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METABOLISMO DE LIPÍDEOS NO RÚMEN

Kyone Oliveira
Zootecnista, M. Sc.

Paragominas - PA
2016 CAMPUS PARAGOMINAS
ROTEIRO DA AULA DE HOJE
» 1 Introdução

22 % do território brasileiro é ocupado por


pastagens
Acervo Pessoal

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» 1 Introdução

Acervo Pessoal

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» 1 Introdução

 Apesar da necessária moderação no seu uso em dietas


para ruminantes, em função dos seus potenciais efeitos
negativos na fermentação ruminal, os lipídeos são
componentes essenciais à vida. A gordura é importante
para os ruminantes;

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Fonte: https://revistavivasaude.uol.com.br
» 1 Introdução

♠ A inclusão de gordura na dieta, por sua vez, pode ser interessante,


pois:
♠ É uma fonte densa de energia, pois enquanto carboidratos têm cerca
de 4 Mcal/kg, a gordura tem 9 Mcal/kg
♠ É fonte de ácidos graxos essenciais;
♠ Melhora a absorção de vitaminas lipossolúveis;
♠ Melhora a eficiência energética das dietas;
♠ Reduz o fino (pó) das rações.
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» 1 Introdução

Acervo Pessoal

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» 1 Introdução

Fonte: https://revistavivasaude.uol.com.br

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» 2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

♠ Gorduras ou lipídeos;
♠ Substâncias insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos;
♠ Isso inclui muitas substâncias, mas para a nutrição animal, a principal
classe de interesse são os ácidos graxos;
♠ Correspondem a 90% dos triglicerídeos;
♠ Principal forma de armazenamento de lipídeos, tanto para plantas, como
para animais.

TRIGLICERÍDEOS

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» 2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

♠ Quanto à presença de duplas ligações (insaturações), os ácidos


graxos são classificados em três grupos:

Saturados: HC3 – CH2 – ... – CH2 – CH2– CH2– CH2 – CH2 –COOH
C 18:0
Monoinsaturados: HC3 – CH2 – ... – CH2 = CH2– CH2– CH2 – CH2 –COOH
C 18:1
Poliinsaturados: HC3 – CH2 – ... – CH2 = CH2– CH2– CH2 = CH2 –COOH
C 18:2

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» 2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

Tabela 1 - Descrição de ácidos graxos usuais em alimentos de ruminantes e ponto de fusão correspondente.

Àcido Graxo Esqueleto Carbônico Cadeia com: Ponto de fusão C


Mirístico 14:0 14 C e sem instauração 53,9
Esteárico 18:0 18 C e sem instauração 69,6
Oleico 18:1 c,9 18 C e uma insaturação no C9 na forma cis 69,6
Vacênico 18:1 t,11 18 C e uma insaturação no C11 na forma trans 40,0
Linoleico 18:2, c9,c12 18 C e insaturações no C9 e C12, ambas na -5,0
forma cis

Fonte: Adaptado de Medeiros et al. (2015).

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» 2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

♠ 2.1 ÓLEOS DE ORIGEM VEGETAL;


♠ São gorduras obtidas das plantas  Quase exclusivamente sementes;
♠ Compostos principalmente por glicerídeos de ácidos graxos;

♠ Podendo conter baixas quantidades de fosfolipídios, constituintes insaponificáveis e


ácidos graxos livres;
♠ São substâncias hidrofóbicas e lipofílicas;

♠ Se apresentam em estado líquido e viscoso nas condições normais de temperatura e


pressão, devido ao baixo ponto de fusão.

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» 2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

♠ Os óleos vegetais contêm alta proporção de ácidos graxos


insaturados em relação aos saturados, e uma digestibilidade
aparente mais alta que as fontes lipídicas de origem animal;

Fonte: www.amazonoil.com.br
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» 3 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS


» 3 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS

♠ Elementos da parede celular;

♠ Essenciais para o transporte, absorção e metabolismo


AG, sódio e potássio;

♠ Participantes da coagulação sanguínea;

♠ Reservatórios de AG essenciais e de fosfatos.


» 3 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS

♠ Os animais tem exigências específicas de ácidos graxos essenciais


como componentes das membranas celulares e precursores das
moléculas regulatórias (prostaglandinas e componentes afins);
♠ Supridas com 1% MS da ração  2% da energia metabolizável;
♠ As exigências de animais mais jovens em crescimento são
maiores do que a de animais adultos.
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» 3 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS

• Quando representa mais de 10% da energia metabolizável, em


muitas espécies, o consumo tende a declinar;
• Limites metabólicos de utilização da gordura Oxidação e
armazenamento no tecidos;
• Exceções importantes  gema do ovo e gordura do leite;

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» 3 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS

♠ Uso de quantidades maiores de lipídeos:


♠ Usadas em rações quando a ingestão é baixa  ambientes com altas temperaturas;
♠ Consumo de energia é alto  momentos de exercícios;
♠ Climas frios;
♠ Lipídeos tem incremento calórico mais baixo que carboidratos e proteínas 
aumento da ingestão de lipídeos aumenta a ingestão de energia em ambientes
quentes.

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» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS NO RÚMEN


» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

• 4.1 LIBERAÇÃO DE GORDURAS

• Metabolismo limitado pela taxa de liberação da matriz do alimento 


Grãos e cereais (Germe);
• Necessidade de degradação da parede celular para o início da hidrólise;

• Processo semelhante  glicerídeos de sementes de oleaginosas.

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» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

♠ Os lipídios provenientes da alimentação podem ser extensivamente

alterados  lipólise e biohidrogenação;

♠ Diferenças marcantes entre o perfil de ácidos graxos da dieta

(insaturados) e o perfil dos lipídios que deixam o rúmen (saturados);

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» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

Figura 1 – Degradação de lipídeos pelas bactérias ruminais.

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Fonte: Adaptado de Kozloski (2009).
» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

Figura 1 – Degradação de lipídeos pelas bactérias ruminais.

23
Fonte: Adaptado de Kozloski (2009).
» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

Figura 2 – Possíveis via de biohidrogenação de ácidos linoléico e linolênico.

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Fonte: Adaptado de Destaillats et al. (2005).
» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

Figura 3 – Metabolismo de lipídeos e origem do ácido linoleico conjugado nos produtos finais.

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Fonte: Adaptado de Tanaka (2005).
» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

♠ O ácido cis-9, trans-11 pode escapar da biohidrogenação completa no


rúmen;
♠ Ser absorvido no trato digestivo e transportado para os tecidos via
circulação;
♠ Algumas características da dieta (fornecimento de baixa fibra ou de
baixa efetividade física) podem favorecer uma queda no pH ruminal;
♠ Afetar a biohidrogenação, resultando em maior fluxo de ácidos graxos
poliinsaturados para o duodeno.
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» 4 METABOLISMO DE LIPÍDEOS EM RUMINANTES

A concentração de isômeros de CLA


presentes na carne ou no leite de
ruminantes varia dependendo do
alimento que os animais estão
consumindo.

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» 5 MODIFICAÇÕES NA FERMENTAÇÃO RUMINAL

P. Maximum cv. Mombaça.


Existem duas teorias associadas a modificação da fermentação ruminal pela alta inclusão
de gordura na alimentação:

1ª  ácidos graxos insaturados em grandes quantidades, recobririam com cobertura


hidrofóbica as partículas de alimento e/ou as células bacterianas, reduzindo a ação dos
microrganismos e a digestibilidade da fibra.

2ª  existência de efeito tóxico direto dos ácidos graxos aos microrganismos, onde esses
se incorporam na membrana das bactérias e, desta forma, alteram sua permeabilidade e
fluidicidade.
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» 5 MODIFICAÇÕES NA FERMENTAÇÃO RUMINAL

A fermentação é resultante de
conjunto de atividades físicas e
microbiológicas que transformam
os constituintes da dieta em
produtos considerados úteis aos
animais, e inúteis, como o gás
metano.

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» 5 MODIFICAÇÕES NA FERMENTAÇÃO RUMINAL

♠ Desta forma, o uso de óleo nas rações pode proporcionar


efeitos desejáveis:
♠ Inibição da produção de metano e amônia no rúmen;
♠ Aumento na eficiência de síntese microbiana;
♠ Aumento na síntese de propionato.

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» 6 ALTERAÇÕES NA INGESTÃO DE MS E DIGESTIBILIDADE

♠ Acredita-se que as fontes de gordura menos insaturadas sejam menos


problemáticas do que fontes mais insaturadas;
♠ A inclusão de óleo desde que associada a determinados ingredientes,
estimulantes do desenvolvimento bacteriano, não implicaria em
alterações muito severas no processo digestivo dos animais;
♠ Dieta basal  alta proporção de forragem  máxima biohidroenação.

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» 7 ABSORÇÃO DE LIPÍDEOS

No intestino entra uma emulsão


grosseira que vem do estômago e se
mistura com o suco biliar e o suco
pancreático. A lipólise ocorre por
ação das lipases do suco pancreático
sobre os triglicerídeos (TAG)
produzindo diacilgliceróis (DAG),
monoacilgliceróis (MAG) e ácidos
Fonte: http://www2.ibb.unesp.br/
graxos livres (AGL).

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» 8 METABOLISMO PÓS-ABSORTIVO

♠ A melhora da eficiência energética de ruminantes com o aumento da


quantidade lipídeos até o limite recomendado de inclusão ocorre, pois:
• O uso pelo animal de ácidos graxos pré-formados dispensa a síntese de
novo a partir do acetato e, consequentemente, evita a parte do incremento
calórico (perda de energia como calor) associado a esta rota metabólica;
• A geração de energia por oxidação de ácidos graxos de cadeia longa é
cerca de 10% mais eficiente que a oxidação de acetato.
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» 9 SÍNTESE DE GORDURA PELO RUMINANTE

♠ Na questão da síntese de gordura em ruminantes, há duas diferenças


principais em relação aos não ruminantes:
♠ O acetato proveniente da fermentação ruminal é o principal precursor dos
ácidos graxos na maioria dos depósitos de gordura, em vez da glicose;
♠ O tecido adiposo é o principal local de síntese da gordura, e não o fígado.

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» 9 SÍNTESE DE GORDURA PELO RUMINANTE
Figura 4 – Teores dos ácidos graxos em 3 situações: antes da ingestão, no duodeno (digesta) e o marmoreio resultante.
60
52.31 51.14
50
41.3
40
TEOR (%)

30
20.46
20 17.46
10.25
10 6.19
2.21 3.9
0
DIETA DIGESTA MARMOREIO
Esteárico Oleico Linoléico
Fonte: Adaptado de Duckett (2000).

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» 9 SÍNTESE DE GORDURA PELO RUMINANTE

♠ Na absorção, há seletividade, pois os ácidos graxos insaturados (AGI) não


ficam disponível para o tecido adiposo;
♠ Os AGI são depositados, preferencialmente nas membranas celulares;
♠ Está é uma estratégia de economia de ácidos graxos essenciais que seriam
mais preservados;
♠ Pois os ácidos graxos do tecido adiposo são mobilizados todas as vezes que o
animal fica em balanço energético negativo.

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» 9 SÍNTESE DE GORDURA PELO RUMINANTE

As respostas produtivas
Acervo Pessoal à suplementação deAcervo
gordura
Pessoal nas dietas de vacas em Acervo Pessoal

lactação dependem da dieta basal, do estágio de lactação, do balanço energético,


da composição e quantidade da fonte de gordura utilizada.

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» 9 SÍNTESE DE GORDURA PELO RUMINANTE

♠ 9.1 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS;


♠ Não são produzidos fundamentais para a vida;

♠ Não ocorrem dessaturações acima do carbono 9 pois, nos vertebrados, esse sistema
enzimático está ausente. Portanto, ácidos graxos com insaturações acima do C9 são
provenientes da gordura ingerida pela dieta e/ou da mobilização de reservas. Por
esse motivo, os ácidos linoleico (ALO) e linolênico (ALN) são considerados ácidos
graxos essenciais.

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» 9 SÍNTESE DE GORDURA PELO RUMINANTE

• 9.2 GORDURA PROTEGIDA (BY PASS);


1. Composta basicamente pelos ácidos graxos essenciais,
linolênico e linoleico;
2. Apresenta aproximadamente 6,52Mcal/kg de Energia Bruta, o
que corresponde a um valor três vezes maior que a energia do
milho;
3. Não prejudica o consumo e não reduzem a digestibilidade 
absorção apenas a nível de abomaso.

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RESUMO DA AULA DE HOJE

1. Utilização das forragens e seu baixo teor de EE;


2. Importância e funções dos lipídeos;
3. Ácido Linoléico Conjugado (CLA);
4. Metabolismo: lipólise e biohidrogenação;
5. Modificação da fermentação ruminal: cobertura hidrofóbica e efeito tóxico
dos ácidos graxos aos microrganismos;
6. Absorção e síntese da em produtos;
7. Acidos graxos essenciais e gordura by pass.
ATIVIDADE PARA PROXIMA AULA

1. Debate sobre a utilização de resíduos de oleaginosas


amazônicas na suplementação, a pasto, de ruminantes.

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OBRIGADA!
Kyone Oliveira, M. Sc.
kyoneoliveira@gmail.com
Agropecuária São Sebastião. Acervo Pessoal

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