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MERGULHO - ANÁLISE DE RISCOS RELACIONADOS A ALIMENTAÇÃO

PREVENÇÃO CAUSAS AMEAÇAS CONSEQUENCIAS


Evitar bebidas carbonatadas Aerofagia BAROTRAUMA GASTRINTESTINAL Dor abdominal
Evitar comer muito rápido Rompimento de víscera (ex: estômago)
Evitar falar enquanto come Vômito/Aspiração
Evitar esforços extenuantes Rompimento de diafragma
Evitar ansiedade e hiperventilação Alteração do ritmo respiratório
Evitar manobras de Valsalva em excesso Tontura ( estímulo vasovagal)
Evitar falar muito durante o mergulho Pânico
Manter estilo de vida saudável Situação Produtora de gás no trato GI Subida descontrolada (risco de SHP)
Manter alimentação rica em prebioticos e probioticos Disbiose Afogamento
Manter alimentação balanceada, evitar gordura ruim e alimentos processados Morte
Buscar adequado diagnóstico e tratamento de condições de saúde
Evitar alimentos associados a flatulência Alimentos produtores de gás
Liberar excesso de gases através de arrotos
Estar devidamente treinado em como agir em caso de aspiração de água Aspiração de água REGURGITAÇÃO Náuseas
Evitar mergulhar se estiver muito mareado (enjoo do mar) Enjoo do mar Tosse
Buscar tratamento medicamentoso e comportamental da DRGE Doença do Refluxo Gastroesofágico Vômitos
Evitar o consumo agudo e crônico de bebidas alcoólicas Lesão grastrintestinal pelo álcool Aspiração de conteúdo gástrico
Evitar refeição volumosa, rica em gorduras e difícil digestão pré-mergulho Refeição pré mergulho Lesão química pulmonar
Não mergulhar com o estômago cheio - 2 horas de intervalo Lesão grastrintestinal por medicamentos Alteração do ritmo respiratório
Atenção ao uso de medicamentos que possam afetar o TGI Posição Alagamento de capacete/máscara
Estar alerta que a posição de cabeça pra baixo pode causar regurgitação Estimulação da orelha interna pânico
Evitar condições que levem a vertigem alternobárica e barotraumas de orelha Subida descontrolada (risco de SHP)
Manter balanço energético (consumo X gasto calórico) para evitar sobrepeso/obesidade Afogamento
Morte
Manter estilo de vida saudável Estresse descompressivo (estrtesse oxidativo) DOENÇA DESCOMPRESSIVA Alterações articulares
Manter controle dos níveis de colesterol e triglicerídeos Alterações neurológicas
Evitar alimentação rica em gordura antes do mergulho Alaterações vasuclares
Manter alimentação balanceada, evitar gordura ruim e alimentos processados Lesão permanente
Manter Ingestão regular de alimentos ricos em antioxidantes (ex: Vit C e E) Morte
Manter balanço energético (consumo X gasto calórico) para evitar sobrepeso/obesidade
Manter adequada hidratação
Garantir adequado planejamento da atividade para evitar esforços desnecessários Aumento da sudorese DESIDRATAÇÃO Redução do desempenho
Garantir adequado controle da temperatura da roupa (mergulho saturado) Estar hipohidratado antes do mergulho Fraqueza
Ingerir ao menos 2 litros de água ao dia Aumento da produção unirnária na imersão Tontura
Acima de 2 litros de água/dia, beber mais água conforme a sede Descontrole da temperatura corporal
Afogamento
Morte
Garantir adequado planejamento da atividade para evitar esforços desnecessários Desbalanço energético HIPOGLICEMIA Fraqueza
Garantir adequado aporte calórico Diabetes Tontura
Garantir criteriosa avaliação de saúde para aptidão ao mergulho Convulsão
Desmaio
Afogamento
Morte
Manter estilo de vida saudável Doenças cardiovasculares MAL SÚBITO Infarto
Manter controle dos níveis de colesterol e triglicerídeos Baixo condicionamento físico Acidente Vascular Encefálico
Manter alimentação balanceada, evitar gordura ruim e alimentos processados Lesão permante
Garantir criteriosa avaliação de saúde para aptidão ao mergulho Afogamento
Manter balanço energético (consumo X gasto calórico) para evitar sobrepeso/obesidade Morte

Segurança em Mergulho e Conformidade Naval


ALIMENTAÇÃO E SEGURANÇA DO MERGULHO - RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS

Para promover a saúde e segurança no mergulho, as seguintes recomendações práticas devem ser consideradas:

 A regra geral é que o mergulhador deve evitar ficar com o estômago cheio antes do mergulho. Estômago cheio é uma predisposição para dois possíveis
problemas: barotrauma gastrintestinal e regurgitação do alimento presente no estômago1.
 Os mergulhadores não devem consumir uma refeição pesada (com volume excessivo e gordurosas) nas duas horas anteriores ao Mergulho1,10, 40.
 A hidratação é essencial para o desempenho corporal. Os mergulhadores devem beber líquido suficiente para equilibrar as perdas de líquido. Duas
horas antes do exercício, 400–600 mL de líquido devem ser consumidos. Após o mergulho, o mergulhador deve beber líquidos adequados para repor
as perdas pelo suor durante o exercício41. A recomendação é que ao menos 2L de água a ser ingerido por dia. Acima desse valor, a orientação é que o
mergulhador ingira líquidos de acordo com sua sensação de sede.
 Em geral, a ingestão de líquidos pode ser considerada adequada se a urina produzida for de cor clara. A baixa ingestão de líquidos está associada à
micção infrequente e a uma urina escura e opaca12.
 A refeição pré atividade física, incluindo o mergulho, deve ser pequena, fornecer líquido suficiente para manter a hidratação, ser relativamente baixa
em gorduras e fibras para facilitar o esvaziamento gástrico e minimizar o desconforto gastrointestinal, ser relativamente rica em carboidratos
complexos, para maximizar a manutenção da glicose no sangue, ser moderada em proteínas, ser composta por alimentos familiares e bem tolerados41.
 Dietas com alto teor de gordura não são recomendadas para mergulhadores. Além dos riscos relacionados a doenças cardíacas, uma das principais
causas de morte em mergulhadores, a ingestão de gorduras está associada a um maior risco de estresse descompressivo. Pode-se afirmar que quanto
maior o valor da ingestão diária de gordura, maior a probabilidade de ocorrer estresse descompressivo (aumentando estatisticamente o risco de mal
descompressivo).
 Mantenha um adequado estilo de vida com exercícios regulares e alimentação balanceada, rica em frutas e vegetais. Estima-se que o risco de estresse
descompressivo seja 12,73 vezes maior em indivíduos com alto nível de triglicerídeos e 5,43 vezes maior naqueles com alto nível de colesterol1.

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 Flato é o subproduto metabólico das bactérias intestinais. O metabolismo bacteriano produz volumes significativos de H2, CH4 e CO2. O H2 é produzido
em grandes quantidades em pacientes com síndromes de má absorção e após comer certas frutas e vegetais que contêm carboidratos não digeríveis
(por exemplo, feijão), açúcares (por exemplo, frutose - presente no mel, melancia, manga, peras ...) ou açúcares álcool (sorbitol - presente em maçãs,
peras, frutos de caroço…). O mergulhador com sintomas excessivos de gases constantes deve buscar avaliação profissional de saúde para melhor
orientação.
 Evite comer grandes quantidades de alimentos produtores de gases (leguminosas e crucíferas) antes de mergulhar10. São exemplos de alimentos a
serem evitados para reduzir flatulência: mel, maçãs, peras, melancia, feijão-fradinho, feijão, frutas de caroço (por exemplo, pêssegos, ameixas,
cerejas), cebola, alho-poró, aspargos, alcachofras, legumes, lentilhas, repolho, couve de Bruxelas, pão à base de trigo e de centeio, massas, cereais
matinais, bolos e biscoitos42.
 Aerofagia é a ingestão excessiva de ar, que pode ficar preso no esôfago e no estômago. Os mergulhadores devem evitar alimentos de difícil digestão
e bebidas carbonatadas (ex: refrigerantes) antes de qualquer mergulho27. Outras causas de aerofagia incluem: respiração pela boca devido à congestão
nasal, comer ou beber muito rápido, atividade física extenuante que resulta em respiração pesada ou falta de ar (porque acaba engolindo o ar em vez
de apenas respirar), ansiedade que leva à hiperventilação43, mascar chiclete, falar enquanto come e realizar muitas manobras de Valsalva31.
 Arrotos durante o mergulho devem ser recomendados28 para liberar o excesso de gás do trato digestivo.
 Mantenha a flora intestinal saudável - Para evitar a disbiose intestinal (fator de produção de gás), a dieta deve ser pobre em: carne vermelha, em
gordura saturada e trans (por exemplo, bacon e margarina), em adoçantes artificiais e em carboidratos processados (por exemplo, açúcar refinado e
farinha de trigo). Por outro lado, uma dieta rica em carboidratos não digeríveis (como fibras), beneficiará a saúde por meio da estimulação seletiva
do crescimento e / ou atividade de certos microrganismos. Fontes de prebióticos incluem banana, trigo não refinado e cevada, aveia crua, por exemplo.
Alimentos fermentados contendo bactérias lácticas, como laticínios em cultura e iogurte, representam uma fonte de microrganismos ingeríveis
(probióticos) que podem regular de forma benéfica a saúde intestinal.

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 Frutas e legumes e vegetais contêm numerosos antioxidantes como vitaminas C, E, betacaroteno, etc., que são absolutamente necessários a uma
dieta balanceada em pessoas que trabalham em condições hiperbáricas, devido aos efeitos na redução do estresse descompressivo19.
 Uma dieta rica em polifenóis, que possi propriedades antioxidantes, está associada a efeitos positivos28. Alimentos com alto teor de polifenóis incluem
frutas, sementes, vegetais, chá, produtos de cacau e vinho.
 Semelhante ao estresse imunológico em altitude, os atletas aquáticos que lidam com a poluição do ar e da água também podem se beneficiar de
intervenções nutricionais, como ingestão adequada de carboidratos e antioxidantes e, possivelmente, polifenóis vegetais e probióticos11.
 O mergulhador não deve entrar na água se gravemente afetado pelo enjoo do mar27. Manter os olhos focados no horizonte ajuda a reduzir o enjoo.
 Evitar estritamente o consumo de álcool e as drogas.
 Cuidado com medicamentos que possam ter efeito irritativo ao estômago e predisponha a náuseas e vômitos (por exemplo, aspirina e anti-
inflamatórios) 31.
 Vegetarianos podem correr o risco de baixa ingestão de energia, proteína, gordura e micronutrientes essenciais, como ferro, cálcio, vitamina D,
riboflavina, zinco e B12. A consulta com um nutricionista é recomendada para evitar esses problemas nutricionais14.
 Autoconhecimento é importante. O mergulhador deve sempre garantir que sabe o que funciona melhor para si, observando a reação do corpo a
diferentes alimentos e deve optar por experimentar novos alimentos e bebidas durante o tempo em que estiver em terra, fora do turno de embarque.
 Atenção especial deve ser dada às condições sanitárias da água e ao preparo e conservação dos alimentos na prevenção de doenças transmitidas por
alimentos (DTA), que podem causar desidratação e outras condições potencialmente perigosas no mergulho, como vômitos.
 O refluxo está associado a um risco aumentado de vômito durante o mergulho. Acredita-se que fatores comportamentais e dietéticos estejam
associados à Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Não combine alimentos e líquidos e evite comer ou beber duas horas antes de ir para a
cama31. Evite ou reduza o fumo, o álcool, a cafeína, os alimentos condimentados, os gordurosos, os cítricos, assim como o chocolate36.
 A obesidade central é o principal contribuinte para o refluxo, aumentando as pressões intra-abdominais. A perda de peso com redução da pressão
intra-abdominal pode reduzir o refluxo em 30%31.

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 Keep Calm! Os estados emocionais podem ter efeitos importantes no comportamento alimentar e a compreensão dessa relação é uma parte essencial
do processo de promoção de uma alimentação saudável e consciente. Além das mudanças fisiológicas e psicológicas que o ambiente subaquático
oferece, os mergulhadores comerciais geralmente lidam com os desafios do trabalho offshore, nos quais o confinamento, as condições ambientais, o
regime de turnos, as relações de convivência, a distância familiar e outros aspectos serão impostos durante o embarque. Existem evidências que
sugerem que a maioria das pessoas tende a mudar seu comportamento alimentar quando se acredita estar estressada, com cerca de 80% das pessoas
alterando sua ingestão calórica aumentando ou diminuindo seu consumo44.
 O mergulho é uma atividade que impõe tensões físicas, fisiológicas e psicológicas inevitáveis aos profissionais de mergulho. Doenças mentais e físicas
podem fazer com que os mergulhadores sejam considerados clinicamente incapazes de mergulhar45. Os exames médicos, que definem a aptidão ao
mergulho, devem ser criteriosos e o mergulhador, que é quem conhece seu estado de saúde, possui o dever de informar sobre quaisquer condições
que possam vir a colocar em risco sua segurança e dos demais membros da equipe de mergulho.

Referências Bibliográficas

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14. June 2019, J. Reyes Genere and K.K. Wang updated the sections ‘Pathophysiology’, ‘complications’, ‘medical therapy’, ‘References’, and ‘Further
reading’. The remaining sections and all figures are new in this edition. This is an update of J. Patrick Waring, Gastroesophageal Reflux Disease (GERD),
In Encyclopedia of Gastroenterology, edited by Leonard R. Johnson, Elsevier, New York, 2004, Pages 203–210.Encyclopedia of Gastroenterology, 2nd
Edition https://doi.org/10.1016/B978-0-12-801238-3.65937-8
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