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1. Introdução...................................................................... 3
2. Carboidratos................................................................. 7
3. Proteínas......................................................................13
4. Lipídeos........................................................................18
5. Água e eletrólitos......................................................24
6. Funções metabólicas do fígado..........................28
7. Metabolismo da bilirrubina....................................30
8. Processamento da amônia...................................34
Referências bibliográficas .........................................38
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 3
Pepsina,
lipase gástrica Enzimas luminais
Amilase, tripsina,
quimiotripsina,
carboxipeptidases, lipase,
fosfolipase A2, colesterol
Endopeptidase esterase, elastase, ribo e
desoxirribonucleases
Dissacaridases: maltase,
Enzimas da borda sacarase, lactase e
em escova isomaltase
Lúmen intestinal
Vilosidades Vilosidades
(0,5 a 1mm) Aumento 10x
Epitélio de revestimento
Endotélio capilar
Figura 2. A. Esquemas de cortes longitudinais do delgado que mostram as dobras de Kerckring, visíveis a olho nu. B.
Vilosidades. C. Epitélio contínuo das vilosidades, seus ápices e as criptas. D. Enterócito com as microvilosidades da
membrana luminal. 1, compartimento luminal; 2, compartimento intracelular ou intraepitelial; 3, compartimento intersti-
cial; 4, compartimento vascular. (Fonte: Aires, 2018)
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 6
Sangue
Água
Junções ocludentes
Mucosa intestinal
Cruzamento da
Suco salivar
membrana apical
Enterócitos Potencializam
Suco pancreático Dobras longitudinais
a absorção
Sangue
Membrana apical do
epitélio intestinal
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 7
Amido
α-amilase
Glicose
Lactose Sacarose
lactase sacarase
SAIBA MAIS!
A intolerância a lactose é uma doença que pode ser congênita, acometendo recém-nasci-
dos, ou ser programada geneticamente, induzindo diminuição ou desaparecimento total da
lactase da borda em escova após o desmame. Predomina em negros e asiáticos, ocorrendo,
em menor proporção, em populações brancas. Sua frequência é alta na população brasileira,
provavelmente devido à miscigenação.
Como a lactase não é digerida, ela permanece no lúmen intestinal, podendo causar um es-
pectro de sintomas gastrintestinais, como: diarreia osmótica, distensão abdominal, cólicas e
flatulência, ou apresentar sintomas pouco definidos.
Diferentes fatores determinam as variações individuais dos sintomas na intolerância à lacto-
se: variações da velocidade de esvaziamento gástrico, tempo de trânsito intestinal e, princi-
palmente, a capacidade das bactérias do cólon de metabolizar a lactose (originando ácidos
graxos voláteis ou de cadeias curtas, CO2 e H2).
O tratamento de indivíduos com intolerância à lactose é feito por redução ou eliminação da
ingestão de leite e seus derivados, mas leite comercialmente tratado com lactase pode ser
utilizado.
Figura 5. Absorção de glicose, frutose e galactose no intestino delgado. (Fonte: Berne, 2009)
SAIBA MAIS!
A Síndrome de má absorção de glicose e galactose é uma doença de origem genética, bas-
tante rara, devido a múltiplas mutações que resultam em substituições de um único aminoá-
cido do cotransportador 2Na+-glicose ou galactose (SGLT1). Cada uma destas substituições
induz alterações que previnem o transporte de glicose e/ou galactose nos indivíduos afetados.
Os pacientes apresentam diarreia osmótica, consequente à má absorção das hexoses e de
Na+. Neste caso, a dieta não deve conter amido, glicose ou lactose. A frutose é bem tolerada.
As outras dissacaridases da borda em escova são normais. Os pacientes não apresentam
glicosúria, uma vez que o túbulo proximal do néfron tem as isoformas SGLT1 e SGLT2, ocor-
rendo, assim, reabsorção tubular normal de glicose, no rim.
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 12
Glicose Monossacarídeos
Transporte por difusão
Galactose
Absorvíveis Transportador GLUT5
na membrana apical
Frutos Frutose
Sacarose
Transportador GLUT 2
na membrana basolateral
Glicose Maltose
Maltotriose
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 13
Figura 6. Aminoácidos essenciais que não são sintetizados pelo ser humano e que devem ser obtidos pela dieta.
(Fonte: Berne, 2009)
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 14
Figura 7. Hierarquia das proteases e peptidases que funcionam no estômago e no intestino delgado para digerir as
proteínas da dieta. (Fonte: Berne, 2009)
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 16
Simporte com H+
Absorvíveis
Digestão
Aminoácidos
Estômago Intestino delgado
Dipeptídeos
Tripeptídeos
Enzimas da borda
Pepsina em escova
Oligopeptídeos
Secreção pancreática
Oligopeptídeos
Aminoácidos
Dipeptídeos
Tripeptídeos
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 18
SAIBA MAIS!
Alterações da digestão lipídica podem ocorrer por insuficiência pancreática, com diminuição
ou ausência da secreção de lipase pancreática. Neste último caso, cerca de 2/3 da gordura
da ingesta aparecem nas fezes (na forma de triglicerídeo). A diminuição da atividade das en-
zimas pancreáticas pode acontecer em várias condições, como pancreatite, fibrose cística ou
outras afecções pancreáticas. Alterações do pH luminal no delgado também podem inativar
a lipase pancreática ou mesmo desnaturá-la. Isso pode ocorrer em consequência de uma hi-
persecreção gástrica, como, por exemplo, no gastrinoma ou na síndrome de Zollinger-Ellison,
em que a gastrina plasmática está sempre elevada devido a um tumor pancreático secretor
de gastrina. Secreção insuficiente de bicarbonato pancreático, em caso de pancreatite, pode
também inativar a lipase pancreática.
Sais Sais
biliares biliares
Col Col AGL Col E
MG MG AGL TG Linfa
(ducto torácico)
LisoPL LisoPL AGL FL
Quilomícron
AGL AGL
Sais Sais
biliares biliares
Figura 10. Mecanismo de absorção de lipídios no intestino delgado. Legenda: Apo B, apoliproteína B; Col, colesterol;
Col E, éster de colesterol; AGL, ácido graxo livre; LisoPL, lisolecitina; MG; monoglicerídeos; FL, fosfolipídios; TG, triglice-
rídeos. (Fonte: Costanzo, 2015)
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 23
Solúveis na
Lisolecitina Absorvíveis Empacotamento em quilomícrons
forma de micelas
LIPÍDEOS
Lisolecitina e
Fosfolipídeos Fosfolipase A2
Ácido graxo
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 24
5. ÁGUA E
ELETRÓLITOS
A fluidez do conteúdo intestinal,
especialmente no intestino del-
gado, é importante para permitir
que a refeição seja propelida ao
longo da extensão do intestino e
para permitir que os nutrientes
digeridos se difundam para seus
sítios de absorção. Parte desse
fluido é derivado da ingestão
oral, mas, na maioria dos adul-
tos, isto consiste em apenas 1
ou 2L/dia derivados do alimen-
to e da bebida. Fluido adicional
é suprido pelo estômago e pelo
próprio intestino delgado, bem
como pelos órgãos que drenam
para o trato gastrointestinal. No
total, essas secreções adicio-
nam outros 8L, o que significa
que o intestino recebe quase 9L
de fluido por dia. Entretanto, em
indivíduos saudáveis, somente
em torno de 2L desse total pas- Figura 11. Balanço global do fluido no trato gastroin-
testinal humano. (Fonte: Berne, 2009)
sa para o cólon para reabsorção e,
eventualmente, apenas 100 a 200mL
saem na evacuação. Assim, o trans- o movimento da água pelas junções
porte de fluido fechadas.
pelo intestino enfatiza a absorção. O sódio consiste no principal eletró-
Durante o período pós-prandial essa lito do líquido extracelular; é absorvi-
absorção é promovida, predominan- do em todo o trajeto intestinal, embo-
temente, no intestino delgado via ra sua absorção diminua no sentido
efeitos osmóticos da absorção dos cefalocaudal, por redução da área ab-
nutrientes. Esse gradiente osmótico é sortiva. É altamente responsável pela
estabelecido através do epitélio intes- manutenção da volemia, estando en-
tinal, que, simultaneamente, impede volvido com os processos absortivos
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 25
Responsável pela
Principal íon do extracelular
manutenção da volemia
Sódio
ÁGUA E
ELETRÓLITOS
ÁGUA
Bile
Ingesta por via oral
Suco pancreático
Secreções intestinais
Fezes
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 27
Movimento do lúmen
para o sangue Suco salivar
Enzimas digestivas Fezes
Através Vias Suco gástrico
das junções Degradação química
ocludentes Paracelular Suco pancreático dos alimentos até Secreções intestinais
moléculas absorvíveis
Cruzamento Celular Enzimas da
da membrana borda em escova Secreções gástricas Suco pancreático
apical Mucosa Membrana apical
intestinal Digestão
do epitélio intestinal Secreção Bile
Vilosidades
Funções
metabólicas
do Fígado
Converte produtos
Armazena a glicose Única órgão que
do metabolismo dos
na forma de glicogênio sintetiza albumina
carboidratos em lipídeos
Liberação da glicose
Converte o colesterol Atua na síntese de
na corrente sanguínea
em ácidos biliares aminoácidos não essenciais
quando necessário
Atua na interconversão e
deaminação nas vias de
síntese de carboidratos
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 30
Formação
e secreção
da bile
Formação e
excreção da
bilirrubina
Pode se acumular
Capaz de atravessar
Dá coloração na circulação
Metabólito do heme a barreira
a bile e fezes sanguínea em
hematoencefálica
condições patológicas
Quando em
quantidades
Dá coloração a
Potencial Tóxico excessivas pode
pele - icterícia
causar disfunção
cerebral
Hepatócitos →
Bilirrubina age
como antioxidante
canalículos
hepáticos
metabolizada por bactérias que pro-
duzem urobilinogênio, que é reabsor-
vido, e urobilinas e estercobilinas, que
Fase Colônica da Bilirrubina são excretadas. O urobilinogênio ab-
sorvido, por sua vez, pode ser capta-
No cólon, a bilirrubina conjugada é do pelos hepatócitos e reconjugado,
desconjugada pela ação de enzimas o que dá a essa molécula mais uma
bacterianas, e a bilirrubina liberada é oportunidade de ser excretada.
Fase colônica
da bilirrubina
Ação de enzimas
Reabsorvido Excretado
bacterianas
Produção de
urobilirrubinogênio, Capturado por hepatócitos
urobilinas e estercobilinas
Reconjugado
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 34
SAIBA MAIS!
A quantificação da bilirrubina plasmática, bem como a determinação do tipo de bilirrubina
encontrado (conjugada ou não conjugada), constitui instrumento importante, para a avaliação
da doença hepática. A presença de bilirrubina não conjugada, a forma de bilirrubina que, na
prática, está totalmente ligada à albumina e não pode ser excretada na urina, reflete a defi-
ciência de UGT (ou retardo temporário e normal de sua maturação nos bebês), ou a oferta
excessiva e súbita de heme que sobrecarrega o mecanismo de conjugação (como ocorre nas
reações de transfusão e nos recém-nascidos, com sistema Rhesus incompatível). A bilirru-
binemia conjugada, por sua vez, é caracterizada pela presença de bilirrubina na urina. Como
consequência, a urina adquire coloração escura. Esse achado indica a presença de defeito
genético que afeta o transportador responsável pela secreção do glicuronídeo e do diglicuro-
nídeo de bilirrubina para o canalículo, ou bloqueio do fluxo da bile, talvez causado por cálculo
biliar obstrutivo. Nos dois casos, o fígado produz bilirrubina conjugada, que, por não ter mais
via de saída, regurgita de volta para o plasma e é, então, excretada na urina.
SAIBA MAIS!
Quando a capacidade metabólica do fígado é comprometida de forma aguda, o paciente
pode entrar em coma e morrer rapidamente. Na doença hepática crônica, os pacientes po-
dem apresentar um declínio gradual do funcionamento mental que reflete a ação da amônia
como de outras toxinas que não podem ser removidas pelo fígado. Essa condição é conheci-
da como encefalopatia hepática. O surgimento de confusão, demência e, por fim, coma em
paciente com doença hepática é evidência da progressão significativa da doença que, se não
for tratada, poderá ser fatal.
AMÔNIA
10% da degradação
Liberação da glicose dos glóbulos vermelhos 50% da atividade
Produz enzimas na corrente sanguínea colônica
Atua na síntese que atuam na oxidação quando necessário Origina do catabolismo
dos fatores da dos ácidos graxos das proteínas e atividade 40% de reabsorção
coagulação Armazena a glicose na bacteriana nos rins Reconjugado
forma de glicogênio
Converte produtos Converte a amônia
do metabolismo dos O fígado é o órgão
Única órgão Atua na gliconeogênese que mais contribui em ureia Capturado pelos
que sintetiza carboidratos em lipídeos hepatócitos
para prevenção
albumina do seu acúmulo Na forma de amônio –
Metabolismo dos pelas fezes
Converte o colesterol Reabsorvido
em ácidos biliares carboidratos Excreção
Atua na síntese Na forma de ureia –
de aminoácidos pelos rins e fezes
não essenciais Urobilirrubinogênio
Metabolismo Processamento
dos lipídeos da amônia Fase colônica
Atua na Funções
Urobilina
interconversão e metabólicas A bilirrubina é Excretadas
desaminação nas do fígado desconjugada pelas fezes
vias de síntese de Metabolismo Formação e secreção
Estercobilina
carboidratos das proteínas da bilirrubina
Metabólico do heme
Ação de enzimas
Acontece no sistema bacterianas
Formação e reticuloendotelial
Composta Potencialmente tóxico
por ácidos Desempenha secreção da bile
biliares, papel importante Células de Kupffer Capaz de atravessar a barreira
pigmentos de digestão hematoencefálica
biliares e de lipídeos Líquido excretor Bile
colesterol Células do baço
Produção de biliverdina
Hepatócitos Bile canalicular Início
→ canalículos
hepáticos Redução para
Bile hepática Durante bile amarela Secreção pela bile
Armazenada Transporte pelo
na vesícula Bile vesicular Final sangue ligado a Conjugação (UGT)
biliar albumina
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Aires MM. Fisiologia / Margarida de Mello Aires. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2018.
Berne & Levy: Fisiologia / editores Bruce M. Koeppen, Bruce A. Stanton ; [tradução Adriana
Pitella Sudré...[et al.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
Costanzo LS. Fisiologia; revisão técnica Carlos Alberto Mourão Júnior. - 6. ed. - Rio de Janei-
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Guyton AC; Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 39