticos, e pode auxi- a padronização das metodologias e diferentes alterna-
liar os agricultores e pesquisadores na tomada de decisão tivas de avaliação que sejam de maior confiabilidade. A
acerca da adoção de técnicas e estratégias de manejo das utilização de imagens aéreas captadas por câmeras de alta
infestantes, a fim de minimizar sua interferência nas resolução no mapeamento e na identificação das infestan-
culturas agrícolas. tes mostra-se uma ferramenta promissora e com elevado
As metodologias de levantamento fitossociológico grau de precisão, sendo cada vez mais demandada, tanto
para a ciência das plantas daninhas vêm sendo modi- em pesquisas científicas como em áreas de produções agrí-
ficadas ao longo dos anos, e ainda há muitas dúvidas e colas no manejo mais adequado das plantas daninhas.
5 MÉTODOS DE CONTROLE E
MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS
DANINHAS NA AGRICULTURA
Vicente Bezerra Pontes Junior
Antonio Alberto da Silva
Leonardo D'Antonino
Kassio Ferreira Mendes

A escolha dos métodos de controle de plantas daninhas enquanto os métodos de controle são o físico, o mecâ-
deve levar em consideração as espécies presentes na nico, o químico e o biológico.
área de interesse (cultura de interesse econômico e plan- Os métodos de manejo podem ser considerados
tas daninhas) e as condições locais de mão de obra e de medidas indiretas de controle, pois são práticas que não
equipamentos, sem se esquecer dos aspectos ambientais atingem diretamente as plantas daninhas. São realiza-.
e econômicos. Os métodos de controle abrangem desde dos pelos produtores até com outra finalidade que não
o arranque das plantas com as mãos até o uso de equi- o controle de plantas daninhas, a exemplo de adubação,
pamentos sofisticados que utilizam fogo controlado e calagem, compras de sementes certificadas, sistema de
eletrocussão (Oliveira; Brighenti, 2018). A redução da
interferência das plantas daninhas, considerando-se
uma cultura, deve ser feita até um nível no qual as perdas
pela interferência sejam iguais ao incremento no custo
do controle, ou seja, que não interfiram na produção eco-
nômica da cultura. Os métodos de controle de plantas
daninhas estão esquematizados na Fig. 5.1.
Entre esses métodos, é importante diferenciar os de
manejo e os de controle de plantas daninhas. De acordo .,,
ü,

com Carvalho (2013), entende-se por manejo um proce- "o


dimento não pontual e estratégico, o qual visa a redução
do potencial de interferência das plantas daninhas em
curto, médio e longo prazo, ou seja, um processo ao longo
do tempo e planejado. Já o controle é uma intervenção
pontual não estratégica, que visa a rápida eliminação
da comunidade de plantas daninhas, eliminando-as ou
impedindo O seu crescimento. Neste capítulo, conside-
ram-se métodos de manejo o preventivo e o cultural, F 1G. 5.1 Métodos de controle de plantas daninhas
5 1 M ~TODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 101

irrigação localizada, rotação de culturas, entre outras. De dispe rsão de determinadas espécies de plantas dani-
certa forma, os métodos de manejo tr;izem outros bene- nhas em áreas ai nda não infest'.adas por elas. Essas áreas
fícios para a cultura além da eliminação de concorrência podem ser um país, um Estado, um município ou uma
com as plantas daninhas, como preparo de solo adequado gleba de terra na propriedade.
para seu crescimento, disponibilidade de água, nutrien- Em níveis federal e estadual, há legislações que regu-
tes e maior produtividade. Por outro lado, esses métodos lamentam a entrada de sementes no País ou Estado e sua
são considerados medidas diretas, pois irão atuar após a comercialização interna, como o Decreto nº 10.586/2020,
incidência, quando a planta daninha já apresenta poten- o qual regulamenta a Lei nº 10.711/2003, que dispõe
cial para causar interferência. sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (Brasil,
Na sustentabilidade dos sistemas agrfcolas, é 2003, 2020). Nessas legislações, encontram-se os limites
importante a integração dos métodos de controle obser- toleráveis de semente de cada espécie de planta daninha
vando-se as características do solo, do clima e os aspectos e também a lista de sementes proibidas p or cultura ou
socioeconômicos do produtor. A realização da integração grupo de culturas.
compatível, ambiental e economicamente, demanda Em nível local, é de responsabilidade de cada agri-
profundo conhecimento das estratégias disponíveis, pro- cultor ou cooperativa prevenir a entrada e a dispersão
movendo equilíbrio com as medidas de manejo do solo de uma ou mais espécies de plantas daninhas, que pode-
e da água, além do controle de pragas e doenças. Ao se rão se transformar em sérios problemas para a região.
adotar qualquer medida de controle, o meio no qual as Em síntese, o elemento humano é a chave do controle
plantas daninhas se encontram deve ser tratado como preventivo. A ocupação eficiente do espaço do agroecos-
um ecossistema capaz de responder a qualquer mudança sistema pela cultura diminui a disponibilidade de fatores
imposta, não se limitando, dessa forma, à aplicação de adequados ao crescimento e desenvolvimento das plan-
herbicidas ou ao uso de qualquer outro método isolada- tas daninhas, podendo ser considerada uma integração
mente, visto que o uso de métodos isolados dificilmente entre a prevenção e o método cultural.
irá controlar todas as plantas daninhas presentes em uma Algumas práticas podem e devem ser realizadas a
área. Além disso, o controle químico de forma isolada fim de evitar a dispersão de sementes de plantas dani-
ainda pode promover a seleção de biótipos resistentes de nhas para outras áreas e, assim, prevenir adições futuras
plantas daninhas devido à pressão de seleção do método, ao custo do controle de plantas daninhas. Algumas delas
o que torna mais difícil e oneroso o controle dessas espé- são citadas a seguir.
cies resistentes. Logo, realizar a integração dos métodos
de manejo e controle, promovendo o manejo integrado, 5.1.1 Limpeza de equipamentos e
é a melhor forma de evitar que tais problemas ocorram. maquinários
Procura-se, ainda, incentivar a melhoria da qualidade de Em um sistema produtivo, diversos equipamentos e
vida tanto do agricultor diretamente envolvido como de maquinários são utilizados nas lavouras, tendo contato
toda a população que será beneficiada pela cadeia produ- direto com os componentes ali presentes, como o solo,
tiva, bem como a preservação do meio ambiente. a cultura e as plantas daninhas. Algumas espécies de
Diante do exposto, neste capítulo serão abordados plantas daninhas possuem sementes muito pequenas e
os diferentes métodos de manejo e controle de plantas leves, sendo facilmente carregadas para outros lugares
daninhas, bem como seus benefícios e desvantagens. ao se aderir nos implementas (por exemplo, Amaranthus
Também será detalhado o Manejo Integrado de Plantas spp.). Tratores, roçadeiras, grades, arados, colhedoras,
Daninhas (MIPD), e sua importância no atual contexto enxadas, entre outros, devem ser cuidadosamente
ambiental e econômico. limpos após sua utilização, sobretudo se for de uso com-
partilhado (cooperativas, associações ou provenientes de
MANEJO PREVENTIVO aluguel). A falta de cuidados n a limpeza dos equipamen-
O manejo preventivo consiste no uso de práticas que tos e maquinários pode causar a dispersão de espécies de
visam prevenir a introdução, o estabelecimento e/ou a difícil controle.
102 PLANTAS DANINHAS

Como exemplo, cita-se o caso ela introdução em Logo, seme ntes ele p la n tas daninhas podem se mist u-
p astagen s do Estado de Mato Grosso de sementes de ra r com as seme n tes produzidas ou estar p resentes no
A maran thus palmeri, espécie exótica ao Brasil, vindas solo que será utili zado como s ubstrato para as mudas.
possivelmente de colhedoras importadas da Argentina, Portanto, recomend a-se sua aquisição junto a produ-
as quais não foram limpas de forma adequada (Gazziero; tores inscritos n o Registro Nacional de Semen tes e
Silva, 2017). Os biótipos dessa espécie apresentaram Mudas (Renasem ), além d e atender ao di sp osto na Lei
no Brasil resistência múltipla ao glyphosate, inibidor nº 10.711/2003; na Ins trução Normativa nº 9, de 2 de
da enzima 5-enolpiruvil-chiquimato-3-fosfato sintase junho de 2005, que dispõe sobre as Normas Gerais para
(EPSPs), e aos herbicidas inibidores da enzima acetolac- Produção, Comercialização e Utilização de Semen tes
tato sintase (ALS) (Gonçalves Netto et al., 2016), sendo (Mapa, 2005a); e na Instrução Norma tiva nº 24, de
altamente agressivos, de difícil controle e com alto 16 de dezembro de 2005, que dispõe sobre as Normas
potencial reprodutivo. Gerais para Produção, Comercialização e Utilização
de Mudas (Mapa, 2005b); além das normativas espe-
5.1.2 Utilização de sementes e mudas cíficas para cada espécie vegetal, quando houver. No
certificadas Quadro 5 .1 estão apresentadas as sementes nocivas
Após definir a cultura que será implementada na área, toleradas e proibidas na produção, na comercialização
é necessário utilizar sementes e/ou mudas provenientes e no transporte de sementes nacionais e importadas
de local certificado para sua produção, que atendam à de grandes culturas, forrageiras, olerícolas, flores,
legislação vigente sobre a quantidade mínima permi- ornamentais, medicinais, condimentares, ambientais
tida para cada espécie de planta daninha junto com as e florestais, de acordo com a Instrução Normativa
sementes ou com o torrão de solo. Tais especificações nº 46/2013.
encontram-se na Instrução Normativa nº 46, de 24 de A Portaria nº 433, de 11 de novembro de 1986, traz
setembro de 2013 (Mapa, 2013). a relação de sementes nocivas proibidas e toleradas e
A produção de sementes e mudas é, em última aná- lírnites máximos permitidos para o comércio de semen-
lise, um sistema de plantio que também está à mercê tes de olerícolas, forrageiras e grandes culturas (Brasil,
da presença de qualquer praga em sua área de cultivo. 1986). Na Tab. 5.1 está apresentada a quantidade de

Quadro 5.1 Sementes nocivas toleradas e proibidas em lotes de sementes de plantas cultivadas no Brasil
Sementes toleradas
Nome científico Nome comum Família
Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze Carrapicho-rasteiro Asteraceae ·
Acanthospermum hispidum DC. Carrapicho-de-carneiro Asteraceae
Aeschynomene rudis Benth. Angiquinho Fabaceae
Amaranthus spp. (exceto A. a/bus L., A. blitoides
S. Watson e A. graecfzans L., por constarem na Caruru, bredo Amaranthaceae
legislação como pragas quarentenárias A1)
Ambrosia artemisiifolia L. Ambrósia, artemísia Asteraceae
Ammi majus L. Cicuta-negra Apiaceae
Ammi visnaga (L.) Lam. Ammi Apiaceae
Anthemis cotula L. Macela-fétida Asteraceae
Artem isia vulgaris L. Losna-brava Asteraceae
Avena barbata Pott ex Link Aveia-barbada Poaceae
Avena fatua L. Aveia-selvagem Poaceae
Bidens pilosa L. Picão-preto Asteraceae
Bidens subalternans DC. Picão-preto Asteraceae
Uroch/oa plantaginea (Link) Hitchc: Capim-ma rmelada, pàpuã Paaceae
5 1 M ÊTODOS DE CONTROLE E MANEJO INlEGHADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 103

Quadro 5.1 (continuação)

Sementes toleradas
Nome cientifico Nome comum Família
Brassica nigra (L.) W . D. J. Koch Mostarda-negra Brassicaceae

Brassica rapa L. var. campestris Mostarda-silvestre Brassicaceae


Cardiospermum halicacabum L. Chumbinho, saco-de-padre, balãozinho Sapindaceae

Cenchrus echinatus L. Capim-amoroso, capim-carrapicho, timbete Poaceae


Centaurea melitensis L. Cardo-amarelo Asteraceae

Centaurea solstitialis L. Cardo-amarelo, diabinho Asteraceae


Ançarinha-branca, erva-de-santa-maria, Chenopodiaceae
Chenopodium spp.
erva- formigueira, ambrósia, mastruço
Cirsium vulgare (Savi) Ten. Cardo, cardo-negro Asteraceae
Commelina spp. Rabo-de-cachorro, trapoeraba Commelinaceae

Buva, voadeira, rabo-de-foguete, Asteraceae


Conyza bonariensis (L.) Cronquist
avoadinha-peluda
Convolvu/us arvensis L. Enredadeira Convolvulaceae

Croton glandu/osus L. Gervão-branco Euphorbiaceae

Croton lundianus (F. Diedrichsen.) Muell. Arg Gervão, gervão-miúdo Euphorbiaceae

Cyperus spp. (exceto Cyperus rotundus L., que está Cyperaceae


Tlririca, capim-tiririca, junça
estabelecidocomo semente nociva proibida)
Figueira-do-inferno, estramônio, Solanaceae
Datura stramonium L.
trombeteira
Dig;taria insularís (L.) Fedde Cagim-amargoso Poaceae

Diodia teres Walt. Poaia-do-campo, mata-pasto Rubiaceae

fchihochloa colona (L.) Link. Capim-arroz, canevão, capim Poaceae

Echinoch/oa crus-galli (L.) P. Beauv. Capim-capivara, gervão Poaceae


Echium plantagineum L. Borrago, flor-roxa Boraginaceae
Euphorbia heterophylla L. Leiteira, amendoim-bravo, adeus-brasil Euphorbiaceae
Fallopia convo/vu/us (L.) Á. Lõve Cipó-de-veado, enredadeira Polygonaceae
Galium aparine L. Galium Rubiaceae
Herbertia pulchella Sweet Bíbl, lírio-azul lridaceae
Hyptis suaveolens (L.) Poit. Mata-pasto, fazendeiro Lamiaceae
lndlgofera hfrsuta L. Anileira, anil-roxo Fabaceae
Campainha, corda-de-viola, corriola,
lpomoea spp. Convolvulaceae
cipó-de-veado
Merremia cissoides {Lam.) Hall. F. Amarra-amarra, corda-de-viola, jitirana Convolvulaceae
Capim-custódio, capim-oferecido, capim-
Pennisetum setosum (Sw.) L. Rich . Poaceae
-mandante
Persicaria spp. Erva-pessegueira Polygonaceae
Picris echioides L. Picris, bananinha Asteraceae
Piptochaetium bicolor (Vahl.)Desv. Piptoqueclum Poaceae
Piptochaetium montevidense (Spreng.) Parodi Piptoquecium Poaceae
Plantago spp. Tanchagem Plantagmaceae
Polygonum aviculare L. Sanguinária, erva-de-nó, grama-de-capacho Polygonaceae
Polygonum arenastrum Boreau Sanguinária Polygonaccae
Raphanus raphanistrum L. Nabiça, nabo Brassicaceae
Rap1strum rugor;un, (L.) AII. Rapistro, mostarda-comum 81 ,\ssrcaceae
104 PLANTAS DANINHAS

Quadro 5.1 (continuação)

Sementes toleradas
Nome científico Nome comum Família
RuméX spp. (exceto R. acetosella L., que está
Llhgu a-de-vaca Polygonaceae
estabeleddo como semente nociva proibida)
Senecio brasi/iensis Less. Maria-mole A steraceae

Senna obtusifolia (L.) H. S. lrwln & Barneby Fedegoso, fedegoso-branco, mata-pasto-


Fabaceae
· llso
Senna occidentalis (L.) Link Fedegoso, manjerioba, mamangá Fabaceae
Sida spp. GLJanx uma, tupitlxá, vassourinha Malvaceae
Silene gallica L. Alfinete-da-terra, flor-roxa Caryophyllaceae
SJ/ybum marianum {L.) Gaertn. Cardo-branco, cardo-santo Asteraceae
Sinapis arvensis L. Mostarda Brassicaceae
Solanum spp. (exceto Solanumrostratum Dun., por Joá, juá, arrebenta-cavalo, erva-moura,
Solanaceae
Gonstar na legislação como praga quarentenária A1) maria- pretinha, fumo-bravo
Spergu/a arvensis L. Espérgula, gorga Caryophyllaceae
Spefmacoce -alata Aubl.
Ste/aria media (L.) Vil!.
Poaia-do-campo
Esparguta, erva-de-pass~inho
----~- Rubiaceae
Caryophyllaceae
Apiaceae
Xanthium spp.
Torills, salsir:iha-de-cabeça-rente
Carrapicho
-----Asteraceae

<Eus,wta sge.
Sementes proibidas

------
Cuscuta, fios-de-ovos <::uscutaceae ___ _,

~---------~-------·
Cyperus rotundus L. Tiririca-vermelha, junça-aromática Cyperaceae
Eragrostis plana Nees
Hippobroma longiflora (l.) G. Deon. [sin:
----
Jsotoma
GaRim-annoni Poaceae
--~--_,,
Arrebenta-boi, arrebenta-cavalo, cega-olho,
longiflora(L.) C. Presl.!Laurentia /ongiflora (L.) Campanulaceae
Petern.] jasmim-da-itália

Rottboel/ia exaltata L. f. Rabo- de-lagarto, capim-camalote Poaceae


Rumex acetosel/a L.
Sorghum hale12ense ~l.) Pers.
Azedinha, língua-de-vaca
_ __.;:;i;,
€._ a.!..
p_im_-_m
_a::..,s_s_a _
m_b..,
a..:
rá;;.:.,_s_o _,
----
rg~o--_d_e-_a_le
Polygonaceae
_,p'-o____ Poaceae
----
Wedelia glauca (Ortega) O. Hoffm. ex Hicken Margarida, margaridão, mal-me-quer Asteraceae
Fonte: adaptado de Mapa (2013).

espécies proibidas e toleradas permitidas por lotes de cas comuns a muitas espécies. Em estudo realizado em
olerícolas, forrageiras e grandes culturas. Nebraska (EUA) avaliando a dispersão de sementes de
plantas daninhas p or canal de irrigação, Wilson (1980)
Limpeza dos canais de irrigação verificou que, dura nte o período avaliado, mais de 48 mil
Os sistemas de irrigação são um importante componente sementes ha-1 foram dispersas nos campos amostrados,
em uma produção que visa alta produtividade, fornecen- provenientes dos canais de irrigação. A principal espé-
do água (e até nutrientes e pesticidas) para as culturas, cie encontrada foi o capim-arroz (Echinochloa crus-gafli).
principalmente em períodos mais secos. No entanto, A dispersão ocorre quando há infestação próximo aos
podem também ser um meio de dispersão de sementes tubos ou mangueiras, na qual os diásporos são t ranspor-
de plantas daninhas, sobretudo espécies que possuam tados na água que é conduzida para as culturas.
est r uturas reprodutivas secas e leves ou com menor A limpeza dos canais de irrigação é um a prática
d ensidade que a água (Carvalho, 2013), característi- muito importante para evitar infestação de pla ntas dani-
5 1 M~TODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLAMTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 105

Tab. 5.1 Relação de sementes nocivas proibidas e toleradas e limites máximos permitidos para o comércio de
sementes de olerfcolas, forragelras e grandes culturas

Sementes nodlvas proibidas


! Limites máximos
I' (peso da amo,stra analisada)
Nome clentrflGo Nome comum
Grandes
Olerícolas For:ragelras culturas

Cuscuta, cipó-chumbo, o o
Cuscuta spp.
fios-de-ovos
o
Cyperus rotundus L. Ti ririca-verdadeira o o o
Echium plantagineum L. Borrago - - o
Eragrostis plana Ness Capim-annoni - o o
Euphorbia heterophylla L. Leiteira, amendoim-bravo - - o
Oryza sativa L. Arroz-preto - o o
Rumex acetosel/a L. Linguinha-de-vaca - o o
Capim-maçambará,
Sorghum ha/epense (L.) Pers. o o o
sorgo-de-alepo
Vigna unguiculata (L.) Walp. Feijão-caupi - - o
- - ~Sementes noolvas toleradas
- -
- - -- ~ - ·- -
1
limites máximos
(peso da amostra anaJisada)
Nôrrle Cãientífic.o Nom~ comum -· -
Grandes
Olerícolas Forrageiras
1 culturas
Acanthospermum hispidum L. Carrapicho-de-carneiro - - 10
Aeschynomene rudis Benth Angiquinho - - 10
Caruru-gigante, bredo,
Amaranthus spp. 10 20 15
caruru-de-espinho
Anthemis cotula L. Macela-fétida 10 30 -
Aveia-silvestre,
Avena tatua L. e A. barbata (Pott.) Link
aveia-selvagem
- - 5
Bidens pilosa L. Picão-preto - - 10
Borreria a/ata DC. Língua-de-vaca - - 10
Mostarda-silvestre,
Brassica campestris L. e Sinapis arvensis L.
mostarda-selvagem - 10 10
Cenchrus echinatus L. Capim-carrapicho, timbete - - 10
Cenchrus echinatus L. Capim-carrapicho 10 - -
Cirsium vulgare (Savi) Ten. Cardo - - 30
Croton glandulosus (L.) Muell. Gervão-branco - - 10
Cyperus escu/entus L. Tiririca-amarela 5 10 -
Capim-santo, capim-de-um-
Cyperus sesquiflorus (tor.) Matt. et Kunk
-só-botão 5 - -
Cyperus spp. Tiririca-do-brejo, tiririca-falsa 5 - 5
Digitaria insularis (L.) Fedde Capim-amargoso - 30 -
Diodia teres Waalt. Poaia-do-campo, diodia - 20 -
Echinoch/oa crus-gal/i (L.) Beauv. e E.
colonum (L.) Link
Capim-arroz, colônia 10 - 10
Echium plantagineum L. Borrago - 1 -
106 PLANTAS DANINHAS

Tab. 5.1 (continuação)


~

r-
. ·-
Setn~ntes nocivas toleradas 7
Limites máximos
1,
(peso da amostra analisada)
Nome científico Nome comum
Grandes
Olerícolas Forragelras
- cuíturas
Hyptis suaveo/ens Poit. Cheirosa, fazendeiro - 20 -
lpomoea aristolochiaefo/ia (H. B. K.) Don. Corda-de-viola, corriola,
10 - -
campainha
Corda-de-viola, corriola,
lpomoea purpurea Lam.
campainha
10 - -
Oryza sativa L. Arroz-vermelho - - 8
Capim-oferecido,
Pennisetum setosum (Swartz) L. Rich. Pers - 30 15
capim-custódio
Polygonum convolvulus L. Cipó-de-veado 10 - 10
Polygonum spp. Erva-pessegueira, enredadeira,
10 10 10
erva-de-bicho
Rapistrum rugosum (L) Mostarda-comum - 30 20
Raphanus raphanistrum L. Nabiça 10 5 5
Rumex acetosel/a L. Linguinha-de-vaca 5 - -
Rumex crispus L. e R. obtusifolius L. Língua-de-vaca - 10 10
Senna tora L. e 5. occidentalis L. Fedegoso - - 10
Guanxuma, guanxuma-
Sida spp. - 20c·> 10
-branca, malva-preta
Silybum marianum (L.) Gaertn. Cardo-branco - 30 -
Maria-pretinha, joia,
Solanum spp. 10 15 15
fumo-bravo
Urochloa plantaginea (Link) Hitch. Capim-marmelada, papuã - - 10
Xanthium cavanillesii Walt. Carrapichão - - 15
Xanthium spp. - - 15 -
C") O limite máximo espeáfi.co de Sida spp., na produção, transporte e comércio de sementes forrageiras do gênero Urochloa, fica
excepdona1mente estabelecido em 30 (trinta) sementes por peso da amostra analisada.
Fonte: adaptado de Brasil (1986).

nhas em diferentes locais da área. Realizar a análise da ficas em suas sementes que podem aderir ao pelo dos
qualidade da água, selecionar filtros adequados e conhe- animais (zoocoria) ou à vestimenta de pessoas (antro-
cer todo o sistema de irrigação, desde o planejamento até pocoria), podendo ser transportadas para diferentes
a sua manutenção, são algumas técnicas que podem pre- locais. As estruturas morfológicas das sementes de
venir a ocorrência desse problema (Almeida, 2009). plantas daninhas estão muito bem descritas no Cap. 1.
Outra forma de dispersão pelos animais é por
5 .1.4 Quarentena e circulação de meio de suas fezes. Em um estudo realizado por
animais e pessoas Lacey, Wallander e Olson-Rutz (1992), foi possível
Algumas espécies de plantas daninhas, como capim- verificar que 18% das sementes de Euphorbia esula
-carrapicho (Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carnei- ingeridas por cabras e ovelhas foram recuperadas no
ro (Acanthospermum hispidum) e carrapicho-rasteiro material fecal. Apesar de essas sementes recuperadas
(Acanthospermum australe), possuem estruturas especí- apresentarem menor pote ncial germinativo, os auto-
5 1 M~TODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 107

res recomendam uma quaren tena de cinco dias a ntes sarnente ins pecionados, além de também ser pertinente
de os animais re tornarem ao campo onde não há inci- seguir as recomendações citadas na seção 5.1.2, princi-
dência da espécie. palmente sobre a aquisição de mudas certificadas.
Mesmo após passa r pelo trato digestivo dos a nimais,
as sementes de plantas daninhas podem apresentar altas 5.1.6 Quebra-ventos
taxas de germinação e viabilidade. Em experimento rea- Muitas espécies de plantas daninhas apresentam dis-
lizado por Viero ct ai. (2018), foram dosadas sementes de persão via anemocoria. Por exemplo, sementes de buva
arroz (Oryza sativa) e capim-arroz (Echinochloa crus-galli) (Conyza spp.) podem atingir 140 m acima do nível do
em seis bovinos, sendo coletadas suas fezes no decorrer solo, fazendo com que uma corrente de vento de 20 m s- 1
dos dias. Apesar de haver redução da qualidade fisioló- possa transportar essas sementes em um raio de SOO km
gica e a taxa de germinação ser menor que no solo, no (Shields et ai., 2006). Outro exemplo é a disseminação
terceiro dia de coleta já haviam sido recuperados em de capim-amargoso (Digitaria insularis) resistente ao gly-
torno de 90% da quantidade inicial dosada para ambas phosate no Brasil. Com foco inicial no Estado do Paraná,
as espécies. Os autores afirmaram que os animais devem ele rapidamente se espalhou para outros Estados,
passar por uma quarentena mínima de seis a sete dias como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e Pará,
após ingerir o arroz e o capim-arroz, respectivamente. movimentação ocasionada, entre outros fatores, por
Em outro experimento, Schaedler et ai. (2021) ava- transporte via anemocoria (López-Ovejero et al., 2017).
liaram a recuperação e a germinação de 12.112 sementes O objetivo do uso de quebra-ventos é impedir
de azevém (Lolium multiflorum) resistentes ao glypho- a entrada dessas sementes na lavoura, bem como de
sate após passarem pelo sistema digestivo de bovinos. patógenos e insetos, criando-se uma barreira física que
Apenas 9,1% do total dosado foram recuperados. Porém, protege a cultura desses inimigos, como exemplificado
quatro dias após a ingestão, o potencial de germinação na Fig. 5.2.
era de 18%, o qual, para um biótipo de planta daninha
resistente, pode representar uma infestação de difí- 5.2 MANEJO CULTURAL
cil controle. Tais resultados demonstraram que o gado O manejo cultural consiste no conjunto de práticas
pode ser um agente de dispersão de plantas daninhas, que garante rápida emergência, bom crescimento e
inclusive de biótipos resistentes, a partir de suas fezes. bom desenvolvimento às culturas, com a utilização de
Portanto, adubos orgânicos oriundos de esterco animal práticas comuns, como um excelente preparo do solo
devem ser cuidadosamente inspecionados e avaliados ou dessecação da vegetação no caso do plantio direto,
antes de seu uso no plantio. sementes de alta qualidade genética, fisiológica e sanitá-

Inspeção do esterco e torrões


de mudas
Medida relacionada ao da seção anterior, o esterco
animal utilizado para adubação de culturas deve ser
inspecionado, pela possibilidade de haver sementes e
propágulos de plantas daninhas em sua composição. É
recomendada a utilização de esterco esterilizado, mas,
caso seja produção própria, p ermitir que a te mperatura
do composto atinja entre 60 ºC a 70 •e nos primeiros 15
a 20 dias, etapa muito importante para sua esterilização
(Nunes; Santos; Sant os, 2007). O objetivo disso é dimi-
nuir a viabilidade de sementes e/ou propágulos viáveis na
composição final do esterco a ser utilizado na lavoura. Da Fie. 5.2 Utilização de quebra-vent o em pomar ~
Ponte: Penny Mayes (Wilcimedia Commons, CC BY-SA
mesma forma, os torrões de mudas devem ser cuidado-
2.0, https://w.wiki/4Wxr).
108 PLANTAS DANINHAS

ria, bom manejo da água e do solo, rotação de culturas, de espécies na mesma área, no decorrer do tempo. Por
espaçamento adequado à cultivar utilizada, uso de cober- exemplo, formação de pasto para forragem no verão de
turas verdes, entre outras. Essas práticas contribuem para um ano agrícola e aveia no inverno, repetindo-se no pró-
reduzir o banco de sementes de plantas daninhas no solo. ximo ano as mesmas culturas.
Assim, u sam-se as próprias características ecofisiológicas A rotação e a sucessão de culturas quebram o ciclo
das culturas e das plantas daninhas, visando beneficiar o de vida das plantas daninhas, impedindo seu domínio na
r
estabelecimento e desenvolvimento das culturas. área. Quando são aplicadas as mesmas técnicas culturais
As medidas de manejo cultural ·são recomendadas seguidamente, ano após ano, no mesmo solo, a interfe-
para promover uma alta produtividade da cultura, que, rência dessas plantas daninhas aumenta muito. Com o
por consequência, irá torná-la mais competitiva contra principal objetivo sendo o controle de plantas daninhas,
as plantas daninhas. Dessa forma, cabe aos produto- a escolha da cultura em rotação e sucessão deve recair
res conhecer as interações e necessidades que a planta sobre plantas com hábito de crescimento e característi-
exige no seu ciclo produtivo, bem como implementar, de cas culturais bem contrastantes.
acordo com suas condições, outras práticas que irão auxi- Em estudo realizado com consórcio milho-braquiá-
liar no êxito do manejo. A adubação e calagem podem ser ria, maiores taxas de semeadura de braquiária (Urochloa
consideradas práticas de manejo cultural, que depende- brizantha) promoveram a redução na população de
rão de cada cultura cultivada e da análise de solo da área. plantas daninhas (Castagnara et al., 2011). Em consór-
Outras medidas utilizadas são citadas a seguir. cio de milho com abóbora, houve redução da biomassa
de caruru-gigante (Amaranthus retroflexus) e corriola
5.2.1 Rotação e sucessão de culturas (Convolvulus arvensis) em comparação com o milho-sol-
Cada cultura agrícola geralmente é infestada por plan- teiro (Fujiyoshi; Glíessman; Langenheim, 2007). Esses
tas daninhas que possuem exigências semelhantes às resultados demonstram que o consórcio de culturas pro-
suas ou apresentam os mesmos hábitos de crescimen- move a supressão de plantas daninhas sem comprometer
to. Como exemplos, têm-se capim-arroz (Echinochloa a produtividade da cultura, desde que as espécies sejam
spp.) em lavouras de arroz, apaga-fogo (Alternanthera escolhidas e manejadas corretamente para cada região.
tenella) em lavouras de milho, mostarda-marrom
(Brassica juncea) em lavouras de trigo, e caruru-rasteiro 5 .2 .2 Variação do espaçamento
(Amaranthus deflexus) em lavouras de cana-de-açúcar. A variação do espaçamento entre linhas e/ou plantas na
Algumas espécies são de difícil controle químico em linha pode contribuir para a redução da interferência das
determinadas culturas, como a maria-pretinha (Solanum plantas daninhas sobre a cultura, dependendo da arqui-
americanum) na cultura do tomate (Lima; Mendes, 2021) tetura das plantas cultivadas e das espécies infestantes.
e o joá-de-capote (Nicandra physaloides) na cultura da A redução do espaçamento em geral proporciona vanta-
batata (Kehl; Mendes; Reis, 2021). gem competitiva à maioria das culturas sobre as plantas
Nesse contexto, a rotação e a sucessão de culturas daninhas sensíveis ao sombreamento. Nesse caso, com
são práticas importantes no controle de plantas dani- a redução do espaçamento entre fileiras, desde que não
nhas, pois partem do princípio de não repetir a cultura exceda o limite máximo, há aumento da interceptação
plantada no ciclo anterior no próximo ciclo, promovendo de luz pelo dossel das plantas cultivadas. Esse efeito é
o plantio de outra espécie com hábitos diferentes. A dependente de fatores como tipo da espécie a ser culti-
rotação consiste no uso alternado de diferentes espécies vada, características morfofisiológicas dos genótipos,
vegetais na mesma área, no decorrer do tempo, de forma espécies de plantas daninhas presentes na área, época
planejada, evitando-se utilizar a mesma espécie na e condições climáticas no momento de sua emergencia,
mesma estação no próximo ano (Gonçalves et al., 2007). além das condições ambientais.
Por exemplo, plantio de soja no verão de um ano agrícola Como exemplo, tem-se o plantio de algodão de
e trigo no inverno; e plantio de milho no verão do outro forma adensada (48 cm), que permite o fechame nto mais
ano e aveia no inverno. A sucessão é o cultivo repetitivo rápido do dossel, pois promove maior acümulo de matéria
5 1 MÉTODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 109

seca que o plantio convencional (96 cm) (Rosolem et al., Gallandt e Mallory (2012) verificaram maior supressão
2012). Isso faz com que a cultura do algodão seja mais de plantas daninhas com maior densidade de plantio em
competitiva em relação às plantas daninhas e promova o cultivos de trigo, nos quais a densidade de 600 plantas
controle cultural delas. m-2 reduziu em 30% a infestação de plantas daninhas,
2
comparada com a densidade de 400 pla11tas m - Em

Densidade de plantio outro estudo, a densidade de plantio de soja de 250.000


Relacionado à prática anterior, a diminuição do espaça- plantas ha-1 causou redução de quase 50% da matéria
mento entre plantas aumenta a densidade de plantio, a seca de caruru-palmeri (A. palmeri), em comparação com
qual é definida como o número de plantas por unidade a densidade de 125.000 plantas ha-1 , além de reduzir a
de área. Além de maior ganho de produtividade, isso produção de sementes das plantas daninhas (Korres et al.,
promove maior supressão de plantas daninhas por pro- 2020) (Fig. 5.3).
piciar maior interceptação de luz por parte do dossel
da cultura e, assim, diminuir a quantidade de luz que 5.2.4 Coberturas verdes
chega até o solo, inibindo principalmente plantas dani- As coberturas verdes são culturas geralmente muito
nhas fotoblásticas positivas, como a buva (Conyza spp.) competitivas com as plantas daninhas. Tremoço, ervi-
e guaruruma (Sida rhombifolia). Também irá depender da lhaca, azevém anual, nabo, aveia e centeio são usadas na
espécie cultivada, das características morfofisiológicas Região Sul do Brasil. Nas regiões subtropicais, predomi-
dos gen ótipos, das espécies de plantas daninhas presen- nam mucuna-preta, crotalárias, milheto, feijão-guandu,
tes na área e da época e condições climáticas no momento feijão-de-porco e lab-lab. Há a possibilidade de consorciar
de sua emergência, além das condições ambientais. Kolb, as espécies utilizadas n a cobertura verde, como crotalá-

Semanas após a emergência da soja


250 - O - - 2 -··- · 6
...... 1 - ·- ·- 4 - - -- 8
200
";::
<1.1
.§ 150
"'CL
~
<1.1 100
"O
~
<1.1
V, 50
rei
·;;::

~
~
o 100000 200000 300000 400000
Densidade de soja (plantas ha·1)

® Semanas após a emergência da soja


- O - - 2 -··- · 6
400000 ...... 1 -·-·- 4 -- - - 8
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~ 1a 300000
+' + '
e: e:
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3l b.0
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o <1.1 ,~·-........
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-5ou-"'Q... 100000 ' , ···...
··•...
... <C F1G. 5.3 Efeito da densidade de plantio de
a..
soja (A) na matéria seca e (B) na produção de
sementes em diferentes ép ocas de infestação
o 100000 200000 300000 400000 de Amaranthus palmeri
Densidade de soja (plantas ha· 1) Fonte: adaptado de Korres et al (2020).
110 PLANTAS DANINHAS

ria consorciada com milheto. São recomendadas também


como manejo outonal (entressafra), evitando que o solo
fique descoberto e que haja a infestação por plantas dani-
nhas, gerando custo de controle no infcio da próxima safra.
O principal efeito é a redução do banco de sementes aliada
à melhoria das características físico-químicas e biológicas
do solo; entretanto, essas plantas também podem possuir
efeito inibitório sobre outras. Em um estudo realizado em
ftG. 5.4 Diferentes manejos de cobertura na entrelinha
Sete Lagoas (MG), entre algumas espécies com potencial do café: (A) cobertura verde com Urochloa ruziziensis
de uso como cobertura verde, a mucuna-preta demonstrou e (B) capina manual, na qual o solo foi mantido no limpo
maior potencial de supressão de plantas daninhas, possi- Fonte: Zaidan (2020). ~
velmente devido à pressão da concorrência e possíveis implantação do experimento em comparação com a
efeitos alelopáticos (Favero et al., 2001). capina manual, por conta da formação de palhada, que
Além disso, as coberturas verdes podem reduzir as promove o controle físico e suprime o desenvolvimento
infestações de algumas plantas daninhas após a desse- das plantas daninhas (Zaidan, 2020).
cação ou roçada e serem incorporadas ao solo, devendo
ser bem escolhidas para cada caso. A presença da cober- Consórcio de culturas
tura morta (controle físico que será abordado em seção O consórcio de culturas é o cultivo simultãneo de duas
especifica) cria condições para instalação de uma densa ou mais culturas no mesmo local de produção, semea-
e diversificada microbiota no solo, sobretudo na camada das ao mesmo tempo ou com a maior parte de seus
superficial, com elevada quantidade de microrganismos ciclos compartilhando dos mesmos recursos (Hernani;
responsáveis pela eliminação de sementes dormentes, Souza; Ceccon, s.d.). Além de propiciar acréscimos no
por meio da deterioração e perda da viabilidade, além de rendimento, auxilia na manutenção das características
diminuir a amplitude térmica e a incidência de doenças físico-químicas e biológicas do solo e na supressão de
(Linhares et al., 2018). Em um estudo realizado no Estado plantas daninhas, por otimizar o espaço disponível para
de São Paulo, a crotalária, utilizada como adubo verde, cultivo, permitindo que as plantas cultivadas cubram o
promoveu a supressão de diferentes espécies de plantas solo, evitando a chegada de radiação solar nas camadas
daninhas, exceto da tiririca (Cyperus rotundus) (Gomes mais inferiores, além de proporcionar cobertura viva e
et al., 2014). Nesse mesmo estudo, o sorgo promoveu o morta, importantes na retenção de umidade e ciclagem
controle da tiririca quando incorporado no solo, eviden- de nutrientes (Hernani; Souza; Ceccon, s.d.).
ciando que as espécies utilizadas como cobertura verde e Como exemplo muito utilizado, tem-se o consórcio
o manejo de sua fitomassa podem influenciar na eficiência entre milho e feijão, no qual o milho, gramínea de ciclo
de controle de plantas daninhas. O uso de cobertura verde C4 , apresenta rápido desenvolvimento, necessitando de
com centeio aumentou o período anterior à interferência aporte maior de água, luz e nutrientes; e o feijão, legu-
na cultura do algodão, em comparação com a ausência de minosa de ciclo C3 , menos exigente em luz, promove a
cobertura (Korres; Norsworthy, 2015). No ano da implan- fixação biológica de nitrogênio, auxiliando na adubação
tação do experimento, o controle deveria ser realizado do milho. Os ganhos de rendimento para essas culturas
quatro semanas após o plantio e, após o estabelecimento consorciadas são maiores em comparação com o mono-
do centeio, o controle não foi necessário até sete semanas cultivo delas (Pereira Filho; Ramalho; Cruz, 1997;
depois do plantio, diminuindo seu custo. Saldanha et al., 2017). Outro exemplo d e consórcio é o
A Fig. 5.4 demonstra diferentes manejos na entre- sistema Santa-Fé, da Embrapa, que consiste na produ-
linha do café, utilizando cobertura verde com Urochloa ção consorciada entre culturas de grãos (milho, sorgo,
ruziziensis e capina manual, na qual o solo foi mantido milheto e soja) com espécies forrageiras (principalmente
no limpo. A cobertura verde diminuiu a densidade e a do gênero Urochloa), em que há produção de g rãos na
matéria seca das plantas daninhas após dois anos da safra e/ou safrinha e produção de forragem na entres-
5 1 Mtrooos DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 111

safra. Uma das vantagens desse sistema é a supressão as condições climáticas da região onde será feito o plan-
de plantas daninhas após a formação da palhada da t io, é fundamental para definir qual cultura utilizar, em
forrageira, o que promove um controle físico eficiente e qual época do ano será feita a semeadura, qual estágio de
benéfico para a cultura anual que será plantada no pró- desenvolvimento irá necessitar de mais água e luz (se será
ximo ciclo (Kluthcouslci et al., 2000). necessário sistema de irrigação), quais prováveis espécies
de plantas daninhas serão encontradas em determinadas
5.2.6 Integração lavoura-pecuária- épocas do ano e como promover o controle, entre outras
-floresta (ILPF) questões. No Estado do Paraná, por exemplo, o plantio
A ILPF é uma estratégia de produção específica para o sis- de milho-safrinha (segunda safra) é feito nos meses de
tema agrossilvipastoril, utilizando rotação e consórcio fevereiro e março e, quanto mais cedo for feito o plantio,
de culturas, com a presença simultânea do componente melhor desenvolvimento e rendimento de grãos o milho
pecuário com o agrícola (ILP), do componente pecuário irá apresentar, devido a maiores acúmulos de graus-dias,
com o florestal (IPF), do componente agrícola com o flo- enquanto atrasos no plantio promovem o aumento do
restal (ILF) ou de todos esses componentes presentes ciclo da cultura, não sendo interessante para esse sistema
(componentes agrícolas e pecuários em rotação e con- (Shioga; Gerage, 2010). Logo, uma maior taxa de cresci-
sorciados com o componente florestal), constituindo a mento pode promover a supressão das plantas daninhas
ILPF (Balbino et al., 2011; Kichel et al., 2014; Vinholis com o fechamento do dossel.
et al., 2020). A ILPF promove os mesmos benefícios de
manejo vistos nas seções 5.2.1 e 5.2.5, além de possibi- 5.2.8 Utilização de cultivares
litar menor infestação de plantas daninhas tóxicas aos adequadas
animais, como maria-mole (Senecio brasiliensis) e mar- Com o advento dos programas de melhoramento gené-
garidinha (S. madagascariensis), causando perdas entre tico, houve o surgimento de cultivares de espéáes
1 ,13 e 1,58 milhões de cabeças de gado anualmente no recomendadas para as diferentes condições ambientais
Brasil (Brighenti et al., 2017). A ILP promoveu a redução encontradas. Essas cultivares passaram a ser criadas de
do banco de sementes de capim-marmelada (Urochloa acordo com sua finalidade, seja para se adaptarem a dife-
plantaginea) e trapoeraba (Commelina benghalensis), bem rentes regiões ou serem resistentes a doenças, pragas,
como da viabilidade dessas sementes, em estudo reali- insetos e/ou herbicidas. Portanto, a escolha da cultivar
zado no Est ado do Paraná (Voll; Gazziero; Karam, 1995; adequada tornou-se um critério a se levar em considera-
Voll; Karam; Gazziero, 1997). Resultado semelhante foi ção no momento do planejamento do plantio.
observado por Ilceda et ai. (2007), verificando redução no A seleção de cultivares que irão apresentar melhor
banco de sementes de plantas daninhas, em esquema de desenvolvimento e capacidade competitiva contra
sucessão pastagem-lavoura-pastagem. as plantas daninhas é fundamental para se alcançar
sucesso na produção. Como exemplo, têm-se as diferen-
Época e região de plantio tes cultivares de soja presentes no Brasil: a cultivar BRS
A época de plantio irá interferir no desenvolvimento das 110 IPRO é recomendada para os Estados de São Paulo,
plantas, pois cada espécie será influenciada pelo regime Paraná e Santa Catarina, enquanto a BRS 7270 IPRO é
pluviométrico, fotoperiodismo e temperatura da região, recomendada para os Estados de Minas Gerais, Goiás e
o que, por consequência, irá interferir na sua capacidade Mato Grosso do Sul (Embrapa, 2016), entre outras tantas
de competição com plantas daninhas. De forma comple- cultivares existentes, com diferentes épocas de plantio,
mentar, as regiões do Brasil possuem diferentes condições necessidades hídricas e horas-luz em seu ciclo.
climáticas, além de diferentes regimes pluviométricos e
épocas de estiagem, fazendo com que determinadas cul- Sistema de irrigação por
turas adaptadas a uma região tendam a não se adaptar gotejamento
a outras. Desse modo, conhecer as necessidades e carac- A 1rngação objetiva fornecer água para as culturas
terísticas das culturas e plantas daninhas, bem como em períodos de seca, cultivos protegidos ou produção
112 PLANTAS DANINHAS

em pequenas áreas. Entre os diversos tipos de irrigação, monocultivo de café (Silva et al., 2006). Em outro estudo
a irrigação por gotejamento fornece água de forma loca- realizado com café, seu consórcio com nogueira-macadã-
lizada para a cultura, evitando desperdícios, diminuindo mia (Macadamia integrifolia) promoveu uma redução de
custos e disponibilizando o mínimo possível para as plan- 82% da incidência de plantas daninhas em comparação
tas daninhas. Logo, um bom sistema de irrigação por com o monocultivo de café (Silva et al., 2013a).
gotejamento, bem planejado, com os canais sempre lim-
pos, suprindo a necessidade da cultura, irá permitir que as CONTROLE FÍSICO
5.3
plantas cultivadas apresentem bom desenvolvimento, tor- O controle físico consiste no uso de barreiras físicas que
nando-as mais competitivas contra as plantas daninhas, inibem a germinação ou o desenvolvimento das plan-
pois a disponibilidade de água para elas seria limitada. tas daninhas. São exemplos de controle físico: mulching
A irrigação por gotejamento é muito importante em (cobertura), fogo controlado, inundação e eletricidade.
culturas com crescimento inicial lento, por exemplo, horta-
liças, como abóbora, berinjela, cebola e repolho (Barcellos 5.3.1 Mulching
Júnior, 2021; Moraes, 2021; Mota; Mendes, 2021; Pontes Técnica que consiste na cobertura do solo, ela cria uma
Jr. et al., 2020). Além do mais, a restrição hídrica reduz a barreira que impede quase completamente a passa-
biomassa da parte aérea de plantas daninhas, como repor- gem de radiação solar. O mulching reduz a incidência de
tado por Lima et al. (2016) para as espécies malva-branca plantas daninhas e permite à cultura se estabelecer sem
(Waltheria indica) e crotalária (Crotalaria retusa). concorrência por luz, água e nutrientes, favorecendo o
crescimento e a posterior produção. Entretanto, como
5.2.10 Cultura intercalar desvantagem, não é recomendado em áreas infestadas
A cultura intercalar é utilizada de forma temporária com espécies que passam essa barreira, como a corda-de-
(geralmente com espécies anuais) em cultivos perenes, -viola (Ipomoea spp.) e guanxuma (Sida spp.), as quais, por
ou durante o pousio entre um cultivo e outro. Possui van- possuírem sementes grandes, podem perfurar o plástico,
tagens similares às observadas na rotação e no consórcio caso este não tenha a espessura adequada (Cavalieri, s.d.).
de culturas, podendo agregar valor econômico, manter É um método eficiente, de baixo custo e, quando
ou melhorar as características físico-químicas do solo e manejado corretamente, não agride o meio ambiente.
proteger o solo, fornecendo cobertura na época de entres- Como exemplos que podem ser utilizados no mulching,
safra, de forma a diminuir a quantidade de radiação solar têm-se a cobertura morta, a cobertura plástica e a cober-
que chega às camadas mais superficiais e a competição t ura biodegradável (Fig. 5.5).
por água, luz e nutrientes e, assim, suprimir a infestação
de plantas daninhas. Em estudo realizado em Vitória da Cobertura morta
Conquista (BA), o consórcio de café comgrevíleas (Grevillea É uma técnica que consiste no uso de resíduos vegetais
robusta) promoveu menor densidade e frequência relativa na cobertura do solo. No plantio direto, sistema usado
de espécies de plantas daninhas em comparação com o em extensas áreas de soja, milho e trigo, a cobertu-

5.5 Controle de plantas daninhas em


f1G.
cebolinha com filmes de polietileno preto
(pol. preto), branco (pol. branco) e papel
reciclado (papel), com e sem capinas, no
Vale da Agronomia, Universidade Federal de
Viçosa (MG)
Foto: cortesia de Sara Rafaela Salazar
~ Matias, 2019.
5 1 MÉTODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLAMTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 113

ra do solo com restos vegetais da cultura anterior é de Cobertura biodegradável


grande utilidade. A camada de palhada formada pela Com a desvantagem do plástico de polietileno em rela-
dessecação inibe a germinação ou o desenvolvimento de ção à sua degradabilidade, criaram-se materiais que
plantas daninhas sensíveis à baixa luminosidade, além promovessem a cobertura do solo sem serem agressi-
de promover mudanças na temperatura do solo que difi- vos ao meio ambiente. No controle de plantas daninhas
cultam a quebra de dormência das sementes de plantas em tomate, verificou-se que a utilização de papel kra~ e
daninhas (Martins; Gonçalves; Silva Júnior, 2016). A plástico biodegradável foram eficientes, surgindo como
cobertura morta ainda pode apresentar efeitos alelo- possíveis substitutos para o filme plástico de polietile-
páticos úteis no controle de certas espécies de plantas no (Anzalone et ai., 2010). O uso de restos de algodão,
daninhas, além de outros efeitos importantes sobre as passando por processo de prensagem e aquecimento,
culturas implantadas na área. A utilização de palhadas produziu um filme biodegradável com eficiência de con-
de capim-ruziziensis, capim-tanzânia e capim-marandu trole de plantas daninhas semelhante à do filme plástico
proporcionaram maior rendimento de grãos de feijão e de polietileno preto, em plantio de melancia e melão nos
redução da matéria seca de plantas daninhas (Sousa Estados Unidos (Johnson; Ray; Davis, 2014), também se
et al., 2020). Além do mais, protege o solo contra a erosão destacando como potencial substituto.
e permite a manutenção de bom índice de umidade, como O uso de cobertura biodegradável já é uma reali-
visto por Freitas et al. (2019) em feijão-caupi em siste- dade, no qual o componente ambiental é favorecido sem
ma de plantio direto, e a decomposição da palhada pode afetar o desempenho agronômico. Pesquisas com novos
promover melhoria nas características físicas, químicas materiais já estão sendo realizadas, a fim de verificar a
e biológicas do solo. melhor relação entre eficiência de controle de plantas
daninhas e maior degradabilidade do material utilizado
Cobertura plástica (Malinconico et al., 2008).
É uma técnica que consiste no uso de filme plástico de
polietileno como cobertura do solo, promovendo o efei- 5.3.2 Fogo controlado
to conhecido como solarização. Essa solarização deve ser O uso de fogo é uma técnica muito antiga na agricultu-
feita de 60 a 75 dias antes do plantio, nos meses mais ra, sendo empregado, desde os primórdios, para limpar a
quentes do ano, utilizando filme de polietileno sobre a área, de modo a preparar um novo plantio. Hoje, entre-
superfície do solo. A cobertura plástica provoca o aumen- tanto, observa-se a sua utilização de forma inadequada,
to da temperatura e da amplitude t érmica. Em um estudo por exemplo, em pastagens no Cerrado, sobretudo por
realizado na cultura do pimentão, Coelho et al. (2013) promover queimadas incontroláveis, causando a perda
verificaram uma variação de temperatura de 28 ºC a 40 ºC da fauna e flora nativas, além de eliminar os microrga-
do solo no plantio convencional. Em solo úmido, as se- nismos do solo. O fogo foi muito utilizado também em
mentes das plantas daninhas germinam e morrem em plantios de cana-de-açúcar, para facilitar as operações de
seguida, devido à temperatura excessivamente alta até pré-colheita. Porém, há novas tecnologias que permitem
S cm de profundidade, o que pode limitar a sua eficiência. utilizar esse recurso de forma controlada e diminuem a
Outra vantagem observada foi a eficiência do uso possibilidade de causar danos ambientais.
da água. Em cultivo de melão, o uso de filme plástico O uso de fogo controlado é uma técnica ainda pouco
de polietileno reduziu o consumo de água em 23% no difundida no Brasil, apesar de já existirem equipamentos
plantio convencional e 21% no plantio direto (Teófilo et para tal finalidade, que vão desde aplicadores manuais até
ai., 2012). Como desvantagem, é um processo inviável equipamentos acoplados a tratores, com sistema complexo
em grandes áreas e, apesar de ser eficiente no controle de funcionamento, muito deles utilizados nos Estados
de plantas daninhas, pode promover contaminação Unidos e na Europa (Silva et al., 2018a). O fogo causa efeitos
ambiental, uma vez que o material utilizado pode demo- fisiológicos irreversíveis, como desnaturação de proteínas,
rar muitos anos para ser degradado. perda de água e inativação de enzimas (Silva et al., 20186),
portanto, deve ser utilizado de forma pontual e demarcada
114 PLANTAS DANINHAS

por um intervalo de tempo adequado. Favarato et ai. (2016), fato se deve ao alto custo do equipamento, à alta demanda
utilizando lança-chamas, um dos equipamentos mencio- de energia, ao rendimento operacional e ao tamanho do
nados, verificaram que 10 s de exposição foi O tempo mais equipamento especifico (Becker et ai., 2020). Um desses
efiàente no controle de plantas daninhas. O uso do lan- equipamentos é o Electroherb™ (Zasso Latam), que está
ça-chamas depende de vários fatores, como temperatura, sendo utilizado no controle de plantas daninhas em áreas
tempo de exposição e consumo de energia. urbanas e apresenta potencial para o manejo de desseca-
As vantagens do uso de fogo controlado são O con- ção de plantas de cobertura e para o controle dirigido de
trole não seletivo de um grande espectro de plantas plantas daninhas nas entrelinhas das culturas (Costa et al.,
daninhas, inclusive aquelas que possuem resistência a - 2018). Após a aplicação, a descarga elétrica é conduzida por
herbicidas, além do fato de não deixar resíduos químicos
toda a planta, devido ao alto teor de água presente, cau-
no ambiente. Como desvantagens, citam-se O alto custo sando aumento da temperatura, rompimento das paredes
de combustível fóssil para seu funcionamento e O efeito
celulares e desnaturação de proteínas (Becker et al., 2020).
não residual, necessitando de mais aplicações quando
Pesquisas estão sendo realizadas para viabilizar e tor-
houver reinfestação.
nar essa tecnologia acessível para a agricultura, pois não
Em ambientes aquáticos, o controle das plantas
deixa resíduos químicos no solo, é um método não sele-
daninhas usando altas temperaturas - denominado
tivo e de ação imediata nas plantas daninhas, sem efeito
controle térmico - constitui alternativa de integração
residual (Brighenti; Oliveira; Coutinho Filho, 2018). Como
de manejo visando complementar o controle mecânico
' desvantagem, pode promover a morte da microbiota do
principalmente em reservatórios de água. Marchi et al.
solo, além de não ser recomendado quando as plantas esti-
(2005) obtiveram controle eficiente das espécies aquáticas
verem secas e nos horários mais quentes do dia, pois pode
aguapé (Eichhomia crassipes), braquiária (Urochloa subqua-
causar focos de incêndio (Costa et ai., 2018).
dripara), alface-d' água (Pistia stratiotes) e salvínia (Salvinia
auriculata).
5.4 CONTROLE MECÂNICO
5.3.3 Inundação O controle mecânico consiste na utilização de ferramentas,
Em solos planos e nivelados, a inundação é um método equipamentos e/ou implementos no controle das plantas
efetivo de controle de plantas daninhas, como nos tabu- daninhas. As práticas do controle mecânico promovem o
leiros de arroz. Espécies perenes de difícil controle, como arranquio total ou corte da parte aérea da planta, impedin-
a tiririca (Cyperus rotundus), a grama-seda (Cynodon do que ela se desenvolva. Sua desvantagem está justamente
dactylon), o capim-kikuio (Pennisetum clandestinum), além na possibilidade de rebrota das estruturas restantes
da planta no solo, além de se repicar as partes vegetati-
de muitas espécies anuais, são erradicadas sob inunda-
vas de plantas que se desenvolvem por esse mecanismo,
ção prolongada. Entretanto, a inundação não apresenta
aumentando ainda mais sua infestação. Os métodos mecâ-
efeito sobre as plantas daninhas que se desenvolvem em
nicos de controle de plantas daninhas são o arranque
solos encharcados, como o capim-arroz (Echinochloa spp.)
manual, a capina manual, a roçada e o cultivo mecanizado.
e a sagitária (Sagittaria montevidensis).
Essa prática causa a morte das plantas sensíveis,
em virtude da suspensão do fornecimento de oxigênio Arranque manual (monda)
para suas raízes. Os fatores limitantes desse método, na É o método mais antigo e simples de controle de plantas
maioria dos casos, são o custo do nivelamento do solo e a daninhas. Ainda hoje é usado para o controle em hortas
grande quantidade de água necessária para sua implan- caseiras, jardins e para a remoção de plantas daninhas
tação, contudo, constitui importante método de controle entre as plantas das culturas em linha, mesmo que o
de plantas daninhas para a cultura do arroz irrigado. principal método de controle ainda seja O uso de enxa-
da. É utilizado também em escala comercial, quando os
5.3.4 Eletricidade outros métodos de controle são inviáveis, como na reti-
Assim como o uso de fogo controlado, o uso da eletricida- rada de tubérculos de tiririca (C. rotundus) em hortas
de ainda é uma tecnologia pouco difundida no Brasil. Tal comerciais (Fig. 5.6).
5 1 M ~TODOS DE CONrnOLE E MANEJO INlEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 115

multo importante para controlar plantas daninhas, prin-


cipalmente em terrenos declivosos, onde o controle da
erosão é fundamental. O espaço das entrelinhas das cul-
turas é ma ntido roçado e, por meio ele outros métodos
de controle, a fileira de plantas, em nível, é mantida no
limpo. Também é utilizado em terrenos baldios, beiras de
estradas e pastagens.

5 .4.4 Cultivo mecanizado


O cultivo mecanizado, feito por cultivadores tracionados
por animais ou tratores, é de larga aceitação na agricultura
brasileira, sendo um dos principais métodos de controle
de plantas daninhas em propriedades com menores áreas
plantadas. As principais limitações desse método são (i)
dificuldade de controle de plantas daninhas na linha da
cultura e (ii) baixa eficiência: quando realizado em condi-
ções de chuva (solo molhado), é ineficiente para controlar
FIG. 5.6 Arranque manual de tubérculos de tiririca plantas daninhas que se reproduzem por partes vegetati-
(Cyperus rotundus) em horta comercial em Rio vas. No entanto, todas as espécies anuais, quando jovens
Paranaíba (MG)
(2-4 pares de folhas), são facilmente controladas em condi-
Fonte: cortesia de Marcelo Rodrigues dos Reis. l!!!".'.I
ções de calor e solo seco. O cultivo quebra a relação íntima
5-4.2 Capina manual que existe entre raiz e solo, suspende a absorção de água
Técnica feita com enxada, é muito eficaz e ainda muito e expõe a raiz às condições ambientais desfavoráveis. De
utilizada na agricultura brasileira, principalmente em acordo com o tamanho relativo das plantas cultivadas e
regiões montanhosas, em que há agricultura de subsistên- daninhas, o deslocamento do solo sobre a linha, por meio
cia; para muitas famílias, essa é a única fonte de trabalho. de enxadas cultivadoras especiais, pode causar o enterrio
Além disso, há um projeto de lei (PL nº 6.288/2002) cuja das plântulas e, com isso, promover o controle das plantas
ementa é probir a utilização de herbicidas para capina quí- daninhas na linha.
mica em áreas urbanas e de agrotóxicos em geral em áreas O uso de rolo-faca no Rio Grande do Sul diminuiu os
de proteção de mananciais. Com isso, a capina manual e/ custos de preparo de solo e pode ser utilizado em perío-
ou roçada tende a ser muito utilizada nesses ambientes. dos chuvosos, segundo Silva et al. (2012). Os autores
Contudo, numa agricultura mais intensiva, em áreas também afirmaram que esse implemento proporcionou
maiores, o alto custo da mão de obra e a dificuldade de maior emergência das plantas daninhas, o que facilita-
encontrar operários no momento necessário e na quan- ria posterior controle com herbicidas. Em experimento
tidade desejada fazem com que esse método seja apenas realizado no Estado do Paraná, a roçadeira articulada
complementar a outros métodos, devendo ser realizado controlou de forma satisfatória o picão-preto (Bidens
quando as plantas daninhas estiverem ainda jovens e o spp.) e o leiteiro (Euphorbia heterophylla) em cultivo de
solo não estiver muíto úmido. No manejo da tiririca, por soja orgânica.
exemplo, o revolvimento causado pela enxada pode agra- Vale ressaltar que o aprimoramento do uso das
var o problema, por trazer à superfície do solo os tubérculos máquinas, utilizando inteligência artificial para identi-
dormentes presentes nas camadas abaixo da superfície. ficar, selecionar e remover as plantas daninhas presentes
no campo, já é uma realidade. Em experimento em plantio

5-4.3 Roçada (manual ou mecânica) de repolho, uma câmera foi acoplada ao trator, promo·
Em cultivas com maior espaço entre linhas, como poma- vendo visão computacional que detectava e diferenciava
res e cafezais, a roçada manual ou mecânica é um método as plantas daninhas da cultura, causando a redução de
116 PLANTAS DANINHAS

77% e 87% dessas plantas aos 16 e 23 dias após o plan- Estratégia clássica ou inoculativa
5.5.1
tio, respectivamente (Tillet et ai., 2008). O controle foi Essa estratégia é aplicável em condições nas quais a espé-
realizado com disco giratório, acionado no momento de cie de planta daninha é exótica ao local de incidência,
detecção das plantas daninhas. separada geograficamente de seus inimigos naturais.
As inovações tecnológicas inseridas em implementos Portanto, é necessário que esse inimigo natural tenha
agrkolas crescem e continuam melhorando, permitindo coevoluído junto com a espécie de planta daninha e seja
a perspectiva de menor dependência do controle químico altamente específico à espécie que se deseja controlar, ou
ou de aplicação suficiente dos produtos, evitando danos seja, ele não pode ser hóspede de outras plantas dani-
ambientais e proporcionando uma melhor qualidade de nhas. Logo, idealiza-se a não erradicação da espécie,
ao produtor. permitindo, assim, que o inimigo natural tenha sempre
condições de sobrevivência.
5.5 CONTROLE BIOLÓGICO Após a realização das primeiras etapas de pesquisa
O controle biológico consiste no uso de inimigos natu- descritas, ocorre a introdução do agente de controle
rais (fungos, bactérias, vírus, insetos, aves, peixes, entre biológico na área de incidência da planta daninha e seu
outros) capazes de diminuir a população das plantas constante monitoramento. O objetivo da estratégia clás-
daninhas, reduzindo sua capacidade de competir. O sica ou inoculativa é a redução da população de plantas
resultado é alcançado por meio do equilíbrio popula- daninhas até níveis em que não causem danos econô-
cional entre o inimigo natural e a planta hospedeira. micos ao produtor, promovendo um equilíbrio entre as
Também deve ser considerada como controle biológico a populações de plantas e os agentes de controle biológico.
inibição alelopática de plantas daninhas. Esse agente deve se autoperpetuar e possuir capacidade
Esse tipo de controle será eficiente quando o para- de dispersão natural.
sita for altamente específico, ou seja, uma vez eliminado Como exemplos de estratégia clássica no mundo,
o hospedeiro, ele não deve parasitar outras espécies. De podem-se citar: na Austrália, o controle do cacto ou figo-
modo gerai, a eficiência do controle biológico é duvi- -da-Índia (Opuntia spp.) com as larvas do inseto Cactoblastis
dosa quando ele é usado isoladamente, porque controla cactorum; e, no Havaí, o cambará-de-espinho (Lantana
apenas uma espécie e a outra é favorecida, o que é uma camara) foi controlado pelos insetos Agromisa lantanae e
tendência normal em condições de campo. Croddosema lantanae. Um levantamento de patógenos fún-
A pesquisa com controle biológico de plantas dani- gicos associados às espécies Bidens pilosa e B. subalternans
nhas envolve etapas sucessivas: constatou a associação de dez fungos em ambas as espé-
• seleção de espécies de plantas daninhas a serem cies (Cercospora bidentis, C. maculicola, Entyloma bidentis, E.
controladas; compositarum, E. guaraniticum, Neoerysiphe cumminsiana,
• seleção de inimigos naturais mais eficientes; Plasmopara halstedii, Podosphaera xanthii, Uromyces bidentis
• estudo e avaliação da ecologia dos vários inimigos e Uromyces bidenticola) e mais três somente na B. subalter-
naturais; nans (Colletotrichum bidentis, Pseudocercosporella bidentis e
• determinação da especificidade dos hospedeiros; Sphaceloma bidentis), surgindo como potenciais inimigos
• acompanhamento da introdução e do estabelecimen- naturais dessas espécies em diferentes regiões do mundo,
to do agente de controle biológico no campo; por meio da estratégia inoculativa (Guatimosim et al., 2015).
• avaliação da efetividade em diferentes épocas do ano, Cepas do fungo Corynespora cassiicola causaram
a fim de relacionar os níveis de infecção com a redução manchas foliares e severas injúrias somente em Schinus
da densidade populacional do hospedeiro. terebinthifolius, em experimento envolvendo 24 espécies
de plantas. Essa planta daninha é infestante em diversas
Há três estratégias de controle biológico que podem regiões tropicais e subtropicais, como Estados Unidos
ser implementadas em um sistema de controle de plantas (Havaí e Flórida) e Austrália. Logo, Corynespora cassiicola
daninhas: estratégia clássica ou inoculativa, estratégia é um potencial inimigo natural de Schinus terebinthifolius
inundativa e estratégia aumentativa. (Macedo et al., 2013).
5 1 M lTODOS DE CONTRO LE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 117

de produtos substitutos aos herbicidas sintéticos, que


Estratégia inundativa
não provoquem da nos ambientais.
É a ut ilização periódica e pontua l de agentes de controle
Nos Estados Unidos, o fu ngo Colletotrichum gloeos-
biológico, sempre que h á Infestação da pla nta daninha a
porloides pode ser usado para cont rola r o angiquinho
ser controlada. Ocorre de m aneira semelhante à aplica-
(Aeschynomene virginica) em soja e m ilho; o herbicida
ção de herbicidas, com produtos formulados, registrados,
natural é registrado como Collego. E, nos pomares de
possu indo ingrediente ativo (nesse caso, o patógeno)
citros, para controlar Morrenia odorata, é usado o fungo
e métodos de aplicação. Por esse motivo, é chamado
Phytophthora palmivora, com o nome de Devine. Em
de bioherbicida (em outras literaturas, bioerbicidas ou
estudo realizado na Bahia, o extrato foliar de eucalip to
bio-herbicidas), apesar da possibilidade do uso de bioher-
promoveu a redução da emissão da radicela do embrião
bicidas na estratégia aumentativa. Esse bioherbicida é
de sementes de tiririca (C. rotundus), surgindo com o
aplicado nas plantas daninhas, ocasionando o surgi-
potencial bioherbicida de controle dessa plant a daninha
mento da doença causada pelo patógeno e a consequente
morte da planta. Uma vez que o patógeno não sobrevi- (Silva et al., 2021).
No Brasil, isolados de Pusarium graminearum vêm
ve nos restos vegetais da planta morta e não apresenta
sendo estudados como agentes de controle biológico de
hospedeiro alternativo, não haverá disseminação e efeito
elódeas (Egeria densa e E. najas), plantas aquáticas que
residual em outros ciclos produtivos. É necessária nova
causam problemas em reservatórios de hidrelétricas. O
aplicação sempre que surgir infestação da planta dani-
fotoperíodo influencia a eficiência de controle das espé-
nha específica (Carvalho, 2013; Silva et al., 2018a).
cies de plantas daninhas pelo fungo, e temperaturas
No Brasil, não há produto registrado como bioherbi-
acima de 30 ºC têm proporcionado melhor controle de
cida cadastrado no Ministério da Agricultura, Pecuária
Egeria (Borges Neto; Gorgati; Pitelli, 2005).
e Abastecimento (Mapa, s.d.). De acordo com o Decreto
nº 4 .074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei
nº 7.802, de 11 de julho de 1989 (Lei dos Agrotóxicos) 5.5.3 Estratégia aumentativa
(Brasil, 1989, 2002), o agente biológico de controle é "o Essa técnica, utilizada quando os inimigos naturais já
organismo vivo, de ocorrência natural ou obtido por existem no local de infestação, se caracteriza pelo esta-
manipulação genética, introduzido no ambiente para o belecimento periódico desses inimigos, com a finalidade
controle de uma população ou de atividades biológicas de manter um nível aceitável de controle no ciclo pro-
de outro organismo vivo considerado nocivo". Sua clas- dutivo em partes da área cultivada. Quando utilizados
sificação toxicológica era classe IV (pouco tóxico), o que bioherbicidas, sua aplicação é feita em m enor intensida-
afastava as empresas produtoras devido aos trâmites de e frequência do que na estratégia inundativa. Outra
burocráticos necessários para se registrar um produto. possibilidade é a utilização de vertebrados como agen-
Porém, a Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 294, tes de controle biológico, como peixes, carneiros e aves
de 29 de julho de 2019, propôs a reclassificação toxico- (Carvalho, 2013; Silva et al., 2018a); alguns p rodutores,
lógica dos agrotóxicos, que, entre outras mudanças a inclusive, t êm usado carneiros para controlar plantas
serem vistas posteriormente, classificou os agentes de daninhas em lavou ras de café. No entanto, algumas
controle biológico como "não classificado", sem riscos espécies não possuem boa palatabilidade, sendo recusa-
ou recomendações, o que permite agilizar o processo de das dura nte o pastejo. O uso de tilápias, carpas e outros
registro desses produtos juntos aos órgãos competentes p eixes herbívoros são possíveis no controle de plantas
(Minist ério da Saúde, 2019a). Tal fato está associado ao aquáticas: Miyazaki e Pitelli (2003) verificaram controle
aumen to de registros de produtos biológicos, de 4 0 no de até 100% das espécies aquáticas Egeria densa, Egzria
ano de 2019 pa ra 94 em 2020, um crescimento de 134% najas e Ceratophyllum demersum pelo pacu (Piaractus
(Sindiveg, s.d.-b). J unto às crescentes pesquisas com mesopotamicus).
utilização de organismos vivos no controle de plantas O con trole biológico demons tra ser altamente efi-
daninhas, espera-se que haja, em um fut uro próximo, ciente n o controle de plantas daninhas-cb:i.ve dentro
bioherbicidas registrados para uso, aumentando a gama de uma lavoura. Porém, a vantagem acaba se tom ando
118 PLANTAS DANINHAS

desvantagem por conta dessa alta especificidade, uma os objetivos das pesquisas no mundo na área da ciência
vez que há uma gama de espécies de plantas daninhas das plantas daninhas consistem em desenvolver tecnolo-
em uma área. Concomitantemente, pesquisas relaciona- gias seguras do ponto de vista ambiental, de baixo custo
das ao controle biológico são escassas, onerosas e nem e que garantam a sus tentabilidade dos cultivas. Desse
sempre irão apresentar resultados satisfatórios, além modo, uma ênfase especial tem s ido dada à biotecnologia
de a legislação brasileira, até pouco tempo, dificultar o 110 desenvolvimento de culturas tolerantes a herbicidas e,
registro de produtos dessa classe. Entretanto, com a também, ao impacto dessas tecnologias no ambiente.
seleção cada vez maior de biótipos de plantas daninhas
resistentes, além da preocupação com o meio ambiente e Vantagens no uso de herbicidas
5.6.2
a sustentabilidade, torna-se um método interessante por Pode-se atribuir a grande aceitação do uso de herbicidas
não deixar resíduos químicos no solo. É eficiente, então, pelos produtores ao fato de o controle químico das plan-
quando associado a outros métodos de controle, pode ser tas daninhas proporcionar as seguintes vantagens:
recomendado para espécies de plantas daninhas de con- • Menor dependência da mão de obra, que é cada vez
trole comprovadamente difícil por métodos mecânicos, mais cara e difícil de ser encontrada no momento
físicos e/ou químicos. certo, na quantidade e qualidade necessária.
• Mesmo em épocas chuvosas, o controle químico das
5 .6 CONTROLE QUÍMICO plantas daninhas é mais eficiente.
5.6.1 Breve histórico • É eficiente no controle de plantas daninhas na linha
O controle químico de plantas daninhas é feito com uso de de plantio e não afeta o sistema radicular das culturas.
herbicidas, os quais são substâncias biológicas ou quími- • Permite o cultivo mínimo ou plantio direto das
cas com capacidade de matar ou suprimir o crescimento culturas.
de plantas daninhas (Roman et al., 2007). É o método de • Pode controlar plantas daninhas de propagação
controle de plantas daninhas mais empregado. vegetativa.
As pesquisas visando o controle químico de plantas • Permite o plantio a lanço e/ou alteração no espaça-
daninhas foram iniciadas entre 1897 e 1900, quando mento, quando for necessário.
Bonnet (França), Shultz (Alemanha) e Bolley (Estados
Unidos) evidenciaram ação dos sais de cobre sobre algu- Herbicidas registrados no Brasil
mas folhas largas. Em 1908, o sulfato ferroso foi avaliado Entre os anos de 1990 e 2018, o consumo de herbicidas
por Bolley para controle de folhas largas na cultura do no Brasil aumentou de cerca de 23 mil toneladas para
trigo. Somente em 1942, Zimrnerman e Hitchock, tam- mais de 234 mil toneladas (Fig. 5.7), classificando o País
bém nos Estados Unidos, sintetizaram o 2,4-D.' Esse corno o segundo que mais utiliza herbicidas no mundo,
herbicida é à base de muitos outros produtos sintetizados atrás somente dos Estados Unidos (FAO, s.d.).
em laboratório (2,4-DB; 2,4,5-T; entre outros) e marcou Atualmente, existem 117 ingredientes ativos (i.a.) de
o início do controle químico das plantas daninhas em herbicidas registrados para uso no Brasil. O glyphosate é
escala comercial. A partir de 1950, novos grupos quími- o herbicida mais comercializado, com 217 mil toneladas
cos de herbicidas surgiram: amidas (1952), carbarnatos em 2019 (Fig. 5.8B) (lhama, 2021). Tal fato é devido ao
(1951), triazinas simétricas (1956), entre outros (Oliveira seu amplo espectro de controle de plantas daninhas, seu
Júnior; Constantin; Inoue, 2011). baixo custo em relação a outros herbicidas e à utilização
Devido ao grande desenvolvimento da área de con- de culturas geneticamente modificadas resistentes ao
trole químico de plantas daninhas, em 1956, nos Estados herbicida, permitindo seu uso em área total sem compro-
Unidos, foi criada a Weed Science Society ofAmerica (WSSA), meter a cultura de interesse.
e, em 1963, no Brasil, foi fundada a Sociedade Brasileira Em 2020, foram aplicados no Brasil aproximada-
de Herbicidas e Ervas Daninhas (SBHED), hoje Sociedade mente 1,5 milhão de toneladas de pesticidas, sendo os
Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD) herbicidas responsáveis por quase 50% do total (Sindiveg,
(Oliveira Júnior; Constantin; Inoue, 2011). Atualmente, s.d.-a), corno apresentado na Fig. 5.8A. Ainda no mesmo
5 1 M ~TODOS DE CONTROLE E M ANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 119

250000
200000
~ 150000
] 100000
~
50000
o ::--;;----;:-~;----:::--::---------,------------,-- Fie. 5.7 Consumo de herbicidas no Brasil no
cf/iç:, o,°>'\, o,°>"" o,°><o c,,0>'1, # ~'\, ,.-,1), ..c,<o _C\'11 "ç:, "'\, ~ -.lo -.'11 periodo 1990-2018
" " " " "~ ~ ~ ff~ ~ ~ ~ ~
Anos Fonte; adaptado de FAO (s.d.).

ano, a soja foi a cultura com maior área tratada com her- de 7 a 10 anos, porém há um projeto de lei do ano de 2002
bicidas, com mais de 900 milhões de hectares tratados • que visa alterar a Lei dos Agrot6xicos para facilitar o pro-
seguida por milho e cana-de-açúcar, como representado cesso de registro.
na Fig. 5.8C. Dentre os Estados brasileiros que mais De acordo com o Decreto nº 4.074/2002, para obter

utilizam herbicidas (em termos de valor econômico de registro de um herbicida no Ministério da Agricultura,

produto aplicado), o Estado de Mato Grosso é o primeiro, Pecuária e Abastecimento, as empresas terão que ser ava-
liadas por órgãos responsáveis pela saúde, meio ambiente
com 27% do total de herbicidas aplicados no Brasil,
e agricultura (Brasil, 2002), como representado na Fig. 5.9.
seguido por São Paulo e Paraná. Os dados do Sindicato
Uma vez que os produtos sejam aprovados nes-
Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal
sas instâncias, será emitido um Registro Especial
(Sindiveg, s.d.-a) agrupam os Estados do Rio Grande do
Temporário (RET), que é um
Sul e Santa Catarina, os Estados do Maranhão Piauí
' '
Tocantins e Bahia (MAPITOBA), além de Goiás e Distrito
ato privativo de órgão federal competente, desti-
Federal (Fig. 5.8D). nado a atribuir o direito de utilizar um agrotóxico,
Deve-se também conhecer alguns fatores buro- componente ou afim para finalidades específicas em
cráticos em relação aos herbicidas no Brasil, como o pesquisa e experimentação, por tempo determinado,
processo de registro, que envolve experimentação por podendo conferir o direito de importar ou produzir a
quantidade necessária à pesquisa e experimentação
parte dos órgãos responsáveis, além de rótulos e bulas de
(Brasil, 2002).
herbicidas, que contêm informações ligadas a essa expe-
rimentação, de extrema importância para produtores,
O órgão responsável pelo setor da saúde é a Agência
técnicos, indústrias e sociedade.
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia vin-
culada ao Ministério da Saúde. Cabe à Anvisa;
Registro de herbicidas no Brasil
A Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, dispõe em seu
I - definir os critérios técnicos para a classificação toxi-
primeiro parágrafo; cológica e para a avaliação do risco à saúde decorrente
do uso de agrotóxicos, seus componentes, e afins;
A pesquisa, a experimentação, a produção, a embala- II - realizar a classificação toxicológica de agrotóxicos
gem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a e afins;
comercialização, a propaganda comercial, a utiliza- III - avaliar o risco à saúde decorrente do uso de agro-
ção, a importação, a exportação, o destino final dos tóxicos e a fins;
resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o IV - definir os critérios técnicos para a avaliação de
controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, agrotóxicos, seus componentes e afins, destinados ao
seus componentes e afins, serão regidos por esta Lei. uso em ambientes urbanos e industriais;
(Brasil, 1989). V - conceder o regis tro, inclusive o RET, de agrotóxicos,
produtos técnicos, pré-misturas e afins destinados ao
Logo, essa Lei, junto a resoluções, instruções nor- uso em ambientes urbanos e industriais;
mativas e decretos posteriores que a regulamentam, VI - estabelecer intervalo de reentrada em ambiente
tratado com agrotóxicos e afins;
norteia toda informação acerca dos pesticidas de modo
Vll - estabelecer limite máximo de resíduos e o in ter-
geral. O registro de herbicidas no Brasil demora em torno
valo de segurança de agrotóxicos e afins (Brasil, 2002).
120 PLANTAS DANINHAS

Outros
Fungicidas

Atrazine

Glyphosate

Outros Outros
2%

-açúcar

RS/SC

Fie. 5.8 (A) Percentagem do volume de pesticidas aplicados no Brasil em 2020. (B) Ingredientes ativos de herbicidas
mais comercializados no Brasil em 2019. (C) Percentagem de área,-tratada com herbicidas por cultura em 2020, com
H&F sendo batata, cebola e frutas, e os outros sendo café, arroz, citros, sorgo, mandioca etc. (D) Percentagem do
volume de pesticidas aplicados por Estado em 2020
Fonte: (A,C,D) adaptado de Sindiveg (s.d.-a) e (B) adaptado de lhama (2021).

Recentemente, a classificação toxicológica de herbi- I - avaliar os agrotóxicos e afins destinados ao uso em


cidas passou por uma modificação, disposta na Resolução ambientes hídricos, na proteção de florestas nativas
RDC nº 294, de 29 de julho de 2019, visando a padroni- e de outros ecossistemas, quanto à eficiência do pro-
duto;
zação proposta pelo Sistema Globalmente Harmonizado
II - realizar a avaliação ambiental, dos agrotóxicos, seus
de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos
componentes e afins, estabelecendo suas classificações
(Globally Hannonized System of Classification and Labelling
quanto ao potencial de periculosidade ambiental;
of Chemicals - GHS) (Ministério da Saúde, 2019a). Essa
III - realizar a avaliação ambiental preliminar de
abordagem pretende harmonizar as regras de classifi- agrotóxicos, produto técnico, pré-mistura e afins des-
cação de pesticidas em nível mundial. Com a mudança, tinados à pesquisa e à experimentação;
as classes toxicológicas passaram a ser divididas em IV - conceder o registro, inclusive o RET, de agro-
cinco, além de uma classe "n ão classificado", conforme o tóxicos, produtos técnicos e pré-misturas e afins
Quadro 5.2. destinados ao uso em ambientes hídricos, na prote-
O órgão responsável pelo setor de meio ambiente é ção de florestas nativas e de outros ecossistemas,
o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente ([bama), autar- atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios
quia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Cabe ao da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Saúde.
(Brasil, 2002).
Ibama:
5 i M ~TODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 121

II - conceder o registro, inclusive o RE.T, de pestici-


Sollcitaçlo de registro
das, produtos técnicos, pré-misturas e afins para uso
nos setores de produção, armazenamento e beneficia-
MAPA
mento de produtos agrlcolas, nas florestas plantadas e
nas pastagens, atendidas as diretrizes e exigências dos
Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente. (Brasil, 2002).
Avaliação de Avallação
eficiência toxicológica
Após atender às diretrizes e exigências listadas, a
empresa requerente receberá os certificados de registro
dos órgãos competentes sobre os produtos avaliados,

Registro para serem registrados no Mapa e receber autoriza-


ção para uso, comercialização, entre outros.
F1G. 5.9 Esquematização do processo de registro de De acordo com o parágrafo 5° da Lei nº 7.802/1989,
pesticidas no Brasil os registros de herbicidas podem ser cancelados ou
impugnados. Os agentes que possuem legitimidade para
Por fim, o órgão responsável pelo setor da agricultura
requerer o cancelamento ou impugnação são:
é o próprio Mapa, ao qual cabem as seguintes obrigações:

I - entidades de classe, representativas de profissões


I - avaliar a eficiência agronômica dos pesticidas e afins
ligadas ao setor;
para uso nos setores de produção, armazenamento e
II - partidos políticos, com representação no Congresso
beneficiamento de produtos agrícolas, nas florestas
Nacional;
plantadas e nas pastagens;

Quadro 5.2 Classificação t oxicológica de pesticidas no Brasil

Não
Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4 Categoria 5
classificado
Improvável
Extremamente Altamente Altamente Pouco Não
de causar
tóxico tóxico tóxico tóxico classificado
dano agudo

Pictograma

Palavra de
~~~ Sem símbolo Sem símbolo

PERIGO PERIGO PERIGO CU IDADO CUIDADO CUIDADO


advertência
Classe de perigo
Pode ser
Fatal se Tóxico se Nocivo se
Oral Fatal se ingerido perigoso se
ingerido ingerido ingerido
ingerido
Pode ser
Fatal em Tóxico em Nocivo em
Fatal em contato perigoso etn
Dérmica contato com a contato com a contato com a
com apele contato com a
pele pele pele
pele
Pode ser
Tóxico se Nocivo se
lnalatória Fatal se inalado Fatal se inalado perigoso se
inalado inalado
inalado
Cor da faixa Vermelho Vermelho Amarelo Azul Azul' Verde
Ponte: adaptado de Ministério da Saúde (2019a).
122 PLANTAS DANINHAS

lll - entidades legalmente constituídas de defesa dos titular do registro; fabricantes do produto técnico ou
interesses difusos relacionados à proteção do consumi- produto técnico; formulador/manipulador; quadro so-
dor, do meio ambiente e dos recursos naturais. (Brasil, bre informações relativas ao lote do produto; frases e
1989).
outras informações, classificação toxicológica; e clas-
sificação do potencial de periculosidade ambiental. Na
Um caso recente de cancelamento de registro foi do Fig. 5.10, apresenta-se um exemplo de como as informa-
paraquat. Desde o dia 22 de setembro de 2020 é proibida ções são disponibilizadas na coluna central do rótulo.
a sua comercialização, de acordo com a Resolução RDC Na coluna da direita, é obrigatório conter: informa-
nº 177/2017 da Anvisa (Ministério da Saúde, 2017). O ções relativas à proteção da saúde humana; quadro de
paraquat catalisa a formação de peróxido de hidrogênio, primeiros socorros; quadro de antídoto(s) e tratamento(s);
formando radicais altamente tóxicos, e, na presença de e quadro de "telefones de emergência para informações
luz, possui ação muito rápida. Em estudos feitos com médicas", conforme representado na Fig. 5.11.
animais, verificou-se que pequenas doses absorvidas Por fim, a coluna da esquerda deve conter informa-
de paraquat (seja via cutânea, oral ou inalatória) pro- ções acerca de precauções relativas ao meio ambiente,
vocam reações altamente prejudiciais à saúde, como conforme aprovadas pelo lhama. Essas recomendações
inflamações na garganta, nos lábios, diarreia, progres- irão depender de diversos fatores experimentados pelo
sivas dificuldades respiratórias, distensão abdominal e Ibama, não havendo padrão de texto no Guia nº 12/2018
redução da mobilidade intestinal, entre outros sintomas, daAnvisa.
devido ao seu efeito corrosivo (Peron et al., 2003; Serra; Em relação às bulas, cabe destacar sua conceituação
Domingos; Prata, 2003). Tais resultados, somados aos pela RDC nº 296/2019: "documento legal que contém
relatos de agricultores, que sentiram sintomas adversos informações técnico-científicas e orientadoras para o
de saúde relacionados ao uso do paraquat (Barraza et al., uso adequado de pesticidas, afins e preservativos de
2011), fizeram com que a Anvisa reavaliasse e, por fim, madeira" (Ministério da Saúde, 2019b).
decidisse pelo banimento desse herbicida. As bulas são os documentos legais que contêm todas
as informações sobre o produto. Todos os dados exigidos
Bula e rótulo para o rótulo deverão constar na bula. O modelo do docu-
A obrigatoriedade das informações contidas em bulas e mento pode variar de fabricante para fabricante, porém
rótulos está disposta na Lei nº 7.802/1989, na Portaria as seções obrigatórias devem estar presentes, de acordo
nº 03/ 1992 e no Decreto nº 4.074/2002 (Brasil, 1989, com a RDC nº 296/2019, as quais são: composição do
2002; Ministério da Saúde, 1992). O parâmetro utilizado produto; conteúdo; classe; grupo químico; tipo de formu-
neste capítulo foi o Guia nº 12/2018 da Anvisa, versão lação; titular do registro; fabricantes do produto técnico
1, que é o guia para a elaboração de rótulo e bula de pes- ou produto técnico; formulador/ manipulador; quadro
ticidas, afins e preservativos de madeira (Ministério da de informações de fabricação; frases; classificação toxi-
Saúde, 2018). A Resolução RDC nº 296, de 29 de julho cológica; classificação do potencial de periculosidade
de 2019, dispõe sobre quais as informações toxicológicas ambiental; faixa de classificação toxicológica; instruções
para rótulos e bulas de pesticidas, afins e preservativos de uso; frases relativas à proteção da saúde humana; e
de madeira (Ministério da Saúde, 2019b). quadro de primeiros socorros. Tais informações, bem
Sobre os rótulos, cabe destacar o conceito disposto como o modelo de bula a ser utilizado como referência,
na RDC nº 296/2019, segundo o qual um rótulo é a encontram-se no Guia nº 12/2018, versão 1, e na RDC
"identificação aplicada diretamente sobre embalagens de nº 296/2019.
pesticidas, afins e preservativos de madeira" (Ministério
Outro componente obrigatório que deve estar pre-
da Saúde, 2019b). sente tanto no rótulo quanto na bula é a faixa contendo
Os rótulos são divididos em colunas: central, direita
pictograma, o qual, de acordo com a RDC nº 296/2019,
e esquerda. Na coluna central, é obrigatório conter:
tratam-se de "composição gráfica que contém um sim bolo
marca comercial do produto; composição do produto;
e outros elementos gráficos que servem para transmitir
conteúdo; classe; grupo químico; tipo de formulação;
5 1 M tTODOS OE CONTROLE e MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS MA AGRICULTURA 123

PRODUTO EC®

Registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA sob nº •··

CO M POSI ÇÃO:
Nome químico (nome comum)....................................xxx g/L (xx% m/v)
Outros ingredientes ............................. .... .... ... ..... , ... .. xxx g/L (xx% m/v)
Ingrediente A {nome químico completo}....", ............ " .. "xxx g/L {xx% m/v}
(Verificar toxicidade dos outros ingredientes: se apresentarem risco para a saúde humana, introduzir nome químico na
formulação. Exemplo: Xileno .. .).

GRUPO QUÍMICO X HERBICIDA

CONTEÚDO: XXXXXX

CLASSE: XXXX
TIPO DE FORMULAÇÃO: Concentrado emulsionável {EC} / Concentrado dispersível {DC} / Suspensão concentrada (SC} /
Concentrado solúvel (SU / Pó solúvel (SP) / Granulado dispersível (WG) / Pó molhável (WP) ...

TITULAR DO REGISTRO:
Nome da empresa/ Endereço / CNPJ / Tel. / Fax / Número do registro ...

FABRICANTES DO PRODUTO TÉCNICO:


xxxxxxxxxxxx
FORMULADOR: vide bula

r.
N° do lote ou partida:
Data de fabricação: Vide embalagem
Data: de vencimento:

ANTES DE USAR O PRODUTO LEIA O RÓTULO, A BULA E A RECEITA E


CONSERVE-OS EM SEU PODER.

É OBRIGATÓRIO O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL.


PROTEJA-SE.

É OBRIGATÓRIA A DEVOLUÇÃO DA EMBALAGEM VAZIA.

Indicações e restrições de uso: vide bula e receita.


Rest rições Estaduais, do Distrito Federal e Municipais: vide bula.

Produto registrado para as culturas de XXX.

Indústria Brasileira

Combustível / Inflamável / Corrosivo (conforme o tipo de produto)

CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA: 1- EXTREMAMENTE TÓXICO / 11- ALTAMENTE TÓXICO / Ili -MEDIANAMENTE


TÓXICO / IV - PO UCO TÓXICO. CLASSIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE PERICULOSIDADE AM BIENTAL
CONFORME APROVADO PELO IBAMA/MMA.

FIG. 5.10 Informações obrigatórias na coluna central em rótulo de herbicidas. Texto sublin hado: escolher apenas um
dos termos indicados conforme característica do produto. Texto em itálico: indicativo do tipo de informação que deve
conter no campo
Fonte: adapt ado de Ministério da Saúde (2018).
124 P LANTAS DANINHAS

PRECAUÇÕES RELATIVAS À SAÚDE HUMANA

ANTES DE U~AR, LEIA COM ATENÇÃO,AS INSTRUÇÕES

PRECAUÇÕES GERAIS: - Produto para uso exclusivamente agrícola / não agrlcola. - Não coma, não beba e não fume durante
o manuseio e aplicação do produto. - Não manuseie ou aplique O produto sem os equipamentos de proteção individual (EPls)
recomendados. - Os equipamentos de proteção individual (EPls) recomendados devem ser vestidos na seguinte ordem: macacão,
botas, aventa!. máscara, óculos, touca árabe e luvas. - Não utilize equipamentos de proteção Individual (EPls) danificados. - Não
utilize equipamentos com vazamentos ou defeitos. - Não desentupa bicos, orifícios e válvulas com a boca. - Não transporte o
produto juntamente com alimentos. medicamentos, rações, animais e pessoas,

PRECAUÇÕES NA PREPARAÇÃO DA CALDA: - Produto extremamente Irritante para os olhos / pele. - Caso ocorra contato
acidental da pessoa com o produto, siga as orientações descritas em primeiros socorros e procure rapidamente um serviço médico de
emergência. - Ao abrir a embalagem, faça-o de modo a evitar respingos/ dispersão de poeira. - Utilize equipamento de proteção
individual (EPI): macacão de algodão hidrorrepelente com mangas compridas passando por cima do punho das luvas e as pernas
das calças por cima das botas: botas de borracha; avental impermeável. máscara com filtro mecânico classe P2 / máscara com filtro
combinado (filtro químico contra vapores orgânicos e filtro mecânico classe P2): óculos de segurança com proteção lateral/ viseira
fadai e luvas de oitri!a. - Manuseie o produto em local aberto e ventilado,

PRECAUÇÕES DURANTE A APLICAÇÃO: - Evite o máximo possível o contato com a área tratada. - Não aplique o produto
na presença de ventos fortes e nas horas mais quentes do dia. - Não apliqu e o produto contra o vento, se utilizar equipamento
costal. Se utilizar trator (ou avião), aplique o produto contra o vento. - Aplique o produto somente nas doses recomendadas e
observe o intervalo de segurança (intervalo de t empo entre a última aplicação e a colheita). - Utilize equipamento de proteção
individual (EPI): macacão de algodão bidrorrepelente com mangas compridas passando por cjma do punho das luvas e as pernas
das calças por cima das botas; botas de borracha: avental impermeável, máscara com filtro mecânico classe P2 / máscara com
filtro combinado (filtro químico contra vapores orgânicos e filtro mecânico classe P2): óculos de segurança com proteção lateral /
viseira facial e luvas de nitrila.

PRECAUÇÕES APÓS A APLICAÇÃO: - Sinalizar a área tratada com os dizeres: "PROIBIDA A ENTRADA. ÁREA TRATADA" e
manter os avisos até o final do período de reentrada. - Caso necessite entrar na área tratada com o produto antes do término
do intervalo de reentrada, utilize os equipamentos de proteção individual (EPls) recomendados para o uso durante a aplicação.
- Mantenha o restante do produto adequadamente fechado em sua embalagem original em local trancado, longe do alcance
de crianças e animais. - Antes de retirar os equipamentos de proteção individual (EPls), lave as luvas ainda vestidas para evitar
contaminação. - Os equipamentos de proteção individual (EPls) recomendados dev,em ser retirados na seguinte ordem: touca
árabe, óculos. avental. botas, macacão, luvas e máscara. - Tome banho imediatamente após a aplicação do produto. - Troque e
lave as suas roupas de proteção separado das demais roupas da família. Ao lavar as roupas, utilizar luvas e avental impermeável.
- Faça a manutenção e lavagem dos equipamentos de proteção após cada aplicação do produto. - Fique atento ao t empo de
uso dos filtros, seguindo corretamente as especificações do fabricante. - Não reutilizar a embalagem vazia. - No descarte de
embalagens utilize equipamento de proteção individual (EPI): macacão de algodão hidrorrepelente com mangas compridas, luvas
de nitrila e botas de borracha.

PRIMEIROS SOCORROS: procure logo um serviço médico de emergência levando a embalagem, rótulo, bula e/ou receituário
agronômico do produto. Ingestão: se engolir o produto, não provoque vômito. Caso o vômito ocorra naturalmente, deite a
pessoa de lado. Não dê nada para beber ou comer. Olhos: em caso de contato, lave com muita água corrente durante pelo menos
15 minutos. Pele: em caso de contato, tire a roupa contaminada e lave a pele com muita água corrente e sabão neutro. Inalação:
se o produto for inalado ("respirado"), leve a pessoa para um local aberto e ventilado. A pessoa que ajudar deve proteger-se da
contaminação usando luvas e avental impermeáveis, por exemplo.

Antídoto e tratamento médico de emergência: não existe antídoto específico. Tratamento sintomático. Para outras informações:
vide bula.

TELEFONES DE EMERG~NCIA PARA INFORMAÇÕES MÉDICAS:


Disque-intoxicação: 0800-722- 6001
Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica
RENACI AT -Anvisa/MS
Telefone de emergência da empresa: XXXX-XXXX

Fie. 5.11 Informações obri gatórias na coluna da direita em rótul o de h erbicidas. Texto sublinhado : escolher apenas wn
dos termos indicados conforme característica do produto
Fonte: adaptado de Mini stério da Saúde (2018).
5 1 M~TODOS DE CONTROLE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 125

informações específicas sobre o produto" (Ministério da tendo, no Brasil, sua base reforçada no campo da ento-
Saúde, 2019b). mologia, quando pioneiros promoveram o estudo dos
No caso de herbicidas, os pictogramas utilizados problemas do algodoeiro no Nordeste do País, propondo
tratam da classificação e comunicação de perigos físicos, uma série de medidas que se enquadraram no conceito de
à saúde e/ou ao meio ambiente e das medidas adequadas integração (Conceição, 2000).
de prevenção à intoxicação ou de minimização do risco, As premissas que alicerçam a proposta de manejo
como a ordem de colocação e retirada de equipamentos integrado podem ser bem sintetizadas em: garantia de
de proteção individuais (EPis) (Ministério da Saúde, qualidade do produto colhido, inclwndo a isenção de
2018), como demonstrado na Fig. 5.12. resíduos de pesticidas nos alimentos dentro da rastrea-
Diante da importância do controle químico no cená- bilidade; sustentabilidade ambiental, incluindo a não
rio agrícola mundial, é necessário considerar que todo degradação do solo e não contaminação do ar e da água;
herbicida é uma molécula química que deve ser manu- sustentabilidade econômica e social na produção, man-
seada com cuidado, havendo perigo de intoxicação do tendo ou aumentando a produtividade; e garantia de
aplicador, principalmente. Pode ocorrer também polui- melhor qualidade de vida ao agricultor no que tange ao
ção do ambiente - água (rios, lagos e corpos de água retorno econômico e à maior segurança nas atividades
subterrâneos), solo e alimentos - quando manuseados que envolvam a utilização de pesticidas.
incorretamente. Há necessidade de mão de obra especia- A necessidade de implementação do MIPD se dá por
lizada para a aplicação dos herbicidas. conta do uso excessivo de herbicidas como único método
O conhecimento da fisiologia das plantas, dos gru- de controle. Tal fato gera problemas:
pos aos quais pertencem os herbicidas, da tecnologia de • ambientais, como polwção de rios, contaminação de
aplicação, das características físicas e químicas do solo e solos e extinção de espécies vegetais;
das condições climáticas é fundamental para o sucesso • agronômicos, com a seleção de biótipos resistentes de
do controle químico das plantas daninhas. Os riscos de plantas daninhas, devido à pressão de seleção causada
uso existem, mas se a recomendação e a aplicação forem por esse método;
acompanhadas por um profissional capacitado para tal • econômicos, por causa do alto custo de controle des-
fim, podem perfeitamente ser controlados e evitados. sas plantas daninhas resistentes.
O controle químico de plantas daninhas deve ser
feito juntamente com outras práticas de controle, por- Logo, a integração de métodos de controle torna-se
que seu emprego como método único pode levar ao necessária para promover a alteração das práticas nor-
desequilíbrio no sistema de produção, bem como à sele- malmente utilizadas, visando a prevenção da seleção
ção de biótipos de plantas daninhas resistentes, este de biótipos resistentes (López-Ovejero; Christoffoleti,
sendo um problema crescente nos últimos anos (Heap, 2003), além de problemas ambientais. Nesse sentido, os
2021). Portanto, o herbicida é uma ferramenta muito manejas preventivo e cultural assumem papel impor-
importante no manejo integrado de plantas dani- tante, pois preconizam a não dispersão de plantas
nhas, desde que utilizado no momento adequado e de daninhas e o bom estabelecimento das culturas, per-
forma correta. mitindo maior capacidade competitiva. Os métodos de
controle devem ser utilizados quando necessários, asso-
MANEJO INTEGRADO DE ciados aos métodos de manejo e, sempre que possível,
5.7
PLANTAS DANINHAS (MIPD) rotacionados.
A maneira integrada de cultivo, que considera todos os Em estudo com lentilhas, no Canadá, a associação
fatores que podem proporcionar à planta maior e melhor de taxa de semeadura quatro vezes superior que a reco-
produção, permite o aproveitamento eficiente dos recur- mendada, com uso de enxada rotativa e de herbicidas
sos do meio. Dentro desse contexto se insere também o não afetou o rendimento de grãos e promoveu altas taxas
MIPD. Esse sistema de manejo integrado cada vez mais de controle de plantas daninhas (Redlick e t al., 2017).
vem sendo recomendado em todos os setores agrícolas, Esse estudo foi realizado com herbicidas de diferentes
126 PLA NTAS DANINHAS

Pictograma Plctogn:irna Pictograma de recomendação


Co r da faixa (conforme de manuseio de aplicação de banho após a aplicação
classificação toxicológica)

Pictograma de EPI para manuseio

Pictograma d e - -
armazenagem ~ _.
P i ~ão

c,;d,dol ~ Cuidado veneno

Am,llen,meoto 1~ Mantenha trancado e longe


do alcance de crianças

M,n,,e;o ¾ Quando manusear líquido concentrado...

\ Quando manusear sólido concentrado ...

ApU<ação 1 ~ Quando aplicar o pesticida...

(I) Use macacão

~ Use botas de borracha

(iJ Use avental

Orientações
(iJ Use proteção sobre o nariz e a boca

~
Use respirador

~
Use proteção para os olhos

~ Use luvas

~ Lave-se após o uso

FIG.5.12 Modelo de faixa de rótulo e bula, pictogramas e seus significados


Fonte: adaptado de Ministério da Saúde (2018).

mecanismos de ação, como resposta ao surgimento de Como visto nas seções anteriores, selecionar a cultivar
plantas daninhas resistentes aos herbicidas in ibidores e o espaçamento adequados proporciona benefícios à cultura
da ALS, muito utilizados no cultivo de lentilha. Logo, o na competição com plantas daninhas e, quando associado
MIPD surgiu como alternativa no controle de biótipos de ao uso de herbicidas, diminui a competição e densidade de
plantas daninhas resistentes. plantas daninhas. Em um estudo realizado com duas culti-
5 1 MÉTODOS DE CONTRO LE E MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA 127

vares de arroz, em dois espaçamentos, a cultivar IET-21214, No MIPD, é mais compreensível quando as plantas
com espaçamento entre linhas de 20 cm e aplicação isolada dan inhas são tratadas não como um alvo direto que deve
de bispyribac-sodium, proporcionou controle semelhante ser "exterminado", mas sim como parte integrante de um
quando realizada a aplicação sequencial de pendimethalin e ecossistema no qual estão diretamente envolvidas, entre
bispyribac-sodium, proporcionando economia no custo de outras funções, com a ciclagem de nutrientes no solo.
controle, além de evitar possíveis contaminações ambien- Elas ainda formam complexas interações com micror-
tais (Mahajan; Poonia; Chauhan, 2014). ganismos e, por meio dessas associações, garantem as
Um aspecto importante a ser observado é que o características agronômicas que conferem ao solo maior
MIPD não necessariamente precisa do componente capacidade de suportar um cultivo sustentável. À exce-
herbicida no planejamento de controle. Em um estudo ção de poucas espécies que necessitam ser erradicadas
realizado em Manitoba (Canadá), Geddes e Gulden da área (em especial os biótipos resistentes a herbici-
(2018) avaliaram diferentes espaçamentos entre linhas, das), grande parte da comunidade vegetal infestante
densidades de plantio e controle mecânico na entreli- comanda no solo a dinâmica de nutrientes, além de ser
nha; visando controlar canola voluntária resistente ao componente-chave no processo de formação e queima
glyphosate. Os autores verificaram que, utilizando espa- da matéria orgânica, sobretudo pelo papel que a rizos-
çamento entre linhas de 19 cm, associado à densidade de fera possui no estímulo à atividade microbiana. Logo, o
plantio de 682.500 plantas ha-1 , houve a supressão do MIPD deve ser componente obrigatório no momento do
desenvolvimento da canola voluntária. Em espaçamento planejamento de um plantio, a fim de preservar o meio
entre linhas maior (76 cm), associado à densidade de ambiente, diminuir a dependência dos herbicidas e evi-
plantio de 455 plantas ha-1 e controle entre linhas com tar a seleção de biótipos resistentes de plantas daninhas.
duas passagens de cultivador, obtiveram a mesma efi-
ciência de controle. Em ambos os casos a produtividade 5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
da soja foi semelhante. Em sistema de plantio direto O conhecimento dos métodos de manejo e controle é fun-
orgânico nos Estados Unidos, em sucessão milho-soja, damental na agricultura atual. Contudo, é importante
a utilização de coberturas verdes (ervilhaca e triticale) conhecer também os diversos impactos que tais métodos
nas entrelinhas, com os espaçamentos de 19 cm e 38 podem trazer ao meio ambiente. São necessários, portan-
cm, reduziu 58%, 23% e 62% de biomassa de plantas to, cuidados técnicos para se atingir a máxima eficiência
daninhas em Delaware, Maryland e Pensilvânia, respec- com o mínimo impacto negativo ao solo, à água e aos
tivamente (Wallace et ai., 2017). Tanto a ervilhaca como organismos não alvos, buscando-se a menor dependên-
o triticale foram cortados com cultivador, produzindo a cia do controle químico e a sua integração com os outros
palhada que promoveu o controle físico. métodos. Logo, deve-se associar os diversos métodos
Além de evitar a possibilidade de selecionar bióti- disponíveis (preventivo, cultural, mecânico, físico, bioló-
pos resistentes e diminuir o uso de herbicidas, a adoção gico e químico), levando-se em consideração as espécies
do MIPD pode gerar redução no custo de controle. Em de plantas daninhas, o tipo de solo, a topografia da área,
estudo realizado por Snyder et ai. (2016) na Pensilvânia os equipamentos disponíveis na propriedade, as condi-
(EUA), foram avaliados dois sistemas de produção, sendo ções ambientais e o nível cultural do proprietário. Nesse
um sistema convencional com aplicação de herbicidas em aspecto, ressalta-se que, no manejo integrado de plantas
área total e um sistema com aplicação de herbicidas nas daninhas (MIPD), o herbicida é considerado apenas uma
linhas de plantio e cultivo nas entrelinhas com centeio ferramenta a m ais na obtenção de um controle que seja
corno esp écie de cobertura, em cultivos de milho. Os eficiente e econômico, preservando a qualidade do pro-
autores verificaram que o sistema com aplicação de her- duto colhido, o meio ambiente e a saúde do homem.
bicidas nas linhas de plantio e cultivo nas entrelinhas O controle de plantas daninhas, da maneira como
com centeio promoveu uma redução de $ 33,65 dólares está sendo implementado na maior par te do território
ha-1 no custo de controle, provavelmente devido à dimi- nacional, tem sido uma atividade predatór ia n o que se
nuição da quantidade de h erbicida aplicado. refere à sustentabilidade do sistema. Com as novas t ec-
128 PLANTAS DANINHAS

nologias, se o MIPD não for adotado urgentemente, esse de competir por água, luz e nutrientes, que são os fatores
fato tende a se agravar, pois em regiões tropicais e sub- responsáveis pela redução da produtividade. Além disso,
tropicais a degradação do solo é mais intensa, devido às não se pode desprezar a capacidade que determinadas
condições climáticas favoráveis aos vários tipos de ero- espécies de plantas daninhas têm de dificultar ou impe-
são; e há a seleção de cada vez mais biótipos de plantas dir a colheita, reduzir a qualidade do produto colhido e
daninhas resistentes. Esse fato, aliado à ideia de elimi- hospedar pragas e vetores de doenças e de inimigos natu-
nar quase todas as plantas daninhas a ponto de deixar rais. Por fim, torna-se necessário entender quais os tipos
o solo descoberto, terá consequências negativas para a de relacionamento entre plantas cultivadas e daninhas
agricultura brasileira, sendo praticamente impossível que permitem sua convivência passiva. Nesse sentido,
sua recuperação nos sistemas convencionais de mane- é fator determinante também na implantação do MIPD
jos adotados. conhecer a densidade e a distribuição das plantas dani-
Outro aspecto fundamental é que se conheça a nhas na área, bem como seu momento da emergência em
capacidade da espécie infestante, em relação à cultura, relação à cultura.
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160 P LANTAS DANINI IAS

FIG. 5.4 Diferentes manejes de cobertura na entrelinha


do café: (A) cobertura verde com Urochloa ruziziensis e
(B) capina m anu al, na qual o solo foi m antido no limpo
Fonte: Zaidan (2020).

F1G. 5 . 5 Controle de plantas daninhas em


cebolinha com filmes de polietileno preto
(pol. preto), branco (pol. branco) e papel
reciclado (papel), com e sem capinas, no
Vale da Agronomia, Universidade Federal de
Viçosa (MG)
Foto: cortesia de Sara Rafaela Salazar
Matias, 2019.

F1G. 5.6 Arranque manual de t ubérculos de tiririca


(Cypt?rus rotundus) em horta comercial em Rio
Paranaiba (MG)
fonte: corlesia de Marcelo Rodrigues dos Reis.
159

F1G. 4.8 (A) Diversidade de plantas daninhas na entrelinha do cafeeiro na condição inicial do experimento, (8) capina
com enxada na entrelinha do cafeeiro e (C) diversidade de plantas danin has na entrelinha do cafeeiro, após dois anos
de adoção da capina manual por meio de enxada, destacando-se a espécie de Cyperus rotundus
Fonte: Zaidan (2020).

Planta sobrevive e Planta morre antes de


produz diásporas produzir diásporos

Diásporas morrem durante


ou após a germinação

Entrada de diásporos Entrada de diásporos de


produzidas por plantas outras áreas trazidas pelo
oriundas do banco vento, animais, máquinas
de diásporas agrícolas etc.
F1G. 4.9 Dinâmica do banco de
Diásporas morrem antes --)- Saída de diásporos devido diásporos de plantas daninhas
de entrar no banco de à morte por ação de insetos, do solo
diásporas do solo fungos, clima etc. Fonte: adaptado de Dias Filho
Banco de diásporas do solo (2011).

F1G. 5.2 Utilização de quebra-vento em parreiral


Fonte; Penny Mayes (Wikimedia Commons, CC BY-S..'\-
2.0, https://w.w iki/4Wxr).
158 PLANTAS DANINHAS

F1G. 4.2 Quadrado vazado (0,50 m x 0,50 m) para


amostragens de plantas daninhas (A) na cultura do
trigo e (B) no café em produção
Fonte: Wendel Magno de Souza.

VANT Fotos aéreas Ortofoto


t

F1G. 4.6 Ilustração da coleta


Classificação por algoritmos
de imagens por veículos
aéreos não tripulados
(VANTs) e pos terior
classificação das plantas
daninhas por algoritmos
Fonte: adaptado de Hung,
Xu e Sukkarieh (2014). Plantas daninhas identificadas

F1G. 4 .7 De tecção de
plantas de garras-do-diabo
(Proboscidea louisianica
(M ill.) Thellung) em uma
á rea cultivada com soja, por
imagem de alta resolução
(8 mm /pixel). (A) Imagem
aérea da á rea com as
plantas de garras-do-diabo
des ta cadas no círculo azu l e
(B) dete,cçào d a s plantas-alvo
Ponte: adaptad o de Singh
e t a l. (20 20).
157

FrG. 3.1 Recursos do meio


passíveis de competição entre
plantas daninhas e plantas Planta daninha Planta daninha
cultivadas Cultura

Razões R:FR

Síndrome de evitar a sombra:

• Aumento da altura da planta


• Redução de ramificação
► • Evitação fototrópica
• Aumento da proporção Parte aérea/raiz

FrG. 3.8 Respostas da síndrome de evitação de sombra


desencadeadas pela razão vermelho/ vermelho distante
(R:FR), e representação esquemática dos efeitos dos
sinais informativos percebidos pelo fitocromo no escape
da sombra
Fonte: adaptado de Gundel et al. (2014).

FrG. 3.12 Mudanças de ideótipo


sugeridas para melhoria continua
da produtiv idade do arroz: (A) tipo
de planta tradicional, (B) tipo de
planta semia nã (variedades atuais)
e (C) novo tipo de planta
Fonte: adaptado de Sharma et al.
(2013).
156 P LANTAS DANINHAS

Volatilização

Lixiviação

Exsudação • Aleloquímicos

FtG . 2 .3 Liberação de aleloquímicos no ambiente


Fonte: adaptado de Lima et al. (2018).

~ Lixiviação
~

isrnos
- . -o -nor rnicroorgan
Mediaça ,-

F IG. 2.4 Funções dos microrganismos na


interação com os aleloquímicos
Fonte: adaptado de Cheng e Cheng A colonização da rizosfera pode levar a proteção da região
(2015). rizosférica em um ambiente com presença de aleloquímicos
x 1000 anos
12 Planta selvagem . @ Ecossistema natural
1 1
1 Diversidade
1 genética
1 Plantas daninhas
~
1 o

9 o
1 Invasão do
1 agroecoss1stema Parentes não
Principais inovações
evolutivas da
"""'u
V 1 cultivados
1 (ex.: capim-arroz)
domesticação
(arroz com exemplo)
'!J
V)
Q)

E:o
lniogressão
s~lvagem
Q•
3
6 o 1

111m •
Desdomesticação
Parentes de cultivo
(ex.: arroz como


planta daninha)


4
FIG. 1.1 Relações evolutivas
3 :.. 1 entre plantas selvagens,
culturas e plantas daninhas,
Plan ta cultivada Agroecossistema

- '
5 utilizando como exemplo as
espécies de arroz e capim-arroz
~ Fonte: adapt ado de Guo et ai.
Hoje (2018).

Emergentes

Flutuantes Submersas
fixas livres
i t
~ ' f~

5
FIG. 1.13 Classificação de plantas daninhas
aquáticas
10 Fon te: adaptado de Ferrarese, Xavier e
Canto-Dorow (2015) e Damo, Mendes e
Freitas (2020).

FIG. 1.16 Plantas ele Orobanche (Orobanche aegyptiacn)


(A) infestando uma pla nta de repolho e cuscuta
(Cuscuta chinensis e Cuscuta reflexa) e (B, C) pa rasita ndo
espécies arbóreas
Ponte: O' Neill e Rana (2016).

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