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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3

2 NUTRIÇÃO E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA ............................................. 6

3 A DIETA ALTERADA........................................................................................... 7

3.1 Uso da quantidade correta de calorias ......................................................... 8

3.2 Uso da quantidade correta de proteínas ..................................................... 10

3.3 Etapa .......................................................................................................... 11

3.4 Outros nutrientes importantes na dieta ....................................................... 11

3.5 Sódio........................................................................................................... 11

3.6 Cálcio .......................................................................................................... 13

3.7 Potássio ...................................................................................................... 14

3.8 Líquidos ...................................................................................................... 15

3.9 Vitaminas e minerais................................................................................... 15

3.10 Etapas ..................................................................................................... 16

4 LIDANDO COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE ALIMENTAÇÃO ................ 17

4.1 Diabetes e a dieta especial ......................................................................... 17

4.2 Dietas vegetarianas (dietas à base de plantas) .......................................... 18

5 COMO A SAÚDE ALIMENTAR É VERIFICADA ............................................... 18

5.1 Entrevistas sobre nutrição e anotações dos alimentos ............................... 19

5.2 Testes de laboratório para equilíbrio proteico ............................................. 20

5.3 Albumina sérica .......................................................................................... 20

5.4 nPNA (aparecimento do nitrogênio uréico normalizado)............................. 20

5.5 Exame físico de nutrição ............................................................................. 21

6 VAMOS PREVENIR .......................................................................................... 21

6.1 Como evitar o problema renal ..................................................................... 21

7 PROBLEMAS DE SAÚDE QUE PODEM LEVAR À DOENÇA RENAL ............. 23

1
8 ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E QUALIDADE DE VIDA NA DOENÇA RENAL
CRÔNICA .......................................................................................................................... 24

8.1 Estratégias para a elaboração da receitas .................................................. 24

8.2 Elaboração da informação nutricional ......................................................... 25

8.3 Medidas caseiras utilizadas nas preparações ............................................ 27

8.4 Copo de requeijão....................................................................................... 28

8.5 Colheres e concha ...................................................................................... 28

8.6 RECEITAS .................................................................................................. 29

8.7 Café ............................................................................................................ 29

8.8 Biscoito de polvilho frito .............................................................................. 30

8.9 Biscoito de polvilho assado ......................................................................... 31

8.10 Ricota ...................................................................................................... 32

8.11 Mingau de maisena com canela .............................................................. 33

8.12 Gelatina ao creme ................................................................................... 34

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 36

9 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................ 37

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1 INTRODUÇÃO

Fonte:www.carekidneyhealth.blogspot.com.br

Os rins possuem a função de regular o volume de água e vários compostos


químicos, além de exercer papéis hormonais e metabólicos vitais para o organismo e
conservação das substâncias essenciais para a vida.
Nos últimos anos, constatou-se um aumento de doenças relacionadas com o rim
como a Doença Renal Crônica (DRC), que é considerada uma síndrome complexa,
consistindo na perda progressiva e lenta da capacidade excretória da função renal14.
Diversos fatores podem ser responsáveis pelo desencadeamento dessa síndrome. São
apontadas, como principais causas, o diabetes mellitus e a hipertensão arterial.
Para o tratamento, os pacientes podem depender da tecnologia avançada como a
hemodiálise, uma Terapia Renal Substitutiva (TRS). Trata-se de um processo de filtração
do sangue que remove o excesso de líquido e metabólitos23. Durante o processo da
TRS, os indivíduos vivenciam mudanças psicossociais e clínicas que interferem na
qualidade de vida.
Além dessas mudanças, no decorrer do tratamento, os pacientes apresentam
comprometimento no seu estado nutricional, envolvendo restrições dietéticas e hídricas,
não devido apenas à constante inapetência, mas também aos distúrbios metabólicos
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decorrentes dessa fase, como infecções, sangramentos e espoliações
hidroeletrolíticas11,20. De acordo com o Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia29
realizado em 2006, em todas as Regiões brasileiras, há 70.872 pacientes em terapia, e
64.306 (90,3%) em hemodiálise.
Durante a terapia e pela própria doença, ocorrem perdas e alterações no
organismo humano, desencadeando sérios problemas ao paciente, como deficiência
imunológica, anemia, desordens no metabolismo hidroeletrolítico, ácido básico e de
lipídeos, carboidratos, proteínas e vários distúrbios resultantes das toxinas presentes no
plasma.

Fonte:www.saladeenfermagem.com

A desnutrição é uma consequência comum nos pacientes em hemodiálise e são


apontados como causa desse quadro clínico vários fatores, como os distúrbios no
metabolismo proteico e energético e a ingestão alimentar deficiente, devido,
principalmente, à anorexia, náuseas e vômitos, manifestações clínicas frequentes no
estado de toxicidade urêmica. Desta também, os distúrbios gastrointestinais, fatores
associados ao procedimento dialítico, acidose metabólica, distúrbios hormonais, doenças
associadas ou intercorrentes que podem também ajudar na fisiopatogênese da
desnutrição.

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De acordo com o estudo de avaliação nutricional de pacientes com insuficiência
renal crônica em hemodiálise no Amazonas, realizado por Valenzuela et al.30, observa-se
que, dos 165 pacientes estudados, 45% encontraram-se desnutridos.
Para a classificação do estado nutricional, faz-se necessária a utilização de
métodos clínicos, dietéticos, bioquímicos e antropométricos para um diagnóstico mais
eficaz. Nesse cenário, a avaliação é de suma importância para definir o grau de
desnutrição, identificar os pacientes com risco de desenvolver complicações decorrentes
de déficits nutricionais e monitorar o suporte nutricional.

Fonte:www.amazonasatual.com.br

A doença renal é hoje considerada um problema para a saúde pública, devido às


altas taxas de morbidade e mortalidade com impacto negativo sobre a qualidade de vida.
Por isso, nessas últimas décadas, observa-se maior atenção dos profissionais voltada
para as doenças crônicas, devido ao papel desempenhado na morbi-mortalidade da
população mundial.

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2 NUTRIÇÃO E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

Fonte:.nutrisoft.com.br

Para o paciente com insuficiência renal crônica, a dieta é uma parte importante do
plano de tratamento. A dieta recomendada pode ser modificada com o tempo se a
insuficiência renal piorar. Devem ser feitos diversos exames para "manter sob controle" a
saúde alimentar geral do paciente. O médico também pode encaminhar o paciente para
um nutricionista profissional que irá ajudá-lo a planejar a usar os alimentos certos nas
quantidades certas. Este folheto fala de algumas coisas que são importantes para a dieta
do paciente, incluindo:
 Usar a quantidade correta de calorias e proteínas
 Outros nutrientes importantes na dieta do paciente: sódio, fósforo, cálcio,
potássio, líquidos, vitaminas e minerais
 Manutenção de peso corporal saudável
 Lidar com necessidades especiais de alimentação
 Diabetes
 Dietas vegetarianas
 Como a saúde alimentar é verificada
 Outros recursos que podem auxiliar o paciente.

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3 A DIETA ALTERADA

Fonte:www.guiadacarreira.com.br

A dieta de um paciente com insuficiência renal crônica pode se alterar com o


tempo, dependendo do nível de funcionamento da função renal.
A taxa de filtração glomerular, ou TFG, é a melhor forma de acompanhar o nível da
função renal. O médico pode estimar a TFG a partir dos resultados de um exame de
sangue de creatinina e da idade, sexo e tamanho corporal do paciente.
Se a insuficiência renal progredir e a TFG continuar a diminuir, a quantidade de
proteínas, calorias e outros nutrientes da dieta devem ser ajustados para atender às
novas necessidades.
Se, no final, for necessário diálise ou transplante do rim, a dieta será baseada na
alternativa de tratamento que o paciente escolheu. O médico pode encaminhar o paciente
para um nutricionista profissional que irá explicar as mudanças que são necessárias na
dieta do paciente e ajudá-lo a escolher os alimentos adequados.

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3.1 Uso da quantidade correta de calorias

Fonte:www.dicasdieta.com.br

A disponibilidade de um nível suficiente de calorias é importante para a saúde e o


bem-estar geral do paciente. As calorias são encontradas em todos os alimentos. Elas
são importantes porque:
 Fornecem energia ao organismo
 Ajudam na manutenção de peso saudável
 Ajudam o corpo a utilizar proteínas para formar músculos e tecidos.
Como a dieta recomendada pode limitar as proteínas, o paciente pode estar
excluindo uma importante fonte de calorias. Em consequência, o paciente pode precisar
obter calorias extras de outros alimentos.
O médico pode encaminhar o paciente para um nutricionista profissional que irá
ajudá-lo a planejar a ingerir a quantidade certa de calorias por dia. O nutricionista pode
recomendar a utilização de mais carboidratos simples, como açúcar, compotas, geleias,
doces caramelados, mel e rapadura.
Outras boas fontes de calorias são gorduras, como margarina suave, e óleos, como
óleo de canola (colza) e azeite de oliva, que contêm baixo teor de gorduras saturadas e
não contém colesterol. O paciente com diabetes deve conversar com o nutricionista sobre
a melhor forma de obter a quantidade correta de calorias e manter o açúcar no sangue
sob controle.
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A manutenção de um peso saudável também é importante. Pessoas que sofrem de
insuficiência renal crônica frequentemente necessitam ganhar peso ou permanecer no
seu peso atual.
Se o paciente necessitar perder peso, o nutricionista irá ensiná-lo como fazê-lo de
uma forma lenta e cuidadosa sem colocar a saúde em risco.

Etapas

Fonte:www.g1.globo.com

Pedir que o médico indique um nutricionista profissional especializado em dieta


para pacientes renais.
 Solicitar ao nutricionista que ajude a planejar refeições com a quantidade correta
de calorias
 Manter uma anotação do que é ingerido diariamente. Apresentar essas
anotações ao nutricionista periodicamente.
 O paciente deve perguntar ao médico e ao nutricionista qual deveria ser seu
peso ideal e deve pesar-se diariamente pela manhã.
 Se o paciente estiver perdendo muito peso, deve perguntar ao nutricionista como
acrescentar calorias na dieta.

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 Se o paciente estiver lentamente ganhando excesso de peso, deve solicitar ao
nutricionista sugestões para reduzir com segurança a ingestão diária de calorias e
aumentar seu nível de atividade.
 Se o paciente estiver ganhando peso rapidamente, deve falar com o médico. Um
aumento rápido de peso, acompanhado de inchaço, dificuldade na respiração e aumento
na pressão sanguínea pode significar um sinal de excesso de líquido no organismo.

3.2 Uso da quantidade correta de proteínas

Fonte:www.sou7.com.br/noticias

A ingestão da quantidade correta de proteínas é importante para a saúde geral e


para o bem-estar do paciente. O corpo necessita da quantidade correta de proteínas para:
 Formar músculos
 Restaurar tecidos
 Combater infecções.
O médico pode recomendar ao paciente que siga uma dieta com quantidades
controladas de proteína. Isso pode ajudar a reduzir a quantidade de resíduos no sangue e
ajudar os rins a trabalhar por mais tempo.
O médico pode recomendar ao paciente que siga uma dieta com quantidades
controladas de proteína. Isso pode ajudar a reduzir a quantidade de resíduos no sangue e
ajudar os rins a trabalhar por mais tempo.

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 Fontes animais, como ovos, peixe, frango, carnes vermelhas, produtos lácteos e
queijo.
 Fontes vegetais, como verduras e cereais.

3.3 Etapa

 Perguntar ao nutricionista qual a quantidade diária necessária de proteína


 Apresentar as anotações diárias dos alimentos ao nutricionista e perguntar se a
quantidade correta de proteínas está sendo consumida.

3.4 Outros nutrientes importantes na dieta

Para se sentir bem todos os dias, o paciente pode precisar mudar as


quantidades de alguns dos seguintes nutrientes na dieta. O nutricionista ajudará o
paciente a planejar refeições com a quantidade correta de cada um deles.

3.5 Sódio

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Fonte:www.vivomaissaudavel.com.br

Existe uma relação comum entre insuficiência renal, pressão sanguínea alta e
sódio. Entretanto, pode ser necessário limitar a quantidade de sódio na dieta do paciente.
O médico informará se é necessário cortar o sódio. Se for o caso, o nutricionista pode
ensinar como selecionar alimentos que têm baixo teor de sódio. O paciente deve aprender
a ler os rótulos dos alimentos para poder comprar alimentos com baixo teor de sódio. O
sódio é um mineral encontrado naturalmente nos alimentos. Ele é encontrado em grandes
quantidades no sal de cozinha e em alimentos que possuem sal de cozinha adicionado,
como:
 Temperos, como molho de soja, molho teriyaki e sal com alho ou cebola
 A maioria dos alimentos enlatados e alguns alimentos congelados
alimentos para viagem
 Carnes processadas, como presunto, bacon, salsicha/lingüiça e frios
 Aperitivos salgados, como batatas fritas e bolachas
 A maior parte dos alimentos de restaurante e entregues em casa
(alimentos para viagem)
 Sopas enlatadas ou desidratadas (como sopa de macarrão embalada).
Pode ser necessário limitar o uso de substitutos do sal que contenham alto teor de
potássio. O paciente deve conversar com o médico e com o nutricionista sobre esse
assunto.

Fósforo

12
Fonte:www.consejonutricion.wordpress.com

Os rins podem não conseguir remover suficientemente o fósforo do sangue. Isso


faz com que nível de fósforo no sangue fique muito alto. Um alto nível de fósforo pode
provocar irritação na pele e perda de cálcio dos ossos. Os ossos do paciente podem se
enfraquecer e quebrar com facilidade. Usar menor quantidade de alimentos com alto teor
de fósforo ajudará a reduzir a quantidade de fósforo no sangue. O nutricionista ajudará a
escolher alimentos que contenham baixo teor de fósforo.
O fósforo é encontrado em grandes quantidades nos seguintes alimentos:
 Produtos de laticínio, como leite, queijo, pudim, iogurte e sorvete
 Feijões e ervilhas secos, como feijões diversos, ervilhas e lentilhas
 Nozes e pasta de amendoim
 Bebidas como chocolate quente, cerveja e refrigerantes de cola (pretos).
O médico também pode prescrever um tipo de medicamento chamado quelante de
fosfato para o paciente ingerir junto com alimentos e lanches.

3.6 Cálcio

13
Fonte:.semlactose.com

O cálcio é um mineral importante para a formação de ossos fortes. Entretanto,


alimentos que são boas fontes de cálcio também têm alto teor de fósforo. Para manter os
níveis de cálcio e fósforo equilibrados e prevenir a perda de cálcio dos ossos, o paciente
pode precisar seguir uma dieta que limite os alimentos ricos em fósforo e utilizar
quelantes de fosfato. O médico também pode orientar o paciente a tomar suplementos de
cálcio e uma forma especial de vitamina D. O paciente deve utilizar apenas suplementos e
medicamentos recomendados pelo médico.

3.7 Potássio

Fonte:www.centraldafisioterapia.com.br/

14
O potássio é um mineral importante no sangue que ajuda no funcionamento
adequado dos músculos e do coração.
O excesso ou a falta de potássio no sangue podem ser perigosos. A necessidade
ou não do paciente alterar a quantidade de alimentos com alto teor de potássio na dieta
depende do estágio da insuficiência renal e de estar tomando medicamentos que alterem
os níveis de potássio no sangue. (Para obter mais informações sobre os estágios da
insuficiência renal crônica, veja a tabela na parte interior da contracapa.
É possível também entrar em contato com a NKF para obter o folheto About
Chronic Kidney Disease: A Guide for Patients and Their Families – Sobre Insuficiência
Renal Crônica: Guia para Pacientes e Familiares – Inglês: 11–50–0160; Espanhol: 11–
50–0166.) O paciente deve perguntar ao médico se seu nível de potássio está normal. O
médico pode indicar suplementos de potássio e outros medicamentos para equilibrar a
quantidade de potássio no sangue. Apenas os suplementos recomendados pelo médico
devem ser utilizados. O nutricionista pode ajudar a planejar uma dieta que contenha a
quantidade adequada de potássio nos alimentos.

3.8 Líquidos

De uma forma geral, não há necessidade de limitar a quantidade de líquidos nos


estágios iniciais da insuficiência renal. (Caso o paciente não saiba em que estágio está,
deve perguntar ao médico e entrar em contato com a NKF para obter informações
adicionais.) Se a insuficiência renal piorar, o médico informará quando o paciente deve
limitar os líquidos e a quantidade de líquidos que é adequada diariamente.

3.9 Vitaminas e minerais

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Fonte:www.saudedicas.com.br/

As vitaminas e os minerais provêm de diversos alimentos utilizados diariamente.


Se a dieta do paciente for limitada, pode ser necessário o reforço de vitaminas e minerais.
O paciente deve utilizar apenas vitaminas e minerais que o médico recomendar. Alguns
tipos de vitaminas e minerais podem ser prejudiciais para pessoas com insuficiência renal
crônica. O paciente deve confirmar com o médico antes de utilizar medicamentos
fitoterápicos, uma vez que alguns deles também podem ser prejudiciais para pessoas
com insuficiência renal. Utilizar ervas aromáticas no cozimento não apresenta perigo e
frequentemente elas podem ser utilizadas como alternativa ao sal para dar sabor aos
alimentos. O paciente deve confirmar com o médico e com o nutricionista as vitaminas e
minerais adequados para ele.

3.10 Etapas

 O paciente deve perguntar ao médico e ao nutricionista quais nutrientes ele


precisa limitar na dieta.
 O paciente deve solicitar ao nutricionista ajuda para planejar seus alimentos para
consumir a quantidade adequada de cada nutriente na dieta.
 O paciente deve aprender a ler os rótulos dos alimentos para comprar alimentos
com baixo teor de sódio.
 O paciente deve pedir sugestões sobre o uso de ervas aromáticas e especiarias
no lugar do sal de cozinha para dar sabor aos alimento.

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 Deve-se utilizar apenas os suplementos, medicamentos, vitaminas e minerais
recomendados pelo médico.

4 LIDANDO COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE ALIMENTAÇÃO

4.1 Diabetes e a dieta especial

Fonte:www.zdravje.si

Pode ser necessário fazer apenas poucas mudanças na dieta de diabetes


para atender às necessidades do paciente renal. Se o médico recomendar que o paciente
utilize menos proteínas, pode ser necessário incluir na dieta mais carboidratos ou
gorduras de alta qualidade para fornecer as calorias suficientes. O paciente deve
trabalhar com o nutricionista para planejar uma alimentação específica para ele. Deve-se
verificar com frequência os níveis de açúcar no sangue e procurar o médico se os níveis
estiverem muito altos ou muito baixos.

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4.2 Dietas vegetarianas (dietas à base de plantas)

Fonte:www.saudealcance.wordpress.com

A maioria das dietas vegetarianas não é rica em proteínas. A ingestão de


calorias suficientes é uma forma importante de usar essas pequenas quantidades de
proteínas para funções importantes como a formação de músculos, cicatrização de
ferimentos e combate às infecções. O paciente deve conversar com o nutricionista sobre
as melhores opções de proteína vegetal com baixos teores de potássio e fósforo. Além
disso, deve monitorar de perto os níveis de proteína no sangue (albumina) junto com o
nutricionista para ter certeza de que está ingerindo a quantidade correta de proteínas e
calorias.

5 COMO A SAÚDE ALIMENTAR É VERIFICADA

Existem diversas formas de o médico e o nutricionista saberem se o


paciente está ingerindo a quantidade correta de calorias e proteínas.
Esta seção explicará esses exames e métodos. Se a insuficiência renal piorar e/ou
a saúde alimentar do paciente se alterar, pode ser necessário fazer esses exames com
mais frequência.

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O paciente deve perguntar ao médico e ao nutricionista quais foram os resultados
dos exames. Se os resultados não forem bons como deveriam ser, o paciente deve
perguntar como melhorá-los.

Fonte:www.cardionefroclinica.com.br

O paciente pode acompanhar os resultados dos exames utilizando o Dialysis Lab


Log (Registro de laboratório de diálise), disponível através do número gratuito da National
Kidney Foundation nos EUA: (+1)212.889.2210.

5.1 Entrevistas sobre nutrição e anotações dos alimentos

De vez em quando, o nutricionista conversará com o paciente sobre sua dieta. O


nutricionista também pode solicitar que o paciente registre o que come em cada dia.
Se o paciente não estiver se alimentando com a quantidade correta de proteínas,
calorias e outros nutrientes, o nutricionista fará sugestões sobre alternativas de alimentos
que ajudarão a melhorar a dieta.

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5.2 Testes de laboratório para equilíbrio proteico

WWW.hypescience.com

5.3 Albumina sérica

A albumina é um tipo de proteína encontrada no sangue. O nível de albumina


pode ser verificado através de um exame de sangue. Se o nível de albumina estiver muito
baixo, pode significar que o paciente não está se alimentando com um nível suficiente de
proteínas ou calorias. Se o nível de albumina continuar baixo, o paciente tem uma maior
possibilidade de contrair uma infecção, ficar hospitalizado e sentir um mal-estar geral.

5.4 nPNA (aparecimento do nitrogênio uréico normalizado)

Essa é outra forma de determinar se o paciente não está ingerindo a quantidade


correta de proteína. O resultado de nPNA é obtido de estudos de laboratório que incluem

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recolhimento de urina e análise de sangue. O nPNA auxilia a verificar o equilíbrio proteico
do corpo.

5.5 Exame físico de nutrição

O nutricionista pode utilizar um método denominado Avaliação Global Subjetiva


(AGS) para verificar os sinais de problemas de nutrição no organismo. Ele inclui
perguntas sobre a ingestão de alimentos pelo paciente e a pesquisa de acúmulos de
gordura e músculos no corpo. O nutricionista avalia:
 Mudanças no peso
 Mudanças nos tecidos ao redor da face, braços, mãos, ombros e pernas
 A ingestão de alimentos
 Os níveis de atividade e energia
 Problemas que possam interferir na alimentação.

Etapas

 O paciente deve perguntar ao médico e ao nutricionista quais testes serão


utilizados para verificar sua saúde alimentar
 O paciente deve acompanhar os resultados de seu exame utilizando o cartão de
registro. Deve discutir os resultados com o médico e o nutricionista

6 VAMOS PREVENIR

6.1 Como evitar o problema renal

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1 Procure ficar sempre de bem com a balança. Ter o peso ideal é a primeira

coisa para manter a saúde dos rins. Pois o excesso de peso leva à hipertensão e ao
diabetes.

2 Ingerir alimentos ricos em vitaminas e fibras é uma saída inteligente. Mas

quando a pessoa já sofre com a doença renal é preciso mais cuidado.

3 Remédios só devem fazer parte da sua vida com a indicação de um

especialista. Até mesmo quando aparece aquela simples dor de cabeça, fuja da
automedicação.

4 O álcool em excesso prejudica muito os rins e afeta diretamente o fígado.

5 Os rins são cheios de vasos sanguíneos e os cigarros causam inflamações

que prejudicam o órgão. Não precisa falar mais nada, não é mesmo?

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7 PROBLEMAS DE SAÚDE QUE PODEM LEVAR À DOENÇA RENAL

Fonte:www.chocairmedicos.com.br

Fique atento para estes problemas

• Diabetes
• Hipertensão
• Glomerulonefrite – infecção no glomérulo (o glomérulo renal é uma aglomeração
de pequenos vasos sanguíneos)
• Má formação nos rins
• Lúpus – o lúpus é uma doença que pode afetar a pele, os rins, o cérebro e outros
órgãos (ela é autoimune, ou seja, uma doença que ataca o próprio sistema de defesa do
organismo).
• Cálculo renal
• Tumores
• Infecções urinárias recorrentes

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8 ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E QUALIDADE DE VIDA NA DOENÇA RENAL
CRÔNICA

Fonte:www.newpharman.clipebox.com

8.1 Estratégias para a elaboração da receitas

Fonte:www.musculacaoecia.com.br

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A estratégia de ferver o alimento e descartar a água de fervura contribui para
a eliminação de minerais dos alimentos. Alguns estudos já foram desenvolvidos
comparando a composição de alimentos crus e após uma ou mais fervura e comprovaram
este fato. Neste trabalho também foi feita análise das águas de cocção/fervura de alguns
alimentos utilizados nas receitas e pode-se observar expressiva perda de potássio e
também de fósforo. Por este motivo, alguns alimentos cozidos, como macarrão e legumes
podem ser incluídos com menos rigor nas dietas dos pacientes renais crônicos, desde
que se atente para os teores de proteínas.
Também o fato de se lavar algumas farinhas antes de usá-las nas
preparações, como lavar o fubá antes do preparo de sopas ou polenta e a farinha de
mandioca antes de preparar um pirão, reduz expressivamente os teores de potássio dos
mesmos. Outros alimentos, devido ao processo de fabricação, são pobres em minerais e
proteínas, como é o caso do amido de milho (maisena) e polvilhos.
Em nenhuma das receitas foi adicionado sal (NaCl), mas foram temperadas
com ervas aromáticas e outros condimentos. Alguns destes, apesar de serem ricos em
minerais, são usados em quantidades muito pequenas, de forma que conferem gosto sem
elevar indesejavelmente os teores de minerais nas preparações.

8.2 Elaboração da informação nutricional

Fonte:www.mercadolivre.com.br

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Os teores de lipídios, carboidratos, proteínas, fibras e o valor energético
foram estimados com base nos dados de composição química dos ingredientes das
receitas obtidos na literatura, livro “Tabela de composição química dos alimentos”, de
Autoria de Guilherme Franco, editora Atheneu, e da “Tabela Brasileira de Composição de
Alimentos”, de autoria da Unicamp, disponível
http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php?ativo=tabela. Esta forma de estimar a
composição de receitas está em conformidade com a orientação da Agencia Nacional de
Vigilância Sanitária para a elaboração de rótulos nutricionais sem a necessidade de
realização de análises químicas específicas na Resolução RDC 360 de 23 de Dezembro
de 2003 e disponível em http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/360_03rdc.htm. E
devido a utilização de dados de tabelas de composição química de alimentos e erros
analíticos admissíveis, nem sempre a soma dos teores de umidade, proteínas,
carboidratos, lipídios e fibras fecha em 100%.
A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária permite uma margem de erro de
20% entre a composição real do alimento e a informada no rótulo nutricional Esta
liberdade se deve ao fato da composição dos alimentos ser variável, dentro de certos
limites. Por este motivo, receitas preparadas em diferentes domicílios podem apresentar
diferenças nas suas composições e em relação às composições apresentadas neste
manual. Entretanto, mesmo com alguma margem de erro, e em um contexto de grande
desconhecimento, estas receitas poderão propiciar que a ingestão diária de cada
nutriente fique mais próxima da quantidade apropriada para cada indivíduo.

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Fonte:www.priscilasouza.com.br

Os teores de sódio e potássio foram determinados por emissão de chama, os de


cálcio e magnésio por espectroscopia de absorção atômica e os de fósforo por
colorimétrica após o preparo das amostras por oxidação úmida usando ácido nítrico e
peróxido de hidrogênio.
Os teores de água foram determinados por meio de secagem da amostra em
estufa à 105ºC até peso constante. Em alguns alimentos foi necessária a determinação
dos teores de gordura total, o que foi feito pelo método Bligh e Dyer.

8.3 Medidas caseiras utilizadas nas preparações

Todas as receitas foram preparadas pesando-se os ingredientes e também


colocando-se medidas facilmente encontradas em todas as residências, por exemplo
copo tipo de requeijão, colher de sopa, colher de chá etc.
Entretanto, a medida caseira apesar de ser uma forma prática para a elaboração
dos cardápios, não é precisa. Por exemplo, a colher de sopa utilizada para pesar a farinha
de mandioca no preparo do pirão, nas receitas aqui apresentadas, continha 15 gramas de
farinha de mandioca. Entretanto, outro modelo de colher, ou se mais ou menos cheia,
poderá conter quantidade diferente de 15 gramas. Por isso, sempre que possível, utilize a

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balança ou confira a sua medida caseira até se acostumar com os pesos e respectivas
porções.

8.4 Copo de requeijão

Fonte:www.andreabandoni.com

Refere-se ao copo faltando um dedo para torná-lo totalmente cheio.

8.5 Colheres e concha

28
Fonte:www.cucinadijuliana.com.br

8.6 RECEITAS

Fonte:www.portaldoprofessor.mec.gov.br

8.7 Café

Ingredientes:
• 10 g de Pó de Café - 2 colheres de sopa rasa
• 400 mL de água – 2 copos tipo de requeijão

Modo de preparo:
Ferva a água, quantidade descrita acima, acrescente o pó para obter um café
moderadamente forte. Em seguida, coe a água + café no coador e coloque em uma
garrafa térmica. Adoce a gosto com adoçante ou açúcar. Caso use açúcar o valor
energético será a quantidade de açúcar colocada multiplicado por 4.

29
Fonte:www.uenf.br

8.8 Biscoito de polvilho frito

Ingredientes:
• 500 g de polvilho azedo – ½ pacote
• 200 mL de água – 1 copo tipo de requeijão
• 100 mL de óleo – ½ copo de requeijão
• 165 g de ovo – 3 unidades
• 900 mL de óleo para fritar os biscoitos -1 frasco

Modo de preparo:
Coloque o polvilho espalhado em uma bacia. Ferva os 200 mL de água com 100
mL de óleo para escaldar o polvilho. Despeje está água fervendo com óleo sobre o
polvilho. Misture bem até formar uma farofa. Adicione os ovos. Misture mais. Faça
rolinhos do tamanho de um dedo médio e frite em óleo morno, lentamente e em fogo
baixo com a panela semitampada. Usa-se bastante óleo para que os biscoitos possam
ficar soltos nele. Se colocar no óleo muito quente o biscoito queima por fora, não cozinha
por dentro e causa muitos espirros na gordura, o que é extremamente perigoso. Retire os
biscoitos e coloque sobre papel toalha para absorver o óleo. Rende muito.

30
Fonte:www.uenf.br

8.9 Biscoito de polvilho assado

Ingredientes:
• 500 g de polvilho azedo – ½ pacote
• 300 mL de água – 1 copo e meio tipo de requeijão
• 100 mL de óleo – ½ copo de requeijão
• 110 g de ovo – 2 unidades
• 100 mL de leite – ½ copo tipo de requeijão

Modo de preparo:
Coloque o polvilho espalhado em uma bacia. Ferva os 300 mL de água com 100
mL de óleo para escaldar o polvilho. Despeje está água fervendo com óleo sobre o
polvilho. Misture bem até formar uma massa. Adicionar os ovos e o leite. Misture mais.
Tem que ficar uma massa mole. Transferir está massa para uma sacola plástica, fazer um
pequeno furo em uma das pontas da sacola para fazer os biscoitos em forma comprida ou
redondos. Coloque para assar até ficar dourados. Rende muito. Dica: caso substitua um
ovo por mais água para escaldar o polvilho, os teores de proteína, fósforo, potássio e de
sódio serão reduzidos.

31
Fonte:www.uenf.br/

8.10 Ricota

Ingredientes:
• 3000 mL de leite desnatado
• 50 mL de suco de limão - 5 colheres sopa ou o suco de 1 limão grande

Modo de preparo:
Coloque o leite na panela e leve ao fogo. Assim que começar a ferver adicione o
limão lentamente. À medida que a parte sólida do leite começar a flutuar vá recolhendo-a
com uma escumadeira e colocando em forma para queijo ou recipiente com furos para
dar forma e escorrer o soro.

32
Fonte:www.uenf.br

8.11 Mingau de maisena com canela

Fonte:www.uenf.br

Ingredientes:
• 200 mL de leite integral – 1 copo tipo de requeijão
• 15 g de maisena – 1 colher de sopa rasa
• 5 g de canela em pó - 1 pitada
• Adoçante a gosto

33
Modo de preparo:
Misture a maisena no leite e leve ao fogo. Deixe o tempo necessário para
cozinhar. Adicione o adoçante a gosto. No prato acrescente a canela em pó salpicando
sobre o mingau. Indivíduos que estão com peso normal ou baixo e não são portadores de
diabetes devem adoçar com açúcar. Neste caso, 15 gramas, 1 colher de sopa, acrescerá
na receita 15 gramas de carboidratos e 60 Kcal. Já o uso de leite desnatado reduzirá a
zero o teor de gordura e o valor energético será 122 Kcal.

8.12 GELATINA AO CREME

Fonte:www.uenf.br

Ingredientes:
• 12 g - 1 pacote de gelatina diet sabor limão
• 12 g - 1 pacote de gelatina diet sabor morango
• 12 g - 1 pacote de gelatina diet sabor framboesa
• 250 mL água quente para cada pacote de gelatina
• 250 mL água fria para cada pacote de gelatina
• 100 g de creme de leite – 1/2 caixa

34
Modo de preparo:
Dissolva completamente, em água quente, cada pacote de gelatina. Acrescente a
água fria misturando e a seguir coloque na geladeira para endurecer. Recorte em cubos
cada gelatina e acrescente o creme de leite.
OBS: Caso deseje usar gelatina comum (não diet) os teores de carboidratos
serão da ordem de 12 gramas e o valor energético 70 Kcal. Algumas marcas de gelatina
colocam zero de sódio na informação nutricional, mas isso não é possível, pois elas
contêm diversos ingredientes contendo sódio. Além disso, há marcas que colocam parte
de adoçante e parte de açúcar, mas não informam no rótulo. Portanto, se o alimento for
preparado para um indivíduo que não necessite de restrição de açúcar, o melhor é usar o
produto comum. Normalmente é a caixa mais pesada, com 75 g ou mais de gelatina em
pó. O peso da gelatina “zero” é da ordem de 12 g e a que contém parte de açúcar e parte
de adoçante o peso é da ordem de 35 g. Leiam a lista de ingredientes.

35
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9 LEITURA COMPLEMENTAR

Nome do autor: Cristina Telles¹; Elis Regina de Fátima Boita²


Data de acesso: 16/12/16
Disponível em: http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/145_489.pdf

IMPORTÂNCIA DA TERAPIA NUTRICIONAL COM ÊNFASE NO CÁLCIO,


FÓSFORO E POTÁSSIO NO TRATAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

RESUMO

A doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública e afeta cerca de 5-10%
da população mundial. É uma situação clínica onde os rins perdem de forma progressiva e irreversível a sua
função exócrina de filtração, reabsorção e secreção. As principais causas de DRC incluem a hipertensão
arterial, diabete mellitus e as glomerulonefrites. O objetivo deste estudo foi compreender a importância da
terapia nutricional em relação a alguns cuidados indispensáveis referentes ao cálcio, fósforo e o potássio,
através de uma revisão bibliográfica foram analisados 32 artigos, priorizando estudos dos últimos cinco
anos das bases eletrônicas LILACS, SCIELO e MEDLINE, livros técnicos, monografias e revistas. Diante
37
disso, os resultados informam-nos que o aumento dos níveis séricos de fósforo e a redução dos níveis de
cálcio podem causar alterações progressivas no metabolismo mineral, Distúrbio Mineral e Ósseo, levando a
calcificações e ao hiperparatireoidismo secundário. Os alimentos ricos em fósforo devem ser diminuídos na
dieta e é indispensável o uso dos quelantes. O potássio, também, não é excretado adequadamente na
diálise, o qual acumula-se na corrente sanguínea, podendo levar a óbito. Dessa forma, a nutrição clínica
voltada a DRC tem demonstrado a importância de uma dieta restrita e bem estruturada, feita
exclusivamente a cada indivíduo, enfatizando, portanto, a necessidade e os benefícios da quantidade e da
técnica correta de cocção dos alimentos para, assim, proporcionar longevidade e assegurar estilo de vida
mais saudável.

Palavras-chave: Hipocalcemia. Hiperfosfatemia. Hiperpotassemia. Nutrição.


Insuficiencia Renal Crônica.

Introdução

Atualmente, a doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de


saúde pública, estima-se que cerca de 1,4 milhões de brasileiros apresentam algum grau
de disfunção renal. A incidência e a prevalência da DRC estão aumentando e ameaçando
atingir proporções epidêmicas, com taxa de crescimento anual de 7% a 8% pela
distribuição mundial (CRUZ et al., 2011; CUPPARI, 2009; REPLENA/NEPRO HP, 2013).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, um a cada dez
brasileiros sofre de doenças renais, a qual afeta 5-10% da população mundial. São
fatores de risco para DRC pressão alta, diabetes, envelhecimento e obesidade. Sendo
que a taxa de mortalidade nessa população, também, é elevada e as principais causas de
óbito são as doenças cardiovasculares (BIAVO, 2012; SOCIEDADE BRASILEIRA DE
NEFROLOGIA, 2013; ALIGLERI, 2014; AVELAR; PIRES e CORTES, 2012).
Conforme dados do senso realizado em 2009, da Sociedade Brasileira de
Nefrologia, foi registrado a prevalência de 405 pacientes por milhão de habitantes, um
número cada vez mais crescente, bem como desses, 89,6% estão em programa de

38
hemodiálise (OLIVEIRA et al., 2012; CUPPARI, 2009). No censo de 2011, temos, no
Brasil, em torno de 92.000 pacientes em diálise, sendo que, aproximadamente, 44%
destes pacientes são portadores de Hiperparatireoidismo Secundário (HPTS).
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2013).
Pacientes com DRC enfrentam alterações do estado nutricional. A
prevalência da desnutrição pode estar presente entre 18% e 70% dos pacientes com
DRC. Embora contraditório, a prevalência de sobrepeso/obesidade, também, é elevada,
estando presente entre 20% e 60% dos paciente (CUPPARI e KAMIMURA, 2009;
RODRIGUES et al., 2013).
Diversos estudos demonstram que pacientes com DRC, em hemodiálise,
apresentam hipocalcemia, hiperfosfatemia pelo descontrole do balanço cálcio-fósforo e
hiperpotassemia, os quais necessitam de cuidados especiais e nutricionais. A dieta é uma
parte importante do plano de tratamento, juntamente com medicação e restrição hídrica.
Sendo a dieta muito restrita, o que é um desafio para muitos pacientes para manter a
qualidade de vida (CUPPARI, 2009; HIGA et al., 2008; SILVA et al., 2010; NERBASS et
al., 2010; TERRA et al., 2010).
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi compreender a importância da
terapia nutricional, com ênfase no cálcio, fósforo e potássio no tratamento da doença
renal crônica através de uma revisão bibliográfica.

Metodologia

O trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, assume, também, um


caráter exploratório descritivo, abordando aspectos e associação nutricional entre cálcio,
fósforo e potássio de pacientes com doença renal crônica em hemodiálise.
Para a estruturação da pesquisa foram analisados 32 artigos referentes ao
tema escolhido, priorizando estudos de 2005- 2014 dentre os quais com bases eletrônicas
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO) e National Library of Medicine (MEDLINE), escritos em
português e inglês. Além disso, foram pesquisados livros técnicos, monografias, e revistas
relacionadas ao tema do estudo. A busca manual foi realizada na biblioteca da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – FW. Todos os
matérias foram selecionado de acordo com o assunto, com abrangência aos
39
micronutrientes. Os descritores utilizados foram lançados isoladamente e da mesma
forma houve cruzamento, para se obter dados mais específicos, dentre os quais, os mais
utilizados foram Hipocalcemia, Hiperfosfatemia, Hiperpotassemia, Nutrição, Insuficiência
renal crônica.

Resultados e Discussões

Doença Renal Crônica

A DRC é caracterizada por uma situação clínica onde ocorre uma perda
lenta das funções do rim, ou seja, perdem, de forma progressiva e irreversível, a sua
função exó- crina de filtração, reabsorção e secreção de substâncias na urina e sua
função endócrina. Clinicamente essas perdas se resumem em azotemia progressiva, isto
é, acúmulo no sangue de quantidades anormais de ureia, ácido úrico, creatinina e outras
eliminações nitrogenosas (MAHAN, 2005; CHAVES; GRAÇA e GALO, 2007; OLIVEIRA et
al., 2012; COPETTI; OLIVEIRA e KIRINUS, 2010; ZAMBRA e HUTH, 2010).
As principais causas de DRC incluem a hipertensão arterial, o diabete
mellitus e as glomerulonefrites (CHAVES; GRAÇA, e GALLO, 2007; CUPPARI, 2009;
TAKEMOTO et al., 2011).
A primeira definição da DRC é com base no nível da taxa de filtração
glomerular (TFG). No entanto, na fase terminal da doença, os rins perdem a capacidade
de manter a normalidade do meio interno do paciente, necessitando, portanto, de suporte
dialítico para manter a vida (REPLENA/NEPRO HP, 2013; CRUZ; OLIVEIRA e MATSUI,
2012; HIGA et al., 2008).
A Tabela I, mostra-nos os 5 estágios da doença conforme a TFG.
Na estágio zero, a função renal é normal e sem lesão: contempla indivíduos
que fazem parte dos grupos de risco para o desenvolvimento da insuficiência renal:
diabéticos, hipertensos, entre outros; no estágio um, de lesão com função renal
normalmente: trata-se de indivíduos que possuem lesão renal em estágio inicial, mas
mantém níveis seguros de filtração glomerular; estágio dois de insuficiência renal leve:
Nesta fase, os rins ainda são capazes de manter o controle dos fluidos corporais. No
entanto, já há perda da função renal, a qual é detectada apenas por meio de métodos

40
eficientes de avaliação funcional; no estágio três de insuficiência renal moderada: o
estado clínico do paciente é considerado bom, mas observam-se, por meio de avaliação
laboratorial simples, alterações nos níveis de creatinina plasmáticos e de ureia; estágio
quatro de insuficiência renal grave: paciente apresenta sinais e sintomas marcados de
uremia; e no estágio cinco terminal de insuficiência renal crônica: o rim torna-se incapaz
de regular o meio interno e configura-se perda significativa da função renal, incompatível
com a vida (SIVIERO; MACHADO e RODRIGUES, 2013; BELLO; NWANKWO e NAHAS,
2005).

Fisiopatologia da Insuficiência Renal Crônica

Atualmente, se acredita que em resposta a uma diminuição em TFG, o rim é


submetido a uma série de adaptações para prevenir esta doença, apesar de num curto
prazo isto levar a melhora da taxa de filtração, em longo prazo leva a perda acelerada de
nefros e insuficiência renal progressiva (MAHAN, 2005).
Os rins têm como função excretar a maior parte dos produtos finais do
metabolismo orgânico, controlar a concentração da maioria dos líquidos corpóreos,
manter a composição iônica do volume extracelular, participar na regulação do equilíbrio
ácido básico do organismo, além de sintetizar hormônios e enzimas, como a eritropoetina,
a renina, o calcitriol e outros (CUPPARI, 2009).
Na DRC, uma lesão renal inicial desencadeia um processo de perda
progressiva da função renal. Durante esse processo, ocorrem várias adaptações
estruturais e funcionais. A primeira resposta frente à redução no número de néfrons é o
aumento do seu tamanho, caracterizado por hiperplasia renal. A partir daí ocorre aumento
nas taxas de filtração e perfusão no rim. Esse processo é responsável pelo aumento na
TFG em indivíduos com lesão renal. Além disso, os glomérulos sofrem adaptações
hemodinâmicas que resultam em hipertensão glomerular e, posteriormente, perda de
seletividade, que é a capacidade de impedir a passagem de macromoléculas para a urina
(CUPPARI, 2009).
Os indivíduos em hemodiálise apresentam significante prevalência de
desnutrição. Pelo fato, dos pacientes no processo hemodialítico perderem aminoácidos
para o dialisato, é fundamental um aporte proteico adequado para suprir essas demandas

41
e evitar um quadro de desnutrição proteica, no entanto, a desnutrição energético-proteica
é um fator de risco de morbi-mortalidade, ou seja, essa maior necessidade proteica, que
tem como objetivo prevenir a desnutrição dificulta o tratamento da hiperfosfatemia, devido
à deficiência de calcitriol e ao descontrole do balanço cálcio-fósforo, ocasionando o
aparecimento do hiperparatireoidismo secundário, que pode determinar o
desenvolvimento de doença óssea, influenciando na velocidade de progressão da DRC
(OLIVEIRA et al., 2011; PINTO et al., 2009; SILVA et al., 2010; SANTOS et al., 2013).

Tratamento da Insuficiência Renal Crônica

Diálise

A hemodiálise é o uso de uma máquina que substitui a função do rim para


remover as substâncias tóxicas do sangue, com o objetivo de ajudar a restaurar os
nutrientes e metabólitos aos níveis normais. Para preparar um paciente para hemodiálise
é preciso haver um acesso criado para levar o sangue para fora e para dentro do corpo,
para isto, existem três tipos de acesso vascular: fistula arteriovenosa (FAV), enxerto AV e
cateter venoso central (NIX, 2010; REPLENA/NEPRO HP, 2013; MAHAN, 2005). Quando
conectado à má- quina, o sangue flui para dentro de um tubo composto de uma
membrana de diálise e a difusão ocorre entre o sangue e o líquido de diálise circundante.
Uma pessoa, em média, tem aproximadamente 4,5 a 5,5 litros de sangue, durante a
diálise, mais ou menos 450 ml ficam fora do corpo de cada vez (REPLENA/ NEPRO HP,
2013).
A diálise é um processo físico químico pelo qual duas soluções, separadas
por uma membrana semipermeável, influenciam na composição uma da outra. A função
da diálise é substituir parte das funções exercidas pelos rins, tais como promover
depurações de solutos, remover o excesso de líquido corpóreo e manter o equilíbrio
acidobásico. No entanto, as funções endócrinas do rim não podem ser exercidas pela
diálise (CUPPARI, 2009).
O paciente com DRC, geralmente, necessita de duas a três sessões por
semana, cada uma delas com duração de 3 a 4 ou 5 horas, com fluxo de sangue de 250 a

42
300 mL/min, podendo chegar ao valor máximo de até 400mL/min e fluxo dialisato de 500
mL/min (NISHIYAMA e MEYER, 2010; NIX, 2010; MAHAN, 2005).

Tratamento Nutricional na Insuficiência Renal Crônica

O rim e sua relação com os micronutrientes

Os rins são órgãos importantes para manter o equilíbrio do corpo. Sua


função é eliminar através da urina os restos e excessos da alimentação que o corpo não
pode usar. Normalmente, realiza sua função pela filtração, secreção e reabsorção
contínua de sangue (ZAMBRA e HUTH, 2010).
O cálcio e o fósforo atuam em conjunto, bem como, fazem o papel de manter
os ossos, dentes, coração e vasos sanguíneos em boas condições. Na presença da DRC,
o fósforo tende a se acumular no sangue e o corpo não usa o cálcio eficientemente. Pelo
fato do cálcio estar diminuído, o organismo tenta corrigir retirando cálcio dos ossos para o
sangue, podendo provocar doenças ósseas. Consequentemente, grandes quantidades de
cálcio e fósforo no sangue podem levar a formação de depósitos de cálcio nas
articulações, nos órgãos e nos vasos sanguíneos. Quando isso acontece, levam ao
endurecimento do tecido chamado de calcificação. A ocorrência dessas calcificações
extra-articulares é favorecida pela idade, hiperparatireoidismo secundário e ingestão
excessiva de cálcio, fosfato e vitamina D (BRASIL, 2010; OLIVEIRA et al., 2011;
MENDONÇAS, 2007).
No entanto, o fósforo é pouco retirado na hemodiálise. Devido a isso, a
hiperfosfatemia é bastante frequente. Os alimentos ricos nesse mineral devem ser
diminuídos na dieta, porém é impossível eliminar totalmente o fósforo visto que essas são
também fontes de proteínas e cálcio, os quais são essenciais para o nosso organismo.
Para retirar o excesso são usados os quelantes de fósforo impedindo que seja absorvido
(NERBASS, et al., 2008).
O cálcio está envolvido nas principais reações do organismo, porém para a
sua absorção ser eficaz é essencial a presença da vitamina D, que está presente em
nossa pele (ativada pela exposição solar) e em alimentos como, leite e derivados, carne
bovina, peixes, ovos e margarinas enriquecidas, frango, peru e vísceras. Quando a função

43
renal é diminuí- da, ocorrem mudanças na dinâmica do cálcio, ocasionando a deficiência
de cálcio no sangue, caracterizada como hipocalcemia. Embora a ingestão seja
adequada, o excesso de fósforo impede que o cálcio seja absorvido. Como
consequências, causa fragilidade nos ossos e dentes, cãibras, contrações musculares,
dificuldade na coagulação e diminuição dos batimentos cardíacos. Para prevenir a
hipocalcemia é necessário equilibrar os níveis de cálcio e fósforo na alimentação
(BRASIL, 2010).
O potássio é um mineral que atua junto aos músculos e nervos. Quando os
rins estão saudáveis filtram o excesso que é ingerido através da urina. Na DRC, ele não
pode ser excretado adequadamente, podendo acumular potássio na corrente sanguínea.
O nível desejado do potássio plasmático deve ser menor que 5,5 meq. Quando o potássio
está elevado, sinais de fraqueza muscular, sensação de pernas travadas, batimentos
cardíacos irregulares podem ser frequentes (BRASIL, 2010).

Cálcio

No tratamento conservador, a quantidade de cálcio da dieta torna-se


reduzida, já que os alimentos fontes de cálcio (leite e derivados) também são fontes de
proteína. Sendo assim, pode ser necessária a suplementação com cálcio, que deve ser
ingerido distante dos horários das refeições. A recomendação de ingestão de cálcio é de
< 1.000 mg/dia para aqueles em diálise (CUPPARI, 2009).
Em geral, a ingestão alimentar média de cálcio fica entre 500 e 800 mg/dia.
No entanto, outras fontes de cálcio incluem ligantes de fosfato a base de cálcio (acetato
de cálcio e carbonato de cálcio) e, portanto, levam a um balanço de cálcio positivo,
calcificações vasculares e episódios de hipercalcemia. Por isso, a ingestão total de cálcio
(dietético + quelantes) deve ser limitada, não ultrapassando a 2.000 mg/dia (CUPPARI,
2009; REPLENA/NEPRO HP, 2013).
Níveis sanguíneos inapropriados de fósforo e cálcio afetam negativamente a
composição óssea. À medida que o rim perde a função, a ativação da vitamina D e o
controle dos níveis sanguíneos de cálcio declinam. Esse problema se agrava pelo
excesso de fósforo no sangue, que resulta em reabsorção de cálcio do osso. Para evitar a

44
hipocalcemia pode ser usada uma suplementação de cálcio (carbonato de cálcio) para
corrigir essa deficiência (NIX, 2010).
Na hemodiálise é comum o aparecimento de problemas secundários, como
a elevação nos níveis de paratormônio (PTH), com isso, o aparecimento da mobilização
óssea de cálcio que culminam em doenças ósseas, sendo necessário o tratamento com
calcitriol (AVELAR; PIRES e CORTES, 2012; CARVALHO et al., 2012).

Fósforo

A associação entre diversas enfermidades e a hiperfosfatemia foi


demonstrada em diversos estudos. Além disso, o controle inadequado do fósforo está
relacionado com o aparecimento do hiperparatireoidismo e do distúrbio mineral e ósseo
(BRASIL, 2010; OLIVEIRA, et al., 2011).
Estratégias que auxiliam o controle do fósforo sérico incluem diálise
adequada, restrição dietética de fósforo e utilização de quelantes de fósforo. O
aconselhamento nutricional é rotineiramente utilizado para educar os pacientes com
relação à quantidade de fósforo nos alimentos, adequar o uso dos quelantes de acordo
com a ingestão de fósforo nas refeições, reforçar a adesão e conscientizar sobre as
consequências da hiperfosfatemia (NERBASS et al.,2010; TERRA at al.,2012).
Pacientes em diálise devem ser orientados a ingerir entre 1 a 1,2g de
proteína/kg/dia, com até 8 a 17mg de fósforo/kg/dia. Além dos alimentos proteicos, outros
alimentos fontes de fósforo devem ser evitados na vigência de hiperfosfatemia. Esses
incluem cervejas, refrigerantes a base de cola, chocolates, amendoim, castanhas e nozes.
Quando ocorre hiperfosfatemia, somente a restrição dietética de fósforo nem sempre traz
resultados satisfatórios, principalmente porque não é possível uma restrição mais
significativa, considerando- -se que a quantidade de proteína nas terapias dialíticas não
devem ser inferior a 1g/kg/dia. Sendo assim, torna-se necessário o emprego de quelantes
de fósforo. Os quelantes de fósforo agem ligando-se em uma parte do fósforo do alimento
no trato gastrointestinal, formando um composto insolúvel não absorvível que é então
eliminado através das fezes. A quantidade prescrita depende da quantidade de fósforo na
alimentação (CUPPARI, 2009; PINTO, et al., 2009).

45
A maioria dos pacientes que dialisam 3 vezes por semana eliminam
aproximadamente 800mg de fósforo por sessão, que não é suficiente para manter a
fosfatemia em níveis desejáveis ou abaixo de 5,5mg/dl juntamente com a restrição de
fósforo, sendo necessário o uso dos quelante de fósforo (BRASIL, 2010).

Potássio

O rim lesionado não é capaz de eliminar potássio adequadamente, de forma


que a ingestão dietética é determinada pela avaliação dos valores laboratoriais. Para
prevenir o acúmulo de potássio, a ingestão é restrita em 2.000 a 3.000 mg/dia (NIX,
2010).
A hiperpotassemia na DRC é multifatorial e não inclui apenas fatores
dietéticos. Além da diminuição da função renal, as causas de hiperpotassemia incluem a
acidose metabó- lica, uso de anti-hipertensivos inibidores da enzima conversora da
angiotensina (ECA) ou de seus receptores, a baixa eficiência de diálise,
hipoaldosteronemia e constipação intestinal (CUPPARI, 2009).
A hiperpotassemia está associada à arritmia cardíaca e morte súbita,
particularmente nos pacientes em hemodiálise. A terapia dietética para pacientes com
hiperpotassemia inclui a restrição de alimentos ricos em potássio, de forma que a oferta
total de potássio da dieta seja de 50 a 70 mEq/ dia. Merece cuidado também o preparo
das hortaliças. Recomenda-se a cocção em água, sendo que a água do cozimento deve
ser descartada. Com esse procedimento há uma perda de aproximadamente 60% do
conteúdo do potássio do alimento, não havendo necessidade de submeter o alimento a
mais de um cozimento. Para os pacientes em hemodiálise, o potássio deve ser restringido
quando o potássio sérico estiver acima de 5,5 mEq (CUPPARI, 2009; SANTOS et al.,
2013).
As recomendações para potássio tipicamente variam com base no débito
urinário do paciente. As necessidades são de aproximadamente 40 mg/kg de peso
corpóreo sem edema. No entanto, a maioria dos pacientes pode tolerar no mínimo de 2,5
g (2.500 mg) por dia sem efeitos negativos sobre os níveis sanguíneos. Em pacientes
anúricos ou com constipação intestinal, a hiperpotassemia pode ocorrer com esse nível
de ingesta (REPLENA/NEPRO HP, 2013).

46
Hiperparatireoidismo e suas complicações relacionadas ao Cálcio e ao
fósforo

O hiperparatireiodismo secundário (HPTS) é considerado uma das


alterações constante que está relacionado ao elevado risco à doença óssea, dentre elas,
calcificações cardiovasculares e de mortalidade (JUNIOR, 2013).
Devido ao declínio da função renal, ocorrem alterações progressivas no
metabolismo mineral, Distúrbio Mineral e Ósseo da DRC (DMO-DRC), acometendo os
níveis séricos de cálcio, fósforo e dos hormônios reguladores, hormônio da paratireoide,
calcitriol. Os fatores que implicam na fisiopatologia do DMO-DRC é a diminuição da
eliminação renal do fósforo, ocasionando a hiperfosfatemia e a diminuição da produção do
calcitriol pelo rim e a hipocalcemia como resultado desses processos (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2013; JUNIOR, 2013).
As consequências da perda de função renal é a retenção de fósforo,
surgindo então a hiperfosfatemia que também constitui um fator de risco independente
para mortalidade na DRC, devido à indução da calcificação vascular (CV), relacionada à
hiperfosfatemia. Também é de importância a deficiência de calcitriol na fisiopatologia do
HPTS. A concentração desse hormônio encontra-se diminuída na DRC, uma vez que o
rim é o principal órgão responsável pela sua produção, sua deficiência de calcitriol
acarreta hipocalcemia pela menor absorção intestinal (NIX, 2010; SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2013).
No HPTS podem aparecer sintomas como dores ósseas e articulares,
mialgia e fraqueza muscular. Fraturas, prurido, deformidades ósseas, tumor marrom,
calcificações de partes moles e ruptura de tendões estão presentes especialmente nos
pacientes com doença de longa duração. Paciente portadores de HPTS em diálise
apresentam uma incidência de fraturas 4,4 vezes maior que a população em geral. A
doença cardiovascular (DCV), também é uma complicação do HPTS que se manifesta
pela presença de calcificações extra esqueléticas, incluindo vasos, valvas cardíacas e
miocárdio, que contribui para a alta taxa de mortalidade na DRC (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2013).

47
Terapia Nutricional na Insuficiência Renal Crônica

A nutrição desempenha papel importante no tratamento dos pacientes com


DRC, no entanto, existem grandes problemas nutricionais afetando esses pacientes,
incluindo dieta restrita. Os elementos da dieta renal incluem obtenção de calorias e
proteínas adequadas ao mesmo tempo que se limitam determinados nutrientes, como
cálcio, potássio e fósforo. O aconselhamento nutricional dietético auxilia no controle e na
prevenção das complicações da DRC (REPLENA/NEPRO HP, 2013; PINTO et al., 2009).
O tratamento deve ser sempre individualizado e ajustado de acordo com a
progressão da doença, com o tipo de tratamento e com a resposta do paciente. O
acompanhamento nutricional específico e individualizado auxilia no tratamento e melhora
da qualidade de vida destes pacientes, bem como, na diminuição da incidência das taxas
de mortalidade (SANTOS et al., 2013).
A DRC também requer do conhecimento de aspectos distintos, pois uma vez
estabelecida no organismo humano, pode levar a um conjunto de complicações e
morbidades, que englobam a doença base, o estágio da doença, a velocidade da
diminuição da FG, proteinúria persistente; dieta elevada de proteína e fosfato,
dislipidemia, hiperfosfatemia, anemia, doença cardiovascular, tabagismo e obesidade
(SIVIERO; MACHADO e RODRIGUES, 2013; BASTOS; BREGMAN e KIRSZTAJN,
2010).

Considerações Finais

O conhecimento mais aprofundado da DRC e dos fenômenos envolvidos na


manutenção da homeostase e equilíbrio de cálcio, fósforo e potássio dos indivíduos que
encontram-se em hemodiálise é muito complexo. Dessa forma, a nutrição clínica voltada à
DRC demonstrada a importância de uma dieta restrita e bem estruturada, feita
exclusivamente a cada indivíduo.
Os principais cuidados relacionados à hipocalcemia são uso de quelantes e
a diminuição dos alimentos ricos em fósforo presentes na alimentação, bem como, porque
a hiperfosfatemia é prejudicial ao organismo e pode levar a várias consequências
relacionadas, dentre as quais o hiperparireoidismo secundário. Além disso, o excesso de

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potássio nos alimento pode agravar o estado clínico do paciente, podendo ocasionar
ataque cardíaco e até mesmo a morte.
Nesse contexto, o portador de DRC demonstra a necessidade de um
acompanhamento multiprofissional no processo de compreensão da sua doença e adesão
ao tratamento. Assim, mostra-se necessária a inclusão do nutricionista na Unidade de
Hemodiálise, visto ser ele o profissional indicado para lidar com as diversas restri- ções
dietéticas, apto a prescrever uma dieta saudável com as quantidades apropriadas de
cálcio, fósforo e potássio na dieta ao portador de DRC, sendo esse um recurso de
extrema importância para melhoria da assistência e da qualidade de vida

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