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SMS/ECE/SMCN

Segurança em Mergulho e Conformidade Naval


Fevereiro de 2021

UNIFORMIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DE CONTINGÊNCIAS NAS TABELAS DE


MERGULHO

1. OBJETIVO
Uniformizar o entendimento e padronizar a aplicação das Tabelas de Mergulho entre as empresas
que prestam serviço para a Petrobras.

2. HISTÓRICO

A Petrobras historicamente utiliza as Tabelas de Mergulho aprovadas pela Marinha do Brasil, que
são oriundas do Manual de Mergulho da US Navy, atualmente na revisão 7. No entanto, sabe-se que
essas tabelas apresentam valores médios obtidos para uma população de mergulhadores militares da
Marinha Americana. Com efeito, ao longo dos anos foram observados vários casos de Doenças
Descompressivas (DD) onde não houve nenhum descumprimento das Tabelas. Em especial, no
primeiro trimestre de 2018, ocorreram dois casos de DD na Bacia de Campos em que não foi
violado o limite de tempo de fundo da tabela vigente. Isso provocou a constituição de um Grupo de
Trabalho (GT) dentro da Petrobras, que se debruçou sobre o problema e estabeleceu o uso de
algumas contingências nas tabelas de mergulho. Muito embora a revisão 7 do Manual de Mergulho
da US Navy estabeleça que não é necessário adotar essas contingências, a Petrobras optou por ser
mais conservadora e preventiva, aplicando essas contingências para reduzir o tempo de fundo de
acordo com as condições do mergulho, diminuindo a probabilidade de ocorrência de uma DD, sem
com isso ferir em nada a legislação vigente, pois apenas estamos trabalhando com uma margem de
segurança em relação ao limite estabelecido pela tabela da US Navy.

3. DEFINIÇÃO DAS CONTINGÊNCIAS


 Uma contingência Padrão (já engloba esforço físico);
 Contingências adicionais:
1- Correnteza superior a 1,5 nós;
2- Temperatura da água de 20 graus para menor e 27 graus para maior;
 Com um número de contingências maior do que 3, o mergulho deve ser abortado.

4. APLICAÇÃO DAS CONTINGÊNCIAS NAS TABELAS DE MERGULHO


A cada nova contingência, apenas reduz em uma casa o tempo de fundo (andar para a esquerda na
Tabela), sem alterar profundidade. O Grupo Repetitivo (GR) será o correspondente ao novo tempo
limite de fundo.
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Exemplo 1: Planeja-se realizar um mergulho a 20 m de profundidade, com esforço físico leve,


correnteza de 0,8 nós e temperatura da água de 22ºC. Qual deverá ser o tempo de fundo máximo
para esse mergulho?

Multiplicando o valor da profundidade em metros pelo fator de conversão para pés (3,281), obtemos
65,62 pés. Como o arredondamento deve-se dar sempre para profundidade imediatamente superior
que conste na Tabela, trabalhamos com a profundidade de 70 pés.
Como não há contingências adicionais (correnteza e temperatura dentro da normalidade), aplicamos
apenas a contingência padrão, que já contempla o esforço físico. Assim, andamos apenas uma casa
para a esquerda.
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Exemplo 2: Planeja-se realizar um mergulho a 30 m de profundidade, com esforço físico


moderado, correnteza de 1,2 nós e temperatura da água de 18ºC. Após um intervalo de superfície de
3 horas, deseja-se realizar, com o mesmo mergulhador, um segundo mergulho a 15 m de
profundidade, nas mesmas condições de correnteza e temperatura. Qual deverá ser o tempo máximo
dos dois mergulhos?

Multiplicando o valor da profundidade do primeiro mergulho em metros pelo fator de conversão


para pés (3,281), obtemos 98,43 pés. Como o arredondamento deve-se dar sempre para
profundidade imediatamente superior que conste na Tabela, trabalhamos com a profundidade de
100 pés.
Aplicamos duas contingências na Tabela (contingência padrão, que já engloba o esforço, e a
contingência adicional de temperatura). Assim, andamos duas casas para a esquerda.
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Logo após o primeiro mergulho, ele estará no Grupo Repetitivo F. Após 3 horas de intervalo de
superfície, o GR cairá para C. O próximo mergulho será a 15 m, que corresponde a 49,21 pés. Logo,
deverá ser adotado 50 pés na tabela.
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Portanto, o TNR do segundo mergulho será de 23 minutos.


No planejamento do segundo mergulho, aplicamos duas contingências na Tabela (contingência
padrão, que já engloba o esforço, e a contingência adicional de temperatura). Assim, andamos duas
casas para a esquerda.

Assim, chegamos a um tempo limite de fundo de 80 minutos e GR igual a K. No entanto, temos que
lembrar que o mergulhador carrega 23 minutos de TNR que devem ser considerados no tempo de
fundo do segundo mergulho. Portanto, na prática, ele só poderá permanecer 57 minutos no fundo.
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Apesar das contingências não serem normativas, a Petrobras orienta que as contratadas as utilizem
visando aumentar os níveis de segurança e minimizando a incidência de acidentes descompressivos.

Os procedimentos para a aplicação das contingências estão detalhadamente explicados acima neste
documento. Contudo, faz-se necessário abordar uma outra situação em que o tempo de fundo de um
primeiro mergulho não esteja sendo realizado no seu limite máximo sem descompressão.

Na hipótese de um primeiro mergulho não ter atingindo o limite sem descompressão, devemos
adotar o seguinte procedimento:

Exemplo 3: Planeja-se realizar um mergulho a 20 m de profundidade por um tempo de fundo de 30


minutos.

Será utilizada a tabela de 21 m / 70 pés. E quanto ao tempo de fundo, vamos considerar 32 minutos,
que é o próximo tempo, seguindo as regras de aplicação das tabelas. Assim, aplica-se o grupo
repetitivo real indicado na tabela. O grupo repetitivo referente a esse mergulho será a letra “G”.

As contingências são aplicadas apenas no tempo limite de fundo. Neste caso, o tempo limite pela
tabela seria de 48 min, mas cai para 47 min com a aplicação de uma contingência e para 42 min
com a aplicação de duas contingências. A intenção é distanciar-se do limite do tempo de fundo. Em
um mergulho realizado que não tenha sido atingindo o seu limite, a segurança já foi contemplada.

Desta forma, não há nenhuma recomendação para alteração do grupo repetitivo nas tabelas de
mergulho e não se considera andar casas à direita com o intuito de ser mais conservador. A única
alteração contemplada é no tempo limite de fundo.

Em se realizando um mergulho repetitivo, para o cálculo da tabela para esse segundo mergulho,
devemos primeiramente considerar as contingências existentes a serem aplicadas a partir do tempo
limite, e subtrair o TNR do tempo encontrado para que se identifique o limite de tempo máximo
permitido para esse segundo mergulho.

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