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MOSSORÓ – RN
2024
Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
Centro de Ciências Agrárias – CAA
Medicina Veterinária
Docente: Genilson Fernandes de Queiroz
Disciplina: Fisiologia Animal II
Ruminantes são aqueles animais que apresentam em seu sistema digestório câmaras
fermentativas denominadas pré-estômagos, conhecidas como retículo, rúmen, omaso e
o “estômago verdadeiro”, abomaso. Possuem sua alimentação fundamentada no
consumo de plantas (fibras), denominados herbívoros, cujos principais carboidratos
estruturais são a celulose, hemicelulose e pectina. Além disso, a fibra apresenta lignina,
outro componente estrutural presente nos tecidos vegetais que dependendo da
quantidade ingerida desse complexo polimérico, o animal pode apresentar dificuldades
durante a digestão, tendo em vista que essa fração é considerada antinutricional e
indigestível.
MICRORGANISMOS RUMINAIS
MICRORGANISMOS RUMINAIS X PH
FERMENTAÇÃO DE CARBOIDRATOS
Além das fibras, na dieta dos ruminantes, tem-se a presença de proteína bruta, que é
degradada por bactérias proteolíticas (representam de 12 a 38% do total de
microrganismos). No rúmen cerca de ½ da proteína é degradada por microrganismos
( sendo equivalente a fração degradável, PDR) que secretam enzimas (protease,
peptidases e desaminases), as proteases microbianas agem de forma extracelular e são
em sua maioria endopeptidases, que estão associadas a membrana formando peptídeos
de cadeia curta como produtos finais, que são absorvidos pelos microrganismos e são
quebrados em aminoácidos, podendo ser utilizados na formação da proteína microbiana
ou digeridos pelo microrganismo, as deixando desaminadas, essa fração sem amina é
formada por ácidos metabólicos, que são fermentados em ácidos graxos voláteis
ramificados, e por amônia, que é utilizada na síntese proteica. As que não foram
degradadas no rúmen sofrem hidrólise pelo trato gastrointestinal. Por fim, a reciclagem
de proteínas dos microrganismos mortos apresenta alto valor biológico maior que as
proteínas vegetais da dieta, não sendo degradáveis no rúmen (PNDR).
Os metabólitos lipídicos são originados das estruturas das folhas e nos lipídeos de
estocagem nas sementes oleaginosas, seu metabolismo envolve 2 processos dependendo
do tipo de lipídio: hidrólise e biohidrogenação (realizado pelos microrganismos). Podem
ser divididos em:
● Lipídeos Esterificados: saturados (ligações simples) e sofrem o processo de
hidrólise luminal, a título de exemplo temos, triglicerídeos, fosfolipídeos e
galactolipídeos que são hidrolisados pelas lipases bacterianas em açúcares e
gliceróis, produtos esses fermentados a AGV. Assim os lipídeos esterificados
são sintetizados por microrganismos e transformados em ácidos graxos trans.
● Lipídeos Não Esterificados ou livres: são insaturados e sofrem o processo de
biohidrogenação, como exemplo temos os ácidos graxos insaturados oléico,
linoléico e linolênico, sendo sintetizados e transformados em ácidos graxos
cis. Esses ácidos insaturados recebem H+ e são convertidos em ácidos
esteáricos que são absorvidos no intestino.
A gordura animal irá apresentar ácidos graxos tanto cis como trans, e ambas as
formas irão implicar na dieta, principalmente no acumulo desses acidos nos músculos
dos ruminantes. A título de curiosidade os humanos estocam as duas formas mais
catabolizam principalmente a cis. Vale ressaltar também que para a metabolização dos
lipídios é essencial a ação detergente (emulsificação) e a formação das micelas para
uma absorção eficaz desse metabólito.
RUMINAÇÃO
Tendo em mente tudo que foi abordado, vale discutir sobre a visão mais geral na da
fermentação dos ruminantes, bem como a ruminação. Sob esse viés entende-se como
ato de remastigar a ingesta do rúmen, animais que apresentam esse mecanismo
fisiológico são denominados ruminantes verdadeiros, como exemplo, girafas, cervos e
bovídeos. A dieta desses animais juntamente com o ato da ruminação estimula a
salivação e intensifica a quebra do alimento, por ação mecânica (na cavidade oral) e
microbiana (nos pré- estômagos), esse mecanismo se dá por meio de alguns processos,
sendo eles:
● Regurgitação: Inicia imediatamente antes da contração do rúmen, com o aporte
de um esforço inspiratório.
● Elevação do palato mole e língua: Para isolar a nasofaringe da
orofaringe.
● Contração extra do retículo: Relaxando o cárdia
● Movimento inspiratório mais glote fechada: cria uma pressão negativa no tórax
que direciona o alimento para o esôfago.
● Alimento no esôfago: Ocorre uma onda peristáltica reversa que
propulsiona o alimento para a boca.
OMASO
NEONATOS
Para finalizar, vale destacar que o TGI dos neonatos ruminantes não apresenta a
mesma proporção vista nos ruminantes adultos, onde o rúmen e o abomaso no adulto
equivale respectivamente a 80% e 7% da capacidade máxima e no neonato 25% e 60%,
evidenciando que os neonatos apresentam uma ingestão limitada de forragem, pois
iniciam sua dieta exclusivamente com o colostro e leite materno, essa dieta inicial não
pode ser fermentada, ou seja, não é para transitar os pré-estômagos (rúmen, retículo e
omaso), para tal desvio do alimeto, do esofago diretamente para o abomaso, é
indispensável o ideal funcionamento da goteira esofágica ( estrutura muscular da união
dos
lábios do sulco rumino-reticular) um canal tubular que direciona o conteúdo direto
ao abomaso por meio de um reflexo nervoso ativado pela ingestão de leite, que leva
a contração muscular e formação do sulco esofágico, evitando a fermentação do
leite.
Discentes corretores:
Amanda Emilly Costa Camilo, Ana Caroline de Lima Silva, Kaio Davy Bernardino
de Lima, Tereza Valeska Cavalcante Silva.