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DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS

UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI


OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA


BOMBEIRO DE AERÓDROMO
CBA-AT
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA


BOMBEIRO DE AERÓDROMO
CBA-AT

3ª edição

Agosto /2019
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito da Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária.

REALIZAÇÃO
Universidade Infraero

GERENTE DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA


Renata Martins Teixeira

CONTEUDISTAS
Antônio Nogueira dos Santos
Antonio Carlos Correia Santos
Fabiano Fujiwara Santana
Geferson Gilberto Santos
Marcos Valerio de Souza Veggi
Walteuner Bezerra Mendonca

REVISÃO E COORDENAÇÃO TÉCNICA


Antônio Nogueira dos Santos

PROJETO GRÁFICO
Universidade INFRAERO

Curso de Atualização de Habilitação de


Bombeiro de Aeródromo - CBA-AT.
SANTOS, Antonio Nogueira et al.. Brasília, 3ª
edição, Infraero, 2019.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 1 - BÁSICO

Disciplina 01: Introdução ao Curso


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 9
4 OBJETIVO DO CURSO ................................................................................................... 10
5 CARACTERÍSICAS DO CURSO PRÉ-REQUISITO PARA MATRÍCULA ................. 10
6 ESTRUTURA DO CURSO .............................................................................................. 10
6.1 Organização Curricular ................................................................................................ 11
7 MÉTODO DE AVALIAÇÃO ........................................................................................... 12
7.1 Avaliação de aprendizagem teórica ............................................................................. 12
7.2 Avaliação Teórica de 2ª chamada ................................................................................ 12
7.3 Interposição de Recurso – Avaliação de Aprendizagem Teórica ............................... 13
7.4 Avaliação de Aprendizagem Prática ............................................................................ 13
7.5 Desempenho Final do Aluno nas Práticas ................................................................... 18
7.6 Resultado Final das Avaliações de Aprendizagem ...................................................... 18
8 REQUISITOS PARA A APROVAÇÃO .......................................................................... 19
9 REGRAS PARA DESLIGAMENTO DO ALUNO DO CURSO .................................... 19
10 PROGRAMAÇÃO DO CURSO ....................................................................................... 19
11 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA DA OE-SESCINC ........................................... 20
12 anexo ................................................................................................................................. 20
13 REFERÊNCIAS NORMATIVAS .................................................................................... 20
ANEXO I - FORMULÁRIO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS (FIR) .............. 21
INTRODUÇÃO

Atualização profissional, no passado, já foi disciplina optativa. Há algumas décadas,


quem se graduava em curso superior considerava que a fase de estudos estava concluída e que,
daí em diante, teria início a fase do trabalho e da experiência. Havia ainda, inclusive, aqueles
que pulavam parte do estudo e imergiam direto no mundo profissional, sem uma formação
específica.
Os profissionais não tinham prazo de validade determinado. Ninguém ousava
perguntar a um médico, um engenheiro ou profissional bombeiro se ele tinha feito cursos de
atualização profissional visando aprimorar seus conhecimentos. A velocidade da ciência, da
pesquisa e os avanços tecnológicos era muito menor em comparação aos dias de hoje e não
havia tanta pressa em se atualizar.
Nos dias atuais este panorama mudou substancialmente, a velocidade das mudanças,
a famosa globalização e o desenvolvimento tecnológico transformam incessantemente o
ambiente de trabalho, de forma que hoje não há dúvidas de que "estudo" e "formação" não são
apenas uma etapa da vida, mas uma constante ao longo de qualquer carreira profissional
inclusive daqueles que atuam na resposta as emergências aeroportuárias, como os bombeiros
de aeródromo.
É oportuno lembrar o que diz o escritor Paulo Freire em uma de suas obras literárias:
"Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos
capazes de aprender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura
criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição
dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se
faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito".

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Atividades operacionais do SESCINC – termo referente exclusivamente às atividades
relativas ao desempenho das funções operacionais, operacionais/supervisionais e
operacionais/gerenciais do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis
(SESCINC).
Avaliação de aprendizagem – avaliação com o objetivo de aferir o nível de conhecimento dos
alunos em relação aos conteúdos e práticas ministrados em eventos de capacitação.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
Bombeiro de Aeródromo (BA) - é o profissional com habilitação específica para o exercício
das atividades de resgate de pessoas e combate a incêndio.
Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço (BA-CE) - é o profissional habilitado
com especialização especifica responsável pelo comando da equipe de serviço nas operações
de resgate e combate a incêndio.
Bombeiro de Aeródromo Líder de Equipe de Resgate (BA-LE) - é o profissional designado
responsável pela coordenação dos BA-RE nas operações de resgate;
Bombeiro de Aeródromo Motorista/Operador de CCI (BA-MC) - é o profissional
especializado, responsável pela condução e operação de carros contraincêndio de aeródromo
(CCI).
Bombeiro de aeródromo resgatista (BA-RE) - é o profissional responsável pelo resgate de
pessoas e prestação dos primeiros socorros.
Bombeiro Civil - é aquele que, habilitado nos termos da lei 11.901, de 12.01.2009, exerça em
caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como
empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia
mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Carro contraincêndio de aeródromo (CCI) – é o veículo projetado especificamente para
cumprir as missões de resgate, salvamento e combate a incêndio em aeronave.
Carro contraincêndio de aeródromo em linha (CCI em Linha) – carro contraincêndio
equipado e que esteja operacionalmente disponível e integrado à frota diária de serviço de um
SESCINC.
Categoria Contraincêndio do Aeródromo (CAT) – é a representação numérica no nível de
proteção contraincêndio de um aeródromo, o qual varia de 1 a 10, e reflete a proteção contraincêndio
provido pelo SESCINC, considerando existentes e disponíveis, nos valores mínimos, a quantidade
e regime de descarga de agentes extintores principal e complementar, a quantidade de CCI e os
recursos humanos operacionais.
Certificado de Aptidão Profissional de Bombeiro de Aeródromo (CAP-BA) – documento
comprobatório da aptidão do bombeiro de aeródromo para o exercício de funções operacionais
do SESCINC.
Certificado de especialização de bombeiro de aeródromo - é o documento comprobatório da
especialização do bombeiro de aeródromo para o desempenho de funções BA-MC e BA-CE.
Certificado de habilitação de bombeiro de aeródromo – documento comprobatório da
formação do profissional que se destina à execução das funções operacionais do SESCINC.
Certificação OE-SESCINC – é o processo pelo qual a ANAC reconhece que uma pessoa
jurídica está apta a ministrar os eventos didáticos de capacitação de bombeiros de aeródromo a
que se propõe, de acordo com os requisitos estabelecidos no processo de certificação.
Conteúdo programático – é o conjunto de assuntos que compõem a parte teórica e a parte
prática de um curso, acompanhados dos respectivos objetivos específicos e organizados em
uma estrutura lógica que contribui para o alcance do objetivo do curso.
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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
Currículo – é o conjunto de informações de apoio às atividades didáticas, formado pelo
conteúdo programático e a carga horária de um curso, bem como as experiências de
aprendizagem a serem proporcionadas aos alunos com vistas à construção de conhecimentos e
ao desenvolvimento de habilidades, em conformidade com os objetivos específicos indicados
no conteúdo programático.
Currículo mínimo – é o currículo estabelecido pela ANAC com o mínimo indispensável para
o alcance do objetivo de um curso. Constitui o núcleo curricular comum que deve ser cumprido
por todas as OE-SESCINC.
Ementa de curso – é o documento elaborado para cada curso contendo o currículo mínimo, os
objetivos gerais e específicos e carga horária.
Emergência aeronáutica – situação em que uma aeronave e seus ocupantes se encontram sob
condições de perigo latente ou iminente decorrentes de sua operação ou que tenham sofrido
suas consequências.
Emergência aeroportuária – evento ou circunstância, incluindo uma emergência aeronáutica
que, direta ou indiretamente, afete a segurança operacional ou ponha em risco vidas humanas
em um aeródromo.
Equipagem - é o conjunto de bombeiros de aeródromo designados para compor a tripulação de
um CCI ou veículos de apoio às operações do SESCINC.
Equipe de serviço do SESCINC – conjunto de bombeiros de aeródromo designados para um
determinado turno de trabalho.
Especialização de bombeiro de aeródromo – capacitação do bombeiro de aeródromo que se
destina à execução de funções operacionais específicas no SESCINC.
Gerente de seção contraincêndio (GS) - é o profissional responsável pela gestão e
coordenação dos recursos humanos e materiais do Serviço de Salvamento e Combate a
Incêndio.
Grade curricular – é o quadro que fornece uma visão global e sucinta da estrutura do curso,
compreendendo a indicação da carga horária, a relação das disciplinas e atividades práticas.
Habilitação de bombeiro de aeródromo – é a formação do profissional que se destina à
execução das funções operacionais em um SESCINC
Instalações para treinamento prático – são os locais onde são realizados os treinamentos
práticos de salvamento e combate a incêndio.
Instrução prática – é a parte do curso disponibilizada por uma OE-SESCINC realizada em
uma instalação de treinamento prático com utilização de equipamentos e/ou CCI.
Manual de Instrução e Procedimentos (MIP) – é o documento que contém instruções,
procedimentos e padronizações adotados pela pessoa jurídica postulante a certificação OE-
SESCINC para a execução de suas atividades, visando o cumprimento dos requisitos de
certificação estabelecidos na Resolução 279/2013 ANAC.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
Material instrucional – é o material elaborado para cada curso destinado ao aluno de uma OE-
SESCINC como recurso didático de apoio ao aprendizado.
Movimento de aeronave – é o termo genérico utilizado para caracterizar um pouso ou uma
decolagem ou um toque e arremetida de aeronaves no aeródromo.
OE-SESCINC 1 - Organização de Ensino Especializada na Capacitação de Recursos Humanos
para o SESCINC – certificada para prover a formação teórica dos cursos de habilitação e
especialização de bombeiro de aeródromo, exceto Curso de Especialização de Bombeiro de
Aeródromo Motorista/Operador de CCI.
OE-SESCINC 2 - Organização de Ensino Especializada na Capacitação de Recursos Humanos
para o SESCINC – certificada para prover a formação teórica e prática dos cursos de
habilitação, especialização e atualização de bombeiro de aeródromo e de formação e atualização
de instrutores de prevenção, salvamento e combate a incêndio em aeródromo civil.
Operador de aeródromo – toda pessoa natural ou jurídica a quem a ANAC tenha outorgado
o direito de administrar, manter e prestar serviços em aeródromo público ou privado, próprio
ou não, com ou sem fins lucrativos.
Operador de Sistema de Comunicação (OC) - é o profissional responsável pelas atividades
de comunicação e observação da área de movimento das aeronaves.
Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio (SESCINC) - serviço composto pelo conjunto
de atividades administrativas e operacionais desenvolvidas em proveito da segurança
contraincêndio do aeródromo, cuja principal finalidade é o salvamento de vidas por meio da
utilização dos recursos humanos e materiais disponibilizados.
Traje de Proteção - é o conjunto de equipamentos de proteção individual apropriados às
operações de resgate e combate a incêndio.

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3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas apresentadas


a seguir:

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil


APH Atendimento Pré-Hospitalar
BA Bombeiro de Aeródromo
BA-CE Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço
BA-LR Bombeiro de Aeródromo Líder de Equipe de Resgate
BA-MC Bombeiro de Aeródromo Motorista/Operador de CCI
BA-RE Bombeiro de Aeródromo Resgatista
BA-1 Bombeiro de Aeródromo 1
BA-2 Bombeiro de Aeródromo 2
CAP-BA Certificado de Aptidão Profissional de Bombeiro de Aeródromo
CAT Categoria Contraincêndio de Aeródromo
CCI Carro Contraincêndio de Aeródromo
GS Gerente de Seção Contraincêndio.
MIP Manual de Instrução e Procedimentos

OACI Organização da Aviação Civil Internacional

OC Operador de Sistema de Comunicação

OE-SESCINC Organização de Ensino Especializada na Capacitação de Recursos Humanos


para o SESCINC
PTR-BA Programa de Treinamento Recorrente para Bombeiros de Aeródromo
SCI Seção Contraincêndio de Aeródromo
SESCINC Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis
SGSO Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional

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4 OBJETIVO DO CURSO

O curso de atualização para bombeiro de aeródromo é mandatório para os profissionais


em exercício das funções operacionais do SESCINC em aeródromos, deve ser ministrado por
OE-SESCINC e tem por objetivo proporcionar ao bombeiro de aeródromo a:
 Validação dos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao exercício das
funções operacionais do SESCINC;
 Atualização tecnológica na prática de técnicas de prevenção, salvamento e combate a
incêndio em aeródromos; e
 Renovação do Certificado de Aptidão Profissional de Bombeiro de Aeródromo CAP-
BA, documento comprobatório da aptidão do bombeiro de aeródromo para o exercício
de funções operacionais do SESCINC.

5 CARACTERÍSICAS DO CURSO PRÉ-REQUISITO PARA


MATRÍCULA

a) Requisitos para matrícula

Para matrícula no Curso de Atualização para Bombeiro de Aeródromo, os seguintes


pré-requisitos devem ser atendidos:
 Ser detentor de atestados de aptidão física e psicológica válidos; e
 Possuir certificado de habilitação de bombeiro de aeródromo.

b) Características do Curso

É um curso planejado visando à validação e o aperfeiçoamento dos conhecimentos,


habilidades e atitudes necessárias ao exercício das funções operacionais do SESCINC,
possibilitando a atualização tecnológica, a prática de técnicas de salvamento e combate a
incêndio em aeródromos e a renovação do Certificado de Aptidão Profissional de Bombeiro de
Aeródromo (CAP-BA).

6 ESTRUTURA DO CURSO

Este curso foi desenvolvido de acordo com a Resolução 279 da ANAC, de 10 de julho
de 2013, alterada pela Resolução nº 517, de 14 de maio de 2019 e a Portaria ANAC nº 1.987/SIA,
de 12 de junho de 2017, que estabelecem o currículo mínimo do Curso de Atualização para
Bombeiro de Aeródromo.
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6.1 Organização Curricular

A grade curricular deste curso de atualização está estruturada em 6 (seis) módulos


contendo um total de 11 (onze) disciplinas, que serão ministradas em uma única fase e soma
um total de 44 horas aulas, sendo:
 23 (vinte e três) horas-aulas de instrução teórica;
 17 (dezessete) horas-aulas de instrução prática;
 03 (três) horas-aulas para aplicação e correção de avaliação de aprendizagem; e
 01 (uma) hora aula para abertura e encerramento do curso.

CARGA HORÁRIA
MÓDULO DISCIPLINA
TEÓRICA PRÁTICA
1.1 Introdução do Cursos 1
1.2 Fundamentos da Teoria Contraincêndio 3
1. Básico 1.3 Legislação aplicada ao Sistema de 1
Resposta à Emergência Aeroportuária
(SREA).
1.4 Noções Básicas de SGSO 3
2.1 Fundamentos de Fatores Humanos 1
2.2 Fundamentos de Segurança e Saúde no 1
2. Fatores Humanos Trabalho em Aeródromos
2.3 Proteção Individual do Bombeiro de 2 4
Aeródromo
3. Atendimento Pré-Hospitalar 3.1 Procedimentos operacionais de APH 4 4
4 Emergências Químicas 4.1 Artigos perigosos e procedimentos em 2 2
emergências químicas

5 Maneabilidade com 5.1 Técnicas de maneabilidade com 1 3


Mangueiras mangueiras
6 Regaste e Combate a 6.1 Táticas de resgate e combate a incêndio 4 4
Incêndio em Aeronaves. em aeronaves (inclusive helicópteros)
SUB TOTAL HORAS-AULA 23 17
OUTRAS ATIVIDADES CARGA HORÁRIA
Abertura, Orientações Gerais e Encerramento do Curso 01
Avaliação de Aprendizado, Correção e Divulgação do Resultado 03
TOTAL CARGA HORÁRIA 44

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7 MÉTODO DE AVALIAÇÃO

A avaliação de aprendizagem tem o objetivo de aferir o nível de conhecimento dos


alunos em relação aos conteúdos e práticas ministrados pela Organização de Ensino
Especializada na Capacitação de Recursos Humanos para o SESCINC em eventos de
capacitação.

7.1 Avaliação de aprendizagem teórica

Será aplicada por um dos instrutores do curso, coordenador pedagógico ou pessoa


indicada pela OE-SESCINC, 01 (uma) avaliação de aprendizagem teórica, após a realização
das atividades didáticas teóricas do currículo do curso, mediante a aplicação de uma prova com
30 (trinta) questões objetivas de múltipla escolha, focando os conteúdos técnicos abordados
durante o curso.
A avaliação teórica será realizada no 5º (quinto) dia de curso, após a realização da 1ª
(primeira) parte das atividades teóricas e práticas da grade curricular do CBA-AT, no turno
matutino com data e horário indicados na programação do curso, aplicando-se para mensuração,
a fórmula abaixo:

Exemplo:
Mensuração do desempenho de um aluno hipotético que, na avaliação de aprendizagem,
que conseguiu acertar 22 (vinte e duas) das 30 (trinta) questões da prova.

 

Quando o aluno não realizar a avaliação teórica e a justificativa apresentada não for
acatada pela Coordenação Técnica e Pedagógica da OE-SESCINC, será atribuída a nota 0 (zero)
ao aluno na avaliação teórica.

7.2 Avaliação Teórica de 2ª chamada

Na hipótese do aluno alcançar, na avaliação teórica, desempenho superior ou igual a


5,0 (cinco) e menor do que 7,0 (sete), será submetido a uma avaliação de 2ª chamada, com 30
questões objetivas de múltipla escolha, que será realizada no mesmo dia da avaliação de 1ª
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chamada no turno vespertino em horário definido no início do curso e informado durante a
abertura, no 1º dia do treinamento.

7.3 Interposição de Recurso – Avaliação de Aprendizagem Teórica

O aluno que desejar interpor recurso poderá fazê-lo em até 2 (duas) horas após a
divulgação do resultado da avaliação de aprendizagem teórico aplicada, mediante a entrega ao
Coordenador Pedagógico, Instrutor ou profissional responsável pela aplicação da avaliação, do
Formulário de Interposição de Recurso - FIR (Anexo I), devidamente preenchido.
O processo de interposição de recurso deve ser realizado presencialmente em sala de aula,
perante o instrutor, pedagogo ou profissional responsável pela aplicação da avaliação de
aprendizagem.
Os recursos referentes a avaliação de aprendizagem teórica da primeira e segunda
chamada serão apreciados por um dos Instrutores que tenha ministrado aulas teóricas no curso.
O parecer deve ser explicitado no Formulário de Interposição do Recurso (FIR), anexo I,
cabendo ao coordenador pedagógico ou instrutor informar ao aluno apenas se recurso foi
deferido ou não.

7.4 Avaliação de Aprendizagem Prática

As seguintes disciplinas serão objeto de avaliação prática e exercício modular:

a) Táticas de resgate e combate a incêndio (Ap1);


b) Proteção individual do Bombeiro de Aeródromo (Ap2);
c) Artigos perigosos e procedimentos em emergências químicas (Ap3); e
d) Procedimentos operacionais de APH (Ap4).

A avaliação de aprendizagem dos alunos nas práticas Ap1 - Táticas de resgate e combate
a incêndio em aeronaves será realizada pelos instrutores responsáveis pela instrução das
atividades, tendo como base os parâmetros explicitados a seguir e registrados em formulário
especifico (Anexo I - Registro e Apuração de Avaliação de Atividade Prática):
Mais que satisfatório: muito motivado e cooperativo, atingiu os objetivos,
desenvolvendo otimamente a atividade, demonstrou plena compreensão dos procedimentos
abordados nas aulas teóricas e orientações repassadas pelo instrutor durante as práticas.
Satisfatório: motivado e cooperativo, atingiu os objetivos propostos, desenvolveu
satisfatoriamente a atividade e demonstrou compreensão dos procedimentos abordados nas
aulas teóricas e orientações repassadas pelo instrutor durante as práticas.
Pouco satisfatório: pouco motivado e cooperativo, atingiu os objetivos propostos,
desenvolveu razoavelmente a atividade, demonstrou dificuldade na compreensão dos
procedimentos abordados nas aulas teóricas e orientações repassadas pelo instrutor durante as
práticas.

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Insatisfatório: baixa motivação e cooperação, não atingiu os objetivos propostos,
apresentou dificuldades na aplicação dos procedimentos abordados nas aulas teóricas e
orientações repassadas pelo instrutor durante as práticas.

PARÂMETRO DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM


COMPORTAMENTO A DESEMPENHO OBTIDO
SER AVALIADO NO Mais que Pouco
Satisfatório satisfatório Insatisfatório
ALUNO satisfatório
1. Motivação e Cooperação do
aluno durante a realização da 10 7 5 3
atividade.
2. Atingimento dos objetivos da
instrução e a correta
aplicação dos procedimentos
técnicos abordados nas 10 7 5 3
instruções teóricas e
orientações repassadas pelo
instrutor durante as práticas.

A avaliação de aprendizado do aluno nas práticas mencionadas será mensurada com


base na média aritmética dos desempenhos obtidos pelo aluno com relação aos comportamentos
relacionados nos itens 1 e 2 que constam do quadro “Parâmetros de Avaliação de
Aprendizagem”, aplicando-se a fórmula abaixo:

Exemplo:

Um aluno ao realizar a prática (Ap1) -Táticas de Salvamento e Combate a Incêndio


em Aeronaves, obteve na avaliação do item 1-Motivação e Cooperação do aluno durante a
realização da atividade a nota 10 e no item 2-Atingimento dos objetivos da instrução e a
correta aplicação dos procedimentos técnicos abordados nas instruções teóricas e orientações
repassada pelo instrutor durante a prática a nota 7. Aplicando-se a metodologia indicada, esse
aluno alcançou um nível de desempenho na prática-1 (Ap1) igual a 8,5.

Embora os alunos desenvolvam em equipe as atividades práticas referenciadas, o


desempenho de cada aluno deve ser considerado individualmente e tendo como parâmetro os
dois aspectos básicos mencionados (1 - motivação e cooperação e 2 - atingimento dos objetivos
da instrução e a correta aplicação dos procedimentos técnicos ministrados).

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
A avaliação de aprendizagem dos alunos na prática (Ap2) - Proteção Individual
do Bombeiro de Aeródromo será realizada com base na pontuação (performance) obtida na
execução das atividades explicitada abaixo:

(Ap2) - Proteção Individual do Bombeiro de Aeródromo


PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM ATIVIDADE OBJETO DE AVALIAÇÃO
MÁXIMA OBTIDA
1 Tempo de colocação do TP:
 Até 1 minuto (pontuação = 3,5)
 Até 1 minuto e 15 segundos (pontuação = 2,5) 3,5
 Mais de 1 minuto e 15 segundos (pontuação = 2,0)
2 Tempo de colocação do TP e EPR:
 Até 1minuto e 30 segundos (pontuação = 3,5)
 Até 1 minuto e 45 segundos (pontuação = 2,5) 3,5
 Mais de 1 minuto e 45 segundos (pontuação = 2,0)
3 Uso e Operação adequada do EPR 3,0
Soma dos pontos obtidos pelo aluno na atividade 10,0

A avaliação de aprendizagem dos alunos na prática Ap3 - Artigos perigosos e


procedimentos em emergências químicas será realizada com base na pontuação obtida nas
respostas aos questionamentos do guia técnico que será trabalhado por cada aluno de forma
individual, tendo como cenário uma emergência com material perigoso em um terminal de
carga aérea, conforme quadro abaixo:

Ap3 - Artigos perigosos e procedimentos em emergências químicas


PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM AÇÃO ESPERADA DO ALUNO OU EQUIPE
MÁXIMA OBTIDA

1 Coleta de dados preliminares 2,5


2 Identificação do produto envolvido na emergência 2,5
3 Correta adoção do sequenciamento da operação e 2,5
organização da cena
4 Correta utilização do EPI 2,5
Total de pontos 10,0

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
A avaliação de aprendizagem dos alunos na prática Ap4 - Procedimentos
operacionais de APH será realizada com base na pontuação obtida nas oficinas apresentadas
no guia técnico, que serão trabalhadas por cada aluno de forma individual, conforme quadros
abaixo:

OFICINA 1
POSIÇÃO DA VÍTIMA: decúbito dorsal
ATIVIDADE 1: Avaliação inicial com vítima inconsciente
AÇÃO ESPERADA DO ALUNO OU GRUPO DE PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM
ALUNO MÁXIMA OBTIDA
1 Identificação rápida da hemorragia exsanguinolenta. 0,2
Aproximar da vítima pelo lado da face e proceder o controle
2 da cervical.
0,2
3 Verificar se a vítima está respirando 0,3
4 Palpar o pulso carotídeo. 0,3
Verificar a temperatura, coloração da pele e enchimento
5 capilar.
0,3
Observar rapidamente da cabeça aos pés da vítima à procura
6 de grandes deformidades.
0,3
Pontos obtidos na atividade 1 da oficina I 1,6

ATIVIDADE 2: Exame primário vítima inconsciente


AÇÃO ESPERADA DO ALUNO OU GRUPO DE PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM
ALUNO MÁXIMA OBTIDA
1 Passo X – Hemorragia Exsanguinolenta (controle imediato) 0,2
Passo A – Verificar vias aéreas, vítima com controle cervical
2 colocado
0,2
Passo B – Respiração: checar se a respiração está presente e
3 efetiva (ver, ouvir e sentir)
0,2

4 Passo C – Circulação: e controle de grandes hemorragias 0,3


5 Passo D – Estado neurológico: verificação pupilar 0,3
Passo E – Exposição da vítima: identificar e tratar lesões que
6 coloquem a vida em risco.
0,4

Pontos obtidos na atividade 2 da oficina I 1,6

ATIVIDADE 3: Exame secundário em vítima inconsciente


AÇÃO ESPERADA DO ALUNO OU GRUPO DE PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM
ALUNO MÁXIMA OBTIDA
Cabeça: palpar o crânio com os polegares fixos na região
1 frontal, mantendo o controle cervical.
0,3
Pescoço: inspecionar o alinhamento da traqueia e a simetria
2 do pescoço.
0,3
3 Tórax: inspecionar a caixa torácica (face anterior). 0,3

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
Abdômen: inspecionar sinais de contusão, distensão e
4 mobilidade.
0,3
5 Quadril: analisando mobilidade anormal e produção de dor. 0,3
6 Membros inferiores e superiores: inspecionar e palpar. 0,3
Dorso: realizar a manobra de rolamento a noventa graus para
7 examinar o dorso.
0,3
Pontos obtidos na atividade 3 da oficina I 2,1
Total pontos obtidos nas atividades (1+2+3) da oficina I 5,3
OFICINA II
POSIÇÃO DA VÍTIMA: decúbito ventral com vítima inconsciente e com fratura de fêmur
aberta.
ATIVIDADE: Exame primário inicial com vítima inconsciente e fratura de fêmur aberta.
PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM AÇÃO ESPERADA DO ALUNO OU GRUPO DE ALUNO MÁXIMA OBTIDA
1° Socorrista: verificar pulso carotídeo e assumir o topo da cabeça,
1 0,3
(comando).
2 Aplicar técnica de rolamento de vítima: 90°/180°. 0,3

3 Colocar colar cervical. 0,3


4 Abordagem secundária da vítima. 0,4
5 Escolha de imobilizadores. 0,2
6 Aplicar os imobilizadores para fratura no Fêmur. 0,3
7 Preenchimento da ficha de classificação de vítima. 0,2
Aplicar técnica de fixação e transporte de vítima em maca rígida
8 0,3
com 04 BA.
Pontos obtidos na oficina II 2,3

OFICINA III
POSIÇÃO DA VÍTIMA: decúbito dorsal (manequim de RCP)
ATIVIDADE: intervenção em vítima que apresenta parada cardiorrespiratória, utilizando
DEA e OVACE total em adulto e bebê.
PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
ITEM AÇÃO ESPERADA DO ALUNO OU GRUPO DE ALUNO MÁXIMA OBTIDA
1 Reconhecer ausência de respiração e pulso em vítima com PCR 0,3
2 Aplicar técnica de compressão e ventilação (um ciclo). 0,4
3 Postura e posicionamento das mãos do socorrista na compressão. 0,3
4 Ligar o DEA e fixar as pás autoadesivas. 0,3

5 Procedimento da equipe na indicação do choque pelo DEA. 0,3

6 Procedimento da equipe quando o DEA não indicar choque. 0,4


Postura e posicionamento das mãos do socorrista em caso de
7 OVACE total em adulto consciente.
0,4

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Pontos obtidos na Oficina III 2,4
Somas dos pontos nas três oficinas (I+II+III) 10,0

O resultado de cada avaliação de aprendizagem dos alunos nas práticas orientadas (Ap1
Ap2 Ap3 e Ap4) será registrado pelo instrutor em planilha específica de Registro e Apuração de
Avaliação de Atividade Prática.

7.5 Desempenho Final do Aluno nas Práticas

A avaliação final dos alunos nas práticas (Apf) realizadas durante o curso será apurada
através da média aritmética das avaliações obtidas nas práticas (Ap1, Ap2, Ap3 e Ap4), conforme
exposto na fórmula abaixo:

7.6 Resultado Final das Avaliações de Aprendizagem

A mensuração da Avaliação Final do Aluno (Avf) será feita com base na média
aritmética da Avaliação Teórica Final (Atf) e a Avaliação Prática Final (Apf), empregando-se a
fórmula abaixo:

Exemplo:
Considerando que um aluno obteve nota 7,20 na Avaliação Teórica Final (Atf) e 8,10
na Avaliação Pratica Final (Apf), aplicando-se a fórmula indicada, a avaliação final do aluno
(Avf) é 7,65, conforme pode ser observado na memória de cálculo abaixo:

 

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8 REQUISITOS PARA A APROVAÇÃO

Requisitos considerados como mínimos para aprovação do aluno no curso:


 70% (setenta por cento) de aproveitamento final no processo avaliativo da parte
teórica.
 70% (setenta por cento) de aproveitamento final no processo avaliativo da parte
prática.
 80% (oitenta por cento) de frequência nas aulas teóricas; e
 100% de frequência nas aulas práticas.

9 REGRAS PARA DESLIGAMENTO DO ALUNO DO CURSO

O desligamento do aluno do curso poderá ocorrer nas situações:


 Solicitação formal da organização responsável pela matrícula do aluno no curso.
 Indisciplina do aluno durante as instruções teóricas ou práticas e avaliações.
 Utilização de meios fraudulentos durante a avaliação teórica.
 Ausência do aluno a uma das instruções práticas do curso.
 Ausência do aluno na avaliação teórica e a justificativa apresentada não for acatada
pela Coordenação Técnica e Pedagógica da OE-SESCINC.
 Obtenção de nota na avaliação teórica de aprendizagem inferior a 50% (cinquenta
por cento).
 Obtenção de notas de desempenho nas avaliações práticas inferiores a 70% (setenta
por cento).
 O não cumprimento das orientações de segurança repassadas pelos instrutores,
coordenador técnico e pedagógico do curso.

10 PROGRAMAÇÃO DO CURSO

A programação do curso será distribuída aos alunos, no início do curso, juntamente


com o material didático e conterá as seguintes informações:
 Datas de início e final do curso;
 Data e horário das instruções teóricas e práticas de todas as disciplinas da grade
curricular;
 Datas e horários das aulas práticas;

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 Datas e horário reservado para a avaliação teórica;
 Indicação dos instrutores e coordenador pedagógico do curso;
 Horários de abertura e encerramento do evento.

11 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA DA OE-SESCINC

Em cumprimento ao disposto no anexo a Portaria ANAC Nº 1.987/SIA, de 12 de junho


de 2017, que estabelece o currículo mínimo do Curso de atualização de Bombeiro para
Aeródromo, a Infraero, na qualidade de OE-SESCINC, disponibilizará recursos e adotará
procedimentos de segurança para responder eventuais ocorrências de incidentes ou acidentes
durante a realização de treinamentos práticos com fogo.
Os recursos a serem disponibilizados durante a realização dos treinamentos práticos
orientados, são os seguintes:
 Traje de Proteção e EPR para todos os alunos que estiverem participando dos
treinamentos práticos;
 Ambulância tripulada por profissionais habilitados; e
 Materiais de Primeiros Socorros.

12 ANEXO

ANEXO I - Formulário para Interposição de Recursos (FIR)

13 REFERÊNCIAS NORMATIVAS

BRASIL, ANAC. Res. nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios regulatórios


quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromos Civis (SESCINC). Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.

AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL - ANAC. Portaria nº 1.987/SIA, de 12 de junho


de 2017. Estabelece o currículo mínimo do Curso de Atualização para Bombeiro de Aeródromo.

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

ANEXO I - FORMULÁRIO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS (FIR)

Nome do Aluno: ______________________________________________________________


Curso: _____________________________________________________________________
Cidade de realização da prova: _____________________________________________
Data da avaliação: _____/_____/_____ Hora da Interposição do Recurso:_________________

Solicito que sejam revisadas a(s) questão(ões) abaixo:

Questão nº: ________ Questão nº: ________

Questão nº: ________ Questão nº: _________

Justificativa para o pedido de recurso:


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
ANÁLISE DO INSTRUTOR:

Justificativa para o indeferimento de recurso:


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Data,____ /____________/_________

Nome do Instrutor ou Coord Técnico: _____________________________________________

___________________________________
Assinatura

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DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 1 - BÁSICO

Disciplina 1.02: Fundamentos da Teoria


Contraincêndio
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 6
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 6
4 COMBUSTÃO – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS, PRODUTOS E EFEITOS ......... 7
4.1 Velocidade da Combustão .............................................................................................. 7
4.2 Proporção de Oxigênio ................................................................................................... 8
4.3 Reação Incompleta: ........................................................................................................ 8
4.4 Reação Completa: ........................................................................................................... 8
4.5 Pontos Notáveis de Temperatura .................................................................................... 9
4.6 Produtos da Combustão e Efeitos ................................................................................. 10
5 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIO QUANTO ÀS PROPORÇÕES............................ 11
6 INCÊNDIO – CONCEITO, CAUSAS PRINCIPAIS, CARACTERÍSTICAS, FASES E
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO COMBUSTÍVEL ............................................................. 12
6.1 Conceito de Incêndio .................................................................................................... 12
6.2 Fatores que influenciam o incêndio .............................................................................. 12
6.3 Causas de incêndio ....................................................................................................... 13
6.4 Fases de incêndio .......................................................................................................... 13
6.5 Classificação dos incêndios quanto ao combustível ..................................................... 14
6.6 Mecanismo de ignição dos materiais combustíveis ...................................................... 16
7 FENÔMENOS ASSOCIADOS AOS INCÊNDIOS ......................................................... 18
7.1 O Flashover ................................................................................................................... 18
7.2 O Backdraft ................................................................................................................... 18
7.3 Outros Fenômenos ........................................................................................................ 20
8 FORMAS DE DETECÇÃO DOS FENÔMENOS ASSOCIADOS AOS INCÊNDIOS .. 22
8.1 Sinais de um Backdraft ................................................................................................. 22
8.2 Sinais de um Flashover ................................................................................................. 23
8.3 Sinais de um Boil over .................................................................................................. 24
8.4 Sinais de um Slop over ................................................................................................. 25
8.5 Sinais de um Rollover ................................................................................................... 25
8.6 Sinais de um Bleve ....................................................................................................... 25
9 EFEITOS FISIOLÓGICOS RELACIONADOS À EXPOSIÇÃO AO CALOR
ASSOCIADO AOS INCÊNDIOS ............................................................................................ 26
9.1 Calor ............................................................................................................................. 27
9.2 Exaustão ........................................................................................................................ 27
9.3 Danos ao sistema respiratório ....................................................................................... 27
9.4 Vasos dilatação periférica ............................................................................................. 27
9.5 Desidratação ................................................................................................................. 28
9.6 Queimadura................................................................................................................... 28
10 GASES TÓXICOS MAIS COMUNS NOS INCÊNDIOS E SEUS EFEITOS ................ 29
11 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS ........................................................... 32
12 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 34
INTRODUÇÃO

O risco de incêndio em um acidente aéreo se dá devido à proximidade dos sistemas


que contém e distribuem fontes de combustível e ignição, como componentes aquecidos em
motores e trem de pouso, circuitos elétricos danificados e fricção causada pelo deslizamento no
solo.
Qualquer incêndio pós-acidente pode afetar a evacuação segura dos ocupantes e irá
reduzir o tempo disponível para a montagem de uma operação efetiva de combate a incêndio
antes do resgate.
Durante ou após o impacto, um incêndio pós-acidente pode se desenvolver e
intensificar muito rapidamente, podendo entrar na fuselagem através de saídas abertas e
aberturas causadas pelo impacto.
Projetistas de aeronaves buscam continuamente mudanças de fatores e materiais na
construção de aeronaves que possam aumentar a resistência ao choque e limitar o
desenvolvimento de situações de incêndio que podem impedir a evacuação. Modificações
adicionais, com o objetivo de aumentar a taxa de sobrevivência ao impacto, também estão sendo
desenvolvidas. Outras mudanças que estão sendo planejadas incluem melhor contenção de
passageiros, combustibilidade do interior da cabine reduzida, melhor marcação das rotas de
saída, saídas de emergência melhoradas e maior ênfase no treinamento da tripulação da cabine
de comando.
Segundo Drysdale (1998, pág. 291), “o termo incêndio em
compartimento é usado para descrever um incêndio que seja confinado
dentro de uma sala ou cômodo similar dentro de um edifício”
Sabe-se que é difícil prever com exatidão quando irá ocorrer um incêndio e, uma vez
iniciado qual será o seu alcance, no entanto, através do conhecimento científico da dinâmica do
fogo, pode-se determinar os métodos mais adequados para controlar os perigos dos incêndios e
explosões.
Essa habilidade que detém os Bombeiros de Aeródromo para interpretar estes sinais é
essencial para assegurar uma correta extinção e um trabalho seguro e ainda, evitar a tomada de
decisões baseadas na sorte ou na suposição de que algo irá acontecer.
Portanto os objetivos primordiais da prevenção contraincêndio são minimizar o risco
à vida humana e reduzir as perdas patrimoniais.

5
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2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para fins deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Bombeiro de aeródromo: profissional com habilitação específica para o exercício das funções
operacionais do SESCINC.
Categoria Contraincêndio do Aeródromo (CAT) – é a representação numérica no nível de
proteção contraincêndio de um aeródromo, o qual varia de 1 a 10, e reflete a proteção contraincêndio
provido pelo SESCINC, considerando existentes e disponíveis, nos valores mínimos, a quantidade
e regime de descarga de agentes extintores principal e complementar, a quantidade de CCI e os
recursos humanos operacionais.
O bombeiro civil: profissional habilitado para exercer, em caráter habitual, função remunerada
e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado diretamente por
empresas privadas ou públicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em
prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Espaço confinado: é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua,
que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para
remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.
Reação incompleta: É aquela na qual a concentração de oxigênio é baixa.
Reação completa: É aquela na qual a concentração de oxigênio é propícia à combustão, ou
seja, variando de 13% a 21%.
Reação Espontânea: Em alguns corpos este fenômeno ocorre sem que haja fonte externa de
calor.
Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis - é o serviço composto
pelo conjunto de atividades administrativas e operacionais desenvolvidas em proveito da
segurança contraincêndio do aeródromo, cuja principal finalidade é o salvamento de vidas por
meio da utilização dos recursos humanos e materiais disponibilizados pelo aeródromo.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
AFFF – Aqueous Film Forming Foam.
LIE – Limite Inferior de Explosividade.
LSE – Limite Superior de Explosividade.
NBR – Norma Brasileira de Regulamentação.
6
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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NFPA – National Fire Protection Association.
PLEM – Plano de Emergência em Aeródromo.
PCINC – Plano Contraincêndio do Aeródromo.
PPM – Partículas Por Milhão.
SCI – Seção Contraincêndio de Aeródromo.
SESCINC – Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis.
TP -Traje de Proteção.

4 COMBUSTÃO – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS, PRODUTOS E


EFEITOS

É um tipo particular de reação de oxidação onde o oxigênio quase sempre é o agente


oxidante e o combustível (aquele de queima) é o agente redutor. Os agentes redutores
(combustíveis) mais comuns são os materiais que contém grande percentual de carbono e
hidrogênio.
Não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que concorrem para seu
início e desenvolvimento, podendo-se citar:
a) Forma geométrica e dimensões da sala ou local.
b) Superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos.
c) Distribuição dos materiais combustíveis no local.

4.1 Velocidade da Combustão

a) Lenta: quando não há produção de chamas ou de qualquer fenômeno luminoso,


como por exemplo, a oxidação do ferro (ferrugem).
b) Viva: quando há produção de chamas e luminosidade.
c) Muito Viva: quando a reação se processa com grande velocidade, porém, inferior
a 300 m/s, ou seja, a sua deflagração. Pode ser exemplificada pela queima da
pólvora negra ao ar livre.
d) Instantânea: quando a combustão se processa de forma súbita, com velocidade
superior a 300 m/s, atingindo imediatamente toda a massa do corpo. O efeito desta
combustão é a explosão (detonação). Pode ser exemplificada pela detonação da
dinamite e da nitroglicerina.

Intensidade da Combustão
É indicada pelo volume de chamas que se desprende do incêndio, e está diretamente
relacionada a:

7
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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• Superfície do combustível em contato com o ar;
• Volume de combustível;
• Características do combustível;
• Concentração de oxigênio.

Nota: Devemos considerar ainda que a combustão continuará existindo até que o combustível
se consuma, o agente oxidante diminua sua concentração para níveis abaixo dos necessários à
combustão, o combustível se esfrie para abaixo da temperatura de ignição ou a reação em cadeia
se interrompa. Na falta de qualquer um dos quatro elementos, a combustão não se produz.

4.2 Proporção de Oxigênio

• Nitrogênio: 78,1%
• Oxigênio: 20,9%
• Outros gases: 1%

Nota: Sabe-se também que a atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e
1% de outros gases, por isso, em ambientes com a composição normal do ar, a queima
desenvolve-se com velocidade e de maneira completa e notam-se chamas. Contudo, a
combustão irá consumir o oxigênio do ar num processo contínuo.

4.3 Reação Incompleta:

É aquela na qual a concentração de oxigênio é baixa, variando de 8% a 13%, tendo


como produto da reação o monóxido de carbono (CO). Neste caso, nos combustíveis sólidos
haverá formação de brasas sem chamas.
Nota: Quando a porcentagem do oxigênio do ar ambiente passar de 21% para a faixa
compreendida entre 16% e 8%, a queima tornar-se-á mais lenta, surgirão brasas e não mais
chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atingir concentrações menores de 8%, é
muito provável, que a combustão deixe de existir.

4.4 Reação Completa:

É aquela na qual a concentração de oxigênio é propícia à combustão, ou seja, variando


de 13% a 21%. Neste caso, os produtos resultantes da combustão serão o dióxido de carbono
(CO2), a água em forma de vapor e cinzas.
8
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Nota: Os bombeiros de Aeródromo devem ficar atentos e lembrar que muitos materiais
que não queimam nos níveis normais de oxigênio poderão queimar com rapidez em atmosferas
enriquecidas com oxigênio. Um desses materiais é o conhecido Nomex (material resistente ao
fogo que é utilizado na fabricação de roupas de aproximação e combate ao fogo para bombeiros)
que em ambientes normais não se inflama, no entanto, arde rapidamente em atmosferas com
concentrações de 31% de oxigênio.
Essas situações podem ocorrer em indústrias químicas, ambientes hospitalares e até,
em domicílios particulares cujos inquilinos utilizem equipamentos portáteis para
oxigenioterapia.

4.5 Pontos Notáveis de Temperatura

Algumas temperaturas são importantes, pois é a partir delas que definimos a temperatura
com que determinada substância é capaz de pegar fogo, ou seja, entrar em combustão.
Ponto de fulgor: é a temperatura mínima em que um combustível começa a desprender
vapores, os quais, combinados com o oxigênio do ar, ao entrarem em contato com alguma fonte
externa de calor, se inflamam. A chama, entretanto, não se mantém, não se sustenta, por não
existirem vapores suficientes.
Temperatura de combustão: é a temperatura mínima necessária para que um
combustível desprenda vapores que, combinados com o oxigênio do ar, ao entrarem em contato
com uma fonte externa de calor, se inflamam e, mesmo que se retire essa fonte externa de calor,
o fogo não se apaga.
Temperatura de ignição: é a temperatura em que os vapores desprendidos dos
combustíveis entram em combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independente
de qualquer fonte externa de calor.

Combustível Inflamável Ponto de Fulgor Temperatura de ignição


Álcool etílico 12,6°C 371,0°C
Gasolina -42,0°C 257,0°C
Querosene de aviação 38,0°C a 73,5°C 254,0°C
Gasolina de aviação -45,6°C 440 °C
Parafina 199,0°C 245,0°C

Importante: Gasolina de aviação (AVGAS) informação sobre intoxicação humana.


Tipo de contato:
Vapor: irritante para os olhos, nariz e garganta, se inalado, causará tontura, dor de cabeça,
dificuldade respiratória ou perda da consciência.
Tratamento: mover para o ar fresco. Se a respiração for dificultada ou parar de dar
oxigênio ou fazer respiração artificial.

9
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Tipo de contado:
Líquido: Irritante para a pele, irritante para os olhos. Se ingerido, causará náusea ou
vômito.
Tratamento: Remover roupas e sapatos contaminados e enxaguar com muita água.
Manter as pálpebras abertas e enxaguar com muita água. Não provocar o vômito.

4.6 Produtos da Combustão e Efeitos

Durante a queima, os corpos combustíveis liberam alguns produtos que merecem


atenção por parte daqueles que tentam extinguir as suas chamas:

a) Cinzas

São os produtos de uma combustão completa, as quais não oferecem risco ao homem, nem
interferem na combustão.

b) Carvão

É o resíduo sólido da combustão incompleta. Merece atenção especial, pois pode estar
em brasa no seu interior e permitir o retorno das chamas.

c) Vapor d’água

É produzido pela umidade existente no corpo que queima e pela água utilizada na
extinção das chamas.

Durante os incêndios, normalmente, existem rolos de fumaça negra e à medida que a


extinção se processa aparece uma fumaça branca, identificando a presença de vapor d’água,
que serve para indicar a ação extintora.

Porém, o vapor d’água aquecido prejudica as vias respiratórias.

d) Fumaça

É composta por partículas sólidas em suspensão (carbono), monóxido de carbono


(CO), dióxido de carbono (CO2) e outros gases, que variam de acordo com a natureza do
combustível, tais como gás sulfuroso, ácido fosfórico, ácido prússico e outros.

A fumaça, além de prejudicar a visibilidade e dificultar a respiração, é a maior


responsável pelo pânico nos incêndios, podendo, também, provocar irritação nos olhos,
prejudicar as vias respiratórias e atacar o trato gastrintestinal, provocando vômitos.

A combustão pode ocorrer por diversas formas. Por isso apresentamos abaixo o Limite
Inferior de Explosividade (LIE) e o Limite Superior de Explosividade (LSE) de alguns produtos
que em mistura com o ar atmosférico entra em combustão quando em contato com uma fonte
de ignição.

Uma mistura abaixo do LIE é dita pobre e uma mistura acima do LSE e dita rica. Tanto
uma mistura pobre como uma mistura rica, estão fora dos limites para poderem queimar ou
explodir.
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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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Nota: Objetivando trazer esse conceito teórico para uma situação mais real considerar-
se-á um cômodo de uma residência, por exemplo uma cozinha. Se for aberto o botão de um
queimador de um fogão a gás e liberado o gás GLP e num outro extremo da cozinha alguém
acender um isqueiro, em princípio, não irá ocorrer nenhum efeito sobre o gás disperso, no
entanto, se for permitido que o gás continue a ser liberado e a chama do isqueiro for mantida
acesa, após um certo tempo se produzirá a inflamação (explosão) do gás. Isso tudo ocorre
porque se está falando de GLP (gás liquefeito de petróleo = mistura de gás butano e propano)
quando o mesmo alcança concentrações de cerca de 3,8% de volume total está pronto para
iniciar a inflamação, ou seja, atinge o LIE.

5 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIO QUANTO ÀS PROPORÇÕES

A proporção de um evento engloba as suas dimensões, a sua intensidade e os meios


empregados para a sua extinção.
a) Incêndio Incipiente: evento de mínimas proporções para o qual é suficiente a
utilização de um extintor portátil.
b) Pequeno Incêndio: evento cujas proporções exigem emprego e material
especializado, sendo extinto com facilidade e sem apresentar perigo iminente de
propagação.

11
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
c) Médio Incêndio: evento em que a área atingida e a sua intensidade exigem a
utilização de meios e materiais equivalentes a um socorro básico de incêndio,
apresentando perigo iminente de propagação.
d) Grande Incêndio: evento cujas proporções apresentam uma propagação crescente,
necessitando para a sua extinção, do emprego efetivo de mais de um socorro básico.
e) Incêndio Extraordinário: incêndio provocado por fenômenos naturais, como
abalos sísmicos, vulcões, etc., ou ainda por bombardeios ou similares, atingindo
quarteirões, bairros e cidades inteiras.

6 INCÊNDIO – CONCEITO, CAUSAS PRINCIPAIS,


CARACTERÍSTICAS, FASES E CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO
COMBUSTÍVEL

6.1 Conceito de Incêndio

Os conceitos abaixo traduzem exatamente o que é o incêndio.

• Brasil NBR 13860: O incêndio é o fogo fora de controle.


• Internacional ISO 8421-1: Incêndio é a combustão rápida disseminando-se de
forma descontrolada no tempo e no espaço.

Essas conceituações deixam claro que o incêndio não é medido pelo tamanho do fogo.

No Brasil quando o estrago causado pelo fogo é pequeno, diz-se que houve um
princípio de incêndio e não um incêndio.

6.2 Fatores que influenciam o incêndio

Não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que concorrem para seu
início e desenvolvimento, podendo-se citar:

• Forma geométrica e dimensões da sala ou local.


• Superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos.
• Distribuição dos materiais combustíveis no local.
• Quantidade de material combustível incorporado ou temporário.
• Características de queima dos materiais envolvidos.
• Local do início do incêndio no ambiente.
• Condições climáticas (temperatura e umidade relativa).
• Aberturas de ventilação do ambiente.
• Aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio.
• Projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício.
• Medidas de prevenção de incêndio existentes.
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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
• Medidas de proteção contra incêndio instaladas.
O incêndio inicia-se, na sua maioria, bem pequeno. O crescimento dependerá: do
primeiro item ignizado, das características do comportamento ao fogo dos materiais na
proximidade do item ignizado e sua distribuição no ambiente.

6.3 Causas de incêndio

a) Naturais: são aqueles decorrentes de fenômenos da natureza:


Ex.: vulcões, terremotos, raios, meteoros, etc.
b) Biológicas: são os incêndios decorrentes do aumento da temperatura devido à
fermentação e à ação degradativa das bactérias.
Ex.: enfardamento da forragem úmida.
c) Artificiais: são os incêndios decorrentes da natureza ou características específicas dos
materiais.
d) Humana: são incêndios nos quais o homem é o seu causador.
e) Física: provenientes de qualquer fenômeno físico que produz energia calorífica:
• Atrito: fricção entre corpos rígidos, ou entre partes metálicas com lubrificação
deficiente.
• Choque: choque entre partes metálicas frouxas ou desajustadas, em máquinas e
motores que estejam sujos com resíduos de óleo e graxa.
• Compressão: compressão brusca e continuada dos gases provocando o aumento de
temperatura em recargas de cilindro de gases, por exemplo.
• Condução térmica: calor transmitido de um corpo em alta temperatura para corpos
vizinhos que estejam em condições normais. Ex.: Uma chaminé em contato com o
forro de madeira do telhado.
• Eletricidade: são aqueles gerados por fenômenos termoelétricos. Ex.: Curto-
circuito, sobrecarga, fuga de corrente, etc.
f) Química: substâncias químicas que podem gerar calor quando se combinam, ou em
decomposição, produzindo aquecimento, inflamação ou explosão. Ex.: Metais
pirofóricos finamente divididos quando expostos ao ar.

6.4 Fases de incêndio

A maior parte dos incêndios pode ser caracterizada pelas seguintes fases:
a) Fase incipiente: fase inicial, de crescimento lento, caracterizado pela combustão
lenta, ou por chamas limitadas.

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b) Fase de crescimento: corresponde ao período de propagação do incêndio anterior
à inflamação generalizada.
c) Fase de incêndio plenamente desenvolvido: caracterizado por uma velocidade
de queima constante, tanto em incêndios controlados pela ventilação quanto em
incêndios controlados pelo combustível.
d) Fase de decaimento: período de declínio da severidade do incêndio.
e) Extinção: quando a energia não é mais liberada.

Em uma análise relativa a segurança à vida, feita para avaliar a habilidade dos
ocupantes de desocupar o compartimento de origem do incêndio, somente as fases incipiente e
de crescimento serão de relevância. Após a inflamação generalizada ou fase de incêndio
plenamente desenvolvido não mais se considera a possibilidade de desocupação.

6.5 Classificação dos incêndios quanto ao combustível

Incêndio é uma ocorrência de fogo não controlado, que pode ser extremamente
perigosa para os seres vivos e as estruturas. A exposição a um incêndio pode produzir a morte,
geralmente pela inalação dos gases, ou pelo desmaio causado por eles, ou posteriormente pelas
queimaduras graves.
Segundo a NBR 12693:2010, os incêndios são classificados em quatro classes
diferentes.
Os incêndios são classificados de acordo com as características dos seus combustíveis.
Somente com o conhecimento da natureza do material que está se queimando, pode-se descobrir
o melhor método para uma extinção rápida e segura.

a) Incêndios classe A
• Caracteriza-se por fogo em materiais sólidos;
• Queimam em superfície e profundidade;
• Após a queima deixam resíduos, brasas e cinzas;
• Esse tipo de incêndio é extinto principalmente pelo método de resfriamento, e
as vezes por abafamento através de jato pulverizado.

b) Incêndios classe B
• Caracteriza-se por fogo em combustíveis líquidos inflamáveis;
• Queimam em superfície;
• Após a queima, não deixam resíduos;
• Esse tipo de incêndio é extinto pelo método de abafamento.

c) Incêndios classe C
• Caracteriza–se por fogo em materiais/equipamentos energizados (geralmente
equipamentos elétricos);
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• A extinção só pode ser realizada com agente extintor não-condutor de
eletricidade, nunca com extintores de água ou espuma;
• O primeiro passo num incêndio de classe C, é desligar o quadro de força, pois
assim ele se tornará um incêndio de classe A ou B.

d) Incêndios classe D
• Caracteriza-se por fogo em metais pirofóricos (alumínio, antimônio, magnésio,
etc.).
• São difíceis de serem apagados;
• Esse tipo de incêndio é extinto pelo método de abafamento;
• Nunca utilizar extintores de água ou espuma para extinção do fogo.

e) Incêndios Classe K
A Classe K não é mencionada na NBR 12693/2010, contudo já consta em recentes
bibliografias essa nova classificação que consiste em incêndios, que envolvem meios de
cozinhar utilizando gordura animal e vegetal têm sido por muito tempo a principal causa de
incêndios em cozinhas causando danos materiais, ou até mesmo vítimas fatais. Estes incêndios
são muito especiais quanto à natureza. Testes recentes efetuados por UL (laboratórios de
underwriters, Inc.) nos Estados Unidos e outras agências em outros países obtiveram novos
resultados neste tipo específico de risco de incêndio.
A evolução e alta eficiência dos equipamentos de cozinhas comerciais/industriais e o
uso de óleos não saturados, aliados as altas temperaturas criaram riscos de incêndios mais
severos determinando uma nova classificação de incêndio, que passamos a chamar de classe K.
A natureza específica de incêndios que envolvem meios de cozinhar envolvendo
equipamentos de cozinha industrial são diferentes na maior parte de outros incêndios. Nos
Estados Unidos a nova classificação - classe K - foi reconhecida pela NFPA (National Fire
Protection Association), através da norma NFPA 10, criada a partir de 1998.
Organizações compreenderam que estes incêndios não se parecem com os tradicionais
incêndios em líquidos inflamáveis que envolvem a gasolina, o óleo lubrificante, solvente de
pintura ou solvente em geral.
Os óleos de cozinha usados para fritura têm uma faixa ampla de temperaturas de
autoignição, que pode ocorrer em qualquer intervalo de 288°C a 385°C (o teste de laboratórios
requer a autoignição e/ou acima de 363°C). Para que esta autoignição possa ocorrer, a massa
total de óleo, se medido em gramas em uma panela pequena ou até 52 kg em uma fritadeira
industrial, deve ter sido aquecido além da temperatura de autoignição.
Depois que a autoignição ocorreu o óleo mudará sua composição ligeiramente ao
queimar-se. A sua nova temperatura de autoignição pode ser tanto quanto 10°C mais baixo do
que sua temperatura de autoignição original. Este incêndio será autossustentado a menos que a
massa inteira de óleo for refrigerada abaixo da nova temperatura de autoignição.

A extinção
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Toda forma de cozinhar que utilize óleos de natureza animal ou vegetal, líquido ou
sólido, contém gordura saturada. Quando um agente extintor de base alcalina (bicabornato de
sódio ou bicabornato de potássio, pós BC e agente úmido classe K) são aplicados à gorduras
saturadas à altas temperaturas, ocorre uma reação chamada de “saponificação”. A reação forma
uma espuma ‘ensaboada’ que abafa o fogo e contém os vapores inflamáveis e os combustíveis
quentes.
Ambos os agentes (sendo de base alcalina) causam a mesma reação, mas o agente
úmido classe K ao ser aplicado como uma nevoa fina tem a vantagem de resfriar o meio de
cozimento e abaixar a temperatura, tornando-se mais eficiente. Pós a base de monofosfato de
Amônia (ABC) são ácidos por natureza e não saponificam quando aplicados a combustível de
cozinha queimando. Podem inclusive ser contraprodutivos quando aplicados após o uso de
agentes alcalinos, atrapalhando e removendo a camada saponificada e permitindo reignição.

Extintor classe K

Os extintores de agente úmido Classe K, contém uma solução especial de Acetato de


Potássio, diluída em água, que quando acionado, é descarregada com um jato tipo neblina
(pulverização) como em um sistema fixo. O fogo é extinto por resfriamento e pelo efeito
asfixiante da espuma (saponificação). É dotado de um aplicador, que permite ao operador estar
a uma distância segura da superfície em chamas, e não espalha o óleo quente ou gordura. A
visão do operador não é obscurecida durante ou após a descarga. Ao considerar-se eficiência
na extinção e a segurança do pessoal é o melhor extintor portátil para cozinhas
comerciais/industriais.
Desenhado para combate aos mais difíceis fogos (CLASSE K) como: gorduras e
banhas quentes, incêndios de óleos e gorduras de cozinhas e áreas de preparação de alimentos
em restaurantes, lojas de conveniências, praças de alimentação, cafeterias de escolas, hospitais
e outros.
Equipamentos típicos a serem protegidos pelo Classe K: fritadeiras, frigideiras,
grelhas, assadeiras, etc.

6.6 Mecanismo de ignição dos materiais combustíveis

Os combustíveis sólido, líquido e gasoso possuem mecanismos diferentes na ignição


que podem ser visualizados pelos esquemas abaixo:
a) Combustível sólido - quando exposto a um determinado nível de energia (calor ou
radiação) sofre um processo de decomposição térmica, denominado pirólise, e
desenvolvem produtos gasosos (gás e vapor), que, com o oxigênio do ar, forma a
mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa mistura na presença de uma fonte
de energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama.

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b) Combustível líquido - quando exposto a um determinado grau de calor, não sofre
decomposição térmica, mas, sim, o fenômeno físico denominada evaporação, que
é a liberação dos vapores, os quais, em contato com o oxigênio do ar, forma a
mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa mistura na presença de uma fonte
de energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama.

c) Combustível gasoso - assim considerado quando se apresenta em forma de gás ou


vapor na temperatura do ambiente. Esse combustível em contato com o oxigênio
do ar forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva), que na presença de uma
energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama.

d) Mistura inflamável - a mistura inflamável (ou explosiva) só poderá ser assim


considerada quando o gás estiver misturado com o oxigênio do ar dentro de
determinadas proporções, em volume. A máxima proporção de gás, vapor ou pó no
ar que torna a mistura explosiva é denominada Limite Superior de Explosividade,
identificada pela sigla - LSE. A mínima proporção de gás, vapor ou pó no ar que
torna a mistura explosiva é denominada Limite Inferior de Explosividade,
identificada pela sigla - LIE. Existe, portanto, uma faixa limitada pelo LIE e LSE
na qual ocorre a ignição da mistura. Alguns exemplos de gases e vapores de líquidos
com seus respectivos limites de inflamabilidade.

SUBSTÂNCIA LIE LSE


Acetona - CH2COCH3 2.6 12.8
Acetonitrila – CH3CN 1,3 16,0
Benzeno – C6H6 1,3 7,1
Butano – C4H10 1,9 8,5
Dissulfeto de carbono – CS2 1.3 50,0
Etano – c2h6 3,0 12,5
Éter – (C2H5)2O 1,1 5,9
Monóxido de carbono- CO 12.5 74,0
Gasolina 1,4 7,6
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Metano – CH3 5,0 36,0
Propano – C3H8 2,2 9,5
Querosene 0,7 5,0

7 FENÔMENOS ASSOCIADOS AOS INCÊNDIOS

7.1 O Flashover

Flashover é uma queima rápida dos produtos da combustão no ambiente sinistrado ou


num outro próximo, e durante o incêndio em um ambiente confinado, o calor é absorvido pelo
teto da edificação e pelas partes mais altas das paredes e irradia-se para as partes mais baixas,
aquecendo gradualmente os gases combustíveis que estão no ambiente, e quando os
combustíveis alcançam sua temperatura de ignição, o fogo toma conta de todo ambiente
instantaneamente.
O flashover ocorre próximo ao final da fase inicial e início da fase de queima livre,
onde a temperatura está por volta de 550ºC a 800ºC, a indicação de que no local poderá ocorrer
um flashover não é clara e depende muito da experiência dos bombeiros que estiverem no local,
mas sua ocorrência poderá ser prevenida pela ventilação vertical e pelo emprego de linhas de
ataque devidamente coordenadas e controladas, e ainda com suporte da ventilação horizontal.

7.2 O Backdraft

O fenômeno ou efeito Backdraft caracteriza-se pela explosão por fluxo reverso que se
move por intermédio do ambiente e para fora da abertura realizada.
Essa explosão é decorrente da repentina entrada de ar, normalmente por meio da
abertura de uma porta ou janela, num ambiente confinado, que contém fogo em estado de
latência, devido à baixa taxa de oxigênio (combustão incompleta) e, por decorrência disso, há
significantes porções de mistura de gases inflamáveis (monóxido de carbono entre outros) e de
partículas de carbono, que entram em contato com as moléculas de oxigênio e provocam uma
repentina deflagração e violenta reação de óxido-redução (explosão).
A esta deflagração, caracterizada pela instantânea expansão de gases no
compartimento e pelas aberturas realizadas no ambiente, denomina-se de Backdraft.
A concentração normal de oxigênio no ar atmosférico ao nível do mar é de 21% e
diminui progressivamente com o aumento da altitude. Sabe-se que o oxigênio é essencial nos
processos da combustão e que reage quimicamente com o elemento químico carbono (C),
formando o dióxido de carbono (CO2), quando a concentração de O2 está abaixo de 21%. Um
incêndio em uma área confinada, por exemplo, um porão ou um quarto, provoca uma queda
nos níveis de O2 a patamares abaixo de 21%.

a) Fatores necessários para a ocorrência de um backdraft: quando o nível de O2 cai


abaixo de 15% as chamas, que até então eram vivas, cessam e o fogo permanece
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em estado de latência, sendo que grande volume de monóxido de carbono (CO) é
produzido. Contudo, o calor da queima livre e as partículas de carbono não
queimadas permanecem no ambiente, bem como outros gases inflamáveis, produtos
da combustão, que estarão prontos a incendiar-se rapidamente, assim que o
oxigênio for suficiente, e com a entrada brusca do oxigênio, esse ambiente
explodirá; o que chamamos de backdraft.
• Grande quantidade de combustível que já tenha sido aquecido à temperatura de
ignição;
• Uma fonte de ignição;
• Um repentino fornecimento de O2.

b) Possíveis cenários para o Backdraft: há dois diferentes cenários para o Backdraft,


que expõe os bombeiros a este perigo:
• Se o fogo está queimando o material combustível no compartimento e a porta ou
janela é aberta pelo bombeiro - estando os gases da combustão confinados, o ar
que entra pela porta ou janela mistura-se com os gases inflamáveis, formando
uma mistura explosiva.
• Se os gases do compartimento estão suficientemente quentes, eles podem gerar
uma autoignição a partir do ponto dessa abertura (porta ou janela, por exemplo)
e a chama se propaga para dentro do compartimento, juntamente com o
suprimento de ar fresco. Isto resulta um rápido crescimento do fogo, mas não
necessariamente um Backdraft.

Se os gases no compartimento não estão suficientemente quentes, eles podem iniciar


a queima quando o suprimento de oxigênio é fornecido. A chama percorre o compartimento em
direção à abertura, projetando-se como uma língua de fogo, dirigida pela expansão dos gases
atrás dela. Não é fácil prever quando isso pode ocorrer ou quanto tempo pode durar após a
abertura, pois depende da localização do foco de incêndio, da taxa de vazão de ar que entra pela
abertura e se os gases quentes podem escapar do ambiente naturalmente.
A situação mais perigosa pode ocorrer quando o fogo, no compartimento, estiver
praticamente extinto. Quando a porta é aberta, a mistura explosiva é gerada, mas nada acontece
porque neste momento não há imediata fonte de ignição. Se o bombeiro entra no
compartimento, suas atividades podem gerar uma fonte de ignição, iniciando um Backdraft
retardado, porém, nesta situação, os bombeiros estão dentro do compartimento e cercados pelas
chamas.
Isto pode acontecer quando o fogo é praticamente inexistente e o compartimento está
resfriado. Espuma de borracha, por exemplo, pode queimar em fogo lento e sem chama por
longo tempo, produzindo gases inflamáveis. A qualquer momento, havendo gases inflamáveis
no compartimento, pode ocorrer a ignição.

A situação pode ficar mais complicada se uma significante quantidade de gases


inflamáveis no compartimento tenha encontrado caminho para percorrer áreas ao seu redor.

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Outras áreas fora do compartimento incendiado podem conter atmosfera com mistura
explosiva, aguardando-se apenas uma fonte de ignição. A área de maior risco é a área fora do
compartimento, exatamente onde os bombeiros estão esperando para poder abrir a porta ou
janela. Quando a porta ou janela é aberta, os gases inflamáveis fora do compartimento podem
entrar em ignição pelo fenômeno Backdraft no compartimento, por brasas ou fuligens, que são
levadas pela abertura da porta, ou pelos gases quentes, se estes estiverem na temperatura de
autoignição. Os gases inflamáveis fora do compartimento podem entrar em ignição pelas brasas
e fuligens que são levadas pelo ar através da abertura da porta ou janela, ou se os gases quentes,
junto à abertura da porta ou janela, tiverem uma autoignição.

7.3 Outros Fenômenos

Durante o combate a incêndio em líquidos nos tanques abertos, existe a possibilidade


da ocorrência de dois fenômenos importantes: o boil over, slop over, roll over e o bleve.
a) Boil Over é uma ejeção violenta de combustível que pode ocorrer após um
prolongado período de queima de produtos viscosos, tais como asfalto, óleo cru,
petróleo, etc.

Esse fenômeno ocorre devido ao armazenamento de água no fundo de um recipiente,


sob combustíveis inflamáveis, sendo que a água empurra o combustível quente para cima,
durante um incêndio, espalhando-o e arremessando-o a grandes distâncias. Considerando que a
espuma é formada em grande parte por água, durante o combate ao incêndio, a água tende a
depositar-se no fundo do tanque. Se a água no fundo do tanque for submetida a altas
temperaturas, pode vaporizar-se bruscamente. Na vaporização da água há grande aumento de
volume (1 litro de água transforma-se em 1.700 litros de vapor).
b) Slop Over é o extravasamento do combustível do tanque caracterizado por uma
ebulição e espumação ao nível da superfície do líquido inflamável. Pode ocorrer
após um período de queima relativamente curto de produtos como petróleo, óleo
cru, asfalto, e outros líquidos que tenham ponto de ebulição acima do da água. A
espuma pode contribuir para o resfriamento de tais inflamáveis, mas também pode
causar a efervescência violenta dos mesmos, com grande espumação do líquido que
poderá causar seu derramamento para fora dos tanques que os contém.

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c) Roll Over (gases quentes) é o fogo que movimenta entre a fumaça negra da área de
fogo. Pode-se também ver como “dança de fogo” que se precipita fora da fumaça.

O rollover é um sinal adiantado que as condições do flashover estão desenvolvendo-se.


Se a água não for aplicada logo, a tendência é que o rollover evolua para um flashover, que é a
ignição repentina de todas as fontes combustíveis no ambiente: móveis, eletrodomésticos, tinta
das paredes, carpetes, etc.

d) Bleve: sigla de “Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion”, acerca de um


fenômeno que ocorre em recipientes com líquidos inflamáveis sob pressão,
explodindo devido à queda de resistência das paredes do cilindro.

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8 FORMAS DE DETECÇÃO DOS FENÔMENOS ASSOCIADOS AOS
INCÊNDIOS

8.1 Sinais de um Backdraft

As principais condições que indicam uma situação de backdraft são:


a) Fumaça sob pressão, num ambiente fechado;
b) Fumaça escura, tornando-se densa, mudando de cor (cinza e amarelada) e saindo
do ambiente em forma de lufadas;
c) Calor excessivo do ambiente (pode ser percebida pela temperatura da porta ou
janela);
d) Pequenas chamas ou inexistência destas;
e) Vidros das janelas impregnados pelos resíduos da fumaça; e
f) Pouco ruído e movimento de ar para o interior do ambiente, a partir de qualquer
abertura existente (em alguns casos pode-se ouvir o ar assoviando ao passar pelas
frestas).

O primeiro sinal que indica a possibilidade de um backdraft é o histórico do fogo.

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Se o fogo está queimando por algum tempo, se há muita fumaça saindo da edificação
e, se o fogo, aparentemente, está extinto, sem grandes áreas com chamas visíveis pelo lado de
fora, a principal hipótese é que o ambiente incendiado esteja sem oxigênio.
Quando a edificação é vista pelo lado de fora, as janelas do compartimento aparentam
escurecidas, sem as supostas chamas que se espera visualizar. Se apenas parte da janela está
quebrada, isto pode não suprir o oxigênio suficientemente para alimentar o fogo. Neste caso, a
fumaça aparente sai da edificação em forma de lufadas, através de aberturas (frestas de janelas
e portas) e o ar fresco ingressa de acordo com a diminuição do fogo e a contração da fumaça.
Isto produz a mistura explosiva de queima, resultando em um backdraft de proporções menores
que se pode chamar de mini backdraft. A expansão desses gases quentes em ciclos produz
fumaça para fora do compartimento.
O backdraft é assim explicado:
À medida que cresce o incêndio grandes volumes de calor e gases do fogo se não
queimados podem se acumular em espaços não ventilados. Estes gases podem alcançar a
temperatura de ignição, mas carecem de suficiente oxigênio para acender. Qualquer condição
que permita que o ar entre e se misture com esses gases quentes pode provocar uma ignição
explosiva ou explosão de fumaça.
De forma bem simplificada podemos dizer que a ignição explosiva é uma ignição
induzida pela oxigenação dos gases inflamáveis provenientes da combustão.

8.2 Sinais de um Flashover

No princípio de um incêndio se forma uma camada de fumaça logo abaixo do teto,


quando o incêndio se dá em um local confinado, na mesma velocidade com que ela é gerada.
Contudo, se há no ambiente algum combustível que ainda não está queimando, o local se
mantém estável. As chamas não alcançam o teto e a propagação do fogo fica limitada a materiais
inflamáveis próximos a sua base que está em ignição pelo calor conduzido e irradiado.

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Nota: O flashover tem lugar quando a radiação térmica, proveniente da parte superior do
recinto, esquenta todos os materiais combustíveis do local até o ponto em que se produz uma
ignição simultânea de todos estes. Em segundos, a temperatura alcança valores cinco vezes
maiores, o oxigênio se reduz consideravelmente, o monóxido de carbono é produzido em níveis
letais e aumentam igualmente as concentrações de dióxido de carbono. Este fenômeno foi
demonstrado em numerosos experimentos realizados a partir de incêndios em interiores. Dessa
forma, os bombeiros devem estar permanentemente informados sobre os perigos do flashover”.

8.3 Sinais de um Boil over

O boil over pode ser previsto:

• Por meio da constatação da onda de calor: dirigindo um jato d’água na lateral do


tanque incendiado, abaixo do nível do líquido, pode-se localizar a extensão da onda
de calor, observando-se onde a água vaporiza-se imediatamente e;
• Por meio do som (chiado) peculiar: pouco antes de ocorrer a explosão, pode-se
ouvir um chiado semelhante ao de um vazamento de vapor de uma chaleira
fervendo.

Ao identificar esses sinais, o bombeiro deve se comunicar imediatamente com o


comandante. Recebendo ordem de abandonar o local, todos devem se afastar rapidamente.
Para prevenir tal incidente, deve-se abrir o registro do dreno do tanque durante o
incêndio e acompanhar a descida da onda térmica.

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8.4 Sinais de um Slop over

Para evitar o extravasamento, recomenda-se manter o nível do líquido em chamas


abaixo do topo do tanque.

8.5 Sinais de um Rollover

O bombeiro deve ficar atento quando os gases quentes sobem e a temperatura destes
gases próximo ao teto chega a um ponto em que os próprios gases entram em combustão.

8.6 Sinais de um Bleve

Para que ocorra o fenômeno Bleve é necessário que alguns fatores se alinhem, tais como:

• O material combustível é um líquido ou gás liquefeito, pode ser inflamável ou não.


• O local de armazenamento desse material é confinado, como tanques, tambor,
cilindro, etc.
• A temperatura do material combustível é maior do que sua temperatura de ebulição,
considerando a pressão atmosférica.
• Há possibilidade de falha estrutural do recipiente por fogo nas imediações, fissura
ou falha na válvula de segurança, impacto, entre outros.

Os incêndios e explosões podem ferir ou matar bombeiros de diversas maneiras. Uma


explosão do tipo backdraft pode atingir um bombeiro e lançá-lo para longe, pedaços de metal
e vidro projetados pela mesma explosão podem ferir gravemente até bombeiros que estejam
longe da área sinistrada, o calor desprendido de um incêndio de progresso rápido (flashover,
backdraft ou similar) pode causar sérias queimaduras e as ondas de choque da explosão podem
destruir portas, janelas, divisórias e até colapsar paredes e tetos esmagando bombeiros
posicionados próximos.

Alguns dos principais efeitos destrutivos causados pelas ondas de pressão são:
PRESSÃO DESTRUTIVA EFEITO DA EXPLOSÃO

0,5 psi ou 0,03 kg/cm² Quebra de vidros

1 psi ou 0,06 kg/cm² Bombeiro é jogado no chão

3 psi ou 0,20 kg/cm² Destruição parcial de paredes e blocos

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15 psi ou 1,03 kg/cm² Danos nos pulmões dos bombeiros

35 psi ou 2,41 kg/cm² Ponto inicial para fatalidades

50 psi ou 3,45 kg/cm² 50% de lesões mortais

65 psi ou 4,47 kg/cm² 99% de óbitos


Fonte: Dunn, 2000.

O bombeiro do século XXI precisa agora focar sua atenção na avaliação de riscos e na
identificação das melhores opções táticas para assegurar-se de que toda a aproximação e
combate sejam realizados corretamente pela combinação segura de técnicas de acesso e
supressão do fogo. Entretanto, antes de avaliar o risco e de selecionar a melhor opção tática a
seguir é essencial que o bombeiro aprenda sobre o comportamento do fogo, de modo que as
implicações operacionais das várias táticas e técnicas utilizadas sejam compreendidas
inteiramente.

9 EFEITOS FISIOLÓGICOS RELACIONADOS À EXPOSIÇÃO AO


CALOR ASSOCIADO AOS INCÊNDIOS

Em relação aos efeitos fisiológicos do calor, sabe-se que ele desempenha importante
papel tanto na vida animal como no vegetal, pois é absolutamente necessário permanecer dentro
de um limite de temperatura. O calor em nível muito elevados ou muito baixo ocasiona
distúrbios em vários níveis a saber.
Quando a pele é aquecida, a sua superfície torna-se avermelhada caracterizando o
eritema e os vasos sanguíneos sofrem uma dilatação o que leva a um aumento do fluxo
sanguíneo.
Inicialmente, a elevação da temperatura exerce um efeito direto no estado de dilatação
das arteríolas e vênulas, mediante a atuação na musculatura lisa dos vasos. A vasodilatação
também pode ser produzida na pele por um reflexo axonal local em que estimulações nervosas
cutâneas sensitivas produzem impulsos nervosos nos ramos dos nervos sensitivos que se
arborizam em torno dos vasos sanguíneos cutâneos. Ocorre um aumento do fluxo sanguíneo na
pele em áreas distantes do tecido aquecido, em decorrência dos reflexos nervosos espinhais
longos. As veias comumente avançam próximas as artérias, o que permite uma rápida troca de
calor entre os vasos. Por meio de uma troca de contracorrente, o calor flui do sangue arterial
para o sangue venoso, mais frio. Isto faz com que algum calor retorne ao centro anatômico.
Parte da resposta circulatória global na termorregulação envolve uma redistribuição do sangue
circulante em favor dos vasos sanguíneos cutâneos com a finalidade das trocas térmicas e às
custas da irrigação sanguínea ao centro anatômico.

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9.1 Calor

O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos e
efeitos fisiológicos nos seres vivos. Em consequência do aumento de intensidade do calor, os
corpos apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois químicas. Causa
direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos estes causados pelo calor incluem
exaustão, danos ao sistema respiratório, vaso dilatação periférica, desidratação, além de
queimaduras, que nos casos mais graves (1º, 2º e 3º graus) podem levar até a morte.

9.2 Exaustão

A elevação da temperatura aumenta o metabolismo celular e o movimento circulatório


com objetivo de eliminar o calor adquirido e manter a temperatura central, o que é chamado de
termorregulação.
Em condições de temperatura alta, como o caso de incêndios, o bombeiro tende a diminuir os
seus movimentos, mesmo que inconscientemente. A capacidade muscular se reduz, o
rendimento diminui e a atividade mental se altera, podendo haver perturbação da sua
coordenação sensório-motora.
A freqüência de erros e acidentes tende a aumentar, pois o nível de vigilância diminui,
principalmente, a partir de uma temperatura muito elevada.
Bombeiros podem ficar expostos a incêndios com temperatura que podem atingir até 1000 °C.

9.3 Danos ao sistema respiratório

São queimaduras internas, assemenhando-se a queimaduras químicas, pela inspiração


do ar aquecido e/ou vapores aquecidos.
Devido aos danos ocorridos ao sistema repiratório ocorre portanto aumento da
freqüência dos batimentos cardíacos para suprir necessidade ocasionada pela defeciência
respiratória. Essa reação é para manter o fluxo sangüíneo para o cérebro, coração e pulmão que
são extremamente sensíveis à falta de oxigênio.
A lesão inalatória resulta do processo inflamatório das vias aéreas após a inalação de
gases tóxicos e produtos incompletos da combustão, sendo responsável pela mortalidade de até
77% dos profissionais queimados. Cerca de 33% dos pacientes com queimaduras extensas
apresentam lesão inalatória e o risco cresce com o aumento da superfície corpórea queimada
(SCQ). A presença de lesão inalatória aumenta em 20% a mortalidade associada à extensão da
queimadura. Queimaduras com a chama direta acontecem principalmente no ambiente
profissional. Nestes casos, as queimaduras quase sempre atingem a face, são mais profundas e
causam danos pela inalação de fumaça.

9.4 Vasos dilatação periférica

Quando a quantidade de calor que o corpo perde por condução, convecção ou radiação
é menor que o calor ganho, a primeira ação corretiva que se procede no organismo é a vaso
dilatação periférica, que implica num maior fluxo de sangue na superfice do corpo e um

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aumento da temperatura da pele, estas alterações resultam em um aumento da quantidade do
calor perdido ou em uma redução do calor ganho.

Portanto com o calor, o organismo perde água pelo mecanismo da sudorese. Há a


dilatação dos vasos sanguíneos mais próximos da superfície da pele, para dissipar o calor
adicional.
A contração dos vasos sanguíneos da pele produz palidez, por falta da compensação
de fluxo sanguíneo para os órgãos vitais e para dissipar o calor, diminuindo a temperatura e o
enchimento capilar.
Quando esses mecanismos começam a falhar, a vítima desenvolve queda na pressão
arterial e começa a apresentar alterações da função do cérebro e de outros órgãos por falta de
oxigênio. Se o estado de choque não for tratado, será fatal.

9.5 Desidratação

Calor também pode propiciar a prostração ou colapso do sistema circulatório


ocorrendo perda de muita água e eletrólitos pela transpiração, podendo evoluir para um quadro
de choque hipovolêmico.
No estágio incial reduz o volume de sangue e promove a exaustão. Em caso extremos
produz distúrbios na função celular, provocando até a deterioração do organismo, uremia
temporária, febre que pode levar ao óbito.

9.6 Queimadura

Afecções resultantes da atuação do calor sobre o revestimento cutâneo, podendo ser


térmicas, químicas, elétricas e resultantes de radiação.

EFEITOS FISIOLÓGICOS TEMPERATURA


Possível parada cardíaca 60°C
Tolerância da temperatura por 49 minutos 80°C
Queimadura rápida na pele no ar úmido 100ºC

Tolerância da temperatura por 20 minutos 115°C


Dificuldade de respirar pelo nariz 120°C
Dificuldade de respirar pela boca 148°C
Temperatura limite para escape 148°C
Dor acentuada na pele seca 160°C
Tolerância da temperatura em menos de 4 minutos 198°C
Limite do sistema respiratório 198°C

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10 GASES TÓXICOS MAIS COMUNS NOS INCÊNDIOS E SEUS
EFEITOS

a) Fumaça
É uma mistura de gases, vapores e partículas sólidas finamente divididas. Sua
composição química é altamente complexa, assim como o mecanismo de sua formação. É o
produto da combustão que mais afeta as pessoas por ocasião do abandono da edificação ou de
uma aeronave. Sua presença pode ser percebida visualmente ou pelo odor. A fumaça
desenvolvida no incêndio afeta a segurança das pessoas das seguintes maneiras:
• Tira a visibilidade das rotas de fuga.
• Tira a visibilidade por provocar lacrimejamento, tosses e sufocação.
• Aumenta a palpitação devido à presença de gás carbônico.
• Provoca o pânico por ocupar grande volume do ambiente.
• Provoca o pânico devido ao lacrimejamento, tosses e sufocação.
• Debilita a movimentação das pessoas pelo efeito tóxico de seus componentes.
• Tem grande mobilidade podendo atingir ambientes distantes em poucos minutos.

A toxicidade da fumaça depende das substâncias gasosas que a compõe. As mais


comuns são:
b) Monóxido de carbono – CO

É encontrado em todos os incêndios e é resultado da combustão incompleta dos


materiais combustíveis a base de carbono, como a madeira, tecidos, plásticos, líquidos
inflamáveis, gases combustíveis, etc.

O efeito tóxico deste gás é a asfixia, pois ele substitui o oxigênio no processo de
oxigenação do cérebro efetuado pela hemoglobina. A hemoglobina é o componente do sangue
responsável pela oxigenação das células do corpo humano. Ela fixa o oxigênio no pulmão
formando o composto denominado oxihemoglobina. Quando o oxigênio é substituído pelo
monóxido de carbono, o composto formado é o carboxihemoglobina que provoca a asfixia do
cérebro pela falta de oxigênio. Esse é um processo reversível, porém lento, portanto, quando as
pessoas forem afetadas por este gás é fundamental que elas recebam muito oxigênio e fiquem
em repouso.
A anóxia produzida pelo monóxido de carbono não cessa pela respiração do ar fresco,
como no caso dos asfixiantes simples.
Após moderado grau de exposição, somente em torno de 50% do monóxido de carbono
inalado é eliminado na primeira hora em circunstâncias ordinárias e sua eliminação completa
leva algumas horas quando se respira ar fresco.
A concentração máxima de monóxido de carbono que uma pessoa pode se expor sem
sentir seu efeito é de 50 ppm (parte por milhão) ou 0,10%, em volume no ar. Acima deste nível

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aparecem sintomas como dor de cabeça, fadiga e tonturas, como podemos observar na tabela
abaixo;

c) Gás carbônico - CO2

É encontrado também em todos os incêndios e é resultado da combustão completa dos


materiais orgânicos. A toxicidade do gás carbônico é discutível. Algumas publicações não o
citam como gás tóxico dizem que o mal-estar é devido à diminuição da concentração de
oxigênio pela presença dele no ambiente, enquanto outras dizem ser tóxico. Entretanto, como
efeito nas pessoas que inalam o gás carbônico foi verificado que a respiração é estimulada, os
pulmões dilatam-se e aumenta a aceleração cardíaca. O estimulo é pronunciado na concentração
de 5% e após a exposição de 30 min produzem sinais de intoxicação; acima de 7% ocorre a
inconsciência pela exposição de alguns minutos. O limite tolerável pelas pessoas é em torno de
5.000 ppm ou 0,5% em volume no ar.

d) Gás cianídrico, cianeto ou cianureto de hidrogênio – HCN

É um gás produzido quando materiais que contém nitrogênio em sua estrutura


molecular sofrem a decomposição térmica. Materiais mais comuns que produzem o gás
cianídrico na sua queima são: seda, náilon, orlon, poliuretano, uréia-formoldeido, acrilonitrila,
butadieno e estireno. O gás cianídrico e outros compostos cianógenos bloqueiam a atividade de
todas as formas de seres vivos. Eles exercem uma ação inibidora de oxigenação nas células
vivas do corpo.

e) Gás clorídrico - HCl

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É um gás da família dos halogenados; os outros são HBr (gás bromídrico), HF (gás
fluorídrico) e HI (gás iodídrico). O cloro é o halogênio utilizado para inibir o fogo nos materiais
sintéticos, sendo comum encontrá-lo nas estruturas dos diversos materiais de construção que
sejam feitos de PVC - cloreto de polivinil. Seu efeito é lesar a mucosa do aparelho respiratório,
em forma de ácido clorídrico (gás clorídrico + umidade da mucosa), provocando irritação
quando a concentração é pequena, tosse e ânsia de vômito em concentrações maiores e
finalmente lesão seguida de infecção.

f) Óxidos de nitrogênio - NOx

Existe uma grande variedade de óxidos, óxi-ácidos e óxi-anions, correspondentes aos


estados de oxidação do nitrogênio de +1 a +5, que podem ser formadas num incêndio. As suas
formas mais comuns são: monóxido de dinitrogênio (N2O); óxido de nitrogênio (NO); dióxido
de nitrogênio (NO2) e tetróxido de dinitrogênio (N2O4). O óxido de nitrogênio não é encontrado
livre na atmosfera porque é muito reativo com o oxigênio formando o dióxido de nitrogênio.
Esses componentes são bastante irritantes inicialmente; em seguida, tornam-se anestésicos e
atacam particularmente o aparelho respiratório, onde forma os ácidos nitroso e nítrico, em
contato com a umidade da mucosa. Esses óxidos são produzidos, principalmente, pela queima
de nitrato de celulose e decomposição dos nitratos inorgânicos.

g) Gás sulfídrico - H2S


É um gás muito comum no incêndio e é produzido na queima de madeira, alimentos,
gorduras e produtos que contenham enxofre. Seu efeito tóxico sobre o homem é a paralisação
do sistema respiratório e dano ao sistema nervoso.

h) Gás oxigênio - O2
O consumo do oxigênio na combustão dos materiais diminui a concentração desse gás
no ambiente e é um dos fatores de risco à vida das pessoas.

i) Outros gases que são encontrados na fumaça: dióxido de enxofre - SO2,


acrilonitrila - CH2CHCN, formaldeído – HCHO, fosgene – COCl, etc.

Importante:
O Bombeiro não pode assumir o risco de colocar sua vida em perigo, em detrimento
do patrimônio, devendo adotar procedimentos seguros e eficientes.
A verificação do EPR/TP (Equipamento de Proteção Respiratório e Traje de Proteção)
e materiais deverão ser diárias, buscando uma sintonia entre o bombeiro e a atividade
desenvolvida na emergência. O incêndio em local confinado exige atendimento operacional
específico e tem como um dos fatores determinantes o tempo-resposta. Para o sucesso da
ocorrência, o tempo-resposta é fundamental para retirada de vítimas e combate ao incêndio,
sendo que o emprego adequado de técnicas e procedimentos operacionais proporciona
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economia de tempo, melhor utilização dos meios e um atendimento com excelência da
qualidade operacional.

11 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS

Atualmente várias técnicas podem ser empregadas na prevenção de incêndio, sendo as


mais comuns:
• Mecanismos de detecção e acionamento de alarmes de incêndio para prontas respostas.
• Prevenir o surgimento de princípios de incêndio.
• Dificultar a propagação de incêndio.
• Combater o incêndio ainda na fase inicial.
• Proteção contraincêndio em instalação do PAA.
• Observar os requisitos normativos na instalação de sistema de gás.
• Proteção contra descargas elétricas atmosféricas.
• Instalação de mecanismos de detecção e acionamento de alarmes de incêndio.
• Supressão de vapores inflamáveis com agente extintor adequado (espuma com filme
aquoso).
• Dificultar propagação de incêndio.

O fogo, quando utilizado de forma controlada, facilita muito a nossa vida, pois sem ele
e sem a inteligência do homem, provavelmente, não teríamos chegado ao nível de
desenvolvimento tecnológico dos dias atuais. Mas, esse mesmo fogo, que ajuda a construir,
pode, também, ser um elemento causador de destruição, extinguindo tudo por onde passa.
Para evitarmos a destruição causada pelo fogo descontrolado, devemos conhecer as
técnicas de prevenção, ou seja, as maneiras ou formas que temos para evitar que o fogo
aconteça. Como passo primordial para a prevenção do princípio de incêndio (foco deste estudo),
é importante que apreendamos alguns conhecimentos básicos para evitar o fogo, são eles:
• Conhecer as características do fogo.
• Conhecer as propriedades de risco dos materiais que temos na empresa.
• Conhecer as principais fontes causadoras de incêndio.

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Contudo, mesmo tomando todas as medidas necessárias para prevenirmos o fogo,
ainda assim corre-se o risco de que algum imprevisto dê início a um incêndio. Nessa hora,
devemos estar preparados para realizar o combate ao fogo.
Para que se possa realizar um combate eficiente ao princípio de incêndio e evitar que
o fogo tome proporções catastróficas, faz-se necessário:

• Saber determinar com rapidez e eficiência as características do incêndio em


questão, ou seja, a sua classe.
• Conhecer os tipos de agentes extintores mais eficientes no combate para a classe de
fogo em questão.
• Saber manusear os equipamentos portáteis de combate a incêndio.

Necessitamos conhecer tudo sobre as técnicas de prevenção e de combate ao fogo para


que ele seja utilizado de forma segura, como um elemento que auxilie no desenvolvimento de
novas tecnologias, contribuindo para melhorar a vida de todos nós, e não como um causador de
destruição.

Importante

✓ Os primeiros instantes de um incêndio são os mais possíveis de obter-se sucesso


na extinção;
✓ O extintor de incêndio portátil é eficaz apenas para eliminação de princípios de
incêndio;
✓ O foco de incêndio, uma vez extinto, deve ser monitorado, pois existe o perigo
de reignição do fogo;
✓ A retirada das pessoas (evacuação do prédio) deve ser feita em ordem, por rotas
de fuga pré-determinadas.

Tente responder as seguintes questões?

➢ Quais fatores desencadearam a preocupação com a prevenção contra incêndio?


➢ Qual a definição de prevenção?
➢ Quais as formas de se realizar prevenção?

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12 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

BRASI, ANAC. Resolução nº 279, de 31/07/2013, estabelece critérios regulatórios quanto à


implantação, operação e manutenção do Serviço, Salvamento e Combate a Incêndio em
Aeródromos Civis (SESCINC), alterada pelas Resolução ANAC nº 517 de 14/05/2019.

CPNSP. Proteção e combate a incêndios. Ed. Fundação COGE. Rio de Janeiro, 2005.

SEITO, Alexandre Itiu, et. Al (Coord.). A Segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo:
Projeto Editora, 2008.

PEMESP. Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros. São Paulo, 2006.

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DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 1 – BÁSICO

Disciplina 1.03: Legislação aplicada ao


Sistema de Resposta à Emergência
Aeroportuária - SREA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES APLICADOS AO SREA........................................................ 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 6
4 LEGISLAÇÃO QUE ESTABELECE OS CRITÉRIOS REGULATÓRIOS QUANTO AO
SREA .......................................................................................................................................... 7
5 CLASSIFICAÇÃO DE AERÓDROMO............................................................................. 7
6 SISTEMA DE RESPOSTA A EMERGÊNCIAS - SREA .................................................. 8
6.1 Escopo do SREA ............................................................................................................ 9
6.2 Recursos do SREA ......................................................................................................... 9
6.3 Exercícios Simulados de Emergência em Aeródromo - ESEA .................................... 14
7 CONCLUSÃO................................................................................................................... 15
8 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 15
INTRODUÇÃO

A missão precípua do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio é a preservação


da vida humana. Isso exige dos integrantes desse serviço, os Bombeiros de Aeródromo,
capacitação periódica para manterem-se atualizados sobre os procedimentos relativos a atuação
do SESCINC.

Essa atuação, como todas as atividades afetas à aviação, deve estar fundamentada em
manuais procedimentais e, evidentemente, na legislação que estabelece os requisitos a serem
observados para condução das ações operacionais do SESCINC como recurso essencial do
Sistema de Resposta à Emergência Aeroportuária (SREA).

Nesta apostila, o aluno estudará sobre revisão da legislação vigente que estabelece
critérios regulatórios quanto ao SREA, bem como sobre os principais recursos que compõe esse
importante sistema.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES APLICADOS AO SREA

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Área operacional - também denominada “lado ar”, significa o conjunto formado pela área de
movimento de um aeródromo e terrenos e edificações adjacentes, ou parte delas, cujo acesso é
controlado.
Corpo de Voluntários de Emergência (CVE) - grupo de voluntários com a função de auxiliar
nas atividades de resposta à emergência aeroportuária.
Bombeiro Civil - é aquele que, habilitado nos termos lei 11.901, de 12.01.2009, exerça, em
caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como
empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia
mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Plano de Assistência às Vítimas de Acidente Aeronáutico e Apoio a Seus Familiares
(PAFAVIDA) - plano regulamentado pela IAC 200 – 1001 ou instrumento normativo que a
substitua.
Plano contraincêndio de aeródromo (PCINC) - documento que estabelece os procedimentos
operacionais a serem adotados pelo SESCINC para os atendimentos às emergências ocorridas
na sua área de atuação.

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Plano de emergência em aeródromo (PLEM) - documento que estabelece as
responsabilidades dos órgãos, entidades ou profissionais que possam ser acionados para o
atendimento às emergências ocorridas no aeródromo ou em seu entorno.
Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio (SESCINC) - serviço composto pelo conjunto
de atividades administrativas e operacionais desenvolvidas em proveito da segurança
contraincêndio do aeródromo, cuja principal finalidade é o salvamento de vidas por meio da
utilização dos recursos humanos e materiais disponibilizados.
Sistema de Resposta à Emergência Aeroportuária (SREA) - conjunto de recursos internos
e externos ao aeródromo, com responsabilidades e procedimentos próprios, que em
coordenação deve responder eficientemente a emergências aeroportuárias, visando o
salvamento de vidas, bem como à mitigação de danos matérias, e garantindo ao aeródromo
retorno eficaz às suas operações.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil
ARP (Aerodrome Reference Point) - Ponto de Referência do Aeródromo
CCI - Carro Contraincêndio de Aeródromo
COE - Centro de Operações de Emergência
ESEA - Exercício Simulado de Emergência em Aeródromo
IML - Instituto Médico Legal
OACI – Organização de Aviação Civil Internacional
OSP - Órgão de Segurança Pública
PAFAVIDA - Plano de Assistência às Vítimas de Acidente Aeronáutico e Apoio a Seus
Familiares
PCINC - Plano Contraincêndio de Aeródromo
PCM - Posto de Coordenação Móvel
PLEM - Plano de Emergência em Aeródromo
PRAI - Plano de Remoção de Aeronave Inoperante e Desinterdição de Pista
PSA - Programa de Segurança Aeroportuária
RBAC - Regulamento Brasileiro da Aviação Civil
SCI - Seção Contraincêndio de Aeródromo.
SESCINC - Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis.

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4 LEGISLAÇÃO QUE ESTABELECE OS CRITÉRIOS
REGULATÓRIOS QUANTO AO SREA

A operacionalização das atividades aeroportuárias exige a planificação dos


procedimentos a serem implementados nas situações em que a vida ou a integridade física,
sobretudo, esteja em risco decorrente dessa operação ou da própria aeronave.

Por isso, a OACI estabeleceu no Anexo 14 à Convenção de Aviação Civil


Internacional, Capítulo 9, o seguinte em tradução livre:

“ Um plano de emergência deve ser estabelecido em um aeródromo, compatível com


as operações da aeronave e outras atividades realizadas no aeródromo”.

“O plano de emergência do aeródromo deve prever a coordenação das ações a serem


implementadas em caso de emergência, ocorrendo em um aeródromo ou em sua
vizinhança”.

“O plano deve prevê a coordenação das organizações que poderia ser útil para
responder a uma emergência, de acordo com avaliação da autoridade competente”.

O planeamento de emergência do aeródromo, segundo o Anexo 14, é o processo de


preparação de um aeródromo para lidar com emergência que ocorra no aeródromo ou nas
proximidades e que o objetivo desse planejamento é minimizar os efeitos de uma emergência,
particularmente no que diz respeito a salvar vidas e manter operações de aeronaves.

O Manual de Serviços Aeroportuários (DOC 9137), Parte 7, é documento da OACI


que auxilia a autoridade competente na definição dos requisitos a serem observados na
elaboração desse planejamento, incluindo, evidentemente, o SESCINC cujo material
orientativo da mencionada organização é Parte 1 do DOC 9137.

No Brasil, os critérios regulatórios quanto ao Sistema de Resposta à Emergência


Aeroportuária (SREA) em aeródromos civis foram estabelecidos pela Agencia Nacional de
Aviação Civil (ANAC), por meio do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil - RBAC nº 153,
em observância aos documentos da OACI.

5 CLASSIFICAÇÃO DE AERÓDROMO

Essa classificação é realizada com base em dois parâmetros, quais sejam: número de
passageiros processados (embarcados + desembarcados), considerando a média aritmética no
período de referência 1 e tipo de voo que o aeródromo processa.

7
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Quanto ao número de passageiros processados, temos:
• Classe I: aeródromo em que o número de passageiros processados seja inferior a
200.000 (duzentos mil);
• Classe II: aeródromo em que o número de passageiros processados seja igual ou
superior a 200.000 (duzentos mil) e inferior a 1.000.000 (um milhão);
• Classe III: aeródromo em que o número de passageiros processados seja igual ou
superior a 1.000.000 (um milhão) e inferior a 5.000.000 (cinco milhões); e
• Classe IV: aeródromo em que o número de passageiros processados seja igual ou
superior a 5.000.000 (cinco milhões).

Quanto ao tipo de voo que o aeródromo processa no ano corrente:


• Classe I-A: aeródromo que não processa voo regular;
• Classe I-B: aeródromo que processa voo regular.

Assim, podemos resumir a classificação dos aeródromos para fins de cumprimento dos
requisitos de segurança operacional:

Classe I
Classe II Classe III Classe IV
IA IB
Inferior a 200.000 até 1.000.000 até A partir de
200.000 999.999 4.999.999 5.000.000 de
passageiros passageiros passageiros passageiros
processados processados processados processados

6 SISTEMA DE RESPOSTA A EMERGÊNCIAS - SREA

Os operadores de aeródromos possuem a incumbência de estabelecer, implantar e


manter operacional um Sistema de Resposta à Emergência Aeroportuária (SREA), observando
dos aspectos fundamentais: a regulamentação específica vigente e adequação ao tipo e ao porte
das operações aéreas do aeródromo. Além disso, o SREA implantado deve ser capaz de:

1. Responder, em tempo hábil, às emergências aeroportuárias que ocorram no


aeródromo e no seu entorno;

Período de referência - período de 3 (três) anos anteriores ao ano corrente dentro do qual é obtida a média aritmética do
movimento anual de passageiros processados para efeito do cálculo da classe do aeródromo

8
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2. Salvar vidas;
3. Mitigar os danos materiais e as consequências decorrentes de uma emergência
aeroportuária; e
4. Estabelecer ações contingenciais para restauração das operações normais do
aeródromo.

6.1 Escopo do SREA

As emergências aeroportuárias que integram o SREA são:


1. Ocorrências com aeronaves nas condições de urgência e socorro, dentro e fora da
área patrimonial do aeródromo;
2. Ocorrências com aeronaves em áreas aquáticas, pantanosas ou de difícil acesso que
se encontrem a até mil metros de qualquer cabeceira de pista de pouso e decolagem;
3. Emergências médicas em geral;
4. Ocorrências com artigos perigosos;
5. Incêndios florestais ou em áreas de cobertura vegetal próxima ao aeródromo que,
de alguma forma, interfiram na segurança das operações aéreas, onde aplicável;
6. Incêndios no terminal aeroportuário ou em outras instalações de infraestrutura
aeroportuária;
7. Desastres naturais passíveis de ocorrência na região onde o aeródromo está
localizado.

O aeródromo pode incluir outros tipos de


emergências!

6.2 Recursos do SREA

A operacionalização do Sistema de Resposta à Emergência Aeroportuária exige a


manutenção de recursos, cuja composição mínima a segui deve ser observada pelo operador do
aeródromo:

1. Serviços:
a) SESCINC:
Nível de proteção contraincêndio provido pelo SESCINC reflete na Categoria
Contraincêndio do Aeródromo – CAT, a qual é baseada na categoria da aeronave e
a movimentação do aeródromo em cada período de três meses, além da Classe do
aeródromo.

b) Ambulâncias:
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Devem, obviamente, ser conduzidas por pessoal habilitado e capacitado,
observando as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
para provimento da tripulação mínima.

2. Estruturas de coordenação:
a) Centro de Operações de Emergência (COE):
Local designado ou adaptado na estrutura do aeródromo de onde são realizadas
as atividades de acionamento e coordenação da resposta a uma emergência
aeroportuária, devendo ser provido de meios de comunicações e não pode ter sua
estrutura física compartilhada com outras áreas operacionais, quando ativado.

b) Posto de Coordenação Móvel (PCM).

Possui atribuição específica de estabelecer a coordenação local dos


órgãos/organizações e serviços do aeródromo e da comunidade do entorno
relacionados para auxiliar na resposta à emergência.
3. Recursos externos:
a) Quaisquer entidades externas ao aeródromo, previstas no planejamento de
resposta às emergências aeroportuárias.

Exemplo:

Tempo
Recurso Base/Local Contato Distância
Resposta2
Bombeiro Centro 193 8km 20min
IML Parque São José (48) 3331-4570 14km 32min

Marinha Estreito (48) 3281-4800 6km 26min


4. Ferramentas de suporte à localização de ocorrências, pontos de apoio e
principais acessos ao aeródromo:
a) Mapa de grade interno:
Deve conter, no mínimo:

• Sistema quadriculado de coordenadas alfanuméricas;

• Ponto de encontro dos órgãos envolvidos na resposta às emergências


aeroportuárias;

• Localização da SCI e do PACI, onde requerido;

• Portões e rotas para acesso dos recursos externos;

2
O tempo resposta deverá ser aferido por meio dos exercícios simulados.
10
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
• Posicionamento padrão dos CCI e veículos de apoio às operações do
SESCINC para cada uma das cabeceiras em acionamentos do SESCINC;

• Cabeçalho (título), data de revisão do mapa e legenda, além de tamanho


mínimo A3.
Exemplo:

b) Mapa de grade externo.

Deve abranger um raio de 8 km (oito quilômetros) em torno do ARP ou, quando


não designado, do centro geométrico da pista de pouso e decolagem e que
contenha as seguintes informações:
• Sistema quadriculado de coordenadas alfanuméricas;
• Área de atuação do SESCINC;
• Perímetro do sítio aeroportuário;
• Cursos d’água e áreas pantanosas;
• Fontes alternativas de água localizadas na área de abrangência;
• Vias de acesso ao aeródromo;
• Localização de recursos externos, em especial bombeiros urbanos, hospitais
e helipontos;
• Cabeçalho (título), data de revisão do mapa e legenda e também tamanho
mínimo A3.
Exemplo:

11
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
5. Planos resultantes do SREA:
a) Plano de Emergência em Aeródromo (PLEM):
Deve contemplar os tipos de emergências que integram o escopo do SREA, bem
como atender aos seguintes requisitos:
• Possuir lista dos elementos envolvidos no planejamento de emergência
aeroportuária, sejam tais elementos pertencentes ou não à estrutura
organizacional do operador de aeródromo;
• Dispor de relação de telefones dos elementos envolvidos, direta ou
indiretamente, no atendimento às emergências aeroportuárias;
• Estabelecer as responsabilidades e ações de cada elemento envolvido para
cada tipo de emergência aeroportuária prevista
• Mapas de grade interno e externo;
• Possuir fluxogramas de acionamento específicos para cada tipo de
emergência aeroportuária prevista no aeródromo e a forma de acionamento
de cada recurso a qualquer hora;
• Conter a identificação e contato do responsável designado pelo operador de
aeródromo para coordenação das ações descritas no PLEM;
• Dispor de um Procedimentos de Remoção de Aeronaves Inoperantes e
Desinterdição de Pista (PRAI), com o seguinte conteúdo mínimo:
✓ Procedimentos e prazos estimados para desinterdição de pista, quando
não envolvidas aeronaves;

12
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
✓ Procedimentos e prazos estimados para a remoção de aeronave
inoperante;
✓ Relação dos equipamentos disponíveis no aeródromo ou em suas
adjacências para remoção de aeronaves, sua localização, a empresa
detentora, a capacidade dos equipamentos e os contatos para
acionamento dos seus responsáveis a qualquer hora;
✓ Relação das empresas aéreas que operam no aeródromo e das demais
empresas que prestam serviços de rampa no aeródromo, com os contatos
para acionamento dos seus responsáveis a qualquer hora;
✓ A indicação da empresa detentora do conjunto de remoção para
aeronaves de grande porte, com os contatos para acionamento dos seus
responsáveis a qualquer hora.
a) O operador de aeródromo deve publicar no Serviço de
Informações Aeronáuticas, em conformidade com o
PRAI: a capacidade do aeródromo para remoção de
aeronaves inoperantes, expresso em termos do modelo e
peso da maior aeronave que o aeródromo está equipado
para remover e os contatos para acionamento do
responsável designado pelo operador de aeródromo para
coordenação das ações descritas no PRAI

b) Plano Contraincêndio de Aeródromo (PCINC):


Deve conter informações gerais da área de atuação do SESCINC, abrangendo,
no mínimo, a área operacional do aeródromo, bem como;
• Descrição das condições geográficas do sítio aeroportuário e de seu entorno,
dentro da área de atuação do SESCINC;
• Relação das principais aeronaves que operam no aeródromo;
• Procedimentos operacionais para a atuação da equipe de serviço do SESCINC
nas seguintes situações:
✓ Emergências com aeronaves, na condição de socorro e na condição de
urgência;
✓ Emergência com aeronaves fora da área de movimento do aeródromo, na
área de atuação do SESCINC;
✓ Incêndios em instalações aeroportuárias;
✓ Incêndios florestais ou em áreas de cobertura vegetal próximas ao
aeródromo (onde houver) que, de alguma forma, interfiram na segurança
das operações aéreas;
✓ Incêndios ou vazamentos de combustíveis no PAA (onde houver), em
operações de reabastecimento ou durante transporte no lado ar);
13
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
✓ Ocorrências com artigos perigosos;
✓ Remoção de animais e dispersão de avifauna (quando aplicável);
✓ Iluminação de emergência em pista de pouso e decolagem (quando este
procedimento for estabelecido pelo operador de aeródromo);
✓ Condições de baixa visibilidade (quando aplicável);
✓ Atendimento à aeronave presidencial (quando requerido); e
✓ Outras situações particulares do aeródromo que exijam a atuação do
SESCINC.

6.3 Exercícios Simulados de Emergência em Aeródromo - ESEA

Os exercícios são meios para que o operador de aeródromo possa aferir a efetividade
dos recursos que integram o SREA. O ESEA é composto por módulos, os quais devem ser
realizados num ciclo não superior a 3 (três) anos. Portanto, deve ser realizado ao menos 4
(quatro) módulos por ano, sendo 1 (um) por trimestre ou até 2 (dois) por semestre, em caso de
agrupamento de módulos.
O ESEA é dividido nos seguintes módulos:

MÓDULO OBJETIVO
Simular a formação do COE quando da ocorrência de uma
COE emergência e como o COE realiza os acionamentos previstos para o
tipo de emergência simulada.
Simular os acionamentos dos alarmes existentes no aeródromo e
Comunicação e Alarmes verificar a utilização dos meios de comunicação disponíveis para uso
em emergências, incluindo fraseologia.
Utilizar os mapas de grade interno e externo para verificar a
funcionalidade dos meios de localização de ocorrências, a
Ferramentas de Suporte proficiência dos envolvidos em utilizar as referências do sistema de
quadriculas alfanuméricas e os percursos realizados nos
deslocamentos das equipes.
Posto de Coordenação Simular, por parte do PCM, a capacidade de coordenação em campo
Móvel (PCM) dos envolvidos na resposta à emergência.
Simular as ações de atendimento à emergência de um ou mais
Recursos Externos e
recursos externos ou internos, podendo ser efetuada aferição em
Internos
grupo ou individual, a critério do operador de aeródromo.
Simular os procedimentos de triagem, atendimento e remoção de
Remoção de Vítimas vítimas, verificando o tempo de acionamento e disponibilização
destes recursos.
Corpo de Voluntários de Simular o acionamento, formação, encontro e organização do CVE
Emergência (CVE) e os procedimentos de atendimento às vítimas.
Plano Contraincêndio de Simular os procedimentos de atendimento a uma emergência por
Aeródromo (PCINC) parte do SESCINC, verificando tempos de acionamento e resposta.
Simular os procedimentos de resgate e salvamento aquático, para os
Salvamento Aquático aeródromos situados próximos a áreas pantanosas ou aquáticas,
verificando tempos de acionamento e resposta.

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Plano de Remoção de
Simular a remoção de aeronave inoperante, veículos ou destroços da
Aeronaves Inoperantes e
pista para retorno às operações do aeródromo, utilizando a sequência
Desinterdição de Pista
de acionamento e os procedimentos descritos no PRAI.
(PRAI)
Plano de Assistência às
Vítimas de Acidente Simular as ações de assistência às vítimas de acidente aeronáutico e
Aeronáutico e Apoio a seus apoio a seus familiares.
Familiares (PAFAVIDA)
Exercício Simulado de
Simular a totalidade das ações de resposta a uma emergência
Emergência Aeronáutica
aeroportuária.
Completo.

Ressalta-se que, nem todos os módulos necessitam ser simulados, a depender das
características físicas e operacionais do aeródromo. Por exemplo, para localidades onde não
existem áreas aquáticas/pantanosas próximas ao aeródromo, não há necessidade de executar o
módulo salvamento aquático; ou para aeródromos que não possuam SESCINC implantado, não
há necessidade de realizar o módulo PCINC. Tais justificativas devem compor o planejamento
dos exercícios, a ser enviado à ANAC para acompanhamento dos simulados propostos.

7 CONCLUSÃO

Como foi ressaltado, a manutenção do Bombeiro de Aeródromo atualizado com os


procedimentos inerentes à sua atividade é primordial para alcance dos objetivos do Serviço de
Salvamento e Combate a Incêndio.
Neste contexto, o aluno teve a oportunidade de revisar os conhecimentos sobre o
arcabouço normativo que fundamenta os requisitos atinentes ao Sistema de Resposta à
Emergência Aeroportuária – SREA, enfatizando-se os principais recursos que compõem esse
sistema.

8 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL. Regulamento Brasileiro da Aviação Civil –


RBAC nº 153, Emenda 04. Aeródromo – Operação, Manutenção e Resposta à Emergência,
2019.

ORGANIZAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL. Anexo 14, 8ª Edição. – Projeto


e Operação de Aeródromo, 2018.

____. Manual de Serviços Aeroportuários – DOC 9137, Parte 7, 2ª Edição, 1991.

____. Manual de Serviços Aeroportuários – DOC 9137, Parte 1, 4ª Edição, 2015.

15
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 1 - BÁSICO

Disciplina 4: Noções Básicas do Sistema de


Gerenciamento à Segurança Operacional -
SGSO
Sumário
MÓDULO 1 - BÁSICO ..................................................................................................... 1
Disciplina 4: Noções Básicas do Sistema de Gerenciamento à Segurança Operacional - SGSO
1
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 6
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 7
4 CONCEITOS BÁSICOS DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL
7
4.1 Conceito de segurança operacional............................................................................ 7
4.2 Erros e violações ........................................................................................................ 8
4.3 Cultura de Segurança ................................................................................................. 8
5 CONCEITOS E FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE RISCO À
SEGURANÇA OPERACIONAL .............................................................................................. 9
5.1 Definição de risco ...................................................................................................... 9
5.2 Gerenciamento do risco ............................................................................................. 9
5.3 Probabilidade de Risco ............................................................................................ 10
5.4 Severidade do risco .................................................................................................. 11
5.5 Tolerabilidade ao Risco ........................................................................................... 12
5.6 Controle e Mitigação do Risco ................................................................................ 12
6 RESPONSABILIDADES DO BOMBEIRO DE AERÓDROMO EM RELAÇÃO À
SEGURANÇA OPERACIONAL ............................................................................................ 13
7 PARTICIPAÇÃO DO BOMBEIRO DE AERÓDROMO NO PROCESSO DE
IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS........................................... 13
7.1 Conceitos importantes relacionados ao Perigo ........................................................ 14
7.2 Classificação básica dos perigos .............................................................................. 14
7.3 Identificação dos perigos ......................................................................................... 14
7.4 Análise dos perigos .................................................................................................. 15
8 Importância dos relatos de segurança operacional ............................................................ 16
9 CONCLUSÃO................................................................................................................... 16
10 REFERÊNCIAS NORMATIVAS .................................................................................... 16
INTRODUÇÃO

A crescente complexidade do sistema de transporte aéreo global e suas atividades que


são inter-relacionadas exigem a realização de diversas ações para a garantia de uma operação
aeroportuária e das aeronaves segura.

É importante que essas ações sejam pautadas em processo sistemático que promova
uma evolução contínua da estratégia de prevenção, visando elevar nível de desempenho de
segurança operacional.

A base dessa estratégia baseia-se na implementação de um Programa de Segurança


Operacional que aborde, sistematicamente, os riscos de segurança, de acordo com a
implementação dos sistemas de gerenciamento de segurança pelos provedores de serviços de
aviação civil e de navegação aérea.

Nesta apostila, o aluno estudará sobre esse sistema, os conceitos básicos e fundamentos
sobre o processo do gerenciamento de risco, enfatizando-se o entendimento sobre perigo,
responsabilidade e participação do Bombeiro de Aeródromo no processo de identificação de
perigo, assim como a importância dos relatos de segurança operacional.

Bons estudos!

5
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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Análise de Impacto sobre a Segurança Operacional (AISO) - documento elaborado pelo
operador de aeródromo com vistas à consolidação do processo de gerenciamento de risco da
segurança operacional.
Defesas - recursos utilizados para proteção contra os riscos gerados durante a realização de suas
atividades produtivas e que, portanto, devem ser controlados. As defesas se classificam em:
tecnologia, treinamento e regulamentos.
Gerenciamento de risco da segurança operacional - processo contínuo que inclui a
identificação de perigos, realização de análise das consequências dos perigos, avaliação dos
riscos decorrentes dos perigos identificados, proposição de ações de eliminação dos perigos
e/ou mitigação dos riscos e avaliação da eficácia das ações propostas. Consiste na identificação,
avaliação, eliminação do perigo e/ou mitigação dos riscos que ameaçam a segurança
operacional relacionada às operações.
Operador de aeródromo ou operador aeroportuário - pessoa jurídica que tenha recebido,
por órgão competente, a outorga de exploração da infraestrutura aeroportuária.
Passageiros processados - soma de passageiros embarcados e desembarcados no aeródromo.
Perigo - condição, objeto ou atividade que potencialmente possa causar lesões a pessoas, danos
a equipamentos ou a estruturas, perda de pessoal ou redução da habilidade para desempenhar
uma função determinada.
Procedimentos Específicos de Segurança Operacional (PESO) - denominação atribuída a
documento no qual se encontram detalhadas e documentadas as medidas para eliminação ou
mitigação dos riscos referentes a evento ou perigo identificado. O PESO tem como objetivo a
descrição da implantação e/ou da execução das medidas para eliminação e/ou mitigação dos
riscos decorrentes da AISO.
Risco - avaliação das consequências de um perigo, expresso em termos de probabilidade e
severidade, tomando como referência a pior condição possível.
Segurança operacional - estado no qual o risco de lesões a pessoas ou danos a bens se reduz
ou se mantém em um nível aceitável, ou abaixo deste, por meio de um processo contínuo de
identificação de perigos e gestão de riscos.
Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) – é o conjunto de
ferramentas gerenciais e métodos organizados de forma sistêmica para apoiar as decisões a
serem tomadas por um provedor de serviço da aviação civil em relação ao risco de suas
atividades diárias.

6
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3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas apresentadas


a seguir
AISO Análise de Impacto sobre a Segurança Operacional
ANAC Agência Nacional de Aviação Civil
COMAER Comando da Aeronáutica
EPTA Estação Prestadora de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego
Aéreo
OACI Organização de Aviação Civil Internacional
PESO Procedimentos Específicos de Segurança Operacional
PPD Pista de Pouso e Decolagem
PSO Programa de Segurança Operacional.
PSAC Provedor de Serviço de Aviação Civil
PSNA Provedor de Serviço de Navegação Aérea
RBAC Regulamento Brasileiro da Aviação Civil
SESCINC Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis
SGSO Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional
SO Segurança Operacional

4 CONCEITOS BÁSICOS DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA


OPERACIONAL

Os conceitos são elementos fundamentais para que se possa entender bem o sistema
em que o Bombeiro de Aeródromo atua. Neste sentido, a revisão dos conceitos aplicáveis ao
processo de gerenciamento de segurança operacional sempre é imprescindível para manutenção
da proficiência desse importante profissional para a segurança das operações aeroportuárias e
aéreas.

4.1 Conceito de segurança operacional

Considerando as fragilidades relacionadas com a noção de perfeição em que:


• A eliminação de todos os acidentes e incidentes é impossível;
• As falhas continuarão a ocorrer apesar de todos os esforços envidados em
prevenção;
• Não existe atividade ou sistema feito pelo homem que esteja totalmente livre de
riscos e erros;
Deve-se entender, portanto, que os riscos e erros existem em qualquer sistema e são
aceitáveis quando estão sob controle. Assim, define-se segurança operacional como:
7
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
O estado no qual o risco de lesões a pessoas ou danos a
bens se reduz ou se mantém em um nível aceitável, ou
abaixo deste, por meio de um processo contínuo de
identificação de perigos e gestão de riscos.

4.2 Erros e violações

O erro humano é fator contribuinte para a maioria dos eventos na aviação. Profissionais
mesmo competentes cometem erros, intencionais ou não. Desta forma, os erros devem ser
aceitos como um componente normal em qualquer sistema onde os seres humanos interagem
com a tecnologia.
O gerenciamento da segurança operacional visa o controle do erro humano
considerando que estatisticamente são cometidos milhões de erros operacionais antes que um
evento grave maior ocorra. Assim, será possível a adoção de ações que reduzirão a possibilidade
do erro humano gerar consequências mais graves.
As violações podem ser entendidas como erros intencionais, quando houve uma
motivação para proceder ao erro. Dentro do processo de produção de um sistema há um espaço
de segurança operacional limitado ao alcance do objetivo de produção. Uma vez atingido este
objetivo e considerando a tendência de superá-lo, surge o espaço para as violações de regras e
procedimentos, o que poderá gerar incidentes e acidentes. Os recursos disponíveis que servirão
como defesas serão: a tecnologia, os treinamentos e os regulamentos.

4.3 Cultura de Segurança

Uma cultura de segurança é a consequência natural da atuação de seres humanos no


sistema de aviação. Cultura de segurança descreve-se “como as pessoas se comportam em
relação à segurança e ao risco quando ninguém está observando”. É uma expressão de como
a segurança é percebida, valorizada e priorizada pela gestão e funcionários de uma organização,
e se reflete na medida em que os indivíduos e grupos são:
• Cientes dos riscos e perigos enfrentados pela organização e suas atividades;
• Continuamente se comportando para preservar e aumentar a segurança;
• Capazes de empregar os recursos necessários para operações seguras;
• Dispostos e capazes de se adaptarem diante de questões de segurança;
• Dispostos a comunicar sobre questões de segurança; e
• Capazes de avaliar consistentemente os comportamentos relacionados à segurança
em toda a organização.
Dessa forma, cultura de segurança é sem dúvida a influência mais importante sobre a
gestão da segurança. Se uma organização tiver instituído todos os requisitos de gerenciamento

8
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de segurança, mas não tiver cultura de segurança é provável que tenha um desempenho inferior
ao almejado.

5 CONCEITOS E FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE RISCO


À SEGURANÇA OPERACIONAL

Agora que já entendemos perigo, verificaremos os conceitos e ferramentas empregadas


no gerenciamento de risco à segurança operacional.

5.1 Definição de risco

Risco é a avaliação das consequências de um perigo, expresso em termos de


probabilidade e de severidade, tomando como referência a pior condição possível.

5.2 Gerenciamento do risco

Gerenciamento de risco da segurança operacional é um processo contínuo que inclui a


identificação de perigos, realização de análise das consequências dos perigos, avaliação dos
riscos decorrentes dos perigos identificados, proposição de ações de eliminação dos perigos
e/ou mitigação dos riscos e avaliação da eficácia das ações propostas. Consiste na identificação,
avaliação, eliminação do perigo e/ou mitigação dos riscos que ameaçam a segurança
operacional relacionada às operações.
O resultado do processo de gerenciamento de risco deve ser consolidado em um
formulário padronizado de Análise de Impacto sobre a Segurança Operacional (AISO).
O gerenciamento do risco pode abranger três abordagens distintas, as quis estão
explicitadas no quadro abaixo.

Abordagem Foco Fundamento

Correção de falhas detectadas cujos Baseada em ocorrências, relatos,


Reativa efeitos se constituem ocorrências investigação de acidentes e incidentes,
indesejadas. etc.

Baseada na busca de dados e


Prevenção de ocorrências
Proativa informações sobre as operações e
indesejadas.
histórico de ocorrências.

Baseada no monitoramento contínuo


para identificação de tendência de
operação anormal, permitindo correções
Antecipação de problemas ao nível
Preditiva de mínimo impacto sobre a operação
do processo.
problemas no longo prazo. Requer
tratamento estatístico de dados e
informações.

9
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
O operador de aeródromo deve detalhar e documentar as defesas existentes e medidas
adicionais para eliminação ou mitigação dos riscos em um documento denominado
Procedimentos Específicos de Segurança Operacional (PESO).
O PESO tem como objetivo a descrição da implantação e/ou da execução das defesas
existentes e medidas adicionais para eliminação ou mitigação dos riscos decorrentes da AISO.
Cabe ao operador do aeródromo estabelecer requisitos para:
• O controle para acompanhamento da execução das defesas existentes e medidas
adicionais estabelecidas para eliminação ou mitigação dos riscos;
• A avaliação das defesas existentes e medidas adicionais estabelecidas para
eliminação ou mitigação dos riscos quanto à sua eficácia.

5.3 Probabilidade de Risco

Probabilidade é a quantificação da possibilidade que um evento ou uma situação


insegura possa ocorrer.
A avaliação da probabilidade de um evento acontecer pode ser feita partindo da
verificação dos seguintes itens:
• Registros de eventos iguais ao que está sendo avaliado;
• Existência de outro equipamento ou componente semelhante que pode apresentar
defeito similar;
• Número de pessoas operacionais e/ou de manutenção que estão envolvidas com o
cumprimento do procedimento específico relacionado ao evento que está sendo
avaliado;
• Frequência de utilização do equipamento ou do procedimento que está sendo
avaliado.
Com base nessa análise, a probabilidade de um evento ocorrer poderá ser mensurada
enquadrando essa eventualidade numa das definições como ilustrado no quadro abaixo:

PROBABILIDADE DO EVENTO

DEFINIÇÃO QUALITATIVA SIGNIFICADO VALOR


Frequente É provável que ocorra muitas vezes ou tem 5
ocorrido frequentemente.
Ocasional É provável que ocorra algumas vezes ou tem 4
ocorrido com pouca frequência.
Remoto Improvável, mas é possível que venha a 3
ocorrer ou ocorre raramente.
Improvável Bastante improvável que ocorra ou não se tem 2
notícia de que tenha ocorrido.
Muito improvável Quase impossível que o evento ocorra. 1
10
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5.4 Severidade do risco

A severidade do risco está relacionada diretamente às consequências de um evento ou


de uma situação insegura, tomando como referência a pior condição previsível.
Para definição da severidade devem ser considerados materiais, finanças,
responsabilidade legal, pessoal, meio ambiente, imagem da entidade, confiança do público.
A avaliação da severidade das consequências de um evento pode ser feita partindo da
verificação dos itens a destacados a seguir:
• Número de vidas humanas em risco (empregados, clientes, público, etc.);
• Impactos ao meio ambiente (derrame de combustível, interrupção física de habitat
natural, etc.);
• Grau de severidade quanto aos danos materiais ou financeiros (perda direta de bens,
danos à infraestrutura, danos a terceiros, etc.);
• Existência de implicações organizacionais, administrativas ou regulamentares que
podem gerar futuras ameaças à segurança do público;
• A probabilidade de implicações políticas e/ou de interesse dos meios de
comunicação.
O grau das consequências de um evento poderá ter as seguintes definições, conforme
quadro abaixo:
SEVERIDADE DO EVENTO
Definições na aviação Significado Valor
• Destruição dos equipamentos.
Catastrófico • Múltiplas mortes. A
• Uma redução importante das margens de segurança
operacional, dano físico ou uma carga de trabalho tal
que os operadores não podem desempenhar suas tarefas
Crítico B
de forma precisa e completa.
• Lesões sérias.
• Graves danos ao equipamento.
• Uma redução significativa das margens de segurança
operacional, uma redução na habilidade do operador em
responder a condições operacionais adversas como
Significativo resultado do aumento da carga de trabalho ou como C
resultado de condições que impedem sua eficiência.
• Incidente sério.
• Lesões às pessoas.
• Interferência.
• Limitações operacionais.
Pequeno D
• Utilização de procedimentos de emergência.
• Incidentes menores.
Insignificante • Consequências leves. E

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5.5 Tolerabilidade ao Risco

É o limiar de aceitação por determinada pessoa, natural ou jurídica, da expectativa de


perdas ou redução de capacidade ou de produtividade, lesões físicas ou danos materiais em
determinado período de exposição a perigo identificado, ou seja, é o apetite ao risco que varia
entre as organizações. Por exemplo, há operador aéreo que tolera a indisponibilidade de
SESCINC em alguns aeroportos outros não.

5.6 Controle e Mitigação do Risco

Mitigação de riscos são medidas que eliminam o perigo potencial ou que reduzem a
probabilidade ou a severidade do risco. É a forma de controle do risco. Para controle ou
mitigação do risco, conforme o benefício à operação ou atividade, poderão ser adotadas
estratégias que levarão a evitar, reduzir ou segregar à exposição.
a) Evitar a exposição:
Quando os riscos excedem os benefícios de continuar a operação ou atividade, deve-
se então cancelá-las.
b) Redução da exposição:
Esta estratégia baseia-se na redução da frequência da operação ou da atividade, ou se
tomam medidas para reduzir a magnitude das consequências do risco que foi aceito.
c) Segregação da exposição:
Na utilização dessa estratégia são tomadas providências para isolar os efeitos do risco
ou se introduzem barreiras de proteção (redundância) contra os riscos.
As três principais defesas (proteções / barreiras) de uma organização da aviação para
enfrentar os riscos são tecnologia, treinamento e regulamentos. Como parte da mitigação do
risco é essencial a determinação dos seguintes aspectos:
• A existência de defesas coerentes e apropriadas para se proteger dos riscos analisados;
• A verificação da funcionalidade da defesa em relação ao fim para o qual foi projetada;
• A compatibilidade com as condições atuais de trabalho;
• O envolvimento do pessoal sobre os riscos e sobre as respectivas defesas disponíveis;
• A verificação da necessidade de outras medidas adicionais de mitigação dos riscos.
Considerando que não existe segurança absoluta e que em aviação é impossível
eliminar todos os riscos, esses deverão ser minimizados a um nível tão baixo quanto
racionalmente praticável. A mitigação do risco requer um equilíbrio entre o tempo (rapidez), os
custos e a dificuldade em tomar medidas para reduzir ou eliminar os riscos, ou seja, gerenciá-
los.

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6 RESPONSABILIDADES DO BOMBEIRO DE AERÓDROMO EM
RELAÇÃO À SEGURANÇA OPERACIONAL

O Bombeiro de Aeródromo é um dos profissionais aeroportuário que tem a sua atuação


na área operacional do aeroporto. Nessa área, ele, Bombeiro, movimenta veículos de pequeno,
médio e grande porte, interage com o controle de tráfego aéreo e com o próprio operador do
aeródromo, por meio das equipes operacionais e também com outros entes como os
exploradores do parque de abastecimento de aeronaves.
Na rotina operacional, o Bombeiro de Aeródromo realiza, ainda, várias atividades para
manutenção da sua proficiência, como treinamento de reabastecimento do CCI com água, testes
e operação de equipamentos de apoio às operações de resgate e aferição de tempo resposta etc.
Essas atividades expõem a risco a aviação civil, exigindo desse profissional compromisso com
a manutenção do Nível Aceitável de Desempenho da Segurança Operacional, proposto pelo
operador do aeródromo em seu SGSO como parte de seus objetivos de segurança operacional.
Assim, no dia a dia, são responsabilidades básicas do Bombeiro de Aeródromo em
relação à segurança operacional:
1. Manter-se em condições psicológicas e fisiológicas adequadas para execução das
atividades operacionais, evitando, inclusive o uso de substâncias psicoativas;
2. Cumprir as regras previstas para a circulação de veículos em área operacional,
estabelecidas pelo aeródromo;
3. Utilizar a fraseologia padronizada para a utilização do sistema de
radiocomunicação;
4. Conhecer as áreas de riscos e sobre o programa de prevenção de incursão de pista
implementado pelo aeródromo;
5. Manter-se familiarizado com área operacional do aeródromo (vias, cruzamentos,
velocidades, leiaute da área de movimento), inclusive durante a realização de obras
e serviços no aeroporto.

7 PARTICIPAÇÃO DO BOMBEIRO DE AERÓDROMO NO


PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS E MITIGAÇÃO DE
RISCOS

A segurança operacional decorre de um processo de gerenciamento pautado na


identificação contínua de perigo e gestão de risco. Nesse contexto, a participação do Bombeiro
de Aeródromo nesse processo é de fundamental importância em função das atividades que
desenvolve como integrante do SESCINC. Relembremos a seguir alguns conceitos relativos a
identificação de perigo.

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7.1 Conceitos importantes relacionados ao Perigo

Perigo é entendido como condição, objeto ou atividade que potencialmente possa


causar lesões a pessoas, danos a equipamentos ou a estruturas, perda de pessoal ou redução da
habilidade para desempenhar uma função determinada. Já o resultado potencial de um perigo é
a sua consequência.

PERIGO – AERÓDROMOS CONSEQUÊNCIAS


Via de acesso de emergência e estreita e Tombamento de CCI.
com saídas para pista de pouso em
ângulo de 90º
Via de acesso de emergência com Perca de controle de CCI
depressão no pavimento.
Buraco não sinalizado em área não “Quebra” de CCI, ocasionando a sua
pavimentada. indisponibilidade.
Guarda corpo do tanque de CCI Queda de Bombeiro de Aeródromo da parte
danificado. superior do CCI
Check list de verificação de CCI Indisponibilidade de CCI ou de agente
incompleta. extintores.

7.2 Classificação básica dos perigos

Pode-se classificar os perigos nos seguintes tipos:

a) Naturais – são eventos de natureza meteorológica ou climáticos, tais como:


• Furacão, nevadas intensas, tornados, tempestades, relâmpagos, etc.
• Formação de gelo, chuva forte, neve, vento, restrição de visibilidade, etc.
b) Técnicos – são as deficiências relacionadas com:
• CCI, sistemas, subsistemas, equipamentos, etc.
• Instalações de uma organização, ferramentas, equipamentos, infraestrutura, etc.
c) Econômicas – são tendências relacionadas a:
• Expansão;
• Recessão;
• Custo do material ou equipamento, etc.

7.3 Identificação dos perigos

Para identificação dos perigos deverão ser considerados os seguintes aspectos:


• Fatores de projeto: projetos de equipamentos e das atividades e a compatibilidade
entre eles;
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• Procedimentos e práticas operacionais: documentação e listas de verificação.
• Comunicações: meios, terminologia e linguagem;
• Fatores organizacionais: políticas da organização para a seleção, treinamento,
remuneração e a alocação de recursos;
• Fatores do ambiente de trabalho: ruído ambiente e as vibrações, temperatura,
iluminação e a disponibilidade de roupa e equipamento de proteção;
• Fatores regulamentares: a aplicação e o cumprimento dos regulamentos, a
certificação do equipamento, pessoal e procedimentos, e uma supervisão adequada.;
• Defesas: provisão de sistemas de detecção e alarmes; verificação de até onde o
equipamento é resistente e também à prova de erros e falhas;
• Desempenho humano: condições de saúde e limitações físicas.

7.4 Análise dos perigos

Para análise dos perigos são realizados os seguintes passos:


• Descrição e motivação do objeto da Análise de Impacto na Segurança Operacional
(AISO).
Esse passo consiste em considerar aspectos, tais como: cenário operacional (tipo de
operação da Pista de Pouso e Decolagem, condições meteorológicas, aeronave envolvida ou
aeronave crítica, situações semelhantes anteriormente identificadas, quantidade de operação por
dia / mês / ano) ou da infraestrutura onde se observa o possível perigo. Deve permitir a
identificação do impacto nos procedimentos e na capacidade operacional do aeródromo.

a) Perigo identificado.

Esse passo consiste em identificar o (s) perigo (s) em razão da descrição e motivação
do objeto da AISO.
O (s) perigos devem estar coerentes com a compreensão dos cenários descritos.

b) Análise dos perigos identificados


Esse passo consiste na análise do perigo identificado que deve evidenciar o efeito de
causalidade de cada situação levantada, ou seja, deve ser feita uma análise do perigo para cada
perigo identificado.
Os perigos identificados devem estar coerentes com a compreensão dos cenários
descritos e seus fatores relevantes.

c) Estimativa das consequências relacionadas a cada perigo identificado.


Esse passo consiste em descrever a consequência separadamente para cada perigo.
A (s) consequência (s) listada (s) deve (m) está coerente com a compreensão da análise
do(s) perigo(s).

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Diante desses conceitos, as atividades do SESCINC e considerando o ambiente de
atuação desse serviço, Bombeiro de Aeródromo de Aeródromo participa do processo de
identificação de perigo por meio dos registros das condições em que realiza a suas atividades
cotidianas, as quais devem ser tratadas no âmbito do SGSO para o estabelecimento das medidas
mitigadoras que serão implementadas pelos profissionais do SESCINC e demais entes que
desempenham atividades em área operacional, conforme a abrangência das referidas medidas.

8 IMPORTÂNCIA DOS RELATOS DE SEGURANÇA OPERACIONAL

As ações desenvolvidas em prol da manutenção da segurança operacional pressupõem


a existência de informações, as quais são utilizadas como dados de entrada do processo de
identificação de perigos.
Os relatos são fontes utilizadas pelo SGSO para a coleta de dados para essa
identificação, por isso é mandatório que o operador do aeródromo estabeleça um sistema de
relatos de aviação civil como ferramenta para aquisição de dados de entrada para o processo de
identificação de perigos, que compreenda reportes obrigatórios, voluntários e confidenciais.
Daí a importância dos relatos de segurança operacional para o processo de
gerenciamento de risco à segurança operacional como um todo. Como diz um velho jargão da
segurança: “sem informação não há prevenção”.

9 CONCLUSÃO

O processo de gerenciamento de risco à segurança operacional é complexo em função


da própria natureza do transporte aéreo, cuja operacionalização envolve diversos atores.
Nesta apostila, o aluno teve a oportunidade de estudar sobre os principais conceitos e
fundamentos relativos a esse processo, como o entendimento sobre a natureza de perigo e sua
consequência, além dos elementos e parâmetros relativos à gestão e controle de risco.
Esse conhecimento é de fundamental importância para todos que atuam na
operacionalização das atividades que ocorrem na área operacional de um aeródromo, sobretudo,
para aqueles que integram a infraestrutura do aeroporto e desempenham papel relevante para o
transporte aéreo como o Bombeiro de Aeródromo.

10 REFERÊNCIAS NORMATIVAS

AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL. Programa de Segurança Operacional


Específico da ANAC – PSOE-ANAC, 2015
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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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____. Regulamento Brasileiro da Aviação Civil – RBAC nº 153, Emenda 04. Aeródromo –
Operação, Manutenção e Resposta à Emergência, 2019.

COMANDO DA AERONÁUTICA. Programa de Segurança Operacional Específico do


COMAER – PSOE-COMAER, 2018.

ORGANIZAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL. Anexo 19, 2ª Edição. – Gestão


da Segurança Operacional, 2016.

____. Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional – DOC 9859, 4ª Edição, 2018.

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DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 2 – FATORES
HUMANOS

Disciplina 1: Fundamentos de Fatores


Humanos
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 6
4 FUNDAMENTOS DE FATORES HUMANOS ................................................................ 6
4.1 Fator Humano ................................................................................................................. 6
4.1.1 Rendimento e Limitação Humana .................................................................................... 7
4.2 Fatores que afetam o rendimento .................................................................................... 7
4.3 Ambiente Físico: ............................................................................................................. 8
4.4 Trabalho em Equipe: ....................................................................................................... 8
4.5 Comunicação .................................................................................................................. 9
5 PERIGOS ASSOCIADOS COM A ATIVIDADE DE PREVENÇÃO, SALVAMENTO E
COMBATE A INCÊNDIO EM AERÓDROMOS CIVIS ......................................................... 9
5.1 Perigos associados à atividade de Prevenção ............................................................... 10
5.2 Perigos associados ao Salvamento: .............................................................................. 10
5.3 Perigos associados ao Combate a Incêndio: ................................................................. 10
6 PRINCIPAIS EFEITOS DO ESTRESSE DECORRENTE DO EXERCÍCIO DA
FUNÇÃO OPERACIONAL DE BA........................................................................................ 11
6.1 Fases do Estresse: ......................................................................................................... 11
6.2 Efeitos do Estresse: ....................................................................................................... 12
7 ERRO HUMANO ............................................................................................................. 12
8 CONVIVENDO COM O INSUCESSO PROFISSIONAL .............................................. 13
9 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRAFIAS .................................................. 14
INTRODUÇÃO

A aviação é uma atividade de transporte que envolve distintos níveis de operação e


tarefas interligadas, algumas de elevada complexidade e sujeitas a numerosos estressores
ocupacionais.
Dentre essas tarefas temos aquelas que são desempenhadas pelo Bombeiros de
Aeródromo. O bombeiro é o profissional responsável pela preservação do patrimônio
ameaçado de destruição, pelo combate a incêndios, por resgatar as vítimas de afogamentos,
incêndios e acidentes e incidentes aeronáuticos e aeroportuários, investigação sobre a origem
dos incêndios (perícias) e conscientização da população em relação às medidas de segurança
adotadas na prevenção de incêndios.

Mas para quem pretende se tornar bombeiro é preciso ter, além do desejo de servir a
população e salvar vidas, um ótimo condicionamento físico e equilíbrio emocional para lidar
com as situações mais adversas a serem enfrentadas em seu ambiente de trabalho. Nesta relação
entre o bombeiro e o seu ambiente de trabalho é importante compreendermos o conceito de
Fator Humano.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Bombeiro de Aeródromo (BA) - é o profissional com habilitação específica para o exercício
das atividades de resgate de pessoas e combate a incêndio.
Bombeiro Civil - é aquele que, habilitado nos termos da lei 11.901, de 12.01.2009, exerça em
caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como
empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia
mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Checklist – lista de procedimentos exigidos para determinada atividade ou tarefa.
Emergência aeronáutica – situação em que uma aeronave e seus ocupantes se encontram sob
condições de perigo latente ou iminente decorrentes de sua operação ou que tenham sofrido
suas consequências.

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Emergência aeroportuária – evento ou circunstância, incluindo uma emergência aeronáutica
que, direta ou indiretamente, afete a segurança operacional ou ponha em risco vidas humanas
em um aeródromo.
Fadiga – diminuição progressiva da habilidade do homem para realizar uma tarefa
determinada, podendo se manifestar por meio da deterioração da qualidade do trabalho,
imprecisão, desinteresse, tédio, falta de entusiasmo entre outros.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil;
BA - Bombeiro de Aeródromo;
EPI – Equipamento de Proteção Individual;
ICAO – International Civil Aviation Organization (Organização Internacional da Aviação
Civil);
MCA – Manual do Comando da Aeronáutica;
SESCINC – Serviços de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis.

4 FUNDAMENTOS DE FATORES HUMANOS

4.1 Fator Humano

De acordo com o MCA 63-15, o conceito de Fator Humano se refere, para a ICAO –
International Civil Aviation Organization, ao estudo das capacidades e das limitações
humanas oferecidas pelo local de trabalho. É o estudo da interação humana em suas situações
de trabalho e vida, ou seja, é o estudo da interação das pessoas com os equipamentos
utilizados, regras a serem seguidas, os procedimentos escritos e verbais, condições do
ambiente e interações com outras pessoas.
Nesse conceito de Fator Humano, o elemento central é o Homem porque “os seres
humanos estão sujeitos a variações consideráveis em seu desempenho, tanto no que diz respeito
a cada indivíduo quanto a variações de desempenho em seu dia a dia. Além disso os seres
humanos possuem diversas limitações, sendo físicas, cognitivas ou emocionais, algumas das
quais são, em termos gerais, imprevisíveis” (MCA 63/15/2012).
Do ponto de vista dos Fatores Humanos não existe a possibilidade de uma operação
livre de erros humanos, mas eles podem ser evitados.

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4.1.1 Rendimento e Limitação Humana

Rendimento, na descrição que consta no dicionário Houaiss, e no que se refere ao


aspecto humano é entendido como “aptidão relativa para o desempenho de determinada função
ou tarefa; produtividade; eficiência relativa no desempenho de uma tarefa”.
Ao longo deste texto, usaremos o termo rendimento significando essa aptidão e
eficiência relativa ao desempenho de uma tarefa. E no caso do Bombeiro de Aeródromo, ele é
considerado apto e terá um bom rendimento se apresentar, em suas atividades, dentre outras, as
seguintes características:
- Ótimo condicionamento físico, coragem e disciplina;
- Capacidade de cumprir ordens e determinações;
- Capacidade de pensar e agir sob pressão, e ter raciocínio rápido;
- Autocontrole e equilíbrio emocional;
- Capacidade e habilidade para trabalhar em equipe;
- Capacidade de liderança;
- Capacidade de lidar com situações adversas, que podem incluir o fato de ter que lidar
com pessoas acidentadas, ensanguentadas e mutiladas;
- Desejo de servir e salvar vidas.
Sendo que essas características tanto podem contribuir para um bom rendimento, como
podem contribuir para uma limitação nas atividades profissionais do Bombeiro de Aeródromo
caso algumas dessas características não sejam apresentadas.

4.2 Fatores que afetam o rendimento

Existem fatores que afetam o rendimento humano, a saber:


- Aspectos individuais: atenção, motivação, condição de saúde, condicionamento físico,
conhecimento, habilidades, etc.
- Aspectos psicossociais: relacionamentos interpessoais, dinâmica de equipe,
comunicação, etc.
- Aspectos organizacionais: normas e regras, liderança, cultura organizacional,
condições de trabalho, EPIs e equipamentos inadequados ao homem, entre outras.
Esses fatores podem contribuir para a existência das “Falhas Humanas”, como:
imperícia, desatenção, negligência, estresse, imprudência, fadiga, erros de
planejamento/julgamento/comunicação, operação/utilização indevida de equipamentos,
supervisão inadequada e falta de treinamento.

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4.3 Ambiente Físico:

A atividade de bombeiro pode ser exercida em vários tipos de ambiente, cada qual com
suas particularidades. Alguns externos ou dentro das corporações e/ou Aeroportos, a saber:
• Atividade de escritório.
• Incêndios em edificações.
• Acidentes de trânsito.
• Acidentes em estradas.
• Acidentes em aeroportos.
• Resgates e remoção de enfermos.
• Atividades de remoção de animais peçonhentos e/ou perigosos.
• Escolas.
• Comunidades Carentes.
Assim, para cada ambiente físico no qual o bombeiro for atuar precisará desenvolver
certas habilidades, ter conhecimentos específicos e ter atitudes específicas condizentes aos
aspectos e equipamentos físicos com os quais pode se deparar. Precisa ter conhecimento de que
na atividade de prevenção, salvamento e combate a incêndios sofrerá impactos oriundos: das
fontes de calor, com as altas ou baixas temperaturas que podem estar presentes no ambiente ao
mesmo tempo; da umidade excessiva; da presença de fumaça ou outros odores, que podem
dificultar a respiração; dos ruídos; e dos espaços confinados, que pode ter que atuar.

4.4 Trabalho em Equipe:

Sabemos que existe uma distinção entre grupo e equipe, a saber: o grupo consiste em
pessoas que trabalham juntas, que em geral se reúnem por afinidades, mas podem realizar suas
tarefas sozinhas. A equipe é um conjunto de pessoas com habilidades complementares, atuando
no cumprimento de metas específicas e em um plano de trabalho definido.
As equipes fazem sentido quando existe:
a) Interdependência entre as tarefas e competência para trabalhar com outras pessoas;
b) Existência de um desafio significativo para todos os integrantes da equipe, com um
objetivo claro;
c) Existência de uma comunicação clara, aberta e de respeito mútuo, com interação
sinérgica.
Podemos ver isto claramente na atuação de uma equipe do SESCINC, na qual o trabalho
dos bombeiros precisa ser sinérgico, por meio do esforço coordenado de todos, para que a tarefa
a ser desempenhada tenha êxito e seja de qualidade e eficaz. Logo, o sucesso e êxito do trabalho
do SESCINC dependem do trabalho em equipe.

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4.5 Comunicação

Comunicar-se bem significa muito mais que falar com clareza e usar a fraseologia
correta. Também, inclui assegurar-se de que as outras pessoas entenderam o que você quer
dizer, assim como que você entendeu o que os outros disseram.
A comunicação é um processo que envolve a transmissão de uma mensagem de uma
pessoa (emissor) para outra (receptor), sendo então compartilhada por ambas. Para que haja
comunicação, é necessário que o destinatário da mensagem, ou seja, o receptor a receba e a
compreenda.
No ambiente de trabalho, os envolvidos deverão estar atentos para o caminho que
percorre a informação emitida. Primeiro vem a ideia, é codificada e depois é emitida pelo
emissor. O receptor a receberá decodificará a informação, e transformá-la-á em ideia, o que é
conhecido “Diagrama da Comunicação”.

4.5.1- Barreiras à Comunicação:


As barreiras fazem com que a mensagem enviada e a mensagem recebida sejam
diferentes entre si, e isto caracteriza a existência de uma má comunicação.
São exemplos de barreiras: atitude corporal, ideias preconcebidas, percepções e
interpretações, significados pessoais, motivação e interesse, e ausência de habilidade de
comunicação, que pode favorecer o envio de mensagens confusas ou não se consegue passar a
informação.
Essas barreiras são também conhecidas como “Ruído na Comunicação”, que pode ser
entendido como uma perturbação indesejável em qualquer processo de comunicação, que pode
provocar danos ou desvios na mensagem. Por exemplo: distração, uso de gírias ou vocabulário
e conceitos imprecisos, idiomas diferentes, problemas de dicção, etc.

5 PERIGOS ASSOCIADOS COM A ATIVIDADE DE PREVENÇÃO,


SALVAMENTO E COMBATE A INCÊNDIO EM AERÓDROMOS
CIVIS

Perigo é qualquer condição, potencial ou real, que possa causar dano físico, doença ou
morte a pessoas, dano ou perda de um sistema, equipamento ou propriedade, ou dano ao meio
ambiente. Assim, um perigo é uma condição que se constitui num pré-requisito para a
ocorrência de um acidente ou incidente.
Muito embora o risco esteja presente em qualquer profissão, a pluralidade de
atividades de socorro que os Bombeiros desempenham em condições e ambientes difíceis
sujeita-os, de forma muito singular, a riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e
psicológicos que lesam a sua saúde e podem causar a morte.

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5.1 Perigos associados à atividade de Prevenção

• Temperaturas extremas como frio e/ou calor excessivo, que podem causar
desidratação;
• Explosões;
• Odores – devido à queima de material combustível;
• Acidentes com produtos perigosos;
• Agressão física/ verbal por parte de familiares ou até mesmo de uma vítima;
• Queda de equipamentos.

5.2 Perigos associados ao Salvamento:

• Choque elétrico;
• Queda de materiais/equipamentos;
• Queda da vítima e até mesmo queda do Bombeiro;
• Fadiga – ocasionada à exposição ao calor e contato com fumaça;
• Choque da vítima, ou do Bombeiro, em obstáculos - quando em edificações.

5.3 Perigos associados ao Combate a Incêndio:

• Temperaturas extremas;
• Fumaça - que pode ocasionar dificuldades/problemas respiratórios e dificuldade
de visualização do ambiente, no qual está ocorrendo o incêndio;
• Queimaduras, luxações, fraturas, escoriações, cortes, lesões perfurocortantes;
• Fadiga e esforço físico inadequado;
• Explosões;
• Desmoronamentos e quedas de objetos;
• Choque elétrico;
• Exposição às substâncias químicas.
Mediante este cenário, e conforme visto na literatura, a profissão de Bombeiro está
envolta também com fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas e estresse
(Nunes, D. A; Fontana R.T., 2012). Já que diante de catástrofes se deparam com o sofrimento
das pessoas, além das frustações pelos possíveis insucessos e impotências, ocasionando
sofrimento psíquico.

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6 PRINCIPAIS EFEITOS DO ESTRESSE DECORRENTE DO
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO OPERACIONAL DE BA

Estresse é definido como uma resposta fisiológica e comportamental ou emocional a


um estímulo interno ou externo, que origina ansiedade e tensão. É um mecanismo necessário
ao organismo, pois faz com o que o ser humano fique mais atento e sensível diante de situações
de perigo ou dificuldade. Mesmo situações consideradas positivas e benéficas podem produzir
estresse.
O estresse é uma reação adaptativa e não uma doença. Logo, pode ser uma reação
positiva, normal ou patológica. A tensão normal é uma saudável condição física e mental que
prepara a pessoa para lidar com uma situação de crise ou para quando é solicitada a produzir
ou criar.

6.1 Fases do Estresse:

Existem quatro fases do estresse, a saber:


• Fase de Alerta: Vamos imaginar o indivíduo deparando-se com um estímulo estressor
qualquer. Imediatamente, é liberada adrenalina suficiente para que ele fique atento, ou
seja, em estado de alerta, para se proteger. Nessa fase, o estresse é considerado bom,
positivo, desejável, fazendo o indivíduo agir ou reagir. A pessoa se torna mais forte e
mais motivada. É o “eustresse”. Se o indivíduo conseguir lidar com o estímulo
estressor, eliminando-o ou aprendendo a lidar com o mesmo, o organismo volta à sua
situação básica de equilíbrio interno (homeostase) e continua sua vida normal. Essa
alternância é importante para que ele não entre na próxima fase do estresse que é a da
resistência. Há sempre uma quebra na homeostase visando ao enfrentamento da
situação ameaçadora.
• Fase de Resistência: Nesta fase há muita mobilização de energia, utilização de energias
reservas porque o estresse persistiu. O indivíduo fica cansado, ocorre falta de
concentração, dificuldades com a memória, insônia, aumenta o índice de erros,
irritabilidade.
• Fase de Quase Exaustão: quando a tensão excede o limite do gerenciável, a resistência
física e emocional começa a se quebrar, ainda há momentos em que a pessoa consegue
pensar lucidamente, tomar decisões, porém, tudo isto é feito com esforço e estes
momentos de funcionamento normal se intercalam com momentos de total
desconforto. Há muita ansiedade nesta fase. A pessoa experimenta uma gangorra
emocional. O cortisol é produzido em maior quantidade e começa a ter o efeito
negativo de destruir as defesas imunológicas, propiciando que doenças apareçam.
• Fase de Exaustão: É a fase mais negativa do estresse, a patológica. É o momento em
que um desequilíbrio interior muito grande ocorre. A pessoa entra em depressão, não
consegue concentrar ou trabalhar. Suas decisões muitas vezes são impensadas.
Doenças graves podem ocorrer, como úlceras, pressão alta, psoríase, vitiligo, etc.
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6.2 Efeitos do Estresse:

O efeito do estresse pode ser compreendido por três categorias de sintomas: físicos,
psicológicos e comportamentais. As reações físicas comumente encontradas são: dor de cabeça,
transpiração excessiva, constipação ou diarreia, taquicardias, entre outros. Como reações
psicológicas temos a insatisfação com o trabalho, ansiedade ou depressão, irritabilidade,
frequência de pensamentos negativos, etc. E no que se refere as reações comportamentais, o
estresse pode levar aos distúrbios de sono, distúrbios alimentares, inquietação, consumo de
drogas e de álcool, absenteísmo, etc. (Robbins et ali, 2010).

Figura 1 – Os potencias efeitos do estresse no corpo.

7 ERRO HUMANO

Erros são vistos como um componente natural em atividades onde haja a interação
entre o homem e o ambiente onde ele vive e atua.
Segundo a ICAO, “o erro humano pode ser a consequência ao invés de ser a causa das
ocorrências”. Assim, para que seja possível diminuir a recorrência do erro humano é preciso
compreender o contexto que o provocou.
Existem 3 estratégias para o controle do Erro humano:
• Redução do erro: As estratégias para redução do erro intervêm diretamente na fonte
do erro reduzindo ou eliminando os fatores contribuintes do erro. Os exemplos incluem
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melhorar o acesso a um componente do avião para a manutenção, melhorando a
iluminação em que a tarefa deverá ser executada, reduzindo distrações ambientais e
fornecendo um treinamento melhor;
• Captura do erro: Supõe-se que o erro já aconteceu, e intervém logo que o homem tenha
cometido um erro capturando-o antes que gere consequências adversas. Os exemplos
incluem: usar checklists, fichas de tarefas, ter procedimentos operacionais bem
definidos.
• Tolerar o erro: pode ser entendido como mitigar o erro. Intervem de maneira a
incrementar a habilidade do sistema para aceitar os erros sem que maiores
consequências sejam geradas. Um exemplo seria realizar vistorias sistemáticas.

8 CONVIVENDO COM O INSUCESSO PROFISSIONAL

Nem sempre as coisas ocorrem como queremos, nem sempre atingimos os resultados
desejados no momento planejados. Nessas alturas, o que fazer? Olhar para a realidade como
fracasso, ou seja, como insucesso?
Na vida profissional, existem normalmente um conjunto de tarefas a desempenhar,
expectativas a materializar, objetivos a cumprir. Ou seja, os resultados produzidos podem ser
comparados com algo definido anteriormente ou simplesmente com os resultados de colegas
ou concorrentes.
Qualquer pessoa está sujeita ao insucesso profissional, especialmente quando é preciso
tomar decisões e fazer escolhas que afetem o dia a dia. No caso de um erro, é importante correr
atrás de uma solução e enxergar toda a situação como oportunidade de aprendizado e
crescimento.
A sensação de fracassar pode ser ruim, porém depende muito mais da expectativa que
você coloca em cada situação.
Já quanto ao acerto, é importante não se apoiar nisso para sempre ou humilhar outras
pessoas. Afinal, um dia você está bem, mas no outro pode não estar.
Seguem atitudes que levam ao insucesso profissional, segundo Marques (2019):
1. Estabelecer ou aceitar metas fora da realidade.
2. Medo de fracassar.
3. Não aceitar os próprios erros ou não aprender com eles.
4. Esquecer-se que já cometeu erros no passado.
5. Não planejar suas ações de maneira estratégica.
6. Não tirar seus planos do papel por medo, falta de planejamento ou preguiça.
7. Não se atualizar com as novidades da atividade em que trabalha, e assim parar de
estudar constantemente.
8. Deixar de conhecer e de aprender com outros profissionais.
13
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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
9. Achar que os seus ídolos profissionais não erram.
10. Não assumir a responsabilidade por algo que fez ou participou, e assim terceirizar
a sua culpa.
11. Tomar decisões apenas com base em certezas e não em dados e informações
concretas.
12. Descartar a possibilidade de que o fracasso pode acontecer com qualquer um,
inclusive você mesmo.
13. Subestimar a própria competência.
14. Dificuldade de ser flexível em vários cenários, e de se adaptar em diversos
ambientes.
15. Aderir à procrastinação com frequência, ou seja, o famoso “Ah, amanhã eu faço
isso ou aquilo! ”

O bombeiro é um dos profissionais que, ao se deparar com o sofrimento das pessoas,


pode ser acometido por frustações ou sentimento de impotência, devido aos possíveis
insucessos em suas atividades de salvamento e combate a incêndio. Por isso é importante que
aprenda a superar uma frustação, aceitando que todos podem errar e procurando vencer o medo
de fracassar novamente. Assim, após um insucesso profissional, a forma como tratamos nossas
emoções faz toda a diferença.
O insucesso serve de aprendizado para o crescimento pessoal e profissional. Embora o
“não fazer nada” seja uma opção, esta decisão não o levará a nada de positivo. Assim, seja qual
for a falha, que você está enfrentando, procure:
1 - Aprender com o insucesso, com a falha, com o erro;
2 - Identificar suas limitações e aptidões, buscando a confiança em si mesmo;
3 - Valorizar o trabalho em equipe, agir com respeito, honestidade e ética.
Então, não permita que o medo do insucesso o paralise, aja apesar de ele existir, siga em
frente. Busque fortalecer sua autoestima por meio do autoconhecimento, para reconhecer seus
pontos fortes e de melhoria, entender quais são seus limites e motivações. Também é importante
que você invista em sua capacitação técnica, emocional e comportamental. Na prática, isso
significa que precisa: identificar e trabalhar para eliminar os seus gaps (lacunas de conhecimento
e de comportamento); buscar agregar novos conhecimentos; desenvolver seus talentos,
competências e habilidades; e procurar evoluir como pessoa também.

9 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRAFIAS

BRASIL, ANAC. Res. nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios regulatórios


quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromos Civis (SESCINC). Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.

AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL - ANAC. Portaria nº 3389/SIA, de 24 de


dezembro de 2013. Estabelece os currículos mínimos do Curso de Habilitação de Bombeiro de
Aeródromo 1 (CBA-1), e do Curso de Habilitação de Bombeiro de Aeródromo 2 (CBA-2); a
14
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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relação de disciplinas do CBA-1 e CBA-2 que necessitam de instrutores com
formação/qualificação específica; o Formulário de Solicitação de Certificação OE-SESCINC;
e o modelo de certificado de conclusão de curso e histórico escolar.

BAUMGART, B.Z. Riscos ocupacionais em bombeiros da Brigada Militar de Porto


Alegre/RS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Escola de Enfermagem/Curso de
Enfermagem. Porto Alegre, 2012. Disponível em:
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/55283/000856958.pdf?sequence=1. Acessado em
26 jul.2017

BOM SUCESSO, E. P. Relações Interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro:


Qualitymark , 2002.

CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a administração participativa.


São Paulo: Makron Books, 1997.

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z.A.P. Psicologia das relações interpessoais: vivências
para o trabalho em grupo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

Desenvolvimento interno. Fracasso Profissional: como evitar e como superar. Disponível


em https://www.desenvolvimentointerno.com/fracasso-profissional-como-evitar-e-como-
superar/ Acesso em 27 jul. 2017

DICIONÁRIO HOUAISS. Disponível em http://www.infranet.gov.br/houaiss/cgi-


bin/houaissnetb.dll/frame Acesso em: 26 jul.2017

MATTA, V. Como lidar com o fracasso. Disponível em


https://www.sbcoaching.com.br/blog/comportamento/como-lidar-com-fracasso/ Acesso em:
27 jul. 2017

MARCELINO, D.; FIGUEIRAS, M.J. A Perturbação pós-stress traumático nos socorristas de


emergência pré-hospitalar: influência do sentido interno de coerência e da personalidade.
Psicologia, Saúde & Doenças, 2007, 8(1), 95-108. Disponível em www.scielo.mec.pt/pdf .
Acesso em: 27 jul.2017

MARQUES, J.R. Como reconhecer o fracasso profissional Disponível em:


https://www.ibccoaching.com.br/portal/como-reconhecer-o-fracasso-profissional/ Acesso
em:14 ago. 19

MCA 63-15 – Manual de Fatores Humanos no Gerenciamento da Segurança Operacional


no SISCEAB - Ministério da Defesa – Comando da Aeronáutica – Departamento de Controle
do Espaço Aéreo – 2012.

MOSCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. Rio de Janeiro: José


Olympio, 2008.

15
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
MURTA S.G.; TROCCOLI, B.T. Stress Ocupacional em Bombeiros: efeitos de intervenção
baseada em avaliação de necessidades. Estud Psicol. 2007; 24(1): 41-51. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v24n1/v24n1a05.pdf Acesso em: 27 jul.2017

NUNES, D.A.; FONTANA, R.T. Condições de Trabalho e Fatores de Risco da Atividade


Realizada pelo Bombeiro. Cienc. Cuid. Saude. 2012 Out/Dez; 11(4)/:721-729. Disponível em
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/18083/pdf_1.Acesso em
27 jul.2017

REIS, A.M.V. et al. Desenvolvimento de Equipes. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. (Série
Gestão de Pessoas).

ROBBINS, S. P; JUDGE, T. A; SOBRAL, F. Comportamento organizacional: teoria e


prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

16
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 2 – FATORES
HUMANOS

Disciplina 2: Fundamentos de Segurança e


Saúde no Trabalho em Aeródromos
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 5
4 CONCEITOS DE ACIDENTE DO TRABALHO .............................................................. 6
5 SEGURANÇA DO TRABALHO ....................................................................................... 9
6 ACIDENTES DE TRABALHO MAIS COMUNS NA ÁREA DE RESPOSTA À
EMERGÊNCIA AEROPORTUÁRIA. .................................................................................... 10
7 CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO .............................................................. 14
8 FERRAMENTAS DE PREVENÇÃO .............................................................................. 21
9 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 24
INTRODUÇÃO

A Segurança do Trabalho pode ser considerada como o conjunto de medidas adotadas


para minimizar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, bem como proteger a
integridade e a capacidade de trabalho do empregado. Sua adoção possibilita a realização de
um trabalho mais organizado e, consequentemente, mais eficiente, visto que, em um ambiente
mais agradável e seguro, os empregados produzirão mais e com melhor qualidade.
Dessa forma, é de grande importância entender como essas medidas podem ser adotadas
nos aeródromos, assim como, a melhor maneira de entender as causas e a prevenção de
acidentes nas atividades desempenhadas pelos profissionais bombeiros de aeródromo.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito desse conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:

Agência Nacional de Aviação Civil - entidade integrante da Administração Pública Federal


indireta, submetida a regime autárquico especial, vinculada à Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República, com prazo de duração indeterminado que atua como autoridade
brasileira de aviação civil e que tem suas competências estabelecidas pela Lei nº 11.182, de 27
de setembro de 2005.

Ato Inseguro – São fatores gerados pelo fator humano, tais como a personalidade, tempo de
reação ao estimulo ou até mesmo características físicas pessoais.

Condição Insegura – São condições geradas pelo ambiente de trabalho, onde fatores de risco
como a falta de sinalização ou proteção nas maquinas geram condições de risco para as
atividades laborais do trabalhador.

Traje de Proteção - é o conjunto de equipamentos de proteção individual apropriados às operações


de resgate e combate a incêndio.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:

5
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil.

CAT – Comunicação de acidente do trabalho.


NR – Normas Regulamentadoras.
SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.
SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes
OIT – Organização Internacional do Trabalhador.
OMS – Organização Mundial da Saúde.
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego.
SSST – Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho.
SESCINC- Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio e Aeródromo civis.
CLT – Consolidação das Leis Trabalhista.
CA – Certificado de Aprovação.
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
TJ - Traje de proteção para bombeiro de aeródromo

4 CONCEITOS DE ACIDENTE DO TRABALHO

Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, "acidente de trabalho é o que ocorre


pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou a perda ou redução.

- DOENÇA PROFISSIONAL, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício


do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social; Ex: Saturnismo (intoxicação provocada pelo
chumbo) e Silicose (sílica).

- DOENÇA DO TRABALHO, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de


condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante
da relação mencionada no inciso I.
Ex: Disacusia (surdez) em trabalho realizado em local extremamente ruidoso, LER/DORT.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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NÃO SÃO CONSIDERADAS COMO DOENÇA DO TRABALHO:
• A doença degenerativa;
• A inerente a grupo etário;
• A que não produza incapacidade laborativa;
• A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato
direto determinado pela natureza do trabalho.

COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO – CAT


É um documento emitido para reconhecer tanto um acidente de trabalho ou de trajeto
bem como uma doença ocupacional.

A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho


ocorridos com seus empregados, mesmo que não haja afastamento das atividades, até o primeiro
dia útil seguinte ao da ocorrência.
Em caso de MORTE, a comunicação deverá ser imediata.

EQUIPARA AINDA A ACIDENTE DE TRABALHO:


I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho,
ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de
trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua
atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de
seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
§ 1 Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.
ACIDENTES DO TRABALHO

ACIDENTE TÍPICO –TIPO (ART. 19) Acidente de Trabalho nos termos do art. 19 Lei n.
8.213, de 24 de julho de 1991 o típico, tratado neste tópico, decorre de evento único dentro da
empresa e no horário de trabalho.
ACIDENTE ATÍPICO embora não tenha sido causa única acabou contribuindo diretamente
(concausa) para a morte do trabalhador, ou perda de sua capacidade ou reproduzido lesão que
exija atenção médica para sua recuperação. (art. 21, I, lei de benefício da previdência social).
(CONCAUSA) - causa que se junta a outra preexistente para a produção de certo efeito; causa
concomitante.
ACIDENTE DE TRAJETO ao de trabalho no artigo 21: Equiparam-se também ao
acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: d) no percurso da residência para o local de
trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado.

Pela definição prevencionista, considera-se Acidente do Trabalho a cadeia de eventos


que frequentemente tem como ponto de partida um incidente, uma perturbação dos sistemas no
qual estão inseridos o trabalhador e a sua tarefa.

Essa definição engloba acidentes sem lesão, aqueles apenas com danos materiais e
casualidades não registradas como acidentes, são os quase acidentes.

“QUASE - ACIDENTE”

Quando é que um acidente não é um acidente?

Quando é que se trata de um “quase acidente”?

Um quase-acidente é uma ocorrência inesperada que apenas por pouco deixou de ser
um acidente com um trabalhador ou um acidente com um equipamento.

Aqui está um exemplo: um CCI estava estacionado com a traseira voltada para a SCI.
Mais ou menos dois metros separavam a traseira do veículo de um pilar. Um bombeiro passava
entre o pilar e o veículo. Nesse momento, o motorista sem avisar, acionou a marcha-a-ré, para
estacionar. O bombeiro que passava deu um grito assustado e conseguiu pular para o lado em
segurança; por pouco não foi esmagado contra o pilar. Não houve contato, mas o bombeiro
ficou assustado e nervoso com a experiência.

Esse não é um caso de acidente de trabalho. O bombeiro não foi tocado, não foi
fisicamente molestado e do susto só lhe ficou a lembrança. Também não se trata de um acidente
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com equipamento, pois nada aconteceu com o CCI. Não houve falha de equipamento e o
motorista nem se deu conta do ocorrido.

Os “quase-acidentes”, assim como os acidentes que não causam ferimentos ou outros


tipos de lesão devem ser investigados quando reportados ou observados. Eles se constituem em
“avisos” daquilo que pode ou provavelmente vai acontecer.

Um acidente quase sempre acontece mais tarde, quando tais “avisos” são ignorados;
mais cedo ou mais tarde o acidente acaba acontecendo. O objetivo da prevenção organizada de
acidentes é evitar todo tipo de acidentes.

Os supervisores e os técnicos de segurança, às vezes, ainda confundem prevenção de


ferimentos com prevenção de acidentes. Eles se impressionam com os acidentes que provocam
ferimentos, principalmente quando estes são graves, mas não se preocupam muito com
acidentes com equipamentos. Isso é errado.

Em primeiro lugar, por definição, o acidente com equipamento sempre tem potencial
para causar ferimentos nas pessoas. Eles podem e, geralmente, resultam em ferimentos sérios e
até fatais.

Em segundo lugar, mesmo quando não acontecem ferimentos, os acidentes sem lesões
representam uma interrupção do processo de produção. Eles geralmente causam prejuízos em
virtude dos danos causados aos equipamentos, redução de produtividade, ou das horas de
trabalho gastas para reparar os estragos ocorridos.

5 SEGURANÇA DO TRABALHO

É um conjunto de ciências, tecnologias, leis, normas e métodos que tem o objetivo de


promover a proteção do trabalhador em seu local de trabalho, visando a redução de acidentes
de trabalho e doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho
e assegurar a continuidade operacional.

Segurança do Trabalho pode ser definida também como a ciência que atua na
prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de riscos ocupacionais. Nos locais
de trabalho existem inúmeras situações de risco passíveis de provocar acidentes do trabalho.
Logo, a análise de fatores de risco em todas as tarefas e nas operações do processo é
fundamental para a prevenção.

Para toda atividade a segurança é essencial, e para o SESCINC o êxito das operações
possui uma relação muito mais efetiva e íntima, pois a todo momento o risco é potencial.
Durante muito tempo a segurança do trabalho foi vista como um tema que se relacionava apenas

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com o uso de capacetes, botas, cintos de segurança e uma série de outros equipamentos de
proteção individual contra acidentes.

Hoje, o setor de segurança e saúde no trabalho é multidisciplinar, formado por


(Técnicos e Engenheiros de Segurança do Trabalho, e Médicos, Enfermeiros e
Auxiliar/Técnicos de enfermagem do Trabalho) descrita como Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), Norma Regulamentadora nº
4, e tem como objetivo principal a prevenção dos riscos profissionais, inclusive na atividade de
bombeiro de aeródromo. O conceito de acidente é compreendido por um maior número de
pessoas que já identificam as doenças profissionais como consequências de acidentes do
trabalho. A relação homem-máquina, que já trouxe enormes benefícios para a humanidade,
também trouxe um grande número de vítimas, sejam elas os portadores de doenças
incapacitantes ou aqueles cuja integridade física foi atingida. Importante lembrar que o
bombeiro de aeródromo opera uma série de equipamentos que podem causar dano ao usuário,
exemplo de equipamentos:

- CCI e veículos de apoio do SESCINC;


- Motosserra;
- Desencarcerador;
- Serra sabre;
- Turbo ventilador;
- Ferramentas de arrombamento;
- Mangueiras e esguichos;
- etc.

A maneira verdadeiramente eficaz de impedir o acidente é conhecer e controlar os


riscos. Isso se faz com uma política de segurança e saúde que tenha por base a ação de
profissionais conscientes que antecipem, reconheçam, avaliem e controlem os riscos.

6 ACIDENTES DE TRABALHO MAIS COMUNS NA ÁREA DE


RESPOSTA À EMERGÊNCIA AEROPORTUÁRIA.

Emergência aeronáutica significa a situação em que uma aeronave e seus ocupantes


se encontram sob condições de perigo latente ou iminente decorrentes de sua operação ou que
tenham sofrido suas consequências.
Emergência aeroportuária significa o evento ou circunstância, incluindo uma
emergência aeronáutica que, direta ou indiretamente, afete a segurança operacional ou ponha
em risco vidas humanas em um aeródromo.

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Considerando a atuação do bombeiro de aeródromo em emergências aeronáuticas ou
aeroportuárias, diversas ocorrências podem acontecer dentro da área do aeródromo,
considerando o conceito legal de acidente de trabalho, tais como:

Acidentes com deslocamento de viaturas;

Quedas etc;

Acidentes no manuseio de equipamentos (ex.: moto serra);

Inalação de gases tóxicos;

Contaminação por exposição a produtos perigosos;

Lesões e escoriações e Queimaduras nos membros superiores;
As consequências de uma emergência que colocam em risco os bombeiros de
aeródromos, faz-se necessário dispor de instruções específicas para sua atuação, as quais
deverão constar no Plano Contra Incêndio de Aeródromo – PCINC.
São exemplos de acidentes de trabalho mais comuns na área de resposta à emergência
aeroportuária a inalação de gases tóxicos, exposição a produtos perigosos, risco de quedas, além
das elencadas abaixo:

ACIDENTES COM CCI (DESLOCAMENTO DE VIATURAS DO SESCINC)

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ACIDENTES COM CCI (QUEDAS DE VIATURAS DO SESCINC)

ACIDENTES COM (MANUSEIO DE EQUIPAMENTOS

12
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INALAÇÃO DE GASES TÓXICOS

CONTAMINAÇÃO POR EXPOSIÇÃO A PRODUTOS PERIGOSOS

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LESÕES E ESCORIAÇÕES E QUEIMADURAS NOS MEMBROS SUPERIORES

7 CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Os acidentes do trabalho são causados por atos inseguros ou condições inseguras.

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Atos inseguros

Ação ou omissão do bombeiro de aeródromo que, contrariando preceitos de segurança,


pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente do trabalho.

O responsável por um eventual acidente do trabalho causado por um ato inseguro é,


portanto, o próprio bombeiro.

Exemplos de atos inseguros:

• Ordens mal executas;


• uso de ferramentas e equipamentos do SESCINC com finalidade diferente do
usual, ou de forma incorreta contrariando o manual de operação;
• não obedecer a sinais e instruções da área operacional do aeroporto, tais como:
limite de velocidade na via de serviço, ponto de parada para acesso à pista;
• não usar o EPI/EPR;
• uso de medicamento não relatado ao Chefe de Equipe, que prejudique a atuação
como bombeiro de aeródromo;
• realizar manobras em marcha à ré sem o apoio de um bombeiro de aeródromo
do lado de fora;
• não realizar os treinamentos obrigatórios afetos ao SESCINC;
• Etc.
Não uso de EPI

CONDIÇÕES INSEGURAS

Estão relacionadas com o local e/ou ferramenta ou equipamento de trabalho, que pode
causar ou favorecer a ocorrência de acidente do trabalho. Em geral, a existência de condição
insegura é de responsabilidade da organização.
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O responsável por um eventual acidente do trabalho causado por condição insegura é
do empregador.
As condições inseguras são tidas como falhas técnicas, que podem estar presentes no
ambiente de trabalho e que comprometem a segurança dos trabalhadores e a própria segurança
das instalações e dos equipamentos. Por outro lado, não se devem confundir condições
inseguras com o risco inerente a algumas operações afetas à atividade de bombeiro.
Exemplos de condições inseguras:
✓ CCI mal manutenido (pneus desgastados, mal conservados);
✓ falta ou fornecimento de EPI inadequado para a atividade;
✓ sinalização e orientação incorreta, como por exemplo o limite de altura máximo
para passagem de um CCI;
✓ etc.
RESUMO ATOS E CONDIÇÕES INSEGURAS

Quando envolvem o ambiente de trabalho, constituem causas de acidentes de trabalho


a ação da temperatura, iluminação, frio, calor, ruído, trepidações, e outras que podem causar no
organismo humano doenças ou danos à saúde. Vejamos:

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RISCOS AMBIENTAIS

A falta ou excesso de iluminação, além de interferir na qualidade final do serviço causa


também a redução da capacidade visual, devido ao esforço de fixação de imagem ou à contração
nos casos de excesso de iluminação. Considerando que o campo de atuação do bombeiro de
aeródromo é vasto a falta de iluminação adequada pode ser causa de acidente com bombeiro no
deslocamento para atendimento à emergência ou no próprio local.

Vibração

Problemas físicos motivados pela vibração aparecem em grande parte dos casos, após
longo tempo de exposição. Nos casos de vibração de todo o corpo, podem aparecer problemas
renais e casos de dores fortes na coluna. As vibrações localizadas nos braços e mãos, provocam
deficiências circulatórias e nas articulações. Exemplos: operação de moto serra, moto esmeril,
e operação prolongada de mangueiras pressurizadas.

Calor

Os trabalhadores expostos aos efeitos do calor estão propensos a problemas como


insolação, câimbras e alguns casos de problemas com o cristalino do globo ocular, mais
conhecida como a catarata. Convém esclarecer que os fatores comentados, geralmente
aparecem devido à exposição excessiva ao calor. Paralelamente ao calor podemos acrescentar
as chamadas radiações ultravioletas – que podem provocar queimaduras, inflamação nos olhos
(casos de conjuntivite) conforme o tempo de exposição.

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O ser humano mantém uma temperatura interna aproximadamente constante (em torno
de 37ºC) seja qual for a temperatura externa (do ambiente). Essa característica está ligada a
existência de um mecanismo fisiológico de regulação da temperatura interna do corpo, o qual
é responsável pela conservação e dissipação do calor.

Existem diversos métodos e estudos que pretendem avaliar, mediante a utilização de


um índice as características do ambiente, bem como, os limites aceitáveis de exposição ao calor
aos quais podem estar expostos os trabalhadores. No entanto, devido a grande quantidade de
variáveis envolvidas no processo não se conseguiu ainda nenhum método que reflita de maneira
fiel a avaliação da sobrecarga térmica. Portanto, para os serviços dos bombeiros tem-se que ter
a consciência de utilizar todos os meios de proteção.

Ruído
Certas máquinas, equipamentos, ou operações de aeronaves produzem um ruído agudo
e constante. Esses níveis sonoros, acima da intensidade aceitável, conforme específica
legislação de acordo com a duração de exposição no ambiente de trabalho, provocam, em
princípio, a irritabilidade ou uma sensação de ouvir o ruído mesmo estando em casa. Com o
passar do tempo, a pessoa começa a falar mais alto, ou perguntar constantemente, por não ter
entendido. Este é o início de uma surdez parcial que, com o tempo, passará ser total e
irreversível. Exemplo: Trânsito urbano, geradores, moto esmeril, motosserras, bomba do CCI,
etc.

Agentes químicos

Que constituem ação tóxica e venenosa no organismo. São responsáveis por alto
percentual de doenças profissionais. Os agentes químicos podem ser encontrados nas formas
gasosa, líquida, que quando absorvidos pelo nosso organismo, produzem, na grande maioria
dos casos, reações que são chamadas de venenosas ou tóxicas.
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Existem três meios básicos de penetração de tóxicos no corpo humano:

• Via respiratória: por inalação, isto é, ao respirar num ambiente contaminado.

Nas operações de transformação de um produto original pelo processamento industrial


dispersam na atmosfera substâncias, tais como: gases, vapores, névoas, gotículas, fumos,
poeiras, fumaças, etc. Exemplos: Fumaça em incêndios, gases ácidos, liberação de gases tóxicos
em acidentes com produtos químicos. Esses elementos penetram no organismo, pela via
respiratória, atingindo desde as vias áreas superiores até os alvéolos e o tecido conectivo
pulmonar, criando casos de asma, bronquites, pneumoconiose (alteração da capacidade
respiratória, devido à inalação de poeiras).

• Via cutânea: por contato com a pele, que absorve a substância tóxica.

A pele tem várias funções e entre elas a principal é a proteção contra as agressões
externas. Entretanto há vários grupos de substâncias químicas que penetram, principalmente,
pelos poros; desta maneira, algumas substâncias e vapores têm o poder de fixar-se no tecido
adiposo subcutâneo.

Uma vez absorvida, a substância tóxica entra na circulação sanguínea, provocando


alterações, as quais poderão criar quadros de anemia, alterações nos glóbulos vermelhos e
problemas da medula óssea.

A substância, uma vez fixada no órgão de afinidade. inicia os distúrbios no organismo,


levando muitas vezes, a sérios prejuízos à saúde.

• Via digestiva: pela ingestão, ao engolir, acidentalmente, o tóxico.

Os poucos casos, encontrados são de manifestação dentária, da mucosa ao longo do


tubo digestivo e do fígado. Certos hábitos tais como roer as unhas, ou limpá-las com os dentes
são as principais causas de ingestão de substâncias tóxicas.

Agentes mecânicos

Que constituem ação patológica de atritos e fricções, traumatismo e acidentes


profissionais no organismo humano, em função da natureza do trabalho.

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Os agentes mecânicos de doenças profissionais se caracterizam pelas atitudes e hábitos
profissionais, os quais são transmitidos ao esqueleto e órgãos do corpo. São os responsáveis
diretos por lesões e traumas provocados aos bombeiros, e os principais responsáveis por
acidentes do trabalho.

Exemplos:
• Ferramentas defeituosas;
• Máquinas sem proteção;
• Ligação elétrica deficiente.
Agentes biológicos

São microrganismos presentes no ambiente de trabalho, tais como: bactérias, fungos,


vírus, bacilos, parasitas e outros que constituem a ação de microrganismos patogênicos no
organismo humano, conforme o grau de exposição na natureza de seu trabalho. É uma área de
doença profissional complexa, porque o homem quando infectado se torna hospedeiro e
transmissor.

Esses microrganismos são invisíveis a olho nu, sendo visíveis apenas ao microscópio.
Estes agentes biológicos são capazes de produzir doenças, deterioração de alimentos, mau
cheiro, etc. Apresentam muita facilidade de reprodução, além de contarem com diversos
processos de transmissão.

Os casos mais comuns de manifestação são:

• Ferimentos e machucaduras onde podem provocar infecção e contaminação;


• hepatite, tuberculose, micoses da pele etc., que podem ser levados por outros
funcionários para o ambiente de trabalho;
• diarréias causadas pela falta de asseio e higiene em ambientes de alimentação.
Roupa de proteção química nível A e B

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Agentes ergonômicos

Está intimamente relacionada a ergonomia, que é o conjunto de conhecimentos sobre


o homem e seu trabalho. Tais conhecimentos são fundamentais ao planejamento de tarefas,
postos e ambientes de trabalho, ferramentas, máquinas e sistemas de produção, a fim de que
sejam utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência.

Comportamentos inadequados em desconformidade com a ergonomia podem criar


deformações físicas, atitudes viciosas, modificações da estrutura óssea, etc. Ex.: Levantar peso
de forma incorreta; postura inadequada em forma, etc.

8 FERRAMENTAS DE PREVENÇÃO

Prevenir é a melhor forma de evitar que os acidentes aconteçam. As ações e medidas


destinadas a evitar acidentes de trabalho estão diretamente dependentes do tipo de atividade
exercida, do local de trabalho e das tecnologias e técnicas utilizadas.

Higiene do Trabalho é a ciência e a arte dedicadas à antecipação, reconhecimento,


avaliação e controle de fatores e riscos ambientais originados nos postos de trabalho e que
podem causar enfermidade, prejuízos para a saúde ou bem-estar dos empregados. Visa a
antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais existir no trabalho,
levando-se em consideração a proteção do meio ambiente

Para se trabalhar com a higiene do trabalho, necessitamos fazer:

PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais é um conjunto de ações através


de etapas que visam a antecipação, reconhecimento, avaliação (qualitativa / quantitativa) e
consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes.

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, é parte integrante do


conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores

ANÁLISE DE RISCO Nessa metodologia ou técnica, faz-se um estudo dos riscos


presentes no ambiente de trabalho prevenção de acidentes, que são devidamente identificados
e analisados. Com base nos resultados obtidos, é possível adotar estratégias que visem à
segurança e à prevenção de possíveis acidentes.

REGISTRO DE PREVENÇÃO É uma ferramenta na qual o EMPREGADO


formaliza práticas que aconteceram na empresa e que podem gerar riscos para os trabalhadores.
Por exemplo, um empregado que não utilizou o EPI, ou, ainda que fez uso indevido de alguma
máquina ou equipamento.

Para se usar essa ferramenta de segurança do trabalho, é importante que a empresa


conte com a colaboração de TODOS.
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ABAIXO MODELOS DE ORDEM, ANÁLISE E PERMISSÕES DE
TRABALHO

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https://www.yammer.com/infraero.gov.br/#/threads/inGroup?type=in_group&feedId=11272
297&view=all

• Reconhecimento dos riscos (reconhecer os fatores ambientais que podem influir


sobre os trabalhadores, sobre os métodos de trabalho e nas instalações -- avaliação
qualitativa).
• Avaliação dos Riscos (avaliação quantitativa dos riscos através de medições com
o uso de equipamentos especializados e comparar os resultados com os limites de
tolerância existentes nas normas).
• Controle dos Riscos Ambientais: com os dados colhidos através de medições dos
equipamentos realizar as medidas de controle, baseados em procedimentos de
engenharia e nos recursos econômicos disponíveis.
A conscientização e o treinamento dos bombeiros são a melhor forma de prevenir
acidentes, complementado pela aplicação de medidas de segurança coletiva e individual
inerentes à atividade do SESCINC.
Basicamente, são três linhas de ação que podem ser colocadas em prática:

No âmbito da engenharia de segurança do trabalho

• Inspeção de segurança, com o levantamento das condições inseguras.


• Análise e investigação dos acidentes já ocorridos, com o levantamento de suas
causas.

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• Adoção de medidas de prevenção de acidentes, que são propostas de revisão dos
processos e operações que tragam maior segurança.

No âmbito de treinamento e educação

• Instruir os empregados quanto às precauções a tomar no sentido de prevenir


acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.
• Instruções sobre primeiros socorros.
• Campanhas de segurança - cartazes, placas, palestras, ...

Medidas disciplinares

Último recurso, pois não são bem aceitas.

9 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Portaria nº 3.214/78, Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e


Emprego.

BRASIL. Lei 8213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da


Previdência Social e dá outras providências.

BRASIL, ANAC. RBAC Nº 153, Emenda 04, de 15/05/2019 - Aeródromos: operação,


manutenção e resposta à emergência, alterado pela Res. nº 517, de 14/05/2019

BRASIL, ANAC. Resolução nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios


regulatórios quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e
Combate a Incêndio em Aeródromos Civis (SESCINC), alterada pela Res. nº 517, de
14/05/2019.

Revista CIPA - Ano XV -178. Título da capa: Explosão do Pó (pag. 47), SP, 1994

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 14280, 2009.

Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Seg. do Trabalho da Universidade Federal


Fluminense, RJ

A importância da segurança do trabalho. DP Union. Disponível em:


http://www.dpunion.com.br/blog/importancia-da-seguranca-no-trabalho-nas-empresas/.
Acesso em: 12 de abr. de 2016.

24
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
ANDRADE, F. Manual de Formação – Fundamentos Gerais de Segurança no Trabalho.
BESTCENTER. 2014

SILVA, M. S. G. Segurança do Trabalho. Polícia Militar do Paraná – Corpo de Bombeiros,


Curitiba. 2008.

TEIXEIRA, J. C. Fundamentos de Segurança no Trabalho. Faculdade de Engenharia UFJF,


Juiz de Fora, 4ª Edição. 2014.

https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-notrabalho/sst-menu/sst-
normatizacao/sst-nr-portugues?view=default

https://www.conceitozen.com.br/o-que-e-seguranca-do-trabalho.html

http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1998_art369.pdf

http://www.protecao.com.br/materias/memoria/teoria_de_heinrich/AcyJAJ

25
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DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 2 – FATORES
HUMANOS

Disciplina 3: Proteção Individual do


Bombeiro de Aeródromo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 6
4 TRAJE DE COMBATE A INCÊNDIO .............................................................................. 7
4.1 Componentes do TP ........................................................................................................ 7
4.1.1 Bota .................................................................................................................................. 7
4.1.2 Traje de Proteção (roupa de aproximação)....................................................................... 9
4.1.3 Capuz Tipo Balaclava .................................................................................................... 13
4.1.4 Capacete ......................................................................................................................... 15
4.1.5 Luva................................................................................................................................ 17
4.1.6 Protetor Auditivo ............................................................................................................ 18
5 TRAJE DE PROTEÇÃO PARA EMERGÊNCIA QUÍMICA ......................................... 20
6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (EPR) ......................................... 22
7 EXERCÍCIO DE COLOCAÇÃO DE EPI E EPR ............................................................ 30
8 SIMULAÇÃO DE SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA QUANTO AO USO DO EPR .... 30
9 CONCLUSÃO................................................................................................................... 31
10 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 31
INTRODUÇÃO

O operador de aeródromo deve disponibilizar equipamentos adequados de proteção


individual para todo o efetivo operacional do SESCINC, de forma a resguardar a integridade
física desses profissionais durante as operações de prevenção, salvamento e combate a incêndio
em aeronaves.

O Traje de Proteção (TP) é de utilização individual e obrigatória para todo o efetivo


operacional do SESCINC, segundo estabelecem normas da ANAC e do Ministério do Trabalho.
Esta última de observância obrigatória para bombeiros de aeródromos civis.

O TP tem como objetivo primordial a proteção corporal dos profissionais componentes


das equipes de serviço de um SESCINC, devendo ser utilizado sempre que a equipe for
acionada para o cumprimento de procedimentos operacionais. Deve ainda ser adequado às
características físicas e à função operacional de cada bombeiro de aeródromo.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Atividades operacionais do SESCINC - é o termo referente exclusivamente às atividades
relativas ao desempenho das funções operacionais, operacionais/supervisionais e
operacionais/gerenciais do Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndio em
Aeródromos Civis (SESCINC).
Bombeiro de aeródromo - é o profissional com habilitação específica para o exercício das
funções operacionais do SESCINC.
EPR de adução de ar - equipamento constituído de cobertura das vias respiratórias, interligada
por meio de mangueira ao sistema de fornecimento de ar respirável, que pode ser obtido por
simples depressão respiratória, forçado por meio de ventoinha ou ar comprimido respirável
proveniente de compressor ou cilindro.
EPR de demanda com pressão positiva – respirador de adução de ar no qual o ar respirável é
admitido à peça facial somente quando a pressão dentro dela é reduzida pela inalação, mas
permanecendo sempre positiva em relação ao ambiente.
EPR de demanda sem pressão positiva - respirador de adução de ar no qual o ar respirável é
admitido à peça facial somente quando a pressão dentro dela se torna negativa, em relação ao
ambiente, devido à inalação.

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EPR de demanda – significa que o ar armazenado no cilindro é mandado para o interior da
máscara facial somente pelo ato inalação. Uma mola ou membrana de alta sensibilidade é
responsável por liberar a passagem do ar no ato de inalação.
EPR de circuito fechado – significa que todo o gás exalado, ou parte dele, é purificado e
reinalado. O gás exalado pelo usuário, rico em gás carbônico, passa por uma camada de material
granulado contendo absorvente do dióxido de carbono antes de ser reinalado. Há respiradores
de circuito fechado que utilizam substâncias que geram, por meio de reações químicas, o
oxigênio necessário.
EPR de circuito aberto – nesse sistema o gás exalado sai para o ambiente externo em vez de
ser reinalado. O gás respirável mais utilizado é o ar comprimido. Existem modelos que operam
com pressão positiva e pressão negativa.
Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromo Civil (SESCINC) – é o
serviço composto pelo conjunto de atividades administrativas e operacionais desenvolvidas em
proveito da segurança contraincêndio do aeródromo, cuja principal finalidade é o salvamento
de vidas por meio da utilização dos recursos humanos e materiais disponibilizados pelo
aeródromo.
Traje de Proteção – é o conjunto de equipamentos de proteção individual apropriados às
operações de resgate e combate a incêndio.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


estabelecidos a seguir:

ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil.


EPI – Equipamento de Proteção Individual.
EPR – Equipamento de Proteção Respiratória.
ICAO – International Civil Aviation Organization.
NBR - Norma Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
NFPA – National Fire Protection Association.
PPM – Partes por milhão.
PTT – Push To Talk.

TP – Traje de Proteção

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4 TRAJE DE COMBATE A INCÊNDIO

O TP padronizado pela ANAC é formado por capacete, capuz tipo balaclava, traje de
proteção tipo aproximação, luva, bota e protetor auricular, com a finalidade de proteger o
bombeiro de aeródromo dos riscos inerentes à execução das atividade operacionais de
prevenção, salvamento e combate a incêndio.

4.1 Componentes do TP

Um conjunto padronizado de TP para bombeiro de aeródromo deve conter a seguinte


composição:

Capacete, com viseira móvel, que possua características de proteção contra impactos,
inclusive pontuais, resistência à condutividade elétrica e que seja indeformável sob ação de
calor irradiado;

Capuz tipo balaclava, com proteção térmica e antichama, com abertura elástica
ajustável e adequada ao uso por sobre a máscara facial do EPR;

Trajes de proteção, tipo aproximação, específico para operações de combate a incêndio


em aeródromos, composto de calça e jaleco, ambos impermeáveis, com isolamento térmico,
resistente ao calor irradiado e a contatos ocasionais com o fogo;

Luvas de material flexível e resistente, inclusive ao calor irradiado e a contatos


ocasionais com o fogo, e que permita a operação de botões, fechos e ferramentas manuais;

Botas de material leve, flexível, indeformável e resistente, inclusive ao calor irradiado


e a contatos ocasionais com o fogo, e que permita mobilidade adequada às atividades do
bombeiro de aeródromo e a operação de CCI e veículos de apoio as operações do SESCINC.

4.1.1 Bota

Foram confeccionadas especificamente para atender às necessidades de segurança no


que tange à proteção dos pés e pernas, principalmente quanto a exposições ao calor, objetos
cortantes ou perfurantes, impactos nos pés, bem como razoável proteção química contra
substâncias que possam ter no local de ocorrência, sem, contudo, reduzir a capacidade de
maneabilidade do bombeiro, devendo ainda ser confortável, leve e de fácil colocação.

a) Utilização

Para facilitar o calçamento, devem possuir alças resistentes que permitam colocá-las
com firmeza e rapidez.

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Para pronto emprego nas emergências a calça da roupa de aproximação deve estar
ajustada por sobre a bota.

• Introduza a calça do conjunto nas botas de


combate a incêndio, de forma que a boca do cano
da bota fique livre.
• Calce a bota de combate a incêndio ao mesmo
tempo que veste a calça da roupa de
aproximação. Para facilitar este processo, segure
a bota pelas alças laterais.
• Em seguida introduza os braços por dentro dos
suspensórios e levante vestindo a calça e
acomodando o suspensório nos ombros em um
só movimento.

b) Limitações operacionais
Alguns cuidados devem ser tomados pelo bombeiro durante o uso das botas de
combate a incêndio, dentre eles:
✓ Procure respeitar as restrições do fabricante da bota quanto a contato com
substâncias as quais podem deteriorá-la.
✓ Não entre em contato direto com as chamas, isto é, não deixe a bota permanecer
em contato direto com o fogo, nem em contato com agentes biológicos.
✓ Botas com o cano extremamente largo deverão ter especial atenção, por parte do
bombeiro, durante a sua utilização quanto aos aspectos de se evitar entrada de
água residual de incêndio, entrada de produtos químicos, entrada de brasas,
metais incandescentes bem como o acúmulo de gases de forma a se evitar uma
série de acidentes ao usuário da mesma.
✓ Deverá ser tomado um cuidado especial com a aderência em pisos cerâmicos ou
lisos com acúmulo de água por haver o perigo de quedas.

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c) Procedimentos de Manutenção
Lavagem manual com detergente neutro utilizando-se um pano úmido ou escova de
cerdas macias. Não utilizar alvejantes, solventes ou produtos à base de cloro na higienização.
Secagem ao natural ou manual com pano seco e limpo. Calçados submetidos a
condições molhadas deverão ser permitidos a secar naturalmente num ambiente fresco e seco.
Forçar a secagem poderá causar deterioração da parte superior e materiais do forro.
Em todo caso deve ser seguida a recomendação do fabricante.
Caso o calçado possua o cuidado necessário, seja usado no ambiente de trabalho
correto e guardado em condições secas e ventiladas, este poderá possuir uma boa vida útil, se
não houver falhas prematuras da sola externa e/ou parte superior.
A vida útil do calçado depende da correta escolha do mesmo para o ambiente de
trabalho requerido e a prevenção de contaminação e degradação.
Caso o calçado seja danificado, incorretamente lavado, ou alterado de sua forma
original, este não estará de acordo com o nível especificado de proteção e deverá ser substituído.
Limpe as botas após seu uso utilizando apenas sabão neutro e água, escovando-as com
uma escova de nylon, procurando retirar todo o sabão após a lavagem. Tenha certeza de retirar
qualquer óleo, sujeira, poeira, ou resíduo de produto químico.
Guarde as botas de maneira vertical (em pé), para amenizar dobras e amassados;
Mantenha o forro seco para prevenir mofo e enrole um pedaço de jornal, colocando-o
dentro das botas, de forma a ajudar a absorver os excessos de umidade.
Guarde as botas longe de motores elétricos e outros produtos de elementos que
contenham ozônio, bem como longe de lugares claros em demasia, luzes de neon e áreas úmidas
e sem ventilação.
Não faça marcas nas botas com qualquer substância que deteriore a borracha ou com
produto inf1amável, bem como nunca fure a bota.
Quando observar dobraduras, buracos na borracha, calcanhar liso, sola com traços
reduzidos de forma a perder o efeito antiderrapante ou vazamento através da bota, a mesma
deverá ser substituída.

4.1.2 Traje de Proteção (roupa de aproximação)

Traje de proteção ou também conhecido como roupa de aproximação é um EPI


destinado à proteção do usuário, membros e tronco, principalmente contra exposição aos
agentes térmicos em atividades de combate a incêndio.

a) Utilização

A roupa de aproximação foi projetada para proporcionar proteção limitada para as


pernas, tronco e braços contra os riscos que surgem de operações de combate a incêndio

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estrutural, e operações de salvamento não-relacionadas a incêndios, operações médicas de
emergência, e desencarceramento de vítimas. A roupa de aproximação oferece proteção contra:
✓ Calor e chamas.
✓ Penetração de alguns fluidos de automóveis e alguns outros produtos químicos.
✓ Penetração de sangue e outros fluidos corporais.
✓ Chuva e jatos d’água de mangueiras.
✓ Clima frio.
O tempo de vestimenta, ou seja, o tempo que o bombeiro de aeródromo gasta para se
equipar com o conjunto completo de EPI para bombeiro de aeródromo, é preponderante no
sucesso das ocorrências, tendo em vista que o tempo gasto para se chegar ao local da emergência
pode ser a diferença entre a vida e a morte das vítimas de um acidente.
O tempo que se gasta para vestir o EPI completo para bombeiro de aeródromo não
deve ser superior a 1 minuto.

Primeiro passo
• Vista a calça e ajuste o suspensório.

Segundo passo:

• Com os suspensórios já posicionados por sobre


os ombros, feche a braguilha (velcro e botão de
pressão ou o engate rápido tipo mosquetão, se
houver).

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Terceiro passo:

• Vista o blusão do conjunto de aproximação.


• Feche a lapela de fechamento. Importante que os
dois sistemas de fechamento estejam
adequadamente fechados.
Observação: a balaclava deve ser vestida antes do
blusão, veja item sobre utilização da balaclava.

Atenção

• Certifique-se que as alças existentes nos punhos


das mangas, tenham sido inseridas nos
polegares, oferecendo uma proteção extra ao
dorso da mão.

Quarto passo:

• Feche a gola, prendendo-a com o velcro.

b) Limitações operacionais
Um TP, com qualquer outro EPI, não oferece proteção ilimitada, integral e irrestrita
ao usuário, por esse motivo é necessário que o bombeiro de aeródromo conheça a limitação do
seu TP, o qual é indicado para contatos ocasionais com o fogo e por tempo de exposição
limitado, a fim de evitar exposição prolongada desnecessária.

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De outra forma, é importante que o bombeiro saiba que, ao estar completamente
equipado, seus sentidos de tato, visão e audição serão, significativamente, reduzidos pelo TP, o
que exige dele mais atenção e cuidado nas ações. A maioria dos equipamentos usados em
conjunto acaba por restringir os movimentos, os quais podem ficar lentos ou mesmo limitados,
exigindo maior esforço físico e atenção, além de aumentar o desgaste físico do bombeiro.
Trajes de proteção foram desenvolvidos para permitirem que os bombeiros se
aproximem e suprimam uma situação de incêndio, não são previstos para oferecer o nível de
proteção necessário para adentrar áreas de fogo ativo. A roupa de aproximação é diferente de
roupa de adentramento ao fogo. Roupas de adentramento permitem contato direto com o fogo
por determinado período de tempo e são normalmente aluminizadas.

O traje de combate a incêndio foi selecionado para ser adequado ao risco que o
bombeiro estará exposto, e contatos ocasionais com o fogo com tempo de exposição limitada.

É importante que o profissional tenha em mente que o TP não evita o acidente, mas
apenas atenua os efeitos de um acidente.

Mesmo sabendo da qualidade de proteção de seu equipamento, há um costume quase


mundial entre os combatentes de se molharem para entrar no incêndio. A água aplicada no EPI
dá uma sensação de frescor e segurança quando o bombeiro entra em um local que está
enfrentando altas temperaturas.

Entretanto, durante a exposição ao calor ambiente, a temperatura do TP se elevará mais


rapidamente do que se estivesse seco podendo causar sérias queimaduras por contato. A
absorção de calor pela água é 25 vezes maior que a absorção de calor pelo ar.

Além disso, existe a possibilidade de que o calor presente seja suficiente para evaporar
toda a água, causando queimaduras. Portanto, mesmo protegido com a roupa de aproximação o
bombeiro não deve se molhar antes de entrar no ambiente sinistrado.

c) Procedimentos de manutenção
Visando garantir que as roupas de aproximação fiquem higienizadas e prontas para
uso, um programa de manutenção deve ser seguido. Contudo, é importante saber que tecidos
intrinsecamente antichama, como as roupas de aproximação e o capuz tipo balaclava, não
perdem suas características antichama com as lavagens, desde que observadas as orientações
do fabricante.
O acondicionamento do TP deve ser feito em ambientes limpos, arejados e abrigados
da luz solar direta, separado dos demais equipamentos e vestimentas tais como uniformes e
roupas diversas. Deve ser acondicionado em local distante de produtos inflamáveis e químicos.
A inspeção do TP para verificação da manutenção da integridade deve ser feita após
cada higienização através de inspeção visual. Devem-se substituir peças quando necessário,
contatando o fabricante.
As orientações contidas nesta apostila não substituem as recomendações do fabricante.
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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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Não se deve fazer uso da vestimenta em caso de danos de qualquer natureza ou mesmo
suja. Vestimentas de bombeiro não proporcionam proteção adequada quando não seguidas as
instruções do fabricante para manutenção e higienização.
A higienização pode ser feita em lavagem industrial ou lavagem caseira.
Lavagem industrial: utilizar detergente com pH entre 7 e 8 (de neutro a básico),
podendo utilizar amaciante catiônico.
Lavagem caseira: utilizar sabão em pó neutro ou detergente neutro.
Orientações gerais para higienização roupa de aproximação:
✓ Lavar a roupa de aproximação separada das demais vestimentas.
✓ Lavar separadamente da camada externa do forro interno, caso este seja
destacável.
✓ Nunca utilizar alvejantes clorados, e nunca lavar a seco.
✓ Realizar enxágue adicional e centrifugação normal.
✓ A secagem deve ser ao natural e a sombra com a vestimenta pelo avesso. Para
secagem a quente não ultrapassar 60°C.
O TP possui vida útil limitada. O usuário deve inspecionar regulamente este traje e
retirá-lo do uso em caso de verificação visual de danos.
Uma inspeção adequada é feita pela visualização da camada externa do conjunto, em
busca de rasgos ou danos causados pelo contato direto do tecido com chamas e impregnação
com produto inflamável, como graxa ou combustível.
Se essas ações forem negligenciadas, pode haver uma redução do nível de segurança
oferecido pelos equipamentos, expondo o bombeiro a riscos desnecessários.
Nos conjuntos com forro removível, verifique se todos os botões estão fixados
adequadamente, proporcionando segurança e conforto durante a utilização. Verifique a fixação
do suspensório a calça, bem como a sua regulagem do tamanho.
Dada a urgência das ações de socorro, não haverá tempo ou condições, para realizar
esses ajustes na cena da emergência de forma eficiente. Também não é recomendável que o
bombeiro vista a roupa no interior de veículos em movimento, pois a tripulação deve se deslocar
com o cinto de segurança afivelado em respeito às normas de segurança.

4.1.3 Capuz Tipo Balaclava

Deve possuir abertura elástica ajustável na região da face. É importante observar a


compatibilidade desse EPI com o uso da máscara facial do EPR, pois há disponível no mercado
balaclavas cuja abertura facial, contempla apenas a região dos olhos, e a compatibilidade com
a máscaras faciais do EPR exige que a abertura contemple também nariz e boca.

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
a) Utilização

O capuz tipo balaclava deve estar inserido por baixo da gola da roupa de aproximação
a fim de proporcionar a proteção para a região do pescoço do usuário. Deve ainda estar sobre a
máscara facial de respiração autônoma e cobrir totalmente partes sensíveis do bombeiro como
orelhas e cabelos.

Para que o bombeiro fique devidamente protegido, a sequência da vestimenta do


conjunto completo de TP para bombeiro, inclusive EPR, deve-se observar o seguinte:
✓ Não vestir a balaclava por baixo da máscara facial do EPR.
✓ Não vestir a balaclava depois da capa da roupa de aproximação.
A balaclava poderá estar previamente ajustada no pescoço do bombeiro, para que ao
colocar a máscara facial a balaclava seja puxada para cobrir a cabeça do usuário.

Vista a balaclava.
Na sequência de vestimenta de TP, o capuz tipo balaclava deve
ser colocado depois da calça da roupa de aproximação e antes do
blusão (japona).
Ao colocar o blusão (japona) do TP e só em seguida o capuz tipo
balaclava, o bombeiro terá dificuldade em acomodar a aba dentro
da roupa de aproximação ou, erroneamente, deixar a aba do
capuz para fora da roupa de aproximação.
Se for utilizar a máscara facial do EPR, a balaclava deverá ser
totalmente acomodada no pescoço, com a cabeça inserida nos
dois orifícios da balaclava.
Após a colocação da máscara, a balaclava deverá ser puxada da
nuca por sobre a cabeça, para frente, cobrindo também a máscara
facial do EPR.

b) Limitações operacionais

Importante salientar, que em situações de ambientes com risco de explosão ambiental,


somente o uso conjunto do capacete de combate a incêndio com o capuz balaclava é que
proporcionará a devida proteção ao bombeiro, sob pena de o mesmo sofrer graves queimaduras
na região da cabeça e do pescoço, caso não ocorra o uso conjunto desses EPI.

c) Procedimentos de manutenção

O Capuz tipo balaclava pode ser lavado segundo orientações gerais para higienização
da roupa de aproximação, conforme abaixo:

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✓ Nunca utilizar alvejantes clorados, e nunca lavar a seco.
✓ Realizar enxágue adicional e centrifugação normal.
✓ A secagem deve ser ao natural e a sombra com a vestimenta pelo avesso. Para
secagem a quente não ultrapassar 60°C.
✓ Utilizar sabão em pó neutro ou detergente neutro.

4.1.4 Capacete

Capacetes oferecem proteção adequada contra impactos, são resistentes a penetração


e à condutividade elétrica, não suscetíveis à deformação pela absorção de calor.

Possui uma viseira móvel, resistente ao atrito, impacto e calor irradiado, oferece um
amplo ângulo de visão. Há também uma proteção ao pescoço por material aluminizado ou
tecido antichama.

O capacete deve permitir que possa ser utilizado em conjunto com máscara de EPR
quando em ambientes com atmosfera contaminada ou falta de oxigênio.

É possível ser utilizado um número realçado para identificar o usuário, aplicando-se


uma cor de contraste e um material refletor no casco.

a) Utilização
O capacete para combate a incêndio deve ser utilizado sobre a balaclava para proteção
do crânio, face e olhos contra impacto e agente térmico. Antes da utilização a suspensão com
sistema catraca deve ser regulada para permitir o ajuste na cabeça do usuário.
Em seguida, a tira jugular deve ser ajustada visando proporcionar maior estabilidade
ao usuário.

• Coloque o capacete de combate a Incêndio.


Na sequência de vestimenta do TP sem uso do EPR, o
capacete para combate a incêndio deve ser colocado
depois e do blusão (japona) da roupa de aproximação, já
com o capuz tipo balaclava, e antes das luvas, pois sem
as luvas é mais fácil fechar a tira jugular do capacete.

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b) Limitações operacionais

Há dois principais modelos de capacetes para combate a incêndios.


✓ Modelo Europeu;
✓ Modelo Americano.
O modelo americano possui aba em toda a
Modelo americano
circunferência da cabeça, o que proporciona ao bombeiro
maior proteção contra objetos que por ventura venham a
cair sobre a nuca e ombros. A sua viseira se ajusta mais
adequadamente aos diversos tipos de máscaras faciais dos
EPR.
No entanto, este capacete é limitado por não oferecer
proteção integral do crânio contrachoques, pois as partes
laterais estão protegidas somente pela extensão do protetor
de nuca.
Nesse modelo de capacete também há a limitação de
não proteção contra raios infravermelhos.
Maior instabilidade com os movimentos, ou seja, não
fixa à cabeça como o modelo europeu.

Modelo europeu O modelo europeu oferece proteção integral do crânio


inclusive ossos temporais da face. Possui uma viseira
externa que retém grande parte dos raios infravermelhos e
outra interna como proteção adicional a partículas
volantes.
A limitação deste modelo está na possível
incompatibilidade entre as máscaras dos Equipamentos de
Proteção Respiratória (EPR), pela interferência no
movimento de acionamento da viseira do capacete. O
capacete dá ao usuário uma maior sensação de isolamento,
o que pode ser perigoso ao não permitir perceber o real
poder calorífico do ambiente externo. Sua viseira limita a
recepção de sinais sonoros e de palavras de comando.

c) Procedimentos de manutenção

Alguns cuidados devem ser tomados pelo bombeiro durante o uso do capacete para
combate a incêndio, dentre eles:
✓ Depois de cada uso, guarde o capacete em local fechado (armário, estante)
longe de umidade, luz e fumaças de exaustão.

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✓ Evite quedas ou golpes no capacete, o que pode causar danos no casco externo
(risco ou arranhões), enfraquecendo o sistema de absorção ou danificando o
acabamento do capacete.
✓ Não guarde o capacete sem primeiro tê-lo limpo e seco.
✓ Não deixe o capacete exposto à luz solar por longos períodos, pois os raios
ultravioletas aceleram o processo de envelhecimento.
✓ Inspecione cada parte do capacete depois do uso e todos os pontos de fixação,
em particular verificando a ancoragem correta, desgastes visíveis, quebras e
ajustes corretos das partes.
Para a correta manutenção do capacete após o uso deve-se desmontar e limpar
separadamente os componentes removíveis, ex.: viseira e proteção de nuca.
A limpeza do casco e viseira e outras partes não têxteis podem ser limpas somente com
pano úmido. Não utilizar para a limpeza ou desinfecção solventes tais como acetona, álcool,
éter ou detergentes com partículas abrasivas.
A secagem deve ser ao natural ou manual com pano seco e limpo.
A pala protetora (protetor de nuca) deve ser removida e lavada conforme orientações
gerais para higienização da roupa de aproximação, veja abaixo:
✓ Nunca utilizar alvejantes clorados, e nunca lavar a seco.
✓ Realizar enxágue adicional e centrifugação normal.
✓ A secagem deve ser ao natural e à sombra. Para secagem a quente não ultrapassar
60°C.
✓ Utilizar sabão em pó neutro ou detergente neutro.

4.1.5 Luva

As luvas têm como característica se estender por sobre os pulsos, de modo a protegê-
los. Sua confecção permite ao usuário operar botões, fechos e ferramentas manuais. Devido a
natureza das operações de combate ao fogo sugere que o verso da luva deva ter uma superfície
protetora no dorso, de modo a minimizar os efeitos do calor irradiado, sendo que a palma e os
dedos são confeccionados com um material resistente à abrasão e à penetração de objetos
pontiagudos, relativa proteção contra fluídos e certos produtos químicos. Todas as costuras
devem ser resistentes à penetração de líquidos.

a) Utilização
Deve ser utilizada para segurança no que tange à proteção das mãos, principalmente
quanto a exposições ao calor, objetos cortantes ou perfurantes, bem como razoável proteção
química contra substâncias que possam haver no local de ocorrência, sem, contudo, reduzir a
capacidade de maneabilidade do bombeiro.

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Calce as luvas.

Na sequência de vestimenta do TP, a luva deve ser


calçada depois de colocado o capacete, por último.
Caso seja utilizado também o EPR, do mesmo modo, a
luva deverá ser calçada por último, após o encaixe da
válvula de demanda da máscara facial do EPR.

b) Limitações operacionais
Existem diversos tipos de luvas no mercado. O bombeiro de aeródromo deve ter em
mente para qual finalidade a luva será utilizada, se para operação de equipamentos, para
combate a incêndio ou atendimento pré-hospitalar. Para operação de equipamentos como serras,
cordas, desencarceradores, etc., exige-se da luva maior sensibilidade ao toque. Por outro lado,
a luva de combate a incêndio quanto mais eficiente neste quesito menor sensibilidade ao toque
a luva terá.
O bombeiro de aeródromo deve possuir uma luva que lhe permita a operação de
equipamentos, sem, contudo, prejudicar o combate a incêndio. Um tipo de luva para cada
atividade a ser exercida pelo SESCINC também é uma alternativa.

c) Procedimentos de manutenção

Para manutenção da luva recomenda-se seguir orientações conforme abaixo:


✓ Nunca utilizar alvejantes clorados, e nunca lavar a seco.
✓ Realizar enxágue adicional e centrifugação normal.
✓ A secagem deve ser ao natural e a sombra. Para secagem a quente não ultrapassar
60°C.
✓ Utilizar sabão em pó neutro ou detergente neutro.

4.1.6 Protetor Auditivo

Ruídos elevados podem produzir vários efeitos adversos que incluem desde
interferências nas comunicações, acidentes de trabalho até efeitos sobre a saúde e perdas
auditivas irreversíveis. Controles administrativos, técnicos e, sobretudo, dispositivos de
proteção aos trabalhadores são fundamentais para reduzir ou neutralizar a exposição.

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A atividade de bombeiro em um ambiente aeroportuário está também cercada por ruído
que é de difícil mitigação. Portanto, deve-se utilizar a medida preventiva de atenuar o ruído
nocivo, por meio da utilização de protetores auditivos, também conhecidos como protetores
auriculares.
Exige-se o uso de protetor auditivo no pátio de estacionamento de aeronaves sempre
que houver aeronaves com motor em funcionamento. No atendimento à emergência, o ruído
provocado por sirenes deve ser limitado ao deslocamento do CCI até o local da ocorrência,
evitando que permaneça ligado o tempo todo, diminuindo desse modo o tempo de exposição da
equipe aos ruídos.

Protetor auditivo tipo concha

É constituído de duas conchas de material plástico com bordas almofadadas. Tem


como vantagens a utilização simples e rápida, atenuação uniforme e o tamanho único. São
eficientes e fáceis de higienizar. Como desvantagem, poderíamos citar a impossibilidade de se
utilizar com capacetes de combate a incêndio utilizados pelos bombeiros de aeródromos.

Protetor auditivo tipo plug de inserção

De espuma moldável ou constituído de três flanges geralmente em silicone medicinal


para a inserção no canal auditivo. Sua aplicação é indicada quando necessário o uso de outros
EPI simultaneamente (óculos, capacetes e/ou respiradores autônomos). São pequenos e fáceis
de serem guardados e transportados e relativamente confortáveis (mesmo em ambientes
quentes). Como desvantagens podemos citar a necessidade de treinamento para colocação e
higienização.

a) Utilização

A utilização do EPI tipo concha é simples, basta ajustar a haste à circunferência da


cabeça e colocar confortavelmente nas orelhas segurando as conchas com as duas mãos. Em
seguida, retire o excesso de cabelo que porventura haja entre a concha e a cabeça.

O tipo plug de inserção requer um pouco mais cuidado. Se for do tipo espuma
moldável, primeiro é necessário moldá-lo. Em seguida, segure e puxe a orelha para cima e para
trás, para que o canal auditivo fique reto. Introduza o plug segurando-o com o dedo indicador
até que se expanda e ocupe o canal auditivo. Faça o mesmo com o outro lado conforme a figura
abaixo.

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b) Limitações operacionais

O tipo plug possui como limitação a impossibilidade de utilização por pessoas com
inflamação ou infecção no ouvido. Sua durabilidade é bem menor do que o tipo concha,
devendo ser trocado frequentemente. A colocação requer maior cuidado e o desconforto na
utilização é maior do que o tipo concha.

Já o tipo concha possui como limitação a impossibilidade de utilização com capacetes,


requerendo um modelo específico para utilização conjugada.

c) Procedimentos de manutenção

Não manuseie o protetor auditivo com as mãos sujas, principalmente os plugs de


inserção.

Após o uso, guarde em local limpo.

Limpe regularmente o protetor auditivo com pano úmido. As peças plásticas podem
ser lavadas com água e sabão neutro. Os protetores tipo plug moldáveis devem ser descartados
quando houver redução de sua reconstituição natural após pressionado.

5 TRAJE DE PROTEÇÃO PARA EMERGÊNCIA QUÍMICA

No que se refere ao atendimento aos acidentes envolvendo substâncias químicas, as


roupas de proteção química têm como finalidade proteger o corpo do contato e da ação dessas
substâncias, uma vez que as mesmas podem causar severos danos à pele ou podem ser
absorvidas pela mesma e, penetrando no organismo, afetar outros órgãos.

a) Utilização
Considerando o isolamento que esta roupa proporciona com o ambiente externo são
sempre utilizadas conjuntamente com os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR
adequados, essas roupas de proteção química protegem eficazmente as pessoas, em ambientes
hostis.
Recomenda-se que na operação de emergência química um bombeiro nunca atue
sozinho, mas sempre na companhia de um segundo bombeiro.
De igual modo é importante que o grau de proteção da roupa de proteção química
esteja adequado ao produto químico da emergência, observando as orientações contidas em
manuais de emergência em produtos químicos.
De maneira geral, as instruções para utilização consistem em:
✓ Utilize um auxiliar para vestir e despir um traje totalmente encapsulado;

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✓ Forre o chão para evitar contaminação e abrasão do EPI, de preferência apoie sobre uma
cadeira ao se preparar para vestir ou despir;
✓ Evite contato com cantos vivos, pontiagudos ou afiados, e remova itens pessoais que
porventura esteja usando, tais como: caneta, relógio, chaveiro, distintivo, pins/botons,
celular, crachá, sapatos, óculos, etc.
✓ Cheque o funcionamento do EPR e coloque-o próximo à roupa de proteção química;
✓ Cheque o tamanho das luvas, botas e da própria roupa de proteção;
✓ Uma inspeção visual e de pressão deverá ter sido feita previamente à utilização da roupa,
onde deve ser identificado o funcionamento da válvula de exaustão, coloração diferente,
manutenção da pressão interna, danos físicos, etc.
✓ Abra totalmente a roupa e, sentado, insira os pés e pernas. Estique as pernas ao máximo
enquanto puxa o traje até a cintura sem movimentos bruscos.
✓ Em pé, equipe com o EPR, em seguida vista as mangas da roupa e o capuz.
✓ Feche a roupa com o auxílio de um ajudante.
As ações após o atendimento da ocorrência são:
➢ Saia da área certificando-se que o EPR esteja funcionando corretamente, pois
ainda será necessário realizar os procedimentos de descontaminação (se
necessário), para remoção segura da vestimenta em local apropriado.
➢ Um auxiliar deverá verificar se houve exposição e contaminação da roupa para
realizar a descontaminação antes de retirá-la.
➢ Após a descontaminação realize inversamente os procedimentos para vestir a
roupa.
b) Limitações operacionais

Como limitador operacional da roupa de proteção química a dificuldade que o


bombeiro terá para se comunicar caso não esteja utilizando um rádio comunicador, devido a
estanqueidade que as roupas de proteção química proporcionam.
O bombeiro de aeródromo deve ter em mente que quanto maior o nível de proteção
que uma roupa oferece, menor será a mobilidade, o que acarretará maior desgaste físico do
usuário.
Roupa de proteção química, mesmo a Nível A não protege o usuário de todos os
produtos químicos existes. Por exemplo riscos radioativos, corrosivos, etc.
Há casos que também é recomendável a utilização de outros EPI, como o capacete,
pois a roupa de proteção contra produto químico não possui proteção contra riscos físicos tais
como: fogo, impacto de objetos contundentes ou cortantes, etc.
Roupas de proteção química, principalmente as que oferecem maior proteção requerem
auxílio para vestir e retirar do usuário.

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c) Procedimentos de Manutenção
Essas roupas de proteção devem, obrigatoriamente, serem submetidas a testes de
pressão e a testes de vazamentos, para assegurar a sua integridade.
Em caso de falha na vedação deve-se contatar o fabricante e não utilizar a roupa de
proteção química.
Para limpeza deve-se usar água e detergente. Pode esfregar com escova macia ou
toalha. A secagem deve ser feita em local fresco e ao natural sem exposição direta ao sol. Não
deve utilizar secadora ou secador, nem lavar a seco.

6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (EPR)

O Equipamento de Proteção Respiratória (EPR) é um equipamento que tem como


objetivo primordial o de manter o suprimento de ar respirável da equipe de serviço do
SESCINC. Está definido como equipamento no qual o usuário transporta o próprio suprimento
de ar respirável, o qual é independente da atmosfera ambiente.
a) Composição padronizada de EPR
Um conjunto padronizado de EPR é composto, no mínimo, de máscara facial; válvula
de demanda, cilindro de ar respirável, manômetro, regulador de pressão com demanda de
pressão positiva e alarme.

• Máscara facial (1);


• Tirantes (2)
• Válvula de demanda (3);
• Arreios (4);
• Cilindro (5);
• Manômetro (6);
• Cinto abdominal (7);
• Válvula de liberação do ar (8).

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Composição do cilindro de EPR

Acessórios do EPR

Conexão carona para 2º máscara HUD – Hands Up Display informa


facial. visualmente, diretamente na máscara
facial, a autonomia de ar do cilindro.

Amplificador de voz da máscara Intercomunicador para comunicação


facial. via rádio com demais membros da
equipe.

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Tecido antichama de proteção do
Elastômero de proteção do
cilindro.
cilindro.

b) Utilização do EPR

Cálculo de autonomia do cilindro


Para o caso do EPR, por se tratar de um equipamento de proteção respiratória
autônomo de circuito aberto, a utilização do mesmo deve ter o tempo de uso monitorado. De
acordo com normativo da ANAC o cilindro deve conter no mínimo 1.600 litros de ar respirável.
Para o cálculo de autonomia é necessário o conhecimento de duas informações do
cilindro:

• Pressão; e
• Volume.
Cilindros de material compósito possuem capacidade para armazenar ar comprimido
a uma pressão de 300 bar, sendo que já existe modelos com capacidade de armazenamento à
pressão de 380 bar.
Já os cilindros mais antigos de aço carbono, têm capacidade mais limitada e
armazenam ar respirável a 200 bar de pressão. Cilindros de material compósito e cilindros de
aço carbono são facilmente distinguíveis:

• Pelo peso
✓ Material compósito – mais leve;
✓ Aço carbono – mais pesado.

• Aparência visual
✓ Material compósito – brilhante com a resina externa
transparente.
✓ Aço carbono – geralmente pintado de cor amarela.

• Som do toque

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✓ Material compósito – som seco ao toque;
✓ Aço carbono – som metálico ao toque.
Em relação ao volume, há diversos disponíveis no mercado sendo os mais comuns
encontrar volumes de 6,8 litros e 9 litros.
Para o cálculo da quantidade de ar respirável em litros existente no interior do cilindro,
basta multiplicar a pressão indicada no manômetro pelo volume.

Exemplo:

Considerando um cilindro de composite, totalmente abastecido, temos 300 bar x 6,8


litros de volume = 2.040 litros de ar respirável.
Segundo o Programa de Proteção Respiratória da FUNDACENTRO, a cada minuto de
respiração humana normal adulta é consumido 50 litros de ar respirável.
Para se encontrar a autonomia em minutos desse cilindro basta dividir a quantidade de
ar respirável pela quantidade consumida em litros.
Portanto temos:
2040 (quantidade de ar em litros) / 50 (quantidade de ar consumida) = 40.8 minutos

Resumo:

T = tempo em minutos.
Há que se considerar que o consumo de 50 litros por minuto em cada respiração foi
estabelecido com base em uma situação normal sem estresse. Em uma situação de grande
esforço físico, pode-se chegar a consumir até 150 litros por minuto de volume de ar respirável.
Portanto, a autonomia do bombeiro de aeródromo com uso do EPR está em último caso limitado
à condição física do usuário.
Cabe ressaltar que o EPR possui um alarme mecânico que é ativado quando a pressão
do cilindro se encontra em um nível que recomenda a saída do bombeiro do local da emergência,
devido a iminência de acabar o suprimento de ar.

Colocação do EPR
O tempo que se gasta para vestir o EPI completo, inclusive com o EPR, não deve ser
superior a 1 minuto e 30 segundos.
Na demonstração abaixo, para colocação do EPR, o capacete e as luvas deverão ser
colocados posteriormente.

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Primeiro passo:

• O EPR deverá estar com os ajustes das


alças dos ombros (arreios), cinto
abdominal e tirantes da masca, folgados.
• A válvula de demanda não deve estar
acoplada à máscara facial.
• O EPR deverá estar sobre o piso na
posição horizontal e com a válvula de
abertura do cilindro voltada para frente e
aberta.

Segundo passo:

• Em posição de boa base segura firme


pelas alças do suporte.
• Os arreios deverão estar abertos para
que a pegada com as mãos na alça do
suporte esteja livre, por dentro.
• Em seguida eleve o EPR por sobre a
cabeça, deixando os arreios caiam por
fora do braço.

Terceiro passo:

• Ajuste primeiro o cinto abdominal e em


seguida os arreios (alças dos ombros).

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Quarto passo:

• Coloque a máscara facial ajustando os


tirantes

Quinto passo:

• Coloque a balaclava.
A balaclava deverá estar previamente
posicionada no pescoço do bombeiro. Neste
caso, após colocação da máscara facial, a
balaclava deverá ser puxada para frente por
sobre a cabeça.

Sexto passo:

• Coloque o capacete.

Sétimo passo:

• Insira a válvula de demanda.

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Oitavo passo:

• Calce as luvas.

c) Limitações operacionais
Segundo o Programa de Proteção Respiratória da FUNDACENTRO uma máscara
facial não deve ser utilizada por pessoas cujos pelos faciais (barba, bigode, costeletas ou
cabelos) possam interferir no funcionamento das válvulas, ou prejudicar a vedação na área de
contato com o rosto.
A comunicação entre os membros da equipe de bombeiros de aeródromo fica
prejudicada com a utilização de máscaras faciais caso a máscara não possua acessórios como
amplificador de voz ou comunicador rádio do tipo PTT – Push To Talk. O bombeiro de
aeródromo deve ter consciência dessa limitação para uso do EPR em ambientes com elevado
nível de ruído.
Caso o usuário necessite de óculos, a máscara facial deverá permitir utilização
simultânea, desde que as hastes ou tiras dos óculos não interfiram na vedação. Caso contrário
o bombeiro de aeródromo não deverá utilizar o EPR. O uso de lentes de contato somente é
permitido quando o usuário está perfeitamente acostumando ao uso desse tipo de lente.
As máscaras faciais dos equipamentos autônomos de respiração protegem as vias
respiratórias, o aparelho gastrointestinal e os olhos, do contato com tais substâncias. A roupa
de aproximação do bombeiro de aeródromo oferece proteção limitada da pele contra substâncias
químicas ou biológicas. O bombeiro deve ter em mente que somente as roupas de proteção
química protegem totalmente a pele do contato com substâncias que podem destruir ou ser
absorvidas por ela.

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d) Procedimentos de Manutenção

É necessário separar todas as peças tais como: presilhas, tirantes e alças.

Em seguida desmontar a peça facial, isto é, remover o diafragma de voz, membrana


das válvulas, válvulas de demanda, mascarilha e filtros.

Lavar a cobertura das vias respiratórias com uma solução aquosa de detergente para
limpeza normal com água morna no máximo a 43ºC, ou com a solução recomendada pelo
fabricante. Usar escova para remover a sujeira. Não usar escova com fios metálicos.

Enxaguar com água morna limpa (no máximo 43ºC), preferivelmente em água
corrente.

Quando o detergente não contém agente desinfetante, os componentes do respirador


devem ficar por 2 minutos numa das seguintes soluções:

• Solução de aproximadamente 100 ML de água sanitária (hipoclorito de sódio) em


10 litros de água morna; ou
• Solução aquosa de iodo (5 ppm de iodo) preparada pela mistura de 0,8 ml de
tintura de iodo (6 a 8 gramas de iodeto de amônia, ou iodeto de potássio em 100
ml de álcool etílico a 45%) em 1 litro de água a 43ºC;

Outra solução como, por exemplo, os sais quaternários de amônia, estão disponíveis
comercialmente e também é recomendada por fabricantes de EPR na higienização das
máscaras.

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Após o processo de lavagem deve-se enxaguar bem os componentes com água morna
(43ºC), preferivelmente em água corrente. Escorrer. É importante enxaguar bem, pois o
desinfetante ou o detergente que secar na peça facial poderá provocar dermatite. Além disso, a
não remoção completa desses agentes pode causar deterioração da borracha ou provocar
corrosão das partes metálicas.

Os componentes devem ser secos manualmente com o auxílio de um pano de algodão


seco, que não solte fios, ou com uso de jato de ar comprimido.

Ao montar novamente a peça facial e recolocar os filtros, verificar se todos os


componentes estão funcionando perfeitamente e substituir quando necessário, contatando o
fabricante.

Por fim, considerando que a máscara será utilizada para respiração humana, sendo
necessário alto grau de conservação, livre de poeira e detritos que possam ser aspirados,
recomenda-se envolver a máscara facial com plástico filme para evitar acúmulo de poeira ou
mesmo presença indesejável de insetos.

Os cilindros de ar respirável devem ter os registros dos testes hidrostáticos marcados


no próprio corpo do cilindro. Cilindros de composite devem ser ensaiados de acordo com a
ABNT/NBR 12790 de 1993.

7 EXERCÍCIO DE COLOCAÇÃO DE EPI E EPR

Para maior familiarização dos alunos quanto ao correto uso do EPI requeridos para as
atividades do SESCINC, será realizado um exercício onde cada aluno será orientado e terá a
oportunidade de experimentar a colocação do EPI (japona, calça, balaclava, capacete, luvas e
bota) e o EPR.

A forma como exercício será conduzido, os recursos materiais e os equipamentos que


serão utilizados na prática estão detalhados e relacionados no Guia Técnico da prática Ap2,
“2.3 GT Proteção Individual de Bombeiro de Aeródromo”.

8 SIMULAÇÃO DE SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA QUANTO AO


USO DO EPR

Para treinamento dos alunos quanto as ações que devem adotadas em ocorrência de
emergência utilizando o Equipamento de Proteção Respiratória, serão simuladas as seguintes
situações:
• Acionamento do alarme indicador de baixo suprimento de ar.

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• Fim do suprimento de ar.
• Mau funcionamento do regulador.
• Bocal e mangueiras danificadas.

A forma como exercício será conduzido, os recursos materiais e os equipamentos que


serão utilizados na prática estão detalhados e relacionados no Guia Técnico da prática Ap2,
“2.3 - GT Proteção Individual de Bombeiro de Aeródromo”.

9 CONCLUSÃO

Por meio do todo o exposto o bombeiro de aeródromo é capaz de ter em mente a


importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção
Respiratória (EPR), bem como suas características, limitações e utilização, podendo fazer uso
e aplicá-lo de acordo com o risco a fim de proteger sua integridade física em busca da sua
missão principal que é a de SALVAR VIDAS.

10 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, ANAC. RBAC Nº 153, Emenda 04, de 15/05/2019 - Aeródromos: operação,


manutenção e resposta à emergência. Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.

BRASIL, ANAC. Res. nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios regulatórios


quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromos Civis (SESCINC). Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.

Academia de Bombeiros Militar – Bombeiro Militar do Estado de Minas Gerais. (Apostila).


Disponível em: http://www.bombeiros.mg.gov.br/institucional.html. Acesso em: 03 de dez.
2015.

Catálogo técnico Drager. Disponível em: http://www.draeger.com. Acesso em: 4 de dez.


2015.

Catálogo técnico MSA. Disponível em: http://revistamsa.com.br/category/catalogos/. Acesso


em: 04 de dez. 2015.

Coletânea de Manuais Técnicos Bombeiros – Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.


Disponível: http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/. Acesso em: 09 de dez. de 2015.

Equipamento de Proteção Individual (Apostila). LAINHA, Marco Antônio José; HADDAD,


Edson. Portal SESMT, 2013.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
INTERNATIONAL CIVIL AVIATION ORGANIZATION - ICAO. Airport Services
Manual: Part 1 – Rescue and fire fighting. Doc 9137 – AN/898. 4. ed. 2014.

Programa de Proteção Respiratória – FUNDACENTRO. Disponível em:


www.fundacentro.gov.br. Acesso: em 10 de dez. 2015.

Saúde Ocupacional – Rede E-tec. Brasil. (Apostila) Disponível em:


http://redeetec.mec.gov.br/. Acesso em: 07 de dez. 2015.

TORLONI, Maurício. Programa de proteção respiratória: seleção e uso de respiradores. São


Paulo, FUNDACENTRO, 2002.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 3 – ATENDIMENTO
PRÉ-HOSPITALAR (APH)

Disciplina 3.01: Procedimentos


Operacionais de APH
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 7
4 AVALIAÇÃO DO CENÁRIO DE EMERGÊNCIA .......................................................... 7
5 SEGURANÇA DO APH ................................................................................................... 10
5.1 Segurança no Local ....................................................................................................... 10
5.2 Abordagem das vítimas ................................................................................................ 13
6 ANÁLISE DE VÍTIMAS .................................................................................................. 14
7 SIMULAÇÃO DE EXAMES PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO EM VÍTIMAS DE
TRAUMAS............................................................................................................................... 15
8 SIMULAÇÃO DE EXAMES PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO EM VÍTIMAS DE
TRAUMAS............................................................................................................................... 24
9 TRIAGEM DE VÍTIMAS ................................................................................................. 24
9.1 Prioridade no atendimento à vítima (Método de triagem START) .............................. 25
10 VIAS AÉREAS ................................................................................................................. 30
11 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS QUE APRESENTAM
OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO ........................................... 31
12 TÉCNICAS DE REANIMANÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) ................................ 37
12.1 Parada Cardíaca ............................................................................................................ 37
13 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO COM VÍTIMAS QUE APRESENTAM PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA ................................................................................................... 38
13.1 Procedimentos Básicos ................................................................................................. 39
14 DESFIBRILAÇÃO EXTERNO AUTOMÁTICO - DEA ................................................ 43
15 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS QUE APRESENTAM PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA UTILIZANDO O DEA ............................................................. 44
16 ESTADO DE CHOQUE ................................................................................................... 47
16.1 Tipos de Choque ........................................................................................................... 48
17 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS NO ESTADO DE CHOQUE ....... 52
18 CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS ............................................................................... 52
19 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO ................................................................................... 55
20 CLASSIFICAÇÃO DE HEMORRAGIAS, FERIMENTOS E QUEIMADURAS .......... 58
20.1 Hemorragias .................................................................................................................. 58
20.2 Ferimentos .................................................................................................................... 59
20.3 Queimaduras ................................................................................................................. 60
21 TÉCNICAS DE TRATAMENTO..................................................................................... 64
21.1 Hemorragias .................................................................................................................. 64
21.2 Ferimentos .................................................................................................................... 67
21.3 Queimaduras ................................................................................................................. 75
22 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS QUE APRESENTAM FRATURA
EM MEMBROS, HEMORRAGIAS, FERIMENTOS E/OU QUEIMADURAS .................... 76
23 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO E REMOÇÃO DE VÍTIMAS. ................................. 76
24 SIMULAÇÃO DO TRANSPORTE DE VÍTIMAS TRAUMÁTICAS ............................ 88
25 CONCLUSÃO................................................................................................................... 88
26 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 89
INTRODUÇÃO

Numa situação de urgência/emergência, a vítima não poderá receber os cuidados


adequados se seus problemas não forem corretamente identificados. Portanto, a avaliação do
paciente deverá ser realizada pelos socorristas para identificar possíveis lesões (traumas) e
doenças (emergências médicas) ou ambas.
Na área do socorro pré-hospitalar, o trabalho de avaliação deverá ser realizado de
forma ágil, segura e meticulosa, através da coleta sistemática (passo a passo) de dados para
determinar o estado de saúde do paciente, identificar quaisquer problemas efetivos ou
potenciais e implementar as ações de socorro necessárias ao suporte básico de vida do mesmo.
Esta avaliação deverá ser, sempre que possível, realizada em equipe, buscando primeiramente
identificar e corrigir de imediato os problemas que ameaçam a vida a curto prazo.
Portanto a melhoria contínua na qualidade no APH em situações adversas para os
Bombeiros de Aeródromo é fundamental atualizar seus conhecimentos de procedimentos
operacionais de APH, extraindo dados importantes para continuidade do atendimento da vítima,
evitando assim desentendimento nos procedimentos.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:

Anafilático: Reação violenta do organismo por certas substâncias.


Apêndice Xifóide: Alongado e cartilaginoso em forma de espada.
Apnéia: suspensão da respiração.
Bradicardia: redução do batimento cardíaco.
Bradispnéia: respiração lenta.
Cadiogênico: falha no bombeamento do sangue.
Cefaléia: dor de cabeça.
Cianose: coloração azulada, rocheada.
Crepitação: estalos.
Derme: abaixo da pele.
Dispnéia: dificuldade na respiração.
Epiderme: superfície da pele.
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Eritema: pele inflamada.
Eupnéia: facilidade para respirar.
Flictena: bolha.
Gasping: ou Respiração Agônica, também chamada de “Gasping”, Respiração Ofegante,
Respiração Cheyne-Stokes e Estertor, como os nomes indicam, são quando uma última medida
que o corpo adota para se salvar, apresentando movimentos respiratórios assincrônicos não
efetivos, caracterizado por altas amplitudes de curta duração com períodos de apneias
subsequentes, indicando mau prognóstico.
Hemodinâmica: estudo do movimento do sangue.
Hemóstase: efeito de estancar uma hemorragia.
Hemopericárdio: presença de sangue entre os dois folhetos do pericárdio.
Hiperemia: abundância de sangue em certa parte do corpo.
Hipertemia: aumento de temperatura.
Hipotermia: diminuição de temperatura.
Hipovolêmico: perda de líquido.
Hipóxia: Baixa concentração de oxigênio nos tecidos orgânicos cuja ocorrência é atribuída a
diversos fatores.
Insolação: aquecimento do corpo pelo Sol.
Intermação: aquecimento do corpo por doença.
Liquor: líquido procedente do cérebro, amarelado ou com sangue.
Manobra de Heimlich: nome do alemão criador da manobra. Midríase: Dilatação da Pupila.
Miose: contração da pupila.
Oclusivo: fechado.
Ortopnéia: dificuldade de respirar deitado, melhor sentado ou em pé.
Pelve: bacia.
Perfusão: passagem líquida capilar (passagem de sangue nas veias).
Pneumotórax: introdução espontânea ou acidental, de ar na membrana do pulmão.
Prurido: Coceira.
Séptico: provocado por infecção.
Sudorese: suor.
Taquicardia: aumento do batimento cardíaco.
Taquipnéia: respiração curta e acelerada.
Traqueostomia: abertura na traquéia.

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SCQ - Superfície Corporal Queimada.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil;
APH – Atendimento Pré-Hospitalar;
AVDI - Alerta Verbais Dolorosas Inconsciente.
BA-CE - Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço.
BA-LR - Bombeiro de Aeródromo Líder de Equipe de Resgate.
DEA - Desfibrilador Externo Automático.
EPI – Equipamento de Proteção Individual;
OVACE - Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho.
M.R.M – Movimento Respiratório por Minutos.
NBR - Norma Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
PCS- Parada Cardíaca Súbita
PLEM – Plano de Emergência em Aeródromo;
PCINC – Plano Contraincêndio de Aeródromo.
RCE – Retorno Circulatório Espontâneo;
RCP - Reanimação Cardiopulmonar.
SCI - Seção Contraincêndio de Aeródromo;
SAV – Suporte Avançado de Vida.
SAMPLE – Sintomas, Alergia, Medicação, Passado Médico e antecedente cirúrgico, Líquido
e alimentos (última refeição), Evento.
SESCINC - Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis.
SCQ - Superfície Corporal Queimada.

4 AVALIAÇÃO DO CENÁRIO DE EMERGÊNCIA

Avaliação de Cena / Biomecânica do Trauma


Avaliação de um acidentado inicia-se antes mesmo da visualização da vítima, na pré-
hospitalar do atendimento. Na avaliação da cena, a observação das circunstâncias nas quais
ocorreu o evento, como o tipo de colisão, seja ela: frontal, lateral, traseira, o grau de
deformidade da aeronave, a altura da queda, a velocidade dos corpos, entre muitas outras,
permite que se estabeleça uma relação entre estes fatos e as possíveis lesões apresentadas pela
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vítima. Este estudo denomina-se cinemática do trauma, biomecânica do trauma ou mecanismo
do trauma.
Entretanto a primeira atitude a ser tomada no local do acidente é avaliar os riscos que
possam colocar em perigo a pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo
em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializado.
Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o número de vítimas e a
provável gravidade delas e todas as outras informações que possam ser úteis para a notificação
do acidente, bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI - luvas,
máscaras, óculos, capote, etc.).
Nesta fase a equipe de Bombeiros deverá atentar-se para:
• Avaliar a situação;
• Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
• Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros;
• Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos materiais e humanos visando
garantir a eficiência do atendimento ou seguir o plano previsto para atendimento a
emergências.
• Avaliação da cena, das forças envolvidas, da transferência de energia entre os corpos,
com o objetivo de compreender suas consequências.
• Avaliação da segurança da cena;
• Diagnóstico de lesões.
A análise da cinemática é realizada desde a chegada do socorro à cena e continua até
mesmo no atendimento intra-hospitalar.

Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após encontrá-las.

Embora existam vários mecanismos de trauma os mais comuns relacionam-se com o


movimento, respondendo pela maioria das mortes por trauma.
Cinemática do Trauma é, portanto, o processo de análise e avaliação da cena do
acidente, com o escopo de se estabelecer um diagnóstico o mais precoce possível das lesões
resultantes da energia, força e movimentos envolvidos. Através da cinemática do trauma o
socorrista pode informar para equipe médica dados de suma importância para o tratamento mais
adequado a ser dispensado na fase hospitalar, e também guiar seu próprio atendimento pré-
hospitalar. Esta ciência é baseada em princípios fundamentais da física:
Primeira Lei de Newton - "Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento
uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas a
ele." - Princípio da Inércia. (Mesmo que uma aeronave colida e pare, as pessoas no seu interior
continuam em movimento até colidirem com o painel, poltrona etc.).
Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma ou
lesões? Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física: “A energia pode ser
transformada de uma forma em outra em um sistema isolado, mas não pode ser criada ou

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destruída; a energia total do sistema sempre permanece constante”. Considerando-se o
movimento de um carro como uma forma de energia (energia cinética), quando o carro colide,
esta forma de energia é transformada em outras (mecânica, térmica, elétrica, química).
Considerando que E = m. V²/ 2, sendo E = energia cinética (movimento), m = massa
(peso), V = velocidade. Conclui-se que quanto maior a velocidade, maior a troca de energia
resultando assim em maiores danos aos organismos envolvidos. Para que um objeto em
movimento perca velocidade é necessário que sua energia de movimento seja transmitida a
outro objeto. Esta transferência de energia ocorre quando, por exemplo um objeto em
movimento colide contra o corpo humano ou quando o corpo humano em movimento é lançado
contra um objeto parado, os tecidos do corpo humano são deslocados violentamente para longe
do local do impacto pela transmissão de energia, criando uma cavidade, este fenômeno chama-
se “cavitação”. A avaliação da extensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe
penetração cutânea do que quando há uma lesão aberta.
Por isso é obrigatório pesquisar a história do evento traumático, isto é, avaliação do
cenário de emergência, com objetivo de prestar atendimento pré-hospitalar com eficiência.
Uma cavidade com deformação visível após um impacto é definida como
permanente. Já uma cavidade (ou deformidade) não visualizada quando o socorrista ou médico
examina a vítima é definida como temporária, na qual o tecido retorna para a sua posição
normal. A diferença entre as duas está relacionada a elasticidade dos tecidos.
A análise da cinemática é realizada desde a chegada do socorro à cena e continua até
mesmo no atendimento intra-hospitalar.
Observação: GOLDEN HOUR = HORA DE OURO para que seja prestado o atendimento
definitivo às lesões ameaçadoras da vida.
“Há uma ‘hora de ouro’ entre a vida e a morte. Se você estiver gravemente ferido, terá menos
de 60 minutos para sobreviver. Você pode não morrer imediatamente: isso pode acontecer três
dias ou duas semanas mais tarde – mas ocorreu alguma coisa em seu organismo que é
irreparável. ” (R. Adams Cowley - 1917-1991).

A história no trauma divide-se em três fases:

Pré-impacto: são os eventos que precedem o acidente, tais como ingestão de álcool e ou drogas,
condições de saúde do paciente (doenças preexistentes), idade, etc. Estes dados terão influência
significativa no resultado final.
Impacto: deve constar o tipo de evento traumático (ex. colisão automobilística, atropelamento,
queda, ferimento penetrante, etc.). Deve-se também estimar a quantidade de energia trocada
(ex. velocidade do veículo, altura da queda, calibre da arma, etc.).
Pós-impacto: ela se inicia após o paciente ter absorvido a energia do impacto. As informações
coletadas nas fases de pré-impacto e impacto são utilizadas para conduzir as ações pré-
hospitalares na fase de pós-impacto. A ameaça à vida pode ser rápida ou lenta, dependendo em
parte das ações tomadas nesta fase pela equipe de resgate. Portanto, as informações colhidas
pelas equipes a respeito dos danos externos e internos do veículo constituem-se em pistas para
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as lesões sofridas pelos seus ocupantes. Com isto, a identificação das lesões ocultas ou de
diagnóstico mais difícil são facilitadas, permitindo tratamento mais precoce reduzindo-se a
morbimortalidade dos pacientes. Algumas observações são muito comuns, tais como:
• Deformidades do volante de direção, sugerindo trauma torácico;
• Quebra com abaulamento circular do para-brisas indicando o impacto da cabeça, o que
sugere lesão cervical e craniana;
• Deformidades baixas do painel de instrumentos sugerindo luxação do joelho, quadril ou
fratura de fêmur.

CURVA DA MORTALIDADE NO TRAUMA


1ª FASE Morrem em minutos, Lesão a aorta, coração,
ocorrem secundário a lesões grandes vasos.
fatais.
2ª FASE Morrem em horas, Ruptura de baço, fígado,
secundário a lesões fraturas pélvicas.
ameaçadoras. Golden Hour.
3º FASE Morrem em semanas ou dias, Infecções, embolia gasosa ou
secundário as complicações gordurosa.
do trauma.

Segue abaixo o gráfico explicando a mortalidade do trauma.

Importante: Estudos demonstram que cerca de 50% dos doentes morrem no local do acidente
ou na primeira hora, justificando desta forma a necessidade de programas de prevenção.
Deste modo, ressalta-se a importância de se conhecer a história do acidente. Quando
bem acurada e interpretada pela equipe, tem-se a suspeita de mais de 90% das lesões antes de
ter contato direto com o paciente.

5 SEGURANÇA DO APH

5.1 Segurança no Local

São prioridades para manter seguro o local de uma ocorrência:

• Estacionar adequadamente a viatura de forma a proteger a equipe de trabalho;


• Sinalizar o local e a viatura;
• Isolar o local evitando a interferência de curiosos, acionando apoio;
• Eliminar os riscos no local (Conter vazamentos, etc.), acionando o apoio necessário.
Importante: a segurança pessoal é a primeira preocupação do socorrista, no local da
emergência. O desejo de ajudar as pessoas que têm necessidade de atendimento pode favorecer
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o esquecimento dos riscos no local. O socorrista deverá ter certeza de que está em segurança,
ao aproximar-se da vítima e que permanecerá em segurança, enquanto presta o atendimento.
Parte das preocupações do socorrista com a segurança pessoal está relacionada com a própria
proteção contra as doenças infectocontagiosas. O socorrista, avaliando ou prestando
atendimento às vítimas, deverá evitar contato direto com o sangue do paciente e outros fluídos
corpóreos, tais como vômitos, fezes, urina, suor, etc.
EPI – Equipamento de Proteção Individual
São quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra
possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma
determinada atividade. Um equipamento de proteção individual pode ser constituído por vários
meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários riscos
simultâneos. O uso deste tipo de equipamento só deverá ser contemplado quando não for
possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a
atividade. O socorrista é um profissional treinado para prestar os primeiros socorros a pacientes,
ainda no local da emergência, amenizando as dores e o sofrimento da vítima. Seus cuidados são
essenciais para salvar a vida dos pacientes e reduzir possíveis sequelas, uma vez que o socorrista
detecta o que está errado e providencia assistência de emergência sem causar maiores danos.
Importante:
O Socorrista sofre um risco de contrair uma doença infecciosa. Quais as precauções
que devem ser tomadas em cada caso? Segue alguns procedimentos importantes:
No começo de cada plantão, o bombeiro deve verificar se suas mãos estão sem cortes
ou arranhões e fazer curativo oclusivo com esparadrapo do tipo “micropore” sobre as lesões.
Se suas mãos estiveram em contato com sangue ou outros fluidos corporais, deve lavá-
las imediatamente com sabão e água. Em todos os casos de contato direto com sangue, deve-se
lavar imediatamente as mãos. As luvas sujas de sangue devem ser jogadas em um recipiente
pré-determinado, para serem descartadas de acordo com as normas sanitárias locais ou ser
submetida a um processo de desinfecção.
O bombeiro, deve saber que o sangue coagulado pode estar potencialmente infectado
com Hepatite B ou C e deve lavar suas mãos com água e sabão imediatamente após o contato.
Importante:
Programa de Imunização indicado para os integrantes das guarnições de Bombeiros:
• Influenza (gripe) – dose única anual;
• Hepatite B – 3 doses com intervalos (0 – 30 dias e 180 dias);
• SRC ou Tríplice Viral – (sarampo, rubéola e caxumba) – dose única (restrição para
gravidez); Febre amarela – dose única – validade 10 anos (para regiões endêmicas);
• Dupla adulta (dT) (antitetânica e antidiftérica) – 3 doses com reforço a cada 10 anos;
• Anti-tuberculose ou BCG – dose única.
As equipes de bombeiro devem limpar cuidadosamente todo o material, depois de cada
atendimento. O bombeiro deve usar luvas de látex para cuidar do equipamento usado na
assistência.

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As equipes de socorro devem usar luvas, máscaras e protetor ocular quando estão
trabalhando junto a uma vítima que está sangrando ou espirrando, evitando assim as doenças
infecciosas transmitidas por via respiratória ou sanguínea.
São considerados EPI quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por
uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício
de uma determinada atividade. Um equipamento de proteção individual pode ser constituído
por vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou
vários riscos simultâneos. O uso deste tipo de equipamento só deverá ser contemplado quando
não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se
desenvolve a atividade. O socorrista é um profissional treinado para prestar os primeiros
socorros a pacientes, ainda no local da emergência, amenizando as dores e o sofrimento da
vítima. Seus cuidados são essenciais para salvar a vida dos pacientes e reduzir possíveis
sequelas, uma vez que o socorrista detecta o que está errado e providencia assistência de
emergência sem causar maiores danos.
Em geral, o socorrista realiza trabalhos como estacar sangramentos, verificar pressão
arterial e imobilizar a vítima. Sua ação é comumente requisitada em acidentes de trânsito,
incêndios, acidentes domésticos e até emergências relacionadas a doenças.
Durante a realização de seu trabalho, é fundamental que o socorrista utilize
equipamentos de proteção individual (EPIs) que garantam sua proteção contra problemas
ergonômicos, acidentes e contaminações químicas ou biológicas. Saiba quais são a seguir.

EPI para socorrista


Uma vez que os doentes traumatizados frequentemente têm hemorragia externa e o
sague é um fluido corporal de risco elevadíssimo, devem ser utilizados dispositivos de proteção
durante o atendimento.

Barreiras Físicas:
Luvas: As luvas devem ser utilizadas quando se toca a pele não íntegra, mucosa ou áreas
contaminadas por sangue ou outros fluidos corporais. Tendo em vista a possibilidade de
ocorrerem perfurações nas luvas durante o atendimento ao doente, estas devem ser examinadas
regularmente em busca de defeitos e trocados imediatamente, caso seja observado qualquer
problema.
Mascaras e Protetores faciais: As máscaras servem para proteger as mucosas oral e nasal do
profissional de saúde da exposição a agentes infecciosos, especialmente em situações nas quais
há conhecimento ou suspeita da presença de patógenos de transmissão aérea. Caso as máscaras
ou os protetores faciais fiquem úmidos ou sujos, devem ser trocados imediatamente.
Proteção Ocular: A proteção ocular deve ser utilizada sempre que houver a possibilidade de
respingos de gotículas de fluidos infectados, como ocorre ao se entubar um doente que tenha
sangue na orofaringe. Os óculos comuns não são considerados adequados, pois não fornecem
proteção lateral.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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Aventais: Aventais descartáveis com forros plásticos impermeáveis oferecem a melhor
proteção, mas podem ser extremamente desconfortáveis e pouco práticos no ambiente pré-
hospitalar. Aventais ou outras roupas devem ser trocados imediatamente caso apresentem
sujidades.
Lembre-se: Cuidado ao abordar a vítima.

Segurança do socorrista
Lavar as mãos antes e após qualquer contato com a vítima. Lavagem das mãos é um
princípio fundamental no controle da infecção. As mãos devem ser lavadas com sabão e água
corrente sempre que ocorrer contaminação grosseira com sangue ou fluido corporal.
Observação: Antissépticos à base de álcool mostram-se úteis para evitar a transmissão dos
muitos agentes infecciosos, porém não são adequados quando as mãos estivem com sujidades
evidentes. No entanto, esses antissépticos podem limpar e proporcionar um efeito protetor em
situações nas quais não há água corrente ou sabão. Após a remoção das luvas, as mãos devem
ser lavadas com água e sabão ou com um antisséptico à base de álcool.

Utilizar sempre equipamento de proteção individual:


• Luvas de procedimento;
• Máscara descartável;
• Óculos de proteção.
Evitar contato direto com fluidos corpóreos e secreções (sangue, urina, fezes, vômito,
esperma, secreções vaginais, saliva).

Segurança da Vítima
• Lavar as mãos antes e após qualquer contato com a vítima;
• Trocar as luvas de procedimentos antes de examinar outra vítima;
• Descontaminar todo material antes de utilizar na próxima vítima;
• Utilizar preferencialmente material estéril para curativo (compressas ou plásticos
estéreis) em casos de feridas abertas.

5.2 Abordagem das vítimas

A partir do momento em que a equipe de socorristas realiza abordagem da vítima com


ferimentos e sangramentos onde será necessário realizar abordagem, faz necessário a devida
importância à segurança e proteção individual e da equipe, resguardando a si e a todos de
possíveis acidentes ocupacionais ou constrangimentos perante os circunstantes. Usar luvas,
máscaras, óculos principalmente quando houver o risco potencial de contato com secreções ou
a suspeita de enfermidades passíveis de contágio. A segurança da cena, na presença de
animosidades exaltadas, por intermédio de acompanhantes ou desconhecidos, deve ser
resguardada pela equipe a fim de promover um atendimento adequado.
Nota: A abordagem da vítima na cena começa bem antes de o socorrista chegar ao lado da
vítima. O despacho inicia o processo, fornecendo informações sobre o incidente e o doente, o
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processo, com base em relatos de testemunhas ou em informações oriundas da segurança
pública ou de outras unidades que chegaram antes ao local. O processo de obtenção de
informações no local começa imediatamente na chegada da cena.
Dedicar algum tempo ao preparo mental para um chamado, a praticar princípios
básicos de comunicação entre os parceiros de trabalho, são fatores capazes de fazer a diferença
entre uma ocorrência bem-conduzida e uma confrontação hostil (ou uma agressão física). Boa
observação, percepção e habilidades de comunicação são as melhores ferramentas.
A aparência do local cria uma impressão que influencia toda a avaliação: portanto, a
avaliação correta da cena é crucial. Uma grande variedade de dados é obtida simplesmente
olhando, observando, ouvindo e processando o máximo de informações possíveis, incluindo os
mecanismos do trauma, a situação atual e o grau geral de segurança.

6 ANÁLISE DE VÍTIMAS

O objetivo do atendimento inicial à vítima de trauma é identificar rapidamente


situações que coloquem a vida em risco e que demandem atenção imediata pela equipe de
socorro. Deve ser rápido, organizado e eficiente de forma que permita decisões quanto ao
atendimento e ao transporte adequados, assegurando à vítima maiores chances de sobrevida. O
atendimento inicial à vítima de trauma se divide em quatro etapas sequenciais:
1) Controle de cena;
2) Abordagem primária;
3) Abordagem secundária;
4) Sinais vitais e escalas de coma e trauma.

Controle de Cena
Segurança do Local Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de
socorro deve garantir sua própria condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes.
De nenhuma forma qualquer membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se
transformar em vítima, o que levaria a deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis
para aquela ocorrência.
Mecanismo de Trauma Enquanto se aproxima da cena do acidente, o socorrista
examina o mecanismo de trauma, observando e colhendo informações pertinentes. Em um
pouso de barriga, por exemplo, avaliar o tipo de colisão (frontal, lateral), aeronave envolvida,
danos na aeronave, número de vítimas, posição da aeronave e das vítimas, etc.

Ser ágil e decidido observando rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem
estiver prestando o socorro.

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7 SIMULAÇÃO DE EXAMES PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO EM
VÍTIMAS DE TRAUMAS

Exame Primário
Visa identificar e manejar situações de ameaça à vida, A abordagem inicial é realizada
sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, salvo em situações especiais que possam
comprometer a segurança ou agravar o quadro da vítima, tais como:
● Situações climáticas extremas: geada, chuva, frio, calor, etc.;
● Risco de explosão ou incêndio;
● Risco de choque elétrico;
● Risco de desabamento.

Nota: Só se justifica mobilizar a vítima de sua posição inicial na abordagem primária quando a
situação de risco não possa ser afastada. Por exemplo: Havendo risco de choque elétrico
e sendo possível a interrupção da passagem de energia, não há necessidade de mobilizar
a vítima. Na abordagem primária, havendo mais de uma vítima, o atendimento deve ser
priorizado conforme o risco, ou seja, primeiro as que apresentem risco de morte, em
seguida as que apresentem risco de perda de membros e, por último todas as demais.
Importante: Esta recomendação não se aplica no caso de acidente com múltiplas vítimas, onde
os recursos para o atendimento são insuficientes em relação ao número de vítimas e, por tanto,
o objetivo é identificar as vítimas com maiores chances de sobrevida.

A exame primário é realizada em duas fases: INICIAL e DETALHADA

Nota: A discussão seguinte abordará os componentes específicos da avaliação primária e a


ordem de prioridade para um atendimento ideal do doente.

O exame primário começa com uma visão geral simultânea ou global da condição dos sistemas
respiratório, circulatório e neurológico do doente para identificar problemas externos
significativos óbvios relacionados à oxigenação, circulação, hemorragia ou deformidades
macroscópicas.
Nota: Pesquisa primaria mudou de ABC para CAB, a pesquisa principal do paciente vítima de
trauma agora enfatiza o controle de sangramento externo com risco de vida como o primeiro
passo da sequência. Enquanto as etapas do exame primário são ensinadas e exibidas de forma
sequencial, muitos dos passos podem, e devem ser realizados simultaneamente. Os passos
podem ser lembrados usando o mnemônico XABCDE:
X - Hemorragias Exsanguinolenta (Controle de Sangramento Externo); A - Gerenciamento de
vias aéreas e estabilização da coluna cervical; B - Respiração (ventilação e oxigenação); C -
Circulação (perfusão e outras hemorragias); D – Deficiência; E - Expor / ambiente.

a) Exame Primário Inicial

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É a avaliação sucinta da respiração, circulação e nível de consciência. Deve ser
completada em no máximo 30 segundos. Tem por finalidade a rápida identificação de
condições de risco de morte (X: Hemorragias Exsanguinolenta: choque hipovolêmico:
controle da hemorragia deve ser feito o mais rápido possível pois está situação poderá levar a
morte), o início precoce do Suporte Básico de Vida (SBV) e o desencadeamento de recursos de
apoio, tais como médico no local e aeronave para o transporte.
No exame primário inicial devem ser seguidos os seguintes passos:
• Identificação rápida da hemorragia exsanguinolenta. Se a hemorragia externa
exsanguinante estiver presente, deve ser controlada antes mesmo de prosseguir
avaliação, ou de outras intervenções.
Nota: Caso à vítima esteja em PCR, proceder para o tratamento.
• Aproximar-se da vítima pelo lado para o qual a face da mesma está voltada, garantindo-
lhe o controle cervical.
• Observar se a vítima está consciente e respirando. Tocando o ombro da vítima do lado
oposto ao da abordagem, apresente-se, acalme-a e pergunte o que aconteceu com ela:
“Eu sou o. (nome do socorrista), do Corpo de Bombeiros, e estou aqui para te ajudar. O
que aconteceu contigo?”. Uma resposta adequada permite esclarecer que a vítima está
consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que respira. Caso não haja resposta,
examinar a respiração. Se ausente a respiração, iniciar as manobras de controle de vias
aéreas e a ventilação artificial.
• Simultaneamente palpar pulso radial (em vítima inconsciente palpar direto o pulso
carotídeo) e definir se está presente, muito rápido ou lento. Se ausente, palpar pulso de
artéria carótida ou femoral (maior calibre) e, caso confirmado que a vítima está sem
pulso, iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar.
• Verificar temperatura, umidade e coloração da pele e enchimento capilar. Palidez, pele
fria e úmida e tempo de enchimento capilar acima de dois segundos são sinais de
comprometimento da perfusão oxigenação dos tecidos (choque hipovolêmico por
hemorragia interna ou externa, por exemplo), que exigem intervenção imediata.
• Observar rapidamente da cabeça aos pés procurando por hemorragias ou grandes
deformidades.
IMPORTANTE: Verifique se não há respiração ou se há somente gasping e verifique o pulso
(simultaneamente).
b) Exame Primário DETALHADO
Se o doente for incapaz de fornecer uma resposta ou aparentar angústia, deve-se iniciar
a avaliação primária detalhada para identificar os problemas com risco à sua vida. Em poucos
segundos, é obtida uma impressão geral da condição global do doente.
O exame primário, por meio de uma rápida análise das funções vitais, estabelece se o
doente está na iminência ou já se encontra em uma condição grave.
No exame primário detalhado segue-se uma sequência fixa de passos estabelecida
cientificamente. Para facilitar a memorização, convencionou-se o XABCDE do trauma para
designar essa sequência fica de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês)
que definem cada um dos passos:
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• Passo X – Hemorragia Exsanguínolenta (controle de Sangramento Externo);
• Passo A (Airway) – Vias aéreas com controle cervical;
• Passo B (Breathing) – Respiração (existente e qualidade);
• Passo C (Circulation) – Circulação com controle de hemorragias;
• Passo D (Disability) – Estado neurológico;
• Passo E (Exposition) – Exposição da vítima (para abordagem secundária).

Lembre-se de somente passar para próximo passo após ter completado o passo
imediatamente anterior. Durante toda a abordagem da vítima o controle cervical deve ser
mantido. Suspeitar de lesão de coluna cervical em toda vítima de trauma.
Passo X - Com trauma, com risco eminente a vida e hemorragia externa, esta deve
ser imediatamente identificada e gerenciada. Se a hemorragia externa exsanguinante estiver
presente, deve ser controlada antes mesmo da avaliação da via aérea (ou simultaneamente, se a
assistência adequada estiver presente na cena) ou realização de outras intervenções, como a
imobilização da coluna cervical. Este tipo de sangramento envolve tipicamente o sangramento
arterial de uma extremidade, mas também pode ocorrer no couro cabeludo ou na junção de uma
extremidade com o tronco e outros locais.
Nota: Hemorragia externa exsanguinante de uma extremidade é melhor administrada
imediatamente colocando um torniquete o mais próximo possível, isto é, perto da virilha ou da
axila, isto é, proximal.
Se a hemorragia externa exsanguinante estiver presente, deve ser controlada antes
mesmo da avaliação da via aérea ou realização de outras intervenções, como a imobilização da
coluna cervical.
IMPORTANTE: Os conceitos mais importantes a considerar quando tentar controlar
o sangramento em locais juncionais são (1) que uma grande quantidade de pressão direta e
compressão para os vasos sanguíneos que abrangem a área será necessária, e (2) uma pressão
direta com curativo, idealmente com um agente hemostático, deve ser colocada na superfície
aberta da ferida.
Passo A – Vias aéreas com controle cervical -Após o controle cervical e a
identificação, pergunte à vítima o que aconteceu. Uma pessoa só consegue falar se tiver ar nos
pulmões e se ele passar pelas cordas vocais.
Portanto, se a vítima responder normalmente, é porque as vias aéreas estão permeáveis
(passo A resolvido) e respiração espontânea (passo B resolvido). Seguir para o passo C. Se a
vítima não responder normalmente, examinar as vias aéreas. Desobstruir vias aéreas de sangue,
vômito, corpos estranhos ou queda da língua, garantindo imobilização da coluna cervical. Para
a manutenção da abertura das vias aéreas pode ser utilizada cânula orofaríngea ou nasofaríngea.
Estando as vias aéreas desobstruídas, passar para o exame da respiração (passo B).
Notas:
✓ Quanto ao controle da cervical: Se os dispositivos de imobilização que foram colocados
tiverem que ser removidos para reavaliar o doente ou realizar alguma intervenção
necessária, a RMC empregada até que o doente possa mais uma vez estar com Restrição
de Movimento da Coluna vertebral - RMC.
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✓ Se indicada a restrição de movimento vertebral, esta deve ser aplicada a toda a coluna
(lesões não contíguas), utilizando-se o colar cervical associado à estabilização do
restante da coluna. O colar cervical de tamanho adequado é um componente crítico da
RMC e deve ser usado para limitar o movimento do segmento cervical sempre que a
técnica for empregada.
✓ A própria musculatura paravertebral tem a função de restringir a coluna espinhal
potencialmente instável do paciente alerta, consciente e orientado. O profissional da
saúde apenas auxilia na redução da amplitude de movimento, mantendo a coluna em
posição neutra para aquele determinado paciente. Se utilizado colar cervical nesse
exemplo, este possui a função de lembrete para o paciente limitar o movimento do
pescoço.
✓ A RMC envolve a manutenção da posição neutra em todos os momentos do
atendimento: durante a extração, o transporte e a transferência do paciente para o leito
hospitalar. A técnica requer que a cabeça, o pescoço e o tronco da vítima estejam
apropriadamente alinhados. Isto pode ser obtido manualmente ou com o uso de
equipamentos comercialmente disponíveis.
Passo B – Respiração - Checar se a respiração está presente e efetiva (ver, ouvir e
sentir). Se a respiração estiver ausente, iniciar respiração artificial (passo B resolvido
temporariamente). Estando presente a respiração, analisar sua qualidade: lenta ou rápida,
superficial ou profunda, de ritmo regular ou irregular, silenciosa ou ruidosa. Se observar sinais
de respiração difícil (rápida, profunda, ruidosa), reavaliar vias aéreas (passo A) e solicitar a
presença do médico no local. A necessidade de intervenção médica é muito provável. Se
observar sinais que antecedam parada respiratória (respiração superficial, lenta ou irregular),
ficar atento para iniciar respiração artificial. Iniciar a administração de oxigênio a 3 litros por
minuto, sob máscara de contorno facial bem-ajustado. Garantir que os passos A e B não sejam
interrompidos antes de passar ao exame da circulação (C).
Notas: A frequência ventilatória pode ser dividida em cinco níveis, são eles:
1. Apneia. O doente não está ventilando.
2. Lenta. Uma frequência ventilatória muito lenta pode indicar isquemia cerebral
(suprimento deficiente de oxigênio ao cérebro). Se a frequência ventilatória for
inferior 10 ventilações por minuto (bradipneia), é necessário auxiliar ou assumir
completamente a respiração do doente empregando dispositivo assistido (incluir
oxigênio suplementar).
3. Normal. Se a frequência ventilatória estiver entre 10 a 20 ventilações por minuto
(eupneia, uma frequência normal para o adulto), o socorrista observará o doente
com atenção. Embora o doente possa parecer estável, deve-se considerar o uso de
oxigênio suplementar.
Passo C – Circulação com controle de hemorragias - O objetivo principal do passo C
é estimar as condições do sistema circulatório e controlar grandes hemorragias. Para tanto
devem ser avaliados: pulso; perfusão periférica; coloração, temperatura e umidade da pele.
Neste passo também devem ser controladas as hemorragias que levem a risco de vida eminente.

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Pulso: Em vítima consciente, verificar inicialmente o pulso radial; se este não for
percebido, tentar palpar o pulso carotídeo ou o femoral; em vítima inconsciente, examinar o
pulso carotídeo do lado em que você se encontre. A avaliação do pulso dá uma estimativa da
pressão arterial. Se o pulso radial não estiver palpável, possivelmente a vítima apresenta um
estado de choque hipovolêmico descompensado, situação grave que demanda intervenção
imediata. Se o pulso femoral ou carotídeo estiver ausente, iniciar manobras de reanimação
cardiopulmonar. Estando presente o pulso, analisar sua qualidade: lento ou rápido, forte ou
fraco, regular ou irregular.
Perfusão Periférica: A perfusão periférica é avaliada através da técnica do enchimento
capilar. É realizada fazendo-se uma pressão na base da unha ou nos lábios, de modo que a
coloração passe de rosada para pálida. Retirando-se a pressão a coloração rosada deve retomar
num tempo inferior a dois segundos. Se o tempo ultrapassar dois segundos é sinal de que a
perfusão periférica está comprometida (oxigenação/perfusão inadequadas). Lembre-se que à
noite e com frio essa avaliação é prejudicada.
Coloração, temperatura e umidade da pele cianose e palidez são sinais de
comprometimento da oxigenação/perfusão dos tecidos. Pele fria e úmida indica choque
hipovolêmico (hemorrágico).
Controle de Hemorragias: Se o socorrista verificar hemorragia externa, deve utilizar
métodos de controle. Observando sinais que sugerem hemorragia interna, deve agilizar o
atendimento e transportar a vítima o mais brevemente possível ao hospital, seguindo sempre as
orientações da Central de Emergências.
Passo D – Estado Neurológico Tomadas as medidas possíveis para garantir o ABC,
importa conhecer o estado neurológico da vítima (passo D), para melhor avaliar a gravidade e
a estabilidade do quadro. O registro evolutivo do estado neurológico tem grande valor. A vítima
que não apresente alterações neurológicas em um dado momento, mas passe a apresentá-las
progressivamente, seguramente está em situação mais grave que outra cujo exame inicial tenha
mostrado algumas alterações que permaneçam estáveis no tempo. Na avaliação do estado
neurológico o socorrista deve realizar a avaliação do nível de consciência e o exame das pupilas.
Nota: O objetivo do PASSO D é determinar o nível de consciência do doente e
verificar o potencial para hipóxia (diminuição de oxigênio).

Avaliação do Nível de Consciência


Deve sempre ser avaliado o nível de consciência porque, se alterado, indica maior
necessidade de vigilância da vítima no que se refere às funções vitais, principalmente à
respiração. A análise do nível de consciência é feita pelo método AVDI, de acordo com o nível
de resposta que a vítima dá aos estímulos:
A – Vítima acordada com resposta adequada ao ambiente.
V – Vítima adormecida. Os olhos se abrem mediante estímulo verbal.
D – Vítima com os olhos fechados que só se abrem mediante estímulo doloroso. O estímulo
doloroso deve ser aplicado sob a forma de compressão intensa na borda do músculo
trapézio, na região póstero-lateral do pescoço.
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I – Vítima não reage a qualquer estímulo. A alteração do nível de consciência pode ocorrer
pelos seguintes motivos:
• Diminuição da oxigenação cerebral (hipóxia ou hipoperfusão);
• Traumatismo cranioencefálico (hipertensão intracraniana);
• Intoxicação por álcool ou droga;
• Problema clínico metabólico.

Exame das Pupilas

Em condições normais as pupilas reagem à luz, aumentando ou diminuindo seu


diâmetro conforme a intensidade da iluminação do ambiente. O aumento do diâmetro, ou
midríase, ocorre na presença de pouca luz, enquanto a diminuição, ou miose, ocorre em
presença de luz intensa.
Quanto à simetria, as pupilas são classificadas em isocóricas (pupilas normais ou
simétricas), que possuem diâmetros iguais, tem um diâmetro de 3 a 4 milímetro, e anisocóricas
(pupilas anormais ou assimétricas), de diâmetros desiguais. O socorrista deve avaliar as pupilas
da vítima em relação ao tamanho, simetria e reação à luz. Pupilas anisocóricas sugerem
traumatismo ocular ou cranioencefálico. Neste caso a midríase em uma das pupilas pode ser
consequência da compressão do nervo oculomotor no nível do tronco encefálico, sugerindo um
quadro de gravidade. Pupilas normais se contraem quando submetidas à luz, diminuindo seu
diâmetro. Se a pupila permanece dilatada quando submetida à luz, encontra-se em midríase
paralítica, normalmente observada em pessoas inconscientes ou em óbito. Pupilas contraídas
(miose) em presença de pouca luz podem indicar intoxicação por drogas ou doença do sistema
nervoso central. Se houver depressão do nível de consciência e anisocoria, ficar alerta, pois
existe o risco de parada respiratória. Manter-se atento para o ABC.
Abordagem Secundária
Passo E - Finalmente, no passo E, expor a vítima, à procura de lesões. Entretanto, em
nível pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões sugeridas por
suas queixas ou reveladas pelo exame segmentar, respeitando seu pudor no ambiente público.
No hospital, ao contrário, é imperdoável deixar de despir completamente a vítima antes de
iniciar a abordagem secundária.
IMPORTANTE: Só iniciar a abordagem secundária depois de completada a abordagem
primária. Examinar todos os segmentos do corpo, sempre na mesma ordem (exame segmentar):
crânio, face, pescoço, tórax, abdômen, quadril, membros inferiores, membros superiores e
dorso. Nesta fase, realizar:
• Inspeção: cor da pele, sudorese, simetria, alinhamento, deformidade e ferimento;
• Palpação: deformidade, crepitação, rigidez, flacidez, temperatura e sudorese;
• Ausculta: tórax (campos pleuropulmonares e precordial) - procedimento exclusivo
do médico. Durante todo o exame segmentar, manter-se atento a sinais de dor ou a
modificações das condições constatadas na abordagem primária da vítima.

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Nota: Embora seja importante expor o corpo para completar a avaliação com eficácia, a
hipotermia é um problema grave no tratamento do doente traumatizado. Somente as partes
necessárias do doente devem ser expostas ao ambiente externo. Uma vez dentro da unidade de
emergência aquecida, é possível realizar em exame completo e cobrir novamente o doente, o
mais rápido possível. A quantidade de roupa que deve ser removida do doente durante a
avaliação varia de acordo com as condições ou lesões identificadas.
Deve-se tomar cuidado especial ao cortar e remover as roupas de uma vítima.

A quantidade de roupa do paciente que deve ser removida durante uma avaliação varia
dependendo das condições ou lesões encontradas. Uma regra geral é remover, conforme
necessário, para determinar a presença ou ausência de suspeita de condição ou lesão. Se um
paciente tiver estado mental normal e uma lesão isolada, apenas a área em torno da lesão
geralmente precisa ser exposta.
Para manter a temperatura corporal e prevenir a hipotermia, o paciente deve ser coberto
assim que possível após avaliação e tratamento. Em ambientes frios, o prestador de cuidados
deve considerar o uso de cobertores térmicos.
Importante: A quantidade de roupa do paciente que deve ser removida durante uma
avaliação varia dependendo das condições ou lesões encontradas. Uma regra geral é remover,
conforme necessário, para determinar a presença ou ausência de suspeita de condição ou lesão.
Se um paciente tiver estado mental normal e uma lesão isolada, apenas a área em torno da lesão
geralmente precisa ser exposta. Pacientes com um mecanismo sério de lesão ou alteração mental
devem ser totalmente expostos para avaliar as lesões. O prestador de cuidados pré-hospitalar
não precisa ter medo de remover o vestuário, se é a única maneira de completar a avaliação e
tratamento adequadamente. Na ocasião, os pacientes podem sustentar múltiplos mecanismos de
lesão, tais como um acidente aéreo, etc
Lesões com risco a vida podem ser negligenciadas se o paciente for examinado
inadequadamente. Essas lesões não podem ser tratadas se não forem identificadas. Cuidados
especiais devem ser tomados ao cortar e remover roupas de uma vítima de um crime para não
inadvertidamente destruir provas.
c) Exame Secundário
O exame secundário é a avaliação da cabeça aos pés do doente. A avaliação secundária
é realizada apenas após o término da avaliação primária com identificação e tratamento das
lesões que colocam a vida em risco. O grande objetivo da avaliação secundária é identificar as

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lesões ou os problemas que não foram encontrados durante a avaliação primária, isto é, uma
avaliação primária bem-feita identificará todas as condições com risco à vida, a avaliação
secundária, por definição, tratará de problemas de menor gravidade. Um doente traumatizado
grave é transportado o mais rápido possível após a conclusão da avaliação primária e não
mantido na cena para a avaliação secundária.
Histórico SAMPLE
Deve ser obtido um histórico rápido do doente, sempre que possível. Essas
informações devem ser documentadas no relatório do doente. SAMPLE serve como lembrança
de seus componentes chave.
S - SINTOMAS: De que o doente se queixa? Dor? Dificuldade respiratória?
Dormência? Formigamento? Queimaduras? Hemorragia?
A - ALERGIA: Principalmente a medicamento.
M - MEDICAÇÃO: Fármacos prescritos ou não que o doente usa regularmente.
P - PASSADO MÉDICO E ANTECEDENTE CIRÚRGICO: Problemas clínicos
importantes para os quais o doente recebe tratamento: incluí cirurgias prévias.
L - LÍQUIDO E ALIMENTOS (ÚLTIMA REFEIÇÃO): Quanto tempo se passou
desde a última refeição?
E - EVENTO: Quais eventos precederam a lesão? Imersão em água (afogamento ou
hipotermia) e exposição a materiais perigosos devem ser incluídos.

Exame segmentar:
• Cabeça: palpar o crânio com os polegares fixos na região frontal, mantendo o
controle cervical. Palpar as órbitas. Simultaneamente, inspecionar cor e integridade
da pele da face, hemorragia e liqüorragia pelo nariz e ouvidos, hematoma
retroauricular (sugestivo de fratura de coluna cervical alta ou base de crânio), simetria
da face, hemorragia e laceração dos olhos e fotorreatividade pupilar (não a valorize
em olho traumatizado). Retirar corpos estranhos (lentes de contato e próteses
dentárias móveis) eventualmente remanescentes.
• Pescoço: inspecionar o alinhamento da traquéia e a simetria do pescoço. Palpar a
cartilagem tireóide e a musculatura bilateral. Inspecionar as veias jugulares: se
ingurgitadas, principalmente com piora na inspiração, preocupar-se com lesão
intratorácica grave (derrame de sangue no pericárdio, impedindo os movimentos
normais do coração: hemopericárdio com tamponamento cardíaco). Palpar as artérias
carótidas separadamente e a coluna cervical, verificando alinhamento, aumento de
volume, crepitação e rigidez muscular. Completado o exame, colocar o colar cervical.
• Tórax: inspecionar a caixa torácica (face anterior), buscando simetria anatômica e
funcional, respiração paradoxal, áreas de palidez, eritema ou hematoma (sinais de
contusão) e ferimentos. Palpar as clavículas separadamente, buscando dor e
crepitação. Palpar os arcos costais e esterno em busca de rigidez muscular, flacidez

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e crepitação. Examinar até a linha axilar posterior. Realizar ausculta pulmonar e
cardíaca (procedimento médico).
• Abdômen: inspecionar sinais de contusão, distensão e mobilidade. Palpar
delicadamente, analisando sensibilidade e rigidez de parede (abdômen em tábua).
• Quadril: afastar e aproximar as asas ilíacas em relação à linha média, analisando
mobilidade anormal e produção de dor. Palpar o púbis no sentido anteroposterior. A
região genital também deve ser avaliada, sugerindo haver lesão conforme as queixas
da vítima ou o mecanismo de trauma.
• Membros inferiores: inspecionar e palpar da raiz das coxas até os pés. Observar
ferimento, alinhamento, deformidade, flacidez, rigidez e crepitação. Cortar a roupa
onde suspeitar de ferimento ou fratura. Retirar calçados e meias. Examinar a
mobilidade articular ativa e passiva. Executar movimentos suaves e firmes de flexão,
extensão e rotação de todas as articulações. Palpar pulsos em tornozelos e pés. Testar
sensibilidade, motricidade e enchimento capilar.
• Membros superiores: inspecionar e palpar dos ombros às mãos. Observar ferimento,
alinhamento, deformidade, flacidez, rigidez e crepitação. Cortar a roupa onde
suspeitar de ferimento ou fratura. Palpar os pulsos radiais. Testar a mobilidade ativa
e passiva. Executar movimentos suaves e firmes de flexão, extensão e rotação de
todas as articulações. Testar a simetria da força muscular nas mãos. Verificar
sensibilidade, motricidade e enchimento capilar.
• Dorso: realizar a manobra de rolamento a noventa graus para examinar o dorso.
Inspecionar alinhamento da coluna vertebral e simetria das duas metades do dorso.
Palpar a coluna vertebral em toda a extensão, à procura de edema, hematoma e
crepitação. Terminado o exame do dorso, rolar a vítima sobre a maca rígida de
imobilização dorsal. Após completar o exame segmentar, fazer curativos,
imobilizações e outros procedimentos necessários. Fazem também parte da
abordagem secundária os seguintes procedimentos, que são realizados por médicos
no ambiente hospitalar: radiografias, sonda gástrica, toque retal, cateterismo vesical
e lavagem peritonial. Durante a abordagem secundária, o socorrista deva reavaliar o
ABCD quantas vezes forem necessárias, principalmente em vítimas inconscientes.
Após a abordagem secundária, realizar a verificação de dados vitais e escalas de
coma e trauma.
Importante: Uma abordagem organizada e sistemática no cuidado destes pacientes pode
melhorar a sobrevida. Esta abordagem organizada começa inicialmente com esforços para
prevenir que lesões ocorram. Quando a lesão ocorre, a resposta organizada e sistemática de toda
a equipe de atendimento de saúde, começando no contexto pré-hospitalar, vai ajudar a diminuir
a morbidade e a mortalidade da lesão traumática.

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8 SIMULAÇÃO DE EXAMES PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO EM
VÍTIMAS DE TRAUMAS

Para fixar os conhecimentos ministrados serão realizadas três oficinas práticas


incluindo, um total de seis atividades.

9 TRIAGEM DE VÍTIMAS

O primeiro socorrista que chega numa cena da emergência com múltiplas vítimas
enfrenta um grande problema. A situação é diferente e seus métodos usuais de resposta e
operação não são aplicáveis. Este profissional deve modificar sua forma rotineira de trabalho
buscando um novo método de atuação que lhe permita responder adequadamente a situação.
Estes socorristas não estarão sendo eficientes se voltarem sua atenção para a reanimação de
uma ou mais vítimas, já que, outras vítimas viáveis poderão morrer se não forem atendidas.
Racionalmente, o ideal é conseguirmos, ao final, o maior número possível de sobreviventes,
portanto investindo inicialmente nos críticos viáveis.

Portanto, logo que chegam na cena, esses primeiros socorristas devem avaliá-la, pedir
reforços adicionais e assegurar o local para, só então, dedicarem-se a seleção das vítimas
enquanto as novas unidades de socorro deslocam-se para o local da emergência. Esses
socorristas aproveitam assim o seu tempo da melhor maneira iniciando um processo de triagem.
Este é o primeiro passo para a organização dos recursos na emergência.

Definição de triagem

O termo “triagem” é originado do francês “triage” que significa “pegar, selecionar ou


escolher”. Podemos conceituar a triagem, como sendo um processo de seleção de vítimas e
priorização no seu atendimento pré-hospitalar, realizado numa emergência em que a quantidade
destas vítimas ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. Este processo facilita
a alocação de recursos e hierarquização de vítimas de acordo com um sistema de prioridades,
de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas.

Em resumo, o processo de triagem é usado quando a demanda de atenção supera nossa


capacidade de resposta e, portanto, devemos direcionar nossos esforços para salvar o maior
número de vítimas possível, escolhendo aquelas que apresentam maiores possibilidades de
sobrevivência. O primeiro a chegar na cena deve dedicar-se à seleção das vítimas, enquanto
chegam as unidades de apoio. Existem vários métodos de triagem, tais como o método “start”,
o “cramp”, o “age” e outros desenvolvidos, sendo que alguns são exclusivos para uso médico e
outros podem ser aplicados por socorristas. As várias guerras e catástrofes que a humanidade
sofreu mostrou a necessidade de um método para a redução de perdas de vidas.

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9.1 Prioridade no atendimento à vítima (Método de triagem START)

Sistema de triagem criado pelo Hoag Memorial Hospital e o Corpo de Bombeiros de


Newport Beach da Califórnia. Atualmente é o modelo adotado pela Associação de chefes de
bombeiros do estado da Califórnia nos EUA. S. T. A. R. T. é a abreviatura de Simple Triage
And Rapid Treatment, no português, Triagem Simples e Tratamento Rápido. As
características deste processo de triagem são:

• Sistema simples e possível para um socorrista de nível básico a avançado;


• Permite fazer a triagem de uma vítima em menos de um minuto;
• Esse método foi desenvolvido para ocorrências com múltiplas vítimas, permitindo a rápida
identificação das vítimas críticas, seu pronto atendimento e a prioridade de transporte destes
feridos. O código de cores no processo START é o seguinte:
Cor VERMELHA - Significa primeira prioridade: São as vítimas que apresentam sinais
e sintomas que demonstram um estado crítico e necessitam tratamento e transporte
imediato.
Cor AMARELA - Significa segunda prioridade: São as vítimas que apresentam sinais e
sintomas que permitem adiar a atenção e podem aguardar pelo transporte.
Cor VERDE - Significa terceira prioridade: São as vítimas que apresentam lesões
menores ou sinais e sintomas que não requerem atenção imediata e podem se locomover.

Cor PRETA - Significa que a vítima possui lesões fatais ou está em morte clínica (sem
sinais vitais). Só haverá tentativa de reanimação, se houver a chegada suficiente de mais
socorristas.

Critérios de triagem
O método START utiliza quatro critérios de avaliação, que são:
• Condição de locomoção: As vítimas que podem andar até o ponto de concentração ou posto
médico avançado, são consideradas vítimas leves, pelo menos no início da avaliação. A
capacidade de locomoção indica inicialmente que não há graves problemas respiratórios,
circulatórios e neurológicos, tornando esta vítima não prioritária.
• Condição da respiração: A frequência respiratória não poderá ser superior a 30m.r.m
(movimento respiratório por minuto), pois estaria indicando um problema grave, já que, para
o adulto, a respiração normal em repouso é de 12 a 18 m.r.m. Havendo frequência superior
a 30 m.r.m, é certa a presença de sérios problemas no sistema respiratório, sendo esta vítima
prioritária.
• Condição da circulação: A condição da circulação do sangue, será avaliada pela checagem
da perfusão capilar ou da presença de pulso radial. A nulidade ou lentidão do reenchimento
sanguíneo nas extremidades das mãos e dos pés ou a falta de pulso radial, revela deficiência
do sistema hemodinâmico, podendo tratar-se de hemorragia, obstrução, estado de choque,
entre outros. A vítima que possuir um tempo de perfusão capilar superior a 2 segundos ou
ausência de pulso radial, será classificada na cor vermelha.

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• Condição neurológica: Esta condição é medida por intermédio da resposta que a vítima dá
ao estímulo do socorrista, que será uma ordem de fácil cumprimento. Uma ordem simples,
como por exemplo, “levante o braço, pisque os olhos, olhe para mim” que não seja cumprida
pela vítima, indica um sério problema neurológico, gerando a classificação da vítima na cor
vermelha. Se a vítima executa corretamente as ordens simples, será classificada na cor
amarela.

Passos de aplicação do START


• 1º Passo: O socorrista entra na área quente e ordena o deslocamento das vítimas que podem
andar, a uma área segura para concentração (lona verde). Estas vítimas serão identificadas
na cor verde, posteriormente, já que a prioridade é a triagem das mais graves.
• 2º Passo: Será iniciada a avaliação das vítimas que permaneceram na área quente e não
apresentaram condições de caminhar. Será avaliado se há respiração, e se for ausente, as
vias aéreas serão reposicionadas para confirmação. Confirmando a ausência de respirações,
será feita classificação na cor preta, não se perdendo tempo na tentativa de reanimação da
vítima. Os casos de morte evidente também receberão a classificação na cor preta. Estando
presente a respiração, mas sendo sua frequência, superior a 30 movimentos respiratórios
por minuto, será classificada na cor vermelha. Caso a respiração seja normal, não superior
a 30 m.r.m., será realizado o terceiro passo.
• 3º Passo: Será verificada a perfusão capilar por meio da observação do reenchimento
sanguíneo nas extremidades dos dedos. Após a compressão e soltura destas extremidades,
o socorrista solta e observa, fazendo a contagem do tempo de retorno do sangue. Se o
enchimento capilar é superior a 2 segundos, ou nulo, então, a vítima será classificada na
cor vermelha. Se o enchimento capilar é inferior a 2 segundos, iremos para o quarto passo.
Poderá ainda, ser utilizado o pulso radial como parâmetro de avaliação da circulação, e se
for ausente, a classificação será vermelha, mas se estiver presente, iremos para o quarto
passo. Hemorragias graves serão estancadas neste momento.
• 4º Passo: Verifique o estado neurológico da vítima. Se a vítima não consegue executar
ordens simples do socorrista, será classificada na cor vermelha. Executando corretamente
as ordens simples, será classificada na cor amarela. As ordens simples poderão ser para que
a vítima pisque, mova a mão ou o braço e outras ordens adequadas ao caso.

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Princípios da busca e resgate em salvamento em acidentes aeronáuticos são as mais difíceis e
potencialmente confusas de todas as atividades no local sinistrado. Elas requerem velocidade,
decisões efetivas BA-CE, forte e agressiva ação das forças de controle. O BA-CE deve
continuamente reconhecer a necessidade de operações de busca e resgate adequadas e o fato de
que a proteção à vida é a razão principal para as ações iniciais. Geralmente um desastre
aeronáutico irá começar a fazer vítimas antes que qualquer guarnição de combate a incêndio
tenha chegado ao local. As guarnições que primeiro chegarem irão frequentemente encontrar
pessoas já necessitando de algum tipo de resgate. É um momento de análises precisas e rápidas
decisões.
Lembre-se: A evacuação dos ocupantes envolvidos em acidentes aéreos e a assistência
para aqueles que não conseguem sair sozinhos deve proceder com a maior rapidez possível.
Há fatores que influenciam severamente o efeito do fogo nas vítimas, contudo, o
principal fator é a posição da vítima em relação ao fogo. Em outras palavras, quanto maior for
à proximidade do fogo em relação às vítimas, maior será o perigo. A disposição no local
sinistrado da posição da vítima em relação ao fogo determinará como o BA-CE juntamente com
o BA-LR o planejamento e execução da operação de busca e resgate. Com sua chegada o líder
poderá classificar as vítimas de incêndio de acordo com uma das três categorias:
a) Vítimas já fora da aeronave em chamas:

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Usualmente pessoas ativas e conscientes conseguem evadir-se do local sinistrado
porque rapidamente tomam noção do perigo. Este “aviso antecipado” é a melhor
opção de fuga desde que a vítima saia da aeronave enquanto o fogo ainda seja
relativamente fraco e a estrutura esteja intacta. Estas pessoas que saíram por conta
própria, ou as que se encontram ainda dentro da aeronave, mas que também estão
saindo por conta própria irá concentrar-se nas proximidades do local do desastre.
Quando os socorristas chegarem, elas deverão ser removidas para uma zona de
reunião segura.
b) Vítimas tentando sair da aeronave em chamas:
Estas vítimas terão dificuldades de salvarem-se por conta própria e encontrar-se-ão em
vários níveis de pânico (saltando pelas escorregadeiras, saltando das portas de
emergência). Sua condição poderá ser marginal e sua posição precária, portanto elas
precisam de atenção imediata. Elas usualmente demonstram grande disposição para
serem resgatadas. Em alguns casos, o BA-CE deve coordenar o ataque ao incêndio
com a função de evitar que o fogo seja empurrado para cima dessas vítimas.
c) Vítimas ainda dentro da aeronave em chamas (ou áreas afetadas):
Este grupo pode estar inconsciente, trancado, dominado ou de alguma forma
impossibilitado de se salvar por conta própria. O BA-LR geralmente desconhece a
situação de tais pessoas. Ele deve inicialmente estimar seu número, localização e
condição, mas a única maneira de responder a estas perguntas de forma precisa é a
realização de uma busca primária completa.
Busca por vítimas
Busca por vítimas toma lugar durante as duas principais atividades de localização: a
busca primária e a busca secundária. Uma busca primária iniciada após a chegada não é
possível em todos os casos.
Busca primária: Uma rápida busca por todas as áreas envolvidas ou expostas à ação do fogo,
nas quais possa ser possível a entrada para verificar as necessidades de remoção e/ou proteção
de todos os ocupantes.
Busca secundária: Uma busca através do interior da área incendiada após o controle inicial do
fogo, ventilação e condições de iluminação interna adequadas.
A busca primária - O BA-LR deve estruturar inicialmente suas operações no local
sinistrado em torno da realização completa da busca primária por todos os compartimentos
envolvidos ou expostos à ação do fogo por onde seja possível a entrada de guarnições. Busca
primária envolve entrar, localizar, proteger e remover. Haverá vezes em que a busca primária
será impossível, como nos casos de estruturas completamente envolvidas pelo fogo. Nestes
casos, o BA-CE somente poderá dar início a busca primária quando a estrutura estiver protegida
para a entrada. Ele deve se resguardar contra fúteis e inseguras tentativas de resgate. Se a
estrutura está tão bem envolvida pelas chamas e é inseguro para guarnições protegidas e bem
treinadas, é duvidoso que alguma vítima tenha chance de sobrevivência.
LEMBRE-SE: Em primeiro lugar a segurança da guarnição, em segundo lugar... a segurança
da guarnição e, em terceiro lugar, a segurança da guarnição !!!

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Frequentemente, os fatores do resgate não estão óbvios. Vítimas não estão sempre
saltando pelas escorregadeiras ou pelas saídas de emergência. Nestas situações há uma forte
inclinação para esquecer o resgate e diretamente atacar o fogo. Isto pode levar a uma falta de
proteção às vítimas do incêndio, um feroz reflexo no sistema de administração do local
sinistrado. Avaliar a proteção à vida é a atividade primária absoluta no local sinistrado. A
realidade inescapável do resgate em local sinistrado é a única maneira do líder de equipe ter
certeza sobre a condição dos ocupantes é enviar grupos de busca dentro das áreas envolvidas e
expostas à ação do fogo para, fisicamente, procurar por vítimas. O fator crítico durante as
operações de busca e resgate é o tempo. A busca primária deve ser rápida e efetiva. A única
maneira de garantir rotineiramente a busca e o resgate durante todos os incêndios é sempre
conduzir a busca para verificar as condições dos ocupantes em todas as operações ofensivas,
quer haja fogo envolvendo a estrutura ou não.
LEMBRE-SE: O BA-LR deve rotineiramente desenvolver a busca primária em todas as
situações ofensivas.
A seguir, exemplo de modelo de Ficha de classificação de vítima:

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VERSO – LADO B

10 VIAS AÉREAS

Aspectos Anatômicos e Funcionais

As vias aéreas têm como função principal conduzir o ar entre o meio ambiente e os pulmões
(alvéolos pulmonares), proporcionando a entrada de ar filtrado, aquecido e rico em oxigênio,
assim como a saída de ar rico em dióxido de carbono do aparelho respiratório, participando
assim do processo da respiração. Dividem-se em vias aéreas superiores e vias aéreas inferiores.
As Vias Aéreas Superiores são a Cavidade nasal (nariz), a Cavidade oral (boca) e a Faringe
(Nasofaringe, orofaringe e laringofaringe ou hipofaringe). Destas três, a nasofaringe é
exclusivamente via aérea, a laringofaringe é exclusivamente via digestiva e a orofaringe é um
caminho comum ao ar e aos alimentos.). As Vias Aéreas Inferiores são a Laringe, a Traqueia,
os Brônquios/bronquíolos e os Pulmões/alvéolos pulmonares

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O acesso às vias aéreas superiores é direto e sua visualização é quase completa, exceto
pela nasofaringe (região posterior à cavidade nasal e póstero-superior à úvula - campainha). As
vias aéreas superiores terminam e as inferiores têm início na laringe, com a epiglote, estrutura
que protege a abertura das vias aéreas inferiores, obstruindo-a durante o reflexo de deglutição
e abrindo-a para a passagem do ar. Seu acesso e visualização dependem de procedimento
médico denominado laringoscopia.

11 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS QUE


APRESENTAM OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO
ESTRANHO

Para fixar os conhecimentos ministrados serão realizadas três oficinas


práticas incluindo, um total de seis atividades.
Obstrução de Vias Aéreas
O atendimento pré-hospitalar da vítima de trauma tem por objetivo, após rápida
verificação do mecanismo de trauma e das condições de segurança no local, prestar suporte
básico e avançado de vida, iniciando-se com a avaliação de vias aéreas (A). Esse processo
denominado avaliação primária ou ABCD prioriza a abordagem das vias aéreas que, se
estiverem comprometidas, de imediato afetam as funções vitais – respiração (B) e circulação
(C). Um processo de pensamento organizado e condicionado referente aos passos da avaliação
primária, impedirá o socorrista de ter sua atenção voltada para alterações mais evidentes e
menos urgentes, como ferimentos e fraturas, despercebendo-se de alterações nas vias aéreas,

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principalmente em se tratando de vítima inconsciente. A avaliação e o controle das vias aéreas
se fazem mediante condutas rápidas e simples, não exigindo inicialmente qualquer
equipamento, bastando a aplicação de técnicas manuais de controle e desobstrução, sem a
necessidade de aguardar equipamentos ou pessoal. Entende-se por obstrução de vias aéreas toda
situação que impeça total ou parcialmente o trânsito do ar ambiente até os alvéolos pulmonares.
A restauração e manutenção da permeabilidade das vias aéreas nas vítimas de trauma
são essenciais e devem ser feitas de maneira rápida e prioritária. A vítima de trauma pode ter
as vias aéreas comprometidas direta ou indiretamente por mecanismos distintos, sendo os
principais os enumerados a seguir:

Inconsciência é a causa mais frequente de obstrução de vias aéreas em vítimas de trauma é a


inconsciência, provocando o relaxamento da língua que se projeta contra a orofaringe (fundo
da garganta) da vítima em decúbito dorsal, impedindo a passagem de ar das vias aéreas
superiores para as inferiores. Geralmente é causada por trauma cranioencefálico, choque ou
situações clínicas. A inconsciência também favorece o refluxo do conteúdo gástrico seguido de
broncoaspiração.
Tratamento: Deve ser aplicada a manobra de PCR, 30 compressões cardíacas, pois as
compressões torácicas forçam a saída do corpo estranho e mantém a circulação sanguínea,
aproveitando o oxigênio ainda presente no ar dos pulmões. Após as compressões, rolamento de
90º (lateralização da vítima), e inspeção nas vias aéreas.

Trauma Direto Sobre Vias Aéreas


Trauma direto sobre as vias aéreas, causando sangramento em seu interior, compressão
externa por edema e/ou hematomas e fraturas da árvore laringotraqueobrônquica, e/ou
broncoaspiração de dentes fraturados.

Queimaduras em Vias Aéreas


Queimaduras em vias aéreas podem produzir inflamação e edema de glote e de vias
aéreas inferiores.
Corpo Estranho em Vias Aéreas Fragmentos de próteses dentárias, alimentos, balas,
chicletes e pequenos objetos podem causar obstrução de vias aéreas em diferentes níveis.

Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE)


Causas de OVACE em Adultos
Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução de vias aéreas,
a obstrução por corpos estranhos pode ser causa de perda de consciência e parada
cardiopulmonar. A eventualidade de corpos estranhos obstruírem vias aéreas em pessoas
conscientes ocorre mais frequentemente durante as refeições, sendo a carne a causa mais
comum. Outras causas de obstrução: próteses dentárias deslocadas, fragmentos dentários,
chicletes e balas. A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do estômago pode
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ocorrer durante a parada cardiopulmonar ou nas manobras de reanimação cardiopulmonar.
Pessoas com nível de consciência alterado também correm risco de obstrução de vias aéreas
pela aspiração de material vomitado.
Causas de OVACE em Crianças
Em crianças a principal causa de obstrução de vias aéreas é a aspiração de leite
regurgitado ou de pequenos objetos. Outras causas frequentes são alimentos (balas, chicletes,
etc.) e causas infecciosas (epiglotite). Neste último caso, a presença do médico ou o transporte
imediato para o hospital se fazem imperiosos. Os lactentes (até 1 ano de idade) são as principais
vítimas de morte por aspiração de corpo estranho na faixa etária pediátrica.
Reconhecimento
O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso
no atendimento. O socorrista deve estar atento, pois a obstrução de vias aéreas e consequente
parada respiratória rapidamente evolui para parada cardiopulmonar. A obstrução das vias aéreas
pode ser parcial (leve) ou total (grave). Na parcial, a vítima pode ser capaz de manter boa troca
gasosa, caso em que poderá tossir fortemente, apesar dos sibilos entre as tossidas. Enquanto
permanecer uma troca gasosa satisfatória, encorajar a vítima a persistir na tosse espontânea e
nos esforços respiratórios, sem interferir nas tentativas para expelir o corpo estranho.
A troca insuficiente de ar é indicada pela presença de tosse ineficaz e fraca, ruídos
respiratórios estridentes ou gementes, dificuldade respiratória acentuada e, possivelmente,
cianose. Neste ponto, iniciar o manejo da obstrução parcial como se houvesse obstrução total.
Em adultos, a obstrução por corpo estranho deve ser suspeitada em toda vítima que subitamente
pare de respirar, tornando-se cianótica e inconsciente, sem razão aparente. Deve-se tomar
cuidado na diferenciação de OVACE e parada cardiorrespiratória (ver capítulo específico –
Ressuscitação Cardiopulmonar). Em crianças a OVACE deve ser suspeitada nos seguintes
casos: dificuldade respiratória de início súbito acompanhada de tosse, respiração ruidosa,
chiado e náusea. Se essa obstrução se tornar completa, ocorre agravamento da dificuldade
respiratória, cianose e perda de consciência.
Reconhecimento de OVACE em Vítima Consciente
A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando a vítima está se alimentando
ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais
de asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O
movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente,
preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente.

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Em pouco tempo o oxigênio disponível nos
pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias
aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá a perda de
consciência e, rapidamente, a morte.
Reconhecimento de OVACE em Vítima Inconsciente
Quando um adulto for encontrado inconsciente por
causa desconhecida, suspeitar de parada
cardiopulmonar por infarto, acidente vascular ou
hipóxia secundária à obstrução de via aérea. Ele será
avaliado pensando-se em parada cardiopulmonar,
deixando para fazer o manejo de desobstrução de vias
aéreas apenas se o fato se evidenciar. Tratando-se de
criança, devemos suspeitar imediatamente de OVACE

Desobstrução de Vias Aéreas


Os métodos de desobstrução de vias aéreas dividem-se em dois tipos, conforme a
natureza da obstrução: obstrução por líquido (rolamento de 90º e aspiração) ou obstrução por
sólido (remoção manual e manobras de desobstrução).
Obstrução por líquido
Rolamento de 90º. Esta manobra consiste em lateralizar a vítima em monobloco,
trazendo-a do decúbito dorsal para o lateral, com o intuito de remover secreções e sangue das
vias aéreas superiores. Estando a vítima na cena do acidente, ainda sem intervenção do
socorrista, ou seja, sem qualquer imobilização (colar cervical e maca rígida), havendo a
necessidade da manobra, esta deverá ser realizada com controle cervical manual.
Obstrução por Sólido
Remoção manual durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar
corpos estranhos, passíveis de remoção digital. Somente remover o material que cause
obstrução se for visível. É difícil o uso dos dedos para remover corpos estranhos das vias aéreas.
Em muitos casos é impossível abrir a boca da vítima e inserir os dedos para esse propósito, a
menos que a vítima esteja inconsciente. Em alguns casos, especialmente envolvendo crianças
e lactentes, um dedo adulto pode aprofundar o corpo estranho, causando a obstrução completa.
A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra
de tração da mandíbula ou a de elevação do mento (abordadas à frente) e retirar o corpo estranho
com o indicador “em gancho”, deslocar e retirar o corpo estranho. Estando o corpo estranho
mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar os dedos indicador e médio “em pinça”. Em
recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo em virtude das dimensões reduzidas das vias
aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível; se não, está contraindicada
a procura do material com os dedos.

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Manobras de desobstrução de vias aéreas em adultos
São manobras realizadas manualmente para desobstruir vias aéreas de sólidos que lhe
ficarem entalados. Manobra mediante a lateralização da própria maca rígida.
Para vítimas inconscientes deve ser aplicada a manobra de ressuscitação
cardiopulmonar, pois as compressões torácicas forçam a expulsão do corpo estranho e mantém
a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda presente no ar dos pulmões. Para vítimas
conscientes usa-se uma das seguintes técnicas:
Compressão Abdominal - também chamada manobra de Heimlich, consiste em uma série de
quatro compressões sobre a região superior do abdômen, entre o apêndice xifóide e a cicatriz
umbilical.

Vítima em pé ou sentada:
• Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdômen.
• Segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o abdômen, entre o
apêndice xifóide e a cicatriz umbilical no sentido superior (tórax), por quatro vezes.
• Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e
posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique
inconsciente.
Compressão Torácica - a compressão torácica é utilizada quando a compressão abdominal é
inviável ou contraindicada, como nos casos de obesidade com circunferência abdominal muito
larga e gestação próxima do termo. Consciente em uma série de quatro compressões torácicas
sobre o terço inferior do esterno, logo acima do apêndice xifóide.
Vítima em pé ou sentada:
• Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do tórax.
• Segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o esterno, acima do
apêndice xifóide, por quatro vezes.
• Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e
posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique
inconsciente.
Vítima deitada:
• Posicionar a vítima em decúbito dorsal.
• Ajoelhar-se ao lado da vítima.
• Aplicar quatro compressões torácicas como na manobra de ressuscitação
cardiopulmonar – RCP.

Manobras de Desobstrução de Vias Aéreas em Crianças


A remoção manual de material que provoque obstrução sem ser visualizado não é
recomendada. Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma

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semelhante à do adulto. Nos lactentes, uma combinação de palmada nas costas (face da criança
voltada para baixo) e compressões torácicas (face voltada para cima), sempre apoiando a vítima
no seu antebraço; mantenha-o com a cabeça mais baixa que o tronco, próximo a seu corpo.
Técnica:
• Utilizar a região hipotenar das mãos para aplicar até 05 palmadas no dorso do
lactente (entre as escápulas).
• Virar o lactente segurando firmemente entre suas mãos e braços (em bloco).
• Aplicar 05 compressões torácicas, como na técnica de reanimação cardiopulmonar
(comprima o tórax com 02 dedos sobre o esterno, logo abaixo da linha mamilar). Os
passos da manobra de Heimlich para crianças maiores e os da combinação de
palmada nas costas com compressões torácicas para lactentes devem ser repetidos
até que o corpo estranho seja expelido ou a vítima fique inconsciente. Neste caso,
proceder às manobras de abertura de vias aéreas, repetir os passos de desobstrução
iniciar manobras de RCP.

Métodos de Controle de Vias Aéreas


Os métodos de controle de vias aéreas são de três tipos: manual, mecânico e cirúrgico,
sendo que o método mecânico se subdivide em básicos, avançados e alternativos. A causa mais
comum de obstrução de vias aéreas é a inconsciência de qualquer natureza e, na grande maioria
dos casos, os métodos manuais conseguem promover e manter a permeabilidade das vias aéreas.

Métodos Manuais

Embora evidências de contaminação com a realização de ventilação boca a boca sejam


mínimas, é indicado que o socorrista utilize mecanismos de barreira para aplicar as ventilações,
como o lenço facial com válvula antirrefluxo, máscara de bolso (pocket-mask) ou bolsa-válvula-
máscara.

A. Tração de mandíbula no trauma. O polegar é posicionado em cada zigoma, com o


indicador e dedos médios nos ângulos da mandíbula. A mandíbula é tracionada superiormente.
B. Elevação do mento no trauma. A anteriorização do mento tem uma função similar àquela da
tração da mandíbula no trauma. Ela move a mandíbula para frente ao movimentar a língua.
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Independentemente da técnica utilizada para aplicar ventilações, será necessária a
abertura de via aérea, que poderá ser realizada com a manobra da inclinação da cabeça e
elevação do queixo e, se houver suspeita de trauma, a manobra de elevação do ângulo da
mandíbula.
Quando o socorrista não conseguir realizar a manobra de elevação do ângulo da
mandíbula e o mesmo apenas suspeita de trauma cervical, sem evidência de lesão na cabeça,
deve-se utilizar a Manobra de empurre mandibular – Esta manobra deve ser utilizada apenas
em casos de trauma. 1) coloque o paciente em decúbito dorsal e posicione-se de joelhos acima
da parte superior de sua cabeça; 2) com os cotovelos na mesma superfície que o paciente ou
apoiados nas coxas, segure os ângulos da mandíbula do paciente com os dedos, indicador e
médio; 3) com os dedos posicionados, empurre a mandíbula para cima, mantendo a cabeça
estabilizada com a palma das mãos. Não eleve ou realize rotação da cabeça do paciente, pois a
proposta desta manobra é manter a via aérea aberta sem mover.

12 TÉCNICAS DE REANIMANÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)

A reanimação tem sido uma aspiração humana há séculos. No século passado a


reanimação foi uma prática comum na Europa, pela técnica de rolar vítimas inconscientes sobre
barris, na tentativa de mover o ar para dentro e para fora dos pulmões. Foles também foram
usados com o mesmo intuito. No início do século XX, a técnica mais usada era o método de
pressão prona de Schafer, segundo a qual se pressionava clinicamente a região lombar para
movimentar o ar entre os pulmões e o ambiente. Essa técnica permitia a manutenção das vias
aéreas abertas pela ação da gravidade na base da língua. No entanto, essas e outras técnicas não
eram eficientes pela baixa ventilação alveolar que ofereciam. Apesar da ventilação boca-a-boca
estar descrita na Bíblia (usada em recém-nascidos por parteiras) somente no início dos anos 50
ela foi redescoberta pelos Dr. James Elam e Peter Safar nos Estados Unidos.

Nos anos 60 Kouwenhoven, Jude e Knickerbocker desenvolveram e apresentaram a


técnica de compressão torácica externa. O acoplamento dessa técnica com a ventilação artificial
boca-a-boca é, hoje, largamente utilizada na reanimação cardiorrespiratória como suporte
básico de vida. A simplicidade dessa técnica, que requer apenas duas mãos e ventilações na
boca, tornou-a altamente popular. Em 1993 foi formada uma Aliança Internacional dos Comitês
em Ressuscitação (ILCOR) pelas Sociedade de Cardiologia Americana (AHA), pelo Conselho
Europeu em Ressuscitação (ERC), e pelo Comitê Australiano em Ressuscitação com o intuito
de realizar estudos a partir de evidências cientificas.

12.1 Parada Cardíaca

Doenças cardíacas são a principal causa de morte em todo o mundo e em cerca de 60%
destas mortes ocorre uma Parada Cardíaca Súbita (PCS). A parada cardíaca súbita corresponde
a 80% das paradas cardiopulmonares. Estas paradas cardíacas súbitas têm como principal causa
o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e durante o infarto a grande maioria das vítimas apresenta

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algum tipo de fibrilação ventricular (FV) durante a parada. Nenhum tipo de RCP consegue
reverter este quadro, mas garante a oxigenação dos tecidos até a chegada de um desfibrilador.
Uma RCP aplicado com alta qualidade pode dobrar ou triplicar as taxas de
sobrevivência de PCS. Outras causas de Parada Cardíaca são: Trauma direto no coração, uso
de drogas. Sinais de parada cardiopulmonar. São três os sinais que demonstram que uma vítima
está em parada cardiopulmonar:
• Inconsciência sem resposta a estímulo.
• Ausência de movimentos respiratórios.
• Ausência de Pulso.
Delineação da idade

Crianças não devem ser vistas como pequenos adultos, nem tão pouco podemos
afirmar que uma criança de 8 anos é igual fisiologicamente a um bebê de menos de 1 ano. Com
o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima é necessária definir tal situação:
• Adultos: vítimas que apresentem caracteres sexuais secundários (pré-adolescentes).
• Crianças: a partir de 1 (um) ano de idade até a presença de caracteres sexuais
secundários.
• Bebês ou lactentes: até 1 (um) ano de idade.
• Neonatos ou recém-nascidos: das primeiras horas do parto até a saída do hospital.
Parada Cardiorrespiratória
Parada cardíaca e a cessação repentina dos batimentos cardíacos. Também pode estar
presente no infarto do coração, em choques elétricos, intoxicações, acidentes graves e outros.
Sinais de que houve parada cardíaca:
• Pulso ausente;
• Insuficiência respiratória;
• Dilatação das pupilas dos olhos;
• Perda da consciência;
• Cianose (coloração arroxeada da pele e lábios);
• Ausência de batimentos cardíacos.

13 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO COM VÍTIMAS QUE


APRESENTAM PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

Para fixar os conhecimentos ministrados serão realizadas três oficinas práticas


incluindo, um total de seis atividades.

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13.1 Procedimentos Básicos

Compressões torácicas - Para realização das compressões torácicas:


• Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância um do
outro para que tenha melhor estabilidade.
• Afaste ou, se uma tesoura estiver disponível, corte a roupa da vítima que está sobre
o tórax para deixá-lo desnudo.
• Coloque a região hipotênar de uma mão sobre o esterno da vítima e a outra mão
sobre a primeira, entrelaçando-a.
• Estenda os braços e posicione-os cerca de 90º acima da vítima.
• Comprima na frequência de, no mínimo, 100 compressões/ minuto.
• Comprima com profundidade de, no mínimo, 5cm, mas não superior a 6 cm.
• Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, sem retirar o contato
das mãos com o mesmo.
• Minimize interrupções das compressões.
• Reveze com outro socorrista, a cada dois minutos, para evitar a fadiga e compressões
de má qualidade.
O número de compressões torácicas aplicadas por minuto durante a RCP é um fator
determinante importante do retorno da circulação espontânea (RCE) e da sobrevivência com
boa função neurológica. O número real de compressões torácicas aplicadas por minuto é
determinado pela frequência das compressões torácicas (frequência de 100 a 120/min) e o
número e a duração das interrupções nas compressões (para, por exemplo, abrir a via aérea,
aplicar ventilações de resgate ou permitir análise do DEA).
Na maioria dos estudos, a aplicação de mais compressões está associada a maiores
taxas de sobrevivência, ao passo que a aplicação de menos compressões está associada a uma
menor sobrevivência. A aplicação de compressões torácicas adequadas exige ênfase não
somente na frequência adequada de compressões, mas também em minimizar interrupções a
este componente crítico da RCP. Uma frequência de compressão inadequada ou interrupções
frequentes (ou ambas) reduzirão o número total de compressões aplicadas por minuto. Uma
RCP bem-sucedida depende de uma sequência de procedimentos que pode ser sistematizada no
conceito de corrente de sobrevivência. Esta corrente de sobrevivência é composta por elos que
refletem em ações importantes a serem realizadas, cujos impactos na sobrevivência de uma
vítima de PCR são grandes e que não podem ser considerados isoladamente, pois nenhuma
destas atitudes, sozinha, podem reverter a maioria das PCR. As evidências científicas
publicadas recentemente têm apontado para uma necessidade de mudança de foco do estudo de
melhorias pontuais de procedimentos isolados para uma visão de melhoria de fluxo, alterando-
se toda a sequência de ações da RCP.

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Evolução de RCP pelo decorrido
Tempo 5min 10 min 15 min 20 min
Consequências Consciente Sonolento Inconsciente Inconsciente
Respiração Reanimação Respiração Apnéia
espontânea espontânea espontânea Morte
Neurológico Déficit Estado encefálica
normal neurológico Vegetativo

Ainda que muitas novas evidências científicas tenham sido incorporadas nestas novas
diretrizes, a revisão sistemática da literatura apontou para algumas questões que ainda se
mostram sem resposta e podem direcionar futuras pesquisas. Os pontos principais de
desenvolvimento nos últimos anos podem ser resumidos em:
• RCP de qualidade, sobretudo com redução das interrupções das compressões torácicas. O
foco da RCP deve ser colocado em compressões torácicas de qualidade, com frequência e
profundidade adequadas. O próprio sucesso de uma desfibrilação depende da qualidade das
compressões torácicas realizadas.
• Fatores que influenciam a performance do socorrista. Uma simplificação de procedimentos,
principalmente voltada para o socorrista leigo, pode proporcionar uma maior aderência a
possíveis tentativas de ressuscitação de sucesso. O melhor entendimento de eventuais
barreiras para a realização de uma RCP pode gerar ações que aumentem as taxas de RCP,
sobretudo no ambiente extra-hospitalar.
• Registros hospitalares de RCP. Informações sobre epidemiologia e desfechos da RCP têm
contribuído com informações valiosas para um maior sucesso das tentativas de ressuscitação.
Importância dos cuidados pós-ressuscitação. Muitas vítimas de PCR ressuscitadas morrem
nas primeiras 24 a 36 horas de disfunção miocárdica, e outras tantas sobrevivem com
disfunção e sequelas cerebrais importantes. É necessária uma atenção especial aos momentos
iniciais pós-ressuscitação, com ventilação e oxigenação adequadas, controle da pressão
arterial.

A viabilidade do cérebro é que define a vida humana. Na ausência de intervenção


terapêutica, a morte clínica é rapidamente seguida de lesão biológica tecidual irreversível. Essa

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sequência é um processo que se estende de 5 a 20 minutos no cérebro, de 20 a 30 minutos no
coração e por horas na pele. Devido à variação na longevidade dos diferentes tecidos corporais,
a morte encefálica tem sido considerada o indicador da morte biológica.
Para alguns pacientes com parada cardiopulmonar e com funções neurológica e
cardiorrespiratória previamente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas
de cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora. O tempo disponível de viabilidade dos
tecidos antes da morte biológica é curto e o principal determinante do sucesso da RCP.
Informação importante
A sequência recomendada para um único socorrista foi: o único socorrista deve iniciar
as compressões torácicas antes de aplicar as ventilações de resgate (C-A-B em vez de A-B-C),
para reduzir o tempo até a primeira compressão. O único socorrista deve iniciar a RCP com 30
compressões torácicas seguidas por duas respirações.
Tem-se dado ênfase permanente nas características de uma RCP de alta qualidade:
comprimir o tórax com frequência e profundidade adequadas, permitir o retorno total do tórax
após cada compressão, minimizar interrupções nas compressões e evitar ventilações excessiva.
A velocidades recomendada para as compressões torácicas é de 100 a 120/mim
(atualizada em relação ao mínimo de 100/mim.
A recomendação confirmada para a profundidade das compressões torácicas em
adultos é de, pelo menos, 2 polegadas (5cm), mas não superior a 2,4 polegadas (6cm).

Bebês (menos de 1
Crianças (1 ano de ano de idade,
Componente Adultos e adolescente
idade à puberdade) excluindo recém-
nascido)
Segurança Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítimas
Verifique se a vítima responde
Ausência de respiração ou apenas sem respiração
Reconhecimento
Nenhum pulso definido sentido em 10 segundos
de PCR
(Verificação da respiração e do pulso pode ser feita
simultaneamente, em menos de 10 segundos.
Relação de 1 socorrista
compressão- 1 ou 2 socorristas 30:2
ventilação sem via 30:2 2 ou mais socorrista
aérea avançada 15:2
Frequência de
100 a 120/min
compressão
Pelo menos um
Profundidade da terço do diâmetro
No mínimo, 5 cm Cerca de 5 cm
compressão do tórax
Cerca de 4 cm
2 mãos ou 1 mão
1 socorrista
Posicionamento 2 mãos sobre a metade (opcional para
2 dedos no centro
das mãos inferior do esterno criança muito
do tórax, logo
pequenas) sobre a
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metade interior do abaixo linha
esterno. mamilar
Espere o retorno do tórax após cada compressão; não se apoie sobre
Retorno do tórax
o tórax após cada compressão.
Minimizar Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10
interrupções segundos.

Nota: Número total de compressões aplicadas durante a ressuscitação é um fator


determinante importante da sobrevivência em PCR. Podemos encontrar uma analogia em
uma viagem de automóvel. Ao viajar de automóvel, o número de quilômetros percorridos em
um dia é afetado não somente pela velocidade (taxa de deslocamento), mas também pelo
número e pela duração das paradas feitas (interrupções do deslocamento). Um deslocamento a
60km/h, sem interrupções, traduz-se numa distância percorrida real de 60 quilômetros em uma
hora. Um deslocamento a 60km/h, com exceção de uma parada de 10 minutos, traduz-se numa
distância percorrida real de 50 quilômetros em uma hora. Quanto mais frequentes e mais
prolongadas forem as paradas, menos quilômetros serão realmente percorridos.

Definição de Morte - a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte,
conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial. Trecho da
Resolução do Conselho Federal de Medicina Nº 1.480/97 de 8/8/97.
Nos países em que o APH é tradição, são reconhecidos três tipos de morte: a Morte
Clínica, a Morte Biológica e a Morte Óbvia.
• Morte Clínica: equivale a parada cardiorrespiratória.
• Morte Biológica: equivale a morte encefálica.
• Morte Óbvia: diversos estados que indiretamente definem uma situação de morte
encefálica.
Características da Morte Clínica:
• Parada cardíaca e respiratória identificada pela ausência do pulso e da respiração.
• Midríase paralítica após 30 segundos da parada cardíaca.
• Manobras adequadas de reanimação regridem a midríase.
• Pode ser reversível.
Características da Morte Biológica:
• Morte das células encefálicas.
• Manobras adequadas de reanimação não regridem a midríase.
• É irreversível.
Obs.: Intoxicação por drogas depressoras do Sistema Nervoso Central, distúrbios metabólicos
e hipotermia podem simular os parâmetros de lesão encefálica irreversível.
Características da Morte Óbvia:
Diversos são os estados que nos apontam para uma morte encefálica:

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• Evidente estado de decomposição.
• Decapitada ou segmentada no tronco.
• Esmagada.
• Carbonizada.
• Esmagamento de crânio com perda de massa encefálica e ausência de sinais vitais (não
confundir com trauma de crânio com perda de massa encefálica, quando deve ser tentada
a reanimação).
• Rigor mortis - inicia-se entre 1 a 6 horas pelos músculos da mastigação e avança da
cabeça aos pés atingindo o máximo entre 6 a 24 horas.
• Livor mortis - estase sanguínea dependente da posição do cadáver; manifesta-se entre
1h30min a 2 horas, atingindo seu máximo entre 8 a 12 horas.

Identificação da morte e conduta no APH

Durante o socorro, ao se aproximar da vítima e constatar que não há respiração e


batimentos cardíacos, não dá para ter certeza de que já existe morte encefálica. A menos que se
encontrem sinais de morte óbvia. Para profissionais não médicos, após o início de manobras de
reanimação no pré-hospitalar recomenda-se que não haja interrupção durante o transporte da
vítima até o hospital, onde será tomada a decisão de interromper ou não a manobra. No hospital
existem melhores condições de análise da existência de morte encefálica. Muitos são os casos
conhecidos em que a vítima foi reanimada com sucesso após longo tempo de parada cardíaca.
Naturalmente, este fato está diretamente relacionado com as causas da parada cardíaca e com
fatores ambientais (como água gelada em casos de afogamento) que podem preservar o encéfalo
por tempo muito maior que os tradicionais 4 a 6 minutos para que a morte cerebral se inicie.

14 DESFIBRILAÇÃO EXTERNO AUTOMÁTICO - DEA

O DEA é um equipamento portátil, capaz de interpretar o ritmo cardíaco, selecionar o


nível de energia e carregar automaticamente, cabendo ao operador apenas pressionar o botão
de choque, quando indicado
É um fato real que a maioria das mortes súbitas por problemas cardíacos acontecem
longe dos hospitais e este é o principal motivo para a existência dos cursos de Reanimação
cardiopulmonar (RCP).
Um procedimento importante, que salva a vida de alguns pacientes e pode ser feito no
âmbito pré-hospitalar é chamado de desfibrilação.
Como funciona a Desfibrilação Externo Automático
Os desfibriladores são equipamentos projetados para proporcionar um choque elétrico
que interrompe a atividade elétrica anormal do coração doente. Não se pretende com esse
processo parar o coração, mas sim eliminar certos ritmos letais e possibilitar as condições para
que o coração retorne ao ritmo normal, espontaneamente. Este processo é chamado
desfibrilação. Atualmente, a maioria dos serviços de emergências, utiliza aparelhos
desfibriladores externos do tipo semiautomáticos chamados de DEA.
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Eles são relativamente simples de operar e o ensino do seu manuseio está lentamente
sendo incorporado nos cursos de formação e treinamentos de atualização do pessoal da saúde e
dos serviços de emergência. Os DEA são programados para reconhecer um ritmo anormal do
coração que requer um choque, carregar e transmitir o choque (modelo automático) ou
aconselhar ao socorrista o acionamento do dispositivo que transmite o choque (modelo
semiautomático). As limitações do equipamento estão mais relacionadas aos tipos de
problemas cardíacos do que às dificuldades de manuseio.

15 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS QUE


APRESENTAM PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA UTILIZANDO
O DEA

Para fixar os conhecimentos ministrados serão realizadas três oficinas práticas


incluindo, um total de seis atividades.

Aplicação do Choque. Para a aplicação do choque o socorrista deve observar os


mesmos sinais de parada citados acima: inconsciência sem resposta a estímulos, ausência de
movimentos respiratórios e ausência de pulso. Verificado que a vítima está em parada o
socorrista deve seguir os seguintes passos:
• Inicie RCP até que o DEA esteja disponível.
• Prepare o paciente, ligue o DEA e conecte as pás.
• Quando o DEA der o sinal de “analisando o ritmo cardíaco”, não toque no
paciente e pare a RCP.
• Adulto, criança, e Bebês com as devidas pás específicas para cada paciente ou
pás de adultos para todos os pacientes se apenas estas estiverem disponíveis.
Importante:
• Sempre colocar o DEA próximo da linha da cabeça;
• Ligar o DEA primeiro;
• Depois colocar os eletrodos na vítima.
Colocação das pás

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Importante: O primeiro socorrista só vai parar de realizar as compressões cardíacas após o
DEA iniciar análise (analisando). O segundo socorrista que vai pegar e preparar o DEA, e vai
realizar o disparo.
Vítimas de PCR são divididas em 2 grupos:
• Acometidos por PCR com ritimos chocáveis: Taquicardia Ventricular (TV) sem
pulso e Fibrilação Ventricular (FV).
• Acometidos por PCR com ritmos não-chocáveis: Assistolia e Atividade Elétrica Sem
Pulso (AESP).
Uma vez definido qual o ritmo de apresentação da PCR deve se tomar atitudes
específicas em relação a esses doentes, mas elas podem mudar de acordo com a evolução do
cenário clínico, de forma tal que um indivíduo que inicia com um ritmo pode degenerar
rapidamente para outro e, assim, ter seu manejo alterado.
TV sem Pulso
Sucessão rápida de batimentos ectópicos ventriculares
• Deterioração hemodinâmica.

Fibrilação Ventricular
• Total desorganização da atividade elétrica do coração que deixa de bombear o sangue.
• Não há débito cardíaco e fluxo cerebral.
• Mais frequente tipo de PCR e com maior chance de reversão com o uso de desfibrilador.

AESP (Atividade Elétrica Sem Pulso)


Ritmo elétrico que deveria estar associado a pulso central: existe atividade elétrica
organizada, porém há uma dissociação, impedindo a contração muscular efetiva, sem resposta
mecânica que gere débito suficiente para pulso arterial central
Assistolia
• Cuidado: Até 10% são FV! - Pior prognóstico.
• Mais comum em paradas de origem respiratória (crianças, afogamentos, hipotermia).
• Cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica nos ventrículos.
• Muitas vezes é o estágio final evolutivo da PCR.

Desfibrilação – PCR em TV s/ pulso e FV


• Monofásico: 360J ou Bifásico: 120 a 200J.
• 2 minutos de RCP (5 ciclos de 30:2).
• Avalia novamente o ritmo.

Qualidade da RCP
• Comprima com força (>2 pol (5cm) e rapidez (≥100/min) e aguarde o retorno total do
tórax.
• Minimize interrupções nas compressões.
• Evite ventilação excessiva.
• Alterne a pessoa que aplica as compressões a cada 2 minutos.
• Se sem via aérea avançada, relação compressão-ventilação de 30:2.

Retorno da circulação espontânea (RCE)


• Pulso e pressão arterial.

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Após o choque reinicie o RCP imediatamente com compressões torácicas, sem
reavaliar o pulso e sem retirar as pás. Após o primeiro choque com o DEA, mais de 90% dos
corações em FV respondem, retornando a um ritmo normal. Porém, muitas vezes o coração
não consegue estabelecer este ritmo por mais de um minuto e precisa da aplicação de
compressões torácicas para restabelecer o ritmo.
Quando a PCR aconteceu a mais de 4 (quatro) a 5 (cinco) minutos, o músculo cardíaco
permanece por muito tempo em hipóxia não reagindo bem ao choque. Para isso a aplicação de
2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP garante um mínimo de oxigenação ao músculo
cardíaco para responder de forma mais efetiva ao choque. Nos casos em que o choque não é
indicado reinicie com compressões e realize 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP. Após
isto reative o DEA para analisar novamente o ritmo cardíaco.
Não é necessário retirar as pás durante o RCP. O uso do DEA também é indicado em
crianças, preferencialmente com pás menores adaptadas para a proporção das crianças. Caso
não haja pás para crianças use as pás para adultos. O DEA ainda não é recomendado para bebês
(menores de 1 ano).
Algumas complicações podem surgir devido ao excesso de pelos ou a presença de água
no peito da vítima. Se o DEA não conseguir analisar arranque as pás com os pelos e coloque
outras no lugar, se não funcionar corte os pelos com uma tesoura. Nunca aplique o DEA se a
vítima estiver submersa, retire-a da água e seque o peito da vítima para conectar as pás.
Aplicar as pás a, pelo menos, 3 centímetros da borda de qualquer dispositivo eletrônico
implantado (ex.: marcapasso). Isso evitará danos ao dispositivo do paciente.

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Tratamento pós parada cardiorrespiratória

Em caso de sucesso nas manobras de ressuscitação deve seguir um tratamento para


restabelecer os sinais vitais da vítima as condições normais. Investigue as causas que levaram
a parada para melhor tratá-la. O primeiro passo é garantir a ventilação adequada da vítima, de
preferência com oxigênio e ventilação positiva, pois a maioria das vítimas que retornam após
RCP precisam de auxílio na respiração.

16 ESTADO DE CHOQUE

Estado de Choque é um grupo de síndromes cardiovasculares agudas que tem


característica e uma definição única, que compreenda todas as suas diversas causas e origens,
ele se dá quando há mal funcionamento entre coração, vasos sanguíneos (artérias ou veias) e o
sangue, instalando-se um desequilíbrio no organismo.
Vários sinais e sintomas predispõem ao choque, que facilitam a observação e análise
dos mecanismos. Há vários tipos de choque: choque hipovolêmico, choque cardiogênico,
choque séptico, choque anafilático, choque neurogênico, choque distributivo, choque misto que
iremos tratar nesta apostila.
Estado de Choque é a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter
suficiente sangue circulando para todos os órgãos do corpo. Trata-se de uma condição de
extrema gravidade, cuja identificação e atendimento fazem parte da abordagem primária da
vítima. Uma vez que o estado de choque atinja certo nível de severidade, o paciente não será
salvo. Todo esforço deverá ser feito pela equipe de socorro para identificar o choque, tomando-
se as medidas necessárias e transportando a vítima rapidamente ao tratamento definitivo no
hospital. Vítima de trauma que recebe o tratamento definitivo no hospital até uma hora após
sofrer a lesão tem maior chance de sobrevida.
Importante:

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Para melhorar nosso entendimento: O aparelho cardiovascular é responsável por
transportar oxigênio e nutrientes para todos os tecidos do corpo e eliminar gás carbônico e
resíduos resultantes do processo de nutrição celular. Para realizar adequadamente esse trabalho,
o sistema circulatório retira oxigênio dos pulmões, nutrientes do intestino e fígado e leva-os
para todas as células do organismo. Depois disso, retira o gás carbônico e detritos celulares da
intimidade dos tecidos, levando-os para os órgãos responsáveis pela excreção (pulmões, rins,
fígado etc.).
A esse processo, que ocorre em nível de capilares, dá-se o nome de perfusão tecidual.
A diminuição do volume sanguíneo afeta a perfusão. Uma falha na perfusão leva os tecidos à
morte.

Importante:
O choque pode estar relacionado a:
1º) CORAÇÃO - falha de bomba;
2º) SANGUE - perda de sangue ou plasma;
3º) DILATAÇÃO DOS VASOS SANGUÍNEOS - capacidade do sistema circulatório muito
maior que o volume de sangue disponível para enchê-lo.
Com a diminuição de perfusão tecidual, os órgãos terão sua função prejudicada
basicamente pela falta de oxigênio, nutrientes e acúmulo de resíduos. A falha na circulação
cerebral leva à diminuição do nível de consciência da vítima, os rins diminuem o débito urinário
e o coração aumenta a frequência de batimentos, num esforço para manter o fluxo de sangue
para órgãos vitais; com o agravamento do choque, o músculo cardíaco comprometido
desenvolve bradicardia e parada cardíaca.

16.1 Tipos de Choque

Choque Hipovolêmico
Tipo mais comum de choque que o socorrista vai encontrar no atendimento pré-
hospitalar. Sua característica básica é a diminuição acentuada do volume de sangue. Pode ser
causado pelos seguintes fatores: perda direta de sangue: hemorragia interna e externa; perda de
plasma: em caso de queimaduras, contusões e lesões traumáticas; perda de líquido pelo trato
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gastrointestinal: provoca desidratação (vômito ou diarreia). No caso de fratura de fêmur, estima-
se a perda de aproximadamente 1 litro de sangue circulante, parte devido ao sangramento e
parte à transudação (perda de plasma e outros fluidos nos tecidos moles danificados pela
fratura). Nas queimaduras, quantidade considerável de plasma deixa a circulação em direção
aos tecidos adjacentes à área queimada. A redução no volume de sangue circulante causa
diminuição no débito cardíaco e reduz toda a circulação (perfusão tecidual comprometida). O
reconhecimento precoce e o cuidado efetivo no atendimento do choque hipovolêmico podem
salvar a vida do paciente. O tratamento definitivo do choque hipovolêmico é a reposição de
líquidos (soluções salinas ou sangue).
Sinais e sintomas do choque hipovolêmico podem variar e não aparecer em todas as
vítimas. O mais importante é suspeitar e estabelecer os cuidados antes que se desenvolvam. A
vítima apresentaria os seguintes sinais e sintomas:
• Ansiedade e inquietação;
• Náusea e vômito;
• Sede, secura na boca, língua e lábios;
• Fraqueza, tontura e frio;
• Queda acentuada de pressão arterial (PA menor que 90mm/Hg);
• Respiração rápida e profunda - no agravamento do quadro, a respiração torna-se
superficial e irregular;
• Pulso rápido e fraco em casos graves; quando há grande perda de sangue, pulso difícil
de sentir ou até ausente;
• Enchimento capilar acima de 2 segundos;
• Inconsciência parcial ou total;
• Pele fria e úmida (pegajosa);
• Palidez ou cianose (pele e mucosas acinzentadas);
• Olhos sem brilho, e pupilas dilatadas (sugerindo apreensão e medo).
• Casos graves; quando há grande perda de sangue, pulso difícil de sentir ou até ausente;
• Enchimento capilar acima de 2 segundos;
• Inconsciência parcial ou total;
• Pele fria e úmida (pegajosa);
• Palidez ou cianose (pele e mucosas acinzentadas);
• Olhos vitrificados, sem brilho, e pupilas dilatadas (sugerindo apreensão e medo).

Choque cardíaco
Decorre de uma incapacidade do coração bombear o sangue de forma efetiva. Este
enfraquecimento do músculo cardíaco pode ser consequência de infarto agudo do miocárdio,
situação frequente, sendo que a vítima, normalmente, apresenta dor torácica antes de entrar em
choque.

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Outras situações que podem gerar choque cardiogênico: Arritmias cardíacas (prejuízo
da eficácia de contração); tamponamento pericárdico (por restrição de expansão do coração).
Os sinais e sintomas são semelhantes aos do choque hipovolêmico e o pulso pode estar
irregular. Já com relação aos cuidados de emergência, a vítima não necessita de reposição de
líquidos ou elevação de membros inferiores; frequentemente respira melhor semi sentada.
Administrar oxigênio e, se necessário, manobras de reanimação.

Choque neurogênico
Causado por falha no sistema nervoso em controlar o diâmetro dos vasos, em
consequência de lesão na medula espinhal, interrompendo a comunicação entre o cérebro e os
vasos sanguíneos. O resultado é a perda da resistência periférica e a dilatação da rede vascular.
Se o leito vascular estiver dilatado, não existirá sangue suficiente para preencher a circulação,
havendo perfusão inadequada de órgãos. Com exceção do pulso, os sinais e sintomas do choque
neurogênico são os mesmos do choque hipovolêmico. O paciente apresenta bradicardia (pulso
lento).

Choque anafilático
Resulta de uma reação de sensibilidade a algo a que o paciente é extremamente
alérgico. Como picada de inseto (abelhas, vespas), medicação, alimentos, inalantes ambientais,
etc.
A reação anafilática ocorre em questão de segundos ou minutos após o contato com a
substância a que o paciente é alérgico. Alguns sinais e sintomas são característicos:
• Pele avermelhada, com coceira ou queimação;
• Edema de face e língua;
• Respiração ruidosa e difícil devido ao edema de cordas vocais;
• Finalmente queda da pressão arterial, pulso fraco, tontura, palidez e cianose; - coma.
O paciente em choque anafilático necessita de medicação de urgência para combater a
reação, administrada por médico.

Choque séptico

Numa infecção severa, toxinas são liberadas na circulação, provocando dilatação dos
vasos sanguíneos e consequente aumento da capacidade do sistema circulatório. Além disso,
ocorre perda de plasma pela parede dos vasos, diminuindo o volume sanguíneo. Esse tipo de
choque ocorre em pacientes hospitalizados, sendo excepcionalmente visto por socorrista no
atendimento pré-hospitalar.

O socorrista deve providenciar a chegada do profissional médico à cena do


atendimento ou o transporte rápido para o hospital. Aplicar as seguintes medidas às vítimas em
choque:
• Tratar a causa: interromper sangramento quando acessível (usar o método da pressão
direta, elevação do membro).
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• Assegurar via aérea permeável e manutenção da respiração.
• Administrar oxigênio em alta concentração (5 litros por minuto sob máscara facial
perfeitamente ajustada).
• Imobilizar e alinhar fraturas - diminui a dor e o sangramento.
• Confortar o paciente - quanto mais calmo e colaborativo, melhores chances de
sobrevida.
• Colocar a vítima em posição de choque: a melhor é em decúbito dorsal, com as pernas
elevadas mais ou menos 25 cm. O objetivo é concentrar o volume sanguíneo na cabeça,
no tórax e na parte alta do abdômen. Caso essa posição não seja possível, isto é, se
causar dor ou desconforto ao paciente, mantenha-o no plano. Se estiver vomitando e
não houver qualquer contraindicação, transporte-o em decúbito lateral.
• Não dar nenhum líquido ou alimento.
• Monitorar o paciente durante o transporte; conferir os sinais vitais a cada 5 minutos e
comunicar qualquer alteração.
• Manter o paciente aquecido.
• Certificar-se de que esteja coberto sob e sobre o corpo, remover a roupa úmida,
considerando a temperatura do meio ambiente para não provocar sudorese. Em resumo,
a vítima de trauma em choque hipovolêmico deve ter a via aérea permeável, oxigenação
restaurada, ser rápida e eficientemente imobilizada e transportada imediatamente ao
hospital para receber tratamento definitivo.
Importante: Choque hipovolêmico na criança - O trauma na infância geralmente resulta em
perda significativa de sangue. No entanto, as características fisiológicas próprias da criança
fazem com que, muitas vezes, as alterações dos sinais vitais sejam pequenas e o choque
hipovolêmico em fase inicial passe despercebido. Daí resulta a indicação para monitorar
cuidadosamente a evolução dos sinais vitais em crianças traumatizadas. A primeira alteração
perceptível é a taquicardia que, entretanto, pode ocorrer também como resposta ao estresse
psicológico, à dor e ao medo. Considere que a frequência cardíaca varia em função da idade da
criança. De modo geral, taquicardia com extremidades frias e PA sistólica menor que 70 mmHg
são indicadores de choque na criança. Os cuidados de emergência a serem dispensados pelo
socorrista são os mesmos descritos para adultos, ressaltando-se que a perda de calor corporal
numa criança hipotensa pode ser letal. Cabe ao socorrista:
• Dar suporte básico de vida à vítima (manter vias aéreas e oxigenação).
• Providenciar o transporte rápido ao hospital que deverá ser comunicado
antecipadamente.
• Várias complicações podem ser observadas em doentes com choque persistente ou
inadequadamente reanimados: por isso, o reconhecimento precoce e o tratamento
agressivo do choque são essenciais. A qualidade do atendimento prestado no ambiente
pré-hospitalar pode alterar a evolução do doente no hospital e seu prognostico. O não
reconhecimento do choque, levando a não instituição do tratamento adequado no
ambiente pré-hospitalar, pode estender o tempo de internação do doente.

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17 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS NO ESTADO DE
CHOQUE

Para fixar os conhecimentos ministrados serão realizadas três oficinas práticas


incluindo, um total de seis atividades.

18 CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS

Fratura: é a lesão óssea de origem traumática, produzida por trauma direto ou indireto.
O conjunto de fragmentos ósseos produzidos pela fratura e os tecidos lesados em torno da lesão
é denominado foco de fratura. O osso é o único tecido do nosso organismo que cicatriza com o
mesmo tecido anterior à lesão. O processo de cicatrização óssea denomina-se consolidação. O
risco de surgir uma fratura óssea nas mulheres é maior devido a osteoporose, são fraturas
resultantes de quedas de baixo impacto, portanto não resultantes de acidentes graves. A massa
óssea, principalmente das mulheres, começa a diminuir depois da menopausa por influência
dos hormônios. Os homens também podem sofrer de osteoporose, depois dos 65 anos de idade,
mas a relação com os hormônios não é tão evidente. A qualidade de vida das pessoas idosas,
que sofrem fraturas, geralmente, piora muito, pois, a cicatrizarão é mais lenta e a recuperação
muscular é mais difícil. Uma das fraturas mais graves no idoso é a do fêmur e para sua
imobilização não é indicada a utilização aparelho de tração de fêmur, assim como em fraturas
expostas.

Classificação de Fraturas:

No geral, fraturas são classificadas como fechadas ou expostas. Em uma fratura


fechada, a pele não é perfurada pelas extremidades dos ossos, sendo que em uma fratura
exposta, a integridade da pele foi comprometida.
Fraturas fechadas: São aquelas nas quais o osso foi
quebrado, mas o doente não tem perda da integridade
da pele. Sinais de uma fratura fechada incluem dor,
sensibilidade, deformidade, hematomas, edema e
crepitação, embora em alguns doentes dor e
sensibilidade podem ser os únicos achados. Pulsos,
cor da pele e função motora e sensorial devem ser
avaliados distalmente ao local da suspeita de fratura.
Pedir ao doente para mover a extremidades fraturada
pode transformar uma fratura fechada em uma fratura
expostas.
Fraturas exposta (aberto): Geralmente ocorrem
quando a extremidades cortante de um osso fraturado
penetra na pele pelo lado de dentro, ou uma lesão
lacera a pele e o músculo até o local da fratura.

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Quando uma fratura está exposta ao ambiente externo, as pontas do osso fraturado
podem ser contaminadas com bactérias da pele adjacente ou por contaminação vinda do
ambiente.

Todo ferimento aberto próximo a uma possível fratura precisa ser considerado como
uma fratura exposta e tratado como tal.
Nota: Imobilização inadequada ou manipulação não cuidadosa de uma extremidade fraturada
pode transformar uma fratura fechada em uma fratura exposta.

Fraturas expostas podem nem sempre ser fáceis de identificar em um doente vítima de
trauma. Embora a saída do osso através de um ferimento seja evidente, lesões do tecido mole
próximos a uma fratura/deformidade podem ser resultantes de uma extremidade óssea que
perfurou a superfície da pele, e posteriormente retornou de volta para o tecido.

Sintomas e Sinais
• Dor: Devido ao trauma localizado, sempre haverá dor no local da fratura, que varia
muito de um paciente para outro, sendo aliviada por manobras de tração, alinhamento e
imobilização.
• Aumento de volume: devido ao trauma, ocorre uma lesão dos tecidos vizinhos à fratura,
produzindo sangramento local, detectado como um aumento de volume, produzindo,
com o passar do tempo, edema localizado. Em algumas fraturas, de fêmur e pélvis, por
exemplo, o sangramento pode causar choque hipovolêmico.
• Deformidade: o segmento fraturado apresenta angulações, rotações e encurtamentos
evidentes à simples observação da vítima, comparando-se o membro lesado com o não
afetado.
• Impotência funcional: a fratura impede ou dificulta os movimentos, devido à dor e à
alteração musculoesquelética, no que diz respeito à anatomia.
• Crepitação óssea: sensação audível e palpável causada pelo atrito entre os fragmentos
ósseos. Não deve ser reproduzida intencionalmente, porque provoca dor e aumenta a
lesão entre os tecidos vizinhos à fratura.
Durante o atendimento não movimente vítima com fraturas antes de imobilizá-la
adequadamente. Se há risco real de incêndio, desabamento ou explosão, arraste-a por meio do
maior eixo do corpo. Se há necessidade de posicionar a vítima para instituir RCP, proceda de
modo a manter em alinhamento os segmentos fraturados.
Nas fraturas expostas controle o sangramento e proteja o ferimento, ocluindo-o com
curativos estéreis e bandagens.

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Em fratura dos ossos longos, examine a sensibilidade e os pulsos periféricos antes e
depois de tracionar e alinhar. Reveja seu procedimento se esses parâmetros mostrarem sinais
de piora. Mantenha a tração e o alinhamento até que a tala de imobilização esteja posicionada
e fixa. Imobilize deformidades situadas próximas a articulações que não se corrijam com tração
suave na posição em que se encontram.
Quando imobilizar uma fratura inclua na tala a articulação proximal e distal à lesão.
As talas devem ser ajustadas e não apertadas, de maneira a não interromper a
circulação local. Forre toda a tala. Nos pontos de deformidade e nas saliências ósseas, coloque
estofamento extra.
Transporte da vítima deve ser feito de modo confortável e seguro; o principal objetivo
do resgate é não agravar as lesões preexistentes. O atendimento correto evita o agravamento
das lesões, reduz a dor e o sangramento.

• Luxações: deslocamento de superfícies articulares, modificando as relações naturais de


uma articulação. Nas articulações existe uma congruência articular entre as superfícies
ósseas em contato. Estas são recobertas por cartilagem articular e mantidas por uma
cápsula articular reforçada por ligamentos. Os traumas indiretos, normalmente
produzidos por quedas com apoio nas extremidades, fazem com que essas superfícies
articulares saiam de sua posição, produzindo perda da congruência articular da função
da articulação correspondente. As luxações ocorrem mais comumente em articulações
móveis (ombro, quadril, dedos da mão).
• Sinais e sintomas: dor geralmente intensa devido à compressão de estruturas locais;
pode levar ao choque neurogênico.
• Deformidade: sinal evidente à simples inspeção da vítima; deve ser comparada com o
lado oposto.

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• Impotência funcional: devido à perda da congruência articular, existe perda completa da
função articular, e qualquer tentativa de mobilidade é extremamente dolorosa.
• Palidez: localizada, causada pela compressão do osso luxado sob a pele.
• Edema: tardio varia com o grau de deformidade e a articulação luxada.
• Encurtamento ou alongamento: podem ocorrer devido à deformidade da articulação
luxada.
• Cuidados de emergência: a manipulação das luxações cabe exclusivamente ao médico.
Manobras inadequadas e intempestivas podem agravar a lesão já existente e produzir
dano adicional aos tecidos vizinhos, inclusive fraturas. No atendimento pré-hospitalar,
a imobilização deve ser na posição de deformidade, buscando oferecer o máximo de
conforto à vítima. Ficar atento a sinais e sintomas de choque, informando se ocorrerem.

19 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO

Tipos de imobilizadores
• Talas rígidas: seguem um formato no alinhamento do membro.
• Talas moldáveis: permitem moldagem na forma do segmento lesado.
• Talas infláveis: dispositivo plástico no formato do membro.
• Prancha longa: imobilização de corpo inteiro em plano rígido.
• Bandagens triangulares: fixador de talas e imobilizador para luxações e entorses de
membros superiores.
• Colete Imobilizador Dorsal, conhecido por KED - Kendrick Extrication Device:
aplicado invertido em caso de trauma no quadril.
• Prancha curta.
Importante: no caso de suspeita de fratura, a providência mais recomendável a tomar é
proceder a imobilização, impedindo o deslocamento dos ossos fraturados e impedindo maiores
danos.
Acessórios para imobilização: fita crepe, atadura de crepe, compressas de gaze, bandagem
triangular.

Razões para a Imobilização Provisória:


a) Evitar a dor: prevenindo a movimentação de fragmentos ósseos fraturados ou dos ossos
de uma articulação luxada ou com entorse.
b) Prevenir ou minimizar:
• Lesões futuras de músculos, nervos e vasos sanguíneos pelos fragmentos ósseos.
• Rompimento da pele e conversão de uma fratura fechada em aberta (mais perigosa
devido à contaminação direta e possível infecção).
• Diminuição do fluxo sanguíneo como resultado da pressão exercida pelos fragmentos
ósseos sobre os vasos sanguíneos.
• Sangramento excessivo para os tecidos ao redor do local da fratura causado pelas
extremidades ósseas instáveis.
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• Paralisia das extremidades como resultado de uma lesão da medula espinhal por
vértebras fraturadas ou luxadas.

Regras Gerais para a Imobilização


a) NUNCA tentar alinhar o osso fraturado.
b) Tratar, primeiramente, as lesões que ameaçam a vida, detectadas na análise primária.
c) Expor o local do ferimento e remover adornos como relógio, pulseiras e anéis.
d) Cobrir ferimentos com gaze estéril seca, atadura de crepe ou bandagem triangular.
e) Não tentar reintroduzir um osso exposto.
f) Avaliar o pulso distal, perfusão capilar, cor, temperatura, sensibilidade, mobilidade e
motricidade.
g) Imobilizar o membro com o mínimo de movimentação possível, em posição mais
próxima da anatômica, conforme procedimentos específicos.
h) Avaliar pulso distal e perfusão capilar distal após a imobilização; caso fiquem
prejudicadas, refazer a imobilização.
i) Na dúvida, se há ou não fratura, sempre imobilizar.
j) Não se distrair das prioridades por causa de uma fratura que cause uma deformidade
impressionante.
k) Não perder tempo com imobilizações elaboradas diante de situações de risco de vida à
vítima, como, por exemplo, choque ou obstrução respiratória.

Procedimentos operacionais de imobilização de Lesões Musculoesqueléticas

Clavícula, Escápula e Ombro.


• Imobilizar o membro proporcionando sustentação para o braço.
• Utilizar bandagem triangular e confeccionar uma tipoia.
• Se o membro estiver afastado do corpo, colocar um apoio entre o braço e o corpo para
manter o membro na posição encontrada.

Luxação de Ombro
• Utilizar bandagem triangular e confeccionar uma tipoia:
• Se o membro estiver afastado do corpo, colocar um apoio entre o braço e o corpo para
manter o membro na posição encontrada.

Úmero
a) Envolver a articulação do ombro e do cotovelo:
• Se a fratura for proximal (próximo ao ombro), utilizar 2 bandagens triangulares,
imobilizando o membro fletido.
• Se a fratura for medial, utilizar tala rígida na face anterior do braço, protegendo a
extremidade da tala que estiver em contato com a axila com uma atadura. Poderá ser
utilizado tala moldável.

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b) Se a fratura for distal (comum em crianças e pessoas idosas) utilizar a tala rígida ou a
moldável.

Rádio e Ulna
a) Envolver a articulação do cotovelo e do punho.
b) Utilizar a tala rígida ou moldável para imobilização de fraturas.
c) Fraturas alinhadas, sem comprometimento neurológico ou vascular, podem ser
imobilizadas com tala inflável.

Mão e Dedos
a) Imobilizar a mão com os dedos semifletidos, deixando-os apoiados sobre um rolo de
atadura de crepe ou chumaço de gaze.
b) Utilizar tala rígida ou moldável.
c) Para os dedos, proceder da mesma forma; caso seja apenas um dedo e o
comprometimento é da falange distal, utilizar duas espátulas de madeira.

Pelve
a) Imobilizar na prancha longa, com auxílio da tala rígida e bandagem triangular.
b) Imobilizar envolvendo a articulação do joelho e impedindo a flexão do quadril.
c) Colocar um cobertor enrolado entre os membros inferiores.
d) Poderá ser utilizado o colete imobilizador dorsal na posição invertida.

Luxação de Articulação Coxofemoral


a) Fazer imobilização de forma a sustentar o membro na posição encontrada, utilizar tala
moldável e cobertores enrolados.
b) Utilizar a prancha longa.

Fêmur
a) Utilizar a tala rígida ou moldável.
b) Imobilizar de forma a impedir movimentação do quadril e do joelho.

Joelho
a) Lesões ortopédicas de joelho, utilizar tala rígida ou moldável.
b) Imobilizar o joelho envolvendo o fêmur, a tíbia e a fíbula.

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Tíbia e Fíbula
a) Utilizar tala rígida, moldável ou inflável.
b) Imobilizar envolvendo a articulação do joelho e tornozelo

Pés
a) Utilizar tala aramada moldável.

ATENÇÃO

a) Nunca tentar realinhar um membro fraturado, devendo ser imobilizado na posição


encontrada, particularmente em casos onde houver suspeita de lesões próximas às
articulações.
b) Na evidência de alteração de perfusão e ausência de pulso distal à fratura, adotar e
efetuar o Transporte Imediato.
c) Estar atento para a possibilidade de choque nas vítimas com fratura de pelve e/ou
fêmur pela grande quantidade de sangue no foco da fratura.
d) Não utilizar tala inflável nas fraturas desalinhadas, nas fraturas expostas e na ausência
de pulso periférico distal à lesão.

20 CLASSIFICAÇÃO DE HEMORRAGIAS, FERIMENTOS E


QUEIMADURAS

20.1 Hemorragias

Na sua grande maioria, os acidentes resultam em lesões com rompimentos de tecidos


e vasos com perda sanguínea. Como principal consequência, temos o desencadeamento do
choque hipovolêmico (hemodinâmico) que em pouco tempo pode levar a vítima à morte.
Nestes casos é fundamental a ação rápida e eficaz do socorrista, impedindo a evolução
do quadro. Esta ação deverá ser tomada a partir do momento em que ocorreu o acidente, quando
se associando técnicas de contenção de hemorragias com a prevenção do choque, serão criadas
possibilidades de se alcançar socorro médico ainda com a vítima em boas condições de
recuperação.
Definição de hemorragia: perda aguda de sangue circulante. A hemorragia
poderá ser interna quando se dá para dentro do corpo não sendo possível
visualiza-la e externa quando o sangue sai para o exterior do corpo.

a) Tipos de Hemorragias quanto ao vaso lesado


• Arterial: Hemorragia que faz jorrar sangue pulsátil e de cor vermelho vivo.
• Venosa: Hemorragia onde o sangue sai lento e contínuo, com cor vermelho escuro.
• Capilar: O sangue sai lentamente dos vasos menores, na cor similar ao sangue
venoso.

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ÓRGÃO Tempo de isquemia
Coração, cerebelo, pulmões. 4 a 6 minutos
Rins, ficado, trato gastrointestinal. 45 a 90 minutos
Músculo, osso, pele. 4 a 6 horas

b) Mecanismos Corporais de Controle de Hemorragias


• Vasoconstrição que é um mecanismo reflexo que permite a contração do vaso
quando ele se rompe diminuindo a perda sanguínea;
• Coagulação consiste em um mecanismo de aglutinação de substâncias
plaquetárias no local onde ocorreu o rompimento do vaso, com a formação de um
verdadeiro tampão, denominado coágulo, que obstrui a saída de sangue.
c) Reconhecimento de Hemorragias Externas
Durante a análise primária, o socorrista deverá através da apalpação e da visualização
do corpo do acidentado:
• Observar e constatar se há presença de sangue nas roupas.
• Observar e constatar se há presença de sangue no local onde está a vítima.
• Observar e constatar saída de sangue pelo ferimento.
• Observar e constatar sinais e sintomas de choque.
d) Acessórios para Contenção de Hemorragias
• Compressa de gaze;
• Bandagem triangular;
• Atadura de crepe.

20.2 Ferimentos

Definição: Podem ser definidos como uma agressão à


integridade tecidual.

Dependendo da localização, profundidade e extensão, podem representar risco de vida


para a vítima pela perda sanguínea que podem ocasionar ou por afetar órgãos internos.
Os ferimentos podem ser classificados em:
1. Ferimento aberto: é aquela onde existe uma perda de continuidade da superfície cutânea, ou
seja, onde a pele está aberta.
2. Ferimento fechado ou contusão: a lesão ocorre abaixo da pele, porém não existe perda da
continuidade na superfície, ou seja, a pele continua intacta.

Tipos de Ferimentos

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Escoriações ou ferida abrasiva: são lesões superficiais de sangramento discreto e muito
doloroso. Devem ser protegidas com curativo estéril de material não aderente, bandagens ou
ataduras.
Incisivo: são lesões de bordas regulares produzidas por objetos cortantes, que podem causar
sangramentos variáveis e danos a tecidos profundos, como tendões, músculos e nervos. Devem
ser protegidas com curativo estéril fixado com bandagens ou ataduras.
Lacerações: são lesões de bordas irregulares, produzidas por objetos rombos, através de trauma
fechado sobre a superfície óssea ou quando produzido por objetos afiados.
Pérfuro-contusos: são lesões causadas pela penetração de projéteis ou objetos pontiagudos
através da pele e dos tecidos subjacentes. O orifício de entrada pode não corresponder à
profundidade de lesão, devendo-se sempre procurar um orifício de saída e considerar lesões de
órgãos internos, quando o ferimento se localizar nas regiões do tórax ou abdômen.
Contundente: lesão produzida por agressão através de objeto pesado e pouco afiado, ou pelo
choque do corpo contra estruturas semelhantes. Sempre suspeitar da possibilidade de
rompimento de órgãos internos principalmente se ocorre na cavidade abdominal.
Avulsões: lesões nas quais tecidos moles e/ou pele são destacados do corpo ou ficam
dependurados por um retalho. Pode ser avulsão completa ou incompleta. Obs.: completa quando
se separa totalmente do seu local de origem; incompleta quando fica dependurada como um
retalho.
Amputação Traumática: perda total ou parcial de um membro ou de parte deste segmento (mão,
dedo, pé) causada por um traumatismo. Obs.: em geral o termo “amputação” se refere ao
procedimento cirúrgico de secção de parte ou de todo um membro. Quando provocada por
trauma deve o conceito ser acrescido da expressão “traumática”.

20.3 Queimaduras

As queimaduras são lesões frequentes e a quarta causa de morte por trauma. Mesmo
quando não levam a óbito, as queimaduras severas produzem grande sofrimento físico e
requerem tratamento que dura meses, até anos. Sequelas físicas e psicológicas são comuns.
Pessoas de todas as faixas etárias estão sujeitas a queimaduras, mas as crianças são vítimas
frequentes, muitas vezes por descuido dos pais ou responsáveis. O atendimento definitivo aos
grandes queimados deve ser feito preferencialmente em centros especializados.

Classificação das Queimaduras


As queimaduras se classificam de acordo com a causa, profundidade, extensão,
localização e gravidade.

Quanto às Causas:
• Térmicas: causadas por gases, líquidos ou sólidos quentes, revelam-se as queimaduras
mais comuns.
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• Químicas: causadas por ácidos ou álcalis, podem ser graves; necessitam de um correto
atendimento pré-hospitalar, pois o manejo inadequado pode agravar as lesões.
• Por eletricidade: geralmente as lesões internas, no trajeto da corrente elétrica através do
organismo, são extensas, enquanto as lesões das áreas de entrada e saída da corrente
elétrica na superfície cutânea, pequenas. Essa particularidade pode levar a erros na
avaliação da queimadura, que costuma ser grave.
• Por radiação: causadas por raios ultravioleta (UV), por raios-X ou por radiações
ionizantes. As lesões por raios UV são as bem-conhecidas queimaduras solares,
geralmente superficiais e de pouca gravidade. As queimaduras por radiações ionizantes,
como os raios gama, são lesões raras. Nesta situação, é importante saber que a segurança
da equipe pode estar em risco se houver exposição a substâncias radioativas presentes
no ambiente ou na vítima. Atender às ocorrências que envolvam substâncias radioativas
sempre sob orientação adequada e com a devida proteção; não hesitar em pedir
informações e apoio à Central.
Quanto à Profundidade:
As queimaduras, principalmente as térmicas, classificam-se de acordo com a
profundidade da lesão: de primeiro, segundo e terceiro graus. Essa classificação é importante
porque direciona desde o atendimento pré-hospitalar até o definitivo no centro de queimados.
Trata-se de conhecimento importante para a atividade do socorrista. A avaliação da
profundidade da lesão se faz apenas por estimativa; muitas vezes, a real profundidade da lesão
só se revela depois de alguns dias.

Primeiro grau (espessura superficial):


queimaduras que atingem apenas a epiderme.

Segundo grau (espessura parcial): queimaduras


que atingem a epiderme e a derme, produzindo
dor severa. A pele se apresenta avermelhada e
com bolhas; as lesões que atingem a derme mais
profunda revelam-se úmidas. São as queimaduras
que mais se beneficiam do curativo efetuado
corretamente.

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Terceiro grau (espessura total): atingem toda a
espessura da pele e chegam ao tecido subcutâneo.
As lesões são secas, de cor esbranquiçada, com
aspecto de couro, ou então pretas, de aspecto
carbonizado. Geralmente não são dolorosas,
porque destroem as terminações nervosas; as
áreas nos bordos das lesões de terceiro grau
podem apresentar queimaduras menos profundas,
de segundo grau, portanto bastante dolorosas

Quarto grau (toda estrutura da pele e órgãos):


são aquelas que acometem não somente todas as
camadas da pele, mas também o tecido adiposo
subjacente, os músculos, os ossos ou os órgãos
internos.

Bolhas: Ocorre quando a epiderme se separa da derme subjacente, e é preenchida pelo fluido
proveniente do extravasamento de vasos adjacentes. A presença de proteínas osmoticamente
ativas contido no interior da bolha atrai mais líquidos para este espaço, levando ao
crescimento da lesão. Conforme a bolha cresce, pressiona o tecido lesionado do leito da ferida,
aumentando a dor sentida pelo doente.

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Quanto a extensão da queimadura

Com relação a sua extensão, calcula-se a área de superfície corporal queimada (SCQ)
através da regra dos noves. Nesta regra, cada braço tem 9% da SCQ, a cabeça outros 9%, tórax
9%, abdome 9%, dorso 18%, cada perna 18%, totalizando 99%. O 1% restante é a área genital.
Para áreas pequenas, usa-se uma comparação da área queimada com a palma da mão do
queimado: equivale a 1% da SCQ.
Queimaduras de segundo grau até 10% da superfície corporal geralmente podem ser
tratadas ambulatoriamente, desde que não sejam em mãos, face ou articulações e não estejam
complicadas com infecção.
As queimaduras maiores devem ser tratadas em Centros de Tratamentos de
Queimados, com risco de morte aumentado conforme aumenta a área afetada. É uma importante
causa de morte em crianças.

Importante:
• O socorrista sempre deve, antes de tudo, retirar a vítima do contato direto com o agente
causador.
• Para cada agente causador existe um tratamento específico.
• O socorrista não pode jogar água em todos os tipos de vítimas. Se o agente causador for
a soda cáustica, por exemplo, que reage com água, o socorrista agravará o estado da
lesão. Devemos sim espanar o excesso de pó químico e depois prosseguir com as demais
etapas.
• Não cobrir a vítima com cobertores sintéticos, pois estes são inflamáveis.
• Não furar bolhas.
• Não jogar clara de ovo, pó de café, açúcar, entre outros, mas sim, encaminhar para
socorro médico, caso não tenha noção de SBV (suporte básico de vida).
• Não colocar o pé em água com gelo, pois o objetivo da água é resfriar, voltar à
temperatura corpórea. O gelo esfriará o pé, abaixando muito a temperatura, o que
aumentará a dor da vítima após contato com o mesmo.
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21 TÉCNICAS DE TRATAMENTO

21.1 Hemorragias

Compressão direta sobre a lesão: com as mãos ou bandagem, gaze seca, ou outro
material, executar pressão direta sobre a área lesada. Se a gaze estiver saturada de sangue e a
hemorragia persistir, não a remova, aplique outra sobre a primeira e exerça maior pressão.
Quase todos os casos de hemorragia externa são controlados pela aplicação de pressão
direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de
coágulo. Preferencialmente, utilizar uma compressa estéril, pressionando-a firmemente por 10
a 30 minutos; a seguir, promover a fixação da compressa com bandagem. Em sangramento
profuso, não perder tempo em localizar a compressa (pressionar diretamente com a própria mão
enluvada). Após controlar um sangramento de extremidade, certifique-se de que existe pulso
distal; em caso negativo, reajuste a pressão da bandagem para restabelecer a circulação.
Importante: Pressão direta é o método mais rápido e eficiente para o controle da hemorragia
externa.

Elevação da área traumatizada


Quando uma extremidade é elevada, de forma que a área lesionada fique acima do
nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue. Aplicar este método
simultaneamente ao da pressão direta. Não o utilizar, porém, em casos de fraturas, luxações ou
de objetos empalados na extremidade. Pressão digital sobre o ponto de pulso utilizar a pressão
sobre pulso de artéria quando os dois métodos anteriores falharem ou não tiver acesso ao local
do sangramento (esmagamento, extremidades presas em ferragens). É a pressão aplicada com
os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria contra uma superfície óssea. É necessária
habilidade do socorrista e conhecimento dos pontos exatos de pressão das artérias. Principais
pontos: - artéria braquial - para sangramento de membros superiores - artéria femoral - para
sangramento de membros inferiores.
• Pressão direta com compressa na ferida.
• Pressão direta com a mão enluvada na ferida.
• Artéria temporal- para sangramento de couro cabeludo.
• Artéria radial - sangramento da mão. Artéria Femoral- sangramento da perna (membros
inferiores).

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Situações para aplicação da pressão dos pontos arteriais proximais:
Está indicado quando os métodos anteriores não puderem ser utilizados
imediatamente.
Exemplo: Um operário com o braço preso em uma máquina (compressão da artéria
braquial), em múltiplos ferimentos em uma perna, enquanto se pratica a primeira técnica
(compressão da artéria femoral) etc.
Imobilização: importante técnica coadjuvante para todos os casos. Não se deve permitir a
movimentação da área lesada. Um músculo lesado apresenta espasmos musculares, que por sua
vez causam contrações nos vasos lesados impedindo ou retardando a formação do coágulo e
aumentando a velocidade da perda sanguínea, agravando a hemorragia. A imobilização reduz
os espasmos musculares, sendo fundamental para que não se aumente a lesão dos tecidos das
proximidades e se aumente a hemorragia.
Torniquete
Há casos em que uma hemorragia se torna intensa, com grande perda de sangue. Estes
casos são de extrema gravidade. Nestes casos, em que hemorragias não podem ser contidas
pelos métodos de pressão direta, curativo compressivo ou ponto de pressão, torna-se necessário
o uso do torniquete.

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Só deve ser utilizado em situações de desastres quando os procedimentos anteriores já
foram tentados e falharam.
Deve-se utilizar uma bandagem triangular em forma de gravata, posicionada 5 cm
antes da lesão, protegendo a pele com compressas de gaze envolvendo o membro antes de sua
aplicação. Colocar um bastão, girando-o até que cesse a hemorragia.
Outra opção: utilizar um manguito de esfigmomanômetro colocado cerca de 5 (cinco)
cm antes da lesão e insuflar até que cesse o sangramento. Nesse caso deve-se marcar a hora da
aplicação do torniquete e informar ao médico que receber a vítima. Uma vez aplicado, nunca
afrouxe o torniquete.
Importante: Não utilizar torniquete em articulações.
Portanto caso uma hemorragia externa em uma extremidade não possa ser controlada
por pressão, a aplicação de um torniquete é a etapa lógica seguinte para controle da hemorragia.
Embora haja um pequeno risco de que uma parte ou todo o membro seja sacrificado,
considerando a escolha de perder um membro ou salvar a vida do doente, a decisão óbvia é
preserva a vida. Usados de maneira adequada, os torniquetes não são apenas seguros, mas
também salvam vidas.
Hemorragias Internas
De difícil diagnóstico, exigem que o socorrista tenha um bom nível de treinamento
para pesquisar a história do acidente relacionado o mecanismo do trauma com a possibilidade
de lesões ocultas e para realizar um exame secundário detalhado.
Para suspeitar que a vítima esteja com hemorragia interna, é fundamental conhecer o
mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de hemorragias internas
(acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões). Alguns sinais de alerta para suspeitar de
hemorragia interna: fratura da pelve ou ossos longos (braços ou coxa), rigidez abdominal, área
de equimose em tórax e abdômen, ferida penetrante em crânio, tórax ou abdômen.
Suspeitar de hemorragia interna quando:
• Na presença de hematomas, escoriações, abrasões ou outros sinais sugestivos de
impacto sobre regiões do corpo como tórax e abdome.
• Houver saída de sangue por orifícios naturais do corpo.
• Estiverem presentes sinais e sintomas de choque hipovolêmico.

Nunca obstrua a saída de sangue através dos


orifícios naturais: boca, nariz, orelha, ânus, vagina.

Importante: O sangramento capilar é causado por escoriações que raspam os


minúsculos capilares logo abaixo da superfície da pele. O sangramento capilar geralmente não
é ameaça a vida e pode ser retardado ou mesmo parar antes da chegada do operador de cuidados
pré-hospitalar. 2. O sangramento venoso é causado por laceração ou outra lesão de uma veia, o
que leva a um fluxo constante de sangue de cor vermelho vinho, da ferida. Este tipo de
sangramento geralmente é controlável com pressão direta. Sangramento venoso geralmente não

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é uma ameaça à vida a menos que seja prolongado ou uma grande veia esteja envolvida. 3. O
sangramento arterial é causado por uma lesão que lacera uma artéria. Esse é o tipo de perda de
sangue mais importante e difícil de controlar. É geralmente caracterizado por jorrar sangue de
cor vermelho vivo. O sangramento arterial pode também apresentar-se como sangue que
rapidamente “escorre” de uma ferida se uma artéria profunda se ferir. Até mesmo uma ferida
por punção arterial pequena e profunda pode produzir perda de sangue com risco a vida. O
controle rápido do sangramento é um dos mais importantes objetivos nos cuidados de um
paciente traumatizado. O levantamento primário não pode avançar a menos que a hemorragia
externa seja controlada. A hemorragia pode ser controlada das seguintes maneiras: 1. Pressão
direta. A pressão direta é exatamente o que o nome indica – aplicar pressão no local de
sangramento. Isto é conseguido colocando um curativo (por exemplo, gaze hemostática de
preferência) diretamente sobre o local da hemorragia (se puder ser identificada) e aplicando
pressão. A pressão deve ser aplicada o mais precisamente e focalmente possível. Um dedo em
uma artéria compressível visível é muito eficaz. A pressão deve ser aplicada continuamente por
pelo menos 3 minutos ou por 10 minutos se estiver usando gaze simples; prestadores de
cuidados pré-hospitalares devem evitar a tentação de remover a pressão para verificar se a ferida
está sangrando antes do período mínimo. A aplicação e manutenção de pressão exigirá todo o
cuidado pré-hospitalar e atenção do operador, impedindo o mesmo de participar de outros
aspectos do atendimento ao paciente.

21.2 Ferimentos

a) Ferimentos em Tecidos Moles


Técnicas de tratamento.
• Verificar o mecanismo de lesão.
• Identificar lesões que ameaçam a vida.
• Verificar a localização do ferimento, pois pode sugerir que houve lesão interna de
órgãos, com ou sem hemorragia.
• Expor o ferimento.
• Não retirar objeto encravado, exceto quando este se encontrar na bochecha
comprometendo as vias aéreas;
• Retirar somente corpos estranhos grosseiros (pedaços de roupa, grama, por exemplo)
superficiais e soltos utilizando gaze seca.
• Não lavar o ferimento.
• No caso de objetos encravados ou transfixados, estabilizar e proteger o objeto de
movimentação, com auxílio de gaze, atadura ou bandagem.
• Avaliar a função neurovascular distal ao ferimento.
• Fazer curativo compressivo na presença de sangramento.
• Cobrir o ferimento com compressa de gaze seca, fixando-a com esparadrapo, fita crepe,
atadura ou bandagem triangular.

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IMPORTANTE
Deve-se utilizar compressas de gaze secas na confecção do curativo;
• A umidificação somente é indicada nos seguintes casos:
• Evisceração abdominal;
• Oclusão de globo ocular;
• Queimaduras térmicas nos olhos;
• Para proteger e envolver tecido avulso.

b) Ferimentos na cabeça e face


Couro cabeludo
Ferimentos de couro cabeludo podem ser difíceis de tratar pelos numerosos vasos
sanguíneos encontrados nessas regiões. Muitos destes vasos estão na superfície da pele e
produzem sangramentos profusos mesmo em pequenas feridas. Problemas adicionais surgem
se os ferimentos envolvem os ossos do crânio, vias aéreas e pescoço. Deve o socorrista oferecer
apoio emocional às vítimas, pois estes ferimentos tendem a ser muito dolorosos, produzem
sangramentos que as assustam e estão em uma região onde todos se preocupam com as possíveis
cicatrizes e deformidades.
Técnicas de tratamento
• Verificar a permeabilidade das vias aéreas, mantendo a coluna cervical alinhada na
posição neutra.
• Adotar cuidados especiais para:
✓ Não retirar objetos encravados ou transfixantes, exceto aqueles transfixantes na
bochecha que comprometam a permeabilidade das vias aéreas.
✓ Nos ferimentos com fratura de mandíbula utilizar a cânula orofaríngea nas vítimas
inconscientes para manter a via aérea permeável.
• Aplicar curativo compressivo sem exercer forte pressão, exceto em ferimentos
penetrantes de crânio, quando deverá ser feito curativo oclusivo.
• Utilizar para o curativo compressa de gaze e fixar com bandagem triangular ou atadura
de crepe.
• Estabilizar o objeto encravado com auxílio de compressa de gaze, atadura de crepe e
bandagem triangular.
• Estar atento aos sinais e sintomas de traumatismo craniano.
Atenção:
• Ferimentos de face associados à fratura são graves, muitas vezes necessitam de
manobras de SAV para a manutenção das vias aéreas.
• Em vítimas com lesões acima da clavícula existem grandes possibilidades de lesão na
coluna cervical.
• Nas crianças os ferimentos de cabeça podem levar rapidamente ao choque por perda
sanguínea.

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• Em casos de sangramentos incontroláveis, transportar a vítima em DDH com
lateralização da prancha longa para drenar o sangue da boca;
c) Ferimentos nos olhos
• Impressionam pelo aspecto da lesão.
• Não se descuidar das prioridades devido à lesão.
• Suspeitar de lesões mais severas associadas à lesão ocular.

Lembrete:
NÃO aplique pressão direta no globo ocular traumatizado. Há fluido
gelatinoso (humor vítreo e aquoso) no globo ocular, insubstituível. Neste caso,
utilize curativo absorvente não compressivo para auxiliar na formação de
coágulos sanguíneos e no controle do sangramento.

Técnicas de tratamento
• Retirar somente corpos estranhos grosseiros superficiais e soltos com gaze seca na
superfície externa das pálpebras.
✓ Não retirar nenhum corpo estranho do globo ocular.
• Aplicar curativo oclusivo em ambos os olhos, mesmo que somente um olho tenha sido
lesionado, para limitar os movimentos.
✓ Não fazer pressão sobre o globo ocular;
✓ Não tentar recolocar o globo ocular protuso no lugar.
• Irrigar com soro fisiológico por aproximadamente 20 minutos no caso de queimadura
química seja por substância álcali ou ácida. Fazer a irrigação do centro para o canto
externo do olho;
• Fazer a irrigação continuamente durante o transporte.
• Retirar as lentes de contato, se houver.
• No caso de queimaduras químicas obter o nome do produto e se possível levar o
recipiente para o hospital.

d) Ferimentos no nariz

Sangramento nasal (epistaxe)

Técnicas de tratamento
• Manter as vias aéreas permeáveis.
• Manter a vítima calma e sentada e a cabeça em posição neutra.
• Orientá-la para que respire pela boca, não forçando a passagem de ar pelas narinas e
também para não engolir o sangue.
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• Pinçar com o dedo indicador e polegar, as narinas na sua parte cartilaginosa durante
cinco minutos, transportando a vítima na posição sentada:
✓ Se persistir o sangramento, exercer novamente a pressão com os dedos.
✓ Pode ser usada compressa fria sobre a narina que está sangrando.

Atenção
• Não permitir que a vítima assoe o nariz sob risco de agravar a lesão.
• Se usar gelo, envolver com pano para não provocar queimadura.
Técnicas de tratamento
• Manter as vias aéreas permeáveis.
• Observar se há saída de sangue e/ou líquor e não obstruir a sua saída; proteger o local
com gaze.
• Observar os procedimentos específicos para os casos de amputação ou avulsão.

e) Amputação e/ou avulsão


Técnicas de tratamento
• Conter hemorragias.
• Prevenir o choque.
• Localizar o segmento amputado.
• Conduzir o segmento amputado juntamente com a vítima.
• Envolver o segmento amputado com plástico protetor esterilizado.
• Colocar o segmento amputado, envolvido com plástico esterilizado, em um recipiente
com gelo, se possível.

Atenção
• Considerar a possibilidade da ocorrência de choque nas grandes amputações e/ou
avulsões.
• Não colocar o segmento amputado em contato direto com gelo, água, soro fisiológico
ou outra substância.
• Caso haja grande perda de sangue ou sinal de choque, não perder muito tempo em
procurar o membro amputado ou providenciar gelo.

f) Ferimentos nas nádegas ou genitália


Ferimentos nas nádegas podem produzir hemorragias intensas. Por causa de sua
localização, os órgãos externos de reprodução não são comuns de serem feridos. A pélvis e a

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coxa geralmente protegem esses órgãos, que são conhecidos como genitália externa. Inclui
traumatismos fechados, escroto, lacerações nas nádegas.

g) Objeto Cravado
Tipos de acidentes mais comuns. Ex.: lança de grade de portão, agressão à faca etc.
Tratamento pré-hospitalar
• Estancar a hemorragia, colocando-se gaze em torno do objeto.
• Evitar movimentação do objeto enquanto se efetua o procedimento.
• Estabilizar o objeto utilizando bandagem triangular, esparadrapo, blocos de gaze, etc.
• Somente remover objetos que estejam na bochecha e com risco absoluto de obstruir as
vias aéreas.

h) Ferimento no tórax
Na prática pré-hospitalar um dos tipos de trauma que causa maior ansiedade na equipe
de socorro é o trauma torácico. Especialmente aquele que interfere diretamente na dinâmica
respiratória da vítima. A ferida torácica aspirativa, muito comum em nosso meio, devido aos
ferimentos por projéteis de arma de fogo, e armas brancas são um exemplo deste drama vivido
por aqueles que lidam com o socorro.
Importante salientar que na prática pré-hospitalar devemos nos ater aos procedimentos
e condutas que visam diretamente o combate as condições ameaçadoras da vida. O tratamento
definitivo deve ser feito em ambiente hospitalar. A função da equipe de resgate é proporcionar
a vítima a chance de chegar viva ao hospital, se possível estabilizada respiratória e
hemodinamicamente.
O curativo de três pontos, amplamente divulgado na literatura especializada, é um
procedimento que apesar das críticas, possui importante papel no manejo pré-hospitalar do
trauma torácico penetrante. Além de teoricamente ser incontestável no que se refere à
fisiopatologia deste tipo de trauma, tem a característica peculiar de poder ser facilmente
realizável por profissional não médico.

Fisiopatologia da ferida torácica aspirativa


A ocorrência de um ferimento na parede torácica que atinja todas as camadas da
mesma permite a entrada de ar atmosférico na cavidade pleural, resultando em um imediato
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equilíbrio entre as pressões intratorácica e atmosférica. Se a lesão da parede for igual ou
superior a dois terços do diâmetro da traqueia da vítima, a cada incursão respiratória o ar passará
preferencialmente pelo ferimento da parede, visto que ele tende a passar pelo local de menor
resistência. O resultado é um prejuízo considerável da ventilação efetiva, resultando em
hipóxia.

Técnica: O tratamento inicial do pneumotórax aberto consiste na realização de um curativo


quadrangular que cubra todas as bordas da lesão. Apenas três de seus lados devem ser fixados
com esparadrapo ou similar. O objetivo é produzir um efeito de válvula. Quando o paciente
inspirar, a sucção da ferida fará o curativo colabar, impedindo a entrada de ar. Quando o
paciente expirar, o lado não fixado permitirá o escape de ar. Ocluindo os quatro lados do
curativo ocorrerá acúmulo de ar no espaço pleural resultando em pneumotórax hipertensivo.
Deve ser utilizado material impermeável, normalmente o plástico de embalagens de gaze. Antes
de aplicar o esparadrapo é muito importante limpar a pele ao redor da ferida com éter para
retirar resíduos, como sangue e suor, que impedem a adequada fixação do adesivo.
O curativo de três pontos tem importante papel no atendimento pré-hospitalar às
vítimas portadoras de feridas torácicas aspirativas. É de fácil realização, inclusive por
profissionais não médicos, e atua diretamente na dinâmica respiratória da vítima, produzindo
um mecanismo valvular capaz de minimizar os efeitos nocivos deste tipo de lesão. O cuidado
de limpar, preferencialmente com éter, a periferia da lesão, reduz consideravelmente um dos
principais problemas na sua prática que é a dificuldade de manter o curativo de três pontos.

i) Ferimentos abdominais
Sangramento interno pode ser severo quando há uma ruptura de um órgão. Além disso,
órgãos ocos podem romper e drenar seu conteúdo para a cavidade abdominal e pélvica,
produzindo reações dolorosas e graves, irritando o peritônio.

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Consequências do ferimento abdominal
Lesões em vísceras ocas. Ex.: intestino delgado e intestino grosso, estômago, vesícula biliar,
etc.
• Alteração ou perda funcional do órgão.
• Extravasamento do conteúdo para a cavidade abdominal podendo produzir peritonite
aguda (inflamação da parede abdominal).
Lesões em vísceras sólidas ou parenquimatosas. Ex.: baço, fígado, pâncreas, etc.
• Alteração ou perda funcional do órgão.
• Hemorragia abundante podendo evoluir para o estado de choque.
Reconhecimento do trauma abdominal
• Verificar o mecanismo da lesão.
• Verificar ocorrências de náuseas e vômitos.
• Observar a posição e postura da vítima: protegendo o abdome e adotando posições
típicas de defesa da dor (resguardando o abdome).
• A vítima tentando deitar-se com as pernas encolhidas.
• Abdome rígido ou sensível.
• Respiração rápida, superficial e pulsação acelerada.
• Observar sinais e sintomas de choque hipovolêmico.
Tratamento pré-hospitalar para ferimentos fechados abdominais
• Avalie a necessidade de transporte imediato.
• Mantenha a vítima em decúbito dorsal horizontal.
• Adote medidas para prevenir o estado de choque.
• Esteja alerta para vômito.
j) Evisceração abdominal

Lesão na qual a musculatura do abdômen é rompida em decorrência de violento


impacto ou lesão de objeto perfurante, cortante ou contundente, expondo o interior da região
abdominal exteriorizando vísceras e provocando contaminação.
Protrusão de vísceras através de abertura na cavidade abdominal provocada por
traumas (ferida aberta).

Técnicas de tratamento

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• Cobrir as vísceras expostas com plástico esterilizado ou, na ausência, compressas de
gaze algodoadas estéreis umedecidas constantemente com soro fisiológico.
• Proteger o local com curativo oclusivo.
• Prevenir estado de choque.

Atenção
• Estar preparado para ocorrência de vômitos.
• Não recolocar as vísceras no interior do abdome.
• Não lavar com soro fisiológico ou qualquer outra substância.
• Não utilizar pequenos materiais (gaze) na manipulação das vísceras ou curativo.
• Abrir o soro fisiológico para umedecer a compressa apenas no momento da utilização.
k) Ferimentos fechados em geral
Quando um objeto é lançado contra um corpo ou ocorre o inverso, com força suficiente
para lesionar tecidos abaixo da pele, sem, no entanto, lesionar sua superfície temos uma ferida
fechada, também chamada de contusão.

Efeitos da contusão
• Equimoses;
• Hematoma;
• Fraturas, luxações e entorses; e
• Lesões em órgãos internos.
l) Tratamento pré-hospitalar dos ferimentos fechados
Estes ferimentos podem variar o grau de lesão abaixo da pele até lesões severas em
órgãos internos.
Basicamente, o tratamento pré-hospitalar consiste em avaliar o acidentado, identificar
a lesão e tratar a hemorragia interna com imobilização e prevenir o choque.

Observações:
• Não remova objetos transfixados.
• Preserve as partes arrancadas (avulsão) envolvendo-as em plástico ou curativo
esterilizado e as mantenha resfriadas em recipiente com algumas pedras de gelo.

Tratamento pré-hospitalar dos ferimentos nas nádegas


• Controlar sangramento com compressão direta utilizando bandagem triangular.

Tratamento pré-hospitalar dos ferimentos na genitália


• Expor e examinar a genitália somente para confirmar a presença de ferimentos.
• Utilizar curativo estéril volumoso envolvendo amplamente a área da lesão.
• Utiliza bandagem triangular em forma de fralda para fixar o curativo.

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ATENÇÃO
Informar sempre à vítima o que será feito. Diga-lhe porque deve examinar e cuidar de
sua genitália. Proteger a vítima do olhar dos curiosos, afastando-os do local da ocorrência.
Se isto não for possível, preserve os cuidados no interior da viatura ou local reservado.

Curativos e bandagens curativos: são procedimentos que consistem na limpeza e


aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida, com a finalidade de promover a hemostasia,
cicatrização, bem como, prevenir contaminação e infecção. Geralmente nos serviços pré-
hospitalares os curativos são realizados com aplicação de gaze ou compressas cirúrgicas e
fixadas com esparadrapo.
As bandagens são constituídas por peças de tecido em algodão cru, cortando em
triângulo medindo: 1,20m X 1,20m x 1,70m, sendo utilizadas para:
• Fixar curativos, cobrindo as compressas.
• Imobilizar e apoiar seguimentos traumatizados.
• Promover hemostasia (conter sangramentos).

As bandagens mais frequentemente usadas são as triangulares e as em rolo. Qualquer


que seja o tipo, o conforto da vítima e a segurança do curativo dependem da sua correta
aplicação. Uma bandagem desalinhada e insegura, além de inútil, pode ser nociva. A bandagem
triangular pode ser dobrada para produzir uma espécie de gravata: Traga a ponta da bandagem
para o meio da base do triângulo e faça dobras sucessivas até obter a largura desejada de acordo
com a extensão da lesão a recobrir. É importante salientar que a bandagem triangular não é
estéril, portanto não deve ser utilizada para ocluir ferimentos abertos. Antes de fixá-la deve ser
aplicada gaze ou compressa cirúrgica.

21.3 Queimaduras

Técnicas de tratamento
A primeira preocupação da equipe é com a sua própria segurança, que se aplica a
qualquer situação, mas devendo ser reforçada ao atender vítimas de queimaduras em ambientes
hostis. Cuidar com as chamas, os gases tóxicos, a fumaça e o risco de explosões e desabamentos.
O segundo passo no atendimento à vítima é a interrupção do processo de queimadura, na
seguinte sequência:
• Extinguir as chamas sobre a vítima ou suas roupas.
• Remover a vítima do ambiente hostil.
• Remover roupas que não estejam aderidas a seu corpo.
• Promover o resfriamento da lesão e de fragmentos de roupas ou substâncias, como
asfalto, aderidos ao corpo do queimado.
Após interromper o processo de queimadura, proceder ao atendimento segundo o A-B-C-D-E.

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22 SIMULAÇÃO DE INTERVENÇÃO EM VÍTIMAS QUE
APRESENTAM FRATURA EM MEMBROS, HEMORRAGIAS,
FERIMENTOS E/OU QUEIMADURAS

Para sedimentação dos conhecimentos relativos ao emprego correto das técnicas de


intervenção em vítima que apresentam fratura em membros, hemorragias, ferimentos e/ou
queimaduras serão utilizadas as seguintes situações hipotéticas:
No primeiro momento a turma será dívida em 2 oficinas, onde os instrutores vão
demonstrar as técnicas empregadas na sala de aula em cada oficina.
Nas oficinas os alunos vão praticar as técnicas de imobilização de fraturas em
membros, identificar uma hemorragia e realizar as técnicas de contenção, utilizar técnicas de
curativos oclusivo e valvulado (três pontas) em ferimento, e utilizar as técnicas no tratamento
básico de primeiros frente a uma vítima com queimaduras de 1º,2º, e 3º e técnicas OVACE.

23 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO E REMOÇÃO DE VÍTIMAS.

Toda vítima de trauma deve ser atendida com o máximo cuidado, a fim de não agravar
suas lesões e/ou ferimentos. Isto é particularmente mais importante nas vítimas com suspeita
de lesão na coluna vertebral ou traumatismo raquimedular. Considerando que a vítima necessita
ser removida e transportada do local do acidente para um hospital, há grande probabilidade de
manejo excessivo da coluna vertebral, o que pode pôr em risco a integridade da medula
espinhal. Desta forma, é preciso dar prioridade à abordagem da vítima, utilizando técnicas e
táticas de imobilização e remoção que minimizem ao máximo qualquer possibilidade de
agravamento de lesões. Neste capítulo estão descritas as técnicas mais utilizadas no
atendimento pré-hospitalar, que, no entanto, algumas vezes não poderão ser utilizadas devido a
situação da vítima no local. Nestes casos o Socorrista terá forçosamente que adaptar as
manobras, usar sua capacidade de análise e inferir daí a melhor técnica e tática de abordagem
para estabilizar a vítima.
Regras Gerais
Para que as técnicas de imobilização e remoção sejam realizadas com êxito é
necessário, primeiramente, que se tenha conhecimento das regras abaixo descritas:
• A melhor posição para imobilizar a coluna do paciente é a neutra, porém outras podem
ser escolhidas (decúbito ventral, lateral etc.), dependendo das lesões da vítima.
• Para realizar o alinhamento do paciente, é necessário utilizar ambas as mãos, com gestos
firmes, mas suaves, tentando evitar qualquer movimento brusco e, especialmente, de
"vai-e-vem".
• Não tentar mover uma vítima cujo peso seja provavelmente maior do que aquele que
possa ser sustentado; neste caso, pedir auxílio a outros socorristas ou mesmo a leigos,
estes devendo ser adequadamente instruídos.
• Sempre deve haver um só responsável pela ação, de preferência o mais experiente, a
quem caberá a direção da manobra. Sua posição é junto à cabeça da vítima.
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• Se a vítima estiver consciente, informá-la dos procedimentos a serem executados, para
que ela possa colaborar e não causar empecilhos.
• Se a manobra provocar aumento da dor, significa que algo está errado e o movimento
deve ser interrompido. Retornar suavemente no movimento e imobilizar nessa posição.
• Se a vítima estiver inconsciente ou incapaz de se comunicar, realize a movimentação,
porém de maneira bastante cuidadosa, interrompendo-a caso haja alguma resistência ou
bloqueio no movimento. Como no caso anterior, retroceda um pouco no movimento e,
então, imobilize.
• Ao mover uma vítima, mantenha uma posição segura e estável. Estando de pé, procure
atuar com as duas plantas dos pés apoiadas no solo e as pernas ligeiramente entreabertas;
ajoelhado, apoie um joelho e o pé da mesma perna no solo, com a perna entreaberta.
• Só inicie a mobilização da vítima se todos os materiais necessários estiverem
disponíveis e à mão, bem como todo o pessoal posicionado e instruído. Combinar
previamente e descrever o movimento antes de realizá-lo.
• Fixar adequadamente a vítima à maca, tendo o cuidado de utilizar coxins em tamanho e
espessura adequados, sempre que necessário.
• Se possível, o transporte de gestante poli traumatizada deve ser feito em decúbito lateral
esquerdo, para isso inicialmente imobilize e alinhe a gestante na prancha rígida em
decúbito dorsal e posteriormente lateralize na prancha rígida.
• O Socorrista deve conhecer profundamente todos os itens do seu arsenal de
imobilização, para saber escolher tipo, tamanho e uso necessários.
• O Socorrista deve lembrar que equipamentos improvisados oferecem maiores riscos de
falhas.
• Equipamentos normais costumam apresentar desgaste, por isto deve-se ficar atento a
falhas e ter outros meios disponíveis para cumprir seu objetivo.
• Os pacientes têm graus variados de lesões. Utilizar todo recurso necessário disponível,
mas sempre avaliando a gravidade real (lesões perceptíveis) ou as suspeitas (estudo do
mecanismo da lesão), para então quantificar o equipamento necessário.
• No atendimento a vítima não se pode confundir rapidez com pressa, porque a primeira
traduz eficiência e segurança, enquanto a segunda, precipitação e risco. A rapidez só é
alcançável mediante treinamento e experiência, sendo sempre almejada, sem jamais
permitir qualquer risco desnecessário ao paciente.
• Somente é admissível retardar o uso dos equipamentos de imobilização necessários
quando o paciente apresenta situação clínica altamente instável como parada
cardiopulmonar, por exemplo.
• Imobilização Dorsal em prancha rígida e Transporte ou Remoção
• A imobilização da vítima tem por fim evitar lesões secundárias na vítima traumatizada,
bem como, facilitar e dar segurança para a mobilização da vítima. Para que seja feita a
imobilização dorsal, ou seja, com a vítima deitada sobre a maca rígida, os socorristas
podem se utilizar de várias técnicas de rolamento e elevação, que a seguir serão
descritas.
Rolamento de 90° com Três Socorristas é a técnica mais utilizada durante os atendimentos
pré-hospitalares. Para a sua perfeita utilização deve-se primeiramente verificar qual lado da
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vítima apresenta lesões e então realizar os procedimentos de rolamento para o lado contrário
aos ferimentos, caso a vítima apresente lesões em ambos os lados, ou fratura pélvica, evitar esse
procedimento e substituí-lo. Feito isto deverão serem tomadas as seguintes providências:
1. O Socorrista 1 deverá realizar a abordagem pelo lado em que a vítima está olhando e
consecutivamente realizar o controle cervical
2. O Socorrista 1 deverá apoiar uma das mãos no chão e deslocar para o topo da cabeça da
vítima, procedendo então o alinhamento do pescoço;
3. O Socorrista 2 instala o colar cervical e alinha os braços da vítima junto ao tronco,
podendo deixar o antebraço, contrário ao rolamento, sobre o tronco;

4. O Socorrista 3 deverá alinhar as pernas da vítima fazendo uma leve tração e


posteriormente amarrar uma bandagem nos tornozelos da vítima para facilitar o
movimento de rolamento;
5. O Socorrista 3 posiciona a tábua de imobilização ao lado da vítima, observando para
que a tábua fique no lado contrário ao rolamento;
6. Após realizado o alinhamento da vítima e posicionada a prancha rígida o Socorrista 2
deve posicionar uma das mãos no ombro da vítima e a outra na pelve (crista ilíaca) e o
Socorrista 3 deve posicionar uma das mãos na pelve (crista ilíaca) e com a outra segurar
a bandagem que foi amarrada nos tornozelos da vítima;

7. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas realizarão o rolamento de 90º,


lateralizando a vítima;
8. Neste momento o Socorrista 3 deverá manter o alinhamento das pernas da vítima em
relação ao corpo;
9. Os Socorristas 2 e 3 deverão puxar a tábua para perto da vítima, sendo que para isso o
Socorrista 2 utilizará a mão que está no ombro e o Socorrista 3 a mão que está na pelve;

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10. Após a prancha rígida estar posicionada os Socorristas 2 e 3 giram as mãos que
utilizaram para puxar a prancha rígida e ao comando do Socorrista 1 posicionam a
vítima sobre a tábua;
11. Caso a vítima não fique centralizada após o rolamento, é necessário desloca-la para um
dos lados; para isto o Socorrista 1 deverá, sem perder o controle da cabeça, pinçar os
ombros da vítima e manter o controle da cabeça com os antebraços; o Socorrista 2 e 3
deverão transferir suas mãos para o lado contrário ao do deslocamento da vítima,
segurando respectivamente no ombro e pelve, e na pelve e bandagem;
12. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas realizarão a centralização da vítima,
tomando cuidado para que o movimento seja feito em bloco, sem permitir deslocamento
lateral da coluna;
13. Caso a vítima tenha que ser colocada mais para cima ou para baixo da prancha rígida o
Socorrista 1 deverá pinçar os ombros da vítima e manter o controle da cabeça com os
antebraços; os Socorristas 2 e 3 deverão posicionarem-se com a vítima entre as pernas
segurando respectivamente a pelve e as pernas (gastrocnemios) da vítima.

14. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas realizarão o alinhamento da vítima.


Terminado o rolamento, centralizada e alinhada a vítima, deve-se realizar a fixação da
vítima na prancha rígida com a utilização dos cintos de fixação e imobilizador lateral de
cabeça.
15. Imobilização e Remoção 1) O Socorrista 1 deverá pinçar os ombros da vítima e manter
o controle da cabeça com os antebraços; 2) O Socorrista 3 deverá erguer a prancha rígida
até o joelho sob o comando do Socorrista 1; 3) O Socorrista 2 deverá passar três cintos
de fixação sob a tábua;
16. Após passados os cintos o Socorrista 3 abaixará a prancha rígida até o solo e o Socorrista
2 deverá fixar firmemente o primeiro cinto no tórax (linha dos mamilos) e o segundo
cinto na pelve (cristas ilíacas), posicionando as fivelas dos cintos na lateral. O terceiro
cinto só será fixado após a fixação do imobilizador lateral de cabeça;
17. Para a fixação do imobilizador lateral de cabeça o Socorrista 1 voltará para a posição
normal (controle da cabeça com as mãos e não com o antebraço) e o Socorrista 2
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posicionar os coxins (um de cada lado da cabeça) empurrando-os contra a base do
pescoço e posteriormente ajustando-os nas laterais da cabeça;
18. O Socorrista 2 passará a primeira faixa de fixação do imobilizador lateral de cabeça na
testa da vítima, pressionando a faixa contra os coxins, de forma a conseguir manter o
controle da cabeça com os dedos, feito isto o Socorrista 1 fixará a faixa cruzando-a para
baixo, momento em que reassume o controle da cabeça;
19. O Socorrista 2 passará, então, a segunda faixa do imobilizador lateral de cabeça no
mento da vítima (sobre o colar cervical), pressionando a faixa contra os coxins, sendo
que o Socorrista 1 fixará a faixa cruzando-a para cima;
20. Terminada a fixação do imobilizador lateral de cabeça o Socorrista 2 fará a fixação firme
do terceiro cinto que deverá estar localizado no terço inferior da coxa e com a fivela na
lateral.
21. Por fim deve-se amarar as mãos da vítima sobre o tórax para possibilitar maior conforto
à vítima e evitar agravamento de lesões.
PRANCHA RÍGIDA

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Rolamento de 180º com Três Socorristas Esta técnica de rolamento deve ser utilizada
pelos Socorristas quando a vítima se encontra em decúbito ventral, devendo ser adotados as
seguintes providências:
1. O Socorrista 1 deverá realizar a abordagem pelo lado em que a vítima está olhando e
consecutivamente realizar o controle cervical;
2. O Socorrista 1 deverá apoiar uma das mãos no chão e deslocar para o topo da cabeça da
vítima, posicionando as mãos nas laterais da face da vítima para poder, posteriormente,
realizar o rolamento (mão direita na face direita e mão esquerda na face esquerda);
3. O Socorrista 2 deverá alinhar os braços da vítima junto ao tronco e o Socorrista 3 deverá
alinhar as pernas da vítima fazendo uma leve tração e posteriormente amarrar uma
bandagem nos tornozelos da vítima para facilitar o movimento de rolamento;

4. O Socorrista 3 posiciona a prancha rígida de imobilização no lado contrário ao que a


vítima está olhando, deixando-a a cerca de 10 cm da vítima;

5. Após realizado o alinhamento da vítima e posicionada a prancha rígida os Socorristas 2


e 3 posicionam-se com um dos joelhos apoiando sobre a prancha rígida (os dois
socorristas devem estar com o mesmo joelho apoiado sobre a prancha rígida);
6. O Socorrista 2 posiciona uma das mãos no ombro e a outra na pelve (crista ilíaca) da
vítima, por sobre o braço;
7. O Socorrista 3 deve posicionar uma das mãos na pelve (crista ilíaca) e com a outra
segurar a bandagem que foi amarrada nos tornozelos da vítima;

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8. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas realizarão o rolamento de 90º,
lateralizando a vítima;

9. Enquanto o Socorrista 3 mantém o alinhamento das pernas da vítima o Socorrista 1


realiza o alinhamento da coluna cervical da vítima;

10. Os Socorristas 2 e 3 deverão posicionarem-se fora da prancha rígida e então deverão


girar as mãos que estão respectivamente no ombro e na pelve da vítima para facilitar o
rolamento sobre a prancha rígida;
11. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas rolam a vítima sobre a prancha
rígida;
12. O Socorrista 2 procede a colocação do colar cervical na vítima;
13. Caso a vítima não fique centralizada após o rolamento, é necessário desloca-la para um
dos lados; para isto o Socorrista 1 deverá, sem perder o controle da cabeça, pinçar os
ombros da vítima e manter o controle da cabeça com os antebraços; o Socorrista 2 e 3
deverão transferir suas mãos para o lado contrário ao do deslocamento da vítima,
segurando respectivamente no ombro e pelve, e na pelve e bandagem;

14. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas realizarão a centralização da vítima,


tomando cuidado para que o movimento seja feito em bloco, sem permitir deslocamento
lateral da coluna;
15. Caso a vítima tenha que ser colocada mais para cima ou para baixo da prancha rígida o
Socorrista 1 deverá pinçar os ombros da vítima e manter o controle da cabeça com os

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antebraços; os Socorristas 2 e 3 deverão posicionarem-se com a vítima entre as pernas
segurando respectivamente a pelve e as pernas da vítima;
16. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas realizarão o alinhamento da vítima;
17. Terminado o rolamento, centralizada e alinhada a vítima, o Socorrista 2 deve realizar a
fixação da vítima na prancha rígida com a utilização dos cintos de fixação e
imobilizador, seguindo a sequência de fixação já descrita (tórax, pelve, cabeça e coxa).

Imobilização da Vítima em Pé
Quando a vítima traumatizada necessita de imobilização da coluna, embora se encontre
em pé, não é possível deitá-la ao solo sem apoio, pois haverá flexão da coluna, o que pode
provocar danos adicionais. Nesta situação, os socorristas devem proceder da seguinte forma:
1. O Socorrista 1 deverá informar a vítima dos procedimentos que irá realizar e
posteriormente abordar a vítima por trás, fazendo o controle cervical;
2. O Socorrista 2 posiciona o colar cervical conforme descrito acima;
3. O Socorrista 3 deve passar a prancha rígida entre a vítima e o Socorrista 1;

4. Os Socorristas 2 e 3 posicionam-se lateralmente em relação à prancha rígida, segurando


com uma das mãos em um dos vãos da tábua entre o braço e o corpo da vítima (o mais
próximo possível da axila) e com a outra mão pressiona o cotovelo da vítima contra o
corpo;
5. Os braços dos Socorristas 2 e 3 que estão segurando os vãos da prancha rígida devem
formar um ângulo de 90º em relação ao corpo da vítima;

6. Sob o comando do Socorrista 1 os Socorristas 2 e 3 abaixam a prancha rígida até o solo,


soltando as mãos que estavam pressionando os cotovelos da vítima e posicionam as
mesmas nos vãos da prancha rígida próximos à cabeça, para auxiliar na descida;

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7. O Socorrista 1 pinça os ombros da vítima mantendo o controle cervical para que o
Socorrista 3 eleve a parte inferior da prancha rígida;
8. O Socorrista 2 efetua a passagem dos cintos de fixação sob a tábua e então procede a
fixação dos mesmos e do imobilizador lateral de cabeça, conforme a sequência acima
definida;
9. Elevação da vítima para imobilização a fim de posicionar a vítima na prancha rígida,
quando o rolamento não pode ser executado ou é contraindicado, pode-se utilizar a
técnica de elevação, que pode ser efetuada com três ou quatro socorristas.

Elevação com Três Socorristas


Para esta técnica deverá se proceder da seguinte maneira:
1. O Socorrista 1 deverá realizar a abordagem pelo lado em que a vítima está olhando e
consecutivamente realizar o controle cervical;
2. O Socorrista 1 deverá apoiar uma das mãos no chão e deslocar para o topo da cabeça da
vítima, procedendo então o alinhamento do pescoço;
3. O Socorrista 2 instala o colar cervical e alinha os braços da vítima junto ao tronco,
podendo deixar o antebraço contrário ao rolamento sobre o tronco;
4. O Socorrista 3 deverá alinhar as pernas da vítima fazendo uma leve tração e
posteriormente amarrar uma bandagem nos tornozelos da vítima para facilitar o
movimento de rolamento;
5. O Socorrista 3 posiciona a prancha rígida de imobilização ao lado da vítima;
6. Após realizado o alinhamento da vítima e posicionada a prancha rígida, o Socorrista 1
deve (sem perder o controle cervical) pinçar os ombros da vítima mantendo o controle
cervical com os antebraços, bem como, posicionar o joelho, contrário a prancha rígida,
ao lado da cabeça da vítima e posicionar o pé, do outro membro inferior, logo após a
prancha rígida;

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7. Os Socorristas 2 e 3 posicionam-se com as pernas abertas sobre a vítima e seguram
respectivamente a pelve e as pernas;
8. Sob o comando do Socorrista 1 todos os socorristas realizarão a elevação e a
transferência da vítima para a prancha rígida, tomando cuidado para manter a altura e o
alinhamento da vítima;
9. Caso a vítima não fique centralizada ou alinhada na prancha rígida os socorristas,
aproveitando a posição favorável em que se encontram e ao comando do Socorrista 1,
deverão fazer a devida centralização ou alinhamento;
10. Terminada a elevação, a centralização e alinhamento da vítima, o Socorrista 2 deve
realizar a fixação da vítima na prancha rígida com a utilização dos cintos de fixação e
imobilizador, seguindo a sequência de fixação já descrita.

Elevação com Quatro Socorristas


Esta técnica será utilizada quando a vítima estiver em decúbito dorsal. Então os
socorristas deverão agir da seguinte maneira:
1. O Socorrista 1 posicionará uma das mãos na região occipital do crânio da vítima e a
outra na parte posterior do tórax (terço inferior);
2. O Socorrista 2, no lado oposto ao Socorrista 1, posicionará uma das mãos sob o ombro
da vítima e a outra sob a pelve;

3. O Socorrista 4, no lado oposto ao Socorrista 1, posicionará uma das mãos na coxa da


vítima e a outra na perna;

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4. Sob o comando do Socorrista 1 todos os Socorristas deverão apoiar a cabeça no ombro
do colega que está à frente, para garantir estabilidade ao movimento de elevação e a
integridade física dos socorristas;

5. Feito isto o Socorrista 1 coordenará a elevação da vítima, para que uma quinta pessoa
(possivelmente um policial ou popular) passe a prancha rígida de imobilização sob a
vítima (neste momento deve-se atentar para que o movimento da vítima seja feito em
bloco);
6. O Socorrista 1 comandará a descida da vítima, alinhada e centralizada, sobre a prancha
rígida;
7. Terminada a elevação, a centralização e o alinhamento da vítima, os Socorristas 2 e 3
devem realizar a fixação da vítima na prancha rígida com a utilização dos cintos de
fixação e o imobilizador lateral de cabeça, seguindo a sequência de fixação já descrita.

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Elevação da Prancha rígida para Transporte
Uma vez que a vítima esteja fixa à prancha rígida, é preciso levantá-la do solo para
levá-la à ambulância ou a outro local. Este procedimento pode ser feito com dois, três ou mais
socorristas ou colaboradores (policiais, populares, amigos da vítima, etc.). Sempre que possível,
deve-se optar pela elevação da prancha rígida em três ou mais socorristas ou colaboradores,
visto que muitos Socorristas mais antigos de função reclamam de dores lombares após algum
tempo de atividade.
Elevação da prancha rígida com três socorristas sempre que a vítima for muito pesada
haverá a necessidade do auxílio de mais um socorrista ou colaborador.
Neste caso:
• O Socorrista 1 deverá deslocar para um dos lados da prancha rígida;
• O Socorrista 2 deverá deslocar para o lado oposto da prancha rígida, de frente para o
Socorrista 1;
• O Socorrista 3 permanecerá na extremidade inferior da prancha rígida, junto aos pés da
vítima;
• Todos os socorristas deverão posicionar os pés totalmente no chão e dobrar os joelhos,
objetivando manter a coluna na posição mais vertical possível;
• Os três Socorristas posicionam as mãos nos vãos da prancha rígida;
• Sob o comando do Socorrista 1, eleva-se a prancha rígida com a vítima até a altura dos
joelhos, apoiando com os cotovelos na coxa, cuidando para que a vítima esteja alinhada
horizontalmente;

• Por fim, sob o comando do Socorrista 1, todos os Socorristas levantam-se ao mesmo


tempo, deixando os braços esticados. A partir deste momento estão aptos a deslocar com
a vítima.

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24 SIMULAÇÃO DO TRANSPORTE DE VÍTIMAS TRAUMÁTICAS

Para sedimentação dos conhecimentos relativos ao emprego correto das técnicas de


transporte de vítimas com trauma serão utilizadas as seguintes situações hipotéticas: Os alunos
serão separados em oficinas, onde será proposto nas oficinas técnicas de rolamentos de 90º e
180º, e imobilização de vítima em pé, e técnica de elevação e deslocar com a vítima.

25 CONCLUSÃO

É sabido que os acidentes e as doenças podem ocorrer em qualquer lugar, com


qualquer pessoa e a qualquer hora, apesar de toda as precauções tomadas para a proteção. A
meta principal do primeiro socorro é afastar o paciente do perigo imediato, prevenir
consequências maiores e colocar o indivíduo sob assistência médica. A prestação do
atendimento emergencial a quem dele necessite é um dos princípios universais da solidariedade
humana.
Fazer atualização de APH pode ser crucial para salvar vidas, não só por ajudar com o
conhecimento, mas porque deixar de prestar socorro em caso de acidente é crime. Por isso,
saber como agir em casos extremos é praticamente uma obrigação para Bombeiro de
Aeródromo.
Dessa forma, a pessoa que realiza atualização de APH vai ficar atualizada nos
conhecimentos adquiridos, agindo com tranquilidade na hora do socorro e obviamente com
qualidade na prestação do atendimento ao acidentado.
Quem realiza as aulas de atualização revisa como agir em momentos de hemorragias,
parada cardiorrespiratória, transporte de vítimas, fraturas, ferimentos, entre outros.
Nos aeroportos os riscos de acidentes e males súbitos existem, portanto, é de vital
importância atualização em APH, em que, este atendimento inicial, quando bem conduzido,
reduz grandemente a mortalidade.
Enfim, cada situação de acidente requer conhecimentos diferentes. Portanto realizar
atualização em APH vai tornar você com competência para agir com segurança em casos
extremos.
“A sabedoria é a meta da alma humana; mas a pessoa, à medida que em seus conhecimentos
avança, vê o horizonte do desconhecido cada vez mais longe”
(Heráclito)

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26 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

American Heart Association. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency


Cardiovascular Care. Destaques da atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE.
Texas (EUA): American Heart Association; 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa saúde na Escola


(PSE). Brasília, 2017.

BRASIL, ANAC. Res. nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios regulatórios


quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromos Civis (SESCINC). Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.
DEA. Desfibrilador Externo Automático. Disponível em <http://www.sobrati.com.br> Acesso
em 25 julho 2019.

FISIOLOGIA HUMANA - 6ª edição Arthur C. Guyton, M. D. Editora Guanabara – 1988.

Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR. Internet Explore. Disponível em


http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/primeiros socorros.

PHTLS – 8ª edição - Atendimento Pré Hospitalar ao Traumatizado - Norman E. McSwain -


Scott Frame - Jeffrey P. Salomone.

PHTLS – 9ª edição – Soporte Vital de Trauma Prehospitalario- Scott Frame – JeffrJones &
Bartlett Learning. LLC.

RIBEIRO, Krukemberghe Divino Kirk Da Fonseca. "Primeiros Socorros"; Brasil Escola.


Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/saude/primeiros-socorros.htm>. Acesso em: 25
julho 2019.

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE HABILITAÇÃO DE BOMBEIRO DE AERÓDROMO 2


(CBA-2)

MÓDULO 4 –EMERGÊNCIAS
QUÍMICAS

Disciplina 4.01: Artigos Perigosos e


Procedimentos em Emergências Químicas
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 8
4 CLASSIFICAÇÃO DE ARTIGOS PERIGOSOS ............................................................. 9
4.1 Artigo Perigoso............................................................................................................. 9
4.2 Classificação ................................................................................................................. 9
4.2.1 Classe I - Explosivos. .......................................................................................................... 9
4.2.2 Classe 2 – Gases ................................................................................................................ 12
4.2.3 Classe 3 - Líquidos Inflamáveis. ....................................................................................... 13
4.2.4 Classe 4 - Sólidos Inflamáveis ........................................................................................... 14
4.2.5 Classe 5 - Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos. ................................................ 15
4.2.6 Classe 6 - Substâncias tóxicas e Infectantes. ..................................................................... 16
4.2.7 Classe 7 - Material Radioativo. ......................................................................................... 17
4.2.8 Classe 8 - Corrosivos. ........................................................................................................ 17
4.2.9 Classe 9 - Miscelâneas. ...................................................................................................... 18
5 SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE ARTIGOS PERIGOSOS .................................... 18
5.1 Painel de Segurança.................................................................................................... 19
5.2 Rótulo de Risco .......................................................................................................... 19
5.3 Etiquetas de manuseio ................................................................................................ 20
5.4 Marcações e Embalagens de Artigos Perigosos em Território Brasileiro .................. 22
5.4.1 Marcações: ......................................................................................................................... 22
5.5 Identificação em Veículos (Tanques) ......................................................................... 22
5.6 Identificação em instalações e edificações ................................................................. 23
5.6.1 Diamante de Hommel ........................................................................................................ 23
5.7 Manual da ABIQUIM ................................................................................................ 25
5.8 Notificação ao Comandante – NOTOC...................................................................... 27
5.9 Pictogramas para identificação de artigos perigosos .................................................. 27
6 IDENTIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS QUÍMICAS.................................................... 28
6.1 Medidas iniciais ao identificar uma Emergência Química ......................................... 30
7 RISCOS AMBIENTAIS DECORRENTES DE EMERGÊNCIAS QUÍMICAS ............. 30
7.1 Toxicologia................................................................................................................. 31
7.1.1 Rotas de Exposição:........................................................................................................... 31
7.1.2 Efeitos Fisiológicos no Organismo Humano ..................................................................... 32
8 ORGANIZAÇão DA CENA ............................................................................................. 33
8.1 Zoneamento de Área de Trabalho .............................................................................. 33
8.2 Comunicação por Gestos no Cenário da Emergência Química ................................. 34
9 TÉCNICAS DE CONTENÇÃO/ISOLAMENTO ............................................................ 36
9.1 Na atuação do SESCINC:........................................................................................... 36
9.1.1 Preceitos básicos de conduta ............................................................................................. 37
9.1.2 Interface com PLEM/PCINC ............................................................................................. 37
10 TÉCNICAS DE RESGATE DE VÍTIMAS ...................................................................... 38
10.1 Avaliação inicial de vítimas ....................................................................................... 39
10.2 Abordagem da Vítima ................................................................................................ 40
10.3 Transporte de Vítimas ................................................................................................ 41
10.4 Procedimentos Emergênciais Básicos em vítimas contaminadas por Substâncias
Químicas ............................................................................................................................... 42
10.5 Prioridades no atendimento de vítimas ...................................................................... 46
11 TÉCNICAS DE DESCONTAMINAÇÃO ........................................................................ 47
11.1 Tipos de Descontaminação:........................................................................................ 47
11.2 Procedimentos para Descontaminação: ...................................................................... 47
11.3 Descontaminações Especiais ...................................................................................... 49
11.4 Soluções para Descontaminação ................................................................................ 50
11.5 Exemplo de Corredor de Descontaminação ............................................................... 51
12 PRODEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA
QUÍMICA ................................................................................................................................. 52
13 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 53
INTRODUÇÃO

Em 29 de abril de 1998, aproximadamente às 21:00, hora local, uma aeronave Douglas


DC-8-51, N507DC estava taxiando para a decolagem no aeroporto Internacional de
Brownsville, Texas, quando os quatro ocupantes (três tripulantes e um acompanhante no
jumpseat) sentiram sintomas de falta de ar. Todos os ocupantes colocaram as máscaras de
oxigênio e o comandante taxiou a aeronave de volta ao estacionamento.
De acordo com a documentação fornecida pela Fine Air, foram carregadas duas
remessas contendo artigos perigosos e o comandante foi informado sobre a natureza, quantidade
e localização destes itens. Uma das remessas consistia de 2.487kg de camarões congelados em
198 pacotes, cada um contendo 2,2 kg de gelo seco, num total de 435,6 kg. A outra remessa
consistia de 82kg de embalagens de tinta.
Para essa ocorrência, o National Transportation Safety Board concluiu que a causa
provável para o incidente foi:
“A tripulação experimentou incapacitação física como resultado de acumulação de dióxido de
carbono gasoso na cabine de comando, produzido por gelo seco carregado no main deck da
aeronave.”

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito desse conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Acidentes Imputáveis a Artigos Perigosos - toda ocorrência associada e relacionada com o
transporte, pelo modal aéreo, de artigos perigosos que resulte em lesão grave ou morte a uma
pessoa ou danos maiores à propriedade. Um acidente imputável a artigo perigoso pode
constituir um acidente aeronáutico, conforme especifica o Anexo 13 da Convenção sobre
Aviação Civil Internacional.

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Aeronave Cargueira - toda aeronave, que não de passageiros, que transporta mercadorias ou
bens tangíveis.
Aeronave de Passageiros - toda aeronave que transporte pessoas outras que não membros da
tripulação, empregados do explorador que voam por razões de trabalho, representantes
autorizados das autoridades nacionais competentes ou acompanhantes de alguma entrega ou
outra carga.
Área de carga - todos os espaços e instalações destinados ao processamento de carga aérea,
incluindo pátios de aeronaves, terminais de carga e terminais de carga aérea, estacionamento
de veículos e vias de acessos adjacentes.
Armazém Aeroportuário - instalação do aeroporto destinada à armazenagem de carga aérea.
Artigo Perigoso - artigo ou substância que, quando transportada por via aérea, pode constituir
risco à saúde, à segurança, à propriedade e ao meio ambiente e que figure na Lista de Artigos
Perigosos – TABELA 3-1 do DOC. 9284-AN/905 – ou esteja classificada conforme o DOC.
9284-AN/905.
Artigo Proibido - todo e qualquer artigo que represente risco aparente para segurança, quando
transportados por aeronaves civis; artigo que é proibido para o transporte aéreo.
Bagagem - bem pertencente ao passageiro ou tripulante, transportado a bordo de uma aeronave,
mediante contrato com o transportador.
Bagagem de mão - bagagem transportada com o passageiro a bordo de uma aeronave.
Bagagem despachada - bagagem que é transportada no porão de uma aeronave.
Carga conhecida - envio de carga aérea por parte de um expedidor conhecido ou de um agente
de carga aérea autorizado ou credenciado.
Carga desconhecida - carga aérea que ainda não tenha sido submetida às medidas de segurança
contra atos de interferência ilícita.
Carga em trânsito - carga transportada por via aérea, com passagem pelo Terminal de Carga
Aérea (TECA) ou zona primária, cujo transporte prosseguirá por essa mesma via ou não, para
outro aeroporto.
Conhecimento aéreo (Air Waybill - AWB) - documento legal que estabelece o contrato entre
o expedidor de carga e o transportador, para a prestação de serviço aéreo.
Embalado - o produto final da operação de empacotamento – a embalagem em si e seu
conteúdo –, preparado de forma idônea para o transporte.
Embalador - pessoa responsável pelo embalamento do artigo perigoso para fins de transporte.
Embalagem - recipientes e outros componentes ou materiais necessários à sua função de
contenção.
Expedidor - pessoa que entrega a carga ao transportador para efetuar o serviço de transporte.
Equipamento de segurança - significa dispositivo de natureza especializada, para uso
individual ou como parte de um sistema, na detecção de armas, substâncias, objetos ou

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dispositivos perigosos e/ou proibidos que possam ser utilizados para cometer um ato de
interferência ilícita.
Estado de origem - Estado onde a mercadoria a bordo de alguma aeronave foi originalmente
carregada.
Exceção - toda disposição do RBAC 175 EMD 00 que exclui item específico considerado artigo
perigoso do cumprimento de requisitos normalmente aplicáveis a tal item.
Incidente imputável a artigos perigosos - toda ocorrência, não enquadrada na definição de
acidente – atribuída ao transporte aéreo de artigos perigosos, não necessariamente a bordo de
uma aeronave, de que resultem lesão à pessoa, danos à propriedade, incêndio, ruptura,
derramamento, vazamentos de fluídos ou de radiação e qualquer outra manifestação que
ocasione vulnerabilidade à integridade da embalagem. Qualquer ocorrência ou discrepância
relacionada ao transporte de artigo perigoso que ponha em risco a saúde, a segurança, a
propriedade e o meio ambiente também é considerada um incidente. Um incidente imputável a
artigo perigoso pode constituir um incidente aeronáutico, conforme especifica o Anexo 13 da
Convenção sobre Aviação Civil Internacional.
Incompatível - os artigos perigosos que, caso misturados, podem gerar calor ou gases perigosos
ou produzir substância corrosiva.
Isenção - toda autorização emitida pela ANAC que exime o cumprimento de requisito previsto
no RBAC 175 EMD 00.
Inspeção de segurança da aviação civil - aplicação de meios técnicos ou de outro tipo com a
finalidade de identificar e/ou detectar armas, explosivos ou outros artigos perigosos que possam
ser utilizados para cometer ato de interferência ilícita.
Lesão grave - qualquer lesão sofrida por uma pessoa em um acidente e que:
• Requeira hospitalização durante mais de 48 horas, iniciada no período de sete dias
contados a partir da data em que sofrida a lesão; ou
• Cause fratura de algum osso (com exceção de fraturas simples no nariz ou nos dedos
das mãos ou dos pés); ou
• Cause lacerações que levem a hemorragias graves, lesões nos nervos, músculos ou
tendões; ou
• Cause danos a qualquer órgão interno; ou
• Cause queimaduras de segundo ou terceiro grau ou outras queimaduras que afetem mais
de 5% da superfície do corpo; ou
• Seja atribuível ao contato comprovado com substâncias infectantes ou à exposição a
radiações prejudiciais.
Manuseio de artigo perigoso - atividade de transbordo, armazenagem, carregamento,
embalagem, consolidação, desconsolidação, recebimento ou expedição de carga perigosa.
Membro da tripulação - pessoa que recebe obrigações do explorador a serem cumpridas a
bordo durante o período de serviço do voo.

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Número ONU - número de quatro dígitos designado pelo Comitê de Peritos em Transporte de
Artigos Perigosos das Organizações das Nações Unidas – ONU, que serve para identificar uma
substância ou um determinado grupo de substâncias.
Produto controlado - artigo ou substância cujo transporte por via aérea depende de autorização
de órgão competente, mesmo que não considerada artigo perigoso.
Recintos alfandegados - aqueles assim declarados pela autoridade aduaneira competente, na
zona primária ou na zona secundária, a fim de que neles possa ocorrer, sob controle aduaneiro,
movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de:
• Mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime
aduaneiro especial;
• Bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados; e
• Remessas postais internacionais.
Serviço de courier - sistema de coleta e entrega rápida de encomendas e correspondência que
utiliza o serviço de transporte aéreo.
Sobre-embalagem - embalagem utilizada por um único expedidor que contenha um ou mais
volumes e constitui uma unidade para facilitar sua manipulação e movimentação (Esta definição
não inclui os dispositivos de carga unitizada).
Terminal de Carga Aérea (TECA) - instalação aeroportuária dotada de facilidades para
armazenagem e processamento de carga, e onde ela é transferida de uma aeronave para um
transporte de superfície ou desse para aquela, bem como para outra aeronave. O TECA pode
estar localizado fora do terminal aeroportuário.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para fins desse conteúdo programático, serão aplicadas as siglas e abreviaturas a


seguir:
ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química e Produtos Derivados;
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil;
ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre;
CRC - Corredor de Redução de Contaminação;
CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear;
CRE - Código de Resposta a Emergências;
EPR - Equipamento de Respiração Autônoma;
IATA - Associação Internacional de Transporte Aéreo
NBR (ABNT) - Normas Brasileiras emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas;
NOTOC - Notificação ao Comandante;

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OACI - Organização da Aviação Civil Internacional;
PAX - Passageiro
PLEM - Plano de Emergência em Aeródromo;
PCM - Posto de Coordenação Móvel;
PCINC - Plano Contraincêndio de Aeródromo;
PAA - Parque de Abastecimento de Aeronaves;
RBAC - Regulamento Brasileiro de Aviação Civil;
SCI - Seção Contraincêndio de Aeródromo;
SESCINC – Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis;
TECA - Terminal de Carga Aérea
TPS - Terminal de Passageiros;
TWR (Tower) - Torre de Controle de Aeródromo

4 CLASSIFICAÇÃO DE ARTIGOS PERIGOSOS

4.1 Artigo Perigoso

Como vimos, o termo artigo perigoso se refere a objeto ou substância que, quando
transportada por via aérea, pode constituir risco à saúde, à segurança, à propriedade e ao meio
ambiente. Os artigos considerados com potencial de perigo para o transporte aéreo figuram na
Lista de Artigos Perigosos – TABELA 3-1 do DOC. 9284-AN/905 – documento que também
classifica esses artigos.
Não obstante as regulamentações oriundas da OACI e da IATA, o transporte aéreo
doméstico e internacional de artigos perigosos em aeronaves civis registradas ou não no Brasil
é regulamentado pelo RBAC n° 175, 08 de dezembro de 2009.

4.2 Classificação

Os artigos perigosos dividem-se em classes que, por sua vez, podem ser subdivididas
em Divisões devido à grande extensão de tipos de produtos e riscos envolvidos na Classe como
a seguir:

4.2.1 Classe I - Explosivos.

Para efeito desta apostila, devem ser consideradas as seguintes definições:

a) Substância explosiva é a substância sólida ou líquida (ou mistura de substâncias) que,


por si mesma, através de reação química, seja capaz de produzir gás a temperatura,

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pressão e velocidade tais que possa causar danos a sua volta. Incluem-se nesta definição
as substâncias pirotécnicas, mesmo que não desprendam gases;
b) Substância pirotécnica é uma substância, ou mistura de substâncias, concebida para
produzir um efeito de calor, luz, som, gás ou fumaça, ou a combinação destes, como
resultado de reações químicas exotérmicas auto-sustentáveis e não-detonantes;
c) Artigo explosivo é o que contém uma ou mais substâncias explosivas.

A Classe 1 está dividida em seis subclasses, que chamamos de divisões:

Divisão 1.1 - São artigos e substâncias que possuem um risco de explosão de massa,
isto é, uma explosão virtualmente instantânea de toda a carga.

Divisão 1.2 - São artigos e substâncias que possuem um risco de projeção, mas não
uma explosão de massa.

Divisão 1.3 - Artigos e substâncias que possuem um risco de fogo, um risco pequeno de
explosão ou um risco pequeno de projeção, mas não um risco de explosão de massa.

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Divisão 1.4 - Artigos ou substâncias que não apresentam risco significante.

Divisão 1.5 - Substâncias muito pouco sensíveis que possuem um risco de explosão de
massa, (mas que são tão insensíveis que a probabilidade de iniciação ou de transição
da queima para a detonação, em condições normais de transporte, é muito pequena).

Divisão 1.6 - Artigos muito pouco sensíveis que não possuem um risco de explosão de
massa, (abrange os artigos que contêm somente substâncias detonantes extremamente
insensíveis e que apresentam risco desprezível de iniciação ou propagação acidental).

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4.2.2 Classe 2 – Gases

Gás é uma substância que:


A 50ºC tem uma pressão de vapor superior a 300kPa; ou

a) É completamente gasoso à temperatura de 20ºC, à pressão de 101,3kPa.

Os gases são apresentados para transporte sob diferentes aspectos físicos:

a) Gás comprimido: é um gás que, exceto se em solução, quando acondicionado para


transporte, à temperatura de 20ºC é completamente gasoso;
b) Gás liquefeito: gás parcialmente líquido, quando embalado para transporte, à
temperatura de 20ºC;
c) Gás liquefeito refrigerado: gás que, quando embalado para transporte, é parcialmente
líquido devido a sua baixa temperatura;
d) Gás em solução: gás comprimido, apresentado para transporte dissolvido num solvente.
Esta classe abrange os gases comprimidos, liquefeitos, liquefeitos refrigerados ou em
solução, as misturas de gases ou de um ou mais gases com um ou mais vapores de
substâncias de outras classes, artigos carregados com um gás, hexafluoreto de telúrio e
aerossóis.

Divisão 2.1 - Gases Inflamáveis

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Divisão 2.2 - Gases não inflamáveis e não tóxicos.

Divisão 2.3 - Gases Tóxicos.


São gases que:
a) São sabidamente tão tóxicos ou corrosivos para pessoas, que impõem risco à saúde; ou
b) Supõe-se serem tóxicos ou corrosivos para pessoas, por apresentarem toxicidade aguda
por inalação.

NOTA: os gases que se enquadram nestes critérios por sua corrosividade devem ser
classificados como tóxicos, com um risco subsidiário de corrosivo.

4.2.3 Classe 3 - Líquidos Inflamáveis.

Líquidos inflamáveis são líquidos, misturas de líquidos, ou líquidos contendo sólidos


em solução ou em suspensão (como tintas, vernizes, lacas etc., excluídas as substâncias que
tenham sido classificadas de forma diferente, em função de suas características perigosas) que
produzem vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,5°C, ou mesmo a 65,6ºC.

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4.2.4 Classe 4 - Sólidos Inflamáveis

Substâncias passíveis de combustão espontânea, substâncias que, em contato com a


água, emitem gases inflamáveis.

Divisão 4.1 - Sólidos inflamáveis.


Sólidos que nas condições encontradas no transporte são facilmente combustíveis, ou
que, por atrito, podem causar fogo ou contribuir para ele. Esta subclasse inclui, ainda,
explosivos insensibilizados que podem explodir se não forem suficientemente diluídos e
substâncias auto-reagentes ou correlatas, que podem sofrer reação fortemente exotérmica.
Os produtos desta divisão podem se inflamar quando expostos ao calor, choque, atrito
e a fricção, além, é claro, de chamas vivas. A facilidade de combustão será tanto maior quanto
mais finamente dividido estiver o produto.

Divisão 4.2 - Substâncias passíveis de combustão espontânea.


Substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo nas condições normais de transporte, ou
que se aquecem em contato com o ar, sendo, então, capazes de se inflamarem; são as substâncias
pirofóricas e as passíveis de auto-aquecimento.
Produtos que podem inflamar-se em contato com o ar, mesmo sem a presença de uma
fonte de ignição. Devido a esta característica estes produtos são transportados, na sua maioria,
em recipientes com atmosferas inertes, ou submersos em água ou querosene.

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Divisão 4.3 - Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.
Substâncias que, por reação com a água, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis
ou liberar gases inflamáveis em quantidades perigosas. Emprega-se também a expressão "que
reage com água" para designar as substâncias desta subclasse.

4.2.5 Classe 5 - Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos.

Divisão 5.1 – Oxidantes


Substâncias que, embora não sendo necessariamente combustíveis, podem, em geral por
liberação de oxigênio, causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isto.

Divisão 5.2 - Peróxidos Orgânicos.


Substâncias orgânicas que contêm a estrutura bivalente −O−O− e podem ser
consideradas derivadas do peróxido de hidrogênio, onde um ou ambos os átomos de hidrogênio
foram substituídos por radicais orgânicos.
Peróxidos orgânicos são substâncias termicamente instáveis e podem sofrer uma
decomposição exotérmica autoacelerável. Além disso, podem apresentar uma ou mais das
seguintes propriedades: ser sujeitos a decomposição explosiva; queimar rapidamente; ser
sensíveis a choque ou a atrito; reagir perigosamente com outras substâncias; causar danos aos
olhos.
São agentes de alto poder oxidante, sendo que destes a maioria é irritante para os olhos, pele,
mucosas e garganta.

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4.2.6 Classe 6 - Substâncias tóxicas e Infectantes.

Divisão 6.1 - Substâncias Tóxicas.


São substâncias capazes de provocar a morte, lesões graves, ou danos à saúde humana,
se ingeridas, inaladas ou se entrarem em contato com a pele.

Divisão 6.2 - Substâncias Infectantes.


Substâncias que apresentam micro-organismos vivos incluindo bactérias, vírus,
parasitas e fungos e que se saiba, ou se suspeita, que possam causar enfermidades aos seres
vivos.

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4.2.7 Classe 7 - Material Radioativo.

Consideradas fisicamente instáveis, ou seja, sofrem modificações espontaneamente em


sua estrutura mais íntima, são comumente conhecidos como radio elementos.

A designação ou o símbolo químico do radionuclídeo e a sua atividade devem também


figurar obrigatoriamente no rótulo.

Taxa de dose de Taxa de dose Índice de


Rótulo/Categoria superfície máxima máxima a 1m Transporte
(µSv/h) (µSv/h) IT
Branco - I ˂5 - 0
Amarelo – II ˂ 500 ˂ 10 0-1
Amarelo - III ˂ 2000 ˂ 100 1-10

4.2.8 Classe 8 - Corrosivos.

São substâncias que, por ação química, causam severos danos quando em contato com
tecidos vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o
veículo; elas podem, também, apresentar outros riscos.

São substâncias que, em caso de fugas de suas unidades contentoras, podem causar
danos graves por sua ação química ao entrar em contato com tecidos vivos ou que podem

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provocar danos materiais a outros produtos ao meio de transporte ou ao meio ambiente. Utiliza-
se, ainda, a abreviação COR, de corrosivo.

4.2.9 Classe 9 - Miscelâneas.

Estão incluídos na Classe 9 as substâncias e artigos que durante o transporte apresentam


um risco não abrangido por qualquer das outras classes. Exemplos: materiais magnetizados,
asbestos, gelo seco, hidrossulfito de zinco, etc.

“A ordem numérica das Classes e Divisões não corresponde a seu grau de periculosidade”

5 SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE ARTIGOS PERIGOSOS

A identificação de produtos perigosos para o transporte é realizada por meio da


simbologia de risco, composta por um painel de segurança, de cor alaranjada, e um rótulo de
risco. Estas informações obedecem aos padrões técnicos definidos na legislação do transporte
aéreo e/ou terrestre de produtos perigosos.
Para o transporte aéreo, a identificação necessária para cada embalagem que contenha
artigos perigosos deve estar de acordo com os requisitos da Parte 3 do DOC. 9284-AN/905 e
da IS 175-001.
Realiza-se a identificação do artigo perigoso por meio de um número da ONU ou de um
número de identificação provisório - ID e por meio do nome apropriado para transporte.
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5.1 Painel de Segurança

Os painéis de segurança devem ter o número das Nações Unidas e o número de risco do
produto transportado, apostos em caracteres negros, não menores que 65mm, num painel
retangular de cor laranja, com altura não inferior a 140mm e comprimento mínimo de 350mm,
com uma borda preta de 10mm.

Na parte superior desses painéis estão grafados números que representam os riscos
associados ao produto transportado de acordo com sua Classe (1 a 9) e, na inferior, encontramos
o número da ONU – Organização das Nações Unidas, referente ao produto.

Exemplo número ONU:

Exemplo número de risco:

Exemplo de número de risco e número ONU:

5.2 Rótulo de Risco

O rótulo de risco utilizado no transporte deve ser correspondente à classe ou subclasse


de risco do produto. Os números das classes e subclasses são fixados na parte inferior dos

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rótulos de risco e/ou discriminados em campo específico constante nos documentos fiscais
portados pelo transportador.
Os rótulos de risco têm a forma de um quadrado, colocado num ângulo de 45° (forma
de losango), podendo conter símbolos, figuras e/ou expressões emolduradas, referentes à
classe/subclasse do produto perigoso. São divididos em duas metades:
• A metade superior destina-se a exibir o pictograma, símbolo de identificação do risco.
Exceto para as subclasses 1.4, 1.5 e 1.6;
• A metade inferior destina-se para exibir o número da classe ou subclasse de risco e grupo
de compatibilidade, conforme apropriado, e quando aplicável o texto indicativo da
natureza do risco.

As etiquetas de risco (rótulos) e as de manuseio necessárias para cada embalagem que


contenha artigos perigosos devem estar de acordo com os requisitos do capítulo 3 da Parte 5 do
DOC. 9284- AN/905, apresentadas abaixo:

5.3 Etiquetas de manuseio

O transporte de produtos requer cuidados específicos no que se refere aos critérios para
armazenamento e manuseio, o que originou uma série de símbolos conhecidos com indicações
de manuseio no transporte. Essas etiquetas podem ser tanto impressas diretamente na
embalagem quanto aplicadas utilizando adesivos, muito mais práticas para empresas de
transporte e logística.
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Apesar de não haver uma padronização internacional, a maior parte dos países adota
os símbolos recomendados pelas Nações Unidas, definidos por duas entidades: ASTM D5445
(Standard Practice for Pictorial Markings for Handling of Goods) e ISO 780 (Pictorial
marking for handling of goods). No Brasil, há a padronização de símbolos de transporte e
manuseio definida pela NBR 7500, que utiliza os mesmos símbolos recomendados pelas
instituições internacionais.

Principalmente com relação ao transporte de artigos perigosos, recomenda-se que os


símbolos tenham especial resistência e durabilidade, se possível impressos na própria caixa, ou
recomenda-se o uso de etiquetas adesivas de alta qualidade, para evitar que se desprendam no
manuseio ou transporte.

Recomenda-se, ainda, o uso da cor preta, para que não sejam confundidos com rótulos
de risco para produtos químicos e perigosos. Caso o fundo seja escuro, a cor branca ou outra
cor contrastante é indicada.

As etiquetas de risco e manuseio utilizadas em volumes de artigos perigosos e sobre


embalagem que contenham artigos perigosos devem seguir a forma, cor, formato, símbolo e
texto reproduzidos na subseção Especificações de Etiqueta do Capítulo 4 da Parte 5 do DOC.
9284-AN/905.

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5.4 Marcações e Embalagens de Artigos Perigosos em Território Brasileiro

5.4.1 Marcações:

As marcas necessárias para cada embalagem que contenha artigos perigosos devem
estar de acordo com os requisitos do Capítulo 2 da Parte 5 do DOC. 9284-AN/905.
Marcas que identificam o projeto ou a especificação de uma embalagem,
independentemente de seu uso para um embarque em particular, devem estar de acordo com os
requisitos relevantes de marcação especificados no RBAC 175 EMD 00 de 08/12/09.
Qualidade e especificações das marcas:
a) Todas as marcas devem ser colocadas nas embalagens ou nas sobre-embalagens em
locais que não sejam cobertas por qualquer parte da embalagem ou qualquer outra marca
ou etiqueta;
b) Todas as marcas devem ser:
• Duráveis e impressas ou de outra maneira marcadas sobre, ou fixadas na,
superfície externa da embalagem ou sobre-embalagem;
• Visíveis e legíveis;
• Resistente e não perder sua efetividade quando exposta a água;
• De cor contrastante com a cor da superfície onde será marcada.

5.5 Identificação em Veículos (Tanques)

O veículo que transporta produtos perigosos, conforme a legislação vigente deve fixar
a sua sinalização na frente (painel de segurança, do lado esquerdo do motorista), na traseira

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(painel de segurança, do lado direito do motorista) e nas laterais (painel de segurança e o rótulo
indicativo da classe ou subclasse de risco) colocados do centro para a traseira, em local visível.

Quando a unidade de transporte trafegar vazia, sem ter sido descontaminada, está sujeita
às mesmas prescrições que a unidade de transporte carregada, devendo, portanto, estar
identificada com os rótulos de risco e os painéis de segurança utilizados no último carregamento
(NBR 7500 ABNT).

5.6 Identificação em instalações e edificações

5.6.1 Diamante de Hommel

O Diamante de Hommel, mundialmente conhecido pelo código NFPA 704 — mas


também conhecido como diamante do perigo ou diamante de risco —, é uma simbologia
empregada pela Associação Nacional para Proteção contra Incêndios
(em inglês: National Fire Protection Association - NFPA), dos Estados Unidos da América.
Nessa ferramenta de identificação de risco são utilizados quadrados que expressam tipos de
risco em graus que variam de 0 a 4, cada um desses quadrados especificado por
uma cor (branco, azul, amarelo e vermelho), que representam, respectivamente: riscos
específicos, risco à saúde, reatividade e inflamabilidade.

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VERMELHO – INFLAMABILIDADE

4 – Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos.


3 – Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente.
2 – Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente.
1 – Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição.
0 – Produtos que não queimam.

AZUL – PERIGO PARA SAÚDE

4 – Produto Letal.
3 – Produto severamente perigoso.
2 – Produto moderadamente perigoso.
1 – Produto levemente perigoso.
0 – Produto não perigoso ou de risco mínimo.
AMARELO – REATIVIDADE

4 – Capacidade de detonação ou decomposição com explosão à temperatura ambiente.


3 – Capacidade de detonação ou decomposição com explosão quando exposto à fonte de
energia severa.
2 – Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas.
1 – Normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido.
0 – Normalmente estável.

BRANCO – RISCOS ESPECIAIS

w - Evite o uso de água


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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerência da Universidade Infraero.
- Material radioativo
ALK - Base forte
OXY - Oxidante forte
ACID - Ácido forte
COR - Corrosivo

Quando utilizada na rotulagem de produtos, ela é de grande utilidade, pois permite num
simples relance, que se tenha ideia sobre o risco representado pela substância ali contida.

5.7 Manual da ABIQUIM

Outra ferramenta de grande funcionalidade para identificação de artigos perigosos e


respectivos procedimentos de emergência, onde consta a relação dos principais produtos
perigosos em ordem numérica é o Manual de Emergência da Associação Brasileira da Indústria
Química e de Produtos Derivados (ABIQUIM), que é uma entidade de classe representativa do
setor da indústria química no Brasil, desde 1964.

SEÇÕES DO MANUAL

O manual para atendimento a emergência com produtos perigos possui cinco seções:
BRANCA AMARELA AZUL LARANJA VERDE

SEÇÃO BRANCA: Aborda informações gerais acerca do manual, bem como dados referentes
aos números de risco e suas características, além da tabela de códigos de riscos;

SEÇÃO AMARELA: Classifica os produtos perigosos pelo número da ONU, relacionando o


número ao nome do mesmo, atribuindo com isso a sua classe de risco e a respectiva guia de
emergência. Nesta seção estão organizados os produtos perigosos em ordem numérica
crescente, de acordo com a designação da ONU;
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SEÇÃO AZUL: Identifica o produto pelo seu nome comercial, servindo para se associar o
mesmo à sua respectiva guia de emergência e ao número da ONU;

SEÇÃO LARANJA: É composta basicamente de guias, sendo estas denominadas de Guias de


Emergência, pois compõem todos os procedimentos que devem ser adotados em um acidente
com produtos perigosos.

A seção laranja possui 62 guias, divididas em função dos riscos potenciais, tais como:
fogo ou explosão e risco à saúde; atribuições da segurança pública, como vestimentas de
proteção e evacuações; e traz, ainda, ações de emergência em caso de vazamento e
derramamento, fogo e os primeiros socorros em caso de vítimas.

SEÇÃO VERDE: Esta seção trata sobre gases ou vapores tóxicos passíveis de inalação, os
quais são particularmente perigosos para a saúde humana. Inclui também produtos que
originalmente podem não apresentar esta propriedade, mas que liberam gases ou vapores
tóxicos ao reagirem com água e, ainda, recomendações para a ação protetora e uma tabela de
distancias de isolamento inicial.

Exemplo:

Página AMARELA - Relação dos produtos pelo número ONU na ordem numérica:
ONU NOME GUIA
1863 QUEROSENE PARA JATO 128

Página AZUL - Relação dos produtos pelo nome na ordem alfabética:


NOME ONU GUIA
QUEROSENE PARA JATO 1863 128

Página LARANJA - Guia de emergências riscos específicos segurança, ação:


GUIA 128
RISCO SEGURANÇA AÇÃO
Orientações em caso de Fogo Orientações quanto a Orientações em caso de
Ou Explosão e Perigo a saúde. Segurança pública, fogo, vazamentos ou
vestimentas de proteção derramamento e primeiros
e evacuação. socorros.

Página VERDE - Tabela de distância de isolamento e produtos que reagem com água:
NOME ONU GUIA
CARBURETO DE CÁLCIO 1402 134

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5.8 Notificação ao Comandante – NOTOC

É o formulário utilizado para notificar o comandante da aeronave a respeito de artigos


perigosos a bordo da aeronave. Sua finalidade é garantir que nenhuma carga contendo artigo
perigoso seja embarcada sem o conhecimento da tripulação.
Sempre que houver troca de piloto enquanto os artigos perigosos estiverem a bordo, o
novo piloto deve ser notificado pelo operador da aeronave, por escrito, a respeito dos produtos
que estão sendo transportados.
Vide a figura abaixo.

5.9 Pictogramas para identificação de artigos perigosos

Existe uma gama de artigos que são considerados proibidos para o transporte em
aeronaves como bagagem despachada e uma série de outros que jamais poderão ser
transportados na bagagem de mão, os quais são objeto de advertência e questionamento ao
passageiro antes do seu embarque na aeronave, bem como é exercida fiscalização rigorosa
durante os processos de segurança.

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6 IDENTIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS QUÍMICAS

A emergência química pode ser definida como um evento inesperado e indesejável


envolvendo produtos químicos, o qual pode afetar, direta ou indiretamente, a segurança e a
saúde da comunidade, impactos ao meio ambiente e danos à propriedade pública e privada,
requerendo, portanto intervenções imediatas.
Outro conceito importante refere-se ao termo acidente químico definido pela OPAS –
Organização Panamericana da Saúde, como uma sequência de eventos fortuitos e não
planejados, que resulta na liberação de uma ou mais substâncias químicas perigosas para a
saúde humana e/ou ao meio ambiente, a curto ou longo prazo. As emergências químicas podem
ser geradas a partir de eventos naturais ou, mais frequentemente, a partir de eventos
tecnológicos:

a) Origem Natural:
Ocorrência causada por fenômeno da natureza, cuja maioria dos casos independe das
intervenções do homem. Incluem-se nesta categoria os terremotos, maremotos, furacões,
tsunami etc.

b) Origem Tecnológica:
Ocorrência gerada por atividade desenvolvida pelo homem, tais como os acidentes
nucleares, vazamentos durante a manipulação ou transporte de substâncias químicas, etc.
Embora estes dois tipos de ocorrências sejam independentes quanto suas
origens(causas), em determinadas situações pode haver uma certa relação entre as mesmas,
como por exemplo uma forte tormenta que acarrete danos numa instalação industrial. Neste

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caso, além dos danos diretos causados pelo fenômeno natural, pode-se ter outras implicações
decorrentes dos impactos causados nas instalações da empresa atingida.
Da mesma forma, as intervenções do homem na natureza podem contribuir para a
ocorrência dos acidentes naturais, como por exemplo o uso e ocupação do solo de forma
desordenada pode vir a acelerar processos de deslizamentos de terra. No entanto, os acidentes
de origem natural em sua grande maioria são de difícil prevenção, razão pela qual diversos
países do mundo, principalmente aqueles onde tais fenômenos são mais constantes, têm
investido em sistemas para o atendimento a estas situações.
No caso dos acidentes de origem tecnológica, pode-se afirmar que a grande maioria dos
casos é previsível, razão pela qual há que se trabalhar principalmente na prevenção destes
episódios, sem esquecer obviamente da preparação e intervenção quando da ocorrência dos
mesmos. Para efeito desta apostila, os termos: emergências químicas, acidentes químicos,
incidentes químicos e acidentes com produtos perigosos são equivalentes.
As emergências químicas geram diversas consequências danosas à sociedade,
destacando-se:

• Perda de vidas humanas;


• Impactos ambientais;
• Danos à saúde da comunidade;
• Prejuízos econômicos;
• Danos psicológicos à população;
• Desgaste da imagem da indústria e do governo.

Assim, para o adequado gerenciamento dos riscos associados às emergências químicas,


aplica-se perfeitamente o conceito de que o risco pode e deve ser diminuído e controlado
atuando-se tanto na "probabilidade" da ocorrência de um evento indesejado, como nas
"consequências" geradas por este evento.
Na década de 80, as ações relacionadas com os acidentes industriais se intensificaram,
principalmente depois dos casos de Chernobyl, Cidade do México e Bhopal, quando
começaram a ser desenvolvidos diferentes programas contemplando não somente os aspectos
preventivos, mas também os de intervenção nas emergências. Dentre estes programas, pode-se
destacar os seguintes:

• The Emergency Planning and Community Right-to-Know Act;


• CAER - Community Awareness and Emergency Response;
• APELL - Awareness and Preparedness for Emergency at Local Level;
• International Metropolis Committee or Major Hazards.

Os avanços tecnológicos resultam na criação de milhares de produtos químicos todos os


anos, os quais devem necessariamente ser transportados, em sua grande maioria, pelo modal
aéreo, podendo assim gerar acidentes com a consequente liberação do produto para o meio
ambiente. Para a realização de uma adequada ação de resposta a um acidente envolvendo
produtos perigosos, é necessário conhecer os principais riscos associados a esses materiais.

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6.1 Medidas iniciais ao identificar uma Emergência Química

Constatada a possibilidade de uma emergência química em curso, procedimentos


iniciais preventivos e corretivos devem ser considerados, tais como:

a) Aproximação com cautela, a favor do vento e distância segura;


b) Identificação e classificação do evento (ex. pouso de emergência, tombamento de
embalado no TECA, caminhão transportando produto perigoso, existência de
vazamento, incêndio, explosões, existência de vítimas...);
c) Identificação do produto envolvido (sempre que isso puder ser feito com segurança por
meio da visualização à distância das placas de simbologia do produto - painel de
segurança e rótulo de risco);
d) Sinalização de emergência e segurança das operações;
e) Avaliação das interferências do entorno (Ex: produto atingiu sistema de drenagem do
aeroporto e corpo d’água, população residente nas circunvizinhanças);
f) Rápida comunicação do evento ao COE, órgãos públicos, operador aéreo, transportador,
destinatário e fabricante do produto;
g) Facilitação e cooperação no cenário da emergência química.

7 RISCOS AMBIENTAIS DECORRENTES DE EMERGÊNCIAS


QUÍMICAS

O primeiro passo, tanto para a prevenção, como para uma intervenção eficiente, deve
ser a identificação e avaliação dos riscos a que uma região está exposta.
A partir disso, estabelecer ações que possam ser desenvolvidas para a redução desses
riscos, seu gerenciamento e planejamento de intervenções emergenciais.
No caso das emergências químicas, os trabalhos devem ser desenvolvidos seguindo a
sequência abaixo, a qual obviamente pode ser adaptada às condições específicas de uma
determinada região:

a) Levantamento estatístico de emergências químicas ocorridas na região em estudo;


b) Levantamento das atividades que manipulam substâncias químicas:

• Indústria;
• Comércio;
• Terminais; e
•Sistemas de transportes: rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo, fluvial e por dutos.
c) Caracterização das substâncias e respectivas quantidades;
d) Identificação dos riscos e das possíveis consequências causadas por eventuais emergências
envolvendo as atividades e produtos identificados;
e) Implantação de medidas para a redução dos acidentes e gerenciamento de riscos.

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Essas atividades, além de propiciarem resultados do ponto de vista preventivo (redução
e gerenciamento dos riscos), fornecerá informações de fundamental importância para o
planejamento de um sistema para atendimentos às emergências químicas na região em estudo.

Segundo definição constante da NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais,


consideram-se Riscos Ambientais os agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e os
riscos de acidentes de trabalho.
Eles são capazes de causar danos à saúde e à integridade física do trabalhador em função de
sua:
✓ Natureza;
✓ Concentração;
✓ Intensidade;
✓ Suscetibilidade; e
✓ Tempo de exposição.

O primeiro passo, tanto para a prevenção como para uma intervenção eficiente, deve
ser a identificação e avaliação dos riscos a que uma região está exposta.
A partir disso, estabelecer ações que possam ser desenvolvidas para a redução desses
riscos, seu gerenciamento e planejamento de intervenções emergenciais.
A seguir, serão abordados os principais aspectos a serem observados nos
acidentes/incidentes de acordo com as classes de risco dos produtos químicos envolvidos.

7.1 Toxicologia

Todo produto químico é tóxico, podendo causar qualquer dano ao corpo ou levar a
morte. A dose, as propriedades físicas e químicas do tóxico e as características fisiológicas do
indivíduo exposto, determinam o grau de toxicidade. A toxicologia é o estudo dos mecanismos
e processos básicos que causam reações adversas.

7.1.1 Rotas de Exposição:

Existem 4(quatro) rotas pelas quais as substâncias podem entrar no organismo:


inalação, absorção pela pele (ou olhos), ingestão e infecção.
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a) Inalação: Muitas das substâncias apresentam-se na forma de gases, vapores ou partículas.
Quando inaladas essas substâncias entram em contato com o sistema respiratório, formado
pela boca, nariz, laringe, brônquios e alvéolos pulmonares. É a principal rota de entrada de
substâncias contaminantes no corpo.
b) Absorção: É a segunda rota em importância para a entrada dos contaminantes em nosso
corpo. A absorção ocorre através da superfície que envolve o corpo humano. A absorção
através da pele contribui para a intoxicação significativa, e para algumas substâncias é
inclusive a principal via de penetração.
c) Ingestão: É uma rota de reduzida importância, salvo condições acidentais e hábitos de
comer e beber no local de trabalho. Quando ingeridas as substâncias entram em contato com
o sistema digestivo, formado pela boca, estômago e intestino. É necessário destacar que os
contaminantes ingeridos podem ou não ser dissolvidos pelos fundos digestivos.
d) Infecção/injeção: Entende-se como infecção a rota de entrada das substâncias
contaminantes através da penetração direta da substancia no organismo através de uma
descontinuidade da pele, como por exemplo, uma ferida, corte, etc.

7.1.2 Efeitos Fisiológicos no Organismo Humano

Existe uma terminologia específica a toxicologia que relaciona os efeitos dos agentes
no organismo:
• Irritantes: São aqueles compostos químicos que produzem uma inflamação, devido a uma
ação química ou física das áreas anatômicas com as quais entram em contato, principalmente
a pele e mucosa do sistema respiratório.

• Asfixiantes: São substâncias capazes de impedir a chegada do oxigênio nos tecidos,


bloqueando os processos vitais do organismo.

• Tóxicos sistêmicos: Define-se como tais, os compostos químicos que independente de sua
via de entrada, distribuem-se por todo organismo produzindo efeitos diversos sendo que
certos compostos apresentam efeitos específicos ou seletivos sobre um órgão ou sistema.
• Anestésicos: São substâncias que atuam como depressoras do sistema nervoso central,
dependendo da quantidade que chegue ao cérebro.
• Cancerígenos: São substâncias que podem gerar ou desenvolver o câncer.
• Mutagênico: São substâncias que podem alterar permanentemente o material genético
(DNA).
• Teratogênicos: São substâncias que podem proporcionar o desenvolvimento de embriões
deficientes.
• Alérgicos: São substâncias cuja ação caracteriza-se por duas circunstâncias: a primeira é
aquela que não afeta a totalidade dos indivíduos, já que requer predisposição fisiológica. A
segunda é aquela que somente manifesta no indivíduo previamente sensível.

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• Neumoconióticos: São substâncias químicas sólidas que se depositam nos pulmões e se
acumulam, produzindo uma neumopatia e degeneração fibrótica do tecido pulmonar.
• Efeitos combinados: Existem contaminantes que desenvolvem somente um efeito no
organismo, e outros que englobam ações variadas.
Apresentamos uma série de termos relacionando o efeito dos agentes químicos no
organismo, porém podemos classificar os efeitos em duas classes:
a) Efeito local: são classificados como efeitos locais aqueles em que o agente químico
exerce sua ação no local de contato;
b) Efeito sistêmico: são classificados como efeitos sistêmicos aqueles em que o agente
químico exercerá sua ação em um órgão diferente do local inicial de contato.

8 ORGANIZAÇÃO DA CENA

A premissa de organização da cena no local da emergência, além do isolamento da área e


estabelecimento de um perímetro controlado, inclui a tarefa de coordenar as equipes de
bombeiros (SESCINC/Urbano), ambulâncias, polícias e a equipe de emergência em um esforço
de evacuação segura e ordenada. Independentemente da complexidade, esta é uma das primeiras
considerações táticas.
O atendimento a um acidente envolvendo produtos perigosos requer uma criteriosa
avaliação de riscos para a definição de ações estratégicas e táticas que deverão produzir o
resultado mais favorável. Por sua vez, os resultados são medidos em termos de fatalidades,
ferimentos, danos a propriedades e ao meio-ambiente.
Todo incidente com materiais perigosos segue uma sequência lógica de eventos ao longo
do tempo. Uma intervenção de emergência deve ser capaz de avaliar rapidamente quais eventos
já ocorreram, determinar quais estão acontecendo naquele momento e prever quais surgirão no
futuro imediato. Se um evento pode ser previsto, também pode ser prevenido.
Essa é a essência do processo de avaliação de risco.
A estratégia operacional para o incidente desenvolve-se a partir da avaliação do
comandante da situação no momento e do prognóstico das próximas situações.
A incerteza é muito comum no atendimento de emergência envolvendo produtos perigosos,
porém, uma das tarefas mais decisivas é minimizar a incerteza pela utilização de um processo
estruturado e com procedimentos padronizados aliados à tomada de decisão para avaliar o
problema e selecionar a estratégia mais segura para resolver o incidente. Essa é uma das
prioridades antes da intervenção.

8.1 Zoneamento de Área de Trabalho

Após a avaliação dos demais aspectos envolvidos nesse tipo de evento (identificação,
isolamento, salvamento, contenção e descontaminação), o socorrista irá definir suas Zonas de
Trabalho da seguinte forma:

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• Zona Quente ou Zona de Exclusão: Local onde está localizada a origem do acidente.
Neste local o risco é iminente, devendo ser isolado, sendo somente acessado pelas Equipes de
Intervenção.
• Zona Morna ou Zona de Redução de Contaminação: Local que servirá de ligação
entre as Zonas Quente e Fria. Neste local será montado o Corredor de Descontaminação, sendo
acessado somente pelas Equipes de Descontaminação.
• Zona Fria ou Zona de Suporte: Local externo ao acidente, onde o risco será mínimo
ou inexistente. Nele deverão estar localizados todas as Equipes de Suporte, além dos Órgãos de
Imprensa e de Apoio, como Defesa Civil Municipal e outros. Nesta será também montado o
Posto de Comando, devendo contar com a presença do Coordenador da Operação.
Este zoneamento deverá seguir os seguintes fatores e parâmetros:
• Direção e velocidade dos ventos;
• Topografia do local;
• Lençol freático e recursos hídricos da região;
• População local;
• Características do Material;
• Previsões e condições meteorológicas;
• Tempo previsto de trabalho.

8.2 Comunicação por Gestos no Cenário da Emergência Química

Na indisponibilidade de informações documentadas de segurança que identifique os


aspectos de segurança relacionado ao produto químico perigoso envolvido em um acidente na
área do atuação do SESCINC ou não seja possível, a uma distância segura, a equipe fazer uma
leitura do rótulo de risco do produto, dois BA, utilizando roupa que ofereça o nível máximo de
proteção, devem se aproximar do local da ocorrência para obter informações de segurança que
ajudem na identificação do produto perigoso e na adoção das medidas de emergência
recomendadas para a situação. Para o repasse das informações de segurança observadas, caso
não haja sistema de radiocomunicação, os sinais de comunicação por gesto constante do quadro
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abaixo, devem ser utilizados como PADRÃO para o repasse do número de risco ou número
ONU à equipe do SESCINC que se encontra fora da área quente.

Para informar o número 0 (zero): o BA deve levantar


os dois braços acima da cabeça por dois segundos e
aguardar o cotejamento da informação pelo BA que está
fora da área quente.

Para informar a letra “X”: o BA deve levantar os dois


braços perpendicular e lateralmente ao corpo por 5
segundos e aguarda o cotejamento.

Para informar os números de 1 a 9: o BA deve levantar


o braço direito de forma lateral e cadenciadamente, dois
segundo a quantidade de vez correspondente ao numeral
e aguardar cotejamento do número pela BA que está fora
da área quente.
Exemplo: para informar o número 3143, o BA deve:
1) Levantar o braço direito 3 vezes e aguarda o
cotejamento;
2) Levantar o braço direito 1 vez e aguarda cotejamento;
3) Levantar o braço direito 4 vezes e aguardar o
cotejamento;
Levantar o braço direito 3 vezes e aguardar o cotejamento.

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9 TÉCNICAS DE CONTENÇÃO/ISOLAMENTO

O primeiro objetivo do procedimento de isolamento, após o resgate, é limitar


imediatamente o número de civis e não civis expostos ao material perigoso. Isso se inicia
quando se identifica e se estabelece um perímetro de isolamento. Quando nos deparamos com
um acidente dentro da edificação, o melhor lugar para começar é nos pontos de entrada, como
as portas da entrada principal. Uma vez que as entradas estejam seguras e a circulação de
pessoas não autorizadas (incluindo bombeiros) é negada, as equipes podem começar a isolar o
perigo.
Obviamente, roupas e equipamentos de proteção adequados devem ser usados. Esse
procedimento de controle de entradas pode ser feito por bombeiros, em caso disponível, ou
policiais ou ainda por pessoal da segurança da empresa/concessionário/operador.
O mesmo conceito se aplica a locais abertos, fora de edificações. Primeiro garanta que
as entradas estejam seguras e então estabeleça um perímetro de isolamento em volta do perigo.
Comece pelo controle das intersecções, rampas de subidas e descidas, estradas
subjacentes e qualquer outro acesso ao local. Neste ponto, uma equipe de reconhecimento pode
iniciar a avaliação.
Pessoas feridas ainda são prioridade, mas estradas e pontos de acesso podem se
congestionar e restringir rapidamente qualquer tipo de acesso ao local. Permitir que veículos
permanecessem fluindo vagarosamente próximos ao local do acidente iria promover mais
operações de resgate e, em geral, compromete toda a operação, tornando-a muito mais
complicada.
Uma vez que um grande perímetro em volta do acidente é desejável, um erro muito
comum é interditar uma área maior do que pode ser efetivamente controlada, exceto em
operações militares, nas quais há um grande contingente para patrulhar um certo perímetro. Se
as patrulhas estão muito esparsas ou não são frequentes, alguém com certeza vai entrar no
perímetro. Dado ao número reduzido de homens, é melhor garantir completamente uma área
menor e expandir o perímetro assim que reforços adicionais se tornem disponíveis.

9.1 Na atuação do SESCINC:

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Na abordagem de uma aeronave acidentada, o conhecimento dos artigos perigosos
embarcados e sua localização a bordo, além do conhecimento dos procedimentos adequados
acerca do tratamento da situação por parte dos integrantes do SESCINC, é de fundamental
importância para o pleno êxito das operações de salvamento e combate a incêndio.
A existência de um artigo perigoso a bordo é do conhecimento de todos os envolvidos
na preparação de uma aeronave antes do voo, desde a sua fase de carregamento, e essa
informação a acompanha até o destino final do voo, findando com o descarregamento da
aeronave.

9.1.1 Preceitos básicos de conduta

Os manuais fornecem orientação básica, em relação às fases iniciais de um


incidente/acidente;
A utilização de manuais baseia-se no reconhecimento inicial do nome do produto ou
de seu número ONU;
Desta forma, relaciona-se o produto a um número de guia, a qual contém as
recomendações básicas a serem adotadas de acordo com o risco oferecido pelo
artigo.

9.1.2 Interface com PLEM/PCINC

Avaliar preliminarmente o cenário, de preferência a certa distância com binóculo,


jamais tocar;
Constatado o risco/emergência, acionar o COE (Centro de Operações de
Emergências – Infraero, para implantação dos procedimentos previstos –
PLEM/PCINC);
Orientar a evacuação da aeronave, se possível afastando os ocupantes do risco ou da
fonte;
• Afastar-se do local permanecendo em segurança;
• Isolar a área;
• Posicionar-se a favor do vento e manter distância de segurança;
• Aguardar a presença de pessoal especializado (CB/CNEN);
Com relação à carga/embalagem, NÃO:
• Tocar;
• Lançar água ou qualquer outra substância;
• Permanecer muito próximo (manter distância segura);
• Utilizar-se de equipamento rádio nas proximidades;
• Produzir vibrações sonoras, térmicas ou provocar trepidações nas proximidades.

No evento de uma emergência aeronáutica, as equipes de salvamento receberão


informações detalhadas acerca do produto perigoso e sua localização específica na aeronave, o
que contribuirá para as medidas iniciais de resposta à emergência.

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10 TÉCNICAS DE RESGATE DE VÍTIMAS

A segurança da vida é sempre a maior prioridade do Comandante da Emergência.


Uma das primeiras preocupações depois de avaliar a extensão do acidente é a busca e
resgate de vítimas. No entanto, o comandante deve assegurar a vida de todos os envolvidos,
tanto à das vítimas dentro da Zona Quente, em risco imediato, quanto à das pessoas que serão
atingidas num futuro próximo, em risco iminente, devendo analisar a emergência de forma
sistêmica, concentrando os recursos e meios em todas as frentes de trabalho.
O tempo se torna importante para o êxito no salvamento das vítimas, porém cautela
deve-se ter para não expor a risco as Equipes de Emergência desnecessariamente, devendo o
comandante planejar as estratégias com equilíbrio e isenção de ânimo, pensando sempre na
minimização dos danos, sem a exposição de pessoas que não foram atingidas, a riscos evitáveis
e desnecessários, pois se já houve um número de vítimas no acidente, que as ações de
emergência não aumentem esse número.
O salvamento de pessoas envolvidas num acidente envolvendo produtos perigosos
podem ser descritos em três categorias gerais:

• Salvamento e retirada de pessoas que estarão imediatamente expostas e atingidas


por materiais perigosos:

Consiste em pessoas dentro da Zona de Perigo (Zona Quente) que não estão usando
roupas e equipamentos de proteção adequados contra os riscos.
O grupo pode ser formado por cidadãos e empregados que deixaram por conta própria
a área inicial de perigo e acreditam que agora estão a salvo, como também os curiosos, os
“autorizados” e os totalmente ignorantes. Também inclui pessoas que precisam ser resgatadas,
mas ainda não sabem disso. Normalmente, é preciso apenas de um pouco de organização e
direção para conduzi-las longe da área de perigo. Este grupo pode também incluir pessoas que
foram inicialmente expostas, mas ainda não mostram os sinais ou sintomas da exposição.

• Resgate de vítimas que foram atingidas e incapacitadas pelo material perigoso:

Neste grupo estão inclusos os indivíduos ou grupos de pessoas que foram expostos ao
material perigoso e estão sofrendo os efeitos danosos. Exemplos desse grupo incluem vítimas
que foram queimadas, envenenadas, ficaram cegas, etc. Normalmente, o resgate consiste em
abordar a pessoa e retirá-la segundo o POP específico.

• Vítimas, cujo salvamento exige técnicas especializadas:

Neste grupo estão inclusas as pessoas que foram atingidas e se encontram em locais de
difícil acesso, exigindo da equipe de salvamento a utilização de técnicas específicas além das
relacionadas com os produtos perigosos envolvidos no acidente. Essa situação é extremamente
perigosa e deve ser planejada adequadamente, usando indivíduos altamente treinados. Como
exemplos de situações deste tipo podemos citar:

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• Resgates na vertical, incluindo vítimas feridas ou incapacitadas encontradas em áreas
elevadas (Ex: torres de resfriamento e estruturas elevadas em refinarias ou indústrias
químicas, no alto de tanques de armazenamento de diâmetro grande, treliças, etc.);
• Vítimas prensadas e presas em meio a escombros e entulho (Ex. a tripulação de um trem
presa na locomotiva ou um motorista de caminhão tanque dentro de um veículo
capotado);
• Situações de resgate em área confinada (Ex: dentro de tanques de armazenamento, valas
de metrô, esgotos, etc).

10.1 Avaliação inicial de vítimas

Avaliação de um acidentado inicia antes mesmo da visualização da vítima, na fase pré-


hospitalar do atendimento. Na avaliação da cena, a observação das circunstâncias na qual
ocorreu o evento, como o tipo de colisão, seja ela: frontal, lateral, traseira, o grau de
deformidade da aeronave, a altura da queda, a velocidade dos corpos, entre muitas outras,
permitem que se estabeleça uma relação entre estes fatos e as possíveis lesões apresentadas pela
vítima. Este estudo denomina-se cinemática do trauma, biomecânica do trauma ou mecanismo
do trauma.
Entretanto a primeira atitude a ser tomada no local do acidente é avaliar os riscos que
possam colocar em perigo a pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo
em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializado.
Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o número de vítimas e a provável
gravidade delas e todas as outras informações que possam ser úteis para a notificação do
acidente, bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI - luvas,
máscaras, óculos, capote, etc.).
Nesta fase a equipe de bombeiros deverá atentar para:
• Avaliar a situação;
• Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
• Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros;
• Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos materiais e humanos visando
garantir a eficiência do atendimento ou seguir o plano previsto para atendimento a
emergências;
• Avaliação da cena, das forças envolvidas, da transferência de energia entre os corpos,
com o objetivo de compreender suas consequências.
• Avaliação da segurança da cena;
• Diagnóstico de lesões.

A análise da cinemática é realizada desde a chegada do socorro à cena e continua até


mesmo no atendimento intra-hospitalar.
Saber onde procurar lesões é tão importante quanto saber o que fazer após encontrá-las.

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10.2 Abordagem da Vítima

A aparência do local do acidente cria uma impressão que influencia toda a avaliação,
portanto a avaliação correta da cena é crucial. Uma grande variedade de dados é obtida
simplesmente olhando, observando, ouvindo e processando o máximo de informações.
A função primária de todas as pessoas envolvidas no tratamento médico de emergência
é a avaliação rápida, o manuseio e a reanimação do CAB do paciente: Circulação, Vias Aéreas
e Respiração.
O socorrista tem a responsabilidade de fazer uma avaliação rápida do local da
ocorrência, a fim de determinar:

Perigos ambientais;
Número de pacientes a serem tratados;
Mecanismo de lesão;
Problemas da retirada imediata da vítima.
Na doença ou no trauma sério, o manejo agressivo dos problemas CAB é vital. O
paciente morrerá se estas funções primárias forem negligenciadas ou tratadas de forma
inadequada.

C = CIRCULAÇÃO
O pulso é palpável?
Verificar pulsos carotídeos; se ausentes, fazer reanimação cardiopulmonar (RCP).
O pulso é irregular?
Comparar pulsos.
Há hemorragia externa visível?
Controlar sangramento externo.
Há sangramento interno suspeito?
Iniciar tratamento para choque.

A = VIA AÉREA
Está aberta?
Verificar, procurando o movimento de ar: observar a elevação do peito; sentir a parede
torácica movimentar-se e ver se há crepitação; verificar se há perfuração.
A vítima está posicionada adequadamente?
Verificar a inclinação da cabeça e a elevação do pescoço ou do queixo; empurrar a
mandíbula nos traumas de face e de pescoço (mantendo a tração cervical alinhada).
As respirações são ruidosas ou difíceis?
Verificar se há obstrução parcial, líquidos, salivação excessiva.
Verificar se há obstrução completa.

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B = RESPIRAÇÃO
O paciente está respirando?
Reanimar boca máscara.
Profundidade das respirações?
Inspecionar o movimento do tórax.
Frequência?
Frequência< 10/ min deve ser assistida.
Padrões incomuns?
Lesões cerebrais produzem padrões específicos a registrar.
Além da avaliação do CAB, é necessário fazer a avaliação inicial do nível de
consciência do paciente. Outras medidas para o tratamento neurológico incluem o estado
mental, nível de consciência e resposta pupilar.

10.3 Transporte de Vítimas

Os músculos mais fortes do corpo humano estão na coxa. Desse modo, esses devem ser
os músculos utilizados quando se deseja elevar um objeto pesado. Nunca usar os músculos das
costas que são mais fracos e mais propensos a lesões. Dobrar os joelhos antes de elevar o peso
mantendo a coluna ereta.
Ao elevar uma vítima do solo, ficar de cócoras bem próximo a ela. Os movimentos
devem ser sempre em conjunto com o outro socorrista.
Em algumas situações de risco iminente para o socorrista e para a vítima, é necessário
removê-la rapidamente. São exemplos dessas situações os locais de incêndios, desabamento e
emergências químicas, além da instabilidade da vítima (respiração difícil). Estes métodos são
precários e podem agravar lesões existentes, devendo ser reservados para situações
especiais e transportes de curta distância.
O método a ser escolhido depende:
✓ Peso do paciente;
✓ Tipo de terreno;
✓ Força física e número de socorristas;
✓ Estado da vítima.

• Vítima que pode andar: Apoio lateral simples.

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• Vítima consciente que não pode andar: Transporte pelas extremidades.

• Transporte em cadeirinha: Os socorristas se posicionam de pé, ficando de


frente um para o outro. Segura firmemente o seu próprio punho direito com a mão esquerda.
Com sua mão direita segura o punho esquerdo do seu companheiro. As mãos trançadas dos dois
socorristas formam uma cadeirinha. A vítima é transportada sobre essa cadeirinha apoiando os
braços sobre os ombros dos socorristas.

10.4 Procedimentos Emergênciais Básicos em vítimas contaminadas por Substâncias


Químicas

• REGRA Nº 1: Sempre esteja utilizando o seu equipamento de proteção quando for


efetuar os primeiros socorros em alguém contaminado;
Nota: Aproximar-se da cena com vento pelas costas, tomando como referência o ponto
do derrame para líquidos, escapes ou fugas para gases, tombamento para sólidos, etc.

• REGRA Nº 2: A atividade profissional que a vítima exerce deve ser sempre considerada,
com vista à provável causa da intoxicação;

• REGRA Nº 3: Tente rapidamente determinar qual o tóxico ou tóxicos envolvidos (Nº


ONU, Rótulo de Risco, Painel de Segurança, etc.), isso visa também a proteção do
socorrista;
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• REGRA Nº 4: Execute a triagem. Ou seja: quem eu atendo primeiro quando houver
mais de uma vítima?
Nota:
Os acidentes que envolvem produtos perigosos podem ocorrer provocando um número
de vítimas que extrapole a capacidade de atendimento dos serviços de saúde.
Esses eventos representam um desafio ainda maior, pois temos que lidar com um grande
de número de vítimas, respeitando-se as peculiaridades dos acidentes com produtos
perigosos. Assim, em tais situações é necessária a aplicação dos protocolos adotados
no atendimento aos acidentes com múltiplas vítimas, adaptados às situações que
envolvam produtos perigosos.

Nessas situações, as equipes de Bombeiros envolvidas no atendimento devem


mudar sua maneira de pensar e agir. O conceito de nosso melhor para a vítima mais
grave deve dar lugar ao conceito do nosso melhor para a maioria das vítimas, no menor
tempo possível e com o mínimo de equipamentos disponíveis. Por exemplo, certas
vítimas críticas, que em situações normais poderiam ser salvas com um tratamento
agressivo, não terão prioridade, para que se possa usar os recursos limitados em vítimas
menos graves, mas com maiores chances de sobrevida. De outro modo, os profissionais
de saúde acostumados a trabalhar individualmente, terão que trabalhar em equipe,
obedecendo normas preestabelecidas e ordens emitidas pela autoridade responsável.
É necessário o estabelecimento, na Zona Fria, de um comando único, no qual
todos os serviços presentes atuem de maneira integrada. Um sistema de comunicação
que garanta que as diversas coordenações possam estar em contato permanente, a fim
de garantir o atendimento às necessidades que se apresentarem.
É de suma importância o estabelecimento do controle da cena, para que vítimas
não saiam desse cenário sem a devida descontaminação e o atendimento médico
adequado.
Uma vez estabelecido comando, comunicação e controle da cena, as equipes de
envolvidas podem realizar a triagem das vítimas, o tratamento inicial das mesmas num
posto médico e o transporte adequado à rede hospitalar.
Triagem
O principal objetivo da triagem é prestar a assistência certa, no tempo certo, na
ordem certa e com a melhor qualidade possível a um grande número de vítimas, com os
recursos disponíveis. Baseado na triagem (classificação, seleção) pode-se definir as
prioridades de descontaminação, tratamento e transporte das vítimas, permitindo em
cada momento estabelecer qual vítima pode esperar e qual não pode.
Dessa maneira é possível utilizar de forma racional os recursos limitados. Esse
processo deve ser dinâmico, levando-se em consideração que o estado clínico das
vítimas pode mudar durante todo o atendimento.

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A triagem permite o atendimento às vítimas de uma maneira organizada,
encaminhando-as para os diversos hospitais da rede assistencial, evitando-se a
superlotação dos serviços de urgências. Além disso, a triagem reduz o tempo de espera
e permanência no local do incidente das vítimas mais graves, conseguindo assim uma
melhor assistência e um aumento nas possibilidades de sobrevida.
A triagem das vítimas de um acidente com produtos perigosos pode ser feita pelo
START, onde identificamos as lesões que põem risco de morte ou pelo START
modificado para que se adeque as situações de contaminação por produtos químicos.
Observações do
START Prioridades
agente químico
Imediata 1 Alteração da -Sinais e sintomas Estado crítico
respiração e nível graves;
VERMELHO
de consciência -Agente líquido
conhecido.
Atrasada 2 Vítimas que podem -Sinais e sintomas Danos
esperar antes de um moderados; moderados a
AMARELO
transporte rápido ao -Agente líquido severos
hospital conhecido ou suspeito.
Menor 3 Vítimas -Sinais e sintomas Danos leves ou
deambulando, mínimos; Exposição a sem danos
VERDE
lesões menores. vapor e fumaça.
Óbito 4 Óbitos ou sem -Sinais e sintomas Não viáveis
chance de muito graves;
PRETO
sobrevida -Grave contaminação
com agente líquido de
ação central.
-Sem resposta.

• REGRA Nº 5: Como suspeitar que uma vítima está intoxicada?


A intoxicação pode ser:
Aguda: exposição de segundos a dois dias no Máximo.
Crônica: exposição longa, contínua, pode levar meses até o aparecimento de sinais e
sintomas.
Sinais e sintomas clínicos sugestivos de intoxicação:
a) estado de coma ou inconsciência (amônia);
b) estado de torpor ou confusão mental (nitrogênio);
c) queimaduras ao redor da boca (hipoclorito de sódio/ácidos);
d) convulsões (paration);
e) vômitos (derivados de petróleo);

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f) diarreia (arsênico);
g) miose (álcool);
h) hipotermia (fenotiazinicos);
i) hipertermia (pesticidas a base de nitrofenois);
j) perda de cabelo (arsênico, tálio e substancias radioativas);
k) tremores musculares (organofosforados);
l) sangramentos generalizados (fósforo / naftaleno);
m) alterações na coloração da pele e mucosas (monóxido de carbono);
n) parada cardiorrespiratória e/ou morte clínica (qualquer substância química, agente
biológico ou carga radioativa – dependendo do tipo de agressão, tempo de exposição,
quantidade, etc.);
o) mudança na cor natural da pele ou descoloração;
p) mudança no comportamento;
q) salivação excessiva;
r) reação da pupila;
s) mudança no padrão verbal;
t) dificuldades na respiração;
u) dificuldades ou falta de coordenação motora;
v) tosse.
w) dor de cabeça;
x) tontura;
y) visão embaraçada;
z) câimbras.

• REGRA Nº 6: Quais os primeiros socorros a serem ministrados a uma vítima


contaminada?
Nota: Nesta REGRA não estamos aplicando a TRIAGEM. Considere que o atendimento
ocorre na ÁREA FRIA.
a) Mantenha a calma. Pense no que vai fazer;
b) Tente identificar o tóxico;
c) Verifique a principal via de acesso do tóxico ao organismo;
d) Efetue a reanimação cardiopulmonar, se necessário;
e) Procure retirar roupas contaminadas e lave a pele com água corrente sem muita
pressão;
f) Retire anéis, relógios, pulseiras, etc, antes que ocorra edema (inchaço) de
extremidades;
g) Caso o tóxico seja sólido (pó) e esteja em contato com a pele, procure retirá-lo antes
de lavar o corpo da vítima com água corrente (lavar por quinze minutos);
h) Caso o tóxico tenha atingido os olhos, lave-os com água corrente, com pouca pressão
(lavar por quinze minutos). Após, faça um curativo oclusivo nos dois olhos (mesmo
que apenas um tenha sido atingido ou lesionado);

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i) Caso a vítima tenha ingerido o tóxico e em seguida tenha vomitado ou expelido
secreções orais, procure guardar uma quantidade desse material em um recipiente
limpo e leve-o para o hospital;
j) Em caso de ingestão, dar dois copos de água para a vítima beber. “NÃO EXISTE
ANTÍDOTO UNIVERSAL, NEM DEVEM SER TENTADAS REAÇÕES DE
NEUTRALIZAÇÃO”. Só oferecer leite para a vítima beber se vier especificado na
ficha de emergência que isso é permitido; e isso se houver leite na hora. Caso
contrário, ministrar apenas água potável, como já foi citado. Pode ser provocado
vômito estimulando a parte posterior da língua. Porém o vômito nunca deve ser
tentado se:
• a vítima estiver inconsciente;
• nos casos de crise convulsiva;
• tóxico corrosivo ou derivado de petróleo.
k) Em caso de inalação de gases, fumaça ou vapores:
• remova o indivíduo do local contaminado;
• inicie a RCP, se necessário;
• administre oxigênio, se houver um aparelho e você souber usá-lo.
Lembre-se: em todos os casos a vítima deve ser conduzida para avaliação e provável
tratamento médico.

10.5 Prioridades no atendimento de vítimas

1º Atender
a) vítimas em parada respiratória ou cardiorrespiratória (desde que não decorridos
mais de dez minutos da parada). Em dúvida do tempo de parada: tente ressuscitar
a vítima;
b) vítimas em estado de choque;
c) vítimas em crise convulsivas;
d) vítimas em estado de coma ou inconsciente.

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2ºAtender:
Vítimas com sinais evidentes de intoxicação, mas que ainda estejam conscientes, alertas,
situados no tempo e local e com capacidade de responder perguntas adequadamente.

3º Atender:
a) vítimas conscientes, alertas, com sinais pouco evidentes de intoxicação;
b) morte óbvia. Ex.: um corpo sem sinal de vida, completamente queimado por uma
substância corrosiva.

11 TÉCNICAS DE DESCONTAMINAÇÃO

Descontaminação é um processo que consiste na retirada física das substâncias


impregnadas nos equipamentos de proteção individual, equipes de intervenção e vítimas, ou
ainda da troca de sua natureza química perigosa (através de reações químicas) por outra de
propriedades inócuas.

11.1 Tipos de Descontaminação:

A descontaminação poderá ser de natureza FÍSICA ou QUÍMICA.


• Descontaminação Física: realizada através da retirada das partículas físicas em forma
de sólidos ou poeiras, com o uso de uma escova ou vassoura de cerdas macias, a fim de
reduzir a quantidade do material envolvido.
• Descontaminação Química: realizada através de reações químicas com o uso de
soluções pré-estabelecidas, denominadas A / B / C / D e E, realizando com isso a
neutralização ou ainda a troca das propriedades perigosas por outras inócuas. Esse tipo
de descontaminação não deve ser realizado diretamente sobre a vítima.

11.2 Procedimentos para Descontaminação:

Existem 3 tipos de “Lay-Out” para montagem dos Corredores de Descontaminação:


✓ Modelo nº01 – BÁSICA - RISCO LEVE
✓ Modelo nº02 – PADRÃO - RISCO MODERADO.
✓ Modelo nº03 – AVANÇADA - RISCO EXTREMO.
Básica – Risco Leve:

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• Padrão - Risco Moderado:

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Avançada – Risco Extremo:

11.3 Descontaminações Especiais

Para descontaminações de vítimas contaminadas por partículas radioativas, deverá ser


aplicado um Kit especial, composto por dois envelopes. O envelope nº. 01 deverá ser utilizado nas
extremidades do corpo do paciente (cabeça, mãos e pés), e o envelope nº. 02 deverá ser empregado
no restante do corpo.
Método para aplicação:
• Rasgue o envelope nº. 01 e aplique o lenço com solução descontaminante nas
extremidades da vítima;
• Recolha todo o material em uma caixa blindada, revestida por chumbo em caso de
partículas Gama (γ);
• Quebre os frascos do envelope nº. 02 e após rasgue o envelope aplicando o lenço com
solução descontaminante no restante do corpo da vítima;
• Recolha todo o material em uma caixa blindada, revestida por chumbo em caso de
partículas Gama (γ);
• Lembre-se dos princípios básicos para radioatividade: TEMPO – DISTÂNCIA E
BLINDAGEM;
• O Kit para descontaminação radioativa NÃO elimina a radiação exposta ao paciente,
recolhendo apenas as partículas sobre o corpo;

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• O Kit é composto de três envelopes nº.01 e três envelopes nº.02, acomodados em uma
caixa própria com suporte para cinto;
• O Kit nº. 01 possui uma pequena saliência em seu envelope na parte superior, a fim
de facilitar a retirada da caixa e evitar confundir com o envelope nº. 02.

Kit de descontaminação radioativa

11.4 Soluções para Descontaminação

✓ Para produtos desconhecidos:

SOLUÇÃO FÓRMULA APLICAÇÃO


A 5% de carbonato de sódio+5% de fosfato Materiais PH>7
trisódico. Misturar 1,8Kg de fosfato
trisódico comercial para 37,85 litros de
água.
B 10% de hipoclorito de cálcio. Misturar 3,64 Materiais PH<7
Kg para37,85 litros de água.
RINSAGEM 5% de solução de fosfato de trisódico para A Rinsagem é realizada
37,85 litros de água após a neutralização

✓ Para os produtos incluídos nas nove classes de risco:

SOLUÇÃO FÓRMULA
A 5% de carbonato de sódio+5% de fosfato trisódico. Misturar 1,8Kg de
fosfato trisódico comercial para 37,85 litros de água.
B 10% de hipoclorito de cálcio. Misturar 3,64 Kg para37,85 litros de água.
C 5% de solução de fosfato de trisódico para 37,85 litros de água
D Solução diluída de ácido clorídrico. Misturar 0,4% litros de ácido
clorídrico concentrado em 37,85 litros de água
E Solução concentrada de água e detergente. Misturar até formar uma pasta
e aplicar com uma bucha ou pincel, após enxaguar com água em
abundância.

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✓ Aplicações:

MATERIAIS SOLUÇÃO
Ácidos inorgânicos e resíduos metálicos A
Metais pesados (mercúrio, chumbo, cádmio, etc.) B
Pesticidas, organoclorados e dioxinas B
Cianetos, amoníacos e outros resíduos inorgânicos não ácidos B
Solventes e compostos orgânicos A
Bifenilicos, policlorados A
Resíduos oleosos e graxos não específicos c
Bases inorgânicas, resíduos alcalinos e cáuticos D
Materiais radioativos E
Materiais etológicos A+B

11.5 Exemplo de Corredor de Descontaminação

Estação 1

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Estação 2

12 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA ATENDIMENTO DE


EMERGÊNCIA QUÍMICA

Os procedimentos operacionais para o atendimento de emergências químicas serão


abordados em atividades práticas através da realização de exercícios simulados, conforme Guia
Técnico específico para esta disciplina.
A atividade prática será desenvolvida utilizando-se um cenário fictício de emergência
por vazamento de artigo perigoso nas instalações de um Terminal de Carga Aérea – TECA,
onde os participantes serão avaliados considerando os seguintes quesitos, dentre outros:
• organização da cena;
• conhecimento da classificação de artigos perigosos;
• técnicas e ferramentas de identificação de artigos perigosos;
• preceitos básicos para atendimento de emergência química;
• procedimentos previstos no PCINC;
• utilização de EPI/EPR;
• etc.
Os critérios de avaliação estão definidos no Guia Técnico específico para esta disciplina,
sendo previstos como recursos a serem disponibilizados os seguintes itens, dentre outros:
• PCINC;
• Manual ABIQUIM;
• NOTOC;
• AWB;
• Manual DGR da IATA.
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Nessas ocorrências, deve-se avaliar preliminarmente o cenário, de preferência a certa
distância com binóculo, jamais tocar. Constatado o risco/emergência, acionar o COE (Centro
de Operações de Emergências – Infraero, para implantação dos procedimentos previstos –
PLEM/PCINC). Deve-se orientar a evacuação da aeronave, se possível afastando os ocupantes
do risco ou da fonte.
Em relação à carga/embalagem, NÃO:
• Tocar.
• Lançar água ou qualquer outra substância.
• Permanecer muito próximo (manter distância segura).
• Utilizar-se de equipamento rádio nas proximidades.
• Produzir vibrações sonoras, térmicas ou provocar trepidações nas proximidades.

13 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, ANAC. RBAC Nº 153, Emenda 04, de 15/05/2019 - Aeródromos: operação,


manutenção e resposta à emergência. Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.
BRASIL, ANAC. Res. nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios regulatórios
quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromos Civis (SESCINC). Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.
Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBAC 175 EMD 02 – ANAC. 12/04/2019.
Estabelece os procedimentos e noras gerais para a elaboração de regas e emendas aos
regulamentos brasileiros da aviação civil.

Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. IS 175-001. Revisão G, 06/03/2019. Orientações


para o transporte de artigos perigoso em aeronaves civis.

Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. IS 175-004. Revisão B, 08/12/2017 - orientações


quanto aos procedimentos para a expedição e transporte de substâncias biológicas e infectantes
em aeronaves civis.

Artigos Perigosos. Disponível em: <http://www.anac.gov.br>. Acesso em 04 mar. 2016.

IATA - Dangerous Goods Regulations (DGR). 56th edition. 2015.

SCHERFFER, Airton. Apresentação - Curso de Transporte Aéreo de Artigos Perigosos.

ABIQUIM. Departamento Técnico, Comissão de Transportes. Manual para atendimento de


emergências com produtos perigosos. 7ª ed. São Paulo. 2015, 234 p.

DER. Departamento de Estradas de Rodagem, Secretaria dos Transportes do Estado de São


Paulo. Manual de Produtos Perigosos, 111 p.

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DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO DE BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 5 – PREVENÇÃO,
SALVAMENTO E COMBATE A
INCÊNDIO EM AEROPORTOS
CIVIS

Disciplina 5.01: Técnicas de Maneabilidade


com Mangueiras
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 7
4 TÉCNICAS DE MANEABILIDADE COM MANGUEIRAS ........................................... 8
4.1 Mangueiras ..................................................................................................................... 8
4.2 Acondicionamento .......................................................................................................... 9
5 COMUNICAÇÃO POR MEIO DE SINAIS MANUAIS ................................................. 11
5.1 Entre os Integrantes do SESCINC ................................................................................ 11
5.2 Entre os membros do SESCINC e a tripulação ............................................................ 14
6 FORMAÇÃO DE EQUIPE E MANEABILIDADE ......................................................... 15
7 EXERCÍCIOS DE MANEABILIDADE COM MANGUEIRAS COM FORMAÇÃO DE
EQUIPE .................................................................................................................................... 22
8 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 22
INTRODUÇÃO

Operações de combate a incêndio, busca e resgate são as mais difíceis e potencialmente


confusas entre todas as atividades no local de um sinistro, pois requerem velocidade, decisões
efetivas das equipes de resgate (bombeiro, Equipe médica, CVE, PCM e outros), além de uma
ação efetiva das forças de controle. As equipes de resgate devem continuamente reconhecer a
necessidade de operações de busca e resgate adequadas e o fato de que a proteção à vida é a
razão principal para as ações iniciais. Assim, em todas as operações em locais sinistrados, as
equipes de resgate têm uma função crucial nas tarefas de busca e resgate.
Geralmente, um desastre aeronáutico irá começar a fazer vítimas antes mesmo que
qualquer guarnição de combate a incêndio e salvamento tenha chegado ao local. As guarnições
que primeiro chegarem irão frequentemente encontrar pessoas já em situação de necessidade
de algum tipo de resgate. É um momento de rápidas e precisas análises e decisões.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Agentes extintores: são substâncias químicas, simples ou compostas, capazes de interromper
um processo de combustão.
Atividades operacionais do SESCINC: é o termo referente exclusivamente às atividades
relativas ao desempenho das funções operacionais, operacionais/supervisionais e
operacionais/gerenciais do Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndio em
Aeródromos Civis (SESCINC).
Bombeiro de Aeródromo é o responsável pelo resgate de pessoas e combate ao incêndio;
Bombeiro de Aeródromo Motorista/Operador de CCI é o responsável pela condução e
operação de CCI;
Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço é o responsável pelo comando da
equipe de serviço nas operações de resgate e combate a incêndios;
Bombeiro de Aeródromo Resgatista é o responsável pelo resgate de pessoas e prestação dos
primeiros socorros;
Bombeiro de Aeródromo Líder de Equipe de Resgate é o responsável pela coordenação dos
BA-RE nas operações de resgate;
Bombeiro Civil: aquele que, habilitado nos termos lei 11.901, de 12.01.2009, exerça, em
caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como

5
Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia
mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Carro contraincêndio de aeródromo (CCI) - é o veículo projetado especificamente para
cumprir as missões de resgate, salvamento e combate a incêndio em aeronave.
Carro contraincêndio de aeródromo em linha (CCI em Linha) - é CCI apto a ser utilizado
na resposta ao acionamento do SESCINC.
Certificado de Aptidão Profissional de Bombeiro de Aeródromo (CAP-BA): documento
comprobatório da aptidão do bombeiro de aeródromo para o exercício de funções operacionais
do SESCINC.
Certificado de especialização de bombeiro de aeródromo: documento comprobatório da
especialização do bombeiro de aeródromo para o desempenho de funções operacionais
específicas do SESCINC.
Certificado de habilitação de bombeiro de aeródromo: documento comprobatório da
formação do profissional que se destina à execução das funções operacionais do SESCINC.
Chefe de Equipe de Serviço (BA-CE): profissional habilitado para o exercício das funções
operacionais/supervisionais do SESCINC, responsável pelo comando das operações da equipe
de serviço, em especial quando do atendimento a emergências aeroportuárias, estabelecendo as
ações técnicas e táticas necessárias.
Emergência aeronáutica: situação em que uma aeronave e seus ocupantes se encontram sob
condições de perigo latente ou iminente decorrentes de sua operação ou que tenham sofrido
suas consequências.
Emergência aeroportuária: evento ou circunstância, incluindo uma emergência aeronáutica
que, direta ou indiretamente, afete a segurança operacional ou ponha em risco vidas humanas
em um aeródromo.
Equipe de serviço do SESCINC: conjunto de bombeiros de aeródromo designados para um
determinado turno de trabalho.
Funções operacionais do SESCINC: atividades que se referem, exclusivamente, àquelas
relativas ao desempenho das funções operacionais, operacionais/supervisionais e
operacionais/gerenciais do SESCINC.
Gerente de Seção Contraincêndio é o responsável pela gestão e coordenação dos recursos
humanos e materiais do SESCINC.
Intervenção imediata: procedimento adotado pelo SESCINC para atendimento às aeronaves
na Condição de Socorro, requerendo intervenção imediata no local do acidente aeronáutico.
Operador de aeródromo: toda pessoa natural ou jurídica a quem a ANAC tenha outorgado o
direito de administrar, manter e prestar serviços em aeródromo público ou privado, próprio ou
não, com ou sem fins lucrativos.
Operador de Sistema de Comunicação é o responsável pelas atividades de comunicação e
observação da área de movimento das aeronaves.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
Plano contraincêndio de aeródromo (PCINC): documento que estabelece os procedimentos
operacionais a serem adotados pelo SESCINC para os atendimentos às emergências ocorridas
na sua área de atuação.
Plano de emergência em aeródromo (PLEM): documento que estabelece as
responsabilidades dos órgãos, entidades ou profissionais que possam ser acionados para o
atendimento às emergências ocorridas no aeródromo ou em seu entorno.
Posto avançado de contraincêndio (PACI): seção contraincêndio auxiliar ou satélite,
localizada em um ponto que permita o atendimento ao tempo-resposta.
Seção contraincêndio de aeródromo (SCI): conjunto de dependências e instalações
projetadas para servir de centro administrativo e operacional das atividades do SESCINC.
Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio (SESCINC) - serviço composto pelo conjunto
de atividades administrativas e operacionais desenvolvidas em proveito da segurança
contraincêndio do aeródromo, cuja principal finalidade é o salvamento de vidas por meio da
utilização dos recursos humanos e materiais disponibilizados.
Traje de Proteção: conjunto de equipamentos de proteção individual apropriados às operações de
resgate e combate a incêndio.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil.
BA-CE - Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço.
BA-LR – Bombeiro de Aeródromo Líder de Resgate.
BA-MC - Bombeiro de Aeródromo Motorista/Operador de CCI.
BA-RE - Bombeiro de Aeródromo Resgatista.
CCI – Carro Contraincêndio de Aeródromo.
EPR – Equipamento de Respiração Autônoma.
GS- Gerente de Seção Contraincêndio
OC - Operador de Sistema de Comunicação.
PQ – Pó Químico.
PTR-BA - Programa de Treinamento Recorrente para Bombeiros de Aeródromo.
SCI - Seção Contraincêndio de Aeródromo.
SESCINC - Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromo Civil.
TP – Traje de Proteção para Bombeiro de Aeródromo.
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4 TÉCNICAS DE MANEABILIDADE COM MANGUEIRAS

4.1 Mangueiras

De acordo com a NBR 11861 a definição de mangueira é um equipamento de combate


a incêndio, constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões. São condutores
flexíveis utilizados para transportar a água sob pressão do seu ponto de tomada até o local do
sinistro, destinada para extinção de incêndios.
A escolha correta do tipo de mangueira garante um desempenho adequado e uma maior
durabilidade da mangueira. Essa escolha deve obedecer à alguns critérios tais como, local
destinado ao uso da mangueira; pressão máxima de trabalho a que será submetida e as
condições de abrasividade.
A escolha correta do tipo de mangueira garante um desempenho adequado e uma maior
durabilidade da mangueira. Essa escolha deve obedecer à alguns critérios tais como, local
destinado ao uso da mangueira; pressão máxima de trabalho a que será submetida e as
condições de abrasividade.

TIPO 1 TIPO2 TIPO 3 TIPO 4 TIPO-5


Uso em Uso em Uso em área Uso em área Uso em área
edifícios de edifícios de naval e industrial onde é industrial onde é
Ocupação Ocupações industrial ou desejável uma desejável uma maior
residencial, com Comerciais e Corpo de maior resistência a abrasão
a pressão industriais ou Bombeiros onde resistência a e superfícies quentes
máxima de Corpo de é desejável uma abrasão e pressão máxima de
trabalho de 980 Bombeiros, com maior pressão máxima trabalho 1.370 KPA
KPA (10 pressão máxima resistência a de trabalho de (14 kgf/cm2)
kgf/cm2) de trabalho de abrasão e 1.370 KPA (14
1.370 KPA (14 pressão máxima kgf/cm2)
kgf/cm2) de trabalho de
1.470 KPA (15
kgf/cm2)

Para que possamos entender as melhores técnicas ou a melhor forma de atuar em um


combate ao fogo com linhas de ataque, ou seja, emprego de lances de mangueiras, iremos
abordar o passo-a-passo de todo o funcionamento do sistema de abastecimentos com uso de
mangueira pressurizada, quer seja por CCI ou por hidrante, dentre outros procedimentos.
A descarga da água do CCI até o incêndio, ou seja, o combate, é feito normalmente
por canhões e mangueiras. Os canhões possuem vazão e quantidades especificadas por normas
internacionais, e ratificada no RBAC Nº 153, Emenda 04, da ANAC. Ao conjunto de
mangueiras e acessórios hidráulicos (esguichos/derivantes) utilizados no resfriamento e no
combate ao incêndio dá-se o nome de linha de mangueiras. Cada uma das mangueiras utilizadas
na linha recebe o nome de lance de mangueira.

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Do adequado uso das mangueiras dependem não só o sucesso no combate ao fogo
como também a segurança dos homens que operam seus esguichos. Essa razão é suficiente para
que se dispense cuidadoso trato a esse equipamento, antes, durante e depois do uso. Esses
cuidados têm como objetivo mantê-las em perfeitas condições de uso, além de obter desse
material de custo financeiro considerável, o maior tempo de utilização possível.
A pressão hidráulica interna pode romper as mangueiras sujeitas a dobras ou golpes
de aríete, sendo que golpes de aríete são causados pelo fechamento abrupto dos esguichos e
válvulas. A elevação dos lances em linha vertical faz recair o peso da água e das mangueiras
suspensas sobre as que estão no solo; esse inconveniente pode ser contornado pelo uso de
suporte para mangueiras e válvulas de retenção.
A ANAC estabelece que cada CCI deve dispor de dois lances de mangueiras de
combate a incêndio com, no mínimo, 45 metros de comprimento, podendo ser conectadas 30m
+15m com 1 ½ polegada de diâmetro.
As especificações das mangueiras deverão ser compatíveis com a pressão de trabalho
nominal do CCI, as mais utilizadas e recomendadas nos aeroportos são a tipo 4, que suportam
normalmente as pressões de trabalho dos CCI, possuem um revestimento em PVC que além de
proteger de agentes externos, facilitam a lavagem após o uso.

4.2 Acondicionamento

As mangueiras podem ser acondicionadas de diversas maneiras. Assim, a escolha da


forma de acondicionamento vai depender da sua utilização nas atividades do SESCINC.
As formas mais usuais e recomendáveis para o acondicionamento das mangueiras nos
veículos utilizados nas atividades dos serviços de salvamento e combate a incêndio em
aeródromos são:

ZIGUE ZAGUE

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ESPIRAL ADUCHADA
Antes que as mangueiras sejam acondicionadas nos compartimentos, deve-se retirar
toda água de seu interior, evitando que sejam guardadas molhadas, o que pode comprometer a
integridade do equipamento. Nos casos em que tenha sido realizado combate com espuma, as
mangueiras devem ser lavadas para a retirada total do agente.
Principais equipamentos que compõem o sistema de extinção com linhas de
mangueiras:
• Derivantes duplos ou triplos;
• Chaves STORZ de 1 ½”, 2 ½” e 4”;
• Mangueiras de 1 ½”, 2 ½”;
• Mangotes de 4”;
• Reduções de 2 ½” para 1 ½”;
• Esguichos; CAC (controle ajustável de carga)
• Válvulas de retenção e peneiras para sucção.
Os CCI, por força de norma do órgão regulador, também são equipados com
mangueiras de 2 ½” para abastecimentos por pressão de hidrantes ou para conectar um CCI ao
outro para transferência de água, além de sua utilização nos ventiladores/exaustores que fazem
parte dos equipamentos de apoio às atividades do SESCINC. Por possuir mangueiras de bitolas
diferentes 1 ½”, 2 ½” e 4”, o CCI possui reduções e chaves para cada tipo de operação.
O CCI dispõe de um sistema secundário de combate com PQ, composto por um ou
dois mangotinhos para expedição. O mangotinho é um tubo semirrígido de borracha com bitola
de 1 polegada e comprimento de 30m, e está conectado ao reservatório de PQ. É reforçado para
resistir a pressões elevadas, em torno de 14 bar, e é dotado de um esguicho tipo pistola próprio.
Seu acionamento (desenrolar) é manual, porém o recolhimento geralmente é feito por um motor
elétrico, por isso sua utilização requer alguns procedimentos:
• Desenrolar o mangotinho despressurizado;
• Aguardar a pressurização do sistema para os acionamentos;
• Direcionar para a base do fogo;
• Comandar jatos intermitentes;
• Realizar movimentos de varredura;
• Realizar a limpeza do sistema;
• Ter em mente que o poder de extinção é decorrente da ação da nuvem de PQ que se
forma geralmente a 3m do esguicho da pistola.

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Linha de combate

É uma linha composta por um ou mais lances de mangueiras que conduzem água direto
da expedição da bomba para o incêndio. Especial atenção deve-se ter na montagem de linhas
diretas com mangueiras de 30m por 1 ½” que pode ser conectada a outra de +15m caso o cenário
do sinistro exija. A pressão de operação é 8 bar.

5 COMUNICAÇÃO POR MEIO DE SINAIS MANUAIS

A comunicação por gestos é de vital importância na atividade de bombeiro,


principalmente durante as operações de salvamento e combate ao fogo, tendo em vista que tais
ambientes são, geralmente, pouco favoráveis às comunicações via oral. Assim sendo, para uma
comunicação mais efetiva, utiliza-se preferencialmente entre as equipes do SESCINC
comunicações por sinais manuais, para tanto é indispensável que todos das equipes estejam
familiarizadas com os sinais padronizados.
Considerando que durante as operações de combate a equipe estará portando EPR –
Equipamento de Respiração Autônoma, e o motorista estará dentro do CCI, a comunicação por
gestos é imprescindível.
Nas figuras a seguir serão apresentadas as comunicações por sinais manuais
padronizados, definidos pelos órgãos reguladores e que devem ser seguidas pelas equipes do
SESCINC em situação de emergência.

5.1 Entre os Integrantes do SESCINC

REUNIR ACELERADO

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ARMAR LINHAS ATENÇÃO CANHÃO

USAR CANHÃO SUPERIOR CANHÃO FRONTAL

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USAR CANHÃO FRONTAL CORTAR CANHÃO

AUMENTAR PRESSÃO DIMINUIR PRESSÃO

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FECHAR LINHAS CESSAR OPERAÇÃO

5.2 Entre os membros do SESCINC e a tripulação

Os sinais manuais seguintes são estabelecidos como o mínimo requerido para


comunicação de emergência entre os membros da equipe do Serviço de Prevenção, Salvamento
e Combate a Incêndios e da tripulação de voo envolvida no incidente. Os sinais manuais de
emergência do SESCINC devem ser realizados, preferencialmente, estando o bombeiro do lado
esquerdo dianteiro da aeronave.
A seguir serão apresentados os tipos de comunicações por gestos padronizados que
devem ser utilizados para as comunicações entre a equipe do SESCINC e a tripulação do voo
durante evacuação da aeronave em caso de acidente e incidente aeronáutico:

a) Evacuação Recomendada

Evacuação recomendada com base na avaliação da situação externa pelo Serviço de


Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndios no local de incidente.

Braço estendido e mantido horizontalmente com a mão elevada


até a altura dos olhos. Executar o movimento de braço em ângulo
para trás. O outro braço mantido contra o corpo.
À noite – o mesmo movimento com auxílio de dispositivo
luminoso

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b) Parada Recomendada

Para recomendar a interrupção da evacuação, movimento de aeronave ou outra atividade em


movimento.

Braços na frente da cabeça – cruzados nos pulsos.


À noite – o mesmo sinal com auxílio de dispositivo luminoso

c) Emergência Contida
Nenhuma evidência externa de condições perigosas ou “tudo livre”.

Braços estendidos para frente e para baixo em um ângulo de 45


graus. Braços movidos para dentro simultaneamente abaixo da
cintura até os pulsos cruzados, então estendidos para frente para
começar a posição (sinal “seguro” de árbitro).
À noite – o mesmo com auxílio de dispositivo luminoso.

6 FORMAÇÃO DE EQUIPE E MANEABILIDADE

O Chefe de Equipe de Serviço deverá posicionar a sua equipe à frente do CCI, de onde
dará início à formação da equipe. Esse procedimento padrão é de fundamental importância
para que a equipe compreenda a função que cada BA - Bombeiro de Aeródromo, irá
desempenhar naquela etapa do treinamento.
As atividades de maneabilidade requerem uma motivação adicional. A atitude perante
o trabalho a ser desenvolvido na instrução deve ser vibrante e dinâmica. É requerida uma
postura diferenciada por parte de todos os participantes, quer sejam alunos ou instrutores. Os
comandos bradados e as respectivas respostas a eles devem ser eivados de energia e vivacidade,
tudo com o objetivo de condicionar física e mentalmente a Equipe para o desempenho em
situações reais e mesmo para prepará-las para os exercícios com fogo que serão realizados.
Com a equipe reunida à frente do CCI, caberá ao Chefe de Equipe dar o comando de
ENUNCIAR FUNÇÕES, utilizando o seguinte protocolo:
Tomando-se como base uma equipe composta por 10 bombeiros, seja em um curso de
formação, especialização ou treinamento recorrente para bombeiros de aeródromo, o Chefe de
Equipe deve bradar em voz alta para a equipe seguinte ordem de comando.
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Comando 1: ATENÇÃO EQUIPE, ENUNCIAR FUNÇÕES!
Imediatamente após o comando, o Chefe de Equipe enuncia em voz alta: graduação,
nome de guerra e função (se militar) ou o nome de guerra e função (se civil).
Na sequência, os demais membros da equipe, seguindo a ordem indicada abaixo,
fazem, enumeram: graduação, nome de guerra e função (se militar) ou o nome de guerra e
função (se civil).

1. Chefe de Equipe; BA-CE


2. Operador de CCI; BA-MC.
3. Chefe da linha direita; BA-2
4. Auxiliar da linha direita; BA-2
5. Chefe da linha esquerda; BA-2
6. Auxiliar da linha esquerda; BA-2
7. Chefe da Linha de pó; BA-2
8. Auxiliar da linha de pó; BA-2.
É importante salientar que o procedimento acima não se aplica a uma situação real, ou
seja, utiliza-se tão somente em atividade de treinamento, para melhor condicionamento e
integração das equipes. Com relação aos recursos humanos que serão aplicados, estes deverão
ser incluídos ou suprimidos pelo Chefe de Equipe, conforme tática adotada.
Croqui de posicionamento da equipe em frente à viatura:

Depois de formada a equipe e definidas as funções e posicionamento de seus


membros, iniciam-se então as manobras de maneabilidade. Vários comandos pré-estabelecidos
serão executados pela equipe, por isso é importante conhecê-los em conjunto com os sinais
manuais de comando abordados anteriormente. A sequência abaixo apresenta o passo-a-passo
dos procedimentos que devem ser executados a cada comando.

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Comando 2: EQUIPE, A POSTOS!

Nesse comando os bombeiros saem da formação inicial e se posicionam em seus


respectivos postos operacionais, aguardando o próximo comando. Nessa posição, o bombeiro
aproveita para, mais uma vez, checar rapidamente as condições dos equipamentos, mangueiras
e esguichos conectados, além de pensar sobre sua ação no comando seguinte.
É de fundamental importância que os bombeiros de aeródromo conheçam, treinem e
saibam operar todos os modelos de CCI disponibilizados para o SESCINC, pois ao comando
de “Equipe a Postos” o BA-MC deve acionar a partida do CCI e ativar a bomba contraincêndio
e aguardar as orientações do Chefe de Equipe.

Comando 3: EQUIPE, ARMAR LINHAS!

Os Chefes de Linhas com o esguicho/pistola em mãos, deslocam-se em direção ao


local onde está posicionado o Chefe de Equipe, formando um seio com a
mangueira/mangotinhos para evitar dobras ou qualquer situação que comprometa o fluxo do
agente extintor.
O auxiliar de linha é responsável pelo estiramento da mangueira, evitando dobras ou
enrolamentos e, também, pela abertura e fechamento do registro/válvula de liberação do agente
extintor para a linha ou mangotinho. Após a abertura do esguicho o auxiliar se posiciona atrás
do chefe de linha apoiando-o no manuseio e operação de combate.
Os deslocamentos (avanço ou recuo) dos operadores de linha com o fluxo de agente
extintor (água/espuma) aberto devem ser realizados com o esguicho em jato neblinado,
considerando que este status operacional facilita a formação de uma cortina fria (escudo) que
protegem o bombeiro contra a irradiação do forte calor das chamas e, também, reduz o esforço
físico dos bombeiros.

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No comando de armar linhas, o chefe de equipe deve orientar a equipe quanto aos
seguintes aspectos:
• O afastamento que o Bombeiro deve manter da viatura nos deslocamentos
realizados lateralmente ao CCI, como forma de evitar possíveis acidentes durante a
abertura de uma das portas da cabine.
• Realizar o estiramento das mangueiras, sempre que possível, perpendicularmente
ao eixo longitudinal do CCI.
• Ajustar o esguicho da linha para uma vazão entre 230 a 260 litros por minuto.
• Ajustar o jato do esguicho para neblina (100%).
As movimentações dos esguichos devem ser no sentido vertical e de forma cadenciada,
evitando jatos diretos no líquido inflamado.

Comando 4: EQUIPE, AVANÇAR!


Com o Chefe de Equipe posicionado de frente para a suposta área de sinistro
(aeronave em chamas) e os Chefes de Linhas posicionados ao seu lado (BA-CE) com as mãos
sobre os ombros dos chefes de linha), mantendo a linha de pó ao centro e as 02 de água/espuma
com jato neblinado posicionadas lateralmente e um pouco avançadas em relação à linha de PQ,
conforme indicado na figura a baixo, o Chefe de Equipe deve ordenar o avanço de toda a equipe
em bloco até a área incendiada.
Os bombeiros chefes de linhas e os auxiliares, quando da execução do comando de
avançar e recuar, devem se deslocar mantendo sempre um dos pés em contato com o solo,
evitando pulos, de forma a manter sua estabilidade e, com efeito, evitar queda quando estiver
avançando ou recuando com a linha de mangueira sobre pressão e com jato compacto.

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Comando 5: ABRIR ROTA DE FUGA!
O comando abrir rota ou corredor de fuga tem a finalidade de formar e preservar a rota
que esteja ou possa vir a ser utilizada para evacuação dos passageiros de uma aeronave durante
uma emergência aeronáutica. É uma das principais ações da Equipe de salvamento em uma
emergência aeronáutica.
Pelo corredor aberto (rota de fuga), a equipe de resgate terá acesso à área quente para
resgatar as vítimas que não conseguirem abandonar a aeronave por meios próprios. Por isso, os
Chefes de Linha devem tomar cuidado quanto a direção dos jatos, evitando atingir os BA-RE
durante o resgate das vítimas.
Considerando a redução da visibilidade em consequência da fumaça, a entrada na
aeronave pela equipe de resgate deve ocorrer pelo lado direito da via de fuga, sendo a saída
coordenada pelo lado contrário. Essa padronização evitará possíveis choques (esbarrões) entre
os BA-RE que estiverem entrando e saindo na área do sinistro pela mesma rota de fuga.
A equipe de resgate deve adentrar à área quente através da rota de fuga utilizando
pranchas rígidas de imobilização, transportadas lateralmente como escudo protetor da cabeça e
tronco contra o calor e as chamas que porventura a ameace.
Durante a retirada de vítimas, o Chefe de Equipe deve permanecer vigilante quanto a
possíveis mudanças na direção e velocidade do vento que possa colocar em risco a passagem
da equipe de resgate pela rota de fuga. Ao perceber tais situações, deve alertar ao BA-LR, que
deve aguardar uma mudança favorável de cenário e reiniciar o resgate de forma segura. Durante
toda a operação de resgate a equipe de combate deve manter a rota de fuga com o uso da espuma
das linhas de mangueira. Ao resgate da última vítima, o BA-LR deverá avisar ao Chefe de
Equipe.

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Comando 6: EQUIPE RECUAR!

Com o objetivo de familiarizar a equipe com esse comando o BA-CE deve, durante o
treinamento, utilizar o comando “Equipe Recuar”, seja utilizando uma situação hipotética ou
real (mudança na direção do vento, falta de água, etc.) que, por questão de segurança da própria
equipe enseje a necessidade de recuo no combate. Destacar que o recuo deve ser feito de forma
ordenada, em bloco (linhas de água e pó), sem perder o foco no incêndio e com o esguicho
aberto com jato neblinado.

NOTA: As linhas direita e esquerda poderão avançar ou recuar independentemente (com


jatos neblinados), caso o chefe de equipe identifique a necessidade de um combate
específico onde uma das linhas manterá sua posição.

Comando 7: LINHA DE PQ AVANÇAR/RECUAR!

A linha de PQ não possui proteção contra o calor, por isso sua atuação deve ser rápida
e eficaz. O mangotinho de pó pela suas características e pressão de trabalho representa um fator
a mais de dificuldade nas manobras de recuo. O Chefe de equipe ao comandar avançar ou recuar
a linha de pó deve destacar que, pelo menos, uma linha de água (com jato neblinado) faça a
proteção dos operadores da linha de PQ.

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Comando 8: LINHA DIREITA SOBREPOR LINHA ESQUERDA! (VICE-VERSA)

Os combates a incêndio em ambientes abertos, no caso de acidentes e incidentes


aeronáuticos, geralmente estão sujeitos às alterações na direção do vento, que em alguns casos
comprometem a manutenção da rota de fuga.
Ao comando de sobrepor linha, o chefe e o auxiliar da linha a ser sobreposta adotam a
posição de “3 pontos”, enquanto os operadores da linha de mangueira que irá sobrepor devem
se aproximar de forma coordenada, posicionando-se de forma que os dois esguichos fiquem
alinhados verticalmente formando uma “cortina” impedindo a passagem das chamas e
reduzindo a passagem do calor. A linha que está sobrepondo deve observar os movimentos da
linha sobreposta para que os movimentos e ângulos de lançamentos do jato dos esguichos
estejam feitos de forma harmônica e, com efeito, se obtenha uma cortina fria eficaz.

Comando 9: ÚLTIMA FORMA!

Esse comando muito utilizado na linguagem militar é importante na execução dos


demais comandos. É a forma mais rápida e clara que o chefe de equipe tem para retornar a uma
situação operacional do comando anterior até que um novo comando de ação seja dado.

Comando 10: PERIGO IMINENTE!

Em um acidente ou incidente aeronáutico onde o volume de combustível é


considerável, podem ocorrer explosões. É nesse momento que o chefe de equipe atento ao
cenário identifica o risco e, de imediato, passa o comando “perigo iminente”. Ante o comando
de “perigo iminente”, os esguichos devem ser manobrados para a posição de jato neblinado, os
operadores inicialmente adotam a posição de “3 pontos” e imediatamente após se lançam rápida
e cuidadosamente ao solo, formando um escudo hidráulico com ângulo de 45º para proteger
toda a equipe. Toda superfície ventral do operador deve estar em contato com o solo e os pés
na posição de atirador. Ao identificar que a equipe está posicionada para uma situação de perigo
iminente, o operador do CCI permanece na cabine do veículo e deve acionar o canhão monitor
de teto com jato neblinado, reforçando a proteção da equipe e sua própria proteção contra as
chamas e o calor.

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Comando 10: EXTINÇÃO TOTAL!

O comando extinção total deve ser dado quando o fogo já foi devidamente controlado
e apenas alguns pequenos focos de chamas e calor ainda persistem. As linhas devem avançar
sobre a área afetada com jatos neblinados fazendo movimentos de varredura horizontal.
Todos os comandos de: avançar, recuar, avançar, abrir rota de fuga, sobrepor linhas,
resgatar as vítimas, perigo iminente e extinção total, devem ser executados, preferencialmente,
utilizando apenas a quantidade de água existente no CCI em uso.

7 EXERCÍCIOS DE MANEABILIDADE COM MANGUEIRAS COM


FORMAÇÃO DE EQUIPE

Para que o aluno possa colocar em prática as técnicas recomendadas e


internacionalmente aceitas na maneabilidade com linhas de mangueira de incêndio, será
montada uma situação simulada, cujos detalhes estão descritos no Guia Técnico da Prática
“6.11 -Maneabilidade com Mangueiras”, que contém a forma como o exercício será
conduzido, os recursos materiais e os equipamentos que serão utilizados.

8 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, ANAC. RBAC Nº 153, Emenda 04, de 15/05/2019 - Aeródromos: operação,


manutenção e resposta à emergência. Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.

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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
BRASIL, ANAC. Res. nº 279 da ANAC, de 10/07/2013 - Estabelece critérios regulatórios
quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromos Civis (SESCINC). Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019.
INTERNATIONAL CIVIL AVIATION ORGANIZATION - ICAO. Doc. 9137-AN/898 –
Parte 1 – Salvamento e Extinção de Incêndio em Aeródromo. 1995.

MINISTÉRIO DA DEFESA – COMANDO DA AERONÁUTICA. ICA 100-12. Regras do


AR ((item 4 sinais manuais padronizados de emergência). 2016.

ABNT NBR 11861- Mangueiras de Incêndio – Requisitos e métodos de ensaio


ABNT NBR 12779-Mangueiras de Incêndio – Inspeção, manutenção e cuidados

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comercial sem autorização prévia e expressa da Gerencia da Universidade da Infraero.
DIRETORIA DE SERVIÇOS E SUPORTE JURÍDICO – DS
UNIVERSIDADE INFRAERO – DSUI
OE-SESCINC INFRAERO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA BOMBEIRO DE AERÓDROMO


(CBA-AT)

MÓDULO 6 – RESGATE E
COMBATE A INCÊNDIO EM
AERONAVES

Disciplina 6.01:Táticas de resgate e combate


a incêndio em aeronaves
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
2 TERMOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................. 5
3 SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 9
4 TÁTICAS DE RESGATE E COMBATE A INCÊNDIO EM AERONAVES ................ 11
4.1 Aproximação e Abordagem .......................................................................................... 11
4.1.1 A identificação da Área Crítica Prática ................................................................................ 12
4.1.2 Área Crítica Prática: ............................................................................................................. 12
4.1.3 A existência de vítimas no solo que podem ter sido arremessadas da aeronave: ................. 13
4.1.4 As condições do terreno: ...................................................................................................... 13
4.1.5 A direção do vento ............................................................................................................... 14
4.1.6 Exposição a hélices, rotores, ingestão de turbina ou deslocamento de massas de ar e
gases provenientes dos motores (jet): ............................................................................. 14
4.1.7 Exposição ao risco de explosões oriundas do conjunto do trem de pouso. .......................... 14
4.1.8 Evitar atingir a equipe ou CCI eventualmente posicionados em condição oposta: .............. 15
4.1.9 Riscos envolvendo aeronaves de asas rotativas. .................................................................. 15
4.1.10Risco em aeronaves com paraquedas balístico..................................................................... 17
4.1.11Aeronave militar................................................................................................................... 18
4.1.12Interferência Ilícita ............................................................................................................... 19
4.2 Posicionamento de CCI ................................................................................................ 19
4.2.1 Posicionamento de CCI Para Intervenção ............................................................................ 19
4.3 Corte de Motores, APU, Desligamentoe Desconexão de Baterias ............................... 26
4.4 Identificação e prioridade para a seleção de aberturas de acesso de uma
determinada aeronave ................................................................................................... 29
4.4.1 Abertura externa de portas de aeronaves.............................................................................. 30
4.5 Seleção e uso de ferramentas e equipamentos necessários para acesso, por
arrombamento, a uma determinada aeronave ............................................................... 34
4.6 Métodos de aplicação de solução de espuma por canhão e por linha de CCI .............. 35
4.7 Métodos de aplicação de solução de espuma por Linha de Mangueira ........................ 36
4.8 Aplicação de PQ por canhão monitor ........................................................................... 37
4.9 Aplicação por PQ por linhas (mangotinho) .................................................................. 38
4.10 Procedimentos para proteção da fuselagem da exposição ao fogo ............................... 38
4.10.1Preceitos básicos para proteção da fuselagem:..................................................................... 39
4.11 Procedimentos para formação de linhas de proteção e apoio ao resgate ...................... 39
4.12 Procedimentos de ventilação de aeronave .................................................................... 40
4.12.1Aeronave desocupada e fechada: ......................................................................................... 40
4.12.2Aeronave ocupada: ............................................................................................................... 40
4.13 Procedimentos de busca, resgate e salvamento em aeronaves...................................... 42
4.14 Procedimentos de evacuação de emergência ................................................................ 43
4.14.1Responsabilidades durante a evacuação ............................................................................... 44
4.15 Procedimentos para assegurar e manter uma rota de salvamento ................................. 44
5 CRITÉRIOS DE PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE AERONÁUTICO ... 45
5.1 Conservação de indícios para investigação de acidentes .............................................. 46
6 EXERCÍCIOS DE RESGATE E COMBATE A INCÊNDIO EM AERONAVES .......... 48
6.1 Exercício de controle e extinção de incêndio com fogo real em área para
treinamento com fogo, com a aplicação de solução de espuma ................................... 48
6.2 Simulação de estabelecimento de rota de fuga, proteção da fuselagem, penetração
da equipe de resgate de passageiros com a utilização de macas. .................................. 48
7 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 49
INTRODUÇÃO

A principal missão de um serviço de prevenção, salvamento e combate a incêndio é


salvar vidas humanas. Em algumas situações, para atingir o sucesso nessa missão, é necessário
antes controlar o incêndio, objetivando possibilitar a evacuação dos ocupantes da aeronave e a
continuidade do salvamento.
Nesse aspecto, os fatores mais importantes a serem considerados em um resgate
efetivo no caso de acidente ou incidente aeronáutico são: os treinamentos recebidos, o
conhecimento das melhores técnicas e táticas de abordagem, a eficiência dos equipamentos e a
rapidez com que a equipe de serviço chega ao local do acidente.
O conteúdo que será tratado nesta apostila apresentará táticas, técnicas e
procedimentos padronizados para que os componentes do SESCINC possam cumprir com
eficiência e eficácia a nobre missão de salvar vidas humanas.

2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se os termos e definições


estabelecidos a seguir:
Ameaça de bomba: qualquer tipo de comunicação sugerindo ou indicando que a segurança de
uma pessoa, de uma aeronave em voo ou em solo, de um aeroporto ou outra instalação da
aviação civil possa estar em perigo pela presença de artefatos explosivos ou artefatos químicos,
biológicos, radiológicos e nucleares.
Área Restrita de Segurança (ARS): área do lado ar de um aeroporto, identificada como área
prioritária de risco, onde, além do controle de acesso, outros controles de segurança são
aplicados.
Arfagem: Movimento que o avião realiza em torno do eixo imaginário lateral ou transversal,
com a ajuda dos controles de voo, baixando ou subindo o nariz da aeronave, o que resulta em
mudança de altitude. Esse movimento é feito ao puxar o manche da aeronave. O
eixo lateral ou transversal é um eixo imaginário que liga uma ponta a outra da asa do avião,
passando pelo centro de gravidade.
Assessoria de avaliação de risco (AAR): grupo ativado em nível local (aeroporto), com a
finalidade de avaliar o nível de ameaça da segurança da aviação civil, definir os procedimentos
decorrentes e acionar as organizações envolvidas, conforme previsto no PNAVSEC e nos atos
normativos da ANAC, do COMAER e da Polícia Federal, visando a garantir continuidade dos
serviços e atividades, de acordo com o plano de contingência aplicável.
Ato de interferência ilícita contra a aviação civil: ato ou atentado que coloca em risco a
segurança da aviação civil e o transporte aéreo.
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Em referência à Lei sobre Direitos Autorais Nº 9.610/98, artigo 29, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação
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Agentes Extintores: são substâncias químicas, simples ou compostas, capazes de interromper
um processo de combustão.
Área operacional: também denominada “lado ar”, significa o conjunto formado pela área de
movimento de um aeródromo e terrenos e edificações adjacentes, ou parte delas, cujo acesso é
controlado.
Área Crítica Teórica: É a área a qual pode ser necessário controlar as chamas. Serve tão
somente como meio para dividir as aeronaves em categorias, em função da extensão do risco
potencial a que podem ser expostas.
Área Crítica Prática: É uma área que abrange parte (2/3) da fuselagem e que representa as
condições reais de acidente, podendo variar em função da direção e intensidade do vento,
conforme Doc. 9137, Parte 2.4 “Área Crítica” - OACI.
Nota: Os estudos das áreas críticas não pretendem demonstrar as proporções máximas ou
mínimas de um acidente de aeronave com combustível derramado.
Backdraft: fenômeno decorrente da diminuição da oferta de oxigênio devido a limitação da
ventilação de um ambiente durante um incêndio, o que gera acúmulo de significativas
proporções de gases inflamáveis, produtos parciais da combustão e das partículas de
carbono ainda não queimadas. Se esses gases acumulados forem oxigenados por uma corrente
de ar proveniente de alguma abertura no compartimento produzirão uma deflagração repentina.
Essa explosão, que se move através do ambiente e para fora da abertura, é denominada de
ignição explosiva, termo que em inglês é denominada de backdraft.
Bombeiro de Aeródromo (BA) - é o profissional com habilitação específica para o exercício
das atividades de resgate de pessoas e combate a incêndio.
Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço (BA-CE) - é o profissional habilitado
com especialização especifica responsável pelo comando da equipe de serviço nas operações
de resgate e combate a incêndio.
Bombeiro de Aeródromo Líder de Equipe de Resgate (BA-LE) - é o profissional
designado responsável pela coordenação dos BA-RE nas operações de resgate;
Bombeiro de Aeródromo Motorista/Operador de CCI (BA-MC) - é o profissional
especializado, responsável pela condução e operação de carros contraincêndio de aeródromo
(CCI)..
Bombeiro de aeródromo resgatista (BA-RE) - é o profissional responsável pelo resgate de
pessoas e prestação dos primeiros socorros.

Bombeiro Civil - é aquele que, habilitado nos termos da lei 11.901, de 12.01.2009, exerça em
caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como
empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia
mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Categoria Contraincêndio do Aeródromo (CAT) – é a representação numérica no nível de
proteção contraincêndio de um aeródromo, o qual varia de 1 a 10, e reflete a proteção contraincêndio
provido pelo SESCINC, considerando existentes e disponíveis, nos valores mínimos, a quantidade

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e regime de descarga de agentes extintores principal e complementar, a quantidade de CCI e os
recursos humanos operacionais.
Carro contraincêndio de aeródromo (CCI): veículo projetado especificamente para cumprir
as missões de prevenção, salvamento e combate a incêndio em emergências aeronáuticas e
outras emergências contempladas no Plano Contraincêndio de Aeródromo (PCINC) e no Plano
de Emergência do Aeródromo (PLEM).
Carro contraincêndio de aeródromo em linha (CCI em Linha): carro contraincêndio
equipado e que esteja operacionalmente disponível e integrado à frota diária de serviço de um
SESCINC.
Certificado de Aptidão Profissional de Bombeiro de Aeródromo (CAP-BA): documento
comprobatório da aptidão do bombeiro de aeródromo para o exercício de funções operacionais
do SESCINC.
Certificado de especialização de bombeiro de aeródromo: documento comprobatório da
especialização do bombeiro de aeródromo para o desempenho de funções operacionais
específicas do SESCINC.
Certificado de habilitação de bombeiro de aeródromo: documento comprobatório da
formação do profissional que se destina à execução das funções operacionais do SESCINC.
Condição de socorro – é a condição em que a aeronave se encontra ameaçada por um grave
ou iminente perigo e requer assistência imediata. A condição de socorro também se aplica à
situação de emergência em que o acidente aeronáutico é inevitável ou já está consumado
Condição de urgência - é a condição que envolve a segurança da aeronave ou de alguma pessoa
a bordo, mas que não requer assistência imediata.
Emergência aeronáutica: situação em que uma aeronave e seus ocupantes se encontram sob
condições de perigo latente ou iminente decorrentes de sua operação ou que tenham sofrido
suas consequências.
Emergência aeroportuária: evento ou circunstância, incluindo uma emergência aeronáutica
que, direta ou indiretamente, afete a segurança operacional ou ponha em risco vidas humanas
em um aeródromo.
Equipagem é o conjunto de bombeiros de aeródromo designados para compor a tripulação de
um CCI e demais veículos do SESCINC.
Equipe de serviço do SESCINC: conjunto de bombeiros de aeródromo designados para um
determinado turno de trabalho.
Especialização de bombeiro de aeródromo: capacitação do bombeiro de aeródromo que se
destina à execução de funções operacionais específicas no SESCINC.
Flashover: fenômeno resultante do calor da combustão que pode aquecer gradualmente todos
os materiais combustíveis presentes no ambiente, fazendo com que eles alcancem,
simultaneamente, seu ponto de ignição, produzindo a queima instantânea e concomitante desses
materiais (dita, ignição súbita generalizada).

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Funções operacionais do SESCINC: atividades que se referem, exclusivamente, àquelas
relativas ao desempenho das funções operacionais, operacionais/supervisionais e
operacionais/gerenciais do SESCINC.
Gerente de seção contraincêndio: profissional habilitado para o exercício das funções
operacionais/gerenciais do SESCINC, responsável pelo gerenciamento da SCI do aeródromo.
Incursão em pista: significa toda ocorrência em aeródromo envolvendo a presença incorreta
de aeronave, veículo ou pessoa na área protegida de uma superfície designada para pouso e
decolagem de aeronaves.
Intervenção imediata: procedimento adotado pelo SESCINC para atendimento às aeronaves
na Condição de Socorro, requerendo intervenção imediata no local do acidente aeronáutico.

Jet blast–Corrente de ar e gases de escapamento que saem em alta velocidade expulsos por
motores a reação e/ou turboélice de aeronaves.
Operador de aeródromo: ou operador aeroportuário significa a pessoa jurídica que tenha
recebido, por órgão competente, a outorga de exploração da infraestrutura aeroportuária.
Operador de sistema de comunicação: profissional responsável pela operação do sistema de
comunicação da SCI.
Plano contraincêndio de aeródromo (PCINC): documento que estabelece os procedimentos
operacionais a serem adotados pelo SESCINC para os atendimentos às emergências ocorridas
na sua área de atuação.
Plano de emergência em aeródromo (PLEM): documento que estabelece as
responsabilidades dos órgãos, entidades ou profissionais que possam ser acionados para o
atendimento às emergências ocorridas no aeródromo ou em seu entorno.
Programa de segurança aeroportuária (PSA): programa veiculado em documento reservado
elaborado pela administração aeroportuária, aprovado pela ANAC, que define
responsabilidades, bem como a coordenação entre os órgãos e entidades envolvidas e as ações
e medidas de segurança a serem adotadas no aeroporto, relacionadas à proteção da aviação civil
contra atos de interferência ilícita.
Posicionamento para intervenção: procedimento adotado pelo SESCINC para atendimento
às aeronaves na condição de urgência ou socorro, requerendo o posicionamento dos CCI para
aguardar a aeronave naquela condição e o acompanhamento da mesma, após o pouso, até a
parada total dos motores.
Posto Avançado de Contraincêndio (PACI): significa a seção contraincêndio satélite,
localizada em um ponto que permita o atendimento ao tempo-resposta.
Posto de Coordenação Móvel (PCM): significa a estrutura com atribuição específica de
estabelecer a coordenação local dos órgãos/organizações e serviços do aeródromo e da
comunidade do entorno relacionados para auxiliar na resposta à emergência.
Nacele - compartimento aerodinâmico com fim primário de alojar os motores.

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Pouso longo - Ocorrência em que o toque no pouso é efetuado em um ponto da pista ou área
de pouso onde a distância restante não é suficiente para a parada da aeronave naquelas
circunstâncias.
Regime de descarga: quantidade mínima de agentes extintores necessários para o controle, em
um minuto, de incêndio em aeronaves que operam em um determinado aeródromo. O regime
de descarga é definido para cada CAT do aeródromo e é expresso em litros por minuto (l/min).
Recursos contraincêndio: são os meios existentes no aeródromo referentes aos agentes
extintores, carros contraincêndio e pessoal habilitado ao desempenho das atividades
operacionais de salvamento e combate a incêndio em aeródromos
Seção contraincêndio de aeródromo (SCI): significa o conjunto de dependências e
instalações projetadas para servir de centro administrativo e operacional das atividades do
SESCINC.
Segurança da aviação civil contra atos de interferência ilícita (AVSEC): combinação de
medidas, de recursos humanos e de materiais destinados a proteger a aviação civil contra atos
de interferência ilícita.
Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio (SESCINC) - serviço composto pelo conjunto
de atividades administrativas e operacionais desenvolvidas em proveito da segurança
contraincêndio do aeródromo, cuja principal finalidade é o salvamento de vidas por meio da
utilização dos recursos humanos e materiais disponibilizados
Situação de crise: situação que coloca em risco a segurança de pessoas, patrimônio, bens e
instalações relacionadas com a aviação civil ou com a operação de aeroportos e de aeronaves.
Tailstrike:(“Bater com a cauda”) é um evento em que a extremidade traseira de uma aeronave
atinge a pista. Isto pode acontecer durante a decolagem de uma aeronave de asa fixa se o piloto
puxa o manche demasiadamente, fazendo a extremidade traseira da fuselagem entrar em contato
com a pista. Ele também pode ocorrer durante o pouso se o piloto levanta o nariz de forma
muito agressiva, muitas das vezes numa tentativa de pousar o mais perto da cabeceira da pista.

3 SIGLAS E ABREVIATURAS

Para efeito deste conteúdo programático, aplicam-se as siglas e abreviaturas


apresentadas a seguir:
ABIQUIM – Associação Brasileira da Industria Química.
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil.
ATC - (Air Traffic Control)- Controle de Tráfego Aéreo.
ATS- (Air Traffic Services) - Serviço de Tráfego Aéreo.
APH – Atendimento Pré-hospitalar.
APU – Auxiliar Power Unit.
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BA-CE–Bombeiro de Aeródromo Chefe de Equipe de Serviço.
BA-LR - Bombeiro de Aeródromo Líder de Equipe de Resgate.
BA-MC - Bombeiro de Aeródromo Motorista/Operador de CCI.
BA-RE - Bombeiro de Aeródromo Resgatista.
CAT – Categoria Contraincêndio.
CCI em Linha - Carro Contraincêndio de Aeródromo em Linha.
CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.
COA – Centro de Operações Aeroportuárias.
COE – Centro de Operações de Emergência.
DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo.
EPR – Equipamento de Respiração Autônoma.
GEIV – Grupo Especial de inspeção em voo.
GS - Bombeiro de Aeródromo Gerente de Seção Contraincêndio.
NBR - Norma Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
OACI – Organização da Aviação Civil Internacional.
OC - Operador de Sistema de Comunicação.
PACI - Posto Avançado de Contraincêndio.
PAX– Passageiro.
PLEM – Plano de Emergência em Aeródromo.
PCM – Posto de Coordenação Móvel.
PCINC – Plano Contraincêndio do Aeródromo.
PTR-BA - Programa de Treinamento Recorrente para Bombeiros de Aeródromo.
PAA - Parque de Abastecimento de Aeronaves.
RBAC – Regulamento Brasileiro de Aviação Civil.
SESAQ- Serviço Especializado de Salvamento Aquático
SBBR – Aeroporto Internacional de Brasília.
SBRF – Aeroporto Internacional de Recife.
SBTE – Aeroporto de Teresina.
SBFZ – Aeroporto Internacional de Fortaleza.
SCI - Seção Contraincêndio de Aeródromo.
SESCINC - Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromo Civil.
TECA – Terminal de Carga Aérea.
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TPS – Terminal de Passageiros.
TJ – traje de proteção
TWR (Tower) - Torre de Controle de Aeródromo.

4 TÁTICAS DE RESGATE E COMBATE A INCÊNDIO EM


AERONAVES

No evento de uma emergência aeronáutica, o salvamento de vidas humanas começa


com o acionamento do SESCINC, momento em que as primeiras informações obtidas acerca
da ocorrência passam a ser avaliadas pela equipe de serviço e norteiam procedimentos e a
definição das táticas adequadas a serem empregadas.
A seguir, discorreremos sobre procedimentos específicos recomendados, em termos
de técnicas e melhores táticas em salvamento e combate a incêndio em aeronaves.

4.1 Aproximação e Abordagem

Existem preceitos básicos de segurança para o posicionamento tático dos CCI em torno
da aeronave, no momento em que realizamos a chamada intervenção imediata no local do
acidente.

Assim, o posicionamento dos CCI para atendimento no local do acidente deve ser
precedido de uma avaliação rápida do cenário da emergência, visando identificar a(s):

• Área Crítica Prática;


• Existência de vítimas no solo que podem ter sido arremessadas da aeronave;
• Condições do terreno;
• Direção do vento;
• Exposição a hélices, rotores, ingestão de turbina ou deslocamento de massas de ar
e gases provenientes dos motores (jet blast), paraquedas balístico, aeronave
armada;
• Exposição ao risco de explosões oriundas do conjunto do trem de pouso;
• Evitar atingir a equipe ou CCI eventualmente posicionados em condição oposta;
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• Riscos envolvendo aeronaves de asas rotativa;
• Interferência ilícita.

4.1.1 A identificação da Área Crítica Prática

4.1.2 Área Crítica Prática:

A identificação e localização da área crítica prática é fator crucial durante a


aproximação e posicionamento dos CCI, tendo em vista que devemos ter em mente que é
fundamental o resfriamento e controle do incêndio adjacente à área onde podem estar os
sobreviventes.
O bombeiro de aeródromo deve ter em mente que os efeitos fisiológicos do calor e da
fumaça fazem com que o instinto de sobrevivência humano conduza as vítimas para as áreas da
cabine menos atingidas pelas chamas e a fumaça.
Essa condição, que é peculiar à maior parte dos incêndios em aeronaves, acaba por
identificar a área crítica prática, para onde deve ser direcionada parte dos esforços de
salvamento, ou seja: controle das chamas, abertura e proteção de vias de fuga, recepção e
orientação de vítimas.
Devemos ter em mente que a tripulação é preparada no sentido de que não devem ser
abertas as vias de fuga que estejam ameaçadas por chamas ou escombros externos à cabine.
Além disso, os passageiros a bordo recebem instruções de segurança que os orienta a não saírem
da aeronave por vias que estejam obstruídas pelo fogo ou destroços. Abaixo, a figura demonstra
exemplo de orientações e pictogramas normalmente encontrados nos cartões de segurança,
colocados à disposição dos passageiros, a bordo de aeronaves.

Antes de abrir a saída de emergência avalie as condições


exteriores. Se houver fogo ou outros perigos, bloqueie a
porta e redirecione os passageiros para saídas
alternativas. NÃO ABRA UMA SAÍDA INTERNA
PARA FOGO OU PERIGO EXTERNOS.

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Air France, voo 358, Airbus 340-313, ‘’varou pista’’, Toronto,
2/ago/2005, POB 297, sem fatalidades.

4.1.3 A existência de vítimas no solo que podem ter sido arremessadas da aeronave:

Não somente o BA-MC, mas toda a equipe de serviço deve estar atenta ao risco para
vítimas ao solo no momento da aproximação do CCI. Trata-se de premissa que sempre constou
das orientações para desenvolvimento das ações táticas, pois é inaceitável que os esforços de
salvamento contribuam para a perda de vidas humanas, sendo a segurança da operação um
requisito básico a ser garantido. Esses cuidados devem ser redobrados, caso a operação seja
efetuada em condições noturnas ou de baixa visibilidade.

O caso do voo 214 da ASIANA AIRLINES:

No Aeroporto Internacional de São Francisco, na


Califórnia, às 11:28, hora local, dia 6 de julho de
2013, no momento do pouso, o Boeing 777-200ER
da Asiana Airlines bateu com a cauda na pista de
pouso, cabeceira 28L. Com 307 pessoas a bordo, a
aeronave perdeu o controle, acidentando-se. Dois
passageiros morreram por conta do acidente, tendo
a terceira vítima morrido em consequência de ter
sido atropelada por um dos CCI que atenderam a
ocorrência.

4.1.4 As condições do terreno:

Os componentes do SESCINC e principalmente o BA-MC devem conhecer as


peculiaridades do terreno adjacente à área de movimento de aeronaves, assim como das demais
áreas constantes da área de atuação do SESCINC.
A aproximação dos CCI deve considerar a possibilidade de terrenos arenosos ou
charcos, bem como as possibilidades de relevo acidentado, aclives e declives que dificultem ou
de alguma forma ameacem a segurança da operação.

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Caso a parada da aeronave ocorra na encosta de um morro, por exemplo, a
aproximação do CCI deverá ser realizada pela parte mais alta, com vistas a evitar exposição a
impactos por partes ou componentes que possam se desprender da aeronave, ou mesmo ao
escoamento do combustível derramado.

4.1.5 A direção do vento

O posicionamento dos CCI, sempre que possível, deve ser a favor do vento, pois nessa
condição o calor e os gases tóxicos resultantes do incêndio são mais facilmente controlados e
afastados da fuselagem e da própria equipe de bombeiros.
Contudo, trata-se de uma recomendação tática cuja adoção dependerá das
especificidades da ocorrência. Podem ocorrer situações em que a única possibilidade de
intervenção seja posicionando o CCI contra o vento. A equipe de bombeiros deverá ter meios
e conhecimento técnico suficiente para trabalhar, mesmo com esse tipo de adversidade.
Em suma: se possível, atuar a favor do vento; se necessário, atuar mesmo contra o
vento.

4.1.6 Exposição a hélices, rotores, ingestão de turbina ou deslocamento de massas de ar e


gases provenientes dos motores (jet):

O risco de se expor aos efeitos de um jet blast devem ser conhecidos e evitados pelo
BA-MC durante a aproximação no local do acidente ou durante o acompanhamento de uma
aeronave que pousou em emergência. Esse risco também deve ser evitado pelos demais
membros da equipe de serviço atuando nas imediações de aeronaves com motores acionados.

4.1.7 Exposição ao risco de explosões oriundas do conjunto do trem de pouso.

A aproximação e posicionamento do CCI nas ocorrências de incêndios envolvendo o


conjunto de trem de pouso deve considerar o risco de exposição a possíveis explosões com
projeção lateral de material componente da estrutura dos pneus e rodas.

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Ocorre que a altas temperaturas atingidas no incêndio podem gerar o colapso e
rompimento da estrutura dos pneus ou mesmo da liga metálica constituinte das rodas, por efeito
de um resfriamento brusco diferencial resultante da aplicação de agentes extintores.
Os efeitos da projeção explosiva dessas estruturas são mais intensos lateralmente, ou
seja, na direção do ombro e talão do pneu. Por conta disso, recomenda-se nunca fazer uma
aproximação ou posicionamento pela lateral do trem de pouso. Nesses tipos de incêndios, os
CCI ou equipe de serviço devem realizar o controle/combate do incêndio aproximando-se
sempre pela frente ou por trás do conjunto do trem de pouso. Vide ilustração abaixo:

SEMPRE NUNCA

4.1.8 Evitar atingir a equipe ou CCI eventualmente posicionados em condição oposta:

Ao posicionar os CCI no local do acidente, a equipe de serviço e respectivos BA-MC


deverão atentar para o risco de atingir os CCI ou equipes que estiverem atuando do lado oposto
da aeronave.
Essa situação poderá implicar em risco de danos pessoais ou materiais, quer pelo
impacto de jatos provenientes dos canhões dos CCI, bem como pelo direcionamento de chamas
e gases tóxicos contra a equipe trabalhando no lado oposto.

4.1.9 Riscos envolvendo aeronaves de asas rotativas.

A aproximação e abordagem nas emergências envolvendo helicópteros ou outras


aeronaves de asas rotativas requerem, sempre que possível, manutenção de contato visual com
a tripulação, aguardando orientações para segurança de todos os envolvidos na operação.
A seguir, algumas recomendações importantes:
• observe o cenário e aproxime-se com segurança;
• reconheça a área de risco de cada modelo/tipo de helicóptero;
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• grande parte dos helicópteros requerem aproximação num ângulo de 45°, conforme
seta verde abaixo;

• nunca se aproximar de um helicóptero pela área da cauda.

FENESTRON CONVENCIONAL NOTAR

Notar (sem rotor de cauda), mas há jet blast de gases quentes.


Fenestron (rotor embutido), mas gera muita sucção em suas proximidades.

• nunca passar por baixo do cone de cauda;


• atentar para os desníveis de terreno, ou inclinação por quebra do esqui;
• atentar para o risco de deflexão/inclinação do rotor principal;
• não transporte objetos longos na vertical ao aproximar-se de um helicóptero(ex.:
suporte de soro);
• não gesticule nem erga os braços sob o rotor principal;
• com riscos externos(rotores girando), a fuselagem pode ser o lugar mais seguro para
as vítimas aguardarem o socorro. Pense nisso!

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4.1.10 Risco em aeronaves com paraquedas balístico

Tem aumentado no mercado o número de aeronaves certificadas para operação na


aviação geral dotadas de paraquedas balístico. Um exemplo desse tipo de dispositivo de auto-
salvamento é encontrado no Cirrus SR-22, aeronave muito comumente vista operando em
vários aeródromos do Brasil.

Trata-se do BRS (Ballistic Recovery System), Sistema de Recuperação Balístico. O


BRS típico consiste em um paraquedas, cabos de suporte, cabo de acionamento e um sistema
propulsor de arremesso e abertura. Os componentes do seu sistema de abertura contem
detonadores, pequenas cargas explosivas e motor de foguete de combustível sólido, os quais
não posem ser neutralizados de forma segura pelo SESCINC.
Operações de resgate nesse tipo de aeronave devem incluir a identificação de um BRS
instalado, a fim de evitar o risco de ferimentos graves ou morte por acionamento acidental
durante o manuseio da estrutura da aeronave.

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4.1.11 Aeronave militar

Existem aspectos a serem considerados pelo SESCINC em situações de emergência


envolvendo aeronaves militares. Uma aeronave militar pode ser de combate/caça, a exemplo
do A-29(Super tucano), F-5, Mirage, A-1(AMX), etc ou uma aeronave de transporte de carga
tais como são o C-130, KC-390, etc. Ainda existem aeronaves militares de transporte especial
(autoridades), de inspeção de voo(GEIV) ou mesmo de salvamento(Super Puma).
Não só as forças aéreas operam aeronaves militares. As forças de marinha e exércitos
também possuem aeronaves, quer sejam de combate ou transportando armamento/munições.
Ex: A-4 Skyhawk (Marinha do Brasil), helicóptero Black Hawk(Exército Brasileiro).
Aeronaves de combate (caças ou helicópteros) quase sempre estão armadas,
municiadas, alimentadas e carregadas, ou seja:
Armada: dotadas de armamento, tais como canhões, foguetes e bombas;
Municiadas: suas armas estão com munição disponível;
Alimentadas: as munições estão instaladas nas respectivas armas;
Carregadas: armas prontas para disparo de munição.

Outro risco inerente a aeronaves de caça é a possibilidade de acionamento de assentos


ejetáveis, condição que requer cautela adicional quanto a travamento com pinos e outros
dispositivos de segurança contra detonação acidental. Todos os dispositivos de detonação de
assentos ou deflagração de armamentos são indicados com destaque na fuselagem ou cabine de
comando, normalmente indicados pelas cores preto e amarelo (zebrado) ou vermelho e branco
(zebrado).
Assim, devem fazer parte dos procedimentos do SESCINC os protocolos para
abordagem desses tipos de aeronaves, buscando a familiarização dos componentes da SCI com
tais aeronaves, em coordenação com as unidades militares sediadas (aeroportos
compartilhados) ou próximas ao aeródromo.
Um preceito básico em termos de táticas de salvamento e combate a incêndio em
aeronaves militares é: jamais posicionar os CCI e a equipe de salvamento na linha de tiro da
aeronave.

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4.1.12 Interferência Ilícita

A aeronave que esteja sob ameaça de sabotagem ou de apoderamento ilícito


(sequestro) deve ser, se possível, estacionada em local afastado do TPS, do reservatório de
combustível ou de outras aeronaves.
A ICAO recomenda que exista no aeroporto um estacionamento isolado.
Quando possível, a interferência ilícita deve ser estacionada em um ponto remoto
localizado a mais de 100 metros de quaisquer instalações aeroportuárias sensível, incluindo
PAA e queroduto.
Para essa situação um representante do SESCINC deverá se deslocar ao COE e após o
pouso da aeronave atuar obedecendo as determinações do COE.
Nessa situação a equipe de salvamento deverá posicionar-se em numa área segura,
para uma possível intervenção imediata, além de auxiliar na evacuação dos ocupantes da
aeronave, agindo sempre sob orientação do COE.

4.2 Posicionamento de CCI

O tipo de condição de emergência em que a aeronave se encontra é determinante para


a definição do melhor posicionamento a ser adotado para os CCI. Esse posicionamento deve
garantir uma visão geral da área do acidente e a eficácia das ações a serem implementadas.
Assim, precisamos considerar que o conhecimento do tipo de pane e os possíveis riscos
durante a aproximação para pouso é fator de fundamental importância em termos de tática ideal
a ser adotada.
A seguir, trataremos do posicionamento tático no complexo de pista para aguardar o
pouso, considerando o tipo de aeronave e o tipo de pane que afeta sua aeronavegabilidade, além
de seus possíveis efeitos no instante do pouso, buscando a melhor estratégia para otimizar o
tempo resposta até o local de parada da aeronave, o que chamamos de posicionamento para
intervenção.

4.2.1 Posicionamento de CCI Para Intervenção

É o procedimento para atendimento às aeronaves que ainda estejam em voo, na sua


fase de aproximação, em procedimento de pouso, tanto na condição de URGÊNCIA quanto na
condição de SOCORRO, nos casos de acidente não consumado.
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Os CCI devem ser posicionados preferencialmente nas pistas de taxi ou de serviço que
dão acesso à pista de pouso (interseções), respeitando o ponto de espera que demarca a área de
segurança em relação à pista, ou nas vias específicas para os CCI, quando existirem, sempre
respeitando a distância mínima de segurança. Nesta posição, as viaturas ficarão aguardando o
pouso/evolução da ocorrência.

EXEMPLO DE PONTO DE ESPERA – O CCI deve ser


posicionado perpendicular a pista de pouso antes das linhas
contínuas, conforme indicado pela seta na ilustração ao lado,
evitando que o CCI se torne um obstáculo ao pouso da aeronave.
O BA-MC deve ter uma boa visão das duas cabeceiras da pista,
principalmente daquela utilizada para pouso da aeronave.

Caso o tipo de pane indique uma possibilidade de a aeronave sair da pista, as viaturas
podem ser posicionadas mais recuadas, tendo como parâmetro o previsto no PCINC do
aeródromo.
Não é recomendado que as viaturas fiquem posicionadas em local não pavimentado,
pois detritos podem ser carreados pelos pneus para a pista e, em tempo de chuva, poderá o CCI
ter reduzida sua mobilidade/tração.
Ressaltamos que o posicionamento para aguardar o pouso da aeronave não deve ser
ÚNICO. O BA-CE deve, como base o PCINC do aeródromo, avaliar o tipo de aeronave, tipo
de pane, quantidade e tipo de viaturas disponíveis, quantidade de locais para posicionamento
existentes e a cabeceira a ser utilizada para o pouso da aeronave em emergência. Dessa forma
definir o melhor posicionamento dos CCI em linha, bem como os demais carros de apoio que
atendem à emergência.
Após o pouso, o acompanhamento à aeronave pode ser dispensado pelo piloto em
comando, desde que explicitamente solicitado ao SESCINC por meio do órgão responsável
pelo controle de tráfego aéreo.
A seguir, apresentaremos algumas considerações sobre posicionamento de CCI em
determinados tipos de panes:

Pane Hidráulica

Ocorrência em que há perda total ou parcial de pressão hidráulica, quer seja pela perda
de fluido hidráulico ou por falha nos sistemas de bombeamento, a qual impossibilita a
alimentação de importantes sistemas de controle da aeronave.

• Pane de flapes
Uma pane hidráulica que interfira no correto acionamento dos flapes poderá resultar
em pouso com velocidade acima do previsto, por impossibilitar a redução da velocidade da
aeronave em voo, no conhecido processo em que o comandante troca velocidade por maior
sustentação, acionando os flapes e reduzindo drasticamente a potência dos motores.

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Assim, a aeronave efetuará uma aproximação para pouso com velocidade acima do
previsto, com tendência de utilizar toda a pista disponível no processo de frenagem e parada.
Nessa condição, a evolução do voo pode resultar nas seguintes possibilidades:
✓ superaquecimento de freios com risco de incêndio no conjunto de trens de pouso;
✓ pouso longo, com risco de ultrapassar o limite longitudinal na pista de pouso, ou
seja, parar além da cabeceira.
Concluímos que o posicionamento dos CCI em caso de pane hidráulica (pouso sem
flapes) deve considerar que a maior probabilidade é de que a aeronave utilize toda a pista
durante o pouso, ou seja, deve ser garantido que pelo menos um CCI seja posicionado nas
proximidades da cabeceira de pista contrária a utilizada para pouso da aeronave em emergência.

Pane de Acionamento do Trem de Pouso.


O acionamento do conjunto de trem de pouso pode ser comprometido no evento de
uma pane hidráulica.
Assim, podendo resultar na inoperância total ou parcial de componentes do trem
principal ou trem de nariz:
• pouso sem trem (pouso de barriga): situação em que não foi possível acionar nenhum
dos componentes do conjunto de trens de pouso, resultando em situação similar ao
pouso sem flapes, notadamente no tocante ao ponto de parada da aeronave após o pouso.
O comandante utilizará grande parte da pista numa tentativa de tocar lentamente no
solo, evitando maior impacto, prevenindo a ruptura da fuselagem. A possível evolução dessa
ocorrência é incêndio por aquecimento das partes da fuselagem devido ao atrito com a pista,
com abundância de centelhas e risco de ruptura de tubulações e dos tanques de combustível.
Nesse caso, recomenda-se proteger a parte central, o final da pista e, a depender da
quantidade de CCI disponíveis, o ponto de toque da cabeceira prevista para pouso da aeronave.
• pouso sem o trem do nariz: tendência de utilizar maior extensão longitudinal de pista
durante o pouso, com pequeno risco de guinada para a esquerda ou para a direita.
O comandante inicialmente realizará um toque normal na pista, concentrando o peso
da aeronave no trem de pouso principal, contudo manterá o nariz da aeronave elevado, com o
auxílio da pressão aerodinâmica nos profundores, aproveitando para perder velocidade.
Lentamente, a perda de pressão aerodinâmica forçará o nariz da aeronave a descer, quando o
comandante buscará tocar lentamente o nariz da aeronave na pista, evitando impactos,
reduzindo o tempo de atrito com o solo.
Nesse caso, recomenda-se proteger a parte central e o final da pista, a depender da
quantidade de CCI disponíveis.
• pouso sem o trem principal do lado direito: possibilidade de sobrecarga da estrutura
do trem que foi acionado(lado esquerdo), que suportará todo o peso da aeronave no
momento do toque na pista; possibilidade de guinada para o lado sem o trem de
pouso, por conta do atrito com o solo; possibilidade de sérios danos à asa com
probabilidade de ruptura do tanque de combustível da asa, pelo impacto com o solo.
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Nesse caso, recomenda-se posicionar os CCI no lado mais seguro da pista, evitando
exposição ao risco de colisão com a aeronave ou, na impossibilidade, aumentando a distância
em relação ao eixo da pista, se preciso.
Posicionar os CCI de forma a proteger o ponto de toque e a parte central da pista, a
depender da quantidade de veículos disponíveis.
• pouso sem o trem principal do lado esquerdo: possibilidade de sobrecarga da
estrutura do trem que foi acionado(lado direito), que suportará todo o peso da
aeronave no momento do toque na pista; possibilidade de guinada para o lado sem
o trem de pouso, por conta do atrito com o solo; possibilidade de ruptura do tanque
de combustível a asa, pelo impacto com o solo.
Nesse caso, recomenda-se posicionar os CCI no lado mais seguro da pista, evitando
exposição ao risco de colisão com a aeronave ou, na impossibilidade, aumentando a distância
em relação ao eixo da pista, se preciso.
Posicionar os CCI de forma a proteger o ponto de toque e a parte central da pista, a
depender da quantidade de veículos disponíveis.

Pane de Acionamento dos Estabilizadores e Profundores:


Sendo os estabilizadores e profundores superfícies destinadas aos controles de arfagem,
ou seja, ângulo de inclinação da aeronave, uma pane de acionamento desses dispositivos pode
resultar em dificuldade de manutenção da rampa ideal para o pouso, interferindo no momento
do toque, com risco de choque da cauda com o solo(tail strike), ou sobrecarga do trem de pouso.
Nesse caso, recomenda-se posicionar os CCI de forma que seja protegido o ponto de
toque e área central da pista de pouso.
• Pane de motores
A inoperância de um ou mais motores exige a realização de pouso de emergência no
aeroporto mais próximo, inclusive o comandante retornará para o aeroporto de onde decolou,
caso a pane tenha ocorrido durante ou instantes após a decolagem.
As aeronaves modernas possuem sistemas que realizam a compensação do voo
automaticamente, posicionando controles de voo de forma a manter a estabilidade e
dirigibilidade da aeronave. Independente disso, o comandante da aeronave utilizará o controle
do leme e/ou dos freios para manter o controle da direção antes e após o toque com o solo,
tendo em vista o efeito de assimetria de torque gerado pela falta de um dos motores.
O posicionamento dos CCI nessas circunstancias deve considerar as seguintes
possibilidades:
• pane de motor do lado direito: tendência de guinada para o lado esquerdo, por conta
do efeito do reverso, se acionado no motor que está operando normalmente;
Nesse caso, recomenda-se posicionar os CCI no lado mais seguro da pista, evitando
exposição ao risco de colisão com a aeronave, aumentando a distância em relação ao eixo da
pista, se preciso.

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Posicionar os CCI de forma a proteger o ponto de toque e a parte central da pista, a
depender da quantidade de veículos disponíveis.
• Pane de motor do lado esquerdo: tendência de guinada para o lado direito, por conta
do efeito do reverso, se acionado no motor que está operando normalmente;
Nesse caso, recomenda-se posicionar os CCI no lado mais seguro da pista, evitando
exposição ao risco de colisão com a aeronave, aumentando a distância em relação ao eixo da
pista, se preciso.
Posicionar os CCI de forma a proteger o ponto de toque e a parte central da pista, a
depender da quantidade de veículos disponíveis.
• Pane de reverso: Os reversores são componente anexos ao motor com a função de
auxiliar os sistemas de freio da aeronave. Nos motores a reação, isso ocorre
invertendo o fluxo de ar do fan ou redirecionando os gases de escape para frente,
gerando arrasto.
Nos motores turbo-hélice, esse reverso é obtido através da mudança de passo da hélice,
redirecionando a tração.
• A pane no reversor poderá ocasionar uma rolagem longa, com probabilidade de
ultrapassar a cabeceira de pista ou gerar a guinada da aeronave para o lado do
reverso operante, caso haja o acionamento desse recurso.

Nesse caso, recomenda-se:


• posicionar os CCI no lado mais seguro da pista, evitando exposição ao risco de
colisão com a aeronave, aumentando a distância em relação ao eixo da pista, se
preciso;

• posicionar os CCI de forma a proteger o ponto de toque e a parte central e o final
da pista, a depender da quantidade de veículos disponíveis.

Pane elétrica
O sistema elétrico é responsável pela alimentação e acionamento de vários
componentes da aeronave: bombas elétricas de combustível; bombas hidráulicas; iluminação;
comunicação rádio e sistemas eletrônicos de navegação. A aeronavegabilidade da aeronave
pode ser prejudicada de forma grave.
• pane de comunicação: probabilidade da aeronave se aproximar do aeródromo sem
autorização e realizar incursão de pista e/ou ocultar outras panes. As aeronaves de
pequeno porte utilizam o procedimento de sinalizar com movimentos longitudinais
(balançando a asa) informando a TWR pane de rádio;
• pane de desorientação: dificuldade de navegação, principalmente em condição de
voo noturno ou com baixa visibilidade, por inoperância dos equipamentos dos
sistemas de auxílio eletrônicos de aproximação e pouso da cabine.
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Nesse caso, recomenda-se posicionar os CCI no lado mais seguro da pista, evitando
exposição ao risco de colisão com a aeronave, aumentando a distância em relação ao eixo da
pista, se preciso.
Posicionar os CCI de forma a proteger o ponto de toque e a parte central e o final da
pista, a depender da quantidade de veículos disponíveis.

Pane seca
A legislação vigente no País preconiza que uma aeronave deve decolar com
combustível suficiente para chegar ao aeroporto de destino ou, em caso de interdição ou
impraticabilidade do aeródromo, seguir para o aeroporto de alternativa, com capacidade para
se manter voando por até 45 minutos, ou conforme o tipo e performance da aeronave em causa,
tais como: turbo-hélice, turbo-fan, etc, tudo com base nas regras de tráfego aéreo vigentes.
Falhas nos procedimentos de cálculo para reabastecimento ou vazamentos podem
gerar as chamadas “panes secas”, com implicações graves para a manutenção do voo.
Possíveis consequências de panes secas:
• pouso curto: devido a falta do auxílio dos motores;
• pouso longo: devido à aproximação ser feita em um padrão de altitude elevada, há
possibilidade de perder o ponto de toque e ultrapassar os limites da pista.
Nesses casos, recomenda-se posicionar os CCI de forma a proteger principalmente o
ponto de toque e a parte final da pista, a depender da quantidade de veículos disponíveis.

Panes em aeronaves de asas rotativas(helicópteros)

O estudo dos requisitos regulatórios demonstra uma grande preocupação das


autoridades em padronizar os procedimentos para atendimento às emergências com aeronaves
de asas fixas. No entanto, o crescimento da frota mundial de aeronaves de asas rotativas é
inquestionável. O Brasil possui uma das maiores frotas de helicópteros do mundo. Nesse
contexto, é fundamental preparar os profissionais para atendimento de emergências envolvendo
esse seguimento da aviação.
A seguir, apresentaremos algumas considerações sobre táticas para atendimento a
emergências com aeronaves de asas rotativas:

Riscos envolvidos na operação:

Atendimento de emergência (fogo no motor) em


um SK-76, pela Equipe do SESCINC(Infraero)
do Aeroporto de Vitória - ES.

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As aeronaves de asas rotativas possuem uma peculiaridade que aumenta os riscos
durante o posicionamento para atendimento de uma emergência: sua operação envolve grande
acúmulo de energia cinética, com a possibilidade de projeção de destroços resultantes do
impacto dos rotores com obstáculos ou com o solo na área de pouso.
Assim, o posicionamento dos CCI em atendimento a emergências com helicópteros
deve guardar distância de segurança maior que aquela observada para os casos de panes em
aeronaves de asa fixa, pois há grande risco de projeção de destroços.

O risco de perda de controle próximo ao solo também é um fator a ser considerado


durante o posicionamento de CCI. Dessa forma, deve ser observada uma área de segurança
livre de obstáculos, com diâmetro equivalente a duas vezes a distância entre os limites do rotor
de cauda e do disco de rotação do rotor principal, ou entre as extremidades opostas dos discos
dos rotores principais, para as aeronaves com dois rotores.
Os CCI devem ser posicionados observando as recomendações anteriores, além dos
limites dessa área de segurança enquanto aguardam a parada total dos rotores.

A seguir, alguns exemplos de pane em aeronaves de asas rotativas e seus possíveis


desdobramentos, para adoção do melhor posicionamento para os CCI:

Perda do rotor de cauda

O helicóptero pode perder o controle da proa, ou seja, a capacidade de manter o voo


alinhado, apresentado a tendência de queda em giro anti-horário.
Ao lado, as setas vermelhas indicam o sentido de giro
do rotor principal;
As setas verdes indicam a tendência de giro da
fuselagem; e
A seta amarela indica o trabalho do rotor de cauda,
estabilizando o voo. Sem o rotor de cauda, o
helicóptero gira desgovernado.

Perda do rotor principal

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A aeronave apresenta tendência de girar no sentido horário perdendo os comandos de
cabine. Nesse caso, por conta do efeito do rotor de cauda a cabine será induzida a girar, também
impossibilitando o controle da proa em linha reta.
Nessa condição, o comandante da aeronave tentará realizar o chamado pouso corrido,
movimento em forma de mergulho, com nariz do helicóptero direcionado para baixo, numa
busca de equilibrar a aeronave obtendo escoamento de ar no seu estabilizador vertical.

• Desnivelamento das pás do rotor principal


A pane de desnivelamento das pás do rotor resulta em perda de sustentação pelo
helicóptero, com possibilidade de queda na vertical.

4.3 Corte de Motores, APU, Desligamentoe Desconexão de Baterias

As equipes do SESCINC devem estar familiarizadas com as principais aeronaves que


operam no aeródromo e assim preparadas para realizar os procedimentos de
corte(desligamento) de motores, APU e desligamento/desconexão de baterias nas operações de
salvamento e combate a incêndio. Essas ações serão realizadas nos casos em que a tripulação
não esteja em condições de fazê-lo, sendo que há as seguintes ações possíveis:

• Corte normal do motor:


Procedimento em que o bombeiro, após acessar a cabine de comando, retarda as
manetes de potência puxando-as para a posição IDLE e em seguida seleciona a posição SHUT
OFF na respectiva válvula de combustível;

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MANETES DE POTÊNCIA VÁLVULAS DE
COMBUSTÍVEL

• Corte de emergência do motor (extinção através do sistema fixo):

Procedimento em que o bombeiro realiza uma manobra nos comandos do sistema fixo
de extinção da aeronave. Esse comando normalmente se faz puxando um punho de
acionamento(ex.: Boeing 737, Embraer 190), resultando no corte da alimentação de
combustível, elétrico, pneumático e hidráulico do respectivo motor. Há aeronaves com
acionamento através de botoeira, como é o caso das aeronaves Airbus.
Nesse momento, ainda não foi acionado o agente extintor, mas há grande possibilidade
de extinção.

COMANDOS DE SISTEMA FIXO DE COMANDOS DE SISTEMA FIXO DE


EXTINÇÃO DE UM BOEING 737. EXTINÇÃO DE UM AIRBUS 320.

• Corte de APU:
Inicialmente, precisamos considerar o que segue:
✓ Algumas aeronaves não possuem APU;
✓ Todas as aeronaves que possuem APU são dotadas de um sistema fixo de
extinção de incêndio na cabine de comando;
✓ Existem aeronaves com APU que também dispõem de um dispositivo de corte
e/ou sistema fixo de extinção que pode ser acionado externamente, ou seja, fora
da aeronave.

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BOTOEIRA EXTERNA DE CORTE E DISPOSITIVO EXTERNO DE CORTE E DISPOSITIVO EXTERNO DE
EXTINÇÃO PARA O APU DO A-320. EXTINÇÃO PARA O APU DO BOEING 737. CORTE DO APU DO E-190.

• Desligamento e Desconexão de Baterias


O procedimento de desligamento e de desconexão de baterias é adotado para
neutralizar possíveis fontes de ignição, desenergizando os sistemas eletroeletrônicos da
aeronave.
O colapso da estrutura da aeronave pode resultar em pontos de curto circuito, os quais
podem causar ignição de vapores emanados.
O desligamento de bateria é um dos procedimentos da tripulação em caso de
emergência, contudo pode ser realizado pela equipe de serviço do SESCINC, durante as
operações de salvamento e combate a incêndio e para segurança nos trabalhos de remoção da
aeronave acidentada.
Abaixo, exemplo de localização e forma de desligar e desconectar a bateria de um
ATR-72:

Localização e forma de desconectar as


baterias de um ATR-72.

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4.4 Identificação e prioridade para a seleção de aberturas de acesso de uma determinada
aeronave

Nas operações de salvamento e combate a incêndio em aeronaves devemos ter em


mente que a tripulação está pronta para coordenar a evacuação da aeronave, contudo os
trabalhos da equipe de serviço pedem ensejar que outras vias de fuga sejam abertas,
principalmente aquelas que inicialmente estavam obstruídas pelas chamas.
Caso seja definido que a equipe de salvamento realizará a abertura de acesso e
penetração na cabine da aeronave, devem ser priorizadas as portas normais da aeronave, sendo
que jamais deverão ser selecionadas aquelas saídas que estão sendo utilizadas como rotas de
fuga.

Esquema de portas e saídas de


emergência de um Airbus 320.

Exemplo de abertura externa de porta


de um Airbus 320, sem risco de
acionamento de escorregadeira, pois
desarma automaticamente ao ser
aberta por fora.

Exemplo de área de corte demarcada


em um ATR-72.

Nunca tentar cortar na parte azul;


Recomenda-se cortar entre as janelas;
Atentar para o risco de atingir vítimas
desacordadas, dentro da aeronave.

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As cabines de comando são dotadas
de janelas de emergência para fuga da
tripulação. Cordas também estão
disponíveis para a descida.

4.4.1 Abertura externa de portas de aeronaves

• Risco de acionamento de escorregadeiras de emergência


Caso seja necessária a abertura externa de portas pela equipe de resgate, deve ser
avaliado o risco de exposição ao acionamento de escorregadeiras infláveis.
Abaixo, apresentamos uma tabela com informações práticas sobre peculiaridades na
abertura de portas das principais aeronaves:

BOEING 737(todas as
versões)

PERIGO! Há risco de acionamento de


escorregadeira, caso a porta seja aberta por fora.
Uma fita de cor laranja passando pela escotilha da
porta, internamente, indica que a escorregadeira
está armada.

AIRBUS (todas as aeronaves)

Não há risco de acionamento, pois ao serem


abertas as portas externamente, as escorregadeiras
são automaticamente desarmadas.

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EMBRAER(170;175;190 e
195)

Não há risco de acionamento, pois ao serem


abertas as portas externamente, as escorregadeiras
são automaticamente desarmadas.

ATR-42 e ATR-72 Não possuem escorregadeiras.


FOKKER 100 (MK-28) A maioria não possui escorregadeiras.
Não há risco de acionamento, pois ao serem as
BOEING 777(todas as versões) portas abertas externamente, as escorregadeiras
são automaticamente desarmadas.
Não há risco de acionamento, pois ao serem as
BOEING 767(todas as versões) portas abertas externamente, as escorregadeiras
são automaticamente desarmadas.
PERIGO! Há risco de acionamento de
escorregadeira, caso a porta seja aberta por
BOEING 727(todas as versões) fora. Uma fita de cor laranja passando pela
escotilha da porta, internamente, indica que a
escorregadeira está armada.
Não há risco de acionamento, pois ao serem as
BOEING 787(todas as versões) portas abertas externamente, as escorregadeiras
são automaticamente desarmadas.

Exposição a pressões residuais durante abertura de portas:


Outro risco a ser observado no momento de abertura de portas é a possibilidade a
exposição a pressões residuais de cabine, decorrente de falha no sistema de
pressurização/despressurização.
O bombeiro deve estar atento a esse risco, embora a maior parte das aeronaves
possuam dispositivos de alívio automático dessas pressões no momento da abertura: Seguem
exemplos desses dispositivos:

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Aeronaves Airbus possuem dispositivos de
alerta luminoso na escotilha das portas
advertindo de possíveis pressões residuais na
cabine.

Flape na parte inferior da porta do Boeing


737, que abre ao ser girada a alavanca de
abertura da porta, liberando possíveis
pressões residuais da cabine.

Exemplo de porta do Boeing 777, dotada de


escotilha de alívio de pressões residuais. Esse
dispositivo abre ao girar a alavanca de
abertura da porta.

• Tipos de dispositivos de abertura:


Existe uma variedade de dispositivos de aberturas de portas de aeronaves, a depender
do modelo e/ou fabricante, mas algo é comum em termos de operação: todas as aeronaves
possuem instruções de abertura na parte externa da porta, as quais elucidam através de
pictogramas e setas a forma correta de abertura.
A seguir, a título de exemplificação, reunimos alguns tipos de dispositivos de abertura
de um Boeing 737, os quais também se aplicam a outras aeronaves da Boeing, e outro utilizado
em aeronaves Embraer e Airbus.

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4.5 Seleção e uso de ferramentas e equipamentos necessários para acesso, por
arrombamento, a uma determinada aeronave

Os dados estatísticos e o histórico de ocorrências de acidentes aeronáuticos no contexto


internacional demonstram que a probabilidade de ser necessário o arrombamento de uma
fuselagem para penetração da equipe de resgate é mínimo.
Independente disso, o SESCINC deve dispor de equipamentos de corte e
desencarceramento, além de pessoal treinado para operação e utilização de imediato no local
do acidente aeronáutico. Tais equipamentos são recomendados ser transportados nos carros de
apoio de Resgate e Salvamento, em condições de pronto emprego.
Esses equipamentos normalmente são os seguintes:
a) Ferramentas mecânicas, alimentadas preferencialmente por uma fonte de energia
portátil, tais como:
✓ serra circular, para cortes de grandes superfícies;
✓ moto abrasivos;
✓ desencarceradores;
✓ martelete portátil; e
✓ outros para cortes mais precisos.

Machado Pry-Axe - ferramenta de grande versatilidade


que permite perfurar, criar ou alargar aberturas na
fuselagem, cortar chapas (na sua versão com braço
cortador). Graças ao seu braço inferior extensível, esta
ferramenta pode também ser utilizada como ferramenta
de precursão, este braço inferior, graças à existência de
um fecho de segurança, pode ser completamente
estendido aumentando a capacidade de alavanca da
ferramenta.

Ferramenta Hidráulica Combinada (desencarcerador) –


para arrombamento ou alargamento de estruturas
metálicas. Possui acessórios para tracionamento e corte.
Seu uso pode ser precedido dos cortes com o machado
pry-axe, acima.

Motocortador de disco – Ideal para corte de longarinas e


grandes superfícies da fuselagem, metálicas ou não, com
baixo índice de formação de centelhas.

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Martelete portátil – para perfuração e corte de estruturas.

Moto-abrasivo - para corte de estruturas metálicas,


contudo há grande formação de centelhas.

b) Outras ferramentas:
✓ Ferramentas manuais, incluindo cisalhas para cortar cabos, chaves de fenda
de tamanhos e modelos apropriados, alavancas, martelos, machados e
talhadeiras;
✓ Meios de iluminação, alimentados preferencialmente por um gerador
autônomo;
✓ Macacos hidráulicos, munidos de acessórios adequados, que possibilitem
flexibilidade de utilização na aplicação dos esforços sobre as estruturas;
✓ Equipamentos de proteção respiratória e máscaras contra gases;
✓ Estojo de primeiro socorros;
✓ Mantas aluminizadas e macas; e
✓ Megafone transistorizado portátil e equipamentos de comunicação portátil,
para comunicação com as equipes que se encontrem dentro e fora da
aeronave.

4.6 Métodos de aplicação de solução de espuma por canhão e por linha de CCI

CCI TIPO 4 IVECO MAGIRUS ATUANDO EM EMERGÊNCIA COM AERONAVE BEACH-60

O emprego do canhão monitor de teto tem precedência sobre o uso das outras
expedições do CCI, sendo utilizado para controle inicial do incêndio e proteção imediata da
fuselagem.

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A tendência no desenvolvimento dos equipamentos de salvamento e combate a
incêndio é de que os canhões monitores de CCI tenham grande capacidade de lançamento de
espuma, de forma a atuar em incêndios em grandes aeronaves.
Nesse sentido, os operadores devem ser treinados de forma a evitar desperdícios de
agente extintor no que se refere ao direcionamento do jato; escolher o momento certo para
alternar de jato compacto para jato neblinado, assim como evitar atingir e machucar ocupantes
ou outras pessoas envolvidas na operação.
Princípios básicos:
✓ os operadores devem ser treinados de forma a conseguirem operar os canhões e
lançar a espuma, mesmo com os CCI em movimento (baixa velocidade);
✓ lançar um lençol visível de espuma sobre a área incendiada, principalmente
protegendo a Área Crítica Prática;
✓ os jatos do canhão devem ser direcionados ao longo da fuselagem, do nariz para a
cauda da aeronave e vice versa;
✓ renovar a aplicação de espuma sempre que necessário, eliminando os vapores
inflamáveis;
✓ os operadores do canhão devem concentrar-se na área crítica prática, e usá-lo até a
distância que esteja sendo efetiva;
✓ ao utilizar o canhão, o operador deverá ter o cuidado para não deslocar o
combustível inflamado para áreas onde existam vítimas nas proximidades da
fuselagem, evitando dessa forma, jatos compactos diretos sobre o líquido
inflamado.

4.7 Métodos de aplicação de solução de espuma por Linha de Mangueira

O emprego de linhas de mangueiras é secundário, são utilizadas como apoio e proteção


para a equipe de resgate e para proporcionar acesso para as vias de fuga. Normalmente, utiliza-
se linhas de mangueiras em incêndios em pontos específicos e de difícil acesso, tais como: trem
de pouso, compartimentos de carga e APU.

Atuação com linha de


mangueira e espuma em
ocorrência de incêndio
no trem de pouso de um
Fokker-100.

A aproximação e início de aplicação deve ser com jato neblinado aberto, reduzindo
suavemente para 30°. Utilizar as variações de jato e vazão do esguicho, conforme necessidade
de alcance dos focos de incêndio.

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As linhas devem atacar o incêndio de uma mesma direção, atentando para o risco de
eventualmente atingir ou direcionar as chamas, vapor de combustível ou gases tóxicos para a
equipe trabalhando em outro flanco da fuselagem. O número de linhas a serem armadas
dependerá de fatores como:
✓ quantidade de bombeiros;
✓ quantidade de equipamentos; e
✓ quantidade de agente extintor.

4.8 Aplicação de PQ por canhão monitor

A vazão de PQ nos canhões monitores de determinados CCI aproxima-se de 30kg/s, o


que proporciona grande formação de nuvem extintora, com grande capacidade de redução de
intensidade de queima.
O que se apresenta de forma paradoxal e que apesar dessa propriedade de controle
imediato de chamas, o PQ não desenvolve efeito suficiente de resfriamento, de modo que não
previne a reignição dos vapores inflamáveis produzidos por objetos aquecidos.
É imprescindível considerarmos a utilização de espuma mecânica ou água, nessa
ordem de prioridade, o quanto antes, a fim de assegurar uma cobertura protetora para o
abafamento das zonas alagadas por líquidos inflamáveis, bem como a neutralização de possíveis
fontes de calor.

Considerações Básicas:
✓ A aplicação de PQ por canhão monitor é secundária, alternativa ou complementar
à atuação com espuma;
✓ Possui grande capacidade de redução imediata do calor e intensidade de chamas,
mas também pode ser imediata a reignição, pois não é eficaz no resfriamento ou
extinção;
✓ Diminui a visibilidade no cenário do acidente, o que pode gerar outros riscos.
✓ O melhor efeito do PQ sobre o incêndio é resultado da ação da nuvem de pó
químico sobre as chamas. Essa nuvem só existe 5m após o esguicho do canhão;
✓ Uma aplicação eficiente de PQ é aquela que busca atingir as chamas resultantes do
incêndio, pois sua ação principal ocorre na redução da reação em cadeia;

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✓ Sugere-se buscar efetividade, resfriando as superfícies aquecidas com
água/espuma;
✓ Não é recomendável a aplicação de PQ e água/espuma simultaneamente pelo
mesmo canhão, dada a perda de eficiência e desperdício de agente extintor;
✓ Os sistemas dos CCI já inibem essa operação simultânea, sendo recomendado
manter sempre selecionada a expedição de água/espuma, prioritariamente.

4.9 Aplicação por PQ por linhas (mangotinho)

O emprego de linhas de pó químico (BC) nos incêndios em aeronaves é complementar


ao emprego da espuma, tendo em vista sua capacidade de redução imediata da intensidade das
chamas.

Considerações Básicas:
✓ É recomendado o uso de linhas de PQ nos casos em que há limitações ao
uso/alcance da espuma, em espaços de difícil acesso ou enclausurados. Ex.:
compartimentos de carga;
✓ Apesar de sua capacidade de redução imediata das chamas e do calor emanado da
combustão, não é efetivo em termos de resfriamento das superfícies aquecidas,
podem resultar reignição.

4.10 Procedimentos para proteção da fuselagem da exposição ao fogo

Ao chegar ao local do acidente e encontrar a presença de fogo a equipe de salvamento


deverá dar prioridade ao resfriamento e controle do incêndio na Área Crítica Prática, criando
vias de fuga, objetivando preservar a fuselagem nas áreas onde possam estar os ocupantes da
aeronave.
Assim, a localização dos sobreviventes e as chamas atuantes sobre essa área
determinarão o ponto de aplicação dos primeiros jatos de espuma.
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Faz parte dos procedimentos de proteção da fuselagem o resfriamento e controle de
qualquer fonte de ignição e/ou vapores inflamáveis proveniente de combustível derramado.
Esse cuidado possibilita o salvamento dos ocupantes com maior segurança.
Para aeronaves de pequeno porte, esses procedimentos poderão ser suficientes para
extinguir totalmente o incêndio.

4.10.1 Preceitos básicos para proteção da fuselagem:

• Os jatos do canhão deverão ser dirigidos ao longo da fuselagem (normalmente do


nariz para a cauda);
• O avanço em direção a fuselagem deverá ser rápido evitando que os ocupantes da
aeronave sejam asfixiados;
• Ao atacar o fogo, a ação principal da equipe de salvamento é aplicar espuma sobre a
fuselagem, garantindo seu resfriamento e a rápida supressão do fogo;
• Observar a ação do vento sobre as chamas, atento à relação entre o vento, o fogo, as
pessoas a bordo, os tanques de combustível e as vias de fuga.

4.11 Procedimentos para formação de linhas de proteção e apoio ao resgate

Após o trabalho inicial de resfriamento e proteção da fuselagem, pode ser necessária a


formação de linhas para proteção de vias de fuga, ou mesmo para garantir a segurança do acesso
da equipe de resgate.
Nesse sentido, as ações deverem considerar os seguintes procedimentos básicos:
• O avanço com as linhas deve ser iniciado com jato neblinado, com abertura de 60°,
facilitando a aproximação e os movimentos para controle do incêndio;
• As linhas devem abrir passagem para entrada da equipe de resgate (geralmente
posicionada para acesso por uma porta normal);

• Ao posicionar as linhas de espuma, observar que o vento exerce efeito considerável


sobre a direção das chamas e do calor. Assim, esse fato deve ser observado e, na
medida do possível, utilizado para facilitar o trabalho da equipe de salvamento;
• Cuidados devem ser tomados no sentido de evitar que as linhas de espuma
direcionem o combustível derramado para a área da fuselagem, onde estão os
ocupantes;

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• Deve ser evitado que uma linha de espuma interfira na camada de espuma aplicada
por outra linha;
• O avanço e operação com linhas requer movimentos rápidos em forma de varredura,
eliminando os vapores emanados, resfriando superfícies aquecidas.

4.12 Procedimentos de ventilação de aeronave

Mesmo antes de considerarmos os fatores que contribuem para o início e propagação


de incêndios que ameacem a cabine de uma aeronave, é fato que os diversos componentes dos
sistemas de aeronaves podem ser meios de transmissão rápida de calor em ambientes
específicos da estrutura da fuselagem, tais como:
• debaixo dos assoalhos;
• nos compartimentos de carga;
• nas paredes; e
• nas cavidades do teto, dentre outros.

A tripulação e o pessoal de apoio das empresas operadoras são treinados para


intervirem na fase inicial de situações dessa natureza, mas a intervenção especializada das
equipes do SESCINC é crucial para a eficácia da operação.

4.12.1 Aeronave desocupada e fechada:

O atraso na detecção de incêndio, estando a aeronave desocupada e fechada, constitui


fator agravante para a equipe de bombeiros, implicando principalmente no atraso na detecção
de incêndio e, por consequência, na propagação do incêndio.
Outro fator a ser considerado é que a ocorrência de incêndio na aeronave estando suas
portas fechadas poderá resultar em combustão incompleta, ficando o ambiente impregnado de
monóxido de carbono, com riscos imediatos para a equipe de salvamento, quanto a
possibilidade de backdraft e/ou flashover.
Normalmente, nesses tipos de incêndios, obtêm-se melhor resultado utilizando espuma
em forma de neblina (pulverizada), através das frestas de portas semiabertas.

4.12.2 Aeronave ocupada:

Os procedimentos de salvamento são iniciados pela tripulação, ainda a bordo, mesmo


antes do pouso da aeronave, quando são realizados os preparativos e orientação aos passageiros
pela tripulação.
Após o pouso, no momento da intervenção imediata pelas equipes do SESCINC,
prioriza-se o resfriamento e proteção da fuselagem, com o controle das chamas, com vistas a
contribuir para uma rápida evacuação da aeronave.
• Ventilação de aeronave:
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O segundo momento dos trabalhos de salvamento é a ventilação e abertura de acessos
para retirada dos ocupantes da aeronave que estejam impossibilitados de abandoná-la por seus
próprios meios.

A ventilação da aeronave proporciona segurança para a equipe de resgate e para


eventuais vítimas a bordo, reduzindo o risco de “flashover” e “backdraft”, facilitando o
controle dos efeitos do “backdraft”; auxilia na rapidez do ataque e extinção, removendo o
calor e a fumaça de dentro da fuselagem, permitindo uma rápida entrada dos bombeiros,
aumentando a visibilidade e auxiliando no combate ao incêndio; reduz danos pessoais por
tornar possível localizar e combater o fogo mais rapidamente, restringindo a propagação do
incêndio e limitando o deslocamento de fumaça tóxica e de gases quentes.

A ventilação forçada de uma aeronave é realizada por meio da aplicação de espuma


com esguichos reguláveis em jato neblinado através de uma abertura disponível, forçando a
saída da fumaça da aeronave por uma segunda abertura. A ventilação forçada permite criar ou
aumentar a velocidade do fluxo de ar no interior da aeronave, melhorando as condições de
sobrevida para os ocupantes.
Os materiais de acabamento do interior da aeronave podem começar a se decompor
por ação do calor residual e esse processo deve ser interrompido mediante o emprego de água
na forma de neblina, além de ser necessário ventilar-se a cabina, pelos métodos naturais ou
artificiais.

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Boeing 767 da Dynamic Airways, voo 405 – Fogo no motor durante o taxi para decolagem
no Fort Lauderdale-Hollywood International Airport, em 29/10/2015.

Durante essa fase, será absolutamente indispensável assegurar a proteção contra o


incêndio dentro e fora da aeronave, o que poderá exigir novas aplicações de espuma sobre o
combustível derramado ou resfriamento de fontes de calor, além do início dos processos de
ventilação, para assegurar uma atmosfera respirável no interior da fuselagem.
Os trabalhos de ventilação da aeronave requerem que uma proteção adicional seja
garantida no momento em que são abertas portas ou janelas da aeronave, a fim de evitar riscos
à equipe de resgate e a propagação das chamas para o interior da fuselagem.

4.13 Procedimentos de busca, resgate e salvamento em aeronaves

O objetivo principal de uma operação de busca e salvamento em aeronaves é criar


condições nas quais seja possível a sobrevivência e permita realizar com êxito a operação total
de salvamento.
Esse conceito pressupõe que, ao darmos resposta rápida ao acidente aeronáutico,
estamos proporcionando meios para reduzir os riscos imediatos que ameaçam os sobreviventes,
protegendo-os, resgatando-os e prestando-lhes os primeiros auxílios possíveis, em termos de
APH.
Considerando essa premissa, apresentamos a seguir procedimentos básicos em termos
de busca, resgate e salvamento em aeronaves:
✓ Penetração da equipe de resgate na aeronave - necessariamente composta por
dois BA-RE, para busca e auxílio aos ocupantes do avião, os quais deverão
dispor de recursos para o resgate de pessoas feridas; ter pleno conhecimento de
técnicas de APH e serem treinados para atuarem em equipe ou
individualmente;
✓ Conduzir para o interior da aeronave os equipamentos de combate a incêndio,
para que se possa realizar ventilação e combater eventuais focos de incêndio;
✓ Proporcionar iluminação e ventilação no interior da aeronave;
✓ Utilizar métodos de busca primária a bordo;
A busca primária é uma procura rápida de vítimas antes ou durante
as operações de controle e/ou extinção de incêndio, chegando a ser feita, em
muitos casos, a partir do estabelecimento de vias de acesso ou de fuga da
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aeronave acidentada. Em geral, é executada em condições bastante adversas de
confinamento, calor e pouca visibilidade, o que pode dificultar a localização
de ocupantes. Apesar disso, pela sua importância, a busca primária tem que ser
o minuciosa possível. No mínimo, devem ser vasculhados os lugares com
maior chance de serem encontradas vítimas, ou seja, cabine de comando,
assentos de passageiros e/ou sob estes, lavatórios da aeronave e estações de
tripulantes.
Por outro lado, a busca secundária é executada após a extinção do
incêndio, permitindo assim um trabalho mais cauteloso e efetivo no sentido da
descoberta de vítimas que não foram encontradas durante uma busca primária.
Uma vez que as condições de calor e de pouca visibilidade foram atenuadas, a
busca secundária é uma atividade que não oferece muitos perigos, contudo
sempre será requerido o uso de EPI/EPR pelo BA, além da atenção quanto a
atmosferas explosivas ou tóxicas, destroços, vasos sob pressão, rodas e seus
pneumáticos, além de materiais perigosos e superfícies aquecidas. A busca
secundária é uma atividade tão importante quanto a busca primária.
✓ Retirada dos ocupantes que não possam locomover-se por seus próprios meios.

4.14 Procedimentos de evacuação de emergência

Evacuação de um Boeing 767 da Dynamic Airways, voo 405 – Fogo no motor durante o taxi para decolagem no Fort
Lauderdale-Hollywood International Airport, em 29/10/2015.

As tripulações estão em melhores condições para executarem os procedimentos de


evacuação, pois conhecem a aeronave e recebem treinamentos intensivos nesse sentido.
Os procedimentos de evacuação deverão ser executados pela equipe de salvamento
nos casos em que a tripulação esteja incapacitada para executar tais ações.
Sempre que possível, a assistência à evacuação e ao salvamento de vítimas deve ser
executada através das portas regulares e janelas (saídas de emergência). Quando isso não for
possível, deve-se tentar o arrombamento da fuselagem da aeronave.
Nos casos de resíduos de pressurização no interior da aeronave (em torno de 0,015psi)
as portas não poderão ser abertas.
A equipe de salvamento deve ter conhecimento das características de todas as
aeronaves que operam normalmente no aeroporto, objetivando estar familiarizada com a
localização de saídas de emergência e respectivas formas de aberturas.
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Obs.: Ao abrir qualquer porta regular, observar o travamento das escorregadeiras.

4.14.1 Responsabilidades durante a evacuação

• Tripulação

É responsável pela aeronave e seus ocupantes, cabendo-lhe a decisão definitiva para a


evacuação.

• Equipe do SESCINC
✓ Auxiliar a tripulação no que for possível;
✓ Sinalizar quanto a: evacuação imediata, parada recomendada da evacuação e
emergência contida, quando necessário;
✓ Realizar uma avaliação das partes externas da aeronave e comunicar à
tripulação;
✓ Resfriamento da fuselagem para garantir a sobrevivência dos passageiros no
interior da aeronave;
✓ Combate ao incêndio e proteção de toda área externa;
✓ Assistência à tripulação, para que os equipamentos de evacuação e de
emergência de bordo sejam utilizados. Por exemplo: escorregadeiras, escadas,
etc;
✓ Provisão de iluminação, quando isso puder acelerar a evacuação;
✓ Agrupamento dos passageiros em uma área segura;
✓ Início de procedimento de ventilação do interior da aeronaves;
✓ Acessar o interior da aeronave para remoção dos passageiros que não
conseguiram abandonar a aeronaves com meios próprios.

4.15 Procedimentos para assegurar e manter uma rota de salvamento

A operação de salvamento não poderá ser executada eficientemente quando houver


uma situação de incêndio que coloque em risco as pessoas (ocupantes / equipe de salvamento).
Por esta razão, por vezes é necessário manter foco no controle do incêndio, antes,
durante e após as operações de salvamento.
As ações táticas devem garantir a manutenção do controle do fogo, permitindo a
continuidade do salvamento, com a completa evacuação da aeronave.
Quanto a melhor rota de saída a ser adotada, a tripulação e as pessoas sentadas
próximas às saídas de emergência estão orientadas a direcionar a fuga para as áreas sem chamas
ou destroços. Esse princípio vai ao encontro da premissa que preconiza a atuação na área crítica
prática, e por isso se deve evitar entrar na aeronave pelas vias que estão sendo utilizadas pelos
ocupantes em fuga.

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O posicionamento das linhas de espuma é fundamental para o alcance dos objetivos
principais do salvamento, quais sejam: isolar e resfriar a fuselagem, além de salvaguardar as
vias de fuga.
A equipe operando com linhas de mangueira deve desviar o calor e as chamas da
fuselagem, enquanto se processa a evacuação e o salvamento.
Recomenda-se, ainda, manter um bombeiro a postos, munido com uma linha armada,
esguicho preparado para jato neblinado, mesmo após a total extinção das chamas, enquanto
durar a evacuação da aeronave.
• Aeronave acidentada em águas vizinhas

O Serviço Especializado de Salvamento Aquático (SESAQ) é o serviço de salvamento prestado


em aeródromos em que existam superfícies aquáticas significativas próximas, sobre as quais
ocorram parte relevante das operações de pouso e decolagem, para o atendimento a ocorrências
nessas áreas.
O dimensionamento do SESAQ está relacionado ao número máximo de passageiros e tripulantes
da maior aeronave em operação no aeródromo, e tem, como objetivo operacional, a rápida
chegada ao local da ocorrência, para o atendimento aos passageiros e tripulantes.
Ao se chocar com a superfície da água, provavelmente haverá ruptura dos tanques e
das canalizações de combustível, consequentemente grande quantidade de combustível irá ficar
flutuando na superfície, podendo constituir perigo de incêndio.
Portanto, deve-se ter cautela ao utilizar, barcos, lanchas de salvamento ou botes cujas
tubulações de escapamento estejam na altura da lâmina d’água, pois estas podem ser fontes de
ignição.
Observando a direção das correntes e ventos, será possível evitar que o combustível se
concentre em áreas que possam constituir zonas de perigo.
Caso haja incêndio, utiliza-se a técnica de varredura, fragmentando desta forma as
concentrações dos gases emanados do combustível derramado.
As superfícies com águas calmas constituem maior dificuldade para se combater o
incêndio.

5 CRITÉRIOS DE PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE


AERONÁUTICO

Após as operações de salvamento e combate a incêndio, a investigação do acidente


aeronáutico é tarefa crucial para elucidar os fatores que contribuíram para o acidente, numa
busca constante de prevenir que outros acidentes ocorram.

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Nesse sentido, a preservação de indícios no local do acidente é tarefa tão importante
quanto outras desenvolvidas pela equipe do SESCINC, que via de regra é a primeira a ter
contato com a aeronave e/ou destroços, principalmente nos acidentes ocorridos dentro da área
do aeroporto.
Assim, as equipes dos SESCINC devem receber orientações de forma que sejam
preservadas as provas e evidências presentes no cenário de um acidente aeronáutico, exceto nos
casos em que o salvamento de vidas humanas exige alterações do cenário encontrado. Nesse
caso, as equipes devem fazer constar em relatório específico quaisquer alterações e/ou
manobras realizadas em partes ou sistemas da aeronave acidentada, sempre que possível,
retornando-os à condição em que foram encontrados.
Essa conduta de preservação de “informações’’ pelos bombeiros envolvidos nas
operações de salvamento se torna uma atividade fundamental no processo de prevenção e
investigação de acidentes aeronáuticos.
Após as operações de salvamento e combate a incêndio, a investigação do acidente
aeronáutico é tarefa crucial para elucidar os fatores que contribuíram para o acidente, numa
busca constante de prevenir que outros acidentes ocorram.

5.1 Conservação de indícios para investigação de acidentes

Sempre que possível, os restos da aeronave não devem ser tocados e/ou movimentados,
até a chegada da autoridade responsável pela investigação do acidente. Não obstante, quando
for absolutamente necessário para as atividades de salvamento e extinção, podemos trasladar
ou mover componentes da aeronave, procurando alterar ao mínimo o cenário e o estado do
conjunto.
Em muitos casos, a remoção prematura dos cadáveres tem impedido sua identificação
e destruído a evidência patológica requerida pelo médico da Comissão de Investigação de
Acidentes Aeronáuticos (CIAA) ou da autoridade policial.
Sempre que possível, ao retirar as vítimas da aeronave acidentada, tentar identificar a
posição ou número do assento que ocupavam, principalmente quanto a tripulação;
Se as circunstâncias permitirem, deve-se fotografar o local do acidente antes de retirar
os corpos das vítimas fatais;

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Como regra geral e na medida do possível, as equipes do SESCINC devem procurar
observar e não modificar a posição ou estado em que se encontram, no momento do acidente,
os seguintes itens:
✓ Instrumentos do avião;
✓ Posição dos controles na cabine;
✓ Ajuste do piloto automático;
✓ Ajuste dos rádios;
✓ Posição das seletoras de combustível;
✓ Posição dos interruptores;
✓ Posição dos suportes dos flapes;
✓ Posição dos suportes do trem de pouso;
✓ Posição dos controles de superfície;
✓ Posição dos controles de compensadores;
✓ Rupturas ou dobramentos suspeitos;
✓ Pás de hélices mostrando a posição do passo;
✓ Marcas de impacto no solo;
✓ Localização de vítimas fatais;
✓ Assentos e cintos de segurança;
✓ Danos causados pelo fogo, etc.
✓ Localização e preservação de gravadores de voo(Caixas pretas).
Gravador de voo (caixa preta)
É um termo amplamente utilizado para designar os equipamentos que registram as
últimas informações dos instrumentos de bordo e conversações ocorridas antes de um acidente.
São gravadores protegidos por material resistente às chamas e impacto, normalmente
pintados na cor laranja, identificados como:
CVR – Cockpit Voice Recorder (Gravador de voz);
FDR – Flight Data Recorder (Gravador de dados do voo).

Cockpit Voice Recorder Flight Data Recorder

Fonte: Australian Transport Safety Bureau (www.atsb.gov.au)

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Caso tais dispositivos sejam localizados pelas equipes do SESCINC, devem ser
entregues tão somente à autoridade da aeronáutica, devendo ser garantida sua preservação e a
localização devidamente informada.

6 EXERCÍCIOS DE RESGATE E COMBATE A INCÊNDIO EM


AERONAVES

Para sedimentação dos conhecimentos relativos ao emprego correto das táticas de


resgate e combate a incêndio em aeronaves discutidas nesta disciplina, serão desenvolvidas as
atividades listadas relacionadas a seguir, cujo detalhamento, metodologia, e materiais
empregados constarão do Guia Técnico da Prática.

6.1 Exercício de controle e extinção de incêndio com fogo real em área para treinamento
com fogo, com a aplicação de solução de espuma

Para sedimentação dos conhecimentos relativos ao emprego correto das táticas de


salvamento e combate a incêndio em aeronaves, serão realizados exercício de controle e
extinção de incêndio com fogo real em área de treinamento, onde cada um terá a oportunidade
de treinar a utilização de espuma no combate a incêndio. A forma como o exercício será
conduzido, os recursos materiais e os equipamentos que serão utilizados na prática estão
detalhados e relacionados no Guia Técnico de prática orientada a ser realizada,(6.1- Exercício
de controle de extinção com fogo real, estabelecimento de rotas de fuga e resgate).

6.2 Simulação de estabelecimento de rota de fuga, proteção da fuselagem, penetração da


equipe de resgate de passageiros com a utilização de macas.

Para que o aluno possa colocar em prática as técnicas recomendadas e


internacionalmente aceitas para o estabelecimento de rotas de fuga, proteção de fuselagem,
penetração de equipe de resgate de passageiro em uma situação de acidente aeronave, será
montada uma situação simulada, cujos detalhes estão descritos no guia técnico de prática. A
forma como o exercício será conduzido, os recursos materiais e os equipamentos que serão
utilizados na prática estão detalhados e relacionados no Guia Técnico da prática a ser realizada
(6.01- Exercício de Controle de Extinção com Fogo Real, Estabelecimento de Rotas de
Fuga e Resgate).

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7 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Resolução nº 279, estabelece critérios regulatórios quanto à implantação, operação e


manutenção do Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis
(SESCINC).2013. Alterada pela Res. nº 517, de 14/05/2019
BRASIL, ANAC. RBAC Nº 153, Emenda 04, de 15/05/2019 - Aeródromos: operação,
manutenção e resposta à emergência. Alterado pela Res. nº 517, de 14/05/2019
BRASIL. Decreto nº 7.168, de 05 de maio de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de
Segurança da Aviação Civil Contra Atos de Interferência Ilícita.

Airport Services Manual, Part 7, Airport Emergency Planning.2. Ed. Montreal: International
Civil Aviation Organization ICAO, 1991.

International Fire Service Training Association. Aircraft Rescue and Fire Fighting. 3th. ed.
Stillwater: Oklahoma State University, 1992.

Aircraft Rescue and Fire Fighting. 4th. ed. Stillwater: Oklahoma State University, 2001.

NFPA 422: Guide for aircraft accident response. Ed. National Fire Protection Association,
1999.

Organización de Aviación Civil Internacional: Manual de Servicios de Aeropuertos, Parte 1,


Salvamento y Extinción de Incendios.3. ed. Montreal: ICAO, 1990.

Segurança de Aeródromos– II Apostila (Estágio de Adaptação de Bombeiros para


Aeródromos) – Diretoria de Engenharia da Aeronáutica, 1994.

Manual de salvamento e combate a incêndio em aeronaves. Volume 1, MSCIA PMESP –


Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 2006.

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