A leucena é uma leguminosa perene, originária do México, encontrada
em toda a região tropical. Apresenta crescimento rápido, sistema radicular profundo, sendo capaz de fixar até 600 kg.ha-1 por ano de nitrogênio, em simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, o que proporciona ao produtor economia na adubação nitrogenada, para adubação verde ou ainda para o uso alternativo ao método de manejo químico empregado às plantas daninhas, uma vez que essa espécie possui efeito alopático sobre essas plantas .Entretanto, o grande destaque desta planta é a sua utilização na alimentação de animais, por possuir palatabilidade apreciável pelos ruminantes e monogástricos. Segundo Silva et al. (2013), relatam que seu uso como forrageira pode aumentar o ganho de peso dos rebanhos das regiões tropicais, onde as pastagens, geralmente, não são capazes de atender as demandas de proteína, energia e minerais, principalmente nas estações secas. Essa leguminosa vem sendo usada como alternativa para a produção de feno fornecido em dietas para animais ruminantes do semiárido, apresentando valor nutricional em torno de 18 a 30% de proteína bruta, demonstrando uma produtividade considerável. A proteína da Leucena possui alto valor nutricional, pois os aminoácidos encontram-se em proporções adequadamente balanceadas e é rica em beta caroteno precursor da vitamina A. Além disso, essa planta pode ser utilizada em pastejo direto, verde picado, silagem, adubação verde, produção de sementes e consorciada com culturas anuais e gramíneas forrageiras. Para Silva et al. (2013), o uso do feno de Leucena associando com ração concentrada para alimentação de aves em sistema semi-intensivo é superior ao uso de outros tipos de fenos. Ainda segundo o autor, à conversão alimentar do feno de Leucena também apresenta desempenho satisfatório em relação aos demais fenos, podendo ser explicado pelo alto valor nutritivo das folhas e talos finos dessa forrageira. Além de forragem de qualidade, a Leucena produz grande quantidade de sementes viáveis, facilitando sua propagação em larga escala. Outro aspecto que vem sendo discutido na literatura é a utilização da leucena em cobertura ou incorporada ao solo para o controle de plantas daninhas nas culturas, pois a decomposição da parte aérea pode liberar substâncias tóxicas produzidas pelo metabolismo secundário da planta, capazes de interferir no desenvolvimento de outras plantas . O extrato aquoso das folhas da leucena apresenta fitotoxicidade sobre várias plantas e os aleloquímicos envolvidos nesse efeito são a mimosina { β -[N-(3-hidroxi-4- oxopiridil)]- α - aminopropiônico}, quercetina, ácido gálico e os ácidos protocatecuico, p-hidroxibenzóico, phidroxifenilacético, vanílico, ferúlico, caféico e pcumárico, conforme estudos realizados por Chou & Kuo (1986). Dentre essas substâncias, o potencial alelopático da leucena é atribuído principalmente ao aleloquímico mimosina, devido à presença de um grupo hidroxila na posição três e de um oxigênio na posição quatro do anel piridínico.
Exemplos de Estudos sobre a Leucena
A alimentação animal representa proporção significativa dos custos de
produção, sendo as fontes proteicas de maior valor por quilo de produto, representadas principalmente por produtos da soja. Neste sentido, é de suma importância utilizar fontes alimentares alternativas com o intuito de melhorar a relação custo/benefício das dietas, onde a utilização de leguminosas tropicais, com a finalidade de suprir as necessidades proteicas dos animais, surge como uma alternativa viável, tanto do ponto de vista nutricional como econômico. Cabras em lactação necessitam de dietas com níveis de proteína adequados ao suprimento das necessidades de mantença e produção, com impacto na persistência da lactação e quantidade de leite produzido. Além disso, é de extrema importância que estes animais estejam bem nutridos para atenderem de forma adequada às necessidades alimentares das crias, sem comprometimento de seu desempenho e ganho de peso. A leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) é uma das espécies forrageiras promissoras para o Semiárido, principalmente pela capacidade de rebrota, mesmo durante os períodos de seca, ótima adaptação às condições de solo, além de boa aceitação pelos ruminantes e elevada produtividade, entre duas a oito toneladas de matéria seca por hectare/ano. Análises das folhas e ramos tenros de leucena resultaram teores de proteína bruta de até 20%, com sua utilização, em pastejo direto, sob a forma de banco de proteína, consórcio com gramíneas, ou ainda fornecida no cocho, fresca, fenada ou ensilada. Os estilosantes apresentam elevada qualidade nutricional e palatabilidade, com destaque para a boa capacidade de adaptação da variedade Campo Grande, uma mistura das espécies Stylosanthes capitata e S. macrocephala, tanto em sistema consorciado como em monocultivo. É uma espécie forrageira com teor de proteína bruta de 13 a 18% na planta inteira, podendo resultar em benefícios para alimentação dos ruminantes. A Embrapa Milho e Sorgo vem desenvolvendo com sucesso estudos sobre o efeito da leucena incorporada e em cobertura do solo para controle de plantas daninhas da cultura do milho como alternativa econômica e ecológica aos herbicidas sintéticos. A importância econômica dessa espécie se deve ao seu valor como árvore de sombreamento e adubo verde, além do interesse na sua utilização nos trópicos para restauração da fertilidade do solo, forragem e recuperação de áreas degradadas, uma vez que ela se desenvolve bem em encostas íngremes, solos marginais e regiões com períodos de seca. Além disso, Akobundu et al. (1999), Jama et al (1991) e Chou & Kuo (1986), observaram que a leucena apresenta propriedades alopáticas importantes no controle das plantas daninhas.
Tratamento das sementes
As sementes de leucena apresentam dormência mecânica devido a
dureza do tegumento ou casca. Quando plantadas, sem um prévio tratamento, apresentam baixos índices de germinação, geralmente, inferiores a 50%. 0 tratamento ou escarificação provoca ranhuras na casca, que permitem a entrada de água elevando a uniformidade e o índice de germinação das sementes. Os métodos mais comuns de tratamento das sementes para quebra da dormência são: tratamento com soda caustica a 20%, imersão em acido sulfúrico concentrado, imersão em água quente (80 °C), escarificação com lixa.
Tratamento com soda caustica a 20%
A soda caustica e uma substancia química facilmente encontrada no comercio. Entretanto, por ser um produto corrosivo, necessita de cuidados no seu manuseio. Para o seu uso na escarificação das sementes recomenda-se o seguinte procedimento:
• Colocar as sementes em um deposito (de plástico ou metal). Ocupar,
aproximadamente, metade do recipiente. • Juntar as sementes a solução de soda caustica a 20% (200 g de soda caustica/litro da solução). O volume total da solução deve ser suficiente para cobrir as sementes. • Agitar com um pedaço de madeira durante 30 segundos. • Deixar as sementes em contato com a solução durante uma hora. • Derramar a solução e lavar as sementes com água, para remover a solução de soda aderida. • Deixar as sementes secarem a sombra, devendo o plantio ser efetuado, no maximo, ate uma semana após a escarificação.
Tratamento com acido sulfúrico
A escarificação com acido sulfúrico concentrado consiste na imersão das
sementes nessa substancia durante 20 minutos. E o método mais eficiente, tanto em relação ao índice quanta a uniformidade de germinação das sementes. No entanto, o seu manuseio por pessoas não habilitadas e muito perigoso, por tratar-se de uma substancia altamente corrosiva. E, também, uma substancia cara e de difícil aquisição no comercio das pequenas cidades, sendo, portanto, de uso limitado.
Tratamento com água quente
O tratamento com água aquecida a 80 °C, durante cinco minutos,
apresenta alto índice de germinação e é de fácil execução. E feito da seguinte forma: • Aquecer a água a 80 °C. Na ausência de um termômetro pode-se considerar que a temperatura foi atingida ao se observar formação de bolhas no fundo do recipiente, ou seja, pouco antes da fervura. • Retirar a água do fogo e mergulhar as sementes durante cinco minutos. A quantidade de água deve ser suficiente para cobrir todas as sementes. • Escorrer a água quente, mergulhar as sementes em água a temperatura ambiente e seca-las à sombra, espalhando-as sobre um piso de cimento, chão batido ou lona. A seguir deve se realizar o plantio.
Escarificação com lixa
A escarificação com lixa e mais apropriada para escarificar pequenas
quantidades de sementes e consiste em espalhar as mesmas sobre um piso de cimento e passar uma lixa sobre elas. Referência Bibliográfica
CÂMARA, Cauê Soares et al. Dietas contendo fenos de leucena ou
estilosantes para cabras Anglo-Nubianas de tipo misto em lactação. Disponível em <https://www.redalyc.org/pdf/1953/195338411025.pdf>. Acesso em 30 ago. 2019.
PRATES, Hélio Teixeira et al. utilização da leucena como fonte alternativa
de controle natural das plantas daninhas na cultura do milho. Disponível em < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/33494/1/Utilizacao- leucena.pdf>. Acesso em 30 ago. 2019.
PRATES, Hélio Teixeira; PIRES, Nádja De Moura; FILHO, Israel Alexandre
Pereira. Controle de plantas daninhas na cultura do milho utilizando leucena (Leucaena leucocephala (LAM.) DE WIT). Disponível em <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/30505/1/Controle- plantas.pdf>. Acesso em 30 ago. 2019.
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