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METABOLISMO DE CARBOIDRATOS NOS RUMINANTES

Kyone Oliveira
Zootecnista, M. Sc.
ROTEIRO DA AULA DE HOJE
» 1 Introdução

♠ Formados por C, H e O;

♠ Categoria abundante em termos de nutrientes nas plantas;

♠ As forragens na alimentação dos ruminantes;

♠ Retribuição dos microrganismos que habitam o rúmen.


» 2 Função dos carboidratos

♠ Principal  Fonte de energia;


♠ Em ruminantes a maior parte da digestão ocorre no rúmen;
♠ Depende dos ingredientes das dietas.

Rápida disponibilidade

Acervo Pessoal.
» 3 Caracterização dos carboidratos

♠ Localização dos carboidratos na células vegetais;


Conteúdo Celular
Açúcares Solúveis
Amido
Frutosanas

Lamela Média
Pectina
Parede Celular
Celulose
Hemicelulose
Pectina
Lignina (Composto fenólico)
» 3 Caracterização dos carboidratos

♠ Divisão em estruturais e não estruturais;


♠ CE: encontrados na parede celular (PC) dos vegetais e dão sustentação
para o crescimento da planta;
♠ CNE: encontrados no conteúdo celular (maiores concentrações nas
sementes, folhas e hastes) e representam reservas de energia usadas
principalmente em períodos de estresse, ex: glicose, frutose, sacarose,
amido, frutosanas.
» 3 Caracterização dos carboidratos

♠ Nutricionalmente  Fibrosos (CF) e Não fibrosos (CNF);


Pectina
♠ Os CNF Amido
Açúcares

♠ Os CF Celulose
Hemicelulose
Acervo Pessoal. Acervo Pessoal. Acervo Pessoal.
Acervo Pessoal.

» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS


ESTRUTURAIS
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ CELULOSE;
♠ Principal substância fibrosa da PC e carboidrato mais abundante nos
vegetais superiores;
♠ É digerida apenas pelos microrganismos do rúmen;
♠ Grau de aproveitamento pelo ruminante varia de 20 a 90% variando
principalmente em função do grau de lignificação da planta.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ Lignina é resistente ao ataque das bactérias e dificulta a “ruptura”


da celulose ligada a ela;
♠ Pode ser digerida até 80% da celulose de uma forragem tenra (≤
5% de lignina);
♠ Forragem madura (10% de lignina) a proporção de celulose
digerida é ≤ 60%.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ HEMICELULOSE;
♠ Envolve as microfibrilas de celulose;
♠ Presente em grande quantidade nas plantas forrageiras tropicais
(exceto leguminosas);
♠ Digerida apenas por microrganismos do rúmen e não é digerida
pelo animal;
♠ Sua digestibilidade é proporcional à digestibilidade da celulose
e é inversamente proporcional à lignificação.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ Os níveis de carboidratos estruturais são bem mais elevados em gramíneas do que


em leguminosas, e no caule em relação às folhas;
♠ Com o avançar da maturidade, verificam-se aumentos nos teores de carboidratos
estruturais e redução nos carboidratos de reserva, o que depende, em grande parte,
das proporções de caule e folhas;
♠ Isso se reflete na digestibilidade da forragem, que declina de maneira especialmente
mais drástica para as gramíneas do que para as leguminosas.
♠ (REIS; RODRIGUES, 1993)

Acervo Pessoal. Acervo Pessoal. Acervo Pessoal.


» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ 4.1 Propriedade físicas da fibra;

♠ Qualidade da forragem;
♠ Atributos físicos:
♠ Podem ou não estar relacionadas as
Frações químicas; Acervo Pessoal.

– Esses atributos incluem densidade física, capacidade de troca de cátions,


capacidade de hidratação, taxa de fermentação.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ 4.1 Principais bactérias envolvidas no processo de digestão de


carboidratos;
♠ Os ruminantes apresentam microbiota complexa;
♠ Bactérias, fungos e protozoários;

♠ Distribuição: fase sólida e líquida do conteúdo ruminal;

♠ Rota “compartimental”.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

Tabela 1 – Classificação das principais bactérias e fungos associados a fração fibra, presentes no rúmen.

Microrganismos Espécie Digere


Celulolíticas Ruminococcus flavefaciens Celulose
Ruminococcus albus
Butyrivibrio fibrisolvens
Hemicelulolíticas Butyrivibrio fibrisolvens Hemicelulose e Pectina
Ruminococcus flavefaciens
Streptococcus flavefaciens
Utilizadoras de açúcares simples Ruminococcus flavefaciens Glicose, Celobiose, Sacarose e Maltose
Lactobacillus ruminus
Treponema bryanti
Lactobacillus frontalis
Fungos Anaeróbios Neocallimatrix frontalis Celulose e Xilanas
Sphaeromonas communis
Fonte: Adaptado de Church (1993).
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ Protozoários;
♠ Número do rúmen: 105 a 106 células/mL;
♠ 2% do peso do conteúdo ruminal;
♠ Muito versáteis em sua capacidade de degradação;
♠ Fermentação de uma gama de substratos;
♠ Fungos anaeróbios.
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♠ 4.3 Fermentação microbiana dos carboidratos;

♠ A fermentação dos carboidratos é a principal fonte de energia (ATP)


para mantença e crescimento dos microrganismos;
♠ Origina Ácidos graxos voláteis que é a principal fonte de energia para
ruminantes (atendendo até 80% das exigências diárias);
♠ Independente do tipo de carboidrato, após sua ingestão são digeridos
por ação dos microrganismos em hexoses, pentose e ácidos urônicos.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ 4.4 ÁCIDOS GRAXOS VOLÁTEIS;


♠ Contém de 1 a 7 átomos de carbono.
♠ Formam cadeias lineares ou ramificadas.
♠ Principais: Ácido fórmico, acético, propiônico, butírico, isobutírico, hexanóico e
heptanóico.
♠ Predominantes: acético, propiônico, butírico (> 95%)
♠ Acetato é o que aparece em maior quantidade (maior que a soma de todos os outros ânions
orgânicos combinados)
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

RELAÇÃO MOLAR NORMAL

Acético Propiônico Butírico Dieta


65 25 10 Forragem
50 40 10 Concentrado
Fonte: Adaptado de Church (1993).
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ 4.6 Produção de metano;


♠ Variáveis que influenciam a produção de metano:
♠ Fatores nutricionais  quantidade e tipo de carboidratos na dieta;
♠ Presença de lipídios;
♠ fatores metabólicos:
♠ Taxa de passagem da digesta
♠ Fatores ambientais  manejo dos animais
♠ Estado fisiológico, tamanho corporal e principalmente a população
de microrganismos ruminais como protozoários e bactérias
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS

♠ 4.6 Produção de metano;


♠ Aumento do concentrado nas dietas;
♠ menores proporções de volumoso  devido a redução de fibra o que
aumenta a energia digestível do alimento e diminui o consumo.
♠ Manejo correto das pastagens;
♠ aumento da sua produtividade implicará em menores emissões de
metano, uma vez que também o pasto é grande fonte de sequestro de
carbono, ou ainda em outras palavras, beneficiador da diminuição do
metano no ar.
» 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS
Acervo Pessoal. Acervo Pessoal. Acervo Pessoal.
Acervo Pessoal.

» 5 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS


NÃO ESTRUTURAIS
» 5 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS

♠ 5.1 SACAROSE;
♠ Açúcar solúvel mais abundante de interesse nutricional
♠ Formado por glicose + frutose
♠ Fermentado rápida e completamente no rúmen
♠ Fermentação produz lactato além de outros AGV’s
♠ Fonte mais importante em países tropicais é a cana-de-açúcar (pode
apresentar até 48% de sacarose no colmo)

Fonte: http://iarl.com.br/site/item/35-cana-de-acucar
» 5 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS

♠ 5.2 AMIDO;
♠ É o mais importante carboidrato de
reserva vegetal;
♠ Armazenado nas raízes, caules, tubérculos
Acervo Pessoal.

e grãos;
♠ Grãos são a principal fonte na alimentação
humana e animal;
♠ Maioria das forragens possui baixa
quantidade de amido, exceto silagens de
Acervo Pessoal.
grãos.
» 5 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS

♠ A degradação ruminal do amido é extremamente variável, da


ordem de 40 a 90 %, dependendo de fonte, processamento e
outros fatores;
♠ Grãos de trigo, a aveia e a cevada são mais rápida e
extensamente fermentados no rúmen que o sorgo e o milho
(matrizes protéicas mais resistentes a degradação ruminal).
» 5 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS

Acervo Pessoal. Acervo Pessoal.

Acervo Pessoal. Acervo Pessoal.


» 5 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS

♠ PECTINA;
♠ Pectinas são polissacarídeos associados com a parede celular
(celulose e hemicelulose)
♠ São digeridas completamente no rúmen (90 a 100 %)
♠ Concentrações são altas em polpa cítrica, casca de soja e em
leguminosas e insignificantes em gramíneas
♠ Fibra solúvel
♠ A fermentação da pectina aumenta produção de acetato;
Acervo Pessoal. Acervo Pessoal. Acervo Pessoal.
Acervo Pessoal.

» 6 ROTAS DE FERMENTAÇÃO DOS


CARBOIDRATOS NO RÚMEN
Pectina Hemicelulose Celulose Amido Frutosanas Sacarose

Dextrina Frutose
Ácido Xilobiose Celobiose
Urônico
Maltose
Pentoses Hexoses
Amilose +
Amilopectina
microbiana
Xilulose Ciclo das
Pentoses Glicose

Formato Lactato
Piruvato

CO2 + H2 Acetil-CoA Acrilato


Oxloacetato

CH4 Etanol
Acetato Butirato Propionato
» 6 ROTAS DE FERMENTAÇÃO DOS CARBOIDRATOS NO RÚMEN

♠ 6.1 ACETATO
♠ Principal ácido graxo produzido no rúmen;
♠ 75%  Dietas ricas em volumoso
♠ 50%  Dietas ricas em concentrado;
♠ O acetato é a fonte mais importante de energia metaboli
´zavel para o ruminante;
♠ Principal substrato usado na lipogênese
Pectina Hemicelulose Celulose Amido Frutosanas Sacarose

Dextrina Frutose
Ácido Xilobiose Celobiose
Urônico
Maltose
Pentoses Hexoses
Amilose +
Amilopectina
microbiana
Xilulose Ciclo das
Pentoses Glicose

Formato Lactato
Piruvato

CO2 + H2 Acetil-CoA Acrilato


Oxloacetato

CH4 Etanol
Acetato Butirato Propionato
» 6 ROTAS DE FERMENTAÇÃO DOS CARBOIDRATOS NO RÚMEN

♠ 6.2 PROPIONATO

♠ Duas vias conhecidas de conversão do piruvato a propionato;


♠ Formação do oxaloacetato e succinato  Mais ativa;
♠ Conversão do piruvato em lactato e o último em acrilato  Mais importante para
animais com dietas ricas em concentrado;

♠ O propionato absorvido é o principal substrato gliconeogênico (fígado e rins);


♠ Manutenção dos níveis plasmáticos de glicose;
Pectina Hemicelulose Celulose Amido Frutosanas Sacarose

Dextrina Frutose
Ácido Xilobiose Celobiose
Urônico
Maltose
Pentoses Hexoses
Amilose +
Amilopectina
microbiana
Xilulose Ciclo das
Pentoses Glicose

Formato Lactato
Piruvato

CO2 + H2 Acetil-CoA Acrilato


Oxloacetato

CH4 Etanol
Acetato Butirato Propionato
» 6 ROTAS DE FERMENTAÇÃO DOS CARBOIDRATOS NO RÚMEN

♠ 6.3 BUTIRATO

♠ A síntese do butirato:
♠ Acetato;
♠ Outros compostos que resultem em Acetil-CoA  piruvato ou glutamato;

♠ Acetato Sem benefícios para as bactérias;


♠ Resulta na regeneração de co-fatores oxidados  Prosseguimento do processo
fermentativo.
» 7 Produção de AGV’s em função da dieta

Fonte: Adaptado de Kozloski (2002).


» 8 Metabolismo dos AGV’s

♠ Os AGV, produtos finais da fermentação ruminal, são absorvidos


através da parede ruminal;
♠ A maioria do acetato e todo o propionato são transportados para o
fígado;
♠ A maioria do butirato é convertido na parede ruminal em corpos
cetônicos chamados de β -hidroxibutirato.
» 8 Metabolismo dos AGV’s

♠ A maior parte do propionato é convertida em glicose no fígado;

♠ O fígado pode utilizar aminoácidos para a síntese de glicose;


♠ A glicose formada durante a digestão intestinal é absorvida,
transportada para o fígado e contribui para o suprimento de
glicose para o ruminante;
» 8 Metabolismo dos AGV’s

♠ O tipo de fonte de carboidratos da dieta influencia a quantidade


e a proporção de AGV que são produzidos no rúmen;
♠ Suplementação com concentrados normalmente resulta em um
aumento da produção de AGV e no aumento do propionato e
diminuição do acetato.
» 9 Absorção pós-ruminal de carboidratos

♠ Os carboidratos que escapam a fermentação ruminal são absorvidos


de maneira semelhante ao que ocorre com os não ruminantes.
♠ Eles são quebrados a seus monossacarídeos por enzimas presentes no
lúmen intestinal e absorvidos pelas paredes do intestino,
particularmente do intestino delgado proximal (mais perto da boca).
RESUMO DA AULA DE HOJE

1. Conceituamos carboidratos quanto suas funções e características;


2. Descrevemos o metabolismo dos carboidratos estruturais e não estruturais;
3. Compreendemos os aspectos relacionados à digestão dos carboidratos,
4. Acompanhamos as rotas fermentativas dos principais AGV’s;
5. Falamos de produção de Metano;
6. Abordamos a necessidade de manter o ambiente ruminal estável;
7. Finalizamos com a absorção pós ruminal e utilização dos ruminantes.
Kyone Oliveira, M. Sc.

OBRIGADA!
kyoneoliveira@gmail.com

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