SOMMELIER EM CERVEJA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
1- HISTÓRIA DA CERVEJA 4
2- INGREDIENTES BÁSICOS 21
3- PROCESSO DE PRODUÇÃO 26
4- ANÁLISE SENSORIAL 41
5- ESCOLA ALEMÃ 46
REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO
O sommelier é um profissional que está à serviço da bebida. Ele vai trabalhar desde
o serviço propriamente dito em bares e restaurantes, acrescentando rótulos, fazendo
harmonizações, cuidando do ambiente, do armazenamento, até cuidar do trabalho
nos bastidores do negócio cervejeiro. Ele está na comunicação da bebida, na
distribuição, na parte de cozinha com cerveja, ministrando palestras, escrevendo
sobre a bebida em livros e revistas - tudo para tornar a bebida mais próxima do
consumidor. O papel do sommelier é esse: cativar o consumidor.
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1- HISTÓRIA DA CERVEJA
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Curiosamente, existem alguns povos que vivem ao longo do Nilo que ainda hoje
fabricam cerveja num estilo muito próximo ao da era faraónica. Além de bem
alimentar, servia também como remédio para certas doenças. Um documento
médico, datado de 1600 a.C. e descoberto nas escavações de um túmulo, descreve
cerca de 700 prescrições médicas, das quais 100 contêm a palavra cerveja.
FONTE:
cervejasdomundo.com | Fotos: Google
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FONTE:
papodebar.com | Fotos: Google
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A Reinheitsgebot (português: Lei da Pureza da Cerveja) foi uma lei promulgada pelo
duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de Abril de 1516.
A lei da pureza da cerveja instituiu que a cerveja deveria ser fabricada apenas com
os seguintes ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo. A levedura de cerveja
não era conhecida à época. Devido à regulamentação europeia, outros ingredientes
são autorizados nas cervejas alemãs, mas a maioria dos cervejeiros alemães
continuam a seguir as prescrições do Reinheitsgebot, consideradas garantia de
qualidade.
Isto acontece principalmente nas marcas vendidas em território alemão. A Saint Bier
segue rigorosamente a Lei de Pureza Alemã na fabricação de seus produtos.
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República Checa. É chamada pilsener, pils ou pílsen conforme a língua do país onde
é produzida. Fabricada inicialmente em 1842, é o estilo original que definiu as
cervejas límpidas e de cor clara.1 Foi criada pelo cervejeiro da Baviera Joseph Groll
na cidade de Pilsen, capital da região da Boêmia, na República Tcheca. Usa malte
da Morávia e decocção para criar um perfil de malte bastante rico. É uma cerveja de
baixa fermentação (lager).
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família real portuguesa de mudança para o território. Consta que o rei consumia
muito a bebida.
Logo ao chegar, o rei Dom João decreta a abertura dos portos às nações amigas,
abolindo o monopólio comercial luso. Até 1814 a abertura dos portos beneficiava
exclusivamente a Inglaterra, que praticamente monopolizava o comércio com o
Brasil, fazendo com que a cerveja consumida no Brasil, de qualquer origem, fosse
introduzida com exclusividade pela Inglaterra.
A venda era feita no balcão e na própria cervejaria (ver propaganda de empresa que
atendia a particulares). Convites eram espalhados pelos proprietários em bares
próximos e festas eram realizadas dentro das cervejarias. As entregas eram feitas
por carroças ao comércio dos bairros próximos. Nesse momento, o Rio de Janeiro já
tinha uma população de padrão médio formada por militares, oficiais de indústrias,
proprietários de pequenas manufaturas, profissionais liberais e funcionários públicos.
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“Na Rua Matacavalos, número 90, e Rua Direita número 86, da Cervejaria Brazileira,
vende-se cerveja, bebida acolhida favoravelmente e muito procurada. Essa saudável
bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por
muito tempo”.
FONTE:
cervejasdomundo.com | Fotos: Google
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FONTE:
wikipedia | Fotos: Acervo Saint Bier
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2- INGREDIENTES BÁSICOS
Água
Malte de cevada
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O grão maltado produz enzimas que convertem o amido nos grãos em açúcares
fermentáveis,[24] diferentes tempos e temperaturas são utilizados para produzir cores
diferentes de malte a partir do mesmo grão. Maltes escuros produzirão cervejas mais
escuras.
Outros grãos maltados e não maltados (incluindo o milho, arroz, trigo, aveia,
e centeio, e menos frequentemente, sorgo) podem ser utilizados. Nos últimos anos,
alguns poucos fabricantes têm produzido cerveja sem glúten, feita com sorgo e sem
malte de cevada, para aqueles que não podem consumir glúten provenientes de
grãos como trigo, centeio, cevada e etc.
Cereais não maltados são aqueles que não precisam passar pelo processo de
maltação para estarem aptos ao uso para a produção de cerveja. Ou seja: eles são
utilizados como são encontrados.
Entre os exemplos mais notáveis, estão o trigo, o milho, o arroz, o centeio e a aveia.
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Trigo
Um dos cereais mais famosos do mundo cervejeiro, pode ser utilizado maltado ou
não. Bastante utilizada na Alemanha – ironicamente, o país que criou a Lei da
Pureza – e nas Witbier belgas. Sua presença na receita torna a bebida turva,
cremosa e refrescante.
Milho
Arroz
Centeio
Aveia
Por ser um cereal rico em proteínas, óleos e gordura, geralmente não é muito
utilizada na produção de cerveja. Mesmo assim, existem exemplares muito
premiados ao redor do mundo, como as Oatmeal Stouts. Hoje, a Inglaterra é o país
que mais a utiliza.
Lúpulo
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Levedura ou fermento
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Agentes clarificantes
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3- PROCESSO DE PRODUÇÃO
Além desses ingredientes, podem ser utilizados diversos outros com o objetivo
de diversificar o produto final. Para clarificar a cerveja, podem ser
adicionados ictiocola, irish moss, carragenina, polyclar e até mesmo gelatina.
A adição de açúcares ao produto também é comum, a fim de melhorar e
intensificar o sabor.
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Outros aspectos da cerveja que podem ser afetados são a sensação na boca,
a força e a densidade. Estão relacionados com amargura e azedume da
cerveja, a intensidade do sabor e textura do líquido. Assim como os outros,
são diretamente afetados pelos tipos de ingredientes e a metodologia de
processamento.
As especificidades da água
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Íons e o pH da água
A água pode apresentar íons que afetam seu pH, tendo assim duas
classificações: água dura e água mole. A água dura é mais indicada para a
produção de cervejas escuras por conter pH mais alto e concentração de íons
(cálcio, magnésio, bicarbonato...) maior. Já a água mole é mais adequada para
a produção de cervejas pilsen, com pH mais baixo e menos íons dissolvidos. A
quantidade de íons pode ser analisada através de uma análise de dureza da
água.
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Por fim, vale ressaltar que a água influencia sim no resultado final, mas para
uma produção de cerveja caseira e em pequena escala ela não é o fator
determinante. Os ajustes de pH são interessantes para a padronização da sua
produção.
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O lúpulo contém uma substância crucial para a cerveja, chamada ácido alfa.
Ele é o que dá o amargor à cerveja, e, portanto, o teor de amargura é
definido a partir do teor desse ácido na bebida. A maioria das formas
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A bioquímica do processo
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4- ANÁLISE SENSORIAL
Como somos criaturas altamente visuais, a característica mais óbvia de uma cerveja
é a sua cor.
Toda a agama, desde o amarelo dourado pálido até o preto mais profundo, vem dos
maltes torrados de diversas formas.
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Definição
…Análise sensorial é uma disciplina científica usada para evocar, medir, analisar e
interpretar reações no organismo às características dos alimentos e materiais
quando percebidos pelos sentidos da visão, gustação, olfato, tato e audição” …
O que pode variar de uma análise sensorial é a prática…o quanto a pessoa que está
analisando está habituada com a cerveja.
Como chegamos a uma conclusão se uma análise sensorial de uma cerveja está
correta? Pela média do que os analistas dizem… isso mesmo…
COMUNICAÇÃO SENSORIAL
#1 Análise visual
#2 Aroma
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#3 Sabor
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O que interessa para uma análise, não necessariamente é o aspecto técnico, mas
sim a reação do que as pessoas sentem ao beber uma bebida.
Exemplo: Álcool de uma cerveja – Existem várias cervejas que possuem 9% de teor
alcoólico e não percebemos…você bebe a cerveja e não sente o aroma, o sabor do
álcool, pois está tão bem inserida que não é tão perceptível.
Desenvolvimento de produto;
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5- ESCOLA ALEMÃ
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Vale lembrar que a Áustria e Republica Tcheca fazem parte da escola alemã. Foi na
República Tcheca, inclusive, que surgiu a cerveja Pilsner Urquell, dando origem ao
estilo de cerveja Pilsen, a receita de cerveja Lager mais copiada do mundo todo. no
post “Pilsner Urquell: a cerveja que criou o estilo mais consumido do mundo“, nós
contamos tudo sobre a criação desse ícone.
A Oktoberfest
Até o século VIII a produção de cerveja era uma tarefa doméstica, responsabilidade
das mulheres das tribos. Chegando ao século XI, a produção de cerveja foi
tornando-se cada vez mais responsabilidade dos monges e freiras em mosteiros (no
sul da Alemanha) ou artesãos e mercadores (no norte).3
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Até então as cervejas eram temperadas com uma mistura de diversos tipos de ervas
e especiarias, denominada genericamente como “gruit”. O lúpulo já vinha sendo
utilizado na produção de cerveja desde o século IX, porém o primeiro registro escrito
descrevendo esta prática é do século XII, feito pela monja beneditina alemã
Hildegard von Bingen. A mudança do gruit para o lúpulo foi gradual, porém os
benefícios eram inegáveis – além de conferir amargor e aromas agradáveis à
bebida, o lúpulo agia também como conservante. 2
O lúpulo foi uma escolha natural em detrimento do gruit, pois além dos benefícios já
mencionados acima, a receita do gruit era segredo dos mosteiros, que detinham
exclusividade em seu uso e comercialização. E, como acontece até hoje, a Igreja
não pagava impostos. Portanto a escolha do lúpulo como “tempero oficial” da
cerveja teve motivações econômicas acima de tudo. E esta escolha teve tremendo
impacto na história da cerveja até hoje.
A família Lager
Como se viu, um dos motivos pelos quais o lúpulo se popularizou foi sua
propriedade conservante. Durante milênios, um dos maiores desafios na produção
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de cerveja era evitar que ela estragasse, pois ainda não se tinha conhecimento
(científico, pelo menos) sobre a ação nociva das bactérias e outros seres
microscópicos sobre a bebida, muito menos sobre a importância da sanitização.
Por tentativa e erro, os bávaros descobriram que a cerveja não estragava quando
era armazenada nas cavernas frias dos Alpes durante o verão, como normalmente
acontecia em épocas mais quentes. Com o tempo, percebendo que o resultado era
uma cerveja mais estável e sensorialmente mais “limpa”, os cervejeiros passaram
também a fermentar suas criações nas cavernas. Assim foi descoberta a
fermentação Lager, palavra alemã que pode ser traduzida como “local de
armazenamento”.4
Mas chega de história. Vamos entender na prática como tomaram forma os estilos
de cervejas alemãs que hoje tanto apreciamos.
Lagers claras
Provavelmente a primeira cerveja que você provou foi uma Lager clara.
As Lagers já vinham sendo produzidas na Baviera desde (pelo menos) o século XV.
Porém as cervejas douradas que vieram a dominar o mundo só apareceram em
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1842, na Boêmia, região onde hoje fica a República Tcheca. Antes disso, as
cervejas eram geralmente escuras, turvas e levemente defumadas, pois os maltes
eram secados em fornalhas abastecidas com lenha. Com o advento do coque,
combustível de queima mais limpa do que a lenha, desenvolveu-se na Inglaterra
uma variedade de maltes de tosta mais leve, resultando em cervejas mais claras.
Aproveitando esta nova técnica, o cervejeiro bávaro Josef Groll conseguiu produzir
maltes ainda mais claros e, utilizando-se do crescente domínio da produção de
Lagers, criou a primeira Lager dourada em 1842, na cidade de Pilsen. Sua receita
original é produzida até hoje na mesma fábrica, a Pilsner Urquell, que se tornou o
modelo de Bohemian Pilsner.
Alguns rótulos para conhecer: Pilsner Urquell (Bohemian Pilsner), König Pilsener
(German Pils), Paulaner Münchner Hell (Munich Helles).
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Lagers escuras
Até a lenha ser substituída pelo coque na produção de malte, a fermentação Lager
fazia pouca diferença no resultado final – a cerveja teria aromas defumados, fosse
Lager ou Ale. Porém quando os aromas dos maltes tostados tornaram-se os
protagonistas no decorrer do século XIX, aí sim os estilos de Lagers escuras
floresceram.4
A Munich Dunkel, típica cerveja escura de Munique, é uma delas. De cor marrom-
avermelhada, apresenta aromas de tosta remetendo a casca de broa, toffee e
chocolate. Na boca é equilibrada, com perfil de gostos acompanhando os aromas,
predominando o maltado. Já a Schwarzbier é mais escura, com notas de torrefação
em destaque e paladar mais seco.5
Alguns rótulos para conhecer: Hofbräu Dunkel (Munich Dunkel), Hausen Dunkel
(Munich Dunkel), Köstritzer Schwarzbier.
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Cervejas de trigo
Até o século XVI, qualquer grão era aceitável na produção de cervejas. Foi através
de uma série de decretos, entre eles a Reinheitsgebot, que a cevada foi determinada
como o único grão permitido. As motivações pela omissão do trigo na Lei de Pureza
são diversas, desde controle de escassez – não podia faltar trigo para a produção de
pães –, até motivações políticas – a dinastia Degenberg, rival da então governante
dinastia Wittelsbach, detinha um monopólio na produção de cervejas de trigo. 3
Com a morte do último Degenberg, que não deixou herdeiros, a dinastia Wittelsbach
tomou para si o monopólio da produção de cervejas de trigo, que rapidamente foram
incluídas na lei como exceção permitida apenas para a família Real. E com este
privilégio, os nobres ganharam muito dinheiro.
Isto durou até o início do século XIX, quando as vendas começaram a estagnar
frente à popularidade das Lagers. Com o declínio nas vendas e na produção, as
cervejas de trigo quase caíram no esquecimento. Em 1872, o Rei Luís II vendeu o
direito de produzir cervejas de trigo para Georg Schneider I, que fundou a cervejaria
Schneider Weisse junto com seu filho Georg Schneider II.6
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Além das variedades mais “comportadas” de cervejas de trigo, há uma delas que
une a cremosidade do trigo com a potência das Bocks. É a Weizenbock, criada em
1907 por Mathilde Schneider, viúva de Georg Schneider III. Existem versões claras e
escuras, porém todas apresentam teor alcoólico mais elevado e aromas frutados
que vêm da levedura.
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Bock
Naquela época as cervejas dificilmente saíam da região onde eram produzidas, mas
as características da cerveja de Einbeck possibilitavam sua exportação para regiões
tão longínquas como Inglaterra, Rússia e Escandinávia. Com isso elas foram
ganhando popularidade, principalmente na Baviera, em cujo dialeto local se
pronunciava o nome da cidade como “Einbock”. Com o tempo foi-se encurtando o
nome para apenas “Bock”, palavra que por coincidência significa “bode” em alemão. 7
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De fato, as Bocks são tão nutritivas que os monges da Ordem dos Mínimos, que em
alemão se chama Paulaner Orden, desenvolveram uma versão ainda mais
carregada nos maltes para servir de alimento durante o jejum da Quaresma. O
resultado foi a Paulaner Salvator, a primeira Doppelbock de que se tem notícia. As
Doppelbocks, como o nome indica, são versões duplamente intensas de uma Bock
normal. A coloração varia do cobre ao marrom escuro, sempre com notas intensas
de malte lembrando caramelo e toffee. Na boca, dulçor intenso e corpo cheio,
complementados pelo leve calor do álcool. Uma curiosidade sobre a Paulaner
Salvator é que ela deu início à moda de batizar Doppelbocks com o sufixo “-ator”,
prática que perdura até hoje no mundo todo.
Mas as Doppelbocks não são as versões mais intensas do estilo. Não, os alemães
conseguiram a proeza de inventar uma variedade que pode chegar a 14% de teor
alcoólico! É a Eisbock, literalmente “Bock de gelo”. O processo produtivo desta
cerveja envolve congelar parte da cerveja após a fermentação e retirar o gelo
formado, resultando em uma bebida ainda mais densa e alcoólica.
Finalmente, as Bock claras são chamadas de Helles Bock (Bock Clara) ou Maibock
(Bock de maio). De coloração dourada a âmbar, apresenta aromas maltados
remetendo a panificação e biscoito. No paladar é decididamente maltada, com
dulçor presente e médio corpo. A mais comedida entre as Bocks, porém ainda assim
bastante saborosa.
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Sazonais
Outra cerveja sazonal da Escola Alemã é a Märzen, cujo nome remete ao mês de
março (do alemão März). Ao contrário da Maibock, seu nome indica o mês em que
ela é produzida. Estas cervejas tradicionalmente eram produzidas no mês de março
para serem armazenadas (lagern) nas cavernas dos Alpes durante os meses
quentes de verão. É uma cerveja de cor âmbar, com aromas delicados de tosta,
paladar equilibrado entre o dulçor dos maltes e o amargor do lúpulo, textura cremosa
e médio corpo (se lembra a descrição de uma Vienna Lager, não é coincidência.
Estes dois estilos são de fato parecidos e tiveram origens muito próximas).
Tradicionalmente era consumida no início do outono. Vale notar que esta é a época
do ano em que a Oktoberfest acontece. Por isso, a Märzen foi durante décadas o
estilo de cerveja oficial da festa.
Outra cerveja sazonal que vale a pena mencionar são as Weihnachtsbier, cervejas
de Natal. Em toda a Europa é tradição nas nações tipicamente cervejeiras a
produção de cervejas natalinas. No hemisfério norte o Natal cai no inverno, pedindo
cervejas mais “aconchegantes” – não à toa, os alemães chamam este período
de Starkbierzeit, “época de cerveja forte”. As Weihnachtsbier, de modo geral, são
cervejas escuras, indo do âmbar escuro ao cobre, com aromas maltados intensos
remetendo tipicamente a caramelo, nozes e mel. O corpo é cheio e o teor alcoólico
elevado.
Especialidades regionais
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Até aqui vimos os estilos comumente encontrados por toda a Alemanha. Mas um
dos aspectos mais interessantes da Escola Alemã é sua regionalidade.
Assim como acontece com as salsichas, cada cidade alemã tem a sua cerveja típica.
Na Alemanha a identidade cultural é tão entrelaçada com a cerveja local, que
podemos comparar com os times de futebol no Brasil: um nativo de Munique
continuará bebendo sua Augustiner sempre que possível, independente de onde
estiver, custe o que custar!
Outra cerveja regional com origem similar à Berliner Weisse é a Gose, originalmente
desenvolvida em Goslar porém popularizada em Leipzig. Assim como a sua “prima”
de Berlim, a Gose é uma cerveja de trigo com perfil ácido. Mas o que a diferencia de
todas as outras é a adição de sementes de coentro e sal marinho, trazendo notas
condimentadas e paladar salgado.
Colônia tem uma rivalidade com a vizinha Düsseldorf, que não poderia ficar para trás
e também tem sua especialidade cervejeira, a Altbier. Muito diferente da Kölsch, a
Altbier é uma robusta cerveja de cor avermelhada, com perfil maltado lembrando
casca de broa e nozes, equilibrado com a presença do lúpulo tanto no aroma como
no amargor.
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Por fim vamos à Francônia, no norte da Baviera, para conhecer uma das cervejas
mais inusitadas da Escola Alemã e que costuma dividir opiniões: a Rauchbier,
literalmente “cerveja de fumaça”. Assim como era costume até o século XVIII, esta
variedade de cerveja típica da cidade de Bamberg continuou a ser produzida com
maltes tostados em fornalhas de lenha. O resultado são cervejas com perfil
nitidamente defumado, por vezes lembrando até bacon! E aí, você encara uma
dessas?
Alguns rótulos para conhecer: Berliner Kindl Weisse (Berliner Weisse), Itajahy
Maré Gose, Eisenbahn Kölsch, Bamberg Altbier, Aecht Schlenkerla Rauchbier
Märzen (Rauchbier).
Como se viu, a Escola Alemã tem uma longa e complexa história. Cada mudança
social, cultural, tecnológica e política ao longo dos séculos foi moldando as cervejas
até chegar na variedade de cervejas que hoje tanto apreciamos. Aqui destacamos
apenas os estilos mais difundidos, porém outras variedades menos conhecidas
compõem a paleta cervejeira da Alemanha como as Kellerbier, Dortmunder Export,
Sticke, Roggenbier, entre outras.
Se você sentiu falta de alguma informação sobre a Escola Alemã, tem alguma
dúvida ou curiosidade para complementar o artigo, deixe sua contribuição nos
comentários.
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REFERÊNCIAS
https://gq.globo.com/Prazeres/Bebidas/noticia/2015/07/sommelier-de-cervejas-uma-
profissao-que-exige-tecnica-e-paixao-pela-bebida.html>acesso em 03/04/2020
http://www.saintbier.com/historia-cerveja>acesso em 03/04/2020
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cerveja>acesso em 03/04/2020
https://peqengenhariajr.com.br/processo-de-producao-de-cerveja/>acesso em
03/04/2020
http://cervejeiroraiz.com.br/analise-sensorial-de-cerveja/>acesso em 03/04/2020
https://blog.clubedomalte.com.br/curiosidades-cervejeiras/escola-cervejeira-
alema/>acesso em 03/04/2020
https://mestre-cervejeiro.com/escola-alema/>acesso em 03/04/2020
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