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SOMMELIER EM CERVEJA
SUMÁRIO
1- ESCOLA BELGA 3
2- ESCOLA BRITÂNICA 10
3- ESCOLA AMERICANA 20
REFERÊNCIAS
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SOMMELIER EM CERVEJA
1- ESCOLA BELGA
Já nos tempos de Júlio César, que expandiu o território romano pela região
conhecida então como Gália – onde hoje fica a França e a Bélgica –, os habitantes
da região já produziam sua própria versão de cerveja, comparativamente mais
potente do que a versão consumida pela população romana. 1
Nesta época, há aproximadamente dois mil anos atrás, a produção de cerveja era
uma atividade doméstica e rural. Após a queda do império romano o poder da Igreja
cresceu e com isso começaram a surgir monastérios na região. E estes monastérios
já vinham equipados com cervejarias para atender aos próprios monges e à
população local.2
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Witbier
Alguns rótulos para conhecer: Hoegaarden, Celis White, St. Bernardus Wit
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SOMMELIER EM CERVEJA
Estilos Trapistas
Não se pode falar em escola belga sem mencionar as famosas cervejas Trapistas. A
Ordem dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância é apelidada de
Trapista pois a congregação foi fundada na Abadia de La Trappe, na França – não
confundir com a cerveja trapista La Trappe, produzida na Abadia de Koningshoeven,
na Holanda. Entre os trapistas a regra é a observação do preceito Ora et Labora, ou
―Orar e Trabalhar‖ em latim, e a vida autossuficiente dentro das paredes do
mosteiro. E para uma vida autossuficiente dentro de um mosteiro não é preciso
muito mais do que pão, queijo, chocolate e, é claro, cerveja.
As cervejas trapistas, de modo geral, apresentam perfil aromático frutado, alto teor
alcoólico, alta carbonatação e paladar seco. Entre os estilos trapistas estão a
Belgian Blonde, com aromas remetendo a frutas amarelas como pêssego e
damasco; Belgian Dubbel, com aromas remetendo a chocolate e frutas secas como
figos e ameixa; a Belgian Tripel, que também traz aromas remetendo a frutas
amarelas porém com maior potência alcoólica e maior presença de lúpulos florais; e
a Belgian Dark Strong Ale, versão mais potente das trapistas, com alto teor alcoólico
e aromas complexos remetendo a tosta, frutas passas e licor.
Alguns rótulos para conhecer: La Trappe Blond, Chimay Rouge, Westmalle Tripel,
Rochefort 10, Orval
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As Flanders Red Ale e Oud Bruin são cervejas tradicionais da região de Flandres.
Em sua produção, parte delas passa por extenso envelhecimento – chegando por
vezes a 18 meses – em grandes dornas de carvalho, o que contribui com um caráter
acético à bebida, lembrando vinagre balsâmico, devido a ação de bactérias. Esta
cerveja envelhecida é então misturada com uma parcela de cerveja ―nova‖, o que
equilibra os aromas e gostos do conjunto.
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Saison
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Lambics
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SOMMELIER EM CERVEJA
artesanais – principalmente para quem gosta de vinho, no caso dos estilos mais
alcoólicos e com paladar seco.
A amplitude da tradição cervejeira belga vai muito além do que poderia ser
apresentada em apenas um artigo. Aqui buscamos mostrar alguns dos principais
estilos, porém vale mencionar outros que ajudam a compor a rica paleta de cores,
aromas e sabores da Escola Belga: Belgian Pale Ale, Strong Golden Ale, Bière Brut.
Se você sentiu falta de alguma informação sobre a Escola Belga, tem alguma dúvida
ou curiosidade para complementar o artigo, deixe sua contribuição nos comentários.
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2- ESCOLA BRITÂNICA
Desde a Idade do Ferro, antes da era cristã, as ilhas britânicas eram habitadas por
tribos celtas que cruzaram o canal da mancha entre 1500 e 500 a.C.1 Tudo indica
que estas tribos já produziam cerveja, pois o general romano Júlio César, ao
comandar a primeira invasão romana à Inglaterra, em 55 a.C., se deparou com
povos que consumiam uma bebida alcoólica fermentada, feita a partir de grãos. 2 Em
outras palavras, cerveja.
Mesmo durante o domínio dos romanos, que a consideravam uma bebida inferior ao
vinho, a cerveja se manteve no dia-a-dia dos habitantes das ilhas britânicas, com
seu consumo suplantando o do vinho por volta do século III. Com o fim do Império
Romano no século V e a subsequente ocupação das ilhas pelas tribos anglo-saxãs
vindo da Europa continental, na região onde hoje ficam a Dinamarca e Alemanha,
hidromel e cerveja (Ale) eram as bebidas mais consumidas.2 Falando em ―Ale‖, é
nesta época que a palavra surge no vocabulário da língua inglesa, originada da
palavra dinamarquesa para cerveja, øl.
Como vimos nos artigos anteriores desta série, o início da Idade Média foi marcado
por algumas transformações que foram fundamentais para a história da cerveja na
Europa. Entre as principais estão a expansão do Cristianismo, que trouxe grandes
desenvolvimentos no conhecimento sobre a produção de cerveja – afinal, o clero era
a única classe alfabetizada da população; e o crescimento das cidades, que
aumentou a demanda por cerveja de tal forma que a produção doméstica não
conseguia suprir, estimulando os mosteiros a produzirem cerveja em grande escala.
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Esta nova cerveja produzida com lúpulo tinha até um nome diferente. Ale era o
nome das antigas cervejas sem lúpulo, e as novas cervejas com lúpulo eram
chamadas de Beer. Esta distinção persistiu até o fim do século XVII, com variações
que perduraram até o século XX.4
Com o passar dos anos, a produção de cerveja nas ilhas britânicas foi se
modernizando e seu volume aumentando. A revolução industrial, que inclusive teve
seu início na Inglaterra no século XVIII, trouxe grandes avanços tecnológicos que
fomentaram o desenvolvimento de novas técnicas de produção (p. ex. o Burton
Union Sistem e os Yorkshire Squares 6) e beneficiamento de insumos (como maltes
de tosta leve e a ―burtonização‖ da água).
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Liverpool Organic, uma das cervejarias britânicas que mantém viva a tradição das
Real Ales. Clique para conferir o vídeo.
A Real Ale, também conhecia como Cask Ale, é o resultado de uma forma
tipicamente britânica de se produzir e servir cerveja. Basicamente a Real Ale é uma
cerveja produzida com ingredientes tradicionais (água, malte de cevada, lúpulo e
levedura), maturada no mesmo barril (o cask, tradicionalmente de madeira porém
hoje mais comumente feito em aço inox) do qual é servida, sem o uso de gás
carbônico externo (ou seja, por gravidade ou com bombas manuais). 8
Fundada em 1971 e hoje com quase 185 mil membros, a Campaign for Real Ale –
CAMRA tem como objetivo a preservação da tradição das Real Ales e dos Pubs,
ameaçados pelas agressivas práticas comerciais dos grandes grupos cervejeiros.
Mas a escola cervejeira britânica continua viva. Hoje existem em torno de 50 mil
pubs no Reino Unido, nos quais mais de 70% de toda a produção de cerveja é
consumida.5 Ainda bem que sobra um pouco para chegar ao Brasil! Conheça abaixo
alguns dos principais estilos da escola britânica, com rótulos icônicos que se
encontra nas lojas Mestre-Cervejeiro.com
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SOMMELIER EM CERVEJA
Não há um consenso sobre as diferenças entre os nomes Pale Ale e Bitter. Alguns
autores afirmam que os dois termos efetivamente são sinônimos 9, enquanto outros,
como Garrett Oliver, afirmam que a cerveja se chama Bitter quando em barris,
tornando-se uma Pale Ale quando filtrada e engarrafada.10 Até mesmo os principais
guias de estlo divergem: O BJCP 2015 descreve apenas as Bitters, explicando que
surgiram a partir das English Pale Ales; enquanto no BA tanto as Bitters como a
English Pale Ale figuram como estilos distintos.
A lista começa com a Ordinary Bitter, uma cerveja de cor âmbar claro, apresentando
delicados aromas maltados remetendo a biscoito equilibradas com as notas florais e
herbais dos lúpulos ingleses. Na boca baixo dulçor, baixo amargor e baixo corpo.
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A mais intensa delas é a Strong Bitter, que ficou conhecida como Extra Special Bitter
(ESB) devido à versão da Fuller’s que tem este nome. De coloração âmbar a cobre,
apresenta aromas presentes com notas de caramelo e toffee dos maltes,
complementados pelo aroma presente dos lúpulos. Na boca apresenta dulçor e
amargor mais pronunciados, com corpo cheio.
Alguns rótulos para conhecer: Fuller’s Chiswick Bitter (Ordinary Bitter), Fuller’s
London Pride (Best Bitter), Shepherd Neame Spitfire (Strong Bitter).
Quem já provou uma cerveja artesanal certamente já ouviu falar na India Pale Ale,
as famosas IPA. Mas apesar das IPAs norteamericanas levarem toda a fama, é na
Inglaterra que este popular estilo tem sua origem.
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viagem de navio. Mas os ingleses servindo na Índia não ficariam sem uma opção de
cerveja mais refrescante, então os cervejeiros britânicos buscaram uma solução.
As tradicionais India Pale Ale inglesas tem coloração âmbar, apresentando intenso
aroma de lúpulo com notas florais, herbais e terrosas. Notas maltadas lembrando
biscoito e caramelo compõem o aroma. Na boca predominam os sabores maltados e
amargor em destaque. É uma cerveja saborosa, com médio corpo e paladar seco.
Alguns rótulos para conhecer: Meantime India Pale Ale, Samuel Smith’s India
Ale, Shepherd Neame India Pale Ale.
Porter e Stout
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No início do século XVIII, a oferta de cervejas nos pubs ingleses era restrita a
poucos tipos de cerveja. Os mais comumente encontrados eram: Mild, cerveja
fresca; Stale, que era simplesmente a Mild envelhecida; Amber, cervejas mais
claras; Ale, que eram as cervejas menos lupuladas; e Stout, que podia ser de
qualquer cor, desde que fosse uma cerveja mais alcoólica (stout significa ―forte‖).
Já as Stouts são descendentes diretas das Porters. A diferença entre elas também
está sujeita a debate, mas tudo indica que as cervejarias da época começaram a
produzir versões com perfil mais intenso e torrado, denominando as criações como
Stout Porter. Com o tempo acabou ficando apenas o nome Stout, que também veio
a ter suas próprias variações.10 Entre as principais estão as Oatmeal Stouts,
produzidas com aveia; as Sweet Stouts, produzidas com aditivos como açúcar,
lactose e/ou chocolate; e as Russian Imperial Stouts, mais intensas em corpo,
amargor e teor alcoólico. Outra Stout que não poderia ficar de fora de um artigo
sobre a escola britânica é a mais famosa e mais vendida no mundo, a Guinness. Ela
é do estilo irlandês Dry Stout, ou Irish Stout, que tem perfil intenso de torrefação,
baixo corpo e paladar seco.
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Alguns rótulos para conhecer: Fuller’s London Porter, Samuel Smith’s Oatmeal
Stout, Young’s Double Chocolate Stout (Sweet Stout), Guinness (Dry
Stout), Courage Imperial Russian Stout (Imperial Stout).
Scotch Ales
Quando se fala em Escócia, é quase impossível não pensar logo em scotch whisky.
Mas a estreita relação entre whisky e cerveja muitas vezes é esquecida. A ―água da
vida‖, de onde vem o nome whisky (uisge beatha em gaélico escocês), pode ser
resumida de maneira bastante simplificada como cerveja destilada.
O clima escocês é frio demais para o plantio de lúpulo, mas adequado para o plantio
de cevada. E o clima não influencia apenas nos insumos, mas também
(principalmente há alguns séculos atrás) nos processos produtivos. As temperaturas
mais baixas faziam os períodos de fermentação e maturação serem mais longos
comparando-se com as cervejas inglesas, suavizando as características sensoriais
da levedura.10
Assim como as Bitters, existem subdivisões dentro das Scotch Ales que seguem
uma sequência de intensidade. De modo geral têm coloração âmbar a cobre e perfil
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Alguns rótulos para conhecer: Founders Dirty Bastard, Bodebrown Wee Heavy.
Strong Ales
Os ingleses têm uma longa e notória rixa com os franceses. E como as bebidas
compõem parte fundamental da cultura de ambos os países, os ingleses não
poderiam deixar os vinhos franceses sem competidores à altura. Daí surgiram e se
popularizaram as cervejas alcoólicas, aromáticas e complexas que agruparemos
aqui como Strong Ales: Barley Wine e Old Ale.
Mais uma vez temos uma dificuldade semântica entre estilos britânicos, desta vez
entre Barley Wine e Old Ale.13 Historicamente, os dois termos eram sinônimos,
porém no decorrer do século XX foram se diferenciando e hoje representam cervejas
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com características distintas, apesar de similares.
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De modo geral, as Old Ales são cervejas que vão do âmbar ao cobre profundo, com
perfil maltado e complexo remetendo a caramelo, melado, castanhas e toffee.
Apesar de tradicionalmente serem envelhecidas em barris, não adquirem
características sensoriais da madeira, apenas um leve caráter e oxidação que pode
lembrar xerez ou vinho do porto. São cervejas intensas, encorpadas, com paladar
puxando para o adocicado, alcoólicas e de baixa carbonatação.
Já as Barley Wines inglesas apresentam coloração que vai do âmbar claro ao cobre,
com aromas intensos combinando todos os ingredientes: caramelo, castanhas e
tofee dos maltes, herbal, floral e terroso dos lúpulos, notas frutadas da levedura,
muitas vezes remetendo a frutas cristalizadas. Na boca, o dulçor e amargor são
intensos mas estão em equilíbrio. Sente-se o agradável calor do álcool, que após o
gole permanece na boca junto com leve amargor.
Alguns rótulos para conhecer: Fuller’s Vintage Ale (Old Ale), Box Steam Dark and
Handsome (Old Ale), Fuller’s Golden Pride (Barley Wine), Pagan Dragon’s Blood
(Barley Wine).
Cheers, mate!
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3- ESCOLA AMERICANA
Até o século XVI, quando o continente americano começou a ser colonizado pelos
europeus, tribos nativas norte-americanas já produziam uma bebida fermentada
produzida a partir de ingredientes locais, especialmente o milho. 1
Tudo ia bem até o início do século XX, quando movimentos sociais conservadores
pressionaram por medidas contra o abuso de álcool. Estas medidas culminaram na
Lei Seca de 1920 (―Prohibition‖, em inglês), que durante 13 anos proibiu a produção
e comércio de bebidas alcoólicas. Muitas cervejarias, especialmente as pequenas,
foram extintas, enquanto outras se adaptaram e passaram a produzir produtos que
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aproveitavam sua estrutura como cerveja sem álcool, extrato de malte, sucos e
refrigerantes. 2
Após a Lei Seca, as poucas cervejarias menores que conseguiram sobreviver viram-
se em desvantagem frente às grandes como Pabst e Anheuser-Busch (Budweiser).
Com o cenário favorável à consolidação no mercado, especialmente a partir dos
anos 1940, as grandes transformaram-se em gigantes, modernizando processos e
dominando o mercado. Entre os anos 1940 e 1980, o market share das cinco
2
maiores cervejarias passou de 19% para 75%.
Para ilustar o impacto que a Lei Seca teve no mercado norte-americano, considere
que em 1873 os EUA contavam com mais de 4.000 cervejarias, marca que somente
seria atingida novamente em 2015. 3 Em 1980, eram menos de 50. 4
Mal sabiam as grandes cervejarias que, enquanto elas dominavam o mercado com
um único estilo de cerveja, que veio a se categorizar como American Lager, ainda
havia pessoas que se lembravam da variedade e sabor das cervejas de
antigamente.
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Uma destas pessoas era Fritz Maytag, que em 1965 adquiriu uma pequena
cervejaria falida em São Francisco e resolveu não competir com as grandes
produzindo American Lagers. Maytag manteve o nome original da fábrica, Anchor
Steam Brewery, e apostou em estilos tradicionais como Cream Ale, India Pale Ale e
Porter. 5 Sua cervejaria foi ganhando popularidade, outras microcervejarias foram
surgindo, e a antiga prática da produção de cerveja em casa, proibida desde a Lei
6
Seca, foi liberada novamente em 1979.
Assim foi o início da Revolução das Cervejas Artesanais que trouxe os EUA de volta
ao seu lugar entre as grandes nações cervejeiras. E algumas das características
desta revolução, como o uso de insumos locais e o desejo constante dos norte-
americanos de fazer tudo sempre maior, mais extremo e mais inovador do que já
existe, deram origem a novos estilos de cerveja e trouxeram à tona práticas
tradicionais pouco difundidas até então.
American Lager
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SOMMELIER EM CERVEJA
Esta é a cerveja mais consumida em todo o mundo. Baseada nas Pilsners alemãs e
tchecas, a American Lager foi desenvolvida para ter a menor taxa de rejeição
possível, pelo maior número de pessoas possível, com o menor custo de produção
possível.
Usando cada vez menos lúpulo e adicionando à receita cereais mais baratos que a
cevada, como arroz e milho, as cervejarias transformaram as Pilsners originais em
uma cerveja de cor amarelo-palha, com leve aroma maltado e quase nada de lúpulo.
é um estilo de cerveja muito refrescante, mas pouco complexo em termos sensoriais.
Assim como qualquer outro estilo de cerveja, as American Lager têm o seu lugar no
mercado, e alguns exemplares têm excepcional qualidade.
Alguns rótulos para conhecer: Oskar Blues Mama’s Little Yella Pils, Sixpoint The
Crisp.
Ales lupuladas
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Este amor por lúpulos locais surgiu mais por necessidade do que escolha. Pete
Slosberg, um dos cervejeiros pioneiros dos EUA, nos contou que criou a famosa
Pete’s Wicked Ale, uma Brown Ale, usando lúpulos americanos simplesmente
porque, na época, não era nada fácil obter lúpulos importados. E não é que deu
certo?
As IPAs merecem uma seção à parte (veja abaixo), mas muitos outros estilos se
encaixam nesta definição. Há as American Pale Ales, versões resinosas e cítricas
das tradicionais Pale Ale britânicas. O mesmo vale para a relação entre as American
Brown Ales e as originais do velho mundo. As American Amber Ales equilibram os
lúpulos norte-americanos com robusta presença dos maltes caramelizados. E ainda
vale mencionar as American Barleywine, que além de contar com lúpulos norte-
americanos, são mais potentes que as inglesas em amargor, dulçor e teor alcoólico.
Alguns rótulos para conhecer: Sierra Nevada Pale Ale (APA), Brooklyn Brown Ale,
Anderson Valley Boont Amber Ale, Anchor Old Foghorn (Barleywine).
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American IPA
Este talvez seja o estilo definitivo da escola americana. As IPAs americanas um dia
já foram apenas uma versão das tranquilas IPAs inglesas, porém com lúpulos
resinosos norte-americanos ao invés dos originais ingleses. A Anchor Liberty,
lançada em 1975, é considerada a primeira American IPA. Hoje as IPAs americanas
têm aroma e amargor mais intensos do que a Anchor Liberty, que se enquadraria
melhor no estilo American Pale Ale.
Na busca por mais aroma, mais amargor, mais tudo, acabou nascendo a intensa
Imperial IPA, ou Double IPA. E se dá pra fazer algo novo a partir das IPAs, porque
não uma IPA com maltes torrados? Assim surgiu o estilo conhecido, erroneamente,
como Black IPA*. E por aí vai, com inúmeras variações de IPA como Session IPA
(menor teor alcoólico), New England IPA (turvas e frutadas), Brett IPA (fermentadas
com Brettanomyces)… Aqui o céu é o limite!
* A meu ver, este termo é incorreto. Afinal, se a cerveja é “Pale” (clara, em inglês)
não pode ser “Black” (preta, em inglês). Por isso prefiro o termo “India Black Ale” ou,
ainda mais preciso, “American Black Ale”, como consta no guia de estilos da
Brewers Association.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Alguns rótulos para conhecer: Founders All Day IPA (Session IPA), Stone IPA
(American IPA), Brooklyn Blast! (Imperial IPA), Shipyard Black IPA.
Wood-Aged Beers
A prática de armazenar cervejas em barris é milenar, portanto não foi criada pelos
norte-americanos. Mas esta é uma das técnicas tradicionais que a escola americana
ajudou a popularizar, explorando-a de formas criativas.
Aqui vale usar qualquer estilo como base. O importante é que as características da
madeira estejam aparentes em conjunto com os sabores da cerveja. Com
frequência, além da madeira, transparecem os aromas e gostos da bebida que antes
estava no barril utilizado, o que traz possibilidades interessantes como o uso de
barris de whiskey, rum, conhaque ou mesmo vinho.
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Alguns rótulos para conhecer: Brooklyn Black OPS, Founder’s Frootwood, Anchor
Barrel Ale.
Pumpkin Ale
O uso de abóboras para produzir cerveja vem da época dos primeiros colonizadores.
Ao chegar ao Novo Mundo com reservas escassas após uma longa viagem, produzir
cerveja estava no topo da lista de prioridades. Mas ainda não haviam plantações de
cevada, que precisava ser importada da Inglaterra a custos altos. Então os
colonizadores aproveitaram fontes alternativas de amido que eram abundante na
região. Entre elas, abóboras.
As abóboras foram dando lugar à cevada com a proliferação do seu cultivo nos
Estados Unidos. Mas, por volta dos anos 1980, como consequência do resgate de
técnicas e estilos históricos durante a Revolução das Cervejas Artesanais, as
Pumpkin Ales voltaram 4 e hoje são consideradas cervejas sazonais de outono 7,
estação que no hemisfério Norte vai de setembro a dezembro. Quase sempre utiliza-
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se, além das abóboras, especiarias como cravo, canela, gengibre e noz-moscada,
resultando em uma bebida que geralmente lembra um doce de abóbora líquido.
Alguns rótulos para conhecer: Brooklyn Post Road, Shipyard Pumpkinhead Ale.
Alguns nomes que promoveram a Cultura da Cerveja americana: Fritz Maytag, o pai
da cerveja artesanal norte-americana; Pete Slosberg, um dos pioneiros da
Revolução das Cervejas Artesanais nos EUA; Charlie Papazian, fundador da
Association of Brewers e da American Homebrewers Association, ex-presidente da
Brewers Association e escritor; e muitos outros.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Para fazer uma boa harmonização de cervejas deve-se prestar atenção a algumas
diretrizes que vão ajudar na busca da melhor combinação:
Mas não se preocupe. Essas diretrizes não são absolutas. Elas servem apenas
como orientação na busca por essa incrível experiência que é a harmonização.
Weiss ou Weizen
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Típica do Sul da Alemanha, ela tem aromas e sabores frutados, que lembram
banana, e levemente condimentados, como cravo. Combina muito bem com saladas
leves, peixes brancos grelhados, frutos do mar, aves e queijos suaves, como minas
e brie.
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As India Pale Ales tem origem no Reino Unido e são normalmente divididas em três
subtipos: English IPA, que tem amargor moderado; American IPA, com amargor alto;
e Imperial IPA, com amargor muito alto, assim como teor alcoólico elevado.
Todas têm notas adocicadas também, lembrando por vezes até caramelo e toffee
em segundo plano. No entanto, é o aroma e sabor do lúpulo que brilha nessas
cervejas. A versão inglesa se diferencia por ter notas herbáceas e terrosas,
enquanto a americana traz aromas e sabores mais frutados e cítricos.
Para contrastar com esse amargor, a dica é usar alimentos mais gordurosos,
como carnes vermelhas. Se grelhadas ou assadas como em um churrasco, ainda
desenvolvem notas de caramelização e defumação que ficam ótimas por
proximidade com o caramelo e toffee das cervejas. Experimente também com
um hambúrguer!
Strong Golden
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SOMMELIER EM CERVEJA
As Belgian Strong Golden Ales tem coloração dourada, sabor frutado que remete a
frutas amarelas e levemente condimentado. Podem chegar a até 10,5% de teor
alcoólico, porém de forma elegante, mantendo a refrescância e riqueza de sabores.
É uma cerveja versátil para harmonizações, podendo combinar bem com frutos do
mar de sabor mais intenso, como mexilhões, ou mesmo com peixes mais
gordurosos. Com aves ou carnes vermelhas suaves como vitela assada ou cozida.
Fazem também um bom par com molhos de características mais florais, como
o pesto.
Witbier
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Witbiers também são cervejas feitas à base de trigo, no entanto vem de tradição
belga. Normalmente são leves e refrescantes e levam na receita sementes de
coentro e cascas de laranja. Isso enfatiza os sabores condimentados e
principalmente frutados cítricos.
Harmoniza bem com saladas leves, peixes brancos grelhados, frutos do mar, aves, e
queijos suaves, como mussarela de búfala e brie
Stout
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Já as Stouts são cervejas escuras feitas com maltes intensamente torrados. Isso traz
um amargor agradável, com aromas e sabores de café expresso e chocolate.
Variam bastante de teor alcoólico e corpo, mas são ideais para combinar com
sobremesas à base de café e à base de chocolate, principalmente os amargos,
como brownies, tortas e o chocolate em si.
Porter
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SOMMELIER EM CERVEJA
A Porter é uma cerveja com maltes menos torrados, lembrando versões mais sutis
de café e chocolates mais adocicados. Não é raro apresentarem notas também de
caramelo e toffee, tornando-as mais complexas.
Bock
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A Bock é uma cerveja marrom ou avermelhada mais forte, com teor alcoólico até
8%, e destacado sabor de malte que pode lembrar caramelo, toffee e amêndoas.
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SOMMELIER EM CERVEJA
As Strong Pale Lager são Lagers claras mais alcoólicas e encorpadas. Portanto,
pedem pratos mais gordurosos para atingir o equilíbrio por contraste.
Vienna Lager
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SOMMELIER EM CERVEJA
Harmoniza bem com aves assadas, como frango, salsichas e pratos condimentadas
como tacos mexicanos. No primeiro caso, as notas levemente carameladas da
cerveja combinam por semelhança com a caramelização das carnes assadas. No
segundo, a cerveja contrasta com a pimenta, amenizando a sensação de picância.
Premium Lager
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SOMMELIER EM CERVEJA
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SOMMELIER EM CERVEJA
Para começar vamos ter em mente uma regra básica: cervejas leves e refrescantes
pedem queijos leves. Queijos fortes ficam bem acompanhados com cervejas
encorpadas e amargas.
Rio
Preto Beer Club
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SOMMELIER EM CERVEJA
Boteco
Nosso
A acidez e o sal presentes nesses queijos harmonizam com cervejas também ácidas
e levemente adocicadas, de estilos como Weissbier, Witbier e Saison, garantem os
especialistas da Ambev.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Monich e as Cervejas
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SOMMELIER EM CERVEJA
iImbibe
Quem resiste a um gorgonzola? E com cerveja então, nem se fala! De acordo com
os especialistas, a gordura, o excesso de sal, a ardência e a intensidade do sabor
desses queijos exigem cervejas com boa estrutura e amargor, para que as papilas
gustativas sejam limpas. São exemplos os tipos Belgian Strong Ale, Porter, Stout,
Tripel e Barley wine.
Sugestões dos Mestres: Caracu, Colorado Íthaca (Stout), Leffe Radieuse, Hertog
Jan Grand Prestige (Belgian Strong Ale), Wäls Trippel e Wäls Alambique County.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Sugestões dos Mestres: Bohemia 838, Goose Island Sofie, Bohemia Caá-Yari,
Leffe Blonde, Colorado Berthô e Franziskaner Dunkel.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Topsy
Devido a longa maturação, esses queijos são secos e até um pouco picantes, além
de serem salgados e bem gordurosos.
Cervejas adocicadas, como Belgian Strong Ale e Tripel, propiciam uma combinação
por contraste, já as Stout e Porter combinam o tostado com o sal dos queijos,
revelam os especialistas.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Wäls Alambique County, Hertog Jan Trippel (Tripel), Caracu, Colorado Íthaca
(Stout), Colorado Demoiselle (Porter) e Leffe Rituel 9º.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Chorizo
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SOMMELIER EM CERVEJA
Salame
Coppa
Coppa é a carne da parte dianteira do lombo (mais exatamente a parte que liga o
pescoço ao ombro) salgada e curada com temperos, vinho e ervas aromáticas, por
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SOMMELIER EM CERVEJA
período que varia em torno de três meses. O sabor é rústico, porém a presença de
alho e especiarias é suavizada pela gordura entremeada na carne. Na Itália, a
harmonização mais comum é com vinho frizante Lambrusco, que limpa o paladar e
deixa retrogosto aromático. Entre as cervejas, uma alemã de sabor tostado ou
defumado.
Presunto cru
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SOMMELIER EM CERVEJA
Presunto cozido
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SOMMELIER EM CERVEJA
Lombo Canadense
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SOMMELIER EM CERVEJA
Lombo curado
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SOMMELIER EM CERVEJA
Bresaola
Bresaola é uma preparação de origem italiana (surgiu nos Alpes) feita com lagarto
bovino curado no sal com vinho, ervas e especiarias, maturado em ambiente de
temperatura e umidade controladas. Tem pouca gordura, frescor, suculência,
personalidade que pede um tinto leve e aromático ou um Barolo evoluído, no
extremo oposto. No copo de cerveja, vai bem bebidas de amargor intenso ou bem
doces, para contrastar.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Mortadela
Embutido cozido de carne e gordura de porco. Na Itália só pode ser feito com a
carne da paleta suína moída e a gordura da papada do animal cortada em cubos. A
mortadela italiana com denominação de origem, a de Bolonha, é temperada com
alho, cravo e canela, apenas. Depois do cozimento, o sabor é suavizado, mas ainda
assim são os temperos que regem a harmonização. Mortadela pede bebida capaz
de enfrentar sua gordura e seus temperos. Na Itália, a combinação de excelência é
com o Lambrusco tinto seco. A cerveja indicada é uma lager clara com amargor,
para limpar a gordura que a mortadela deixa na boca.
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SOMMELIER EM CERVEJA
Sopressata
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SOMMELIER EM CERVEJA
REFERÊNCIAS
https://mestre-cervejeiro.com/escola-britanica/>acesso em 03/04/2020
https://mestre-cervejeiro.com/escola-americana/>acesso em 03/04/2020
https://mestre-cervejeiro.com/escola-belga/>acesso em 03/04/2020
https://content.paodeacucar.com/prazer-de-comer-e-beber/harmonizacao-de-
cervejas>acesso em 03/04/2020
https://www.almanaquesos.com/mestres-cervejeiros-ensinam-como-harmonizar-
cerveja-com-queijos/>acesso em 03/04/2020
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