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Universidade Estadual do Maranhão - UEMA

Centro de Estudos Superior de Balsas


Disciplina: Olericultura
Curso: Agronomia

Cultura do Alho
(Allium sativum)
Profa. MSc. Joelma Francisca de Moura Lima

Balsas – 2019
Introdução

 Originou-se da Ásia Central;


 Foi introduzido na costa do mar Mediterrâneo, em áreas pré-
históricas;
 Condimento utilizado quase universalmente;
 Também sendo importante na cozinha brasileira.
Introdução
Introdução

 Planta é tenra, com cerca de 50 cm e folhas muito estreita, com seção em V,


cerosas;
 O caule verdadeiro é um disco comprido, ponto de partida de folhas e raízes;
 Raízes são pouco ramificadas (50 cm);
 A parte utilizada é o bulbo composta por bulbilhos (Rico em amido,
medicinal e nutricional);
 Cada bulbilho contém uma gema;
 Há túnicas envolvendo o bulbo e uma película fina cobrindo os
bolbilhos.
Introdução

 No Brasil o pendoamento raramente ocorre;


 Nas estepes asiáticas, sob baixa temperatura, há emissão de escapo floral,
terminando por uma inflorescência.
Clima, Época de plantio e Vernalização

 Planta bienal;
 Exige frio para florescer;
 Planta de dia longo bulbificar e dia curto para florescer;
 Principal fator limitante FOTOPERIODO;
 Planta de clima frio, suportando até geadas;
 Segundo fator TEMPERATURA a bulbificação do alho é influenciado pelo frio;
 Vernalização pré-plantio – Alho tardio Cultivares Chonan, Rocha pérola-
de-caçador e Quitéria.
- Frigorificados em câmaras sob 3-4 C e Umidade relativa de 70-80% = 40 a 55
dias.
Clima, Época de plantio e Vernalização

 Os bulbos vernalizados são retirados das câmeras vésperas do plantio 


mês de maio possibilitando que a planta seja submetida ao frio invernal;
 Os bulbos invernados não podem passar de seis dias em temperatura
ambiente  desvernalização;
 A técnica de vernalização NÃO deve ser aplicada a cultivares precoces e
de ciclo mediano;
 Vernalização  Agrotecnologia de custo elevado.
Cultivares

As cultivares de alho atualmente plantadas no Brasil podem ser


classificadas em três grupos:
 Cultivares Precoces;
 Cultivar de Ciclo mediano;
 Cultivares Tardias (Nobres).

Obs: Conforme a duração do ciclo, e as exigência fotoperiódica e


temperatura.
Cultivares Precoce

 Ciclo do plantio do bulbo até a maturação do bulbo é de quatro meses;


 Menor exigência em fotoperíodo e em frio;
 Os bulbos apresentam grande número de bulbilhos e coloração externa
branca ou arroxeada;
 menor conservação pós colheita;
 Menor valor comercial.
Ex: Branco Mineiro e Cateto Roxo
Cultivares Ciclo Mediano

 Ciclo igual ou superior a cinco meses;


 Um pouco mais exigentes em fotoperíodo e em frio  adaptação
regional mais restrita;
 O bulbo apresenta menor número de bulbilho, porém mais graúdos e
com coloração externa arroxeada;
 Melhor conservação pós-colheita e melhor preço.
Ex: Lavínia e Amarante.
Cultivares Tardias (Nobre)

 O ciclo é de seis meses ou mais;


 Cultivares mais exigentes em fotoperíodo – mínimo 13 h- e em frio;
 Somente podem ser plantadas no centro-sul;
 Bulbilhos graúdo e em pequeno número e coloração externa
esbranquiçada;
 Alta capacidade de conservação e alto valor comercial.
Ex: Quitéria e Chonan
Solo e Adubação

 Altamente exigente em solo de alta fertilidade;


 Solo de textura média + boas propriedades físicas + M.O.S + alta
disponibilidade de nutrientes.
 Solos arenosos, muito leve  não retêm bem a água e há perda de nutrientes;
 Solos argilosos, pesados  Deformam os bulbos e dificulta a colheita;
 Solos com baixa fertilidade natural deverá ser aplicado calcário, adubação
orgânica pesada e fertilizantes.

É comum obter insucesso ao implantar esse cultura em solos pobres.


Solo e Adubação

 Aração profunda (35-40 cm) e incorporação da metade do calcário


recomendada (três meses antes do plantio);
 É uma boa oportunidade de incorporação, também, adubos orgânicos;
 Dias antes do plantio deve ser feito a segunda aração superficial +
gradagem;
 Seguindo a preparação do canteiros com 1 m de largura no máximo.
Solo e Adubação
Solo e Adubação

 Pouco tolerante a acidez (pH 6,0 a 6,8);


 A saturação por bases deverá ser elevada 70%;
 Incorporação do calcário deverá ser profunda;
 Cultura altamente exigente em Ca e Mg.
 A ordem crescente de extração dos macronutrientes é a seguinte: N, K, S,
Ca, P e Mg.
 Para solos com baixa fertilidade deverá ser aplicado fertilizantes no sulco
do plantio, contendo os seguintes teores (kg/há) de macronutrientes:
N:20 ; P2O5:300-500 e 80-120 K20
Solo e Adubação

 A adubação complementar deverá seguir as exigência da cultivar, as tardias


e precoces são altamente suscetíveis ao “superbrotamento”  Excesso de
N;
 A cultura também é exigente em micronutriente: Zinco (4kg) e Boro (2kg).

Obs: Aplicação de doses elevadas de P associado a baixas temperaturas 


inibem a absorção do zinco.
 A adubação orgânica é altamente eficiente na cultura do alho em solos de
baixa fertilidade natural  esterco aviário.
 Não deve ser aplicado a adubação orgânica nos sucos de plantio;
Implantação da Cultura

 O agricultor propaga o alho por meio do plantio de bulbilhos;


 Alho-semente representa 30-50% do custo global de produção;
 Tradicionalmente, os agricultores reservam para o plantio os bulbos
menores;
Obs: o tamanho do alho-semente afeta a produtividade e o tamanho dos
bulbos colhidos;
 Recomendam-se bulbilhos com peso igual ou superior a uma grama,
ressaltando que maior reserva de nutrientes favorece a planta;
 Os bulbos miúdos e os chamados palitos não são um bom material de
plantio.
Implantação da Cultura

 O estado fitossanitário da material de plantio deve ser considerado;


 Alho-semente certificado;
 Não havendo a disponibilidade de alho-semente certificado, deverá reservar
bulbos de qualidade obtidos em culturas de alta sanidade.
 O armazenamento dos bulbos deverá ser feito em ambiente seco e ventilado,
devendo ser debulhado 2-3 semanas antes do plantio.
1. O que acontece com os bulbos caso debulhe antes de duas semanas?

CHOCHAMENTO.
Implantação da Cultura

 Os bulbilhos são selecionados pelo tamanho, sendo eliminado os chochos


ou com danos;
 O tratamento contra fitopatógenos, somente se justificam se houver
dúvidas quanto á fitossanidade;
Vantagens da padronização dos bulbos:
Uniformidade de emergência;
 Desenvolvimento e;
 Maturação das plantas.
Implantação da Cultura
Implantação da Cultura

2. Os bulbilhos é plantados inteiros ou cortados?


Não precisa ser cortado. Pode ser plantado com o ápice voltado para cima ou
simplesmente arremessado no sulco de plantio.
Implantação da Cultura

 O grosso da produção brasileira ainda é obtido pelo plantio manual;


 A profundidade de plantio não deve ultrapassar 2 cm.
Implantação da Cultura

 Atualmente há maquinas eficientes, tracionadas por trator que planta


quatro fileiras simultaneamente;
 Gastam-se quatro horas por hectares;
Abrir o sulco do plantio;
Distribuir e incorporar o adubo minerais;
Distribuir os bulbilhos;
Cobri-los.
Implantação da Cultura

 Atualmente, a maior parte dos plantios comerciais é efetuado em canteiros


comportando 5-6 fileiras longitudinais, sendo irrigada por aspersão;
 O ideal é obter 500.000 a 650.000 plantas por hectare.
 O espaçamento é de: 20-25 cm fileiras e 7-10 cm entre bulbilhos.
 A eliminação de viroses do material do plantio  pela cultura de
meristema (França);
Tratos Culturais

COBERTURA PALHOSA
 Considerado um trato característico da cultura;
 A palha da haste do arroz e os capins secos constituem os melhores
matérias;
 Vantagens:
 Manutenção no teor adequado de água no solo;
 Temperatura do solo menor que a do ar;
 Favorece a brotação dos bulbilhos;
 Auxilia no controle de plantas daninhas.
Tratos Culturais
IRRIGAÇÃO
 A irrigação por aspersão é mais utilizada.
Vantagens:
Boa distribuição de água entre as fileiras de plantas;
 Arrefecimento no solo e na planta;
 Controle de ácaro e tripés.
Tratos Culturais

IRRIGAÇÃO
 A irrigação por sulco Reduz o número de plantas por hectare:
 A irrigação por gotejamento não há estudos a sua utilização em alho;
 Cultivares tardias vernalizadas mostram-se altamente susceptível ao
superbrotamento  excesso de água no solo;
 Sugerem 60-70% de água útil no solo durante dois meses iniciais, sendo
reduzido na fase final do ciclo.
 Suspender a irrigação dias antes da colheita, exceto a cultivares de ciclo
mediano.
Tratos Culturais

CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS


 Altamente prejudicada pela competição com plantas invasoras;
 Período critico: os primeiros 100 dias, sendo os 30 dias iniciais muito importantes;
 Capinas manuais e mecânicas são dificultadas espaçamento estreito e danos a
bulbos em formação;
 A pulverização com herbicida são os melhores meios de controle das plantas
invasoras;
Obs: devem-se aplicado herbicida pré-emergente antes de ser aplicado a cobertura
morta
 Poucos herbicidas registrados para a cultura.
Anomalias Fisiológicas

SUPERBROTAMENTO ou PSEUDOPERFILHAMENTO
 Anomalia normalmente encontrada na cultura;
 Surge durante a bulbificação, ocorrendo o crescimento vegetativo das
bainhas foliares que constituem o bulbo.
 CAUSA Excesso de água e N no solo, conjunta ou insolada.
 Cultivares suscetíveis Tardias e Precoce;
 Medida preventiva: Controle da irrigação e aplicação de N no solo.
A informações de que a aplicação de K juntamente com N pode auxiliar na
prevenção dessa anomalia.
Anomalias Fisiológicas

Superbrotamento na planta de alho


Controle Fitossanitário

QUEIMA-DE-ALTERNARIA (Alternaria porri)


 Considerada a principal doença;
 Inicialmente surgem pequenas manchas foliares, brancas que evoluem para
manchas alongadas, marrom;
 Favorecida com o aumento da temperatura, sendo comum em cultivares
precoces;
 Controle: Uso de cultivares tardias; rotação com cultura não-aliáceas e
pulverização com fungicida especifico.
Controle Fitossanitário

QUEIMA-DE-ALTERNARIA (Alternaria porri)


Controle Fitossanitário

FERRUGEM (Puccinia porri)


 Caracteriza-se por pequenas pústulas ferruginosas típicas, cobrindo a folha;
 A doença é favorecida com temperatura amena e alta umidade no fim
do ciclo da cultura;
 Controle: plantio de certas cultivares de ciclo mediano; rotação com
cultura não-aliáceas e pulverização com fungicida sistêmico especifico.
Controle Fitossanitário

PODRIDÃO-BRANCA (Sclerotium cepivorum)


 Caracteriza-se pelo apodrecimento das raízes e também o amarelecimento
e morte de folhas de baixeira;
 O bulbo afetado apresenta-se coberto de micélios brancos e escleródios
negros, disseminando a doença para gleba livres;
 A doença é favorecida por baixa temperatura e umidade elevada;
 Controle: Plantio de alho-semente sadia e rotação de cultura por vários
anos na gleba infectada e os restos cultural da planta infectada dever
incinerados.
Controle Fitossanitário

PODRIDÃO-BRANCA (Sclerotium cepivorum)

PODRIDÃO-BRANCA (Sclerotium cepivorum)


Controle Fitossanitário

VIROSES
 As plantas infectadas por vírus apresentam baixo vigor vegetativo, bulbo
e bulbilhos de menor tamanho, consequentemente baixa produtividade.
 Alguns afídeos atuam como vetores do vírus que afetam a cultura;
 Controle: Plantar alho-semente certificado, incorporação de restos
culturais do alho por meio da aração profunda; evitar plantar alho em
sucessão, na mesma gleba e controle de plantas daninhas hospedeiras do
vírus.
Controle Fitossanitário

ÁCARO-DO-CHOCHAMENTO (Aceria tulipae)


 Na cultura, manifesta-se por folhas retorcidas e manchadas clorótica
estriadas;
 Nos bulbos armazenados ocorre o chochamento, destruição dos bulbilhos e
um aspecto melado;
 Controle: Pulverização da parte aérea com acaricida; fumigação dos
bulbos armazenados com fosfina dentro de câmara hermética e irrigação por
aspersão.
Controle Fitossanitário

TRAÇA DO ALHO (Cadra cautela; Plodia interpunctella; Ephestia elutella)


 São larvas de insetos, as pequenas mariposas efetuam a postura nos bulbos
estocados, e as traças penetram nos bulbos deixando excrementos secos;
 Controle: Pulverização nos bulbos; fumigação dos bulbos armazenados
com fosfina em câmara hermética.
Controle Fitossanitário

NEMATOIDE (Ditylenchus dipsaci)


 Planta atacada apresenta bulbos esbranquiçados e com pouca consistência, raízes
necrosadas e parte aérea amarelada ou necrosada;
 Conhecido como “murchadeira do alho”;
 Geralmente não apresenta sintomas no campo;
 Porém no armazenamento os bulbos apresentam chochamento precoce e película
externa amarela;
 Controle: Plantio do alho-semente sadio; em caso de suspeita os pesquisadores
aconselha o tratamento dos bulbilhos.
OBS: Em solos infestados o indicado é fazer aração e gradagem sucessivas e rotação
longa com pastagens.
Controle Fitossanitário

NEMATOIDE (Ditylenchus dipsaci)

Sintomas causados pelo


NEMATOIDE (Ditylenchus dipsaci)
Colheita e Comercialização

 O ciclo varia de 110 a 150 dias;


 Ponto de colheita: Quando a planta amarelece e seca;
Para obter bulbos de boa qualidade é imprescindível que elas sejam
colhidas maduras.
 Produtividade média de 8 a 15t/há;
 Colheita quase que total de forma manual.
Colheita e Comercialização

Colheita mecanizada do alho


Colheita manual do alho
Colheita e Comercialização

 A cura inicial, rápida, é feita no campo pela exposição indireta a luz solar,
as plantas inteiras permaneceram assim por 1-3 dias, dependendo do clima;
 Clima quente e seco favorece a cura;
 Segue-se uma cura lenta, feito em galpões meio escuro, seco e arejado;
 A manutenção da parte aérea favorece a gradual perda de umidade e
concentração de sólidos nos bulbos, assegurando a alta conservação.
Colheita e Comercialização

 O beneficiamento consiste no corte do pseudocaule, deixando 2 cm de talo


aderido ao bulbo curado;
 Aparam se as raízes rente ao bulbo;
 Finalmente, elimina algumas túnicas sujas que recobrem o bulbo;
 A classificação é efetuada pelo diâmetro transversal (MAPA).
Colheita e Comercialização

Classificação mecânica do alho Classificação manual do alho


Colheita e Comercialização

As embalagens internacionalmente consagrada é a caixa de madeira


oitavada com capacidade para 10 kg de bulbos curados e limpos;
 Sacos telados de vários tamanhos e caixa de papelão.

Caixa de madeira oitavada Sacos telados


Colheita e Comercialização

Para que os bulbos apresentem alta capacidade de conservação, há fatores


prejudiciais que podem ser evitados:
 Utilizar cultivar precoce;
 Irrigação tardia, próximo a colheita;
 Colheita de plantas antes do secamento total;
 Ausência de cura rápida, ao sol ou cura lenta, a sombra;
 Corte prematura da rama;
 Incidência de pragas e doenças;
 Deficiência de B na cultura – Perda excessiva de peso durante o
armazenamento.
Colheita e Comercialização

 Pode estocado até seis meses em galpões secos e arejados (cultivar tardia
e mediano);
 A estocagem a frio é estocado é efetuada em câmaras sob temperatura 0 o e
70-75% de umidade relativa.

ALERTA: O alho não pode ser estocado juntamente com frutas que
desprendam etileno  capaz de induzir as gemas dormentes a brotação.
Colheita e Comercialização

 Cultura mais afeta pelo funcionamento do Mercosul;


 A industrialização do alho vem sendo praticada, ainda em pequena
escala, com a produção de alho em pasta.

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