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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA


SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA

COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA

CONTEUDISTAS
Ricardo de Oliveira Betat
Gelson Luis Garcia
Wilmen Vieira
João Moreira Lobo

REFORMULADOR
Daniel Pinheiro Spinelli

CÂMARA TÉCNICA/REVISORES
Thiago César Fagundes Santos
Viviane Oliveira Rodrigues

REVISÃO PEDAGÓGICA
Gizele Ferreira dos Santos Siste

SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO
Lúcio André Amorim
Renato Antunes dos Santos

DESIGNER
Ozandia Castilho Martins
Fagner Fernandes Douetts
Renato Antunes dos Santos

DESIGNER INSTRUCIONAL
Wagner Henrique Varela da Silva

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Sumário
Apresentação do Curso ............................................................................................... 8

Objetivos do Curso .................................................................................................... 12

Estrutura do Curso .................................................................................................... 12

Módulo I - LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO .................................................................. 15

Apresentação do módulo ....................................................................................... 15

Objetivos do módulo .............................................................................................. 15

Estrutura do módulo .............................................................................................. 16

Aula 1 - Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos .................. 17

1.1 Compreendendo as categorias .................................................................... 21

Aula 2 - Documentação exigida para condutor e veículo; Sinalização Viária ........ 45

2.1 Documentos exigidos para o veículo............................................................ 46

2.2 Documentação do condutor ......................................................................... 51

2.3 Sinalização Viária ......................................................................................... 54

AULA 3 — Infrações, crimes de trânsito e penalidades ............................................ 60

3.1 Infrações ...................................................................................................... 61

3.2 Penalidades ................................................................................................. 65

3.3 Crimes de Trânsito ....................................................................................... 70

AULA 4 — Regras gerais de estacionamento, parada e circulação .......................... 79

4.1 Estudo de Caso ............................................................................................ 80

4.2 Estacionamento e Parada ............................................................................ 81

4.3 Circulação .................................................................................................... 84

4.4 Principais normas de circulação e conduta, referentes à condução de veículos


de emergência ................................................................................................... 86

AULA 5 — Legislação Específica e responsabilidades do condutor de veículo de


emergência. ........................................................................................................... 92

5.1 Estudo de Caso ............................................................................................ 92

3
5.2 Veículos de Emergência .............................................................................. 94

5.3 Legislação específica para veículos de emergência .................................... 95

Finalizando ............................................................................................................ 99

Módulo II - DIREÇÃO DEFENSIVA ......................................................................... 100

Apresentação do módulo ..................................................................................... 100

Objetivos do módulo ............................................................................................ 100

Estrutura do módulo ............................................................................................ 101

Aula 1 - Direção defensiva: mais que um conceito, um ato de cidadania ............ 102

1.1 Dados e informações sobre o trânsito ........................................................ 104

1.2 Definindo Direção Defensiva ...................................................................... 110

1.3 A importância do comportamento seguro na condução de veículos


especializados.................................................................................................. 111

AULA 2 — Condições adversas: como reduzir os riscos ..................................... 118

2.1 Tipos de condições adversas ..................................................................... 119

AULA 3 — Comportamento seguro na condução de veículos de emergência .... 135

3.1. Definindo acidente de trânsito ................................................................... 135

3.2 Acidente evitável ou não evitável ............................................................... 136

3.3 A importância de ver e ser visto ................................................................. 137

3.4 A importância do comportamento seguro na condução de veículos


especializados.................................................................................................. 140

3.5 Comportamento seguro e comportamento de risco — diferença que pode


poupar vidas..................................................................................................... 142

3.6 Como ultrapassar e ser ultrapassado......................................................... 144

3.7 Principais causas de acidentes de trânsito ................................................ 149

3.8 Como evitar acidentes com outros veículos — Tipos de acidentes e como
evitá-los ............................................................................................................ 149

3.9 O acidente de difícil identificação da causa (Colisão Misteriosa): .............. 153

4
3.10 Como evitar acidentes com pedestres e outros integrantes do trânsito
(motociclistas, ciclistas, carroceiros, esqueitistas) ........................................... 156

Finalizando .......................................................................................................... 167

MÓDULO III — NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS, RESPEITO AO MEIO


AMBIENTE E CONVÍVIO SOCIAL .......................................................................... 169

Apresentação do módulo ..................................................................................... 169

Objetivos do módulo ............................................................................................ 170

Estrutura do módulo ............................................................................................ 171

AULA 1 - Primeiras providências ......................................................................... 172

1.1 Gerenciamento de risco: primeiras ações .................................................. 172

AULA 2 — Cinemática do Trauma ....................................................................... 184

2.1 Colisão frontal ............................................................................................ 185

2.2 Colisão traseira .......................................................................................... 186

2.3 Colisão transversal ..................................................................................... 187

2.4 Capotamento .............................................................................................. 188

AULA 3 — ‫ؙ‬Verificação das condições gerais da vítima de acidente ou do enfermo


............................................................................................................................. 189

3.1 EPI Básico para socorro às vítimas............................................................ 189

3.2 ABC da vida para Suporte Básico de Vida (SBV) — Exame Primário ....... 194

3.3 Controle da cervical.................................................................................... 202

AULA 4 — Controle de hemorragias ................................................................... 203

4.1 Hemorragias externas ................................................................................ 204

4.2 Choque....................................................................................................... 208

4.3 Cuidados com a vítima ou enfermo (o que não fazer)................................ 210

AULA 05 — Respeito ao Meio Ambiente ............................................................. 211

5.1 O veículo como agente poluidor do meio ambiente ................................... 212

5.2 Regulamentação do CONAMA sobre poluição ambiental causada por veículos


......................................................................................................................... 214

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5.3 Manutenção preventiva do veículo para preservação do meio ambiente:.. 219

5.4 Infrações e crimes que têm relação com a poluição .................................. 220

AULA 06 — Noções de convívio social ............................................................... 222

6.1 O indivíduo, o grupo e a sociedade ............................................................ 223

6.2 Relacionamento interpessoal ..................................................................... 225

6.3 O indivíduo como cidadão .......................................................................... 227

6.4 A responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB............................ 228

Finalizando .......................................................................................................... 229

MÓDULO IV — RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ......................................... 231

Apresentação do módulo ..................................................................................... 231

Objetivos do módulo ............................................................................................ 232

Estrutura do módulo ............................................................................................ 232

AULA 1 — Aspectos de comportamento e de segurança na condução de veículos


de emergência ..................................................................................................... 233

1.1 O impacto da qualidade das relações interpessoais no ambiente de trabalho


do profissional de segurança pública ............................................................... 233

1.2 Comportamento preventivo versus comportamento de risco ..................... 237

1.3 Urgência ..................................................................................................... 239

1.4 Equilíbrio emocional ................................................................................... 241

1.5 Síndrome de Burnout ................................................................................. 243

1.6 Agressividade e insegurança no trânsito.................................................... 247

1.7 Fatores relacionados à agressividade ........................................................ 248

AULA 2 — Comportamento solidário no trânsito ................................................. 252

2.1 Convivência................................................................................................ 253

2.2 Por que conviver? ...................................................................................... 258

AULA 3 — O condutor e os demais atores do processo de circulação ............... 260

3.1 Tolerância .................................................................................................. 263

3.2 Intolerância................................................................................................. 264

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AULA 4 — As Normas de segurança no trânsito e os agentes de fiscalização de
trânsito ................................................................................................................. 266

4.1 Respeito aos outros ................................................................................... 266

4.2 Respeito às normas estabelecidas para segurança no trânsito ................. 269

4.3 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito ......................................... 271

AULA 5 — Atendimento aos usuários ................................................................. 273

5.1 Características dos usuários de veículos de emergência .......................... 273

5.2 Expectativas dos usuários.......................................................................... 275

5.3 Atendimento às diferenças e especificidades dos usuários (pessoas com


necessidades especiais, pessoas de determinadas faixas etárias/de outras
condições) ........................................................................................................ 276

5.4 Trauma ....................................................................................................... 278

5.5 Cuidados especiais e atenção que devem ser dispensados aos passageiros
e aos outros atores do trânsito, na condução de veículos de emergência ....... 279

Finalizando .......................................................................................................... 280

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 282

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Apresentação do Curso

Caro(a) aluno(a),

Olá!

Seja bem-vindo(a) ao curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE)!

Nós, da Rede EaD-Segen, estamos muito felizes em poder disponibilizar esta


capacitação para os profissionais que integram o Sistema Único de Segurança Pública
(Susp).

De antemão, pedimos licença para adotar um tom mais informal ao longo do


curso; isso porque pretendemos tornar a sua experiência de aprendizagem mais leve
e dinâmica, dessa forma você poderá ter um contato mais próximo com as lições e
com as experiências compartilhadas pelos conteudistas. Trata-se de um material
especialmente pensado para você, agente do Susp que conduz viaturas em geral,
unidades de resgate e de atendimento, que presta serviços de urgência e emergência
que se preocupa com seu bem-estar e com o de terceiros. Além disso, o curso é uma
exigência legal prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas você já se
perguntou qual a importância desse curso?

Saiba que não se trata de mera formalidade. É uma estratégia, na verdade,


que busca reduzir a violência e as fatalidades registradas no trânsito. Assim sendo, a
lei considera essencial preparar o condutor para o adequado exercício da atividade
profissional.

O treinamento e a constante capacitação dos agentes por meio de cursos


especializados são importantes medidas de segurança para si e para terceiros.

O trânsito de viaturas, ambulâncias ou unidades de resgate, por exemplo,


possuem prerrogativas que outros veículos não detêm. As excepcionalidades,
portanto, demandaram tratamento especial pelo legislador.

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Haja vista a natureza emergencial dos serviços, o atendimento ao cidadão
deverá se dar num curto espaço de tempo, e a demora em responder alguns pedidos
de ajuda pode resultar na continuação da vida ou na morte de alguém.

O CTB, ciente dessa necessidade, conferiu algumas prerrogativas para o


trânsito e para a circulação desses veículos.

No atendimento de emergências, o legislador definiu que algumas normas não


são aplicáveis aos seus condutores. Trata-se, portanto, de uma previsão que deve
obedecer a condicionalidades específicas e que devem ser analisadas pelo condutor,
quase sempre em situações de estresse, sob forte emoção.

Determinar a velocidade, a escolha da faixa, a mudança na direção ou a


parada repentina de um veículo de emergência deve ocorrer, na maioria das vezes,
em frações de segundos. Trata-se de decisão técnica que requer perícia e treinamento
do condutor, sempre em busca da segurança pessoal e de terceiros.

Você deve ter percebido, a essa altura, que a condução desses veículos
envolve grandes responsabilidades e a atividade, portanto, exige a aprovação em
curso especializado. Nesse sentido, a característica principal da especialização é a
qualificação prévia para seu exercício. Esse é um assunto que não costuma pautar as
discussões em quartéis ou delegacias, por exemplo. Isso se deve, em grande parte,
por conta da própria natureza da função desempenhada, na qual dirigir assume um
status de tamanha normalidade que se incorpora à rotina do operador de segurança.
Dirigir se torna mecânico e deixa de contar com a atenção necessária do motorista.

A situação é diferente, porém, quando um colega, ou até mesmo você,


envolve-se em um acidente. A partir daí, o tema toma conta das unidades de trabalho
e, muitas vezes, da própria vida do agente. Então, o que se vê em seguida é uma
sucessão de fatos que prejudicam o relacionamento pessoal e profissional e a saúde
dos envolvidos.

Procedimentos administrativos são abertos e, algumas vezes, ações civis e


criminais acontecem paralelamente. Ocorrem licenças médicas, desgaste físico e
mental, afastamentos para o comparecimento em oitivas e em tratamentos médicos.

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Nesse momento, aparecem as perguntas: o que poderia ter sido feito? Como evitar
novos casos?

Atualmente, o Brasil sofre com um tipo de violência diferente daquela


abordada nas páginas policiais dos jornais, uma violência distinta daquela
comumente combatida pela segurança pública. Trata-se da violência no trânsito.

Acidentes no trânsito são a terceira maior causa de mortes no mundo (ficando


atrás apenas das doenças cardíacas e do câncer), e o número de óbitos decorrentes
da violência pública no Brasil praticamente se iguala àquele registrado devido a
acidentes de trânsito, conforme levantamento feito pelo Observatório Nacional de
Segurança Viária.

Dessa forma, como sugestão, solicitamos que se dedique efetivamente à


leitura e siga com seus estudos em um ambiente tranquilo e de fácil concentração.
Afaste-se das distrações das redes sociais e, o mais importante: aproveite as aulas
de cabeça aberta, sem resistências desnecessárias, pois, ao disponibilizarmos o
ensino para o público adulto é notório que o interesse e autonomia são fundamentais
para o aprendizado.

Da nossa parte, buscamos a descontração e a apresentação de um conteúdo


personalizado, para atender o dia a dia do agente da segurança pública com base na
educação a distância, que permite uma melhor organização pelo aluno do tempo e do
local para sua realização. Tudo isso para que você possa despertar a curiosidade,
conservar o interesse e se identificar com o material apresentado.

Registramos que essa capacitação é destinada aos agentes do Susp que


nunca tenham realizado o curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE).
Seja pela própria Rede EaD (no antigo ambiente) ou por outro meio (presencial ou a
distância).

A validade do curso é de cinco anos, após esse período, o profissional deverá


passar por um processo de atualização frequentando o curso: Atualização de
Condutores de Veículos de Emergência (ACVE).

Alguns esclarecimentos sobre o curso:

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Ele possui 60 horas, é exclusivo para agentes que integram o Susp e
encontra-se dividido em 4 (quatro) módulos.

Observe que para o efetivo aproveitamento da capacitação é necessário que


o discente esteja com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida em qualquer
categoria.

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Objetivos do Curso

 Proporcionar ao condutor que atua no Sistema Único de Segurança Pública


condições para atuar de forma consciente, ética e legal na direção de veículos
de emergência;
 Destacar a importância de agir de forma adequada e correta no caso de
eventualidades, preparando-o para adoção de iniciativas responsáveis no
trânsito;
 Capacitar agentes para o relacionamento harmonioso com os demais
componentes do sistema viário, tais como pedestres e outros condutores; e
 Oferecer segurança no trânsito, além de conhecer, observar e aplicar
disposições contidas no CTB, na legislação de trânsito e legislação específica
sobre o transporte especializado de veículos de emergências.

Estrutura do Curso

Este curso compreende os seguintes módulos:

Módulo 1 - Legislação de Trânsito (15 horas-aula).

Módulo 2 - Direção Defensiva (15 horas-aula).

Módulo 3 - Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio


Social (15 horas-aula).

Módulo 4 - Relacionamento Interpessoal (15 horas-aula).

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Mensagem do Reformulador

Ouça o ÁUDIO 1

Caro Colega,

Desculpe-me pela intimidade, mas é que ser da segurança pública e ter a


oportunidade de desenvolver um conteúdo voltado para esse segmento torna a
atividade especial. Na realidade, somos colegas de trabalho, pessoas que lidam com
as mesmas situações e isso fica evidente durante a leitura do material.

Não quer dizer que alguém de fora do ramo da segurança pública não
pudesse ter atuado como conteudista de um curso como este; está cheio de bons
profissionais nas universidades, nas empresas e no setor público. Mas o olhar interno,
de quem vivencia o dia a dia da profissão, agrega um tipo de conhecimento da
realidade que aqueles profissionais citados anteriormente não têm. Nosso trabalho
possui particularidades, excelências e, também, as suas dificuldades.

Mas, seja você um agente da segurança pública experiente, com muitos anos
de bons serviços prestados à sociedade, seja você um novato na atividade, é possível
imaginar que tenha tido o pensamento: este curso não passa de uma besteira!
Como um curso online vai me ensinar a conduzir uma viatura policial ou uma
ambulância? Isso deve ser coisa de algum teórico que não tem o que fazer!
(Sejamos sinceros, a maioria, nesta altura do curso está pensando isso – EU estava
pensando assim quando fiz o curso pela primeira vez!)

Então, vamos a alguns esclarecimentos e combinados: o primeiro deles é:


este curso NÃO VAI ensinar você a dirigir! Muito menos ensinar a dirigir um veículo
de emergência! E nem é a finalidade dele fazer isso, até porque este é um curso
teórico. Na verdade, um dos pressupostos deste curso é que você JÁ SABE DIRIGIR!
A ideia aqui é fornecer dicas para que você possa ser um motorista mais prudente;
informações para que você conheça um mínimo de legislação para desempenhar bem

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sua função (e não se meter em problemas); e, finalmente, algumas técnicas que
podem salvar a SUA vida, a vida de seus colegas de profissão e, inclusive, a vida de
seus familiares. Nosso objetivo é ajudar você a cumprir a sua missão, finalizando seu
plantão ou turno de serviço são e salvo e sem broncas a responder! Parece bom para
você?

O segundo esclarecimento é que, sim, este curso é uma exigência legal para
a nossa profissão, prevista no art. 145, inciso IV, da Lei n. 9.503/1997, mais conhecida
como Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Se vocês forem olhar esse inciso, verão
que ele fala de dois cursos: do “curso especializado” e do “curso de prática veicular
em situação de risco”. No caso, este que você está cursando é o “curso especializado”,
que é teórico. O detalhe é que este é oferecido, lá fora (na modalidade presencial ou
a distância), por um valor de algumas centenas de reais. Aqui, a Secretaria de Gestão
e Ensino em Segurança Pública (Segen) está oferecendo a você gratuitamente,
pensando na sua capacitação!

Já o curso de prática veicular em situação de risco, apesar de ainda carecer


de uma regulamentação nacional, está sendo oferecido por algumas instituições,
como a Polícia Rodoviária Federal ou as Polícias Militares, com nomes como
“Condução Veicular Policial” ou “Condução Policial”.

O conhecimento dos dois cursos (prático e teórico) se completa. Se você tiver


oportunidade, faça o outro curso: você não vai se arrepender!

E agora, o combinado: pare de torcer o nariz e abra a sua mente! Todos


podemos aprender e crescer profissionalmente, se quisermos. Se você enxergar o
curso como uma obrigação ou como uma formalidade, seu desempenho será
prejudicado. Mas, se você vier com o espírito disposto a aprender, vai ver que aqui
tem muita coisa boa e que são aplicáveis ao SEU trabalho, ao nosso trabalho!

Por fim, desejamos a você um excelente curso! Certamente, você vai


adquirir conhecimentos úteis para a sua profissão e para a sua vida! Vocês
merecem o melhor, pois são os guerreiros e guerreiras que zelam e protegem
o nosso Brasil!

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MÓDULO IV — RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

Apresentação do módulo

Como você estudou nos módulos anteriores, a legislação de trânsito brasileira


regulamenta aspectos importantes para a circulação de veículos de emergência. A
Direção Defensiva orienta a forma e as técnicas mais seguras de condução dos
veículos para minimizar os riscos de acidente. Os Primeiros Socorros são ações
importantes para garantir a vida dos envolvidos em situações com vítimas.

Neste módulo, você é convidado a refletir sobre as relações interpessoais, a


postura mais adequada, as causas que podem levar ao conflito e as possíveis atitudes
que o previnem, resultando em uma relação harmoniosa e em um convívio de respeito,
de tolerância e de cuidado com o outro.

Neste momento inicial, você deve saber que a implementação de uma


capacitação pode almejar transformações a partir da atuação consciente do próprio
participante que, uma vez conhecendo seus recursos pessoais, planeja novamente
sua estratégia comportamental, visando ao melhor ajustamento de si mesmo àqueles
com que convive e às circunstâncias que cercam seu trabalho.

Ou seja, somente o próprio agente de segurança pública pode modificar o seu


comportamento. O trabalho de capacitação limita-se a criar situações que facilitem a
mudança de comportamento para conscientizar e para qualificar profissionalmente,
mas somente haverá sucesso se você estiver disposto à reflexão e à mudança de
atitude, em busca do melhor desempenho na missão de conduzir um veículo de
emergência.

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Objetivos do módulo
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:

• Desenvolver o comportamento solidário no trânsito;

• Valorizar a responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do


processo de circulação;

• Respeitar as normas estabelecidas para a segurança no trânsito;

• Identificar o papel dos agentes de fiscalização de trânsito;

• Reconhecer a importância do atendimento adequado às diferenças e


especificidades dos usuários;

• Identificar características dos usuários de veículos de emergência; e

• Refletir sobre o comportamento e a segurança na condução de veículos de


emergência e sobre os cuidados especiais e a atenção que devem ser dispensados
aos passageiros e aos outros atores do trânsito, na condução de veículos de
emergência.

Estrutura do módulo
Este módulo compreende as seguintes aulas:

Aula 1 — Aspectos de comportamento e de segurança na condução de veículos de


emergência;

Aula 2 — Comportamento solidário no trânsito;

Aula 3 — O condutor e os demais atores do processo de circulação;

Aula 4 — Normas de segurança no trânsito e os agentes de fiscalização de trânsito;


e;

Aula 5 — Atendimento aos usuários.

232
AULA 1 — Aspectos de comportamento e de segurança
na condução de veículos de emergência

Introdução

Prezado profissional de segurança pública, como você estudou na última aula


do módulo passado, as relações que se desenvolvem a partir da interação entre as
pessoas são chamadas de relações interpessoais.

Antes de iniciar este módulo, reflita:

Figura 100: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

1.1 O impacto da qualidade das relações interpessoais


no ambiente de trabalho do profissional de segurança
pública

Relações interpessoais e o respeito mútuo

No ambiente de trabalho, há situações de relação pré-determinadas, em que


necessariamente ocorrerão interações. Para que essas interações com os nossos

233
colegas de profissão transcorram de forma a se criar um bom ambiente de trabalho,
são essenciais à comunicação, a cooperação e o respeito entre os pares.

E se, nas ocupações “normais”, um bom ambiente de trabalho é salutar e


ajuda a aumentar a produtividade da organização; dentro das carreiras ligadas à
segurança pública, a confiança e a camaradagem entre os pares são essenciais; afinal
de contas, a cada turno de serviço, nós confiamos a nossa vida aos homens e às
mulheres que estão trabalhando conosco; assim como eles também confiam a vida e
a integridade física deles a nós.

No entanto, nem sempre é fácil de manter um bom relacionamento com


pessoas que, não raras vezes, nasceram e se desenvolveram em meio a grupos
sociais diversos e que, muitas vezes, têm uma forma de enxergar o mundo
completamente diferente da nossa, seja por questões culturais, religiosas ou
idiossincráticas. Geralmente, tratamos as pessoas de modo igual, mas o resultado
disso pode vir a ser posturas e respostas diferentes. Segundo Moscovici (1995),
quando se trata de pessoas, é difícil prever resultados de forma homogênea, pois cada
pessoa reage de forma distinta aos mesmos estímulos. Assim, à medida que as
relações humanas se desenvolvem, inevitavelmente, podem surgir sentimentos
diferentes daqueles previstos.

Nesse sentido, o ideal é que sempre estejamos tentando provocar naqueles


que nos cercam sentimentos positivos, pois esses sentimentos provocarão o aumento
da interação e da cooperação entre as pessoas, resultando no aumento da qualidade
do nosso ambiente de trabalho.

Para conviver com alteridade, é necessário exercitar algumas virtudes tais


como a tolerância com o pensamento distinto do nosso; o respeito às pessoas,
considerando que, mesmo diferentes, todas têm um valor intrínseco; e, muitas vezes,
a paciência. Por fim, uma forma de procurar aproximação e empatia com os colegas
de trabalho é por meio da busca por características comuns, por aquilo que nos une.

No entanto, assim como os sentimentos positivos têm um bom impacto no


nosso ambiente de trabalho, quando deixamos nos dominar por (ou contribuímos por
gerar) sentimentos negativos, como antipatia e rejeição, haverá uma sensível queda

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na qualidade das interações dentro do grupo, resultando em um maior distanciamento
dos envolvidos e, por consequência, diminuição da qualidade do serviço e provável
queda na produtividade.

Lembre-se: o seu comportamento irá definir sua interação com o outro!

Saiba mais:

Acesse o link abaixo para saber mais dicas sobre como desenvolver seu
relacionamento interpessoal e para alavancar seu crescimento
profissional:

Confira: https://www.youtube.com/watch?v=V9LjLAn_C14

Segurança: arriscando a própria pele e pensando em si e nos outros

Além das questões relacionais tratadas anteriormente, um dos aspectos mais


importantes das relações humanas dentro do ambiente das organizações que
trabalham na segurança pública é a adoção de comportamentos e de protocolos de
segurança. Isso vale não somente para a condução de veículos de emergência, mas
para a maioria dos aspectos de nosso trabalho.

Como já foi tratado em outros momentos deste curso, nossa atividade tem
algumas peculiaridades que a diferenciam das demais profissões. Uma dessas
peculiaridades é que nós, servidores de segurança pública (pelo menos aqueles que
trabalham na área operacional, na “linha de frente”), estamos constante e
cotidianamente “arriscando nossa própria pele”, conforme o conceito defendido pelo
filósofo Nassim Nicholas Taleb (2018).

Isso quer dizer que os servidores que estão trabalhando na atividade-fim da


área de segurança pública não têm a possibilidade de transferir os riscos de suas
ações para outras pessoas. Por exemplo, durante uma abordagem a pessoas

235
suspeitas, a desatenção ou um procedimento policial realizado de forma errada pode
expor o servidor e toda a sua equipe a riscos pessoais bem tangíveis.

A maior implicação de perceber esse conceito reside no fato de que, quando


temos consciência disso, essa consciência nos leva a agir com responsabilidade para
com a segurança própria e para com a segurança de nossos pares.

Saiba mais:

Considerando os conceitos de assimetrias na sociedade, conforme a


classificação proposta por Taleb, o servidor de segurança pública (policial,
bombeiro, guarda municipal etc.) está incluído na categoria daqueles que
“arriscam a própria pele pelos outros” (TALEB, 2018. p. 65, grifo nosso).
Esse aspecto dá um peso ainda maior para a nossa responsabilidade no
ambiente de trabalho; pois, se, por algum motivo, deixarmos de cumprir a
nossa missão por causa de um evento externo (p. ex. ao se envolver em
um acidente de trânsito ao atender uma ocorrência), este fato pode ter
reflexos negativos (físicos ou patrimoniais) para aqueles que vamos
deixar de atender.

E, considerando os riscos existentes na condução de veículos de emergência,


a adoção de comportamentos errados ou imprudentes pode vir a ter um preço
demasiado caro: às vezes, o preço pode ser pago com a nossa própria vida ou com a
vida de algum de nossos companheiros de trabalho.

É IMPORTANTE:

Pensar que nós, servidores da segurança pública,


temos várias missões; mas talvez uma das mais
importantes seja, ao final de cada turno, devolver nossos
colegas de trabalho, sãos e salvos, para as suas famílias!

236
Ouça o ÁUDIO 7

Vejamos, a seguir, mais alguns aspectos de comportamento e de segurança


que têm impacto direto para a condução de veículos de emergência:

1.2 Comportamento preventivo versus comportamento


de risco

Reflita:

Figura 101: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

No Módulo 2 deste curso, estudamos que os principais fatores que


influenciam nas ocorrências dos acidentes de trânsito são o condutor, o veículo e a
via. E, entre esses três, o fator humano (condutor) é o preponderante, pois a falha
humana é a causa de mais de 90% dos acidentes de trânsito. Você, condutor do
veículo de emergência, é, no momento de trabalho, o maior responsável pela sua
própria segurança, pela segurança da equipe (que depositou a vida em suas mãos!)
e, também, pela integridade física dos demais atores envolvidos no trânsito.

237
Vimos também que o ato de conduzir um veículo é muito complexo e que isso
exige sua total atenção e cuidado; principalmente se esse ato de conduzir for realizado
sob condições-limite, com alto grau de pressão e quando a vida de outras pessoas
pode estar em risco.

Por fim, também sabemos que quanto maior o risco apresentado pelas
condições adversas de veículo e da via (para saber mais sobre o gerenciamento das
condições adversas, consulte o módulo 2), maior deverá ser o seu cuidado como
condutor do veículo de emergência.

Racionalmente falando, todos nós sabemos tudo isso que acabou de ser dito.
Mas, se sabemos disso, por que, então, muitos de nós, policiais ou bombeiros,
optamos por correr riscos desnecessários no trânsito?

A resposta a essa pergunta é um tanto complexa; pois, para sua resposta,


teremos que entender que nem todo o nosso comportamento é ditado por questões
de ordem puramente racional. Somos seres complexos e a constituição de nosso
comportamento deriva tanto de fatores internos, ligados à nossa personalidade e
formação básica, como também de influências externas, recebidas dos mais diversos
locais e dos grupos sociais a que fazemos parte.

Porém, ao desenvolvermos a consciência de nosso papel e do valor relevante


que temos para a manutenção do estado de “normalidade” dentro da sociedade,
salienta-se a importância de, ao menos nas “condições normais de temperatura e
pressão”, seguirmos todas as técnicas de Direção Defensiva aprendidas neste curso,
a fim de evitarmos nos envolver em acidentes.

Assim, mantenha o comportamento preventivo ao conduzir, evitando os riscos


desnecessários; pois, de outra forma, você poderá tornar-se parte da triste estatística
de agentes de segurança pública mortos ou incapacitados em acidentes de trânsito,
seja no trabalho ou fora dele.

238
Desenvolvendo a consciência:

Gostaríamos que você dedicasse alguns minutos para a seguinte reflexão.


Responda, para si mesmo, algumas perguntas:

I. Quantas pessoas próximas de você (familiares, amigos, ou colegas de


escola ou de faculdade) já morreram vítimas de acidentes de trânsito?
Alguma dessas pessoas sobreviveu, mas ficou com alguma sequela?
II. Em sua organização, já aconteceram acidentes de trânsito envolvendo
colegas de trabalho em serviço? Algum dos colegas faleceu ou ficou com
sequelas em decorrência desse acidente?

Quando dizemos que morrem mais de 30 mil pessoas por ano em


acidentes de trânsito no Brasil, isso é apenas um número. Um número
terrível, é verdade, porém frio e impessoal. Quando começamos a colocar
nomes e rostos nesses números, todo o horror e o sofrimento subjacentes
a eles começam a vir à tona.

A adoção de protocolos de segurança ao dirigir implica que sempre teremos


que dirigir em velocidade moderada e compatível com a via, prestando muita atenção
e seguindo todas as normas de trânsito? Nas “condições normais de temperatura e
pressão” (tal como durante o serviço de ronda ou em deslocamentos administrativos
etc.), sim! No entanto, existe um tipo de situação determinada que exige uma
condução mais vigorosa: a urgência.

1.3 Urgência

Para os fins da legislação de trânsito, o conceito de urgência está previsto no


§2º do art. 1º da Resolução do CONTRAN nº 268, de 15 de fevereiro de 2008, in
verbis: “Entende-se por prestação de serviço de urgência os deslocamentos

239
realizados pelos veículos de emergência, em circunstâncias que necessitem de
brevidade para o atendimento, sem a qual haverá grande prejuízo à incolumidade
pública” (BRASIL, 2008, n.p., grifo nosso).

Podemos afirmar que as urgências são aquelas situações que fogem da


normalidade (tais como acidentes, ocorrências criminais e socorro a enfermos), nas
quais o tempo de reação é não apenas importante, mas vital!

Para a maioria das pessoas, urgências “reais” ocorrem (felizmente) apenas


algumas vezes no decorrer de suas vidas. No entanto, para o profissional de
segurança pública, as urgências são uma parte integrante de seu trabalho.

A situação de urgência demanda uma resposta rápida de parte do órgão, sob


risco de algum membro da sociedade ter a sua vida, a sua integridade física e/ou seus
bens patrimoniais violados. E é precisamente por esse motivo que a sociedade
outorga aos veículos de emergência as prerrogativas tratadas no Módulo 1: a
prioridade de passagem, a livre circulação, parada e estacionamento (conforme a
figura 40 do módulo 1).

Evidentemente, mesmo em casos de deslocamentos de urgência, devemos


aplicar os princípios da Direção Defensiva, bem como todos os procedimentos de
segurança cabíveis. Nesses deslocamentos, a perícia do condutor no volante,
obviamente, é importante; mas, ainda, mais importante é a habilidade do profissional
de segurança pública em manter, em tal situação, o seu equilíbrio emocional.

IMPORTANTE:

O condutor do veículo de emergência precisa


desenvolver o autoconhecimento e saber reconhecer os
seus limites e limitações ao volante.

É importante destacar que, na análise documental sobre as urgências,


realizada por meio do documento intitulado “Política Nacional de Atenção às
Urgências” (BRASIL, 2006), aparece, muitas vezes, a expressão “equilíbrio

240
emocional”, sem, no entanto, especificar-se como se adquire, como se desenvolve ou
como se “aplica” o equilíbrio emocional.

Vamos, a seguir, fazer algumas considerações sobre o equilíbrio emocional.

1.4 Equilíbrio emocional

O equilíbrio emocional está diretamente ligado à inteligência emocional, que


possui cinco elementos comumente aceitos:

• Autoconsciência:

É a capacidade que o indivíduo possui de refletir sobre as suas próprias ações,


atitudes e vida, aumentando o autoconhecimento e usando-o para se aprimorar e até
para superar ou para compensar fraquezas. A autoconsciência envolve estar atento a
diferentes aspectos do nosso ser, incluindo aos sentimentos, ao temperamento, aos
comportamentos, às crenças e aos valores. Quando desenvolvemos essa habilidade,
nós aumentamos o conhecimento sobre o que sentimos e de que forma essas
emoções afetam, positiva ou negativamente, o nosso desempenho no contexto
pessoal e profissional.

• Motivação pessoal:

A motivação lida com o que realmente nos empolga — a visão, os valores, os


objetivos, as esperanças, os desejos e as paixões que formam nossas prioridades. A
motivação é o que leva uma pessoa a fazer algo, servindo como um impulso ou um
catalisador para que o indivíduo possa correr atrás de seus sonhos e objetivos. A
motivação pode vir por meio de fatores externos ou internos (automotivação).

• Autorregulação:

É a nossa capacidade de nos gerenciarmos para atingirmos nossa visão e


nossos valores; ela se traduz na capacidade de controlar e monitorar nossos próprios

241
pensamentos, emoções e comportamentos, alterando-os de acordo com as
exigências da situação.

• Empatia:

Nossa capacidade de ver e de sentir como outras pessoas veem e sentem as


coisas; é saber se colocar no lugar do outro. Ao exercitarmos a empatia, podemos
passar a compreender escolhas, alegrias, medos, hesitações, agressividade e
fraquezas.

• Habilidades de comunicação social:

Lidam com a forma pela qual resolvemos nossas diferenças e nossos


problemas; como chegamos a soluções criativas; e como interagimos de modo
satisfatório com os outros para alcançarmos os objetivos comuns.
Na prática, no cotidiano dramático das ações de segurança pública, o equilíbrio
emocional é responsável pelo sucesso do trabalho, tanto a curto quanto a médio
prazo, o que faz com que nós permaneçamos mentalmente saudáveis e permite o
distanciamento de doenças psicossomáticas e de outras consequências mais graves,
como a neurose de trabalho denominada (Síndrome de Burnout).

Saiba mais:

Acesse o link abaixo para saber mais dicas de como manter a saúde
mental em tempos difíceis, a exemplo de uma pandemia de coronavírus:

Confira: https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-
mais/habitos-que-podem-ajudar-a-sua-saude-mental-em-tempos-de-
coronavirus

242
1.5 Síndrome de Burnout

A palavra burnout se origina da união de burn, que significa queima, e de out,


exterior. Ela nomeia uma síndrome, a Síndrome de Burnout, ou Síndrome do
Esgotamento Profissional; essa síndrome é o resultado direto do acúmulo excessivo
de estresse, de tensão emocional e de trabalho, e é bastante comum entre
profissionais que trabalham sob pressão constante, como policiais, bombeiros,
socorristas e agentes de trânsito.

Os autores que defendem que a Síndrome de Burnout é algo diferente do


estresse alegam que essa doença envolve atitudes e condutas negativas com
relação aos usuários, aos clientes, à organização e ao trabalho, enquanto o estresse
seria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito, e
não, necessariamente, na sua relação com o trabalho. Entretanto, a Síndrome de
Burnout também pode ser a consequência mais depressiva do estresse
desencadeado pelo trabalho.

Você conhece a dificuldade de manter-se equilibrado como agente


de segurança pública na condução de um veículo de emergência, mas
pense na importância desse equilíbrio para cumprir sua missão de proteger
vidas.

Seu equilíbrio definirá sua atuação em situações normais de condução, o


ajudará a praticar a direção defensiva, e fará com que você seja visto como um modelo
de atitude no trânsito. Mesmo em situações-limite, como em um acompanhamento
tático, em um atendimento de uma situação de emergência que pode ser um crime,
um acidente envolvendo feridos, um incêndio, ou em tantos outros tipos de
ocorrências, manter o equilíbrio emocional será de suma importância para que você
desempenhe a missão com sucesso.

Quando somos submetidos a situações-limite, nosso organismo ativa um


mecanismo de defesa conhecido como “fugir ou lutar”, então são despejados, em
nossa corrente sanguínea, uma série de hormônios que preparam nosso corpo para

243
o desempenho dessas atividades. Após o encerramento da situação de urgência,
nosso organismo começa a se preparar para retornar à normalidade.

Ocorre que, na nossa profissão, as situações-limite acabam por se repetir,


várias vezes, em cada plantão, provocando desgastes físicos, mentais e emocionais.
E esses desgastes acabam se repetindo por anos a fio, minando silenciosamente
nossa saúde mental. A maioria de nós, profissionais de segurança pública, acaba
desenvolvendo alguma forma de lidar com o “lixo” emocional acumulado, seja por
meio de terapia, do envolvimento em algum grupo ou atividade que dê apoio ou
sentido (clubes, igrejas etc.), seja por meio de alguma atividade física para
“descarregar as tensões”. Mas a maioria de nós acaba desenvolvendo, pelo menos
uma vez no decorrer de nossa carreira profissional, uma doença psicossomática.

Saiba mais:

Não faltam estudos mostrando que as profissões ligadas à área de


segurança pública têm índices de suicídios, de doenças psicossomáticas
como depressão e ansiedade e de abuso de álcool muito acima da média
da população em geral. Isso, por si só, deveria servir de alerta para a
necessidade de cuidarmos de nossa saúde mental.

Sintomas de síndrome de Burnout

Como a Síndrome de Burnout é uma doença psicossomática, ela apresenta


tanto sintomas físicos quanto mentais, incluindo:

I. Cansaço mental e físico excessivos;


II. Insônia;
III. Dificuldade de concentração;
IV. Perda de apetite;
V. Irritabilidade e agressividade;
VI. Lapsos de memória;
VII. Baixa autoestima;
VIII. Desânimo e apatia;

244
IX. Dores de cabeça e no corpo;
X. Negatividade constante;
XI. Sentimentos de derrota, de fracasso e de insegurança;
XII. Isolamento social;
XIII. Pressão alta; e
XIV. Tristeza excessiva.

Se você estiver sofrendo da Síndrome de burnout e estiver encarando o


usuário do trânsito, ou qualquer outro envolvido na ocorrência, de forma negativa, será
muito difícil que sua atuação seja efetiva nos padrões necessários e esperados.

Os sintomas básicos da Síndrome de burnout estão associados às


manifestações de irritação e de agressividade numa espécie de “exaustão emocional”,
quando a pessoa sente que não pode dar mais nada de si mesma. É expressa por um
comportamento negativista e por uma “aparente insensibilidade afetiva”.

IMPORTANTE!

Para dar conta desse desafio diante das situações-


limite, você pode iniciar revisando os seus próprios
conceitos. O fator que mais dificulta a solução de conflitos
de ordem psicológica é a negação do problema e a recusa
em encará-lo.

Você precisa estar consciente de como está agindo cotidianamente. Se


perceber que está fora de seu equilíbrio, com dificuldades de relacionamento, talvez
até com estresse muito elevado durante a condução de veículo de emergência no
trânsito, cabe, aí, a procura de ajuda.

Se você desconfia que está sofrendo de Síndrome de burnout, estresse


excessivo, depressão, ideação suicida ou qualquer outro distúrbio semelhante, não
hesite em procurar ajuda! Muitas corporações de segurança pública têm núcleos de

245
atenção à saúde do servidor, se esse for o caso, eles saberão como encaminhá-lo
para o tratamento adequado.

IMPORTANTE!

Muitas vezes o problema não é conosco, mas com


algum dos nossos companheiros de trabalho. Assim como
devemos zelar pelo bem-estar e pela integridade de nossos
colegas nas ocorrências criminais e nos deslocamentos de
urgência, nós precisamos cuidar do bem-estar mental e da
saúde deles. Se você perceber que um companheiro está
ficando doente e está precisando de ajuda, não vire as
costas para ele nem finja que o problema não é seu. Com
muito tato, converse com ele, demonstrando genuíno
interesse por seu bem-estar e tente persuadi-lo a se cuidar.

Saiba mais:

Acesse o link abaixo para saber mais informações sobre a Síndrome de


burnout e sua relação com outras doenças psicossomáticas como a
depressão:

Confira: https://www.youtube.com/watch?v=iILq_7rOGbc

246
1.6 Agressividade e insegurança no trânsito

Existem diversos fatores que podem causar riscos à segurança na condução


de veículos de emergência. Um dos fatores que mais vem crescendo como causa de
insegurança no trânsito é a agressividade, mesmo por parte de pessoas que, em
outras situações cotidianas, costumam manter sempre uma atitude tranquila.

Você percebe diariamente a violência presente no trânsito. Essa violência não


se traduz apenas em acidentes de trânsito: essa talvez seja apenas a face mais visível
e dramática do problema. Se nos atentarmos, cada vez mais, vemos as pessoas
conduzindo de forma ofensiva, tratando os demais atores do trânsito de forma
displicente, quando não como inimigos. Isso se traduz, numerosas vezes, no
desrespeito e na agressividade entre os usuários do sistema, culminando, geralmente,
em agressões verbais, físicas e, até mesmo, em assassinatos.

De olho na tela!

Assista o vídeo:
Acesse o link abaixo e assista o vídeo “Briga de Trânsito”, que
mostra o conflito entre dois condutores no trânsito. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=TU0fhSFzxFQ

Segundo o verbete do dicionário (Bueno, 2007), agressividade é a capacidade


para agredir. Existem numerosas teorias psicológicas que procuram explicar como
surgiu e como se desencadeia a agressividade, embora uma discussão aprofundada
sobre o tema fuja dos propósitos deste curso de condução de veículos de emergência.

247
Reflexão

Caro aluno, reflita sobre a charge mostrada a seguir:

Figura 102: Charge sobre o trânsito de Salvador


Fonte: http://grooeland.blogspot.com/2008/09/sobre-o-trnsito-de-salvador.html

Após ver a charge, pense: de onde vem esse comportamento tão agressivo,
que transforma cidadãos pacatos e tranquilos no trato social em verdadeiros monstros
ao dirigir?

1.7 Fatores relacionados à agressividade

Uma grande discussão, travada entre os acadêmicos, é sobre a agressividade


ser inata ao ser humano ou se as pessoas se tornam agressivas como resultado da
influência do meio externo e/ou de sua própria frustração.

Para compreender mais sobre essa questão, estude, a seguir, dois fatores
que, em algumas teorias largamente abordadas em pesquisas, são apontados como
possíveis causas que geram agressividade nas relações interpessoais. Assim, você
poderá identificar a presença deles no seu dia a dia: o medo e a raiva.

Medo

A emoção do medo e o sentimento que dele emana, embora subjetivos,


surgem quando algo ameaçador (real ou imaginário, podendo também ser fruto do
condicionamento) estimula, no nosso sistema nervoso, estruturas que fazem

248
desencadear respostas adaptativas a esses estímulos, o que a fisiologia denomina
“reação de luta ou fuga”.

Para refletir:

Figura 103: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Assim, diante de um estímulo de perigo, real ou imaginário, haverá respostas


de ordem comportamental e fisiológica:

Resposta Comportamental

Alerta, luta, fuga e congelamento.

Resposta Fisiológica

Aumento da frequência cardiorrespiratória, midríase (pupila dilatada),


piloereção (ereção dos pelos), liberação de cortisol e adrenalina.
Para Sampaio (2011, n.p.), “o medo inato salva e o medo condicionado
escraviza”. Assim, dois são os mecanismos de que dispomos para responder à
emoção do medo:
• O racional, gerido pelas informações que chegam à nossa consciência; e

249
• O irracional, formado por estímulos do nosso passado evolutivo sem que
tenhamos consciência, gerando uma resposta mais rápida.

Assista o vídeo:
Acesse o link abaixo para saber mais sobre estratégias de como
lidar com a emoção do medo. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3wsL5FklCFc

Raiva

Paralelamente à emoção do medo, pode também surgir a emoção da raiva,


como uma forma de preparo para uma resposta de defesa agressiva, visando
assegurar a sobrevivência. Raiva é o comportamento humano agressivo de ataque,
podendo ser ofensiva ou defensiva. A raiva também pode surgir a partir do medo. Ela
também é subjetiva e apresenta componentes comportamentais e fisiológicos.
(SAMPAIO, 2011)

Ainda para Sampaio (2011), os aspectos comportamentais das emoções de


medo e de raiva são bem distintos. Embora possam ter a mesma origem, o indivíduo
com raiva é barulhento, enquanto aquele que está com medo é mais controlado e, por
vezes, chora. Os gestos na raiva são de ataques, ofensivos; no medo, são de fuga ou
de defesa contra o agressor.

Na raiva, como também na emoção do medo, há situações em que agimos


primeiro e pensamos depois. A sua agressividade inicial pode vir de sua natureza,
mas o limite de suas ações depende sempre da decisão tomada por você, podendo
resultar desde a legítima defesa até o assassinato (SAMPAIO, 2011).

IMPORTANTE!

Você também está sujeito às normas de conduta e a


treinamentos que irão condicioná-lo a determinadas ações
em resposta às situações-limite. Assim, é de sua

250
responsabilidade procurar conhecer bem essas normas,
mantendo-se atualizado e preparado para responder de
forma adequada ao momento.

Para refletir:

Agora que você já estudou as origens da agressividade, já pode criar


estratégias de controle para sua canalização mais adequada. Quando surgir uma
emoção ditada pela cultura, por exemplo: pelo dito popular de que “você não deve
levar desaforo para casa”, ou pelo antigo código do “olho por olho, dente por dente”,
lembre-se que a emoção, que foi em nós colocada, também pode ser modificada.

Assista o vídeo:
Acesse o link abaixo para se aprofundar sobre como surge o
sentimento da raiva e sobre como podemos lidar com ele.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3jYjR8-YHmw

251
AULA 2 — Comportamento solidário no trânsito

Introdução

Figura 104: Mãos em formato de estrela significando solidariedade


Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/star-dedo-m%C3%A3os-coes%C3%A3o-5031540/.

Como você já estudou anteriormente, o seu comportamento em relação ao


outro pode gerar consequências positivas ou negativas. Nesta aula, você estudará a
base do comportamento solidário, por meio da compreensão de como ocorre a
convivência, de modo a oportunizar relacionamentos interpessoais saudáveis e
harmônicos.

252
Vamos refletir:

Figura 105: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

2.1 Convivência

Leonardo Boff (2006) traz alguns princípios necessários para uma convivência
saudável, que serão apresentados e comentados a seguir.

Conviver significa:

Viver em comum, ou seja, viver com o outro.

Vimos, na aula 6 do Módulo 3, que o ser humano é um ser social. Nós temos
uma necessidade intrínseca de viver em grupos. A relação com o outro é parte
essencial da nossa sobrevivência. Ao mesmo tempo, somos todos diferentes, únicos.
Chamamos os outros de semelhantes; mas semelhança não significa sermos
totalmente iguais.

O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, em seu livro “Do Contrato Social”


(Rousseau, 2018), afirma que, para preservar a liberdade natural do ser humano, seu

253
bem-estar e sua segurança, os humanos teriam feito um contrato social. Tratava-se
de um pacto legítimo pautado na alienação total da vontade particular, em prol da
constituição de um Estado, como condição de igualdade entre todos.

Saiba mais:

Devemos ter em mente que para Rousseau, o contrato social não é uma
realidade histórica concreta, mas sim uma metáfora útil em termos
explicativos.

Figura 106: Jean-Jacques Rousseau


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau#/media/Ficheiro:Jean-
Jacques_Rousseau_(painted_portrait).jpg.

Para refletir:

Aqui, cabe um destaque para que você reflita sobre a ideia apresentada por
Rousseau e sobre o trânsito. Comparando-os, você terá a possibilidade de perceber

254
que o trânsito em condições seguras é um tipo de “contrato social” e que só é possível
materializar o nosso direito de ir e vir se as normas legais e as de conduta social forem
seguidas, não é mesmo? Se não houvesse normas de trânsito, se cada um transitasse
como bem lhe aprouvesse, o risco de se envolver em um acidente, com danos
materiais e/ou com ferimentos ou morte, aumentaria exponencialmente para todos os
envolvidos. Isso acabaria por criar uma imprevisibilidade em termos de relações
sociais.

A convivência, por sua vez, é uma das melhores formas de aprendizado. Você
observa o outro, interage com ele, ensina e aprende, muda, desenvolve-se. Mas, para
isso, você precisa estar disposto, aberto à convivência, ao grande exercício do
despojamento de seus conceitos para evoluir com o outro (BOFF, 2006).

Para refletir:

Você percebe que não pensa somente com os seus próprios pensamentos,
mas que absorve e repete aquilo que se aproxima por todos os lados, seja pela cultura
de massa, seja pelos grupos dos quais participa?

Quando você entra em um grupo, assume um pouco da identidade dele. Para


exemplificar isso, basta que você se recorde do quanto você mudou ao ser aprovado
para o concurso da sua instituição de segurança pública. Ou do quanto a sua vida
mudou quando você ingressou em uma faculdade. Cada grupo tem seus valores, seu
ethos, e você se adapta, de forma consciente ou inconsciente, ao meio que o circunda,
pois precisa conviver com o outro.

A forma de conviver pode variar muito, de grupo para grupo, mas sempre deve
haver o respeito. O outro, assim como você, possui seu espaço. Aí, se apresenta uma
grande questão: “Como pode haver a convivência sem a invasão do espaço do
outro?”

Vista dessa maneira, a convivência ocorre sempre no limite. Preciso ir até o


meu limite para alcançar o outro, mas sem ultrapassá-lo!

255
Lembre-se do ditado popular que diz:

“A minha liberdade termina onde começa a liberdade


do outro”.

Assim, quando o encontro com o outro tem êxito, os limites não são mais
rígidos, não separam mais, tornam-se fluidos e negociados saudavelmente. Cada um
retorna desse encontro um pouco melhor, mais sábio, enriquecido pela experiência
no limite. Em última instância, você é responsável pela qualidade de suas interações
com o outro e pelas experiências, positivas ou negativas, desta interação.

Exemplificando...

Uma pessoa irritada age de maneira agressiva com você no trânsito.


Se você se sentir ofendido e responder de forma semelhante, terá permitido
a invasão e a perda do seu equilíbrio, mas, por outro lado, se você não
responder à agressão, seu equilíbrio permanecerá a salvo.
Todos somos seres humanos; todos estamos sujeitos a erros e
somos influenciados por nossas emoções e pelas circunstâncias de nossas
vidas. Às vezes, o outro pode estar em um dia ruim. Todos têm o direito de
errar (até certo ponto, claro). Se foi ofendido no trânsito, procure não
revidar, procure se colocar no lugar do outro, pense como ele gostaria de
ser tratado. Às vezes, vale mais a pena estar bem consigo mesmo do que
provar que está certo!
Eventualmente, mesmo que você haja corretamente, pode vir a
surgir alguma desavença ou conflito. Se isso acontecer, procure não
agravar o conflito, mas sim procurar um jeito de resolvê-lo.

256
Observe, a seguir, um esquema de resolução de conflitos:

Figura 107: Esquema de resolução de conflitos


Fonte: do conteudista.

De acordo com o esquema de resolução de conflitos acima, há, em geral, três


saídas para um conflito:

I. A procura de solução violenta; que gera reações violentas: rompimento,


dispensa, raiva, rejeição, agressões verbais ou físicas, ou guerras.
II. A passividade completa, sem nenhuma procura de saída. Esse laissez-
faire (deixar-se fazer) pode levar a uma situação de crise permanente
ou prolongada, mágoas, ressentimentos, relações interrompidas e
congeladas.
III. A procura de soluções pacíficas e não violentas, por meio do diálogo
direto com empatia, da negociação, da mediação e da arbitragem.

257
No processo de convivência, nós podemos assumir diferentes papéis sociais,
que podem ser classificados de maneiras distintas.

Assim, podemos resumir os possíveis papéis sociais dos indivíduos de uma


comunidade em “vítima” (aquele que foi enganado ou iludido), “algoz” (desumano,
cruel) ou “curador” (aquele que traz a cura). Dessas opções, em qual você entende
estar o seu papel principal?

Lembre-se que todos circulam pelos três papéis; mas


é você, agente de segurança pública, que precisa vencer
todas as dificuldades relacionais para bem conduzir um
veículo de emergência com efetividade, e que deve perceber
a agressividade, controlando-a e dissipando-a.

Assim, você afastar-se-á dos papéis de “vítima” e de “algoz” e estará


assumindo o papel de “curador”, afinal de contas você ocupa o cargo de Servidor
Público.

2.2 Por que conviver?

A convivência permite sentar juntos, coexistir e intercambiar. A convivência é


uma experiência enriquecedora, pois lhe proporciona conhecer o outro, seu perfil, sua
postura perante as situações, fazendo com que você possa lidar melhor com as suas
questões.

Você é responsável em fazer, ou não, do outro seu próximo. A partir desta


ideia, é possível seguir alguns passos rumo à convivência.

258
Exemplificando...
• Se o condutor do outro veículo realizar uma manobra errada ou até
mesmo de forma muito lenta, você deve manter a calma e entender que
somos humanos e falhamos. Talvez não ajude em nada uma reclamação
ou qualquer forma de manifestação, podendo até provocar um risco ainda
maior.

Fazendo isto, você exercitará a compreensão em relação ao outro, exercício


essencial na convivência pacífica.

Exemplificando...
• Não julgue o condutor do outro veículo por sua condição financeira,
pelo seu gênero, pela sua idade, pela sua etnia etc.

Com esta postura, você não estará gerando preconceitos que só dificultam
as relações entre as pessoas, e tornam a convivência insuportável.

Exemplificando...
• Observe o contexto, e seja um condutor que contribui positivamente
para um trânsito mais seguro.

Agindo dessa forma, você demonstrará observação participante e


comprometida.

Exemplificando...
• Não alimente uma atitude competitiva, e sim, cooperativa. Assim,
você estará criando aliança com o outro.
• Seja cortês e educado.

Assim, você promoverá a identificação com o outro. “Cortesia gera cortesia”,


já dizia o provérbio português.

259
Quando você está na condução de um veículo, seja ele de emergência ou
não, você está sujeito a vários estímulos, afinal de contas, os outros condutores,
normalmente, também estão com pressa, e querem a preferência, assim como você.

É normal que você tenha alguns impulsos negativos e que seja estimulado a
pensar em coisas desagradáveis, mas eis o momento em que precisa se conscientizar
e lembrar que também faz parte de um contexto de trabalho.

Você precisa se adequar àquele momento e não perder o verdadeiro foco do


seu objetivo, que é chegar ao destino da forma mais segura e rápida possível, caso
contrário, pode causar danos bem maiores e, ao invés de ajudar, acabará por
atrapalhar todo o processo.

Conforme os escritos de Leonardo Boff (2006, p. 36), a convivência não


apaga nem anula as diferenças, pelo contrário, é a capacidade de acolhê-las, de
deixá-las ser diferentes e, mesmo assim, viver com elas e não apesar delas.

A convivência envolve também a quebra de uma visão estruturalista e


sistêmica, que apenas vê o funcionamento do sistema, sem perceber os atores
concretos, carregados de emoção e de sentido humano, sem os quais o sistema não
funcionaria.

Aqui, você pode imaginar os outros como máquinas, veículos feitos de lata e
outros materiais; mas, ali, na situação concreta, existem pessoas, lembrando que você
também é um ser humano, e assim deve ser sua atitude, também humana.

AULA 3 — O condutor e os demais atores do processo de


circulação

Existe para você, agente de segurança pública, uma postura diferenciada em


relação ao cidadão comum no tocante aos níveis de alerta que se mantêm durante
seu dia a dia. Assim é mesmo em situações cotidianas, como, por exemplo, ao
escolher um lugar em um restaurante — quando, por vezes, você procura um lugar

260
onde as costas fiquem protegidas e onde tenha uma visão geral, principalmente dos
acessos de entrada e de saída do ambiente.

Quando em serviço, isso se intensifica; pois você fica identificado enquanto


agente responsável pela segurança alheia (por vezes, armado), — o que gera
situações ainda mais complexas.

No treinamento para abordagem de pessoas ou de veículos, uma das


posições preconizadas para o agente é um tipo de “posição de entrevista”, em que o
agente fica na posição em pé, com as pernas um pouco afastadas e com as mãos à
frente do corpo para poder rapidamente sacar a arma, afastar-se ou agir de forma a
neutralizar uma ameaça (pronto para fuga ou luta).

A postura na condução de um veículo diferenciado, e destinado ao uso em


situações-limite, altera seu nível de alerta, gerando uma prontidão permanente,
elevando o estresse e a possibilidade de alteração súbita de humor, podendo resultar
numa resposta agressiva, que, em algum momento, pode ser demasiada e pode gerar
consequências negativas para você.

As decisões que você toma a cada instante o levarão à conduta certa e


justa ou à falha em sua missão de assegurar sempre a segurança dos cidadãos.

No trânsito, os espaços são, na imensa maioria, coletivos.

Parece haver, também, um permanente embate por território, por vantagem,


ou por supremacia; o que pode levar à competição, causando conflitos e riscos à
segurança.

IMPORTANTE!

Os veículos de emergência possuem preferência


garantida pelo Código de Trânsito, mas isso não os torna
superiores aos demais. A conduta do agente de segurança

261
pública tem que ser equilibrada para não assumir uma falsa
condição de poder, principalmente fora das emergências.

Quando em situações-limite, você deve ter claro em sua mente que a referida
preferência poderá não ser atendida por algum condutor, e que, portanto, poderá
haver riscos iminentes, os quais sua perícia e sua atenção poderão minimizar.

Reflita sobre a seguinte situação: em um deslocamento de urgência, ao


solicitar a passagem a um veículo que trafega pela faixa da esquerda, o condutor
deste veículo, a depender das condições de tráfego viário, poderá não ter a
possibilidade de, naquele momento, realizar a transposição de faixa.

Em situações como esta, o mero acionamento do dispositivo sonoro do


veículo de emergência, para que seja liberada a passagem, pode não contribuir para
resolver a situação, posto que aumentará a tensão do condutor que segue à frente,
que pode agir de modo a desencadear um possível acidente.

Mantenhamos a calma sempre. Lembre-se que essas pessoas poderiam ser


um familiar nosso.

Na função de condutor de veículo de emergência, você faz parte de uma


equipe composta por colaboradores e por outros agentes de segurança pública, que
interagem na administração e na organização do trabalho ou durante os
deslocamentos. Essas relações dependerão muito de sua postura e do seu tipo de
interação. Além disso, você faz parte do sistema de trânsito, onde todos têm objetivos
comuns, como deslocar-se de um local para o outro. Essa interação resultará em um
relacionamento que, da mesma forma, dependerá muito da sua atitude para funcionar,
no que se relaciona à segurança; resultará também em uma relação mais harmônica
entre todos os envolvidos, evitando conflitos desnecessários.

262
Figura 108: Pense nisso
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

3.1 Tolerância

A convivência, o respeito e o pluralismo do encontro das culturas no processo


de globalização não abolem conflitos e tensões que ocorrem entre pessoas e grupos.
Nem todas as coisas agradam a todos. Nem todas as filosofias de vida e religiões
conseguem responder aos anseios das pessoas e das comunidades concretas, já que
há sempre diferenças culturais, filosóficas e religiosas que acabam gerando conflitos.
No trânsito, aparecem representantes de várias culturas; podendo, assim, ocorrer
conflitos. É aqui que entra a tolerância.

A tolerância pode ser definida como a capacidade de manter, de


forma positiva, a coexistência difícil e tensa de dois polos, sabendo que
eles podem até se opor, mas que compõem a mesma realidade dinâmica.

263
Para refletir:

Figura 109: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

3.2 Intolerância

A intolerância constitui uma das principais causas de violência em nossos


dias. Assim é no trânsito. Imagine, agora, alguns pensamentos que flutuam e passam
por algumas cabeças que conduzem veículos por aí:

I. “Os causadores dos problemas no trânsito são os motoboys, que ficam


aos zigue-zagues arrancando espelhos.”
II. “Os causadores dos problemas no trânsito são os caminhões, que
andam devagar e que estragam as rodovias.”
III. “Os causadores dos problemas no trânsito são os carros de passeio, que
são guiados por motoristas de final de semana.”
IV. “Os causadores dos problemas no trânsito são os ônibus e os táxis, que
não respeitam ninguém.”
V. “Os causadores dos problemas no trânsito são os pedestres, que
atravessam a rua na frente dos veículos.”

264
E, assim, pode-se continuar com mais acusações, mostrando que buscamos
como culpados de um problema bem complexo apenas os outros, gerando barreiras,
conflitos e intolerância.

Para refletir:

I. • Será que não existe uma parcela própria de responsabilidade sobre


esses problemas?
II. • Será que você consegue ser tolerante e aceitar que o outro também
merece tolerância de sua parte?
III. • Pense e use o bloco de notas: qual foi a última vez que você foi
tolerante com alguém? Quem foi a pessoa com quem você exercitou a
tolerância? Qual foi a situação? A pessoa percebeu a sua atitude?

Sempre que existe um conflito, existem ideias divergentes e pessoas que não
conseguem aceitar a opinião do outro, ou seja, que não são tolerantes. Ao aceitar e
respeitar o espaço do outro, você está exercitando a tolerância, e, além disso, gerando
bons sentimentos, demonstrando uma postura socialmente adequada e respeitável.
Isso gera, a partir do outro, no mínimo, respeito por você; afinal de contas, não se
pode cobrar gentileza e respeito sem primeiro ter demonstrado esses sentimentos.

IMPORTANTE!

Você deve ser um agente de segurança pública que,


realize a tarefa de conduzir um veículo de emergência,
independentemente da atitude irracional de outros usuários
do sistema de trânsito, da forma mais segura possível,
tornando sua atitude um exemplo de conduta ética no
cuidado com o outro e na valorização e preservação da vida.

265
AULA 4 — As Normas de segurança no trânsito e os
agentes de fiscalização de trânsito

Você, agente de segurança pública responsável pela condução de veículos


de emergência, possui, como todos os indivíduos, condicionamentos adquiridos pela
sua história pessoal, e recebe influência da lei que regulamenta sua atividade e se
depara com inúmeras situações que exigirão sua decisão de como agir.

Nesta aula, você irá identificar seu papel de agente de Segurança Pública,
como condutor de veículo de emergência, em relação às normas legais, aos demais
usuários e ao papel dos agentes de Fiscalização de Trânsito, destacando a
importância destes últimos na prevenção de acidentes e na manutenção das
condições mais seguras.

4.1 Respeito aos outros

Quando você era criança, provavelmente ouviu ou foi orientado pelos seus
pais a “respeitar os mais velhos”, não é mesmo? E, hoje, de uma forma ou de outra,
você espera que as outras pessoas o respeitem. Mas, você já parou para pensar que
esse sentimento precisa ser recíproco?

266
Figura 110: Para pensar
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Veja, a seguir, alguns itens essenciais sobre respeito.

Boff (2006) ressalta que:

“1. Em relação ao reconhecimento do outro, nenhum fim ou


propósito, nenhuma condição étnica, de gênero, econômica ou
social é superior, em dignidade, ao ser humano.

2. A própria consciência é a voz interior que nos aponta o bem


e nos desaconselha o mal, premiando com louvor o bem feito e
castigando com o remorso o mal praticado. Podemos
desobedecê-la, mas não podemos destruí-la, cada pessoa sabe
o bem e o mal que faz ou deixa de fazer.

3. A Laicidade do Estado é a liberdade de crença religiosa aos


cidadãos. Numa sociedade autenticamente democrática, a
laicidade deve ser sua constituição, tendo como valores
fundamentais a liberdade de consciência e a igualdade jurídica.

267
A laicidade remete à aceitação de todas as religiões. Assim,
aqui, você pode perceber esse princípio como um norte que o
leva a respeitar as diversas crenças e, consequentemente,
respeitar a todas as pessoas, independentemente das
diferenças que tiverem em relação a você.”

Você, com certeza, sabe a importância do respeito, principalmente quando se


sente desrespeitado por qualquer pessoa ou circunstância.

Para refletir

Figura 111: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.
Preste atenção na história a seguir:

Síndrome de Procusto

Na mitologia grega, um gigante chamado Procusto era muito hospitaleiro,


convidava pessoas para passarem a noite em sua cama de ferro. Nessa hospitalidade,
no entanto, havia uma armadilha: ele insistia que os visitantes coubessem com
perfeição em sua cama. Assim, se eram muito baixos, ele os esticava; se eram altos,
cortava suas pernas.

268
Por mais artificial que isso possa parecer, será que você não gasta um bocado
de energia emocional tentando alterar ou “enquadrar” outras pessoas de formas
diversas, embora menos drásticas?

Não espera, com frequência, que os outros vivam segundo os seus padrões
ideais?

A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos
acontece quando você tenta impor a sua vontade aos outros, buscando administrá-
los e controlá-los.

É preciso entender que ninguém muda até que esteja disposto a fazê-lo e
pronto para tomar as atitudes necessárias para efetuar a mudança. Por esse motivo,
o resultado de seu “procustianismo” é sempre o mesmo. Você pode auxiliar
estimulando e oportunizando ao outro, mas não impondo; cada um tem seu tempo,
não seguem o seu (SAMPAIO, 2011).

Ao respeitar o outro você está demonstrando um essencial valor: a tolerância.


Além de estimular — por meio do exemplo e sem articular uma só palavra — que o
outro lhe respeite e seja tolerante com você também.

4.2 Respeito às normas estabelecidas para segurança no


trânsito

O Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 1º, define que: “O trânsito,


em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades
componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das
respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.”
(BRASIL, 1997, n.p.)

269
É neste sentido que você deve refletir sobre seu papel em relação ao
cumprimento das leis e normas de trânsito, pois ninguém está acima da lei e, no seu
caso, como agente de Segurança Pública, você é alvo de observação constante e
deve ser exemplo de postura ética.

Reflita agora sobre a utilização do cinto de segurança:

• Nandi (2011), em seu livro Cinto de Segurança: indispensável à vida,


afirma: “com eficácia já comprovada por inúmeras pesquisas, o cinto de
segurança, quando utilizado, apresenta considerável redução no índice de
mortos e de feridos em acidentes de trânsito. Resta-nos identificar o motivo
pelo qual o cidadão brasileiro apresenta tamanha relutância em habituar-se a
usar esse dispositivo, que tem como único objetivo salvar-lhe a vida;” (NANDI,
2011, n.p.);
• A lei obriga o condutor a utilizá-lo e também o torna responsável por garantir
seu uso por todos os ocupantes do veículo quando estiver trafegando no
trânsito. Assim, espera-se de um agente de segurança pública o exemplo para
os demais;
• Existe uma cultura de que, devido ao risco de enfrentamento com indivíduos
armados, por exemplo, o cinto poderia ser dispensado, pois atrapalharia na
hora do desembarque;
• Analisando novamente as questões referentes ao medo, vejamos: na
condução do veículo em condições de risco extremo, por exemplo, mesmo com
a utilização do cinto de segurança, aparece o medo inato que pode o levar, em
um primeiro momento, a utilizar estratégias de preservação da vida, mas, como
estará usando cinto, a cultura, que o condicionou, será preponderante.

IMPORTANTE!

Lembre-se, a sua atuação como agente de Segurança


Pública condutor de veículo de emergência faz a diferença

270
na segurança e na preservação da vida de muitas pessoas,
você é IMPORTANTE!

4.3 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, em seu Anexo I, o Agente da


Autoridade de Trânsito é a “pessoa, civil ou policial militar, credenciada pela
autoridade de trânsito para o exercício das atividades de fiscalização, operação,
policiamento ostensivo de trânsito ou patrulhamento.”

Igualmente, a Resolução do CONTRAN n. 371, de 10 de dezembro de 2010,


(Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito) também vai colocar algumas
condições para o trabalho de fiscalização dos agentes de trânsito:

O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar


o auto de infração de trânsito (AIT) poderá ser servidor civil,
estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela
autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via no âmbito
de sua competência.
Para que possa exercer suas atribuições como agente da
autoridade de trânsito, o servidor ou policial militar deverá ser
credenciado, estar devidamente uniformizado, conforme padrão
da instituição, e no regular exercício de suas funções.
O veículo utilizado na fiscalização de trânsito deverá estar
caracterizado.
O agente de trânsito, ao constatar o cometimento da
infração, lavrará o respectivo auto e aplicará as medidas
administrativas cabíveis.
É vedada a lavratura do AIT por solicitação de terceiros,
excetuando-se o caso em que o órgão ou entidade de trânsito

271
realize operação (comando) de fiscalização de normas de
circulação e conduta, em que um agente de trânsito constate a
infração e informe ao agente que esteja na abordagem; neste
caso, o agente que constatou a infração deverá convalidar a
autuação no próprio auto de infração ou na planilha da operação
(comando), a qual deverá ser arquivada para controle e consulta.
O AIT traduz um ato vinculado na forma da Lei, não
havendo discricionariedade com relação a sua lavratura,
conforme dispõe o artigo 280 do CTB.
O agente de trânsito deve priorizar suas ações no sentido
de coibir a prática das infrações de trânsito, devendo tratar a
todos com urbanidade e respeito, sem, contudo, omitir-se das
providências que a lei lhe determina (BRASIL, 2010, n.p.).

Infração de trânsito

Constitui infração a inobservância a qualquer preceito da legislação de


trânsito; às normas emanadas do Código de Trânsito e do Conselho Nacional de
Trânsito; e à regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade de trânsito
competente.

A tarefa de fiscalizar, que, em alguns casos, resulta em notificação e em


posterior multa, é a função mais lembrada pela maioria dos condutores, eles a
interpretam apenas como uma punição, criando a imagem do fiscalizador carrasco.
Mas a função da multa é, na verdade, preventiva e pedagógica, pois serve para
condicionar o usuário ao cumprimento das normas, garantindo, assim, a segurança
do trânsito, e, em última instância, prevenindo conflitos, tumultos e acidentes.

IMPORTANTE!

O papel de educador do agente de trânsito também se


dá por meio da orientação e do auxílio aos usuários que

272
transitam diariamente pelas vias. Sua atuação organiza esse
espaço complexo que é o trânsito e socorre vítimas e auxilia
usuários em casos de acidentes. Ele atua, ainda, na
sinalização em locais de ocorrências ou de eventos, lugares
que necessitam de seu precioso trabalho. Infelizmente, é
mais lembrado somente como um fiscalizador, mas é, na
verdade, um promotor de segurança.

AULA 5 — Atendimento aos usuários

Introdução

Caro profissional de segurança pública, para finalizar este módulo, referente às


relações interpessoais, vamos tratar agora sobre alguns princípios básicos para o
atendimento dos usuários dos nossos serviços.

Nossa profissão, via de regra, tem que lidar com pessoas provenientes das
mais diversas classes sociais, desde pessoas em situação de rua, que não têm o que
comer, até empresários riquíssimos.

5.1 Características dos usuários de veículos de


emergência

Podemos pensar que, didaticamente falando, nossa profissão atenderá os


seguintes grupos de pessoas:

273
a) Cidadãos “comuns”:

Apesar de nossa profissão trabalhar diuturnamente com situações-limite,


inclusive com criminosos e malfeitores, na maioria das vezes lidaremos com pessoas
comuns e ordeiras, em alguma situação de ordem cotidiana. Por exemplo, em
momentos de pedidos de informação, ou quando o órgão está realizando alguma
fiscalização administrativa, como, por exemplo, a de um estacionamento em local
proibido (trânsito).
Nesses casos, devemos ter o tratamento mais respeitoso e cortês possível. Via
de regra, quando bem tratados, os cidadãos comuns acabam por responder de forma
educada, guardando uma boa e duradoura impressão da instituição.

b) Vítimas de acidentes e enfermos:

Apesar de esse tipo de atendimento ser mais comum em caso de instituições


que atuam em atividades de socorro e de salvamento (como o Corpo de Bombeiros e
a Polícia Rodoviária Federal), eventualmente, os membros de outras organizações
precisam lidar com acidentados e com doentes.
Aqui, a primeira coisa que temos que pensar é que essas pessoas estão
passando por uma situação-limite de forte impacto emocional. O nosso tratamento
para com elas deve ser firme e profissional, demonstrando interesse genuíno em
ajudá-las.

c) Vítimas de Crimes Violentos:

Muitas vezes, a vítima de crime procura o apoio da polícia ou de outra


instituição de segurança pública logo após o ocorrido. Via de regra, a vítima está
nervosa e sob forte impacto emocional, principalmente se tiver sido vítima de algum
tipo de violência. Procure demonstrar empatia e profissionalismo, transmitindo
acolhimento e segurança.

d) Criminosos:

274
Em muitas situações, a equipe policial vai se deparar com criminosos que estão
em flagrante delito, em crimes como roubo e tráfico de drogas. Aqui, todos os
procedimentos de segurança policial devem ser obedecidos, de modo a resguardar a
integridade física da equipe policial e, também, da sociedade.

Lidar com situações de emergência exige, sobretudo, uma ótima capacidade


de lidar com mudanças, pois, nas situações-limite, o desafio é a superação da
impotência e do desamparo, que, quase sempre, estão presentes nas vítimas e nas
pessoas envolvidas.

Todo o trabalho com urgências e emergências exige uma grande quantidade


de teorias e de habilidades. É um saber entre a “cruz e a espada”, com infinitas
implicações, exatamente por ser um assunto localizado no limite entre a vida e a
morte. A vulnerabilidade humana, diante da natureza e das próprias ações humanas,
coloca esse tema no centro das contradições do mundo contemporâneo.

Em muitas instituições, o desejo de aprimorar a qualidade do atendimento se


resume a muitas horas de “treinamento de sorriso”, em que o segredo para satisfazer
as necessidades dos usuários se resume a um cumprimento caloroso e a uma
expressão alegre no rosto. Cortesia, boas maneiras e educação, obviamente, são
essenciais, mas, principalmente nesses casos, não são substitutos para a
competência e a capacidade.

5.2 Expectativas dos usuários

O usuário espera que você conheça as peculiaridades da sua função e que


atue de acordo com o previsto, proporcionando-lhe confiança e segurança. Acredita
que você sabe como funciona toda a rotina de emergência e que está apto a realizá-
la da melhor forma. Além disso, ele tem a expectativa de que você o ouça, de que
preste atenção nele, de que entenda que ele está sob forte estresse, e de que faça
algo para satisfazer as necessidades dele. Espera também que você esteja atento,

275
que entenda corretamente o que ele está lhe perguntando, e que responda da forma
mais simples e clara possível.

Na expectativa do usuário, você é capaz de reconhecer as necessidades dele,


atendendo-as sempre de forma segura e tranquila, sendo ágil nas suas ações e, ainda,
esclarecendo todas as suas dúvidas sobre os procedimentos.

IMPORTANTE!

Para atender a todas as expectativas dos usuários, é


imprescindível que você esteja preparado e equilibrado
suficientemente para conseguir se colocar no lugar do
outro. Utilizando a empatia, será mais fácil exercitar a
tolerância, compreendendo seu nervosismo, não deixando
se influenciar e mantendo mais uma vez o foco do seu
trabalho: atender o usuário e conduzi-lo da forma mais
segura e rápida possível.

5.3 Atendimento às diferenças e especificidades dos


usuários (pessoas com necessidades especiais, pessoas
de determinadas faixas etárias/de outras condições)

Muitas vezes, o usuário está com acompanhantes: familiares ou amigos, que


estão, naquele momento, naturalmente alterados, visto o estado físico e emocional.
Mas é necessário, mais uma vez, manter-se em equilíbrio, seguindo os procedimentos
e as normas de segurança, a fim de que o objetivo seja atingido. Nos casos de
acompanhantes, também é necessário manter a atenção e solicitar que eles sigam

276
também as normas de segurança previstas para a ocasião, evitando transtornos
desnecessários.

É essencial que o condutor esteja preparado para atender a todos os tipos de


usuários, como crianças, adultos, idosos e pessoas com necessidades especiais,
mantendo o cuidado para respeitar suas limitações e, quando for necessário, solicitar
o auxílio de algum acompanhante que possa dar o suporte na comunicação e na
assistência desse indivíduo.

Veja, a seguir, alguns exemplos:

Figura 112: Tipos de usuários


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

IMPORTANTE!

Uma situação inesperada significa um momento de dor


e de sofrimento, mas também pode representar uma
oportunidade de crescimento, contribuindo para a formação
de novas posturas em relação à vida.

277
5.4 Trauma

Outro elemento muito presente nas emergências é o trauma.

A palavra trauma provém do grego e quer dizer ferida. Cabe lembrar


que, de um modo geral, na área da saúde, a palavra "traumatismo'' é usada
para referir-se ao aspecto físico e a palavra ''trauma”, ao aspecto
psicológico.

Eventos adversos, denominados, na defesa civil, como incidentes críticos,


revés, situações-limite, acidentes, extremo estressor traumático, desastre, são
expressões utilizadas referentes aos acontecimentos considerados traumáticos que,
inevitavelmente, ocorrem na vida.

O trauma é uma experiência que atinge a capacidade de suportar um revés,


traz a perda de sentido, desorganização corporal e paralisação da consciência
temporal. Além disso, pode deixar marcas que influenciam a criatividade e a
motivação para a vida, pois produz bloqueios que se estendem por toda a sua
existência. De fato, trata-se de um acontecimento muito difícil na vida da pessoa.

Se você passou por situações-limite, pode ter sofrido um trauma que, às vezes,
não percebe, mas que interfere em sua conduta atual, assim é importante para você,
um agente de segurança pública, procurar uma condição saudável física e emocional,
para poder atuar de forma efetiva na preservação do bem maior — a vida —, que,
afinal, é sua maior missão.

Leonardo Boff (2006) destaca que a compaixão possui dois momentos:

I. O despojamento, em que ocorre o esquecimento de si mesmo e dos


próprios interesses para concentrar-se totalmente no outro, vendo o
outro realmente como outro e não como prolongamento de si ou do
círculo do eu; e

278
II. O cuidado que se expressa pela saída de si em direção ao outro e se
traduz em solidariedade, em serviço e em hospitalidade para com o
outro.

Assim, a compaixão é capaz de superar preconceitos, interesses e medos.

E lembre-se que quando alguém estiver envolvido em uma situação-limite,


como, por exemplo, ferido em um acidente de trânsito, ou acompanhando alguém que
está em risco, a sua atuação poderá, além de salvar essa vítima dos males físicos,
também, amenizar o trauma que a acompanhará após o fato.

Você faz a diferença na forma como essa situação ficará marcada


interferindo na vida do outro.

Para refletir:

Assista o vídeo:
Acesse o link e assista ao vídeo “Pateta no trânsito”. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=_Tlk6e61E6w e reflita
sobre as seguintes questões:

Quais as possíveis causas e consequências do comportamento desse


motorista? Você se identifica com ele em algum momento? Como é possível
prevenir esse comportamento?

5.5 Cuidados especiais e atenção que devem ser


dispensados aos passageiros e aos outros atores do
trânsito, na condução de veículos de emergência

279
Em relação aos passageiros:

• Tratamento cortês e profissional;


• Saiba escutar o outro em seu momento de necessidade; e
• Solicite que ele use o cinto de segurança, sempre que possível.

Em relação aos demais atores do trânsito:

• Sempre dê preferência ao pedestre;


• Afaste-se um metro e meio ao ultrapassar ou passar por um ciclista;
• Mantenha uma velocidade em que você possa imobilizar seu veículo em caso
de algum imprevisto;
• Mantenha a distância de segurança dos outros veículos, quando estiver
transitando; e
• Muita atenção ao passar pelos cruzamentos.

Finalizando
Neste módulo, você estudou que:

 O trânsito é um espaço em que ocorrem diversas formas de relações


interpessoais e de convívio social. A sua atitude errada pode aumentar os
riscos e ser um mau exemplo, prejudicando, assim, a sua imagem e a de sua
instituição. De outra forma, a sua atitude pode prover a segurança e ser um
bom exemplo, estando de acordo com a regulamentação e com a filosofia
institucional de conduta para os Servidores Públicos;

 O medo é um elemento determinante para a agressividade, assim como a raiva.


Por meio desse conhecimento, a primeira barreira já foi transposta, cabe a você
controlar e dissipar a agressividade que o leva ao conflito e à dificuldade para
as relações interpessoais saudáveis;

280
 A convivência, o respeito e a tolerância são atributos necessários para uma
relação interpessoal saudável, servindo aos usuários e suprindo suas
necessidades, e respeitando suas características próprias;

 Seu comportamento positivo irá humanizar o trânsito, que, ainda em nossos


dias, tem como elemento principal o veículo, possibilitando, assim, um novo
paradigma focado no cidadão;

 Nas situações de emergência, de onde se originam muitos traumas, sua ação


pode minimizar o sofrimento das vítimas, no momento e após as situações-
limites; e

 Você tem como missão precípua servir e preservar o bem maior, a vida. No
desempenho de sua profissão, deve evitar colocar a si próprio em risco, assim
como sua equipe e as demais pessoas, mantendo sempre suas decisões
voltadas à relação interpessoal equilibrada e buscando a segurança e a paz no
trânsito. Desempenhando verdadeiramente o seu papel de SERVIDOR!

281
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283
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Contran nº 425, de 27 de novembro de 2012. Dispõe sobre o exame de aptidão
física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e
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Contran nº 474, de 11 de fevereiro de 2014. Altera o Anexo XV da Resolução n. 425
de 27 de novembro de 2012, do Contran, que dispõe sobre o exame de aptidão física
e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e
privadas [...]. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 11 fev. 2014. Disponível em:
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=265522#:~:text=Altera%20o%20Anexo%

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Acesso em: 11 mai. 2021.

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Contran nº 268, de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o uso de luzes
intermitentes ou rotativas em veículos [...]. In: Diário Oficial da União, Brasília, DF:
Ministério da Infraestrutura, 25 fev. 2008. Disponível em:
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Contran nº 371, de 10 de dezembro de 2010. Aprova o Manual Brasileiro de
Fiscalização de Trânsito, Volume I - Infrações de competência municipal, incluindo as
concorrentes dos órgãos e entidades estaduais de trânsito, e rodoviários. In: Diário
Oficial da União, Brasília, DF: Ministério da Infraestrutura, 22 dez. 2010. Disponível
em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=112970. Acesso em: 11 mai. 2021.

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Resolução nº 18, de 6 de maio de 1986. Dispõe sobre a criação do Programa de
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Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2002.

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Resolução nº 418, de 25 de novembro de 2009. Dispõe sobre critérios para a
elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular - PCPV e para a implantação
de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso [...] Brasília, DF:
Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2012.

286
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Resolução nº 451, de 3 de maio de 2012. Altera os limites de emissão da tabela 3
do Anexo I da Resolução nº 418, de 25 de novembro de 2009, que dispõe sobre
critérios para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular-PCPV [...].
Brasília, DF: Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2012.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente.


Resolução nº 490, de 16 de novembro de 2018. Estabelece a Fase PROCONVE P8
de exigências do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores
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setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição do
Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das habilitações; [...].
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e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá

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Brasília-DF: Editora do Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Recurso Crime 71001406065.


Apelação crime. Falta de habilitação para dirigir. Art. 309 do CTB. Delito de trânsito.
Perigo de dano. Sentença condenatória mantida. Conduta caracterizada como ilícito
penal, quando o condutor invadiu a pista contrária em manobra de conversão à
esquerda e, com esta, atravessou-se à frente do outro veículo, concretizando o perigo
com a colisão. Negado provimento à apelação. Unânime. Relator: Nara Leonor Castro
Garcia, Julgado em 17/09/2007. Disponível em: https://tj-
rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8034686/recurso-crime-rc-71001406065-rs. Acesso
em: 13 mai. 2021.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Recurso Crime 71001553239.


Apelação crime. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança. Art. 311 do
CTB. Delito de trânsito. Perigo de dano. Reincidência. Condenação. 1. Comprovadas

290
a existência e a autoria do delito, e a direção com velocidade incompatível à
segurança, mediante manobras perigosas com o veículo, em via pública, onde havia
circulação de pessoas, gerando perigo de dano. 2. Circunstâncias judiciais
adequadamente analisadas e suficientes para embasar a pena base fixada além do
mínimo legal, mas em quantidade menor que a fixada na origem. 3. Reincidência
aplicada em face da comprovação de anterior condenação. Provido em parte à
apelação. Unânime. Relatora: Nara Leonor Castro Garcia, julgado em 11/02/2008.
Disponível em: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8050719/recurso-crime-rc-
71001553239-rs/inteiro-teor-102527130. Acesso em: 13 mai. 2021.

BRIGA de Transito (sic). [S. l.], 2012. 1 vídeo (2 min). In: Samuel Maximiano Lima.
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CHAVE de Rauteck. [S. l.], 2018. 1 vídeo (1 min). In: Diretoria de Ensino CBMSC.
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COMO transformar a raiva. [S. l.], 2017. 1 vídeo (8 min). In: Gilberto de Souza.
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