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ÍNDICE
Página
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a humanidade coloca em segundo plano os tratados e previsões que
fundamentaram a “revolução verde” e busca, diante das transformações que vêm se processando,
formas de produção que, além de produtivas, possibilitem convivência harmoniosa com a
natureza. Com relação aos sistemas de produção agrícolas, em geral, e na pecuária, em
particular, isto é sinônimo de estabelecimento de sistemas sustentáveis, ou seja, sistemas
economicamente viáveis, socialmente justos, ambientalmente corretos, capazes de ser
conservadores de recursos, como solo, água e recursos genéticos animais e/ou vegetais, e
produtivos, competitivos e eficientes.
As mudanças que vêm ocorrendo nos sistemas de produção são reflexos de
transformações econômicas, sociais e políticas. A tomada de decisão na pecuária, nesse contexto,
deve considerar os vários pontos determinantes dos segmentos envolvidos no setor, como
política, economia, social, consumidor, indústria, produtor, eficiência, qualidade,
competitividade e sustentabilidade (Euclides Filho, 1996)
A pecuária brasileira está sendo influenciada pelo processo de globalização em
andamento no mundo. É importante ressaltar que, apesar de esse processo estar sendo propalado
como a globalização da economia, essa tendência é muito mais complexa e envolve
modificações muito mais profundas, que são responsáveis pela reestruturação desde níveis e
formas de informação, passando por mudança do estágio de conhecimento e culminando com o
estabelecimento de um novo padrão de comportamento da sociedade como um todo.
Conseqüentemente, espera-se, em última instância, a formação do que pode ser denominado um
novo status de cultura global (Euclides Filho, 1997).
Dessa forma, a atividade pecuária tende a se tornar cada vez mais uma atividade
empresarial, afastando-se cada vez mais do modelo extrativista, representado pela pecuária
extensiva, e aproximando-se, em maior ou menor grau, dependendo de cada caso, da
intensificação total.
Os últimos dez anos têm sido decisivos para a economia brasileira, em especial para a
pecuária. Nesse período, parte expressiva do setor se distanciou da prática extrativista que por
muitos anos caracterizou a atividade e tem sido um exemplo de capacidade de ajustes e
adaptação à realidade do mercado atual, que penaliza os setores não-competitivos e ineficientes
(Euclides Filho, 1997).
Uma das características que faz com que a atividade pecuária no Brasil seja altamente
competitiva é o fato de o País possuir grandes áreas de pastagens e condições adequadas para o
desenvolvimento destas. As pastagens, nesse contexto, assumem dois aspectos fundamentais. O
primeiro é que elas viabilizam a competitividade brasileira, e o segundo é o fato de
possibilitarem o atendimento da grande demanda mundial por alimento produzido de forma
natural, com respeito ao ambiente e aos animais.
Diante da importante função assumida pela pastagem no contexto de pecuária empresarial
e competitiva, é lógico que o sucesso desse setor está estreitamente relacionado com a
manutenção das pastagens em condições adequadas. No entanto, a prática demonstra outra
realidade.
Pastagem degradada se constitui, atualmente, em um dos maiores problemas dos sistemas
de produção de bovinos no Brasil Central. Estima-se que 80% dos quase 60 milhões de hectares
da área de pastagens na região de Cerrados apresentam algum estágio de degradação (Macedo
et al., 2000). Além dos impactos negativos na produção e desvalorização do patrimônio,
agravam-se os efeitos ambientais pela erosão dos solos e assoreamento dos mananciais de água.
Figura 1: Principais plantas daninhas das pastagens (a) assa-peixe branco (Vernonia polyanthes), (b) leiteiro
(Peschiera fuchsiaefolia), (c) mata-pasto (Eupatorium maximilianii), (d) assa-peixe roxo (Vernonia
glabrata), (e) ciganinha (Memora peregrina), (f) fedegoso (Senna ocidentalis), (g) guanxuma (Sida
glaziovii) e (h) lobeira (Solanum lycocarpum).
Figura 2: Principais plantas daninhas das pastagens - (a) camboatá (Tapirira guianensis), (b) arranha-gato (Acacia
plumosa), e plantas tóxicas - (c) guizo-de-cascavel (Crotalaria spectabilis), (d) cafezinho (Palicourea
marcgravii), (e) cambará (Lantana camara), (f) algodão-bravo (Ipomoea carnea sbsp. fistulosa), (g)
mamona (Ricinus communis), (h) ximbuva (Enterolobium contortisiliquum) e (i) samambaia (Pteridium
aquilinum).
Condições são fatores não diretamente consumíveis, como pH do solo, densidade do solo,
etc., cuja dependência é muito grande, em razão da influência extrema que eles exercem na
utilização dos recursos pelas plantas. A condição pode limitar a resposta da planta tanto pela
carência quanto pela abundância, até que um nível ideal seja alcançado. Todavia, a competição
somente se estabelece quando a intensidade de recrutamento de recursos do meio pelos
competidores suplanta a capacidade do meio em fornecer aqueles recursos, ou quando um dos
competidores impede o acesso por parte do outro competidor, como acontece, por exemplo, em
condições de sombreamento (Pitelli, 1985).
A maioria dos estudos sobre competição entre plantas daninhas e culturas tem focalizado
somente a ocorrência e o impacto da competição na produção da cultura, sem examinar as
características das plantas e os mecanismos que estão associados à competitividade (Radosevich
et al., 1996). Os mecanismos de competição consistem tanto do efeito que as plantas exercem
sobre os recursos quanto da resposta destas às variações dos recursos (Goldberg, 1990, citado
por Radosevich et al., 1996).
Determinadas plantas são boas competidoras por utilizarem um recurso rapidamente ou
por serem capazes de continuar a crescer, mesmo com baixos níveis do recurso no ambiente
(Radosevich et al., 1996).
A base fisiológica que explica as vantagens que levam as plantas daninhas a ganhar a
competição é muito complexa, não estando, ainda, totalmente esclarecida. Na realidade, a
competição entre a planta daninha e a cultivada afeta ambas as partes, porém a espécie daninha
quase sempre supera a cultivada. Os fatores que determinam a maior competitividade das plantas
daninhas em relação às culturas são o seu porte e sua arquitetura; a maior velocidade de
germinação e estabelecimento da plântula; a maior velocidade do crescimento e a maior extensão
do sistema radicular; a menor suscetibilidade das espécies daninhas às intempéries climáticas,
como veranico e geadas; o maior índice de área foliar; e a maior capacidade de produção e
liberação de substâncias químicas com propriedades alelopáticas. Entretanto, em áreas de
pastagens degradadas a capacidade competitiva das plantas daninhas é ainda maior.
A competição entre plantas daninhas e forrageiras é um fator crítico para o
desenvolvimento da pastagem quando a espécie daninha se estabelece junto ou primeiro que a
forrageira. Contudo, se a forrageira se estabelecer primeiro, dependendo da espécie cultivada, do
seu vigor, da velocidade de crescimento inicial e da densidade de plantio, ela poderá cobrir
rapidamente o solo, podendo excluir ou inibir significativamente o crescimento das plantas
invasoras. No entanto, se a população de plantas da forrageira por área for baixa ou o estande for
desuniforme, caracterizado pela pastagem degradada, as plantas daninhas poderão vencer a
competição pelos substratos ecológicos.
A competição pode ser intra-específica, ocorrendo entre indivíduos de uma mesma
espécie, seja ela daninha ou não, e, também, interespecífica, envolvendo indivíduos de espécies
diferentes. Várias generalizações podem ser inferidas sobre os aspectos competitivos entre as
forrageiras e as plantas daninhas, como: a competição é mais séria nos períodos iniciais de
desenvolvimento da forrageira; as espécies daninhas de morfologia e desenvolvimento
semelhantes ao da forrageira, comumente, são mais competitivas se comparadas com aquelas
que apresentam desenvolvimento diferente; as espécies daninhas de maior porte do que as
forrageiras exercem grande potencial competitivo com estas, principalmente se a forrageira
possui metabolismo C4, devido ao sombreamento, e as espécies daninhas competem por água,
luz, nutrientes e espaço, podendo, ainda, liberar toxinas no solo, que podem inibir a germinação
e ou desenvolvimento da forrageira.
As plantas daninhas apresentam certas características que lhes conferem grande
capacidade competitiva, como: germinação fácil em condições ecológicas variáveis;
desenvolvimento e crescimento rápido de grande superfície fotossintética mesmo ainda na fase
de plântula; grande número de estômatos por área foliar; e sistema radicular muito desenvolvido,
apresentando muitas raízes fasciculadas nas camadas superficiais do solo e raízes principais com
penetração profunda.
Para que se faça o manejo adequado de plantas daninhas em uma pastagem, o profissional
necessita ter o conhecimento profundo da forrageira e da vegetação daninha infestante da área a
ser formada. O princípio básico da competição baseia-se no fato de que as primeiras plantas que
surgem no solo, pequenas ou grandes, tendem a excluir as demais, pois se estabelecem primeiro.
Desse modo, no manejo da forrageira, as condições para que ela se estabeleça devem ser
fornecidas antes do surgimento da vegetação daninha. Disso resulta a importância do preparo do
solo, da profundidade de plantio, da percentagem de germinação e vigor das sementes, da
escolha da forrageira adequada para a região, da época correta de plantio, das condições
adequadas de pastejo e manejo adequado da forrageira, etc., que são métodos culturais de
controle de plantas daninhas. Conhecendo esses fatores, torna-se fácil o manejo da forrageira,
fazendo com que esta leve vantagem sobre o complexo de plantas daninhas. Assim a competição
é mais facilmente minimizada ou até mesmo eliminada com a integração de outros métodos de
controle, como o químico ou mecânico, realizando, dessa forma, o chamado manejo integrado de
plantas daninhas.
As plantas daninhas são verdadeiras bombas extratoras de água do solo; por isso, é
normal em alguns agroecossistemas, especialmente nos trópicos em dias quentes, que as plantas
forrageiras fiquem completamente murchas e as plantas daninhas túrgidas, sem qualquer sinal de
déficit hídrico. Normalmente, a competição por água leva a planta a competir ao mesmo tempo
por luz e nutrientes, especialmente nitrogênio e carbono. Vários fatores influenciam a capacidade
competitiva das espécies por água. Dentre esses fatores destacam-se a taxa de exploração de
volume do solo pelo sistema radicular (maior profundidade do sistema radicular – ex.: assa-
peixe, ciganinha e outras); as características fisiológicas das plantas, como capacidade de
remoção de água do solo, regulação estomática e capacidade das raízes de se ajustarem
osmoticamente; magnitude da condutividade hidráulica das raízes; etc. (Radosevich et al., 1996).
A competição pela luz é muito complexa e sua magnitude é influenciada pela espécie, ou
seja, se ela é umbrófila ou heliófila e, também, se a rota fotossintética que ela apresenta é C3, C4
ou se realiza o mecanismo ácido das crassuláceas (CAM). As diferenças entre as rotas
fotossintéticas C3 (plantas ineficientes), C4 (plantas eficientes) e CAM estão nas reações
bioquímicas que ocorrem na fase escura da fotossíntese.
As plantas C3 apresentam apenas o ciclo de Calvin e Benson, responsável pela fixação do
CO2, de modo que o primeiro produto estável da fotossíntese é um composto de três carbonos
(ácido 3-fosfoglicérico). A enzima responsável pela carboxilação primária do CO2 proveniente
do ar é a ribulose 1-5 bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco), a qual apresenta atividades de
carboxilase e oxigenase. Esta enzima apresenta baixa afinidade pelo CO2 e, por ser ambígua
quanto ao substrato, catalisa a produção do ác. 3-fosfoglicérico e, também, do glicolato,
substrato inicial da respiração. Em conseqüência da ação desta enzima, as plantas C3
fotorrespiram intensamente, apresentam baixa afinidade pelo CO2 e possuem elevado ponto de
compensação para CO2, baixo ponto de saturação luminosa, baixa eficiência no uso da água e
menor taxa de produção de biomassa, quando comparadas com plantas C4, considerando ambos
os grupos em condições ótimas.
As plantas C4 possuem duas enzimas responsáveis pela fixação do CO2. Essas plantas,
além do ciclo de Calvin e Benson, que ocorre em todas as plantas superiores, possuem ainda o
ciclo de Hatch e Slack. Elas não apresentam fotorrespiração detectável, logo, não desassimilam o
CO2 fixado. A enzima primária de carboxilação é a PEP-carboxilase, localizada nas células do
mesófilo foliar, a qual carboxiliza o CO2 absorvido do ar via estômatos, no ácido
fosfoenolpirúvico, formando o ácido oxaloacético (AOA). Este AOA é convertido em malato ou
aspartato, dependendo da espécie vegetal, e, em seguida, por difusão, é transportado para as
células da bainha vascular das folhas, onde esses produtos são descarboxilados, liberando no
meio o CO2 e o ácido pirúvico. Este CO2 liberado é novamente fixado, agora pela enzima
ribulose 1,5 difosfato carboxilase, ocorrendo o ciclo de Cavin e Benson; o ácido pirúvico, por
difusão, retorna às células do mesófilo, onde é fosforilado, consumindo 2 ATPs, regenerando a
enzima PEP-carboxilase e recomeçando o ciclo.
A maior eficiência das plantas C4 em relação a C3 em condições adequadas de
luminosidade e temperatura é o principal fator da superioridade de produção forrageira em
condições tropicais (maioria C4), comparado a regiões temperadas. Entretanto, a superioridade
das forrageiras utilizadas no Brasil (C4 em sua grande maioria) é dependente de certas condições,
como a luminosidade adequada. As plantas C4, por apresentarem dois sistemas carboxilativos,
requerem maior energia para produção dos fotoassimilados, pois precisam recuperar duas
enzimas para realização da fotossíntese. É sabido que a relação, molécula de CO2
fixado/ATP/NADPH é de 1:3:2 para as plantas C3, sendo esta relação para as plantas C4, de
1:5:2. Esse fato evidencia que as plantas C4 necessitam de mais energia para produção dos
fotoassimilados. Como toda essa energia é proveniente da luz, se for reduzido o acesso à luz,
estas plantas passarão a perder a competição com as plantas C3. Todavia, a enzima responsável
pela carboxilação primária nas plantas C4 (PEP-carboxilase) apresenta algumas características,
como: alta afinidade pelo CO2; atua especificamente como carboxilase; atividade ótima em
temperaturas mais elevadas; e não satura em alta intensidade luminosa. Em função destas e de
outras características, quando plantas estão se desenvolvendo em condições de temperaturas
elevadas, luminosidade alta e até mesmo déficit hídrico temporário, as espécies C4 dominam
completamente as C3, chegando a acumular o dobro de biomassa por área foliar no mesmo
espaço de tempo. Isso acontece porque, nessas condições, a enzima carboxilativa das plantas C3
encontra-se saturada quanto à luz e, em temperatura acima da ótima para a ribulose 1,5-bifosfato
carboxilase-oxigenase (25oC), esta passa a atuar mais como oxidativa, liberando CO2. Além
disso, é comum, nessas condições, os estômatos estarem parcialmente fechados (horas mais
quentes do dia). Esse fato faz com que a concentração do CO2 no mesófilo foliar caia a níveis
abaixo do mínimo necessário para atuação desta enzima, levando a planta a atingir o ponto de
compensação rapidamente.
No caso das plantas C4, mesmo que a concentração de CO2 no mesófilo foliar atinja
níveis muito baixos, ainda assim elas continuam acumulando biomassa, porque a enzima
responsável pela carboxilação primária nestas plantas (PEP-carboxilase) apresenta alta afinidade
pelo CO2 (baixo Km). Isso é possível porque esse grupo de plantas não apresenta fotorrespiração
detectável.
Como a maioria das forrageiras das regiões tropicais e subtropicais - espécies de
Brachiaria (Corsi et al., 1994), gênero Panicum (Rodrigues & Reis, 1995), gênero Cynodon
(Silva et al., 1998) e Pennisetum purpureum (Rodrigues et al. 1999) - são plantas C4, as
condições de luminosidade e temperatura serão preponderantes no desenvolvimento adequado
das forrageiras. Portanto, a ocorrência de sombreamento por plantas daninhas implica redução
drástica do potencial competitivo dessas forrageiras.
A luz como fonte de energia de todos os processos biológicos na forrageira é o
componente principal na produção da pastagem; conseqüentemente, ocorre a necessidade de
controle de invasoras, a fim de evitar o sombreamento.
Cada espécie de forrageira possui um padrão genético de crescimento e expansão foliar
(determinado por suas características morfogênicas - alongamento de folha, aparecimento de
folha e duração da folha) que, aliado a outros fatores, indica o potencial de produção de uma
pastagem. Essas características são genéticas, porém são influenciadas por fatores externos,
como água, temperatura, luminosidade e nutrientes.
A combinação das características morfogênicas determina as três principais
características estruturais das forrageiras: tamanho de folha, densidade de perfilhos e número de
folhas por perfilho, que são diretamente correlacionadas com a quantidade e qualidade da luz.
Calcula-se que 12% das mortes de bovinos são causadas por sementes, folhas ou raízes de
plantas que possuem grande quantidade de elementos químicos nocivos ao gado (Afonso & Pott,
2002).
O conceito sobre plantas tóxicas é relativo. Segundo Howes (1933), citado por Hoehne
(1939), plantas tóxicas não são somente vegetais que provocam verdadeiros envenenamentos e
intoxicações agudas, mas também aquelas que provocam direta ou indiretamente perturbações na
saúde do animal.
Tokarnia et al. (2000) definem planta tóxica de interesse pecuário a que é ingerida por
animais domésticos de fazenda, em condições naturais, e causa danos à saúde ou morte, com
comprovação experimental. Portanto, consideram-se tóxicas todas as plantas que, ingeridas
espontânea ou acidentalmente pelo animal, podem provocar danos que se refletem na sua saúde
ou vitalidade.
A maioria das plantas tóxicas é consumida pelos animais em razão da escassez de
alimentos nas pastagens e da mudança de animais famintos para pastagens que possuem plantas
tóxicas (Freitas et al., 1991).
Além da fome, há outros fatores que também propiciam intoxicações, os quais podem
estar relacionados ao animal ou à planta. No caso da espécie bovina, certas raças toleram mais,
outras menos, certos venenos. Na mesma raça há fatores ligados ao próprio indivíduo, como
idade, peso, sexo, estado sanitário e nutricional, além do grau de sensibilidade do animal a um
princípio tóxico (Afonso & Pott, 2002).
Com relação à planta, deve-se considerar a sua fase vegetativa, como brotação, floração e
frutificação, pois às vezes ela provoca intoxicações apenas em uma dessas fases. Existem
também plantas com princípio tóxico cumulativo, que o animal, ingerindo pequenas quantidades
diárias, vai retendo no seu organismo, até atingir a dose letal (Afonso & Pott, 2002).
Por outro lado, a ingestão de certas plantas em pequenas quantidades leva o animal a
adquirir resistência ou tolerância ao princípio tóxico, como é o caso das mandiocas-do-mato
(Manihot spp.). O tipo de solo também pode influenciar na toxidez de uma planta, visto algumas
serem tóxicas em uma região e em outra não (Afonso & Pott, 2002).
Os biomas Pantanal e Cerrado possuem floras ricas em espécies, muitas das quais
ingeridas pelo gado, sendo algumas, tóxicas. Várias provocam sinais que podem ser confundidos
com picada de cobra, raiva ou outra doença. A mais temível do Brasil é a erva-de-rato ou
cafezinho (Palicourea marcgravii) (Pott & Afonso, 2000).
Algumas plantas cultivadas também são consideradas tóxicas, como Brachiaria
decumbens, que causa fotossensibilização ("orelha frita"), principalmente em bezerros; e
braquiária-d´água ou "tanner grass" (B. subquadripara = B. arrecta), que pode causar anemia
devida a nitratos/nitritos.
São várias as espécies de plantas tóxicas presentes nas pastagens no Brasil. Na Figura 2
estão apresentadas e no Quadro 1 listadas as de maior ocorrência e importância no Brasil, com
um resumo das suas principais características.
Quadro 1 – Principais plantas tóxicas encontradas no Brasil
Arbusto responsável pela maioria das DL (100 g de folhas verdes). Nos bovinos, iniciam
mortes de bovinos causadas por plantas poucas horas após ser completada a ingestão da
Erva de rato; tóxicas em terra firme. Possui distribuição dose letal. Causa a síndrome da morte súbita; os
cafezinho (Palicourea ampla, sendo encontrada em todo o País, sintomas consistem em queda repentina do animal
marcgravii) Ácido monoflúor- com exceção do extremo sul e do sertão ao chão, sobrevindo a morte dentro de poucos
acético, afeta o ciclo nordestino. Ocorre em terra firme, em minutos. Às vezes o animal mostra, antes de cair,
Rubiaceae
de Krebs áreas sombreadas das beiras das matas, desequilíbrio do trem posterior, tremores
capoeiras e em pastos recém-formados. musculares, respiração ofegante.
Figura 2 d Possui boa palatabilidade, sendo ingerida Controle: erradicar as plantas, cercar as matas e
em qualquer época do ano. São tóxicas as as capoeiras onde existir a planta, uso de
folhas e as sementes. herbicidas.
Continua...
Quadro 1, cont.
Quadro 1, cont.
O nível de controle das plantas daninhas, obtido em uma pastagem, dependerá da espécie
infestante, da capacidade competitiva da forrageira, do período crítico de competição, dos
métodos empregados, das condições ambientais, etc. Muitas vezes faz-se necessária a associação
de dois ou mais métodos para se atingir o nível desejado, constituindo-se, esse fato, no controle
integrado. Os métodos de controle podem ser: preventivo, cultural, mecânico ou físico, biológico
e químico.
Atualmente, com o advento da chamada agricultura economicamente sustentável, tem
sido preconizado o manejo integrado de plantas daninhas, com o objetivo de reduzir as perdas
causadas por estas plantas, os custos de controle, a energia gasta com tratos culturais, além de
outras operações e a erosão do solo causada por água e vento. Visa, ainda, assegurar a produção
adequada de alimentos, mantendo a qualidade ambiental com a maximização de lucro para o
agricultor.
Dessa forma, segundo Victoria Filho (2000), o manejo de plantas daninhas pode ser
definido como a combinação racional de medidas preventivas associadas a medidas de controle e
de erradicação, se necessárias, em um determinado agroecossistema.
O controle ideal é aquele que, economicamente, elimina os prejuízos causados pelas
plantas daninhas, resguarda os seus aspectos benéficos e não causa danos à forrageira, aos
animais e ao solo. Isso pode ser possível se o pecuarista proceder à absoluta racionalização do
controle de plantas daninhas, por meio de métodos e equipamentos usados oportunamente.
O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir
a introdução, o estabelecimento e, ou, a disseminação de determinadas espécies-problema em
áreas ainda por elas não infestadas. Essas áreas podem ser um país, um estado, um município ou
uma gleba de terra na propriedade.
Regionalmente, o controle é de responsabilidade de cada agricultor ou cooperativas,
visando prevenir a entrada e disseminação de uma ou mais plantas daninhas, que poderão se
transformar em sérios problemas para a região, como a ciganinha (Memora peregrina). Em
síntese, o elemento humano é a chave do controle preventivo.
As medidas que podem evitar a introdução onde a espécie ainda não ocorre são:
utilização de sementes de elevada pureza; limpeza cuidadosa de máquinas, grades; inspeção
cuidadosamente de mudas adquiridas com torrão e também de toda a matéria orgânica (esterco e
composto) proveniente de outras áreas; limpeza de canais de irrigação; e, principalmente, a
quarentena de animais introduzidos em outras áreas; etc.
histórico da área e outros; análise da produtividade desejada; o nível tecnológico a ser adotado;
objetivo da produção; e época de utilização da espécie.
Outro componente importante do controle cultural é a formação adequada da pastagem,
que deve começar antes da implantação, com uma limpeza adequada da área, eliminando-se
rebrota do cerrado de porte alto, arbustos, capoeiras, tocos, pedaços de tronco e galhadas.
A conservação do solo é outro ponto importante, devendo-se realizar a construção de
terraços ou curvas de nível quando a área apresentar suscetibilidade ou risco de erosão ou até
mesmo escorrimento superficial da água das chuvas, impedindo, assim, ou mesmo reduzindo os
efeitos erosivos. A correção da acidez do solo e o fornecimento de cálcio e magnésio a este
(quando necessária), bem como a aplicação de adubos fosfatados, devem ser realizados no
momento correto. As quantidades desses produtos dependem da espécie forrageira e do nível de
produtividade desejado.
O preparo do solo deve ser feito de modo a proporcionar ótima germinação e
estabelecimento da forrageira. A intensidade e os equipamentos a serem utilizados no preparo de
solo dependem do tipo deste, da quantidade e das espécies de plantas daninhas e de forrageira a
ser implantada; esta deve ser considerada como uma cultura que vai produzir por muitos anos.
Portanto, o preparo do solo deve ser igual, ou melhor, ao daquele utilizado para plantio de soja,
algodão, milho e outros, isto é, poucos torrões, solo nivelado e livre de plantas daninhas, com
pouca palha. Em áreas que apresentarem alta quantidade de palhada, deve-se realizar o preparo
do solo no mínimo 120 dias antes do plantio no período das águas, para que ocorra a
decomposição desta sem interferir na germinação da forrageira.
Em áreas que apresentarem alta infestação de plantas daninhas ou outras forrageiras, o
preparo do solo deve ser escalonado, para favorecer a germinação e eliminação delas, retardando
o plantio da forrageira. Deve-se, no entanto, evitar o preparo excessivo do solo, ou seja, a sua
pulverização, principalmente nos solos mistos e arenosos.
A correção adequada de nutrientes do solo é outro fator que melhora as condições de
estabelecimento, produção e longevidade da forrageira. A correção de fósforo, potássio, enxofre
e micronutrientes, quando necessária, deve ser realizada em quantidades recomendadas, levando
em consideração o resultado da análise de solo, a exigência de cada espécie forrageira e o nível
de produtividade desejado. Podem ser aplicados antes do plantio ou em cobertura, exceção feita
aos fosfatos naturais reativos, que, quando recomendados, devem ser antes do plantio e
incorporados.
Outro componente do controle cultural muitas vezes desprezado é a quantidade e a
qualidade das sementes das forrageiras, como: pureza, ou seja, livres de sementes de plantas
daninhas e possuindo qualidade fisiológica (vigor e germinação). A quantidade de sementes a ser
utilizada depende da espécie forrageira, da germinação e do vigor. As sementes devem
possibilitar a formação de estande adequado e uniforme, proporcionando, assim, o
estabelecimento mais rápido da forrageira na área, sendo este um fator importante na dinâmica
competitiva da forrageira com as plantas daninhas. Comumente, tem vantagem competitiva a
espécie que se estabelece primeiro na área. Em áreas com infestação elevada de plantas daninhas
é recomendada a utilização de até 50% a mais da quantidade de semente.
O plantio na época correta e de forma correta é fator preponderante no estabelecimento
adequado da forrageira. Para a maioria das forrageiras, a época do plantio é muito ampla em
quase todo o território nacional, começando com as primeiras chuvas em setembro até março.
Entretanto, de modo geral, a melhor época é de novembro a janeiro, podendo variar em certas
regiões. Deve-se considerar para isso a disponibilidade hídrica e temperatura para cada região,
além das exigências térmicas, hídricas e de fotoperíodo da forrageira.
O plantio pode ser realizado a lanço sobre o solo devidamente preparado com uma grade
leve, parcial ou totalmente fechada, para incorporar as sementes de 0,5 a 4 cm de profundidade
(dependendo do solo e da forrageira), exceto para estilosantes ou andropógon. Logo após a
radicular no solo possibilita a rebrota e o seu restabelecimento. Este método de controle exige
muita mão-de-obra e possui baixo rendimento operacional, acarretando, assim, elevado custo de
controle; no entanto, possui a vantagem se ser altamente seletivo quanto à planta controlada.
Um dos métodos mais utilizados no controle de plantas daninhas em pastagens é a roçada
manual com foice. Seu rendimento operacional é maior do que o arranque, porém possui baixa
eficiência e eficácia. As plantas roçadas podem rebrotar logo após a realização desta prática, e
algumas ainda perfilham, aumentando a infestação. É um método relativamente seletivo, ou seja,
agride pouco a forrageira e pode ser empregado em locais de difícil acesso com máquinas
(roçadeira); contudo, possui custo elevado, por demandar muita mão-de-obra.
Outro método muito empregado entre os pecuaristas é a roçada mecanizada, que possui
rendimento operacional elevado e necessita de pouca mão-de-obra. O custo é relativamente
inferior ao da roçada manual, porém demanda equipamentos apropriados, como o trator e a
roçadeira, os quais requerem manutenção adequada. Possui baixa eficiência e eficácia, devido à
rebrota e ao restabelecimento das plantas daninhas. É um método não-seletivo, por também
cortar a forrageira, danificando assim o sistema radicular e reduzindo o vigor da forrageira. Esta
prática, bem com a roçada manual, deve ser repetida periodicamente, uma vez que a maioria das
plantas se restabelece logo após o corte.
Assim, as espécies de plantas daninhas perenes que possuem reservas no sistema
radicular rebrotam ou, ainda, rebrotam e perfilham, induzindo o aparecimento de reboleiras, esta
tem a tendência de aumentar a cada roçada. A parte aérea das plantas cortada ao entrar em
contato com a superfície do solo vai desencadear os processos de decomposição e degradação.
No entanto, como a maior parte desse material vegetal é constituída por tecidos de elevada
relação C/N (na maioria gramíneas), os microrganismos do solo demandam nitrogênio, e este
será imobilizado do solo, reduzindo, assim, a quantidade disponível deste nutriente no solo em
um momento em que a forrageira dele necessita para seu restabelecimento.
A roçada é uma prática que controla plantas daninhas sem reservas no sistema radicular e
as demais espécies, quando for adotada juntamente com outros métodos de controle, como o
cultural e químico. Deve-se salientar que, após a realização da roçada, os animais devem ser
retirados da área, para garantir o restabelecimento da forrageira e o seu poder de competição com
as plantas daninhas.
Todo herbicida é uma molécula química que tem que ser manuseada com cuidado,
havendo perigo de intoxicação do aplicador, principalmente. Pode ocorrer também poluição do
ambiente - água (rios, lagos e água subterrânea), solo e alimentos - quando manuseados
incorretamente. Há necessidade de mão-de-obra especializada para aplicação dos herbicidas,
sendo essa a causa de cerca de 80% dos problemas encontrados na prática. O conhecimento da
fisiologia das plantas, dos grupos aos quais pertencem os herbicidas e da tecnologia de aplicação
é fundamental para o sucesso do controle químico das plantas daninhas. Os riscos de uso
existem, mas devem ser conhecidos, perfeitamente controlados e evitados.
A utilização de herbicida seletivo no controle de plantas daninhas em pastagens tem
demonstrado várias vantagens. Por possuir seletividade, tanto fisiologicamente como quando
aplicado de forma localizada, ele causa menor dano à forrageira. É eficiente no controle de
plantas daninhas anuais e perenes e possui alto rendimento operacional, sendo o tempo de
recuperação da área relativamente rápido, uma vez que reduz ou elimina a competição entre estas
e a forrageira. Na maioria dos casos, a utilização de herbicidas no controle de plantas daninhas
tem se mostrado uma prática economicamente viável, possuindo retorno rápido e certo, desde
que inserida em um manejo adequado de controle de plantas daninhas e recuperação da
pastagem.
O emprego do controle químico deve ser feito juntamente com outras práticas de
controle, sendo a de maior importância o controle cultural, uma vez que este possibilita as
melhores condições de desenvolvimento e permanência da forrageira, cabendo ao controle
químico apenas auxiliar quando necessário. O emprego do controle químico como único e
generalizado implica a inviabilidade econômica da prática agrícola e sério desequilíbrio no
sistema de produção. Portanto, o herbicida é uma ferramenta muito importante no manejo
integrado de plantas daninhas, desde que utilizado no momento adequado e de forma correta.
São necessários alguns fatores para o sucesso da utilização do controle químico no
manejo integrado de plantas daninhas, como: conhecimento das condições de degradação da
pastagem e decisões conjuntas para sua recuperação; identificação correta das plantas daninhas
(espécie, biologia, estádio de desenvolvimento, atividade metabólica e densidade de infestação);
conhecimento do tipo da forrageira; e distribuição de plantas daninhas (localizada ou não).
A seguir será abordado o manejo de plantas daninhas em pastagens utilizando-se
herbicidas.
Nome
Nome técnico Observações
comercial
Aplicação (pós-emergência) em área total em forrageiras monocotiledôneas controlando seletivamente as
espécies dicotiledôneas. Deve ser aplicado preferencialmente nos estádios iniciais de desenvolvimento das
plantas daninhas, visando redução das doses e maior eficiência de controle. Controla plantas de folhas
largas anuais e algumas perenes. Utilizar pontas de pulverização especiais para reduzir o efeito da deriva e
proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. Na dessecação para o sistema de plantio direto, em
infestações mistas (de gramíneas e dicotiledôneas), usá-lo em mistura no tanque do pulverizador, com
glyphosate, glyphosate potássico ou sulfosate. Não aplicar em plantas daninhas perenes adultas, devendo ser
aplicada a mistura de 2,4-D com picloram, devido ao rápido metabolismo do 2,4-D nessas plantas, não
ocasionando a morte delas em aplicação isolada. No controle em área total procede-se, previamente, ao
pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantas daninhas ao herbicida que será
2,4-D Diversos
aplicado. Deve-se atentar para o efeito da deriva para culturas altamente sensíveis próximo à área de
pulverização, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. Plantas daninhas controladas:
amendoim-bravo (Euphorbia spp), beldroega (Portulaca oleracea), caruru (Amaranthus sp.), carrapicho-de-
carneiro (Acanthospermum hispidum), cordão-de-frade (Leonotis spp.), corriola (lpomoea spp), dente-de-
leão (Taraxacum officinale), erva-moura (maria preta) (Solanum nigrum), flor-roxa (Echium plantagineum),
guanxuma (Sida spp.), joá (Solanum spp.), jurubeba (Solanum paniculatum), mamona (Ricinus communis),
mastruço (mentruz) (Coronopus didymus), melão-de-são-caetano (Momordica charantia), mentrasto
(Ageratum conyzoides), Mostarda (Brassica campestre), Nabiça (Raphanus raphanistrum), Nabo-bravo
(Brassica rapa), picão-branco (Galinsoga parviflora), picão-preto (Bidens pilosa), poaia (Richardia spp.),
serralha (Sonchus oleraceus), trapoeraba (Commelina spp.) e aguapé (Eichornia crassipes)
Utilizado na renovação das pastagens, em área total, para matar as plantas daninhas anuais
(monocotiledôneas e dicotiledôneas), porém não elimina as plantas perenes. Também é utilizado na
Diuron + dessecação para o plantio direto em pós-emergência das plantas daninhas, estando estas em estádio inicial
Gramocil
paraquat de desenvolvimento. Controla várias espécies de gramíneas e dicotiledôneas anuais, que não se reproduzem
por partes vegetativas. Por ser herbicida não-seletivo, de ação por contato, não pode ser aplicado sobre a
forrageira. Recomenda-se aplicá-lo com ponta de pulverização que produza boa cobertura foliar.
Utilizar surfatantes 0,3% v.v. Aplicação em pós-emergência em área total ou localizada. É utilizado na
reforma e recuperação da pastagem no controle de plantas daninhas dicotiledôneas herbáceas e semi-
arbustivas; a aplicação deve ser realizada cerca de 40 dias após a emergência das plantas daninhas, em
pleno vigor vegetativo. Caso contrário, deve-se roçar as plantas daninhas e esperar a rebrota vigorosa e bem
enfolhada (30 a 40 cm para plantas herbáceas e 1 m para semilenhosas) para posterior aplicação. Utilizar
doses maiores em plantas daninhas adultas que tenham sofrido várias roçadas anteriormente ou quando já
tenham terminado seu desenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso). Em aplicações em área total
2,4-D + deve-se evitar o plantio de culturas suscetíveis na área por 2 a 3 anos. Utilizar pontas de pulverização
Mannejo
picloram especiais para reduzir o efeito da deriva e proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. Deve-se atentar
para o efeito da deriva para culturas altamente sensíveis próximo à área de pulverização, como: algodão,
tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. No controle em área total procede-se, previamente, ao
pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantas daninhas ao herbicida que será
aplicado. Em aplicações em área total deve-se evitar o plantio de culturas suscetíveis na área por 2 a 3 anos.
Plantas daninhas controladas: assa-peixe branco (Vernonia polyanthes), cheirosa (Hyptis suaveolens),
malva-branca (Sida cordifolia), guanxuma (Sida rhombifolia), fedegoso (Senna obtusifolia), canela-de-
perdiz (Croton glandulosus) e mata-pasto (Eupatorium maximilianii) e outras.
Utilizar surfatantes (0,20 a 0,25% v.v Aterbane ou 0,2 a 0,3% de óleo mineral). É utilizado no controle de
plantas herbáceas tolerantes ao 2,4-D e para controlar arbustos e árvores. No primeiro caso, pulveriza-se por
via terrestre ou aérea toda a área ou as reboleiras mais infestadas. No segundo caso, na erradicação de
arbustos ou árvores isoladas utiliza-se o método da pulverização da copa ou, preferencialmente, o de
aplicação no toco recém-roçado. No controle em área total procede-se, previamente, ao pastoreio da área,
com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantas daninhas ao herbicida que será aplicado. Deve
ser realizado durante a estação das chuvas, quando as plantas se encontram em pleno vigor vegetativo.
Deve-se atentar para o efeito da deriva, principalmente em pulverizações aéreas que devem ser realizadas
no mínimo a 2.000 metros de distância de culturas sensíveis, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja,
café, entre outras. Utilizar doses maiores em plantas daninhas adultas que tenham sofrido várias roçadas
anteriormente ou quando já tenham terminado seu desenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso).
2,4-D + Em aplicações em área total deve-se evitar o plantio de culturas suscetíveis na área por 2 a 3 anos. Utilizar
Tordon 2,4-D
picloram pontas de pulverização especiais para reduzir o efeito da deriva e proporcionar boa cobertura das plantas
daninhas. Plantas daninhas controladas (*aplicação no toco recém-roçado): amendoim-bravo (Euphorbia
paniculata), arranha-gato* (Acacia sp. e Sharnkya sp.), aguapé (Eichordia crassipes), assa-peixes
(Vernonia spp.), buva (Erigeron bonariensis), cajussara (Solanum spp.), cambarazinho (Eupatorium
laevigatum), capixingui (Croton floribundus), caraguatá (Erygium spp), carqueja (Bacharis trimera), erva-
de-bicho (Polygonum punctatum), erva-lanceta (Solidago microglossa), espinilho (Fagara praecox),
fumeiro (Solanum sp), guanxumas (Sida spp.), joá (Solanum sisymbrifolium), jurubeba (Solanum
paniculatum), leiteiro* (Peschiera fuchsiaefolia), maria-mole (Senecio brasiliensis), mio-mio (Baccharis
coridifolia), picão-preto (Bidens pilosa), samambaia (Pteridium aquilinum), timbó* (Serfania sp), tojo
(Ulex europaeus) e trançagem (Plantago major).
Continua...
Quadro 2, cont.
Nome
Nome técnico Observações
comercial
Utilizar surfatante 0,3% v.v ou óleo mineral 0,2 a 0,5% v.v. Aplicação em pós-emergência em área total ou
localizada; controla plantas daninhas dicotiledôneas herbáceas semi-arbustivas e arbustivas. As plantas
daninhas devem estar em pleno desenvolvimento vegetativo. Evitar deriva deste produto para culturas
altamente sensíveis, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. Utilizar doses maiores
em plantas daninhas adultas que tenham sofrido várias roçadas anteriormente, plantas de cerrado ou quando
já tenham terminado seu desenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso). No controle em área total
procede-se, previamente, ao pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantas
daninhas ao herbicida que será aplicado. Em aplicações em área total deve-se evitar o plantio de culturas
Fluroxipir +
Plenum suscetíveis na área por 2 a 3 anos. Utilizar pontas de pulverização especiais para reduzir o efeito da deriva e
picloram
proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. Plantas daninhas controladas: assa-peixe-branco
(Vernonia polyanthes), assa-peixe-roxo (Vernonia westiniana), mata-pasto (Eupatorium maximilianii),
vassourinha (Sida santaremnensis), malva branca (Sida cordifolia), guanxuma (Sida rhombifolia), joá
(Solanum viarum), malvão (Triunfetta bartramia), guatanbú* (Aspidosperma sp.), assa-peixe branco do
cerrado* (Vernonia ferruginea), mamica-de-porca* (Fagara rhoifolium), roseta* (Randia armata, Bauhinia
variegata), aroeirinha* (Schinus terebenthifolius), angiquinho* (Parapiptadenia sp). (*Em algumas
condições ocorre a exigência de repasse no segundo ano com a aplicação de picloram no toco recém-
roçado).
Aplicar em pós-emergência das plantas daninhas, jovens ou adultas, estando estas em boas condições
metabólicas. Controla de forma não-seletiva plantas daninhas mono e dicotiledôneas. A dose recomendada
depende das espécies e do estádio de desenvolvimento destas. Em pastagem, usa-se para destruí-la, quando
se pretende renová-la, ou reverter o terreno para outras culturas. Por ser um herbicida sistêmico, controla
plantas daninhas perenes e com órgãos de reserva, evitando a rebrota destas após o revolvimento do solo.
Glyphosate diversos Pode ser utilizado, ainda, em aplicações localizadas para controlar plantas em reboleiras. Neste caso, deve-
se evitar o contato com as forrageiras, por não ser seletivo a elas. Requer período de 4-6 horas sem chuvas
após sua aplicação, para assegurar sua absorção, dependendo da formulação utilizada. É comum sua mistura
ao 2,4-D, principalmente para uso em áreas infestadas por plantas de difícil controle. Este herbicida não
impõe restrições quanto à escolha das culturas subseqüentes, por ser fortemente sorvido ao solo e não
possuir efeito residual.
Controle eficiente da pindoba (Orbinea speciosa) – 10 mL da solução 4,0% v.v de Garlon em óleo diesel
para cada metro de altura desta planta. Para plantas velhas, roçadas várias vezes, que apresentam
engrossamento visível próximo à superfície do solo, devem-se aplicar 15 a 20 mL por planta, mesmo que a
altura esteja abaixo da roçada recente. A aplicação deve ser realizada diretamente no meristema apical da
planta, localizado no centro da projeção das folhas mais novas. Controle de guatambu (Aspidosperma sp.)
pata-de-vaca (Bauhinia variegata e Parapiptadenia sp.) e outras brotações de cerrado - aplicação de Garlon
5,0% v.v em óleo diesel a baixa pressão no terço final do caule, aproximadamente 30-40 cm acima do nível
do solo (cerca de 20 mL por planta), cuidando para atingir o mínimo possível as folhas da forrageira. Na
aplicação em área total não se deve utilizar óleo diesel; esta pode ser aérea ou terrestre, em pastagens
Triclopyr Garlon infestadas densamente por plantas daninhas de pequeno, médio e grande porte. Aplicar o produto molhando
bem e uniformemente toda a folhagem da planta. Evitar deriva deste produto para culturas altamente
sensíveis, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. Utilizar pontas de pulverização
especiais para reduzir o efeito da deriva e proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. No controle em
área total procede-se, previamente, ao pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as
plantas daninhas ao herbicida que será aplicado. A aplicação deve ser realizada em plantas com
desenvolvimento adequado. Plantas daninhas controladas: erva-quente (Borreria alata), cambará (Lantana
camara), assa-peixe (Vernonia polyanthes), espinilho (Acacia farnesiana), jurubeba (Solanum paniculatum)
e outras. O produto é rapidamente degradado, apresentando meia-vida no solo de 20 a 45 dias, dependendo
do tipo de solo e das condições climáticas, não impondo restrições quanto a culturas subseqüentes.
Não adicionar óleo diesel nem surfatantes. Aplicação deve ser localizada no toco recém-roçado. Roçar as
plantas daninhas a serem controladas com foice o mais próximo possível do solo. Em plantas já roçadas
anteriormente, deve-se fazer o corte abaixo do engrossamento da raiz da última roçada. Os caules mais
grossos devem ser rachados em cruz para proporcionar a maior absorção do produto. Deve-se utilizar ponta
de pulverização do tipo cone cheio, que deve ficar o mais próximo possível no momento da aplicação, para
evitar perda do produto. O produto deve ser aplicado imediatamente após o corte, molhando bem todo o
toco até atingir o ponto de escorrimento. Em plantas que possuem engrossamento do caule abaixo do nível
do solo (ex.: ciganinha), deve-se corta-las com enxadão abaixo do nível do solo e posteriormente aplicar o
Picloram Padron produto em caule e raízes decepadas até o ponto de encharcamento. Em plantas com toco de diâmetro
inferior a 3 cm, deve-se aplicar o produto sobre o solo ao redor do toco, objetivando-se atingir o seu sistema
radicular. Não realizar aplicação em plantas secas e com atividade metabólica reduzida (estresse hídrico
acentuado, queimada). Utilizar doses maiores em plantas daninhas adultas que tenham sofrido várias
roçadas anteriormente, plantas de cerrado ou quando já tenham terminado seu desenvolvimento vegetativo
(final do período chuvoso). Plantas daninhas controladas: arranha-gato (Acacia plumosa), leiteiro
(Peschiera fuchsiaefolia), aroeirinha (Schinus terebenthifolius), espinho-agulha (Barnadesia rosea),
camboatá (Tapirira guianensis), mamica-de-porca (Machaerium aculeatum), pata-de-vaca (Bauhinia
variegata) e ciganinha (Memora peregrina).
Continua...
Quadro 2, cont.
Nome
Nome técnico Observações
comercial
Formulação granulada aplicada a lanço, com granuladeira ou por via aérea, devendo, em ambos os casos, o
aplicador proteger-se com equipamento de proteção adequado (luvas impermeáveis e outros). Usa-se em
cobertura total do terreno, ou localizada nas reboleiras de infestantes que se pretende eliminar, ou, ainda,
embaixo da copa dos arbustos indesejáveis (plantas com espinhos e outras), distribuindo-se os grânulos na
projeção da copa. A distribuição do produto deve ser uniforme na área, para reduzir os efeitos negativos à
forrageira. Em caso de lesões ocasionadas principalmente pela maior concentração localizada do produto, os
danos tendem a desaparecer num período de 6 a 12 meses. É aplicado em dose única em qualquer época do
ano. No entanto, resultados mais rápidos e eficientes serão obtidos quando a aplicação for realizada pouco
antes (ou no início) do período chuvoso (julho a dezembro nas regiões Sul e Centro-Oeste). Devido ao
modo de absorção e translocação do herbicida, os arbustos devem apresentar bom desenvolvimento foliar;
portanto, a aplicação não deve ser feita em arbustos roçados ou queimados recentemente. Após a aplicação
deste produto não se recomenda eliminar a parte aérea do arbusto de que se deseja o controle, pois esta é
importante para melhor absorção do herbicida e conseqüentemente agilizará o processo de morte desse
arbusto. Deve-se evitar a aplicação sobre ou perto de culturas anuais suscetíveis, como soja, feijão, tomate,
algodão, fumo, pepino e outras, bem como de árvores frutíferas. Não aplicar o produto em florestas ou
reservas naturais. No caso de aplicação em área total, as culturas rotacionais poderão ser plantadas no
Tebuthiuron Graslan mínimo 3 anos após a aplicação do herbicida, entretanto, quando em aplicação localizada, seu efeito
restringe-se ao local de aplicação. Mantenha afastados das áreas de aplicação crianças, animais domésticos
e pessoas desprotegidas por um período de 7 dias após a aplicação do produto. É recomendado para solos
arenosos e areno-argilosos. Plantas daninhas controladas: gramão ou grama-batatais (Paspalum notatum),
assa-peixe, assa-peixe-do-pará, folha-de-santana (Vernonia ferruginea), assa-peixe-roxo (Vernonia scabra),
carqueja (Bacharis trimera), chirca (Eupatorium bonifolium), jurubeba (Solanum fastigiatum), roseta ou
limãozinho-de-goiá (Randia armata), taboca (Guadua angustifólia), assa-peixe-branco, assa-peixe-do-
cerrado (Gochnatia polymorpha), café-de-bugre (Solanum caavurana), capa-bode (Melochia tomentosa),
cega-jumento ou cajussara (Solanum rugosum), fumo-bravo (Solanum verbascifolium), lobeira (Solanum
lycocarpum), malícia ou dorme-dorme (Mimosa invisa), mangueirinha ou camboatá-do-cerrado (Tapirira
guianensis), arranha-gato ou unha-de-gato (Acacia plumosa), cansanção ou urtigão (Cnidosculus urens),
cipó-prata (Banisteria metalicolor), esporão-de-galo (Pisonea aculeata), esporão-de-galo (Celtis
glycicarpa), leiteiro (Peschiera fuchsiaefolia), limão-bravo (Soliva sessilis), pereiro (Aspidosperma
eburneum), veludo-vermelho (Chomelia pohliana), aroeirinha (Schinus terebinthifolius), cruzeta (Strychnos
parvifolia), espinho-agulha (Chuquiragua tomentosa), espinho-agulha (Barnadesia rósea), leiteiro-
vermelho (Chrysophyllum marginatum), limãozinho ou juvu (Acanthocladus brasiliensis), mamica-de-
porca (Fagara hiemalis) e tarumã (Vitex sp.).
LITERATURA CITADA
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