Você está na página 1de 18

SCOTTISH ALE

Scottish Light Ale


Scottish Heavy Ale
Scottish Export Ale

Apresentação: Leonardo Pinto Silva


Historiador | Guia de Turismo | Sommelier de Cervejas | Beer Expert

@leopinto74 (27) 99991-5763


@destinocervejante Vitória/ES
HISTÓRIA
A fabricação de cerveja na Escócia é quase tão antiga quanto o próprio país. Existem histórias
documentadas de cervejarias que remontam a pelo menos 5.000 anos e talvez mais. As Scottish Ales, no
sentido em que as conhecemos, não remontam tão longe, e sim após a Segunda Guerra Mundial.

Uma das primeiras menções que temos da Scottish Ale vem na forma de uma verdadeira lenda escocesa.
Nos séculos III e IV DC, uma das cervejas escocesas mais famosas era conhecida como Picts. Era tão
famosa, de fato, que um rei irlandês chamado Niall invadiu a área da Escócia que era conhecida por criar
esta bebida conhecida como pictos.

Segundo a história, Niall invadiu a cidade, não para conquistá-la, mas para roubar a receita que os
cervejeiros usavam para criar sua cerveja. Acabou conquistando o povoado e destruindo-o, mas não
conseguiu arrancar a receita de nenhum dos habitantes que morreram com seu segredo.

A partir de 1400, as únicas cervejarias “comerciais” na Escócia eram na forma de mosteiros. As


cervejarias públicas completas não decolaram até os anos 1600 e 1700, quando a Escócia proibiu a
importação de cerveja inglesa. O objetivo era forçar a abertura de cervejarias locais, e o estratégia
realmente funcionou.

Embora a Scottish Ale tenha tido seus altos e baixos desde então, a indústria cervejeira na Escócia está
tão boa quanto sempre esteve. Existem agora centenas de cervejarias em toda a Escócia, com foco nas
grandes cidades como Glasgow e Edimburgo. As tradicionais Scottish Ales, embora ainda produzidas na
Escócia, também são produzidas em vários países ao redor do mundo.
GEOGRAFIA
Como a geografia e os impostos determinaram o estilo

Uma série de fatores influenciaram a criação e a consolidação do estilo, por


exemplo:

- A Escócia é produtora de cevada, porém a que é plantada no Norte vai para a


produção de uísque e a do Sul é usada nas cervejarias. De qualquer forma, o
país tem fácil acesso aos grãos.

- Já o lúpulo, não conseguiu prevalecer no país. Por isso, os escoceses já


experimentaram de tudo para temperar a cerveja: gengibre, pimenta, ervas
aromáticas etc.

- Em 1707, quando a Escócia se juntou à Inglaterra no Reino Unido, os impostos


foram aplicados de tal forma que a Escócia pagava mais imposto sobre o lúpulo
que a Inglaterra.

Por tudo isso a Escócia consolidou um estilo voltado bem mais ao malte que ao
lúpulo.
CURIOSIDADES
Há muitos anos o preço do barril da cerveja era dado em shilling (ou xelim, em português), uma antiga moeda européia, e
esse valor variava de acordo com o teor alcoólico.

O shilling e o penny são representados pelo símbolo -/-, assim, 80/20, significa 80 shillings e 20 pennies (ou pence), ou
80/- significa simplesmente 80 shillings.

Hoje essa moeda não existe, mas continua sendo usada como símbolo para diferenciar uma cerveja de outra em termos
de força alcoólica (ABV).

As ales escocesas possuem 3 subcategorias conforme seu ABV: light, heavy e export e são, respectivamente, conhecidas
como 60/-, 70/- e 80/-, que, por serem muito similares, possuem a mesma receita base, se diferenciando pela quantidade
de ingredientes e teor alcóolico.
MATÉRIAS PRIMAS
As ales escocesas são cervejas maltadas que se diferenciam principalmente pelo seu teor alcoólico. Elas são mais limpas (menos
ésteres e outros subprodutos da fermentação) e tendem muito mais ao maltado que sua prima English Pale Ale.

Elas variam da Scottish Ale, de baixo teor alcoólico, até as mais 'volumosas', as Scotch Ales (ou Wee Heavy).

De modo geral, esse estilo é limpo, maltado, levemente doce e com pouco ou nenhum sabor de lúpulo. Seu teor alcoólico pode ir
desde o muito baixo (2.5%) ao 6%.

Por isso, ao contrário do que muitos pensam, é um estilo que pode ser oferecido àquela pessoa que quer se iniciar no universo das
cervejas especiais.

Elas possuem aroma focado no malte, com notas de pão e caramelo.

Lúpulo - O lúpulo local é usado com moderação nas cervejas escocesas, como a variedade de lúpulo Kent Golding.

Malte - O malte é o foco das cervejas escocesas. São utilizados os maltes British Pale Ale, Crystal, Honey, Pale Chocolate, Munich,
Caramel, Coffee e até mesmo Roasted Barley.

Água - Água com alto teor de carbonatação é normalmente usada.

Levedura - As cervejas escocesas são fermentadas e produzidas com levedura de cerveja.

Fenóis - Você deve esperar fenóis com efeito turfoso, terroso ou esfumaçado.
PROCESSO DE FABRICAÇÃO
As cervejas Light, Heavy e Export têm perfis de sabor semelhantes, e
muitas vezes são produzidas pelo processo parti-gyling (ou
parti-gyle). À medida que a densidade aumenta, o mesmo acontece
com o carácter da cerveja.

Os ingredientes tradicionais eram malte pale ale rico em dextrinas,


milho, açúcares escuros e caramelo cervejeiro para dar cor.

As receitas modernas (pós-Segunda Guerra Mundial) geralmente


adicionam pequenas quantidades de malte escuro e porcentagens
mais baixas de malte crystal, juntamente com outros ingredientes
como malte âmbar e trigo.

Os cervejeiros escoceses tradicionalmente usavam mostos de infusão


única, muitas vezes com macerações envolvendo bombagem de água
quente pelo interior da cuba de filtragem (underlet mash) e múltiplas
lavagens.
PARÂMETROS BJCP E BA
PARÂMETROS BJCP E BA
PARÂMETROS BJCP E BA
CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS
Clareza: Tendem a ser bem leve e muito clara. A cor em si varia do dourado claro ao marrom escuro, dependendo do tipo
de malte utilizado.

Aroma e Sabor de Lúpulo: Não deve estar presente

Sensação de Boca: Geralmente macia e mastigável. Como todas as cervejas, haverá uma leve carbonatação, mas
normalmente varia de leve a média.

Características de Fermentação: Atributos de levedura como diacetil e enxofre são aceitáveis em níveis muito baixos. As
versões engarrafadas podem conter quantidades maiores de dióxido de carbono do que as versões em chope levemente
carbonatadas. Ésteres frutados, se presentes, são baixos.

Notas adicionais: Estas cervejas diferem significativamente da Scotch Ale, especialmente em relação à gravidade
original, teor alcoólico e atributos do malte. O teor alcoólico é a maior diferença e divisão entre Scottish Ales e Scotch Ales.
Eles geralmente têm os mesmos ingredientes e são feitos nas mesmas cervejarias, mas as Scottish Ales são mais leves e
fáceis de beber do que as Scotch Ales. O ABV de uma Scottish Ale tende a ser em torno de 2,5% a 5,5%, com qualquer
coisa acima de 6% geralmente sendo classificada como uma Scotch Ale.
CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS

Scottish Light Ale

Cor: Dourado a castanho claro

Aroma e Sabor de Malte: Aroma de malte e caramelo pode


estar presente. Um sabor de malte caramelo baixo a
médio-baixo, suave e mastigável deve estar presente.

Amargor: Baixo

Corpo: Baixo
CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS

Scottish Heavy Ale

Cor: Âmbar a marrom escuro

Aroma e Sabor de Malte: Aroma de caramelo está


presente. O estilo exibe um grau médio de malte doce e
caramelo. A impressão geral é suave e equilibrada.

Amargor: Perceptível, mas baixo

Corpo: Médio com um caráter mastigável e macio


CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS

Scottish Export Ale

Cor: Âmbar médio a castanho escuro

Aroma e Sabor de Malte: Aromas e sabores doces de malte


e caramelo definem o caráter de uma Scottish Export

Amargor: Baixo a médio-baixo

Corpo: Médio
REFERÊNCIAS DO ESTILO
Scottish Light Ale: Belhaven Best, McEwan's 60/-
Scottish Heavy Ale: McEwan's 70/-, Orkney Raven Ale
Scottish Export Ale: Belhaven Scottish Ale, Broughton Wee Jock 80 Shilling, Caledonian Edinburgh Castle, McEwan’s
80/-, McEwan’s Export, Traquair Bear Ale
No Brasil:

Thor Scottish Ale - Cervejaria Irish Red Ale - Cervejaria La Birra - Caxias do Sul/RS
Guarnieri - Garibaldi/RS
“Já provou a nossa Irish Red Ale? Clássico estilo irlandes,
com um toque de La Birra! Criamos a receita dela,
Cerveja com maltado intenso tanto no
baseado no que nossos clientes mais buscavam: muito
aroma quanto no sabor, remetendo a malte, equilíbrio e um sabor marcante! Tivemos então de
casca de pão e leve adocicado de mexer um pouquinho na categoria em que ela foi inscrita,
caramelo e toffee. ABV: 5,5% que levou a medalha prata no Concurso Brasileiro de
Cervejas 2020, sendo a ÚNICA premiada nessa categoria
Medalha de ouro no Concurso Brasileiro Scottish Export Ale, sendo a melhor do Brasil!”
de Cervejas 2017 em Blumenau/SC
Depois foram ouro em 2023 na mesma categoria.
HARMONIZAÇÕES
As Scottish Ales são perfeitas para harmonizarem com uma grande variedade de carnes, queijos e sobremesas. O dulçor
do malte corta a gordura e a fritura de alguns pratos promovendo um equilíbrio que harmoniza muito bem com diversas
comidas, desde frango e carnes vermelhas. As Scottish Ales também combinam bem com lanches como batatas fritas ou
pretzels e até sobremesas cremosas ou frutas. Sua flexibilidade e compatibilidade com uma ampla gama de alimentos é
parcialmente o que tornou as Scottish Ales tão populares.

Melhores harmonizações: bife, pato e aves de caça, presunto, cordeiro e linguiça (corte); massas ao molho branco
(contraste) e queijos azuis, camembert e emmental (semelhança).

Não oferecem boas harmonizações: peixes delicados, culinária tailandesa e salada.

Pato no Tucupi Macarrão ao molho branco com calabresa Queijos emmental, azul e camembert
SERVIÇO

As Scottish Ales são servidas preferencialmente em A Tulipa também é usada e se diferencia pela borda
taças Snifter que tem corpo arredondado e boca mais proeminente do que a Snifter, contribuindo para
estreita, permitindo manter o aroma mais tempo na taça uma melhor retenção de espuma.
e ao segurá-la é interessante envolver com as duas
mãos para aquecer um pouco a cerveja, liberando
assim os aromas mais voláteis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Guias:
- Diretrizes de Estilos de Cerveja BJCP 2021 em Português
- Diretrizes de Estilos de Cerveja Brewers Association 2023 em Português

Sites:
- Cervejamarimbondo.com
- Brewersunion.com
- Homebrewacademy.com
- Clubedocervejeiro.com
- Clubedomalte.com.br

Livros:
- Instituto Science of Beer. Manual do Sommelier de Cervejas do Curso Sommelier de Cervejas. Florianópolis, Brasil.
- OLIVER, Garret. A Mesa do Mestre Cervejeiro. 1ª ed. São Paulo, Brasil: Senac, 2012.
- MORADO, Ronaldo. O Guia Larousse da Cerveja. 1ª ed. São Paulo, Brasil: Larousse, 2009.
- O Guia Oxford da Cerveja. Garret (editor); Iron Mendes (editor da edição brasileira); Waldemar Gastoni Venturini Filho
(organizador da tradução). São Paulo, Brasil: Blucher, 2020.
- AMORIM, Bia (org.). Guia de Sommelieria de Cervejas. 1. ed. Porto Alegre, Brasil: Krater, 2022.

Redes Sociais:
- Instagram das cervejarias citadas
VALEU, PESSOAL!

SLÁINTE!

Você também pode gostar