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FACULDADE ANHANGUERA

MEDICINA VETERINÁRIA

CAMILA FERREIRA BARBOSA


MARIA CLARA ALVES FERNANDES
RAIANY FERREIRA ARANTES

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE GATOS E SUAS ESPECIFICIDADES

UBERLÂNDIA
2023
CAMILA FERREIRA BARBOSA
MARIA CLARA ALVES FERNANDES
RAIANY FERREIRA ARANTES

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE GATOS E SUAS ESPECIFICIDADES

Trabalho de resumo referente ao curso de


Medicina Veterinária da Faculdade
Anhanguera de Uberlândia.

Profª. Me. Marília Parreira Fernandes

UBERLÂNDIA
2023
SUMÁRIO

1. ANATOMIA DO TRATO GASTROINTESTINAL EM GATOS...................................4


1.1.A cavidade oral, faringe e esôfago.............................................................................4
1.2.O estômago do monogástrico.....................................................................................4
1.3.Intestino delgado, metabolismo e absorção................................................................5
1.4.Intestino Grosso..........................................................................................................5
2. ALIMENTOS QUE COMPÕE A DIETA DOS GATOS...................................................6
2.1.Tipos de alimentos em suas respectivas fases de vida................................................6
2.1.1. Filhote.......................................................................................................7
2.1.2. Fase de crescimento e fase adulta.............................................................8
2.1.3. Adulto castrado.........................................................................................9
2.1.4. Idoso..........................................................................................................9
3. COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL E SUPLEMENTAÇÃO.............................................11
3.1.Carboidratos...............................................................................................................11
Proteínas e aminoácidos.............................................................................................11
3.2.1. Taurina........................................................................................................11
3.3. Lipídeos.....................................................................................................................11
3.4. Vitaminas com tendência à deficiência......................................................................12
3.4.1. Vitamina A...................................................................................................12
3.4.2. Vitamina D...................................................................................................12
1. Anatomia do Trato Gastrointestinal em Gatos

1.1. A cavidade oral, faringe e esôfago


De início é importante citar o caminho do alimento em gatos que se assemelha as demais
espécies domésticas. Em resumo, o alimento entra pela cavidade oral do animal, seguindo pela
orofaringe, laringofaringe e esôfago. Ele entra pela cárdia do estômago e prossegue até o piloro
do estômago. Logo após, segue seu caminho pelo intestino delgado (duodeno, jejuno e ílio) e
intestino grosso (ceco, colo e reto).
A cavidade oral se divide em vestíbulo labial que compreende os espaços entre os dentes e
lábios e vestíbulo bucal entre os dentes e as bochechas. O vestíbulo se comunica com a cavidade
própria da boca por meio dos diastemas (espaços interdentais). No gato, os dentes e a língua
são importantes para a apreensão do alimento, por isso, os lábios não compreende papel
fundamental, sendo bastante reduzido se comparado as demais espécies. (KÖNIG, 2011)
A língua do gato, caracterizada como áspera por muitos, se dá pela intensa queratinização
do epitélio das papilas cônicas. No dorso da língua essas papilas são orientadas caudalmente e
têm formato de gancho, isso auxilia a limpeza do gato, porém pode ajudar que se acumule
objetos e pelos pelo canal alimentar. (DYCE, 2010)
A dentição do gato compreende em 30 dentes. Os gatos não possuem dentes moedores de
coroa plana, fazendo com que sua dentição seja exclusivamente cortante. A fórmula de sua
dentição permanente, que se dá a partir dos 6 meses de idade é: 3 – 1 – 3 – 1 superiores e 3 – 1
– 2 – 1 inferiores.
A deglutição é o processo pelo qual a comida em que o animal ingere é transferida da
garganta para o esôfago. Primeiro, de forma voluntária, ele mastiga o alimento e o move para a
parte de trás da garganta. Nesse momento, a língua faz um movimento contra o céu da boca, e
alguns músculos envolvidos na mastigação, como o milo-hióideo, hioglosso e estiloglosso, se
contraem para fechar a mandíbula e a maxila. Após essa etapa, a língua é elevada contra o palato
mole para bloquear o retorno do alimento, e a respiração é temporariamente interrompida. Em
seguida, o alimento passa pela epiglote e segue em direção ao esôfago. O esôfago é um tubo
relativamente curto. (KÖNIG, 2002)

1.2. O estômago do monogástrico


O estômago dos gatos se faz possível dividir o estômago em cinco regiões distintas, que são
chamadas de cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. Entretanto, do ponto de vista funcional,
considera-se apenas duas dessas regiões: o corpo, localizado na parte proximal, e o antro, que
se encontra na parte distal. (MASKELL; JOHNSON, 1993)
O corpo do estômago tem a capacidade de armazenar uma grande quantidade de comida em
um intervalo de tempo específico. Além disso, é responsável por produzir secreções como
muco, ácido clorídrico e enzimas digestivas por meio das glândulas gástricas. Por outro lado, o
antro está localizado mais distalmente e tem a função de produzir uma solução alcalina,
chamada de quimo, com baixa quantidade de enzimas, através das glândulas cardíacas e

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pilóricas. O quimo forma então, um líquido espesso e leitoso que, através do esfíncter piloro,
irá passar posteriormente no duodeno. (DYCE, 2010)
O estômago dos gatos é mais curvado internamente e a porção pilórica não se estende muito
além da metade direita do abdome. É menos frequente que os gatos apresentem uma grande
distensão do estômago, pois eles tendem a comer com mais calma e em menor quantidade do
que os cães. (DYCE, 2010)

1.3. Intestino delgado, metabolismo e absorção


O intestino faz parte da porção caudal do sistema digestivo. O intestino delgado desempenha
um papel crucial na absorção e na digestão dos alimentos. A digestão envolve a quebra
enzimática dos alimentos ingeridos, a fim de permitir a absorção adequada dos nutrientes.
O duodeno é a parte proximal do intestino delgado, prolongando-se desde a parte pilórica,
em sua parte cranial direita, até o jejuno. O ducto pancreático e o ducto biliar se abrem no
duodeno. Já o jejuno, as alças ocupam a parte ventral do abdômen entre o estômago e a vesícula
urinária. (KÖNIG, 2011).
No intestino delgado, ocorre a finalização do processo de digestão. Todas as proteínas,
lipídios e carboidratos que podem ser digeridos são quebrados em seus componentes menores,
como aminoácidos, dipeptídeos, glicerol, ácidos graxos e monossacarídeos. Assim que essas
substâncias são liberadas, elas são prontamente absorvidas, assim como os minerais, vitaminas
e água. Assim que a quimio chega ao duodeno são adicionadas novas enzimas da própria
mucosa ou do pâncreas. (BLAZA, 1987)
Em relação à bile, ela é adicionada ao quimo no duodeno e é armazenada na vesícula biliar
até ser necessária. A bile contém sais biliares, pigmentos e outros resíduos produzidos pelo
fígado, que não são enzimas, mas desempenham funções importantes. Um desses papéis é
emulsionar as gorduras, atuando como um detergente que quebra as gorduras em pequenos
glóbulos, aumentando assim a área de superfície de contato para a ação das lipases. A secretina,
além de aumentar a quantidade de bicarbonato, também controla o fluxo da bile. Outro
hormônio do duodeno chamado colecistocinina causa a contração da vesícula biliar, o que
resulta na liberação da bile armazenada. (BLAZA, 1987)
Os nutrientes podem ser absorvidos de maneira passiva ou ativa na camada mucosa do
intestino. Isso ocorre devido à existência de pequenas projeções chamadas vilosidades, que
proporcionam uma grande quantidade de materiais às superfícies das células epiteliais. Essas
vilosidades possuem uma rede densa de capilares, o que impede o acúmulo dos nutrientes
absorvidos. (BLAZA 1987)

1.4 Intestino grosso


O intestino grosso prolonga-se desde o final do íleo até o ânus sendo constituído por ceco,
cólon e reto. O ceco nos gatos é extremamente pequeno e possui formato vírgula.
O cólon é subdividido em três partes: cólon ascendente, cólon transverso e cólon
descendente. Sua principal função é a absorção de água e eletrólitos, além da fermentação de
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substâncias orgânicas não digeridas e não absorvidas pelo intestino delgado. (LAFLAMME,
2005)

2. Alimentos que compõem a dieta dos gatos


Os gatos são animais anatomicamente carnívoros estritos. Estes possuem os seus
caninos bem desenvolvidos e o estômago é extremamente ácido com ausência de amilase
salivar.
Assim como os seres humanos, os animas pet precisam de uma alimentação correta
através de uma dieta balanceada e completa. Diante desse fator, os compostos orgânicos e
inorgânicos são extremamente importantes para a manutenção da vida, esses podem ser as
proteínas, os lipídios, vitaminas, carboidratos, os minerais e a água.
Além disso, os ingredientes funcionais são de grande importância na nutrição animal,
como a adição de prebióticos, fibras especiais, auxiliadores para a saúde articular, entre outros
que vem contribuindo para que ele tenha maior longevidade. Desta forma é importante constatar
que na dieta de cães e gatos irá depender do estilo de vida e idade do animal para equilibrar a
sua nutrição nas suas fases de vida, por exemplo se o animal for atlético e realizar atividades
físicas ele necessitará de uma alimentação rica em energia e em nutrientes em geral, já se for
castrado e passar a maior parte do dia deitado a sua dieta deve obter baixo teor calórico.
Os gatos possuem peculiaridade em relação alimentação e a sua nutrição exigindo maior
atenção no manejo de sua dieta, sendo importante que esta garanta saúde e bem-estar aos pets.
Diferente dos cães, os gatos possuem metabolismo específicos e sua exigência nutricional é
maior em relação a proteína, aminoácido arginina, vitamina B6 e niacina. Os gatos são animais
carnívoros e apesar dos nutrientes estar presentes nas carnes, com o avanço das indústrias de
alimentos pet é permitido o uso de ração na dieta dos felinos domésticos, que respeita um
equilíbrio dos nutrientes e possuem uma grande fração de carboidrato. Os gatos não sintetizam
o ácido araquidônico que pertencem a família do ômega 6 e o aminoácido taurina, sabendo que
esses são importantes na alimentação destes.

2.1.Tipo de Alimentos em suas Respectivas Fases de vida

Segundo NRC (2006) o importante e correto conhecimento das fases de vida do animal
ajudam a determinar, de maneira lógica, o manejo alimentar aplicado a estas fases visando um
ótimo estado de saúde e qualidade de vida. É importante a adição de ingredientes funcionais
na alimentação dos gatos como prebióticos, fibras especiais, auxiliadores da saúde articular,
entre outros, que promovem a saúde, bem-estar e contribuem para uma maior longevidade. A
falta ou excesso de nutrientes pode desequilibrar o sistema fisiológico do animal e predispor o
organismo ao mau desenvolvimento corporal e constituição óssea, obesidade, alterações
reprodutivas, dentre outros (CARCIOFI, 2005).
Vale ressaltar que os gatos não conseguem sintetizar o ácido araquidônico (um ácido
graxo da família ômega 6) e o aminoácido taurina, sendo fundamental que estejam presentes na

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dieta. A alimentação quando filhote é de suma importância, pois é o período em que acontece o
desenvolvimento de todos os tecidos e órgãos. Na fase adulta é necessário oferecer um alimento
que contenha todos os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento e manutenção do
animal (CARCIOFI, 2005; CARCIOFI, 2008).
Os gatos possuem características peculiares em relação ao manejo e dieta, sendo de
extrema importância uma atenção especial quanto à alimentação para garantir uma melhor
saúde e bem-estar (CARCIOFI, 2008).
De acordo com Cappilli et al. (2016), devido ao metabolismo específico, estes animais
têm necessidades nutricionais diferentes dos cães, como: maior exigência proteica; assim como
do aminoácido arginina, da vitamina B6 e da niacina (respectivamente cerca de duas, três e
quatro vezes maiores em relação aos cães); ingestão de vitamina A pré-formada na dieta e
dificuldade em digerir carboidratos.

Frango Rico em proteínas


Fígado Repleta de proteínas, vitamina C (que ajuda na
imunidade) e A, selênio e zinco
Batata Melhora a visão, o metabolismo e a
coagulação sanguínea
Ervilha Melhora o funcionamento intestinal
Ovo cozido Rico em proteínas
Peixe Alto teor de ômega 3 e 6
Tabela 1: Exemplos de alimentos nutritivos para gatos

2.1.1 Filhote
Os gatos neonatos na primeira semana são imaturos fisiologicamente e neurologicamente,
senda essa uma fase crítica para a vida desses animais, eles possuem poucas gorduras corpórea,
um dos cuidados necessários é a alimentação desses pequenos. O principal alimento é o colostro
que no caso dos gatos estão disponíveis nas primeiras 24 a 72 horas após o parto, esse possui
anticorpos presentes e tem função de fornecer imunidade aos filhotes, além de ser rico em
proteína e gorduras que suprir as demandas nutricionais. Pode-se inserir alimentos sólidos na
3° e 4° semana, sendo este umidificado com água morna e gradativamente diminuindo a
quantidade de água para que na 5° semana esse animal consumo alimento completamente seco.
A primeira semana de vida é extremamente crítica e irá definir seu desenvolvimento ao
longo de sua vida. A fase em que mais se exige cuidados da parte nutricional é a de crescimento.
O período de filhote vai de 0 a 12 meses de idade, nas primeiras 24 às 72h o gatinho deve
receber apenas o colostro, que irá ajudar na imunidade dele devido os anticorpos presentes,
além de ser rico em proteína e gordura que iram suprir a demanda nutricional do animal
(WORTINGER, 2009).
Após o desmame, o organismo do filhote irá desenvolver por si só suas defesas naturais, e
com uma alimentação adequada terá o necessário para desenvolver essa proteção. Depois do
desmame deve-se iniciar a transição para a alimentação sólida. Na fase de crescimento os gatos
necessitam de no mínimo, 160 kcal de EM por kg de peso corporal durante todo o período de
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seu crescimento. O gatinho vai precisar em média do dobro das calorias na sua alimentação em
relação a um adulto, levando em conta o seu peso. Entre os micronutrientes há uma demanda
muito maior do filhote pelos minerais cálcio, fósforo e cobre, e pela vitamina A, vale ressaltar
que as proteínas devem ser em sua maioria de fontes de origem animal, respeitando a natureza
carnívora dos gatos.
Os alimentos para filhotes devem conter uma atenção especial nesse ponto, com a adição
de nutrientes de alta digestibilidade, além da inclusão de prebióticos - que são os “alimentos”
preferidos das bactérias benéficas que habitam o trato intestinal.

2.1.2. Fase de crescimento e fase adulta

Os gatos em crescimento necessitam de uma quantidade superior de energia metabolizável


(gatos em crescimento necessitam de, no mínimo, 160 kcal de EM para kg de peso corporal)
quando comparado com a quantidade para a manutenção do animal adulto (gato adulto ativo
necessite de 70 kcal de EM para kg de peso), nesta fase o seu peso é cerca de 45 vezes maior
em relação ao nascimento. Os gatos em crescimento necessitam de maior quantidade de
nutrientes do que na fase adulta, isso devido a formação de novos tecidos, os níveis de proteína
além de ser maior, essas devem também ser de fácil digestão garantindo que sejam liberados
todos os aminoácidos essenciais para o seu desenvolvimento. É importante mencionar que não
recomenda se adicionar cálcio e fósforo na alimentação dos felinos pois as rações já estão
balanceadas de acordo com a sua exigência, além disso nesta fase se exige pouco desses
nutrientes, sendo de 1% para cálcico e 0,8% para fósforo.
Os felinos apresentam um comportamento alimentar que os diferenciam dos cães
principalmente na fase de crescimento, ao longo do dia ele consome a ração em pequenas
quantidades, com uma ingestão frequente, quanto mais esse animal for ativo mais ele irá se
alimentar, desta forma deve se disponibilizar o mesmo de livre escolha ao animal.
Os gatos adultos diferentes dos cães precisam se alimentar diversas vezes ao dia em
pequenas quantidades, mantendo sempre um peso ideal. A fase adulta é geralmente entre 10 e
12 meses. A manutenção da fase adulta geralmente vai dos 12 meses aos oito anos de vida. A
alimentação dos gatos na fase adulta deve obter nutrientes disponíveis na quantidade adequada
para manter sua saúde física, mental e todas as suas atividades, com isso é possível evitar ou
retardar doenças, gatos castrados têm sua exigência nutricional reduzida de 24 a 33% e no
mercado pet food já possuem alimentos específicos para estes, é importante que a dieta seja
palatável para garantir que o animal irá consumir adequadamente, e além dessas precauções é
indispensável água limpa, fresca e disponível.
Para esses animais em manutenção adulta, a alimentação deve conter as seguintes
características básicas, como:
• Proporcionar quantidade e a disponibilidade correta de nutrientes para manter a
saúde física, mental e as atividades;
• Favorecer o melhor estado de saúde e, dessa maneira, reduzir a suscetibilidade a
doenças;

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• Ser suficientemente rica em nutrientes para permitir que o animal supra as suas
exigências nutricionais ao se alimentar e;
• Ser suficientemente saborosa para assegurar um consumo adequado.
Na fase adulta é importante se atentar para a quantidade de alimento fornecido. Gatos não
castrados e principalmente os que vivem soltos precisam ingerir uma quantidade maior de
macronutrientes (proteínas e gorduras) do que gatos castrados e/ou sedentários.
Para gatas gestantes e lactantes a necessidade de nutrientes também é maior. Nesse
momento é importante deixar a alimentação à vontade para a gata, que irá ajustar sozinha a
quantidade de consumo de acordo com as suas necessidades.

2.1.3 Adulto castrado


Nos gatos castrados o gasto energético é bem menor e a falta dos comportamentos
relacionados à reprodução acaba diminuindo naturalmente a atividade física do felino. Nesses
casos, é necessário oferecer uma alimentação menos calórica, o controle da quantidade de
alimento deve ser mais vigiado, pois a chance de sobrepeso é bem maior.
Wortinger, (2009) comenta que, as exigências nutricionais diárias de gatos castrados são
reduzidas em 24 a 33% quando comparada as de gatos inteiros. Essas reduções nutricionais se
dão pela redução da taxa metabólica basal, pois os gatos castrados não diminuem as suas
atividades.
Para evitar o ganho de peso, as dietas para gatos castrados devem ter uma pequena redução
na quantidade de gordura a fim de reduzir o aporte calórico do alimento. Além disso, mais fibras
são adicionadas, o que diminui o índice glicêmico e ajuda a aumentar a sensação de saciedade
após a refeição.

2.1.4. Idoso
Os gatos idosos têm exigência dos mesmos nutrientes das suas fases de vida anterior, porém
em quantidades e proporções diferentes, por exemplo a proteína e a energia metabolizável serão
em menor quantidade para esta fase, essas ainda devem ser de maior qualidade e digestibilidade.

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Os gatos idosos apresentam doenças muito comuns nessa fase como a falência renal crônica e
o hipertireoidismo, para que esses problemas não ocorram deve-se cuidar bem da higiene bucal
do animal e que o mesmo venha a ingerir apenas água de qualidade. Com o envelhecimento
gradativo, também perdem a eficiência digestiva, se tratando de felinos ocorre principalmente
para proteínas e lipídios. Desta forma recomenda-se aos tutores que continuem o fornecimento
normal de alimento com a mesma quantidade, porém específico para esta fase com maior
digestibilidade principalmente para proteínas e lipídios
A capacidade funcional dos órgãos dos gatos começa a cair logo depois que ele atinge a
idade adulta, nessa fase a alimentação do gato também deve ter a quantidade de calorias
controlada.
Devido a sua redução de atividades, o gato precisa de uma dieta mais equilibrada, com
baixos índices de carboidratos e rica em proteínas de alta qualidade. A gordura presente no
alimento também deve ser menor, porém não pode ser retirada totalmente. Os gatos não são
capazes de sintetizar o ácido araquidônico, que é um ácido graxo essencial (um tipo de gordura
indispensável para o metabolismo animal) proveniente da ingestão de gordura.
Um outro aspecto importante na dieta do gato idoso é a presença de antioxidantes, eles são
substâncias que retardam o processo de envelhecimento das células e podem ajudar a manter o
gato saudável ao neutralizar os radicais livres. Os radicais livres são produzidos pelo próprio
organismo, porém quando se apresentam em excesso são deletérios à saúde, causando morte
precoce das células e prejudicando as funções do organismo. Alimentos ricos em antioxidantes
são excelentes para gatos em processo de envelhecimento.
A falência renal crônica e o hipertiroidismo são as doenças mais comuns em gatos idosos.
Para amenizar o surgimento desses problemas da idade, deve se ter maior cuidado com a higiene
oral, assim como, a disponibilidade de água limpa (CAMILO et al., 2014).

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3. Composição nutricional e suplementação

3.1. Carboidratos
Não existe uma exigência mínima de carboidratos na dieta em gatos. As sacarose e a lactose,
que são tipos de dissacarídeos, não são bem toleradas pelo organismo de forma individual. A
capacidade de metabolizar esses açúcares é controlada pelas quantidades de enzimas
betafructofuronidase (sacarase) e beta-galactosidase (lactase) presentes nos intestinos. Em cães
e gatos adultos, as atividades da sacarase e da lactase estão presentes, porém, é sabido que essas
atividades são mais altas em animais jovens e diminuem com o passar dos anos.
Se forem fornecidas grandes quantidades de sacarose ou lactose eles podem apresentar
diarreia. Isso ocorre parcialmente devido à eliminação forçada dos açúcares de forma osmótica
e, em parte, devido à fermentação bacteriana no intestino grosso dos carboidratos que
escaparam da digestão. (EDNEY, 1987)
A ração extrusada para animais é formulada com o amido como principal fonte de energia.
Em muitas rações, o amido pode representar até 55% do peso seco do alimento. No entanto,
apenas uma fração do amido ingerido consegue resistir à hidrólise em animais monogástricos
devido às interações com as proteínas. Essas interações podem resultar em diversos fatores
antinutricionais. (CARCIOFI, 2008)

3.2. Proteínas e aminoácidos


O felino precisa de proteínas na alimentação a fim de obter os aminoácidos necessários para
seu corpo, pois estes não podem ser produzidos internamente em quantidade adequada para um
desempenho ideal. Esses aminoácidos são convertidos em proteínas adicionais, que
desempenham um papel fundamental em todas as células vivas, controlando processos
metabólicos como enzimas, além de serem essenciais para a reparação e o crescimento dos
tecidos. (EDNEY, 1987)

3.2.1. Taurina
Ao contrário da maioria dos demais mamíferos, os felinos enfrentam dificuldades em
sintetizar uma quantidade adequada de taurina a partir dos aminoácidos sulfurosos. Embora
possuam a enzima essencial para essa conversão, sua atividade não é suficiente para suprir todas
as suas exigências. Uma insuficiência de taurina normalmente resulta na deterioração da retina
e em uma resposta visual comprometida, apesar de que as modificações podem levar um
período considerável para se manifestarem e os sinais evidentes de problemas visuais podem
não ser perceptíveis até um ano ou mais de uma alimentação carente de taurina. (EDNEY, 1987)

3.3. Lipídeos
As gorduras possuem importante participação nos organismos pois constituem a maior
forma de armazenamento de energia e possui funções metabólicas e estruturais.

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Os gatos, assim como os demais mamíferos não têm a capacidade de produzir ácidos graxos
de cadeia longa com duas ou mais insaturações, o que os torna essenciais para essas espécies.
Geralmente, as plantas são a principal fonte desses ácidos graxos, que possuem mais de 18
carbonos e mais de uma insaturação. Entre esses ácidos graxos, destacam-se o ácido linoleico
e o ácido alfa-linolênico que são os precursores dos Ômegas 6 e 3. (NRC, 2006).
Com o avanço de métodos mais precisos para avaliar lipídios, foram descobertos e estudados
diversos compostos para enriquecer e aprimorar as dietas a fim de atender às necessidades dos animais.
O triglicerídeo é o principal componente lipídico da alimentação e uma fonte de ácidos graxos que são
usados na síntese de outros lipídios importantes, como os fosfolipídios.
Os ácidos graxos dos fosfolipídios desempenham um papel fundamental na sinalização celular e são
substratos de enzimas específicas durante a produção de mediadores das respostas imunológicas. Vários
estudos têm demonstrado que grupos de ácidos graxos das séries ômega 3 e 6 têm influência nas
respostas inflamatórias em cães e gatos. Por exemplo, a deficiência de ácido araquidônico em gatos pode
ser suprida pelo aumento do AA pré-formado ou pela inclusão de ácido g-linolênico na dieta, o qual
mostrou-se eficaz em manter os níveis de ácido araquidônico necessários para gatos adultos.
(TREVIZAN, 2009)

3.4.Vitaminas com tendência à deficiência

3.4.1. Vitamina A
Os gatos são incapazes de converter o beta-caroteno em vitamina A, enquanto outros
carnívoros como os cães podem efetivamente utilizar o caroteno para esse fim. Dessa forma, os
gatos necessitam de uma fonte de vitamina A pré-formada em sua dieta, sendo as formas mais
comuns derivadas do retinol, como o acetato de retinol e o palmitato de retinol. Como resultado
dessa particularidade, é necessário que os gatos tenham pelo menos algum componente cru de
origem animal em sua alimentação, uma vez que a vitamina A pré-formada não está presente
nas plantas. (EDNEY, 1987)

3.4.2. Vitamina D

A vitamina D desempenha um papel essencial na regulação do equilíbrio de cálcio e


fósforo. Muitos animais têm a habilidade de produzir vitamina D3 a partir do 7-deidrocolesterol
quando a pele é exposta à radiação ultravioleta. No entanto, cães e gatos possuem uma
capacidade limitada de realizar essa síntese. Estudos em gatos revelaram que essa limitação é
causada pela alta atividade da enzima 7-deidrocolesterol-delta-7-redutase, responsável pela
conversão do 7-deidrocolesterol em colesterol. Devido à rápida conversão do 7-deidrocolesterol
em colesterol, os gatos possuem uma capacidade limitada de sintetizar colecalciferol e,
consequentemente, a forma ativa da vitamina D. (RITT, 2017)

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REFERÊNCIAS

BARRETO , T. ., Oliveira Fonsêca, A. G. ., Dantas, F. I., da Silva, J. A. ., Botêlho Garcia, M.,


Silva Bochnakian, M., & da Silva Galvíncio, J. (2021). O excesso de carboidrato na dieta do
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https://doi.org/10.31533/pubvet.v15n04a791.1-5/ > Acesso em: 23 de maio de 2023
BLAZA, S. E. Nutrição do cão e do gato. 1ª ed. Cambridge, 1987.
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DYCE, K. M.; WENSING, C. J. G.; SACK, W. O. Tratado de anatomia veterinária. 4 ed.
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RITT, L. A. Principais deficiências vitamínicas em cães e gatos. Disciplina de Fundamentos
Bioquímicos dos Transtornos Metabólicos, Programa de Pós-Graduação em Ciências
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