Pré-Estômagos - Histologia e Embriologia Veterinária
março de 2021 - Gabriella Mendes
Os pré-estômagos são órgãos presentes
em todos os animais ruminantes. A
ruminação é o ato de remastigação do
alimento. Fazem parte do grupo de
ruminantes:
- Bovino, bubalino, caprino, ovino,
girafa e veado e outros.
O ventrículo gástrico dos ruminantes é
classificado por estômago composto,
devido a existência dos pré-estômagos
antes do estômago verdadeiro que é o
abomaso. No abomaso ocorre a
digestão química glandular (semelhante
a dos monogástricos). Antes do alimento
chegar ao abomaso ele passa pelos pré
estômagos:
- Rúmen, retículo, omaso (digestão
química fermentativa e mecânica).
- Abomaso (digestão química
glandular).
O trajeto do alimento segue a seguinte
ordem:
- alimento é mastigado na
cavidade oral, segue para o
esôfago, rúmen (digestão
mecânica e fermentativa e depois
esse alimento é direcionado para
o retículo, logo depois esse
alimento sofre regurgitação e
retorna à cavidade oral, segue
pelo esôfago, a musculatura do
esôfago gera ondas peristálticas
reversas que levará esse alimento
de volta a cavidade oral, por
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conseguinte será ruminado. Em
seguida, esse alimento retorna
passando para o esôfago, depois
para o retículo, omaso, abomaso
e intestinos.
OBS: Regurgitação é o retorno do
alimento do retículo para a cavidade
oral. A ruminação é a remastigação do
alimento na cavidade oral.
Hospedeiro x Microbiota
No rúmen ocorre digestão química
fermentativa que envolve a atuação das
enzimas da microbiota que se
estabelece no rúmen. Ocorre também a
digestão mecânica, que é a quebra
mecânica do alimento ingerido a partir
dos movimentos misturadores do rúmen
para quebrar em partículas menores.
A digestão química fermentativa envolve
a atuação de enzimas hidrolíticas e
também enzimas que são utilizadas para
oxidação anaeróbia ( todas as enzimas
são provenientes da microbiota).
A microbiota ao atuar no alimento
ingerido pelo ruminante irá fermentar
esse alimento por meio da digestão
química fermentativa e gerar AGV’s
(ácidos graxos voláteis), os quais serão
utilizados como fonte de nutriente pelo
ruminante. Os três principais AGV’s são:
- Acetato ou ácido acético
- Propionato ou ácido propiônico
- Butirato ou ácido butírico
No retículo e no omaso ocorre digestão
mecânica. Eles possuem estruturas para
tornar o alimento uma massa finamente
particulada e vão absorver os AGV’s.
Componentes da Microbiota:
- Bactérias, protozoários, fungos,
micoplasmas e bacteriófagos.
(equilíbrio entre si e com o
ruminante)
A digestão química glandular ocorre no
abomaso e envolve o ácido clorídrico
(HCl) e enzimas secretadas pelas
glândulas gástricas do abomaso que
vão constituir o suco gástrico.
Sinergismo ou Simbiose
O hospedeiro e a microbiota possuem
uma relação de sinergismo ou simbiose,
entre si. Vejamos:
- Hospedeiro (ruminante)
proporciona para a microbiota:
ambiente anaeróbio, temperatura
(38 a 40ºC), pH adequado,
suprimento alimentar.
- Microbiota proporciona para o
hospedeiro: enzimas, degradação
de celulose, proteínas e lipídeos-
AGV e proteína microbiana,
síntese protéica a partir de fontes
não-protéicas, síntese de
vitamina B, fonte direta de
nutrientes (movimento aboral) -
sentido do ânus/ Microbiota é
renovada e quando elementos da
microbiota morrem são
direcionadas em sentido aboral.
Ao se dirigir para o abomaso vai
ocorrer a digestão dela por meio
do suco gástrico de tal forma que
o ruminante consiga extrair
nutrientes.
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Parte histológica:
O Rúmen apresenta em sua mucosa
papilas ruminais. Já o retículo apresenta
pregas em sua mucosa, e cada prega é
chamada de célula reticular. Além disso,
o omaso apresenta lâminas omasais e o
abomaso apresenta mucosa úmida com
algumas pregas e glândulas gástricas
tal como nos monogástricos.
Características Macro e Microscópicas:
Rúmen: as papilas ruminais são
projeções da camada mucosa e são
formadas por um epitélio estratificado
pavimentoso queratinizado (absorção de
AGV’s) sustentado por uma lâmina
própria. Os pilares do rúmen (vistos
macroscopicamente) contribuem para a
movimentação do alimento dentro do
rúmen). A microbiota ruminal fica
protegida pelas papilas ruminais e se
aloja entre elas. Deste modo, as papilas
protegem a microbiota. Sustentando as
papilas há a lâmina própria, camada
muscular da mucosa está AUSENTE no
rúmen, camada submucosa, camada
muscular interna, camada muscular
externa, plexo mioentérico entre estas
duas musculares e camada serosa.. A
mucosa do rúmen é aglandular, isto é,
NÃO possui qualquer tipo de glândula
Retículo: Apresenta pregas, cada prega
forma células reticulares (reduzem o
tamanho da partícula do alimento), as
células reticulares são formadas por
papilas menores intercaladas por
papilas maiores (epitélio estratificado
pavimentoso queratinizado), lâmina
própria, camada muscular da mucosa
somente no ápice das papilas,
submucosa, camada muscular interna,
camada muscular externa, plexo
mioentérico entre as duas camadas
musculares, serosa. Possuem músculo
liso somente no ápice das papilas
(camada muscular da mucosa)
Omaso: rico na vascularização, possui
lâminas omasais (aspecto de folhas),
epitélio estratificado pavimentoso
queratinizado, lâmina própria, muscular
da mucosa em toda a extensão das
lâminas omasais, submucosa, camada
muscular interna que se insinua para
dentro das lâminas omasais, camada
muscular externa, plexo mioentérico
entre essas duas camadas musculares e
serosa. O músculo que sustenta a lâmina
omasal é formado por M. da camada
muscular da mucosa e da camada
muscular interna. Apresenta lâminas
muito alongadas.
Digestão Fermentativa, abomaso e
animais com ceco funcional
Os resultados da fermentação são:
- água, CO2, metano, ácido lático,
ácido acético, ácido propiônico e
ácido butírico
Os AGV’s são o principal fator que
estimula o desenvolvimento das papilas
ruminais.Os ácidos graxos voláteis são
absorvidos no rúmen, retículo e omaso.
Os tipos de AGV’s variam de acordo com
a dieta do animal. A utilização desses
também varia como o ácido acético que
é utilizado para elaboração de lipídeos
tanto no tecido adiposo, muscular e
glândula mamária. O ácido propiônico e
butírico vão ao fígado e são utilizados
para a produção de glicose e corpos
cetônicos, respectivamente.
O padrão de motilidade dos
pré-estômagos envolve vários
movimentos com três objetivos:
1- Mistura (contrações primárias)
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2- Regurgitação (contrações
primárias)
3- Eructação (contrações
secundárias)- eliminar gases
- 40L. de gás/ hora
- ar expirado
O acúmulo de gases é identificado como
timpanismo ruminal- acúmulo anormal
de gás no rúmen.
O abomaso é glandular e possui
digestão química glandular. O HCl
(ácido clorídrico) é produzido por
células parietais, já as enzimas são
produzidas pelas células zimogênicas. A
Mucosa deste órgão não é
queratinizada.
Equino (ceco funcional)
Possui ceco desenvolvido. É um
fermentador pós-gástrico, pois sua
câmara de fermentação é o ceco, que
está situado após o estômago. O ceco
possui microbiota que irá fazer a
fermentação, vão disponibilizar
nutrientes ao equino.
Coelho e Capivaras
Fermentadores pós-gástricos. Cecotrofia
- alimento digerido parcialmente e
fermentado no ceco e que retorna à
cavidade oral para ser melhor
aproveitado. Para isto, o alimento é
eliminado através do ânus e reingerido
pelo animal.
Eles ingerem o cecotrofo, que se
apresenta revestido por uma camada de
muco, aproveitando os seguintes
nutrientes:
 - Proteínas, vitaminas do complexo
B, vitamina K, ácidos graxos
voláteis.

OBS: Eles NÃO ingerem fezes, mas

ingerem cecotrofos, logo, praticam
cecofagia ou cecotrofia ou cecotrofagia
(todos estes são termos sinônimos).