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Carga horária: 30h

Ficha técnica
2023. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR

1ª EDIÇÃO – 2023 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


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Diretora de Educação Profissional e Promoção Social


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Profissional e Promoção Social
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Equipe técnica Senar


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Ficha técnica

SENAR BAHIA

Presidente do Sistema FAEB/SENAR e do Conselho Administrativo


Humberto Miranda

Superintendente do Senar Bahia


Carine Magalhães

Vice-presidente de Desenvolvimento Agropecuário da Faeb


Rui Dias

Vice-presidente Administrativo Financeiro da Faeb


Guilherme Moura

Gerente da Educação Profissional e Promoção Social


Daniela Lago

SUPERVISOR TÉCNICO - GEPPS


Bruno Assis

FUNDO VALE & PARTICIPAÇÕES

Engenheira Agrônoma
Bia Marchiori

Gerente Fundo Vale e Participações


Gustavo Luz

COCOAACTION BRASIL | WORLD COCOA FOUNDATION

Engenheiro Agrônomo – Consultor Técnico


Vitor Stella

Engenheiro Agrônomo – Diretor


Pedro Ronca
Sumário
BOAS-VINDAS!.....................................................................................................5

Atividades......................................................................................................8

MÓDULO 1

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE CACAU..............................................................9

AULA 1 - IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA....................................................12

A origem do cacau e da cacauicultura...........................................................13


A cacauicultura no Brasil................................................................................15

AULA 2 - ASPECTOS BOTÂNICOS E VARIEDADES.............................................21

Botânica do cacaueiro...................................................................................22
Grupamentos genéticos................................................................................29

AULA 3 - MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO...............................................................34

Métodos de propagação...............................................................................35
Propagação por sementes ou seminal...................................................................36
Método de propagação vegetativa.......................................................................40

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM.......................................................................46

ANEXO - CACAU NO BRASIL...............................................................................50


Sumário
MÓDULO 2

SISTEMAS SUSTENTÁVEIS DE CULTIVO............................................................56

AULA 1 - SISTEMA AGROFLORESTAL................................................................58

Objetivos dos sistemas agroflorestais...........................................................60


Classificação dos sistemas agroflorestais......................................................61
Importância socioeconômica e ambiental dos sistemas agroflorestais........63
Benefícios dos SAFs.........................................................................................63
Sistemas agroflorestais com cacaueiros................................................................66
Sistemas permanentes zonais.............................................................................69
Sistemas permanentes mistos.............................................................................71

AULA 2 - SISTEMA CABRUCA..............................................................................76

Conceituação e critérios técnicos..................................................................78


Corte e queima...............................................................................................78
Cabruca.........................................................................................................78
Derrubada total...............................................................................................80
Cabruca tecnicamente formada...........................................................................82
Aspectos legais...............................................................................................83

AULA 3 - SISTEMA PLENO SOL...........................................................................86

Critérios técnicos e sustentabilidade............................................................87


Sumário
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM.......................................................................92

MÓDULO 3

IMPLANTAÇÃO DA CULTURA.............................................................................96

AULA 1 - PREPARO DAS MUDAS........................................................................98

Produção de mudas em viveiro.....................................................................99


O substrato....................................................................................................100
Instalação do viveiro......................................................................................103
Produção das mudas.....................................................................................105
Produção de mudas a partir de sementes..............................................................106
Produção de mudas por enxertia e estaquia (clones)................................................108

ESCOLHA DA ÁREA.............................................................................................114

MÓDULO 3 - AULA 2............................................................................................114

Aspectos favoráveis à implantação do cacaueiro..........................................115


Clima............................................................................................................115
Tipo de solo....................................................................................................117
Relevo..........................................................................................................118

AULA 3 - PREPARO DA ÁREA.............................................................................120

Tipos de preparo............................................................................................121
Sumário
Análise e correção do solo.............................................................................123
Diz o Currículo…..............................................................................................123
Na prática......................................................................................................124
Diz o Currículo…..............................................................................................126
Balizamento...................................................................................................127
Na prática......................................................................................................127
Preparo das covas e plantio das mudas.........................................................128
Atenção!........................................................................................................128
Manutenção no primeiro ano do plantio.......................................................129
Manejo do sombreamento.................................................................................129
Controle de plantas invasoras no cacaueiro............................................................131
Vá além!........................................................................................................131
Na prática......................................................................................................133

MÓDULO 4

MANEJO DA LAVOURA........................................................................................139

AULA 1 - ADUBAÇÃO...........................................................................................141

Adubação/nutrição de cacaueiros.................................................................142
Adubação de plantio ou fundação........................................................................144
Adubação de manutenção e de produção..............................................................146
Adubação foliar...............................................................................................147
Fertirrigação...................................................................................................150
Sumário
AULA 2 - CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS..................................................153

Controle de pragas e doenças.......................................................................154


Principais doenças do cacaueiro e manejo integrado...................................156
Vassoura-de-bruxa...........................................................................................157
Podridão-parda...............................................................................................159
Monilíase.......................................................................................................160
Principais pragas do cacaueiro e manejo integrado......................................162
Monalônio.....................................................................................................163
Cigarrinha......................................................................................................164
Ácaro-da-gema................................................................................................166

AULA 3 - PODA.....................................................................................................170

Importância da poda do cacaueiro................................................................171


Poda de formação............................................................................................173
Poda de manutenção........................................................................................175

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM.......................................................................180

MÓDULO 5

COLHEITA E BENEFICIAMENTO........................................................................184

AULA 1 - IMPORTÂNCIA DO MANEJO CORRETO DA COLHEITA E


BENEFICIAMENTO..............................................................................................186
Sumário
Importância do manejo correto da colheita e do beneficiamento...............187
Critérios técnicos para a fase de fermentação..............................................194
Diferentes métodos e equipamentos de secagem.......................................197
Natural..........................................................................................................197
Artificial........................................................................................................200
Armazenamento............................................................................................201

AULA 2 - CACAU FINO E COMERCIALIZAÇÃO..................................................204

Produção do cacau fino.................................................................................205


Métodos de beneficiamento específicos para a produção de cacau fino.....208
Acesso ao mercado do cacau fino.................................................................210

AULA 3 - GESTÃO FINANCEIRA..........................................................................214

Importância da gestão financeira nas propriedades rurais de cacau............215


Viabilidade econômica no Pará............................................................................218

CONCLUSÃO DO CURSO......................................................................................226

REFERÊNCIAS.................................................................................................229
Boas-vindas!
Boas-vindas!

Olá! É com muita alegria que lhe damos as boas-vindas ao curso Cultivo do cacau em sistemas susten-
táveis!

Este curso foi especialmente preparado para você, que quer compreender as principais práticas usadas
na cacauicultura, o manejo e a produção de cacau sob a perspectiva da sustentabilidade.

Aqui, nosso principal objetivo é apresentar informações bá-


sicas essenciais, além de orientações que englobam a cadeia
de produção, a fim de demonstrar todo o potencial produti-
vo e colaborar para a exploração e a expansão da cultura.

Mas, antes de começar, vamos conhecer o caminho que você vai percorrer? O curso está dividido em
cinco módulos.

Módulo 1 - Produção sustentável de cacau

Primeiro, vamos reconhecer a importância socioeco-


nômica e o contexto histórico da cacauicultura. Além
disso, ao longo das três aulas deste módulo, você vai
conhecer os aspectos botânicos do cacaueiro e as
principais técnicas de propagação.

Módulo 2 - Sistemas sustentáveis de cultivo


O segundo módulo tem como objetivo apresentar os
diferentes sistemas de cultivo do cacaueiro e fazer
uma análise sob a perspectiva da sustentabilidade.
Este módulo está dividido em três aulas que tratam
dos seguintes sistemas: agroflorestal, cabruca e
pleno sol.

11
Módulo 3 - Implantação da cultura
Nas três aulas do terceiro módulo, vamos abordar os
aspectos primordiais da produção de mudas de qua-
lidade, a escolha certa da área de cultivo, a implanta-
ção e manutenção da lavoura.

Módulo 4 - Manejo da lavoura


Neste módulo, você vai conhecer os principais méto-
dos de manejo do cacaueiro. Esse conhecimento vai
ajudar a planejar essas ações tão importantes para
o sucesso da produção. Ao longo de três aulas, você
vai saber mais sobre adubação, controle de pragas e
doenças e poda.

Módulo 5 - Colheita e beneficiamento


Para encerrar, no último módulo, você vai estudar
aspectos de beneficiamento, produção e comerciali-
zação de cacau, assim como aprender sobre gestão
financeira da propriedade rural. Você vai percorrer
três aulas para conhecer todos esses conceitos.

O curso tem carga horária total de 30 horas, então organize-se e faça seus estudos com tranquilidade!

12
Atividades
No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você irá fazer algumas atividades. Confira!

Atividade de
E na sua porteira?
aprendizagem

Esta é uma atividade discursiva, na qual São questões de múltipla escolha com duas
você poderá refletir sobre como aplicar o tentativas de acerto, e você deve respon-
conteúdo recém-estudado para relacioná- dê-las no ambiente virtual de aprendiza-
-lo à propriedade em que atua. gem para ter acesso ao feedback.

Não se preocupe: essas atividades funcionam como um exercício e têm o objetivo de proporcionar um
momento de reflexão sobre seu aprendizado. Não deixe de aproveitar essa oportunidade de se autoava-
liar!

Vale dizer que o ambiente virtual de aprendizagem é bastante interativo e


dinâmico. Para uma experiência de aprendizagem mais interessante, procure
estudar por lá sempre que possível!

Agora que você já conhece o percurso e as informações necessárias, pode começar sua jornada de apren-
dizado. Explore tudo o que temos disponível no curso e lembre-se:

Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços repetidos dia a dia. (Robert Collier)

Siga em frente e bons estudos!

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Módulo 1
Produção sustentável
de cacau
Olá! Receba nossas boas-vindas ao Módulo 1 do curso! Nele, você vai aprender sobre a produção
sustentável de cacau.

Mas você sabe o que é isso?

Vamos começar com uma reflexão sobre a palavra “sustentável”. De acordo com o Dicionário Priberam
da Língua Portuguesa, sustentável pode ser: 1. Que se pode sustentar. 2. Que se pode defender. 3. Que
tem condições para se manter ou conservar (ex.: desenvolvimento sustentável).

Então, quando se trata de “produção sustentável”, falamos sobre usar as melhores alternativas possíveis
para minimizar custos ambientais e sociais, de forma que a produção possa se manter ou se conservar
ao longo do tempo.

Se o conceito ainda está obscuro para você, não se preocupe! Vamos falar muito sobre ele ao longo
do curso.

Nesta jornada, você vai acompanhar os desafios de Gabriela e da propriedade de sua família, o sítio
Santo Isidoro. Após ter sua produção de cacau dizimada por uma praga que assolou nosso país, a moça
busca caminhos que garantam a produtividade e a rentabilidade para trazer os anos de glória novamente
à Santo Isidoro. No início de cada aula, você vai conhecer mais um trecho da história. Acompanhe como
tudo começou!

podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

Essa é uma história de recomeço. Tem a ver com encontrar o seu passado para construir
um futuro melhor. Gabriela viveu boas memórias no sítio do avô. As maiores aventuras da
infância aconteceram sob os cacaueiros, correndo com os primos em tardes de verão. Ga-
briela adorava aquele lugar, tinha uma mistura de liberdade e aconchego.

Em suas memórias, o cheiro do cacau se mistura ao aroma do café amargo recém-coado,


servido na mesa da cozinha da avó. Era ali que os adultos se reuniam, sempre em busca de
uma saída para o sítio Santo Isidoro. Gabriela não entendia bem o que se passava, apenas
escutava que antigamente tudo já tinha sido melhor...

O tempo passou e a menina virou mulher. Gabriela, agora administradora, guarda a memó-
ria com uma certa dor. A família nunca conseguiu uma solução que levasse o sítio de volta
aos anos de glória. Foram para a cidade, mas o avô insistiu em ficar na pequena proprieda-
de. Dizia que brigaria até o fim por aquela terra tão sagrada. Para ele, Santo Isidoro ainda
seria grande de novo, só precisava descobrir como fazer isso.

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Os caminhos da vida a gente não escolhe, e às vezes nem entende. Um dia um rapaz cha-
mou a atenção de Gabriela. Entre tantas coincidências, uma parecia encomenda do destino.
Eduardo era agrônomo com grande interesse por pés de cacau. E como você deve estar
imaginando, resgatar o sítio Santo Isidoro virou um capítulo importante na história do casal!

Durante este curso, você vai descobrir, junto dos personagens, como uma produção sustentável de cacau
pode garantir o futuro da Santo Isidoro. Vamos lá?

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Módulo 1 - Aula 1
Importância
socioeconômica
podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Sabe, Edu, o cultivo de cacau é mais do que uma fonte de renda pra minha família. A gente
nem pensa em cultivar algo diferente. Parece que corre no nosso sangue, e eu sinto que
preciso levar isso pra frente.

- Gabi, entendo seu sentimento e tô contigo pra encontrarmos um caminho possível. Você
sabe o que aconteceu na propriedade do seu avô? Foi atingida pela vassoura-de-bruxa,
certo?

- Olha... pra ser sincera, eu não sei direito o que aconteceu...

- Opa, então vamos começar por aí!

A história da família de Gabriela é parecida com a de muitos cacauicultores no Brasil. Para saber quais
desafios precisam ser enfrentados, não tem jeito: é preciso saber de onde viemos. Entender a história
da cacauicultura e sua importância socioeconômica é o primeiro passo para consolidar uma cultura de
sucesso.

A origem do cacau e da cacauicultura


Você sabe como e por que os homens passaram a cultivar o cacau? Descubra o início dessa história!

O cacau tem origem nas antigas civilizações, princi-


palmente nas sociedades maia e asteca. As sementes
do fruto eram usadas para a produção de uma bebi-
da considerada sagrada.

Fonte: Imagem de índias americanas torrando, moendo e misturando os


grãos de cacau. P. 22 “Cocoa and chocolate: their history from plantation
to consumer” (1920), Flickr. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).

9
Após o domínio espanhol, os conquistadores têm o
primeiro contato com o cacau e as amêndoas, leva-
das para a Europa no século XVI.

Fonte: Imagem demonstrando os primeiros métodos de fabricação do


cacau. P. 133 de “Cocoa and chocolate: their history from plantation to
consumer” (1920), Flickr. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).

Com o consumo crescente, estabeleceram-se as


primeiras plantações em colônias dominadas pelos
espanhóis e franceses.

Fonte: Cultivo de cacau. P. 21 “Cocoa and chocolate, a short history of


their production and use” (1907), Flickr. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).

Em 1828, Johannes van Houten desenvolveu a


primeira prensa para extração da manteiga de cacau
e criou um processo de tratamento para alcalinizar o
pó do cacau.

Fonte: Nationaal Archief (1910), Wikimedia. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).

10
O advento dessas tecnologias permitiu a produção
do chocolate em barra e de chocolates solúveis.

A cacauicultura no Brasil
Pois bem! A história do cultivo do cacau em nosso país tem mais de 200 anos. Tradicionalmente, o fruto
foi cultivado em um sistema de produção sustentável conhecido como cabruca, no qual as lavouras con-
vivem em harmonia com a natureza. Essa atividade tem importância nacional e mundial, com destaque
para o sul da Bahia.

Em 1989, com a chegada da doença “vassoura-de-bruxa”,


causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, a cultura do
cacau passou a enfrentar seu maior desafio: conviver com
a doença, que causa perdas severas nas plantações e pode
reduzir em até 50% o rendimento da cultura.

Após décadas de cultivo, as pesquisas avançaram, instituições técnicas e produtores se reciclaram e, mes-
mo com as dificuldades existentes, a cacauicultura brasileira está retomando o crescimento da produtivi-
dade, agregando valor ao produto final, e, sobretudo, visando à sustentabilidade na atividade.

11
O cacau é uma das culturas mais importantes no Brasil, com impacto direto e indireto em diversas famí-
lias. É tão importante que já foi até estrela de novela, numa época em que todo mundo parava para assis-
ti-la. Estamos falando de Renascer (1993), de Benedito Ruy Barbosa, da TV Globo. A trama narra a história
de José Inocêncio (Antônio Fagundes), poderoso fazendeiro de cacau, em Ilhéus, na Bahia. Mesmo que
você não goste desse tipo de atração, são grandes as contribuições que ela trouxe para a valorização da
cultura cacaueira!

No Brasil, o berço da cultura cacaueira foi a região Amazô-


nica, onde as primeiras plantas foram cultivadas no século
XVII. No século seguinte, o cacau foi levado para o sul da
Bahia, e o primeiro plantio foi feito por Antônio Dias Ribei-
ro. As primeiras lavouras comerciais nesse estado datam no
ano de 1822, estabelecidas na tentativa de iniciar um novo
negócio agrícola.

Desde então, muito tempo se passou, certo? Atualmente, o cacau é cultivado em outras regiões brasilei-
ras também. Confira os dados no infográfico a seguir.

12
69,7% 27%
Bahia Região Norte
A Bahia tem 403 mil hectares de área Esta região possui 158 mil
cultivada, sendo o único estado hectares de área cultivada com
produtor do Nordeste. cacau, com destaque para o
estado do Pará.

2,8%
Área Região Sudeste
no B cultivad A maior parte da produção está
rasil a localizada nos estados de ES e
(202
0) MG, com 7 mil ha da área colhida
nacionalmente.

Este gráfico apresenta dados recentes, divulgados em 2020. É inegável a importância da Bahia em ter-
mos de produção e de área cultivada. Dada essa relevância, que tal saber um pouco mais sobre a cacaui-
cultura por lá?

Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.

Olá, descubra agora como aconteceu o apogeu e o declínio da cacauicultura no sul da


Bahia.

Vamos partir dos anos 1900. Nessa época, os pioneiros plantavam as sementes no meio da
mata nativa, que na Bahia é a Mata Atlântica. Assim, os cacaueiros se desenvolviam, apro-
veitando a sombra e a umidade da floresta. Esse é o chamado sistema cabruca.

Com o crescimento da produção, em 1931, o Governo Federal criou o Instituto de Cacau


da Bahia, o ICB, e em 1957, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, a Ceplac.
Essas instituições têm o objetivo de desenvolver tecnologias para a melhoria da produção e
do beneficiamento do cacau na região. A produção seguia aumentando em escala, e foi du-
rante essa época que surgiu a figura dos coronéis do cacau, produtores que comandavam
todo cenário político e econômico regional.

13
Durante as décadas de 1970 e 1980, o porto de Ilhéus chegou a exportar 1 bilhão de dóla-
res por ano com as amêndoas de cacau, tornando essa cultura a mais importante da Bahia.
Nesse período, grandes produtores transformaram-se em compradores e exportadores de
cacau, o comércio regional se desenvolveu e as cidades de Ilhéus e Itabuna consolidaram-
-se como grandes polos industriais. Além disso, a região Sul da Bahia passou a produzir as
melhores amêndoas de cacau para exportação, o que elevou o Brasil ao patamar de maior
produtor e exportador mundial. Impressionante, não?

O cacau brasileiro estava no auge, mas algo deu errado nos anos 1990. Essa década é mar-
cada por um profundo declínio causado principalmente pelo avanço da doença do cacauei-
ro chamada de vassoura-de-bruxa, que trouxe enormes perdas produtivas e econômicas.
Nesse mesmo período, o preço internacional da amêndoa estava em declínio, aumentando
as dificuldades dos cacauicultores.

Na tentativa de sanar os problemas, ao longo dos anos, a Ceplac divulgou uma série de
diretrizes para lidar com a doença. A primeira orientação era eliminar todas as plantas nas
áreas infectadas. Depois, medidas menos severas foram adotadas, com a indicação de
remoção apenas das vassouras. Ou seja, somente os ramos infectados pela doença seriam
eliminados. Outras medidas de controle foram implementadas, como rebaixamento das
copas das árvores e a utilização de clones de cacau resistentes ao fungo, além da recomen-
dação do uso de fungicidas.

Infelizmente, as medidas não foram suficientes para combater a vassoura-de-bruxa e o fun-


go se adaptou ao clima da região. Além disso, surgiram dificuldades técnicas para o desen-
volvimento de pesquisas sobre a doença. O cenário político e econômico do país também
não ajudava os produtores de cacau e todos esses aspectos levaram muitos cacauicultores
ao endividamento. Isso porque, sem ter condições financeiras para fazer o controle sanitá-
rio necessário para lidar com a doença, os produtores recorriam a empréstimos bancários.

Nesse período, o sul da Bahia teve sua área produtiva reduzida em cerca de 50%. O Brasil
perdeu o status de exportador, passando a importar amêndoas de cacau da África e da
Indonésia para suprir a capacidade de moagem das indústrias de Ilhéus.

Pois é, esse não é o final que gostaríamos de contar, não é mesmo? Calma, lembre-se de
que essa história não terminou. Continue seus estudos e conheça as perspectivas de recu-
peração da cacauicultura em nosso país!

Perspectivas de recuperação da
cacauicultura brasileira
Você conheceu um pouco melhor a história do cacau na Bahia e como o maior produtor e exportador
mundial do produto acabou precisando importar amêndoas de cacau para suprir sua capacidade moagei-
ra. Mas, você deve estar se perguntando: “como está o cenário atual? E, mais importante, há perspectivas
de melhora?” Para responder a essa e outras perguntas, confira o que vem “direto do campo”.

14
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Quais são as perspectivas para o futuro da cacauicultura brasileira?

Para evitar a situação que causou o declínio dos anos 1990, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, juntamente com a Ceplac, têm buscado o desenvolvimento e
implementação de tecnologias nas áreas de melhoramento genético, resistência a doenças
e pragas, cultura de tecidos vegetais, sistemas agroflorestais, manejo, conservação do solo
e capacidade de uso da terra.

Há oportunidades e pontos para melhoria em toda a cadeia produtiva. É preciso implemen-


tar tecnologias que aumentem a produtividade e a rentabilidade da lavoura, sempre bus-
cando o desenvolvimento sustentável. Isso irá garantir o bem-estar das pessoas envolvidas
no processo, integrando o produtor aos outros setores da cadeia. Dessa forma, teremos
um produto final com identidade socioambiental, o que agrega muito valor. E isso é tudo o
que queremos, certo?

Graças às ações executadas pela Ceplac em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento, em 2020, tivemos avanços significativos. A produção e a produtividade aumentaram, o que
gerou mais empregos, além de produtores capacitados para uma produção mais sustentável sob os
aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Vá além!
Que tal conhecer todos os números a respeito da área colhida, da produção, da pro-
dutividade e do valor da produção da cacauicultura entre os anos 2018 e 2020?
Acesse o material ao final deste módulo!

15
E na sua porteira?
Muito bem! Estamos concluindo a primeira aula deste curso, mas ainda há
muito o que aprender! Até aqui, você conheceu:

⚫ a origem do cacau e da cacauicultura;


⚫ a cacauicultura no Brasil;
⚫ o apogeu e o declínio da cacauicultura na Bahia; e
⚫ as perspectivas de recuperação da cacauicultura brasileira.

Agora, diante do cenário apresentado e pensando na sua realidade, quais aprendizados se


aplicam à sua produção?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, tudo indica que a praga que afetou a propriedade da famí-
lia foi a vassoura-de-bruxa. Vou precisar descobrir quais novas tecnolo-
gias estão disponíveis para que eu possa recuperar a lavoura que temos
para, assim, aumentar a produtividade e a rentabilidade e associar a
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento rural sustentável.
Esse parece ser o caminho para um produto de alto valor agregado, e é
isso que preciso: receber um valor maior por cada quilo de amêndoas
que produzimos na Santo Isidoro!’

Muito bem! Avance para a Aula 2 e saiba mais sobre os aspectos botânicos e as variedades do cacau.

16
Módulo 1 - Aula 2
Aspectos botânicos
e variedades

17
podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Edu, olha esse lugar, aqui é o paraíso... ou quase. Já sabemos que a vassoura-de-bruxa pas-
sou por aqui, será que nossa lavoura teria solução? Dá pra ser rentável de novo?

- Gabi, sempre tem caminhos possíveis, a gente só precisa de uma boa estratégia...

- Tava pensando: não basta produzir mais, eu preciso de um produto com alto valor agrega-
do. Posso não entender muito de cacau, mas entendo de mercado.

- Então…, o caminho da sustentabilidade é uma ótima estratégia. E, pra isso, a gente preci-
sa entender como a planta se desenvolve na natureza. Deixa eu te contar um pouco sobre
os cacaueiros...

A botânica é a ciência que estuda as plantas e uma das áreas de pesquisa mais antigas do mundo. Entre
outros aspectos, foca no desenvolvimento de pesquisas e de experiências para aumentar a resistência,
o rendimento e o valor nutricional de espécies. Se você quer recuperar sua lavoura de cacau – ou iniciar
uma com o pé direito – precisa entender o básico sobre a botânica do cacaueiro!

Botânica do cacaueiro
Você já parou para admirar o cacaueiro em todo seu esplendor? Já observou a planta além dos frutos
que ela produz? Pois é exatamente o que vamos fazer agora.

O cacaueiro é uma árvore frutífera de porte arbóreo, ou seja, alcança um grande porte e cresce como
árvore. Ele também é perene, o que significa que é uma planta de ciclo de vida longo; vive por muitos
anos. É originário de florestas tropicais úmidas da América Central e da América do Sul, nas bacias dos
rios Amazonas e Orinoco. O primeiro relato botânico desta planta foi feito no século XVII.

18
Para conhecer mais detalhes, confira a seguir:

O cacau pertence à A planta é classificada O florescimento aconte-


família Malvaceae, como dicotiledônea1 e ce várias vezes ao ano.
gênero Theobroma, cauliflora2. Do tronco Por isso, é possível en-
cujo nome científico é também podem surgir contrar em uma mesma
Theobroma cacao L. ramos laterais que com- planta flores e frutos
põem a copa da árvore. em diferentes estágios
de desenvolvimento.

1. São plantas cujas sementes


possuem 2 cotilédones, nada
mais que 2 fontes de reserva de
nutrientes, responsáveis pelo
desenvolvimento do embrião.

2. Plantas cujas inflorescências


(conjunto de flores) se formam
ao longo do tronco.

3. Nesses casos, é feita por esta-


O cacau é umbrófilo, Em plantios comerciais, quia. É a chamada reprodução
ou seja, adaptado a quando a propagação assexuada ou clones.
ambientes sombrea- não é feita por semen-
dos e úmidos. tes3, pode alcançar até 6 4. Quando a semente é cultiva-
m de altura. Já na propa- da, é chamada de reprodução
gação via semente4, pode sexuada.
atingir 8 m de altura.

19
Características do cacaueiro
Agora que você já conhece o cacaueiro em linhas gerais, vale se aprofundar em cada uma das suas par-
tes: raízes, caule, folhas, flores e frutos. Ao estudar esses elementos, preste atenção à descrição forneci-
da e tente relacionar com o que você encontra em seu cotidiano.

Vamos começar pelo estudo das raízes. Aprofunde seus conhecimentos sobre essa parte tão importante
da planta!

Quando reproduzido via semente ou por enxertia,


o sistema tem dois tipos de raízes: a principal e as
secundárias.

A raiz principal é conhecida como pivotante e pode


Raiz pivotante chegar a 2 m de comprimento. Ela tem a função de
fixar o cacaueiro ao solo.

Da raiz pivotante surgem ramificações laterais,


superficiais e bastante numerosas, conhecidas como
raízes secundárias. Elas são responsáveis pela absor-
ção de água e nutrientes pela planta.
Raízes secundáarias

Se a planta vem de mudas propagadas por esta-


quia, não há raiz pivotante. Nesse caso, forma-se
um sistema com raízes adventícias, que se originam
de outras partes da planta, como caule subterrâneo
Raízes adventícias ou raízes velhas.

20
Normalmente, uma parte desse sistema de raízes
cresce com grande força. São as chamadas raízes
axiais, responsáveis por fixar a planta no solo. Elas
podem chegar ao comprimento máximo de 60 cm.

O restante das raízes tem espessura mais fina e é


responsável pela absorção de água e nutrientes.
Raízes axiais

Atenção!
Vale destacar: cacaueiros que não têm a raiz pivotante, ou seja, aqueles produ-
zidos pelo método de estaquia, são mais suscetíveis ao tombamento quando
manejados de forma indevida.

Agora que você sabe tudo sobre as raízes, vamos tratar das outras partes do cacaueiro.

Caule

O caule é ereto e de casca lisa. Ramos jovens têm coloração verde. Quando mais velhos, tor-
nam-se mais lenhosos e de cor cinza. A planta tem dois tipos de ramos/troncos, que crescem
em sentidos diferentes. Atenção! Quando falarmos sobre métodos de propagação, você preci-
sará saber identificar esses dois tipos de tronco.

ramo ortotrópico é aquele que cresce verticalmente, de 10 a 18


meses. Pode alcançar 1,5 m de altura, e tem folhas longas com pe-
cíolos, que crescem em todos os lados do caule. O pecíolo é a haste
da folha que a liga ao caule, ou seja, o pé da folha.

ramo plagiotrópico é aquele responsável por formar a coroa da


planta, ou seja, a copa. Veja na imagem, abaixo.

21
Folhas

As folhas são largas e pendentes com comprimento entre 15


e 35 cm e largura de 8 a 10 cm. Quando jovens, são maleáveis,
com coloração entre rosa e bronze-escuro. Depois, tornam-se
rígidas e verdes. Nos ramos ortotrópicos (verticais), crescem
de forma alternada e em espiral. Nos ramos plagiotrópicos,
crescem de forma alternada e oposta.

A B
Ramos Ramos
ortotrópicos plagiotrópicos

Flores

As flores surgem das chamadas almofadas florais, têm colo-


ração que varia do branco ao rosa e cinco pétalas. Elas são
hermafroditas, isto é, apresentam tanto os órgãos reproduto-
res femininos (estigmas) quanto os masculinos (estames) na
mesma flor. A polinização é cruzada, com a participação de
insetos polinizadores.

A florada do cacaueiro está diretamente relacionada à produtividade da planta. Talvez você tenha nota-
do muitas flores na sua lavoura, mas a quantidade de frutos não parece ser tão grande assim, certo? Será
que há algum problema na sua lavoura?

22
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Meu cacaueiro dá muitas flores, mas poucos frutos. Isso é normal?

Sim, isso é normal. Apesar de uma planta adulta ser capaz de produzir mais de 50 mil flores
por ano, menos de cinco por cento delas são polinizadas e somente dois por cento resul-
tam em frutos. Pouco, né? Essa baixa taxa de formação ocorre porque a flor precisa ser
polinizada nas primeiras 10 horas após seu aparecimento. Caso isso não aconteça, as flores
são abortadas pela planta.

Um cacaueiro pode produzir em média 30 frutos por ano, se bem manejado, sendo que a
produtividade varia conforme as condições da cultura, permitindo colheitas de 2500 quilos
por hectare ou até mais!

Falando sobre o fruto, ele é comumente denominado de 1


vagem. É uma cápsula alongada, abaulada ou arredondada, 2
que tem cinco lóculos (as cavidades do fruto em que sur-
gem as sementes) com cinco fileiras de sementes. 5
3
Os frutos apresentam variação quanto a aparência, forma-
4
to, comprimento e rugosidade da casca, e pesam, normal-
mente, entre 100 e 200 g.

23
As sementes têm diferentes formas, tamanhos e cores. As
tonalidades variam do branco ao roxo intenso, com vários
gradientes de coloração. Cada fruto pode gerar de 20 a 40
sementes, envoltas por uma polpa aquosa, mucilaginosa e
de sabor adocicado e ácido.

Cada semente pesa entre 0,5 e 2 g. Quando secas, são


usadas para a fabricação de matérias-primas do chocolate
e seus derivados. As sementes são o principal elemento
comercial do cultivo.

Condições edafoclimáticas favoráveis


ao cultivo
Agora que você já tem mais intimidade com o cacaueiro,
precisa se atentar às condições edafoclimáticas que são
ideais para o cultivo do cacau, ou seja, as características do
meio ambiente, como: clima, o relevo, a litologia, a tempe-
ratura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, com-
posição atmosférica e a precipitação pluvial. A cultura de
cacau é muito exigente em temperatura elevada e umidade.

Em condições espontâneas, se desenvolve na região da


linha do Equador, num ecossistema com alto índice de chu-
vas, sob a sombra de grandes árvores de florestas tropicais
nativas.

Mas como fica o cultivo comercial? Quais são as condições ideais para garantir a melhor produtividade?
Confira a seguir!

Temperatura Água

O cultivo comercial é recomendado em re- O crescimento e a produção estão direta-


giões com temperatura média anual entre mente relacionados à quantidade de água
23 e 25 °C, com mínima de 21 °C durante o disponível no solo. As chuvas devem ser
ano todo. Temperaturas inferiores a 15 °C abundantes e bem-distribuídas ao longo do
interrompem o crescimento da planta. ano. É desejável uma precipitação média
anual de 1.500 mm e que não exceda 5.000
mm/ano. Caso seja menor que 1.400 mm
anuais, recomenda-se o uso de irrigação.

24
Solo Vento

Para um bom desenvolvimento, a lavoura Um outro fator restritivo à cultura é a in-


precisa de solos com profundidade maior cidência de ventos, que podem danificar a
que 1 m, bem drenados, com boa fertili- folhagem nova, provocar a queda e pre-
dade e textura argiloarenosa. O cacaueiro judicar a formação da copa da árvore. Em
prefere solos com uma faixa de pH pró- regiões com ventos frios e úmidos, deve-se
ximo a 7, pois uma acidez elevada (com fazer o uso de técnicas de preservação,
pH próximo a 5,5) pode causar danos às como o uso de cercas vivas, por exemplo.
plantas. Em relação à topografia, os plan-
tios podem ser cultivados nas meias encos-
tas ou nos vales dos rios. Deve-se levar em
conta as condições em caso de necessidade
de mecanização e de acesso de veículos de
transporte.

Grupamentos genéticos
Agora que você já conhece o cacaueiro em todos seus detalhes, está na hora de falarmos sobre os gru-
pos genéticos, ou seja, os diferentes tipos de cacaueiros.

Existem três grandes grupos genéticos: Criollo, Forastero e Trinitário. Cada grupo apresenta característi-
cas específicas e particularidades quanto à produtividade, à resistência a fatores bióticos (por exemplo,
pragas e doenças) e abióticos (como as características de solo e clima). Cada grupo também tem diferen-
tes propriedades organolépticas, ou seja, que se referem ao aroma e ao sabor.

Quer saber sobre as características de cada grupo? Que tal começar pelo que distingue o grupo Criollo?
Esse tipo genético de cacau é conhecido desde a civilização maia e foi descoberto por Cristóvão Colom-
bo, na ilha de Guanaja, Honduras, em 1502. Confira mais informações a seguir!

25
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Quais as características do grupo Criollo?

De todas as variedades de cacau, o Criollo é considerado a de maior qualidade e a mais cara,


pois sua semente é bastante saborosa e seu sabor é fino. O cultivo é raro e menos frequen-
te, representando apenas dois por cento dos plantios no mundo, por causa da baixa produ-
tividade e da elevada suscetibilidade ao ataque de doenças fúngicas e pragas. Atualmente,
pode ser encontrado na região do Lago de Maracaibo, na Venezuela.

A casca do fruto do Criollo é mole e rugosa. Os frutos são grandes, contendo normalmente
30 sementes, com formato alongado e ponta proeminente. Quando imaturo, sua casca é
fina e tem cor verde-escura. À medida que amadurece, adquire coloração amarelada ou
alaranjada. As sementes são grandes e ovais, com coloração clara variando do branco ao
violeta claro e ficam relativamente soltas na polpa.

Esses frutos têm polpa abundante, o que confere ao produto uma qualidade superior, pois
apresentam o odor característico de cacau, doce e delicado. Quando processadas correta-
mente, suas sementes dão origem a chocolates e derivados com sabor mais frutado, suave,
menos amargo e bastante aromático.

Agora que você já conhece as características do grupo de cacau mais antigo do mundo, que tal conhecer
o mais popular, o cacau Forastero?

26
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Quais as características do grupo Forastero?

Este grupo é o mais amplo e tem diversas variedades. Ele é o mais resistente a pragas e
doenças, é robusto e tem alto desempenho, correspondendo a 80 por cento da produção
mundial de cacau.

Os frutos são mais arredondados, com casca dura e praticamente lisa. Cada fruto pode
conter de 30 a 50 sementes. Elas são achatadas, ovais e de coloração violeta e têm sabor
mais ácido, adstringente e amargo, devido à alta concentração de compostos fenólicos,
que variam de 30 a 60 por cento.

Fazem parte desse grupo os cacaueiros do tipo Comum, como o Cacau Comum, o Pará,
o Parazinho e o Maranhão. Seu cultivo é predominante nas regiões Norte e Nordeste do
Brasil e também pode ser encontrado na África, Venezuela, América Central, México, Java,
Ceilão e Samoa.

O grupo forasteiro produz um cacau de tipo “básico”, resultando em um chocolate mais


encorpado.

E o que aconteceria se o grupo Criollo fosse cruzado com o Forastero? Sim! Isso foi feito e, então, surgiu o
grupo Trinitários. Acompanhe!

27
podcast
Direto do campo
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Quais as características do grupo dos Trinitários?

Este grupo surgiu do cruzamento acidental do cacau Forastero com o Criollo, na ilha de
Trinidad, em 1727. Nessa região, era cultivado o cacau Criollo, mas as plantações foram
destruídas por um furacão. Após o evento, foi plantado cacau Forastero, resultando em um
cruzamento inesperado entre os dois grupos.

O fruto possui atributos mais semelhantes ao cacau Criollo: suas sementes possuem colora-
ção variando de branco a violeta pálido e apresentam um produto de qualidade intermediá-
ria, com sabor e aroma suaves. O fruto pode ser longo ou curto, vermelho ou amarelo.

Seu cultivo prevalece em Trinidad, mas se expandiu para a Venezuela, Equador, Colômbia,
Camarões, Madagascar, Sri Lanka e Ásia. No Brasil, foi introduzido em programas de melho-
ramento genético, com os híbridos TSH e TSA. A reprodução dessas plantas ocorre assexua-
damente, seja por enxertia ou estaquia.

Seu cultivo corresponde a aproximadamente 15 por cento da produção de chocolate mundial.

28
E na sua porteira?
Esta segunda aula do curso está cheia de informações interessantes, não
é mesmo? Você aprendeu sobre:

⚫ a botânica do cacaueiro;
⚫ as características do cacaueiro;
⚫ as condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo; e
⚫ os grupamentos genéticos: Criollo, Forastero e Trinitário.

Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: algum aspecto da produção
pode estar inadequado às necessidades da cultura? Você poderia fazer algo a respeito?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, o que estudei sobre a botânica do cacaueiro me dá pistas so-


bre o que pode estar errado no sítio Santo Isidoro… De fato, os cacaueiros
do sítio produzem poucas flores e, se só 5% viram frutos, tenho um grande
problema aqui. Também preciso verificar a média pluviométrica da região:
acho que vai ser necessário investir num sistema de irrigação. Vou precisar
da ajuda do Edu para investigar isso com mais profundidade. Também não
sei qual é o tipo de cacau que tenho na propriedade. A visão do Edu vai ser
essencial para descobrir essa informação.

Muito bem!

Agora, avance para a Aula 3 para aprender sobre os sistemas de propagação.

29
Módulo 1 - Aula 3
Métodos
de propagação

30
podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Edu, agora que sei da existência de outros tipos de cacau, fiquei pensando se não seria
interessante substituir alguns cacaueiros que temos...

- Sim, no nosso caso, um bom caminho é buscar variedades mais resistentes a pragas e
doenças, Gabi!

- Sei que existem várias técnicas pra se obter mudas, tem diferença entre elas?

- Claro, cada técnica tem vantagens e desvantagens. Pra fazer a escolha mais vantajosa pro
sítio Santo Isidoro você precisa conhecer um pouco de cada opção!

Na última aula, você conheceu a botânica do cacaueiro, suas características e condições favoráveis ao
cultivo. Também ressaltamos os principais grupos genéticos. Com esse conhecimento, você tem a base
necessária para avançar e conhecer os métodos de propagação do cacau.

Métodos de propagação
Você sabia que as mudas de cacaueiro podem ser obtidas de diferentes formas? A mais comum, que usa
sementes, foi amplamente usada na implantação e na recuperação de lavouras no estado da Bahia, nas
décadas de 1970 e 1980, graças à facilidade de manejo das plantas e à adequada produção dos híbridos
e das variedades cultivadas. Mas existem outras formas de propagação, confira!

31
Na prática

A forma vegetativa, também conhecida como assexuada,


usa várias partes da planta para produzir novos indivíduos,
chamados de clones. Um clone é uma planta genetica-
mente igual à que lhe deu origem, o que resulta em um
material mais homogêneo.

Há duas técnicas principais:

⚫ a estaquia, em que um ramo é estimulado a criar


raízes e formar uma nova muda; e
⚫ a enxertia, em que um ramo é unido à outra planta e
usa sua estrutura de raízes.

Parece muita informação? E é mesmo! Mas não se preocupe: vamos detalhar cada um deles, a começar
pelo sistema de propagação que usa sementes.

Propagação por sementes ou seminal


As primeiras lavouras de cacau implantadas sob a mata raleada (sistema cabruca) tinham como caracte-
rística o sistema de plantio por meio de sementes. Apesar de ser um sistema pouco tecnificado, ele foi
responsável pela formação de milhares de hectares de cacaueiros no Brasil e é amplamente sustentável.
Mas esse plantio não era feito de qualquer maneira! Para ter sucesso, era preciso preparar a semente.
Conheça essa técnica!

32
Na prática

Para serem usadas na semeadura, as sementes precisam


passar por um processo de limpeza da polpa. Podem ser
esfregadas contra algum elemento que cause leve atrito,
por exemplo, o pó de serra seco.

Depois, abre-se uma pequena cova com o bico do facão


e depositam-se três sementes, cobertas por uma camada
de solo. Esse sistema era popularmente conhecido como
“plantio no bico do facão”.

Após a germinação, era feito o desbaste, que retira a


planta menos vigorosa. Um ano após o cultivo, era feito
um segundo desbaste para manter a planta mais vigorosa
para a formação da lavoura.

As plantas originadas deste tipo de propagação apre-


sentam sistema radicular extenso, com raiz pivotante e
secundária, e podem ter diâmetro três vezes maior do que
as plantas oriundas por estaquia.

33
Após anos de estudos, este sistema foi aprimorado, e, hoje, sabe-se que a qualidade das sementes é
um dos fatores-chave para o estabelecimento de uma área produtora de cacau.

Mas como reconhecer a qualidade de uma semente?

Bem, são diversas características que podem ser usadas como indicadores de qualidade, como o peso e
o tamanho da semente. É isso que vai influenciar na germinação e no vigor das plantas. Atenção, pois as
sementes de tamanho médio a grande têm maior índice de germinação e de vigor do que as de tamanho
menor.

Atenção!
As sementes do cacau são consideradas recalcitrantes, isto é, não passam por
um processo de secagem natural na planta-mãe e são libertadas com elevado
teor de umidade. Isso acarreta problemas para a propagação seminal, pois o
tempo de vida da semente é curto: pode durar apenas algumas semanas ou me-
ses. Devido a isso, o armazenamento é um fator extremamente limitante para a
propagação da espécie por este meio.

Mas esse fator pode ser contornado! Veja como no próximo tópico.

Propagação seminal em viveiros


Com o desenvolvimento das pesquisas conduzidas pela Ceplac, o sistema de “plantio no bico do facão”
foi substituído pelo sistema de propagação por meio de mudas seminais produzidas em sacos plásticos,
conduzidas em viveiros.

Confira mais sobre essa técnica!

34
A recomendação é Elas são acondicio- Todo o processo de
que as mudas fossem nadas em sacos de formação da muda
preparadas a partir de polietileno com solo passou a ser conduzi-
sementes de mate- adequado5, com o do em viveiros de tela
riais híbridos selecio- controle de pragas e sombrite.
nados, distribuídas doenças e a adubação
pela Ceplac. foliar das mudas.

Nesse tipo de produ- Estima-se que, du-


ção, as mudas estão rante as décadas de
aptas a serem trans- 1970 e 1980, foram
plantadas para o cam- implantados cerca de
po em um período de 150.000 hectares de
6 meses. cacaueiros por meio
desse sistema.

5. Com solo peneirado (textura média), previamente enriquecido com matéria orgânica, calcário e fertilizantes.

35
Método de propagação vegetativa
Agora que você já conhece a propagação seminal, é importante ressaltar que esse método já não é tão
popular quanto antes! A propagação vegetativa é a técnica de multiplicação mais usada nos últimos 20
anos.

Mas como é feita a propagação por esse método?

Trata-se de uma técnica antiga, capaz de reproduzir uma quantidade superior de plantas. Consiste na
produção de mudas a partir de partes ou órgãos da planta, como ramos, gemas, estacas, folhas, raízes
e outros. Essa técnica resulta em clones idênticos à planta-mãe, com características mais consistentes e
homogêneas em relação à propagação sexuada (por sementes).

Com o advento da vassoura-de-bruxa, esse tipo de propaga-


ção avançou no campo das pesquisas e resultou em plantas
com as seguintes características:

⚫ mais resistência/tolerância a doenças e pragas;


⚫ elevada produtividade; e
⚫ mais uniformidade no que diz respeito a altura, taxa de
crescimento, época de florescimento e colheita.

Muito bem! Você já sabe alguns aspectos sobre esse método de propagação, mas ainda há muito mais a
aprender! Confira mais informações sobre o assunto.

Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.

Olá, agora você vai conhecer um pouco mais sobre a propagação vegetativa do cacau, ou
produção de clones, utilizando as técnicas de enxertia e estaquia.

36
A enxertia consiste na produção de mudas a partir de partes ou órgãos da planta-mãe,
chamados enxertos, que são unidos ao tronco e ao sistema de raízes de outra planta,
chamados porta-enxerto. O porta-enxerto é conhecido popularmente como “cavalo”. Em
geral, é uma muda obtida a partir de sementes pré-germinadas semeadas diretamente no
campo ou em saco de polietileno. Os enxertos são ramos da planta-mãe que carregam suas
características, como a resistência a doenças. Os ramos selecionados devem apresentar ex-
celente aspecto vegetativo. O método de união vai depender da maturidade desses brotos,
podendo ser utilizada a garfagem lateral ou em fenda.

A técnica de estaquia consiste em inserir estacas de cacau em tubetes previamente preen-


chidos com substrato vegetal, para que criem raízes. Mas como escolher os ramos? Você viu
que o cacaueiro produz ramos com crescimento ortotrópico, ou seja, na vertical, e plagio-
trópico. Viu que cada tipo de ramo apresenta hábitos de crescimento distintos que influen-
ciam o formato da planta e, consequentemente, o manejo da lavoura.

Se você optar por fazer a propagação utilizando ramos plagiotrópicos, que têm cresci-
mento horizontal, saiba que os cacaueiros resultantes terão uma copa densa, precisando de
podas repetitivas para formar uma arquitetura de planta favorável para os tratos culturais e
a colheita. O ponto positivo é que, como as hastes utilizadas nessa técnica têm maturidade
avançada, geralmente o cacaueiro inicia a produção mais cedo. No entanto, o cacaueiro fica
suscetível ao tombamento e ao estresse de umidade, já que a copa tende a ficar desequi-
librada e o sistema de raízes na estaquia é mais frágil, porque não há raiz pivotante.

Agora, vamos falar sobre a propagação por estaquia utilizando ramos ortotrópicos, que
são os de crescimento vertical. Usar esses ramos é mais vantajoso do que os de cresci-
mento horizontal, porque a arquitetura da planta resultante é semelhante à de árvores
obtidas por sementes. O crescimento se dá no sentido vertical com formação de forquilha,
também chamada de “coroa” ou “jorquette”, que é de onde surgem os ramos que formarão
a copa definitiva do cacaueiro. Isso é importante, porque facilita os tratos culturais da
lavoura e principalmente a poda das plantas. Esse tipo de muda acaba produzindo de uma
a duas raízes chamadas pseudopivotantes, falsas raízes que contribuem para melhorar a
sustentação das mudas, reduzindo a chance de tombamento no campo. O lado ruim é que
a propagação vegetativa em grande escala com ramos de crescimento vertical é limitada,
porque o cacaueiro produz muito mais mudas horizontais: entre 20 e 30 vezes mais!

Muito bem! Agora que você já conhece os sistemas de propagação, continue seus estudos!

Agora que você já tem a visão geral dos métodos de propagação, conheça alguns detalhes sobre a enxertia.

37
Na prática

Dicas práticas para enxertia

Para cultivar os cavalos (porta-enxerto), use sacos de po-


lietileno preenchidos com solo ou substrato agrícola por
um período de 6 a 8 meses.

Se preferir, você pode adquirir o cavalo direto com vivei-


ristas. Mas, atenção: escolha apenas mudas que venham
de viveiros certificados e em áreas livres de infestação de
pragas e doenças. Busque também por variedade e vigor.

Para coletar o broto que dará origem ao enxerto, observe


o caule: o diâmetro deve ser maior que 1 cm e a altura,
entre 20 e 30 cm.

O método de enxertia deve ser escolhido de acordo com


a maturidade dos brotos. Se os ramos forem jovens, use
a técnica de garfagem em fenda. Se os ramos forem
maduros, com diâmetro maior que 2 cm, recomenda-se a
garfagem lateral.

38
A garfagem pode ser usada tanto em mudas seminais
quanto em ramos basais. A principal diferença é que, na
garfagem em fenda, o enxerto (chamado garfo) preenche
parcialmente a fenda, pois seu diâmetro é menor que o do
porta-enxerto.

Esse método tem como vantagem o uso de brotos ainda


herbáceos, o que permite um melhor aproveitamento das
partes verdes das hastes de enxertia. A muda deve perma-
necer em viveiro com telado de 50% de sombra.

Agora, conheça mais detalhes sobre a estaquia:

Na prática

Dicas práticas para estaquia

Ao escolher a estaca, atente-se às características que favo-


recem o enraizamento das mudas: escolha estacas semile-
nhosas, com folhas e de plantas-matrizes jovens, entre 1
e 3 anos. Use reguladores de crescimento para estimular o
enraizamento das estacas.

39
Da mesma forma que as mudas de enxertia, as estacas
devem ficar em viveiros para um bom enraizamento. O
ambiente deve ter umidade relativa próxima de 100%,
temperatura inferior a 30 °C, sombreamento de 50% e
fornecimento adequado de água. Após 60 dias, as mudas
devem passar por um processo de aclimatação com redu-
ção da disponibilidade de água para que consigam sobrevi-
ver em condições de campo.

Estacas de ramos plagiotrópicos

Para produzir estacas a partir de ramos de crescimento ho-


rizontal, selecione estacas semilenhosas, com coloração
verde-amarronzada, vindas de ramos de 15 e 20 cm e com
3 ou 4 gemas. A presença de folhas nas estacas é neces-
sária para que haja um bom enraizamento. Mas atenção:
reduza 50% da área foliar das primeiras folhas a partir da
base da estaca e 80% nas demais. Isso é importante para
diminuir a taxa de fotossíntese da muda e evitar um gasto
energético maior.

Diz o Currículo…
O Currículo de Sustentabilidade do Cacau é um material elaborado de maneira co-
letiva por diferentes atores da cadeira cacaueira e tem participação governamental.
Ele consolida diversas práticas sustentáveis para que produtores de cacau, técnicos
e instituições conheçam e implementem boas práticas agrícolas e de gestão da pro-
priedade a fim de minimizar os impactos negativos que a produção de cacau possa
causar.

Especificamente sobre métodos propagativos, em seu item 1.2.1, o Currículo de


Sustentabilidade orienta o produtor a usar um material propagativo adequado e
recomendado tecnicamente, de origem conhecida. Deve-se também levar em conta
as especificidades edafoclimáticas da região onde será usado e seu potencial produ-
tivo.

Ao longo do curso, você terá contato com trechos do Currículo, um excelente mate-
rial de aprofundamento. Tenha-o sempre por perto!

40
E na sua porteira?
Esta aula trouxe tudo o que você precisa saber sobre os sistemas de propaga-
ção para implantar sua fazenda de cacau! Você aprendeu sobre:

⚫ o sistema de propagação seminal;


⚫ o sistema de propagação seminal em viveiros;
⚫ o sistema de propagação vegetativa por enxertia;
⚫ o sistema de propagação vegetativa por estaquia de ramos plagiotrópi-
cos; e
⚫ o sistema de propagação vegetativa por estaquia de ramos ortotrópi-
cos.
⚫ as perspectivas de recuperação da cacauicultura brasileira.

Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: algum aspecto da sua produção
pode estar inadequado às necessidades da cultura? Você poderia fazer algo a respeito?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, acho que vou começar pelo processo de enxertia.


Quero ampliar a minha lavoura, e esse método parece trazer
resultados interessantes, já que as plantas terão um bom sistema
de raiz. Talvez seja interessante adquirir os porta-enxertos de um
viveirista. Vou buscar apoio do Edu para fazer uma boa seleção!

Muito bem!

Depois de todo esse aprendizado, você já pode fazer a próxima atividade.

41
Atividade
de aprendizagem

42
Atividade de aprendizagem
Questão 1
A cacauicultura no Brasil teve início na região Amazônica e depois foi
introduzida no estado da Bahia. Com base no contexto histórico e na
importância da cultura do cacau, assinale Verdadeiro ou Falso.

Na Bahia, o início do cultivo de cacau se deu por volta de 1900, com plantios no
meio da mata nativa, onde o sombreamento e a umidade eram favoráveis ao de-
senvolvimento da cultura.

As regiões Norte e Nordeste são as principais produtoras de cacau do Brasil. Pará e


Bahia são os estados que detêm a maior área de cultivo de cacau.

No apogeu da cultura, foram criadas instituições e órgãos públicos para o desen-


volvimento de tecnologias voltadas à melhoria da produtividade e o beneficiamen-
to do cacau.

Graças aos avanços tecnológicos, a vassoura-de-bruxa foi contida, e essa doença não
tem mais representatividade nas regiões produtoras de cacau em todo o Brasil.

43
Atividade de aprendizagem
Questão 2
Os principais agrupamentos genéticos do cacau têm características distin-
tas. Assinale Verdadeiro ou Falso:

O grupo Forastero produz as melhores amêndoas para a produção de cacau fino.

O grupo Criollo é responsável pela maioria do cacau produzido atualmente.

O grupo Trinitário é resultado do cruzamento espontâneo entre o Criollo e Forastero.

Os Trinitários têm as características desejáveis do Forastero e do Criollo, como


maior resistência a pragas e doenças e melhores características sensoriais, como
sabor e aroma.

44
Atividade de aprendizagem
Questão 3
Em relação aos sistemas de propagação, assinale a única alternativa cuja
afirmação é falsa:

A propagação de mudas de cacau pode ser feita a partir de ramos ortotrópicos. As


mudas podem produzir raízes “pseudo-pivotantes”, que contribuem para a melhor
sustentação da planta em campo.

A propagação vegetativa é uma das formas mais eficazes de multiplicação clonal,


com maior rendimento e maior taxa de pegamento das mudas.

Os ramos plagiotrópicos têm crescimento horizontal e são produzidos pelo ca-


caueiro em quantidades bem maiores que os ortotrópicos.

Na estaquia, são usados ramos provenientes do cacau denominados popularmente


de “cavalo”. As mudas provenientes dessa combinação de ramos originam organis-
mos completamente diferentes da planta-mãe.

Plantas de cacau provenientes de mudas de ramos plagiotrópicos têm uma copa


bastante densa, que demanda mais cuidados nos tratos culturais, principalmente
na poda. Isso configura uma das principais desvantagens.

45
Anexo - Cacau no Brasil

Cacau no Brasil | Área colhida, produção, produtividade e valor da produção da cacauicultura


Fonte: Adaptado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020).

Brasil,
regiões e Área colhida (ha) Produção (t) Produtividade (Kg/ha) Valor da produção (R$ mil)
estados

2018 2019 2020 2018 2019 2020 2018 2019 2020 2018 2019 2020

Norte 138.845 151.068 157.776 114.409 134.739 140.677 824 892 892 1.415.684 1.543.168 1.611.519
Pará 128.963 140.514 147.222 110.060 128.961 135.150 853 918 918 1.374.337 1.488.032 1.559.444
Rondônia 8.578 9.352 9.352 3.653 5.105 4.738 426 546 507 37.702 51.415 47.719
Amazonas 1.274 1.190 1.190 689 663 779 541 557 655 3.572 3.627 4.262
Roraima 30 12 12 7 10 10 233 833 833 73 94 94
Nordeste 420.523 413.051 402.989 113.939 113.039 111.439 271 274 277 1.302.576 1.431.012 1.410.755
Bahia 420.523 413.051 402.989 113.939 113.039 111.439 271 274 277 1.302.576 1.431.012 1.410.755
Sudeste 16.871 17.133 16.858 10.353 11.156 11.933 614 651 708 113.619 145.541 155.700
Espírito
16.726 16.999 16.726 10.236 11.051 11.826 612 650 707 112.687 144.621 154.763
Santo
Minas
145 134 132 117 105 107 807 784 811 932 920 937
Gerais
Centro
950 632 602 615 491 538 647 777 893 5.675 4.441 4.866
Oeste
Mato
950 632 602 615 491 538 647 777 893 5.675 4.441 4.866
Grosso
Brasil 577.191 581.884 578.225 239.318 259.425 264.586 415 446 458 2.837.554 3.124.163 3.182.840

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