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Módulo 3

Implantação
da cultura
Olá! Receba nossas boas-vindas ao Módulo 3 do curso!

Como você deve imaginar, o momento de implantação da cultura é determinante para o sucesso produ-
tivo da lavoura de cacau. Nesse momento, é definido um dos principais componentes de rendimento: o
sombreamento, que pode afetar diretamente a produtividade do cacaueiro.

Neste módulo, você vai conhecer os aspectos primordiais para a produção de mudas de qualidade, a
escolha certa da área de cultivo, a implantação e a manutenção da lavoura no primeiro ano de plantio.

Tudo pronto para adquirir todo esse conhecimento? Então, avance para a Aula 1 e comece seus estudos!

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Módulo 3 - Aula 1

Preparo das mudas

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Bom, Edu, pra renovar e ampliar minha lavoura, sei que vou precisar de mudas. Já sei que
posso conseguir mudas plantando a semente, por estaquia ou por enxertia, mas será que
essas técnicas não são muito complicadas pra uma iniciante? Lembre que eu quero um
resultado de alta qualidade!

- Gabi, é muito possível que você produza mudas no sítio Santo Isidoro! Mas vamos cuidar
pra fazer uma seleção genética boa, buscando uma ótima planta-mãe, combinado?

Produzir mudas em viveiro é uma técnica usada como forma de obter maior produtividade no primeiro
período de crescimento das plantas. As mudas são facilmente produzidas e têm baixo custo. Tanto para
pequenos quanto para grandes produtores, conhecer como funciona a instalação de viveiros de produ-
ção de mudas de cacaueiro é essencial para avaliar a melhor alternativa para a realidade da sua fazenda.

Produção de mudas em viveiro


Como vimos no módulo anterior, o cacaueiro pode ser reproduzido por propagação sexuada (sementes)
ou assexuada (vegetativa, por estaquia ou enxertia). O intuito é sempre obter mudas com alta produti-
vidade, tolerantes ao estresse hídrico e resistentes às principais doenças, como a vassoura-de-bruxa, a
podridão-parda e o mal-do-facão. Essas e outras doenças serão abordadas no Módulo 4.

Qualquer produtor pode produzir mudas de cacau, desde


que para uso próprio, e não para comercialização.

Para conseguir boas mudas, alguns aspectos técnicos


devem ser observados, como a instalação de viveiros, os
métodos de produção de mudas e os tratos culturais.

Tudo isso, você vai aprender neste curso.

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Atenção!
Para as mudas provenientes de estaquia, desde 2007, o Mapa (Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abastecimento) recomenda que os viveiros comerciais tenham cer-
tificação, uma garantia da qualidade genética e sanitária das mudas ali produzidas.

O substrato
O primeiro passo para a produção de mudas em viveiro é ter um bom substrato, que vai fornecer o ne-
cessário para o cacau se desenvolver forte e saudável.

O substrato usado para mudas seminais é chamado de terriço e é composto por solo, areia, matéria
orgânica, fertilizantes químicos e calcário. Ele pode ser produzido pelo produtor ou adquirido comercial-
mente por empresas especializadas. Caso seja produzido na propriedade, você deve considerar alguns
atributos. Confira:

Prefira solos ricos Use materiais orgâni-


em matéria orgânica, cos como pó de serra,
livre de pragas (prin- casca de amêndoa de
cipalmente formigas cacau decomposta, es-
e cupins) e isento de terco animal (bovino
sementes de plantas ou de aves) curtido.
invasoras.

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Misture os componen- Prepare os sacos com
tes para preparação terriço para recebi-
do terriço. mento das sementes.

Vale dizer que o uso de materiais orgânicos no terriço melhora a porosidade do substrato e a infiltração
de água, fornecendo nitrogênio e possibilitando uma melhor penetração da raiz.

O substrato usado para mudas por estaquia deve ser adquirido em casas agropecuárias e é específico
para este fim, já que o terriço não tem características adequadas para promover o bom desenvolvimento
do sistema radicular das estacas.

No viveiro, em canteiros, posicione os sacos de polietileno


com fundo perfurado preenchidos com terriço.

Para conservar a umidade e controlar as plantas invasoras,


acrescente uma fina camada de serragem à superfície dos
sacos.

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Tratos culturais
Os tratos culturais no viveiro devem ser rotineiros e seguir orientações específicas. Confira a seguir:

Irrigação das mudas

A irrigação varia de acordo com o estágio da planta. Siga este cronograma:

⚫ nos primeiros 30 dias: duas regas por dia;


⚫ entre 30 e 90 dias: uma rega por dia; e,
⚫ 90 dias após semeadura: uma rega em dias alternados.

Adubação das mudas

A adubação foliar deve ser quinzenal.

Use um pulverizador manual com 0,05% ureia, que é fonte de N (50 g de adubo para 10 litros
de água).

A adubação com nutrientes pode ser feita 45 dias após a germinação.

Controle de plantas invasoras nos viveiros

Assim que notar a presença de plantas daninhas, aplique o método de controle mais adequado,
que poderá ser feito de forma manual (arranquio), mecanizado ou químico. No último caso,
deve, obrigatoriamente, seguir recomendação técnica.

Controle de doenças nos viveiros

As principais doenças são causadas por fungos patogênicos que infectam tanto as folhas novas
quanto os tecidos mais maduros e podem causar danos irreversíveis.

Os mais comuns são os gêneros Phytophthora, Colletotrichum e Moniliophthora.

O manejo de controle consiste em:

⚫ diminuição das regas;


⚫ eliminação de plantas doentes;
⚫ redução do sombreamento;
⚫ uso de fungicidas comerciais a base de cobre (devem ser registrados no Mapa e depen-
dem de recomendação técnica).

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Controle de pragas nos viveiros

Em viveiros, é comum o aparecimento das pragas. Fique atento a:

⚫ Brocas-da-muda: pequenos besouros que formam galerias circulares nas mudas e podem
levá-las à morte.
⚫ Cochonilhas e ácaros: causam o amarelecimento das folhas e queda dos primórdios folia-
res.
⚫ Vaquinhas: se alimentam da extremidade apical do ramo e causam danos significativos.

Atenção!
O controle deve ser feito de forma preventiva, de forma a monitorar as mudas e ob-
servar a incidência dos insetos. Em caso de infestações acima do dano econômico,
use inseticidas recomendados por um técnico, registrados no Mapa.

Instalação do viveiro
Os viveiros podem ser classificados em dois tipos, a depender da quantidade de mudas a serem produzi-
das, veja a seguir:

Viveiro permanente Viveiro provisório


Trata-se de um local para produção de mudas É usado para acondicionar as mudas por um
em grandes quantidades, geralmente para curto período até o plantio para abastecer,
fins comerciais. A construção com materiais exclusivamente, a demanda da propriedade, ou
mais resistentes torna as instalações mais seja, não tem fins comerciais. Pode ser constru-
duradouras. ído com materiais alternativos, como bambu,
palha e sombrite.

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Vá além!
Nos viveiros permanentes, o produtor precisa seguir todos os procedimentos em
relação à produção e à comercialização de mudas conforme determinação legal.

Clique nos títulos e confira as leis na íntegra:

Lei n.º 10.711, de 5 de agosto de 2003.

Decreto n.º5.153, de 23 de julho de 2004.

Confira também como fazer o registro:

Inscrição no Renasem

Registro no RNC

Para construir um viveiro, independentemente do tipo, é preciso considerar a localização e o dimensio-


namento.

A localização do viveiro é definida por algumas características:

⚫ o terreno deve ser plano ou com inclinação de até 3%;


⚫ o solo precisa ser permeável para evitar o encharca-
mento, com textura arenoargilosa;
⚫ a irrigação das mudas deve ser feita com água prove-
niente de boa fonte de captação, próxima ao viveiro;
⚫ o local deve ser próximo das áreas de plantio para faci-
litar o transporte e a distribuição das mudas; e,
⚫ deve dispor de energia elétrica.

Confira o dimensionamento mais adequado dos viveiros:

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Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.

Quer saber quais são as dimensões adequadas para um viveiro oferecer boas condições de
cultivo? Então, acompanhe!

O viveiro deve comportar canteiros para todas as mudas que se deseja produzir, com uma
margem de sobra de aproximadamente dez por cento. Então, se você quer produzir dez mil
mudas, deverá construir um viveiro que comporte por volta de onze mil plantas.

Um metro quadrado de canteiro suporta até cinquenta mudas em sacos plásticos de trinta
e cinco por quinze centímetros. Os canteiros devem ter um metro de largura por dez
metros de comprimento e ser separados por ruas com oitenta centímetros de largura,
tamanho adequado para transitar com ferramentas ou equipamentos de transporte, como
carrinho de mão, por exemplo.

Os corredores devem ter um metro e vinte de largura, localizados na extremidade do vivei-


ro, de modo que permita o trânsito de veículos de transporte maiores, como carretinhas
de reboque. A cobertura do viveiro deve ter dois metros e meio de altura, estruturada por
esteios distanciados a três metros um do outro. Faça a cobertura com tela sombrite de lu-
minosidade cinquenta por cento para viveiros permanentes. Se você estiver preparando um
viveiro provisório, pode optar por cobertura de bambu ou palha. Use mourões de madeira
ou concreto para sustentar a cobertura e feche as laterais numa altura de um metro com
cercas para evitar a entrada de animais e pessoas não autorizadas. Utilize cercas vivas para
diminuir o vento, plantando bananeira, eucalipto ou capim-elefante.

Muito bem! Agora você tem todos os conhecimentos necessários para a instalação de um
viveiro.

Produção das mudas


No módulo anterior, você aprendeu os conceitos básicos da produção de mudas. Mas, nesta aula, vamos
aprofundar esses conhecimentos. Para tanto, vamos retomar e detalhar alguns aspectos. Acompanhe!

Existem vários tipos de mudas que podem ser usadas: clonais, de estaca enraizada, seminais, de varieda-
des tradicionais, seminais enxertadas com enxertos tolerantes (que têm elevado potencial produtivo),
dentre outras. A escolha vai depender da estratégia adotada e dos objetivos do produtor, além da capa-
cidade de manejo do agroecossistema. Vamos abordar essas estratégias.

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Diz o Currículo…
De acordo com o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, você deve usar ma-
terial propagativo adequado e recomendado tecnicamente, de origem conhecida,
levar em conta as especificidades edafoclimáticas da região onde será usado e seu
potencial produtivo.
Não deixe de prestar atenção a todos esses itens!

Produção de mudas a partir de sementes


Produzir mudas a partir de sementes é uma técnica de fácil manejo. As sementes germinam de forma
rápida, e, logo, as plântulas surgem no viveiro. As mudas obtidas por semente são usadas principalmente
como porta-enxertos. Devem ser observados atributos como:

⚫ tamanho e desenvolvimento uniforme;


⚫ excelente vigor vegetativo;
⚫ boa sanidade;
⚫ presença de 5 a 8 pares de folhas;
⚫ caule com diâmetro de 0,7 a 1 cm; e
⚫ idade de 4 a 6 meses.

Atenção!
Alguns clones são mais indicados para o método de enxertia por serem resistentes
ao mal-do-facão (Ceratocystis): o TSH 1188, o Cepec 2002 e o cacau comum (pará,
parazinho, entre outros).

Mas como a produção é iniciada? Descubra agora!

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Na prática

Primeiro, as sementes são retiradas de frutos maduros, e as


extremidades dos frutos são eliminadas, pois as sementes
dessas regiões têm baixa viabilidade. Em seguida, é feita a
limpeza. É retirada a polpa por completo, e feita a secagem
em local ventilado e sombreado por até 24 horas.

Depois, pode-se fazer a pré-germinação, para que a se-


mente emita sua raiz embrionária (radícula). Isso é feito
em canteiros reduzidos, chamados sementeiras, em sacos
que contêm substrato na proporção 2:1, ou seja, duas me-
didas de serragem e uma medida de areia. Por exemplo:
100 kg de serragem para 50 kg de areia.

As sementes são colocadas nesse local e cobertas com


o substrato, com a parte mais larga da semente voltada
para baixo. A irrigação deve ser feita de modo a manter o
substrato sempre úmido, mas não encharcado.

Após cinco dias, transplante as sementes para os sacos (ou


tubetes) com terriço e enterre, aproximadamente, 1 cm
da semente. As mudas são colocadas nos canteiros uma ao
lado da outra e irrigadas imediatamente.

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O trato cultural demanda monitoramento diário para
que se observe o aspecto e o aparecimento de plantas
invasoras, pragas, doenças e retirada de mudas mortas ou
tombadas.

Produção de mudas por enxertia e estaquia (clones)


Você já sabe o que esses termos significam, pois já estudamos no módulo anterior. Vale lembrar que a
propagação vegetativa, por meio de enxertia e estaquia, pode ser feita a partir de diversas partes da
planta-mãe, como galhos, hastes ou ramos. Uma das vantagens é a obtenção de clones com excelente
produtividade, vigor e tolerantes a doenças e pragas.

Agora, você vai saber detalhadamente como esses processos acontecem. Vamos começar com a enxertia.

Enxertia
O porta-enxerto (cavalo) pode ser obtido de viveiros credenciados, a partir de mudas seminais prontas
para enxertia, isentas de doenças e com excelente vigor. Você pode produzi-las a partir de sementes,
como descrito anteriormente.

A coleta dos enxertos é feita em plantas matrizes, de jardins


clonais ou até mesmo na própria área de produção.

Primeiro, são retirados hastes, galhos ou ramos plagiotrópi-


cos (de onde sai a almofada floral). O comprimento deve ser
de 50 cm, o diâmetro de 1 cm e um pouco lenhoso.

O enxerto é dividido em garfos com 15 cm de comprimento


e de 3 a 4 gemas.

A enxertia, ou seja, a união do porta-enxerto com o enxerto pode ser do tipo garfagem em fenda cheia ou
meia-fenda, brotos basais ou de topo. Agora, conheça as peculiaridades da garfagem em fenda cheia.

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Usam-se mudas se- O corte no garfo é fei- O garfo é unido ao
minais com 1 cm de to dos dois lados que porta-enxerto e apli-
diâmetro, cortadas a não têm as gemas. cada uma solução com
uma altura de 20 a 30 Assim, forma-se uma fungicida.
cm. Segue-se um cor- cunha.
te transversal centra-
lizado a uma profun-
didade de 3 cm para a
abertura da fenda.

A amarração é feita É necessário formar


com um filme plástico uma “câmara úmida”.
no sentido da extremi- Para tanto, é colocado
dade superior para a um saco plástico so-
extremidade inferior. bre a muda, que, em
seguida, é amarrado.
21 dias após a enxer-
tia, o saco pode ser
retirado.

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A B

A enxertia em meia-fenda é indicada quando o garfo tem


diâmetro menor que o do porta-enxerto.

Os procedimentos são iguais aos da técnica de fenda cheia.


A única diferença é no formato do corte no garfo, do tipo
bisel (diagonal).

Já a enxertia em brotos basais é indicada para a renovação de plantações com cacaueiros em decadên-
cia ou improdutivos. Para tanto, são usadas variedades tolerantes a doenças e de elevada produtividade
para substituir a copa de plantas velhas. Veja como deve ser feita:

⚫ use galhos grossos ou do próprio tronco do cacaueiro


com idade inferior a 15 anos, por meio de um corte em
uma parte da planta sadia;
⚫ os enxertos devem ser cortados no formato bisel e
inseridos na fenda aberta no tronco da árvore;
⚫ a área deve ser protegida com uma fita plástica e um
saco plástico transparente;
⚫ a planta adulta deve estar isenta de doenças e pragas;
e
⚫ os brotos devem ser jovens; pode-se usar a técnica de
garfagem de topo em fenda (para brotos com diâme-
tro inferior a 2 cm) ou de garfagem de topo lateral
(para os brotos maduros, com diâmetro superior a 2
cm).

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Estaquia
As estacas são usadas para o enraizamento das mudas, conheça esse processo.

Coleta

A coleta deve ser feita no início da manhã. Retire os ramos plagiotrópicos a uma distância de 30
cm da extremidade do ramo. Em seguida, os ramos devem ser transportados para o viveiro para
que seja feito o estaqueamento.

Substrato

O substrato adicionado aos tubetes deve ser específico para a produção de estaquias: leve, poro-
so e capaz de reter a umidade. Ele deve ser adquirido em casas de agropecuária e ter nutrientes
minerais na sua composição.

Preparação

Antes do estaqueamento, as estacas são cortadas em garfos com 16 cm de comprimento e 5


gemas. Nesse momento, é necessário o uso de um indutor de enraizamento, o chamado fitormô-
nio. Um exemplo é o ácido indolbutírico (AIB).

Estaqueamento

Durante o processo, borrife água sobre as estacas para que se mantenham túrgidas. O indutor
deve ser colocado apenas na base dos garfos. Então, os ramos são colocados nos tubetes a uma
profundidade de 5 cm e acondicionados no interior do viveiro até a completa formação da muda.

Caso você não queira ou não possa produzir mudas, elas podem ser adquiridas de viveiros licenciados.
Mas como é esse processo? Descubra a seguir!

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podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Posso comprar mudas de cacaueiro?

Sim! Você pode adquirir mudas para enxertar ou já enxertadas. Mas atenção: compre
sempre de viveiros com certificação. As mudas devem possuir Certificado Fitossanitário de
Origem e Guia de Trânsito Vegetal, documentos que asseguram a qualidade e a sanidade.
Sempre peça Nota Fiscal de Venda ao viveirista, ela é a sua garantia da qualidade genética e
fitossanitária!

Transporte as mudas cuidadosamente para não danificar as folhas e o caule. Chegando na


sua propriedade, você já pode plantar no campo. Se não conseguir fazer isso imediatamen-
te, deixe as mudas em um viveiro ou local com características parecidas.

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E na sua porteira?
Esta aula teve por objetivo apresentar como deve ser feita a instalação de
viveiros de produção de mudas de cacaueiro. Você aprendeu sobre:

⚫ a produção de mudas em viveiro;


⚫ a instalação do viveiro;
⚫ a produção das mudas; e
⚫ a manutenção das mudas.

Agora, diante do cenário que foi apresentado e pensando na sua realidade, registre quais
conhecimentos podem ser aplicados à sua propriedade.

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, acho que encontrei um caminho. A enxertia por


meio de brotos basais vai permitir que eu renove minha lavoura
sem precisar plantar novos cacaueiros, que levariam anos para
estabelecer suas raízes!

Agora, avance para a Aula 2 para conhecer os fatores relevantes para a escolha da localização ideal para
implantação definitiva dos cacaueiros.

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Fonte: IdeflorBio

Módulo 3 - Aula 2
Escolha da área

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
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- Edu, já encontrei um caminho pra renovação da lavoura que tenho: usando a enxertia com
brotos basais. Mas quero ir além: não seria ótimo aumentar a área de cultivo? Sem dúvidas
você tem orientações valiosas pra que eu faça essa ampliação, né?

- Claro, Gabi, vamos dar uma olhada no sítio e ver quais áreas seriam mais vantajosas pra
essa ampliação!

Nas aulas anteriores, você aprendeu sobre a botânica do cacaueiro, os diferentes sistemas de cultivo
e, principalmente, como produzir as mudas de cacau, com foco nas diferentes técnicas, como o uso de
sementes ou clones (na enxertia e estaquia).

Pois bem, todos esses conhecimentos são muito importantes, mas, na prática, podem ser postos a
perder se as mudas não forem implantadas numa área adequada para a lavoura. Isso mesmo! A escolha
da área é muito importante e, nesta aula, você vai aprender todos os aspectos que precisa observar ao
iniciar sua plantação de cacau.

Aspectos favoráveis à implantação


do cacaueiro
Antes de fazer o plantio das mudas, é necessário identificar e preparar o local para o cultivo do cacauei-
ro. O recomendado é que o local seja próximo ao mercado consumidor, o que viabiliza a comercialização
do produto, diminui os custos, facilita o trabalho e contribui para uma melhor gestão da propriedade.

Mas existem outros aspectos a serem observados. Alguns fatores são determinantes para o sucesso do
cultivo de cacau: a região onde a lavoura vai ser implantada deve ter clima, solo, ventos, chuvas e umi-
dade propícios ao cultivo. Além disso, deve ter topografia adequada e dispor de energia elétrica. Vamos
conhecer esses aspectos mais a fundo.

Clima
Você já sabe que o cacaueiro é uma planta que surgiu na região equatorial, em áreas sombreadas e com
umidade abundante. Em termos mais práticos, para um bom plantio, é preciso:

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Precipitação
Umidade relativa Temperaturas
pluviométrica média/ano
+70% +21°C
1500mm

Boa luminosidade Ventos fracos

Mas, e se sua propriedade não está nessas condições, tudo está perdido? Descubra a resposta agora!

podcast
Direto do campo
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O clima da minha propriedade não é o ideal. Consigo plantar os cacaueiros?

Sim, é possível cultivar cacaueiros em condições climáticas diferentes, sob algumas condi-
ções. No Semiárido e no Cerrado do Brasil, você deverá fazer irrigação e fertirrigação, usar
cercas vivas para barrar o vento e escolher variedades mais produtivas. Se houver ventos
fortes, utilize quebra-ventos plantando pinus, eucalipto, bambu, bananeira ou capim-ele-
fante, por exemplo. Isso evita tombamento, queda das flores e frutos e aumento no consu-
mo de água.

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Tipo de solo
Confira as características de solo mais adequadas para o cacaueiro.

A profundidade deve Deve ter textura


ser superior a 1 m, arenoargilosa ou
sem camadas compac- argiloarenosa (textura
tadas. mediana).

Não deve haver ocor- Deve ser rico em


rência de encharca- matéria orgânica para
mento ou problemas propiciar o melhor
de drenagem. desenvolvimento ao
sistema radicular das
plantas.

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Atenção!
A análise química do solo é muito importante! A amostra de solo deve ser obtida
de um local homogêneo, a uma profundidade de 20 cm ou de 20 a 40 cm. O resul-
tado da análise vai auxiliar nas práticas de calagem e adubação, para correção de
acidez e fertilidade, respectivamente.

Relevo
O relevo da área também deve ser analisado. O mais adequado são terrenos com relevo plano ou leve-
mente ondulado (declividade de até 5%). Essas características facilitam os tratos culturais do cacaueiro.

Caso o plantio seja feito em encostas, é necessário o uso de


práticas de conservação do solo, como o plantio em curvas
de nível, cobertura permanente do solo ou cobertura morta
(mulching) e o preparo manual da área.

Observadas essas características, a área poderá ser dividida em hectares (ha), em quadras, glebas ou
talhões, de acordo com a topografia, o solo, a vegetação e a idade da lavoura, caso já exista no local. Isso
facilita o manejo, as práticas culturais e a colheita.

Diz o Currículo…
Sobre a gestão ambiental, o Currículo de Sustentabilidade do Cacau faz algumas
recomendações durante o planejamento. Confira:

⚫ não deve haver desmatamento ou degradação da floresta primária e/ou flo-


resta secundária desde 2008, a menos que estejam disponíveis licenças am-
bientais governamentais;
⚫ não use lenha ilegal;
⚫ destine adequadamente os resíduos sempre que possível, promova a recicla-
gem e a compostagem, evite a queima; e
⚫ não lance efluentes poluentes, inclusive esgoto doméstico, diretamente em
corpos de água e buscando dar-lhes destinação adequada.

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E na sua porteira?
Esta aula trouxe muitas informações sobre os aspectos favoráveis à im-
plantação do cacaueiro.

Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: algum as-


pecto da produção pode estar inadequado às necessidades dessa cultura?
Você poderia fazer algo a respeito?
Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.
Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

Pois é! No meu caso, localizamos uma área com relevo interes-


sante, mas a análise do solo indicou que precisarei fazer algum
investimento para corrigir a acidez e a fertilidade. Ter o Edu por
perto vai ser fundamental para que a ampliação da minha lavoura
dê bons resultados financeiros.

Agora, avance para a Aula 3 para conhecer como deve ser feita a preparação da área.

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Módulo 3 - Aula 3
Preparo da área

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Edu, que bom te receber aqui no viveiro. Você viu como as nossas mudas estão crescidas?

- Sim, foi um belo trabalho, hein? Logo elas estarão prontas pro plantio, então precisamos
preparar o terreno pra esse momento.

- Imagino que isso seja importante para que os cacaueiros se tornem muito produtivos, né?

- Importante demais, Gabi, essa é uma etapa fundamental.

Para preparar a área onde será implantado o cultivo de cacau, deve-se considerar o sistema de plantio a
ser usado: cabruca ou outro modelo de SAF. A escolha vai depender do tipo de cobertura vegetal exis-
tente na área e das condições do produtor para instalar e manter o modelo selecionado.

Diz o Currículo…
Você não deve produzir cacau ilegalmente em Unidades de Conservação de Prote-
ção Integral, terras públicas em geral, terras indígenas e comunidades quilombolas,
segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau. Escolher o local adequado
para sua lavoura é uma prática fundamental.

Tipos de preparo
Você sabia que, até a década de 1990, antes da Lei da Mata Atlântica e do Código Florestal Brasileiro, a
queima da vegetação para instalação de novas áreas era prática normal?

Hoje, sabe-se que é preciso atentar-se à conservação do meio ambiente, evitar a queima e o desmata-
mento e preservar mananciais, matas ciliares e outras áreas de proteção permanente, como Áreas de
Preservação Permanentes (APPs) e Reservas Legais (RLs).

Por isso, o preparo da área deve fazer uso de práticas que foquem na conservação da água e do solo,
como:

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⚫ o terraceamento e o plantio em curva de nível;
⚫ a manutenção da cobertura permanente do solo;
⚫ os cordões de contenção;
⚫ o uso de máquinas apenas em regiões onde o declive
for menor que 10%.

A limpeza é necessária para facilitar os próximos passos do preparo do solo, que consiste em: aração,
gradagem, subsolagem (em casos de compactação subsuperficial), correção do solo e adubação. Confira
como essas etapas devem ser conduzidas:

Na prática

O primeiro passo é a limpeza manual ou mecanizada. De-


ve-se fazer a remoção das plantas indesejáveis presentes
na área e, depois, remover suas raízes (destoca completa).
As árvores de copas mais altas devem ser mantidas.

A aração consiste em revirar as camadas do solo (até 20


cm) para descompactação superficial, aumentar sua poro-
sidade, controlar as plantas invasoras e incorporar restos
culturais.

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Na sequência, temos a gradagem, cujo objetivo é nivelar
a superfície do solo e incorporar calcário e gesso a fim de
corrigir o pH.

Abaixo dos 20 cm, pode haver áreas com camadas com-


pactadas, que impedem a infiltração de água e prejudicam
o crescimento radicular do cacaueiro. Nesses casos, é usa-
do um subsolador, implemento que rompe as camadas
do solo em uma profundidade de até 40 cm.

Análise e correção do solo


Após o preparo, amostras de solo devem ser coletadas e analisadas para verificar a fertilidade da área.
Ela vai indicar o pH, os nutrientes e outros elementos presentes.

Diz o Currículo…
Não deixe de estabelecer um plano de nutrição e correção de solo de acordo com
recomendação técnica baseada na análise periódica. Essa é uma prática prioritária,
de acordo com o Currículo de Sustentabilidade do Cacau.

Para essa amostragem, são necessárias algumas ferramentas: trado holandês, pá reta ou enxadão, balde
e saco plástico, confira a seguir.

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Na prática

Cada porção de solo coletada é chamada de “amostra sim-


ples”, e a união de todas elas, quando homogeneizadas,
resulta na “amostra composta”.

Para garantir a representatividade da área, deve-se ter


pelo menos 20 amostras simples, que compõem uma
amostra composta, com aproximadamente 500g.

Para coletar amostras simples, caminhe em zigue-zague


por toda a área, use o trado holandês e armazene o solo
no balde plástico.

Devem ser coletadas amostras em duas profundidades


diferentes, de até 20 cm e de 20 a 40 cm, pois o cacaueiro
é uma planta perene.

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Colete as amostras simples de cada profundidade e use
baldes diferentes para conseguir a amostra composta.

Ao fim da coleta, misture o conteúdo do balde para homo-


geneizá-lo. O resultado será uma amostra composta.

Coletada a amostra composta, coloque-a em um saco plás-


tico, identifique cada uma e encaminhe-a para o laborató-
rio que fará a análise.

Mas o que fazer com o resultado dessa análise? Conheça a resposta a seguir!

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podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Enviei a amostra para a análise. E agora?

A interpretação da análise deve ser feita por um profissional capacitado, com registro no
conselho de classe. Ele indicará como corrigir o pH por meio da adição de calcário, indican-
do o tipo e a quantidade a ser aplicada. Em geral, essa ação deve ser feita dois meses antes
do plantio, então envie suas amostras para análise o quanto antes!

Diz o Currículo…
De acordo com o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, é uma prática prioritária
adotar técnicas de conservaçãodo solo no plantio e na condução do cacau, sem per-
der de vista a taptidão edafoclimática (relativo ao solo e clima). Atente-se sempre à
conservação do solo e à aptidão.

Conheça mais detalhes sobre a calagem, a adição de calcário ao solo para corrigir seu pH.

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Na prática

Para o plantio de cacau, o pH entre 5,8 e 6,2 é o ideal.


Caso você precise adicionar calcário ao solo para chegar
a este resultado, saiba que poderá usar o dolomítico ou o
calcítico, a depender da recomendação técnica.

A aplicação deve ser feita em toda a área e em cobertura


do solo. Posteriormente, deve ser incorporada ao solo
com a grade. Tudo isso deve ser feito dois meses antes do
plantio. Porém, em alguns casos, é aceitável a aplicação na
cova de plantio, com efeito restrito àquele local.

Como o calcário é pouco móvel no solo, em caso de eleva-


da acidez nas camadas mais profundas, uma boa alterna-
tiva é o uso de gesso. Como ele é mais móvel no solo que
o calcário, consegue corrigir a acidez em profundidade.
Assim, é favorecido o aprofundamento das raízes do cacau
e a captação de água e nutrientes.

Balizamento
Antes do plantio das mudas, é necessário demarcar a área de modo a indicar as linhas de plantio. Essa
operação, conhecida também como alinhamento, possibilita a localização exata das covas ou dos sulcos
para o plantio do cacau.

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As balizas (tocos de árvores, estacas ou outros materiais) são usadas para marcar a posição das covas em
que as mudas de cacau e outras espécies (em caso de SAF) serão plantadas. Para as mudas de cacau, o
recomendado é usar um espaçamento de 3 x 3 m (o que resulta em 1.111 plantas/ha) ou 4 x 3 m (833
plantas/ha).

O balizamento correto permite um melhor aproveitamento


da área, que resultará no desenvolvimento uniforme das
copas e facilitará o manejo e a colheita do cacau.

Em terrenos planos, as linhas de plantio devem seguir o


sentido leste-oeste, ou seja, o nascer e pôr do sol.

Em terrenos declivosos, é indicado o plantio em curvas de


nível, para garantir a incidência adequada de luz. Nunca
plante “ladeira abaixo”, no sentido do declive do terreno.

Atenção!
Aproveite este momento para planejar a implantação do sistema de irrigação a fim
de suplementar o fornecimento de água. O ideal é que seja com microaspersores ou
gotejamento, ok?

Preparo das covas e plantio das mudas


A próxima etapa é a demarcação das covas ou dos berços a partir da limpeza local, com a retirada de
plantas invasoras. Confira os passos desse procedimento.

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40cm

40cm

01 02 03 04 05

As covas são abertas nas A adubação de fundação O passo seguinte é o É aconselhável fazer o uso O tutoramento de
dimensões de 40 x 40 x 40 é feita durante a plantio nas covas, em de cobertura morta para mudas pode ser feito
cm com auxílio de pás, abertura das covas e usa que se pressiona o solo proteger o sistema com tutor ou vara de
enxadecos ou cavador; ou fertilizantes químicos ou em torno da muda. radicular da muda e madeira para manter a
mecanizada, com um orgânicos, de acordo manter a umidade muda erguida e evitar o
perfurador de solo com as recomendações adequada, a fim de evitar tombamento pela ação
acoplado ao trator. técnicas de um perdas por evaporação. do vento.
especialista.

Para utilizar cobertura morta, cubra o solo ao redor da cova com material seco, como capim, palha de
feijão, de milho ou de café.

Manutenção no primeiro ano do plantio


Depois do plantio, tem-se início a fase do cultivo, na qual é necessário fazer uso de algumas técnicas de
manejo, próprias para que o cacaueiro se desenvolva e chegue ao ponto de colheita. Esse manejo inclui
cuidados com o sombreamento e o controle de plantas invasoras, por exemplo. Confira agora os pontos
que precisam da sua atenção nesta etapa!

Manejo do sombreamento
Conforme o cacaueiro cresce, precisa de cada vez menos sombra. Em certo momento, o sombreamento
em excesso prejudica a produção, pois, ao reter mais umidade e tornar as temperaturas mais amenas,
favorece o desenvolvimento de doenças.

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Por isso, é necessário fazer o manejo do sombreamento,
com o raleamento progressivo da sombra.

O raleamento consiste na retirada de plantas que causam


sombreamento em excesso sobre o cacau a fim de man-
ter as condições ideais para o desenvolvimento da cultura
principal.

Quer saber mais detalhes sobre como o sombreamento deve ser feito? Então, confira a seguir!

Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.

Agora, vamos conversar sobre o manejo do sombreamento na cultura do cacau. Acompa-


nhe!

O manejo de sombra deve ser realizado em todos os sistemas de plantio e é importante


para fornecer a luminosidade adequada de acordo com a etapa de desenvolvimento do ca-
caueiro. Quando a muda é recém-plantada, precisa de mais sombra. Isso porque o excesso
de raios solares acelera seu metabolismo e faz com que consuma mais água e nutrientes do
solo. A radiação solar intensa pode também tornar as flores do cacaueiro inférteis.

Dois meses após o plantio definitivo das mudas, deve ser feito o raleamento leve da vege-
tação de sombreamento provisório, caso da bananeira e do feijão-guandu. Isso vai permitir
mais entrada de luz à planta.

Aos sete meses, deve ser feito o coroamento ao redor do cacaueiro. Você vai remover
totalmente as plantas de sombreamento provisório, deixando os resíduos ali mesmo, para
melhorar a umidade e a proteção do solo. Isso também contribui com aspectos químicos e
físicos do solo.

Já na fase adulta, quando a planta está em plena produção, é necessário um sombreamen-


to definitivo, fornecido por árvores de maior porte, que vão influenciar na quantidade de
luz disponível e na ventilação da lavoura. O raleamento deve ser feito conforme a planta
for ganhando maturidade, permitindo a adaptação das copas às novas condições de luz.

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Se você estiver recuperando uma lavoura já implementada e com baixa produtividade,
atenção! O raleamento é uma das práticas com maior impacto na produtividade do ca-
caueiro.

Fique atento ao sombreamento da sua lavoura e colha excelentes resultados!

Vá além!
Aprofunde seus conhecimentos sobre o assunto: assista a um vídeo sobre o manejo
de plantas exóticas na cabruca para o aumento de produtividade do cacau. Clique aqui
e confira!

Controle de plantas invasoras no cacaueiro


O controle de plantas invasoras exige atenção durante o ano todo. Esse é um dos itens que mais impac-
tam o custo operacional de produção. As operações para controle de plantas invasoras podem ser feitas
com técnicas de controle físico, biológico ou químico. Confira:

Controle físico manual

É feito por meio de capina ou roçagem. Veja a diferença:

⚫ Capina: as plantas daninhas são retiradas com o sistema radicular, para conter o seu cresci-
mento.
⚫ Roçagem: o corte é feito rente ao solo, e retirada apenas a parte aérea das plantas.

Essas técnicas são eficientes, mas têm baixo rendimento e elevado custo com mão de obra. Por
isso, são mais indicadas para pequenas e médias propriedades; áreas declivosas, onde a mecani-
zação não é possível; e, em plantios mais adensados.

Controle físico mecânico

Pode ser feito com grade cultivadora, enxada rotativa ou roçadeira acoplada ao trator. A vanta-
gem é o excelente rendimento, pois há economia de tempo e recursos.

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Controle biológico

Consiste no uso de tecnologias naturais, que mantêm a população de plantas invasoras em níveis
baixos o suficiente para que não causem danos econômicos. Um exemplo é a alelopatia, obtida
com o uso de coberturas vivas ou mortas.

Controle químico

Consiste no uso de herbicidas registrados no Mapa. Devido à praticidade e ao baixo custo, esse
método é bastante usado nas lavouras, principalmente no estabelecimento da cultura no campo.
Os riscos e os benefícios do uso do produto devem ser avaliados por um profissional habilitado,
devido à sua forma de uso e à presença de outras culturas sensíveis ao ingrediente ativo.

Você viu que um exemplo de controle biológico é a alelopatia. Mas você sabe o que é isso? Descubra agora!

podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

O que é alelopatia?

A alelopatia é a influência exercida por uma planta ou microrganismo em outras plantas, seja
inibindo ou estimulando sua germinação ou crescimento. Essa influência se dá por meio de
substâncias que são secretadas no solo. Você pode utilizar a alelopatia a seu favor utilizando
coberturas vivas, com o plantio de feijão-de-porco, ou mortas, por meio da palhada.

Conheça algumas dicas práticas para usar a alelopatia na sua lavoura de cacau.

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Na prática

Para a alelopatia ter efeito, deve-se ter um volume signi-


ficativo da planta de cobertura, que deve ser renovado
periodicamente.

No caso da cobertura viva, podem ser usadas espécies


como feijão-de-porco, mucuna-preta ou crotalária planta-
das nas entrelinhas da lavoura de cacau ou no sistema de
consórcio com a cultura. Essas plantas favorecem a incor-
poração de nutrientes no solo.

Já o uso da cobertura morta é feito pela formação de


palhada, que inibe a germinação e a emergência de plan-
tas invasoras. A palhada pode ser composta pelas próprias
invasoras ou por outras espécies e contribui, de forma sig-
nificativa, para o incremento de matéria orgânica no solo.

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E na sua porteira?
Nesta aula, você ficou sabendo mais sobre o preparo da área para implan-
tar sua fazenda de cacau! Você aprendeu sobre:

⚫ os tipos de preparo da área;


⚫ a análise e a correção do solo;
⚫ o balizamento;
⚫ o preparo das covas;
⚫ o plantio das mudas; e
⚫ a manutenção no primeiro ano do plantio.

Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: algum aspecto da produção
pode estar inadequado às necessidades dessa cultura? Você poderia fazer algo a respeito?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

Na área em que vou plantar as mudas, já foi feita a aração e a gra-


dagem. Pela análise que o Edu fez, não vamos precisar do subso-
lador. Preciso preparar as covas para o momento do plantio, fazer
o balizamento adequado e manter o distanciamento correto para
a SAF que optei por usar no meu sítio: o sistema consorciado de
cacau e coqueiro!

Muito bem!

Depois de todo esse aprendizado, você já pode responder à próxima atividade.

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Atividade
de aprendizagem
Este é um momento de autoavaliação, em que você vai poder refletir e validar o que aprendeu neste
módulo. Leia com atenção a pergunta e, no ambiente virtual de aprendizagem, escolha a resposta ade-
quada.

Atividade de aprendizagem
Questão 1
Em relação à produção de mudas de cacau, existem dois métodos de
propagação: sexuada (sementes) e assexuada (vegetativa). Quanto ao
método de propagação, assinale verdadeiro ou falso:

A produção de mudas de cacau por meio de sementes consiste em usar sementes ob-
tidas de frutos maduros. Elas passam por um processo de limpeza e secagem para que
possam ser semeadas diretamente nos tubetes e mantidas em ambiente aberto.

A propagação vegetativa é uma multiplicação que usa qualquer parte da planta


matriz para a obtenção de novos indivíduos. Uma das desvantagens é que as plan-
tas provenientes desse método apresentam baixa produtividade e vigor no campo
e são mais suscetíveis a doenças e pragas.

A propagação por sementes produz mudas seminais, usadas principalmente para a


produção de porta-enxertos. A técnica é muito viável, devido ao fácil manejo para
seleção, ao tratamento e à velocidade de germinação das sementes e da emergên-
cia das plântulas no viveiro.

Na enxertia, o primeiro passo é a obtenção do porta-enxerto que dará origem ao


sistema radicular da muda enxertada. Em seguida, os garfos (enxertos) podem ser
obtidos a partir de hastes, galhos ou ramos plagiotrópicos, os quais são unidos ao
porta-enxerto e mantidos em viveiro até 60 dias após o procedimento.

A estaquia não é muito usada pelos cacauicultores por produzir mudas pouco está-
veis no campo e muito suscetíveis a doenças, principalmente a vassoura-de-bruxa.
A técnica compreende coletar estacas de plantas de cacau e semear em canteiros
a céu aberto.

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Atividade de aprendizagem
Questão 2
A escolha da área para o plantio de cacau é de extrema importância para
obter sucesso com a atividade agrícola. De acordo com os aspectos a
serem observados na escolha da área, assinale a alternativa correta:

Antes de fazer o plantio das mudas é necessário atentar-se a alguns aspectos


como: proximidade ao mercado consumidor, topografia do terreno, acesso a fonte
de energia e de água.

O cacau é uma planta pouco exigente em água. Assim, os aspectos a serem obser-
vados quanto ao clima são: intensa precipitação pluviométrica (superior a 2000
mm), umidade relativa superior a 85% e temperaturas mais amenas.

A implementação de cacaueiros em áreas agrícolas novas, como o Semiárido e


o Cerrado, não é indicada, já que essas regiões apresentam condições climáticas
inadequadas para a cultura, como excesso de luminosidade e déficit de água.

O tipo de solo ideal para o cultivo de cacau são os profundos, sem camada de
impedimento, de textura argilosa, que melhor armazena água, necessária para o
desenvolvimento do cacaueiro.

Antes do plantio, é aconselhável fazer uma amostragem de solo a uma profundi-


dade qualquer, para que seja possível conhecer seus atributos químicos e físicos.

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Atividade de aprendizagem
Questão 3
O preparo da área é uma das etapas mais importantes e mais trabalhosas
do cacaueiro, pois envolve diversas etapas. No que diz respeito aos atri-
butos necessários para o preparo da área, assinale verdadeiro ou falso:

No preparo da área, não é necessário considerar o tipo de sistema: cabruca ou


derrubada total, pois a área precisa ser limpa e a vegetação, eliminada, indepen-
dentemente do sistema adotado.

Após a aração, a gradagem e a subsolagem, o produtor deve proceder com a


amostragem de solo para que seja feita a correção da acidez e dos nutrientes
presentes no solo.

O balizamento é uma prática crucial, que deve ser feita no momento do trans-
plantio. A principal função é facilitar a localização dos cacaueiros e a condução da
muda em campo.

O manejo do sombreamento depende do sistema adotado (cabruca ou derrubada


completa) e consiste em manejar a sombra ideal para o cacaueiro, pois o sombrea-
mento depende da idade das plantas.

A abertura das covas pode ser feita manual ou mecanicamente. Nesse momento,
é feita a adubação de fundação, de acordo com as recomendações técnicas, e o
transplantio das mudas de cacau.

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