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FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE BRAGANÇA PAULISTA

SUZANA KATAGIRI DOS SANTOS

FUNÇÃO E DISFUNÇÃO 3 - PESQUISA DIGESTÃO DAS AVES E


EQUINOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

BRAGANÇA PAULISTA

2022
FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE BRAGANÇA PAULISTA

SUZANA KATAGIRI DOS SANTOS-2020009

FUNÇÃO E DISFUNÇÃO 3 - PESQUISA DIGESTÃO DAS AVES E


EQUINOS

Exercício de aula da disciplina de Função e Disfunção 3,


apresentado à Faculdade de

Ciências e letras da FESB.

Orientador: Prof/ Dr Luís Flávio.

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

BRAGANÇA PAULISTA

2022
1. INTRODUÇÃO

Devido às particularidades anatômicas individuais das espécies, diferentes terapias são


aplicadas para o tratamento da mesma enfermidade nos animais. Sendo assim, é de suma
importância o conhecimento específico anatômico das diferentes espécies pelo médico
veterinário.

Dentro da subclasse "Mamíferos", são divididos em basicamente 3 grupos; carnívoros


(monogástricos), omnívoros, herbívoros fermentadores (fermentadores de ceco, e
ruminantes). E dentro da classe aves, encontram-se diversas famílias, com diferentes sistemas
gastrointestinais como; Psittaciformes, Passeriformes, Galliformes, Falconiformes,
Strigiformes, e etc. Com variações em relação a presença de ceco, inglúvio, proventrículo.
Variações em relação ao tamanho do pâncreas, e variações referente a síntese do "Leite de
papo".

O objetivo dessa pesquisa é trazer à tona os conhecimentos referentes a anatomia do sistema


gastrointestinal dos equinos, e das aves, com o foco em suas particularidades.

2. ANATOMIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL DAS AVES


Trânsito gastrointestinal: Inicia-se com a ingestão do alimento pelo bico propriamente dito,
utilizado para captura (garças), filtração (flamingos), fraccionamento (galinha),
dilaceramento (harpia), ou descascamento (arara), ou por meio de lambedura (no caso de
lóris, e beija-flor). Depois segue para a orofaringe (a qual possui glândulas salivares, que
secretam substância mucóide, para a lubrificação do alimento) onde desce para o esôfago.
Este em algumas espécies possui sua parte distal ventral aumentada de tamanho (o inglúvio),
com a função de armazenar o alimento (não possui nenhuma função digestiva), demais
espécies como o caso das corujas, o esôfago permanece sem diferença de tamanho. O
inglúvio nos pombos, flamingos, e alguns pinguins, machos, e fêmeas, quando se encontram
no período de chocagem produzem em seu grande papo um material friável (“leite de papo”)
que consiste em células epiteliais descamadas com lipídios, e que ao ser misturado com o
alimento ingerido por tais animais é regurgitado para alimentar os filhotes.

O esôfago leva o alimento para o estômago, que é dividido em: proventrículo (estômago
químico), e ventrículo (estômago mecânico, conhecido como moela), unidos por uma região
chamada Istmo.

O proventrículo realiza a digestão pela secreção de ácido clorídrico e pepsinogênio, e o


ventrículo, realiza a digestão mecânica, com base em contrações, e atuação de pequenas
pedras que o animal ingere.

Depois desemboca-se no intestino delgado, na parte proximal (duodeno), está localizado o


pâncreas (mostrado na figura 3), que é responsável pela secreção das enzimas; amilase,
lipase, tripsina e quimiotripsina, essenciais para a digestão dos alimentos. Segue para o
jejuno, e depois o íleo. Na transição do jejuno-íleo, em ⅓ das aves ocorre a presença do ceco,
que em algumas espécies é unilateral, e outras bilateral, com forma tubular (mostrado na
figura 4).

O íleo leva o bolo alimentar para o cólon, possui a denominação de cólonreto e origina-se na
junção ileocecal, e termina em um ligeiro alargamento na cloaca. Possui como função a
reabsorção de água e eletrólitos por movimentos antiperistálticos, visto que a urina é movida
a partir da cloaca para o cólonreto por meio de ações anti peristálticas. Por fim, o bolo fecal
formado vai ser designado, e evacuado pela cloaca. É uma estrutura comum aos sistemas
reprodutivo, urinário e digestório, tendo em vista que o cólonreto, os ureteres e ductos
deferentes ou oviduto esquerdo abrem -se na cloaca em diferentes níveis, e a cloca se abre
para o exterior por meio do vento. Encontra -se dividida em coprodeu, urodeu e proctodeu
por meio de duas pregas anulares parcialmente completas. A bolsa cloacal, está localizada na
parede dorsal do proctodeu e é o local de produção e diferenciação dos linfócitos B.

Figuras 1,2,3, e 4:

Figuras 1,2; 1: Anatomia integral da ave. 2: Trânsito gastrointestinal com origem no esôfago,
até seu término na cloaca, e ovário, adrenal, e rim. Fonte: BENEZ, Stella. Livro: Aves. Novo
Conceito. 2005.
Figura 3: Sistema gastrointestinal de maritaca, com pâncreas
sinalizado com ponto/seta verde. Fonte: Autoria própria. 2022.

Figura 4; Ceco de galo. Fonte: www.ca.uky.edu.

2. SECREÇÕES E ABSORÇÃO
A liberação de secreções do trato gastrointestinal inicia-se na orofaringe, que possui uma
camada de glândulas salivares distribuídas em sua superfície, e pequenos agregados de
glândulas maxilares e palatinas no teto da boca, e glândulas mandibulares e linguais no
assoalho. A saliva das aves é mais mucóide justamente para lubrificar o alimento, sua síntese
e liberação está sob controle de estimulação parassimpática.

Depois no esôfago, existem diversas glândulas mucosas com a função de produzir muco para
auxiliar a passagem do bolo alimentar. O inglúvio das espécies que o apresentam, possui o
mesmo epitélio do restante do esôfago, contudo é aglandular. Depois segue para o estômago.

No proventrículo, existem dois tipos de células epiteliais das glândulas do proventrículo: as


células oxintopépticas, as quais produzem ácido clorídrico e pepsinogênio, e as células
epiteliais que produzem muco. O Istmo é uma área de transição do proventrículo para a
moela, este é aglandular. Na moela (ventrículo), a mucosa é fina, porém resistente e
encontra-se revestida por um epitélio cúbico constituído por glândulas tubulares, cuja
secreção se solidifica na superfície. Essa secreção é modificada pelo pH baixo proveniente do
ácido clorídrico do proventrículo e forma uma rígida cutícula de coilina (complexo
carboidrato-proteína). A cutícula, pregueada e áspera, é continuamente reabastecida pelas
glândulas subjacentes à medida que ela é gasta, possuindo uma coloração amarelo-esverdeada
devido ao refluxo de bile proveniente do duodeno, e auxilia na função, e proteção do órgão
contra a atrito da digestão física exercida por ele. Depois, desemboca o bolo alimentar para o
duodeno, onde fica o pâncreas.

O pâncreas atua tanto na função endócrina com insulina e glucagon quanto na exócrina com
as enzimas amilase, lipase, tripsina e quimiotripsina. Depois indo para o cólon, que tem a
função de absorver H20, e eletrólitos por meio do peristaltismo, e osmolaridade.

2. ANATOMIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL DOS EQUINOS


Inicia-se na cavidade oral, com a apreensão (feita pelos dentes incisivos no caso do equino),
mastigação (por meio de maceração), e a digestão química pela ação da ptialina, presente na
saliva liberada pelas glândulas salivares, quebrando partículas de amido. Seguindo para o
esôfago, com epitélio queratinizado (que protege contra o atrito dos alimentos), com
movimentos peristálticos, direcionando o bolo alimentar para o estômago.

Os equinos são incapazes de vomitar, por conta de não possuírem o reflexo do vômito, e pela
região da cárdia ser bem desenvolvida (mostrada na figura 5).

O bolo alimentar desemboca no estômago, que para a espécie é relativamente pequeno


(volume entre 7,5L - 15L), depois segue para a parte caudal do sistema gastrointestinal, sendo
divididos em: Intestino delgado (duodeno, jejuno, íleo), e Intestino grosso (ceco cego, cólon,
reto). O intestino é formado pelas camadas de: mucosa (presença de células caliciformes,
glândulas intestinais), submucosa, e túnica muscular (músculo liso). O intestino delgado
possui vilosidades, já o intestino grosso não possui, tendo funções distintas, o intestino
delgado atua na absorção de micro e macroelementos: vitaminas, minerais, proteínas… Já o
intestino grosso possui a função de absorver água, e formar o bolo fecal para a excreção, de
maneira geral. No caso de fermentadores pós gástricos, como os equinos, o ceco (encontrado
no intestino grosso) atua na fermentação, quebrando a celulose, além da digestão dos
carboidratos, gorduras e fibras. A produção de ácidos graxos de cadeia curta no ceco é capaz
de suprir 30% da energia de manutenção do equino (BRANDI; FURTADO, 2009).

O duodeno é a primeira região por onde o bolo alimentar passará. Onde desembocam as
secreções pancreáticas, e a bile (essa libera constantemente, já que a espécie não possui
vesícula). Depois segue para o jejuno, e íleo, onde os enterócitos atuam na digestão e
absorção, e os movimentos peristálticos mantém o fluxo do alimento uniforme.

Logo após vem o intestino grosso, que é uma das estruturas mais importantes do trato
digestivo onde há presença de microrganismos que realizam a fermentação das fibras e dos
nutrientes não absorvidos no intestino delgado, presentes no ceco. Mede em torno de 7
metros de comprimento, dividido em ceco, cólon (que se subdivide em cólon dorsal direito e
esquerdo, cólon ventral direito e esquerdo e cólon menor) e reto. Entre o ceco e o cólon existe
uma estrutura chamada válvula ceco-cólica.

A maior parte do cólon, tem a função de absorção de água, e produtos pós fermentação
ocorrida no ceco (este é a parte que o conteúdo do intestino delgado desemboca, para depois
seguir para o restante do cólon, e suas subdivisões), já cólon menor (última porção do cólon)
é responsável pela forma final das fezes, e por fim, desemboca no reto, por onde o bolo fecal
será eliminado.

Figura 5: Ilustração de regiões de estômago monogástrico. Fonte: Sistema digestório -


estômago. UFPA. PINHEIROS, JULIANA.
Figura 6; Ilustração trato intestinal de equino, segundo Ghetie, 1958. Fonte: Livro: Anatomia
dos Animais Domésticos, KONIG, HORST.

4. SECREÇÕES E ABSORÇÃO
As secreções iniciam-se na cavidade oral, com as glândulas salivares liberando amilase,
iniciando a digestão do amido, e secreção mucosserosa, que possibilita a lubrificação, assim
passagem facilitada (com menos atrito), para o estômago. O bolo alimentar passa pelo
esfíncter da cárdia, e no estômago ocorrerá a digestão química por meio de secreções
excretadas pelos 3 tipos de glândulas: cardíacas (secretam muco), fúndicas próprias (secretam
ácido clorídrico, e pepsinogênio, por meio das células principais, e parietais), e pilórica
(secreta muco).

Na parte primária do intestino delgado (duodeno), desembocam a bile (com função


emulsificante de gordura, e de pigmento), e as secreções pancreáticas, que além de enzimas,
possui grande quantidade de álcalis e bicarbonato para neutralização dos ácidos, o pH após a
adição dessa secreção sobe para 6,5 no jejuno e íleo.

O intestino delgado, possui vilosidades repletas de células caliciformes (secretam muco), e


células colunares (que absorvem elementos como: minerais, vitaminas, aminoácidos…), o
que aumenta a absorção, é que cada vilosidade tem sua própria arteríola, e uma vasta rede de
capilares sanguíneos, e linfáticos (drenam produtos da digestão da gordura).

Após o íleo, o bolo segue para o ceco, onde ocorre uma espécie de 2º digestão química dos
elementos que o estômago não conseguiu quebrar, e síntese de produtos. O ceco é uma
câmara de fermentação, semelhante ao rúmen para os ruminantes, possui microrganismos
comensais necessários (bactérias) para a digestão da celulose, restante de amido, e algumas
proteínas. Além disso, realiza a produção de ácido propiônico que servirá como substrato
para a produção de glicose após absorção pelo animal e também lactato, e atua na absorção
dos ácidos graxos voláteis (AGVs), que ocorre de forma livre por gradiente de concentração e
sua absorção libera bicarbonato no intestino que auxilia na manutenção do pH. Os
microrganismos são capazes de sintetizar vitaminas do complexo B.

Depois do ceco, segue para o cólon, e suas subdivisões, com a função de abdorção de
produtos gerados pela fermentação, e água excedente. A absorção dos nutrientes ao longo do
cólon se dá por co-transporte principalmente de sódio. O potássio é absorvido por difusão
passiva, o magnésio e o fósforo são absorvidos por difusão facilitada através de gradiente de
concentração, o cálcio é mais absorvido no intestino delgado e o fósforo no intestino grosso,
pois o fósforo presente em maior quantidade na dieta está associado à parede celular na forma
de fitato. A água é absorvida em todo intestino por osmose.

Por fim, o bolo fecal é moldado no cólon menor, e excretado pelo reto.

5. REFERÊNCIAS
ARANZALEZ, JOSÉ. O estômago equino: agressão e mecanismos de defesa da mucosa.
Revisão de literatura: Ciência Rural, Santa Maria, v.43, n.2, p.305-313, fev, 2013. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/cr/a/4dhLdMrkdchTgPvFNgn4mKM/?lang=pt&format=pdf

BENEZ, STELLA. Livro: Aves. Novo Conceito. 2005.

BRANDI, R. A.; FURTADO, C. E. Importância nutricional e metabólica da fibra na dieta de


equinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p. 246-258, 2009.

DANTAS, DANAÊ; Anatomia, e fisiologia das Aves. Apresentação Fesb. 2022. Disponível
em:
file:///Users/suzanakatagiri/Downloads/20221028_2253_ANATOMIA+E+FISIOLOGIA+DE
+AVES+[Salvo+automaticamente].pdf

HILLEBRANT, RHUANNA. Anatomia e fisiologia do aparelho digestório de equinos


aplicados ao manejo alimentar. Revista acadêmica de ciência equina. v. 01, n. 1 (2015).
Disponível em:
http://www.gege.agrarias.ufpr.br/grupeequi/racequi/artigos/anatomia%20e%20fisiologia.pdf

KONIG, HORST. Anatomia dos Animais Domésticos, v. 06, p.357 (2017).

PINHEIROS, JULIANA. Sistema digestório - estômago. UFPA. 2017. Disponível em:


https://www.passeidireto.com/arquivo/35865073/estomago

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