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Índice

01. Efeito do exercício físico na fisiologia intestinal...........3

02. Impacto do exercício de alta intensidade na saúde


intestinal..................................................................................................5

03. Eixo intestino – músculo..............................................................8

04. Como o exercício físico altera a microbiota..................10

05. Efeito da microbiota intestinal no desempenho


físico..........................................................................................................12

06. Suplementação para melhora do desempenho


físico...........................................................................................................13

07. Probióticos e desempenho físico.........................................16

08. Prática clínica: o que usar antes e após a sessão de


treinamento?......................................................................................17

09. Uso agudo e crônico de suplementos nutricionais


ergogênicos.........................................................................................19
Efeito do exercício físico na
fisiologia intestinal
A prática regular de atividade física é um dos pilares dos hábitos de
vida saudáveis. A melhora na composição corporal e o
fortalecimento dos sistemas cardiovascular, respiratório e
imunológico são os benefícios mais conhecidos dessa prática.

Mas os efeitos benéficos da atividade física não param por aí! Há


alguns anos a literatura científica tem mostrado os efeitos da
prática regular de exercício físico na saúde do sistema
gastrointestinal.

Durante a atividade física, a liberação de catecolaminas pelas


glândulas suprarrenais promove o aumento do fluxo sanguíneo
para o coração, pulmão e músculos e a redução do fluxo sanguíneo
para o intestino.

Hormônios que interferem na motilidade intestinal, tais como o


peptídeo intestinal vasoativo (reduz a absorção, o que mantém o
volume do conteúdo intestinal alto), a secretina e a gastrina são
liberados durante a atividade física, promovendo o aumento da
motilidade gástrica e a redução do tempo de trânsito intestinal.

Ademais, a prática de atividade física pode promover a hipertrofia


dos músculos abdominais, que são importantes para o movimento
de evacuação.

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Devido a essas alterações fisiológicas, a prática de exercícios
intensos pode gerar sintomas gastrointestinais indesejáveis, como
vômito, náusea e diarreia, pois todos os efeitos descritos se
apresentam de forma também mais expressiva com o aumento da
intensidade do exercício.

Uma forma de minimizar esses sintomas é manter a hidratação


adequada antes e durante a sessão de treinamento, evitar o
consumo de alimentos ricos em fibras antes dos treinos, pois as
fibras podem aumentar a motilidade intestinal, e evitar o uso de
suplementos ou alimentos que sejam irritantes da mucosa do trato
gastrointestinal, que possam causar esses sintomas.

Por todas as adaptações fisiológicas que ocorrem no TGI


mencionadas acima, a prática de atividade física apresenta,
portanto, efeito positivo no tratamento da constipação e com isso
reduz os riscos de câncer de cólon, de doenças inflamatórias
intestinais, de diverticulite e de colelitíase (pedra nas vesículas).

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Impacto do exercício de
alta intensidade na saúde
intestinal
As respostas fisiológicas provocadas pelo exercício dependem da
intensidade do treinamento. Atletas submetidos a treinos intensos
e por longos períodos precisam ter atenção especial à saúde
intestinal, para evitar desconfortos capazes de afetar tanto o
rendimento quanto a saúde física de forma geral.

Durante o exercício, ocorre o aumento da liberação de


catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e de glicocorticoides na
circulação sanguínea.

Também há ativação do sistema nervoso autônomo – simpático e


parassimpático – capaz de elevar ainda mais os níveis de
neurotransmissores no sistema cardiovascular e no trato
gastrointestinal.

Em exercícios extenuantes, a redução do fluxo sanguíneo no


intestino é capaz de prejudicar a integridade da mucosa intestinal,
aumentando a permeabilidade e inflamação intestinal. Em casos
mais graves, é possível que atletas apresentem sangramento
intestinal logo após as provas de longa duração.

A desidratação, além de reduzir o rendimento do atleta, também


contribui para o agravamento dos sintomas gastrointestinais
gerados pela atividade física extenuante.

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O estresse provocado pelo treinamento ativa a secreção de
hormônio liberador de corticotrofina e de arginina vasopressina,
que estimulam a secreção do hormônio adrenocorticotrófico
(ACTH).

O ACTH estimula a síntese e a liberação de glicocorticoides. O


aumento dos níveis circulantes de cortisol e de ACTH é mais
intenso quando a atividade física exige mais esforço físico e ocorre
por um longo período.

Ademais, o sistema gastrointestinal promove a liberação de


hormônios – ácido gama-aminobutírico (GABA), neunopepetídeo Y
e dopamina – que parecem ter a capacidade de gerar sintomas
gastrointestinais.

Além desses fatores hormonais, fatores mecânicos, associados ao


impacto provocado pelo exercício intenso e por longos períodos,
contribuem para a distensão da mucosa intestinal e para o
aumento da permeabilidade intestinal, graças a rupturas nas
ligações entre as células da mucosa intestinal (tigth junctions).

A hipermeabilidade intestinal está associada a disbiose intestinal e


a sintomas gastrointestinais que podem prejudicar o rendimento
do atleta.

Considerando os efeitos gastrointestinais gerados pelo exercício


intenso, torna-se necessário adotar os seguintes cuidados para
minimizar esses sintomas:

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Aumentar
gradativamente a Manter a hidratação
intensidade e o tempo de adequada antes e
treinamentos, evitando o durante as sessões de
aumento brusco do nível treino;
e de atividade praticada;

Realizar reposição de Evitar o consumo de


eletrólitos durante o fibras antes dos treinos;
treinamento, quando
necessário;

Repor carboidratos, quando


necessário, utilizando
Evitar o consumo de
bebidas com 6% de
refeições com grandes
carboidrato (podendo variar
volumes antes da
entre 4 e 8g/decilitro), pois
atividade física;
possuem maior taxa de
esvaziamento gástrico.

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Eixo intestino–músculo
A quantidade de massa muscular e a qualidade da microbiota
intestinal estão intimamente associadas a fatores dietéticos. Mas a
relação entre o tecido muscular e o intestino não estão restritas a
esse ponto.

O músculo é capaz de regular a saúde intestinal e vice-versa.


Entretanto, os mecanismos em que isso ocorre ainda não estão
completamente elucidados. Os fatores que interferem nessa
relação estão descritos a seguir.

As proteínas são essenciais para a manutenção e síntese de tecido


muscular. Os microrganismos que habitam o intestino e formam a
microbiota intestinal podem alterar a absorção desse nutriente.

A microbiota também tem potencial para sintetizar o triptofano –


um aminoácido essencial para o funcionamento do organismo,
mas o homem não é capaz de sintetizá-lo. Além disso, o triptofano é
necessário para estimular o aumento das fibras de proteínas
contráteis.

A microbiota intestinal é capaz de sintetizar cobalamina (vitamina


B12) e folato, que auxiliam no anabolismo muscular e ainda
exercem atividade antioxidante.

Em idosos, o eixo intestino-músculo parece exercer um papel


importante para o desenvolvimento de perda involuntária da
massa e da força muscular – conhecida como sarcopenia.

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Estudos recentes demonstram que a modulação da microbiota
intestinal com probióticos tem potencial para aumentar a força
muscular de idosos e que o uso de prebióticos pode reduzir a
inflamação e melhorar a sensibilidade à insulina.

Ademais, a inatividade física, que afeta tanto o microbioma quanto


o tecido muscular, é um dos principais fatores de risco para a
sarcopenia.

Outro fator que corrobora essa relação é o fato de a alimentação


interferir tanto no desenvolvimento da sarcopenia quanto na saúde
intestinal. A disbiose intestinal, que pode ser provocada pela
alimentação inadequada, gera um processo inflamatório que
supostamente está relacionado às dificuldades para manutenção e
síntese de tecido muscular observadas em idosos.

Considerando essas relações entre o tecido muscular e o sistema


gastrointestinal, podemos afirmar que a alimentação adequada e a
prática regular de atividade física – capaz de manter e aumentar a
massa muscular – trazem mais benefícios à saúde quando
ocorrerem simultaneamente.

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Como o exercício físico
altera a microbiota
A microbiota intestinal é formada por bactérias, fungos, arqueias e
vírus e a sua composição depende da idade, da dieta, do padrão de
sono, do nível de atividade física, de doenças prévias, entre outros.

Quando em equilíbrio, essa microbiota possui menor quantidade


de microrganismos potencialmente maléficos e maior quantidade
de microrganismos benéficos.

Nessa situação, a microbiota é capaz de fermentar restos


alimentares que chegam ao intestino e sintetizar ácidos graxos de
cadeia curta (AGCC), que são utilizados como fonte de energia
pelas células da mucosa intestinal e estimulam a síntese de muco
capaz de proteger essa mucosa, fortalecendo a função imunológica
do intestino.

O desequilíbrio na microbiota – denominado disbiose – além de


causar sintomas gastrointestinais (distensão abdominal, náusea,
diarreia, constipação, cólicas intestinais etc.) prejudica a integridade
da mucosa gerando uma inflamação.

A modulação da microbiota intestinal pela prática de atividades


físicas está sendo investigada há muitos anos. Essa modulação
depende do tipo de exercício, da duração e da frequência de treino.

Abundância de Eubacterium rectale, microrganismo capaz de


sintetizar butirato, que é um AGCC, foi encontrada em atletas que
utilizavam predominantemente carboidratos na dieta. Entretanto,
essa bactéria está relacionada a disbiose e inflamação.

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Também em atletas, foi encontrada abundância de Akkermansia
muciniphila, uma bactéria associada a uma microbiota saudável.

Melhoras na microbiota intestinal ocorrem quando indivíduos não


ativos iniciam treinamento físico. Nesse caso, as bactérias
aumentam a capacidade de fermentar os restos alimentares, o que
favorece a saúde do hospedeiro.

Indivíduos eutróficos apresentam aumento nas quantidades de


bactérias produtoras de AGCC, tais como Roseburia spp.,
Lachnospira spp., Lachnospriaceae, Clostridiales e
Faecalibacterium.

De maneira geral, o microbioma do praticante de atividade física


apresenta maior quantidade de microrganismos benéficos à saúde.
Entretanto, é preciso considerar também a qualidade da dieta e os
hábitos de vida, pois não é possível modular a microbiota apenas
com a prática de atividades físicas.

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Efeito da microbiota
intestinal no desempenho
físico
A microbiota intestinal desempenha um papel importante para
todo o organismo. Quando em equilíbrio, sintetiza ácidos graxos de
cadeia curta (AGCC) que exercem diversas funções, dentre elas:
participam da síntese do muco responsável por proteger a barreira
intestinal; fortalecem a barreira intestinal, pois servem de energia
para os enterócitos e controlam a síntese de proteínas que atuam
nas ligações entre essas células; inibem a síntese de citocinas pró-
inflamatórias; e participam do controle do gasto energético no
sistema nervoso central.

Tudo isso contribui para a manutenção da saúde do hospedeiro e


minimiza os riscos de desconfortos intestinais, que podem reduzir o
desempenho físico. Algumas pesquisas sugerem que os AGCC
podem exercer influência direta no desempenho físico.

Uma microbiota em equilíbrio permite a absorção adequada de


nutrientes e contribui para a captação de energia durante os
treinos, o que é benéfico aos desportistas, especialmente durante
os exercícios de alta intensidade. O desequilíbrio da microbiota
prejudica a digestão dos alimentos e causa sintomas
gastrointestinais que podem levar a uma redução na frequência
dos treinos.

Estudos bem delineados ainda não foram realizados em humanos


para identificar o real papel da microbiota no desempenho
esportivo. Entretanto, é possível afirmar que o microbioma saudável
traz benefícios aos praticantes de atividade física.

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Suplementação para
melhora do desempenho
físico: creatina, L-carnitina, beta-
alanina, proteína, carboidrato.
Como treinar o intestino?
O consumo de suplementos para melhorar o desempenho físico de
atletas e desportistas é comum. Creatina, L-carnitina, beta-alanina,
hiperproteicos e carboidratos são alguns dos suplementos mais
utilizados atualmente.

• A creatina monoidratada é o suplemento que tem evidências


mais robustas comprovando a capacidade de melhorar o
desempenho físico.

Esse suplemento aumenta a concentração intramuscular de


creatina, retardando a sensação de fadiga em exercícios muitos
intensos e de curta duração. Isso favorece o ganho de força e a
hipertrofia muscular a longo prazo.

A dose de creatina varia de acordo com o protocolo utilizado e com


o peso do indivíduo. Além de contribuir para o desempenho físico,
alguns estudos encontraram benefícios na prevenção de lesões e
na recuperação pós-exercício.

• A L- carnitina é fundamental para a oxidação de ácidos graxos e o


nosso organismo é capaz de sintetizá-la em quantidades
suficientes para promover a quebra das gorduras. Esse suplemento
supostamente é eficaz para a redução da dor após o treinamento
físico.

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Estudos adicionais precisam ser realizados, pois seu uso crônico
(mais de 3 meses) pode aumentar os níveis de N-óxido de
trimetilamina (TMAO), que está associado a doenças
ateroscleróticas.

• A beta-alanina, que funciona como um sistema tampão, pode ser


utilizada por indivíduos que executam atividades em alta
intensidade e tem a capacidade de retardar a fadiga.

• As proteínas exercem um papel fundamental no nosso


organismo. Quando não é possível consumir as quantidades
adequadas de proteína, a suplementação é uma excelente opção.
Esse nutriente é essencial para a hipertrofia muscular e ainda
melhora a performance no esporte.

A quantidade de proteína varia de acordo com sexo, idade, tipo de


atividade física praticada e doença pregressa. Além do famoso
whey protein, é possível encontrar proteínas veganas. As melhores
proteínas de origem vegetal são aquelas que contém uma mistura
de leguminosas e cereais, ofertando todos os aminoácidos
essenciais.

• O consumo adequado de carboidratos fornece energia para os


treinos e para a recuperação muscular. Em treinos com duração
superior a uma hora, é necessário utilizar suplementos de
carboidrato para retardar a fadiga, garantir o desempenho físico
adequado e minimizar os riscos de hipoglicemia.

Essa suplementação deve ser na forma líquida – ou em gel - e com


a concentração de 6% de carboidrato para favorecer o
esvaziamento gástrico. O ideal é a combinação de glicose e frutose,
pois assim é possível recuperar de maneira mais rápida o
glicogênio muscular e hepático.

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Suplemento Recomendação Tipo de efeito Melhor horário

Creatina 5g/ dia Efeito crônico Junto de uma


(manutenção) ou refeição
20g/ dia (semana
de saturação)

L-carnitina 0,5 a 2g/ dia Efeito crônico Independe do


horário

Beta-alanina 3 a 6g/ dia Efeito crônico Fracionar a dose


em 4 vezes. Junto
de uma refeição

Proteína 1,2 a 2,2 g/ Kg peso Efeito agudo e Pós-treino


atual crônico

Carboidrato > 4g/ Kg peso Efeito agudo Durante o treino -


atual Pré-treino - Pós
treino

Sem dúvidas, alguns suplementos auxiliam no desempenho físico.


Entretanto, o essencial é: ter uma dieta equilibrada com ingestão
de água suficiente para manter-se hidratado; manter o padrão de
sono adequado; e praticar atividades físicas regularmente.

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Probióticos e desempenho
físico
Como já foi mencionado nesse e-book, as características da
microbiota interferem na prática de atividade física e podem
prejudicar a performance esportiva do indivíduo.

Diversos trabalhos já mostraram que a suplementação com


probióticos, prebióticos e simbióticos é capaz de modular a
microbiota intestinal.

A redução de infecções no trato respiratório superior - que têm o


potencial de reduzir a frequência e a intensidade dos treinos - e a
redução dos sintomas de desconforto gastrointestinais são
benefícios que os praticantes de atividades físicas podem obter
com a suplementação de probiótico.

Mais estudos precisam investigar a relação direta entre a


suplementação de probióticos e a performance esportiva.

Entretanto, é possível afirmar que a modulação da microbiota


associada a prática de atividades físicas reduz os riscos de diabetes,
obesidade e doenças cardiovasculares.

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Prática clínica: o que usar
antes e após a sessão de
treinamento?
Uma das perguntas mais comuns que um nutricionista escuta é:
mas o que eu posso tomar ou comer no pré-treino e no pós-treino?

Bom, impossível responder essa pergunta sem saber quais seus


objetivos, qual atividade física é praticada, como é a sua rotina
alimentar etc.

Afinal, uma refeição apenas não tem o potencial de garantir o


emagrecimento e nem mesmo a hipertrofia muscular.

Algumas regras, entretanto, são válidas para a maioria das


pessoas.

Nas refeições antes do treino: prefira alimentos com baixa


quantidade de fibras e quantidades moderadas de proteínas e
gordura. Podem ser utilizados alimentos com médio ou alto
índice glicêmico, se não houver contraindicações.

Nesse momento é essencial garantir que a hidratação está


adequada, afinal, a principal causa de queda no desempenho
esportivo é a desidratação.

Também é importante evitar refeições sólidas entre uma e duas


horas antes do treino para minimizar sintomas gastrointestinais.
Indivíduos que treinam pela manhã podem fazer a atividade
física em jejum se não sentirem desconforto.

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Nas refeições após o treino: podem ser consumidos alimentos
ou suplementos, desde que tenham a quantidade adequada de
carboidrato e proteína para permitir a recuperação muscular
adequada.

Nesse momento não é necessário utilizar proteínas de rápida


absorção ou carboidratos de alto índice glicêmico. Além disso,
não é preciso fazer essa refeição imediatamente após o treino.

A necessidade de utilizar suplementos de proteína nesses dois


momentos só ocorre quando a pessoa não consegue obter todos os
nutrientes a partir dos alimentos.

Um suplemento que pode ser utilizado antes do treino e que tem


efeitos positivos no rendimento físico é a cafeína.

Entretanto, é preciso cautela, pois alguns indivíduos não


apresentam nenhum benefício com a suplementação de cafeína e
outros apresentam queda do rendimento.

Cuidar da qualidade da dieta é mais importante do que criar regras


e acreditar em alguns mitos que dificultam a adesão a um padrão
alimentar saudável. As refeições antes e depois do treino devem
estar adaptadas à rotina e às preferências do indivíduo.

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Uso agudo e crônico de
suplementos nutricionais
ergogênicos
Suplementos ergogênicos são aqueles capazes de melhorar a
performance nas atividades físicas. Os resultados referentes ao uso
agudo ou crônico dependem do tipo de suplemento utilizado.

A creatina monoidratada, por exemplo, não produz efeitos


imediatos, por isso seu uso deve ser crônico. Os efeitos ergogênicos
dependem do acúmulo de creatina intramuscular e isso ocorre
gradativamente.

Já a cafeína pode ser utilizada antes do treino e tem efeito


imediato. A dose depende do peso do indivíduo. Esse suplemento
ergogênico estimula a oxidação de gordura em detrimento da
oxidação de glicogênio, entretanto, algumas pessoas não têm a
capacidade para metabolizar adequadamente a cafeína e acabam
apresentando efeitos adversos. Não há estudos bem conduzidos
relatando as consequências do uso crônico de desse suplemento.

O uso crônico de suplementos que possuem adoçantes e corantes


deve ser evitado devido aos efeitos deletérios desses aditivos no
nosso organismo, especialmente relacionados à microbiota
intestinal. Há indícios de que a sacarina, a sucralose e o
Acessulfame de potássio (adoçantes) alteram a microbiota
intestinal e aumentam o risco de resistência à insulina.

Eritritol, sorbitol e manitol são adoçantes que não prejudicam a


microbiota intestinal, exceto nos indivíduos que apresentam
desconfortos gastrointestinais após o uso.

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O maltitol não traz malefícios à microbiota se ingerido em
pequenas quantidades, entretanto, é um adoçante calórico, tem
impacto na glicemia e ainda é menos doce (aproximadamente 60%
do dulçor) que o açúcar comum.

Para adoçar tanto quanto o açúcar, é preciso utilizar uma grande


quantidade de maltitol. Antes de adquirir o seu suplemento, leia o
rótulo para identificar quais adoçantes foram utilizados e dê
preferência para os mais naturais, como por exemplo a taumatina,
que não possui sabor residual, é seguro e é utilizado em pequenas
quantidades, pois tem alta capacidade para adoçar (100.000 vezes
mais doce que o açúcar).
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