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INSTITUTO FEDERAL DO ACRE – IFAC

CAMPUS AVANÇADO RIO BRANCO BAIXADA DO SOL - CBS


CURSO TÉCNICO EM ZOOTECNIA / SUBSEQUENTE

DISCIPLINA:
BOVINOCULTURA DE CORTE E LEITE

Prof. Msc. CLAITON BAES MORENO

APOSTILA

RIO BRANCO, ACRE


2022
IDENTIFICAÇÃO

Curso: Técnico Subsequente em Zootecnia


Disciplina: Bovinocultura de Corte e Leite
Carga Horária: 60h (72 encontros)
Ementa:
Introdução ao estudo da bovinocultura de leite e corte; condições essenciais e
importância socioeconômica da produção de leite e de carne para a região;
principais raças bovinas; principais alimentos utilizados pelos bovinos; instalações
básicas; manejo geral de bovinos (alimentar, de ordenha, sanitário e reprodutivo);
noções dos principais sistemas de produção; noções anatômicas do aparelho
reprodutor; noções de técnicas reprodutivas; noções de higiene e profilaxia.
Objetivo Geral:
Oportunizar aos alunos à obtenção de conhecimentos sobre a criação dos bovinos,
enfatizando as condições alimentares, produtivas e higiênicas, de forma
sustentável.
✓ Objetivos Específicos:
- Estabelecer a importância da criação dos bovinos de corte e de leite;
- Conhecer técnicas e práticas produtivas;
- Identificar as principais raças e suas características produtivas;
- Identificar e conhecer as principais instalações de criação.
Bibliografia básica:
PIRES, A.V. (ed.). Bovinocultura de Corte. v.1 e v.2, Piracicaba: FEALQ, 2010.
SILVEIRA, C. G. (Ed). SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM - Anais do
25º Simpósio sobre Manejo da Pastagem: intensificação de sistemas de produção
animal em pasto. Piracicaba, SP: FEALQ, 2009.
VELOSO, C. M.; OLIVEIRA, A. S.; SILVA, J. C. M. Manejo e Administração na
Bovinocultura Leiteira. Produção Independente, 2009.
Bibliografia complementar:
ANDRIGUETTO, J. M. et al. Nutrição animal: alimentação animal (nutrição animal
aplicada). Volume 2, São Paulo: Nobel. 2005.
LANA, R. P. Nutrição e alimentação animal - Mitos e realidades. Viçosa: 2005.
LEDIC, I. L. Manual de bovinotecnia leiteira: alimentos: produção e fornecimento.
2. ed. São Paulo: Varela, 2002.
PEIXOTO, A. M; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. Bovinocultura leiteira: fundamentos
da exploração racional. 3ª ed. Piracicaba: FEALQ, 2000.
SINGH, B. K. Compêndio de andrologia e inseminação artificial em animais de
fazenda. São Paulo: Organização Andrei Editora, 2006.
BOVINOCULTURA
Bovinocultura é a parte da zootecnia que trata particularmente das técnicas para a
criação de bovinos.

1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS BOVINOS


Classificação biológica
REINO: Animalia
SUB-REINO: Vertebrata
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Ungulata
SUB-ORDEM: Artiodactyla
GRUPO: Ruminantia
FAMÍLIA: Bovidae
SUBFAMÍLIA: Bovinae
GÊNERO: Bos
ESPÉCIE: B. taurus (Bovinos domésticos)
SUB-ESPÉCIES:
Bos taurus taurus (gado taurino, de origem europeia)

Bos taurus indicus (gado zebuíno, de origem asiática)

Características digestivas (Ruminantes)


Os ruminantes são animais mamíferos herbívoros, ungulados (de casco), artiodátilos
(número par de dedos), que possuem vários compartimentos gástricos (poligástricos):
o rúmen (ou pança), o retículo (ou barrete), o omaso (ou folhoso) e o abomaso (ou
coagulador).
O termo ruminante está relacionado com o hábito de ruminar destes animais, ou seja,
depois que ingerem os alimentos, este é regurgitado para a boca, onde é novamente
mastigado (ruminado) e deglutido.
Os três primeiros compartimentos são chamados de pré-estômagos, pois neles não
ocorre digestão química, apenas mecânica. Já o abomaso é conhecido como estômago
verdadeiro, pois é o único compartimento que possui enzimas utilizadas no processo de
digestão química.
O rúmen, pança ou bucho é o maior dos compartimentos, comportando 80% do
volume total do estômago, e ocupa quase todo o lado esquerdo da cavidade abdominal.
Em bovinos adultos pode conter até 200 litros, enquanto que em ovinos e caprinos sua
capacidade é de aproximadamente 20 a 30 litros.
O retículo ou barrete é o menor dos pré-estômagos, que atua como um “marca-
passo” dos movimentos da ruminação. Comunica-se com o rúmen através de uma ampla
abertura, com o omaso através de um estreito orifício e ainda com o esôfago através da
goteira esofágica.
O omaso ou folhoso tem seu interior revestido por mucosa curiosamente disposta
em folhas ou lâminas, lembrando um livro, cobertas por numerosas papilas rugosas.
O Abomaso, conhecido também por coalheira é o único estômago verdadeiro, ou
seja, onde ocorre a secreção de suco gástrico, e onde se processa a digestão propriamente
dita. Internamente, o abomaso é revestido por uma mucosa lisa, que contém
numerosas glândulas que secretam o suco gástrico. O coalho, utilizado na fabricação de
queijos, nada mais é que o suco gástrico de cabritos, cordeiros ou bezerros em aleitamento.

Categorias do rebanho
1. Bezerro / Bezerra - Terneiro (a) - Garrote: é o(a) filhote da vaca; do nascimento até
mais ou menos sete meses de vida.
2. Novilho / Novilha: é fase de vida dos bovinos que compreende animais de 8-9 meses
de idade até a fase reprodutiva.
3. Vaca: é a fêmea bovina adulta.
4. Touro: é o macho bovino adulto; reprodutor.
5. Boi: é o macho adulto castrado.
6. Rufião: é o bovino (macho ou fêmea) utilizado para identificar fêmeas em cio.

Dentição (Ruminantes)
√ Terminologia
1) Difiodontes - animais que apresentam 2 dentições
→ 1ª DENTIÇÃO: “Caduca” ou “de Leite”
→ 2ª DENTIÇÃO: “Permanente” ou “Definitiva”
 Observação: Todos os mamíferos domésticos são Difiodontes
2) Heterodontes - animais que têm dentes de diferentes formas
(incisivos, caninos, pré-molares e molares)
 Observação: Suínos e Equinos (Heterodontes completos)
Ruminantes (Heterodontes imcompletos, pois não têm caninos)
3) Rasamento - começo do desgaste da face superior ou lingual
do dente
→ Obs.: inicia pelos incisivos
4) Nivelamento - desgaste total do dente
5) Mudas - substituição dos dentes de leite pelos permanentes

 Fórmulas Dentárias:
→ 1ª dentição: caduca, temporária ou de leite: 20 dentes

I 0 ; C 0 ; PM 0 ; M 6
8 0 0 6

→ 2ª dentição: dentição permanente, definitiva ou adulta: 32 dentes

I 0 ; C 0 ; PM 6 ; M 6
8 0 6 6
√ Nomenclatura dos dentes:
→ Dentes Incisivos: PINÇAS, 1OS MÉDIOS, 2OS MÉDIOS e CANTOS

 Evolução dentária:

Nº dentes Idade aproximada de erupção (meses)


permanentes Zebuínos Taurinos
0 - -
2 20-24 (2 anos) 18-28 (1,5 anos)
4 30-36 (3 anos) 24-31 (2 anos)
6 42-48 (4 anos) 32-43 (3 anos)
8 52-60 (5 anos) 36-56 (4 anos)
2. BOVINOCULTURA DE LEITE
O Brasil é o sexto produtor mundial de leite, com 1,3 milhões de produtores de leite
e produção de 27,5 bilhões de litros/ano, movimentando R$ 64 bilhões/ano e empregando
4 milhões de pessoas (BB, 2010). Os principais produtores são os Estados de Minas Gerais,
Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, que, em 2008, foram
responsáveis por 81,7% do total produzido no País.
O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária
brasileira, ficando à frente de produtos tradicionalmente obtidos, como o café beneficiado e
o arroz. O agronegócio do leite e seus derivados, onde o Brasil se posiciona como o sexto
produtor mundial, desempenha um papel relevante no suprimento de alimentos e na
geração de emprego e renda para a população.
Entretanto, o sistema de produção de leite no país é considerado de baixa
rentabilidade para o produtor rural. Apesar de o Brasil ser considerado um dos grandes
produtores mundiais de leite, sua pecuária não pode ser considerada de modo geral como
especializada, devido à grande heterogeneidade de sistemas de produção, onde a pecuária
leiteira altamente tecnificada convive com a pecuária extrativista, com baixo nível
tecnológico e baixa produtividade. Estima-se que 2,3% das propriedades leiteiras são
especializadas e atuam como empresa rural eficiente. Entretanto, 90% dos produtores são
considerados pequenos, com baixo volume de produção diária, baixa produtividade por
animal e pouco uso de tecnologias.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção
média das vacas no Brasil é de 1.240 litros/vaca/ano e a lotação média está em apenas
uma vaca/hectare. Embora existam, no País, alguns grupos de produtores que podem ser
classificados como eficientes, a maioria, ainda permanece com baixos índices de eficiência
técnica, e por consequência, econômica. Enquanto em 2009, a produtividade média dos
EUA e Canadá foi de 25,73 e 23,06 kg de leite/vaca/dia, respectivamente, no Brasil a média
foi de apenas 4,88 kg de leite/vaca/dia.

2.1. Sustentabilidade Bovinocultura de Leite


Sustentabilidade leiteira é um tema complexo, na cadeia produtiva do leite, na qual
estão envolvidos diversos atores:

Ter sustentabilidade significa satisfazer as necessidades de todos estes atores e se


comprometer com necessidades daqueles que virão e continuarão a desenvolver esse
emaranhado de interesses. Além disso, devemos lembrar que para qualquer cadeia
sustentável é necessário o respeito aos três pilares; social, econômico e ambiental.
Dentre as definições de agricultura sustentável, todas devem contemplar:
• manutenção em longo prazo dos recursos naturais e da produtividade;
• mínimo impacto adverso ao meio ambiente;
• retorno adequado aos produtores;
• otimização da produção com o mínimo de insumos químicos;
• satisfação das necessidades de alimentos e renda, no curto, médio e longo prazo;
• atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
Uma boa notícia é que a prática de produtividade a qualquer custo, sem se preocupar
com as consequências, está perdendo espaço para as práticas sustentáveis, como a
produção de alimentos orgânicos, que geram renda, respeitam o meio ambiente e
melhoram a qualidade de vida das pessoas das comunidades.
O Brasil ainda passa por um movimento de desruralização. As pessoas do meio rural
migram por diversos fatores, um dos principais é o econômico e, por isso, procuram regiões
com maior desenvolvimento econômico, ou seja, as grandes cidades.
Ao mesmo tempo, foi-se o tempo em que o leite era uma atividade secundária. Hoje, ele é
uma das principais atividades geradoras de renda e que garante o movimento econômico
de muitos municípios no Brasil. Afinal, são mais de 37 bilhões de litros de leite por ano e o
governo quer ampliar essa produção para 47 bilhões de litros até 2023 (DOU, 2014 e NFT,
2015).

2.2. Raças de Bovinos Leiteiros e Melhoramento Genético


Uma das principais dúvidas quando se inicia o projeto leiteiro é saber com qual raça
trabalhar. E esta é uma questão fundamental. Cada raça bovina leiteira possui
determinadas características, de modo que o produtor/empresário do leite deve escolher
aquela que oferece as qualidades desejadas de acordo com a realidade de cada
propriedade, no quesito alimentação, manejo, sanidade, topografia e temperatura.
No Brasil, predominam as raças puras Holandesas, Jersey e Gir, mas é muito
importante a raça cruzada Girolando (Gir com Holandês), que nasceu no país e tem a maior
população de bovinos leiteiros. Cerca de 80% de toda a produção de leite no Brasil provém
de raças mestiças holandês-zebu.
O melhoramento genético é uma das principais ferramentas para alcançar maior
rentabilidade e eficiência. É importante entender que qualquer trabalho de melhoramento é
individual e particular de cada propriedade. De qualquer forma, independente da
propriedade, este melhoramento deve ser focado sobre o correto diagnóstico do sistema
de produção, da capacidade de investimento, do mercado atual e futuro, da base inicial do
rebanho e das pretensões e desejos do proprietário.
Em relação à escolha da raça, devem ser considerados vários fatores, dentre eles:
✓ Sistema de produção a ser adotado na propriedade (a pasto ou confinado);
✓ Clima (temperatura, ventos, radiação solar, umidade relativa do ar, precipitação média
anual);
✓ Fertilidade do solo;
✓ Topografia do terreno;
✓ Preço dos animais;
✓ Preferência pessoal do produtor e
✓ Capacidade de investimento.

2.2.1. Raças Europeias


As condições mais adequadas para vacas europeias (Holandesa e Jersey,
principalmente) são de temperatura média mensal inferior a 20°C, em todos os meses do
ano, e com umidade relativa do ar entre 50% e 80%.
A) Holandesa
É a raça mais utilizada no mundo para a produção de leite, por ser a mais
especializada e de maior produção. No entanto, são os animais de maior exigência em
termos de cuidados, conforto, manejo e, principalmente, são os que sofrem mais com
bernes, carrapatos e com o calor.
Os animais dessa raça apresentam pelagem branca e preta ou branca e vermelha.
Seu úbere possui grande capacidade e boa conformação. As novilhas podem ter sua
primeira cria por volta dos dois anos de idade. Os bezerros nascem com 38 kg em média.
Grande aptidão leiteira, cerca de 7.700 kg de leite em 305 dias, com 3,67% de gordura. O
recorde mundial da raça é de produção em 365 dias de 34.144 kg de leite, mais de 93 kg
de leite por dia.

B) Jersey

Raça muito eficiente na conversão de pasto em leite, o que lhe confere preferência
em sistemas a pasto, pois requer menos área de pasto por vaca. Apresentam estatura
baixa, em torno de 120 cm nas vacas. O úbere é quadrado, bem irrigado, volumoso, com
tetas pequenas e espaçadas. Seu leite é apreciado para a produção de manteiga.
Produzem em média 5.000 kg de leite com 4,87% de gordura e 3,74% de proteína. O
recorde é de 17.938 kg em 365 dias.

2.2.2. Raças zebuínas


As raças zebuínas se adaptaram naturalmente às condições tropicais, sendo
originada da Índia, onde o clima é quente e até árido. O conforto térmico dos zebuínos se
situa entre 10 e 32°C, com temperatura máxima crítica acima de 35º C e mínima de 0°C.
A) Gir
Originária da Índia, é uma raça mista, produtora de carne e com boa aptidão leiteira.
Essa notável raça chegou ao Brasil em 1911. No passado, muitos criadores deram
importância exclusiva a caracteres raciais de menor importância econômica, depois,
evoluíram para a seleção de rebanhos e linhagens dotadas de maior capacidade produtiva,
tanto para carne quanto para leite. As qualidades leiteiras das vacas são bastante
pronunciadas. Por isso, são vantajosos os cruzamentos do Gir com raças leiteiras mais
especializadas, como, por exemplo, a Holandesa.
Características raciais:
➢ Possuem uma pelagem de coloração muita variada: preta, branca e castanha com
muitas variações de tonalidades e formas de mancahas; seus pêlos são curtos,
sedosos e brilhantes; sua pele é solta e flexível;
➢ Possui cabeça com perfil ultra-convexo, com chifres voltados para baixo e para trás;
orelhas compridas, pendentes e de formato “enrolado”;
➢ pele preta ou escura, solta, fina, flexível e oleosa;
➢ linha dorso-lombar é ascendente até a anca e a garupa caída.

B) Guzerá

A Guzerá, também chamada de Kankrej, foi a primeira raça zebuína de origem


indiana a chegar no Brasil (Década de 1870). Em 2017 a ABCZ contabilizou em seus
registros aproximadamente 450 mil animais dessa raça, o que corresponde à 4% do
númrero total de zebuínos no Brasil.
Características da raça:
➢ Animais de baixo custo de criação (rústicos);
➢ Resistente às altas temperaturas e pastagens de baixa qualidade;
➢ Raça de dupla aptidão (leite e carne);
➢ Boa capacidade de conversão alimentar;
➢ Produzem leite de ótima qualidade, com baixa contagem de células somáticas (CCS);
➢ Propcia grandes vantagens genéticas no cruzamento com outras raças.
Raça utilizada em cruzamentos com os gados europeus para produção de novilhos
precoces e também para obtenção de animais leiteiros. É reconhecida, no Brasil, por entrar
na maioria das raças bimestiças de sucesso, tais como Lavínia, Pitangueiras, Riopardense,
Cariri, Xingu, Santa Mariana, Indubrasil, Guzonel e Guzolando.

C) Sindi

Possui aptidão principal para produção de leite. A média de produção leiteira é de


2.562 litros em 286 dias de lactação, com 2,5% de gordura, mas existem alguns animais
com lactação superior a 3.100 litros. Hoje, a maioria do rebanho Sindi está localizado na
região semiárida do Nordeste, onde os criadores afirmam que o gado Sindi é notável pela
rigidez dos cascos e pela rusticidade nos campos ressequidos, sem perder crias e sem
deixar de produzir leite.
A conversão de vegetais secos e fibrosos é quase prodigiosa na fêmea Sindi,
principalmente quando está sem o bezerro na caatinga. Este gado surge, também, como
ideal para cruzamentos leiteiros no Nordeste, podendo espalhar suas virtudes pelo restante
do Brasil.

2.2.3. Raças Mistas


A) Pardo Suiça

A Pardo Suíça se adaptou muito bem às diferentes regiões brasileiras, devido às


suas características:
- alta conversão alimentar;
- alta fertilidade de machos e fêmeas;
- precocidade sexual: as novilhas entram no cio aos 332 dias;
- rusticidade: tolerância ao frio e calor;
- camada de gordura na quantidade certa, sem excessos;
- produção leiteira: mais de 2.500 quilos de leite em 200 dias;
- habilidade materna;
- viabilidade econômica em confinamento.
O pardo-suíço corte produz uma carne macia, bem marmoreada, com pouca gordura
externa. Diferentes fatores como a qualidade do solo, variações climáticas, topografia
montanhosa e pastos entre 700 e 2.000 metros acima do nível do mar, tornaram o Pardo-
Suíço robusto e auto-suficiente, um verdadeiro produto da terra. São pontos fortes da raça,
além de suas principais características:
- boa pigmentação;
- pelo curto, que é capaz de crescer ou se manter de acordo com o clima;
- cascos: pretos e fortes;
- bons aprumos;
- pêlos de cor parda, variando do muito claro para o muito escuro.
O pardo-suíço é uma das raças mais antigas e puras de dupla aptidão. Tem elevada
performance para produção de leite e carne e imprime em sua progênie logo no primeiro
cruzamento e em gerações posteriores, também suas características fenotípicas e
produtivas.
Fazendo o cruzamento com raças zebuínas - nelore ou guzerá - obtém-se alta taxa
de heterose ou vigor híbrido, fenômeno que se verifica no produto de animais sem
parentesco algum.
No Brasil, o uso do pardo-suíço para cruzamento industrial foi a solução encontrada,
por muitos criadores, para aumentar a produção eficiente de carne.

B) Normanda

A raça é originária da região conhecida como Normandia, França, região de clima


litorâneo, cujo solo é rico em cálcio. É uma raça de grande porte (vacas: 1,40cm – 480 a
700kg / touros: 150cm – 1.000kg), rústica, fecunda, longeva e notável por sua produção de
carne relativamente magra, de excelente qualidade e leite rico nutricionalmente. Constitui-
se, portanto, numa verdadeira raça de duplo Propósito.
No que se refere à capacidade leiteira a média é de mais 4.500 kg, de leite por
lactação, com 4% de teor de gordura.
Sua pelagem deve ter necessariamente as três (3) cores: vermelho ou ruivo (Blond),
castanho escuro ou pardo (Bringe) e o branco (Caille), cuja predominância e localização
variam conforme o indivíduo.
Outras caracteísticas da raça: temperamento dócil, especial a capacidade de ser
criada em condições extensivas de manejo, boa facilidade de parto e precocidade
reprodutiva.

C) Simental
Com origem na Suíça onde era utilizada para produção de leite, carne e tração, a
raça pura simental foi criada, selecionada e disseminada pelo mundo, sendo considerada
uma das mais bem distribuídas do planeta.
A vaca pura simental tem sua primeira parição antes de completar dois anos de vida,
com crias pesando em média 38kg para fêmeas, e 43 kg para machos, sem problemas de
parto. O ganho de peso diário fica acima de 1.000g, e as vacas possuem habilidade materna
fantástica, desmamando suas crias por volta do 7º mês de vida, com a média de 250 kg a
300 kg de peso; coincidindo, assim, com início da puberdade. A idade média para cobertura
de fêmeas é a partir do 14º mês, quando estarão pesando cerca de 400 kg.
Conforme as condições ambientais, manejo e objetivos de cada criação, os criadores
encontram linhagens diferentes dentro da riqueza de variabilidade genética que forma o
simental mundial, e lhes oferece genes que poderão incrementar o potencial genético de
seus animais para produção leiteira e de carne.
O simental de pura raça é de temperamento dócil, sua pelagem é branca ou
ligeiramente creme com grandes manchas amarelas ou vermelhas, ou uma só grande
mancha, que varia do amarelo trigo ao vermelho castanho. A cabeça, parte inferior do
corpo, dos membros e ponta de cauda é branca.

D) Caracu

Os animais desta raça foram criados durante vários séculos enfrentando todos os
tipos de dificuldades como alimentação escassa, doenças, clima forte e parasitas. Esta
pressão de seleção natural moldou os animais chamados crioulos (nativos), destes foram
separados os de pêlo amarelo e, daí formado o caracu.
A raça caracu é de dupla aptidão (carne x leite) e pode ser aproveitada por suas
potencialidades em sistemas de produção, revertendo investimento em bons lucros.
Características da raça:
➢ pêlo curto e com vários tons de amarelo; sem pêlos pretos ou manchas brancas;
➢ mucosas alaranjadas;
➢ resistência ao calor (extraordinária adaptação ao clima tropical e sub-tropical);
➢ resistência a endo e ectoparasitos;
➢ facilidade de locomoção (bons aprumos);
➢ cascos resistentes, tanto para terrenos duros quanto encharcados;
➢ umbigo curto e sem prolapso prepúcio;
➢ capacidade de digerir fibras grosseiras;
➢ facilidade de parto.
Por ser um gado de dupla aptidão, a produção em rebanhos de seleção leiteira está
em torno de 2.100 kg/lactação (inclui novilhas de primeira cria); em regime de pasto com
pequena suplementação, existem casos que a produção de leite chega a 5.000 kg/lactação.
A fêmea caracu produz leite com alto teor de gordura, em torno de 5%, e um extrato seco
também elevado, sendo um alimento rico e excelente para fazer manteiga e queijos.

2.2.4. Raças Sintéticas


As raças compostas ou sintéticas são formadas pelo cruzamento entre animais das
espécies B. taurus e B. indicus, visando combinar rusticidade e adaptabilidade com
produtividade e qualidade do produto.

A) Girolando

A Girolanda é uma raça com alto grau de heterose (capacidade de apresentar melhor
desempenho produtivo que a média das duas raças de origem), conseguindo conjugar a
rusticidade do Gir e a produção do Holandês, adicionando ainda características desejáveis
das duas raças em um único tipo de animal, fenotipicamente soberano, com qualidades
imprescindíveis para produção leiteira econômica dos trópicos.
O direcionamento dos acasalamentos busca a fixação do padrão racial, no grau de
5/8 Holandês + 3/8 Gir, objetivando um gado produtivo e padronizado.
As fêmeas Girolando, produtoras de leite por excelência, possuem características
fisiológicas e morfológicas perfeitas para a produção nos trópicos atribuindo um
desempenho muito satisfatório economicamente. Sua capacidade de auto regulação do
calor corporal, sua conformação muscular e esquelética, aprumos e pés fortes, hábito de
pastejo, etc., são condições que lhe atribuem grande resistência e adequação ao meio
ambiente.

B) Pitangueiras
O nome da raça foi tomado da região de origem, conforme a tradição nos meios
pecuários: o município de Pitangueiras, interior do estado de São Paulo. O animal
pitangueiras (Guzerá 5/8 x Red Poll 3/8) típico é de pelagem vermelha, uniforme, com
pequenas variações de tonalidade, podendo ir do vermelho escuro ao caju e vermelho claro.
Tem como característica principal o fato de ser geneticamente mocho, isto é, nasce e se
mantém sem chifres. Em alguns rebanhos o tipo leiteiro é mais acentuado, enquanto em
outros, os criadores estão selecionando para a produção carne, colocando o leite em
segundo plano. Mas a tendência é para a fixação de uma raça leiteira tropical, de produção
média, sem grandes pretensões. É o tipo de gado leiteiro para regime de campo.
Como raça de dupla aptidão, apresenta muito bom desempenho, demonstrando sua
habilidade na conversão de alimentos. Outra característica é a mansidão dos touros e vacas
(se submetem perfeitamente ao regime de ordenha mecânica). Essas qualidades conferem
ao pitangueiras condições para a sua expansão em qualquer região do país.

C) Guzolando

Um dos cruzamentos mais indicados para a produção de leite no Brasil é o


Guzolando (Guzerá 7/16 x Holandês 9/16). O objetivo do cruzamento é fazer com que a
raça Holandesa, mundialmente a maior produtora de leite, embora muito exigente quanto
ao clima e à alimentação, ceda para a raça Guzolando as suas características produtivas
no que se refere à quantidade de leite. Da mesma forma, a raça Guzerá cede à rusticidade
que se reflete numa melhor adaptação ao clima tropical e melhor aproveitamento das
pastagens grosseiras, tornando o custo de produção do leite mais baixo.
Os animais da raça Guzolando apresentam porte médio, temperamento vivo, mas
dócil e pelagens variadas que resultam das combinações das duas raças de que eles se
originam. As fêmeas têm elevada aptidão leiteira e ostentam a forma tradicional de cunha,
úbere bem inserido e desenvolvido.
D) Simbrasil

A raça bovina Simbrasil é um cruzamento industrial que possui 5/8 de sangue


Simental (Bos taurus) e 3/8 de sangue Guzerá (Bos indicus).
No cruzamento, o zebuíno traz consigo características importantes como pelo curto,
cascos fortes, pele bem segmentada e solta, o que imprime maior rusticidade, adaptação e
longevidade. Já o Simental traz precocidade, produção de leite, qualidade de carcaça e
grande capacidade materna. Possui ainda alta conversão alimentar e ótima adaptação ao
sistema de criação a pasto. A coloração é avermelhada, com manchas brancas ou
amareladas, mas admitem-se partes mais escuras.

E) Lavínia

É uma raça mista formada pela Pardo Suíço (5/8) e a Guzerá (3/8) que foi originada
no município de Lavinia, estado de São Paulo, em 1954. Possui pelagem parda-cinzenta,
de cor mais clara ao redor do focinho e orelhas. O plantel de animais da raça está estimado
em menos de 20.000 cabeças e a maior concentração se dá em São Paulo.
Devido a rusticidade e boa capacidade na produção de leite existem animais da raça
na região Nordeste, principalmente nos estados de Pernambuco, Ceará, Bahia e Paraíba.
São animais de produção ao redor de 2.500 litros de leite por lactação, com leite com 4%
de gordura.
3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO
A escolha do sistema de produção a ser adotado vai depender de diversos fatores:
das características da propriedade rural, das instalações, do produtor rural, dos animais, do
clima regional, do solo, do mercado, por exemplo.

Fonte: REHAGRO, 2009.

Existe uma grande diversidade de sistemas de produção de leite, praticados nos


vários países produtores. Mas existem fatores importantes que influenciam diretamente à
adoção de um sistema, como a fazenda (terra), o homem (do Produtor ao Operário), a vaca
(animal), o clima, as instalações, as máquinas, os manejos e o mercado.
 A fazenda
Cada fazenda tem e pode definir seu próprio sistema de produção, dependendo de vários
fatores.
→ A topografia irregular pode definir o tipo de gado a se produzir na fazenda;
→ A fertilidade do solo pode definir o tipo de cultura, a necessidade de correção e de
adubação; a drenagem do solo também tem importância significativa;
→ As pastagens, se perto ou longe, se boas ou más, o tipo de pasto, também podem vir a
defi nir um sistema;
→ As culturas forrageiras que a fazenda poderá produzir também poderão vir a defi nir o
sistema.
 O Homem
Este é peça fundamental em um sistema de produção de leite, a começar pelo
proprietário: se realmente tem conhecimento profundo da atividade; se tem
comprometimento; se é empresário ou, simplesmente, procura lazer. Isso pode vir a defi nir
o sistema. A mão de obra, se especializada ou não, defi ne um sistema. Um sistema
intensivo, com vacas de alta lactação, jamais pode ser administrado com uma mão de obra
analfabeta e mal treinada.
 A vaca
Existem várias raças produtoras de leite. Destacam-se as raças europeias, mais
especializadas, e as indianas, mais resistentes nos trópicos. No semiárido nordestino por
exemplo, a maioria dos sistemas utiliza pasto nativo e água distante, geralmente de açudes.
Animais das raças indianas conseguem se deslocar de 2 a 5 quilômetros para beberem
água.
Dentre as raças europeias, se destacam a Holandesa, a Jersey, a Parda Suíça. Entre
as raças indianas, se destacam a Gir, a Guzerá e a Sindi. Mas a mestiçagem entre essas
raças (europeias e indianas) é que vem se destacando na produção de leite nos trópicos:
1/2, 3/4 e 7/8 de “sangue” (euro-indiano), notadamente a Girolanda.
Quanto à escolha da raça ou do cruzamento para a produção de leite existem
algumas opções:
→ Raças Europeias, especialmente selecionadas para produção de leite, como a
Holandesa, a Pardo-Suíça, a Jersey, a Guernsey e a Ayrshire. Dessas, a mais conhecida
e difundida é a Holandesa;
→ Raças Europeias de dupla-aptidão (produção de leite e de carne), como a Simental,
Dinamarquesa, Red Poll. Dessas, a mais conhecida é a Simental;
→ Raças Zebuínas Leiteiras (Gir, Guzerá, Sindi);
→ Vacas mestiças, derivadas do cruzamento de raças Europeias (E) com uma raça
Zebuína (Z), em vários graus de “sangue”.
Sem dúvida alguma, o sistema de produção a ser utilizado, na propriedade é o item
mais importante a ser considerado na escolha das raças ou dos cruzamentos. Indicações
básicas para a escolha dos bovinos leiteiros a serem utilizados na propriedade são:
A) Em propriedades com médias de produção de leite acima de 4.200 kg por lactação
(média de 13,8 L/animal/dia), devem ser utilizadas raças europeias especializadas, sendo
a Holandesa a mais difundida;
B) Em propriedades com produções de leite entre 2.800 e 4.200 kg por lactação (entre 9,2
e 13,8 L/animal/dia), têm-se como opções o cruzamento alternado, com repetição do
europeu, o uso de fêmeas F1, o uso de vacas ¾ HZ;
C) Para fazendas com produções de leite inferiores a 2.800 kg por lactação, deve ser
utilizado o cruzamento alternado simples. Como opção, o produto 5/8 H + 3/8 Z fixado e as
raças Zebuínas Leiteiras.
 O clima
Fator de primordial importância no momento da definição de um sistema, tanto para o
animal, como para a produção de forragem.
→ Nas condições de temperatura muito quente e com umidade elevada, as vacas de raças
europeias não suportam e, certamente, esse ponto vem a definir um sistema de produção.
Vacas girolandas vêm se destacando em sistemas de produção nessas condições;
→ A pluviosidade (quantidade de chuva) é um fator imprescindível, pois determina a
produção de forragem em locais onde esta é alta; porém, pode impedir certos sistemas com
formação de barro (lamaçal), impedindo o tráfego nos corredores de pastejos e aumentando
o índice de mastite. Onde é baixa, a pluviosidade pode impedir a produção de forragem ou
a armazenagem de água para consumo do próprio gado.
 As instalações
Conhecimento técnico, funcionalidade, adequação, dimensionamento e necessidade
são de grande importância para a edificação das instalações. Instalações sem
funcionalidade (inadequadas) podem prejudicar os vários manejos - ordenha,
arraçoamento, pastejo, armazenamento de alimentos e outros. Algumas instalações da
fazenda leiteira só serão necessárias dependendo do sistema que a atividade definir.
Algumas são inerentes a um sistema de produção intensivo, como:
→ Sala de espera pavimentada;
→ Sala de ordenha;
→ Sala de leite (tanques de resfriamento);
→ Sala pavimentada com cochos após a sala de ordenha;
→ Sala manejo geral (vacinações, pesagens, inseminação, diagnóstico de gestação);
→ Silos para estocagem de forragens e grãos.
 As máquinas
Com a mão de obra cada vez mais cara e mais difícil, o homem vem sendo
substituído pelas máquinas, que devem ser bem dimensionadas e de operação adequada
ao sistema. Muitas máquinas oneram e muito o sistema de produção com depreciações e
custo com capital imobilizado.
Tratores, ordenhadeiras mecânicas, ensiladeiras, fenadeiras e implementos de
irrigação e de tratores, fábrica de ração, oficinas de manutenção, entre outras, são de
grande importância em uma fazenda de leite.
 O manejo
Os diversos manejos - sanitário, produtivo, reprodutivo e alimentar; o pastejo e a
ordenha, são os fatores determinantes de um sistema e envolvem vários outros itens aqui
referidos.
 O mercado
→ Este fator é que comanda os sistemas de produção. Não existe produção sem
comprador, que define qualidade, preço, quantidade;
→ A distância e o acesso podem encarecer o produto até que ele chegue ao consumidor;
→ A época também pode inviabilizar um sistema ou viabilizá-lo, sendo safra ou entressafra.

Os técnicos e produtores brasileiros costumam classificar os sistemas em três:


extensivo, semi-intensivo e intensivo.
A) Extensivo: baixo investimento tecnológico; não ocorre suplementação dos animais com
concentrados; a produção de leite é sazonal; a ordenha é manual, com baixa qualidade do
leite; os animais têm baixa aptidão leiteira; utiliza-se grandes extensões de terra (poucos
animais/área); baixa rentabilidade financeira.
B) Semi-intensivo: utilização de ordenha manual ou mecânica; uso de Inseminação Artificial
(I.A.) dos animais; sazonalmente, ocorre a suplementação alimentar; melhor controle de
aspectos sanitário e zootécnicos; utiliza-se melhor manejo de pastagem; funcionários com
conhecimentos mínimos necessários.
C) Intensivo: ocorre controle técnico na suplementação dos animais (concentrados);
investimento em tecnologia; maximização do potencial genético dos animais; elevada
produção por lactação; grande controle da gestão econômica e zootécnica; manejo de
pastagem (adubação de correção e manutenção); uso de forrageiras de alto potencial
produtivo; animais adequados para o sistema.
De acordo com o conjunto de características adotadas em propriedades rurais que
os animais permanecem basicamente em regime de pastejo (“Sistema a pasto”), alguns
autores (Assis et al.; 2005) ainda classificam os sistemas de produção de leite em:
→ Sistema extensivo:
➢ pastejo contínuo;
➢ utiliza pastagem sem descanso durante todo o ano;
➢ produção média de 1.200 litros de leite/vaca/ano;
➢ pastagens com forrageiras de porte baixo, estoloníferas ou semiprostradas (maioria
das Brachiaria spp decumbens, humidicola, ruziziensis, etc.);
➢ a capacidade de suporte não passa de 1,5 UA/ha.
→ Sistema semi-intensivo:
➢ produção média de 1.200 a 2.000 litros de leite/vaca/ano;
➢ animais recebem suplementação volumosa no período de menor crescimento do
pasto;
➢ suplementação concentrada de acordo com a produtividade de cada animal;
➢ pastejo rotacionado, com subdivisões em número variável de piquetes e períodos de
descanso;
➢ pastagens com forrageiras com gramíneas cespitosas de intenso perfilhamento e
que apresentam precoce alongamento de caule e rápida elevação de meristema
apical (Panicum maximum: colonião, tanzânia, mombaça) e Pennisetum purpureum
(capim elefante).
→ Sistema intensivo:
➢ Diferencia-se do semi-intensivo pela maior adoção de tecnologias, como a correção
e adubação dos solos e, na sua maioria, a utilização de irrigação da pastagem,
permitindo que o nível de produção de forragem seja alto e, consequentemente, as
taxas de lotação sejam superiores a 2,0 UA/ha.

O tipo de sistema de produção de leite é o que menos importa; desde que ele seja
econômico e respeite os princípios indispensáveis de higiene, de promoção social e de
preservação do meio ambiente.
O fator mais importante e indispensável (entre todos referidos) é o homem, com sua
plena capacidade de executar e gerenciar o agronegócio do leite, em diferentes estratos de
produção, de produtividade e de lucratividade.

Aspectos reprodutivos e genéticos dos bovinos leiteiros


A situação econômica da pecuária mundial exige dos produtores a máxima eficiência
para garantia do retorno econômico. Desta forma, elevados índices de produção,
associados à alta eficiência reprodutiva, devem ser metas perseguidas por técnicos e
criadores, visando alcançar maior produtividade e retorno econômico na atividade pecuária,
em particular, na espécie bovina (BARUSELLI et al., 2004).
Apesar do crescimento muito bom da produção brasileira, a produtividade ainda é
muito baixa. Em 2004, a produtividade foi de 1.534 kg/vaca/ano, enquanto a média dos
EUA chegava aos 8.598 kg/vaca/ano. Esse dado é alarmante quanto ao atraso em
produtividade, porém animador quanto ao potencial produtivo do Brasil.
Reprodução
Na reprodução animal, qualquer que seja a espécie ou raça explorada, é
indispensável que todo o esforço seja dirigido para que se alcance dois objetivos básicos:
elevada produtividade e produção de qualidade. Evidentemente, essas duas metas
resultam em maior rentabilidade da exploração. Nesse contexto, a bovinocultura leiteira
conta com um valioso recurso, que é a inseminação artificial bem conduzida.
A inseminação Artificial (IA) é a técnica singular mais importante desenvolvida para
o melhoramento genético dos animais, já que poucos reprodutores selecionados produzem
sêmen suficiente para inseminar milhares de fêmeas anualmente (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
Outro ponto crucial para a obtenção de bons índices reprodutivos e aumentos
significativos de produtividade é o encurtamento do período de anestro pós-parto. O
anestro pós-parto é o período que vai do parto até a manifestação do primeiro cio fértil,
tendo a sua duração afetada em bovinos por diversos fatores. Um dos principais fatores,
que influencia na duração do anestro pós-parto em bovinos, é o estado nutricional pré e
pós parto (FERREIRA, 2000). Este fator, atuando negativamente, interrompe o mecanismo
endócrino, que controla a manifestação do cio e a subsequente ovulação (FERREIRA,
1991).
A condição corporal no momento do parto e o ganho de peso são fatores
relacionados com o retorno da ciclicidade após o parto. Por isso, vacas apresentando baixa
condição corporal no parto e perda de peso no puerpério, permanecem na condição de
anestro por um período mais prolongado (FERREIRA, 1995).
Para que seja possível obter boas produções e produtividades leiteiras, de forma
permanente, é necessário observar-se algumas recomendações:
→ Escolha a raça do reprodutor (animal e/ou sêmen) de acordo com o padrão genético de
suas vacas, de modo a possibilitar a formação de um bom rebanho leiteiro, que seja o mais
adequado às condições de criação de sua fazenda;
→ Separe os animais por sexo, para evitar fecundações indesejadas;
→ O primeiro acasalamento deverá ocorrer quando a fêmea atingir cerca de 70% do peso
vivo médio de uma matriz adulta de sua raça ou mestiçagem;
→ Adote um criterioso controle de monta ou inseminação artificial, para que seja possível
atingir grande eficiência reprodutiva, assim como uma produção de leite mais ou menos
estável durante todo o ano. Lembre-se, sempre, que sua meta deve ser conseguir um
intervalo médio entre partos de 12 meses; e, para isso, as vacas devem emprenhar, no
máximo, até 90 dias depois do parto;
→ Para conseguir um bom índice de parição, anote, criteriosamente, todos os eventos
reprodutivos e compare seus resultados com os objetivos desejados;
→ Faça, rigorosamente, o controle da gestação de cada vaca, não permitindo que continue
produzindo leite entre 60 e 45 dias antes do parto. Isto é de grande importância para o
desenvolvimento normal do feto, além de possibilitar uma maior produção de leite na
próxima lactação e uma nova fecundação mais cedo;
→ Ofereça às vacas uma boa dieta pré-parto, pois estas, certamente, parirão em boa
condição corporal, serão muito menos susceptíveis a doenças, produzirão mais leite e
emprenharão mais cedo;
→ Em termos específicos de reprodução, a mineralização correta é da maior importância.
A deficiência de minerais influencia negativamente na fertilidade, além de provocar retenção
de placenta;
→ Faça a desmama precoce, tendo o cuidado de fornecer ao bezerro, a partir da segunda
semana de vida: concentrado peletizado, volumoso de boa qualidade (principalmente feno)
e água, sempre à vontade. Com a desmama precoce, pretende-se economizar leite e ter
mais lucro na exploração.
4) ORDENHA
O leite é formado na glândula mamária (úbere), que na vaca tem duas metades
distintas (direita e esquerda) e cada uma contém um quarto dianteiro e traseiro. Os quartos
mamários são independentes, cada um com seu próprio tecido glandular e seu teto. No
tecido glandular estão localizados os alvéolos, que são as unidades secretoras do leite.
Vários alvéolos convergem para uma cisterna da glândula e depois para a cisterna do teto.
A saída do leite no momento da ordenha dá-se pelo canal do teto, que é mantido
fechado, fora do período de ordenha, pelo esfíncter muscular do teto. Todo o cuidado com
a qualidade do leite começa nesse momento. A saúde da vaca, limpeza de equipamentos,
utensílios e instalações, além da higiene do ordenhador, são fundamentais no processo. O
resfriamento de leite imediatamente após a ordenha garante a qualidade do produto.
A descida do leite – A descida do leite envolve processos físicos, nervosos e
hormonais. Esses processos são caracterizados inicialmente por reflexos que relaxam os
músculos da cisterna da glândula, ductos e musculatura do esfíncter do teto, que liberam a
passagem do leite. Entretanto, mesmo com o relaxamento, o leite em sua maior parte não
pode descer por si próprio. Inicialmente, a vaca responde a estímulos do ambiente onde se
encontra, tais como a sala de ordenha, ruídos de equipamentos, pessoas, limpeza dos tetos
e a retirada dos primeiros jatos de leite. Tais estímulos desencadeiam impulsos nervosos
que liberam a ocitocina, hormônio responsável pela descida do leite. Após sua liberação,
ele permanece na corrente sanguínea da vaca por um período de 5 a 8 minutos, razão pela
qual a ordenha propriamente dita deve começar no máximo um minuto e trinta segundos
após o estímulo inicial. Nessa etapa, o ambiente de ordenha deve ser tranquilo e rotineiro
ao extremo, porque a ação da ocitocina pode ser inibida pela ação de outro hormônio, a
adrenalina, que é liberado quando se quebra abruptamente a rotina da vaca e ela se sente
ameaçada (por barulho alto ou presença de outros animais, como cães, entre outros
fatores). Ao ocorrer isso, o fluxo de leite pode ser totalmente interrompido, causando sérios
prejuízos à saúde do úbere. Daí ser fundamental que a ordenha obedeça a uma rotina fixa,
quanto ao local, à freqüência diária, ao horário e aos procedimentos.

Higiene e limpeza – A ordenha da vaca leiteira é uma atividade que exige cuidados
e atenção, pois tem influência direta na produção e na qualidade do leite. Além dos cuidados
higiênicos, são muito importantes ainda os métodos adotados para o preparo do úbere,
bem como o treinamento das pessoas que realizam essa tarefa. O esforço e os gastos com
o rebanho serão bem ou mal remunerados em função da quantidade e da qualidade do leite
produzido. A ordenha deve ser vista como uma atividade que exige muita atenção e
cuidados no trabalho geral da fazenda, pois dela depende a quantidade e a qualidade do
leite, referências que comporão o preço recebido pelo produto.
Recomenda-se não alimentar as vacas no momento da ordenha, pois os resíduos
de ração e grãos de cereais atraem pássaros, insetos e roedores, o que pode favorecer a
disseminação de agentes patogênicos (vírus, bactérias etc.) pelo ambiente, contaminado
os animais e o próprio leite. O fornecimento do concentrado pode também atrasar bastante
o processo de ordenha, pela demora na distribuição da ração e no consumo pelo animal.
Também por questões sanitárias deve-se impedir o acesso de animais domésticos (cães,
gatos, aves e outros) ao espaço da ordenha. O ideal é alimentar as vacas após a ordenha,
dessa forma, os animais permanecerão em pé o tempo suficiente para regressão do
esfíncter do teto, diminuindo o risco da entrada de patógenos que podem causar a mastite.
Rotina – A ordenha pode ser manual ou mecânica. Em qualquer um dos casos, a
higiene é fundamental. Ela é definida como um conjunto de práticas que deve ser adotado
no sentido de evitar que microrganismos tenham acesso à glândula mamária. O desafio é
eliminar toda a sujeira dos tetos no momento da ordenha, para impedir que os
microrganismos entrem pelo canal do teto e contaminem a glândula, causando uma doença
que é o fantasma do produtor de leite – a mastite.
O produtor deve adotar o manejo de ordenha partindo do princípio de que a vaca
gosta de rotina. Assim, é fundamental estabelecer essa rotina de acordo com as
recomendações do técnico responsável. Uma boa rotina está diretamente relacionada ao
meio ambiente adequado, à saúde dos animais, à ótima higiene pessoal do ordenhador e
a equipamentos em perfeito estado de funcionamento, bem regulados e limpos. A
manutenção dos horários, da sequência correta da ordenha, das pessoas e dos ruídos
influencia as vacas no momento da descida do leite.
A identificação e a separação, na hora da ordenha, dos animais que estão sendo
tratados com medicamentos (antibióticos e antiparasitários) é fundamental para a garantia
da qualidade do leite. Resíduos de medicamentos interferem na qualidade do leite, que é
recusado pelo comprador (e o produtor pode ser severamente penalizado), pois, além de
prejudicarem o rendimento industrial da matéria-prima (inibem a fermentação), representam
riscos à saúde humana.
A ordenha das vacas é uma das atividades mais importantes de uma propriedade
leiteira, devido a três aspectos principais:
a) é nessa hora que o produtor coleta o leite, produto resultante de todos os demais esforços
realizados na propriedade;
b) é no momento da ordenha que existe alto risco de as vacas contraírem a mastite;
c) é o momento de alto risco de contaminação microbiológica do leite.

4.1. Manejo da ordenha e qualidade do leite


A correta desinfecção dos tetos, limpeza das teteiras e rápido atendimento aos casos
de deslizamento e queda de teteiras, são alguns fatores relacionados à maior ou menor
contaminação do leite por microrganismos.
O estímulo manual durante a pré-ordenha é fundamental para que ocorra o
mecanismo de liberação de ocitocina pela hipófise, hormônio que é responsável pela
contração das células mioepiteliais e, consequente, ejeção ("descida") do leite. O resultado
da boa estimulação dos tetos antes da ordenha é o menor volume de leite residual, maior
produção de leite e maior eficiência de ordenha.

4.2. Manejo da ordenha e mastite


O manejo correto de ordenha é de extrema importância para o controle de mastite
independentemente do tamanho do rebanho ou do tipo de equipamento de ordenha
existente. Entre os seus principais objetivos estão:
→ reduzir o risco de novas infecções intramamárias;
→ promover adequado estímulo de ejeção do leite;
→ obter uma ordenha rápida e completa;
→ obter baixo risco de lesões aos tetos das vacas;
→ garantir adequadas condições de higiene de produção do leite.
4.3. Ordenha propriamente dita
Não existe um manejo de ordenha único e definitivo para todas as fazendas, uma
vez que cada uma apresenta uma situação particular, em função do tipo de mão de obra,
número de animais, tamanho e modelo da sala de ordenha e padrão genético do gado.
Todavia, a aplicação dos princípios do adequado manejo de ordenha pode ser feita em
todos os rebanhos.
Recomenda-se a seguinte rotina básica de ordenha:
1º) Conduzir adequadamente os animais até a sala de ordenha
2º) Deixar a vaca saber que vai ser ordenhada
3º) Retirar os primeiros jatos (teste da caneca de fundo preto para o diagnóstico da mastite
clínica)
4º) Lavar os tetos com água corrente (somente quando os tetos estiverem visualmente
sujos)
5º) Imergir os tetos em solução desinfetante e aguardar cerca de 30 segundos para ação
do desinfetante (pré-dipping)
6º) Secar completamente os tetos com papel toalha descartável
7º) Colocar as teteiras para início da ordenha (ou iniciar a ordenha manual)
8º) Ajustar as teteiras durante a ordenha
9º) Desligar o vácuo e retirar as teteiras
10º) Fazer a imersão dos tetos em solução desinfetante (pós-dipping)

1º) Conduzir adequadamente os animais até a sala de ordenha


O modo de conduzir os animais para a ordenha faz parte do manejo da ordenha.
Recomenda-se que as vacas sejam conduzidas de forma tranquila, sem atropelos e
agressões. A situação de estresse desencadeia a liberação de adrenalina e prejudica a
ejeção do leite.
2º) Deixar a vaca saber que vai ser ordenhada
Sempre que se aproximar das vacas chame-as pelos nomes ou pronuncie algumas
palavras em tom de voz baixo antes de tocar em seu teto. Isto é muito importante para que
ela não assuste com a sua presença, reduzindo o risco de coices e causar estresse nos
animais.
3º) Retirar os primeiros jatos (teste da caneca de fundo preto para o diagnóstico da mastite
clínica)
Os primeiros jatos (3 a 4) devem ser retirados em uma caneca telada ou de fundo
preto com o seguinte objetivo:
→ Diagnosticar a mastite clínica
→ Estimular a "descida" do leite
→ Retirar os primeiros jatos de leite, com maior contaminação microbiana
A retirada dos primeiros jatos, que deve sempre preceder a desinfecção dos tetos
pré-ordenha (pré-dipping), de forma que o contato com a superfície dos tetos ocorra antes
da desinfecção.
Figura 3: Retirada dos primeiros jatos antes da ordenha

4º) Lavar os tetos com água corrente (somente quando os tetos estiverem sujos)
Tal prática deve ser evitada sempre que possível. Só deve ser utilizada nos casos
de vacas com tetos visualmente sujos (placas de esterco, barro, etc.).

Figura 4: Lavagem dos tetos

Caso contrário, recomenda-se reduzir ao máximo o uso de água na preparação da


vaca para ordenha. Todavia, se houver necessidade de lavagem dos tetos, deve-se utilizar
uma mangueira de baixa pressão e proceder uma lavagem apenas dos tetos, evitando-se
molhar as partes altas do úbere que não entram em contato com as teteiras ou com as
mãos dos ordenhadores.
5º) Imergir os tetos em solução desinfetante (pré-dipping) e aguardar cerca de 30 segundos
para ação do desinfetante
O principal objetivo é a redução da contaminação dos tetos. Como consequência,
ocorre redução do risco de novas infecções intramamárias (em especial dos agentes
ambientais) e melhora a estimulação da descida do leite (que e um reflexo neuro-hormonal
que aumenta a velocidade de ordenha e a extração do leite).

Figura 5: Imersão dos tetos em solução desinfetante antes da ordenha

A incidência de infecções é altamente correlacionada com o número de patógenos


presentes na extremidade dos tetos. A desinfecção dos tetos antes da ordenha, também
conhecida como pré-dipping, e é um procedimento que reduz em até 50% a taxa de novas
infecções causadas por patógenos ambientais e diminui a contaminação dos tetos antes da
ordenha.
Deve-se fazer a imersão completa dos tetos, em desinfetantes à base de iodo,
clorexidina e cloro (hipoclorito de sódio).
A utilização da desinfecção dos tetos antes da ordenha pode determinar redução de
até 80% na contagem bacteriana total (CBT) do leite e de até 70% na contagem de
coliformes, além da redução das bactérias psicrotróficas (capazes de multiplicação em
baixas temperaturas) no leite. Visto que a principal fonte de bactérias psicrotróficas é a
superfície dos tetos, tanto o pré quanto o pós-dipping são medidas importantes para a
melhoria da qualidade do leite. Além disso, o fato dessas práticas diminuírem a incidência
de mastite e, consequentemente, a Contagem de Células Somáticas (CCS) do rebanho,
torna-as ainda mais importantes como instrumento de melhoria da qualidade do leite.
6º) Secar completamente os tetos com papel toalha descartável
Quando se utiliza o pré-dipping, é necessária a secagem dos tetos para evitar o risco
de contaminação do leite com desinfetante. Além disso, a boa secagem dos tetos evita o
deslizamento de teteiras, que é uma das possíveis causas de novas infecções
intramamárias. O uso de toalhas descartáveis individuais para cada vaca reduz o risco de
transmissão de bactérias de uma vaca para outra.
A desinfecção dos tetos antes da ordenha seguida da secagem com toalhas
descartáveis diminui a contaminação bacteriana do teto, o que resulta na redução da
Contagem Bacteriana Total (CBT) no leite. A secagem dos tetos deve ser feita depois de
decorridos cerca de 30 segundos da aplicação do desinfetante, pois esse é o tempo de
ação exigido pela maior parte dos produtos.

Figura 6: Secagem dos tetos com toalha de papel descartável

7º) Colocar as teteiras para início da ordenha (ou iniciar a ordenha manual)
As teteiras devem ser aplicadas em aproximadamente 1 minuto após a retirada dos
primeiros jatos (massagem dos tetos) ou do início da estimulação dos tetos. Dessa forma,
otimiza-se a ação da ocitocina, o que proporciona uma ordenha mais rápida e completa.
As vacas ordenhadas sem uma adequada estimulação produzem menos leite e têm
a ordenha mais demorada, além dos efeitos negativos da ação do vácuo sobre os tetos
sem leite para ordenha. Para reduzir a entrada de ar no sistema de ordenha durante a
colocação das teteiras deve-se abrir o registro de vácuo, somente quando o conjunto de
teteiras estiver embaixo da vaca. De preferência, deve-se manter as teteiras estranguladas
para baixo no momento da colocação para evitar a entrada de ar. Todo esse procedimento
tem por objetivo reduzir a ocorrência de flutuações de vácuo decorrentes da entrada de ar
nas teteiras.
Figura 7: Colocação de teteiras no início da ordenha

8º) Ajuste das teteiras durante a ordenha


O ordenhador deve ficar atento para os casos de deslizamento ou queda de teteiras
durante a ordenha. A entrada de ar nas unidades causa flutuação de vácuo, que por sua
vez pode levar a um fluxo reverso de leite para o interior da glândula mamária e maior risco
de entrada de microrganismos causadores de mastite. Além disso, durante o deslizamento
das teteiras, toda sujidade acumulada na entrada da teteira é aspirada para dentro, o que
aumenta a contaminação do leite.

Figura 8: Ajuste da teteiras quando necessário

9º) Desligar o vácuo e retirar as teteiras


Assim que terminar o fluxo de leite, deve-se retirar as teteiras, evitando-se ao
máximo a sobre ordenha. Para tal, é essencial que seja fechado o registro de vácuo, pois
caso contrário há uma grande predisposição à ocorrência de lesões nos tetos e esfíncter.
Muitos ordenhadores têm por hábito fazer massagem no úbere e pressionar o conjunto de
teteiras para baixo no final da ordenha com a finalidade de fazer uma esgota mais completa.
Não é recomendada essa massagem devido ao risco de lesão da extremidade dos tetos.
Não deve ser feito o repasse manual após a retirada das teteiras, pois caso esteja
havendo problemas de leite residual, devem-se procurar as causas do problema, as quais
geralmente estão associadas ao mau funcionamento da máquina de ordenha ou ao manejo
dos animais antes da ordenha.
10º) Fazer a imersão dos tetos em solução desinfetante (pós-dipping)
A desinfecção dos tetos ao final da ordenha é uma das medidas mais importantes
para o controle de mastite. O pós-dipping é uma estratégia direcionada principalmente para
controlar a mastite contagiosa (especialmente causada por Staphylococcus aureus e
Streptococcus agalactiae). A disseminação desse tipo de mastite está relacionada à
unidade de ordenha, material de limpeza do úbere, mãos do ordenhador e a pele da
extremidade do teto.

Figura 9: Imersão dos tetos após a ordenha em solução desinfetante


A utilização do pós-dipping pode determinar uma redução de mais de 50% dos novos
casos de mastite contagiosa.
A imersão deve ser completa em toda a superfície dos tetos. Por conseguinte, o
melhor método de aplicação é por meio do uso de canecas para imersão de tetos,
especialmente aquelas do tipo sem retorno, para evitar a contaminação da solução
desinfetante. O uso de spray geralmente não proporciona uma cobertura completa dos tetos
com a solução desinfetante.
Após a ordenha, é recomendável o oferecimento de alimento fresco para estimular
os animais a permanecerem em pé durante o período no qual o esfíncter do teto ainda não
está completamente fechado. Essa técnica evita que ocorra contaminação do ambiente
sobre a extremidade do teto e, consequentemente, diminui a ocorrência de novas infecções
intramamárias de origem ambiental.
4.4. Desinfecção das teteiras entre ordenhas
A imersão das teteiras em solução desinfetante entre ordenhas é uma prática que
pode trazer bons resultados no controle de mastite em rebanhos com problemas de mastite
contagiosa. No entanto, apresenta limitações de ordem prática, uma vez que compromete
a sequência do manejo e aumenta do tempo de ordenha, pois é uma tarefa adicional a ser
realizada pelo ordenhador.
Caso seja feita a opção pela desinfecção das teteiras, a mesma deve ser executada
pela imersão completa das teteiras em balde com solução desinfetante, preferencialmente,
mergulhando-se dois copos do conjunto de teteiras de cada vez. Para que esta medida
tenha efeito, a solução desinfetante deve ser trocada cada vez que se apresentar turva.
Opcionalmente, pode-se utilizar dois baldes na sequência, sendo um para enxágue inicial
com água e outro com a solução desinfetante propriamente dita.

Figura 10: Imersão das teteiras em solução desinfetante entre as ordenhas


5) INSTALAÇÕES PARA BOVINOS DE LEITE
Para aumentar a eficiência da atividade leiteira é preciso estar muito atento ao
manejo. Ele é diretamente ligado às instalações, reduzindo os custos, a necessidade de
mão de obra proporcionando conforto e maior produtividade aos animais por meio de
instalações bem planejadas.
O planejamento é fundamental para definir o local adequado e o uso das instalações.
Mas não tem uma receita que sirva para todas as propriedades, pois, há um grande número
de variáveis, como: raça, mão de obra, relevo, área, financeiro, acessos e objetivo da
exploração leiteira.
Outro fator que precisa ser levado em consideração antes de começar a construção
é o enquadramento legal, pois devem ser respeitadas as leis ambientais, as quais possuem
normas específicas para: distâncias de rios, fontes, divisas, destino adequado de dejetos e
outros fatores que podem ser impeditivos à construção.
Além disso, o terreno onde se quer construir deve ter boa drenagem, sem excesso
de umidade, levemente inclinado, firme, ensolarado e, preferencialmente, protegido contra
os ventos frios ou excesso de insolação.
O local também deve possuir energia elétrica de qualidade, ou seja, sem oscilações
e segura, água de boa qualidade, vias de acesso bem pavimentadas, que permitam a
circulação mesmo com excesso de chuvas, e ter área que permita a ampliação futura.
É importante que se compreenda que o objetivo de uma instalação bem planejada e
executada é o bem estar humano e animal. Esse planejamento facilita e otimiza o trabalho
diário, além de fornecer condições ideais para que as vacas expressem todo seu potencial
de produção e tenham longevidade na vida produtiva.
As instalações básicas que devem ter em uma propriedade rural que se destina à
produção de leite são:
Galpão para fornecimento de volumosos – Geralmente, o pasto não fornece nutrientes
suficientes, portanto, é necessária a suplementação com silagens, fenos e concentrados.
Estes complementos alimentares devem ser fornecidos após a ordenha e em instalações
adequadas para que os alimentos preservem suas características nutritivas e seja evitado
o desperdício pelos animais.
Área de espera – É onde as vacas aguardam, antes de entrar na sala de ordenha.
Preferencialmente, deve ser coberta para proteger as vacas do sol, chuva e ventos. Deve
ter bebedouro disponível e possuir de 2 m 2 a 2,5 m2 por vaca, de preferência, com piso de
concreto de fácil limpeza.
Sala de ordenha - É uma das principais instalações de uma empresa leiteira, onde é feita
a colheita diária do leite e deve possuir tecnologia e instalações adequadas e não apenas
modernas, para que a coleta seja feita com a máxima eficiência e higiene.
Sala de leite - Local que protege o tanque resfriador e também serve para lavar e
armazenar equipamentos de ordenha. É importante que a localização dessa instalação seja
próxima à sala de ordenha e facilite o acesso do coletador e do caminhão do leite.
Farmácia - Não necessita instalação própria. Pode ser junto ao galpão, mas deve ser
construído em um local separado para armazenar adequadamente os medicamentos e
vacinas.
Bezerreiras – Instalações onde permanecem os animais recém-nascidos até o desmame.
Área de parto – Local para dar atenção adequada no pré-parto, onde as vacas
permanecem 21 dias antes do parto. Este local deve ser próximo da residência para facilitar
o acompanhamento, também chamado de piquete maternidade.
Esterqueira - Os estábulos geram grande quantidade de dejetos. Além do esterco que os
animais produzem, o intenso uso de água gera grande volume que deve ser acondicionado
adequadamente para não contaminar o meio ambiente e para posteriormente servir de
fertilizante orgânico.
Silos – Estrutura de armazenamento de silagens, pré-secados ou concentrados, que serve
para preservar a qualidade dos alimentos e deve se localizar próximo à área de trato aos
animais.
Bebedouros - O adequado fornecimento de água é fundamental para vacas leiteiras, já
que elas chegam a consumir cerca de 120 litros por dia de água. Preferencialmente, o
bebedouro deve estar localizado no meio do piquete e ter vazão suficiente para o consumo
das vacas, disponibilizando 10 centímetros de bebedouro por animal.
Cocho para mineral - Também conhecido como saleiro, o cocho de mineralização tem por
objetivo armazenar o sal mineral e protegê-lo da umidade, sendo ideal que o saleiro possua
de 6 a 10 centímetros por animal.
Depósito para concentrados, fenos e sal mineral – Com a função de armazenar e
preservar a qualidade desses alimentos.
Local para contenção, tratamentos e vacinações – Também chamado de brete ou
mangueira, serve para fazer os manejos nos animais, devendo oferecer segurança às
pessoas e aos animais.
Cercas - Há três tipos de cercas de arame, farpado, liso e eletrificado. A cerca de arame
farpado é pouco recomendada, pois fere os animais. Já a de arame liso é mais barata e
não machuca os animais. Com o uso de cerca elétrica é possível baratear os custos de
instalações, ainda mais em sistemas de pastoreio racional que necessita de muitos
piquetes. Para vacas, um fio a 80 centímetros é suficiente, mas com terneiros são
necessário dois fios a 40 e 80 centímetros.
6) CRIAÇÃO DE BEZERRAS E NOVILHAS
A criação de bezerras, por não proporcionar ganho imediato, muitas vezes, é deixada em
segundo plano. O que os produtores de leite precisam ficar atentos é que o destino da sua
empresa rural leiteira está na produção das futuras vacas, ou seja, as bezerras do presente.
Sendo assim, o objetivo é obter uma vaca ótima produtora de leite e crias, com grande
capacidade de ingestão de pasto, alta longevidade, que tenha tamanho e peso, segundo
os padrões da raça.
Alimentação e manejo das futuras vacas
É importante ressaltar que os primeiros cuidados iniciam antes do nascimento da
bezerra. Atenção especial deve ser dada a vaca gestante para que tenha uma nutrição
adequada. Principalmente, 30 dias antes do parto, no final do período seco de 60 dias, essa
vaca deve ficar em um piquete maternidade, com uma dieta pré-parto apropriada, com
pasto baixo, água e sombra, preferencialmente perto das instalações para que possa ser
observada periodicamente.
É fundamental nas primeiras horas de vida realizar adequadamente a colostragem
(fornecimento de colostro). Ao nascerem, as bezerras não possuem anticorpos
suficientes, desta forma ficam sensíveis a diversas doenças. É recomendado que as
bezerras recebam colostro nas primeiras horas de vida (até 12 horas após o nascimento),
na quantidade de no mínimo 10% do seu peso corporal.
A cura do umbigo é muito importante e a sua cicatrização rápida é um fator
fundamental para evitar a entrada de infecções. Após o nascimento, o umbigo deve ser
cortado a cinco centímetros e desinfetado com iodo a 10% a cada 12 horas, por um período
de, no mínimo, três dias. Lembre-se que o umbigo não deve ser amarrado.
Também é importante fazer a descorna para evitar acidentes com o tratador e com
outros animais. A descorna deve ser feita quando a bezerra tiver cerca de 30 dias de vida,
com ferro quente, pasta química ou cauterizador elétrico.
Outro detalhe importante a se destacar é que as tetas supranumerárias, ou tetas
extras, em número maior que quatro, podem atrapalhar a ordenha, além de representar
mais um local para a contaminação de microrganismos causadores de mastite. É bom que
se faça esse procedimento de extração das tetas extras cedo, por volta dos 30 dias, com
uma tesoura ou faca esterilizada.
O desmame deve ser realizado quando a bezerra estiver consumindo 1,5% do seu
peso em concentrado por três dias consecutivos. Exemplo, se uma terneira tiver 70 kg de
peso vivo e estiver consumindo 1 kg (1,5%) de concentrado por dia durante três dias
seguidos, poderá ser desaleitada, ou que tenha dobrado o seu peso ao nascer.
Além disso, não se deve esquecer outros cuidados, como a cura do umbigo,
pesagem e identificação.

Concentrado e feno - A principal função do fornecimento de concentrado é o


desenvolvimento das papilas do rúmen, graças à produção de ácidos graxos voláteis
oriundos da fermentação do concentrado, o que fará com que a bezerra comece a ruminar
mais rápido e, em consequência, consuma e aproveite os nutrientes da pastagem e do feno
de forma mais eficiente. Este concentrado pode ser fornecido a partir da primeira semana
de vida. Conforme dito acima, o desmame deve ser feito quando a bezerra consumir por
três dias consecutivos a quantidade de concentrado de 1,5% do seu peso.
É importante que a água esteja disponível à bezerra para suprir a falta de saliva e
estimular o consumo de concentrado. Também se deve observar a limpeza dos
bebedouros, pois só o fato de limpar o bebedor estimula a ingestão de água. As bezerras
podem ingerir 10% do peso vivo por dia, de acordo com a temperatura e o tipo de alimento
consumido.
Em relação ao feno, o seu consumo precoce permite o desenvolvimento mais rápido
da musculatura do rúmen, podendo ser fornecido a partir dos 30 dias de vida.
Novilhas leiteiras
Um dos principais objetivos de criar as novilhas na propriedade é para reposição das
vacas que são descartadas, além, é claro, da venda das excedentes, o que reflete em mais
uma entrada de recurso na empresa rural, além do leite.
Vale destacar que enquanto a fêmea não produzir leite ela representará um
investimento, ainda não gerando rendimentos. Daí a importância do primeiro parto ser cedo,
até 24 meses, porém, com peso adequado, conforme a raça:

Raça Peso para 1ª Inseminação Artificial


Holandês 350 kg
Gir / Girolando 300 kg
Jersey 250 kg
Fonte: Ramon, 2012.

O excesso ou a superalimentação também é prejudicial, pois ganhos acima de 900


gramas por dia podem provocar o surgimento de células adiposas (gordura) na glândula
mamária, onde deveria haver tecido secretor de leite. Portanto, principalmente na
puberdade (8 a 10 meses), quando o crescimento da glândula mamária é acelerado, o
ganho de peso diário não deve ultrapassar 700 gramas por dia para novilhas da raça
Holandesa, 600 gramas para raças mistas e 500 gramas para a raça Jersey.
A partir da puberdade, cerca de 10 meses de idade, geralmente, a novilha não tem
mais necessidade de fornecimento de concentrado, desde que tenha à sua disposição uma
pastagem de qualidade e em quantidade suficiente.
Já que o melhoramento genético depende, em grande parte, do descarte de vacas
velhas de baixa produção e com problemas sanitários por animais jovens de maior
produtividade e mais resistentes, é preciso dar atenção necessária às bezerras e novilhas
da propriedade que serão as futuras vacas.
7) ALIMENTAÇÃO
A alimentação e o manejo são as bases da produção leiteira, pois a alimentação
compreende os maiores custos e a produção animal depende de uma alimentação
balanceada e de um manejo animal eficiente.
Necessidades das vacas
Para definir as exigências de uma vaca leiteira é preciso considerar diversos fatores,
como: produção de leite, estágio da lactação, idade, consumo de matéria seca (MS),
condição corporal e tipos e valor nutritivo dos alimentos fornecidos diariamente.
Deve ser dada atenção especial nas duas primeiras lactações de uma vaca, pois
durante essa fase, o animal ainda está em crescimento e, por esse motivo, deve receber
alimento em quantidades superiores a sua produção.
Uma das fases de maior exigência nutricional de uma vaca são as primeiras
semanas pósparto, quando não conseguem consumir alimentos suficientes para sustentar
o aumento de produção, ocorrendo o Balanço Energético Negativo – BEN.
É importante que os animais recebam uma dieta mais concentrada para permitir a
maior ingestão de nutrientes possível e para evitar a perda excessiva de peso. Vacas nas
primeiras semanas pós-parto devem ser manejadas em pastagens de excelente qualidade
e em quantidade adequada, preferencialmente em sistema de piquetes. Além de
suplementação mineral e de concentrados adequados e individuais, em épocas de
escassez de pasto, deve ser fornecido silagem ou feno de qualidade.
Manejo no período seco
O período seco é a fase em que a vaca não produz leite e se prepara para a próxima
lactação e é fundamental para obter ótimas produções nas lactações seguintes. Tendo os
cuidados necessários com a vaca seca é possível curar enfermidades, dar um descanso
ao aparelho mamário e aumentar sua longevidade.
Esse período deve durar 60 dias e a vaca deve ser seca no final do sétimo mês de
gestação. Isso permite, além da regeneração das células secretoras de leite, um bom
acúmulo de colostro, bom desenvolvimento do feto e aumento de suas reservas corporais.
Observação: a ordenha estimula a produção de leite e ao parar de retirá-lo cessa o estímulo
e há, primeiramente, a reabsorção do leite residual da glândula mamária e, posteriormente
interrupção da secreção de leite.
Nos 21 dias que antecedem o parto, o metabolismo da vaca é alterado, o que pode
afetar a produção se não forem observados os devidos cuidados. Essa é uma uma fase
crítica, em que há queda no consumo de pasto, crescimento acelerado do feto e início da
síntese do leite. Por isso, é recomendado alimentar a vaca com cerca de 2 kg por dia de
concentrado para compensar essa queda na ingestão de pasto.
No período periparto, a imunidade das vacas é menor, já que o aparelho reprodutivo
encontra-se aberto e há desordens metabólicas. Cerca de 70% dos distúrbios metabólicos
acontecem 21 dias antes e 21 dias após o parto, portanto, esse é o principal período crítico
da vaca.
Observação: o periparto é o período compreendido entre as três semanas anteriores e as
três semanas posteriores ao parto, também chamado de Fase de Transição.
Volumoso x concentrado
Do ponto de vista dos custos, o mais barato de todos os alimentos é o pasto, pois
além de volumoso, geralmente os sistemas a pasto dispensam grandes investimentos em
instalações. Mas quando se busca aumento de produtividade, somente os pastos não são
suficientes. Sem contar que eventos climáticos extremos, como seca e baixas
temperaturas, limitam a produção de volumosos, daí a necessidade do fornecimento de
alimentos concentrados em períodos de escassez de pastagem.
O manejo do pasto também é muito importante. Quando os animais ocupam um
piquete durante vários dias, o valor nutritivo da forragem consumida cai com o avanço no
período de ocupação. Desta forma, observam-se oscilações na produção de leite das vacas
que estão associadas com a disponibilidade de forragem e seletividade no pastejo. Com
isso, no primeiro dia, além do maior consumo de matéria seca, a forragem consumida
apresenta valor nutritivo mais elevado.
É importante destacar que quando há teores elevados de concentrados na dieta é
necessário o uso de tamponantes, para minimizar a acidificação do ambiente ruminal.
Quando há alta relação de volumoso X concentrado, cerca de 3:1, ou seja, 75% da dieta
originando-se de volumoso, ocorre o estímulo na mastigação e, por consequência, grande
produção de saliva, que possui substâncias tamponantes.
Observação: Tamponantes são produtos antiácidos e a principal função deles na dieta de
vacas leiteiras é estabilizar o pH ruminal e aumentar o consumo de matéria seca.
Mineralização
Com o avançar da produtividade das vacas de leite é cada vez mais desafiador
fornecer todos os nutrientes e minerais necessários para a produção. Nos rebanhos atuais,
o que se percebe são problemas reprodutivos, que podem ter origem na inadequada
mineralização do rebanho, já que a composição dos volumosos e concentrados é variável
e não fornece todos os minerais exigidos pelo animal.
Observação: sem o uso adequado de sal mineral os prejuízos são grandes, pois se afeta
diretamente a reprodução e a produção leiteira. Sendo assim, os custos da mineralização
são pequenos perto dos benefícios que resultam.
Para identificar essa deficiência de minerais, o gestor da produção de leite deve estar
atento aos sinais subclínicos, como baixo ganho de peso, diminuição na produção de leite
e grande intervalo entre partos.
A mineralização da vaca seca deve ser feita com sal com baixo teor de sódio para
vacas em pré-parto, que contenha vitamina A e E, cálcio, magnésio, zinco, cobre e selênio,
nutrientes importantes que previnem uma série de distúrbios no metabolismo desses
animais, como a hipocalcemia (vaca caída).
Água
A água de qualidade e em quantidade é fundamental para a produção leiteira.
Implantar um sistema simples e eficiente de fornecimento de água aos animais aumenta a
lucratividade dos empresários do leite. Em muitas propriedades leiteiras, faz-se o uso de
água de poços e nascentes, mas, muitas vezes, essas fontes estão contaminadas ou não
estão protegidas adequadamente.
Bebedouros artificiais e móveis oferecem às vacas boa disponibilidade de água limpa
nos piquetes e com baixo custo de implantação, assim acresce a produtividade de leite,
além de evitar o acesso dos animais aos cursos de água. É importante o bebedouro ter
espaço suficiente para as vacas não precisarem disputar água, ou que os animais
dominantes impeçam o acesso dos dominados.

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