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Introdução à Zootecnia

Prof. Arnaldo Prata Neiva Junior

Graduandos em Zootecnia:
Marciana Teixeira de Souza
Wesley Vieira Allves

Técnico em Zootecnia

Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD)


Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Rio Pomba
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Telefone: (32)3571-5746
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Introdução à Zootecnia
Prof. Arnaldo Prata Neiva Júnior

Graduandos em Zootecnia:
Marciana Teixeira de Souza
Wesley Vieira Alves

Rio Pomba-MG
2013
Apresentação e-Tec Brasil

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2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público,
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o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a
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A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e


grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as
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fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes,
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O e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições


de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens
a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições
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polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.

O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico,


seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação
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técnica, – é capaz de promover o cidadão com capacidades para
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Junho de 2013

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de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

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enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias
recentes relacionadas ao tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou


expressão utilizada no texto.

Mídias integradas: sempre que se desejar que os


estudantes desenvolvam atividades empregando
diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente
AVEA e outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades


em diferentes níveis de aprendizagem para que o
estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do
tema estudado.
Sumário

1. Introdução Geral .....................................................................................................07

2. As espécies de interesse zootécnico ....................................................................11


3. Avicultura ................................................................................................................12
4. Coturnicultura ........................................................................................................18

5. Animais Silvestres ...................................................................................................21

6. Suinocultura ............................................................................................................22
7. Piscicultura ..............................................................................................................29

8. Cunicultura...............................................................................................................35

9. Equinocultura...........................................................................................................41

10. Caprinocultura e ovinocultura.................................................................................51

11. Características do animal ruminante......................................................................62


1. Introdução Geral

A distinção formal entre o cultivo de vegetais e a criação de animais aconteceu em


1844, quando o Conde Adrien de Gasparin publicou o livro "Cours d'Agriculture",
separando definitivamente o estudo dos vegetais cultivados e dos animais criados
pelo homem. O estudo do cultivo dos vegetais já era conhecido com o nome de
Agricultura. Para o estudo da criação dos animais domésticos, o autor propôs o termo
“Zootechnie”, do grego: zoon = animal, e technê = arte.

Em 1848, com a instalação do Instituto Agronômico de Versailles, em


Paris(França), foi adotada a distinção proposta pelo Conde de Gasparin e para o
ensino teórico da exploração dos animais domésticos foi estabelecida a Cátedra de
Zootecnia.

A Zootecnia como ciência surgiu em 1849, na França, com a aprovação de uma


tese apresentada pelo naturalista Emile Baudement em concurso para a Cátedra de
Zootecnia do Instituto Agronômico de Versailles, ao tornar-se o primeiro docente de
Zootecnia. Nesta tese, foi estabelecido o princípio teórico que consiste em considerar
o animal doméstico como uma máquina viva transformadora e valorizadora dos
alimentos, constituindo-se nofundamento de todos os conhecimentos zootécnicos.
Assim, constata-se que a arte de criar é remota, enquanto a ciência de criar surgiu há
um pouco mais de um século e meio.

Com isso, a agricultura e a criação de animais foi um passo muito importante para
a alteração do modo de vida do homem, pois deu a ele não só a possibilidade de não
ter de se deslocar para obter a carne e as peles necessárias à sua alimentação e
conforto, mas também o leite, e com a domesticação do boi, uma força para tração.

Definição de Zootecnia

A definição de zootecnia tem sido tentada por vários autores: Ciência de


produção e da exploração de máquinas vivas (Sanson). Pode-se definir zootecnia
como produção animal com objetivo de "produzir o máximo, no menor tempo possível,
a um menor custo sempre visando lucro"(Dechambre). A zootecnia é a ciência
aplicada que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do

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animal ao ambiente criatório e deste ambiente ao animal (Octávio Domingues, 1929).
Zootecnia é a produção racional e comercial de animais.

De uma maneira mais simples podemos definir a Zootecnia como a ciência que
estuda a criação de animais com objetivos econômicos e envolve uma grande
formação nas áreas de melhoramento, nutrição, fisiologia, morfologia e anatomia de
animais, e também de fatores relacionados à terra e a sua utilização, bem como a
exploração sustentável, bem estar e comportamento animal, sociais e ambientais.

1.2. O processo de domesticação dos animais de interesse zootécnico

Domesticação:

Domesticação é considerada a operação em tornar animais selvagens em


domésticos Aexploração dos animais domésticos já existia antes da criação da
palavra, inicialmente tratada como a forma de criar a partir da domesticação dos
primeiros animais pelo homem primitivo. O objetivo da zootecnia é o animal
doméstico, ou seja, o animal que pertence a uma espécie criada e reproduzida pelo

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homem, dotada de mansidão hereditária e que proporciona algum proveito ao
homem. Esquematicamente:

Doméstico >> latim domus>> casa - “Convivem em casa sob o domínio do homem”

Animal Domestico:

“Criado e reproduzido pelo homem em cativeiro e de mansidão natural para


uma utilidade ou serviço.” Ex: bovinos, ovinos, suínos, equinos, etc. O fato de
conviver ou mesmo depender do homem, não cria condições do animal ser
considerado doméstico.

Fonte da imagem: Internet/Google images

O animal doméstico deve passar aos seus descendentes (hereditariamente),


características próprias que podem ser agrupadas nos seguintes atributos:

Sociabilidade; Mansidão; Fecundidade em Cativeiro; Função Especializada;


Facilidade de adaptação Ambiental.

Fases de Domesticação:

Os animais, para atingirem a domesticidade, estágio final do processo de


domesticação, passam por três fases distintas, sob o domínio do homem:

1ªFase - Cativeiro: Fase inicial, quando o homem mantém os animais presos, todavia,
em princípio, não obtendo dele nenhuma utilidade. É o caso dos animais de
zoológicos.

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Fonte: Google Images

2ªFase - Amansamento: É a fase de amansamento, mansidão ou domação, em que o


animal convive pacificamente com o homem, prestando utilidade ou alguma forma de
serviço, Exemplificando nesta fase de pré-domesticação a maioria dos animais de
laboratório.

Fonte: Google Images

3ª Fase – Domesticação propriamente dita: Última e fundamental fase, que constitui o


estágio total de domesticidade, atingindo o nível máximo do processo, onde a
necessidade de ter esses animais em domesticidade se tornou inevitável para a vida
do homem.

Fonte: Google Images

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2. As espécies de interesse zootécnico

Inicialmente, admitia-se que todas as espécies domésticas teriam se originado


na Ásia, entretanto, com os trabalhos de paleontologia desenvolvidos ficou
esclarecido que, embora os asiáticos tivessem domesticado grande parte das
espécies domésticas atuais e, naquele continente tivessem origem grande números
de espécies, em outros continentes surgiram e foram domesticadas espécies de
interesse zootécnico.

2.1. Taxonomia zoológica das espécies

A classificação das espécies é baseada em aspectos estruturais, funcionais,


tamanhos, proporções, entre outros. O Sistema de classificação estabelecido por
LINEU distribui as espécies domésticas em REINO, FILO, CLASSE, ORDEM,
FAMÍLIA, GÊNERO e ESPÉCIE, podendo ocorrer subdivisões entre estes
agrupamentos. A apresentação dos nomes científicos das espécies consiste em
apresentar o nome genérico com inicial maiúscula, seguido pelo nome específico com
inicial minúscula, sendo ambos grifados ou em itálico e seguidos da inicial ou nome
do classificador, separados por vírgula, devendo ainda, ser citado entre parênteses.
Conforme descrito, a título de exemplo, o nome científico dos taurinos é Bostaurus L.

As espécies animais domésticas estão agrupadas em seis CLASSES


zoológicas Mammalia, Aves, Répteis, Anfíbios, Peixes e Insetos, pertencentes ao
REINO Animal, com as cinco primeiras classes possuidoras de coluna vertebral,
crânio e encéfalo, considerados cordados superiores e pertencentes ao FILO
Vertebrata, e a última ao FILO Invertebrata.

A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas e suas


classificações taxonômicas:

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3. Avicultura

A Galinha (Gallusdomesticus), um das primeiras aves a ser domesticada,


originada na Índia e domesticada na Índia, China e Pérsia. Possui como antepassado
direto o Gallusbankivaou galinha selvagem da Índia e Indochina, ainda sobrevivente.
Podendo ser incluídas como ancestrais da galinha doméstica, devido à
interfecundidade, três espécies selvagens da Ásia meridional, Gallussonnerati ou
galinha parda da Índia, Galluslafayetti ou galinha do Ceilão e Gallusvarius ou galinha
de Java.

Segundo Darwin, a galinha doméstica foi formada a partir do Gallusgallus. No


entanto, autores modernos indicam haver participação das quatro espécies. Ondeas
aves surgiram a mais de 5.000 anos foram domesticadas na Índia: 2.500 a 3.000 AC.
Inicialmente eram utilizadas para promover brigas (interesse primitivo) e mais tarde
tem-se o interesse em criá-las como símbolo, oferendas e para consumo de carne e
ovos.

Expansão: China  outros países orientais  Pérsia  Grécia  Europa  África.

Brasil: As primeiras aves chegaram ao Brasil em 1532 pelos primeiros colonizadores


portugueses, basicamente porMartim Afonso de Souza na Capitania de São Vicente
(Litoral Paulista).As aves trazidas para o pais eram de origem mediterrâneas com
especialização voltada para a produção de ovos.

Desta maneira, ocorreram aqui, cruzamento desorganizado com outras raças,


formando outras como coloniais e caipiras. Até 1900 não se tem nenhum marco
significativo.

A Classificação das aves é realizada de maneira a organizar as espécies em


diferentes categorias:

Doméstica, semi-doméstica ou selvagem.

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As aves domésticas são agrupadas nas seguintes ordens: Galiformes: galo,
peru, galinha d’angola, pavão, faisão e codorna. Anseriformes: pato, marreco, ganso,
cisne. Columbiformes: pombos e Passaroformes: canários, etc

A classificação para fins didáticos classifica a galinha domestica de maior


importância econômica, segundo a origem geográfica e localização, são elas:

Americana, Inglesa, Mediterrânea e Asiática

A APASP (American PoultryAssociation Standard ofprotection) reuniu as aves


domesticas em 15 classes subdivididas em 86 linhagens e 280 variedades.

3.1.1. Panorama da Avicultura Brasileira:

No Brasil, a avicultura emprega mais de 5 milhões de pessoas, direta e


indiretamente, e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional,
representando influencia nas exportações do país. Além disso, representa importância
social, pois possui presença maciça no interior do país,principalmente nos estados do
Sul e Sudeste. Nas exportações, o Brasil mantém, desde 2004, a posição de maior
exportador mundial eestá entre os três maiores produtores mundiais de carne de
frango, com Estados Unidos e China. O frango brasileiro está presente nas mesas de
consumidores demais de 100 países.
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3.1.2. Segmentos da Avicultura no Brasil:

A produção de aves no Brasil esta subdivida, em termos práticos, em três


categorias básicas: Avicultura Intensiva, Alternativa e Caipira / colonial

Intensiva:

 Material genético de elevado potencial produtivo.

Aves especializadas para produção de carne, de ovos para consumo

Frangos alcançam idade de abate em torno de 45 dias, com peso de 2,3Kg

As poedeiras produzem 330-340 ovos/ ave em 80 semanas de idade.

 Avicultura responsável pelo abastecimento de alimento à população.

Gera grande volume de empregos.

Alternativa:

Criação de perus, patos, marrecos, codornas, emas e avestruz.

Visa a produção de carne e ovos.

 Pode esta associada a produção de aves ornamentais, como o faisão.

Caipira/Colonial:
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Visa a produção de carne e ovos.

Comum em pequenas propriedades.

Pode ser utilizado o sistema intensivo ou extensivo

Mercado bem restrito: custo produção elevado.

3.2. Avicultura de corte:

Principais características dos frangos criados com intuito de se obter a carne:


Rápido ganho de peso, precocidade ao abate, resistente às doenças, boa viabilidade,
linhagem tipo conformação, elevado rendimento ao abate, bom empenamento, boa
pigmentação.

Linhagens com aptidão:Ross, Cobb,Hybro, AvianFar, Isa MPK, Arbor Acre, Hubbard.

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A avicultura de corte, no Brasil e Mundo representa extrema importância, tanto
social quanto do ponto de vista econômico, pois possui oferta de carne durante todo o
ano, além de da utilização de terras onde a agricultura mecanizada é impraticável,
contribui para fixação do homem no campo, e fornece proteína de qualidade com
preço acessível.

3.3. Avicultura de Postura:

A criação de poedeiras caracteriza basicamente pela inexistência de aves


machos no alojamento, pela precocidade das primeiras posturas e pelo maior período
de produção. De acordo com a Embrapa Suínos e Aves, o período de cria e recria das
poedeiras finaliza por volta da 19ª semana de idade, quando inicia a fase de produção
que se estende por mais ou menos 64 semanas (cerca de 15 meses). Estima-se que
na fase de cria e recria morrem no mínimo 3% das aves alojadas e na fase
deprodução o índice de mortalidade de poedeiras pode variar entre 8% e 10%. Mais
oumenos com 85 semanas de idade, quando atinge peso de aproximadamente 2,3kg,
a ave é descarta ou, se o preço do ovo no mercado está em alta, alguns avicultores
conduzem a poedeira a muda forçada tornando-a produtiva, por pelo menos, mais
meio ciclo.

Uma raça bem conhecida de galinhas poedeiras leves são as galinhas brancas
ou Leghorn Brancas. São conhecidas por produzirem uma grande quantidade de ovos
brancos. Necessitam de menos ração, devido ao seu pequeno porte. As
LeghornBrancas são poedeiras muito eficientes. No entanto, no fim do período de
postura dão relativamente pouca carne. Algumas raças mais pesadas de poedeiras
têm mais carne (são mais robustas) e também põem muitos ovos. Daí que sejam
adequadas para uma produção de objetivo duplo. Estas galinhas põem ovos
castanhos e, geralmente, também têm penas castanhas podendo os tons variar.
Estão neste caso às galinhas de penas castanhas RhodeIsland Vermelha e as New
Hampshire de cor castanho-claro.

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Principais Híbridos comerciais de postura no Brasil:

Principais Híbridos Comerciais de Postura importados

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4. Coturnicultura

A codorna vem-se destacando, nos últimos tempos, como promissora criação


de aves adaptada às condições de exploração doméstica. Esta preferência é
decorrente do crescente aumento do consumo de ovos de codorna e do excepcional
sabor de sua carne, responsável por iguarias finas e sofisticadas.
Do lado técnico-econômico, torna-se ainda mais atrativa, ao verificar-se o seu
rápido crescimento e atingimento da idade de postura, a sua elevada prolificidade e o
seu pequeno consumo de ração, conforme os dados zootécnicos que se seguem:
· Peso do pinto ao nascer: 10 gramas · Peso da ave adulta: fêmea 150 gramas -
macho 120 gramas · Início de postura: 45 dias · Período de produção: 10 meses
· Percentagem de postura: até 80% · Ovos por ave por ciclo produtivo: 250 a 300 ovos
· Peso médio do ovo: 10 a 12 gramas · Período de incubação: 16 dias · Idade para
abate: 45 dias · Peso médio de abate: 120 gramas · Consumo de alimento até o
abate: 500 gramas · A criação racional de codornas segue regras básicas de manejo,
alimentação, sanidade e instalações.

4.1. Criação de codornas

As codornas devem, preferentemente ser criadas em baterias gaiolas, por


ocuparem menor espaço, além de facilitar o manejo da ave.
Estas baterias e gaiolas de criação podem ser de construção caseira, empregando-se
tábuas e tela de arame, ou, ainda, adquiridas no comércio.
Devem ficar ao abrigo, em cômodo vedado e ventilado.

1- Baterias de Reprodução
Destinadas àquelas aves de reprodução, devem ser de abrigo coletivo: uma gaiola
para um macho e 2 a 3 fêmeas. Um conjunto de gaiolas superpostas formará as
baterias.

2- Baterias para Produção de Ovos


Destinadas somente às codornas fêmeas em período de postura, são constituídas por
grupos de pequenas jaulas justapostas para o abrigo de 2 a 3 aves.

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3- Gaiolas Criadeiras
Com aquecimento elétrico, são utilizadas para a criação do pintinho, desde a eclosão
até a idade mínima de 15 dias. Este tipo de criação em piso forrado de maravalhas e
aquecido com campânula ou lâmpada. Os bebedouros devem ser do tipo copo de
pressão, usado para pintinhos de um dia, com mola espiral no espaço destinado à
bebida, ou do tipo mangueira fina, cobrindo toda a extensão, de maneira a evitar que
os pintinhos se afoguem.

4- Bateria de Engorda
Constituída por conjuntos de jaulas coletivas, destinam-se à criação das codornas
para o abate. A engorda ainda poderá ser feita em piso forrado com cama à
semelhança da ciação de frangos. O cômodo deve ser adequadamente vedado, e é
possível criar entre 120 a 150 aves por metro quadrado.

4.2. Alimentação

Em nosso meio, são encontradas rações comerciais fareladas de uso exclusivo


de codornas. pintinho de codorna, após a eclosão, deve ser mantido em jejum durante
24 horas. A partir deste período receberá ração à vontade. Esta ração contendo 26%
de proteína bruta deverá ser oferecida à ave até a idade de 45 dias, quando é levada
ao abate ou para a produção de ovos. O consumo estimado no período é de 500
gramas por aves. A partir de 45 dias, as fêmeas receberão a ração de postura com
cerca de 23% de proteína bruta. Devem ser oferecidos diariamente entre 30 a 35
gramas desta ração por ave.
A água deve ser potável e sempre à vontade. A ração deve ser armazenada em local
seco e fresco, não ter contato direto da embalagem com o piso e não ser guardada
por período superior a 30 dias. Deve-se evitar, ainda, que seja atacada por roedores.

4.3. Manejo

1- Manejo de Reprodução
As codornas de reprodução devem, preferentemente, ser mantidas em gaiolas
coletivas de macho e fêmea. Semanalmente, o macho de um abrigo deve ser trocado
de lugar com o macho do abrigo vizinho e assim sucessivamente. Recomenda-se um
macho para cada2 a 3 fêmeas. Devido à grande sensibilidade das codornas à
consanguinidade, com marcados efeitos nocivos, recomenda-se evitar os

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cruzamentos entre parentes parentes próximos. Os ovos férteis de codornas podem
ser incubados naturalmente com galinhas anãs ou pombas, muito embora seja um
método de pouca eficiência, devido às grandes perdas. O mais recomendável é
através da incubação artificial.

2- Manejo do Pintinho
Decorridas as primeiras 24 horas da eclosão, os pintinhos devem receber
aquecimento, ração e água à vontade. A temperatura inicial de criação deve ser 38ºC.
A partir do terceiro dia de vida, procede-se à redução diária de 1ºC até que a
temperatura se torne ambiente. piso da criadeira é forrado com papel durante os três
primeiros dias de vida. A ração será distribuída na própria forração de papel por sobre
o piso, nos três primeiros dias. Depois oferecida em cochos do tipo bandeja. Os
bebedouros devem ser lavados e sua água trocada, no mínimo, duas vezes ao dia.

3- Manejo da Recria
A recria compreende o período entre 16 e 45 dias de idade. Nesta época, as
aves continuam recebendo ração e água à vontade.

4- Manejo de Postura
A quantidade de ração por ave deve ser de 30 a 35 gramas, e a água deverá
ser fornecida a vontade. Para um índice elevado de postura, o ambiente da criação
das codornas em produção deve ser iluminado na base de uma lâmpada
incandescente de 15 WATTS para cada 5 metros quadrados de galpão. Recomenda-
se do dia seja prolongado para 17 horas, através da associação de luz natural
com luz artificial, estabelecendo-se um esquema de acendimento das lâmpadas pela
madrugada e à noite. Exemplo: ligar às 4 horas e desligar às 6 horas e 30 minutos.
Ligar novamente às 17 horas e 30 minutos e desligar às 21 horas.

5- Manejo dos Ovos


Os ovos serão colhidos duas vezes ao dia. A primeira coleta realizada pela
manhã e a outra, à tarde. Eles devem ser acondicionados nos pentes próprios,
mantidos sobre refrigeração, para que as suas qualidades nutritivas sejam
conservadas. Os ovos destinados à incubação serão mantidos em ambiente fresco,
arejado e nunca por um período superior a 7 dias.

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5. Animais Silvestres

A criação de animais silvestres tem sido apontada como uma possível fonte de
proteína animal para populações mais pobres do interior de países em
desenvolvimento, como o Brasil.
Atualmente, a criação comercial de animais silvestres está se tornando uma
alternativa de negócio pecuário cada vez mais lucrativa. A demanda crescente por
carnes consideradas exóticas, peles e couros com características diferenciadas estão
aquecendo as vendas no mercado interno e as exportações.

Dentre as criações de animais silvestres que mais estão crescendo no Brasil,


podemos destacar as criações de jacaré, capivara, paca, avestruz, etc. Todas as
criações de animais silvestres, com fins comerciais ou preservacionistas devem obter
autorização governamental e registro no IBAMA. Desta forma, os interessados em
iniciar uma dessas criações devem, primeiramente, entrar em contato com o IBAMA e
tomar conhecimento das exigências legais. Lembramos que a capturar animais
silvestres sem autorização é crime.

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6. Suinocultura

TAXONOMIA DO SUÍNO
REINO Animal
FILO Cordados
CLASSE Mamíferos
ORDEM Ungulados
SUB-ORDEM Artiodáctilos
FAMÍLIA Suídeos
SUB-FAMÍLIA Suinae
GÊNERO Sus
ESPÉCIE Scrofa

Os suínos (Sus domesticus) apareceram na terra há mais de 40 milhões de


anos. Sua domesticação, antes creditada ao chineses, remonta há mais de 10.000
anos atrás em aldeias do leste da Turquia., conforme recente pesquisa do arqueólogo
americano M. Rosemberg, que descobriu que os primeiros homens de aldeias fixas,
tinham como principal fonte de alimento os suínos, e não cereais como a cevada e o
trigo.

A espécie evoluiu a partir do javali selvagem, embora haja controvérsia quanto


à espécie exata: há quem acredite que descendem do Sus scrofa, javali que habitava
grandes regiões da Europa, e também quem acredite que sua origem é o Sus vittatus,
que vivia em grandes quantidades na Ásia e na bacia do Mar Mediterrâne. Sus scrofa,
espécie que deu origem ao suíno doméstico.

A suinocultura é a parte da zootecnia especial que trata da criação de suínos


para a produção de alimentos e derivados. Os suínos são animais onívoros. Embora o
consumo de sua carne seja proibido por algumas das principais religiões (como o
Islamismo e o Judaísmo), a carne suína é a mais consumida no mundo (responde por
44% do mercado de carnes), sendo considerada saborosa por gastrônomos.

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No Brasil, a carne bovina representa 55% do consumo total; a carne de frango,
30%, e a suína, apenas 15%.

Os porcos foram trazidos ao Brasil por Martim Afonso de Sousa em 1532. No


início, os porcos brasileiros eram provenientes de cruzamentos entre as raças
portuguesas, e não havia preocupação alguma com a seleção de matrizes. Com o
tempo, criadores brasileiros passaram a desenvolver raças próprias. Uma das
melhores raças desenvolvidas no Brasil é o Piau. É branco-creme com manchas
pretas, pesa 68 kg aos seis meses, e 160 com 1 ano. Capado e velho pesa mais de
300 kg. Destina-se à produção de carne e toucinho. O Canastrão é melhor do que a
raça lusitana Bizarra, da qual descende. Outras raças desenvolvidas no Brasil incluem
o Canastra, o Sorocaba o Tatu e o Carunchinho.

Nos últimos anos, com a popularização das técnicas de melhoramento


genético, o plantel brasileiro se profissionalizou. Também contribuiu a importação de
animais das raças Berkshire, Tamworth e Large Black, da Inglaterra, e posteriormente
das raças Duroc e Poland China. A partir da Década de 1930 chegaram as raças
Wessex e Hampshire, e depois o Landrace e o Large White.

O Brasil é um grande exportador de carne suína, tendo exportado 60 mil


toneladas em 2002. Seus maiores clientes são a Rússia, a Argentina e a África do
Sul. Em 2004, o mercado encontrava-se em uma crise de abastecimento, com a
demanda subindo e o plantel diminuindo. A causa da crise foi o não abastecimento de
ração animal, proveniente do milho, e a falta de planejamento do setor.

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6.1. Criação de suínos

A criação de suínos atualmente está dividida em 3 tipos: criação extensiva,


sistema de criação em confinamento e sistema de criação ao ar livre.

6.1.1. Criação extensiva

Consiste em criar os suínos sem qualquer instalação ou benfeitorias. É


identificada pela permanente manutenção dos animais no campo, durante todo o
processo produtivo, isto é, cobertura, gestação, aleitamento, crescimento e
terminação. Os animais vivem exclusivamente na dependência da natureza. Alguns
produtores fazem a engorda confinada com reduzidos cuidados técnicos. Esse
sistema caracteriza criações primitivas, sem utilização de tecnologias adequadas e,
por conseqüência, apresenta baixos índices de produtividade. É bastante utilizado,
principalmente por criadores que nunca receberam qualquer tipo de orientação
técnica. A maior parte da produção dos animais é destinada ao fornecimento de carne
e gordura para a alimentação dos proprietários. O excedente é comercializado perto
da propriedade.

24
6.1.2. Sistema de criação em confinamento

É a criação de suínos confinados em instalações, em todas as fases


produtivas, sem acesso a pastagens. É o método utilizado pelas empresas
responsáveis pela comercialização da carne suína do mercado atual.

6.1.3. Sistema de criação ao ar livre

Caracteriza-se por manter os animais em piquetes nas fases de reprodução,


maternidade e creche, cercados com fios e/ou telas de arame eletrificados (através de
eletrificadores de corrente alternada). As fases de crescimento e terminação (25 a
100kg de peso vivo) ocorrem em confinamento.

6.2. Principais raças de suínos criadas no Brasil:

6.2.1. Raças suínas estrangeiras

São raças altamente especializadas na produção de carne, precoces, prolíferas


(maior nº de leitões paridos), bastante econômicas. As principais raças suínas

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estrangeiras criadas no Brasil são: Landrace, Large White, Wessex, Duroc, Pietrain e
Hampshire.

Landrace

Large White

Wessex

Duroc

26
Pietrain

6.1.2. Principais raças brasileiras

As raças brasileiras de suínos não são bem definidas, existe muita confusão
nos seus nomes, na maioria adotados apenas regionalmente. Destacamos os
principais: Canastra, Nilo, Piau, Tatu, Pereira e Pirapetinga.

Canastra

Nilo

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Piau

Pirapetinga

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7. Piscicultura

A piscicultura surgiu na China há cerca de 4 mil anos, onde também se


desenvolveu o consórcio entre peixes e outros animais (búfalos e porcos), com a
finalidade de melhorar a qualidade da água.

Nos primeiros séculos da era cristã, os registros sobre a piscicultura se deram


através dos romanos que fizeram grandes piscinas nas proximidades das praias,
destinadas a armazenar peixes.

Na Europa a piscicultura só começou a partir do século XIV, através dos


monges que criavam carpas nos mosteiros afim de consumi-las nos momentos de
abstinência de carnes vermelhas.

Data desta época o registro das primeiras fecundações artificiais realizadas


com óvulos de truta, em mosteiros franceses e alemães.

A partir do século XX, a piscicultura teve grande evolução, passando por


inúmeras transformações formando um ramo de especialização dentro das Ciências
Agrárias. Surgiram nesta época as Estações de Piscicultura.

A Argentina foi o primeiro país a introduzir a piscicultura na América do Sul,


importando, em 1870, os primeiros reprodutores de carpa comum (Cyprinus carpio) e
carpa espelho (Cyprinus carpio var. especularis).

No Brasil, a piscicultura propriamente dita iniciou-se por volta de 1929. Em


1939, surgiu a primeira estação de piscicultura do país em Pirassununga – São Paulo.

Atualmente no Brasil, se cultiva peixe de várias espécies, do extremo sul ao


extremo norte, alcançando níveis de produtividade dos mais elevados em termos
mundiais, inclusive em alguns casos, exportando tecnologia.

A arte de criar e multiplicar peixes, ou melhor, a piscicultura, está em ascensão


no país. A produção comercial de peixes está se tornando rapidamente uma atividade
profissional altamente competitiva, em que a diferença entre o sucesso e o fracasso
pode estar nos detalhes.

29
Devemos ressaltar que a oferta de peixes no Brasil, tanto para abate quanto
para pesca, e até mesmo para ornamentação, é muito inferior à demanda. Investir em
piscicultura é uma excelente opção para quem possui perfil de empreendedor.

7.1. Classificação da criação quanto a sua finalidade

7.1.2. Cria ou produção de alevinos

Exploração em que peixes são passados a terceiros para serem recriados ou


usados em povoamentos e repovoamentos de águas públicas ou particulares. É
considerada a fase mais lucrativa; entretanto, exige demanda favorável por alevinos
na região, maior dedicação por parte do produtor, maior ocupação de mão-de-obra
especializada e instalações de equipamentos mais complexos.

30
7.1.3. Recria, engorda ou produção de pescado

Explora-se a capacidade de ganho de peso e crescimento dos animais,


englobando a fase de alevinagem até o abate. Menos lucrativa que a anterior;
entretanto, caracteriza-se por exigir menor dedicação do piscicultor, necessitar de
menor ocupação de mão-de-obra, sendo essa menos qualificada, necessitar de
instalações e equipamentos menos complexos, podendo ser realizada em represas
rurais, arrozais inundados, represas ou viveiros com ou sem integração com outras
explorações agropecuárias e por ser dependente da oferta de alevinos, demanda e
preço de pescado na região.

31
7.1.4. Exploração mista de cria e recria

Produz alevinos para uso próprio ou para terceiros.

Outros tipos de exploração:

Para fins de lazer (povoamento de represa e pesque-pague). Para fins sanitários


(controlar a proliferação de insetos ou animais vetores de doenças).

7.2. Sistemas de criação

O peixe, ao contrário dos outros animais terrestres, pode ser criado de várias
maneiras diferentes, dependendo das condições da propriedade, tipo de alimento,
espécie considerada e aceitação de mercado. É possível dividir, didaticamente, o
sistema de criação em Extensivo, Semi-extensivo e Intensivo.

7.2.1. Piscicultura extensiva

Exploração em que o homem interfere o mínimo possível nos fatores de


produtividade (apenas realiza o povoamento inicial do corpo d'água). Caracteriza-se
pela impossibilidade de esvaziamento total do criadouro, impossibilidade de
despesca, ausência de controle da reprodução dos animais estocados, presença de
peixes e aves predadoras, ausência de práticas de adubação, calagem e alimentação,
alimentação apenas da produtividade natural e pela produtividade baixa, dificilmente
ultrapassa 400 kg/ha/ano.

7.2.2. Piscicultura semi-intensiva

Sistema de exploração em que o homem interfere em alguns fatores de


produtividade, caracteriza-se pela possibilidade de esvaziamento total do criadouro,
possibilidade de despesca, controle da reprodução dos animais estocados, ausência
ou controle da predação, presença de prática de adubação, calagem e,
opcionalmente, uma alimentação artificial à base de subprodutos regionais,
manutenção de uma densidade populacional correta durante o período de cultivo,
produtividade que pode chegar a 10 ton./ha/ano, sistema racional e econômico de

32
produção recomendado para criação de peixes tropicais e por abranger ainda
consorciações com suínos, aves, arroz, etc.

7.2.3. Piscicultura intensiva

Sistema de exploração em que os fatores de produção são controlados pelo


homem, caracteriza-se por apresentar densidade populacional elevada de peixes por
volume d'água, alimentação artificial exclusivamente à base de rações balanceadas,
pela necessidade de alto fluxo de água ou uma recirculação forçada por causa da alta
densidade populacional, pela produtividade elevada, podendo ultrapassar 90
kg/m3/ano, pelo sistema racional de custo elevado, com mão-de-obra especializada e
alto nível de mecanização.

Principais espécies criadas pelo homem:

33
34
8. Cunicultura

A cunicultura visa à criação de coelhos (Oryctolagus cunículus) para a


produção de carne e subprodutos. Essa é uma atividade bastante desenvolvida em
diversos países, pois os coelhos são animais que em menor tempo conseguem
produzir grandes quantidades de proteína de alto valor biológico.

Os coelhos são animais gregários que cavam galerias e possuem hábito


noturno. Os coelhos domésticos são descendentes de coelhos selvagens da região
oeste da Europa e noroeste da África. Um coelho vive de 8 a 10 anos, mas há
registros de animais que ultrapassaram os 15 anos, porém a sua vida útil em relação
ao aproveitamento industrial é de 4 a 5 anos, após esse tempo os animais declinam a
produção, adquirindo peso excessivo e ficando mais sujeito a enfermidades, por esta
razão são destinados ao abate.
No Brasil as criações de coelhos vêm aumentando de maneira rápida, dados
indicam que o Brasil é responsável pela produção de aproximadamente 242 mil
animais/ano. Um dos fatores que aqueceram esse setor do mercado é a boa
remuneração paga pelo kg do animal (em frigorífico o preço praticado é de R$4,80/kg
– cotação em abril de 2011), devido ao aumento na demanda e baixa na oferta do
produto, quadro que eleva o lucro da atividade.
Atualmente é impossível encontrar-se raças puras em nosso meio.
Recomenda-se, no entanto, os cruzamentos de machos de raça mais pura possível
(Nova Zelândia Branco, Nova Zelândia Vermelho, Califórnia, Borboleta ou Chinchila)
com fêmeas mestiças encontradas em nossa região.
O coelho é um animal que permite o aproveitamento de quase tudo ao longo de
sua atividade produtiva, podemos comercializar-los das seguintes formas:

35
- Bexiga cheia de urina – a bexiga pode ser amarrada e resfriada sendo
comercializada para indústrias de cosméticos, que usam a urina como fixador de
perfume;
- Carne – todas as raças produzem carne de boa qualidade e, exceto as raças
pequenas, em quantidade satisfatória. É um produto de excelente qualidade, tendo
como principais características o baixo índice de gordura e colesterol, além do
elevado teor protéico. As mais utilizadas para esse fim são as raças médias, embora
as gigantes também sejam consideradas boas para corte. Como exemplo temos:
Branco da Nova Zelândia, Vermelho da Nova Zelândia, Califórnia, Gigante de
Flandres Branco e Gigante de Bouscat.
- Cérebro – é vendido para laboratórios, onde são desidratados e moídos, sendo
usados para fabricação de medicamentos;
Coelhos abatidos – são vendidos pelos criadores, que geralmente vendem a unidade,
sem pesar o animal;
- Coelhos vivos para corte – são abatidos entre 90 e 120 dias com peso médio de 3,0
kg;
- Couros – são curtidos, ausentes de pêlos e geralmente usados para a fabricação de
acessórios;
- Esterco – é um fertilizante de boa qualidade e muito apreciado pelos horticultores,
pois possui uma boa relação de NPK;
- Mercado Pet – atualmente podemos encontrar no mercado diversas raças de
coelhos vendidas como animais de estimação, principalmente as espécies anãs ou de
pelagens mais exóticas. Tais animais possuem um alto valor de mercado e boa
procura;
- Neonatos – láparos de 3 a 4 dias de idade, geralmente vendidos a laboratórios para
fabricação de vacinas;
- Olhos – as córneas são vendidas para empresas que realizam testes cirúrgicos;
- Orelha – as orelhas são pré-cozidas e defumadas, sendo vendidas como petiscos
para cachorros;
- Pele – de um modo geral, toda pele em bom estado pode ser aproveitada para a
indústria. Existem, no entanto, algumas raças que se destacam pela qualidade ou
beleza de suas peles. As peles podem ser comercializadas para empresas que vão
curtir o material ou podem ser curtidas dentro da propriedade. O preço desse produto
varia devido à qualidade do produto e ao tipo de curtimento usado. Como exemplo,
temos as raças Chinchila, Castor- Rex, Polonesa (cuja pele é uma ótima imitação da
pele do arminho), Negro-e-Fogo e Prateado de Champagne;

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- Pelo ou lã – indiscutivelmente é a raça Angorá a que melhor lã produz e que
apresenta o melhor rendimento. No Brasil, a produção de lã de coelho Angorá é mais
desenvolvida na região Sul, devido ao clima mais ameno, propício para a criação
desta raça. O pêlo é retirado por tosa, 3 vezes ao ano. Cada animal pode produzir
aproximadamente 150g de pêlo;
- Reprodutores – é a atividade que proporciona maiores lucros e também exige
grande prática e conhecimento, demanda maior trabalho e exige técnicas mais
apuradas de reprodução, manejo, alimentação, seleção entre outros;
- Sangue – é vendido para as fábricas de ração. É um mercado restrito, pois o local
de abate deve possuir um rigoroso controle sanitário, como o sangue é um excelente
meio de cultura, qualquer agente contaminante pode comprometer a qualidade do
produto. Pode ser vendido também para laboratórios que produzem o exame de
detecção de leptospirose;
 Vísceras – são vendidas para fábricas de ração;

8.1. Raças

Alasca

Possui corpo curto e arredondado, cabeça de tamanho médio, olhos grandes e vivos,
orelhas curtas e retas, patas finas com unhas pretas, pernas curtas e grossas.
Originária na Rússia
- Porte Médio
- Produz carne de boa qualidade
- Peso médio 4,5, variando entre 3,5 e 5 kg
- Cor negro-azeviche

Angorá

Aspecto de bola, cabeça maciça e forte, olhos grandes e rosados (despigmentado),


orelhas curtas e retas, patas anteriores finas e curtas, pelo fino e sedoso. Principal
característica é a presença de pêlos na ponta das orelhas.
- Originária na Ásia
- Porte médio
- Produção de pelos longos (15 a 20 cm) e boa produção de carne.
- Peso médio 4,7kg, variando entre 3,5 a 5,2 Kg
 Cor branca pura

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Azul de Viena

Corpo de forma cilíndrica, cabeça do macho é curta e grossa e as fêmeas possuem


cabeça delicada, ambos os sexos possuem olhos cinza azulado, as patas são fortes e
roliças com unhas escuras, orelhas fortes e bem levantadas.
- Originário na Áustria
- Peso médio de 4,5 variando entre 3,5 e 5,5 kg
- Porte médio tendendo a grande
- Produção de pele com pêlos de tamanho médio e vistosos. Possuem uma coloração
muito bonita e apreciada comercialmente para a confecção de roupas e acessórios.
- Cor azul escuro

Califórnia
Cabeça bem conformada curta e larga no macho, orelhas eretas e largas na base,
olhos vivos e de cor rosa, patas fortes e com bons aprumos. Essa raça é proveniente
do cruzamento das raças chinchila e Nova Zelândia branca.
- Origem americana
- Peso ideal para macho 4 e fêmeas 4,5 kg
- Bom produtor de carne
- Produtor de pele
- Cor “branco gelo” com focinho, orelhas, patas e cauda nas cores preta ou havana.

Chinchila

Corpo cilíndrico e pouco alongado, cabeça forte e bem conformada sendo mais larga
e forte no macho, as orelhas são eretas e peludas, olhos bem abertos com a íris
marrom.
- Originária da Alemanha
- Pele com bom desenvolvimento e de tamanho médio
- Cor da pele cinzento-azulado
- Pelos longos de cor azul escuro
- Peso médio 3,5, variando de 4 a 5 kg
Lembre-se que antes de começar a produção de pele de chinchilas é preciso que o
criador espere que eles terminem sua muda, evitando falhas ou manchas no produto.

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Nova Zelândia

Corpo compacto curto e profundo, orelhas de tamanho médio e eretas, patas curtas e
fortes e pelos de comprimento médio.
- Peso máximo das fêmeas é de 5 e dos machos de 4,5 kg.
- Raça Americana
- Cores vermelhas, brancas e pretas.
- Alto rendimento de carne e pele de grande valor
- Fêmeas são ótimas mães, de alta prolificidade e precocidade

Outras raças importantes:

Azul de são Nicolas, Belier francês, Belier inglês, Borboleta francês, Borboleta inglês,
Fulvo da Borgonha, Gigante branco de Bouscat, Gigante de Espanha, Gigante de
flandres, Havana, Holandês , Japonês, Lebre belga.

8.2. Sistemas de criação

8.2.1. Extensivo

Nesse tipo de criação os coelhos são criados em total liberdade, soltos em


grandes áreas com cercas de 1 m de altura. O piso pode ser suspenso em uma rede
de arame, ou de cimento com cama de maravalha. A densidade varia de 8 a 16
coelhos/m².
O criador não tem controle sobre os coelhos (data de cobertura, paternidade, data de
nascimento, etc.);
- Aumento da mortalidade dos láparos em épocas chuvosa;
- Redução de a conversão alimentar ;
- Maior desenvolvimento dos ossos e menor deposição de carne;
- Aumenta o aparecimento e dissipação de doenças.

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- A taxa que os melhores criadores podem obter é de 30-35 láparos desmamados por
coelha/ano.
 Desmame dos láparos ocorre de 5 a 6 semanas de idade.

8.2.2. Semi- intensivo

Os coelhos que serão abatidos são criados em liberdade durante boa parte de
sua vida, mas a terminação é feita em gaiolas. As matrizes e reprodutores ficam
confinados, permitindo
maior controle das crias. A densidade varia de 8 a 16 coelhos/m² para o pasto e de 4
a 10 coelhos por gaiola.
- São criados em pequenos cercados com alguns abrigos, que podem ser coelheiras
móveis
- Permite maior controle sobre os animais, quando comparados ao sistema extensivo.
- Aumento de mão de obra
- 45-55 láparos desmamados por Coelha/ano.
- O desmame ocorre da 4° a 5° semana de idade.

8.2.3. Intensivo

Nesse sistema de criação os animais permanecem presos em gaiolas


individuais (matrizes e reprodutores) ou coletivas (animais destinados ao abate), o
que torna a criação racional e lucrativa. Utiliza-se uma densidade de 6 a 10 animais
por gaiola de 0,60m².
- Permite um controle rigoroso sobre todos os animais, evitando brigas e coberturas
indesejadas.
- Controle da reprodução com cobertura controlada, data prevista de nascimentos e
números de láparos.
- Poupa os machos com coberturas desnecessárias e permite maior seleção ou
descarte de reprodutores ao longo de seu período produtivo.
- Redução da mortalidade dos láparos
- Maior facilidade de manejo como a captura dos animais para venda, abate e
reprodução.
- As peles obtidas são de melhor qualidade e mais bonitas
- Melhor limpeza e desinfecção do ambientes, evitando o aparecimento de doenças e
reduzindo a mortalidade dos animais
- Melhor controle da alimentação
- Maiores rendimentos e lucros.
- Em média 65 láparos desmamados por Coelha/ano.
 O desmame ocorre no máximo até a 4° semana de idade.
40
9. Equinocultura

Estudos de Paleontologia revelaram que o primeiro registro de uma criatura


semelhante ao cavalo data de mais ou menos 50 milhões de anos atrás, durante a era
Eocena. Pesquisas comprovam que a espécie vem evoluindo há mais de 70 milhões
de anos, quando habitava as florestas e tinha o tamanho de um cachorro.

A domesticação dos eqüinos ocorreu por volta de 4 a 3 milênios a.C pelos


nômades no norte de Cáucaso e Mar Cáspio. Sua importância para o homem data de
milhares de anos: alimento, transporte, guerra, esporte, tração.

Evolução dos equinos

41
Classificação zoológica
Filo Cordados
Classe Mamífero
Ordem Perissiodactyla
Família Eqüídeos: asinino
- muares
- eqüinos
Gênero Equus
Espécie Equus caballus

Os cavalos, de maneira geral, são muito semelhantes em sua forma física,


possuindo corpos bem proporcionados, ancas possantes e musculosas e pescoços
longos que sustentam as cabeças de acentuada forma triangular. As orelhas são
pontudas e móveis, alertas ante qualquer som, e a audição é aguçada. Os olhos,
situados na parte mais alta da cabeça e bem separados um do outro, permitem uma
visão quase circular e as narinas farejam imediatamente qualquer sinal de perigo. O
pelo forma uma crina ao longo do pescoço, possivelmente para proteção. A maioria
dos inimigos do animal, membros da família dos felinos, por exemplo, costuma saltar
sobre o dorso do cavalo e mordê-lo no pescoço.

A equideocultura vem se destacando no cenário nacional, com um rebanho de


aproximadamente 8,3 milhões de cabeças (IBGE, 2007), havendo necessidade de
42
estudos que visem o desenvolvimento desta atividade e dos segmentos econômicos
relacionados, os quais são responsáveis pela geração de milhares de empregos
diretos e indiretos.

Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho de equinos na América Latina,


esta em 4º lugar no ramo eqüestre no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos,
México e China e possui o 3º maior rebanho eqüestre do mundo, e vem cada vez
mais se destacando na exportação de cavalos, temos até uma raça brasileira, que
vem conquistando o mundo, o Cavalo Brasileiro de Hipismo. Somados aos muares
(mulas) e asininos (asnos) são 8 milhões de cabeças, movimentando R$ 7,3 bilhões,
somente com a produção de cavalos.

O rebanho envolve mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos, criação


e destinação final e compõe a base do chamado Complexo do Agronegócio Cavalo,
responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos.

Quando o assunto é exportação de cavalos vivos, os números são


significativos: a expansão alcançou 524% entre 1997 e 2009, passando de US$ 702,8
mil para US$ 4,4 milhões. O Brasil é o oitavo maior exportador de carne equina.
Bélgica, Holanda, Itália, Japão e França são os principais importadores da carne de
cavalo brasileira, também consumida nos Estados Unidos.

A maior população brasileira de equinos encontra-se na região Sudeste, logo


em seguida aparecem as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte. Destaque para
o Nordeste, que além de equinos, concentra maior registro de asininos e muares.
Cinco milhões de animais são utilizados para lida nas propriedades rurais.

Usado unicamente como meio de transporte durante muitos anos, os equídeos


têm conquistado outras áreas de atuação, com forte tendência para lazer, esportes e
até terapia. Uma de suas principais funções, contudo, continua sendo o trabalho diário
nas atividades agropecuárias, onde aproximadamente cinco milhões de animais são
utilizados, principalmente, para o manejo do gado bovino.

43
Complexo do agronegócio do cavalo

9.1. Nutrição de equinos

Os equinos possuem variações nas exigências de proteínas visto que são


dependentes da idade, taxa de crescimento, capacidade digestiva e metabólica,
desempenho, altura, sexo, disponibilidade dos nutrientes nos alimentos, inter-relações
entre nutrientes, clima, condições ambientais, além de outros (NRC, 1989).

As exigências nutricionais dos eqüinos são compostas por dois fatores: as


exigências de mantença mais àquela para as atividades físicas. Essas exigências são
aditivas e ambas devem ser preenchidas com o objetivo do animal manter o peso,
condição corporal e boa saúde. Assim como em animais de produção, o desbalanço
entre nutrientes pode levar a um baixo desempenho.

44
Quando alimentamos um eqüino precisamos entender como funciona o sistema
digestivo, incluindo limitações físicas e áreas importantes de digestão e absorção.

9.2. Raças de equinos

Cavalo Árabe

São aptos aos esportes hípicos de salto e adestramento em categorias


intermediárias, hipismo rural, enduro e trabalhos agropecuários, sela, lazer e circo.

45
Cavalo Brasileiro de Hipismo

Suas características o tornam apto para quaisquer modalidades de salto,


adestramento, enduro, equitação, hipismo rural ou até mesmo atrelagem.

Cavalo Bretão

São exemplos de utilização do cavalo bretão: tração agrícola e urbana,


atrelagem esportiva, passeios turísticos, desfiles, lazer, montaria, formação de
mestiços com outras raças equinas ou muares, leves ou de tração, ou ainda como
éguas amas de leite para cavalos de hipismo, PSI e outros.

46
Cavalo Campolina

Ideais para passeio, enduro, tração ou lida com o gado, marcha batida ou
picada; excelente para passeios e cavalgadas. As principais competições da raça são
as provas de Marcha e Morfologia.

47
Cavalo Crioulo

O Crioulo é, por excelência, um cavalo de trabalho, ideal na lida com gado,


para passeio e enduro, podendo ser usado para percorrer grandes distâncias.

Cavalo Mangalarga

Na seleção do Mangalarga, objetiva-se enquadrá-lo no conceito atual do


moderno cavalo de trabalho e esporte, mantendo-se as características peculiares à
Raça, principalmente no que se refere ao seu andamento característico, a marcha
trotada. Ele é usado para passeio, enduro, esportes e trabalhos com o gado.

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Cavalo Mangalarga Marchador

Cavalo de sela por excelência perfeito para passeios, cavalgadas e trabalho


com gado.

Cavalo Puro Sangue Inglês

Corridas planas ou com obstáculos, salto, adestramento e concurso completo


de equitação. O cavalo inglês é especializado na alta velocidade, alcançando 15 a 18
metros por segundo, porém o que ganha em velocidade, perde em resistência. Em
nosso país tem sido recomendado, sobretudo para a produção de cavalos para a
remonta do exército. Seus "meios-sangues" são também utilizados para fins
desportivos, notadamente equitação.

49
Cavalo Quarto de Milha

É um cavalo que se destaca em provas funcionais que exigem agilidade e/ou


velocidade, tais como: tambor e baliza, vaquejada, laço, rédeas, apartação, corridas,
working cow horse, team penning, entre outras.

50
10. Caprinocultura e ovinocultura

O caprino (Capra hircus) foi basicamente a segunda espécie a ser domesticada


e primeiro animal leiteiro domesticado, superando os ovinos em prioridade quanto à
maior abundância de fósseis (DOMINGUES, 1968), possivelmente no Oriente Médio,
tendo-se sugerido a Pérsia ou a Palestina como locais (HEISER JUNIOR, 1977).

A ovelha (Ovis aries) que pode ser chamado no masculino por carneiro e
quando pequeno como cordeiro, anho ou borrego, é um mamífero ruminante bovídeo
da sub-família Caprinae, que também inclui a cabra. É um animal de enorme
importância econômica como fonte de carne, leite, lã e couro. Criado em todos os
continentes, a ovelha foi domesticada na Idade do Bronze a partir do muflão (Ovis
orientalis), que vive atualmente nas montanhas da Turquia e Iraque.

10.1. Panorama mundial

A criação de ovinos e caprinos é uma atividade praticada há séculos em quase


todo o globo terrestre, havendo, porém grande concentração de rebanhos na China,
Índia, Austrália, Nova Zelândia e Turquia, que são, em ordem decrescente, os cinco
maiores produtores e abrigam mais de 75% dos efetivos mundiais (Tabela 1). A China
detém sozinha, quase 36% do total de caprinos e ovinos criados no mundo, e
responde por mais de 39% da produção de carnes dessas espécies no âmbito
mundial. O Brasil figura em 10º lugar.

Tabela 1. Participação do rebanho caprino e ovino no mundo e contribuição para


produção de carne:

51
Dotado de excelentes características edafoclimáticas para a criação de ovinos
e caprinos, o Brasil pode vir a alcançar um satisfatório grau de desenvolvimento
nessa atividade.

Conforme dados do IBGE, 2003 (Tabela xx), na região Nordeste estão


concentrados 92,95% dos caprinos brasileiros e 56,56% dos ovinos. A região Sul
detém o 2º lugar na exploração de ovinos, com 31,75% dos animais da espécie,
ficando, portanto, pouco mais de 10% para as demais regiões. No caso de caprinos, a
supremacia do Nordeste é muito grande, pois o Sudeste, que ocupa o 2º lugar, tem
apenas 2,36%, contra os 92,95% acima citados. Observa-se que são menos de 5%
dos caprinos distribuídos pelas demais regiões geográficas do país.

10.2. Raças de caprinos

A cabra foi o primeiro animal domesticado pelo homem capaz de produzir


alimentos, há cerca de dez mil anos, por volta de 8.000 A.C. pelos povos nômades da
Ásia e Oriente Médio. De lá para cá, sempre acompanhou a história da humanidade,
conforme atestam os diversos relatos históricos, mitológicos e até mesmo bíblicos,
que mencionam os caprinos. Apesar disso, poucas vezes teve seu valor devidamente
reconhecido. Os caprinos têm a mesma origem que os bovinos, com o tronco
ancestral dos antílopes e a diferenciação ocorrendo no Plioceno. As raças domésticas
atuais descendem provavelmente da Capra aegagrus,da Pérsia e Ásia Menor, Capra
falconeri, do Himalaia, e Capra prisca, da bacia do Mediterrâneo. A cabra doméstica é
a Capra hircus.

10.2.1. Raças com aptidão leiteira

São essencialmente leiteiras, apresentam bom vigor, feminilidade, ligações


harmoniosas do úbere, não têm carne em excesso e possuem formato de cunha, com
membros bem aprumados, apresentam chanfro reto ou subcôncavo, orelhas

52
pequenas e leves, precocidade reprodutiva; boa conversão alimentar e maior
produção leiteira.

Podem apresentar produções de leite equivalentes em até 10-12 vezes o seu


peso vivo durante uma lactação.

Principais Raças: Saanen, Parda Alpina, Toggemburg, Anglo-nubiana e


murciana. Existem ainda rebanhos de raças menos comuns, como a La Mancha,
Alpinas Americana e Britânica.

Saanen Parda Alpina

Toggenburg Murciana

10.2.2. Raças com aptidão para carne

Estes animais se destacam em função do elevado ganho de peso e da


conformação e rendimento de suas carcaças.

Boer Savana

53
Azul Repartida

10.2.3. Raças com dupla aptidão (leite e carne)

Anglo-Nubiana

10.2.4. Raças produtoras de peles e carne

Destacam-se as "raças nativas", que têm na produção de peles a garantia de


rentabilidade para o produtor, principalmente nordestino. Mistas para carne e pele.

Moxotó Canindé

10.3. Raças ovinas

Os pequenos ruminantes foram domesticados entre 7 e 10 mil anos. A


disseminação dos ovinos pelo globo deveu-se a:

54
- Atendimento das populações de diversas regiões nas suas variadas necessidades;

- Influência dos fatores ambientais e de manejo que atuaram decisivamente na


determinação do tipo (morfologia e aptidão);

- Facilidade de domesticação e/ou transporte destes animais, aliados à facilidade de


adaptação a locais impróprios a outras espécies.

O ovino tem diversas aptidões logo, suas raças são divididas no mesmo sentido.
Sabe-se que, no mundo há de 800 a 1000 (mil) raças de ovinos. Alguns autores citam
cerca de 1.400.

10.3.1. Raças lanadas

Este grupo é sabidamente mais exigente em termos nutricionais e de ambiente


em geral, adaptando-se melhor às criações mais intensificadas, como no caso das
pequenas propriedades. Nestas, em virtude da impossibilidade de se trabalhar com
grandes rebanhos, o retorno econômico propiciado pela lã não seria tão significativo.

10.3.2. raças especializadas na produção de lã fina

Merino Australiano Ideal ou Polwarth

10.3.3. Raças mistas para produção de lã e carne

À medida que os ovinos distanciam-se da aptidão lanígera, elevam-se suas


necessidades nutricionais. Apresentam maior tendência para produção de carne e
com isto o diâmetro das fibras tornam-se maiores (correlação negativa: lã x carne).

55
Corriedale Romney Marsh

10.3.4. Raças lanadas especializadas na produção de carne

Ile de France Hampshire Down

Suffolk Poll Dorset

56
10.3.5. Raças deslanadas especializadas na produção de carne

Dorper Santa Inês

10.3.6. Raças produtoras de leite

Lacaune Bergamácia

10.4. Sistemas de criação

10.4.1. Extensivo

Animais criados soltos, exclusivamente à pasto; sistema característico de terras


baratas com grandes propriedades, ou de regiões sob severas restrições edafo-
climáticas ou econômicas, que impeçam a intensificação da atividade; o animal sofre
com variações de clima, quantidade e qualidade de alimentos; animais destinados,
principalmente, à produção de carne e peles; sistema característico da região
Nordeste do Brasil.

57
10.4.2. Semi-intensivo

Animais permanecem a pasto apenas parte do dia, recebendo suplementação


alimentar em cochos nas épocas de escassez ou para aumentar a produtividade;
sistema adotado tanto para a produção de carne, quanto para a produção leiteira;
neste tipo de manejo, é necessária atenção especial em relação ao controle de
verminoses, uma vez que a suplementação alimentar permite manter uma maior
densidade populacional, com conseqüente aumento da contaminação das pastagens.

10.4.3. Intensivo

Sistema característico de pequenas e médias propriedades requer maior


investimento em instalações, produção racional de volumosos e mão-de-obra
especializada; sistema ainda adotado, quase que exclusivamente, à produção leiteira,
mas também verificado nas cabanhas (fazendas especializadas na venda de
reprodutores de alta linhagem); o animal recebe alimentação balanceada em cochos;
sistema característico das regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde no início do período
de expansão da atividade leiteira, instalaram-se diversas criações em chácaras ou
mesmo quintais, nas grandes cidades, bem como em regiões serranas,
compartilhando o espaço com áreas de preservação ambiental obrigatória.
Desenvolveu-se então um modelo que se consolidou, não tendo sido ainda
desenvolvido nestas regiões o manejo alimentar baseado no pastoreio, pelos
principais criadores.

Observação: Não considere sinônimos os conceitos de produção intensiva e


criação confinada. O que define o nível de intensificação do sistema não é o
investimento em instalações, mas a eficiência em utilizar os diversos recursos
produtivos disponíveis. Rebanhos criados sob pastoreio ou confinados podem
apresentar produção mais ou menos intensiva, pois deve-se considerar ainda fatores
como a adequação do alimento, sanidade, melhoramento genético, eficiência
reprodutiva, etc.

10.5. Manejo nutricional

10.5.1. Classificação dos alimentos

Os ruminantes exigem um determinado teor de fibra na dieta para manter


normais as funções do rúmen, porém para sua utilização adequada, é necessária a
presença de ingredientes energéticos e protéicos, dependendo da composição da

58
dieta e produção. Os alimentos são agrupados de acordo com sua origem e
composição nutricional.

Volumosos (≥18 de fibra na matéria seca):

Verdes: pastos, culturas forrageiras, silagens, frutos, raízes e tubérculos.

Secos: fenos, forragens desidratadas, palhas e cascas.

Concentrados:

Energéticos (≤16% PB): grãos de cereais diversos: milho, sorgo, trigo, centeio,
arroz,etc.

Protéicos (≥20% PB):

Origem vegetal:

Sementes e subprodutos de oleaginosas (soja,algodão, girassol, amendoim, coco,


linho).

Diversos:

Melaço, uréia, polpa de frutas, minerais e vitaminas.

Aditivos:

Antibióticos, probióticos, hormônios.

Qualquer mudança na alimentação deve ser feita de forma gradual, evitando


assim transtornos à flora do rúmen, uma vez que a perfeita digestão do alimento
depende basicamente da manutenção do equilíbrio entre as diversas espécies de
bactérias, leveduras e protozoários, sendo algumas especializadas na degradação de
fibras, outras de açúcares solúveis, proteínas ou mesmo em consumir secreções das
demais ou predar quaisquer das espécies que compartilham o ambiente rumenal,
sendo que um substrato diversificado garante oportunidade de desenvolvimento a
diversas espécies, as quais interagem em busca da perfeita reciclagem do alimento
ingerido pelo ruminante. Alterações radicais da dieta exigirão um novo ordenamento
destes organismos, que pode se prolongar por cerca de três semanas, com
subconsumo e aproveitamento parcial do alimento.

59
PRINCIPAIS DIFEREÇAS ENTRE CAPRINOS E OVINOS

Ovinos Caprinos
1. Apresentam fossas lacrimais 1. Não apresenta fossas lacrimais

2. Apresentam glândula interdigital 2. Não apresentam glândulas


interdigitais

3. Apresentam 54 pares de 3. Possuem 60 pares de


cromossomos cromossomos

4. Possuem metacarpos e 4. Metacarpo e metatarso planamente


metatarsos bem reduzidos desenvolvidos

5. Possuem 3-32 vértebras caudais 5. Possuem 12-16 vértebras caudais

6. Não apresentam odores 6. Glândulas de Schietzel


afrodisíacos afrodisíacas

7. Possuem bolsa escrotal 7. Bolsa escrotal estreita, ovalada


arredondada

8. Gordura subcutânea de fácil 8. Gordura no abdome – sem gordura


absorção subcutânea

9. Estômago pequeno 9. Estômago duas vezes maior que o


ovino

10. Sem barba 10. Possui barba

11. Andam com a cauda caída 11. Possuem a cauda erguida

12. Comem com a cabeça baixa 12. Alimentam-se de cabeça erguida

13. Os lábios superiores fendidos e 13. Lábios sem fendas


móveis

14. Tetas curtas 14. Possuem tetas compridas

15. Tem preferência por folhas 15. Tem preferência pelas folhas
estreitas largas

16. 4 dias de carência de água, 4,5% 16. Utilizam água com maior
menos peso ao dia eficiência. 4 dias sem água, 1,5%

60
menos peso ao dia

17. Nunca retornam ao estado 17. Podem retornar ao seu estado


silvestre selvagem

18. Após defecar, erguem e abaixam o 18. Balançam o rabo freneticamente


rabo parcialmente após defecar

19. Andam sempre em grupo 19. Dispersam-se com facilidade

61
11. Características do animal ruminante
Informações complementares aos estudos sobre caprinocultura e ovinocultura
podem ser encontradas em sites da Associação de criadores das1 diferentes raças
tanto de caprinos como de ovinos, Embrapa caprinos e ovinos, dentre outros.

11.1. Estômago dos ruminantes

O animal ruminante caracteriza-se por apresentar o aparelho digestivo bem


distinto, sendo que o estômago divide-se em quatro compartimentos.
O rúmen, é o primeiro compartimento do estômago, um reservatório
equivalente a 160 a 240 litros, local da atividade microbiana, onde existe
aproximadamente 150 bilhões de microrganismos em uma colher de chá,
predominantemente de bactérias e protozoários. Estes microorganismos comandam o
crescimento fermentativo e vão servir como fonte de nutrientes para o trato digestivo
posterior.
O rúmen está em constante movimentação, causada pela contração da
musculatura.
O retículo, ou “favo de mel”, tem uma capacidade aproximada de 10 litros,
caracterizando-se por ser um local de muitos problemas, considerado uma parte da
câmara de fermentação, praticamente sem diferenciação do rúmen.
O omaso ou “folhoso”, tem uma capacidade aproximada de 16 litros,
caracterizando-se pela remoção de água e “moagem”, servindo de “para choques”
para o abomaso.
O abomaso ou estômago verdadeiro, tem uma capacidade aproximada de 20
litros e é o local de digestão ácida e enzimática.

62
11.2. Os sitemas de produção de leite ou carne nos trópicos

11.2.1. Fatores que influenciam na definição dos sistemas de produção

Fatores econômicos:
 Preços dos produtos;
 Nível de renda dos consumidores;
 Custo dos insumos;
 Disponibilidade de capital e crédito;
 Concorrência do leite ou carne e derivados importados;
 Sistemas de comercialização.

Fatores sociais:
 Nível educacional e técnico dos proprietários, gerentes e trabalhadores;
 Proporção de trabalho familiar x contratado;
 Hábitos de alimentação dos consumidores;
 Sistemas e tamanho das propriedades.

Infra-estrutura física:
 Industrias de processamento de leite ou carne;
 Transporte;
 Eletricidade;
 Comunicação
 Fábricas de rações;
 Disponibilidade de subprodutos para alimentação do gado.

Serviços:
 De pesquisa e disponibilidade de tecnologias provadas para a região;
 De extensão agrícola e assistência técnica;
 Veterinários, Zootecnistas, Agrônomos, Técnicos;
 Normas sanitárias oficiais;
 Organizações de inseminação artificial;
 De manutenção de máquinas e equipamentos.

63
Fatores políticos:
 Organização social e agrícola do país;
 Disposições oficiais que condicionam a produção (política governamental para o
produto).

Fatores geográficos e ecológicos:


 Clima;
 Tipo do pasto disponível;
 Incidência de parasitas e enfermidades;

Na condição específica do Brasil podemos destacar:

 Falta de uma política governamental consolidade para o produto;


 Poder aquisitivo da população;
 Preços insatisfatórios em relação ao custo de produção;
 Vacas com período de lactação curto e de baixa persistência;
 A atividade se concentra em regiões de terras de baixa fertilidade, montanhosas ou
em baixadas mal drenadas;
 A alimentação do rebanho depende do clima, o que provoca nutrição inadequada
seis meses/ano;
 Os cuidados sanitários com o rebanho não são levados à sério;
 Não existe na região sudeste (> bacia leiteira) distinção entre gado de leite e corte,
já que levantamentos mostram que 40-50% do leite vem de vacas que poderiam
ser consideradas de corte;
 50-60% dos produtores fornecem menos de 50 l de leite/dia e são difíceis de
serem atingidos pelo crédito e assistência técnica;
 A natalidade é baixa (50-60%);
 O rendimento de leite vaca/lactação é baixo (1000 - 1300 Kg).

11.3. Manejo de bovino de leite

64
ESCOLHA DA VACA LEITEIRA

Uma observação mais criteriosa de diversas características é o ponto de


partida para qualquer tipo de avaliação de uma vaca leiteira. Uma vaca Leiteira
especializada se notabiliza por sua capacidade de mobilizar nutrientes do corpo para
produção. É um animal que deve apresentar em sua aparência geral, saúde e vigor.
Pela ação do estrógeno, apresenta um aspecto feminino, com pescoço mais fino e
alongado, cabeça descarnada, leve e proporcional entre suas partes. Devem ser
profundas, com boa capacidade, digestiva e respiratória, denotando pulmão e coração
fortes, e uma grande capacidade de ingerir alimentos. As costelas devem ser largas,
chatas, compridas, bem arqueadas e com bom espaçamento entre elas, posicionadas
de forma obliqua.
A linha de dorso deve ser reta e forte, pois é a viga de sustentação do animal,
devendo evitar animais com afundamento (LORDOSE) e arqueamento (XIFOSE) da
linha dorso lombar. A garupa deve ser ampla e larga para facilitar o parto, propiciando
um úbere mais volumoso e bem colocado. Deve apresentar leve inclinação para trás,
ou seja, os íleos devem estar em posição ligeiramente superior aos ísqueos,
provocando uma ligeira inclinação da garupa. Vacas com ísqueos elevados estão
sujeitas a dificuldades em drenar os conteúdos uterinos pós parto, com pré disposição
a infecção, consequentemente aumentando o intervalo entre partos. Analisada por
trás, deve ter boa abertura dos íleos, ísqueos e coxo femural.
Outro aspecto da maior importância é o aparelho mamário. Diversas
características devem ser aí consideradas; destacando-se o volume, uma boa
irrigação, as inserções. Deve apresentar equilíbrio entre os quartos anteriores e
posteriores; seu piso não deve ultrapassar a linha do jarrete. Só quartos posteriores
devem possuir uma implantação alta. Outro ponto importante é seu suporte, baseado
ligamento medial, pois é ele que sustentação ao úbere, devendo observar entre as
duas metades um superior de aparência profunda, que é o indicativo de ligamentos
fortes. Os quartos anteriores devem avançar em direção ao umbigo,
harmoniosamente aderido ao abdômen. As tetas devem ser tamanho mediano,
posicionando-se no centro dos quartos, direcionados para baixo, pois tetas retas
facilitam a ordenha, diminuindo a possibilidade de traumatismo.
As vacas GIROLANDO são animais adaptados ao clima e condições tropicais,
possuindo capacidade de buscar os alimentos no pasto. Por isso, um aspecto da
maior relevância são os seus aprumados que é o conjunto de pernas, pés e cascos.

65
A fêmea deve ter equilíbrio na sua sustentação, apresentando uma movimentação
harmoniosa, basicamente na abertura entre as pernas dianteiras e traseiras. Estas
devem ser ligeiramente curvadas, objetivando amortecer o peso do animal, sem
sobrecarregar os pés do animal, ao contrário, pernas muito retas, implica em pressão
excessiva sobre si mesmo prejudicando as articulações e forçando as regiões do
jarrete, quartelas e talo.
Pernas muito arqueadas também são indesejáveis, por comprometerem sustentação
e locomoção.
A abertura entre as pernas, analisadas por trás, é outro ponto a ser
considerado. A indicação é que elas não estejam muito juntas. Esta posição força o
úbere para frente provocando desconforto para o animal. O correto é o animal não
pisar nem para dentro nem para fora, o que lhe dá uma boa mobilidade. As quartelas
devem ser firmes e fortes.
Estas características são um fator indicativo para a escolha de uma vaca leiteira de
boa qualidade, no entanto para se ter uma maior segurança na escolha, deve-se
conhecer as condições sanitárias do rebanho, ficha zootécnica do controle leiteiro e,

se possível genealogia do animal.

11.4..Instalações para gado leiteiro


As instalações para a produção de leite devem atender aos seguintes requisitos:

 facilitar o trabalho ;
66
 preservar a saúde dos animais;
 garantir a qualidade do leite;
 ser econômicas.

11.4.1. Principais componentes das instalações para gado leiteiro.

 local para criação das bezerras;


 local para limpeza do vasilhame e para o leite;
 local para ordenha;
 local para armazenar concentrado;
 local para o esterco;
 local para fornecimento de volumosos.

11.4.2. A escolha do sistema de ordenha

O tipo de sistema a ser utilizado deve levar em consideração:

- número de animais a serem ordenhados


- nível de produção dos animais
- tipo de leite a ser produzido
- qualidade da mão de obra
- investimentos totais a serem realizados
- custos operacionais a serem realizados

11.4.3. Tipos de ordenha

- Manual

- Mecanizada: balde ao pé, circuito fechado, Tandem, espinha de peixe, poligonal,


paralela ou rotatória.

- Manual

Esse tipo de ordenha é largamente empregada no Brasil e é caracterizado por sua


baixa eficiência e pela produção de um leite com alto grau de contaminação.

- Mecanizada

Balde ao pé: sistema mais barato que se conhece. Possui eficiência de 15


vacas/homem/ hora com 2 baldes. No Brasil, devido à mão-de-obra ainda ser

67
relativamente barata, é o sistema mais indicado para propriedades, com até 50
animais. Existem 3 tipos de Balde de Pé: no estábulo, na Sala de Ordenha e portátil.

Circuito fechado: também indicado para rebanhos menores. Neste sistema, o leite
no momento da ordenha é transportado por tubo de PVC. A velocidade é de 8
vacas/hora/unidade.

Sistema de tandem: esse sistema foi desenvolvido para os rebanhos maiores, de até
80 animais. o sistema mais comum é o "4x4"; apresenta um rendimento de 22 a 32
vacas/homem/hora. O manejo neste sistema é individual e a entrada e saída das
vacas são controladas por meio de fotocélulas. Com o tandem um único profissional
pode cuidar de 6 a 8 animais.

Espinha de peixe: é o sistema mais utilizado entre os criadores; apresenta um


rendimento de 37 a 42 vacas/homem/hora no tipo "4x4"; os animais ficam
posicionados em 45° em relação ao fosso, posição que facilita a visualização dos
úberes e tetos; as vacas entram e saem em lote, sendo a maior desvantagem do
sistema, pois as vacas devem ser manejadas em lotes de produção semelhante. Este
sistema de ordenha é indicado para criatórios com até 300 animais.

Poligonal: considerada uma variação do espinha de peixe, os animais ficam na


mesma posição. Com capacidade para 4 lotes, este sistema é mais indicado para os
criadores que desejam instalar máquinas maiores e desenvolver um trabalho mais
racional dentro do fosso.

68
Paralela: é indicada para propriedades que contenham de 300 a 1.000 animais, em
que cada operador cuida sozinha de 12 a 30 unidades. Neste sistema as vacas ficam
umas ao lado das outras e de costas para o fosso.

Rotatória: é o mais moderno de todos os sistemas de ordenha. Desenvolvido para


atuar em fazendas com mais de 500 vacas, sua extensão máxima atendem até 60

unidades. Nesse sistema, o ordenhador cuida de 30 vacas e são ordenhados 120


animais/hora.

11.4.3.1. A Ordenha

De acordo com o manejo adotado, o qual pode ser com ou sem o bezerro ao
pé, vamos ter condutas diferentes para cada modalidade: com o bezerro ao pé este
fica a disposição na hora da ordenha para vir e apojar.
A ordenha é a safra, e deve ser considerada como uma das atividades mais
importantes na exploração leiteira. Deve se considerar:

Higiênica:
A higiene do ordenhador está diretamente ligada a qualidade do produto. Para se
conseguir uma ordenha higiênica, se faz necessário observar uma série de cuidados.

69
a) Da vaca e das instalações :

 A vaca deve ser ordenhada em local limpo, higiênico e ventilado;


 O teto da vaca deve ser lavado e seco com papel descartável, antes do início da
ordenha;
 Os primeiros jatos de leite, no início da ordenha, deverão ser desprezados,
aproveitando-se a ocasião para utilizar a caneca de fundo preto, para teste de
mamite (inflamação do úbere). Os primeiros jatos a serem desprezados nunca
deverão ser jogados diretamente no chão.

b) Do ordenhador:

 O tirador de leite deverá lavar bem as mãos com água limpa e sabão, antes de
iniciar a ordenha;
 Fazer a higienização das tetas da vaca, evitando sujidade no leite e para prevenir
mamite;
 Fazer o teste de detecção de leite mastite com caneca telada ou de fundo preto;
 Ordenhar primeiro os animais sadios e, por fim, os animais com mastite. O leite
das vacas com mamite, bem como o leite de vacas que estão em uso de
medicamentos, deve ser descartado em fossa;
 Não deverá por hipótese alguma fumar quando estiver realizando a prática da
ordenha;
 No momento da ordenha não deverá ser realizado a varredura do local;
 Desinfetar as tetas das vacas com a utilização de frasco mergulhador contendo
solução de iodo glicerinado. Para o preparo desta solução utiliza-se 25g de iodo
metálico, 15g de iodeto de potássio, 500 ml de glicerina líquida e 4.500 ml de água
destilada.

c) Dos utensílios utilizados na ordenha:

 Todos os baldes e canecas usados na ordenha devem ser rigorosamente lavados;


 Os tambores usados no transporte do leite, devem ser também bem lavados e só
usados quando bem secos;
 Os baldes e tambores devem ser guardados em local limpo, bem arejado e de
boca para baixo;

70
 No caso de utilização de ordenhadeira mecânicas, nunca esquecer a lavagem e
higienização dos utensílios utilizados, como teteiras, tubulações, etc.

1. Tranqüila:
Por ocasião da ordenha, as vacas deverão estar em ambiente, o mais tranqüilo
possível.

2. Rápida:

A ordenha deverá ser a mais rápida possível, por causa dão ação rápida da
ocitocina, que de uma maneira geral esta ação dura de 6 a 12 minutos.
Para a sanitização dos utensílios pode-se preparar um solução clorada, colocando-se
10 litros de água limpa em balde e 10 mililitros (uma colher das de sopa) de cloro
(hipoclorito de sódio) no balde. O cloro pode ser substituído pela água sanitária na
proporção de 100 mililitros ( 10 colheres de sopa) de água sanitária para cada 10
litros de água. Após homogeneizado a solução deve ser guardada em garrafas
plásticas.
O leite que não for transportado imediatamente após a ordenha, deverá ser
depositado em tanques de resfriamento logo após a ordenha, sendo resfriado então
em temperatura de até 4º C. A mastite, doença infecto-contagiosa que se propaga no
rebanho devido a fatores ambientais, que podem ser controladas por medidas
higiênicas e profiláticas. Caracteriza-se pela inflamação do úbere, provocada por
germes que penetram pelo canal do teto. Ela se manifesta de forma clínica e de forma
sub-clínica. Na forma clínica o úbere se apresenta inchado, cor avermelhada, dolorido
e quente; o leite apresenta-se aguado ou grosso, de cor amarela, com flocos ou
coágulos. Já na forma sub-clínica não apresenta sintomas, somente pode ser
detectado através de exame de laboratório e testes específicos. O danos econômicos
causados pela mamite são: diminuição da produção de leite, perda de um ou mais
quartos do úbere, desvalorização comercial da vaca leiteira, que passa a ser de corte.
As vacas secas devem ser tratadas com medicamentos próprios para esta fase.
Existe no mercado vários medicamentos para tratamento preventivo de vacas neste
período de descanso. É bom lembrar que estes medicamentos nunca devem ser
utilizados para tratar mamite comuns, pois eles são próprios para a prevenção da
mamite no período seco.

A mamite pode ser evitada, através de das seguintes ações:

71
 Medidas de higiene na ordenha

a) Uso de roupas limpas pelo ordenhador;


b) Mãos previamente lavadas com sabão;
c) Tetas lavadas com água corrente, sem pressão e secas com papel toalha
descartável;
d) Limpeza diária do curral;
e) Eliminar o leite com mastite em local apropriado;
f) Higiene dos utensílios;
g) Evitar que as vacas deitem após a ordenha;
h) No caso de ordenha manual o ordenhador deve-se limitar à ordenha da vaca,
tendo um auxiliar para fazer os demais serviços;
i) Após a ordenha, em vaca ordenhada sem bezerro, verificar diariamente o bom
funcionamento da ordenhadeira mecânica.

 Testes para diagnóstico:

a) Caneca telada ou de fundo preto diariamente antes de cada ordenha para detectar
mastite clínica;
b) C.M.T. (Califórnia Mastit Test) periodicamente, para detectar mastite sub-clínica.

 Montar linha de ordenha, na seguinte ordem:

a) Vacas sadias;
b) Vacas que foram tratadas e curadas;
c) Vacas doentes.

 Capacitação de mão-de-obra

11.4.4. Manejo reprodutivo

Sistemas de Cobertura
- Existem dois sistemas: o natural e o artificial.
- O sistema de cobertura natural apresenta duas modalidades: uma a campo e a outra
controlada.
- A cobertura natural a campo é a mais empírica que existe, pois o touro fica a
vontade com as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma mesma fêmea e
72
muitas delas em momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de
1:25.
- A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o
touro fica num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor
para a cobertura. O touro não executa grande número de coberturas em uma mesma
fêmea, efetuando as coberturas em momento adequado, permitindo manter-se no
sistema uma relação touro x vaca de 1:50. Neste sistema fica mais fácil controlar a
fertilidade dos touros, além de se conhecer a paternidade da progênie.
- O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método,
ocorre a interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a
introdução do sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos
e técnicas adequadas, em condições de fecundá-la

11.4.5. Doenças infecciosas e de interesse reprodutivo

Brucelose (zoonose)
Causa: é causada pela bactéria Brucella abortus.
Sintomas: causa aborto no final da gestação (aproximadamente no 8º mês), mas a
partir da Segunda gestação apresenta imunidade, ou seja, não aborta na terceira vez,
mas continua transmitindo a doença. Nos touros, causa orquite (inchaço dos
testículos), podendo levar a fibrose dos mesmos. É uma doença infecto-contagiosa e
transmissível ao homem.
Meios de cura e prevenção: os animais positivos na prova de sorologia devem ser
sacrificados, e a vacinação deve ser feita nas bezerras entre 4 e 8 meses de idade.
Os restos placentários são altamente infecciosos tanto para outros animais quanto
para o homem, portanto, tomar os devidos cuidados na manipulação deles.
Obs.: se o animal não for vacinado até o 8º mês, não vacine mais, pois poderá
mascarar a doença, devendo o animal ser abatido.
Trichomonose
Causa: Trichomonas foetus, um protozoário.
Sintomas: nos touros forma reservatório no prepúcio, sem sinais aparentes. Nas
vacas causa esterilidade temporária com inflamação catarral no útero, causando
aborto até o 4º mês de gestação (sem retenção de placenta), esterilidade temporária,
irregularidades no cio, podendo apresentar imunidade por 2 a 3 anos e sofrer nova
infecção. É uma doença sexualmente transmissível (DST) e contagiosa.
Meios de cura e prevenção: utilização de inseminação artificial; eliminação dos
animais positivos, controle do estado sanitário dos machos reprodutores. As fêmeas
73
infestadas que não foram descartadas, devem ficar em repouso sexual por no mínimo
3 meses.

Campilobacteriose (vibriose):
Causa: Vibrio fetus.
Sintomas: não apresenta, entretanto nos touros forma reservatório no prepúcio e nas
vacas causa aborto no 5º ao 6º mês de gestação, ciclos estrais longos e irregulares
(+ou- 25 dias). É uma doença sexualmente transmissível (DST) e infecto contagiosa.
Meios de cura e prevenção: idem a anterior

IBR
É uma doença importada, pode ser detectada na vagina que fica ulcerada (pequenas
feridas); causa aborto.

Colibacilose ou curso branco


Causa: E. Coli; na 1º semana de vida.
Sintomas: Diarréia branco-leitosa, emagrecimento progressivo, apatia e até morte;
Meios de cura e prevenção: Antibióticos e Quimioterápico específicos; higiene e
desinfecção do umbigo.

Onfaloflebite (umbigueiro)
Causa: Diversas bactérias;
Sintomas: inflamação do umbigo que aparece nos primeiros 15 dias de vida e
apresenta sinais da inflamação local, como inchaço e aumento da temperatura.
Meios de cura e prevenção: limpeza do local e aplicação de tintura de iodo. Logo após
o parto, deve-se aplicar tintura de iodo no umbigo, e manter as instalações limpas e
com controle de moscas.

Pneumonias
Causa: Vários micro organismos como Mycoplasma mycoides, Pasteurella sp e o
vírus da Parainfluenza;
Sintomas: febre alta e fraqueza que atinge principalmente bezerros.
Meios de cura e prevenção: Antibióticos específicos. A umidade deve ser evitada
(trocando a cama sempre que necessário), assim como ventos frios. É importante
garantir ingestão de colostro e manter os animais bem nutridos. Deve-se também
evitar usar camas e rações que produzam muito pó.

74
Paratifo (Pneumoenterite)
Causa: a bactéria Salmonella dublin
Sintomas: Diarréia intensa (amarelo acinzentado), febre alta, emagrecimento e morte.
Pode aparecer do 15° dia ao 4° mês de vida.
Meios de cura e prevenção: não há cura, e deve-se vacinar a vaca no 8° mês de
gestação e o bezerro aos 15 dias de vida.

Febre aftosa
Causa: Vírus
Sintomas: Febres, aftas na boca e mastites que aparecem em qualquer idade. Os
animais perdem apetite, apresentam mastigação lenta e dolorosa e salivação
profunda.
Meios de cura e prevenção: não há cura , e a vacinação semestral do rebanho a partir
dos 4 meses de idade é obrigatória.

Carbúnculo Sintomático (manqueira)


Causa: Crostidium chauvoei
Sintomas: Tumores e inchaços nos membros, principalmente dos posteriores e morte.
Atinge principalmente animais de 4 a 12 meses de idade.
Meios de cura e prevenção: não há cura, e é obrigatória a vacinação dos animais aos
4 meses de idade, com reforço aos 18 meses.
Carbúnculo Hemático
Causa: Bacillus anthracis;
Sintomas: Morte súbita com hemorragias nas aberturas naturais, aparece em
qualquer idade.
Meios de cura e prevenção: não há cura, e a vacinação deve ser feita em locais onde
houver ocorrência da doença, um vez ao ano.

Babesiose/Anaplasmose
Causa: (B. Bigeemina, B. Bovis e B. Argemtina) (A. Marginale e A. Centrale)
Sintomas: Febre falta de apetite, anemia, icterícia e apatia. Aparece em qualquer
idade.
Meios de cura: antibióticos e quimioterápicos específicos.
Meios de prevenção: Boa nutrição dos animais, controle de carrapatos através de
pulverização periódica, pré-imunização de animais que venham de áreas sem a
doença.

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Verminoses
Causa: Endoparasitas;
Sintomas: emagrecimento, apatia, anemia profunda;
Meios de cura: vermífugos específicos em doses curativas;
Meios de prevenção: Vermífugos específicos em doses preventivas.

Raiva
Causa: vírus neurotrópico;
Sintomas: Paralisia de membros, apatia, isolamento do grupo, salivação intensa e
incoordenação.
Meios de cura e prevenção: Vacinação de todo rebanho nas regiões de incidência de
morcego hematófago, uma vez por ano a partir de 4 meses de idade.

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