Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo1

Itamar Pereira de Oliveira2, Luana Carvalho Oliveira3, Camila Stéffane Fernandes Teixeira de Moura4

Resumo: A produção de mudas vigorosas e sadias é um dos fatores fundamentais para o sucesso da cafeicultura
empresarial, principalmente quando se considera que, sendo o cafeeiro uma cultura perene, os erros cometidos
no início da instalação da cultura não poderão, na maioria das vezes, serem sanados. Com a modernização das
técnicas de cultivo, torna-se hoje essencial a modificação do sistema de produção de mudas de café, devendo
ser repensados os métodos até então utilizados, ambos tendo como substrato a utilização de terra. Obter um
conhecimento maior sobre as características que demonstram uma muda de qualidade nesse caso a muda de
café, podendo assim saber quais os métodos para obtenção dessas mudas. Existem dois tipos de mudas de
cafeeiro: as mudas de meio ano e as de um ano. As mudas de meio ano são mais utilizadas por apresentarem
custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanência no
viveiro mais curto. A muda ou planta jovem de qualidade deve conter de três a cinco pares de folhas sem levar
em consideração o par, popularmente chamado de orelha-de-onça, com parte aérea bem formada, ausência de
bifurcação e plantas tipo “macho”, caule deformado ou torto e estiolamento. A muda bem cuidada ajuda a
reduzir os problemas de pós-plantio como sensibilidade à seca, prejuízos provocados pelo vento que podem
ocasionar tumores e tombamento das mudas, além de exigir estaqueamento individual, encarecendo os gastos
no processo de produção; presença de pragas e doenças tanto na parte aérea como no sistema radicular,
carências minerais, conseguir bons resultados com mudas aclimatizadas a pleno sol por um período de 20 dias.
Inicialmente, é necessário verificar se mudas são originadas de sementes certificadas oriundas de produtores
registrados nas entidades habilitadas, presença da folha inicial denominada orelha-de-onça intacta e sadia, ou
seja, o primeiro par de folhas que surge após a germinação. Ainda, deve apresentar o sistema radicular bem
formado com a raiz principal reta, sem enovelamento, e as demais raízes fasciculadas e radicelas bem
distribuídas no substrato. A parte aérea da muda deve apresentar desenvolvimento da parte aérea proporcional
ao sistema radicular. No ambiente, deve ser ausente de plantas invasoras.

Palavras chaves: Condução de viveiros. Plantas infestantes. Qualidade, produção de mudas sementeiras e
viveiros. Substrato.

Cultivation of coffee: stages of development and some management techniques

Abstract: The production of healthy and vigorous seedlings is one of the key factors for coffee business
success, especially when coffee is considered as a perennial plant, the mistakes made early in crop installation
cannot, in most time, be remedied. With the modernization of farming techniques, coffee seedlings’ production
now become essential to change the traditional system of seedling production and should be rethought of the
methods hitherto used, having as substrate the use of land. For this initiative, is necessary to get more
knowledge about the characteristics that demonstrate a change of quality, in this case the coffee seedling, so in
this way can know the best methods to obtain these seedlings. There are two types of coffee plants, seedlings of
six months and one year. Half year seedlings are more used for presenting lower costs because they require less
volume of substrate and submit a residence time in the nursery soon. The seedlings or young plant quality
should contain three to five pairs of leaves without taking into account the pair, popularly called ear of ounces,
with well-formed shoots, no fork and plants such as "male", stem deformed or bent and banding. The seedlings
well cared for helping to reduce the problems of post-planting as sensitivity to drought, damage caused by the
wind that can cause tumors and seedling damping off, and require individual staking, increasing spending in the
production process, presence of pests and diseases in both shoot and root system, mineral deficiencies, to
achieve good results with seedlings acclimated to full sunlight for a 20 day period. Initially, there is a need to be
sure that seedlings are sourced from certified seed producers coming from the registered qualified entities. The

1
Revisão com finalidade acadêmica realizada na Faculdade Montes Belos (FMB)
2
Professor orientador da Faculdade Montes Belos (FMB)
3
Discente do Curso de Engenharia de Produção da Faculdade Salgado de Oliveira
4
Discente do Curso Superior de Tecnologia em Produção Sucroalcooleiro da FMB
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo

presence of cover page, called ear of ounce, is the first pair of leaves that appear after germination, must be
intact and healthy. Still, the seedlings must have well-formed root system with taproot in straight line, without
folding, and other roots and fibrous root fasciculate well distributed on the substrate. The seedling aerial part
should show development of shoots proportional to the root system. In the environment, no seed weed plant
must be present.

Key words: Management of nurseries. Nurseries and seed bed. Quality of seedlings, seedling production, seed
weed. Substrate.

1.0. Introdução Atualmente, o substrato mais utilizado para

A cafeicultura, como atividade de
fundamental importância do setor agropecuário,
desempenha função de vital relevância para o
desenvolvimento social e econômico do Brasil,
contribuindo significativamente para a formação da
receita cambial brasileira (FASIO & SILVA, 2007).
Muitos cuidados são requeridos para obter mudas
sadias que resultam em plantas produtivas.
A qualidade da semente, como sempre
mencionada, é essencial para a obtenção de boas
mudas. Como origem, as sementes para plantio
devem ser provenientes de instituições oficiais, de
cooperativas ou de produtores registrados. Também,
podem ser adquiridas de entidades oficialmente
inspecionadas pelos órgãos de defesa sanitária
vegetal. Sementes da própria lavoura podem ser
usadas, desde que sejam colhidas de plantas
selecionadas, vigorosas e de altas produtividades.
Ainda é necessário evitar sementes que apresentem
sintomas de doenças parasitárias e com baixa
incidência de frutos estéreis.
O substrato é um insumo importante dentro
do sistema de produção de mudas de cafeeiro, sendo
responsável por 38 % do custo de produção das
mudas, quando se utiliza tubetes de 120 mililitros,
desconsiderando o gasto com a adubação.
produção em tubetes é constituído de casca de
pinheiro moída, compostada e enriquecida com
nutrientes. A fertilização do substrato tem sido
realizada utilizando fertilizante de liberação lenta.
A granulometria é uma característica física
fundamental à manutenção do ajustamento do
conjunto muda e substrato, e à preservação da sua
estabilidade após a retirada do tubete e o manejo da
muda no plantio. Tal fato é desejável, pois as raízes
de cafeeiro são pouco lignificadas e, portanto,
suscetíveis às quebras e divisões, e aos desvios
laterais, no momento do plantio.
A raiz, para desenvolver, necessita de
espaço e nem sempre os recipientes utilizados são
suficientes para oferecer a plântula às condições
suficientes que ela necessita. Dois parâmetros
importantes são a forma e o tamanho do recipiente.
Esses dois influenciam a dinâmica da
movimentação de água nesse pequeno volume de
solo. A pouca observação do volume do recipiente
restringe a raiz. A restrição a raiz imposta pelo
reduzido volume e pelas paredes dos recipientes,
influenciam alguns parâmetros importantes na
avaliação da qualidade de mudas, como altura, área
foliar e produção de biomassa.
Em qualquer nível de agricultura, seja no de
uso de adubos químicos ou na execução de

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agricultura orgânica, adicionar às misturas 1% de
termofosfato silícico-magnesiano, como fonte de
fósforo. Outra fonte de fósforo, como segunda
opção, seria a farinha de ossos calcinada na mesma
proporção recomendada para o termofosfato. Em
caso de necessidade de potássio, tem-se usado a
cinza de lenha ou do sulfato de potássio.
A semeadura pode ser feita de forma direta
ou indireta, usando-se ou não sementes pré-
germinadas, observando-se a legislação regional.
Na semeadura direta, são colocadas duas sementes
por saquinho plástico, a uma profundidade máxima
de um centímetro, cobrindo-se, em seguida, com
meio centímetro de terra ou areia peneirada. Feito
isso, os canteiros devem ser cobertos com palha
seca, livre de sementes de plantas espontâneas,
visando conservar a umidade e evitar que as
sementes sejam deslocadas pela irrigação.
O semeio indireto, embora não permitido em
alguns estados, pode ser efetuado em germinadores
de areia, de onde as plântulas, no estágio "palito-de-
fósforo", serão transplantadas para os recipientes. A
desvantagem deste método é acarretar
considerável quantidade de mudas com "pião" torto.
As sementes podem ser pré-germinadas em
ambiente úmido, sob dois a três centímetros de areia
ou em sacos de aniagem. Na fase de "esporinha",
radículas com um centímetro no máximo, as
plântulas são repicadas para os saquinhos.
A cultura deve ter acompanhamento em
relação à execução das práticas de irrigação,
escarificação, desbaste, controle de ervas daninhas,
controle de pragas e doenças e adubação. Caso as
mudas não apresentem um bom desenvolvimento,
deve-se fazer de três a quatro aplicações de
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Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
fertilizante nitrogenado a partir do segundo par de
folhas, aplicando com a água de irrigação 20
gramas de sulfato de amônio, de preferência, ou 20
gramas da fórmula 20-00-20.
A instalação de um viveiro para ter menor
probabilidade de ser contaminado por doenças da
lavoura deve ser realizada em locais próximos
visando evitar gasto com combustível e outros
fatores, mas ao mesmo tempo isolado das lavouras
adultas de café, pois favorecem a entrada de
doenças como a cercosporiose e pragas como o
bicho mineiro. Utilizar substrato com ausência de
plantas invasoras e nematoides, apesar de que pode
ocorrer durante a formação da muda devido a
presença de pássaros, ventos e pelos trabalhos
manuais diários. Aperfeiçoar ou buscar mão-de-
obra especializada para enchimento dos recipientes,
semeadura e também no processo de enxertia, caso
deseje produzir mudas enxertadas.
Os cuidados fitossanitários em mudas
cafeeiras também são de grande importância. Pois,
o maior veículo de propagação dos nematoides
uma nocivos ao cafeeiro é a própria muda de café. Os
nematoides são pequenos vermes que atacam as
raízes das mudas formando galhas, e apresentando
sintomas de baixo desenvolvimento e
amarelecimento com ataques em forma de reboleira
na área de produção de mudas e também em
lavouras adultas. O controle para essa praga de solo
tanto pelo substrato empregado ou pela água de
irrigação deve ser rigoroso, pois a presença dos
nematoides Meloidogyne incógnita, M.
paranaensis, M. exígua e M. coffeicola nas mudas
de café já é motivo de condenação imediata do
viveiro, proibindo a comercialização das mesmas.
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Além dessa praga, existem outras que
necessitam de controle como bicho mineiro,
lagartas, formigas cortadeiras, cupins, cochonilhas,
grilos, lesmas e ácaros. Para o controle de doenças,
as mais comuns nos viveiros são o tombamento e a
cercosporiose, podendo ocorrer ainda em períodos
frios, a mancha aureolada e phoma. Para o viveiro,
recomenda-se adotar um planejamento ou um
programa preventivo de controle fitossanitário. E
sempre observar as condições ambientais favoráveis
às doenças como umidade e vento, e adequar o
manejo, aumentando insolação, proteção lateral
contra ventos e redução da irrigação.
É importante enfatizar que viveiros idôneos
dão garantia de qualidade da muda; e se depois de
realizado o plantio das mudas, a planta não for bem
conduzida, não poderá ser garantida a boa
produtividade da lavoura. Viveiros
adquirem sementes certificadas, ou seja, são
sementes oriundas de produtores credenciados nas
Fonte: Viveiro Biotek Mudas. Tupã – SP.
Vista da sementeira
FIGURA A. Futuras mudas de plântulas
denominadas de cabeça de fósforo. Nasser,
2012
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Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
entidades fiscalizadoras, não ocorrendo mistura
varietal num mesmo lote de produção de mudas, e
com controle de pureza e germinação.
2.0. Sementeiras e mudas
Denomina-se sementeira o local onde as
sementes são colocadas para germinar. Pode ser
feita utilizando-se um vaso, caixote, bandejas
próprias dentre outros Na sementeira é necessário
fazer um processo de drenagem com pedriscos ou
cacos. O substrato pode ser terra peneirada e
misturada com areia e esterco bem fininho ou
substrato pronto com areia, por exemplo. É indicada
principalmente para plantio de café reproduzido por
sementes (Figura 1). Da sementeira, as plântulas são
transportadas em sacos de plásticos ou vasos para
idôneos os viveiros, onde ficam até serem levadas para o
campo, após um período de aclimatação.
Fonte: Viveiro experimental APTA Polo
Alta Paulista – Adamantina-SP.
FIGURA B. Muda de café arábica pronta
para o plantio. Nasser, 2012.
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Fonte: Norte Pioneiro do Paraná
Nasser, 2012.
FIGURA C – Mudas de Coffea arabica
Norte Pioneiro do Paraná
FIGURA 1 - Diferentes estágios de plantas de café que contribuem com a produção de grão.
As plântulas devem ser mantidas em local
protegido e sendo irrigadas, principalmente até a
germinação, que é variável em função da espécie,
podendo levar dias ou meses. As plantas são
transplantadas para o local denominado viveiro,
quando atingem um certo porte.
A forma de plantio também varia de acordo
com o tamanho da semente utilizada, mas como
regra geral, as sementes a serem germinadas devem
ser cobertas com substrato, ou serragem quando
muito pequenas, em uma altura suficiente para que
fiquem cobertas, mas que permita que a germinação
ocorra sem esforço.
Complementando, conceitua-se muda como
uma planta jovem desde alguns dias até dois anos,
em geral produzida para o posterior plantio no seu
local definitivo.
2.1. Formação de mudas por sementes
As sementes para formação de mudas
podem ser adquiridas junto aos órgãos oficiais,
cujas linhagens ou cultivares são adaptadas.
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Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
Fonte: Mercado Livre
FIGURA D – Café Coffea arabica
Viçosa do Ceará
Apresentam elevado padrão genético e
fitossanitário, ou diretamente em lavouras locais,
onde deverão ser coletadas preferencialmente em
plantas que apresentem boas características
vegetativas e produtivas, observadas ao longo de,
pelo menos, quatro ciclos de produção.
O tipo de muda é determinado pela época
em que se realiza sua semeadura, podendo ser muda
de meio ano, quando o semeio é realizado de maio a
junho e o plantio em janeiro e muda de ano quando
o semeio é realizado em setembro a outubro e o
plantio no período chuvoso do ano seguinte.
As mudas podem ser feitas em sacos de
polietileno, cujas dimensões para mudas de meio
ano são de 11 centímetros de largura, 20
centímetros de altura, 6 milímetros de espessura e
sete centímetros de diâmetro ou em tubetes de
polietileno rígido.
Para o preparo de 10 metros cúbicos de
substrato, pode ser utilizado, 8000 litros de terra de
mata ou barranco; 2000 litros de esterco de curral
curtido; 50 kg de superfosfato simples; 10 kg de
cloreto de potássio; 20 kg de calcário dolomítico.
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A semeadura mais recomendável é aquela
realizada de forma direta na sacola. Antes de se
realizar a semeadura, deve-se deixar as sementes
umedecidas, acondicionadas num saco de estopa
dentro da água por dois dias para prévia embebição.
A semeadura deve ser direta, consistindo da
colocação de duas sementes no centro de cada
sacola a uma profundidade de um centímetro. Em
seguida, devem ser cobertas por uma fina camada
de palha seca. Para cálculo da mão-de-obra, um
homem pode fazer a semeadura direta em 2200
sacolas por dia.
Para se conseguir 40000 mudas de café e
obter uma muda por cova com taxa de 10% de
replantio são necessários semear 88000 sementes,
ou seja 22 kg de sementes. Assim, é necessário
comprar 44000 sacolas de plástico. Assim são
necessários aproximadamente 44 metros cúbicos de
substrato.
2.2. Condução de viveiros
Na condução das mudas no viveiro deve-se
estar atento para a execução das seguintes práticas
culturais: irrigação, escarificação, desbaste, controle
de ervas daninhas, controle de pragas e doenças, e
adubação caso as mudas não apresentem um bom
desenvolvimento. É necessário que se faça de três a
quatro aplicações de adubação nitrogenada.
partir do segundo par de folhas, através da água de
irrigação, aplica-se 20 gramas de sulfato de amônio
ou 20 gramas da fórmula 20-00-20 ou 10 gramas de
ureia, dissolvida em 10 litros de água num regador.
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Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
2.3. Formação de mudas por estacas
A primeira técnica a ser cuidada é a seleção
das plantas matrizes a serem conduzidas de modo a
aumentarem a brotação. Nestas matrizes crescem
ramos saídos do caule e das hastes que fornecem as
estacas para a produção de mudas.
Ao conjunto de plantas dá-se o nome de
jardim clonal, constituindo uma lavoura formada
com mudas clonais de origem de estacas de
matrizes selecionadas, com o objetivo de produzir
estacas para propagação de mudas clonais. Sua
implantação no campo é constituída de uma planta
por cova, com um mínimo de 30 plantas matrizes
ou 30 diferentes genótipos, possibilitando
variabilidade genética para garantir maior
capacidade de combinação entre as plantas.
A propagação por sementes é a mais comum
na cafeicultura, contudo a técnica de clonagem e
propagação vegetativa tem sido utilizada no café
Robusta, que tem apresentado índice de
enraizamento acima de 90%, superior ao do café
Arábica.
Algumas vantagens são observadas na
propagação por estacas, a principal é garantir a
transmissão das características desejáveis da planta
mãe. Como resultado, especialistas na cultura do
café tem observado a elevação do nível de
A produtividade da lavoura, uniformiza as plantas e a
maturação, possibilita escalonar a colheita, melhora
o tamanho e a qualidade dos frutos, reduz a
brotação de ramos ladrões, estimula a formação de
ramos produtivos, proporciona maior resistência a
doenças e ainda permite a produção de mudas
durante todo ano, manejo.
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2.4. Viveiros de mudas clonais
O viveiro de mudas por estacas é similar à
um viveiro para produção de mudas por sementes,
exigindo apenas cuidados especiais na manutenção
dos teores de umidade no substrato, sobretudo
durante a fase de enraizamento.
O estímulo de brotação dos ramos ortótropos
ou verticais corre com o envergamento de ramos
principais, em plantas jovens do jardim clonal.
Atualmente, as autoridades sanitárias
interditado vários viveiros, devido à infestação de
nematoides. Esses parasitos ocorrem no solo e
manifestam sempre quando ocorrem falhas no
tratamento do solo com o fumegante conhecido
como brometo de metila. O brometo de metila é
fornecido e comercializado na forma líquida, em
embalagem especial com um ponto de ebulição aos
4,4 °C.
Nas condições tropicais de clima, como a
brasileira, quando normalmente a temperatura do
meio ambiente encontra-se acima de 24 graus
centígrados, sendo a sua volatilização muito rápida.
Por isso, o tratamento da terra deve ocorrer em
ambiente vedado, evitando a perda do produto
rapidamente.
O gás pode sair e perder-se em qualquer
orifício do lençol plástico, muitas vezes não notado
pelo operador. Com a perda do gás, a concentração
restante não chega a penetrar nas camadas mais
profundas da terra a ser utilizada nos recipientes
onde a muda vai se desenvolver. Pequenas trincas
são formadas ao se dobrar o plástico para ser
guardado e isto, permite que o gás seja perdido para
o meio ambiente, embora nem sempre aparente. A
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Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
vedação dos bordos do lençol com terra também
exige cuidados especiais. O volume de solo, em
termos de altura do monte de terra e o grau de
umidade elevado, prejudicam a qualidade da
fumigação.
3.0. Viveiro de mudas comerciais de café
São chamados viveiros comerciais aqueles
criados com o objetivo de assistir o grande público
têm que cultiva extensas áreas. Neste, são oferecidas
condições técnicas qualificadas necessárias para
criar condições para que as plantas exteriorizarem
todo o potencial produtivo da cultura. No Brasil, é
comum verificar esses grandes viveiros de mudas
que atente desde o pequeno público até os
proprietários de grandes fazendas, situadas em
regiões cafeeiras.
3.1. Construção do viveiro
Tendo como finalidade a formação de
mudas de café de qualidade, uma série de elementos
e definições deverá ser discutida entre o responsável
técnico pelo viveiro e o produtor ou futuro produtor
de mudas para atender as normas vigentes.
3.2. Local e dimensionamento
Ao usar o processo de produção de mudas
de café por sementes, o primeiro passo é a
localização do viveiro. Para tanto, se deve
selecionar um local de fácil acesso, longe de
lavouras velhas e abandonadas que possam
apresentar nematoides e outras pragas e doenças,
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que sejam focos potenciais para contaminar o
viveiro; topografia mais acentuada e iluminada
possível, com drenagem suficiente para evitar
empoçamento de água e excesso de umidade, que
aumenta o risco de tombamento causado pelo fungo
Rhizoctonia solani, evitar baixadas em geral pelo
risco de geadas; a água deve ser abundante e isenta
de micro-organismos patogênicos ao homem e ao
cafeeiro, nunca usar água de rios contendo esgoto
ou que atravessem áreas com lavouras velhas e
abandonadas; o solo ou chão do viveiro e próximo a
ele, deve ser isento de ervas problemas como
tiririca, grama seda e outras (SANTINATO &
SILVA, 2001).
De acordo com Matiello et al. (2005) a
escolha do local adequado para construir um viveiro
de mudas de café, deve ser levado em consideração
se a área é ensolarada, com boa topografia; terreno
bem drenado, evitando baixadas úmidas; bom
acesso, com trânsito fácil na época das chuvas; local
livre de plantas daninhas, como a tiririca e outras;
localização distante de lavouras contaminadas por
nematoides, evitando-se, principalmente, a situação
abaixo delas; água de boa qualidade, evitando-se as
fontes contaminadas por enxurradas vindas de
lavouras velhas e águas salobras, ferruginosas ou
alcalinas.
Esse mesmo autor recomenda que o
dimensionamento do viveiro pode ser calculado
com base na área dos canteiros, cada metro
quadrado comportando de 200 a 300 sacolinhas
plásticas; nos caminhos entre canteiros, ocupando
50% da área, uma vez que eles têm largura de 0,6
metro contra 1,2 metro dos canteiros; margem
lateral de 1 m. Em termos práticos, dependendo
40
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
dessas condições, são necessários de 60 a 100
metros quadrados para cada 10.000 mudas de café a
serem produzidas.
3.3. Tipos de viveiros
Os viveiros podem ser permanentes ou
provisórios, de acordo com o material empregado,
que assegura sua duração pelo prazo desejado.
Podem ser de cobertura baixa de 0,6 a 0,8 metros,
ou cobertura alta de dois metros e, ainda em sol
aberto. A escolha do tipo mais adequado, para cada
situação, depende da finalidade do viveiro, se
comercial ou uso próprio; do material mais
facilmente disponível no local; da duração desejada
para a produção de mudas; e do conhecimento e
nível tecnológico do produtor ou do viveirista
(MATIELLO et al., 2005).
3.4. Materiais para sustentação, cobertura e
proteção lateral
Na opinião de Santinato & Silva (2001) e
Matiello et al. (2005), para sustentação, deve-se
utilizar esteios de 2,5 metros de comprimento e 16
centímetros de diâmetro de bambu gigante ou
madeira branca; para apoio de cobertura utilizar
bambu comum inteiro ou arame liso de cerca; para
cobertura utilizar bambu rachado, capim napier,
sombrite entre outras; para proteção lateral bambu
comum rachado, napier, panos de colheita usados e
para proteção de canteiros estacas de 50 centímetros
de bambu comum ou madeira branca e arame. Para
viveiros de cobertura baixa a única alteração é para
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo

os esteios de sustentação que devem ser de 1,2
metros de comprimento.
Segundo Matiello et al. (2005), pode ser
usada ainda tela sombrite preta, sendo indicadas
aquelas que dão 50 a 60% de insolação,
especialmente recomendadas para viveiros com
microaspersão. A cobertura das mudas é necessária
para evitar o excesso de insolação, já que as plantas
de café, quando novas, se desenvolvem melhor em
ambiente de meia sombra. Nos períodos de
ocorrência de geadas, a cobertura deve ser mais
fechada, para proteção das mudas contra os efeitos
do frio. A cobertura deve ser orientada no sentido
norte-sul, de forma que durante o dia a sombra se
desloque uniformemente sobre as mudas, pelo
caminhamento do sol, no sentido Leste-Oeste. Para
viveiros com sombrite essa orientação não é
necessária (Figura 2).

FIGURA 2 – Cobertura de um viveiro com sombrites.

Fonte: Santinato & Silva (2001)

3.5. Distribuição interna transporte das mudas. Para tanto é necessário o

planejamento da localização dos moirões,
Ainda segundo Matiello et al. (2005), o dimensionamento dos canteiros e caminhos para
esquema da distribuição interna do viveiro deve ser trânsito (Figura 3).
planejado levando em conta os tratos culturais e o

FIGURA 3 - Estrutura de um viveiro de café.

Fonte: Matielo et al. (2005).
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012

I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Os esteios devem ser localizados a cada 3,6
m2, ficando situados dentro dos canteiros. Os
canteiros devem ter em torno de 1,2 m de largura e
no máximo 20 m de comprimento, os pequenos
caminhos entre os canteiros devem guardar a
largura de 0,6 m, para facilitar o manejo. Em volta
do viveiro, entre os canteiros e a proteção lateral,
deve-se deixar um vão com cerca de um metro de
largura, para facilitar o trânsito. Os canteiros
sempre devem estar dispostos no sentido do maior
declive, para facilitar a drenagem do excesso de
água.
3.5.1. Recipientes
Os saquinhos plásticos de polietileno são os
mais utilizados para a produção de mudas de café.
Podem variar de 9 a 11 centímetros de largura por
18 a 20 centímetros de comprimento, para mudas de
meio ano, e de 12 a 14 centímetros de largura por
25 a 28 centímetros de comprimento, para mudas de
ano. Devem ter de 30 a 36 furos na sua metade
inferior, para drenagem do excesso de água
(MATIELLO et al., 2005).
Substrato ou meio de crescimento é o
material ou mistura de materiais utilizados para o
desenvolvimento da semente, da muda ou da estaca,
sustentando e fornecendo nutrientes para a planta. É
composto de uma parte sólida constituída de
partículas minerais e orgânicas, contendo poros que
são ocupados pela água e pelo ar.
desenvolvimento e a eficiência do sistema radicular
são influenciados pela aeração do solo, que depende
da quantidade e do tamanho das partículas que
definem a sua textura (ARAUJO, 2011). O
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Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
substrato exerce influência significativa na
arquitetura do sistema radicular, no estado
nutricional das plantas, assim como na translocação
de água no sistema solo-planta-atmosfera.
Vários trabalhos foram feitos na busca de
um substrato ideal e de uma nutrição adequada para
as mudas de cafeeiro. Atualmente adota-se como
substrato padrão, a recomendada pela Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais
(CFSEMG - 1989). Nessa publicação, são
recomendados para cada metro cúbico de substrato,
a utilização de 700 litros de terra, 300 litros de
esterco de curral ou 80 litros de esterco de galinha
ou ainda 10 a 15 litros de torta de mamona com
adição de 1,0 kg de P2O5 equivalente a 5 kg de
super fosfato simples e 0,3 kg de K2O por metro
cúbico de substrato. Essa recomendação vem a ser
uma interação dos estudos de vários autores, sendo
considerada como padrão e, por isso, a mais
recomendada atualmente.
Segundo Matiello et al. (2005), o substrato
para enchimento de saquinhos deve ser constituído
de uma mistura de terra + adubo orgânico + adubo
mineral. A terra deve ser de preferência de textura
media, devendo evitar aquelas onde já houve
lavouras de café ou logo abaixo dessa, visando
evitar problemas com nematoides e fungos do solo.
Deve ser raspada uma camada de 2 a 3 centímetros,
para reduzir a presença de sementes de ervas
daninhas, a seguir o solo deve ser cavado e a terra
O peneirada, para eliminar pedras, torrões, raízes, etc.
Os solos argilosos com 60% ou mais de argila
necessitam de adição de areia grossa na base de 10
a 20% em volume, solos arenosos com 15% de
argila para menos, exigem maior quantidade de
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matéria orgânica volumosa, 40% em volume
(SANTINATO & SILVA, 2001).
Ainda de acordo com Matiello et al. (2005),
a adição do adubo orgânico ao substrato serve para
melhorar suas condições físicas e biológicas, além
de fornecer macro e micro nutrientes de liberação
lenta. Outras fontes de matéria orgânica vêm sendo
utilizadas por vários produtores e, aparentemente,
têm apresentado resultados positivos ou interferindo
no custo final das mudas.
O substrato ideal deve ser uniforme em sua
composição, ter baixa densidade, ser poroso, ter
elevada capacidade de troca catiônica,
capacidade de retenção de água, ser isento de
pragas, organismos patogênicos e de sementes de
plantas daninhas, além de apresentar coesão entre as
partículas. Deve ser de fácil manuseio, ser
abundante e economicamente viável.
A matéria orgânica apresenta muitas
características desejáveis para composição de
substratos de mudas de cafeeiro, constituindo-se
uma das fontes mais comuns em macro e
micronutrientes, sendo sua
comprovadamente indispensável. È necessário levar
em consideração não somente o conteúdo de
nutrientes dos adubos orgânicos, mas também seu
efeito sobre o solo ou substrato nos processos
microbiológicos, na aeração, na estrutura, na
capacidade de retenção de água e na regulação de
temperatura do meio. A terra de subsolo tem sido à
base de substratos para a produção de mudas de
cafeeiro, pois possui as propriedades
plasticidade dadas pela argila, a qual junto com a
matéria orgânica, compõe a fração dinâmica do
solo, por apresentar alta capacidade de retenção de
43
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
água, gases e sais minerais, cedendo às plantas parte
da água e dos nutrientes (MONIZ, 1972). A fonte
de matéria orgânica mais utilizada na composição
do substrato é o esterco curtido de animais. Ele atua
como um reservatório de nutrientes e de umidade,
além de aumentar a disponibilidade de nutrientes às
plantas.
Dentre as várias alternativas de utilização de
diferentes fontes de matéria orgânica na
composição de substratos, destaca-se a utilização de
húmus de minhoca e moinha de carvão. Teodoro et
al. (1997), testaram diversas doses de húmus de
boa minhoca, esterco de curral e composto orgânico na
composição do substrato para produção de mudas
de café e observaram que quando o vermicomposto
foi utilizado na mesma dose do esterco de curral,
não ocorreram variações significativas nos
parâmetros avaliados e, portanto, não houve
variação na qualidade das mudas obtidas.
Godoy Jr. et al. (1964), estudaram o efeito
da calagem no desenvolvimento de mudas de
cafeeiro da variedade Mundo Novo. Usando um
utilização substrato composto por partes iguais de terra roxa e
esterco de cocheira e cal hidratada, incorporada a 10
cm de profundidade, concluíram que a calagem não
seria prática recomendável no preparo de mudas.
Almeida et al. (1978) só encontraram efeito
positivo do calcário na ausência de esterco no
substrato e, na dose recomendada pela análise
química do solo, em um Latossolo Amarelo
Húmico. Oliveira & Pereira (1984), também
e a recomendaram o uso do calcário somente na
ausência do esterco de curral, quando aplicado em
um solo tipo Latossolo Vermelho Amarelo
Distrófico na composição do substrato.
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Pesquisas sobre o efeito da composição do
substrato em mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.)
foram realizadas por Carvalho et al. (1978 a e b).
Eles concluíram que melhores resultados foram
conseguidos com 300 litros de esterco de curral ou
50 litros de esterco de galinha por metro cúbico de
substrato, com adição de 1,0 kg de P2O5, além de
inferirem que a calagem seria dispensável e/ou
indesejável no caso do uso de P2O5 no substrato.
Quanto ao uso do cloreto de potássio no substrato,
este também foi considerado dispensável.
Caixeta et al. (1972), ao pesquisarem 14
diferentes tipos de substrato, deduziram que a
mistura do solo de pastagens aos estercos de galinha
ou ovino com a adição de N, P2O5 e K2O produziu
melhores efeitos, concordando, em parte, com
Godoy & Godoy Jr. (1965); Gonçalves &
Tomaziello (1970), porém as proporções de terra e
estercos, bem como a quantidade de adubos
químicos testados foram diferentes; no caso de
Caixeta et al. (1972), havia a adição de N, que
estava ausente nos demais trabalhos.
O fósforo, além de promover a formação e o
crescimento prematuro de raízes, melhora a
eficiência no uso da água e, quando em alta
concentração no solo, ajuda a manter a absorção
deste pelas plântulas, mesmo sobre condições de
alta tensão de umidade do solo (LOPES, 1989;
MALAVOLTA, 1980). Sendo componente de
muitos compostos orgânicos como ésteres de
carboidratos, fosfolipídios,
nucleoproteínas e ATP. Participa de funções criticas
na respiração, fotossíntese, armazenamento e na
transferência de energia, na divisão celular e no
44
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
crescimento das células (MALAVOLTA &
VIOLANTE NETTO, 1989).
O movimento do fósforo na solução do solo
ocorre principalmente por difusão Malavolta (1980)
e Van Raij (1983), um mecanismo lento e de pouca
amplitude que depende da umidade do solo
(LOPES, 1989). Desta forma a absorção de fósforo
em contato com a superfície do solo é diretamente
proporcional à extensão do sistema radicular, à
concentração do elemento na superfície das raízes e
a capacidade das raízes de o absorverem
(GOEDERT; SOUZA, 1986; VAN RAIJ, 1983).
Quanto ao fornecimento de fósforo às
plantas, as doses a serem aplicadas ao substrato para
um desenvolvimento adequado, variam entre as
espécies, local e estádio vegetativo, entre outros
fatores ligados à nutrição da planta (OLSEN et al.
1977).
Trabalhos encontrados na literatura mostram
a importância da adubação fosfatada na produção de
mudas de café. Franco e Mendes (1949),
trabalhando com adubação fosfatada em mudas de
cafeeiro em solução nutritiva, constataram sintomas
de deficiência deste nutriente. Na ausência de
fósforo, as plantas tiveram seu crescimento
reduzido, as folhas inferiores apresentaram-se com
uma coloração amarelo-bronzeada, com pontos
necróticos evidenciados e posterior abscisão.
Cardoso et al. (1992) estudando o efeito de
doses de superfosfato simples, em substratos para
coenzimas, mudas de Cafeeiro, observaram que a dose de maior
desenvolvimento das mudas foi a de 5 kg de
superfosfato simples por m3 de substrato.
Ezequiel (1980), ao estudar a adição de B
(boro) e Zn (zinco) em substratos onde se usaram
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além de 700 litros de solo, 300 litros de esterco de
curral, 5 kg de superfosfato simples e 0,5 kg de
cloreto de potássio por m3, concluiu que apenas nos
tratamentos que recebem matéria orgânica, a
aplicação do B elevou seu teor nas mudas,
aumentou também o teor de Cu, mas não afetou os
teores dos demais nutrientes. Já a adição de Zn,
além de não afetar o crescimento das mudas,
reduziu os teores de P, Cu e Ca.
Viana (1967) estudou o efeito de diferentes
doses de adubação nitrogenada e fosfatada no
substrato, com posterior irrigação com sulfato de
amônio no desenvolvimento de mudas de café.
Concluiu que a adição de nitrogênio via irrigação
foi positiva, bem como a adição de superfosfato
simples ao substrato, entretanto, observou efeitos
negativos no desenvolvimento das mudas quando
aplicou doses crescentes de nitrogênio ao substrato,
principalmente na ausência de fósforo. Pereira
(1992) notou efeito negativo do nitrato de potássio
no desenvolvimento de mudas de café, enquanto
Santos (1993) observou que o KNO3 usado no
substrato proporcionou uma substituição de parte do
esterco de curral.
Com relação aos teores dos nutrientes em
cafeeiros, Malavolta (1993) relata que teores de N
nas folhas abaixo de 23,0 g/kg, geralmente estão
associados à presença de sintomas visuais de
deficiência desse nutriente e acima de 35,0 g/kg
sintomas de toxidez, em folhas
produtivos. No caso das mudas, Guimarães (1994)
encontrou teores de N de 16,1 g/kg no caule e 31,4
g/kg nas folhas, trabalhando com mudas formadas
em substrato padrão, que se encontravam com seis
pares de folhas verdadeiras.
45
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
De acordo com Kiehl (1985), o fertilizante
orgânico pode ser definido como sendo todo
produto de origem vegetal ou animal que, aplicado
ao solo em quantidade, época e maneira adequada,
proporciona melhorias de suas qualidades físicas,
químicas, e biológicas, proporcionando correções
de reações químicas desfavoráveis ou fornecendo às
raízes nutrientes para garantir uma produção
compensadora, com produtos de qualidade, sem
causar danos ao solo, a planta ou ao ambiente. Além
destas qualidades, a adubação orgânica proporciona
melhorias na estrutura do solo, melhorando a
aeração e drenagem do substrato, o que facilita o
desenvolvimento radicular e garante a liberação de
nutrientes, através da mineralização da matéria
orgânica, bem como o aumento da fração húmica do
solo e consequente aumento de sua capacidade de
troca catiônica - CTC (MORAES, 1981). Como
vantagem em relação à adubação mineral, os
adubos orgânicos, como o composto, o esterco
curtido e o biofertilizante fornecem macro e
micronutrientes que estão disponíveis na matéria
orgânica ou mobilizados nas reações e interação
com o solo (PRIMAVESI, 1986).
Segundo Malavolta (1979), durante a
decomposição da matéria orgânica nos solos, seja a
natural ou aquela adicionada pelo homem nas
adubações orgânicas, os nutrientes são naturalmente
liberados, tornando-se disponíveis as plantas, em
de ramos medidas consideráveis de gás carbônico e certos
ácidos. O gás carbônico, quando se dissolve na água
do solo, juntamente com os ácidos, auxiliam a
solubilização dos minerais que contem os nutrientes
indispensáveis às plantas.
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012

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Um dos grandes méritos dos fertilizantes
orgânicos é o de possuírem seu nitrogênio em forma
orgânica, não sujeito as perdas intensas por
lixiviação, como que na matéria orgânica que se
decompõe, formando-se em quantidades, diferente
do que acontece com o nitrogênio dos fertilizantes
minerais. Aplicado ao solo, o nitrogênio orgânico é
liberado, a medida que a matéria orgânica se
decompõe ou completa sua decomposição,
garantindo um suprimento mais uniforme e
prolongado do nutriente as plantas (KIEHL, 1985).
Este autor afirma ainda que a fertilidade do solo
pode ser elevada pelo emprego de fertilizantes
minerais, corretivos e fertilizantes orgânicos. Os
fertilizantes minerais e os corretivos podem elevar a
fertilidade do solo, porém, são incapazes de
melhorar as propriedades físicas, fato que é peculiar
a matéria orgânica.
4.0. Tratamento de sementes pré-semeadura
Com relação ao tratamento de sementes,
Matiello et al. (2005) recomendam o fungicida
Moncerem (Penycuron) para controle
Rizoctoniose ou tombadeira, antes do semeio, na
dose de 2 a 3 g/kg de sementes. As sementes devem
ser umedecidas e revolvidas com o pó seco do
produto e, então semeadas.
4.1. Semeadura
A semeadura deve ser feita diretamente nos
saquinhos, usando-se duas sementes por recipiente,
a uma profundidade de um ou dois centímetros,
cobertas com uma fina camada de substrato ou,
46
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
preferivelmente, com areia lavada, uma vez que a
repicagem ou transplantio não é permitida pela
Portaria n. 388, de 22/05/00, do Instituto Mineiro de
Agropecuária (IMA, 2000).
Segundo Santinato & Silva (2001) e
Matiello et al. (2005) a semeadura consiste em
plantar as sementes de café de forma direta nos
recipientes, ou seja, sacolas ou tubetes, ou ainda de
forma indireta através de pré-germinação e
germinação em leito de areia, sendo a forma
indireta não recomendada. A semeadura direta
mantem as plantas limpas sem tombamento, com
menor custo, não necessitando de mão de obra não
qualificada, entretanto, o uso de irrigação é mais
frequente, a desuniformidade das mudas é maior e
existe um gasto maior com sementes. Para a
semeadura é necessário molhar bem as sacolas
plásticas; perfurar o substrato bem no centro, 0,5 a 1
cm; colocar duas sementes; cobrir o sistema
radicular intacto; menor incidência de rhizoctoniose
nas sementes com areia grossa e por sobre o
canteiro semeado capim seco sem sementes.
Segundo Matiello et al. (2005), em regiões frias do
da Sul de Minas, a semeadura feita de abril a maio
resulta em mudas boas com 5 pares de folhas
definitivas livres de doença prejudiciais cerca de
210 dias após plantio.
4.2. Germinação e crescimento
Dependendo da temperatura junto à semente
em função da altitude, época do ano, insolação,
profundidade de semeio entre outros, o processo de
germinação ocorre dentro de 30 a 90 dias
(MATIELLO et al., 2005).
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O processo de germinação é mais ou menos
lento, sendo as reservas da semente constituídas
principalmente de hemicelulose e substâncias
graxas que vão sendo digeridos pelos cotilédones
dentro do endosperma à medida que vão crescendo.
O hipocótilo e a radícula rompem e crescem, mais
tarde, a alça hipocotiledonária endireita-se
levantando os cotilédones para fora, formando,
posteriormente, os “palitos de fósforos”, estes
crescem um pouco mais e logo surgem as folhas
cotiledonares, que darão origem a “orelha de onça”.
Os diferentes estádios de germinação
compreendidos em semente, esporinha, joelho,
palito de fósforo, orelha de onça, orelha com inicio
de emissão do primeiro par de folhas definitivas
(MATIELLO et al., 2005; SANTINATO & SILVA,
2001). As próprias caraterísticas do solo quase
sempre afetam a germinação. Geralmente estas
pesquisas são realizadas variando teores de argila
do solo, usando solos de difícil arejamento e que
quando levados para a natureza desenvolvem o
mesmo comportamento artificial.
A germinação da semente é considerada a
retomada do desenvolvimento do eixo embrionário,
o qual se encontra paralisado nas fases finais do
processo de maturação, mas influenciado por
condições ambientais. Desse modo a semente
entumece e desenvolve, ocorrendo, então, o
rompimento do tegumento pela radícula. É um curto
período crítico do biociclo vegetal, pelo fato de esse
processo estar associado a vários fatores de natureza
extrínseca, como os fatores ambientais e, intrínseca,
ou seja, a processos fisiometabólicos que afetam a
qualidade final do produto. Qualidade, sob o ponto
de vista de um especialista no assunto não vem
47
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
associado a um simples parâmetro a ser avaliado. O
melhoramento, visando à qualidade, exige do
estudioso o conhecimento sobre a amplitude de
fatores que influenciam a aceitação do produto pelo
consumidor (MEDINA FILHO & BORDIGNON,
2012; CARVALHO et al., 1997) e que estabelecem
limites aos fatores considerados. A qualidade é fator
procurado por toda equipe que se propões a
melhorar um produto. Tomando como exemplo a
espécie Coffea arábica, variedade, híbrido ou
cultivar, se o efeito é limitado a fatores associados à
estão uma região, local, ano de cultivo, práticas culturais
adotadas, tipo de processamento pós-colheita,
cuidados e estratégias de secagem e
armazenamento, classificações diversas dos grãos
verdes, condições e graus de torra, moagem,
acondicionamento do produto, forma de preparo,
extração da bebida, entre outros. O pesquisador que
se dedica a atividade qualificada de genética e
melhoramento está sempre procurando a melhor
adequação do produto aos diversos setores da
cadeia produtiva.
De modo geral, as mudas do cafeeiro
(Coffea arabica L.) são comumente provenientes de
sementes obtidas após seis meses ou “mudas de
meio ano” e 12 meses no caso de “mudas de ano”,
intervalo considerado partindo do momento da
semeadura no viveiro. Tem-se utilizado mudas de
meio ano por permanecerem menos tempo em
viveiro e, assim, apresentarem menor custo de
produção no final do processo, como resultado da
redução dos usos de insumos e mão de obra
(GUIMARÃES, 1995). Segundo o mesmo autor, as
mudas de meio ano são, geralmente, colocadas no
campo a partir de dezembro. Existe certa
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dificuldade de produzir mudas antes disso, em
virtude de a semente de café apresentar viabilidade
máxima de seis meses. Uma semente para produzir
uma boa muda deve ser armazenada em condições
apropriadas, ser colhida em abril/maio
comercializada para função de produção de muda,
na maioria das vezes, somente a partir de junho.
4.3. Irrigação
Santinato & Silva (2001) recomendam a
condução das regas ou a irrigação de acordo com as
condições climáticas, não devendo ser em excesso
para evitar doenças, nem tampouco em falta, que
diminuem o desenvolvimento das mudas nos dois
ou três primeiros meses, até o estágio de “palitos” e
“orelhas de onça”, onde a irrigação pode ser feita
diariamente. Podem ser usados sistemas normais de
aspersão, com o uso de conjuntos de aspersores
FIGURA 3 - Algumas ervas daninhas
Fonte: MAPA (2012), Araujo et al. (2007).
48
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
fixos ou microaspersores. A irrigação também pode
ser feita por mangueira ou regador em viveiros
menores. A partir deste estágio, as irrigações podem
ser feitas a cada dois ou três dias (MATIELLO et
e, al., 2005).
5.0. Controle de plantas daninhas
Observações de Santinato & Silva (2001) e
Matiello et al. (2005) levam o leitor a acreditar que
o controle do mato inicia-se pela escolha do local
do viveiro, evitando ervas como tiririca e grama
seda. Outra alternativa é utilizar herbicida de pré-
emergência, tipo Goal (Oxifluorfen) a razão de 0,5
a 0,6%, em calda aquosa, sobre as sacolinhas e
antes da semente germinar. Todo mato que nascer
durante o período de formação de mudas deve ser
eliminado ainda pequeno, manualmente.
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
6.0. Adubação de cobertura
Em estudos da eficiência de fontes de
nitrogênio (N) na irrigação de mudas de cafeeiro
concluiu-se que a irrigação suplementar de N em
solução permite um maior desenvolvimento das
plantas. O melhor resultado foi obtido com sulfato
de amônio em cinco irrigações usando 30
gramas/10 litros de água por canteiro de laminados,
com aumento médio da altura das plantas de 41%.
Na opinião de Matiello et al. (2005) a
adubação do viveiro é dispensável, sempre que se
utilize um bom substrato e que as mudas
apresentem um bom desenvolvimento, não havendo
necessidade de acelerar seu crescimento através de
adubações suplementares, pois o ideal é o bom
equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular.
A importância da adubação nitrogenada
consiste na influência deste nutriente no
desenvolvimento de mudas de cafeeiro,
principalmente, nas plantas jovens demonstrada em
todas as regiões produtoras de café. Os resultados
são universais sobre adubação com doses crescentes
de fertilizantes nitrogenados no aumento do peso
fresco das raízes em mudas de cafeeiro. De acordo
com as pesquisas científicas, em trabalhos
comprovados, tem-se recomendado o “forçamento”
das mudas de cafeeiro através de irrigações
nitrogenadas a partir do 2º par de folhas,
dissolvendo 30 g de sulfato de amônio, ou 15
gramas de ureia ou 30 gramas de MAP – fosfato
mono amônico, em 10 litros de água. Esses autores
alertam, porém, que o forçamento não deve ser feito
mais de duas ou três vezes, para não haver
desenvolvimento excessivo da parte aérea em
49
detrimento do sistema radicular, obedecendo-se a
um intervalo de 15 dias, entre as aplicações. São
importantes os estudos do uso de diferentes doses
de sulfato de amônio em cobertura no
desenvolvimento de mudas de cafeeiro. Existem
ainda resultados que, em muitas vezes, não se
evidenciam ganhos nas características de
crescimento avaliadas, a exceção da relação raiz /
parte aérea que foi afetada em detrimento do
sistema radicular.
Em relação aos micronutrientes não se tem
encontrado efeitos satisfatórios na adição de boro e
zinco ao substrato, talvez pelo uso de esterco de
curral, que é fonte desses nutrientes em 30% da
mistura. Ao contrário, tem sido constatada a
necessidade da aplicação de micronutrientes, essa
pode ser feita junto ao controle de pragas e doenças
na dosagem de 0,2 a 0,3 % de sulfato de zinco,
ácido bórico e cloreto de potássio, adicionando-se
ainda 30 ml de espalhante adesivo para cada 100
litros de calda.
Ainda segundo Matiello et al. (2005), para o
caso de deficiências específicas, demonstradas
através de sintomas característicos, podem corrigir
necessidade do cafeeiro com irrigações ou
pulverizações com adubos usuais. Para deficiência
de ferro, deve-se reduzir irrigações e arejar a área
com técnicas de manejo do solo.
7.0. Controle de nematoides no solo para
produzir mudas
O resultado do tratamento do solo pode ser
observado após dois ou três meses, através do
arranquio de mudas e observação do sistema
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radicular, quando o nematoide é do grupo dos
formadores de galhas. Mas o que normalmente
ocorre é constatar-se a infestação do viveiro
somente no momento da saída das mudas para o
campo. Independentemente da época de observação
FIGURA 4 – Desenvolvimento da plântula do café a partir da germinação da semente.
Fonte: Santinato & Silva (2007).
8.0. Tratos culturais
O plantio costumeiramente é efetuado no
período chuvoso, com solo
Tradicionalmente coloca-se de duas a três mudas
por cova. Dependendo do número de mudas a serem
plantadas, abre-se pequenas covas,
necessárias para colocar as mudas distanciadas
aproximadamente de 15 a 20 centímetros uma da
outra. Os recipientes das mudas são retirados e as
mudas inseridas nas covas. As fileiras de café são
organizadas obedecendo ao nível do solo da área a
ser cultivada. A muda antes de ser colocada no
campo deve ser aclimatizada, isto é deve ser
deixada em local onde receba o sol para não haver
murcha de muda no campo após plantio, seca ou
queda de folhas. Esses cuidados resultam em menor
número de falhas e produção de plantas fracas no
cafezal. Geralmente as mudas são levadas para o
campo contendo cinco pares de folhas, selecionando
50
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
da infestação, que pode acontecer entre dois e oito
meses (Figura 4). Após esse tempo, o controle não é
mais efetivo e o material é destruído sob
acompanhamento oficial da fiscalização sanitária.
as mudas uniformes de bom aspecto e de mesmo
tamanho, para serem colocadas na mesma cova.
O plantio bem feito exige melhor mão de
úmido. obra, devendo ser realizado por operários treinados
e que tenham habilidade para realizar esse tipo de
trabalho em campo. A melhor distribuição de planta
que são é essencial para oferecer à planta espaço, luz e
arejamento para o seu desenvolvimento. Ainda,
com toda a tecnologia podem acontecer fileiras
mortas no campo, sem saída para utilização de
técnicas e movimentação de máquinas. Entre
talhões que incluem 8 a 15 fileiras ou ruas de café,
recomenda-se deixar carreadores em nível, visando
controlar a erosão, espaçados de acordo com
declividade do terreno. Para escoamento de
produção e distribuição de insumos é tradição
deixar carreadores em terrenos inclinados a cada
50-70 covas.
O terraço em nível é uma técnica tradicional
de formação de cafezal. Nas regiões onde se utiliza
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terrenos com altitude acima de 800 metros, muitas
vezes amorrados, a presença dos terraços em nível é
obrigatória para o controle de erosão.
O cafezal, como em qualquer cultura, deve
ser mantido em área totalmente
principalmente na época da seca, evitando se o
normal armazenamento de semente e proliferação
de ervas daninhas, que com algumas variações
ocorrem nos meses de abril-maio a agosto-
setembro. Com a evolução dos produtos químicos,
as capinas manuais, por ser morosas e caras, tem
cedido espaço para as capinas mecânicas e
químicas. As capinas manuais são realizadas com
enxadas a cada 30 a 45 dias. Atualmente, para a
realização das capinas mecânicas
recomendado o uso de cultivadores de enxadinhas,
roçadeiras e outros implementos, evitando grades de
discos e enxadas rotativas. A área em torno das
covas deve ser mantida limpa e as ruas sempre
roçadas. As capinas químicas tem sido cada vez
mais usadas por poderem ser realizadas até mesmo
na época das chuvas, ainda com a vantagem de
serem realizadas com menor gasto de mão-de-obra,
não prejudicando as raízes e, quando bem aplicadas
facilitam a colheita. Herbicidas com ação residual
podem ser usados uma vez por ano por ocasião da
arruação. Os herbicidas de contato
translocação podem ser aplicados várias vezes
durante os períodos recomendados, procurando
evitar atingir as folhas do cafeeiro. A aplicação de
herbicidas em cafezais novos, entre 0 e 2 anos de
idade, deve ser realizada com cautela, para evitar
morte das plantas de café jovens e perdas de
lavouras.
51
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
Arruação ou coroação é uma operação
realizada antes da colheita e consiste em limpar o
chão embaixo da “saia”, ou do círculo ocupado pela
planta do café, e próximo aos troncos dos cafeeiros
limpa, para evitar perder o café, que normalmente cai no
chão. Esse grão caído é aquele que amadurece
primeiro e, muitas vezes de melhor qualidade para a
confecção do café bebida. A cata desses grãos é
realizada manualmente com rastelos ou
mecanicamente com arruadores.
Para muitos educadores, esparramação
equivale a uma operação inversa à arruação, ao
invés de ajuntar folhas e galhos distribuem-nas,
uniformemente no terreno, nos cordões ou leiras ou
tem-se mesmo nos montes encontrados entre as fileiras.
Naturalmente, quando a cultura vai
crescendo as plantas vão tomando o espaço dos
corredores. Esse fechamento da lavoura de café
resulta em diminuição da produção dos cafeeiros e a
criação de um ambiente favorável ao ataque da
broca-do-café e da ferrugem, dentre outras. Esse
fechamento pode ser corrigido através de três tipos
de podas denominados decote, recepa e
esqueletamento (Figura 5).
O decote consiste na poda da planta a uma
altura aproximada de 1,50 metros do solo,
ou de recomendado para plantas em início de fechamento,
quando ainda não perderam a “saia”. A época para
ser realizada é aquela logo após a colheita e, sendo
ainda recomendada que após o brotamento efetua-se
a seleção dos brotos.
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012

I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
FIGURA 5 – Ilustrações representando a condução de brotação, o decote, recepa e o esqueletamento do
cafeeiro.
Fonte: UFSM.
Quando o cafezal passa a cair em produção,
a recepa é recomendada. Esta prática consiste no
corte da planta à altura de aproximadamente 40 cm
do solo, sendo recomendada para plantas em estádio
avançado de fechamento com intensa perda de
“saia”. O corte deve ser realizado em forma de bisel
ou inclinado. Este tem sido indicado após a
colheita, devendo-se, posteriormente, fazer uma
seleção e condução da brotação conforme indicado
na poda.
Esqueletamento ou desgalhamento consiste
na eliminação dos galhos laterais do cafeeiro
deixando apenas o tronco ou a haste principal.
Deixa se os ramos laterais com comprimento entre
30 e 40 centímetros do tronco. Ocorrem em alguns
locais cafezais muito altos, onde se realiza, em
52
Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo
lugar do desgalhamento, o decote eliminando
apenas parte superior da planta, ou seja, a copa,
deixando a planta com aproximadamente 1,70
metros de altura. A melhor época desse decote
especial é no início de fechamento e que possuam
muitos ramos laterais, objetivando melhor brotação
a partir dos mesmos.
9.0. Considerações gerais
A criação de uma muda saudável depende
de vários fatores sequenciais que exige mão de obra
melhor treinada para evitar futuros problemas no
desenvolvimento do cafeeiro.
A partir da seleção da semente da planta
mãe até o posicionamento dos viveiros em função
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
 53
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Cultivo do café: fases do desenvolvimento e algumas técnicas de manejo

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