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APOSTILA

Curso Especializado para


Condutores de Veículos
de Transporte de Produtos
Perigosos - CETPP
Curso especializado para condutores de veículos de transporte de produtos
perigosos – 2019. Todos os direitos reservados. IbacBrasil – Instituto Base de
Conteúdos e Tecnologias Educacionais Ltda. CNPJ: 05974557000147.

1
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Mônica Catani M. de Souza , CRB-9/807, PR, Brasil)

C977 Curso especializado para condutores de veículos de


transporte de produtos perigosos / IbacBrasil
Tecnologias Educacionais. – Curitiba : IbacBrasil, 2019.

ISBN 978-85-62933-11-0

1. Educação no trânsito. I. IbacBrasil Tecnologias


Educacionais.

CDU 376

2
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos — CETPP

Sumário
Núcleo Temático 1 – Legislação de Trânsito ........................................................................... 9

Unidade de Estudo 1 – Legislação de Trânsito: regra geral .............................................. 9


Objetivo ................................................................................................................................. 9
Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos.............................................. 9
Documentação exigida para condutor e veículo ................................................................ 14
Sinalização viária ................................................................................................................ 23
Infrações, penalidades e crimes de trânsito ....................................................................... 38
Regras gerais de estacionamento, parada, conduta e circulação ..................................... 46

Unidade de Estudo 2 – Legislação específica e normas sobre transporte de produtos


perigosos ............................................................................................................................... 55
Objetivo ............................................................................................................................... 55
Cargas de produtos perigosos ........................................................................................... 57
Conceitos, considerações e exemplos ............................................................................... 58
Acondicionamento .............................................................................................................. 61
Verificação dos instrumentos de tanques........................................................................... 64
Utilização do veículo que transporta produtos perigosos................................................... 65

Unidade de Estudo 3 – Uso do tacógrafo e as infrações e penalidades previstas no


transporte de produtos perigosos. ..................................................................................... 71
Objetivo ............................................................................................................................... 71
Tacógrafo ............................................................................................................................ 71
Importância do uso do tacógrafo ........................................................................................ 76
Infrações e penalidades...................................................................................................... 77

Unidade de Estudo 4 – Documentação e Simbologia ....................................................... 83


Objetivo. .............................................................................................................................. 83
Documentos fiscais e de trânsito ........................................................................................ 83
Documentos e símbolos relativos aos produtos transportados.......................................... 85
Certificado de capacitação ................................................................................................. 86
Ficha de emergência .......................................................................................................... 87
Painel de segurança ........................................................................................................... 89
Rótulos de risco – principal e subsidiário ........................................................................... 91
Marcação e rótulos nas embalagens .................................................................................. 94
Sinalização em veículos ..................................................................................................... 95

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Unidade de Estudo 5 – Responsabilidades do condutor durante o transporte ........... 112
Objetivo. ............................................................................................................................ 112
Fatores de interrupção da viagem .................................................................................... 112
Responsabilidades do condutor antes da viagem ............................................................ 113
Responsabilidades do condutor durante a viagem .......................................................... 115
Responsabilidades do transportador ................................................................................ 116
Responsabilidades do expedidor ..................................................................................... 117
Responsabilidades do fabricante ou importador de produtos e equipamentos ............... 118
Participação do condutor no carregamento e no descarregamento do veículo ............... 119
Trajes e equipamentos de proteção individual ................................................................. 121

Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens


do Código de Trânsito Brasileiro – CTB .............................................................................. 127

Unidade de Estudo 1 – Direção defensiva ....................................................................... 127


Objetivo ............................................................................................................................. 127
Conceito de direção defensiva ......................................................................................... 127
Categorias e elementos da direção defensiva ................................................................. 129
Sinistros de trânsito: causas ............................................................................................. 131
Condições adversas ......................................................................................................... 132
Como ultrapassar ............................................................................................................. 140

Unidade de Estudo 2 – Tipos de acidentes (sinistros) e incidentes de trânsito, como


evitá-los e quais cuidados devem ser tomados na direção ........................................... 145
Objetivo ............................................................................................................................. 145
Cuidados na direção ......................................................................................................... 145
Acidente (sinistro) evitável e não evitável ........................................................................ 149
Acidentes evitáveis ........................................................................................................... 151
O acidente de difícil identificação da causa ..................................................................... 153
Como evitar acidentes de trânsito .................................................................................... 153
A importância de ver e ser visto ....................................................................................... 161

Unidade de Estudo 3 – Comportamento seguro na condução de veículos


especializados ..................................................................................................................... 163
Objetivo. ............................................................................................................................ 163
Comportamento seguro na condução de veículos especializados .................................. 163
Comportamento seguro e comportamento de risco – diferença que pode poupar vidas 171

4
Unidade de Estudo 4 – Estado físico e mental do condutor .......................................... 177
Objetivo. ............................................................................................................................ 177
Estado físico e mental do condutor .................................................................................. 177
Condições que influenciam o modo de dirigir .................................................................. 178
Consumo de bebidas alcoólicas e drogas psicoativas ..................................................... 182

Núcleo Temático 3 – Noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente, convívio


social e prevenção de incêndio ............................................................................................. 188

Unidade de Estudo 1 – Noções de primeiros socorros no trânsito .............................. 188


Objetivo ............................................................................................................................. 188
Noções de primeiros socorros no trânsito ........................................................................ 188
Acidentes de trânsito e omissão de socorro..................................................................... 191
Consequências dos acidentes .......................................................................................... 193
Sinalização do local do acidente ...................................................................................... 193
Acionamento de recursos: bombeiros, polícia, ambulância,
concessionária da via e outros ......................................................................................... 195
Tipos de socorristas .......................................................................................................... 197

Unidade de Estudo 2 – Verificação das condições gerais da vítima de acidente de


trânsito ................................................................................................................................. 202
Objetivo: ............................................................................................................................ 202
Avaliação das condições gerais da vítima de acidente de trânsito .................................. 202
O que são sinais vitais ...................................................................................................... 203
Avaliação inicial ou primária ............................................................................................. 205

Unidade de Estudo 3 – Respeito ao meio ambiente........................................................ 210


Objetivo ............................................................................................................................. 210
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o meio ambiente .............................................. 211
Regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre poluição
ambiental causada por veículos ....................................................................................... 212
Poluição do ar, da água e do solo .................................................................................... 213
Poluição atmosférica: emissão de gases e partículas ..................................................... 214
Materiais recicláveis ......................................................................................................... 217
Queimadas ....................................................................................................................... 219
Vegetação local e animais silvestres ................................................................................ 220
Poluição sonora ................................................................................................................ 220
Responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB ................................................... 224
Manutenção preventiva do veículo ................................................................................... 225

5
Unidade de Estudo 4 – Convívio social ............................................................................ 228
Objetivo ............................................................................................................................. 228
Ser humano: trânsito, cidadania e meio ambiente ........................................................... 228
Indivíduo, grupo e sociedade ........................................................................................... 229
Necessidades do ser humano no convívio social ............................................................ 230
Educação para o trânsito .................................................................................................. 231
Relação entre indivíduo, via e veículo .............................................................................. 232
Comunicação no trânsito .................................................................................................. 233
Relacionamento social no trânsito .................................................................................... 236
Comportamento solidário no trânsito ................................................................................ 236

Unidade de Estudo 5 – Prevenção de incêndios ............................................................. 239


Objetivo ............................................................................................................................. 239
Conceito de fogo ............................................................................................................... 240
Triângulo de fogo .............................................................................................................. 240
Fontes de ignição (calor) .................................................................................................. 242
Incêndio ............................................................................................................................ 243
Classificação de incêndio ................................................................................................. 243
Prevenção de incêndios ................................................................................................... 245
Tipos de aparelhos extintores .......................................................................................... 245
Escolha, manuseio e aplicação dos agentes extintores ................................................... 247

Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos ............................................. 252

Unidade de Estudo 1 – Produtos Perigosos .................................................................... 252


Objetivo ............................................................................................................................. 252
Introdução à movimentação de produtos perigosos ........................................................ 252
Classificação dos produtos perigosos .............................................................................. 254
Simbologia ........................................................................................................................ 257
Reações químicas (conceituações) .................................................................................. 262
Estados físicos da matéria................................................................................................ 263
Efeito de cada classe sobre o meio ambiente .................................................................. 266

Unidade de Estudo 2 – Explosivos ................................................................................... 272


Objetivo ............................................................................................................................. 272
Conceituação de explosivos ............................................................................................. 272
Divisão de classe .............................................................................................................. 274
Regulamentação específica do Ministério da Defesa ...................................................... 276
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 276

6
Procedimentos em caso de emergência .......................................................................... 277

Unidade de Estudo 3 – Gases ............................................................................................ 280


Objetivo ............................................................................................................................. 280
Conceituação de gases .................................................................................................... 280
Gases inflamáveis e não inflamáveis, tóxicos e não-tóxicos ........................................... 281
Gases comprimidos .......................................................................................................... 282
Mistura de gases .............................................................................................................. 283
Gases refrigerados ........................................................................................................... 283
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 286
Procedimentos em casos de emergência ........................................................................ 286

Unidade de Estudo 4 – Líquidos inflamáveis e produtos transportados a temperaturas


elevadas ............................................................................................................................... 289
Objetivo ............................................................................................................................. 289
Definição de líquidos inflamáveis ..................................................................................... 289
Ponto de fulgor ................................................................................................................. 291
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 294
Procedimentos em caso de emergência .......................................................................... 294

Unidade de Estudo 5 – Sólidos Inflamáveis ..................................................................... 297


Objetivo ............................................................................................................................. 297
Sólidos inflamáveis e substâncias sujeitas à combustão ................................................. 297
Sólidos inflamáveis e substâncias que, em contato
com a água, emitem gases inflamáveis ........................................................................... 298
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 299
Procedimentos em caso de emergência .......................................................................... 300
Produtos que necessitam de controle de temperatura ..................................................... 301

Unidade de Estudo 6 – Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos ........................ 304


Objetivo ............................................................................................................................. 304
Conceito de substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos .............................................. 304
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 306
Procedimentos em caso de emergência .......................................................................... 310
Produtos que necessitam de controle de temperatura ..................................................... 312

Unidade de Estudo 7 – Substâncias Tóxicas e Infectantes............................................ 315


Objetivo ............................................................................................................................. 315
Substâncias tóxicas e infectantes .................................................................................... 315
Comportamento preventivo do condutor para substâncias da Classe 6.1 ....................... 318

7
Procedimentos em caso de emergência para substâncias da Classe 6.1 ....................... 319
Comportamento preventivo do condutor para substâncias da Classe 6.2 ....................... 322
Procedimentos em caso de emergência para substâncias da Classe 6.2 ....................... 322

Unidade de Estudo 8 – Substâncias Radioativas ............................................................ 325


Objetivo. ............................................................................................................................ 325
Legislação específica pertinente ...................................................................................... 325
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 332
Procedimentos em casos de emergência ........................................................................ 332

Unidade de Estudo 9 – Corrosivos ................................................................................... 336


Objetivo. ............................................................................................................................ 336
Definição de substância corrosivas .................................................................................. 336
Comportamento preventivo do condutor .......................................................................... 338
Procedimentos em caso de emergência .......................................................................... 339

Unidade de Estudo 10 – Substâncias Perigosas Diversas, Resíduos e seus Riscos


Múltiplos .............................................................................................................................. 342
Objetivo. ............................................................................................................................ 342
Definição de substâncias perigosas diversas................................................................... 342
Comportamento preventivo do condutor de substâncias perigosas diversas .................. 344
Conceito de resíduos ........................................................................................................ 345
Os riscos múltiplos ............................................................................................................ 354
Legislação sobre o transporte de resíduos ...................................................................... 356
Comportamento preventivo do condutor de resíduos ...................................................... 357
Procedimentos em caso de emergência .......................................................................... 357

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Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos — CETPP
Núcleo Temático 1 – Legislação de Trânsito
Unidade de Estudo 1 – Legislação de Trânsito: regra geral

Objetivo: compreender a legislação de trânsito e as determinações gerais do


Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Tópicos desta Unidade:

• Categoria de habilitação e relação com veículos


conduzidos;
• Documentação exigida para condutor e veículo;
• Sinalização viária;
• Infrações, penalidades e crimes de trânsito;
• Regras gerais de estacionamento, parada, conduta e
circulação.

Olá! Seja bem-vindo ao Curso Especializado para Condutores de


Veículos de Transporte de Produtos Perigosos. Vamos iniciar
nossos estudos compreendendo os aspectos centrais da
legislação de trânsito para o exercício da profissão de condutor de veículos de
transporte de produtos perigosos. Estudaremos também a documentação
exigida para condutor e veículo, a sinalização viária, as infrações, os crimes e,
por fim, as regras gerais de estacionamento, parada, conduta e circulação.
Vamos começar?

Categoria de habilitação e relação com veículos


conduzidos

O primeiro passo para exercer a profissão de condutor de veículos de


transporte de produtos perigosos é possuir a habilitação correta para o tipo de

9
veículo que irá dirigir. A legislação determina que esse condutor precisa estar
habilitado em uma das categorias descritas a seguir:

Quadro 1 – Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos

Categoria B Categoria C Categoria D Categoria E

É destinada É destinada É destinada


ao condutor ao condutor ao condutor
de veículos de veículo de veículo
É destinada ao condutor
automotores e motorizado motorizado
de veículo em que a
elétricos, não utilizado em utilizado no
unidade tratora se
abrangidos transporte de transporte de
enquadre nas categorias
pela categoria carga, cujo passageiros,
B, C ou D e cuja unidade
A, cujo Peso peso bruto cuja lotação
acoplada, reboque,
Bruto Total total exceda a exceda a oito
semirreboque, trailer ou
(PBT) não três mil e lugares,
articulada tenha 6.000 kg
exceda a quinhentos excluído o do
(seis mil quilogramas) ou
3.500 kg e quilogramas. motorista.
mais de peso bruto total,
cuja lotação
ou cuja lotação exceda a
não exceda a
8 (oito) lugares.
oito lugares,
excluído o do
motorista.

Após a publicação da Resolução n. 789/2020 do Contran, os termos do art. 143


do CTB tornaram-se mais abrangentes com relação às categorias de
habilitação para dirigir, ou seja, a diversidade de veículos em cada categoria foi
ampliada. Veja a seguir:

Quadro 2 – Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos.


Documento Categoria Descrição de uso
PPD/CNH B - Veículos automotores e elétricos, não
abrangidos pela categoria A, cujo Peso Bruto
Total (PBT) não exceda a 3.500 kg e cuja
lotação não exceda a oito lugares, excluído o do
motorista;

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- Combinações de veículos automotores e
elétricos em que a unidade tratora se enquadre
na categoria B, com unidade acoplada, reboque,
semirreboque, trailer ou articulada, desde que a
soma das duas unidades não exceda o peso
bruto total de 3.500 kg e cuja lotação total não
exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
- Veículos automotores da espécie motor-casa,
cujo peso não exceda a 6.000 kg e cuja lotação
não exceda a oito lugares, excluído o do
motorista;
- Tratores de roda e equipamentos automotores
destinados a executar trabalhos agrícolas;
- Quadriciclos de cabine aberta ou fechada.
CNH C - Veículos automotores e elétricos utilizados em
transporte de carga, cujo PBT exceda a 3.500
kg;
- Tratores de esteira, tratores mistos ou
equipamentos automotores destinados à
movimentação de cargas, de terraplanagem, de
construção ou de pavimentação;
- Veículos automotores da espécie motor-casa,
cujo PBT ultrapasse 6.000 kg e cuja lotação não
exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
- Combinações de veículos automotores e
elétricos que não são abrangidas pela categoria
B, em que a unidade tratora se enquadre nas
categorias B ou C, e desde que o PBT da
unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer
ou articulada seja menor que 6.000 kg;
- Todos os veículos abrangidos pela categoria B.

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CNH D - Veículos automotores e elétricos utilizados no
transporte de passageiros, cuja lotação exceda a
oito lugares, excluído o do condutor;
- Veículos destinados ao transporte de escolares
independentemente da lotação;
- Veículos automotores da espécie motor-casa,
cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do
motorista;
- Ônibus articulado;
- Todos os veículos abrangidos nas categorias B
e C.
CNH E - Combinações de veículos automotores e
elétricos em que a unidade tratora se enquadre
nas categorias B, C ou D e cuja unidade
acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou
articulada tenha 6.000 kg ou mais de PBT, ou
cuja lotação exceda a oito lugares;
- Combinações de veículos automotores e
elétricos com mais de uma unidade tracionada,
independentemente da capacidade máxima de
tração ou PBTC;
- Todos os veículos abrangidos nas categorias
B, C e D.

Fonte: Brasil, 2020b.

Se você vai dirigir um veículo de categoria diferente da habilitação que possui,


deverá solicitar a alteração de categoria de habilitação junto ao Detran do seu
estado. Para isso, é necessário estar com a CNH atual em situação regular
(nem suspensa, nem cassada).

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Os arts. 143 e 145, do CTB determinam as condições que os motoristas devem
cumprir para poder alterar a categoria. Veja abaixo para saber quais são essas
condições.

Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas categorias de A a E,


obedecida a seguinte gradação:

I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de duas ou três rodas,


com ou sem carro lateral;

II - Categoria B - condutor de veículo motorizado, não abrangido pela


categoria A, cujo peso bruto total não exceda a três mil e quinhentos
quilogramas e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista;

III - Categoria C - condutor de veículo motorizado utilizado em transporte


de carga, cujo peso bruto total exceda a três mil e quinhentos quilogramas;

IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado utilizado no transporte


de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do motorista;

V - Categoria E - condutor de combinação de veículos em que a unidade


tratora se enquadre nas categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada,
reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil
quilogramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito)
lugares

§ 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá estar habilitado no


mínimo há um ano na categoria B e não ter cometido nenhuma infração grave
ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias, durante os últimos doze
meses.

§ 2o São os condutores da categoria B autorizados a conduzir veículo


automotor da espécie motor-casa, definida nos termos do Anexo I deste
Código, cujo peso não exceda a 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja
lotação não exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista § 3º Aplica-
se o disposto no inciso V ao condutor da combinação de veículos com mais de

13
uma unidade tracionada, independentemente da capacidade de tração ou do
peso bruto total.

Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para conduzir veículo de


transporte coletivo de passageiros, de escolares, de emergência ou de produto
perigoso, o candidato deverá preencher os seguintes requisitos:

I - ser maior de vinte e um anos;

II - estar habilitado:

a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no mínimo há um ano na


categoria C, quando pretender habilitar-se na categoria D; e

b) no mínimo há um ano na categoria C, quando pretender habilitar-se na


categoria E;

III - não ter cometido mais de uma infração gravíssima nos últimos 12
(doze) meses;

IV - ser aprovado em curso especializado e em curso de treinamento de


prática veicular em situação de risco, nos termos da normatização do
CONTRAN.

Parágrafo único. A participação em curso especializado previsto no inciso IV


independe da observância do disposto no inciso III.

Documentação exigida para condutor e veículo

Para todos os condutores, devidamente habilitados, possuir o documento


durante o deslocamento veicular é obrigatório. Veja o que o art. 159 do CTB
determina sobre a obrigatoriedade de portar esse documento, sempre que
estiver dirigindo:

14
Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em
meio físico e/ou digital, à escolha do condutor, em modelo
único e de acordo com as especificações do Contran,
atendidos os pré-requisitos estabelecidos neste Código,
conterá fotografia, identificação e número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do condutor, terá fé
pública e equivalerá a documento de identidade em todo o
território nacional.
§ 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou da
Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor estiver à
direção do veículo.
Brasil, 1997.

No caso do condutor de veículo de transporte de produtos perigosos, não é


diferente! É necessário portar os documentos pessoais, e também
a documentação do veículo. Vamos estudar, a seguir, quais são esses
documentos.

Documentação para o condutor

Ao condutor de veículos de transporte de produtos perigosos é exigida pela


Resolução Contran n. 789/20, além da CNH na categoria compatível com o
veículo que está conduzindo, a comprovação da realização do curso
especializado com carga horária de 50 horas aula ou a comprovação do
aproveitamento desse curso nos termos dessa resolução.

Para realizar o curso especializado, é necessário atender aos seguintes


requisitos:
- Ser maior de 21 anos;
- Estar habilitado em uma das categorias “B”, “C”, “D” e
“E”;
- Não estar cumprindo pena de suspensão do direito de
dirigir, cassação da Carteira Nacional de Habilitação -

15
CNH, pena decorrente de crime de trânsito, bem como
não estar impedido judicialmente de exercer seus direitos.
Brasil, 2020.

As aulas tratam sobre legislação específica e normas sobre transporte de


produtos perigosos, responsabilidade do condutor durante o transporte desse
tipo de carga e o que fazer, caso aconteça algum acidente, para evitar a
contaminação do solo e de outras pessoas. Além disso, serão abordados os
temas prevenção de incêndio, classificação de produtos perigosos, explosivos
e gases.

Também faz parte da documentação obrigatória para o condutor de veículos de


transporte de produtos perigosos o comprovante do Exame Toxicológico,
determinado pela Resolução Contran n. 691/17, que deve ser feito pelos
condutores já habilitados nas categorias C, D e E, bem como a quem deseja se
habilitar nelas. Esse exame é realizado em laboratórios credenciados pelo
Senatran.

No que diz respeito ao exame toxicológico, o art. 148-A da Lei n. 14.071/2020,


que altera o Código de Trânsito Brasileiro, determina que:

Os condutores das categorias C, D e E deverão comprovar


resultado negativo em exame toxicológico para a obtenção e
a renovação da Carteira Nacional de Habilitação.
Brasil, 2020a.

Qual é o prazo de validade do exame toxicológico?

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O exame toxicológico para condutores de categoria C, D e E tem algumas
particularidades em relação à validade da CNH, à demissão e à admissão.

Exame toxicológico

Os condutores profissionais abrangidos pelas categorias C, D e E deverão


submeter-se a exames toxicológicos para a habilitação e renovação da Carteira
Nacional de Habilitação.

O exame toxicológico busca aferir o consumo de substâncias psicoativas que,


comprovadamente, comprometam a capacidade de direção e deverá ter janela
de detecção mínima de 90 (noventa) dias, nos termos das normas do Contran.
Segundo art. 148-A e parágrafo primeiro da Lei n. 9.503/97:

“148-A Os condutores das categorias C, D e E deverão


submeter-se a exames toxicológicos para a habilitação e
renovação da Carteira Nacional de Habilitação.
§1º O exame de que trata este artigo buscará aferir o
consumo de substâncias psicoativas que,
comprovadamente, comprometam a capacidade de
direção e deverá ter janela de detecção mínima de 90
(noventa) dias, nos termos das normas do Contran.”
Brasil, 1997.

O exame toxicológico periódico de detecção mínima de 90 dias será exigido no


prazo de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses ao condutor de categoria C, D e E, com
idade inferior a 70 (setenta) anos, a contar da data da renovação ou da
obtenção de CNH.

Confira o que diz o segundo o parágrafo segundo do art. 148-A,


independentemente da validade dos demais exames de que trata o inciso I do
art. 147 deste Código:

17
“§ 2º Além da realização do exame previsto no caput
deste artigo, os condutores das categorias C, D e E com
idade inferior a 70 (setenta) anos serão submetidos a
novo exame a cada período de 2 (dois) anos e 6 (seis)
meses, a partir da obtenção ou renovação da Carteira
Nacional de Habilitação, independentemente da validade
dos demais exames de que trata o inciso I do caput do art.
147 deste Código.”

Brasil, 1997.

Demissão e admissão

Conforme dispõe a Lei n. 13.103/2015, que alterou dispositivos legais da CLT,

Art. 5º O art. 168 da Consolidação das Leis do Trabalho –


CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio
de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações:
[...]
§ 6º Serão exigidos exames toxicológicos, previamente à
admissão e por ocasião do desligamento, quando se
tratar de motorista profissional, assegurados o direito à
contraprova em caso de resultado positivo e a
confidencialidade dos resultados dos respectivos exames.

Brasil, 2015.

Ainda, para fins legais, conforme dispõe a Lei n. 13.103/2015, pode ser
utilizado para essa finalidade (admissão e demissão) o exame realizado
conforme os ditames do art. 148-A do Código de Trânsito Brasileiro – CTB,
desde que tenha sido realizado nos últimos 60 dias:

§ 7º Para os fins do disposto no § 6º, será obrigatório


exame toxicológico com janela de detecção mínima de 90
(noventa) dias, específico para substâncias psicoativas

18
que causem dependência ou, comprovadamente,
comprometam a capacidade de direção, podendo ser
utilizado para essa finalidade o exame toxicológico
previsto na Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997 –
Código de Trânsito Brasileiro, desde que realizado nos
últimos 60 (sessenta) dias.

Brasil, 2015.

Infração correspondente ao exame toxicológico

A Lei n. 14.071/2020 cria o dispositivo infracional no art. 165-B, que prevê, no


parágrafo 2º do art. 148-A, a conduta de conduzir sem realizar o exame
toxicológico como infração gravíssima, tendo como penalidades multa e
suspensão do direito de dirigir.

Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual seja exigida


habilitação nas categorias C, D ou E sem realizar o
exame toxicológico previsto no § 2º do art. 148-A deste
Código, após 30 (trinta) dias do vencimento do prazo
estabelecido:

Infração – gravíssima;

Penalidade – multa (cinco vezes) e suspensão do direito


de dirigir por 3 (três) meses, condicionado o levantamento
da suspensão à inclusão no Renach de resultado negativo
em novo exame.”

Brasil, 2020a.

Ou seja, conforme o parágrafo 2º do art. 148-A, os condutores de categorias C,


D e E deverão fazer o exame toxicológico periódico de detecção mínima de 90
(noventa) dias no prazo de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses a contar da obtenção
ou da Atualização da CNH.

19
Exerce Atividade Remunerada – EAR

Outra informação necessária em seu documento de habilitação é o EAR –


Exerce Atividade Remunerada. É uma observação constante na CNH para
exercer atividade remunerada com o veículo, ou seja, prestar serviço de
transporte de pessoas, bens ou valores para pessoa física e/ou jurídica,
autônomos ou contratados, por exemplo: taxista, motofretista, mototaxista,
motorista de van, motorista de ônibus, motorista rodoviário de transporte de
cargas “carreteiro”, entre outros. Para isso, o condutor será submetido a
exames psicológicos na forma da lei.

Acompanhe a seguir a Resolução Contran n. 598/2016, com redação dada pela


Resolução Contran n. 850/2021, que regulamenta esse requisito:

Art. 7º Dentro do campo “Observações” do modelo da CNH


previsto no Anexo I desta Resolução, deverão constar as
restrições médicas e a informação sobre o exercício de
atividade remunerada, todos em formatos padronizados e
abreviados, conforme Anexo II desta Resolução. (NR)

Brasil, 2016.

É importante que você saiba que a informação dos cursos especializados


realizados não constará em sua CNH, sendo necessário, para a fiscalização, o
porte do certificado até que seja incluída a informação no RENACH.

Validade do curso e da atualização

Os cursos especializados têm validade de cinco anos independentemente da


validade da CNH. Após esse prazo, os condutores deverão realizar a
atualização dos respectivos cursos.

O art. 2º da Resolução CONTRAN n. 848/21 determina que:

20
“o condutor especializado deverá portar a comprovação da
conclusão do curso até que essa informação seja registrada
no RENACH, nos termos do §4º do art. 27 da Resolução do
CONTRAN n. 789, de 18 de junho de 2020.”
(BRASIL, 2021)

Além disso, o Contran liberou no app Carteira Digital de Trânsito, a informação


na quarta aba sobre os cursos especializados realizados e a data de validade.

É importante que você saiba que a realização dos cursos especializados e de


suas atualizações constará na base nacional e estará disponível ao agente
fiscalizador no momento da abordagem.

Lembre-se que a partir de setembro de 2022 foi criada a infração do inciso VII
do art. 162 do CTB que prevê a penalidade de multa gravíssima para condutor
que conduzir sem os cursos especializados obrigatórios.

  
"Art. 162 Dirigir veículo:
[...]
VII - sem possuir os cursos especializados ou específicos
obrigatórios:
 Infração - gravíssima;
 Penalidade - multa;
 Medida administrativa - retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado."

Documentação obrigatória do veículo

O transporte de produtos perigosos requer muito cuidado para evitar


acidentes, cujas consequências são sempre muito graves. Isso faz com que
essa modalidade de transporte tenha intensa fiscalização por parte das
autoridades governamentais. Por isso, os cuidados começam com a exigência

21
da habilitação correta do condutor, da formação e da documentação específica
para o veículo, para o serviço, entre outros itens necessários, conforme o
produto que for transportar.

Além dos documentos pessoais e de qualificação profissional, descritos


anteriormente, é necessário que o condutor esteja portando documentação
correta obrigatória do veículo, conforme o art. 22 do Regulamento para o
Transporte de Produtos Perigosos – RTPP (Decreto n. 96.044/1988), que
determina o seguinte:

Art. 22. Sem prejuízo do disposto na legislação fiscal, de transporte, de


trânsito e relativa ao produto transportado, os veículos que estejam
transportando produto perigoso ou os equipamentos relacionados com
essa finalidade, só poderão circular pelas vias públicas portando os
seguintes documentos:
I - Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos Perigosos
a Granel do veículo e dos equipamentos, expedido pelo INMETRO ou
entidade por ele credenciada;
II - Documento Fiscal do produto transportado, contendo as seguintes
informações:
a) número e nome apropriado para embarque;
b) classe e, quando for o caso, subclasse à qual o produto pertence;
c) declaração assinada pelo expedidor de que o produto está
adequadamente acondicionado para suportar os riscos normais de
carregamento, descarregamento e transporte, conforme a
regulamentação em vigor;
III - Ficha de Emergência e Envelope para o Transporte, emitidos pelo
expedidor, de acordo com as NBR-7503, NBR-7504 E NBR-8285,
preenchidos conforme instruções fornecidas pelo fabricante ou
importador do produto transportado, contendo:
a) orientação do fabricante do produto quanto ao que deve ser feito e
como fazer em caso de emergência, acidente ou avaria; e
b) telefone de emergência da corporação de bombeiros e dos órgãos
de policiamento do trânsito, da defesa civil e do meio ambiente ao longo
do itinerário.

22
§ 1º É admitido o Certificado Internacional de Capacidade dos
Equipamentos para o Transporte de Produtos Perigosos a Granel.
§ 2º O Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos
Perigosos a Granel perderá a validade quando o veículo ou o
equipamento:
a) tiver suas características alteradas;
b) não obtiver aprovação em vistoria ou inspeção;
c) não for submetido a vistoria ou inspeção nas épocas estipuladas; e
d) acidentado, não for submetido a nova vistoria após sua recuperação.
§ 3º As vistorias e inspeções serão objeto de laudo técnico e
registradas no Certificado de Capacitação previsto no item I deste
artigo.
§ 4º O Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos
Perigosos a Granel não exime o transportador da responsabilidade por
danos causados pelo veículo, equipamento ou produto perigoso, assim
como a declaração de que trata a alínea “c” do item II deste artigo não
isenta o expedidor da responsabilidade pelos danos causados
exclusivamente pelo produto perigoso, quando agirem com
imprudência, imperícia ou negligência.

Brasil, 1988.

Então, condutor, fique atento para sempre portar os documentos obrigatórios


ao exercício de sua profissão.

A legislação de trânsito, por meio do Código de Trânsito Brasileiro – CTB,


prevê penalização caso você não esteja portando esses documentos no
exercício diário de seu trabalho.
Acompanhe a seguir:

“Art. 232 - Conduzir veículo sem os documentos de porte


obrigatório referidos neste Código: Infração - leve.
Penalidade - multa. Medida administrativa - retenção do
veículo até a apresentação do documento.”

23
Brasil, 1997.

Você compreendeu até aqui os requisitos mínimos para o exercício da


profissão de condutor de produtos perigosos. Como condutor que dirige nas
rodovias, precisará cuidar do trajeto em que opera. Estudaremos, a seguir,
alguns elementos importantes nesse aspecto, como a sinalização viária,
infrações e outras situações referentes ao ato de dirigir o veículo.

Sinalização viária

A sinalização de trânsito é o meio de comunicação entre o sistema de trânsito e


cada um de nós. A sinalização é de fundamental importância para o
deslocamento regular em vias urbanas e, por isso, precisamos conhecer e
praticar a leitura e a identificação de seus símbolos para que possamos utilizar
o espaço corretamente.

Para o condutor de veículo de transporte de produtos perigosos é essencial


obedecer à legislação e à sinalização de trânsito, devido à periculosidade da
carga que irá transportar. Porém, para obedecer a essas regras, você precisa,
antes, conhecê-las.

Vamos recordar os sistemas de sinalização viária que estão previstos na


legislação do CTB e que você encontra todos os dias nos trajetos que percorre.

A Resolução Contran n.º 160/041 aprova o Anexo II do Código de Trânsito e ali


está inserida a classificação da sinalização de trânsito.

Sinalização vertical

1
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_contran_160.pdf

24
O Anexo II do CTB define que a sinalização vertical:

É um subsistema da sinalização viária cujo meio de


comunicação está na posição vertical, normalmente em
placa, fixado ao lado ou suspenso sobre a pista, transmitindo
mensagens de caráter permanente e, eventualmente,
variáveis, através de legendas e/ou símbolos pré-
reconhecidos e legalmente instituídos.

A sinalização vertical é classificada de acordo com sua


função, compreendendo os seguintes tipos:

- Sinalização de Regulamentação;
- Sinalização de Advertência;
- Sinalização de Indicação.”
Brasil, 2004.

Sinalização de regulamentação

“Tem por finalidade informar aos usuários as condições,


proibições, obrigações ou restrições no uso das vias.
Suas mensagens são imperativas e o desrespeito a elas
constitui infração.”

Brasil, 2004.

Observe as sinalizações de regulamentação a seguir.

25
R-1 R-2 R-3 R-4a

Parada Dê a preferência Sentido proibido Proibido virar à


obrigatória esquerda

R-4b R-5a R-5b R-6a

Proibido virar à Proibido retornar Proibido Retornar Proibido


direita à esquerda à Direita estacionar

R-6b R-6 R-7 R-8a

Estacionamento Proibido parar e Proibido Proibido mudar


regulamentado estacionar ultrapassar de faixa ou pista
de trânsito da
esquerda para
direita

R-8b R-9 R-10 R-11

Proibido mudar Proibido trânsito Proibido trânsito Proibido trânsito


de faixa ou pista de caminhões de veículos de veículos de
de trânsito da automotores tração animal
direita para
esquerda

26
R-12 R-13 R-14 R-15

Proibido trânsito Proibido trânsito Peso bruto total Altura Máxima


de bicicletas de tratores e máximo permitido Permitida
máquinas de
obras

R-16 R-17 R-18 R-19

Largura máxima Peso máximo Comprimento Velocidade


permitida permitida por eixo máximo permitido máxima permitida

R-20 R-21 R-22 R-23

Proibido acionar a Alfândega Uso obrigatório Conserve-se à


buzina ou sinal de correntes direita
sonoro

R-24a R-24b R-25a R-25b

Sentido de Passagem Vire à esquerda Vire à direita


circulação da Obrigatória
via/pista

27
R-25c R-25d R-26 R-27

Siga em frente ou Siga em frente ou Siga em frente Ônibus,


à esquerda à direita caminhões e
veículos de
grande porte
mantenham-se à
direita

R-28 R-29 R-30 R-31

Duplo sentido de Proibido trânsito Pedestre, ande Pedestre, ande


circulação de pedestres pela esquerda pela direita

R-32 R-33 R-34 R-35a

Circulação Sentido de Circulação Ciclista, transite à


exclusiva de circulação na exclusiva de esquerda
ônibus rotatória Bicicletas

R-35b R-36a R-36b R-37

Ciclista, transite à Ciclistas à Pedestres à Proibido trânsito


direita esquerda, esquerda, de motocicletas,
pedestres à ciclistas à direita motonetas e
direita ciclomotores

28
R-38 R-39 R-40

Proibido trânsito Circulação Trânsito proibido


de ônibus exclusiva de a carros de mão
caminhões

Sinalização de regulamentação.
Fonte: Brasil, 2007a.

Caso prefira, veja no link2 para visualizar a sinalização de regulamentação no


formato PDF.

Sinalização de advertência

Tem por finalidade alertar os usuários da via para


condições potencialmente perigosas, indicando sua
natureza.
Brasil, 2004.

Você já observou essas sinalizações nas vias?

Veja abaixo exemplos de sinalização de advertência:

2
https://plataforma-jornada.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/aulas/NT_552/UE_2380/assets/files/Placas_regulamentacao_nt1_ue1.pdf

29
A-1a A-1b A-2a A-2b

Curva acentuada Curva acentuada Curva à esquerda Curva à direita


à esquerda à direita

A-3a A-3b A-4a A-4b

Pista sinuosa à Pista sinuosa à Curva acentuada Curva acentuada


esquerda direita em “S” à em “S” à direita
esquerda

A-5a A-5b A-6a A-7a

Curva em “S” à Curva em “S” à Cruzamento de Via lateral à


esquerda direita vias esquerda

A-7b A-8 A-9 A-10a

Via lateral à Interseção em “T” Bifurcação em “Y” Entroncamento


direita oblíquo à
esquerda

30
A-10b A-11a A-11b A-12

Entroncamento Junções Junções Interseção em


oblíquo à direita sucessivas sucessivas círculo
contrárias - contrárias -
primeira à primeira à direita
esquerda

A-13b A-14 A-15


A-13a

Confluência à Confluência à Semáforo à frente Parada


esquerda direita obrigatória à
frente

A-16 A-17 A-18 A-19

Bonde Pista Irregular Saliência ou Depressão


lombada

A-20a A-20b A-21a A-21b

Declive Aclive acentuado Estreitamento de Estreitamento de


acentuado pista ao centro pista à esquerda

31
A-21c A-21d A-21e A-22

Estreitamento de Alargamento de Alargamento de Ponte estreita


pista à direita pista à esquerda pista à direita

A-23 A-24 A-25 A-26a

Ponte móvel Obras Mão dupla Sentido único


adiante

A-26b A-27 A-28 A-29

Sentido duplo Área com Pista Projeção de


desmoronamento escorregadia cascalho

A-30 A-30b A-30c A-31

Trânsito de Passagem Trânsito Trânsito de


ciclistas sinalizada de compartilhado por tratores ou
ciclistas ciclistas e maquinaria
pedestres agrícola

32
A-32a A-32b A-33a A-33b

Trânsito de Passagem Área escolar Passagem


pedestres sinalizada de sinalizada de
pedestres escolares

A-34 A-35 A-36 A-37

Crianças Animais Animais Altura limitada


selvagens

A-38 A-39 A-40 A-41

Largura limitada Passagem de Passagem de Cruz de Santo


nível sem barreira nível com barreira André

A-42a A-42b A-42c A-43

Início de pista Fim de pista Pista dividida Aeroporto


dupla dupla

33
A-44 A-45 A-46 A-47 A-48

Vento lateral Rua sem Peso bruto Peso limitado Comprimento


saída total limitado por eixo limitado

Sinalização de advertência.
Fonte: Brasil, 2014.

Sinalização de indicação

“Tem por finalidade identificar as vias e os locais de


interesse, bem como orientar condutores de veículos
quanto aos percursos, os destinos, as distâncias e os
serviços auxiliares, podendo também ter como função a
educação do usuário. Suas mensagens possuem caráter
informativo ou educativo.”

Brasil, 2004.

A seguir, confira alguns exemplos da sinalização de indicação.

34
1 Placas de identificação de rodovias e estradas

2 Placas de orientação de destino

3 Placas educativas para pedestres e condutores

4 Placas de serviços auxiliares

5 Placas de atrativos turísticos

Sinalização de indicação.
Fonte: Brasil, 2014.

Sinalização horizontal

A sinalização horizontal é composta por linhas, marcações, símbolos e


legendas, que são pintados ou colocados nas vias com o objetivo de organizar
o trânsito e complementar a sinalização vertical de regulamentação,
advertência ou indicação.

Essa sinalização é composta também por:

1. Símbolos direcionais: indicam mudança obrigatória de faixa ou


movimentos em curva, minirrotatória;
2. Símbolos: indicam e alertam o condutor sobre situações específicas na
via. Ex.: símbolo de vaga prioritária para pessoas com deficiência;
3. Legendas: advertem acerca das condições particulares de operação de

35
via e complementam sinais de regulamentação e advertência. Ex.:
“PARE”.

As marcas viárias podem apresentar diversos padrões, os quais transmitem


diferentes significados. Clique nos ícones e acompanhe a seguir:

Linha contínua na cor amarela: Divide a via em fluxos opostos


e não permite ultrapassagem.

Linha seccionada na cor amarela: Divide a via em fluxos


opostos e permite ultrapassagem.

Linha contínua dupla na cor amarela: Divide a via em dois


fluxos opostos e não permite ultrapassagem.

Linha dupla contínua e seccionada na cor amarela: Divide a


via em dois fluxos opostos e não permite ultrapassagem
quando a primeira faixa à esquerda do motorista for contínua.

Linha contínua na cor branca: Divide a via em fluxos do


mesmo sentido e não permite ultrapassagem.

Linha segmentada na cor branca: Divide a via em fluxos do


mesmo sentido e permite ultrapassagem.

Além dessas marcas, ainda existem as linhas de retenção, marcas de


canalização, linhas de estímulos à redução de velocidade, faixas de travessia
de pedestres, marcação de cruzamentos rodocicloviários, marcação da área de
conflito e marca de cruzamento de faixa exclusiva. Observe:

36
Linhas de retenção Marcas de canalização Linhas de estímulos a
redução de velocidade

Faixas de travessia de Marcação de Marcação da área de


pedestres cruzamentos conflito
rodocicloviários

Cruzamento de faixa
exclusiva

Fonte: Brasil 2004.

Dispositivos luminosos

É a sinalização viária que se compõe de indicações luminosas acionadas


alternada ou intermitentemente, cuja função é controlar os deslocamentos.
Controla o fluxo de veículos e de pedestres.

Semáforos

37
São os semáforos que auxiliam e alternam a preferência de passagem na
via, tanto para veículos quanto para ciclistas e pedestres. As cores semafóricas
são padronizadas e servem como ordem de procedimento, portanto devem ser
respeitadas.

As cores vermelho, amarelo e verde se encontram nos semáforos destinados


a veículos e ciclistas; vermelho e verde estão no semáforo para pedestres; e há
ainda a sinalização semafórica amarela de alerta para saída de veículos e
atenção para placas de advertência.

Gestos dos condutores

Os sinais por gestos servem para reforçar ou substituir a


sinalização deficiente do veículo. Muitos motoristas perderam o hábito do uso
de gestos, mas os veículos de tração humana e animal não apresentam
dispositivos luminosos de sinalização, como as bicicletas, por exemplo, e,
assim, seus condutores usam frequentemente os gestos. Veja, na imagem a
seguir, alguns exemplos desses sinais.

Figura 1 – Exemplos de gestos dos condutores.


Fonte: Brasil, 2004.

Sinais sonoros

São utilizados junto aos gestos dos agentes na coordenação do fluxo. Os


silvos, como são chamados, correspondem à mesma ordem semafórica e
servem para chamar a atenção de motoristas sobre a atuação do agente de
trânsito.

38
O agente de trânsito é a autoridade máxima no momento em que está
atuando e, por isso, desobedecer às ordens dele constitui infração grave, de
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro:

“Capítulo XV - DAS INFRAÇÕES


Art. 195 Desobedecer às ordens emanadas da autoridade
competente de trânsito ou de seus agentes:
Infração - grave;
Penalidade - multa.”
Brasil, 1997.

Infrações, penalidades e crimes de trânsito

Entende-se por infração de trânsito (capítulo XV do CTB) a inobservância, o


desrespeito em relação a qualquer preceito do CTB, da legislação
complementar, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas
administrativas indicadas em cada artigo, além das punições previstas no
capítulo XIX (Crimes de trânsito).

Às vezes, as manobras erradas não são suas, mas do outro motorista ou até
mesmo de pedestres, porém você é um condutor profissional e tem a direção
defensiva como elemento de qualidade em seu trabalho!

Infrações

Quando ocorre um desrespeito ou mesmo uma distração em relação às regras


de trânsito, isso gera uma situação de perigo e uma possibilidade de acidente.
Essa ação chama-se de infração de trânsito. O capítulo XV do Código de
Trânsito Brasileiro trata especificamente sobre esse assunto.
Acompanhe:

39
“Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de
qualquer preceito deste Código, da legislação
complementar, e o infrator sujeita-se às penalidades e
medidas administrativas indicadas em cada artigo, além das
punições previstas no Capítulo XIX.”
Brasil, 1997.

Atualmente, estas são algumas das infrações mais comuns praticadas por
motoristas, inclusive os profissionais:

 Usar o telefone celular enquanto dirige;


 Ultrapassar o limite de velocidade; estacionar em local proibido; não dar
preferência a pedestres;
 Não utilizar o cinto de segurança;
 Trafegar pelo acostamento;
 Estar com documentação obrigatória (pessoal/profissional/veicular)
vencida;
 Dirigir cansado ou sob efeito de álcool ou substâncias psicoativas.

Esses são alguns casos mais comuns que se apresentam e que, como
consequência, podem acarretar acidentes com vítimas graves e mortes.

Penalidades

Quando um motorista não cumpre qualquer item da legislação de trânsito, ele


está cometendo uma infração e fica sujeito às penalidades previstas na Lei. As
infrações de trânsito geralmente geram riscos de acidentes e mortes. Seja por
distração ou por imprudência, há um preço alto a se pagar.

As penalidades que serão impostas ao condutor envolvido em situação de


acidente estão definidas no Código de Trânsito Brasileiro, no capítulo XVI, a
saber:

40
“Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das
competências estabelecidas neste Código e dentro de sua
circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as
seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - apreensão do veículo;(Revogado pela Lei n. 13.281,
de 2016)
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.”

Brasil, 1997.

A regulamentação para o condutor é praticamente a única regra constante do


Código de Trânsito Brasileiro. Recordamos aqui o art. 145, que estabelece,
para a condução de determinados veículos, entre os quais os de transporte de
produtos perigosos, preencher determinados requisitos para receber a
capacitação profissional.

No capítulo XVI estão descritas as pontuações que culminarão em penalidades


impostas aos motoristas que desobedecem à legislação de trânsito:

“Art. 259
A cada infração cometida são computados os seguintes
números de pontos:
I - gravíssima - sete pontos;
II - grave - cinco pontos;
III - média - quatro pontos;
IV - leve - três pontos.”

Brasil, 1997.

41
O condutor comum, ao atingir certa quantidade de pontos na CNH em um
período de 12 meses, terá o direito de dirigir suspenso por um prazo de seis
meses a um ano. Se houver reincidência no período de 12 meses, a suspensão
será de 8 a 18 meses.

Esse condutor infrator estará sujeito a:

a. 20 (vinte) pontos: caso constem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas


na pontuação;
b. 30 (trinta) pontos: caso conste 1 (uma) infração gravíssima na
pontuação;
c. 40 (quarenta) pontos: caso não conste nenhuma infração gravíssima na
pontuação.

No entanto, quando se trata de motorista profissional, aquele que exerce


atividade remunerada na condução de um veículo, o procedimento que
acarreta a sua suspensão do direito de dirigir por pontuação tem outra
contagem, conforme recente alteração na legislação de trânsito, dada pela
redação da Lei n. 14.071/2020:

“No caso do condutor que exerce atividade remunerada


com veículo, a penalidade de suspensão do direito de
dirigir de que trata o caput deste artigo será imposta
quando o infrator atingir o limite de pontos previsto na
alínea “c” do inciso “I” (isto é, 40 pontos) do caput deste
artigo, independentemente da natureza das infrações
cometidas. (parágrafo 5º do art. 261 do CTB).”

Brasil, 2020a.

Ainda, segundo o mesmo parágrafo, é facultado ao motorista que exerce


atividade remunerada na condução do veículo “participar de curso preventivo

42
de reciclagem sempre que, no período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta)
pontos, conforme regulamentação do Contran” (Brasil, 2020a).
O condutor profissional, conforme visto acima, pode ter sua carteira suspensa,
ou até mesmo cassada, perdendo o direito de exercer sua função. Nesse caso,
terá de refazer todo seu processo de habilitação. Por esse motivo, é muito
importante estar atento a todos os detalhes e obedecer à legislação e à
sinalização de trânsito.

Crimes de trânsito

O condutor que praticar homicídio culposo ou lesões corporais


culposas na condução de um veículo estará cometendo um crime de
trânsito. A pena prevista vai de restritivas de direitos a privativas de liberdade,
por exemplo, a detenção do condutor.

Quando você é o responsável por um acidente de trânsito com vítima, deve


prestar atendimento, chamando por socorro. Caso abandone o local, estará
cometendo o crime de omissão de socorro e o de afastar-se do local do
acidente. Se a vítima falecer, mesmo que o socorro tenha sido prestado, você
poderá ser responsabilizado por um crime de trânsito previsto no parágrafo 1º,
inciso III, do art. 302 e com o art. 305. Vejamos:

“Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo


automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.

§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo


automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, se o agente

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de


Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à vítima do acidente;

43
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
conduzindo veículo de transporte de passageiros.
[...]
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
lhe possa ser atribuída:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.”

Brasil,1997.

Você conhece quais são os crimes de trânsito? Veja no Quadro 3 o que o


Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz sobre isso.

Quadro 3 – Crimes de trânsito


Crime Artigo do Pena
Código de
Trânsito
Brasileiro
Homicídio culposo Art. 302 Detenção de dois a quatro anos e
suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor. Na conduta
qualificada 3do parágrafo 1º a pena pode
chegar a 6 anos e no parágrafo 3º pode
chegar a 8 anos.

3
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada
de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência:

44
Lesão corporal Art. 303 Detenção de seis meses a dois anos,
culposa4 suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou habilitação. Na conduta
qualificada5 do parágrafo 1º pode chegar a 3
anos e no parágrafo 2º pode chegar a 5
anos.
Omissão de Art. 304 Detenção de seis meses a um ano ou
socorro6 multa.
Evasão do local do Art. 305 Detenção de seis meses a um ano ou
acidente7 multa.
Embriaguez ao Art. 306 Detenção de seis meses a três anos,
volante 8 multa, suspensão, ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para
dirigir.
Violação da Art. 307 Detenção de seis meses a um ano e
suspensão ou multa. O infrator ainda é punido com nova
proibição de dirigir9 suspensão por prazo igual ao que ele
descumpriu.
Participação em Art. 308 Detenção de seis meses a três anos, multa e
suspensão ou proibição de obter a
competição não permissão. Na conduta qualificada11 do
autorizada10 parágrafo 1º pode chegar a 6 anos e no

4
Lesão praticada a uma vítima quando o condutor não quis praticá-la. Pode ser por
imprudência, negligência e imperícia do condutor.
5
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do §
1o do art. 302.
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras
penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
6
Deixar de prestar socorro à vítima ou deixar de comunicar as autoridades sobre o acidente.
7
Fugir do local do acidente sem prestar socorro à vítima e explicação à Justiça
8
Dirigir um veículo automotor após o uso de bebidas alcoólicas.
9
Dirigir um veículo automotor durante a suspensão da CNH ou após a proibição da habilitação
de dirigir.
10
Competições de rua popularmente chamadas de “racha”.
11
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de
produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo
das outras penas previstas neste artigo.
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena

45
parágrafo 2º até 10 anos.
Dirigir sem Art. 309 Detenção de seis meses a um ano e
habilitação12 multa.
Entrega da direção Art. 310 Detenção de seis meses a um ano ou
do veículo a quem multa.
não tem condições
de dirigir13
Excesso de Art. 311 Detenção de seis meses a um ano ou
velocidade14 multa.
Fraude Art. 312 Detenção de seis meses a um ano ou
processual15 multa.

Fonte: Adaptado de Brasil, 1997, atualizado pela Lei n.13.546/17.

Para os crimes dolosos de trânsito, as penalidades são mais severas:

 Por um prazo entre 2 meses e 5 anos, poderá ter a cassação do direito


de dirigir ou a proibição de obter uma nova habilitação;
 Ao ser punido, o condutor pode, além de pagar multa, reparar os danos
causados ao patrimônio público ou a terceiros;
 Para determinados crimes, as penas podem chegar a 20 anos.

A partir de janeiro de 2019, passou a vigorar uma alteração no Código de


Trânsito Brasileiro, com a inclusão do art. 278-A, que corresponde à Lei n.
13.804, de 10 de janeiro de 2019. Esta Lei prevê medidas de repressão ao
contrabando, ao descaminho, ao furto, ao roubo e à receptação (Brasil,
2019). O motorista infrator envolvido nesse delito terá como punição a
perda do direito de dirigir. Mas essa ação é entendida também como um
crime. Se condenado em juízo perante o Código Penal quanto aos crimes
ali previstos (arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de

privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras
penas previstas neste artigo.
12
Dirigir um veículo automotor sem estar habilitado.
13
Consentir que outra pessoa que não tenha a permissão para dirigir ou esteja incapaz dirija
um veículo automotor.
14
Dirigir um veículo automotor em velocidade maior que a permitida na via.
15
Alteração do local ou das cenas do crime, induzindo o perito ou as autoridades ao erro.

46
dezembro de 1940, Código Penal) (Brasil, 1940), o motorista terá sua
carteira de habilitação cassada, ficando 5 anos sem dirigir e somente
poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames
necessários, na forma prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro.

Para saber mais sobre os crimes e as consequências para o condutor, leia os


arts. 291 a 309 do CTB16 (Brasil, 1997).

Regras gerais de estacionamento, parada, conduta e


circulação

Saber dirigir não é o bastante para um condutor profissional. É necessário


o conhecimento da legislação e também entender como funcionam as
normas de circulação e conduta de trânsito. Para isso, vamos explicar alguns
itens importantes. Acompanhe.

Estacionamento

O CTB define estacionamento como a imobilização de veículos por tempo


superior ao necessário para embarque ou desembarque de passageiros (Brasil,
1997). Ou seja, ao estacionar em área destinada à parada de veículos, o
condutor fará uma parada maior do que um embarque/desembarque de
passageiros e, no caso do condutor de veículo de transporte de produtos
perigosos, o cuidado sobre onde estacionar precisa ser redobrado, pois a
parada com um caminhão carregado de produto perigoso não é permitida em
qualquer lugar das vias e rodovias.

O Regulamento para o Transporte de Produtos Perigosos (Brasil, 1988) define


sobre estacionamento, em sua seção IV, que:

16
http://www.planalto.gov..br/ccivil_03/lei/l9503.htm

47
“Art. 14. O veículo transportando produto perigoso só poderá
estacionar para descanso ou pernoite em áreas previamente
determinadas pelas autoridades competentes e,
na inexistência de tais áreas, deverá evitar o
estacionamento em zonas residenciais, logradouros públicos
ou locais de fácil acesso ao público, áreas densamente
povoadas ou de grande concentração de pessoas ou
veículos.
§ 1º Quando, por motivo de emergência, parada técnica,
falha mecânica ou acidente, o veículo parar em local não
autorizado, deverá permanecer sinalizado e sob a
vigilância de seu condutor ou de autoridade local, salvo se a
sua ausência for imprescindível para a comunicação do fato,
pedido de socorro ou atendimento médico.
§ 2º Somente em caso de emergência o veículo poderá
estacionar ou parar nos acostamentos das rodovias.”

Brasil, 1988.

Fica claro que caminhões que transportam produtos perigosos não podem
estacionar em qualquer lugar, perto de uma escola, um clube, um
supermercado, ou lugares que tenham aglomeração de pessoas. Também não
se deve estacionar em um posto de combustível perto do setor de
abastecimento, pois se houver algum vazamento de produto químico, isso
poderá agravar a situação e até causar uma explosão.

Em alguns postos, existem áreas definidas para o estacionamento de cargas


com produtos perigosos a fim de evitar situações perigosas.

Parada

A parada, para carga ou descarga em locais públicos, com aglomerados de


pessoas, como já vimos, não deve acontecer. Porém, se for preciso, devido a
alguma emergência ou avaria no veículo, é necessário permissão especial das

48
autoridades competentes. Caso seja necessário realizar uma parada, você
deve avisar ao Corpo de Bombeiros local para que saibam onde você está,
qual produto transporta, para garantir a segurança em caso de algum incidente.

Conduta

A conduta do motorista irá definir os procedimentos que irão acompanhar todo


o serviço em torno do transporte de produtos perigosos. E você estará à frente
dessa situação, o que requer muita responsabilidade.

Que tipos de condutas são esperadas?


As que tenham os itens de segurança obedecidos!

Sempre adotar os devidos cuidados com a carga que está transportando.


Cuidados como, por exemplo, não deixar que curiosos se aproximem, toquem
na carga ou em produtos, a fim de não haver acidentes como contaminação,
queimaduras ou outras reações adversas.
Se houver alguma situação de emergência, não entre em pânico. Lembre-se
dos conteúdos estudados neste curso e dos treinamentos que recebeu,
colocando em prática os procedimentos de segurança, por exemplo:
 Avise ao Corpo de Bombeiros imediatamente (fone 193);
 Afaste curiosos;
 Siga as orientações da ficha de emergência;
 Se for manusear o produto, utilize os equipamentos de segurança
necessários;
 Contate a empresa na qual trabalha e relate o fato, pedindo orientações
adicionais;
 Acione as autoridades locais e o expedidor (telefone do expedidor na
ficha de emergência);
 Não deixe o veículo sozinho, pois curiosos podem querer mexer nele.

49
Com essas medidas de segurança, poderá minimizar consequências maiores,
evitando situações muito graves.

Circulação

Quanto à circulação do veículo, esta sempre deverá ser realizada com


velocidade compatível, definida pela empresa, como velocidade de segurança.
Lembre-se sempre, condutor, de que há uma carga de produto perigoso com
você. Dirigir um caminhão com produto sólido exige uma dinâmica, mas com
produto líquido exige-se outra, pois o produto terá o empuxo, ou seja, ele “se
move” durante o transporte.

O Código de Trânsito, no capítulo III, trata das normas gerais de circulação e


conduta. Listamos a seguir algumas dessas regras que podem ser úteis em
seus deslocamentos:
 A mão de direção é à direita, ou seja, cuidado para não invadir a
contramão;
 Cuidado com a distância lateral de segurança, ou seja, para não
haver abalroamento17, fique atento aos espelhos retrovisores internos e
externos;
 Nas ultrapassagens, obedecer aos cuidados necessários: sempre pela
esquerda, salvo se o veículo à frente sinalizar que vai entrar à esquerda,
quando então você poderá passar pela direita;
 Se o seu veículo for mais lento na pista, mantenha-se à sua direita e
facilite a ultrapassagem dos demais veículos;
 Sempre sinalize suas manobras com as setas de direção. Se o trânsito
estiver impedido e você parar, ligue o pisca alerta. Isso é importante para
que algum outro veículo não se choque com o seu;
 Manter acesos os faróis do veículo, utilizando luz baixa, durante a noite
e durante o dia nos túneis providos de iluminação pública e nas rodovias;
 Para efetuar cargas ou descargas, com o veículo sobre a pista, o veículo
deverá ser posicionado no sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de

17
Acidente ou choque entre veículos.

50
rolamento e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exceções
devidamente sinalizadas. Se houver acostamento, não deve ficar sobre a
pista de rolamento.
 No momento de descer do veículo, cuidado ao abrir a porta para não
causar acidente com outro veículo que esteja passando;
 Obedecer, sempre, à velocidade correta para o seu veículo,
considerando o produto que você transporta. Em declives, utilizar o freio
auxiliar do motor, para maior segurança.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo18.

Chegamos ao fim desta Unidade em que você estudou os


aspectos centrais da legislação de trânsito, além de conhecer as
categorias de habilitação e a relação com os veículos conduzidos
e a documentação exigida para o condutor de veículo de transporte de
produtos perigosos. Também verificou as normas gerais de circulação e
conduta necessários à sua profissão. Seu próximo passo é responder aos
exercícios referentes a esta Unidade de Estudo. Até breve!

Referências

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Regulamento para o


Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, 19 maio 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D96044.htm>. Acesso
em: 20 nov. 2021.

_____. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, 24 set. 1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 20 nov.
2021.
18
https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/6d213anz22d5r10

51
_____. Lei n. 10.048/2000, de 8 de novembro de 2000. Dá prioridade de
atendimento às pessoas que especifica, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 nov. 2000a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L10048.htm>. Acesso em: 20 nov.
2021.

_____. Lei n. 10.098/2000, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas


gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 dez.
2000b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L10098.htm>. Acesso em: 20
nov. 2021.

_____. Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da


profissão de motorista; altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n. 9.503,
de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, e 11.442, de 5 de
janeiro de 2007 (empresas e transportadores autônomos de carga), para
disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional;
altera a Lei n. 7.408, de 25 de novembro de 1985; revoga dispositivos da Lei n.
12.619, de 30 de abril de 2012; e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 mar. 2015.

_____. Lei n. 13.804, de 10 de janeiro de 2019. Dispõe sobre medidas de


prevenção e repressão ao contrabando, ao descaminho, ao furto, ao roubo e à
receptação; altera as Leis n. os 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de
Trânsito Brasileiro), e 6.437, de 20 de agosto de 1977. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2019. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13804.htm>.
Acesso em: 20 nov. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020a. Disponível em:
52
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 19 nov. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 160, de 22


de abril de 2004. Aprova o Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro. Diário
Oficial da União, 11 jun. 2004. Disponível em:
<https://antigo.infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTR
AN_160.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2020.

_____. Resolução n. 205, de 20 de outubro de 2006. Dispõe sobre os


documentos de porte obrigatório e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 10 nov. 2006. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao205_06.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2021.

_____. Resolução n. 304 de 18 de dezembro de 2008. Dispõe sobre as vagas


de estacionamento destinadas exclusivamente a veículos que transportem
pessoas portadoras de deficiência e com dificuldade de locomoção. Diário
Oficial da União, 22 dez. 2008. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_contran_304.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2021.

_____. Resolução n. 357, de 2 de agosto de 2010. Estabelece diretrizes para a


elaboração do Regimento Interno das Juntas Administrativas de Recursos de
Infrações - JARI. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5
ago. 2010. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudocontran/resolucoes/resolucao_contran_357_10.pd
f>. Acesso em: 20 nov. 2021.

_____. Resolução n. 425, de 27 de novembro de 2012. Dispõe sobre o exame


de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das
entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1.º a 4.º e o art.
148 do Código de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 10 dez. 2012. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolu-o-uo-425-1.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2021.

53
________ Resolução n. 691, de 27 de setembro de 2017. Dispõe sobre o
exame toxicológico de larga janela de detecção, em amostra queratínica, para
a habilitação, renovação ou mudança para as categorias C, D e E, decorrente
da Lei n. 13.103, de 02 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 28 set. 2017. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao6912017aprovada.pdf>. Acesso em: 20 nov.
2021.

_____. Resolução n. 598 de 24 de maio 2016. Regulamenta a produção e a


expedição da Carteira Nacional de Habilitação, com novo leiaute e requisitos
de segurança. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 maio
2016. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao59820162.pdf>.
Acesso em: 19 nov. 2021.

_____. Resolução Contran n. 789, de 18 de junho de 2020. Consolida normas


sobre o processo de formação de condutores de veículos automotores e
elétricos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 jun. 2020b.
Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao7892020r.pdf>.
Acesso em: 19 nov. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução Contran n. 850, de 8 de


abril de 2021. Altera a Resolução Contran n. 598, de 24 de maio de 2016, que
regulamenta a produção e a expedição da Carteira Nacional de Habilitação,
com novo leiaute e requisitos de segurança. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 12 abr. 2021. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/Resolucao8502021.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2021.

_____. Sinalização vertical de regulamentação. 2. ed. Brasília: Contran, 2007a


(Manual brasileiro de sinalização).

_____. Sinalização vertical de advertência. Brasília: Contran, 2007b (Manual


brasileiro de sinalização de trânsito).

_____. Sinalização vertical de indicação. v. III. Brasília: Contran, 2014. (Manual


brasileiro de sinalização de trânsito).

54
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos — CETPP
Núcleo Temático 1 – Legislação de Trânsito
Unidade de Estudos 2 – Legislação específica e normas sobre transporte
de produtos perigosos

Objetivo: Entender a legislação específica e as normas para transportar


produtos perigosos.

Tópicos desta Unidade:


• Cargas de produtos perigosos;
• Conceitos, considerações e exemplos;
• Acondicionamento;
• Verificação dos instrumentos de tanques;
• Utilização do veículo que transporta produtos perigosos.

Olá! Agora que você já estudou aspectos centrais da legislação


de trânsito no que diz respeito ao transporte de produtos
perigosos, chegou o momento de conhecer outras informações
sobre o conceito de produtos perigosos, como fazer o acondicionamento
correto e o que pode ou não transportar junto com a carga de produtos
perigosos. Compreenderá também como verificar os instrumentos relativos ao
tanque que irá conter o produto e como fazer a descontaminação correta do
veículo. Boa leitura!

Inicialmente é importante esclarecer que na movimentação de produtos


perigosos há diversos órgãos que, por meio de regulamentos, estabelecem
uma padronização para garantir a segurança desse transporte. Veja sobre o
que tratam algumas dessas importantes regulamentações:

55
Quadro 1 – ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)

NBR 7.500/21 Identificação para o transporte terrestre, manuseio,


movimentação e armazenamento de produtos.

NBR 7.503/21 Ficha de emergência – requisitos mínimos.

NBR 9.735/16 Conjunto de equipamentos para emergências no


transporte terrestre de produtos perigosos.

NBR 14.064/15 Diretrizes do atendimento à emergência.

NBR 14.095/08 Área de estacionamento para veículos - requisitos de


segurança.

NBR 14.619/15 Incompatibilidade química.

NBR 15.480/07 Plano de ação de emergência (PAE) no atendimento a


acidentes.

NBR 15.481/13 Requisitos mínimos de segurança.

NBR 16.173/13 Carregamento, descarregamento e transbordo a granel e


embalados — capacitação de colaboradores.

Quadro 2 - Regulamentações da Legislação Ambiental

Lei 9.605/98 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas


derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências.
Lei 9.966/00 Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleo e outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição
nacional e dá outras providências.
Lei 6.938/81 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras

56
providências.

Lei 12.305/10 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a


Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências.

Quadro 3 - MERCOSUL (Mercado Comum do Sul)


Decreto 1.797/96 Dispõe sobre a execução do Acordo de Alcance Parcial
para a Facilitação do Transporte de Produtos Perigosos,
entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, de 30 de
dezembro de 1994.

Cargas de produtos perigosos

O transporte de cargas de produtos perigosos pode oferecer riscos à saúde,


ao meio ambiente e também à segurança da população.

Pertencem à classe de produtos perigosos os seguintes elementos, entre


outros:
• Inflamáveis;
• Substâncias tóxicas;
• Gás natural;
• Petróleo e derivados;
• Armas.

Logo, a movimentação desses produtos recebe uma atenção diferenciada


dentro da logística de fornecimento devido ao elevado risco para os envolvidos
no transporte e para o meio ambiente.
Para transportar esse tipo de carga, a legislação define cuidados especiais
para que se evite ao máximo qualquer tipo de imprevisto durante o trajeto com

57
essas substâncias que venham a causar algum acidente. Acompanhe as
definições e cuidados que serão apresentados.

Conceitos, considerações e exemplos

Transportar produtos perigosos é uma atividade ampla e complexa. A fim de


diminuir o risco de acidentes, esse trabalho demanda muita responsabilidade e
exige diversas ações preventivas.

Mas como definir transporte de produtos perigosos?

Primeiro, precisamos entender o que é carga de produto perigoso. Produto


perigoso é aquele que apresenta algum risco à população ou ao meio
ambiente, por exemplo, produtos de origem química, radiológica ou biológica.

A Resolução n. 210/06 do Contran que estabeleceu de forma mais clara e


ampla as dimensões dos veículos que transportam produtos perigosos, foi
complementada, posteriormente, pela Resolução n. 520/1519, que estabeleceu
normas para veículos acima dos limites anteriormente definidos.

Assim, você pode entender quais são as normas para transitar com esse tipo
de carga! Observe a seguir como se estabelecem essas medidas.

19 https://antigo.infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/Resolucao5202015.pdf

58
Vale lembrar que temos outras normas sobre cargas mais extensas ou
indivisíveis que também precisam ser observadas com atenção. São elas
as Resoluções n. 610/1620, 608/1621, 625/1622, 628/1623 e 702/1724. Leia-as
com bastante atenção para que não restem dúvidas.

Mas atenção! Nem toda carga perigosa configura-se em produto perigoso!


Qualquer carga pode ser perigosa se não for transportada adequadamente e
com segurança.

Então, o que é uma carga de produto perigoso?

É considerado produto perigoso toda substância ou produto que apresente


risco às pessoas, à segurança pública ou ao meio ambiente.

Um produto também é considerado perigoso quando seu transporte não está


de acordo com as orientações estabelecidas na Resolução n. 5.947/21 da

20 https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao6102016.pdf
21 https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-

contran/resolucoes/resolucao6082016.pdf
22https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-

contran/resolucoes/resolucao_625-2016.pdf
23 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/24638119/do1-

2016-12-01-resolucao-n-628-de-30-de-novembro-de-2016-24638035
24 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/19360515/do1-

2017-10-18-resolucao-n-702-de-10-de-outubro-de-2017-19360487

59
ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, ou que apresente
característica físico-química que se enquadre no sistema de classificação de
riscos, por exemplo: explosivos; gases; líquidos e sólidos inflamáveis;
substâncias tóxicas e infectantes, oxidantes e peróxidos; materiais radioativos,
substâncias corrosivas e demais artigos perigosos. Veja na Resolução Nº
5.947, de 1º de Junho de 202125 e confirme as instruções complementares ao
regulamento do transporte terrestre de produtos perigosos.

Figura 2 – Transporte de produtos perigosos.


Fonte: Shutterstock/ Lamax.

Agora ficou fácil entender o que é transporte de produtos perigosos, não é


mesmo?

O transporte de produtos perigosos foi regulamentado no Brasil em 1988


pelo Decreto n. 96.044. No entanto, muitos outros decretos foram aprovados
posteriormente com o objetivo de definir normas, melhorar as ações
preventivas e diminuir o risco de acidentes.

25https://anttlegis.datalegis.inf.br/action/ActionDatalegis.php?acao=detalharAtosArvore&link=S&

tipo=RES&numeroAto=00005947&seqAto=000&valorAno=2021&orgao=DG/ANTT/MI&codTipo
=&desItem=&desItemFim=

60
Estudaremos mais sobre as resoluções que regulamentam esse tipo de
transporte no decorrer das próximas unidades.

Agora chegou o momento de identificar os tipos de cargas e


conhecer algumas regras de acondicionamento para o transporte
de produtos perigosos. Vamos lá?

Acondicionamento

A Resolução 5.947 de 1º de junho de 2021 regulamenta todas as etapas para


o transporte de produtos perigosos.
No capítulo 2 dessa Resolução, que estabelece as normas e as condições
do transporte, encontramos orientações sobre a carga e o acondicionamento
de produtos perigosos.

A seção 3 do capítulo 2 dessa resolução explica que as embalagens


devem atender às normas de segurança, ser resistentes ao manuseio e
suportar o transporte e os riscos de carregamento e descarregamento, além de
apresentar, obrigatoriamente, rótulos de identificação.
Mas quem é o responsável pelo acondicionamento da carga? O expedidor. O
responsável é quem despacha a carga, quem está expedindo a nota fiscal, por
exemplo: uma fábrica de dinamite ou uma refinaria de petróleo. Em casos de
produtos importados, o importador torna-se o responsável pela expedição da
carga.

“Art. 17. É proibido:


I – conduzir pessoas em veículos transportando produtos
perigosos além dos auxiliares.
II – transportar, simultaneamente, no mesmo veículo ou
equipamento de transporte, diferentes produtos perigosos,
salvo se houver compatibilidade ou se disposto em contrário
nas instruções complementares a este Regulamento.

61
III – transportar produtos perigosos juntamente com
alimentos, medicamentos ou quaisquer objetos destinados a
uso ou consumo humano ou animal ou, ainda, com
embalagens de mercadorias destinadas ao mesmo fim.
IV – transportar alimentos, medicamentos ou quaisquer
objetos destinados ao uso ou consumo humano ou animal
em embalagens que tenham contido produtos perigosos.
V – transportar, simultaneamente, animais e produtos
perigosos em veículos ou equipamentos de transporte.
VI – abrir volumes contendo produtos perigosos, fumar ou
adentrar as áreas de carga do veículo ou equipamentos de
transporte com dispositivos capazes de produzir ignição dos
produtos, seus gases ou vapores, durante as etapas da
operação de transporte.”
Brasil, 2021.

As cargas de produtos perigosos podem ser classificadas em:


• A granel ou solta: quando a carga está diretamente dentro do
equipamento de transporte, por exemplo, em um tanque;
• Fracionada: quando os produtos estão acomodados em recipientes, por
exemplo, em tambores e caixas. Para esse tipo de carga, as
embalagens precisam ser homologadas pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro.

Observe a seguir.

62
Transporte rodoviário de carga a granel com vários produtos
perigosos da classe 9, onde um deles é considerado uma substância
perigosa ao meio ambiente (número ONU 3082)

Fonte: ABNT,2021.

Transporte rodoviário de carga fracionada com um único produto


perigoso com um risco subsidiário

Fonte: ABNT,2021.

63
Lembre-se de que a quantidade de produto perigoso é fator que determina a
isenção das exigências previstas em lei. Para saber a quantidade indicada
para cada veículo, fique atento às mudanças, pois a Consolidação n.
420/04 foi revogada pela Resolução n. 5.947/21 26da ANTT, que passou a
vigorar em 1º de julho de 2021. Veja no documento “Produtos Perigosos
em Quantidades Limitadas”27 para ver na parte 3 quais são as regras de
isenção.

Verificação da integridade do acondicionamento

A Resolução 5947/21 da ANTT28, que atualizou o Regulamento para o


Transporte de Produtos Perigosos, a verificação da integridade do
acondicionamento da carga e da estiva, que é o serviço de movimentação de
carga a bordo de navios nos portos, é de responsabilidade do expedidor. O
acondicionamento deve estar em conformidade com as especificações do
fabricante, e as condições gerais e particulares, aplicáveis aos tipos de
embalagens e contentores, devem ser obedecidas.

Dessa forma, quando houver vazamentos ou contaminações externas, a


responsabilidade será de quem está despachando a carga e emitindo a nota
fiscal, e o fabricante responde civil e criminalmente pela qualidade do produto.

Verificação dos instrumentos de tanques

Manômetros são instrumentos usados para medir a pressão de fluidos dos


veículos, como a do óleo do motor, pressão do combustível, do sistema de ar,
dos freios, entre outros.

26https://anttlegis.datalegis.inf.br/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&num_ato=

00005232&sgl_tipo=RES&sgl_orgao=DG/ANTT/MTPA&vlr_ano=2016&seq_ato=000
27 https://plataforma-jornada.s3-sa-east-

1.amazonaws.com/aulas/NT_552/UE_2381/assets/files/ESP_MOPP_NT1_UE2_produtos%20is
entos.pdf
28https://anttlegis.datalegis.inf.br/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&num_ato=

00005232&sgl_tipo=RES&sgl_orgao=DG/ANTT/MTPA&vlr_ano=2016&seq_ato=000

64
Para garantir a segurança do transporte, é imprescindível conhecer o veículo e
saber onde estão esses equipamentos, assim você poderá acompanhar o
comportamento do material que está sendo transportado.
Leia o manual do proprietário do veículo e lembre-se de que qualquer outro
equipamento indicado para leitura de pressão deve ser escolhido com cuidado,
instalado adequadamente, e sua manutenção deve ser rigorosa.

São diversos os instrumentos que constam no painel de um caminhão-


tanque: sinalizador de funções, luzes de advertência, velocímetro,
tacômetro, horímetro, indicadores de temperatura; todos têm funções
importantes e devem receber a devida atenção.

Utilização do veículo que transporta produtos perigosos

Muitos são os fatores que podem interromper o transporte de produtos


perigosos, entre eles, as condições do próprio veículo. Além de conferir com
frequência o estado do veículo e de seus equipamentos, é fundamental
verificar sempre se não há vazamentos, aquecimentos, entre outras
ocorrências que podem comprometer o transporte.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT define quais são os
veículos que podem transportar os produtos perigosos. Acompanhe a seguir:

Quanto aos veículos que podem ser utilizados para o transporte rodoviário de
produtos perigosos, a Resolução ANTT n. 5947/21 estabelece, em seu artigo
12:
“Art. 12 O transporte de produtos perigosos deve ser
realizado em veículos automotores ou elétricos classificados
como “de carga” ou “misto”, conforme definições e
prescrições específicas estabelecidas pelo Código de
Trânsito Brasileiro - CTB, salvo os casos previstos nas
Instruções Complementares a este Regulamento.
§1º Serão aceitos veículos automotores classificados como
“especial” em função da atualização das carrocerias e

65
transformações permitidas de acordo com o Departamento
Nacional de Trânsito – Denatran, desde que sua
transformação esteja devidamente registrada no respectivo
órgão executivo de trânsito e, quando aplicável, esteja em
conformidade com as demais exigências estabelecidas nas
Instruções Complementares a este Regulamento.
§2º Quando forem utilizados veículos classificados como
“misto” ou “especial”, os produtos perigosos devem ser
transportados em compartimento estanque e próprio,
segregado de forma física do condutor e auxiliares.”

Brasil, 2021.

Com isso, fica clara a importância de conhecer bem o tipo de veículo que o
condutor vai dirigir e saber como operá-lo de maneira adequada. Não é só
“cumprir a lei”, mas sim ter o entendimento do conjunto todo para evitar
acidentes e situações de risco devido ao transporte de carga perigosa.

A seguir, apresentamos alguns cuidados necessários aos veículos que


transportam produtos perigosos. Acompanhe:
• É obrigatório o uso de equipamentos e acessórios adequados para o
transporte de produtos perigosos;
• O veículo deve obedecer às normas impostas pelo Inmetro;
• O Inmetro inspecionará o veículo de transporte a granel em períodos
conforme estabelecido nos regulamentos técnicos do Inmetro, conforme a
especificidade do produto;
• É obrigatório o uso do tacógrafo;
• O expedidor é responsável pela limpeza e pela descontaminação do
veículo e pelos equipamentos de transporte;
• É obrigatório portar kit de emergência, conforme NBR 9735;
• O veículo e os equipamentos devem ser aprovados pelas normas
brasileiras e testados pelo Inmetro.

Em relação ao veículo, também é de responsabilidade do transportador:

66
• Vistoriar as condições de segurança e de funcionamento do veículo;
• Providenciar a manutenção correta em tempo adequado;
• Fornecer roupas e equipamentos exigidos por lei ao condutor;
• Fornecer os equipamentos de segurança e de emergência.

Descontaminação do veículo

Após o descarregamento da carga perigosa e caso o veículo tenha resíduos do


produto perigoso, é recomendável (e, dependendo da carga, é exigida) a
descontaminação do veículo para que se possam realizar novas viagens.

Em caso de resíduos em tanque a granel de produtos líquidos inflamáveis


como álcool e gasolina, por exemplo, a descontaminação é necessária, pois
seus resíduos podem transformar o veículo em uma “bomba”, bastando uma
centelha, uma fagulha para causar a detonação do tanque devido aos gases
que ali ficam acumulados.

No Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos,


encontramos o seguinte:

“Capítulo II
DAS CONDIÇÕES DO TRANSPORTE
Seção II
Dos Veículos e Equipamentos
Art. 6º Durante as operações de carga, transporte, descarga,
transbordo, limpeza e descontaminação, os veículos e
equipamentos utilizados no transporte de produtos perigosos
devem estar devidamente sinalizados, observadas eventuais
dispensas, conforme Instruções Complementares a este
Regulamento.
§1º A sinalização deve ser retirada:
I - após o descarregamento, no caso de carga embalada,
quando veículos e equipamentos de transporte não

67
apresentarem contaminação ou resíduo dos produtos
transportados; e
II - após as operações de limpeza e descontaminação,
observado o disposto nas Instruções Complementares a
este Regulamento.”
Brasil, 2021.

A descontaminação só pode ser realizada por empresa especializada,


devidamente credenciada para esse fim, pois ela deverá emitir a declaração de
que o veículo foi descontaminado. Portanto, as empresas que desejem realizar
a descontaminação em equipamentos para transporte de produtos perigosos
compulsoriamente deverão obter o registro junto ao Inmetro.

O documento emitido, Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos


Perigosos – CIPP, garante que o equipamento (tanque, carroceria, container,
caçamba etc.) foi inspecionado e está adequado às normas em vigor,
conforme Portaria n. 91/200929 do INMETRO. O porte do CIPP é obrigatório
durante o transporte de produtos perigosos, e a inspeção é periódica. A data de
vencimento varia conforme o ano de fabricação do equipamento e os produtos
que transporta. Para saber sobre a validade do produto que irá transportar,
você pode se informar diretamente no Inmetro ou na empresa por ele
credenciada.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo30.

Finalizamos esta Unidade, em que estudamos os conceitos,


considerações e exemplos das cargas de produtos perigosos; o
acondicionamento e a verificação dos instrumentos de tanques
(manômetros e outros); e como realizar a descontaminação do
veículo após a descarga. Agora, responda aos exercícios e prossiga com seus
estudos. Até breve!

29 http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/eventos-
cgcre/13WorkshopDios/15_Hiperlink_Apresentacao_07_Portaria_91_2009.pdf
30 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/10em025u2n900im

68
Referências

ABNT/CB-16. Comitê Brasileiro de Transporte e Tráfego. Circular ABNT NBR


9735. ABNT, 30 maio 2016. Disponível em: <http://www.abtlp.org.br/wp-
content/uploads/2016/07/CIRCULAR-ABNT-NBR-9735_ABNT_CB_16.pdf>.
Acesso em: 24 nov. 2021.

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Regulamento para o


Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D96044.htm>. Acesso
em: 25 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n.


5.947/21, de 1º de julho de 2021. Atualiza o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as suas Instruções
Complementares, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 jul. 2021. Disponível em: <https://bit.ly/3l9kLJU>.
Acesso em: 24 nov. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 608/16, de 24 de maio


de 2016. Acrescenta o Art. 12-A e parágrafo único a Resolução n. 210, de 13
de novembro de 2006, do Conselho Nacional de Trânsito – Contran, que
estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitam por vias
terrestres e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 30 maio 2016a. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao6082016.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 610/16, de 24 de maio de 2016. Altera os artigos 6º e 8º,


os Anexos I, II, III e IV, e acrescenta o Anexo V na Resolução Contran no 520
de 29 de janeiro de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 27 maio 2016b. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao6102016.pdf>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

69
_____. Resolução n. 625/16, de 19 de outubro de 2016. Altera o art. 2-A da
Resolução Contran n. 210, de 13 de novembro de 2006, com redação dada
pela Resolução Contran n. 502, de 23 de setembro de 2014. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 out. 2016c. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_625-2016.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 628/16, de 30 de novembro de 2016. Altera a Resolução


Contran n. 210, de 13 de novembro de 2006, que estabelece os limites de peso
e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 30 nov.
2016d. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao6282016.pdf>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.


INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial. Portaria n. 91, de 31 de março de 2009. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 abr. 2009. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001434.pdf>. Acesso em:
25 nov. 2021.

70
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos — CETPP
Núcleo Temático 1 – Legislação de Trânsito
Unidade de Estudos 3 – Uso do tacógrafo e as infrações e penalidades
previstas no transporte de produtos perigosos.

Objetivos:
• Entender a importância do registrador instantâneo e inalterável de
velocidade e tempo;
• Compreender as infrações e penalidades previstas para o transporte de
produtos perigosos.

Tópicos desta Unidade:


• Tacógrafo;
• Importância do uso do tacógrafo;
• Infrações e penalidades previstas para o transporte de produtos
perigosos.

Olá! Nesta Unidade, vamos conhecer a importância e a


obrigatoriedade do uso do registrador instantâneo de velocidade
e tempo – conhecido como tacógrafo. Estudaremos também as
infrações e penalidades previstas para o transporte de produtos perigosos.
Vamos começar?

Tacógrafo

O tacógrafo é um registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo. É


um aparelho de uso obrigatório, determinado por lei, para os veículos que
transportam produtos perigosos. Confira a determinação do CTB sobre esse
equipamento:

“Capítulo IX - DOS VEÍCULOS


Seção I - Disposições Gerais
Art. 105 São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre
outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:

71
II - para os veículos de transporte e de condução escolar, os
de transporte de passageiros com mais de dez lugares e os
de carga com peso bruto total superior a quatro mil,
quinhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo.”

Brasil, 1997.

Este aparelho registra graficamente, em um disco diagrama31, ou em smart


cards32, em caso de versões digitais, informações como:

• Horário de partida e chegada;


• Tempo de percurso;
• Quilometragem percorrida por trecho e total da viagem;
• Velocidades atingidas;
• Tempo de carga e descarga.

Você sabe de que forma o tacógrafo avisa que o condutor está


ultrapassando a velocidade permitida? Assim que o veículo
atinge ou supera o limite de velocidade preestabelecido pela
empresa transportadora, esse instrumento emite um sinal luminoso ou sonoro.

31 Disco diagrama confeccionado em papel encerado, contendo áreas específicas para registro
de velocidade, de distância percorrida e de tempos diversos. O disco contém em sua parte
central o número da Portaria de aprovação de modelo e áreas apropriadas para a identificação
do condutor, do local e data do início da utilização, identificação do veículo, início e fim da
identificação do hodômetro, distância percorrida (indicação final menos a inicial do hodômetro).
(Fonte: http://www.inmetro.gov.br/legislacao/pam/pdf/PAM006697.pdf)
32 Dispositivo identificador: tem a finalidade de identificar o condutor do veículo a partir da

detecção de um cartão inteligente (“smart card”), sem contato (“wireless”). O instrumento


realiza a leitura do cartão que estiver dentro da região de detecção, situada na frente do
mostrador de velocidade. A identificação do condutor será confirmada por um sinal sonoro,
exibida na tela principal e associada aos registros de tempo de condução e parada.
Dispositivos complementares:
Cartão de identificação: cartão “smart card”, sem contato, é detectado por proximidade com o
indicador de velocidade do cronotacógrafo. Utilizado para efetuar a identificação do condutor
do veículo.
(Fonte: http://www.inmetro.gov.br/legislacao/pam/pdf/PAM005269.pdf)

72
Figura 1 – Tacógrafo.
Fonte: Shutterstock/Vladiczech

Tipos de tacógrafos

• Mecânico – utiliza o disco diagrama e seu acionamento é feito por meio


de um eixo flexível.

o Utilizam relógios elétricos de 12 ou 24 volts e todo sistema de


indicação e registro são acionados por um eixo flexível que
interliga a saída da caixa de câmbio do veículo ao tacógrafo.

• Eletrônico – utiliza o disco diagrama, e seu acionamento é feito por


meio de chicote elétrico.

o Conhecidos como tacógrafos modulares, pois utilizam um


velocímetro "escravo" para a indicação da velocidade, são
produzidos para o mercado de reposição e para OEM33
(fabricantes de equipamentos originais). São totalmente

33 Original Equipment Manufacture.

73
eletrônicos com processamento digital. O sensor da caixa de
marchas, por meio de um chicote elétrico, impulsiona seu
sistema de registro. Sua constante de funcionamento K é
ajustada ao W do veículo por meio de software.

• Digital – utiliza disco ou fita diagrama, apresenta unidade de registro e


gravação em separado e apresenta um visor em cristal líquido com
todas as informações registradas.

o O tacógrafo digital registra e fornece informações precisas do


veículo e do motorista, tais como velocidade, tempo, distância,
rotações do motor (RPM), monitoramento da ignição, informações
de viagem, entre outras, que facilitam a gestão da frota e ainda
permitem uma análise completa dos dados gravados e
arquivados para diversas finalidades, como em caso de
acidentes. Todas as informações são gravadas em memória
interna não volátil com capacidade de armazenamento de 7 dias
completos de gravação segundo a segundo.

Modelos de disco diagrama

O tacógrafo em modelo de disco, conforme a imagem a seguir, apresenta duas


maneiras de uso:

Figura 2 – Tacógrafo de disco.

74
• 24 horas – utiliza um disco que deve ser trocado após a vigésima quarta
hora.
• 7 ou 8 dias – utiliza um conjunto de 7 ou 8 dias com 24 horas cada um,
que deverá ser trocado após a vigésima quarta hora do sétimo ou oitavo
dia.

Como reforço no entendimento sobre o uso do tacógrafo, assista ao


vídeo “PRF – Tacógrafo34”.

Guarda do disco diagrama

Os discos diagramas deverão ficar guardados para fins de fiscalização,


conforme prevê o art. 5º do RTPP:

“Art. 5º Para o transporte de produto perigoso a granel os


veículos deverão estar equipados com tacógrafo, ficando
os discos utilizados à disposição do expedidor, do
contratante, do destinatário e das autoridades com
jurisdição sobre as vias, durante três meses, salvo no
caso de acidente, hipótese em que serão conservados por
um ano.”

Brasil, 1988.

Quando solicitado pelo agente fiscalizador, o condutor deve entregar o disco


diagrama para fiscalização; caso contrário, estará infringindo o art. 238 do CTB:

“Art. 238 Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito


ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de
habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e

34 https://www.youtube.com/watch?v=9OJjfcdCEwY

75
outros exigidos por lei, para averiguação de sua
autenticidade:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa – remoção do veículo.”

Brasil, 1997.

Importância do uso do tacógrafo


Com o uso obrigatório determinado pelo Código de Trânsito Brasileiro a partir
de 1997, os tacógrafos passaram a auxiliar no acompanhamento e no
desenvolvimento da prestação de serviço dos condutores profissionais. O
maior objetivo é a segurança, quando monitora a velocidade, parada,
deslocamentos, entre outras situações.

As informações armazenadas no tacógrafo, o qual se assemelha à caixa preta


de um avião, são de extrema importância para os envolvidos no transporte de
cargas e mercadorias.

A Resolução Contran n. 912, de 28 de março de 2022, estabelece o seguinte:

“Art. 2º - Para circular em vias públicas, os veículos deverão


estar dotados dos equipamentos obrigatórios relacionados
abaixo, a serem constatados pela fiscalização e em
condições de funcionamento:
I - nos veículos automotores e ônibus elétricos: /.../
21) registrador instantâneo e inalterável de velocidade e
tempo (cronotacógrafo):
a) nos veículos de transporte e condução de escolares;
b) nos de transporte de passageiros com mais de dez
lugares;

76
c) nos veículos de transporte de passageiros ou de uso
misto, registrados na categoria particular e que realizem
transporte remunerado de pessoas;
d) nos de carga com Capacidade Máxima de Tração
(CMT) igual ou superior a 19 t; e
e) nos veículos de carga com Peso Bruto Total (PBT)
superior a 4.536 kg, fabricados a partir de 1º de janeiro
de 1999..”
(Brasil, 2022)

Além de cumprirem com a obrigatoriedade e a exigência do tacógrafo, a


transportadora ou o motorista autônomo precisam se resguardar de qualquer
tipo de situação que possa vir a surgir durante o percurso, como um acidente
ou alegação de excesso de velocidade do motorista.

Em caso de sinistro de trânsito, por exemplo, todas as informações daquele


momento estarão registradas no tacógrafo e poderão ser consultadas,
facilitando, inclusive, a solicitação da cobertura do seguro. E, se confirmadas
as suspeitas (por exemplo, excesso de velocidade, intervalos de tempo de
parada incorretas), então poderá haver penalização devida.

Infrações e penalidades

É importante lembrar que a legislação brasileira está baseada em


procedimentos internacionais, como as recomendações para o transporte de
produtos perigosos da ONU. Atualmente, a Resolução que regulamenta esses
procedimentos é a 5.947/21 da ANTT35.

O transporte de produtos perigosos está regulamentado no Brasil desde 1983 e


foi sendo alterado conforme as necessidades sociais, econômicas e
ambientais.

35 Agência Nacional de Transportes Terrestres

77
Inmetro e Normas técnicas da ABNT

Ao longo deste curso, você verá normas técnicas da ABNT36 e orientações do


Inmetro37 para o transporte de produtos perigosos.
Verá também que os rótulos de risco e os painéis de segurança, entre
outros elementos que compõem a operação de carga de produtos perigosos,
devem seguir as NBRs38, e que o Inmetro regulamenta a qualidade de alguns
equipamentos necessários para o transporte de produtos perigosos.

E com relação à qualidade de veículos e equipamentos


utilizados no transporte de produtos perigosos? Quem
regulamenta? O Inmetro!

Por meio de portarias, o Inmetro regulamenta as aferições dos veículos e


equipamentos que são utilizados na operação e na movimentação de produtos
perigosos.

Infrações e penalidades previstas na Resolução n. 5.947/21

Agora, vamos a outro assunto fundamental para sua atividade profissional:


infrações e penalidades previstas na Resolução n. 5.947/21.

Quando qualquer um dos envolvidos no transporte de produtos perigosos


(fabricante, expedidor, transportador ou condutor) desobedece a qualquer regra
(leis, decretos, portarias, normas da ABNT, Inmetro), está sujeito a multa e a
penalidade. Portanto, fique atento ao produto que está transportando, ao
veículo, ao equipamento e às determinações legais para a operação de carga
de transporte de produto perigoso.

36 Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.


37 Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
38 Norma Brasileira.

78
De acordo com o evento da infração, as multas poderão ser simultâneas, por
exemplo: o expedidor e o transportador poderão receber a mesma multa
quando cometerem uma determinada conduta que envolve as duas entidades.

Veja, a seguir, alguns procedimentos que serão adotados pela fiscalização na


abordagem:

• Retenção do veículo, podendo ser autorizada sua remoção para local


seguro e em condições mais adequadas de regularização, até sanada a
irregularidade pelo infrator, se aplicável;
• Transbordo, sob responsabilidade do infrator, dos produtos para outro
veículo ou equipamento de transporte adequado;
• Encaminhamento da ocorrência às demais autoridades competentes.

O que acontece se houver problemas com o veículo ou com a carga durante o


transporte?

Se o problema ocorrer durante a viagem e não existir perigo imediato, o


agente de trânsito pode liberar o transporte e ficar com o documento (CRLV-e)
retido até a regularização do ocorrido. Por exemplo: se estiver sem espelho da
lona de freio da carreta do veículo, o condutor deve fazer a correção do item
para recuperar o documento.

Mas atenção! O agente de trânsito só libera o veículo caso não haja risco
ao condutor e aos demais usuários da via, pois se trata de produto perigoso,
cabendo apresentação posterior da regularização.

É importante lembrar que a autuação não desobriga o infrator de corrigir a falta


de origem nem as sanções civis e criminais, por isso será preciso rever o
processo de operação que causou a infração. Veja como acontece: é possível
apresentar defesa, em caso de autuação? Sim! O infrator (fabricante,
expedidor, transportador ou condutor) terá 30 dias a partir da data da
autuação para apresentar a defesa.

79
Além da multa, a autoridade com jurisdição sobre a via poderá solicitar ao
Ministério responsável que seja cancelado o Registro do Transportador, junto
ao Registro Nacional dos Transportes Rodoviários (RTB). Ao receber a
notificação, o infrator terá 30 dias para apresentar defesa e, após a decisão do
Ministério, terá ainda 30 dias para solicitar reconsideração da decisão.

A Resolução 5947/21 em seu capitulo VI (Das Infrações e Penalidades) traz as


condutas puníveis divididas em quatro grupos.

“Art. 41. As infrações classificam-se, de acordo com a sua


gravidade, em 4 (quatro) grupos:
I - Primeiro Grupo: punidas com multa no valor de
R$5.000,00 (cinco mil reais);
II - Segundo Grupo: punidas com multa no valor de R$
1.400,00 (mil e quatrocentos reais);
III - Terceiro Grupo: punidas com multa no valor de R$
1.000,00 (mil reais);
IV - Quarto Grupo: punidas com multa no valor de R$
600,00 (seiscentos reais).”
Brasil, 2021.
ATENÇÃO! O parágrafo 1º estabelece que:

“Na reincidência de infrações com idêntica tipificação, no


prazo de 12 (doze) meses, a contar do trânsito em julgado
da primeira infração cometida, a multa deverá ser
aplicada com acréscimo de 25% em relação aos valores
estabelecidos neste artigo.”
Brasil, 2021.
Vale lembrar que tais responsabilidades podem ser atribuídas ao transportador
(inciso I) ou ao expedidor (inciso II). Caso queira conferir cada uma dessas
infrações, acesse o documento “Infrações transportador e expeditor39”.

39https://plataforma-jornada.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/aulas/NT_552/UE_2382/assets/files/ESP_MOPP_NT1_UE3_Infra%C3%A7
%C3%B5es%20transportador%20e%20expedidor.pdf

80
Após o estudo de todas estas leis, resoluções, decretos, você deve ter
percebido a importância de conhecê-los para poder transportar produtos
perigosos. Procure se manter atualizado quanto às leis e às implicações que
elas trazem para preservar a segurança de todos, inclusive a sua.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo40.

Chegamos ao final de mais uma Unidade de Estudo. Aqui, você


estudou sobre o registrador inalterável de velocidade (o
tacógrafo: definição, funcionamento e obrigatoriedade). Também
verificou as infrações e as penalidades aplicadas para quem desobedece às
regras de segurança no transporte e manuseio dos produtos perigosos.
Sempre lembrando que se trata de um fator de segurança. Esse é o objetivo da
lei. Faça os exercícios e siga em frente para a próxima unidade de estudo.

Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR7500. Identificação


para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de
produtos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
25 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n.


5.947, de 1º de julho de 2021. Atualiza o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as suas Instruções

40 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/d0wxf016kk5oa82

81
Complementares, e dá outras providências. Disponível em:
<https://bit.ly/3xtldaX>. Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções


Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos
Perigosos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 16 dez. 2016. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/24783215>. Acesso em: 25 nov.
2021.

_____. Resolução n. 92, de 4 de maio de 1999. Dispõe sobre requisitos


técnicos mínimos do registrador instantâneo e inalterável de velocidade e
tempo, conforme o Código de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 6 maio 1999. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao092_99.doc>. Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 406, de 12 de junho de 2012. Altera a Resolução n. 92, de


4 de maio de 1999, que dispõe sobre requisitos técnicos mínimos do
registrador instantâneo e inalterável de velocidade e tempo, conforme o Código
de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
14 jun. 2012. Disponível em:
<https://infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/RESOLUCAO%20406.2012.p
df>. Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 912, de 28 de março de 2022. Estabelece os


equipamentos obrigatórios para a frota de veículos em circulação e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 1 abril
2022. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/Resolucao9122022.pdf>.
Acesso em: 29 abr. 2022.

82
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 1 – Legislação de Trânsito
Unidade de Estudos 4 – Documentação e Simbologia

Objetivo: conhecer a documentação e compreender a simbologia no


transporte de produtos perigosos.

Tópicos desta Unidade:

• Documentos fiscais e de trânsito;


• Documentos e símbolos relativos aos produtos transportados;
• Certificados de capacitação;
• Ficha de emergência;
• Painel de segurança;
• Rótulos de risco principal e subsidiário;
• Marcação e rótulos nas embalagens;
• Sinalização em veículos.

Olá! A legislação de transporte de produtos perigosos prevê


diversos documentos e simbologias importantes para o
transporte e manuseio dos produtos perigosos. Na legislação
estão detalhados tanto a documentação pessoal, profissional e da carga
quanto itens de identificação do produto e das cargas constantes nos veículos.
O objetivo é a segurança e as atitudes corretas em caso de algum incidente de
vazamento, e você, condutor profissional, precisa conhecê-las. Vamos lá?
Bons estudos!

Documentos fiscais e de trânsito

A CNH e o CRLV-e são documentos necessários para que um motorista possa


conduzir um veículo, no entanto, para o transporte de produtos perigosos, é
preciso observar outros requisitos. Veja só:

83
Documentos do condutor

• Carteira Nacional de Habilitação – original e com a categoria compatível


com o veículo que está conduzindo;
• Certificado de conclusão do Curso para Transportes de Produtos
Perigosos até que este esteja lançado na base nacional do Renach.

Documentação do veículo

CRLV-e

Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo em meio digital, do


cavalo-mecânico, da carreta, do semirreboque ou reboque, se houver. Todos
originais e atualizados;
CTPP

Certificado para o Transporte de Produtos Perigosos que comprova a


aprovação dos equipamentos de transporte de produtos perigosos a granel.
Devem ser certificados por Organismos de Certificação de Produtos – OCP
acreditados pelo Inmetro;
CIPP

Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos a Granel


que comprova a aprovação do veículo ou equipamento devem ser
inspecionados por Organismos de Inspeção Acreditados – OIA acreditados
pelo Inmetro. Esse documento é exigido apenas para cargas a granel;

CIV

Certificado de Inspeção Veicular para o transporte de cargas a granel devem

ser inspecionados por Organismos de Inspeção Acreditados – OIA

acreditados pelo Inmetro.

84
Documentação da carga

Nota Fiscal – é o documento fiscal do produto, de porte obrigatório, que


contém as seguintes informações:

• Descreve o número da ONU - Organização das Nações Unidas;


• Descreve a classe de risco à qual o produto pertence;
• Declara se a carga é a granel ou fracionada;
• Indica peso e valor;
• Declara a responsabilidade do expedidor sobre os riscos de
carregamento e transporte.

Figura 1 – Documentação da carga.


Fonte: ABNT, 2021.

Documentos e símbolos relativos aos produtos


transportados

O transporte, o manuseio e a armazenagem de produtos perigosos têm uma


característica muito particular: o perigo de reações químicas é real, pode
acontecer. Por isso, possui regulamentações específicas, e inclusive de

85
organização internacional, coordenada pela Organização das Nações Unidas
(ONU).

Alguns itens são controlados e exigem documentação e simbologia específica,


por exemplo: classificação de produtos perigosos; definição de classes de
perigo; relação e controle dos produtos mais comercializados no mundo;
exigências e especificações gerais quanto às embalagens; procedimentos de
teste, marcação, rotulagem e documentos de porte obrigatório para operação
de transporte. Tudo isso para preservar o ser humano, os animais e a natureza,
a fim de não acontecerem tragédias como já aconteceram.

Você, condutor, precisa estar atento e conhecer bem sobre essas rotinas de
documentação e simbologia necessárias à carga com a qual vai trabalhar.

Veja agora diversos itens importantes, que, além de fazerem parte de seu dia a
dia como transportador, também apresentam periculosidade. Acompanhe.

Certificado de capacitação

O certificado de capacitação para os condutores que realizarem o curso será


expedido pela entidade que realizou o treinamento, informando aos órgãos ou
entidades executivos de trânsito dos estados ou do Distrito Federal sobre o
desempenho e a frequência do aluno, atendendo aos seguintes requisitos
estabelecidos tópico 6 do Anexo II da Resolução Contran 849/21:

“VII – DA CERTIFICAÇÃO - Os condutores aprovados no


curso especializado e os que realizarem a atualização
exigida terão os dados correspondentes registrados em
seu cadastro pelo órgão ou entidade executivo de trânsito
do Estado ou do Distrito Federal [...];
- Os certificados deverão conter no mínimo os seguintes
dados:
a) nome completo do condutor;

86
b) número do registro RENACH e categoria de habilitação
do condutor;
c) validade e data de conclusão do curso;
d) assinatura do diretor da entidade ou instituição, e
validação do órgão ou entidade executivo de trânsito do
Estado ou do Distrito Federal quando for o caso;
e) no verso, deverão constar as disciplinas, a carga
horária, o instrutor e o aproveitamento do condutor; e
f) o modelo dos certificados será elaborado e divulgado
em portaria pelo órgão máximo executivo de trânsito da
União.”
Brasil, 2021.

Até que seja possível a consulta das informações no Renach, o condutor


deverá apresentar o certificado emitido pela entidade em que realizou o curso.

Ficha de emergência

É o documento que informa sobre os procedimentos adequados a serem


tomados pela empresa especializada em caso de acidente ou avaria.

Essa ficha fornece informações importantes para o médico, quando houver


situações em que pessoas são atingidas.
Esse documento apresenta o nome do produto, os dados (número da ONU41),
as classes ou subclasses e o aspecto físico do produto, além de indicar o uso
correto dos EPIs42.

É necessária uma ficha de emergência para cada produto transportado.

Para conjuntos vazios que ainda não passaram por descontaminação, é


necessário portar a ficha de emergência do último produto transportado.

41 A Organização das Nações Unidas (ONU) determina um número de série para a


identificação de produtos químicos e/ou que oferecem perigo à vida e ao meio ambiente.
42 Equipamento de Proteção Individual

87
A NBR 7503 orienta sobre o modelo da ficha de emergência. Confira na
imagem a seguir.

Figura 2 – Ficha de emergência.


Fonte: ABNT, 2020.

O verso da ficha de emergência deve conter os números de telefones dos


órgãos a seguir:

• Telefone do Corpo de Bombeiros – 193;


• Polícia – 190;
• Defesa Civil – 199;
• Órgãos de meio ambiente estadual (pelo menos os que estiverem ao
longo do itinerário);
• Polícia Rodoviária Federal – 191;

88
• Órgãos competentes para as classes 1 (explosivos) e 7 (materiais
radioativos);
• Data da versão atual da ficha de emergência.

Outros documentos para o transporte de produtos perigosos

Existem documentos adicionais, que são previstos por legislações


específicas (estaduais ou municipais) dos lugares por onde o veículo transitará,
Entre eles, podemos citar a Autorização Especial para o Transporte de
Produtos Perigosos, além de documentos exigidos pela Polícia Federal e
órgãos de meio ambiente:

• Guia de Tráfego – esse documento é obrigatório para o transporte de


produtos controlados pelo Exército, por exemplo, explosivos (Classe 1);
• Declaração do Expedidor de Material Radioativo (Classe 7);
• Ficha de Monitoração de Carga e de Veículos Rodoviário;
• Autorização para o Transporte de Materiais Radioativos expedidos
pela Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Concluímos a etapa sobre os documentos. Agora, vamos nos


aprofundar no tema referente à padronização para o transporte de
produtos perigosos. Vamos lá?

Painel de segurança

Os veículos que transportam produtos perigosos acima da quantidade isenta


precisam, obrigatoriamente, apresentar as informações padronizadas, a fim de
facilitar a identificação e os possíveis riscos apresentados pelos produtos
transportados, permitindo maior agilidade e eficácia nas ações necessárias ao
controle de situações emergenciais em caso de acidentes ou derramamentos.

Essas informações padronizadas são regulamentadas pela NBR 7500 e devem


ser exibidas em painéis de segurança e em rótulos de risco.

89
Os painéis de segurança têm o objetivo de identificar o tipo do produto
transportado, assim como seu risco.

O painel deve:

• Apresentar fundo laranja com os números e borda de 10 mm na cor


preta;
• Medir 30 cm x 40 cm para unidades de transportes;
• Medir 25 cm x 35 cm para veículos utilitários;
• Apresentar o número de risco;
• Apresentar o número da ONU.

Todos os produtos perigosos estão registrados em uma listagem


padronizada internacionalmente, fornecida pela ONU; essa lista encontra-se
na Resolução n. 5.947/21 da ANTT.

Figura 3 – Painel de segurança.


Fonte: ABNT, 2021.

Perceba que, na parte superior do painel, consta o número de identificação do


risco. Ele pode ser composto por até três algarismos e uma letra, mas como
saber qual é o tipo de risco e sua intensidade? Veja a seguir como reconhecer
essa informação!

90
Figura 4 – Número de identificação do risco.
Fonte: ABNT, 2021.

Tabela 1 - Significado dos algarismos dos números de risco


Algarismo Significado
2 Desprendimento de gás devido à pressão ou à
reação química.
3 Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou
líquido sujeito a autoaquecimento.
4 Inflamabilidade de sólidos ou sólido sujeito a
autoaquecimento.
5 Efeito oxidante (intensifica o fogo).
6 Toxicidade ou risco de infecção.
7 Radioatividade.
8 Corrosividade.
9 Risco de violenta reação espontânea.
x Substância que reage perigosamente com água
(utilizado como prefixo do código numérico).

Você deve estar se perguntando por que o número de risco não se inicia com o
algarismo 1. Isso ocorre porque as explosões (classe 1) são
acompanhadas de chamas e apresentam os riscos de líquidos inflamáveis
(3) ou sólidos inflamáveis (4).

Rótulos de risco – principal e subsidiário

Os rótulos de risco (principal e subsidiário) servem como elementos de


identificação da classe de periculosidade que o produto apresenta e devem ser

91
fixados nas laterais e nas traseiras dos veículos, juntamente com o painel de
segurança ou na embalagem do produto.

Os rótulos têm o formato quadrado apoiado sobre um dos seus vértices e são
divididos em rótulo de risco principal, subsidiário e especial.

A Resolução 5.947/21, em seu anexo parte 5, determina que:

5.3.1 Rótulos de risco


5.3.1.1 Disposições gerais
5.3.1.1.1 Rótulos de risco são elementos utilizados nos
veículos ou nos equipamentos de transporte para informar
que a expedição é composta por produtos perigosos e
apresenta riscos. Devem ser afixados à superfície externa
e sobre um fundo de cor contrastante ou ter seu perímetro
rodeado por uma borda de linha contínua ou pontilhada.
5.3.1.1.1.1 Os rótulos de risco devem corresponder à
Classe de risco indicada na Coluna 3 da Relação de
Produtos Perigosos e atender ao item 5.2.2.1.1.
5.3.1.1.2 Rótulos de riscos subsidiários, correspondentes
aos riscos indicados na Coluna 4, da Relação de Produtos
Perigosos, devem ser afixados para as correspondentes
substâncias ou artigos, adjacentes ao rótulo de risco
principal. [...]
5.3.1.1.2.1 Veículos ou equipamentos de transporte
transportando produtos perigosos a granel de mais de
uma classe ou subclasse de risco, não necessitam portar
rótulos de risco subsidiários se tais riscos já estiverem
indicados pelos rótulos de risco já utilizados para indicar
os riscos principais.
5.3.1.1.3 Rótulos de risco não relacionados aos produtos
perigosos transportados devem ser removidos, de modo
que não estejam visíveis e impedidos de se espalharem
em caso de acidente.

92
5.3.1.1.3.1 Veículos e equipamentos de transporte a
granel, que contiveram produtos perigosos, devem
continuar portando os rótulos de risco correspondentes,
até que sejam limpos e descontaminados.
Brasil, 2021.

Vejamos características dessa identificação.

Rótulo de risco principal

Mede 30X30 cm de lado, para unidades


de transporte, ou 25X25 cm, para
veículos utilitários.

Fonte: NBR, 2021.

Rótulo de risco subsidiário

Apresenta o mesmo formato, porém sem


texto. A finalidade do rótulo de risco
subsidiário é informar que, além de um
risco principal, há um risco secundário.

Fonte: ABNT, 2008.

93
Rótulo de risco especial
É o rótulo utilizado no transporte terrestre
os equipamentos com origem ou destino
aos portos, contendo produtos perigosos
classificados nas Classes de 1 a 9 (além
do nº ONU 3077 e 3082), que são
considerados "poluentes marinhos" como
estabelecido no Código IMDG da
Organização Marítima Internacional
(OMI), portando a marca de poluente
marinho.

Fonte: NBR, 2021.

Até o momento vimos sobre marcações e identificações obrigatórias e como


elas estão divididas. Mas essas informações não são apenas para os veículos,
pois também devem estar presentes nas embalagens. Veja a seguir!

Marcação e rótulos nas embalagens

As embalagens também precisam conter o rótulo de risco, com as mesmas


informações e critérios que constam nos rótulos fixados nos veículos, no
entanto em tamanho menor: no mínimo, 10 cm x 10 cm de lado e linha de
borda medindo 5 mm.

Normalmente a embalagem recebe o rótulo na superfície, de cor contrastante.


Em casos específicos, a embalagem recebe mais de um rótulo, e isso deve ser
determinado pelo fabricante e pelo expedidor, de acordo com as exigências
legais.

Lembre-se sempre de que os rótulos devem permanecer nas embalagens


vazias, no caso de retorno da operação.

94
Agora, veja os símbolos de manuseio utilizados nas embalagens, indicados
pela NBR 7500, para o transporte de produtos perigosos.

Figura 5 – Símbolos de manuseio para embalagens.


Fonte: ABNT, 2021.

Sinalização em veículos

Você já aprendeu sobre os rótulos de risco e os painéis de segurança e a


finalidade deles para o transporte de produtos perigosos.

Os detalhes sobre como o transportador deve empregá-los nos veículos e nos


equipamentos constam na NBR 7500/21.

Carga a granel

O expedidor exigirá do transportador que os rótulos de risco e os painéis de


segurança sejam fixados nas cargas a granel, de acordo com os produtos
que estão sendo transportados.

A seguir, explicaremos como os rótulos de risco e os painéis de segurança


devem ser fixados nas cargas e quais são as regras para esse procedimento.
Acompanhe!

95
Transportando apenas um produto perigoso – para veículos ou equipamentos
que transportam apenas um produto perigoso ou resíduo de apenas um
produto perigoso, as regras são as seguintes:

• Exibir os painéis de segurança e os rótulos de risco principal e


subsidiário;
• Painéis de segurança devem estar fixados no veículo da seguinte forma:
um na frente, um na traseira (à esquerda) e um em cada lateral;
• Rótulos de risco devem estar fixados no veículo da seguinte forma: um
na traseira e um em cada lateral.

Figura 6 – Transportando apenas um produto perigoso.


Fonte: ABNT, 2021.

Transportando mais de um produto perigoso – para transportar um produto


perigoso ou o resíduo de um produto perigoso diferentes entre si em veículos
que têm mais de um tanque ou compartimento, as regras são as seguintes:

96
• Exibir os painéis de segurança e os rótulos de risco principal e
subsidiário nas laterais de cada compartimento correspondente ao
produto que está armazenado nesse espaço;
• Nos painéis de segurança da traseira e da dianteira não deverão constar
os números de risco e da ONU;
• Rótulos de risco devem estar fixados na traseira do veículo, conforme os
tipos de produtos transportados.

Figura 7 – Transportando mais de um produto perigoso.


Fonte: ABNT, 2021.

Veículo vazio e descontaminado – o veículo que estiver circulando


descarregado, mas que ainda esteja contaminado com o produto da carga
anterior receberá o mesmo tratamento que os veículos carregados.

97
E qual deve ser o procedimento com os rótulos de risco e com os painéis de
segurança?

• Rótulos de risco e painéis de segurança devem permanecer


normalmente no veículo, assim como o envelope e a ficha de
emergência.

E quando será permitida a retirada dos painéis e dos rótulos?

• Depois que o veículo estiver limpo e descontaminado; para isso, há um


documento, que deve permanecer no veículo.

Figura 8 – Veículo vazio e descontaminado.


Fonte: ABNT, 2021.

Transportando substâncias a temperaturas elevadas – o veículo que estiver


circulando com carga de substâncias a temperaturas elevadas deverá exibir os
painéis de segurança e os rótulos de risco principal e subsidiário, seguindo as
regras para o transporte de produto ou resíduo perigoso:

98
• Painéis de segurança devem estar fixados no veículo da seguinte forma:
um na frente, um na traseira (à esquerda) e um em cada lateral;
• Rótulos de risco devem estar fixados no veículo da seguinte forma: um
na traseira e um em cada lateral;
• Rótulo de risco especial deve estar fixado na frente, na traseira (à
direita) e na lateral do veículo.

Figura 9 – Transportando substâncias a temperaturas elevadas.


Fonte: ABNT, 2021.

Agora que você já sabe as regras para a colocação dos rótulos


e painéis de segurança para cargas a granel, chegou a hora de
conhecer as regras para cargas fracionadas!

Carga fracionada

Já sabemos que a fixação dos rótulos de risco e dos painéis de


segurança é de responsabilidade do expedidor, pois, para ser transportada,

99
a carga fracionada deve estar devidamente rotulada, etiquetada e marcada.
Agora, vamos ver como fixar rótulos e painéis em cargas fracionadas.

Acompanhe!

Transportando apenas um produto perigoso – quando o veículo transportar


apenas um produto perigoso embalado, as regras são as seguintes:

• Exibir os painéis de segurança e os rótulos de risco principal e


subsidiário;
• Painéis de segurança devem estar fixados no veículo da seguinte forma:
um na frente, um na traseira (à esquerda) e um em cada lateral;
• Rótulos de risco devem estar fixados no veículo da seguinte forma: um
na traseira e um em cada lateral.

Figura 10 – Transportando um produto perigoso em carga fracionada.


Fonte: ABNT, 2021.

100
Transportando mais de um produto perigoso da mesma classe – para veículos
que transportam mais de um produto perigoso embalado, mas que pertençam à
mesma classe, as regras são as seguintes:

• Painéis de segurança da traseira, da dianteira e das


laterais não deverão apresentar os números de risco e da ONU;
• Rótulos de risco devem estar fixados apenas na traseira e na lateral do
veículo se todos os produtos embalados forem da mesma classe.

Figura 11 – Transportando mais de um produto perigoso de mesma classe.


Fonte: ABNT, 2021.

Transportando produtos perigosos de classes diferentes – para veículos que


transportam mais de um produto perigoso embalado, de classes diferentes, as
regras são as seguintes:

• Não há necessidade de fixar rótulos de risco;


• Painéis de segurança não deverão apresentar os números de risco e da
ONU.

101
Figura 12 – Transportando produtos perigosos de classes diferentes.
Fonte: ABNT, 2021.

Após descarregar o veículo, é necessário realizar a descontaminação do


compartimento de carga (tanques e contêineres). Para esse procedimento,
existe a Portaria n. 204/11 do Inmetro, que estabelece os critérios para a
descontaminação, os documentos necessários e a placa de certificação de
descontaminação, que é obrigatória. Veja os modelos a seguir:

102
Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos (CIPP).

Fonte: INMETRO, 2011.

Registro de Não Conformidade (RNC) (CIPP).

Fonte: INMETRO, 2011.

103
Placa de identificação e placa de inspeção.

Fonte: INMETRO, 2011.

Transportando produtos perigosos em veículos utilitários – é possível


transportar produtos perigosos em veículos utilitários, desde que estes sigam
as regras e as permissões legais para esse tipo de transporte. Veja as regras:

• Exibir os painéis de segurança e os rótulos de risco principal e


subsidiário;
• Painéis de segurança devem estar fixados assim: um na frente, um na
traseira (à esquerda) e um na lateral;
• Rótulos de risco devem estar fixados assim: um na traseira e um na
lateral.

104
Figura 13 – Transportando produtos perigosos em veículos utilitários.
Fonte: ABNT, 2021.

Veículo descarregado – poderá circular normalmente sem os painéis de


segurança e rótulos de risco.

Figura 14 – Veículo descarregado.


Fonte: ABNT, 2021.

105
Transportando mais de um produto da Classe 1 – Explosivos – para veículos
que transportam vários produtos dessa classe, com o produto perigoso
embalado em uma mesma unidade de transporte, as regras são as seguintes:

• Faixas com a frase "CUIDADO EXPLOSIVOS" devem ser fixadas na


traseira e na lateral;
• Bandeirolas vermelhas devem ser fixadas assim: uma na traseira, uma
na dianteira e duas em cada lateral do veículo.

Atenção! Essas são orientações apresentadas no Regulamento para a


Fiscalização de Produtos Controlados pelo Exército – R 105. Confira na integra
esse Regulamento43 na página do Exército Brasileiro, as orientações sobre a
fiscalização de produtos controlados.

Figura 15 – Transportando mais de um produto da Classe 1 – Explosivos.


Fonte: ABNT, 2021.

43 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10030.htm#art6

106
Carga a granel e fracionada no mesmo veículo – o veículo que transporta carga
a granel e fracionada precisa exibir os painéis de segurança e os rótulos de
risco principal e subsidiário.

• Painéis de segurança devem estar fixados assim: um na frente, um


na traseira (à esquerda) e um em cada lateral;
• Rótulos de risco devem estar fixados assim: um na traseira e um na
lateral;
• A carga fracionada deve apresentar o rótulo de risco de acordo com o
produto que está acondicionado.

Se você tem dúvidas sobre marcação e rótulos em embalagens de produtos


perigosos, retorne à unidade de estudo 6 e confira as orientações. É sempre
válido relembrar!

Figura 16 – Carga a granel e fracionada no mesmo veículo.


Fonte: ABNT, 2021.

Veículo combinado com carga a granel com único produto de mesmo risco –
precisa exibir os painéis de segurança e os rótulos de risco principal e
subsidiário.

107
• Painéis de segurança devem estar fixados assim: um na frente, um na
traseira (à esquerda) e um na lateral de cada unidade de transporte;
• Rótulos de risco devem estar fixados assim: um na traseira e um na
lateral de cada unidade de transporte;
• Unidade de transporte que fica entre o cavalo e a última unidade de
carga, ou seja, a unidade do meio também deve receber painel de
segurança;
• A carga fracionada deve apresentar o rótulo de risco de acordo com o
produto que está acondicionado.

Figura 17 – Veículo combinado com carga a granel e embalagens/volumes, de diferentes riscos


no primeiro veículo e carga fracionada com diferentes classes ou subclasses de risco no
segundo veículo.
Fonte: ABNT, 2021.

Veículo combinado com carga a granel e fracionada de riscos diferentes –


precisa exibir os painéis de segurança e os rótulos de risco principal e
subsidiário.

• Painéis de segurança no veículo – não há necessidade de identificação


na frente e na traseira;
• Painéis de segurança na carga fracionada – não há necessidade de
identificação na frente e na traseira;
• Painéis de segurança na carga a granel devem estar fixados na lateral
da unidade de transporte;

108
• Rótulos de risco devem estar fixados na traseira e nas laterais da carga
da carga a granel e da carga fracionada;
• A carga fracionada deve apresentar o rótulo de risco de acordo com o
produto que está acondicionado.

Figura 18 – Veículo combinado com carga a granel com embalagens/volumes de produtos


perigosos no primeiro veículo e carga a granel com produtos perigosos de diferentes classes
ou subclasses de risco no segundo veículo.
Fonte: ABNT, 2021.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo44.

Chegamos ao final desta Unidade de Estudo, na qual abordamos


a identificação dos produtos perigosos e a simbologia adotada.
Percebemos a importância da legislação e o atendimento
imprescindível por parte de todos os envolvidos no carregamento, transporte,
manuseio dos produtos perigosos. A identificação correta, por exemplo, por
meio da simbologia, ajudará na atitude correta em relação ao produto ali
envolvido. Faça os exercícios propostos para reforçar os conhecimentos aqui
adquiridos. Até a próxima Unidade!

44 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/x9oc1u6a11584no

109
Referências

ABNT/CB-16. Comitê Brasileiro de Transporte e Tráfego. Circular ABNT NBR


9735. ABNT, 30 maio 2016. Disponível em: <http://www.abtlp.org.br/wp-
content/uploads/2016/07/CIRCULAR-ABNT-NBR-9735_ABNT_CB_16.pdf>.
Acesso em: 17 mar. 2019.

ABNT – associação Brasileira de Normas técnicas. NBR7503, 15 jun. 2020.


Transporte terrestre de produtos perigosos — Ficha de emergência —
Requisitos mínimos. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

ABNT. NBR 7500. Identificação para o transporte terrestre, manuseio,


movimentação e armazenamento de produtos. 12. ed. Rio de Janeiro: ABNT,
2021.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, 24 set. 1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 18 mar.
2019.

BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n. 5.232, de


14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez.
2016. Disponível em: <https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/24783215>. Acesso em: 25 nov.
2021.

_____. Resolução n. 5.947, de 1º de julho de 2021. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as suas
Instruções Complementares, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 14 jul. 2021. Disponível em:
<https://bit.ly/3xtldaX>. Acesso em: 25 nov. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução Contran n. 789, de 18 de


junho de 2020. Consolida normas sobre o processo de formação de condutores
de veículos automotores e elétricos. Diário Oficial da União, Poder

110
Legislativo, Brasília, DF, 24 jun. 2020. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao7892020r.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução Contran 849, de 8 de abril de 2021. Altera a Resolução


Contran n. 789, de 18 de junho de 2020, que consolida normas sobre o
processo de formação de condutores de veículos automotores e elétricos.
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 abr. 2021.
Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/Resolucao8492021.pdf>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Portaria n. 204, de 11 de maio de 2011. Ministério do Desenvolvimento,


Indústria e Comércio Exterior. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial-INMETRO. Disponível em: <
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/rtac001698.pdf>. Acesso em: 29
nov. 2021.

DER – DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGENS SP. Manual de


produtos perigosos. São Paulo: DER, S.d. Disponível em:
<http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20
Perigosos.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2019.

111
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 1 – Legislação de Trânsito
Unidade de Estudos 5 – Responsabilidades do condutor durante o
transporte

Objetivo: perceber as responsabilidades do condutor durante o transporte de


produtos perigosos e os fatores que interferem no percurso.

Tópicos desta unidade:


• Fatores de interrupção da viagem;
• Responsabilidades do condutor antes da viagem;
• Responsabilidades do condutor durante a viagem;
• Responsabilidades do transportador;
• Responsabilidades do expedidor;
• Participação do condutor no carregamento e no descarregamento do
veículo;
• Trajes e equipamentos de proteção individual.

Olá! Nesta unidade, você estudará sobre a viagem que é


realizada com transporte de produtos perigosos, e os fatores que
podem ocasionar a interrupção dela. Como condutor, você pode
participar do carregamento e descarregamento da carga, mas precisa conhecer
os equipamentos especiais que deve utilizar. Preparado? Então, vamos lá!

Fatores de interrupção da viagem

Além de conhecimento geral sobre trânsito, para transportar produtos


perigosos, o condutor especializado precisa, obrigatoriamente, dominar os
conhecimentos específicos para esse tipo de transporte.

Você sabe, por exemplo, quando a viagem deve ser interrompida?

112
Você deve parar a cada vez que observar alterações nas condições do
transporte da carga que são capazes de colocar em risco a segurança das
pessoas, da sociedade, de bens ou do meio ambiente.

Nessas condições, o condutor deve entrar em contato com a transportadora,


com autoridades ou entidades responsáveis, conforme os números de
telefones indicados no verso da ficha de emergência que sempre deverá portar
durante o trajeto realizado.

Veja o que determina o Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988, em


seu art. 24, sobre interrupção da viagem:

Em caso de acidente, avaria ou outro fato que obrigue a


imobilização de veículo transportando produto perigoso, o
condutor adotará as medidas indicadas na Ficha de
Emergência e no Envelope para o Transporte
correspondentes a cada produto transportado, dando
ciência à autoridade de trânsito mais próxima, pelo meio
disponível mais rápido, detalhando a ocorrência, o local,
as classes e quantidades dos materiais transportados.

Brasil, 1988.

Responsabilidades do condutor antes da viagem

É de responsabilidade do condutor inspecionar o veículo de maneira a


assegurar suas perfeitas condições para o transporte. Clique a seguir para
saber sobre os elementos que devem ser levados em conta nessa inspeção.

113
Equipamentos obrigatórios
Conferir se o transportador disponibilizou os equipamentos obrigatórios e se
estão em perfeitas condições de uso.
Vistoria
Realizar com rigor a vistoria no veículo.
Documentação
Conferir os documentos pessoais (posse e validade), além dos documentos da
carga e do veículo.
Ficha de emergência e envelope de transporte
Ler e conhecer, para poder executar as medidas indicadas na ficha e no
envelope em caso de acidente ou vazamento, considerando a especificidade
do produto transportado.
Painéis de segurança e rótulos de risco
Conferir se o veículo apresenta painéis e rótulos correspondentes ao produto
transportado, e se estão legíveis e corretamente fixados.
Extintor
Conferir a disponibilidade e a adequação para uso do extintor, na cabine
própria, e se sabe manusear corretamente, além de conferir a disponibilidade
do triângulo de emergência.
Prazo para entrega
Observar o prazo para entrega da carga e identificar as condições da estrada
evitando, assim, avarias ao veículo e à carga; deve, também, analisar o
trajeto, os locais de parada e as paradas para fiscalização.

Quantos elementos para conferir antes de iniciar a viagem, não é mesmo? Mas
lembre-se de que o condutor só poderá participar das operações de
carregamento, transbordo e descarregamento da carga de produtos perigosos
se realizou treinamento específico pelo expedidor, em concordância com o
transportador.

114
Figura 1 – Responsabilidade do condutor antes da viagem.
Fonte: Depositphotos/ photography33.

Responsabilidades do condutor durante a viagem

Durante a viagem, o condutor deve desenvolver uma condução segura (direção


defensiva), tendo respeito às normas de trânsito (CTB). Também deve possuir os
equipamentos e acessórios do veículo para o transporte da carga, e, para sua
segurança, deve usar os trajes adequados. Clique em cada item a seguir e
acompanhe alguns cuidados que o motorista deve ter durante a viagem.

Estado do veículo
Conferir com frequência o estado geral do veículo, dos pneus, dos
equipamentos da carga, dos itens de segurança; verificar se há vazamentos
ou aquecimento indevido, entre outras ocorrências.
Itinerário
Obedecer criteriosamente ao planejamento de itinerário realizado pelo
transportador.
Condições adversas
Atentar aos fatores meteorológicos que podem interferir na viagem.

115
Paradas e estacionamentos
Obedecer criteriosamente às orientações indicadas nas paradas e nos
estacionamentos para cargas de produtos perigosos.
Acostamentos
Utilizar o acostamento somente em casos de emergência e providenciar
imediatamente os encaminhamentos necessários para resolver a situação.
Condução correta
Utilizar sempre as técnicas adequadas para a condução de veículos com
produtos perigosos.
Painel de instrumentos
Manter atenção especial ao painel de instrumentos do caminhão e os relativos,
por exemplo, para aquecer ou resfriar a carga.
Irregularidades
Avisar imediatamente o transportador quando perceber qualquer irregularidade
com a carga transportada.
Traje
Utilizar o traje mínimo adequado à função e ao tipo de carga.
Descanso
Observar os intervalos de descanso, registrando-os em diário de bordo,
papeleta, ou pelo tacógrafo. A Lei 13.103, de 2 de março de
2015 regulamenta, no capítulo III–A, a obrigatoriedade do descanso.

Responsabilidades do transportador

O transportador é a empresa credenciada a realizar o transporte de produtos


perigosos. Entre as principais responsabilidades das empresas com o
transporte de cargas, estão:

• Veículo e equipamento – oferecer manutenção periódica ao veículo e


aos equipamentos, além de vistoriar as condições de uso,
funcionamento e segurança, conforme produto transportado;
• Carga, descarga e transbordo – acompanhar a operação, garantindo
que o expedidor e o destinatário sigam as medidas de segurança;

116
• CIPP – obter e acatar o Certificado de Inspeção para o Transporte de
Produtos Perigosos;
• Equipamentos para situações de emergência – manter, no veículo, os
equipamentos necessários para situações de emergência, observando
frequentemente sua conservação, além de treinar e instruir os
condutores ao uso, de acordo com as instruções do expedidor de cada
produto;
• Ministério do Trabalho – atender às exigências quanto ao uso do traje
e dos equipamentos de segurança;
• Painéis de segurança e rótulos de risco – posicionar adequadamente
nos veículos;
• Recomendações do expedidor – atender com eficiência às
recomendações do expedidor durante as operações de transbordo;
• Documentação – exigir e conferir a documentação do condutor, da
carga e do veículo.

Essas incumbências do transportador responsável têm como objetivo promover


a segurança para todos, durante o carregamento, transporte e
descarregamento dos produtos perigosos.

Se houver algum desacordo sobre as normas, o transportador será


responsabilizado por aceitar transportar produtos e embalagens em desacordo
com as normas de segurança.

Quer saber mais sobre esse assunto? Leia o art. 3545 “Deveres e obrigações
do transportador” indicados na Resolução n. 5.947/21 – ANTT, que atualiza o
Decreto n. 96.044/88 – RTPP.

Responsabilidades do expedidor

O expedidor é a empresa que despacha a carga de produto perigoso e é


quem expede a nota fiscal, por exemplo, de uma fábrica de dinamites ou de um

45 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.947-de-1-de-junho-de-2021-323561273

117
revendedor de cloro. A seguir, acompanhe as responsabilidades do
expedidor.

• Produto/embalagem – acondicionar o produto conforme as


especificações;
• Identificação dos produtos – entregar ao transportador os produtos
devidamente rotulados, etiquetados e marcados, com o envelope para
transporte, a ficha de emergência, pertinente aos produtos/classes,
quando em cargas fracionadas;
• Organizar e treinar o pessoal envolvido – operacionalizar a carga e
treinar o pessoal que realiza essa atividade;
• Equipamentos de proteção individual – fornecer equipamentos para
situações de emergência, acidente ou avaria, quando o transportador
não puder fazê-lo;
• Simbologia de risco dos produtos transportados – exigir do
transportador o jogo de rótulos de riscos e painéis de segurança
referente ao produto ou à carga;
• Incompatibilidade de produtos entre si – negar o transporte de
produtos perigosos incompatíveis entre si na mesma carga;
• Não misturar produtos perigosos com os alimentos – negar o
transporte de produtos perigosos junto com animais, alimentos ou
produtos de consumo humano ou animal.

Para saber mais sobre as atribuições do expedidor, leia a Seção II


da Resolução ANTT 5.947/2146, que explica as funções do expedidor e
do destinatário em detalhes.

Responsabilidades do fabricante ou importador de produtos


e equipamentos
O fabricante do produto deverá fornecer ao expedidor:

• informações sobre os cuidados necessários no momento do


transbordo e manuseio do produto;
• informações para o preenchimento da ficha de emergência;

46 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.947-de-1-de-junho-de-2021-323561273

118
• especificações necessárias para o acondicionamento da carga, como
arrumação, empilhamento e fixação da carga no compartimento do
veículo;
• relação de conjunto para situações de emergência, quando for
necessário.

O fabricante de equipamento deve estar ciente de que:

• responderá civil e criminalmente pela qualidade dos equipamentos e


produtos a serem transportados;
• a responsabilidade sobre os equipamentos importados é inteiramente
do importador.

Agora que você já estudou sobre as responsabilidades de cada pessoa e


entidade envolvida no processo de transporte de produto perigoso, confira as
regras para os equipamentos de proteção individual. Acompanhe!

Participação do condutor no carregamento e no


descarregamento do veículo

A primeira responsabilidade do condutor de veículos de transporte de


produtos perigosos é, sem dúvida, preservar a própria segurança. Ele estará
autorizado a participar das operações de carregamento, transbordo e
descarregamento da carga de produtos perigosos se tiver realizado
treinamento específico pelo expedidor, em concordância com o transportador.

O condutor também precisa cuidar da segurança dos usuários da via, da


integridade da carga, do veículo e do meio ambiente. E não acaba aí a sua
responsabilidade. Vamos ver, a seguir, outras atribuições desse profissional
antes e durante a viagem? Acompanhe!

Vamos iniciar analisando o Regulamento para o Transporte Rodoviário de


Produtos Perigosos (RTPP) disposto no Decreto n. 96.044 de 18 de maio de
1988.

119
“Art. 16. O transportador, antes de mobilizar o veículo,
deve assegurar-se de que este esteja em condições
adequadas ao transporte para o qual é destinado,
conforme regulamentação das autoridades competentes,
e com especial atenção para o tanque, carroceria e
demais dispositivos que possam afetar a segurança da
carga transportada.
Art. 17. O condutor, durante a viagem, é o responsável
pela guarda, conservação e bom uso dos equipamentos e
acessórios do veículo, inclusive os exigidos em função da
natureza específica dos produtos transportados.
Parágrafo único. O condutor deve examinar as condições
gerais do veículo, verificando, inclusive, a existência de
vazamento, o grau de aquecimento, o estado de uso dos
pneus e as demais condições do conjunto transportador.”

Brasil, 1988.

Com relação à Resolução n. 5.848, de 25 de junho de 2019, da Agência


Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) podemos observar as seguintes
orientações:

“Art. 20. O condutor de veículo utilizado no transporte de


produtos perigosos deve ter sido aprovado em curso
específico, conforme regulamentado pelo Conselho
Nacional de Trânsito - CONTRAN, salvo se disposto em
contrário nas Instruções Complementares a este
Regulamento.
Art. 21. As operações de carregamento, descarregamento
e transbordo de produtos perigosos devem ser realizadas
atendendo-se às normas e instruções de segurança e
saúde do trabalho, estabelecidas pelos órgãos
competentes.

120
Art. 22. Durante o transporte, o condutor do veículo e os
auxiliares devem usar calça comprida, camisa ou
camiseta, com mangas curtas ou compridas, e calçados
fechados.”

Brasil, 2019.

São vários os fatores que comprometem a segurança durante


o carregamento e o descarregamento do transporte de cargas
perigosas. Fique atento!

Trajes e equipamentos de proteção individual

Você já ouvir falar em EPI? Essa é a sigla de Equipamento de Proteção


Individual. Esses equipamentos têm como finalidade proteger o trabalhador
contra riscos que ameaçam sua segurança e saúde.

O conjunto básico de EPI é composto de:


▪ capacete de proteção – deve ter cinta interna de amortecimento e não
pode apresentar furos ou rachaduras;
▪ par de luvas – as luvas devem ser resistentes aos produtos químicos e
apresentar cano longo e forro interno.

121
Figura 2 – Conjunto básico de EPI.
Fonte: Depositphotos/ ljsphotography.

Existe uma norma que regulamenta o uso de EPI para transporte terrestre de
produtos perigosos: a NBR 9735.

Acompanhe as principais orientações para o uso adequado do conjunto de


EPI:

• Todo veículo que transporta produtos perigosos deve conter


um conjunto de EPI e esses equipamentos devem ser mantidos na
cabine do veículo;
• O conjunto de EPI pode variar conforme o tipo de produto que está
sendo transportado;
• O nome do fabricante precisa estar gravado em cada EPI, contendo o
lote da fabricação e os números dos Certificados de Aprovação – CA,
a fim de atender à exigência do Ministério do Trabalho;
• EPI sem a gravação do lote da fabricação e CA estará em desacordo
com a lei, e a empresa pode ser responsabilizada civil e
criminalmente;
• O transportador deve treinar o pessoal envolvido nas operações de
transporte, para que utilizem corretamente o conjunto de EPI.
122
Cada produto perigoso a ser transportado exige um tipo de conjunto de EPI.
Além disso, a NBR 9735 indica o uso de um ou mais equipamentos. Veja a
seguir:

Tipos de EPI

Óculos de segurança, Semimáscara, para Luva de raspa, cano


para proteger os olhos proteger nariz e boca. curto ou longo.
dos efeitos de
produtos químicos.

Respirador. Máscara panorâmica com Máscara de fuga, para


filtros*. respiração
exclusivamente pela
boca.

123
Capacete com Colete de sinalização. Máscara contra gases
proteção facial, para tóxicos.
proteger contra
respingos de produtos
químicos ou
queimaduras.

Atenção: os filtros para máscara panorâmica são divididos em:

• Mecânicos, que servem para reter partículas sólidas;


• Químicos, que purificam o ar; e
• Combinados, que compreendem as duas funções de proteção:
contra partículas solidas e gases.

Esses filtros têm validade de 3 (três) anos, para os que apresentam lacres, e 6
(seis) meses para os que apresentam lacre rompido.
A função dos filtros PV – polivalente é proteger nariz, boca e olhos contra:

• GA – gases ácidos;
• NH3 – amônia;
• VO – vapores orgânicos;
• CO – monóxido de carbono SO2 – bióxido de enxofre.

Após utilizar os equipamentos de proteção, é fundamental que eles sejam


submetidos a rigorosa higiene, estejam livres de contaminação e
acondicionados em local de fácil acesso. Além disso, deve-se verificar se estão
em perfeitas condições de uso; caso contrário, a substituição deve ser
providenciada imediatamente.

124
Veja o resumo desta Unidade de Estudo47.

Nesta Unidade, você estudou sobre as responsabilidades do


condutor e de outras pessoas envolvidas, bem como das
empresas, durante o transporte dos produtos perigosos. Estudou
também o envolvimento do condutor no carregamento e descarregamento dos
produtos e suas responsabilidades, inclusive com o uso do traje correto, e o
que deve ocorrer para não interromper a viagem. Agora que chegamos ao final,
você precisa resolver os exercícios de fixação!

Referências

ABNT/CB-16. Comitê Brasileiro de Transporte e Tráfego. Circular ABNT NBR


9735. ABNT, 30 maio 2016. Disponível em: <http://www.abtlp.org.br/wp-
content/uploads/2016/07/CIRCULAR-ABNT-NBR-9735_ABNT_CB_16.pdf>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
25 nov. 2021.

_____. Lei 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da


profissão de motorista; altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n. 9.503,
de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, e 11.442, de 5 de
janeiro de 2007 (empresas e transportadores autônomos de carga), para
disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional;
altera a Lei n. 7.408, de 25 de novembro de 1985; revoga dispositivos da Lei n.

47 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/tb152hcv15lw5hy

125
12.619, de 30 de abril de 2012; e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 mar. 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13103.htm>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n.


3.762 de 26 de janeiro de 2012. Atualiza o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 8 fev. 2012. Disponível em:
<http://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=219529>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 3.665/11, de 4 de maio de 2011. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 maio 2011. Disponível em:
<http://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=217095>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.848/19, de 25 de junho de 2019. Atualiza o


Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 junho 2019. Disponível
em: <http://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=217095>.
Acesso em: 25 nov. 2021.

126
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 1 – Direção defensiva

Objetivo: compreender as formas adequadas de dirigir e os fatores que podem


influenciar no desempenho do condutor profissional.

Tópicos desta Unidade:

• Conceito de direção defensiva;


• Categorias e elementos da direção defensiva;
• Sinistros de trânsito: causas;
• Condições adversas;
• Como ultrapassar.

Olá! Seja bem-vindo ao Núcleo Temático que trata de direção


defensiva! Você sabia que é possível prevenir os principais
acidentes de trânsito? Podemos evitar situações de risco
praticando a direção defensiva. Nesta Unidade, você vai conhecer os
comportamentos corretos para dirigir com mais segurança e como adotar
práticas defensivas que contribuam para o seu desempenho profissional.
Preparado? Então, vamos lá!

Conceito de direção defensiva

Dirigir defensivamente é conduzir o veículo com segurança, de maneira a


evitar acidentes, independentemente das ações incorretas dos outros
usuários do trânsito ou de condições adversas que se apresentem para o
momento.

Um motorista que pratica a direção defensiva está sempre atento a tudo o


que acontece no trânsito. Ele observa a movimentação de veículos e

127
pedestres, presta atenção na sinalização, nas condições do tempo, enfim, em
todos os elementos à sua volta. Com isso, consegue antecipar situações e
evitar acidentes.

A educação do condutor faz toda a diferença!

Figura 1 – O motorista defensivo está sempre atento ao trânsito.

Fonte: Shutterstock/Sorbis.

Para o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a direção defensiva refere-se à


postura do condutor, a fim de chamar sua atenção para a responsabilidade e a
necessidade de se cumprir a lei, a fim de se evitar o mal maior, que seria, no
caso, um acidente de trânsito.

Já a legislação de trânsito refere-se a uma questão infracional, ou seja, ao


cometer uma infração, o cidadão será punido com multas e penalidades
previstas em lei.

Você se considera um condutor defensivo?

128
Categorias e elementos da direção defensiva

A direção defensiva pode ser dividida em duas categorias:

Preventiva
É a atitude do motorista que permanece atento para evitar situações de risco.
Corretiva
É a atitude que o motorista deve ter quando está diante de um possível
acidente, corrigindo situações que não estavam previstas.

O motorista defensivo sabe analisar os riscos, avaliar problemas, observar


comportamentos e situações para evitar acidentes, apesar das condições
adversas.

Na conduta diária do condutor profissional, é preciso sempre adotar práticas de

direção defensiva com base nos cinco elementos que estudaremos a seguir.

Elementos da direção defensiva

Conhecimento
Desenvolver aprendizado constante na profissão é essencial para
a realização de um bom trabalho. Além do conhecimento prático,
ou seja, saber dirigir, é importante ter conhecimento sobre:
• Os direitos e deveres dos condutores e pedestres;
• As leis de trânsito;
• As normas;
• Os trajetos;
• As sinalizações;
• O veículo.
Esses conhecimentos são necessários para que você possa
tomar boas decisões no trânsito e com agilidade, sempre que
necessário. Isso evita danos ao motorista e ao seu veículo, aos
outros usuários e à via pública.

129
Atenção
O condutor precisa estar atento a tudo o que acontece à sua volta
no trânsito para evitar acidentes.
Ao conduzir o seu veículo, esteja sempre alerta! Fique atento e
consciente desde o momento em que entrar no veículo até chegar
ao seu destino. O risco de acidente pode diminuir quando o
condutor está atento!
Previsão
Previsão é a capacidade de se antecipar aos acontecimentos e
reagir rapidamente. Prever não é a mesma coisa que adivinhar!
Quando o motorista está atento e analisa tudo o que acontece ao
seu redor, ele consegue identificar os riscos, prevendo possíveis
acidentes. Assim, ele tem mais tempo para tomar atitudes
seguras.
A previsão também pode ser usada em outras situações que
previnem possíveis ocorrências mais distantes, como quando o
motorista realiza antecipadamente a revisão do veículo e a
verificação dos equipamentos obrigatórios, evitando, assim, que
o carro apresente problemas em via pública.
Decisão
É a capacidade de analisar rapidamente a situação e escolher
que ação deve ser tomada. A decisão no trânsito requer uma
iniciativa imediata, pois, ao identificar uma situação de perigo, o
condutor precisa decidir o que fazer a tempo de evitar um
acidente.
Habilidade
É a capacidade de o condutor dominar seu veículo em situações
de adversidades. Esse é um elemento que, assim como o
conhecimento, precisa ser constantemente exercitado para que
você possa se tornar um condutor cada vez melhor nas práticas
defensivas e mais seguro no trânsito. A habilidade está
relacionada à experiência do condutor e pode ser desenvolvida
com a prática. O motorista é considerado hábil para conduzir e

130
manobrar o seu veículo quando tem conhecimentos teóricos e
práticos e desenvolve atenção, previsão e a capacidade de
decisão.

Quanto mais o condutor exercitar os elementos da direção defensiva, mais


habilidoso e apto estará para as adversidades que o trânsito apresenta.

Todos, pedestres a motoristas, devem colaborar para um trânsito mais seguro.

Agora que você aprendeu sobre os elementos da direção defensiva, é só


contribuir para um trânsito melhor!

Sinistros de trânsito: causas

Um acidente é algo inesperado, um acontecimento imprevisto, mas no trânsito


representa uma ocorrência responsabilizável, ou seja, que pode ser provocada
por alguém. Por isso, um acidente no trânsito é chamado de sinistro.

Veja a definição de sinistro de trânsito da Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT NBR 10697):

“Sinistro de trânsito é todo evento que resulte em dano ao


veículo ou à sua carga e/ou em lesões a pessoas e/ou
animais, e que possa trazer dano material ou prejuízos ao
trânsito, à via ou ao meio ambiente, em que pelo menos
uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou
em áreas abertas ao público.”
ABNT, 2020.

131
Nesse sentido, é importante que as pessoas tenham consciência de que
sinistros podem ser evitados desde que condutores e pedestres
tenham responsabilidade e atenção.

Você já parou para pensar nas causas de um acidente? Pesquisas


indicam que a maioria dos acidentes de trânsito ocorre por falha
humana, ou seja, podem ser evitados.

Veja a seguir como se reflete o comportamento dos condutores de veículos e


as falhas humanas que podem levar a um acidente de trânsito!

Negligência
É o motorista que age com descaso, não observa e é desatento (por
exemplo: não cuida da manutenção do veículo; entrega a direção do veículo
a pessoas não habilitadas).
Imperícia
É a falta de habilidade ou de conhecimento ao dirigir que decorre
principalmente da formação inadequada do condutor (exemplo: não sabe agir
em situações de emergência).
Imprudência
Ocorre quando o condutor conhece a lei, mas desobedece às regras de
conduta (exemplo: excede a velocidade da via; dirige sob a influência de
álcool; não respeita as regras e os sinais de trânsito).

É preciso que essas falhas sejam enfrentadas com seriedade e que


negligência, imperícia e imprudência possam tornar-se precaução, bom senso
e sabedoria para um trânsito mais respeitoso.

Condições adversas

Condições adversas são situações e fatores que atrapalham e/ou


interferem na forma de dirigir. Portanto, é preciso estar atento e preparado

132
para, diante delas, agir de forma adequada e tomar a decisão mais acertada a
fim de evitar acidentes.

Atitudes como obedecer à sinalização, não ultrapassar o limite de velocidade e


respeitar os outros motoristas e pedestres são maneiras de se precaver de
condições adversas.

Veja, a seguir, algumas condições adversas que em situações especiais


podem prejudicar a forma de dirigir.

Luz

As condições de iluminação são muito importantes na direção defensiva.

A ausência de luz ocasiona a penumbra, o que geralmente ocorre ao anoitecer,


amanhecer, no interior de túneis, viadutos e durante tempestades.

Penumbra

Quando acontece uma penumbra, o condutor deve redobrar a atenção, manter


a luz baixa ligada e reduzir a velocidade.

133
Excesso de luz natural

Excesso de luz natural pode causar ofuscamento momentâneo da visão do


motorista.

Excesso de luz artificial

Excesso de luz artificial pode prejudicar a visão do condutor, tornando a


direção insegura.

É importante ver e ser visto, por isso algumas atitudes devem ser tomadas:

• manter as luzes do veículo em perfeito funcionamento;


• usar óculos de sol ou a pala de proteção do veículo para motorista;
• não utilizar luz alta em vias iluminadas à noite;
• em caso de ofuscamento, orientar-se pela margem direita da via,
utilizando as linhas da borda da pista;
• utilizar os faróis baixos à noite ou sob chuva forte.

134
À noite, é mais difícil enxergar detalhes, por isso é importante reduzir a
velocidade para ter mais tempo na avaliação de obstáculos, por exemplo,
animais, buracos ou pessoas.

Tempo

As condições atmosféricas também podem dificultar a visão do condutor,


prejudicando o correto uso do veículo no trânsito.

Chuva, vento, granizo, neve, neblina e até calor excessivo diminuem muito a
capacidade de o condutor ver e avaliar as condições reais da estrada e do
veículo.

Além da dificuldade visual, as condições adversas de tempo causam


problemas nas estradas, como barro, areia e desmoronamento, tornando-as
mais lisas e perigosas, o que pode causar derrapagens e acidentes.

E o que fazer diante desse tipo de condição adversa?

Deve-se reduzir a marcha, acender as luzes do veículo e, se necessário,


procurar um local adequado, sem riscos (como um recanto, posto rodoviário ou
posto de gasolina), e esperar que as condições do tempo melhorem. Observe
outros procedimentos a seguir.

Neblina, cerração ou nevoeiro

Nesses casos, o condutor deve usar luz baixa, diminuir a velocidade e ter mais
atenção para conduzir o veículo.

Em caso de visibilidade nula, pare em um lugar seguro e aguarde.

135
Os procedimentos corretos são os seguintes:

• reduzir a velocidade;
• não ultrapassar;
• ligar o limpador de para-brisa;
• parar em lugar seguro e aguardar, se necessário;
• evitar parar na via, mas, se for necessário, usar sempre o acostamento,
e posicionar o triângulo de segurança em local visível;
• se precisar parar, ligar o pisca-alerta, que não deve ser utilizado com o
veículo em movimento;
• ligar os faróis do veículo, utilizando a luz baixa conforme item “b” do
inciso I, art.40 do CTB, atualizado pela Lei Federal n. 14.071/2020
(Brasil, 2020).

Ventos fortes

Os ventos fortes podem desequilibrar os veículos. Confira como o condutor


deve agir quando se deparar com essa situação:

Ventos transversais
O condutor deve abrir os vidros, reduzir a velocidade e manter o volante
firme.
Ventos frontais
O condutor deve fechar os vidros, reduzir a velocidade, segurar o volante
com firmeza e manter o alinhamento do veículo.

Chuva

O perigo de conduzir um veículo na chuva começa nos primeiros pingos, pois


eles se misturam à fuligem, à poeira e aos resíduos de borracha dos pneus
formando uma camada fina sobre a pista, deixando-a escorregadia.

136
A alta velocidade e o tempo de vida dos pneus podem ampliar as chances de
acidente, portanto reduza a velocidade, mantenha os pneus em excelentes
condições e fique a uma distância segura do veículo à sua frente.

A Lei Federal n. 14.071/2020 tornou obrigatório, para qualquer motorista que


conduza sob chuva, mesmo de dia, ligar os faróis do veículo utilizando a luz
baixa, conforme item “b” do inciso I, art. 40 (Brasil, 2020).

A desobediência a essa obrigação, conforme art. 250 do CTB, é considerada


uma infração média (Brasil, 1997).

Aquaplanagem ou hidroplanagem

A aquaplanagem ocorre quando uma fina camada de água impede a


aderência dos pneus ao solo. Em alta velocidade, o veículo pode perder o
contato com o asfalto e derrapar. Para evitar esse fenômeno, o procedimento
correto é tirar o pé do acelerador, não acionar o freio, não virar o volante para a
direita ou para a esquerda e não usar marcha de força. Veja no Vídeo 1 “Como
evitar a aquaplanagem48”.

Outro fator que ocorre como efeito da chuva são os alagamentos. Nessa
situação, é necessário parar em um lugar alto e seguro e aguardar o nível da
água baixar.

Se o motorista se deparar com alguma dessas situações ao conduzir o veículo,


deve manter a atenção redobrada e, se possível, evitar dirigir em condições
inseguras.

Via

Ao longo do trajeto, é possível que o condutor encontre várias adversidades no


pavimento que poderão desestabilizar o veículo. Por conta disso, a atenção

48 https://player.vimeo.com/video/494214180

137
direcionada aos elementos da pista ou via ajudará a controlar situações de
risco.

O condutor deve ficar atento às mudanças no pavimento, à ausência de


asfalto, aos buracos, às ondulações, aos desníveis e à sinalização
ausente ou deficiente. Manter velocidade compatível com as condições da via
evita acidentes e avarias ao veículo como a quebra de suspensão ou danos
aos pneus.

Trânsito

O grande movimento de veículos nos horários de pico nas vias urbanas das
grandes cidades ou em período de férias ou feriados prolongados nas estradas
e rodovias deixa o trânsito muito carregado.

Para evitar o tráfego intenso, é importante o condutor pesquisar o trajeto com


antecedência, programar sua saída, conhecer opções de caminhos alternativos
para evitar dificuldades e congestionamentos. Também é muito importante que
o condutor mantenha o controle e tenha paciência nessas situações.

Veículo

A condição do veículo pode ser responsável por um número considerável de


sinistros (acidentes) de trânsito que podem envolver outros veículos, pedestres,
animais e patrimônio público/privado.

Por isso, todos os veículos, e especialmente aqueles utilizados por condutores


profissionais, devem ser mantidos em condições adequadas para transitar e de
modo que permitam reagir instantânea e eficientemente a todos os comandos
necessários.

Confira algumas das principais verificações periódicas em um veículo:

138
1. Pneus e roda sobressalente (estepe)
Devem estar com sulco de pelo menos 1,6 milímetros (Resolução Contran n.
558/1980, art. 4º) e com calibragem adequada (Brasil, 1980); é importante
calibrá-los regularmente.
2. Rodas
Devem ser alinhadas e balanceadas.
3. Motor
Deve estar bem regulado, pois evita o consumo excessivo de combustível e
óleo. Os níveis de óleo e temperatura (água) podem ser acompanhados pelo
painel do veículo e conferidos periodicamente.
4. Retrovisores internos e externos
Devem estar limpos, firmes e bem regulados.
5. Bateria
Carga da bateria e cabos devem ser conferidos periodicamente.
6. Cintos de segurança
Verificar se todos os cintos de segurança do veículo estão funcionando
adequadamente, possibilitando a regulagem e o engate.

Um veículo em mau estado de conservação pode sofrer penalidade


prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) – Lei n. 9.503, de 23 de
setembro de 1997, e caracterizar-se como infração de natureza grave e perda
de 5 pontos na CNH.

Lembre-se: realizar revisões no veículo conforme a indicação do fabricante é a


melhor maneira de garantir a sua conservação colaborando com a segurança
no trânsito e cumprindo a legislação.

139
Figura 2 – Mantenha o seu veículo em perfeito estado para locomoção.
Fonte: Pexels.

Motorista

Todo condutor deverá dirigir seu veículo estando bem disposto, equilibrado e
sóbrio, o que significa que a responsabilidade vai além de portar a CNH. Cabe
ao motorista assumir a condição de direção e a responsabilidade pela sua
segurança e a dos demais.

Lembre-se de que a causa de muitos acidentes depende de como o motorista


conduz o veículo.

Como ultrapassar

As ultrapassagens, em rodovias simples ou duplicadas, ou em estradas de


pista simples, representam um momento crítico em que podem ocorrer diversos
acidentes com consequências graves (ainda mais quando o veículo se destinar
ao transporte de passageiros ou ao transporte de cargas perigosas ou
indivisíveis, ou for o veículo de emergência). Portanto, uma ultrapassagem
exige cuidado e atenção plena do motorista, que deve sempre observar pontos
de segurança antes de iniciar a ultrapassagem.

O CTB nos apresenta algumas regras de ultrapassagem segura. O Anexo I do


Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Brasil, 1997) traz a definição de duas
situações diferentes:

140
1. Passagem por outro veículo: é o movimento de passagem à frente de
outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor velocidade,
mas em faixas distintas da via.
2. Ultrapassagem: é o movimento de passar à frente de outro veículo que
se desloca no mesmo sentido, em menor velocidade e na mesma faixa
de tráfego, necessitando sair e retornar à faixa de origem.

Atenção e cuidado são elementos fundamentais para uma boa condução.


Fique atento!

Ao perceber que outro veículo irá realizar uma ultrapassagem, mantenha a


velocidade constante e permita a ultrapassagem!

O art. 29 do CTB nos previne de que:

“Art. 29, IV – quando uma pista de rolamento comportar

várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as da

direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos

e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles

destinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e

ao deslocamento dos veículos de maior velocidade;”

Brasil, 1997.

Lembre-se: uma ultrapassagem só deve ser realizada quando a sinalização

permitir e houver segurança para a realização da manobra.

141
Vamos acompanhar situações consideradas corretas para a realização de uma

ultrapassagem? Veja no Vídeo 2 “Ultrapassagem49”.

A ultrapassagem é permitida:

• Quando indicada pela sinalização e em locais apropriados;


• Quando há plenas condições de segurança;
• Quando o condutor tiver total visibilidade da pista;
• Somente pela esquerda.

Lembre-se: ultrapassagens não devem ocorrer em curvas, túneis, viadutos,


aclives, lombadas, cruzamentos, pontes ou pontos inseguros.

Ultrapassagens inseguras podem causar colisões com veículos que estão em


sentido contrário e ocasionar acidentes graves que podem resultar em mortes.

Vamos ver alguns pontos importantes para realizar manobras. Observe:

• Manter distância do veículo que segue à sua frente para não perder o
ângulo de visão;
• Sinalizar com antecedência, pois o motorista que segue à frente e o que
segue atrás precisam saber de suas intenções;
• Conferir o ângulo de visão pelo retrovisor e a situação do tráfego;
• Verificar se há espaço suficiente à frente do veículo que será
ultrapassado e se há condição de segurança para a manobra;
• Ao retornar à faixa, realizar o mesmo procedimento: conferir o espelho
retrovisor, sinalizar e retornar mantendo distância.

Ao se deparar com a placa "Proibido ultrapassar", seja responsável.


Respeite-a e evite acidentes!

49 https://player.vimeo.com/video/495238825

142
Figura 3 – Placa de sinalização: Proibido ultrapassar
Fonte: Brasil, 2007.

Lembre-se sempre de que a sua vida e também a vida de cada


um dos usuários do trânsito é mais importante do que qualquer
outro fator momentaneamente imperativo.

Por isso, não corra riscos e não coloque a própria vida e a vida de outras
pessoas em risco nas rodovias e estradas. Faça suas passagens e
ultrapassagens com muito cuidado.

A gentileza no trânsito, além de tornar a direção mais segura, torna a vida


muito mais tranquila, com final feliz ao concluir uma viagem, sem acidentes.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo50.

Chegamos ao final desta primeira Unidade de Estudo. Aqui, você


verificou a importância da direção defensiva e de como o condutor
pode identificar as condições adversas e evitar acidentes.
Analisando e refletindo sobre as informações até aqui
repassadas, você estará ainda mais preparado para identificar situações de

50 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

143
risco e contribuir para um trânsito melhor. Responda aos exercícios desta
Unidade de Estudo e até a próxima!

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10697: Pesquisa


de sinistros de trânsito: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 30 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 30 out. 2021.

BRASIL. Ministério das Cidades. Direção defensiva: trânsito seguro é um


direito de todos. Brasília: Ministério das Cidades, 2005. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/dt000002.pdf>. Acesso em:
30 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 558, de 15


de abril de 1980. Fabricação e reforma de pneumático com indicadores de
profundidade. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 abr.
1980. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-denatran/resolucoes-contran>. Acesso em: 30
out. 2021.

144
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 2 – Tipos de acidentes (sinistros) e incidentes de
trânsito, como evitá-los e quais cuidados devem ser tomados na direção

Objetivo: conhecer tipos de acidentes (sinistros) de trânsito, os incidentes


de trânsito, como evitá-los e os cuidados que devem ser tomados pelo
condutor profissional durante a direção.

Tópicos desta unidade

• Medidas integradas para a prevenção de acidentes no trânsito;


• Cuidados na direção;
• Tipos de sinistros (acidentes) e incidentes de trânsito;
• O acidente de difícil identificação da causa;
• Como evitar acidentes de trânsito;
• A importância de ver e ser visto.

Olá! Seja bem-vindo à unidade deste núcleo temático, que trata


da direção defensiva. Você vai conhecer tipos de acidentes
(sinistros) de trânsito e incidentes de trânsito, e como evitá-los no
seu cotidiano profissional. Você saberá também sobre cuidados na direção e a
importância de ver e ser visto no trânsito. Vamos lá!

Cuidados na direção

Inicialmente é importante destacarmos os cuidados que precisamos ter na


direção do veículo quando estivermos dirigindo na cidade ou perímetro urbano.
O condutor profissional especializado deve ter os seguintes cuidados:

145
Observar e respeitar a sinalização e o espaço.

Respeitar a velocidade do local. Vias urbanas exigem


velocidades reduzidas, portanto, deve-se estar atento.

Verificar a presença de ciclistas, pedestres e animais.

Utilizar as luzes do veículo de forma adequada, não deixando de


sinalizar suas manobras.

Utilizar sempre o cinto de segurança.

Acionar a buzina em breves toques somente para alertar


motoristas e pedestres.
Não estacionar ou parar em locais proibidos para não
prejudicar a circulação.

Nas rodovias e estradas, muitos acidentes ocorrem devido a imprudências e


incertezas; para evitá-los, o condutor deve tomar os seguintes cuidados:

• Não realizar ultrapassagens em curvas nem em faixa contínua;


• Quando o veículo estiver em uma descida, o motorista deve ponderar a
ultrapassagem. O motociclista deve tomar cuidado para não ser puxado
pelo ar que se forma nas proximidades dos caminhões, pois isso pode
ocasionar acidentes fatais;
• Nunca dirigir cansado. Em uma viagem longa, é interessante o
condutor efetuar algumas paradas para descansar. Quando houver um
acompanhante que também seja motorista e que esteja com a
documentação em dia, verificar a possibilidade de revezar a direção;
• Não conduzir o veículo em alta velocidade ou acima do permitido
na via, pois um animal ou pedestre pode cruzar a pista sem que haja
tempo para frear, ocasionando um acidente;
• Sempre olhar os retrovisores antes de realizar uma ultrapassagem;

146
• Manter uma distância de segurança dos demais veículos. Isso é
importante para evitar colisões;
• Antes de sair do acostamento, acionar a luz indicadora de direção,
verificar o tráfego, acelerar no acostamento até uma velocidade
compatível com a via, e entrar na faixa de tráfego.

Vamos conhecer os cuidados que os condutores devem ter com


os motociclistas?
Acompanhe!

O motorista deve ficar alerta em relação aos condutores de motocicleta,


motoneta e ciclomotores, a fim de aumentar a distância de seguimento sempre
que possível.

Na ultrapassagem, deve ser observada a mesma distância que o motorista


manteria se estivesse ultrapassando um carro.

Em situações de chuva, o motorista não deve ultrapassar veículos de duas


rodas próximos a poças de água. Com o peso dos pneus do carro, a água
empoçada pode esguichar na direção daquele condutor e causar acidentes.

Distância de segurança

A distância de segurança (ou distância de seguimento) é o espaço que um


veículo deve ter em relação ao outro. Esse cálculo varia conforme as
adversidades que se colocam no itinerário, como trânsito, via, tempo, peso do
veículo e condições do condutor.

Confira o que o CTB determina como norma referente à distância de


segurança:
“Capítulo III - DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO
E CONDUTA

147
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas
à circulação obedecerá às seguintes normas:
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-
se as exceções devidamente sinalizadas;
II - o condutor deverá guardar distância de segurança
lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no
momento, a velocidade e as condições do local, da
circulação, do veículo e as condições climáticas;”
Brasil, 1997.

É importante saber que a distância de segurança tem que ser suficiente para
frenagem em caso de parada de emergência.

Não há uma determinação exata para a distância a ser guardada, a não ser
quando o condutor estiver passando ou ultrapassando um ciclista, pois,
nesse caso, o art. 201 estabelece a distância de 1 m e 50 cm (Brasil, 1997).

Relembre os tipos de distâncias

Distância de reação
É a distância de segurança percorrida por um veículo desde o momento em
que seu condutor percebe algum tipo de perigo até o momento em que aciona
o freio.
Distância de frenagem
É a distância a ser percorrida desde o ato de pressionar o pedal do freio até a
parada total do veículo. Varia de acordo com a velocidade e a carga do
veículo; quanto maiores forem a carga e a velocidade maior será a distância
de frenagem.
Distância de parada
Corresponde à distância percorrida desde o momento em que o condutor vê o
perigo até ele parar o veículo. Varia de acordo com a velocidade. Corresponde
à soma da distância de reação mais a distância de frenagem.

148
Distância de segmento
É a distância mínima que o condutor deve manter entre o seu veículo e o que
vai à sua frente. Deve corresponder à distância percorrida em dois segundos.

Acidente (sinistro) evitável e não evitável

No trânsito, um acidente é chamado tecnicamente de sinistro51, pois representa


uma ocorrência responsabilizável que é provocada pela ação (ou omissão) de
um ser humano. Já, um incidente de trânsito “é todo evento que não resulte
em vítima ou dano material, mas que traga prejuízos ao trânsito, ou à via ou ao
meio ambiente” (ABNT, 2020).

De modo geral, as pessoas se acostumaram a nomear os eventos danosos


que ocorrem no trânsito como acidentes, ou seja, como consequências
indesejadas que ocorrem ao acaso. Contudo, a grande dimensão e a gravidade
dos problemas que ocorrem no trânsito exigem contrapor o que é, de fato, um
acidente, e o que é, na grande maioria das vezes, desrespeito e
descumprimento às regras.

Dessa forma, os acidentes que são ocasionados pela ação humana também
podem ser evitados por ela.

De acordo com a NBR 10697 da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT, 2020), com relação às vítimas, os sinistros de trânsito podem ser:

• Sinistro de trânsito sem vítima


É aquele que não resulta em vítima, mas traz dano material
ou prejuízos ao trânsito, à via ou ao meio ambiente.
• Sinistro de trânsito com vítima não fatal
É aquele que não resulta em vítima fatal.

51“Sinistro de trânsito é todo evento que resulte em dano ao veículo ou à sua carga e/ou em
lesões a pessoas e/ou animais, e que possa trazer dano material ou prejuízos ao trânsito, à via
ou ao meio ambiente, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias
terrestres ou em áreas abertas ao público.” ABNT, 2020

149
• Sinistro de trânsito com vítima fatal
É aquele que resulta em vítima imediata ou em até 30 dias,
como resultado do acidente ou suas implicações.

ABNT, 2020.

Tipos de sinistros de trânsito

No quadro a seguir, clique para saber sobre alguns tipos de sinistros de trânsito
de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR
10697, 2020.

Atropelamento de animal(is)
Sinistro de trânsito em que animal(is) sofre(m) o impacto de um veículo em
movimento.
Atropelamento de pessoa(s)
Sinistro de trânsito em que pessoa(s) sofre(m) o impacto de um veículo em
movimento.
Capotamento
Sinistro de trânsito em que o veículo gira sobre si mesmo, em qualquer
sentido, ficando em algum momento com as rodas para cima, imobilizando-se
em qualquer posição.
Choque
Sinistro de trânsito em que há impacto de um veículo contra qualquer objeto
fixo ou objeto móvel sem movimento.
Colisão
Sinistro de trânsito em que um veículo em movimento sofre o impacto de outro
veículo também em movimento.
Colisão frontal
Colisão que ocorre quando os veículos transitam em sentidos opostos, na
mesma direção, colidindo frontalmente.
Colisão lateral
Colisão que ocorre lateralmente, quando os veículos transitam na mesma
direção, podendo ser no mesmo sentido ou em sentidos opostos.

150
Colisão transversal
Colisão que ocorre transversalmente, quando os veículos transitam em
direções que se cruzam, ortogonal ou obliquamente.
Colisão traseira
Colisão que ocorre na frente contra traseira ou na traseira contra traseira,
quando os veículos transitam no mesmo sentido ou em sentidos opostos,
podendo, pelo menos um deles estra em marcha à ré.
Engavetamento
Sinistro de trânsito em que há impacto entre três ou mais veículos, em um
mesmo sentido de circulação, resultado de uma sequência de colisões
traseiras, laterais ou transversais.
Queda
Sinistro de trânsito em que há impacto em razão de queda livre do veículo,
queda de pessoas ou cargas transportadas em razão do movimento do
veículo.
Tombamento
Sinistro de trânsito em que o veículo sai de sua posição normal, imobilizando-
se sobre uma de suas laterais, sua frente ou sua traseira.

Acidentes evitáveis

Os acidentes evitáveis são aqueles que poderiam ter sido evitados por
uma manobra ou por uma decisão correta do condutor. Grande parte dos
acidentes pode ser evitada, pois é causada por falha humana, ou seja, o
condutor deixa de fazer algo que poderia evitá-los. Portanto, para que não
ocorram esses acidentes, o motorista deve manter-se atento, respeitar a
sinalização do local, verificar a segurança e as condições dos seus passageiros
e, principalmente, sua própria condição, verificar as condições da(s) carga(s)
que carrega e transporta e sempre manter o veículo revisado!

151
Figura 1 – Preste atenção em suas condições. Se estiver com sono, não dirija.
Fonte: Shutterstock/Raketir.

Acidentes não evitáveis (ou inevitáveis)

Os acidentes não evitáveis (ou inevitáveis) são aqueles causados


por situações que independem do condutor, por exemplo, problemas súbitos
na pista ou relacionados às condições climáticas, entre outros. Nesse caso, por
mais prudente que seja a ação do condutor, o acidente não será evitado.

Respeitar os limites de velocidade, a sinalização, utilizar os equipamentos


obrigatórios de segurança e seguir a legislação são atitudes essenciais para a
segurança no trânsito e para evitar acidentes.

Quanto mais conhecimentos você puder internalizar sobre as normas de


trânsito e, como condutor profissional especializado, agir de modo coerente a
elas, mais terá condições de evitar acidentes e representar um bom exemplo
para outros motoristas.

152
O acidente de difícil identificação da causa

Esses acidentes ocorrem devido a fatores específicos, que podem estar


relacionados às condições adversas ou também às condições físicas e/ou
psicológicas do condutor, por exemplo, mal súbito, sono, distrações e uso
de medicamentos ou até de drogas, que não permitem a condução do
veículo de maneira segura.

Nesses casos, somente uma perícia pode apontar o que realmente ocasionou
o acidente, mas é possível prevenir. Por isso, fique atento aos seus limites e
às suas condições pessoais.

Até aqui, vimos que a maioria dos sinistros de trânsito podem ser
evitados.
Mas você deve estar se perguntando: como evitá-los na rotina
profissional?

Como evitar acidentes de trânsito

Atualmente, dirigir pode ser estressante para algumas pessoas devido ao


grande número de veículos que transitam pelas ruas, estradas e rodovias, o
que pode comprometer a segurança e o bem-estar de todos.

Para ter uma melhor qualidade de condução no trânsito, além de se manter


calmo, o condutor deve usar o método básico de prevenção de acidentes,
que consiste em três ações ligadas entre si:

Prever o perigo
Programar seu itinerário antes de sair. Lembrar-se dos obstáculos do
percurso e do comportamento irregular de outros motoristas e pedestres.

153
Encontrar a solução
Praticar a direção defensiva, antecipar os problemas e buscar soluções
práticas e inteligentes. Ser cortês, evitar conflitos, ter paciência e ser
prudente.
Agir a tempo
Não esperar que somente o outro tome a atitude de evitar o erro ou o
acidente. Perceber o risco, e agir a tempo de evitá-lo.

Evitando acidentes com pedestres

A educação no trânsito tem como principal função orientar todos os usuários


das vias sobre seus direitos e deveres no trânsito.

Mas quando se fala em orientação aos usuários, é importante que o condutor


profissional especializado saiba que a lei é muito clara sobre a prioridade de
passagem dos pedestres. Acompanhe:

“Capítulo IV – Dos pedestres e condutores de veículos não


motorizados.
Art. 70 Os pedestres que estiverem atravessando a via
sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade
de passagem, exceto nos locais com sinalização
semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições
deste Código.
Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização
semafórica de controle de passagem será dada preferência
aos pedestres que não tenham concluído a travessia,
mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a
passagem dos veículos.”
Brasil, 1997

A orientação do Código de Trânsito Brasileiro – CTB dada ao pedestre é para


que, na via, ele ande nas calçadas, utilize as passarelas, praças e áreas de
segurança e, em caso de rodovias, utilize o acostamento.

154
Observe como o CTB trata essa questão:

“Capítulo IV Dos pedestres e condutores de veículos não


motorizados.
Art. 68. É assegurada ao PEDESTRE a utilização dos
passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e
dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo
a autoridade competente permitir a utilização de parte da
calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao
fluxo de PEDESTRES.”
Brasil, 1997

Ao atravessar a via, o pedestre deve procurar a faixa de travessia sinalizada,


acionar o semáforo de pedestre ou, no caso de não haver nenhuma dessas
opções, atravessar em local seguro onde tenha visão de todos os lados do
fluxo e possa avaliar se existe ou não a possibilidade de atravessar com
segurança.

Já para o condutor, a orientação é sempre ficar atento quando estiver próximo


a áreas com aglomeração de pessoas e provável movimentação de pedestres,
como escolas, igrejas, mercados, shoppings, parques etc.

Ao visualizar um pedestre com interesse em atravessar a via sobre a faixa de


segurança não sinalizada, o condutor deve reduzir a velocidade e dar
preferência ao pedestre − segundo o CTB, a preferência é do pedestre, porém
a responsabilidade é de ambos (Brasil, 1997).

Evitando acidentes com motociclistas

É importante que você saiba que utilizar um veículo como meio de trabalho
é bem diferente de apenas usá-lo como meio de transporte. Você passará

155
muito mais tempo dentro do veículo e será responsável por outras vidas,
tanto dentro do veículo quanto fora dele.

Nesse contexto, as motocicletas são veículos que estão em grande


número no trânsito e sua quantidade vem crescendo todos os anos devido à
sua agilidade e economia. Mas, infelizmente, o número
de acidentes envolvendo motociclistas também cresceu e, de modo geral, são
de grande gravidade.

Algumas atitudes devem ser adotadas pelos condutores profissionais


especializados de veículos para evitar ou diminuir a possibilidade de um
acidente. Aqui nos referimos mais diretamente a cuidar dos
motociclistas com quem dividem as vias de trânsito, no meio urbano e nas
rodovias.

Citamos, por exemplo, os pontos cegos no caso de um veículo longo (áreas


que escapam da visibilidade do condutor). Os espelhos não conseguem captar
determinadas áreas ao redor do veículo, especialmente do seu lado direito.

Essa situação pode causar acidentes graves, em especial durante


ultrapassagens e conversões, uma vez que o motorista tem dificuldades para
perceber se há outro veículo, motociclista ou mesmo bicicletas.

Seguem algumas orientações importantes:

▪ Sinalizar sempre e com antecedência a manobra que vai realizar;


▪ Reduzir a velocidade em curvas e cruzamentos;
▪ Manter sempre a distância lateral de segurança de carros e motos;
▪ Compreender a importância da legislação de trânsito para a boa
operação do veículo que está operando;
▪ Colocar em prática as dicas e orientações recebidas nos cursos
de direção defensiva.

156
Figura 2 – Motociclistas.
Fonte: Shutterstock/Alexdjvu.

No trânsito existe uma regra básica, que também é lei: o maior sempre cuida
do menor!

De acordo com o CTB,

“Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
[...]
§ 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta
estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os
veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela
segurança dos menores, os motorizados pelos não
motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.”

Brasil, 1997

157
No trânsito, todos os condutores, especialmente os profissionais, devem
respeitar e zelar pela segurança de motociclistas, pedestres e
ciclistas, evitando comportamentos arriscados e priorizando o bem-estar de
todos.

Evitando acidentes com veículos não motorizado

Acidentes que envolvem veículos de pequeno e grande porte são, muitas


vezes, trágicos para ambos e resultam em consequências graves. Por isso, os
condutores de veículos de grande porte, como caminhões, carretas, ônibus e
veículos articulados, devem ficar atentos ao realizar algumas manobras, a fim
de evitar acidentes.

Veja alguns aspectos a serem considerados:

▪ Ao frear esses veículos, a distância e o tempo devem ser calculados,


pois necessitam do dobro ou até do triplo do tempo e distância para parar;
▪ Em curvas fechadas, a trajetória das rodas traseiras não segue as
dianteiras;
▪ Carretas grandes possuem pontos cegos52 na parte traseira e duas
laterais;
▪ Ao entrar em uma curva, deve-se considerar um raio maior de ângulo;
▪ Veículos de grande porte apresentam área de visão reduzida.

Todos os veículos apresentam pontos cegos, sendo o mais comum a coluna do


para-brisa. As cargas também podem bloquear a visão do condutor.

Veja na reportagem “Dicas e Cuidados com os Pontos Cegos de Motos |


Harmonia no Trânsito53”, e saiba como identificar o ponto cego e a importância
de ajustar os retrovisores.

52 Ponto em que os objetos e as pessoas não podem ser facilmente vistos pelo condutor é
chamado de ponto cego. É importante estar atento a ele para diminuir os riscos de acidente,
especialmente em manobras realizadas em esquinas e cruzamentos.
53 https://www.youtube.com/watch?v=0m7loEQ_o6o&app=desktop

158
Evitando acidentes com ciclistas e skatistas

As bicicletas dispõem de menos iluminação do que as motocicletas e são mais


frágeis, por isso é importante que o ciclista transite somente no acostamento ou
ao lado direito da via no sentido do fluxo dos veículos e utilize os equipamentos
de segurança obrigatórios, como capacete e elementos retrorrefletivos. O
mesmo deve ser dito para skatistas e outros veículos não motorizados.

O CTB prevê a margem de 1,5 m de distância lateral entre a bicicleta e os


demais veículos, pois essa é uma distância segura, já que o ciclista pode ter
que desviar de um buraco para não cair na via.

Observe o que o Código dispõe sobre penalidade caso essa distância não seja
mantida.
“Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro
e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração – média;
Penalidade – multa.”
Brasil, 1997

Cuidado, condutor! Visualizar um ciclista ou skatista sem


equipamento retrorrefletivo à noite é mais difícil, portanto fique
atento, principalmente em estradas e rodovias.

O que se deve fazer diante de sinistros de trânsito?

Sempre que se envolver em um sinistro de trânsito em que houver vítima, ou


presenciar um fato com terceiros, o condutor deve:

• Sinalizar o local do acidente (ligar o pisca-alerta e colocar o triângulo a


uma distância segura de, no mínimo, 30 metros); no caso de o acidente

159
ser em uma curva ou após a mesma o triângulo, deve ser colocado
antes da curva;
• Ligar para o número de atendimento54 para acionar socorro médico;
• Preservar o local, não movimentar os veículos;
• Não movimentar as pessoas feridas;
• Aguardar a chegada do socorro médico e da Polícia de Trânsito.

Quando no acidente não houver vítimas:

• Retirar os veículos da via para que o trânsito não seja interrompido;


• Anotar informações e dados dos condutores e veículos que estiverem
envolvidos, local e horário do acidente, bem como fazer fotos e/ou
vídeos do local e dos veículos e identificar câmeras de empresas ou do
órgão responsável pela via;
• Realizar o boletim de ocorrência (B.O.) quando necessário, ou seja,
para apresentação à seguradora.

• Em acidentes sem vítimas, não é necessário chamar a autoridade de


trânsito.

Em casos de acidentes com queda de cabo de alta tensão sobre o veículo, é


necessário tomar alguns cuidados antes de sair de seu interior, ou se
aproximar dele, caso esteja prestando socorro. A Puget Sound
55Energy produziu um vídeo esclarecedor sobre como proceder nesses casos.
Assista ao vídeo que pode salvar vidas.
Fonte: Puget Sound Energy, S.d.

Veja no Vídeo 1 “Acidente com queda de cabo de alta tensão56”.

54SAMU: 192
Bombeiros/SIATE: 193
Defesa Civil: 199
PRF: 191
Polícia Militar: 190
55 É uma empresa de energia do estado de Washington que fornece energia elétrica e gás
natural principalmente na região de Puget Sound, no noroeste dos Estados Unidos.
56 https://player.vimeo.com/video/495291915?h=68bc6f39af

Fonte: Puget Sound Energy

160
A importância de ver e ser visto

As condições de iluminação são muito importantes na direção defensiva, uma


vez que a ausência ou o excesso de luz natural ou artificial podem prejudicar a
visão do condutor e tornar a direção insegura. Lembramos que, como condutor
profissional especializado você precisa ver e ser visto, a fim de evitar qualquer
tipo de acidente.

Nesse sentido, para ver e ser visto no trânsito durante a direção, algumas
atitudes devem ser tomadas, tais como:

▪ Manter as luzes do veículo em perfeito funcionamento;


▪ Usar farol baixo à noite ou sob chuva forte;
▪ Usar óculos de sol ou a pala interna de proteção contra o sol;
▪ Não utilizar luz alta em vias iluminadas à noite;
▪ Em caso de ofuscamento, orientar-se pela margem direita da via,
utilizando as linhas da borda da pista.

Acidentes de trânsito podem acontecer pela falta de visibilidade do motorista, o


que mostra que trafegar em segurança depende muito da capacidade do
condutor ver o que está à sua volta e também de ser visto pelos demais. Essa
atitude de segurança pode evitar acidentes.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo57.

Nesta Unidade, você estudou sobre as situações de sinistros


(acidentes) e incidentes e os acidentes cuja causa é difícil
identificar. Além disso, viu também como evitar situações de
acidentes diversas e como é importante ver e ser visto como fator de
segurança. Agora, é importante que você responda aos exercícios para
aprofundar o aprendizado e continuar com seus estudos. Até breve!

57 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/zpw32raqv7512i2

161
Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 10697.


Pesquisa de sinistros de trânsito — Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
Disponível em:
<https://www.abramet.com.br/repo/public/commons/ABNT%20NBR10697%202
020%20Acidentes%20de%20Transito%20Terminologia.pdf>. Acesso em: 30
out. 2021.
BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito
Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 30 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 30 out. 2021.

COMO dirigir: cuidados. Direção Defensiva, S.d. Disponível em:


<https://direcao-defensiva.info/como-dirigir-cuidados.html>. Acesso em: 30 out.
2021.

DIREÇÃO defensiva: como evitar acidentes agindo proativamente. Tudo sobre


Segurança, S.d. Disponível em: <https://direcao-defensiva.info/como-dirigir-
cuidados.html>. Acesso em: 30 out. 2021.

PSE – Puget Sound Energy. Disponível em: <www.pse.com>. Acesso em: 30


out. 2021.

WAISELFISZ, J. J. Mapa da violência 2012: os novos padrões da violência


homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2012.

162
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 3 – Comportamento seguro na condução de veículos
especializados

Objetivo: compreender a importância do comportamento seguro na direção.

Tópicos desta Unidade:

• Comportamento seguro na condução de veículos especializados;


• Comportamento seguro e de risco – diferença que pode poupar vidas.

Olá! Nesta unidade, você vai reconhecer cuidados necessários


para a condução de veículos especializados; verificar que há
comportamentos seguros e não seguros, situações de risco; e
observar que as atitudes do condutor profissional que conhece os
procedimentos da direção defensiva podem contribuir para a segurança de
todos no trânsito. Vamos lá?

Comportamento seguro na condução de veículos


especializados

Dirigir profissionalmente um veículo especializado é uma tarefa que demanda


grande responsabilidade por parte do condutor e, para isso, é preciso
estar concentrado e seguir os procedimentos da direção defensiva.
Acompanhe alguns deles.

Planejamento do percurso

O planejamento prévio do percurso pode evitar transtornos. Antes de partir,


recomenda-se verificar as condições do tempo e do trânsito por onde pretende

163
seguir. E se for utilizar o GPS (Global Positioning System), traçar a rota antes
de colocar o veículo em movimento.

Atitudes do motorista

A atitude correta do motorista é o primeiro passo para a segurança de todos. O


motorista consciente respeita as regras e as normas de trânsito, é
responsável e sabe se comportar com segurança quando está dirigindo.

A Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015, prevê o intervalo para descanso

do profissional a cada período de trabalho para que a qualidade do seu

desempenho não seja prejudicada. Veja, a seguir, os artigos dessa lei que

garantem o descanso do motorista profissional.

“Art. 235-c - A jornada diária de trabalho do motorista


profissional será de 8 (oito) horas, admitindo-se a sua
prorrogação por até 2 (duas) horas extraordinárias ou,
mediante previsão em convenção ou acordo coletivo, por
até 4 (quatro) horas extraordinárias.
§ 1º Será considerado como trabalho efetivo o tempo em
que o motorista empregado estiver à disposição do
empregador, excluídos os intervalos para refeição, repouso
e descanso e o tempo de espera.
§ 2º Será assegurado ao motorista profissional empregado
intervalo mínimo de 1 (uma) hora para refeição, podendo
esse período coincidir com o tempo de parada obrigatória
na condução do veículo.
§ 3º Dentro do período de 24 (vinte e quatro) horas, são
asseguradas 11 (onze) horas de descanso, sendo
facultados o seu fracionamento e a coincidência com os
períodos de parada obrigatória na condução do veículo.
Desta forma ficam garantidos o mínimo de 8 (oito) horas
ininterruptas no primeiro período e o gozo do

164
remanescente dentro das 16 (dezesseis) horas seguintes
ao fim do primeiro período.
§ 4º Nas viagens de longa distância, assim consideradas
aquelas em que o motorista profissional empregado
permanece fora da base da empresa, matriz ou filial e de
sua residência por mais de 24 (vinte e quatro) horas, o
repouso diário pode ser feito no veículo ou em alojamento
do empregador, do contratante do transporte, do
embarcador ou do destinatário ou em outro local que
ofereça condições adequadas.”
Brasil, 2015.

O descanso do condutor é essencial para evitar acidentes e está assegurado


pela lei. Nesse sentido, o condutor profissional consciente deve atualizar-se e
conhecer a legislação que rege a sua profissão, além de cumpri-la no seu dia a
dia para dirigir sempre em segurança e evitar acidentes.

Cuidar do seu descanso durante os trajetos e as viagens é maneira mais


adequada de cuidar da sua saúde física e mental e de buscar qualidade de
vida.

Atitudes do motorista com passageiros

Durante o transporte dos passageiros, a responsabilidade é, primeiramente, do


condutor.

Antes de iniciar o percurso, o motorista deve conferir se todos os passageiros


estão usando cinto de segurança.

Desordem dentro do veículo, passageiros, alterados, irritados, embriagados e


assuntos que distraiam o condutor podem comprometer a sua atenção e
interferir na dirigibilidade.

165
É também dever do condutor atentar para o número de passageiros, para não
ultrapassar o limite da capacidade do veículo.

Atitudes do motorista com o transporte de cargas

De modo geral, o transporte de cargas obriga o condutor a dirigir com


mais segurança e atenção. Uma carga, independentemente do tamanho,
pode provocar acidentes se estiver mal distribuída, mal embalada e sem a
imobilização correta.

Ao transportar cargas, o condutor deve atentar para as seguintes orientações:

• Respeitar o limite de peso, pois volume e peso devem ser compatíveis


com a capacidade do veículo e da via;
• Nunca transportar passageiros no compartimento de carga;
• Conferir se a carga está imobilizada corretamente para seguir viagem;
• Aproveitar as paradas para conferir as condições da carga.

Figura 1 – Cuidados especiais para o transporte de cargas.


Fonte: Shutterstock/MAZNEV GENNADY.

166
Condução adequada de veículos

Alguns procedimentos necessários para uma boa condução do veículo.

Preferência
Ao se aproximar de um cruzamento não sinalizado, a preferência será do
veículo que vier pela direita.
Conversão
A Lei n. 14.071/20 permite que o movimento de conversão à direita, quando
o condutor estiver diante de sinal vermelho do semáforo, será livre, desde
que haja sinalização indicativa (Brasil, 2020).
Entrada em rodovias
O condutor deve esperar a oportunidade segura para entrar na via, sinalizar,
utilizar a faixa de aceleração e acelerar de acordo com o fluxo da rodovia.
Saída de rodovias
O condutor deve sinalizar, desacelerar e utilizar a faixa de desaceleração.

Faixas de aceleração e desaceleração

As faixas de aceleração e desaceleração são faixas de trânsito projetadas


exclusivamente para que a entrada (convergência) e a saída (divergência) de
veículos em uma via principal (rodovias, por exemplo) possam ser feitas de
modo seguro e satisfatório para as operações de tráfego.

A faixa de aceleração possibilita que o tráfego que está entrando em uma via
principal aumente a velocidade até um valor que se aproxima daquele que irá
encontrar nessa via (velocidade diretriz). Por outro lado, a faixa de
desaceleração possibilita ao tráfego que está saindo reduzir sua
velocidade de acordo com as restrições do alinhamento do ramo (velocidade
da curva de saída), sem prejudicar o tráfego de passagem da via principal.

167
Figura 2 − Faixas de aceleração e desaceleração.
Fonte: Shutterstock/Miks Mihails Ignatis.

Curvas

Numa curva, entra em ação a força centrífuga que impulsiona o veículo para
fora do trajeto ou a força centrípeta que puxa o veículo para o centro da
trajetória. Para realizar uma curva de maneira segura e evitar acidentes, são
necessários alguns cuidados:

• Calcular a velocidade necessária para fazer a curva. Quanto mais


fechada a curva, mais se deve reduzir a velocidade;
• Frear ou diminuir a velocidade sempre antes de entrar na curva (entrar
com excesso de velocidade é perigoso, e, ao frear bruscamente, o
veículo pode derrapar);

168
• Pisar de leve no acelerador ao fazer a curva. A aceleração aumenta a
aderência. Normalmente, é necessário reduzir a marcha nesse ponto.

Marcha à ré

Considera-se uma manobra perigosa, pois a visibilidade pode ficar


comprometida pela própria estrutura do veículo.
É imprescindível ter muito cuidado ao sair da área de estacionamento em
lugares com grande movimentação de pedestres e veículos.

Pessoas de baixa estatura, crianças, muretas e outros obstáculos abaixo da


altura do porta-malas do automóvel dificultam a manobra e podem
comprometer a dirigibilidade do condutor.

O condutor deve observar atrás do veículo antes de manobrar, solicitar


ajuda em caso de baixa visibilidade, e lembrar-se de que, dependendo da
forma de execução da manobra, poderá cometer uma infração de trânsito.

Para realizar uma marcha à ré segura, é necessário respeitar as seguintes


recomendações:

• É proibido transitar longos percursos em marcha à ré, sendo autorizados


apenas para manobras de estacionamento;
• Não se deve retornar em marcha à ré em esquinas, curvas e outros
locais que não ofereçam visibilidade segura.

Aclives e declives (ladeiras)

Nos aclives, o condutor deve acelerar o veículo ao começar a subir e


ir reduzindo as marchas conforme a necessidade.

Nesses locais, a visibilidade é reduzida, portanto a ultrapassagem não deve ser


realizada.

169
Em declives, para auxiliar e intensificar a frenagem, é preciso manter a marcha
do veículo engrenada e utilizar, sempre que possível, o freio motor.

Manutenção do veículo

Manutenção é o controle e o cuidado frequente com o veículo. A manutenção


adequada contribui para o bom desempenho do veículo, aumenta a vida útil
dos componentes e contribui para evitar a ocorrência de acidentes.

Leia as orientações a seguir sobre esses cuidados.

• Conferir e calibrar os pneus, inclusive o estepe;


• Verificar o nível do óleo do motor e de acordo com a necessidade, trocá-
lo ou completá-lo;
• Completar o nível da água do reservatório de expansão ou do radiador;
• Verificar o funcionamento dos limpadores de para-brisa e, se necessário,
trocar as palhetas;
• Realizar o alinhamento da direção e o balanceamento das rodas;
• Verificar o funcionamento da buzina;
• Conferir faróis, lanternas e pisca-alerta;
• Verificar o estado das pastilhas e o nível do fluido de freio. Pastilhas
novas demoram a frear o carro, por isso, o condutor deve dirigir com
cuidado redobrado após trocá-las;

Pastilhas novas demoram a frear o carro, por isso o condutor deve dirigir com
cuidado redobrado após trocá-las.

Luzes obrigatórias do veículo

Além de desempenhar sua função principal, que é iluminar quando necessário,


as luzes são um importante meio de comunicação entre os condutores no
trânsito.

170
Conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação implica uma infração
média.

A partir da Lei n. 14.071/20, passou a ser obrigatório o uso de luz baixa durante
o dia em rodovias somente de pistas simples fora do perímetro urbano. O não
cumprimento dessa regra acarreta em infração média.

Lâmpada-piloto: localizadas no painel, indicam que determinados dispositivos


no veículo estão funcionando de maneira normal, defeituosa ou com falhas.

Faróis: são de cor branca ou amarela. Sua utilização é necessária do


entardecer até o amanhecer ou em ocasiões de baixa iluminação.

Fique atento ao perceber luzes vermelhas acesas no painel, pois essa cor
indica a necessidade de parada imediata do veículo até que se resolva o
problema.

Vale lembrar que o farol baixo faz parte dos equipamentos obrigatórios nos
veículos e, nesse caso, o acionamento de faroletes, faróis de milha ou
auxiliares não poderão substituir esse dispositivo.

De acordo com normas do Conselho Nacional de Trânsito – Contran, veículos


que forem fabricados a partir de 2021 deverão contar com as luzes de rodagem
diurna ou DRL (Daytime Running Lamp), que já constam de alguns modelos.
Diferentemente dos faróis de acionamento mecânico, as DRL são ligadas
automaticamente com o carro.

Comportamento seguro e comportamento de risco –


diferença que pode poupar vidas

Falar sobre comportamento seguro no trânsito significa abordar diversos


aspectos relacionados à direção, tais como atenção às condições adversas,
conhecimento do veículo e dos limites físicos como condutor, além de
observar o comportamento dos demais usuários do trânsito.
171
No que diz respeito ao veículo, conhecê-lo por completo, o que envolve todos
os seus equipamentos, é fundamental para uma direção segura.

Figura 3 – Manutenção do veículo.


Fonte: Shutterstock/Kot500.

É importante também desenvolver a consciência de que os acidentes graves


ocorrem, muitas vezes, porque medidas de segurança não foram tomadas.
Muitas vezes, atitudes simples podem evitar o acidente.

Situações de risco

É uma situação na qual há uma possibilidade (ou chance) de algo não sair
conforme o esperado ou de algo perigoso acontecer.

São diversos os perigos e os obstáculos encontrados no percurso, no dia a dia


no trânsito.

De modo geral, o risco é a probabilidade de que o perigo ocorra. Mas quando


se aumenta a percepção sobre as situações de risco que se pode correr,
aprende-se a evitar o perigo.
No trânsito, acontecimentos inesperados podem resultar em situações de risco.

172
Ações imprudentes mais comuns que levam a situações de risco: desrespeito à
sinalização, excesso de velocidade, desatenção com o fluxo viário (erro de
distância), ultrapassagens perigosas e ultrapassagem de mais de um veículo
por vez (o que faz aumentar o tempo de permanência na via de sentido
contrário), entre outros.

Situações de risco em pista irregular

Você sabia que a qualidade da pista pode comprometer o


percurso do condutor, a qualidade do percurso e a segurança dos
usuários?

Veículos com carga acima do peso permitido danificam as pistas (urbanas


ou rodovias) causando deformações e ondulações no pavimento; esses
buracos e desníveis podem tirar o motorista da sua trajetória. Outros fatores
que podem causar acidentes graves são obras, cortes na pista e alterações de
nível, portanto o condutor deve verificar o mapeamento das obras, reduzir a
velocidade e observar a sinalização.

Situações de risco em cruzamentos entre vias

As placas de regulamentação e/ou semáforos determinam a preferência


no momento da passagem. Portanto, ao se aproximar de um cruzamento, o
motorista deve diminuir a velocidade do veículo e observar a sinalização.

Em um cruzamento com sinalização falha ou nula, a preferência é sempre do


veículo que se aproxima pela direita; essa regra está no Código de Trânsito
Brasileiro (Brasil,1997).

Vamos fixar essas regras?

173
• São as placas de regulamentação e/ou os semáforos que
determinam a preferência da passagem no cruzamento entre vias;
• Ao se aproximar de um cruzamento, o motorista deve diminuir a
velocidade e observar a sinalização;
• Em um cruzamento com sinalização falha ou nula, a preferência
de passagem é sempre do veículo que se aproxima pela direita;
• Em uma rotatória, a preferência de passagem será sempre do
veículo que já estiver circulando por ela;
• Antes de passar, o motorista deve observar se é possível
atravessar a via para seguir em frente;
• Em todas as situações, o motorista deve respeitar a sinalização.

Veja mais no Vídeo 1 “Cruzamento58”.

Situações de risco em frenagem normal e de emergência

Frenagem é o acionamento do sistema de freios para diminuir a


velocidade de um veículo ou pará-lo. Ao realizar a frenagem, o veículo ainda
percorre certa distância. Por isso, o motorista precisa estar atento e manter
distância do veículo que está à frente.

Em uma emergência, considerando o sistema de freio convencional, ao


precisar acioná-lo fortemente, deve-se tomar cuidado com essa ação, pois ela
pode provocar derrapagens.

A distância de frenagem aumenta de acordo com a velocidade do veículo,


conforme pode ser verificado na Figura 5. Dessa forma, quanto maior a
velocidade do veículo, maior será a distância percorrida por ele até que pare
efetivamente.

Tanto para diminuir a velocidade quanto parar um veículo, leva-se em conta o


tempo de reação do condutor, ou seja, a tomada de decisão para acionar o

58https://player.vimeo.com/video/519025324?h=0aa6c4895f
Fonte: Pexels/Tom Fisk

174
freio, a desaceleração do veículo e as condições, por exemplo, pista molhada
ou escorregadia.

Figura 4 - Distância aproximada de frenagem.


Fonte: Obelheiro et al., 2016.

Perceba que, respeitando sempre os limites de velocidade, o motorista terá


possibilidade de realizar manobras mais seguras.

Quando for possível, o condutor deve procurar conhecer o tipo e a qualidade


da via que irá percorrer. Quando não se conhece bem a via, deve-se ficar ainda
mais atento à velocidade e à distância mantida dos demais veículos.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo59.

Nesta Unidade de Estudo, você relembrou como deve agir em


situações de risco no trânsito, certo? Então, a partir de
agora, siga todas essas orientações para garantir a sua
segurança e a dos demais usuários do trânsito. Até a próxima!

59 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/k33zf0yu12q9800

175
Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 30 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 30 out. 2021.

BRASIL. Ministério das Cidades. Denatran. Direção defensiva: trânsito seguro


é um direito de todos. Brasília: Ministério das Cidades, 2005. Disponível em:
<http://vias-
seguras.com/comportamentos/direcao_defensiva_manual_denatran>. Acesso
em: 30 out. 2021.

OBELHEIRO, M. et al. O desenho de cidades seguras – Diretrizes e exemplos


para promover a segurança viária a partir do desenho urbano. World
Resources Institute Brasil, São Paulo, jul. 2016. Disponível em:
<https://wribrasil.org.br/pt/publicacoes/o-desenho-de-cidades-seguras>. Acesso
em: 30 out. 2021.

176
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 4 – Estado físico e mental do condutor

Objetivo: compreender os principais aspectos que envolvem o estado físico e


mental do condutor e as consequências do uso de bebidas alcoólicas e
substâncias psicoativas na direção de veículos.

Tópicos desta Unidade:

• Estado físico e mental do condutor;


• Condições que influenciam o modo de dirigir;
• Consumo de bebidas alcoólicas e drogas psicoativas.

Olá! Você deve saber que muitos sinistros (acidentes) de trânsito


são causados por motoristas que não estão em condições de
dirigir naquele momento. Isso se deve ao fato de esses
motoristas não estarem em seu melhor estado físico ou mental devido a
diversos fatores, como estresse, fadiga, consumo de bebidas alcóolicas e/ou
substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas. Nesta Unidade de Estudo, vamos
apresentar a você como esses fatores podem influir alterando temporariamente
o humor, a percepção, a atenção, o comportamento e a consciência, ou seja, o
estado físico e mental do motorista. Preparado? Então, vamos lá!

Estado físico e mental do condutor

Talvez seja essa a condição adversa mais perigosa, mas também a mais fácil
de ser evitada, pois se trata do estado em que o condutor se encontra
física e mentalmente no momento em que faz uso do veículo no trânsito.

177
São várias as situações envolvendo o estado físico e mental do condutor
(doenças, deficiências físicas, problemas emocionais, entre outros), as quais
podem ser momentâneas, passageiras ou definitivas.

Uma pessoa em desequilíbrio emocional, que pode ser causado por inúmeros
fatores, pode sofrer irritações, mau humor, tornar-se retraída ou ansiosa e ter
atitudes impulsivas que podem ser prejudiciais. Aprender a lidar com as
situações e desconfortos, refletir sobre as próprias atitudes pode proporcionar
maior controle, segurança e bem-estar. Sabemos que, diante de tantas
pressões no trânsito, no trabalho, na vida social, é difícil manter um bom
controle das emoções, mas é preciso exercitar, pois os efeitos das atitudes
impulsivas são extremamente danosos quando estamos dirigindo.

Condutor, lembre-se de que você é o responsável por sua própria segurança e


pela dos demais indivíduos que estiverem no veículo, e que dirigir sem boas
condições físicas ou emocionais pode colocar a sua vida e a de outras pessoas
em risco.

Como condutor habilitado, cabe a você avaliar suas reais condições ao se


propor a dirigir um veículo, e ter o bom senso para evitar envolver-se em
situações de risco.

Condições que influenciam o modo de dirigir

Existem inúmeras condições adversas das quais o condutor deve ter


consciência antes de assumir a direção de um veículo. Acompanhe a seguir.

Essas condições advêm de fatores que influenciam a forma como o condutor


age no trânsito. Selecione os pontos na imagem para conhecer os fatores
físicos.

178
1 Fadiga: é a sensação de cansaço permanente, mesmo quando se está
descansando. A fadiga diminui a atenção, a concentração e a
possibilidade de reação imediata às adversidades, por isso é tão
prejudicial. É preciso reequilibrar a rotina dormindo mais, alimentando-
se melhor, praticando esportes, e incluir momentos de lazer e
relaxamento nas atividades do dia a dia.
2 Atenção: a dificuldade em se manter atento às condições do tráfego
aumenta a possibilidade de envolvimento em acidentes e coloca a vida
do condutor e a de terceiros em risco. A dificuldade em manter a
concentração nas atividades do dia a dia pode trazer várias
consequências, como erro de cálculo, atrasos e esquecimentos. É
importante fazer uma coisa de cada vez, assim é possível direcionar a
atenção para que a atividade seja realizada com sucesso.
3 Audição: no trânsito, as pessoas devem estar atentas, e a audição é
um fator importante na percepção de situações de risco. Entretanto, nos
casos de condutores surdos, os veículos devem ser identificados com
adesivos nos vidros dianteiros e traseiros.
4 Visão: os condutores com indicação para uso de óculos ou lentes,
conforme definido em exame para obtenção de sua CNH, devem
sempre usá-los para dirigir. Em dias ensolarados, recomenda-se que os
motoristas, de modo geral, se utilizem de óculos escuros ou usem a
pala de proteção do veículo.

Acompanhe a citação a seguir:

179
“Dirigir o veículo sem usar lentes corretoras de visão,
aparelho auxiliar de audição, próteses físicas ou
adaptações do veículo, impostas por ocasião da
renovação ou da concessão da licença para conduzir, é
infração gravíssima (art. 162, VI, CTB).”
Brasil, 1997.

Outros fatores de ordem emocional que podem causar acidentes


Inexperiência
É um dos fatores que colaboram para a ocorrência de acidentes, além
de contribuir para que o condutor tome decisões precipitadas e
tenha comportamento equivocado.
Familiaridade com a via
Ao trafegar por uma via muito familiar, o excesso de confiança reduz a
atenção do condutor, levando-o, muitas vezes, a cometer erros. Quando a
via é desconhecida, é provável que ele não tenha condições de prever e
planejar suas ações. Nesse caso, o condutor também deve ficar bastante
atento.
Excitação ou depressão
A capacidade de decisão e a atenção ficam prejudicadas, o que provoca
comportamentos inadequados e colabora para que ocorram acidentes.
Dirigir com pressa ou sob pressão
As situações de risco tendem a aumentar, pois os fatores expostos levam
o condutor a ações impensadas.
Incapacidade de reação e ações inconsequentes
A falta de reação no momento necessário ou um ato irresponsável colocam
em risco a vida do condutor e a dos usuários da via.
Fatores temporários
Fome, raiva, dor, calor, frustração e insegurança também são fatores que
prejudicam a direção.

O condutor não deve comprometer suas condições físicas e emocionais antes


de dirigir. Não pode beber ou consumir drogas ou medicamentos que afetem
sua capacidade neurológica nem permitir que alguém dirija nessas condições.

180
O Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Brasil, 1997) afirma que o condutor
deve estar em plenas condições físicas, mentais e psicológicas para dirigir.
Veja o que o dispõe o art. 166 do CTB:

“Art. 166 – Confiar ou entregar a direção do veículo a


pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou
psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com
segurança a punição será:
Infração − gravíssima;”
Brasil, 1997.

Fique atento! Conforme o artigo citado acima, o proprietário do veículo estará


sujeito a penalidades caso confie ou entregue a direção do veículo a pessoa
que não esteja em condições para dirigir.

O candidato à habilitação é amplamente avaliado em suas aptidões físicas e


mentais, conforme art. 147 do CTB, atualizado pela Lei n. 14.071/2020, que
determina que o órgão executivo de trânsito submeta o condutor a exames,
como:

“O exame de aptidão física e mental, a ser realizado no


local de residência ou domicílio do examinado, será
preliminar e renovável com a seguinte periodicidade:

I - a cada 10 (dez) anos, para condutores com idade


inferior a 50 (cinquenta) anos;

II - a cada 5 (cinco) anos, para condutores com idade


igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e inferior a 70
(setenta) anos;

III - a cada 3 (três) anos, para condutores com idade igual


ou superior a 70 (setenta) anos.”

Brasil, 2020.

O condutor deve avaliar suas condições sempre que for dirigir e entregar
a direção para alguém mais capacitado, caso entenda que não será possível
conduzir com qualidade. Além disso, deve também dividir a direção em viagens

181
longas, programar paradas para descanso, dormir um pouco e cuidar com a
alimentação e a hidratação.

Consumo de bebidas alcoólicas e drogas psicoativas


Álcool

O consumo de bebidas alcoólicas é antigo e tem história entre muitas culturas


e povos.

Comum em muitas civilizações, a bebida alcoólica tornou-se um grande


problema para a sociedade atual, pois alterou o comportamento do povo
contemporâneo. É comprovado que o álcool afeta o sistema nervoso e
impede a pessoa de reagir adequadamente diante do perigo, alterando a
concentração, a tomada de decisão e a coordenação motora.

Importante: o condutor comete infração gravíssima ao dirigir sob a influência


de álcool ou qualquer outra substância psicoativa.

O consumo abusivo de álcool é considerado um fator decisivo para o aumento


dos índices de morbimortalidade60 em nosso país.

De acordo com o art. 165 da Lei n. 9.503/97:

“Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra


substância psicoativa que determine dependência:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito
de dirigir por 12 (doze) meses.
Medida administrativa – recolhimento do documento de
habilitação e retenção do veículo, observado o disposto
no § 4º do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de
1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.

60 Refere-se a incidência das doenças e/ou óbitos numa população.

182
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no
caput em caso de reincidência no período de até 12
(doze) meses.”
Brasil, 1997.

Para os condutores com habilitação nas categorias C, D ou E, a Lei n.


14.071/20 apresenta a obrigatoriedade de realizar o exame toxicológico para
a obtenção e a renovação da Carteira Nacional de Habilitação, além do
exame intermediário a cada 2 (dois) anos e 6 (seis) meses. Caso o exame
não seja realizado em até 30 dias do prazo legal, incorrerá em infração
gravíssima com a suspensão do direito de dirigir por 3 (três) meses,
condicionando o levantamento da suspensão do resultado negativo em novo
exame.

Efeitos do álcool sobre o condutor

O álcool na corrente sanguínea provoca o enfraquecimento da percepção e o


retardamento dos reflexos. Dosagem excessiva conduz à perigosa diminuição
da percepção e à total lentidão dos reflexos, diminuindo a consciência do
perigo. Todo condutor em estado de embriaguez, mesmo leve, compromete
gravemente sua segurança, a dos demais usuários da via e a dos passageiros,
que estão apostando 100% de suas próprias vidas nas condições desse
motorista.

O processo de absorção do álcool é relativamente rápido: 90% em 1 hora. Isso


não acontece com a eliminação, que demora de 6 a 8 horas, pelo fígado
(90%), pela respiração (8%) e pela transpiração (2%).

A concentração de álcool no sangue depende, entre outros fatores, da


quantidade ingerida, do peso da pessoa e da alimentação. A intoxicação por
outras drogas leva, em média, de 2 a 4 horas para ser eliminada pelo
organismo.

183
Veja o artigo “Efeitos do álcool61” no site da CISA – Centro de Informações
sobre Saúde e Álcool para saber mais sobre os efeitos que o álcool pode
causar no organismo de acordo com diferentes quantidades ingeridas.

Importante: com qualquer concentração de álcool por litro de sangue, o


condutor terá cometido uma infração, considerada gravíssima.

Lembre-se sempre: no caso de ingestão de bebida alcoólica, o condutor deve


passar a direção do veículo para outro motorista devidamente habilitado e que
esteja sóbrio.

Você sabia?
Atenção! Doses pequenas também interferem nas habilidades
do condutor. Por isso, não seja passageiro de alguém que
tenha consumido bebida alcoólica. Quando sair para se divertir
com seus amigos ou parentes, é importante escolher o
“motorista da rodada”, que assumirá a direção do veículo no
retorno. O escolhido deve estar sóbrio, sem ter consumido
álcool. Outra possibilidade é solicitar um táxi.

61 https://cisa.org.br/index.php/sua-saude/informativos/artigo/item/51-efeitos-do-alcool

184
Figura 1 – Motorista da rodada bebe água.
Fonte: Shutterstock/Syda Productions.

Uso de substâncias psicoativas

As drogas psicoativas são substâncias naturais ou sintéticas que agem


diretamente no cérebro, alterando comportamento, cognição e humor da
pessoa. Como exemplo, podemos citar as drogas permitidas, como remédios
controlados, o fumo e o álcool e qualquer droga ilícita. Tenha em mente que
essas substâncias podem causar dependência, o que é altamente prejudicial.

Mesmo o consumo de medicamentos por indicação médica pode alterar o


estado geral (físico e mental) da pessoa e atrapalhar o desempenho na
condução do veículo.

Você Sabia?
Quando o condutor faz a ingestão de substâncias para se
manter acordado, por exemplo, ele está somente impedindo
que o sono chegue dentro de algumas horas. Entretanto, assim
que o efeito da substância passar, o cérebro manifestará a
necessidade de descanso, o que pode fazer com que o
condutor durma ao volante e ocasione um acidente, muitas
vezes fatal.

185
Lembre-se: dormir é a única solução para o sono!

Veja o resumo desta Unidade de Estudo62.

Com o estudo desta Unidade, você compreendeu que estar física


e mentalmente bem é importante para evitar acidentes. Dirigir sem
estar em condições pode colocar a sua vida e a de outras
pessoas em risco. Por isso, se estiver cansado e precisar dirigir, descanse
antes. E lembre-se de que bebida, drogas e direção não combinam!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 31 out. 2021.

_____. Lei n. 11.705, de 19 de junho de 2008. Altera a Lei no 9.503, de 23 de


setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei n.
9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à
propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos,
terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4º do art. 220 da Constituição
Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo
automotor, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 20 jun. 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11705.htm>.
Acesso em: 31 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder

62 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

186
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 31 out. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 432, 23 de janeiro de


2013. Dispõe sobre os procedimentos a serem adotados pelas autoridades de
trânsito e seus agentes na fiscalização do consumo de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, para aplicação do disposto
nos arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997 –
Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 29 jan. 2013. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolu-o-uo-432-
2013c.pdf>. Acesso em: 31 out. 2021.

DETRAN/PR − DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO PARANÁ. Educação


para o trânsito. Curitiba: Detran PR, 2006. Disponível em:
<http://www.educacaotransito.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conte
udo=25>. Acesso em: 31 out. 2021.

_____. Educação para o trânsito – Motorista – Orientações. Detran, S.d.a.


Disponível em: <http://www.educacaotransito.pr.gov.br/pagina-289.html>.
Acesso em: 31 out. 2021.

_____. Educação para o trânsito – Motociclista seguro. Detran, S.d.b.


Disponível em: <http://www.educacaotransito.pr.gov.br/pagina-52.html>.
Acesso em: 31 out. 2016.

EFEITOS do álcool. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, 14 set.


2012. Disponível em: <https://bit.ly/3btbhnK>. Acesso em: 31 out. 2021.

187
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 3 – Noções de primeiros socorros, respeito ao meio
ambiente, convívio social e prevenção de incêndio
Unidade de Estudo 1 – Noções de primeiros socorros no trânsito

Objetivo: entender as noções básicas de primeiros socorros no trânsito, como


se faz a sinalização do local do acidente e o acionamento de recursos.

Tópicos desta Unidade:


• Noções de primeiros socorros no trânsito;
• Acidentes de trânsito e omissão de socorro;
• Consequências dos acidentes;
• Sinalização do local do acidente;
• Acionamento de recursos: bombeiros, polícia de trânsito, ambulância,
concessionária de via e outros;
• Tipos de socorristas.

Olá! Vamos dar início a mais um núcleo temático do curso para


condutores profissionais especializados. Nesta unidade de estudo
você verá algumas noções fundamentais de primeiros socorros
para vítimas de acidentes de trânsito, quais são as responsabilidades de quem
provoca ou se envolve involuntariamente em um acidente (sinistro) de trânsito,
quais podem ser as consequências de um acidente e quais procedimentos
devem ser realizados no local de um acidente (sinistro) de trânsito. Preparado?
Então, vamos lá!

Noções de primeiros socorros no trânsito

São denominados primeiros socorros os cuidados imediatos dispensados a


uma pessoa acidentada, ferida ou doente até o momento da chegada de
um recurso profissional.

188
Os primeiros socorros envolvem algumas medidas que visam preservar a
integridade da vítima e evitar que suas condições piorem. Esse atendimento
inicial pode incluir o apoio psicológico para pessoas abaladas emocionalmente
por um acidente.

Aqui vamos falar especificamente sobre primeiros socorros em acidentes


ocorridos no trânsito. Acidentes (sinistros) de trânsito são definidos como
qualquer evento que envolva prejuízo, sofrimento ou morte.

Prestar socorro de maneira adequada pode salvar vidas. Por isso, é importante
ter noções de primeiros socorros para que o atendimento seja correto e o mais
cuidadoso possível.

Figura 1 – Em caso de acidente de trânsito com vítima(s), sinalize o local.


Fonte: Shutterstock/sezer66.

Você saberia prestar os primeiros atendimentos a uma vítima de acidente de


trânsito?

189
Em um acidente, cada pessoa tem uma reação: há aquelas que conseguem
lidar com essa situação e tomam atitudes, mas há também quem entre em
desespero e quem fique sem reação diante da vítima, entre outros
comportamentos. E você, já pensou qual seria a sua reação diante de um
acidente de trânsito?

Ao se deparar com um acidente de trânsito, o importante é manter a calma,


analisar a situação e procurar ajuda.

No caso de um acidente (sinistro) de trânsito com vítima(s), os passos


principais para os primeiros socorros são os seguintes:

1 Garantir a segurança: sinalizar o local.

2 Pedir socorro: acionar o socorro especializado.

3 Conter a situação: manter a calma.

4 Analisar a situação: localizar, proteger e examinar as vítimas.

Figura 2 – Enquanto se aguarda o atendimento especializado, devem-se avaliar as condições


da(s) vítima(s). Fonte: Shutterstock/Photographee.eu.

190
Ouça o Podcast 1 “O que fazer em caso de acidentes com vítimas63”.

Quem deve prestar os primeiros socorros à(s) vítima(s) é quem estiver mais
próximo, mas é preciso estar capacitado para realizar um bom atendimento.

Acidentes de trânsito e omissão de socorro

O Código Penal Brasileiro e o CTB determinam que qualquer pessoa, diante de


um acidente (sinistro) com vítima(s) necessitando de amparo imediato, tem por
obrigação prestar atendimento, principalmente se tiver envolvimento direto com
o fato.

Leia na tabela abaixo, as determinações do CTB quanto à responsabilidade


administrativa e criminal dos envolvidos em acidentes de trânsito:

Determinações do CTB quanto à responsabilidade administrativa e


criminal dos envolvidos em acidentes de trânsito.

Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima: I – de prestar


ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo; II – de adotar providências,
podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local; III – de
preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia; IV –
de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas
por policial ou agente da autoridade de trânsito; V – de identificar-se ao policial
e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de
ocorrência: Infração – gravíssima. Penalidade – multa (cinco vezes) e
suspensão do direito de dirigir. Medida administrativa – recolhimento do
documento de habilitação.

Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito

63https://plataforma-jornada.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/aulas/NT_554/UE_2389/assets/audio/NT3UE1Podcast.mp3

191
quando solicitado pela autoridade e seus agentes: Infração – grave.
Penalidade – multa. Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes
de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar


imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa
causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: Penas – detenção, de
seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o
condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou
que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

No art. 304, o CTB (Brasil, 1997) expõe que a omissão de socorro acontece
quando o condutor deixa, “na ocasião do acidente, de prestar imediato
socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa,
deixar de solicitar auxílio da autoridade pública”.

Nesses casos, as penas são de detenção, de seis meses a um ano, ou


multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Essa pena pode
aumentar se a vítima morrer em razão do acidente. Ou seja, o indivíduo que
se envolver em um acidente de trânsito jamais deverá abandonar o local
ou as vítimas que estão necessitando de ajuda, pois a omissão de
socorro é considerada crime (Brasil, 1997).

Por isso, é importante saber identificar as condições de saúde da vítima, a fim


de ajudar a salvar a vida dela e evitar possíveis sequelas.

A seguir, vamos analisar as consequências de um acidente e a maneira


adequada de se comportar nesses casos.

192
Consequências dos acidentes

Acidentes de trânsito podem resultar em consequências graves, algumas


irreparáveis. Por isso, é muito importante o cuidado no atendimento a uma
situação de emergência. São várias as consequências que um sinistro de
trânsito pode ocasionar:

• Óbito;
• Invalidez;
• Sequelas físicas, psicológicas e perda de qualidade de vida;
• Ferimentos, lesões ou traumas físicos;
• Sofrimento da família;
• Prejuízo financeiro, econômico e social;
• Processos judiciais.

Como estacionar corretamente para prestar socorro

Se um condutor estiver dirigindo e se deparar com um acidente na via, o


procedimento correto é:

• Estacionar em um local seguro a pelo menos 30 metros do local do


acidente;
• Sinalizar o local do acidente (triângulo, pisca-alerta, lanternas, entre
outros);
• Avaliar as condições das vítimas;
• Chamar o socorro especializado.

Sinalização do local do acidente

Para evitar que aconteçam mais acidentes, é necessário iniciar rapidamente


a sinalização e impedir que outros condutores colidam com o veículo
envolvido no acidente, o que pode gerar engavetamento.

193
Para sinalizar o local do acidente, deve-se colocar corretamente
o triângulo (equipamento obrigatório, que tem por finalidade indicar que há um
veículo parado na via), ligar o pisca-alerta e usar também outros recursos,
como galhos de árvores e lanternas, ou utilizar panos para acenar para os
demais condutores.

A sinalização deve ser iniciada em um ponto em que os outros motoristas ainda


não consigam enxergar o acidente. Isso faz com que eles redobrem a atenção
e tenham maior visibilidade.

Quadro 1 – Distância (aproximada) do acidente para início da sinalização


Tipo da via Velocidade Em pista seca Em caso de chuva,
máxima permitida neblina, fumaça ou
à noite.
Vias coletoras 40 km/h 40 passos longos 80 passos longos
Arteriais 60 km/h 60 passos longos 120 passos longos
Vias de trânsito 80 km/h 80 passos longos 160 passos longos
rápido
Rodovias 110 km/h 110 passos 220 passos longos
longos

Fonte: IbacBrasil, 2016.

Conforme o Quadro 1, existem casos nos quais as distâncias deverão ser


dobradas, como à noite, com chuva, neblina ou fumaça.

Os passos devem ser longos e dados por um adulto. Se o condutor não


puder fazê-lo, deve pedir a outra pessoa para medir a distância.

Casos que comprometem a visibilidade do acidente (curvas, topo de elevação


ou lombadas):

Quando estiver contando os passos e encontrar uma curva, deve-se parar a


contagem, caminhar até o final da curva e, então, recomeçar a contar a partir

194
do zero. A mesma coisa deve ser feita quando o acidente ocorrer no topo de
uma elevação, sem visibilidade para os veículos que estão subindo.

Se estiver escuro, deve-se iluminar o local com as luzes do veículo ou


com lanternas disponíveis (o ideal é ter sempre uma lanterna no veículo).

Jamais se deve utilizar fósforo, isqueiro ou qualquer outro objeto


que emita chama de fogo, pois isso poderá ocasionar um
incêndio. Ou seja, além do acidente de trânsito, outro grave
acidente pode ser gerado. Já pensou nisso?

Depois que o local do acidente for sinalizado, é preciso acionar os recursos


especializados. Vamos ver como se faz isso? Acompanhe!

Acionamento de recursos: bombeiros, polícia, ambulância,


concessionária da via e outros

Após sinalizar o local, um breve levantamento do acidente deve ser feito


para repassar as informações necessárias à equipe de socorro.

Em seguida, deve-se chamar o serviço médico especializado. É importante


ter sempre por perto os números do SAMU, da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros, pois são esses serviços que poderão ajudar nesse momento.

Nas rodovias, há placas com números de telefones úteis para o caso de


acidente. Nas rodovias em que é cobrado o pedágio, os serviços de primeiros
socorros com equipes técnicas especializadas, guincho, entre outros, são
direitos do condutor que paga o pedágio. Deve-se, antes de iniciar o percurso,
verificar os meios de contato com a concessionária que administra a rodovia.

Nas cidades, os números para contato em caso de acidente de trânsito são


divulgados em canais de rádio e televisão, na internet, em jornais e revistas. É
preciso prestar atenção a eles!

195
Veja os serviços e números64 de telefones mais comuns para atendimento a
emergências.

Você sabe como se comportar na hora de uma ocorrência?

Ao entrar em contato com as autoridades para comunicar um acidente de


trânsito, as recomendações abaixo devem ser seguidas.

• Manter a calma;
• Transmitir as informações com clareza e precisão;
• Responder às perguntas do atendente também de maneira clara e
objetiva;
• Ao se referir ao local da ocorrência, fornecer o endereço completo, além
de um ponto de referência de fácil localização e visualização (uma loja
conhecida, uma praça, uma avenida etc.);
• Fornecer dados sobre as vítimas (número de pessoas, sexo, idade
aproximada);
• Informar o estado de consciência das vítimas e o grau dos ferimentos;
• Comunicar as condições do trânsito no local;
• Informar se há vítimas presas em ferragens.

Caso ocorra vazamento de alguma substância na pista, é necessário


acionar o Corpo de Bombeiros.

Após a chegada dos bombeiros, é necessário:

• Descrever a ocorrência;
• Informar os primeiros socorros que foram aplicados;
• Fornecer ajuda, se necessário.

64Tenha sempre esses telefones à mão:


191 (Polícia Rodoviária Federal)
192 (Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)
193 (Corpo de Bombeiros/SIATE)
190 (Polícia Militar)

196
Além disso, é necessário informar aos socorristas a localização das vítimas e a
quantidade. Em um acidente de trânsito, as vítimas podem ser lançadas para
fora do veículo, podem estar presas nas ferragens, caídas na pista de
rolamento, entre outras situações.

A presença de cabos eletrificados, o derramamento ou vazamento de


combustíveis, incêndios e materiais tóxicos podem deixar vítimas e socorristas
sob riscos de novos acidentes. Nesses casos, é preciso afastar o perigo o mais
rápido possível.

Ao ajudar em um acidente, procure se proteger de doenças infectocontagiosas,


usando luvas ou pedaços de pano. Essas doenças são transmitidas pelo
contato com fluidos corporais, como sangue e saliva.

Se há um acidente perto de você, e os veículos socorristas estão buscando


passagem, lembre-se de que os veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, de polícia, de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias
possuem livre circulação, estacionamento e parada, devendo-se dar
preferência à passagem destes, conforme art. 29, inciso VII, da Lei n.
14.071/2020 (Brasil, 2020).

Essa preferência ocorre quando os dispositivos de alarme sonoro e


iluminação intermitente estiverem acionados, indicando a proximidade dos
veículos, assim todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa
da esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário.

Tipos de socorristas

Primeiros Socorros são os cuidados imediatos dispensados à pessoa vítima


de acidente ou mal súbito. Socorrista é toda pessoa que presta socorro a
alguém. Eles estão divididos em três tipos: os sobreviventes, o pessoal
destreinado e o pessoal treinado.

197
O socorrista sabe o que fazer, como fazer, quando fazer e o que não fazer.

O objetivo do primeiro socorro não é tratar a pessoa, mas sim evitar danos
maiores à vítima.

É importante que as pessoas tenham cuidado com as boas intenções


após o acidente, pois, às vezes, em vez de ajudar, podem acabar agravando
o estado das vítimas, levando-as a óbito, ou, ainda, incapacitando-as
temporária ou definitivamente.

Um exemplo disso são os acidentes que envolvem motociclistas. Nesses


casos, o capacete da vítima não deve ser removido, pois há uma forma correta
para essa remoção, que, se não for feita por um socorrista capacitado, pode
causar uma lesão na coluna vertebral do motociclista acidentado.

Sendo assim, lembre-se: não se deve retirar o capacete da vítima, pois


essa é uma ação para profissionais capacitados.

Vamos ver as especificidades de cada socorrista?

Sobreviventes

São as pessoas que estavam no acidente e que sobreviveram. Esses


indivíduos identificam o estado geral deles mesmos e decidem ajudar os
demais envolvidos no acidente.

198
Pessoal destreinado

São aquelas pessoas que estão próximas ao local do acidente e, assim


que o percebem, iniciam o atendimento. Mas, apesar da boa intenção, muitas
vezes a falta de conhecimento técnico específico também pode gerar
consequências graves às vítimas.

O ideal é que esses cidadãos não treinados estejam acompanhados da


liderança de um socorrista treinado. Dessa maneira, os procedimentos podem
ser mais efetivos.

Pessoal treinado

São os profissionais que dominam as técnicas de atendimento com o


objetivo de evitar riscos. Como exemplo, podemos citar os bombeiros,
os profissionais da Defesa Civil, os policiais rodoviários e as organizações
emergenciais.

Figura 3 – Em caso de acidente de trânsito com vítima, chame o socorro especializado.

Fonte: Shutterstock/LightField Studios.

199
Papel do socorrista

O principal objetivo de um socorrista é salvar vidas. Além disso, ele pode


evitar que as lesões se agravem, preparando a vítima e o local para
atendimento médico.

Dessa forma, o socorrista deve:


1 Conhecer as próprias limitações e ter bom senso.
2 Ter conhecimento sobre primeiros socorros.
3 Ter habilidade manual, saber como fazer o que deve ser feito.
4 Ter iniciativa, autocontrole, calma, autoconfiança, senso de
observação.

Características de um socorrista

Esse profissional precisa ser capaz de controlar o seu estado emocional,


independentemente de qualquer situação, pois é ele o responsável por
transmitir segurança e tranquilidade à vítima. O socorrista precisa tomar
uma posição de líder, ter controle e assumir a situação, além
de demonstrar agilidade, educação, inteligência, calma e solidariedade.

Um socorrista deve sempre saber o que fazer, como fazer, quando fazer e o
que não fazer.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo65.

Chegamos ao final de mais uma Unidade de Estudo! Esperamos


que você tenha compreendido a importância da sinalização no
local do acidente e o acionamento de recursos especializados.
Lembre-se de que você poderá ajudar em um acidente, mas é
preciso ficar atento, pois algumas ações só podem ser realizadas por
profissionais capacitados. Agora, faça os exercícios para melhor fixação do
conteúdo e até a próxima Unidade!

65 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/x92xny69kybc292

200
Referências

ABRAMET. Noções de primeiros socorros no trânsito. São Paulo:


ABRAMET, 2005.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de


Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24
set. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 2 nov. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 2 nov. 2021.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Dicionário Houaiss da


língua portuguesa. Versão 1.0. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss;
Objetiva, 2001. 1 CD-ROM.

SEGURADORA Líder-DPVAT pagou mais de 434 mil indenizações às vítimas


de acidentes de trânsito em 2016. Revista Cobertura, 28 jun. 2017. Disponível
em: <https://www.revistacobertura.com.br/2017/06/28/seguradora-lider-dpvat-
pagou-mais-de-434-mil-indenizacoes-as-vitimas-de-acidentes-de-transito-em-
2016/>. Acesso em: 2 nov. 2021.

201
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 3 – Noções de primeiros socorros, respeito ao meio
ambiente, convívio social e prevenção de incêndio
Unidade de Estudo 2 – Verificação das condições gerais da vítima de
acidente de trânsito

Objetivo: compreender as noções básicas para verificação das condições


gerais de saúde da vítima de acidente ou enfermo de trânsito e a maneira
correta de realizar os primeiros socorros.

Tópicos desta Unidade:

• Avaliação das condições gerais da vítima de acidente de trânsito;


• O que são sinais vitais;
• Avaliação inicial ou primária.

Olá! Seja bem-vindo(a) a mais uma Unidade de Estudo. Você


sabia que identificar as condições de saúde da vítima de
acidente de trânsito pode ajudar a salvar a vida dessa pessoa,
além de evitar possíveis sequelas? Mas será que você está preparado para
identificar essas condições? Nesta Unidade de Estudo, você vai conhecê-las e
aprender a maneira correta e adequada de prestar atendimento à vítima. Bons
estudos!

Avaliação das condições gerais da vítima de acidente de


trânsito

A avaliação das condições gerais da vítima deve ser feita de


forma rápida e precisa. Por isso, é necessário manter a calma para agir
corretamente e transmitir confiança. É preciso afastar os curiosos, evitar
comentários (trágicos) sobre o estado de saúde do ferido e ter sempre em
mente que a avaliação correta se inicia com a verificação dos sinais vitais da
vítima.

202
A prioridade no atendimento deve ser à(s) vítima(s) que corre(m) maior
risco de morte. Quem está prestando socorro deve tomar muito cuidado e
limitar-se a fazer o mínimo necessário com a vítima, que deve permanecer
imobilizada até que socorristas profissionais possam transportá-la, se for o
caso.

O que são sinais vitais

São aqueles sinais que mostram o funcionamento ou as alterações das


funções do corpo. Para avaliar a condição de saúde da vítima, é necessário
verificar se os sinais vitais estão normais.

Veja, a seguir, quais são esses sinais, como identificá-los e as características


de cada um deles.

De modo geral, considerando uma vítima adulta, as condições consideradas


normais para pulsação (frequência cardíaca), respiração (frequência
respiratória), pressão arterial e temperatura corporal podem ser:

Pulso

60 a 100 batimentos por minuto.

203
Respiração

12 a 20 respirações por minuto.

Pressão arterial

120 x 80 mmHg.

204
Temperatura corporal

36 °C a 37 °C.

Em crianças, os movimentos respiratórios por minuto tendem a ser mais


rápidos.

Avaliação inicial ou primária

Para fazer a avaliação inicial, é preciso verificar, de modo rápido, se a vítima


está consciente (acordada) e se respira, ou se está com dificuldade para
respirar.

Para essa avaliação, é necessário examinar a vítima seguindo


obrigatoriamente a sequência:

1º Vias aéreas e coluna cervical.


2º Respiração.
3º Circulação, controle de hemorragia e do choque.
4º Nível de consciência, fraturas.
5º Exposição, proteção da vítima e queimaduras.

205
Isso deve ser feito da seguinte forma:

No caso de a vítima estar acordada ou consciente, é preciso aproximar-se


dela e, com cuidado, efetuar os seguintes procedimentos:

• Conversar com a vítima, dizendo quem você é e que está ali para ajudá-
la;
• Utilizar luvas de silicone para evitar contato com sangue ou saliva;
• Caso a vítima esteja acordada, deve-se acalmá-la e solicitar que não se
mova;
• Apoiar a mão sobre a testa da vítima, sem fazer força, somente para
impedir que ela faça movimentos bruscos;
• Verificar se ela está com dificuldade para respirar;
• Verificar a circulação colocando 2 dedos sobre a artéria radial localizada
no pulso;
• Conversar com a vítima para verificar seu nível de consciência;
• Proteger a vítima, cobrindo-a com mantas e casacos.

No caso de a vítima estar desacordada ou inconsciente, o procedimento é


diferente:

• Ajoelhado ao lado da vítima, a pessoa que está prestando socorro deve


colocar uma das mãos em sua testa e a outra sobre o ombro
contrário ao do seu corpo;
• Depois de verificar se a vítima está consciente e se está respirando,
deve-se conferir o pulso (não deve levar mais que 10 segundos para
verificar, pois qualquer demora pode ser fatal).

Para esse procedimento, clique para saber os passos que devem ser seguidos:

Colocar os dedos no centro do pescoço da vítima (onde está


1
localizada a traqueia).
Em seguida, deslizar os dedos lateralmente no pescoço e procurar o
2
pulso.

206
Figura 1 – Verificação do pulso carotídeo.
Fonte: Shutterstock/Madrolly.

Se a vítima estiver com dificuldade para respirar devido a algum objeto ou


líquido que esteja obstruindo as vias áreas, ela pode morrer ou vir a ter
problemas graves no cérebro. Sendo assim, é preciso desobstruir as vias
aéreas, ou seja, liberar a passagem do ar.

Mas e se a vítima estiver sem pulsação?

É necessário ligar imediatamente para a equipe de Urgência e Emergência:

Quadro 1 – Telefones dos serviços de Urgência e Emergência


Serviço Nº
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) 192
Corpo de Bombeiros 193

207
Não se deve oferecer líquido para uma pessoa acidentada, principalmente
se ela estiver com dificuldade para respirar.

Todas as noções básicas aqui apresentadas são importantes, necessárias e


ajudam a salvar muitas vidas. Mas é preciso ter em mente que a melhor
pessoa para realizar o atendimento a uma vítima de acidente de trânsito será
sempre um profissional capacitado.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo66.

Nosso objetivo nesta Unidade de Estudo não é transformar você


em um profissional da saúde ou em um especialista em
atendimentos de urgência e emergência, mas facilitar sua função
como cidadão que deve prestar os primeiros socorros a vítimas de acidente de
trânsito de maneira segura, adequada e eficaz quando for necessário. Até a
próxima Unidade!

Referências

AHA – American Heart Association. Destaques das diretrizes da American


Heart Association 2010 para RCP e ACE. São Paulo: AHA, 2010. Disponível
em: <https://www.heart.org/idc/groups/heart-
public/@wcm/@ecc/documents/downloadable/ucm_317343.pdf>. Acesso em: 3
nov. 2021.

BRASIL. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23


de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a

66 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

208
composição do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade
das habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

209
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 3 – Noções de primeiros socorros, respeito ao meio
ambiente, convívio social e prevenção de incêndio
Unidade de Estudo 3 – Respeito ao meio ambiente

Objetivo: Reconhecer o impacto do trânsito no meio ambiente, tipos de


poluição, e identificar ações sustentáveis para a conservação do meio
ambiente.

Tópicos desta Unidade:

• O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o meio ambiente;


• Regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
sobre poluição ambiental causada por veículos;
• Poluição do ar, da água e do solo;
• Poluição atmosférica: emissão de gases e partículas;
• Materiais recicláveis;
• Queimadas;
• Vegetação local e animais silvestres;
• Poluição sonora;
• Responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB;
• Manutenção preventiva do veículo.

Olá! Nesta Unidade você vai aprender sobre a relação entre a


legislação de trânsito e o meio ambiente. Verá que o condutor tem
responsabilidades com a conservação do meio ambiente e
proteção da saúde da população. Vamos iniciar mais uma leitura? Bons
estudos!

210
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o meio ambiente

Você já presenciou algum condutor ou passageiro arremessando


objetos pela janela de um veículo?

Essa situação é passível de penalidade, conforme prevê o CTB − Lei n. 9.503,


de 23 de setembro de 1997 (Brasil, 1997).

Falar sobre trânsito e meio ambiente parece, a princípio, um assunto distante


um do outro, mas não é. Em quantidades cada vez maiores e com emissão
constante de resíduos, os veículos representam grande ameaça ao meio
ambiente.

Todos os anos são realizadas reuniões, no Brasil e no mundo, sobre meio


ambiente e sobre os impactos causados pela sua destruição, com o objetivo de
elaborar e efetivar acordos que garantam modos de vida mais sustentáveis e
mecanismos para um equilíbrio consciente entre o ser humano e a natureza.

Mas quando se fala sobre a relação ser humano-meio ambiente-veículo, todas


as pessoas podem contribuir para a preservação ambiental. Ações como lavar
o veículo com o uso de uma mangueira podem provocar grande desperdício de
água, por isso o ideal é levar o veículo em lugares especializados para esse
serviço, dando preferência às lavagens a seco com produtos biodegradáveis
que não poluam o meio ambiente.

Por meio de acordos internacionais, os códigos ambientais estabelecidos no


Brasil objetivam o controle de emissão de poluentes, a pesquisa e a
qualidade de vida.

O Contran, juntamente com outros órgãos, estabelece punição para quem


descumpre as normas de controle ambiental direcionado aos veículos. A
finalidade é garantir e preservar a vida, a saúde e o meio ambiente.

211
A Legislação de Trânsito define as responsabilidades em relação à
proteção ao meio ambiente, além de apresentar infrações e penalidades.
O Sistema Nacional de Trânsito (SNT) é o conjunto de órgãos e entidades
da União, dos estados e do Distrito Federal e dos municípios, que têm a
finalidade de exercer as atividades que envolvem o trânsito (Brasil, 1997),
além de priorizar ações em defesa da vida, incluindo a preservação do meio
ambiente e a fiscalização do nível de emissão de poluentes e ruídos.

Escute o “Podcast – Legislação de trânsito e proteção ambiental67” para saber


mais.

Regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(Conama) sobre poluição ambiental causada por veículos

O Conama (criado em 1982 pela Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 198168, que


estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente) é o órgão consultivo e
deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

Em outras palavras, o Conama existe para assessorar, estudar e propor ao


governo as linhas de direção que devem tomar as políticas
governamentais para exploração e preservação do meio ambiente e dos
recursos naturais, criando assim normas e limites que não afetem
drasticamente o equilíbrio do meio ambiente quanto à emissão de gases e
resíduos poluentes.

A Resolução Conama n. 1, de 23 de janeiro de 1986, em seu art. 1º, considera


que:

“o impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades


físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada

67 https://plataforma-jornada.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/aulas/NT_554/UE_2391/assets/audio/Podcast_nt3ue3.mp3
68 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm

212
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.”

Brasil, 1986.

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), juntamente com o Conama e


outros órgãos, estabelece punição para quem descumpre as normas de
controle ambiental direcionado a veículos. A finalidade é sempre garantir e
preservar a vida, a saúde e o meio ambiente.

A legislação de trânsito define as responsabilidades em relação à proteção ao


meio ambiente, além de apresentar as infrações e as penalidades para quem
as descumpre.

Poluição do ar, da água e do solo

A poluição ambiental agride o ar, a água e o solo, contaminando todas as


formas de vida. Existem vários tipos de poluição resultantes das atividades
humanas, entre as quais a poluição do ar, da água e do solo e poluição sonora.
Veja a seguir para saber sobre elas.

Poluição do ar
A queima incompleta de combustíveis é a principal causa de poluição do ar;
entre os principais poluidores do meio ambiente destacam-se as indústrias,
as usinas e os veículos. Os veículos à combustão emitem alguns gases
poluentes, como o monóxido de carbono, o chumbo e o nitrogênio. O nível
elevado de poluição no ar pode ser sentido pelos seres humanos por meio de
alguns sintomas, como a ardência nos olhos, náuseas e dificuldade de
respirar.
Poluição da água e do solo

213
Os veículos contribuem para esse tipo de poluição, principalmente pela troca
de óleo e lubrificantes mal acondicionados e por produtos utilizados em sua
lavagem periódica.
Poluição sonora
Alguns sons emitidos pelos veículos são responsáveis pela redução da
qualidade de vida, portanto recomenda-se manter o motor regulado, o
escapamento em bom estado e evitar o uso desnecessário da buzina.

Poluição atmosférica: emissão de gases e partículas

A poluição atmosférica nas grandes cidades afeta a saúde das pessoas e


impacta diretamente na qualidade de vida delas. Os altos índices de poluição
no ar se originam de uma parcela importante da emissão de poluentes
produzidos pelos veículos automotores, porém as indústrias e as queimadas
também contribuem substancialmente para esse quadro.

O art. 104 do CTB (Brasil, 1997) estabelece que os veículos em circulação


terão as condições de segurança, de controle de emissão de gases
poluentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será obrigatória,
na forma e na periodicidade estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito
(Contran), para os itens de segurança, e pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), para emissão de gases poluentes e ruídos.

A emissão irregular de gases produzida por veículos é


infração de natureza grave.

No parágrafo 5.º do art. 104, o CTB prevê que será “aplicada a medida
administrativa de retenção aos veículos reprovados na inspeção de segurança
e na emissão de gases poluentes e ruído” (Brasil, 1997).

214
Poluição emitida pelas indústrias

Poluição emitida pelos automóveis

Leia, a seguir, algumas informações que podem ajudar a reduzir a poluição e


também gastar menos combustível:

• Trocar a marcha na rotação correta;


• Evitar reduções constantes de marcha, acelerações bruscas e freadas
em excesso;
• Desligar o veículo em caso de longas paradas.

215
Manter o veículo sempre em boas condições mecânicas contribui
para a preservação do meio ambiente!

Veja o que o CTB prevê em relação à atuação do condutor e à proteção do


meio ambiente.
“Art. 172 Atirar do veículo ou abandonar na via objetos
ou substâncias:
• Infração: média.
• Penalidade: multa.”
Brasil, 1997.

Figura 1 – Dê o destino certo a cada tipo de resíduo que recolher em seu veículo.
Fonte: Shutterstock/Nitikan T.

É necessário manter as vias de trânsito limpas e em condições de uso. O


consumismo desenfreado impacta diretamente o equilíbrio ambiental,
principalmente pelo grande aumento da produção de materiais
descartados. Por isso, é importante identificar os produtos que podem ser
reutilizados com outra função e aqueles que podem ser reciclados, ou seja,
transformados em novos materiais. Lixo será somente aquilo que não puder ser
reutilizado ou reciclado.

216
A seguir, alguns exemplos de materiais e o tempo que levam para se degradar:

Figura 2 – Tempo de degradação para deixar de causar danos ao meio ambiente

Fonte: Detran-PR, S.d.

Nunca jogue lixo e outros objetos pela janela do carro, não retire flores e
folhagens das margens da via e, quando for à praia ou ao parque, recolha
o seu lixo.

E quanto aos materiais recicláveis? Vamos estudar a seguir sobre


esse tema!

Materiais recicláveis

Você já sabe que, daquilo que comumente chamamos de lixo, grande parte
pode ser reciclada e reutilizada. O material reciclável pode ser reutilizado e
transformado em novos objetos. Portanto, para que isso aconteça, o lixo deve
ser separado.

217
Praticamente todos os materiais descartados podem ser reciclados.
Entretanto, antes de separá-los, é necessário tomarmos alguns cuidados, como
retirar os resíduos de alimentos que ficam nas embalagens, para evitar a
contaminação e não estragar o material.

Figura 3 – Você é responsável pelo destino que dá aos resíduos que produz.
Fonte: Freepik.

De modo geral, os meios de transportes, como carros, motos, caminhões e


ônibus, também produzem lixo durante sua vida útil. Essa produção de
resíduos ocorre nas trocas de fluidos, materiais e peças. Por isso, é importante
saber que os resíduos produzidos pelos veículos são do tipo industrial e
devem ser descartados em locais apropriados.

Os pneus, quando chegam ao final da vida útil, devem ser levados a um local
apropriado, como uma revenda de pneus, uma borracharia ou um ponto de
coleta de pneus da Prefeitura Municipal. Os pneus descartados podem ser
reaproveitados de diversos modos, por exemplo, como combustível alternativo
para indústrias de cimento, na fabricação de solados de sapatos, borrachas de
vedação, pavimentação de vias públicas, enfeites e floreiras etc.

218
Figura 4 – Pneus descartados incorretamente.
Fonte: Shutterstock/KatMoy.

Separe o lixo orgânico (alimentos e também o lixo de banheiro) dos recicláveis


(vidros, papéis, plásticos e latas), faça o descarte correto dos materiais e
colabore com a saúde do meio ambiente!

Além do lixo descartado de forma incorreta, há outros fatores que


podem causar a poluição ambiental. Vamos conhecê-los?

Queimadas

As queimadas nos centros urbanos e no perímetro rural ainda são realidade em


nosso país. Apesar de proibido, o homem continua usando desse mau hábito
para se livrar de matérias que se acumulam em terrenos públicos ou privados.
Essa prática pode ser muito perigosa, pois as queimadas podem sair do

219
controle e causar grandes danos ao ambiente e à população, causando
acidentes e trazendo prejuízos irreversíveis.

Fogueiras, queima de materiais e bitucas de cigarro podem causar


grandes incêndios.

Ao longo das vias, a fumaça das queimadas pode prejudicar a visão do


motorista e provocar dificuldade de respiração, o que aumenta o risco de
acidentes, além de danos que podem ser irreversíveis à natureza. Qualquer ato
que possa provocar uma queimada deve ser evitado, especialmente se o
tempo estiver seco, o que possibilita que o fogo se alastre rapidamente e cause
ainda mais prejuízo.

Vegetação local e animais silvestres

Além dos cuidados com a vegetação local, os animais silvestres também


requerem atenção e o lugar primordial deles é nas matas. Ajude a preservar a
natureza!

Respeite a sinalização em todos os lugares, principalmente nas estradas.


A sinalização de animais silvestres nas proximidades indica que a
velocidade do veículo deve ser reduzida.

Poluição sonora

A poluição sonora no trânsito tem origem em diversos fatores: motores de


veículos desregulados, escapamentos furados ou fora do padrão, buzinas,
alarmes e equipamentos de som com volume acima do permitido. Vamos
ver algumas dessas causas de poluição.

220
Uso de buzina, outros sons e ruídos

A buzina é um equipamento obrigatório, mas quando usada


indiscriminadamente é considerada poluição sonora e pode causar problemas
auditivos, além de distrair o motorista e até ocasionar acidentes. A buzina deve
ser usada sempre em toque breve e somente quando for necessário.

É comum observarmos o uso da buzina em várias situações do dia a dia, por


exemplo, quando um condutor encontra uma pessoa conhecida em seu trajeto,
quando quer chamar a atenção por algum motivo ou para expressar a
impaciência enquanto aguarda por algo ou alguém.

O art. 227 do CTB cita que é expressamente proibida a utilização da buzina:

“I. em situação que não a de simples toque breve como


advertência ao pedestre ou a condutores de outros
veículos;
II. prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
III. entre (22h) vinte e duas e (6h) seis horas;
IV. em locais e horários proibidos pela sinalização;
V. em desacordo com os padrões e as frequências
estabelecidas pelo Contran.
• Infração: leve.
• Penalidade: multa.”
Brasil, 1997

Para saber mais, acesse a Resolução Contran n. 76469, de 20 de dezembro de


2018.

Até outubro de 2016, a legislação que dava conta do tema era a Resolução
Contran n. 204/06. Após essa data, a Resolução Contran n. 624/1670 passou
a determinar as regras nesse âmbito.

69https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao7642018.pdf

221
E o que acontece com um condutor que for pego dirigindo com equipamento
de som com volume e/ou frequência acima do permitido?

De acordo com o art. 228 do CTB,

“Usar no veículo equipamento com som em volume ou


frequência que não sejam autorizados pelo Contran gera:
• Infração: grave.
• Penalidade: multa.
• Medida administrativa: retenção do veículo para
regularização.”
Brasil, 1997

O som do carro é considerado som ambiente, ou seja, quando propagado para


fora do veículo, torna-se irregular, causando desconforto a terceiros.

A altura excessiva do volume do som não permite que o condutor perceba


riscos e emergências à sua volta, além de causar danos ao aparelho auditivo,
por isso é necessário deixar o som em um volume audível apenas no interior
do veículo. Assim, o motorista poderá perceber alarmes de emergência, como
a sirene do carro de bombeiros, da ambulância e da polícia, entre outros tipos
de alerta.

O CTB prevê a proibição do uso de qualquer equipamento que


produza poluição sonora, tais como:

• roncos de motor;
• escapamentos abertos;
• buzinas estridentes;
• aparelhos de som em volume alto.

70https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_624-2016.pdf

222
Além disso, o uso irregular de aparelhos de alarme e outros
dispositivos que produzem sons e ruídos que perturbam o sossego público é
fiscalizado pelo Contran e está definido no art. 229 do CTB (Brasil, 1997). Em
caso de desacordo com essa regulamentação, o indivíduo estará sujeito a:

• Infração: média;
• Penalidade: multa e apreensão do veículo;
• Medida administrativa: remoção do veículo.

Carros com alto-falantes, trios elétricos e outros veículos que produzam sons e
barulhos acima do limite necessitam de autorização especial para essa função
e devem estar regulamentados pela lei.

Como você sabe, os limites de barulho são regulamentados por lei. Então, é
importante a atenção às placas de sinalização e aos limites de ruídos para o
dia e para a noite, principalmente em lugares próximos a hospitais e escolas.

Pequenos detalhes do dia a dia fazem a diferença no momento de dirigir e


colaboram com o meio ambiente. Para que todos os usuários tenham
qualidade no trânsito, é importante que cada um reflita a respeito de suas
respectivas atitudes, sem agredir o meio ambiente.

O art. 231 do CTB determina algumas penalidades para quem transitar com o
veículo:
“I. danificando a via, suas instalações e equipamentos;
II. derramando, lançando ou arrastando sobre a via:
a) carga que esteja transportando;
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de acidente.
• Infração − gravíssima.
• Penalidade – multa.
• Medida administrativa − retenção do veículo para
regularização.

223
III. produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis
superiores aos fixados pelo Contran;
IV. com suas dimensões ou de sua carga superiores aos
limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização, sem
autorização.
• Infração − grave.
• Penalidade – multa.
• Medida administrativa − retenção do veículo para
regularização.”
Brasil, 1997.

Responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB

Proteger o meio ambiente hoje é um grande desafio, pois é fato conhecido


que há no Brasil e no mundo uma grande exploração dos recursos naturais.

Decorrente desse fator, foi sancionada a Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro


1998, a Lei de Crimes Ambientais, que estabelece como crime ambiental todo
e qualquer dano ou prejuízo causado por pessoa física ou jurídica aos
elementos que compõem o ambiente (flora, fauna, recursos naturais e
patrimônio cultural) (Brasil, 1998).

Os autores do crime ambiental responderão civil e criminalmente pelos


prejuízos causados, tendo inclusive que recuperar os danos.

Sendo assim, todos nós estamos sujeitos a responder pelos prejuízos


causados e temos o dever de zelar e proteger o meio ambiente, denunciando
toda e qualquer prática considerada ilegal.

Evite e denuncie queimadas, lixo em locais inapropriados, corte irregular de


árvores, poluição de rios, matança ou captura de animais silvestres ou
selvagens e até mesmo construções irregulares.

224
Em obediência ao CTB, no caso de veículos, não modifique o escapamento,
não utilize aparelhos de som, alarmes ou buzinas de forma irregular e não faça
alterações de estrutura, combustível ou motor nos veículos sem o Certificado
de Segurança Veicular (CSV). Saiba que, se isso ocorrer, você estará
cometendo uma infração de trânsito e prejudicando o meio ambiente.

Agora, veja outro assunto importante que também influencia o meio ambiente.

Manutenção preventiva do veículo

A manutenção preventiva do veículo auxilia na redução de acidentes e gastos


desnecessários e principalmente no controle ambiental mais consciente.
Lembre-se de que um acidente de trânsito expõe as pessoas e o meio
ambiente a riscos danosos.

Sabendo disso, é preciso estar atento às necessidades do veículo, seguindo as


recomendações do fabricante e para a sua manutenção adequada e com isso
tê-lo em bom estado para o transporte.

Além disso, alguns procedimentos podem contribuir para economizar


combustível e reduzir a poluição:
• ao trocar a marcha, verifique se ela está na rotação correta do motor;
• observe e acompanhe a vida útil dos componentes veiculares, como o
filtro de óleo e de ar, o óleo e o catalisador. Esses componentes são
importantes para o controle da poluição.
• evite reduções constantes de marcha, acelerações e freadas bruscas;
• desligue o veículo em caso de longas paradas;
• procure manter velocidades mais constantes enquanto trafega e evite
ficar acelerando no semáforo fechado, assim como em caso de trânsito
parado;
• faça sempre a manutenção e a revisão do veículo, conforme
especificado pelo fabricante (consulte o manual do proprietário do veículo).

225
Lembre-se de dar o destino certo para os materiais recicláveis quando
substituídos no seu veículo.

Se cada um fizer a sua parte, de forma consciente, todos são beneficiados!

Veja o resumo desta Unidade de Estudo71.

Nesta Unidade, você verificou a relação entre o trânsito e o meio


ambiente e que preservar o meio ambiente e respeitar as leis do
trânsito são atos de responsabilidade individual e coletiva de toda
a sociedade. Desenvolva os exercícios de fixação e até a próxima unidade!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24
set. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama n. 1, de 23


de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a
avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 17 fev. 1986.

71 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/9wl5xvu2p291600

226
BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 624, de 19
de outubro de 2016. Regulamenta a fiscalização de sons produzidos por
equipamentos utilizados em veículos, a que se refere o art. 228, do Código de
Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21
out. 2016. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao_624-2016.pdf>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

_____. Resolução n. 764, de 20 de dezembro de 2018. Estabelece método de


ensaio para medição de pressão sonora por buzina ou equipamento similar de
veículos automotores. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
31 dez. 2018. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao7642018.pdf>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

DETRAN-PR. Detran na escola – Manual do professor. Ensino Fundamental 1,


3º ano. DetranPR, S.d. Disponível em:
<http://www.detran.pr.gov.br/arquivos/File/coordenadoria/coet/materiaisimpress
os/apostila_3_livro_do_professor.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2021.

227
Cursos Especializados para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 3 – Noções de primeiros socorros, respeito ao meio
ambiente, convívio social e prevenção de incêndio
Unidade de Estudo 4 – Convívio social

Objetivo: ampliar conhecimentos sobre cidadania e relacionamento


interpessoal, a fim de reconhecer a necessidade de bom convívio social,
comportamentos solidários no trânsito e ações de proteção à vida e ao meio
ambiente.

Tópicos desta Unidade:

• Ser humano: trânsito, cidadania e meio ambiente;


• Indivíduo, grupo e sociedade;
• Necessidades do ser humano no convívio social;
• Educação para o trânsito;
• Relação entre indivíduo, via e veículo;
• Comunicação no trânsito;
• Relacionamento social no trânsito;
• Comportamento solidário no trânsito.

Olá! Você conhece seus direitos e deveres como cidadão? E tem


ideia de como suas ações se refletem no trânsito no dia a dia?
Nesta Unidade, você poderá ampliar sua compreensão sobre o
conceito de cidadania, verificar de que maneira o relacionamento interpessoal
influencia as atitudes das pessoas e reconhecer o valor e a necessidade de
comportamentos mais solidários no trânsito. Vamos lá?

Ser humano: trânsito, cidadania e meio ambiente

As alterações que o ser humano produz no meio em que vive provocam


desequilíbrios ambientais e, como consequência, geram a devastação da

228
biosfera do planeta. O ser humano tem a responsabilidade de cuidar do
ambiente e zelar pela sua conservação, preservação e reconstrução.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece uma relação entre o


comportamento dos cidadãos para com o meio ambiente, a sociedade e o
cumprimento das regras de trânsito. Em seu capítulo XIV, art. 148, parágrafo
1º, o CTB define que “a formação de condutores deverá incluir
obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de conceitos básicos de
proteção ao meio ambiente relacionados com o trânsito.” (Brasil, 1997).

Figura 1 – Cidadania e meio ambiente.


Fonte: Shutterstock/Gualberto Becerra

Indivíduo, grupo e sociedade

Se você observar com atenção, verá que as pessoas estão quase sempre em
grupos. Ainda que alguém more ou viva sozinho, pertencerá a um ou mais
grupos. Assim, podemos dizer que o ser humano é um ser social, porque vive
em sociedade, ou seja, em grupos.

Estudos realizados por cientistas e pesquisadores apontam que os seres


humanos se desenvolveram vivendo dessa maneira, reunidos à beira do fogo
para se aquecer, morando em cavernas e em outros abrigos.

229
Viver em sociedade faz parte da natureza humana, pois é no relacionamento
com outros indivíduos e com o meio ambiente que o ser humano alcança a
satisfação e a realização pessoal, se renova e se adapta a novos ambientes e
isso colabora com a satisfação de suas necessidades sociais.

Já o individualismo, o isolamento ou a vida em grupos rígidos podem pôr em


risco uma convivência pautada na vontade geral, no respeito às diferenças e
em outros princípios da sociedade em um Estado democrático de direitos e
deixar as pessoas vulneráveis a riscos. É importante ter com quem contar.

Veja o “Vídeo 1 – Viver em sociedade72” e saiba mais.

Necessidades do ser humano no convívio social

É da natureza do ser humano ter necessidades que só podem ser satisfeitas no


convívio com outras pessoas. Como exemplos, podemos citar:

A busca por novas experiências e sensações diferentes


daquelas vivenciadas no cotidiano.

A busca por simpatia, amor e amizade no convívio com


outras pessoas.

A segurança diante de perigos e incertezas.

O reconhecimento e a aceitação pelos demais indivíduos.

A satisfação em ajudar o próximo.

72 https://player.vimeo.com/video/328462595?title=0&portrait=0&byline=0&autoplay=1

230
Você Sabia?
A dignidade da pessoa humana é o princípio universal do qual
derivam os direitos humanos e os valores e atitudes fundamentais
para o convívio social.

Educação para o trânsito

Para ser condutor de um veículo, não basta conhecer regras, normas ou leis,
pois o trânsito exige além disso. Estar habilitado para dirigir envolve assumir
uma postura correta como condutor e como passageiro.

É importante que o condutor saiba que o bom convívio social e o respeito


aos demais usuários da via são fundamentais.

O respeito mútuo e a cooperação são princípios essenciais para o convívio


e a segurança no trânsito.

O objetivo da educação para o trânsito é incentivar condutores e


pedestres a desenvolver atitudes e comportamentos corretos e seguros.

A educação para o trânsito ganhou ainda mais força com a Lei n. 14.071/20,
que permite aos Estados e ao Distrito Federal criar, implantar e manter escolas
públicas de trânsito, destinadas à educação de crianças e adolescentes, por
meio de aulas teóricas e práticas sobre legislação, sinalização e
comportamento no trânsito (Brasil, 2020).

231
Cabe ao condutor colaborar para um trânsito seguro e respeitar as normas a
fim de valorizar não só a sua segurança e a própria vida, mas a segurança e a
vida de todos.

Figura 2 – Educação para o trânsito.


Fonte: Shutterstock/David Tadevosian.

Relação entre indivíduo, via e veículo

Você já parou para pensar em como ocorre essa relação entre o


indivíduo, a via e o veículo?

Alguns valores sociais ficam claros nessa relação, tais como:

• O indivíduo é quem comanda as ações no trânsito;


• A responsabilidade deve ser assumida pelo indivíduo;
• É por meio da ação do indivíduo que a via é transformada;
• É o indivíduo quem manobra o veículo.

232
O comportamento humano e os conflitos entre as pessoas interferem no
trânsito. Atitudes de desordem em um veículo comprometem a segurança de
todos.

Sabendo disso, é importante refletir sobre as relações do ser humano com os


temas referentes ao trânsito.

Comunicação no trânsito

Comunicação é a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo


e trocando experiências, ideias, sentimentos e informações. Sem ela, cada um
viveria em um mundo isolado.

Comunicar é transmitir ou compartilhar uma informação.

As mensagens podem ser representadas por palavras, gestos, olhares,


movimentos do corpo e sinais, e o ser humano também faz uso desses
recursos para atender às suas necessidades de deslocamento com segurança.
Nesse sentido, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) colabora de forma
fundamental, apresentando diferentes formas de comunicação para orientar o
trânsito.

Essas orientações contidas no CTB são fundamentais para o processo de


comunicação no trânsito, mas a eficácia desse processo depende dos
valores pessoais, aqueles que as pessoas trazem desde a infância, desde os
primeiros anos escolares, mas também aprendem ao longo da vida com as
experiências, exemplos e orientações.

Por isso, é importante o condutor entender que os seus valores podem ser
diferentes dos valores dos demais condutores. Dessa forma, todos podem se
tornar mais tolerantes, tentando resolver as situações por meio de um processo
de comunicação eficiente, que priorize o respeito ao outro.

233
De acordo com o CTB (Brasil, 1997), o espaço público pertence a todos.
Assim, todos têm direitos e deveres no trânsito que precisam ser cada vez
mais respeitados. Essa constatação reforça a importância e a necessidade de
se iniciar a educação voltada ao trânsito desde a idade escolar, pois somente
por meio da educação a sociedade poderá contar com cidadãos: pedestres,
ciclistas, motociclistas e condutores cada vez mais conscientes e preparados.

Como já visto anteriormente, no trânsito, quanto maior e mais


potente for o veículo, maior é a responsabilidade do
condutor, assim como os condutores de veículos motorizados
são responsáveis pelos não motorizados, e todos esses são responsáveis
pelos pedestres.

A dificuldade de locomoção no trânsito e a falta de


comunicação podem gerar conflitos. Os condutores, às vezes, podem não
fazer questão de entender o que os demais estão tentando comunicar e podem
não ser claros em relação ao que desejam fazer. Isso acarreta atitudes
impulsivas e em infrações graves e gravíssimas no trânsito, por exemplo:

Estacionar em local proibido.

234
Avançar o sinal vermelho.

Dirigir acima do limite permitido pela via.

235
A desarmonia e a falta de comunicação podem, muitas vezes, causar
acidentes graves, motivados principalmente por problemas de
relacionamento social no trânsito.

Relacionamento social no trânsito

Para favorecer o convívio com outras pessoas, principalmente no trânsito, é


necessário que o condutor respeite os direitos e os deveres de cada ser
humano.

A boa conduta envolve valores morais, éticos e sociais, entre outros, que
influenciam o comportamento das pessoas.

Comportamento solidário no trânsito

O respeito ao próximo vem muito antes das leis de trânsito. Acompanhe


algumas ações valiosas que podem colaborar para o bom andamento das
relações que se estabelecem no trânsito:

• Respeitar as pessoas e ser cordial com elas;


• Parar o veículo antes da faixa de segurança de pedestre, respeitando o
espaço reservado a cada um;
• Facilitar a ultrapassagem e o fluxo, mudando de faixa e conduzindo o
veículo pela pista da direita;
• Quando um condutor pedir passagem, deve-se diminuir a velocidade e
deixá-lo passar, pois no trânsito não se disputa corrida;
• O condutor deve sempre estar atento aos movimentos, fazendo uso
do espelho retrovisor e usando as setas antes mudar de pista, pois não
se anda sozinho pelas vias;
• Deve-se manter a calma e ser paciente em vez de buzinar
excessivamente;

236
• Com tempo chuvoso, neblina, cerração, o condutor deve diminuir a
velocidade, considerando os riscos que a pista molhada oferece;
• O condutor e o passageiro das motocicletas devem sempre usar o
capacete com viseira ou óculos, e vestuário de acordo com as
especificações aprovadas pelo Contran.
• Todos os condutores devem ter uma direção defensiva e um
comportamento solidário no trânsito.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo73.

Você percebeu a importância da cidadania, da comunicação e do


respeito ao meio ambiente? O bom relacionamento interpessoal
entre os condutores é essencial para que a paz no trânsito possa
ser construída. É necessário estarmos sempre atentos ao trânsito para
que seja possível tomar decisões corretas e prevenir acidentes. Responda aos
exercícios desta Unidade de Estudo e até a próxima!

Referências

BID – BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO. Estúdio de


Seguridad del Tránsito de América Latina y Región del Caribe (ALCA):
práticas más adecuadas, estrategias y planos de acción. Brasília: BID, 1998.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição

73 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

237
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 3 nov. 2021.

DETRAN/PR − Departamento de Trânsito do Paraná. Educação para o


trânsito. Detran, maio 2016. Disponível em:
<http://www.educacaotransito.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conte
udo=25>. Acesso em: 3 nov. 2021.

238
Curso Especializado para Condutores de Veículos
Núcleo Temático 3 – Noções de primeiros socorros, respeito ao meio
ambiente, convívio social e prevenção de incêndios
Unidade de Estudo 5 – Prevenção de incêndios

Objetivo: Entender como adotar atitudes de prevenção aos incêndios.

Tópicos desta Unidade:

• Conceito de fogo;
• Triângulo de fogo;
• Fontes de ignição (calor);
• Incêndio;
• Classificação de incêndio;
• Prevenção de incêndios;
• Tipos de aparelhos extintores;
• Escolha, manuseio e aplicação dos agentes extintores.

Olá! Nesta Unidade vamos estudar sobre o fogo, prevenção e


combate a incêndios e apresentar técnicas que podem minimizar
o risco de incêndios. Esse conteúdo é fundamental para
condutores profissionais especializados. Preparado? Então, vamos lá!

Escute o Podcast – Primeiros Socorros, Meio Ambiente e Prevenção de


Incêndio74.

Se o condutor profissional especializado tiver conhecimento básico sobre a


prevenção de incêndios, poderá aplicar em seu dia a dia comportamentos
preventivos e uma direção defensiva e segura.

74https://plataforma-jornada.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/aulas/NT_554/UE_2393/assets/audio/podcastnt3ue5.mp3

239
Dessa forma, iniciaremos esse conteúdo abordando sobre o fogo e como ele
se forma.

Conceito de fogo

Cientificamente, o fogo é uma reação química chamada combustão, que é


classificada em três tipos de acordo com o processo da queima. Clique para
saber.

Lenta: quando a queima ocorre lentamente, como a brasa de


1
um cigarro.
Viva: quando a queima é rápida, com chamas e labaredas,
2
como a queima de papéis ou madeira.
Instantânea: quando a queima acontece de forma violenta,
3 como a explosão de gases, vapores de líquidos inflamáveis ou
explosivos.

O fogo ocorre quando o comburente (como o oxigênio) reage com


o combustível e provoca a combustão, liberando luz e calor. Mas para que o
fogo se inicie, é preciso de mais um elemento, a fonte de ignição. Assim, são
necessários três elementos para que aconteça a propagação do fogo.

Veja, a seguir, os três elementos que compõem o fogo.

Triângulo de fogo

Diz respeito aos três elementos essenciais para que a combustão aconteça.
São eles:

Energia necessária para que o fogo inicie e continue.

240
1. Combustível:
Material ou substância líquida ou gasosa inflamável (passível de pegar fogo),
como madeira, papel, lixo, gás, gasolina, borracha, entre outros.
2. Oxigênio(comburente):
Gás contido no ar que respiramos e que é indispensável para a ocorrência da
combustão ou do fogo.
3. Fonte de ignição/calor:
Energia necessária para que o fogo inicie e continue.

Figura 1 – Triângulo do fogo.

Para eliminar o processo de incêndio, é preciso romper com o triângulo


de fogo, considerando o material que está sendo queimado, ou seja:

• retirando o material que ainda não se queimou (combustível) para


reduzir a propagação de fogo;
• eliminando ou reduzindo oxigênio por meio do abafamento;
• retirando ou reduzindo o calor, diminuindo a temperatura até que fique
abaixo da fonte de ignição.

Você sabe o que é fonte de ignição? Vamos entender a seguir:

241
Fontes de ignição (calor)

É fundamental conhecer as fontes de ignição para mantê-las afastadas de


materiais ou substâncias inflamáveis e, por conseguinte, prevenir incêndios.
Veja a seguir os tipos de fontes de ignição (calor):

Tipos de fontes de ignição


Condução É a transmissão do calor dentro de um corpo, ou de um
corpo para outro, por contato direto (por exemplo, se um
tanque de combustível for envolvido por chamas, o calor se
propagará para o líquido no seu interior).
Convecção É a propagação de calor na qual as partes quentes sobem
e as frias descem, formando correntes elétricas. Isso
acontece com líquidos e gases (em balões, por exemplo, o
calor da chama se desloca diretamente para cima).
Irradiação É a propagação do calor transmitido a distância, através
do ar e do espaço, por ondas eletromagnéticas (raios
infravermelhos), como é o caso do calor do sol, quando
estamos expostos a ele.
Faísca Também conhecida como centelha elétrica, é uma fonte
instantânea que eleva a altas temperaturas o ar e
quaisquer gases inflamáveis que estão ao seu redor (as
velas de ignição de motores a gasolina e a álcool produzem
faíscas elétricas, e o raio – descarga elétrica –, que é uma
faísca natural).
Pressão Quando o aumento repentino de pressão gera aumento
de calor (por exemplo, um motor a diesel).
Reação Quando dois ou mais produtos químicos causam
química
liberação de calor (por exemplo, cal virgem em água).
exotérmica

Após conhecer todas essas informações, reflita: será que a temperatura de


ignição faz diferença para o processo de combustão? Sim! Pois se a
temperatura à qual um determinado material estiver exposto continuar em

242
elevação, atingirá um ponto no qual esse material inflamável pegará fogo pelo
simples contato com o oxigênio. Por isso, ao transportar produtos inflamáveis,
é fundamental controlar a temperatura do produto.

Quando há prevenção, evitamos o risco de incêndio!

Incêndio

É um evento danoso no qual o fogo geralmente causa prejuízos materiais.


Quando está fora de controle, um incêndio pode colocar em risco a vida
humana, dos animais, das plantas e de tudo que estiver ao seu redor.

Todo incêndio tem início em um ponto chamado foco inicial de incêndio, que
poderá se propagar ou não. É nesse momento que você deve estar atento, pois
precisa perceber como o fogo se propagará e quais fatores facilitarão ou
dificultarão essa propagação.
Para identificar o foco inicial, é preciso, antes, conhecer o material que está se
incendiando, para só então utilizar o extintor corretamente. Veja a seguir a
classificação de incêndio.

Classificação de incêndio

Um incêndio é classificado de acordo com a base técnica de prevenção e


combate dentro de 5 classes: A, B, C, D e E. A seguir veja os materiais que
pertencem a cada classe de incêndio:

243
Classificação de Incêndio
Símbolo Materiais
Classe A
Sólidos que queimam na superfície e em profundidade,
deixando resíduos:
Madeira, papel, tecido, fibra e lixo.

Classe B
Líquidos inflamáveis que queimam somente na superfície:
Graxa, querosene, gasolina, tinta, ceras, óleos, vernizes e
álcool.

Classe C
Equipamentos ou materiais energizados:
Motores, cabos e fios energizados, transformadores e
quadros de distribuição

Classe D
Elementos que se queimam espontaneamente, sob
certas condições:
Magnésio, fósforo e sódio

Classe E

Materiais radioativos

Classe k

Ocorrem em cozinhas industriais:


Óleos e gorduras.

244
Como podemos prevenir um incêndio?

Prevenção de incêndios

Podemos chamar de prevenção a adoção de medidas para evitar o


acontecimento de algum incidente que, nesse caso, é o incêndio.
As consequências de um incêndio podem ser devastadoras, principalmente
quando envolve produtos perigosos.

Agora vamos ver os tipos de medidas que o condutor deve tomar em caso de
incêndio.

As medidas gerais são aquelas que o condutor observa constantemente e


independem do produto que está sendo transportado.

As medidas específicas são aquelas adequadas para cada tipo de produto ou


equipamento (por exemplo, as medidas para o transporte de óleo diesel são
diferentes das especificadas para o transporte de dinamite).

De acordo com o material envolvido no incêndio, haverá um tipo de extintor ou


um agente extintor. Vamos descobrir como utilizá-lo em caso de incêndio?
Acompanhe!

Tipos de aparelhos extintores

O extintor de incêndio é o aparelho utilizado para combater princípios de


incêndio.

Em 2015, o uso do extintor tornou-se facultativo, a partir da Resolução


n.556/15, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), para alguns veículos,
como automóveis, utilitários, camionetas, caminhonetes e triciclos de cabine
fechada. Já para caminhão, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus, veículos
destinados ao transporte de produtos inflamáveis, líquidos, gasosos e para

245
todo veículo utilizado no transporte coletivo de passageiros, o uso de extintor
ainda continua sendo obrigatório.

Para cada tipo de material há um tipo de extintor, cuja classificação depende


da função do agente extintor:

• Extintores de água pressurizada;


• Extintores de pó químico seco;
• Extintores de pó químico seco com pressão injetada;
• Extintores de gás carbônico ou dióxido de carbono CO2.

Nessa classificação está incluído também o tamanho dos extintores, que


podem ser:

• Portáteis: com até 10 litros para carga líquida e água; até 6 kg para gás
carbônico (CO2); até 10 kg para pó químico;
• Rebocáveis: quando há necessidade de maior quantidade de carga.

Quanto ao modelo, os extintores podem ser:

• Pressurizados: o recipiente contendo o agente extintor já possui


propelente na pressão necessária para o funcionamento;
• Não pressurizados: com pressão injetada, possuem um recipiente em
anexo contendo gás comprimido inerte, para provocar a expulsão da
carga.

Quanto ao processo de funcionamento, os extintores são classificados em


dois tipos:

• De inversão: esse tipo de extintor possui espuma e carga líquida e deve


ser invertido antes de ser acionado, pois funciona de cabeça para baixo;

246
• De válvula: esse tipo de extintor é acionado por válvula (há vários
modelos para extintores de gás carbônico, pó químico e água
pressurizada).

Os extintores são mais eficientes quando o fogo está no início, pois o volume
de carga é relativamente pequeno e o esvaziamento acontece rápido. Sendo
assim, é essencial conhecer a classificação dos extintores para cada tipo de
incêndio, para que o seu uso seja adequado e eficaz.
A aplicação incorreta do extintor pode trazer consequências sérias, por
exemplo, o aumento da chama e a propagação mais rápida do incêndio.

Escolha, manuseio e aplicação dos agentes extintores

A substância que está dentro do cilindro e que é utilizada para combater o fogo
é chamada de agente extintor. O agente mais utilizado é a água, mas nem
sempre a água é a melhor indicação e, por isso, há outros tipos de agentes
extintores, como o pó ABC, gás CO2, pó químico seco.

Esses agentes têm como função resfriar ou abafar um ou mais elementos


(triângulo do fogo) para que o fogo cesse, isto é:

• Resfriar: quando retiramos o elemento calor;


• Abafar: quando retiramos o elemento oxigênio.

O rótulo do extintor apresenta informações como o tipo, a finalidade e


a classe do incêndio a que se destina. Veja a seguir cada tipo de extintor e o
modo de utilizá-lo.

247
Tipos de extintor, indicação e modo de uso.
Tipo Indicação Modo de usar Processo de
extinção
Extintor de água Indicado com
ótimo resultado Pressurizado:
para incêndios romper o lacre e
de classe “A”. apertar o gatilho, Resfriamento.
Contraindicado dirigindo o jato para a
para as classes base do fogo.
“B” e “C”.
Pressurizado:
Extintor de pó romper o lacre e
químico seco Indicado, como
apertar o gatilho,
ótimo resultado,
dirigindo o jato para a
para incêndios
base do fogo.
das classes “A”, Abafamento.
Com pressão
“B” e “C”.
injetada: abrir o
Não possui
registro de ampola de
contraindicação.
gás e dirigir o jato
para a base do fogo.
Romper o lacre e
apertar o gatilho,
dirigindo o difusor
Extintor de gás para a base do fogo.
carbônico Indicado para Não tocar no difusor,
incêndios de poderá gelar e “colar”
classes “B” e na pele, causando
“C”. Sem grande lesões. Incêndios de
Abafamento.
eficiência para a classe “D” requerem
classe “A”. Não extintores
possui específicos, podendo
contraindicação. em alguns casos
serem utilizados o de
gás carbônico (CO2)
ou o pó químico seco
(PQS).

Todos os extintores deverão ser revisados a cada 5 anos (teste hidrostático).


Os extintores de água e de pó químico seco devem ter suas cargas trocadas
todo o ano. Os extintores de CO2 devem ser pesados a cada seis meses, e as
ampolas de gás dos extintores de água e de pó químico seco a cada três
meses.

248
Condutor, antes ou após as viagens, verifique o estado de conservação do
extintor presente em seu veículo.

Acompanhe, a seguir, alguns cuidados que você deverá ter com o extintor de
incêndio:

• Não testar os extintores;


• O lacre deve permanecer intacto;
• O bico da válvula não pode estar obstruído (Figura 2);
• O extintor não pode ter ferrugem, riscos ou amassamentos;
• A validade e o teste hidrostático deverão estar dentro do prazo;
• Mensalmente, deve-se agitar o extintor para manter o pó químico em
boas condições;
• Nunca deixe o extintor perto do fogo de maneira errada, pois pode
causar uma explosão;
• O ponteiro indicador de pressão deve ficar na faixa verde, o que indica
que a pressão está adequada (Figura 2).

Figura 2 – Extintor com pressão adequada e válvula desobstruída.


Fonte: Shutterstock/antos777.

249
Condutor, você sabe em qual local do veículo de produtos perigosos no
transporte rodoviário o extintor deve ser instalado e fixado?

• Os extintores deverão estar em local de fácil acesso aos tripulantes do


veículo e a uma distância segura do eixo;
• Em veículos de transporte a granel, os extintores não deverão estar
próximos das válvulas de carregamento e/ou descarregamentos;
• No transporte de produtos inflamáveis, os extintores devem estar
localizados um do lado direito e o outro do lado esquerdo da unidade de
transporte;
• Os dispositivos de fixação do extintor devem possuir mecanismos fáceis de
serem liberados e que exijam movimentos manuais mínimos;
• Os dispositivos de fixação do extintor não devem ter chaves ou correntes;
• Em caminhão-trator e semirreboque, os extintores podem ser colocados
somente em um deles, por exemplo, no caminhão ou no trator (reboque,
carreta). No caso do reboque carregado ou contaminado com produto
perigoso, que não esteja atrelado ao caminhão-trator, o reboque deve
possuir extintor de incêndio adequado ao tipo do produto ou contaminação;
• No caminhão-trator, o dispositivo de fixação deve permanecer sobre a
plataforma junto à cabine do veículo;
• No semirreboque tanque, no caminhão-tanque ou nos veículos para carga
fracionada, o dispositivo de fixação do extintor deve permanecer na lateral
do chassi ou à frente dos respectivos compartimentos de carga.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo75.

Chegamos ao fim da última Unidade de Estudo deste Núcleo


Temático! Estudamos aqui sobre a importância das medidas de
prevenção de incêndio e como agir diante dessa situação. Agora,
teste os seus conhecimentos realizando os exercícios a seguir!

75 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/nfdagjqmbshsd5v

250
Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Comitê Brasileiro De


Transporte E Tráfego. ABNT/CB-16. Circular ABNT NBR 9735, 30 maio. 2016.
Disponível em: <http://www.abtlp.org.br/wp-
content/uploads/2016/07/CIRCULAR-ABNT-NBR-9735_ABNT_CB_16.pdf>.
Acesso em: 4 nov. 2021.

251
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 1 – Produtos Perigosos

Objetivo: conhecer os produtos perigosos, sua classificação e o efeito de cada


classe sobre o meio ambiente.

Tópicos desta Unidade:

• Introdução à movimentação de produtos perigosos;


• Classificação dos produtos perigosos;
• Simbologia;
• Reações químicas (conceituações);
• Estados físicos da matéria;
• Efeito de cada classe sobre o meio ambiente.

Olá! Neste Núcleo Temático você aprenderá sobre a


movimentação de produtos perigosos. Esse tema é de grande
importância para sua atuação profissional, pois a segurança no
transporte de produtos perigosos depende do seu conhecimento sobre esse
assunto. Vamos lá!

Introdução à movimentação de produtos perigosos

Muitas cargas são transportadas diariamente pelas rodovias e estradas do


nosso país. Estas podem ser cargas perigosas ou cargas de produtos
perigosos, que são aquelas que oferecem riscos à saúde das pessoas, ao
meio ambiente e ao patrimônio em caso de acidentes.

A diferença entre carga perigosa e carga de produto perigoso está na


composição da carga, ou seja, no tipo de produto transportado.

252
Lembre-se: nem toda carga perigosa configura-se em produto
perigoso, mas qualquer carga pode ser perigosa se não for
transportada adequadamente e com segurança.

Quadro 1 – diferença entre carga perigosa e carga de produto perigoso


Carga perigosa Carga de produto perigoso
É a carga que, em virtude de sua É a carga que se configura como
natureza, pode provocar "Substância ou artigo, natural ou fabricado
acidentes, danificando outras pelo homem, que em função de suas
cargas ou os meios de transporte características físico-químicas e/ou
e colocando em risco as pessoas toxicológicas representa perigo a saúde
que a manipulam. Essa carga humana, ao patrimônio – público ou
não é necessariamente um privado – e/ou ao meio ambiente. Para fins
produto. Podemos citar como de transporte terrestre, um produto é
exemplo: blocos de rochas, considerado perigoso se enquadrado em
grandes peças de vidro, cargas uma das nove classes de risco
com grande peso ou tamanhos estabelecidas [...] pela Agência Nacional
irregulares. de Transportes Terrestres (ANTT)”.
Fonte: Guia do Transporte de Cargas de Produtos
Perigosos (TRC).

É muito importante que você saiba a maneira correta de transportar produtos


perigosos e atente para os cuidados e para as técnicas necessárias desde o
carregamento até o descarregamento no destino final, pois acidentes que
envolvem veículos que transportam esse tipo de produto podem
acarretar consequências muito graves.

Você já parou para pensar no sentido da palavra perigo? O que


de fato é considerado um perigo na movimentação de produtos?
São as reações químicas que esses produtos podem ter em
contato com a pele, por meio da inalação de gases, vapores etc.

253
Pode-se conceituar perigo como toda situação ou condição que oferece risco
à saúde, à integridade ou risco de morte a pessoas ou destruição ou danos ao
meio ambiente.

Algumas situações aparentemente inofensivas podem esconder um grande


risco. Por exemplo, um caminhão que transportou combustível e está
retornando com seu tanque vazio pode parecer não apresentar riscos, mas os
resíduos de gases no interior do tanque podem causar explosões se tiverem
contato com uma fonte de ignição.

Queremos destacar aqui a importância de você, condutor, sempre antes de


iniciar a viagem, ler a ficha de emergência referente ao produto que estará
transportando. Você precisa saber sobre as determinações e as orientações ali
contidas para compreender o perigo da substância que transporta. Só assim
você poderá agir para dominá-lo. Caso contrário, ele domina você, e isso pode
significar um acidente com intoxicação, invalidez e até mesmo a morte.

Você já estudou a importância de conhecer detalhes do produto


que está transportando. Agora, vamos apresentar a classificação
desses produtos. Aproveite esse conteúdo, pois ele é fundamental
para o seu dia a dia profissional.

Classificação dos produtos perigosos

Os produtos perigosos são divididos em 9 (nove) classes de acordo com


a Resolução da ANTT n. 5.947/21, que atualiza o regulamento do transporte
terrestre de produtos perigosos, aprova as instruções complementares, e
coloca que:

“Para os efeitos deste Regulamento, a


classificação de produtos como perigosos para
fins de transporte deve atender ao disposto em
suas Instruções Complementares.”
Brasil, 2021.

254
Acompanhe a seguir a classificação das classes e subclasses dos produtos
perigosos.

Lembre-se: a ordem numérica das classes e subclasses não corresponde ao


grau de risco que as substâncias apresentam.

Classes e subclasses de produtos perigosos

Classe 1
Explosivos
Subclasse 1.1:
Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;
Subclasse 1.2:
Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em
massa;
Subclasse 1.3:
Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou
de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa;
Subclasse 1.4:
Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo;
Subclasse 1.5:
Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa;
Subclasse 1.6:
Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.
Classe 2
Gases
Subclasse 2.1:
Gases inflamáveis;
Subclasse 2.2:
Gases não-inflamáveis, não-tóxicos;
Subclasse 2.3:
Gases tóxicos.
Classe 3
Líquidos inflamáveis
(não há subclasses)
Classe 4
Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas à combustão espontânea; e
substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis
Subclasse 4.1:
Sólidos inflamáveis, substâncias autorreagentes e explosivos sólidos
insensibilizados;

255
Subclasse 4.2:
Substâncias sujeitas à combustão espontânea;
Subclasse 4.3:
Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis.
Classe 5
Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos
Subclasse 5.1:
Substâncias oxidantes;
Subclasse 5.2:
Peróxidos orgânicos.
Classe 6
Substâncias tóxicas e substâncias infectantes
Subclasse 6.1:
Substâncias tóxicas;
Subclasse 6.2:
Substâncias infectantes.
Classe 7
Material radioativo
(não há subclasses)
Classe 8
Substâncias corrosivas
(não há subclasses)
Classe 9
Substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias que
apresentem risco para o meio ambiente
(não há subclasses)

Fonte: Brasil, 2021.

A classificação de uma substância nas classes de risco, acima apresentadas, é


realizada por meio de critérios técnicos, os quais estão definidos na legislação
do transporte rodoviário de produtos perigosos, especialmente pela Resolução
n. 5.947/21 da ANTT.

Cada produto perigoso recebe um enquadramento em uma classe devido ao


seu potencial de causar danos ou apresentar riscos à saúde, à segurança e ao
meio ambiente, por meio da periculosidade que apresenta.

256
Simbologia

A simbologia dos produtos perigosos está definida em uma norma da


Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, assim chamada: NBR
7500/21 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte e
armazenamento de materiais.

O objetivo da regulamentação é a organização e a identificação visual rápida


para situações de emergência. A NBR 7500/21 estabelece a simbologia
convencional e o dimensionamento para identificar produtos perigosos, a ser
aplicado nas unidades e equipamentos de transporte e nas
embalagens/volumes, a fim de indicar os riscos e os cuidados a serem
tomados no transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento.

Acompanhe:

É extremamente importante você conhecer a simbologia dos produtos em geral


e mais especificamente do produto que transporta.

Rótulos de risco

A NBR 7500/21 define como deve ser o formato dos rótulos de


risco. Acompanhe, a seguir, os tipos dos rótulos de risco das nove classes de
produtos perigosos.

Classe 1 Classe 2 Classe 3

Explosivos Gases Líquidos inflamáveis

257
Classe 4 Classe 5 Classe 6

Sólidos inflamáveis Substâncias oxidantes e Substâncias tóxicas e


peróxidos orgânicos substâncias infectantes

Classe 7 Classe 8 Classe 9

Material radioativo Substâncias corrosivas Substâncias e artigos


perigosos diversos

Fonte: ABNT, 2021.

A norma de regulamentação NBR 7500 define que os rótulos de risco devem


ser empregados em função da classe de perigo que os produtos apresentam
(Brasil, 2021). As formas desses rótulos de risco estão definidas na norma que
pode ser adquirida junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Periodicamente, essas normas podem passar por alteração em algum item que
a ABNT considere importante. Portanto, é preciso ficar atento.

O rótulo de risco está dividido em duas metades:

• A metade superior do rótulo é reservada para o símbolo de risco ou para


o número das subclasses, se houver;
• A metade inferior para textos indicativos da natureza do risco, o número
da classe ou subclasse e grupo de compatibilidade, quando apropriado.

Painel de segurança

A NBR 7500, contendo a Relação dos Números de Risco e respectivos


significados pela Resolução 5.947/21, determina as cores e as dimensões

258
do painel de segurança que deve ser usado para indicar o transporte
rodoviário de produtos perigosos.

Os painéis devem ter as seguintes características:

• Ser na cor alaranjada;


• Os números de identificação de risco e do produto (número ONU)
devem ser indeléveis76, na cor preta;
• Podem ser de material refletivo, fosforescente77 ou outro que tenha por
objetivo facilitar a visualização;
• São permitidos números adesivos no painel de segurança, desde que
atendido à medida e colocação dos números e letra determinados na
NBR 7500.
• Não é permitida a sobreposição de número(s) no painel de segurança.

Figura 1 – Painel de segurança


Fonte: Brasil, 2021.

76 Que não se pode apagar


77 Que brilha na escuridão.

259
A NBR 7500 define que o painel de segurança comporta, conforme o caso, os
números de identificação de risco (número de risco) e do produto (número
ONU)78.

Os painéis devem ser de cor alaranjada e os números de identificação de


risco e do produto (número ONU) devem ser de cor preta.

Os painéis de segurança podem ser de material refletivo, fosforescente ou


outro que tenha por objetivo facilitar a visualização. O painel de segurança
deve ter uma borda preta de 10 mm. São permitidos números adesivos no
painel de segurança, desde que sejam de boa qualidade e possibilitem rápida
visualização.

Atenção:

Não é permitida a sobreposição de números no painel de segurança, a fim de


não causar dúvidas na interpretação.

Não é permitida a utilização do verso dos painéis de segurança e do rótulo de


risco removíveis para identificar outro produto ou classe de risco que não esteja
sendo transportado, também não podendo ser na cor alaranjada para que não
cause confusão de interpretação caso a simbologia venha a cair por alguma
razão.

78Número composto de 4 algarismos e de acordo com especificações da Organização das


Nações Unidas – ONU, para a identificação materiais perigosos.

260
Exemplos de painéis de segurança. Norma NBR 7500 Anexo I
(informativo)
Produtos perigosos Produtos perigosos da Produtos perigosos
diferentes classe 1 com dois algarismos
de risco

Produtos perigosos Produtos perigosos Produtos perigosos


com três algarismos com dois algarismos e com três algarismos e
de risco a letra X a letra X

Fonte: ABNT, 2021.

Quando o painel de segurança indicar o transporte de mais de um


produto perigoso no mesmo veículo, o verso pode ser na cor alaranjada. Se
estiver transportando apenas um produto, então o verso do painel de
segurança deve ser na cor preta.

A parte superior do painel de segurança é destinada ao número de


identificação de risco, o qual é constituído por até três algarismos e, se
necessário, pela letra X. O número de identificação de
risco permite determinar imediatamente o risco principal (primeiro algarismo)
e os riscos subsidiários do produto.

Alguns produtos não podem ter contato com água ou umidade. Quando for
expressamente proibido o uso de água no produto, deve ser colocada a letra
X antes do número de identificação de risco.

261
Na ausência de risco subsidiário, deve ser colocado o zero como segundo
algarismo. No caso de gás, nem sempre o primeiro algarismo significa o risco
principal.
A repetição de um número no painel de segurança indica, em geral, aumento
da intensidade daquele risco específico, por exemplo:

• 30 - inflamável;
• 33 - muito inflamável.

Na parte inferior do painel de segurança, deve ser colocado o número de


identificação do produto (número da ONU), formado por quatro algarismos, que
constam na Resolução n. 5.232/16, da ANTT.

Além de conhecer a classificação dos produtos perigosos e a simbologia


de identificação, é fundamental que o profissional entenda sobre reações
químicas que podem ocorrer no transporte desses produtos, que estudaremos
a seguir.

Reações químicas (conceituações)

Compreende-se que a reação79 química acontece quando duas ou mais


substâncias entram em contato, as quais reagem resultando uma nova
substância.

Podemos citar o fósforo como exemplo: quando a pólvora que está em sua
ponta é riscada na lixa de sua caixa e sua temperatura é aumentada, surge
uma reação química. A pólvora reage rapidamente com o oxigênio do ar,
formando a fumaça (gás carbônico) e rapidamente essa reação libera luz e
calor, provocando fogo (combustão). Nesse caso, pode ocorrer, além da
transformação química, a transformação física.

79As substâncias podem sofrer transformações. Estas transformações da matéria são


chamadas de fenômenos que podem ser químicos ou físicos.

262
São as reações químicas que podem fazer com que os produtos se tornem
extremamente perigosos, devido a suas reações após misturadas.

Condutor, fique atento ao contato entre produtos, observando o


que orienta a ficha de emergência sobre possíveis reações.

Estados físicos da matéria

Nas reações físicas, é possível que uma substância passe de um estado ao


outro, sem, contudo, alterar sua natureza química, por isso essa mudança é
chamada de transformação física. Os principais fatores que a influenciam
são pressão e temperatura.

Por exemplo, quando cozinhamos, a água líquida vira vapor (água gasosa)
devido ao aumento da temperatura, uma vez que se fornece energia em forma
de calor à substância, aumentando seu grau de agitação. Entretanto, a
substância continua sendo água, e suas moléculas continuam intactas, apenas
se encontram mais afastadas umas das outras.

A matéria pode ser encontrada em três estados físicos: sólido, líquido e


gasoso. O que determina o estado em que a matéria se encontra é a
proximidade das partículas que a constituem. Essa característica obedece a
fatores como:

• Força de coesão: faz com que as moléculas se aproximem umas das


outras;
• Força de repulsão: faz com que as moléculas se afastem umas das
outras.

E ainda, o volume, a densidade e a forma de um composto podem variar de


acordo com a temperatura.

Vejamos como são esses estados físicos.

263
1. Sólido: nesse estado físico da matéria, as moléculas se encontram
muito próximas, sendo assim possuem forma fixa, volume fixo e não
sofrem compressão. As forças de atração (coesão) predominam nesse
caso. Exemplo: a água liquida congelando, transformando-se em gelo;

2. Líquido: aqui as moléculas estão mais afastadas do que no estado


sólido, e as forças de repulsão são um pouco maiores. Os elementos que
se encontram nesse estado possuem forma variada, mas volume
constante. Além dessas características, possui facilidade de escoamento
e adquirem a forma do recipiente que os contém. Por exemplo, a água
em um copo;

3. Gasoso: o movimento das moléculas nesse estado é bem maior que


no estado líquido ou sólido. As forças de repulsão predominam fazendo
com que as substâncias não tomem forma nem volume constante. Se
variarmos a pressão exercida sobre um gás, podemos aumentar ou
diminuir o volume dele. Sendo assim, pode-se dizer que sofre
compressão e expansão facilmente. Os elementos gasosos tomam a
forma do recipiente que os contém. Por exemplo, a água sendo fervida
em uma panela ou chaleira.

Figura 2 – Estados físicos da matéria.


Fonte: Aroeira, S.d.

264
Na prática, o produto químico transportado poderá mudar de estado físico sem
apresentar mudança de estado químico. Como exemplo, temos a água, que
pode se transformar em gelo, mas continuará sendo água. Acompanhe as
mudanças de estado físico que existem.

Figura 3 – Mudanças de estado físico (sem alterar a química).

Alguns exemplos:

• Sólido para gasoso: sublimação – água fervendo;


• Líquido para solido: solidificação – água líquida se transformando em
gelo;
• Líquido para gasoso: vaporização – água fervendo;
• Sólido para líquido: fusão – gelo derretendo;
• Gasoso para líquido – condensação/liquefação – chuva.

Por que é importante saber isso?

Porque você transportará produtos perigosos e terá sob seus cuidados


produtos que podem sofrer alterações químicas ou físicas. Você deve aprender
e aplicar na sua prática profissional os detalhes importantes sobre esses
procedimentos, a fim de saber como agir em caso de alguma reação iniciar e
comprometer a segurança de sua vida e a de outras pessoas próximas da
ocorrência.

265
Durante o transporte e a movimentação de produtos perigosos, é necessário
tomar todas as precauções e os cuidados para que um produto não entre em
contato com outros, evitando reações químicas que possam agravar o perigo
do produto, fazendo surgir outro produto, como resultado dessa mistura. É o
caso de reações que liberam grande calor, as chamadas reações
químicas exotérmicas80.

Efeito de cada classe sobre o meio ambiente

Entende-se por produtos perigosos aqueles constituídos por substâncias que


tenham a possibilidade de ser nocivo às pessoas, animais, meio ambiente,
podendo causar poluição, degradação contaminação, em pequena ou
grande escala. Para tanto, esse tipo de produto precisa de controle no
manuseio, transporte e armazenagem, igualmente no carregamento e
descarregamento.

Você, condutor de veículo de transporte de produtos perigosos, já deve ter


percebido a periculosidade que está envolvida na manipulação desses
produtos.

Veja a seguir as influências do produto perigoso para o meio ambiente.

80 Exotérmico: em que ocorre emissão de calor (diz-se de processo físico ou químico).

266
Quadro 2 – Influências do produto perigoso para o meio ambiente
Classe de risco Consequências para o meio ambiente
Explosivos Combustão, deflagração e detonação
A reação química de decomposição do explosivo
pode se dar sob a forma de combustão, deflagração e
detonação em função das características químicas da
substância explosiva, bem como das condições de
iniciação e confinamento desta.
Combustão – É uma reação química de oxidação e
geralmente ocorre por conta do oxigênio do ar. O
fenômeno ocorre em baixas velocidades e tem como
exemplo a queima de um pedaço de carvão.
Deflagração – Quando a velocidade da reação de
decomposição da substância explosiva é maior que o
caso anterior, chegando em alguns casos a 1.000
m/s, ocorre a deflagração. Nessa reação, há a
participação não só do oxigênio do ar, mas também
daquele intrínseco à substância. É o caso da
decomposição das pólvoras, ou ainda de explosivos
mais potentes (se submetidos a condições
desfavoráveis de iniciação e confinamento).
Detonação – É uma reação de decomposição com a
participação exclusiva do oxigênio intrínseco da
substância explosiva, o que ocorre com velocidades
que variam de 1.500 m/s a 9.000 m/s. Em função da
quantidade de energia envolvida no processo, far-se-
á sempre acompanhada de uma onda de choque,
também chamada onda de detonação, a qual, com
sua frente de elevada pressão dinâmica, confere à
detonação um enorme poder de ruptura.
FRETY, R.
Gases Subdividem-se em inflamáveis; não tóxicos e não
inflamáveis; e gases tóxicos. Os inflamáveis,
inflamam em contato com o ar sob determinadas

267
circunstâncias específicas e apresentam riscos no
manuseio e transporte. Já os gases não tóxicos e não
inflamáveis são oxidantes e asfixiantes oferecendo
também riscos à saúde. Os gases tóxicos são
corrosivos e tóxicos, constituindo riscos à saúde.
Líquidos inflamáveis Produtos líquidos, mistura de líquidos ou líquidos que
contêm sólidos em solução ou suspensão, que devido
à concentração de gases em locais confinados,
produzem vapores inflamáveis e podem causar
explosões e incêndios de pequeno ou grande porte.
EMERGÊNCIAS químicas. Cetesb, S.d.
Sólidos inflamáveis Em contato com a água, pode liberar gases
inflamáveis e iniciar um incêndio.
Oxidantes e Com alguns produtos essas reações são vigorosas,
peróxidos orgânicos
ocorrendo grandes liberações de calor, podendo
acarretar fogo ou explosão; podem causar a ignição
(queima) de alguns materiais, tais como o enxofre, a
terebentina, o carvão vegetal, etc.
Tóxicos; infectantes Tóxicos:
Mercúrio, cádmio e chumbo afetam os rins e
danificam o sistema nervoso, podendo causar câncer.
Estão presentes em corantes e tipos de pigmentos.
Formol: causa dermatite. É utilizado nas resinas para
a produção de tecidos resistentes.
Clorofenóis: usados como pesticidas e conservantes,
podem afetar órgãos do corpo.
Solventes clorados: usados como solventes afetam o
sistema nervoso central, fígado e rins.
Clorobenzenos: usadas como solventes e em
corantes, afetam fígado, tireoide e sistema nervoso.
Infectantes: contaminação devido a vírus existentes
nos produtos envolvidos.
Radioativos Energia que produz elementos tóxicos para o
organismo humano e ocasiona mutações gênicas,
diversas patologias e o desenvolvimento de
deficiências.
Corrosivos O contato desses produtos com a pele e os olhos
pode causar severas queimaduras e destruição do

268
meio ambiente por queimaduras químicas.
Substâncias São as substâncias e artigos perigosos diversos,
diversas
incluindo substâncias que apresentem risco para o
meio ambiente. Exemplo: o gelo seco.

Sabendo-se dos riscos, das reações químicas e de qual é a ação de


emergência a ser tomada, é possível evitar grandes catástrofes para as
pessoas e para o meio ambiente.

Nas unidades a seguir, você saberá mais sobre cada uma das classes de risco,
separadamente, e quais as providências necessárias para cada situação.

Assim, concluímos esta primeira unidade sobre a classificação dos produtos


perigosos, com as informações básicas necessárias para
manuseio, transporte e armazenamento dos produtos perigosos.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo.81

Nesta Unidade, você estudou os aspectos principais sobre os


produtos perigosos, a classificação, simbologia e reações
químicas que podem acontecer, bem como o efeito de cada
classe sobre o meio ambiente. Seu próximo passo é responder aos exercícios
referentes a esta Unidade de Estudo. Até breve!

Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR7500. Identificação


para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de
produtos. 12. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2021.

81 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/s1dd6tb2806v4wt

269
AROEIRA, G. J. R. Estados físicos da matéria. Infoescola, S.d. Disponível em:
<https://www.infoescola.com/quimica/estados-fisicos-da-materia>. Acesso em:
28 nov. 2019.

BRASIL. Decreto n. 10.030 de 30 de setembro de 2019. Aprova o Regulamento


de Produtos Controlados. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 30 set. 2019. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Decreto/D10030.htm#art6> Acesso em: 28 nov. jul. 2021.

BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n. 5.232, de


14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 16 dez.
2016. Disponível em:
<https://anttlegis.datalegis.inf.br/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPu
blico&num_ato=00005232&sgl_tipo=RES&sgl_orgao=DG/ANTT/MTPA&vlr_an
o=2016&seq_ato=000>. Acesso em: 28 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.581/17, de 22 de novembro de 2017. Altera a Resolução


ANTT n. 5.232, de 2016, que aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e seu
anexo. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 nov. 2017.
Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=374404>. Acesso
em 20 jul. 2020.

_____. Resolução n. 5.947, de 1º de junho de 2021. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as suas
Instruções Complementares, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 jun. 2021. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.947-de-1-de-junho-de-2021-
323561273>. Acesso em: 28 nov. 2021.

EMERGÊNCIAS químicas. Cetesb, S.d. Disponível em:


<https://cetesb.sp.gov.br/emergencias-quimicas/aspectos-gerais/perigos-
associados-as-substancias-quimicas/liquidos-inflamaveis/>. Acesso em: 28
nov. 2021.

270
FRETY, R. O estudo estatístico do efeito das variáveis de preparação e
pré-tratamento de catalisadores de paládio suportado sobre a atividade
catalítica. Lyon, France: Laboratoire des Applications de la Chimie a
L’Environnement. LACE/CNRS, 2001.

GUIA DO TRC. Guia do Transporte de Cargas e Produtos Perigosos. GT, S.d.


Disponível em: <http://www.guiadotrc.com.br/guiaperig/guiageral.asp>. Acesso
em: 28 nov. 2021.

271
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 2 – Explosivos

Objetivo(s):
• Conhecer os explosivos e como evitar acidentes;
• Adotar os procedimentos necessários, em caso de emergência.

Tópicos desta Unidade:

• Conceituação de explosivos;
• Divisão de classe;
• Regulamentação específica do Ministério da Defesa;
• Comportamento preventivo do condutor;
• Procedimentos em caso de emergência.

Olá! Agora que você já conheceu os produtos perigosos e o efeito


de cada classe sobre o meio ambiente, vamos estudar as classes
separadamente. Vamos começar pela Classe 1, que trata dos
explosivos. Estudaremos os conceitos desta classe, seus riscos,
comportamento preventivo e procedimentos em caso de emergência. Bons
estudos!

Conceituação de explosivos

Os produtos explosivos são as substâncias com alto potencial inflamável,


que, ao ter contato com fogo ou fonte de ignição, são capazes de liberar uma
grande quantidade de gases e calor em uma velocidade alta.

As reações químicas provocadas por explosivos podem ser graves, pois os


gases liberados pela explosão e a violência do deslocamento do ar podem
destruir tudo o que estiver nas proximidades.
Não é propriamente o explosivo que destrói, mas os gases liberados pela
explosão e o consequente deslocamento violento do ar após a detonação.

272
Os explosivos são úteis quando seu uso é planejado e, devidamente
controlado, por exemplo, para demolição de edifícios, para a produção de fogos
de artifício, para remover rochas na mineração e para a fabricação de munição
para armas de fogo.

Podem se apresentar na forma sólida, líquida, ou mistura de substâncias.


Como exemplos de produtos explosivos em suas formas, temos:

• Sólido – dinamite;
• Líquido – nitroglicerina;
• Mistura de substâncias – pólvora (nitrato de sódio, carvão, enxofre).

Uma das características dos explosivos é a necessidade de pré-detonação


para explodir, ou seja, precisa de detonador, espoleta, rastilhos, estopins,
entre outros. Sem esses detonadores, os explosivos apresentam um risco
relativamente baixo. Logo, os detonadores devem ser
transportados separadamente dos explosivos, pois se esses detonadores não
estiverem por perto, os explosivos apresentam risco relativamente baixo.

Mas atenção! É altíssimo o risco de explosão no transporte de


explosivos com detonadores.

Devido aos diferentes riscos apresentados pelos explosivos, estes foram


agrupados em subclasses, que são indicadas no rótulo de risco, no número
da ONU e na nota fiscal. Clique nos rótulos abaixo para visualizar:

Subclasse 1.1: Substâncias e artigos com risco de explosão


em massa.

273
Subclasse 1.2: Substâncias e artigos com risco de projeção,
mas sem risco de explosão em massa.

Subclasse 1.3: Substâncias e artigos com risco de fogo e


com pequeno risco de explosão ou de projeção, ou ambos,
mas sem risco de explosão em massa.

Subclasse 1.4: Substâncias e artigos que não apresentam


risco significativo.

Subclasse 1.5: Substâncias muito insensíveis com risco de


explosão em massa.

Subclasse 1.6: Artigos extremamente insensíveis, sem risco


de explosão em massa.

O regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-


105) determina o que compete ao comando do Exército fiscalizar as atividades
e o transporte envolvendo armas de fogo, munições, explosivos e outros
produtos do gênero. Para saber mais e conhecer os artigos desse
regulamento, veja neste link82.

Divisão de classe

Os produtos perigosos da Classe 1 – Explosivos têm uma subdivisão em sua


definição no Capítulo 2.1 e subtítulo 2.1.1.4, da parte 2 da Resolução ANTT
5.947/21, que diferenciam seu potencial explosivo, a saber:

82 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10030.htm#art6

274
Subclasse 1.1
Substâncias e artigos com risco de explosão em massa (uma explosão em
massa é a que afeta virtualmente toda a carga de modo praticamente
instantâneo);
Subclasse 1.2
Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão
em massa;
Subclasse 1.3
Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de
explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em
massa.
Esta subclasse abrange substâncias e artigos que:
(i) produzem grande quantidade de calor radiante; ou
(ii) queimam em sucessão, produzindo pequenos efeitos de explosão ou de
projeção, ou ambos.
Subclasse 1.4
Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo.
Esta subclasse abrange substâncias e artigos que apresentam pequeno risco
na eventualidade de ignição ou iniciação durante o transporte. Os efeitos estão
confinados, predominantemente, à embalagem, sendo improvável a projeção
de fragmentos de dimensões apreciáveis ou a grande distância. Um fogo
externo não deve provocar a explosão instantânea de virtualmente todo o
conteúdo da embalagem.
Nota: encontram-se enquadradas no Grupo de Compatibilidade S as
substâncias e artigos desta subclasse, embalados ou projetados, de forma tal
que os efeitos perigosos decorrentes de funcionamento acidental limitem-se à
embalagem, exceto se esta tiver sido danificada pelo fogo, caso em que os
efeitos de explosão ou projeção serão limitados, de modo que não dificultem o
combate ao fogo ou outras medidas emergenciais nas imediações da
embalagem.
Subclasse 1.5
Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa.
Esta subclasse abrange substâncias com risco de explosão em massa, mas

275
que são de tal modo insensíveis, que a probabilidade de iniciação ou de
transição de queima para detonação é muito pequena em condições normais
de transporte.
Subclasse 1.6
Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.
Esta subclasse abrange artigos que contenham somente substâncias
extremamente insensíveis que apresentam risco desprezível de iniciação ou
propagação acidental.
Nota: O risco relativo aos artigos dessa subclasse 1.6 limita-se à explosão de
um único artigo.

Fonte: Brasil, 2021.

Regulamentação específica do Ministério da Defesa

Os produtos da Classe 1 – explosivos têm o controle exclusivo sob os


cuidados do Ministério da Defesa. Para isso, foi criado, o Decreto n. 10.030, de
30 de setembro de 2019 que aprova o Regulamento para a Fiscalização de
Produtos Controlados (R-105) que tem a seguinte finalidade:

Art.1º Este Regulamento dispõe sobre os princípios,


as classificações, as definições e as normas para a
fiscalização de produtos controlados pelo Comando do
Exército, observado o disposto na Lei n. 10.826, 22 de
dezembro de 2003.
Brasil, 2019a.

Comportamento preventivo do condutor

Qual é o comportamento adequado do condutor para prevenir riscos de


explosão no transporte desse tipo de produto?
Observe estas dicas de segurança, além é claro, de ler a ficha de
emergência antes de iniciar a viagem:

276
• Obedecer às leis e aos regulamentos correspondentes aos materiais
explosivos;
• Utilizar os EPIs adequados ao manusear esse tipo de produto
transportado;
• Nunca abandonar qualquer material explosivo, não deixá-lo cair ou
extraviá-lo;
• Nunca permitir fonte de incêndio ou chama a menos de 30 m da área
de detonação (exceto os artigos de acendimento de segurança), e
tampouco a menos de 15 m de um paiol ou veículo que contenham
explosivos;
• Nunca expor materiais explosivos a chamas, calor excessivo, faíscas
ou impactos;
• Cuidado ao combater incêndio de materiais explosivos. Conduzir
todas as pessoas imediatamente para um local seguro;
• Jamais permitir que pessoas não autorizadas se aproximem de
materiais explosivos.

Assista ao vídeo83 que separamos para você e observe o que a negligência no


comportamento preventivo do condutor pode causar.

Procedimentos em caso de emergência

Em caso de acidentes ao transportar explosivos, siga estes passos:


▪ Avisar imediatamente os bombeiros (Fone 193);
▪ Isolar o local;
▪ Verificar orientações na ficha de emergência para transporte;
▪ Seguir as orientações da ficha de emergência para transporte. Caso
não tenha acesso, isolar o local e aguardar o socorro;
▪ Evacuar, em caso de incêndio, imediatamente o local.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo84.

83 https://www.youtube.com/watch?v=O8nKGgahahw
84 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/fll6og7u66m3812

277
Nesta Unidade, você estudou as situações de risco pertinentes à
Classe 1 (produtos explosivos), os conceitos, as classes, o
Regulamento específico chamado R-105, qual deve ser o
comportamento do condutor e quais são os procedimentos necessários em
caso de emergência. Agora é importante que você responda aos exercícios
para aprofundar o seu aprendizado e continuar com seus estudos. Até breve!

Referências

_____. Decreto n. 10.030 de 30 de setembro de 2019. Aprova o Regulamento


de Produtos Controlados. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 30 set. 2019a. Disponível em: <https://www.in.gov.br/web/dou/-/decreto-n-
10.030-de-30-de-setembro-de-2019-219207086>. Acesso em: 28 nov. 2020.

BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n. 3.762 de


26 de janeiro de 2012. Atualiza o Regulamento para o Transporte Rodoviário
de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 8 fev. 2012. Disponível em:
<diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=219529>. Acesso em: 28
nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções


Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos
Perigosos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 16 fev. 2016. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/24783215>. Acesso em: 28 nov.
2021.

____. Resolução n. 5.848, de 25 de junho de 2019. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jun. 2019b.

278
Disponível em: <https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-5.848-de-25-de-
junho-de-2019-173020360>. Acesso em: 28 nov. 2021.

279
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 3 – Gases

Objetivo: conhecer os gases e como evitar acidentes, bem como adotar os


procedimentos indicados em caso de emergência.

Tópicos desta Unidade:

• Conceituação de gases;
• Gases inflamáveis e não inflamáveis, tóxicos e não tóxicos;
• Gases comprimidos;
• Mistura de gases;
• Gases refrigerados;
• Comportamento preventivo do condutor;
• Procedimentos em caso de emergência.

Olá! Nesta Unidade, você vai conhecer os produtos da Classe 2 –


os gases – as subdivisões que existem nela, bem como o
comportamento preventivo do condutor e os procedimentos em
caso de emergência. Vamos iniciar? Acompanhe!

Conceituação de gases

Na Classe 2, as substâncias pertencem ao estado gasoso da matéria, e podem


ter alto poder de expansão, pois, quando um gás é liberado de seu recipiente,
espalha-se rapidamente por todo o espaço, o que o torna mais perigoso.

A maioria dos gases, ao ser submetido à pressão, passa para o estado líquido
e, em seguida, ao estado gasoso, assim que liberados da pressão ambiente.

280
Você precisa saber como isso ocorre e quais são as atitudes corretas de
manuseio dessa classe.

Gases inflamáveis e não inflamáveis, tóxicos e não-tóxicos

Agora você vai estudar os tipos de gases existentes e com os quais poderá
trabalhar. Clique nos rótulos para visualizar:

Subclasse 2.1: Gases inflamáveis. Extremamente perigosos,


o risco de explosão é grande. Exemplo: GLP - gás liquefeito
de petróleo (gás de cozinha). Transportado em grandes
cilindros ou botijões de todos os tamanhos.
Subclasse 2.2: Gases comprimidos não inflamáveis, não
tóxicos. Exemplo: oxigênio, que apesar de alimentar o fogo,
não é inflamável e não tem cheiro. Transportado em cilindros
de alta pressão. Podem ser asfixiantes e oxidantes.
Subclasse 2.3: Gases tóxicos. Exemplo: Amônia: gás
venenoso, extremamente perigoso para os olhos e para as
vias respiratórias, pode levar à morte. Cloro: gás amarelado,
altamente venenoso e corrosivo, é transportado à baixa
pressão.

Fonte: ANTT 5947/21 e NBR7500/21.

Os gases inflamáveis podem ser, por exemplo, o GLP – Gás Liquefeito de


Petróleo, que é o gás de cozinha, tão normalmente utilizado na maioria dos
lares. Ainda como outros exemplos de gases inflamáveis, encontramos
acetileno, amoníaco, hidrogênio, propano, propileno e metano. Todos esses
são gases inflamáveis, também conhecidos como gases combustíveis, que
queimam quando misturados com um oxidante (como o peróxido de
hidrogênio), e se aproximados de uma fonte de ignição (ex. faísca).

281
Os gases não inflamáveis têm como melhor exemplo o oxigênio, que não é
inflamável e não tem cheiro, porém é transportado em cilindros ou tanques e
necessita de grande pressão gerada por baixas temperaturas, geralmente
abaixo de -150ºC, o que demanda cuidados especiais, especialmente no
manuseio, pois pode provocar graves queimaduras devido à baixíssima
temperatura.

Os gases tóxicos podem ser classificados em irritantes, anestésicos e


asfixiantes. Os irritantes provocam lesões de natureza inflamatória, localizada
na pele ou na mucosa, através dos gases exalados por substâncias que
provocam irritação das vias aéreas superiores e inferiores. Como exemplo,
citamos o gás clorídrico, o ácido sulfúrico e a amônia. Os gases
anestésicos podem levar à perda total ou parcial da nossa sensibilidade
olfativa, provocada pela maioria dos solventes orgânicos, por exemplo, butano,
propano, aldeídos, acetona.

Os gases asfixiantes produzem a falta de oxigênio no ar respirado, o que


produz grave ameaça à vida. A suspensão da respiração provoca a morte por
sufocação. Esse efeito é provocado por gases, por exemplo, hidrogênio,
nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono
e outros que causam dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e
até a morte.

Gases comprimidos

Os gases comprimidos podem ser classificados como gases liquefeitos


(aqueles que podem tornar-se líquidos sob pressão, à temperatura ambiente),
não liquefeitos e gases em solução. Esses gases devem ser armazenados em
cilindros de paredes metálicas muito grossas, especialmente construídas e
testadas para esse fim, pois apresentam riscos especiais. Todo cilindro de gás
comprimido contém uma grande quantidade de energia. Como exemplo,
citamos o nitrogênio.

282
Gases liquefeitos

Os gases liquefeitos tornam-se líquidos quando são pressurizados, mesmo à


temperatura ambiente. Geralmente estão sob pressão devido à baixíssima
temperatura. É o caso, por exemplo, do GLP – Gás Liquefeito de Petróleo (gás
de cozinha).

Gases em solução

São os gases que se encontram dissolvidos sob pressão em um solvente,


como é o caso do acetileno, transportado dissolvido em acetona.

Mistura de gases

Muitos sistemas gasosos são misturas de gases, por exemplo, o ar que


respiramos, mas toda mistura de gases é sempre um sistema homogêneo,
como se fossem constituídas por um único gás. Para se ter uma ideia disso, o
ar que respiramos é composto basicamente por 78% do volume em massa de
gás nitrogênio (N2), 21% de gás oxigênio (O2) e 1% de outros gases,
principalmente o gás nobre argônio (Ar), que está presente em uma
porcentagem de quase 1%.

Gases refrigerados

São gases que necessitam de baixíssima temperatura para que se tornem


líquidos, ficando sob grande pressão. É o caso do nitrogênio líquido, que tem a
temperatura de, aproximadamente, -196 ºC (negativo).

Devemos nos lembrar que a presença de produtos ou agentes de risco tóxicos


no local de trabalho não quer dizer que, obrigatoriamente, exista perigo para a
saúde. O risco representado pelas substâncias químicas depende dos
seguintes fatores:

283
Fatores que podem determinar risco com substâncias químicas

Concentração

Quanto maior for a concentração do produto, mais rapidamente os seus

efeitos nocivos se manifestarão no organismo.

Índice respiratório

Representa a quantidade de ar inalado pelo trabalhador durante a jornada.

Sensibilidade individual

É o nível de resistência de cada um e varia de pessoa para pessoa.

Toxicidade

É o potencial tóxico da substância no organismo.

Tempo de exposição

É o tempo que o organismo fica exposto ao contaminante

Para se evitarem acidentes, esses gases comprimidos, armazenados em


cilindros, necessitam de alguns cuidados em sua utilização. A seguir, vamos
ver algumas informações e sugestões que visam a proporcionar uma margem
extra de segurança aos usuários desse tipo de produto.

Armazenagem dos cilindros

• Estocar os cilindros, devidamente identificados, em áreas bem


ventiladas e livres de materiais inflamáveis;
• Acondicionar os cilindros, que devem ser separados por tipo de gás;
• Manter os cilindros com seus capacetes em posição compacta e
amarrados com correntes;
• Separar os cilindros contendo combustíveis (por exemplo, hidrogênio,
acetileno) dos cilindros contendo oxidantes (por exemplo, o oxigênio), à
distância mínima de oito metros;
• Manter os cilindros cheios separados dos vazios;

284
• Não remover os sinais de identificação dos cilindros (rótulos,
adesivos, etiquetas, marcas de fabricação e testes);
• Não fumar na área de armazenamento;
• Não permitir o manuseio dos cilindros por pessoal sem prática;
• Em áreas internas, manter os cilindros longe de fontes de
calor e ignição, passagens ou aparelhos de ar-condicionado.
• Evitar guardá-los no subsolo;
• Em áreas externas, manter os cilindros em local arejado, coberto e
seco, longe de fontes de calor e de ignição;
• Manter equipamentos de segurança próximos da área de estocagem;
• Manter os cilindros sempre na posição vertical, com suas tampas no
lugar e afastados da luz solar direta, onde possam estar sujeitos à ação
climática.

O manuseio dos cilindros

O manuseio incorreto de gases comprimidos pode facilmente causar danos


extensivos à propriedade, sérios ferimentos e mesmo a morte de pessoas.
Seguem alguns passos de segurança para essa operação.

• Não abrir a válvula do cilindro sem antes identificar o gás que contém;
• Usar equipamento de proteção individual (EPI), como óculos e
viseiras;
• Usar luvas protetoras, calçados de segurança com biqueiras de aço
e óculos de segurança;
• Manter o capacete protetor da válvula atarraxado quando não estiver
em operação;
• Não movimentar um cilindro sem seu capacete;
• Utilizar carrinhos com correntes que permitam prender os cilindros
durante o transporte;
• Não jogar um cilindro contra outro(s);
• Não derrubar o cilindro no chão ou permitir que tal ocorra;
• Não utilizar os cilindros para outros fins que não o de conter gás;
• Não transferir gás de um cilindro para outro;

285
• Não permitir contato da válvula do cilindro com óleo, graxa ou
agentes químicos, principalmente se o cilindro contiver oxigênio ou
outros gases oxidantes;
• Não aumentar a pressão interna do cilindro por aquecimento;
• Manter a válvula do cilindro fechada quando não estiver em uso;
• Utilizar manômetros, reguladores e acessórios adequados e
aprovados para os gases empregados;
• Não conectar os acessórios aos cilindros sem o regulador de pressão
apropriado, pois o uso sem o regulador poderá resultar na quebra do
acessório ou explosão.

Comportamento preventivo do condutor

Buscando evitar situações que ofereçam riscos a acidentes e outras situações


graves como incêndio e explosões, seguem algumas orientações importantes
sobre o comportamento preventivo.

• Nunca fume nas proximidades das instalações;


• Não provoque faíscas ou fogo perto dos cilindros de gases;
• Use luvas protetoras para manusear os cilindros;
• Leia sempre a ficha de emergência para saber sobre as orientações
de segurança ali indicadas.

Procedimentos em casos de emergência

Os gases apresentam perigo inerente ao estado físico, e também podem


apresentar perigos adicionais, por exemplo, a inflamabilidade, a toxicidade, o
poder de oxidação e a corrosividade, entre outros. Vejamos, a seguir,
procedimentos de segurança, para trabalhar com esses produtos.

• Isolar o local do acidente ou do vazamento;


• Identificar, a distância segura, observando a simbologia de risco,
verificando qual tipo de gás é (inflamável, não inflamável, tóxico etc.);

286
• Avisar os bombeiros (fone 193), informando corretamente a situação
(local, se é caminhão tanque ou cilindros, se há vazamento, se há
vítimas, se há incêndio etc...);
• Se possível, ler a ficha de emergência, seguindo suas instruções.
• Normalmente a intoxicação por gases acontece em locais fechados e
mal ventilados, como em minas, poços de petróleo e até garagens.

Se houver pessoas envolvidas:

• Retirar imediatamente o acidentado do local e conduzi-lo a um espaço


ao ar livre;
• Solicitar urgente atendimento médico especializado;
• Utilizar proteção correta, para que o socorrista não seja intoxicado
também;
• Afrouxar as roupas do acidentado e mantê-lo em repouso absoluto;
• Observar e acompanhar as funções vitais da vítima.

Agora que você já sabe muitas informações importantes sobre o trabalho com
a Classe 2 – gases, procure se atualizar e leia sempre a ficha de emergência
para se manter informado em caso de situações inesperadas.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo85.

Você chegou ao final da Unidade de Estudo sobre a Classe 2 –


gases. Aprendeu sobre os tipos de gases, o comportamento
preventivo e o que fazer em caso de emergência, inclusive com
envolvimento de pessoas. Agora, responda aos exercícios e continue com seus
estudos!

85 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

287
Referências

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
28 nov. 2021.
BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.
3.665, de 4 de maio de 2011. Atualiza o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 13 maio 2011. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=114301>. Acesso em: 28 nov.
2021.

_____. Resolução n. 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções


Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos
Perigosos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 16 fev. 2016. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/24783215>. Acesso em: 28 nov.
2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. SSH – Serviço de Segurança e


Higiene do Trabalho. Cuidados com cilindros de gases sob pressão. SSH,
2013. Disponível em: <http://www.ssh.ufv.br/?page_id=1652>. Acesso em: 28
nov. 2019.

288
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 4 – Líquidos inflamáveis e produtos transportados a
temperaturas elevadas

Objetivo: conhecer os líquidos inflamáveis e saber como evitar acidentes bem


como adotar procedimentos em caso de emergência.

Tópicos desta Unidade:

• Definição de líquidos inflamáveis;


• Ponto de fulgor;
• Comportamento preventivo do condutor;
• Procedimentos em caso de emergência.

Olá! Nesta Unidade, você vai conhecer os produtos da Classe 3


(líquidos inflamáveis), o significado do ponto de fulgor desses
produtos, o comportamento preventivo do motorista ao transportá-
los e o que fazer em caso de emergência. Vamos começar?

Definição de líquidos inflamáveis

Você sabe por que alguns líquidos são chamados de inflamáveis? Essa
denominação deriva do fato de os vapores provenientes desses líquidos serem
inflamáveis e, portanto, poderem entrar em combustão. Sendo assim, não é o
líquido que incendeia, mas sim os vapores produzidos por eles.

A categoria de líquidos inflamáveis “engloba por definição líquidos, mistura de


líquidos ou líquidos contendo sólidos em solução ou em suspensão, que
produzem vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,5 ºC em teste de vaso
fechado. Via de regra, as substâncias inflamáveis são de origem orgânica,
como por exemplo hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos e cetonas, entre outros”.
Fonte: Cetesb.

289
A classe dos líquidos inflamáveis abrange diversos produtos. Os mais
conhecidos são: gasolina, álcool, diesel, querosene, benzeno, acetona, éter,
tintas, vernizes, laca, entre outros. Acompanhe na imagem a seguir como
esses produtos são sinalizados durante o transporte.

Figura 1 – Rótulo de risco da Classe 3.

Na unidade de estudo sobre prevenção de incêndio, você aprendeu que, para


haver fogo, três elementos são necessários: combustível, oxigênio e calor. Dois
desses elementos sempre estarão presentes no processo de transporte e
operação de qualquer produto inflamável: o produto e o oxigênio do ar.
Portanto, evite o contato com o terceiro elemento: o calor.

Mas há um risco que deve ser considerado nesse processo de transporte e


operação – a eletricidade estática. Essa fonte de ignição tem origem no atrito
do caminhão com o ar, no momento da frenagem, e se acumula nas partes
metálicas do veículo, que é isolado do solo pelas borrachas dos pneus.
Observe as normas exigidas na legislação pertinente a esses produtos da
classe 3 – líquidos inflamáveis, como a NBR 15594, da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2008).

290
O que é eletricidade estática?

A eletricidade estática resulta da acumulação de cargas


elétricas e pode se manifestar em qualquer material. Ela
acontece, principalmente, pelo atrito entre materiais e se manifesta em várias
situações do dia a dia, às vezes ocorrendo de forma inofensiva, mas em outros
casos a sua ocorrência pode ser perigosa.

A eletricidade estática pode ser observada em locais onde a umidade do ar é


baixa, ou seja, em locais secos. Você já ouviu pequenos estalos ao manusear
uma peça de roupa de lã sintética? Eles ocorrem em razão das descargas
elétricas que acontecem entre os fios de lã. No escuro, é possível visualizar
pequenas faíscas entre os fios que foram eletrizados.
Fonte: Mundo Educação86.

Ponto de fulgor

Chamamos de ponto de fulgor a temperatura mínima em que um combustível


começa a desprender gases ou vapores inflamáveis. No ponto de fulgor, a
combustão não continua, pois a quantidade de vapor ainda é baixa para
incendiar nessa temperatura.

Mas é importante ficar atento à temperatura do produto que se está


transportando, informação que consta na ficha de emergência.

86 https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/manifestacoes-eletricidade-estatica.htm

291
Figura 2 – Rótulo de risco de temperaturas elevadas.

O termo temperatura elevada também deve constar no documento fiscal.


Na sequência, veja o que envolve o carregamento e o descarregamento de
produtos líquidos inflamáveis e outros transportados a temperaturas elevadas.

Carregamento e descarregamento do produto

Esse é um processo delicado e requer muitos cuidados.

No momento da transferência da carga, se o veículo estiver carregado de


eletricidade estática, o próprio combustível servirá de conexão à terra, gerando
ignição, o que pode provocar fogo e explosão dos gases e vapores. Para que
isso não aconteça, você deve considerar alguns procedimentos.

Antes de iniciar a operação de carga e descarga, é necessário aplicar os


equipamentos de aterramento, que unirão todas as partes metálicas ao ponto
da terra e, assim, descarregar a eletricidade estática. Assista a um breve
vídeo87 explicativo sobre esse assunto.

Atenção! Utilize somente ferramentas especiais e fabricadas com materiais


que não produzem faíscas quando atritadas.

87 https://www.youtube.com/watch?v=Swl5HccFZLU

292
Figura 3 – Aterramento.

O risco de incêndios e explosões diminui após o descarregamento?


Infelizmente, não! E a justificativa para isso é simples: o tanque do caminhão
ainda permanece com vapores inflamáveis que são extremamente perigosos,
pois podem explodir. Veja um exemplo de acidente com caminhão tanque de
combustível. Clique aqui.

Como já vimos anteriormente, o tanque precisa passar por procedimentos de


limpeza com vapor, e não deve haver qualquer reparo com solda antes desse
procedimento. Essas orientações devem ser seguidas também com os
tambores.

Líquidos inflamáveis em embalagens, tambores e contêineres

Ao transportar líquidos inflamáveis em tambores, verifique com atenção se


eles estão amarrados adequadamente na carroceria, para que não se
desloquem.

O empilhamento e o armazenamento devem obedecer aos critérios de


segurança. Ao descarregar, utilize equipamentos adequados, como
empilhadeiras, ou utilize uma forma em que os tambores possam ser
descarregados por planos inclinados com auxílio de cordas, sobre pneus.

Observe sempre as indicações na ficha de emergência, a qual contém


informações muito úteis para o manuseio desses produtos.

293
Não se deve fazer nenhum reparo ou solda em tambores, contêineres nem
mesmo no tanque sem antes fazer a descontaminação/desgaseificação, pois
dentro desses recipientes ficam vapores que os tornam inflamáveis. Caso haja
contato com fagulhas ou calor de aparelhos de solda, poderá haver uma
explosão.

Comportamento preventivo do condutor

Os produtos líquidos inflamáveis são, em termos de quantidade, os mais


transportados, manuseados e estocados. Você, condutor de veículo de
produtos perigosos, precisa estar atento às ações de segurança e ter um
comportamento preventivo. Acompanhe alguns itens importantes.

• Ler sempre a ficha de emergência;


• Ao manusear tambores, tanques, bombonas, com os produtos
transportados, usar luvas de proteção;
• Transportar com carrinhos o material que estiver em bombonas,
cilindros. Nunca arrastar, empurrar ou jogar, pois pode haver danos na
estrutura;
• Não permitir contato com calor, faíscas, eletricidade, chamas,
brasas etc.;
• Cuidado com a eletricidade estática, já estudada anteriormente, que
pode ser uma fonte de ignição. Se for descarregar o caminhão, sempre
fazer o aterramento;
• Muita atenção para fazer o descarregamento do caminhão tanque nos
postos de combustíveis.

Procedimentos em caso de emergência

Embora sejam realizadas ações preventivas de cuidados, algo pode acontecer


e causar um acidente, como derramamento ou até mesmo início de incêndio
com os produtos perigosos da Classe 3 – líquidos inflamáveis. Se essa

294
situação acontecer, você precisa atuar com rapidez e segurança, realizando as
seguintes ações:

• Isolar o local;
• Avisar os bombeiros (Fone 193);
• Verificar a ficha de emergência, se possível;
• Não fumar e evitar fontes de ignição (faísca, chama) na área;
• Se possível, tente parar o vazamento (sendo pequeno), usando
EPI (equipamentos de proteção individual, como máscara contra gases,
luvas e óculos) e evitando o contato com o produto;
• Se possível, fazer o aterramento do veículo acidentado.

Os produtos da Classe 3 – líquidos inflamáveis são altamente perigosos para


a saúde dos trabalhadores caso não sejam manuseados e armazenados da
maneira correta. Além do risco de explosões, o contato direto com a pele
pode causar irritação e queimaduras, além de danos aos tecidos da pele.

Os gases inflamáveis, provenientes dos líquidos inflamáveis, também podem


ser prejudiciais e venenosos. A inalação pode causar danos à saúde do
trabalhador, podendo gerar doenças aos trabalhadores e, em alguns casos,
ser até fatal. Os vapores de inflamáveis, quando inalados, podem causar
tontura e asfixia.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo88.

Nesta Unidade, você estudou sobre os produtos da Classe 3 –


líquidos inflamáveis, o ponto de fulgor, o comportamento
preventivo e os procedimentos em caso de emergência. O
próximo passo é você responder aos exercícios de fixação para continuar com
seus estudos. Até a próxima Unidade!

88 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/1tj0i2la20t2hw1

295
Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15594-1 –


Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis – Posto revendedor de
combustível veicular (serviços) – Parte 1: Procedimento de operação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2008.
BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento
para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
28 nov. 2021.
BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.
5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez.
2016. Disponível em:
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 28 nov. 2021.
_____. Resolução n. 5.848, de 25 de junho de 2019. Atualiza o Regulamento
para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jun.
2019. Disponível em: <https://bit.ly/3E1AEcZ>. Acesso em: 28 nov. 2021.
SÃO PAULO. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. CETESB.
Emergências químicas, 2021. Disponível em:
<https://cetesb.sp.gov.br/emergencias-quimicas/aspectos-gerais/perigos-
associados-as-substancias-quimicas/liquidos-inflamaveis/>. Acesso em: 30
nov. 2021.

296
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 5 – Sólidos Inflamáveis

Objetivo: conhecer os sólidos inflamáveis e como evitar acidentes.

Tópicos desta Unidade:

• Sólidos inflamáveis e substâncias sujeitas à combustão;


• Sólidos inflamáveis e substâncias que, em contato com a água, emitem
gases inflamáveis;
• Comportamento preventivo do condutor;
• Procedimentos em caso de emergência;
• Produtos que necessitam de controle de temperatura.

Olá! Nesta Unidade, você vai estudar os produtos perigosos


pertencentes à classe 4 – sólidos inflamáveis. Verá que esses
produtos são substâncias sujeitas à combustão, ou seja, pegam
fogo espontaneamente, por meio da reação química exotérmica e não podem
ter contato com a água e umidade. Você também vai saber sobre o controle de
temperatura necessário e os procedimentos em caso de emergência. Pronto
para iniciar mais um estudo?

Sólidos inflamáveis e substâncias sujeitas à combustão

Sólidos inflamáveis são substâncias em estado sólido, em forma de pó –


granulados ou em pastas, que são facilmente inflamáveis quando submetidas a
uma fonte de ignição como faísca elétrica, chama ou calor. Para essas
substâncias, o perigo pode vir não apenas pelo fogo, mas também pela
combustão originada pelos próprios produtos através de fricção, por exemplo:
madeiras, plásticos, pólvora solta, entre outros.

A subclasse dos sólidos inflamáveis está subdividida em:

297
• 4.1 Sólido inflamável;
• 4.2 Substâncias sujeitas à combustão espontânea;
• 4.3 Substâncias que emitem gases inflamáveis quando
em contato com a água.
Brasil, 2016

Figura 1 – Rótulo de risco da Classe 4.

Uma das características das substâncias sujeitas à combustão espontânea é o


fato de elas emitirem gases inflamáveis quando em contato com a água.

Esses produtos pertencentes à Classe 4 são termicamente


instáveis, portanto são substâncias sujeitas à combustão espontânea, pois
incendeiam espontaneamente. São autorreagentes quando em contato com o
ar. Um exemplo é o fósforo branco, que deve ser transportado dentro da água,
e o sódio metálico, que deve ser transportado imerso em querosene.

Sólidos inflamáveis e substâncias que, em contato com a


água, emitem gases inflamáveis

Alguns produtos da Classe 4 – como o fósforo branco e o carbureto de cálcio –


liberam gases inflamáveis quando entram em contato com a água. O transporte
e a armazenagem devem acontecer em tambores ou em vidros à prova de
umidade.

298
Se, por acaso, houver incêndio com a presença dessas substâncias, não se
pode utilizar água, líquidos vaporizadores nem espumas.

Exemplos de substâncias que, em contato com a água, emitem gases


inflamáveis:

Carbureto de cálcio
Quando seco, não é inflamável, mas, quando umedecido, libera o gás
acetileno, que é inflamável e irritante para o sistema respiratório.
Sódio metálico
Reage agressivamente à água, por isso o transporte é realizado na imersão
em querosene. Provoca graves queimaduras quando em contato com a pele.

A Resolução ANTT n. 5947/21 apresenta as Instruções Complementares ao


regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos na Parte 7 –
Prescrições relativas às operações de transporte. Para ampliar seus
estudos, confira esse material na íntegra89.

Comportamento preventivo do condutor

Para trabalhar com produtos perigosos, e aqui nos referimos especificamente à


Classe 4, dos sólidos inflamáveis, é necessário ter cuidados de prevenção para
que não apareçam condições de perigo.

Veja, a seguir, alguns itens básicos e importantes para esses cuidados.

• Leia sempre, atentamente, a FICHA DE EMERGÊNCIA, observando as


recomendações ali contidas. Você deve ler a ficha antes de viajar,
mesmo que já trabalhe com o produto há algum tempo. No momento de
uma emergência, a possibilidade de se apavorar ou esquecer os
procedimentos corretos é grande. Portanto, quanto mais ler, mais irá
fixar o conteúdo;

89 http://anexosportal.datalegis.net/arquivos/1527606.pdf

299
• Verificar se as embalagens estão em perfeitas condições, sem
avarias ou violação;
• As embalagens devem estar colocadas de forma a não
sofrer pancadas, choques ou atritos;
• O produto e sua embalagem devem estar protegidos do calor,
umidade, ação do sol e em local ventilado;
• Caso haja transporte a granel, a lona deve ser impermeável, para que
não haja contato com chuva ou garoa;
• Ao manusear produtos dessa classe, usar luvas apropriadas, para se
proteger de queimaduras na pele.

Procedimentos em caso de emergência

Para o atendimento a emergências com produtos da Classe 4 – sólidos


inflamáveis, devem ser adotados os seguintes procedimentos:

• Isolar o local;
• Verificar a ficha de emergência do produto;
• No atendimento, em caso de acidente ou vazamento, sempre usar
o equipamento de proteção adequado;
• Não jogar água sobre o produto, pois de maneira geral os produtos
dessa classe em contato com a água tornam-se espontaneamente
inflamáveis ou podem produzir gases inflamáveis;
• Não permitir fontes de ignição, veículos, superfícies quentes, fósforo,
cigarros e atritos próximos ao local;
• Observar se há presença de gases ou vapores inflamáveis ou
tóxicos;
• Inspecionar visualmente os recipientes para verificar se não há furos
nas embalagens do produto, o que poderia causar vazamentos.

Pessoas contaminadas

Quando há evidência de que a pessoa pode ter sido contaminada com produto
da Classe 4, os procedimentos devem ser os seguintes:

300
• Remover a vítima para local ventilado e solicitar assistência médica
urgente;
• Tirar e isolar, roupas e calçados contaminados;
• Fazer a rápida remoção do produto;
• Lavar imediatamente a pele ou os olhos com água corrente, durante
pelo menos 15 minutos;
• Deixar a vítima imóvel e agasalhada para manter a temperatura normal
do corpo;
• Manter a vítima em observação, para verificar reações posteriores.

Produtos que necessitam de controle de temperatura

Para o transporte, as substâncias da Classe 4 em estado líquido e a


temperaturas elevadas (iguais ou superiores a 100 ºC) devem ser alocadas
no número da ONU 3257. No caso de transporte de substâncias em estado
sólido e a temperaturas elevadas (iguais ou superiores a 240 ºC), deve-se
alocá-las no número da ONU 3258. Esse controle é feito observando-se o
termômetro ou outro instrumento que o veículo possua, que monitore a
temperatura em que o produto se encontra, podendo assim avaliar eventuais
instabilidades para poder ter ações corretas para controle, as quais estão
descritas na ficha de emergência para transporte do produto.

Ao transportar produtos perigosos em estado líquido ou sólido e a temperaturas


elevadas, a unidade de transporte deve ser termicamente isolada, e a
superfície externa da unidade de transporte não deve exceder 70 ºC durante o
transporte.

O condutor de veículos de transporte de produtos perigosos deverá fazer a


inspeção visual dos termômetros, nos períodos descritos na ficha de
emergência ou em documentos a ele fornecidos, para fazer o
acompanhamento e o controle de temperaturas adequadas para o produto
transportado.

301
A Classe 4 dos produtos perigosos engloba também as substâncias sólidas
que não estão classificadas como explosivas, mas que inflamam com facilidade
e podem provocar ou ativar incêndios por contato.

Essas substâncias sólidas também apresentam risco de combustão


espontânea durante o manuseio e transporte ou armazenamento se não
estiverem nas condições ideais de temperatura definidas pelo fabricante, e que
constam na ficha de emergência. É o caso de substâncias que, em contato
com a água, liberam gases inflamáveis (e até liberam gases inflamáveis em
quantidades consideráveis).

Veja o resumo desta Unidade de Estudo90.

Você chegou ao final de mais uma Unidade de Estudo e aprendeu


quais são os produtos da Classe 4 (Sólidos inflamáveis), suas
reações frente à água ou à umidade, o controle de temperatura de
que necessitam, bem como os procedimentos de segurança e de emergência
caso haja algum vazamento ou acidente. Lembre-se sempre de se manter
atualizado em relação às necessidades de segurança para essa classe. Agora,
resolva os exercícios para melhorar o aprendizado dos conteúdos estudados.
Até a próxima!

Referências

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
28 nov. 2021.

90 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

302
BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.
5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez.
2016. Disponível em:
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 28 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.848, de 25 de junho de 2019. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jun.
2019. Disponível em: <https://bit.ly/3E1AEcZ>. Acesso em: 28 nov. 2021.

303
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 6 – Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

Objetivo: conhecer as substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos e saber


como evitar acidentes com essas substâncias.

Tópicos desta Unidade:


▪ Conceito de substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos;
▪ Comportamento preventivo do condutor;
▪ Procedimentos em caso de emergência;
▪ Produtos que necessitam de controle de temperatura.

Olá, nesta Unidade você aprenderá sobre os produtos da Classe


5 – oxidantes e peróxidos orgânicos. Estudará seu conceito, o
comportamento preventivo necessário para quem vá trabalhar
com esse produto, e também irá aprender sobre o controle de temperaturas
para esse produto. Vamos lá? Bons estudos!

Conceito de substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

A Classe 5 dos produtos perigosos compreende os oxidantes e os peróxidos


orgânicos. São produtos que podem causar a combustão91 de outros materiais
ou contribuir para isso.

Como exemplo de produtos oxidantes, temos bromato, clorato, nitrato,


perclorato. O permanganato de potássio e o peróxido de hidrogênio, por
exemplo, têm a propriedade de oxidar membranas das células de micróbios,
por isso são usados como antissépticos92.

91 Combustão é toda reação química em que um combustível (material oxidável) reage com um
comburente — um material gasoso que contenha o gás oxigênio (O2), como o ar. Essa reação
é sempre exotérmica, ou seja, libera energia na forma de calor.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-combustao.htm
92 Antisséptico se refere a tudo o que tem o propósito de evitar proliferações bacterianas,

responsáveis por causar infecções. Assim, os produtos antissépticos ajudam a destruir


micróbios e demais microrganismos nocivos.

304
Para a produção de fogos de artifício, utilizam-se como oxidantes os cloratos e
os percloratos. O oxidante hipoclorito de sódio é usado para o
branqueamento de superfícies e roupas.

O peróxido orgânico é um líquido incolor à temperatura ambiente, poderoso


oxidante (libera muito oxigênio), solúvel em água, viscoso, de sabor amargo e
odor irritante. Em solução aquosa, diluída, é conhecido comercialmente
como água oxigenada, que pode ser produzida a partir da reação de qualquer
peróxido com água ou ácidos diluídos.

Na indústria, o peróxido de hidrogênio, que é um peróxido orgânico, é usado


em concentrações mais elevadas para clarear tecidos, pasta de papel e como
combustível de foguetes. Na medicina, a substância é utilizada como
desinfetante ou agente esterilizante.

Em variadas concentrações, o peróxido de hidrogênio ainda é empregado nas


seguintes situações:

• Restauração de pinturas a óleo;


• Desodorizante de tecidos;
• Componente de combustíveis de foguetes;
• Oxidante de metais e matéria orgânica no tratamento de água e
efluentes;
• Desinfetante e esterilizante de materiais na medicina e na indústria de
alimentos;
• Componente de produtos de limpeza de uso doméstico, como
detergentes, alvejantes de roupas, sabões etc.

Como você pode perceber, os produtos da Classe 5 (os oxidantes e peróxidos


orgânicos), devido ao seu alto teor de oxigênio, geralmente são produtos que

Os antissépticos são substâncias desinfectantes, usadas em ferimentos e demais superfícies


com o intuito de eliminar as bactérias e germes. Desta forma, há a prevenção contra
contaminações e doenças relacionadas com esses microrganismos.
www.significados.com.br/antisseptico/

305
podem reagir com outros materiais inflamáveis ou combustíveis. Essa reação
faz surgir muito calor, o que pode dar início à queima dos materiais envolvidos,
causando incêndios.

A melhor maneira de se evitarem as reações negativas desses produtos é


conhecer como eles reagem e os cuidados preventivos a serem adotados no
caso de transporte.

Se for conduzir um veículo com esses produtos, leia sempre os


documentos relativos à carga antes de iniciar a viagem.
Também esteja preparado para o que fazer em caso de alguma
emergência, seguindo as indicações de manuseio de segurança em relação a
esses produtos, as quais constam na ficha de emergência.

Comportamento preventivo do condutor

Para desempenhar bem sua função e saber atuar corretamente diante de


situações de emergência, é preciso conhecer o produto que transporta, sua
composição e as reações que podem ocorrer em caso de vazamento. Foi
definido o seguinte sobre a Classe 5 na Resolução n. 5.947/21 – parte 2, da
ANTT.
“A Classe 5 está dividida em duas Subclasses, como se
segue:
a. Subclasse 5.1 – Substâncias oxidantes
Substâncias que, embora não sendo necessariamente
combustíveis, podem, em geral por liberação de oxigênio,
causar a combustão de outros materiais ou contribuir para
isso. Tais substâncias podem estar contidas em um artigo;
b. Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos
Substâncias orgânicas que contêm a estrutura bivalente
_O_O_ e podem ser consideradas derivadas do peróxido de
hidrogênio, em que um ou ambos os átomos de hidrogênio
foram substituídos por radicais orgânicos. Peróxidos
orgânicos são substâncias termicamente instáveis que
306
podem sofrer decomposição exotérmica autoacelerável.
Além disso, podem apresentar uma ou mais das seguintes
propriedades:
(i) ser sujeitos à decomposição explosiva;
(ii) queimar rapidamente;
(iii) ser sensíveis a impacto ou atrito;
(iv) reagir perigosamente com outras substâncias;
(v) causar danos aos olhos.”
Brasil, 2021.

Classe 5.1 Substâncias oxidantes

Oxidante é o nome de tudo aquilo que oxida, ou seja, corrói. Na química,


oxidante é uma substância que causa oxidação. Apesar de a grande maioria
das substâncias oxidantes não ser inflamável, o simples contato delas com
produtos combustíveis pode gerar um incêndio, mesmo sem a presença de
fontes de ignição.

Figura 1 – Produtos oxidantes.

Outro aspecto a considerar é a grande reatividade dos oxidantes com


compostos orgânicos. Geralmente essas reações são vigorosas, com
grandes liberações de calor, podendo acarretar fogo ou explosão. Mesmo

307
pequenos traços de um oxidante podem causar a ignição de alguns materiais,
se misturados a produtos oxidantes, tais como o enxofre, a terebintina, o
carvão vegetal etc.

Substâncias oxidantes são usadas, por exemplo, para mudar a coloração dos
cabelos, como é o caso da água oxigenada. Também existem oxidantes que
têm como objetivo eliminar substâncias contaminantes em certos meios, por
exemplo, em piscinas.

Normalmente não são inflamáveis, mas, quando entram em contato com


substâncias combustíveis, liberam oxigênio originando um incêndio com
produção de gases tóxicos.

Essas substâncias podem ser líquidas ou sólidas e não podem ser


transportadas ou armazenadas com outros tipos de combustíveis. Além disso,
ao transportá-las, é preciso tomar muito cuidado para não haver choque
mecânico e atrito.

Em caso de incêndio, qual deve ser o procedimento? Usar água


em grande quantidade e equipamentos de respiração autônoma.

Classe 5.2 – Peróxidos orgânicos

Peróxidos orgânicos são compostos orgânicos altamente oxidantes derivados


do peróxido de hidrogênio. Por serem termicamente instáveis, sofrem
decomposição exotérmica autoacelerável.

308
Figura 2 – Peróxidos orgânicos.

De forma diferente das substâncias oxidantes, os peróxidos


orgânicos provocam incêndio e explosões quando entram em contato com
outros materiais.

Em sua maioria, os peróxidos orgânicos causam irritações nos olhos, na


pele, nas mucosas e na garganta. Por isso, em caso de contato, as partes
atingidas deverão ser lavadas com água, imediatamente.

O armazenamento e o transporte devem ser isolados de outros materiais


orgânicos, e bem acondicionados.

Em caso de incêndio, deve-se utilizar muita água.

Evitando os riscos com peróxidos orgânicos

Embora não seja inflamável, é preciso ter cuidado com o peróxido orgânico
para que não fique exposto ao calor ou em contato com substâncias
incompatíveis, como álcalis (soda cáustica ou amônia), tecido, madeira, papel,
couro, aço carbono, latão, cobre, chumbo, canetas, moedas etc...

309
O peróxido orgânico é um poderoso oxidante (libera grande carga de
oxigênio) e, quando exposto ao calor, decompõe-se rapidamente, aumentando
seu volume e pressão. Nesse caso, é preciso aliviar a pressão ou sair
rapidamente de perto, pois poderá romper sua contenção e espalhar-se
causando graves queimaduras em pessoas, animais ou plantas.

Causa violenta reação quando em contato com combustíveis como gasolina,


óleo, graxas, permanganato de potássio, álcool etc. Não permita esse contato.
Caso aconteça, será preciso evacuar o local para segurança de todos e
avisar imediatamente os bombeiros.

Com essas reações violentas que podem acontecer, melhor é prevenir.


Observe estes cuidados:

• Manter o local limpo e arrumado onde houver peróxido;


• Usar sempre o equipamento de proteção individual – EPI (luvas,
botas, óculos, máscara de respiração) adequado para esse tipo de
produto.

No momento de carregamento ou descarregamento, observar bem o


material utilizado, se está limpo (mangueiras, conexões, válvulas) e se o local
de destino está correto para receber o produto.

Procedimentos em caso de emergência


Classe 5.1 – Substâncias oxidantes

Em caso de vazamento, derramamento ou incêndio envolvendo substâncias


oxidantes, algumas atitudes corretas podem evitar o agravamento da situação.
Vejamos:

• Obedecer às recomendações da ficha de emergência do produto;


• Ter e usar os equipamentos de proteção individual-EPI, corretos e
funcionando bem;
• Isolar e sinalizar em uma distância não inferior a 50 m. Não tocar ou
andar sobre o produto;

310
• Se possível, fazer contenção do produto com areia, terra, ou material
de contenção especifico ao produto;
• Em caso de incêndio, usar extintor de gás carbônico (CO2). Não
espalhar o produto com jatos de água;
• Evitar que o produto escorra para rios ou córregos. Se isso
acontecer, avisar imediatamente a Defesa Civil por meio dos Bombeiros;
• Se alguém inalar, levar a vítima para local bem arejado.
• Se a vítima estiver com a roupa encharcada do produto, deve-
se retirar imediatamente as roupas e descartá-las;
• Se o produto caiu sobre a pele ou os olhos, lavar com água em
abundância por 15 minutos. Informar o médico imediatamente;
• Em caso de ingestão, não provocar vômito, mas tomar muita água.

Classe 5.2 - Peróxidos orgânicos

Em caso de acidente envolvendo peróxidos orgânicos, as atitudes mais


adequadas são as seguintes:

• Obedecer aos procedimentos listados na FICHA DE EMERGÊNCIA


do produto;
• Sinalizar e isolar o local numa distância mínima de 10 m;
• Se possível, parar o vazamento utilizando materiais compatíveis (PVC,
PP, PTFE ou aço inox); Fazer contenção do produto que vazou, se
possível, impedindo que o este atinja rios ou córregos;
• Não permitir absorção do produto derramado na roupa ou tecidos de
uso pessoal, pois poderá haver reação e incêndio;
• Não retornar o produto vazado para o recipiente de origem devido ao
risco de contaminação e decomposição com reação violenta;
• Diluir o produto com muita água caso tenha um vazamento;
• Em caso de incêndio, usar proteção completa (EPI) contra fogo e
máscara de respiração autônoma. Não usar extintores de PQS (pó
químico seco) ou espuma química. Combater o fogo utilizando
somente água;
• Se a vítima inalou o produto, levar a um local bem ventilado;

311
• Em caso de ingestão, não provocar o vômito. Se a vítima estiver
consciente, oferecer água;
• Em caso de contato com a pele, ou com os olhos, lavar o local com
água corrente por, no mínimo, 15 minutos.

Produtos que necessitam de controle de temperatura

Considerando que os peróxidos orgânicos podem reagir vigorosamente quando


aquecidos, a Resolução ANTT n. 5947/21 – parte 2 determina para a Classe 5
os seguintes cuidados sobre e temperatura:

“2.5.3.4 Exigências de controle de temperatura


2.5.3.4.1 Estão sujeitos a controle de temperatura durante
o transporte os seguintes peróxidos orgânicos:
a. Peróxidos orgânicos tipos B e C com temperatura de
decomposição autoacelerável (TDAA) ≤ 50 ºC;
b. Peróxidos orgânicos tipo D que apresentem efeito
médio quando aquecidos sob confinamento (*), com uma
TDAA ≤ 50 ºC, ou que apresentem baixo ou nenhum
efeito quando aquecidos sob confinamento, com uma
TDAA ≤ 45 ºC; e
c. Peróxidos orgânicos tipos E e F com uma TDAA ≤ 45
ºC.”
Brasil, 2021.

Para que o manuseio, transporte, carga e descarga dos produtos sejam


realizados em segurança, procure sempre observar o termômetro do tanque de
carga do veículo a fim de acompanhar e controlar a temperatura.

Outras medidas de segurança devem ser observadas, tais como:

• verificar a unidade de transporte para observar as condições de


acondicionamento da carga;

312
• conhecer bem o sistema de refrigeração para saber como utilizá-lo e
como agir em casos de falhas no sistema;
• periodicamente, durante a viagem, ou no local onde está armazenado o
produto, deve-se verificar a temperatura. Caso encontre alguma
irregularidade, por exemplo, a embalagem ficando disforme, as medidas
de alívio de temperatura devem ser realizadas. Observe as orientações
da ficha de emergência;
• verificar todo o sistema de tubulação e engrenagens do equipamento
de refrigeração para ter certeza de que está funcionando corretamente;
• realizar os controles a cada quatro ou seis horas;
• acompanhar igualmente os motores de refrigeração, com alimentação
de energia independente, para saber como está seu funcionamento e
manutenção.

Observe, na ficha de emergência, as prescrições dos documentos do produto.


Atender a todos os requisitos tecnicamente estabelecidos significa ter
segurança no transporte do produto, preservando a todos que estão próximos e
o meio ambiente.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo93.

Nesta Unidade, você estudou os produtos da Classe 5 (oxidantes


e peróxidos orgânicos), sua classificação, o comportamento
preventivo que o condutor deve adotar, o que fazer em caso de
emergência e como atender à necessidade de controle de temperatura dos
produtos dessa classe. Agora, responda aos exercícios para passar aos
estudos da próxima Unidade. Até breve!

93 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/7c071l029e53bx0

313
Referências

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
28 nov 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.


5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez.
2016. Disponível em:
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 28 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.848, de 25 de junho de 2019. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jun.
2019. Disponível em: <https://bit.ly/3E1AEcZ>. Acesso em: 28 nov. 2021.

314
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 7 – Substâncias Tóxicas e Infectantes

Objetivo: conhecer as substâncias tóxicas e as infectantes e saber como


evitar acidentes com elas.

Tópicos desta Unidade:

• Substâncias tóxicas e infectantes;


• Comportamento preventivo do condutor para substâncias da Classe 6.1;
• Procedimentos em caso de emergência para substâncias da Classe 6.1;
• Comportamento preventivo do condutor para substâncias da Classe 6.2;
• Procedimentos em caso de emergência para substâncias da Classe 6.2.

Nesta Unidade, você estudará sobre os produtos perigosos da


Classe 6, que são tóxicos e infectantes. Além dos conceitos,
serão abordados o comportamento preventivo e as ações de
emergência necessárias em caso de acidentes e emergências com esses
produtos perigosos. Acompanhe o conteúdo a seguir. Bons estudos!

Substâncias tóxicas e infectantes

Os produtos que fazem parte da Classe 6 são as substâncias tóxicas e


infectantes que são capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana,
mesmo em pequenas quantidades.

Essa classe se subdivide em duas subclasses: 6.1 Tóxicos e 6.2 Infectantes.


A seguir, clique em cada subclasse para saber mais sobre elas.

a. Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas


São substâncias capazes de provocar morte, lesões graves ou danos à
saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a
pele.

315
b. Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes
São substâncias que contêm patógenos ou estejam sob suspeita razoável de
contê-los. Patógenos são microrganismos (incluindo bactérias, vírus,
rickettsias, parasitas, fungos) e outros agentes, tais como príons, capazes de
provocar doenças em seres humanos ou em animais.

Fonte: Brasil, 2015.

Vamos estudar as duas subclasses para entender seus riscos que são bem
diferentes entre si.

Subclasse 6.1 - Substâncias tóxicas

Figura 1 – Classe 6.1 – Substâncias tóxicas.

Substâncias tóxicas são aquelas que, quando inaladas, ingeridas ou em


contato com a pele, podem causar sérios danos à saúde, e até a morte.
Portanto, fique atento ao processo de carregamento e transporte desse tipo de
produto, pois é necessário seguir todas as orientações técnicas, especialmente
as contidas na ficha de emergência.

316
As substâncias tóxicas liberam vapores ou gases tóxicos, alguns deles
inflamáveis, por exemplo, defensivos agrícolas como inseticidas, fungicidas,
acrilamida, anilina, benzidina, cianeto de potássio, cloreto de benzila, cloreto de
bário, cloreto mercuroso, clorofórmio, fenol, hidroquinona, nitrobenzeno,
oxalato de potássio, entre outros.

Veja, no quadro a seguir, alguns exemplos de produtos tóxicos e as suas


consequências para o organismo humano ou animal.

Quadro 1 – Exemplos de produtos tóxicos e suas consequências


Produto Consequências
Cádmio, chumbo e Usados em corantes e pigmentos, podem
mercúrio danificar sistema nervoso e rins e até causar
câncer.
Formol Presente em resinas usadas na produção de
tecidos resistentes, pode causar dermatite.
Clorofenóis Usados como pesticidas e conservantes, podem
afetar órgãos do corpo.
Solventes clorados Usados como solventes, afetam o sistema
nervoso central, fígado e rins.
Clorobenzenos Usados como solventes e em corantes, afetam
fígado, tireoide e sistema nervoso.
Perfluoradas Usadas em peças à prova d’água, podem afetar
o fígado e alterar o sistema hormonal.
Corantes azonoicos Podem causar câncer.
Bromados e clorados Usados para criar uma película protetora da ação
do fogo, podem interferir nos hormônios de
crescimento e sexual.
Alquilfenóis Usados em processos de limpeza e tingimento,
são altamente tóxicos.
Ftalatos Responsáveis pelo brilho e pela fixação da cor de
transfers e adesivos aplicados em roupas, podem
causar câncer de mama, desregulação hormonal

317
e diminuição da fertilidade masculina.

Fonte: Costa, 2014.

Existem muitos outros produtos/riscos, porém citamos estes como exemplo


para reforçar que se deve conhecer bem as características do produto a ser
transportado, objetivando ações corretas e seguras.

Comportamento preventivo do condutor para substâncias


da Classe 6.1

As formas pelas quais as substâncias químicas da Classe 6 podem entrar em


contato com o organismo humano são as seguintes:

• Inalação;
• Absorção cutânea (contato através da pele);
• Ingestão.

Portanto, o uso do equipamento de proteção é essencial no manuseio


desses produtos.

A legislação organiza os cuidados em relação aos produtos perigosos.


O Decreto n. 96.044/88, por exemplo, cita normas importantes ao condutor de
veículos de transporte de produtos perigosos, as quais foram complementadas
pela Resolução n. 5.947/21, da Agência Nacional de Transportes Terrestres-
ANTT.

Para os produtos da classe 6.1, é preciso ter os seguintes cuidados em


relação à manipulação, transporte e armazenamento:

• Conhecer o produto com o qual está trabalhando;


• Seguir as recomendações da ficha de emergência;
• Observar se o local está ventilado;
• Verificar se os EPIs94 estão corretos e na data correta de validade;
• Em caso de algo errado, comunicar aos responsáveis.

94 Equipamento de Proteção Individual

318
Procedimentos em caso de emergência para substâncias
da Classe 6.1

Para os produtos da Classe 6.1, os procedimentos básicos são:

• Em caso de vazamento e ou acidentes, isolar o local;


• Avisar os Bombeiros (Fone 193);
• Ler a ficha de emergência;
• Em caso de acidente, é preciso isolar e sinalizar a área
contaminada para evitar que o produto contamine riachos, lagos, fontes
de água, poços, esgotos, galerias pluviais;
• Evitar que as pessoas fiquem expostas ao produto: não comer,
beber ou fumar durante o manuseio do produto;
• Ao abrir a embalagem, fazê-lo com cuidado, de forma correta, de modo
a evitar vazamento;
• Não utilizar equipamentos de proteção individual e de aplicação
danificados e /ou defeituosos.

Subclasse 6.2 – Infectantes

319
Figura 2 – Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes.

As substâncias infectantes, subclasse 6.2, são aquelas que


apresentam patógenos95 ou estão sob suspeita razoável de provocar doenças
infecciosas em seres humanos ou em animais.

Somente um profissional capacitado pode transportá-las, e as normas


apresentadas pelo Ministério da Saúde devem ser rigorosamente
obedecidas.

Esses produtos contêm resíduos sólidos, provenientes de análise de


ambulatórios médicos, laboratórios de análise clínica, de hospitais, farmácias,
consultórios odontológicos, drogarias, clínicas veterinárias, farmácias de
manipulação e hospitais.

Geralmente estão acondicionados em sacos plásticos, branco-leitoso (classe


II), identificados com o símbolo "Substância infectante", indicando possível
potencial de microrganismos patógenos.

A Resolução n. 5.947/21 – parte 2 trata a classe 6.2 com a seguinte definição:

“2.6.3 Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes


Nota: No transporte de substâncias infectantes, devem
ser observadas, também, as normas sanitárias
estabelecidas pelas autoridades competentes.
2.6.3.1 Definições
Para os fins deste Regulamento:
2.6.3.1.1 Substâncias infectantes são substâncias que
contenham patógenos ou estejam sob suspeita razoável
de contê-los. Patógenos são micro-organismos (incluindo
bactérias, vírus, rickettsias, parasitas, fungos), e outros

95 Microorganismos que causam doenças.

320
agentes, tais como príons, capazes de provocar doenças
em seres humanos ou em animais.
2.6.3.1.2 Produtos biológicos são aqueles derivados de
organismos vivos, fabricados e distribuídos de acordo
com exigências das autoridades competentes nacionais,
as quais podem exigir licenciamento especial, e que são
usados para prevenção, tratamento ou diagnose de
doenças humanas ou animais, ou, ainda, para fins de
desenvolvimento, experimentação ou investigação.
Produtos biológicos incluem, mas não se limitam a
produtos acabados ou não acabados, tais como vacinas.
2.6.3.1.3 Culturas são o resultado de um processo pelo
qual elementos patogênicos são proliferados
intencionalmente. Esta definição não inclui espécimes
para diagnósticos humanos ou animais conforme definido
no item 2.6.3.1.4.
2.6.3.1.4 Espécimes para diagnóstico ou amostras de
pacientes são os materiais de origem humana ou animal,
extraídos diretamente de pacientes humanos ou animais,
incluindo, mas sem se limitar a, excrementos, secreções,
sangue e seus componentes, tecidos e fluidos de tecidos
e partes do corpo transportados para fins de pesquisa,
diagnóstico, investigação, estudo, tratamento ou
prevenção de doenças.
2.6.3.1.5 Resíduos médicos ou clínicos são resíduos
resultantes de tratamento médico de pessoas ou animais,
ou de pesquisas biológicas.”
Brasil, 2021.

Como visto, os produtos dessa classe trazem grave risco à saúde por causa de
microrganismos presentes em materiais perfurocortantes (geralmente agulhas,
bisturi etc.). Há possível potencial de risco de doenças de pele, infecções
gástricas, entre outras situações.

321
Quando são expostos no meio ambiente, podem contaminar as pessoas, pois
estas podem tocar ou pisar nelas, ou se cortar, fazendo com que haja contato
do material infectante com a corrente sanguínea. Há ainda a possibilidade de
contaminação e riscos biológicos, quando em contato com o ar, a água e o
solo, se houver rompimento da embalagem.

Comportamento preventivo do condutor para substâncias


da Classe 6.2

Para as ações seguras sobre o produto da Classe 6.2, que você estará
transportando ou em que observe vazamento, é preciso conhecer as
recomendações/requisitos de segurança. A sua ação inicial básica é o
treinamento que você recebeu e o atendimento aos requisitos que a ficha de
emergência prevê.

Basicamente, deve usar os equipamentos de segurança para manipular essa


carga, como luvas, óculos de proteção, máscara e outros que as normas ou a
ficha de emergência definam como necessários.

Procedimentos em caso de emergência para substâncias


da Classe 6.2

Para os casos de atuação em emergência por vazamento do produto


da Classe 6.2, siga as recomendações da ficha de emergência e dos
documentos do produto.

Como forma geral, seguem algumas recomendações:

• Contato com os olhos – lavar imediatamente com água pura, em


abundância;
• Contato com a pele – lavar com água em abundância e sabão;
• Inalação ou ingestão – procurar serviço médico rapidamente;

322
• Em caso de acidente com ferimentos (com perfurocortantes, por
exemplo) e possível inoculação96 de material infectante, promover
cuidados para a assepsia97 do local com solução aquosa de iodo e
procurar imediatamente atendimento médico, informando sobre o
microrganismo envolvido e, se possível, levar a ficha de emergência
para fornecer outras informações importantes.

O condutor de veículo transportador de produtos perigosos deve estar


preparado para situações de emergência que podem ocorrer durante o
transporte, e o conhecimento sobre o produto é imprescindível para a
segurança e o correto serviço.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo98.

Você chegou ao final desta Unidade de estudo sobre os produtos


da Classe 6 – Tóxicos e infectantes. Além das definições, você
estudou sobre o comportamento que se deve adotar como forma
preventiva da manutenção da saúde e do meio ambiente ao lidar com essa
classe de produto perigoso, e também viu quais são os procedimentos de
emergência que existem. A seguir, responda aos exercícios para continuar com
seus estudos. Até a próxima Unidade!

Referências

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:

96 Contágio, transmissão.
97 Limpeza
98 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/f2u82x90bs229ix

323
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
28 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.


3.665, de 4 de maio de 2011. Atualiza o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 13 maio 2011. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=114301>. Acesso em: 28 nov.
2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.


5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez.
2016. Disponível em:
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 28 nov. 2021.

BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de


Vigilância Sanitária sobre o Transporte de material Biológico Humano para fins
de Diagnóstico Clínico. 2015. Disponível em: < https://www.gov.br/anvisa/pt-
br/assuntos/sangue/transporte-de-material-biologico/manual-de-transporte-de-
material-biologico-humano.pdf>. Acesso em: 01 dez. 2021.

_____. Resolução n. 5.947, de 1º de junho de 2021. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as suas
Instruções Complementares, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 jun. 2021. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.947-de-1-de-junho-de-2021-
323561273>. Acesso em: 28 nov. 2021.

COSTA, D. Listamos algumas substâncias tóxicas e seus principais efeitos. O


Globo, 27 ago. 2014. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/listamos-algumas-
substancias-toxicas-seus-principais-efeitos-13741239>. Acesso em: 28 nov.
2021.

324
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 8 – Substâncias Radioativas

Objetivo: conhecer as substâncias radioativas de acordo com a legislação


pertinente e saber como evitar acidentes com elas.

Tópicos desta Unidade:

• Legislação específica pertinente;


• Comportamento preventivo do condutor;
• Procedimentos em caso de emergência.

Nesta unidade, você estudará sobre a Classe 7, que trata de


materiais radioativos e conhecerá a legislação pertinente, que é
muito específica para essa classe devido ao grande perigo que
apresenta em seu transporte. Também estudará sobre como deve ser o
comportamento preventivo e os procedimentos em caso de emergência. Fique
atento, pois é um produto bem diferente dos demais, e cujo risco é enorme.
Siga em frente!

Legislação específica pertinente

Para entendermos um pouco a radioatividade, precisamos saber que ela é


um fenômeno natural99 ou artificial, pelo qual algumas substâncias ou
elementos químicos chamados radioativos são capazes de emitir radiações. As
radiações emitidas por essas substâncias são causadas por partículas alfa,
beta e raios gama. Se não estiver sob rigoroso controle, serão nocivas à saúde.

99 Fenômeno Natural: são todos os eventos da natureza. Assim como a chuva, a


transformação de uma lagarta em borboleta ou o nascimento de um bebê urso fazem parte
desse conceito.
Fenômeno Artificial: é todo aquele provocado pela ação do homem. A luz elétrica, a roda que
move veículos, a internet, todos são exemplos de fenômenos artificiais, embora seja
necessário observar que esses últimos estão tão condicionados às leis naturais quanto os
últimos.
(Fonte de pesquisa: www.resumoescolar.com.br/geografia/fenomenos-naturais/ )

325
De forma geral, as pessoas associam a radioatividade apenas a situações
negativas, como a explosão de bombas atômicas ou armas nucleares, mas a
energia nuclear é mais do que isso.

A radioatividade pode ser utilizada na medicina, em exames de radiografias,


tratamento de doenças em que se utiliza o cobalto, por exemplo.

Também na agricultura alguns alimentos passam por radiações para


eliminação de agentes de deterioração para eliminar fungos e bactérias. Até
mesmo na construção civil, a radioatividade pode ser utilizada nos exames de
peças para verificar se existem microfissuras100.

Existe um organismo internacional que cuida das normas e legislações sobre


produtos radioativos, que é a Agência Internacional de Energia Atômica –
AIEA, órgão que estabelece cuidados e normas internacionalmente aceitas
para o correto manuseio e operação com produtos perigosos. Um desastre
internacional com esse produto pode ser altamente danoso ao planeta.

No Brasil, o órgão responsável por atender esse setor é a Comissão Nacional


de Energia Nuclear – CNEN, uma autarquia federal vinculada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), criada em 1956 para desenvolver a
política nacional de energia nuclear. Atualmente, a CNEN atua nas áreas de
radioproteção e segurança nas aplicações da energia nuclear para fins
pacíficos. Promove atividades de ensino e pesquisa e desenvolve tecnologias

100Microfissuras são um tipo comum de patologia nas edificações e podem interferir na


estética, na durabilidade e nas características estruturais da obra. Tanto em alvenarias quanto
nas estruturas de concreto, a fissura é originada por conta da atuação de tensões nos
materiais.
Detecção de vazamentos através de equipamentos da Radioatividade: para detectar pequenos
vazamentos em tubulações de água, costumava-se usar escavadeiras para retirar a terra. No
entanto, hoje há um processo muito menos trabalhoso, em que se usam os radioisótopos 24Na
ou o 131I. O sódio radioativo pode ser introduzido na tubulação na forma de carbonato, que é
solúvel em água. O contador Geiger é então usado para rastrear as emissões desse isótopo
que, no local do vazamento, registra emissões muito superiores às regulares dos lugares onde
não há vazamento.
(Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/radioatividade-na-industria.html )

326
nucleares e correlatas. Busca fazer com que um número cada vez maior de
brasileiros usufrua dos benefícios da energia nuclear com segurança.

O transporte de material radioativo, bem como o manuseio e armazenamento,


deve ser feito dentro das normas definidas pela Comissão Nacional de Energia
Nuclear – CNEN.

O condutor deve ser orientado de forma específica pela empresa responsável


para o transporte desse produto. Sua periculosidade é maior que os demais
produtos perigosos e os riscos igualmente.

O condutor que trabalhará com esses produtos diretamente deverá


receber treinamento específico para operar com eles.

Observe a simbologia da classe de substâncias radioativas.

Figura 1 – Classe 7 – Substâncias radioativas.

Se verificar alguma embalagem pertencente à Classe 7 que estiver danificada,


perdida, não toque nela! Isole o local e avise imediatamente os Bombeiros
(fone 193).

327
Para entendermos o que é radioatividade, Cardoso (2012, p. 15) explica que:
“O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme
fotográfico virgem levou à descoberta de um fenômeno
interessante: o filme foi velado (marcado) por "alguma
coisa" que saía da rocha, na época denominada raios ou
radiações”.
Outros elementos pesados, com massas próximas à do
urânio, como o rádio e o polônio, também tinham a
mesma propriedade.
O fenômeno foi denominado radioatividade e os
elementos que apresentavam essa propriedade foram
chamados de elementos radioativos.
Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter
excesso de partículas ou de carga, tende a estabilizar-se,
emitindo algumas partículas.”

E define também que radiação é:

“a propagação de energia, na forma de ondas


eletromagnéticas ou de partículas. A onda
eletromagnética é uma forma de energia, constituída por
campos elétricos e campos magnéticos, variáveis e
oscilando em planos perpendiculares entre si, capaz de
propagar-se no espaço. No vácuo, sua velocidade de
propagação é de 300.000 km/s.”
Cardoso, 2012, p. 16

Em que importam essas definições para você, motorista profissional?

Embora não seja tão comum realizar o transporte de produtos radioativos, pois
se trata de produtos com fabricação e uso muito controlados, pode ser que um
dia você venha a transportar ou participar de algum evento envolvendo esse
tipo de produto.

328
Como essas radiações penetram no corpo humano e nos objetos?
Acompanhe, a seguir, no texto explicativo e na figura, como as radiações
penetram nos materiais:

“As partículas alfas são as radiações mais ionizantes por


terem carga +2, mas, exatamente por esse motivo, além
de ter maior massa, sua penetração na matéria é
pequena, não conseguindo atravessar uma simples folha
de papel e percorrendo poucos centímetros no ar.
Dependendo de sua energia, a maioria das partículas
beta, que são elétrons de origem nuclear, podem
percorrer até poucos metros no ar e têm um poder
ionizante bem menor do que as partículas alfa. Embora a
radiação gama e os raios X sejam as radiações mais
penetrantes, seu poder de ionização é baixo em relação
às partículas alfa e beta.”
Cardoso, 2012, p. 23

Figura 2 – Penetração de material radioativo.

329
Observando-se a Figura 2, fica clara a necessidade de cuidados extremos no
armazenamento, manipulação e transporte dos produtos da Classe 7.
O sistema de transporte de materiais perigosos deve assegurar o controle
adequado sobre os riscos aos quais as pessoas, os objetos e o meio
ambiente estão expostos durante o transporte de um material radioativo.

O material radioativo, para ser transportado, deve ser acondicionado em uma


embalagem apropriada. Essa embalagem é projetada e construída para ser
uma barreira efetiva entre o meio ambiente e o material radioativo.

Você Sabia?
O conjunto formado pelo material radioativo e sua embalagem é
chamado de embalado.

Observe a sinalização utilizada para materiais radioativos.

Figura 3 – Classe embalados radioativos.


Fonte: ABNT, 2021.

O transporte de produto radioativo deve ter o acompanhamento do


documento Declaração do expedidor de materiais Radioativos101 (ONU –
Classe 7), atestando sobre as condições e características do produto
transportado.

No Brasil, existem algumas leis próprias que tratam sobre os produtos


radioativos.

101 https://www.ipen.br/portal_por/conteudo/Arquivos/1876_40_Expedidor-PR.pdf

330
A Resolução n. 5.947/21 – parte 2, da ANTT, estabelece para essa classe:

“CLASSE 7 – MATERIAIS RADIOATIVOS 2.7.1 Para fins


de classificação dos materiais radioativos e alocação aos
números ONU, deve ser atendido o disposto nas
Normas para Transporte estabelecidas pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear – CNEN.”
Brasil, 2021.

A CNEN possui normas específicas para o transporte de material radioativo:

NN 5.01 Regulamento para o transporte seguro de materiais


radioativos (Resolução CNEN 271/01).
NE 5.02 Transporte, Recebimento, Armazenagem e Manuseio de
Elementos Combustíveis de Usinas Nucleoelétricas (Portaria
CNEN/PR 08/03).
NE 5.03 Transporte, Recebimento, Armazenagem e Manuseio de
Itens de Usinas Nucleoelétricas (Portaria CNEN/DExl 02/89).
NN 5.04 Rastreamento de Veículos de Transporte de Materiais
Radioativos (Resolução CNEN 148/13).
NN 5.05 Requisitos de projeto e de ensaios para certificação de
materiais radioativos, embalagens e volumes (Resolução
CNEN 272/21).

Para saber mais sobre a complexidade e as necessidades de cuidado que


envolve o transporte de materiais radioativos, você pode consultar a CNEN102,
que detém a responsabilidade no Brasil para operar, fornecer informações e
apoio técnico nessa área.

102 https://www.gov.br/cnen/pt-br

331
Comportamento preventivo do condutor

O condutor de veículo de transporte de produtos perigosos deve sempre estar


atento a situações que envolvam esse tipo de produto e adotar comportamento
preventivo em caso de suspeita de possível contaminação radioativa. Como no
caso dos demais produtos perigosos, em relação à Classe 7, isso não pode ser
diferente. Todo cuidado é importante.

Alguns comportamentos necessários em relação a essa classe em caso de


acidentes ou suspeita de vazamentos:

• Isolar o local. Tratar sempre como se o vazamento já tivesse


acontecido;
• Chamar os bombeiros (fone 193), informando sobre o fato, indicando
qual é o número da ONU e o do risco;
• Atender rigorosamente ao que está especificado na ficha de
emergência do produto para o transporte, além dos documentos
específicos da carga.

Procedimentos em casos de emergência

Se houver algum sinistro com veículos transportando produtos da Classe 7 –


radioativos, sempre se deve suspeitar de que está havendo algum vazamento.
Somente os técnicos, por meio de um aparelho chamado contador Geiger103,
poderão atestar se isso está mesmo ocorrendo.

Nesses casos, você precisa adotar estas atitudes urgentes:

• Isolar e sinalizar imediatamente a área afetada, manter afastadas as


pessoas, cuidando para que não peguem embalagens, mesmo não
rompidas;

103O contador Geiger foi inventado por Hans Geiger em 1908 para medir os níveis de radiação
em corpos e no ambiente. Ele contém um tubo com argônio, que se ioniza ao ser atravessado
por partículas alfa e beta da radiação, fechando o circuito elétrico e acionando o contador.
(brasilescola.uol.com.br )

332
• Somente entrar na área se tiver treinamento adequado em relação
ao produto e com traje de proteção adequado (EPI completo para essa
classe);
• Comunicar rapidamente ao Corpo de Bombeiros/Defesa Civil (fone
193) sobre o acidente, local, produto envolvido (número de ONU e risco
do produto);
• Caso tenha acesso à ficha de emergência, observar e atender aos
requisitos de segurança ali descritos;
• Não mover os embalados, não tocar neles;
• Proporcionar o atendimento médico de emergência, os primeiros
socorros, de acordo com a natureza dos ferimentos e produtos
envolvidos;
• Reter pessoas e equipamentos expostos ao material radioativo até a
chegada de pessoal qualificado para as devidas averiguações.

Assim, percebemos que qualquer material radioativo, ao ser transportado, deve


estar sujeito a normas de segurança apropriadas em vigor, sendo necessária
sua compreensão e atenção, não apenas como finalidade legal, mas devido ao
perigo que essa classe apresenta. Já aconteceram acidentes no Brasil e em
outros países, que causaram danos gravíssimos como contaminações e mortes
de pessoas de cidades inteiras, bem como consequências por muitos anos
adiante, por falta de atenção às normas de segurança. Fique sempre atento
aos cuidados necessários a esse tipo de produto.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo104.

Nesta Unidade, você estudou sobre a Classe 7 (produtos


radioativos) e pôde perceber seu alto grau de perigo bem como os
conceitos e a legislação pertinente em relação a esses produtos.
É muito importante adotar um comportamento preventivo para evitar acidentes
e, caso necessário, saber como deve ser uma ação de emergência. Tenha

104 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/j2htk3271mn8832

333
muito cuidado e atenção com os produtos da Classe 7! Na sequência,
responda às perguntas e siga os estudos na próxima Unidade. Bons estudos!

Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR7500. Identificação


para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de
produtos. 12. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2021. Disponível em:
<http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-7.500-
Simbolos-de-Risco-e-Manuseio-Para-o-Transporte-e-Armazenamento-De-
Materiais.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2021.
ALVES, L. Raios alfa, beta e gama. Brasil Escola, S.d. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/quimica/raios-alfa-beta-gama.htm>. Acesso em:
28 nov. 2021.
APLICAÇÕES da radioatividade. Mundo Educação, S.d. Disponível em:
<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/aplicacoes-
radioatividade.htm>. Acesso em: 28 nov. 2021.

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
28 nov. 2021.

_____. Lei n. 4.118, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre a política nacional


de energia nuclear, cria a Comissão Nacional de Energia Nuclear, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 set.
1962. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4118.htm>.
Acesso em: 28 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.


5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez.
2016. Disponível em:

334
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 28 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.848, de 25 de junho de 2019. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jun.
2019. Disponível em: <https://bit.ly/3E1AEcZ>. Acesso em: 28 nov. 2021.

_____. Resolução n. 5.947, de 1º de junho de 2021. Atualiza o


Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as
suas Instruções Complementares, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 jun. 2021. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.947-de-1-de-junho-de-2021-
323561273>. Acesso em: 28 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. CNEN – Comissão
Nacional de Energia Nuclear. Resolução CNEN n. 148, de 20 de março de
2013. Dispõe sobre o rastreamento de veículos de transporte de materiais
radioativos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 25 mar.
2013. Disponível em:
<http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm504.pdf>. Acesso em: 28
nov. 2021.
CARDOSO, E. M. Energia nuclear e suas aplicações – apostila educativa. 3.
ed. Rio de Janeiro: CNEN, 2012. Disponível em:
<http://antigo.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-
educativa-aplicacoes.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2021.
TAVARES, W. M. Legislação nuclear no Brasil, Estados Unidos, Austrália,
Canadá e Alemanha. Brasília: Câmara dos Deputados, Consultoria Legislativa,
2005.

335
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos – CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 9 – Corrosivos

Objetivo: conhecer as substâncias corrosivas e como evitar acidentes com


essas substâncias.

Tópicos desta Unidade:

• Definição de substâncias corrosivas;


• Comportamento preventivo do condutor;
• Procedimentos em caso de emergência.

Você chegou a mais uma Unidade de Estudo sobre os produtos


perigosos. Aqui verá a Classe 8, que trata dos corrosivos. Além
das definições e conceitos, estudará o comportamento preventivo
do condutor e o que fazer em caso de emergência. Fique atento para evitar
queimaduras graves, que podem ocorrer com produtos nessa classe. Vamos
lá?

Definição de substância corrosivas

Os produtos corrosivos são aqueles que têm a capacidade de desgastar ou


destruir a pele e, por meio de sua reação, destruir ou danificar substâncias
ou superfícies materiais (como corrosão em ferro e aço), com as quais
esteja em contato, incluindo os tecidos vivos.

Você Sabia?
As substâncias corrosivas podem causar gravíssimas
queimaduras quando em contato com tecidos vivos.

Observe a simbologia.

336
Figura 1 – Classe 8 – Produtos corrosivos.

Os produtos corrosivos podem ser encontrados nos estados sólido ou líquido.


Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam
essas propriedades e que são conhecidos por ácidos e bases.

Exemplos:
• ácidos: ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico.
• bases: hidróxido de sódio (soda cáustica) e hidróxido de potássio.

Algumas substâncias corrosivas liberam, durante sua ação, mesmo na


temperatura ambiente, vapores irritantes e tóxicos. Outras reagem com a
maioria dos metais, gerando hidrogênio, que é um gás inflamável, acarretando
assim um risco adicional. Devido à possibilidade de causar queimaduras,
sempre se devem utilizar equipamentos de proteção individual compatíveis
com o produto envolvido.

337
Atenção!
Essas substâncias são quimicamente muito ativas e têm a
propriedade de reagir causando corrosão e sérios danos quando
entram em contato com outras substâncias ou quando inaladas, ingeridas ou
em contato com a pele.

Há graus de corrosão que variam de acordo com o tipo de material submetido


a essa substância. Algumas podem tornar-se corrosivas ao entrarem em
contato com a água ou com a umidade do ar.

Acidentes com o produto corrosivo causam graves queimaduras em


pessoas e animais. A poluição de córregos e mananciais de água,
especialmente os que abastecem cidades, ocasiona a interrupção de
abastecimento, prejudicando centenas de pessoas.

Por isso, você, condutor de produtos corrosivos, deve sempre ter atenção e
cuidados para evitar essas situações de risco.

Comportamento preventivo do condutor

Ao manusear os produtos da Classe 8 – Corrosivos, você, condutor de veículos


de transporte de produtos perigosos, deve:

• Usar os EPIs adequados, carrinhos para transporte etc.;


• Olhar atentamente para verificar se não há algum vazamento, avaria,
furos nas embalagens;
• Não expor os produtos ao sol, ou a altas temperaturas;
• Nunca armazenar perto de produtos oxidantes, pois poderá haver forte
reação química;
• A área de estocagem deve estar limpa e com piso resistente à corrosão;
• Ter cuidados com embalagens vazias, pois podem conter resíduos que
emanam vapores contaminantes;

338
• Nunca deixar perto de água, pois poderá haver reação química e
aumento de temperatura.

Procedimentos em caso de emergência

• Isole a área de derramamento ou vazamento em um raio de, no mínimo,


50 metros;
• Não toque nos recipientes, nem ande sobre a carga derramada;
• Utilize o EPI adequado e em perfeitas condições de uso;
• Se possível, com uso de EPIs adequados, vede as rupturas das
embalagens danificadas com material apropriado;
• Isole o vazamento de fontes de ignição, evitando incêndios
preventivamente;
• Não fume no local, nem próximo da ocorrência;
• Se possível, evite que o produto derramado atinja cursos d’água e
rede de esgotos, fazendo contenção.

Se houver vítimas e entrarem em contato com o produto, veja o que fazer em


cada caso:

Inalação
Remova a vítima para local ventilado e a mantenha em repouso numa
posição que não dificulte a respiração.
Contato com a pele
Retire imediatamente toda a roupa contaminada. Enxague a pele em
abundância para remoção de todo o material.
Contato com os olhos
Enxague cuidadosamente durante vários minutos.
Ingestão
Não induza o vômito. Lave a boca da vítima com água em abundância.
Nunca forneça algo por via oral a uma pessoa inconsciente.

339
Em todos os casos, a vítima deve ser encaminhada para atendimento
médico.

Estudamos a Classe 8 sobre os corrosivos, o que compreende todas as


substâncias que, por meio de reação química, causam danos como
queimaduras e corrosão quando em contato com tecidos vivos. Ainda, em caso
de vazamento, destroem cargas, materiais ou o próprio veículo que as
transporta.

Lembre-se sempre de usar os EPIs quando for manusear recipientes dessa


classe.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo105.

Você finalizou mais uma Unidade estudando as classes de


produtos perigosos. Aqui estudou a Classe 8, que contempla os
corrosivos; os conceitos desses produtos; o comportamento
preventivo do condutor e o que fazer em caso de emergência. Agora, você
pode responder aos exercícios desta Unidade. Bons estudos!

Referências

BRASIL. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
29 nov. 2021.
BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.
3.665, de 4 de maio de 2011. Atualiza o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

105 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/0fm1tuzk907oki1

340
Brasília, DF, 13 maio 2011. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=114301>. Acesso em: 29 nov.
2021.

_____. Resolução n. 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções


Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos
Perigosos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 16 dez. 2016. Disponível em:
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 28 nov. 2021.

341
Curso Especializado de Transporte de Produtos Perigosos — CETPP
Núcleo Temático 4 – Movimentação de Produtos Perigosos
Unidade de Estudo 10 – Substâncias Perigosas Diversas, Resíduos e seus
Riscos Múltiplos

Objetivo: conhecer as substâncias perigosas diversas e os riscos múltiplos


originados por resíduos de produtos perigosos de acordo com a legislação e
como evitar acidentes com essas substâncias.

Tópicos desta Unidade:

• Definição de substâncias perigosas diversas;


• Comportamento preventivo do condutor de substâncias perigosas
diversas;
• Conceito de resíduos;
• Os riscos múltiplos;
• Legislação sobre o transporte de resíduos;
• Comportamento preventivo do condutor de resíduos;
• Procedimentos em caso de emergência.

Olá, você chegou a mais uma Unidade do curso e estudará sobre


as substâncias perigosas diversas que pertencem à Classe 9, os
resíduos e riscos múltiplos originados pelos produtos perigosos e
os procedimentos adequados em casos de emergência. Esses conhecimentos
serão fundamentais para a prestação de serviços de qualidade na sua
atividade profissional. Bom estudo!

Definição de substâncias perigosas diversas

Na Classe 9, dos produtos perigosos, estão os produtos considerados danosos


ao meio ambiente ou a pessoas e animais, mas que não foram catalogados
nas classes anteriores devido à particularidade que apresentam, por isso são
denominadas substâncias perigosas diversas.

342
É na Classe 9 que estão os produtos que apresentam riscos elevados de
contaminação ambiental, por exemplo:
• óleos combustíveis,
• poliestireno granulado,
• dióxido de carbono sólido (gelo seco),
• amianto azul,
• farinha de peixe estabilizada e
• baterias de lítio.

Assim como as demais substâncias, a Classe 9 apresenta simbologia


específica e critérios técnicos para o transporte, definidos na legislação.

Na Classe 9, as substâncias e os produtos apresentam características e


propriedades que acarretam riscos no transporte, porém abrangem elementos
diferentes das classes anteriores.

O símbolo para o transporte de substâncias perigosas para o meio


ambiente está previsto na regulamentação aplicável ao transporte terrestre de
produtos perigosos por meio da Resolução ANTT n. 5.947/21.

Nos termos estabelecidos na Resolução ANTT n. 5.947/21, o símbolo em


questão deve ser utilizado nas embalagens e nas unidades de transporte
carregados com substâncias perigosas para o meio ambiente classificadas nos
números ONU 3077 e ONU 3082, somente.

Esse símbolo não é um novo rótulo de risco e também não substitui o painel
de segurança nem o rótulo de risco indicativo da classe. Corresponde,
portanto, a um item adicional para a identificação dos riscos relativos aos
números ONU 3077 e ONU 3082.

Observe a simbologia.

343
Classe 9 – Substâncias e artigos perigosos diversos.

Símbolo para o transporte de substâncias perigosas para o meio ambiente.

Comportamento preventivo do condutor de substâncias


perigosas diversas

Um produto que se inclua na Classe 9 significa produto que tem potencial de


causar dano ou apresentar risco à saúde, segurança e meio ambiente. O
transporte, o manuseio e a armazenagem desses materiais devem ocorrer de
maneira segura e correta para que não haja contaminação ao ser humano e ao
meio ambiente.

Estar atento e corresponder às normas técnicas de uso de equipamentos


adequados, como EPIs, e fazer o acionamento da ficha técnica em caso de
emergência diminuem os riscos de danos graves ou irreversíveis.

344
Toda e qualquer operação, movimentação e transporte de produtos perigosos
(e aqui se inclui a Classe 9) deve obedecer às instruções do fabricante e do
expedidor. A fabricação das embalagens, tambores e contêineres próprios
para a utilização de transporte de produtos e substâncias perigosas deve
ser realizada com materiais resistentes à corrosão do produto, justamente para
evitar a contaminação ambiental e outros riscos ao ser humano.

Nunca deixe a carga sem supervisão no caso de um acidente e se, por


acaso, precisar se ausentar do local, encarregue alguém responsável para
cuidar da carga até que as instruções definitivas sobre o derramamento (ou
vazamento) e as providências finais sejam realizadas.

Conceito de resíduos

Os resíduos são substâncias que foram descartadas ou designadas como


sobras e que representam um determinado risco, ou múltiplos riscos, quando
derivados de algum produto perigoso. Os restos desse produto, quando em
contato com as pessoas, os animais ou a natureza, podem causar danos,
poluição, contaminação e até mortes.

Resíduos podem ser encontrados nas formas:


• sólida (resíduos sólidos),
• líquida (efluentes) e
• gasosa (gases e vapores).

Para fins de transporte, resíduos são substâncias, soluções, misturas ou


artigos que contêm ou estão contaminados por um ou mais produtos sujeitos
às disposições do Regulamento, para os quais não seja prevista utilização
direta, mas que são transportados para fins de descarte, incineração ou
qualquer outro processo de disposição final (Brasil, 2016).

345
Os resíduos de produtos perigosos e seus riscos fizeram com que os
governos estabelecessem legislações rigorosas, muito importantes e
necessárias para quem manuseia, transporta e/ou descarta resíduos desse tipo
de produtos.

Vamos ver que tipos de risco existem, qual é a legislação pertinente e o que
são os resíduos de produtos perigosos.

Figura 1 – Vazamento de resíduos de produtos perigosos.


Fonte: Alena Dubinets/Shutterstock.

A preocupação com o resíduo acontece porque o contato com ele pode


causar reações adversas106. As embalagens vazias que tenham contido
produtos perigosos agora somente têm resíduos, mas estão sujeitas às
mesmas determinações legais que as embalagens cheias, até que tenham sido
completamente limpas ou eliminadas.

106 Reação nociva e desagradável para a saúde.

346
A classificação dos resíduos no Brasil é determinada pela NBR 10.004/04 da
ABNT, que leva em consideração os riscos potenciais que os resíduos podem
causar para o meio ambiente e à saúde pública (ABNT, 2004).

A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade


que lhes deu origem, além de seus constituintes e características cujo impacto
à saúde e ao meio ambiente é conhecido.

Também encontramos na NBR/ABNT 10004/04107 a classificação dos resíduos


como:

Resíduos Classe I – Perigosos


São aqueles que apresentam periculosidade e características como
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Resíduos Classe II A – Não Inertes
São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I –
Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Os resíduos classe II A – Não
inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água.
Resíduos Classe II B – Inertes
São quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma
representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água
destilada ou deionizada, à temperatura ambiente não tiverem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
ABNT, 2004.

O trabalho com resíduos de produtos perigosos é fiscalizado pelo Ministério


do Meio Ambiente, que se preocupa com a legislação e a adequação desse
resíduo que será descartado e o modo como isso será feito, por meio de

107
https://analiticaqmcresiduos.paginas.ufsc.br/files/2014/07/Nbr-10004-2004-Classificacao-De-
Residuos-Solidos.pdf

347
incineração, inertização108 ou demais formas que o fabricante definir como ideal
para a eliminação desse material.

Os órgãos ambientais definem as normas e as estratégias da implementação


de programas e projetos relacionados ao gerenciamento de resíduos
perigosos, sempre tendo o cuidado de verificar qual produto está envolvido e
como deve ser corretamente descartado.

O transporte de resíduos perigosos é classificado como uma atividade de


risco em relação à preservação ambiental e à saúde humana. Por isso, existem
leis que orientam o setor de transporte nas ações corretas para evitar
contaminações.

Leis e normas que contêm determinações sobre resíduos:

• PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei n. 12.305/2010;


• NBR/ABNT 13.221/21 – estabelece os procedimentos gerais para o
transporte de resíduos sólidos;
• Resolução ANTT 5.947/21 – classificação de acordo com o número
ONU de cada resíduo, as tabelas de precedência de risco, o transporte
em quantidade limitada e identificada no documento fiscal, a
identificação das embalagens e sobre embalagens para que qualquer
um que manuseie o material saiba do que se trata.

A principal preocupação é a proteção às pessoas e ao meio ambiente,


procurando evitar a contaminação tanto do solo quanto do ar ou da água e
evitando danos ao planeta. Ao fazer essa proteção ambiental, protege-se
também o ser humano e os animais.

O contato do ser humano ou animais com esses resíduos pode acontecer da


seguinte maneira:

108Transformação de resíduos em material seco, inodoro e com baixa capacidade


contaminante.

348
Inalação
Absorção por meio da respiração – Gases tóxicos.
Absorção via pele
Absorção por meio da pele – Contato físico.
Ingestão
Absorção por meio do trato digestivo – Alimentos, bebidas e medicamentos.
Contato físico
Evento acidental com objetos pontiagudos tendo a perfuração da pele e
contato com a corrente sanguínea.

Alguns sintomas que podem aparecer quando há contato com resíduos de


produtos perigosos:
• dor de cabeça,
• mal-estar,
• tontura,
• falta de ar,
• desmaio,
• perda de consciência.

Em 13 de setembro de 1987, dois sucateiros encontraram nas ruínas do antigo


Instituto Goiano de Radioterapia (Goiânia) um equipamento contendo resíduos
de isótopo radioativo, que acabou exposto quando abriram o equipamento.
Muitas pessoas morreram e outras foram contaminadas também por
proximidade em quem tocou no produto. E foram apenas resíduos que
causaram esse grande mal.

Saiba Mais
Acesse a matéria sobre as consequências do acidente radioativo
em Goiânia publicada pela Revista Super Interessante109.

109
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-aconteceu-com-as-vitimas-do-acidente-
com-cesio-137-em-goiania/

349
Entre os diversos resíduos que podem causar contaminação, citamos o lixo
hospitalar, o chorume110, o descarte incorreto de embalagens de produtos
tóxicos, corrosivos, entre outros. Portanto você, condutor, precisa conhecer os
riscos que corre ao trabalhar com esses produtos ou seus resíduos e deve
procurar realizar ações de segurança, como usar os equipamentos de proteção
adequados, identificando o risco do produto e informando os responsáveis da
empresa sobre alguma condição incorreta encontrada, como embalagens
abertas ou vazamento.

A legislação pertinente relativa aos produtos que produzam resíduos e


apresentem riscos deve estar em conformidade com a NBR 13221111, que
especifica os requisitos para o transporte terrestre de resíduos, de modo a
evitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública (ABNT, 2021).

Considerando os riscos do transporte de resíduos ao meio ambiente e à


saúde pública, o Brasil tornou-se signatário112 da Convenção de Basileia, na
Suíça, em 22 de março de 1989. Um dos objetivos da Convenção foi promover
o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos perigosos. Esse
gerenciamento inclui a eliminação de resíduos, ou seja, a redução da sua
movimentação, evitando, assim, o risco de contaminação em caso de algum
acidente, vazamento ou perda de embalagens.

A redução da movimentação de resíduos é, inclusive, uma das medidas


propostas pela Convenção.

“A Convenção de Basileia sobre o Controle de


Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e
seu Depósito foi concluída em Basileia, Suíça, em 22 de
março de 1989. Ao aderir à Convenção, o governo

110 Chorume é um caldo escuro e ácido, de cheiro típico e desagradável, proveniente da


decomposição da matéria orgânica depositada nos grandes lixões e nos aterros sanitários.
www.significados.com.br
111 https://wp.ufpel.edu.br/residuos/files/2014/04/Abnt-Nbr-13221-Transporte-Terrestre-De-

Residuos.pdf
112 Aquele que assina ou subscreve um texto, um documento. Neste caso, o Brasil assinou um

documento junto com outros países pertencentes à ONU Organização das Nações Unidas.

350
brasileiro adotou um instrumento que considerava
positivo, uma vez que estabelece mecanismos
internacionais de controle desses movimentos, baseados
no princípio do consentimento prévio e explícito para a
importação, exportação e o trânsito de resíduos
perigosos. A Convenção procura coibir o tráfico ilegal e
prevê a intensificação da cooperação internacional para a
gestão ambientalmente adequada desses resíduos. A
convenção foi internalizada na íntegra por meio do
Decreto n. 875, de 19 de julho de 1993, sendo também
regulamentada pela Resolução Conama n. 452, 02 de
julho de 2012.”
Brasil, S.d.

O Ministério do Meio Ambiente descreveu essa convenção, que tem o objetivo


de
“promover o gerenciamento ambientalmente adequado
dos resíduos perigosos e outros resíduos internamente
nos países parte, para que com isto possa ser reduzida a
sua movimentação. Nesse sentido, diretrizes sobre o
gerenciamento ambientalmente adequado de alguns tipos
de resíduos são elaboradas e publicadas, servindo de
guia para os países. O Brasil coordenou a elaboração de
uma publicação sobre baterias usadas chumbo-ácido e,
recentemente, liderou a revisão do guia de pneus usados,
aprovado em outubro de 2011. Para esta e outras
atividades o trabalho é realizado em conjunto com o
IBAMA.”
Brasil, S.d.

Em 2003, foi promulgada a Emenda ao Anexo I e os Anexos VIII e IX à


Convenção de Basileia.

351
Também o Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama editou
a Resolução n. 23 de 12 de dezembro de 1996113, que aborda o tratamento a
ser dado aos resíduos de produtos perigosos. Essa Resolução

dispõe sobre as definições e o tratamento a ser dado aos


resíduos perigosos, conforme as normas adotadas pela
Convenção da Basiléia sobre o controle de Movimentos
Transfronteiriços de Resíduos perigosos e seu Depósito.
Brasil, 1996.

Essas legislações têm por finalidade a proteção à vida e ao meio ambiente,


como a Lei n. 12.305/2010114, que trata da Política Nacional de Resíduos
Sólidos.

Quando o resíduo perigoso for transportado, é importante verificar a


documentação necessária e a legislação para o transporte.

O documento que deve acompanhar a carga de transporte dos resíduos é


o Manifesto de Transporte de Resíduos-MTR, um formulário obrigatório para
o transporte de resíduos da fonte geradora até a sua destinação final. Ele é
composto por quatro vias e está vinculado ao Sistema de Manifesto de
Resíduos.

“Com a obrigatoriedade do MTR, o Brasil busca coibir o


transporte e tráfico ilegal de resíduos e prevê a
intensificação da cooperação internacional para a gestão
ambientalmente adequada de resíduos.
Mediante o MTR é possível conhecer e controlar a forma
de destinação dada pelo gerador, transportador e receptor
de resíduos.
Em cada folha do formulário é possível incluir até 5 (cinco)
tipos de resíduos. Entretanto, em alguns casos, um único

113 http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/resolucao_conama_n.23.pdf
114 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

352
tipo de resíduo pode ocupar todos os espaços da folha.
Portanto, para maior clareza, recomenda-se utilizar
quantas folhas forem necessárias.”

O que é manifesto de transporte de resíduos, disponível no


link115 acessado em 17/01/2022.

Também existe um checklist, uma ficha de inspeção de veículo que transporta


resíduo perigoso, com o objetivo de garantir que o resíduo perigoso seja
manuseado, transportado e destinado em local apropriado e que garanta a
segurança, evitando acidentes ambientais.

O checklist, no qual a empresa deverá informar qual tipo de resíduo perigoso


está sendo transportado, deve possuir uma identificação que possibilitará o
rastreamento do documento quando necessário. Para que esse resíduo seja
identificado e descartado, é necessário caracterizá-lo e classificá-lo antes da
destinação.

É necessário também informar, no checklist, o nome da transportadora, a placa


de identificação do caminhão, a documentação do condutor, se está em dia
tanto com sua habilitação quanto com o treinamento especializado para o
transporte de produtos perigosos e se a carga possui a Ficha de Informação de
Segurança para Produtos Químicos – FISPQ116.

As empresas também precisam informar o estado de saúde do condutor e se


este porta vestes adequadas e, inclusive, se tem os equipamentos de proteção
individual corretos, de acordo com a ficha de emergência.

No checklist, é necessário constar o estado de conservação do veículo e se


está equipado com o que a legislação exige.

115https://totumflex.com.br/postagem/o-que-e-manifesto-de-transportes-de-residuos
116FISPQ é uma sigla para identificar a, um documento criado para normalizar dados sobre a
propriedade de compostos químicos e misturas. Este registro foi elaborado pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Brasileira de número 14725-4.

353
Esses controles não são a única medida preventiva para evitar acidentes e
danos à saúde humana e ao meio ambiente, mas ajudam as empresas a
controlar o transporte de resíduos perigosos.

Assim, busca-se garantir o cuidado para com a vida, a sustentabilidade e a


preservação ambiental no processo produtivo e no transporte e
armazenamento.

Os riscos múltiplos

A mistura de substâncias ou o produto puro em si mesmo podem


apresentar riscos múltiplos, que precisam ser conhecidos e controlados para
não causar danos irreversíveis, como a morte de pessoas. Esses riscos podem
se ampliar se houver resíduos mal-acondicionados destinados a um local
incorreto, sem o descarte adequado, enfim, que ficam expostos a qualquer
pessoa, especialmente as que não conhecem nada sobre as consequências
causadas por esse material.

O crescimento das cidades estimula a necessidade e o consumo de


determinados produtos, o que faz com que a produção industrial aumente
muito. Com isso, por serem os produtos químicos consumidos por quase todas
as indústrias, seu fluxo de distribuição vem aumentando nas cidades. Muitos
desses produtos oferecem riscos à sociedade e ao meio ambiente.
Intensificando o consumo, geram-se resíduos e aumenta a exposição de
pessoas, cidades, empresas, instituições aos riscos ocasionados por eles.

Tipos de riscos

Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar


sua integridade e seu bem-estar físico e psíquico.

354
Riscos de acidentes
Máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e
explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc.
Riscos químicos
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos gases, neblinas, névoas ou
vapores, ou que seja, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter
contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Fonte: Fiocruz

O risco de um produto pode ser caracterizado quando essa substância ou


seus resíduos, por meio de exposição, embalagem, transporte, vazamento, são
nocivos ou parcialmente nocivos ao entrarem em contato com o ser humano,
com os animais e com a natureza, contaminando, causando males à saúde e à
vida de forma geral.

Portanto, o cuidado sobre os riscos (e são diversos) durante o manuseio e o


transporte de produtos perigosos é um tema de preocupação da própria
indústria, dos governos (que devem pensar no meio ambiente, nas possíveis
pessoas contaminadas, cidades etc.) e de quem recebe as embalagens vazias
e deve fazer a destinação correta.

Os produtos perigosos, como já estudamos em outra unidade, apresentam


riscos, principais e subsidiários, que são identificados pelo rótulo de risco,
tendo sua base de identificação determinada pela classificação das Nações
Unidas – ONU. Inclusive, estão proibidos de circular os veículos que
apresentem contaminação em seu interior, sem as respectivas documentação
e sinalização, que devem ser mantidas nas laterais dos veículos. Somente
após as operações de limpeza e completa descontaminação dos veículos e
equipamentos é que os rótulos de risco e os painéis de segurança podem
ser retirados.

355
Legislação sobre o transporte de resíduos

A legislação sobre o transporte ou manuseio de resíduos é definida por meio


de legislação específica e pretende minimizar ou acabar com riscos trazidos
pelo descarte inadequado de produtos que contenham algum contaminante,
como lixo hospitalar, resíduos radioativos, pilhas, baterias e outros materiais
relacionados aos metais pesados presentes na composição desses produtos,
como o lítio ou mercúrio, por exemplo.

As orientações sobre o tema encontram-se nos documentos a seguir:

• NBR 10.004/04 da ABNT117 – Classificação dos Resíduos Sólidos;


• ISO 14001118 – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos;
• Resolução n. 5947119, de 1º de junho de 2021, da Agência Nacional
de Transporte Terrestre (ANTT). Atualiza o Regulamento para o
Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova as suas
Instruções Complementares, e dá outras providências;
• Convenção de Basileia120 – Controle de Movimentos Transfronteiriços
de Resíduos Perigosos e seu Depósito - Basileia, Suíça, em 22 de
março de 1989;
• Resolução Conama n. 452121, de 2 de julho de 2012.
Regulamentações sobre a Convenção de Basileia;
• Norma CNEN-NN-5.01122 – para resíduo radioativo, estabelece
requisitos de segurança e proteção radiológica a serem atendidos
desde a origem até o destino final das remessas.

117 http://analiticaqmcresiduos.paginas.ufsc.br/files/2014/07/Nbr-10004-2004-Classificacao-De-
Residuos-Solidos.pdf
118 http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghislaine/iso-14001-2004.pdf
119

https://anttlegis.antt.gov.br/action/TematicaAction.php?acao=abrirVinculos&cotematica=145049
11&cod_menu=7760&cod_modulo=421
120 http://www.ibama.gov.br/residuos/importacao-exportacao/convencao-de-basileia
121 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=242957
122 http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm571.pdf

356
Seguindo o que trazem essas orientações, o condutor está protegendo o meio
ambiente quando da manipulação de resíduos de produtos perigosos,
procurando preservar do perigo as pessoas, os animais, enfim, o nosso
planeta.

Comportamento preventivo do condutor de resíduos

Como são diversos os tipos de produtos perigosos, seus riscos podem ser
múltiplos, e diversos também são os procedimentos em casos de emergência,
por isso é imprescindível que o condutor, antes de iniciar viagem, leia
atentamente a ficha de emergência dos produtos que está transportando. O
mesmo deverá ser feito, se possível, junto ao condutor que esteja envolvido em
um acidente. É importante também:

• Utilizar os equipamentos de segurança básicos no manuseio de


embalagens (que não são usados em caso de vazamentos),
indicados na ficha de emergência;
• Observar a forma correta de transporte das embalagens dos resíduos
(carrinhos, empilhadeiras etc...);
• Fazer a inspeção do veículo e equipamentos de transporte,
observando suas condições para receber a carga;
• Verificar se o veículo está limpo e descontaminado, em condições de
receber novo carregamento.

Agora que você já sabe o que fazer em caso de vazamento,


precisa compreender os procedimentos em caso de emergência.
Vamos lá!

Procedimentos em caso de emergência

Caso haja algum acidente com vazamento de produtos da Classe 9, adote


alguns cuidados como:

• isolar a área, afastar curiosos, ter bom senso para lidar com a situação;

357
• identificar o produto por meio do painel de segurança, o qual
apresenta um número com 4 algarismos. Esse número consta também
na nota fiscal, na ficha de emergência e na embalagem do produto;
• manter-se a uma distância segura do acidente, afastado do
derramamento, das fumaças, dos vapores ou dos gases;
• ficar de costas para o vento, se houver;
• informar o número do produto às equipes de emergência e às
autoridades;
• ligar imediatamente para Corpo de Bombeiros (fone 193) e informar
todos os detalhes que puder sobre os produtos:

▪ Nome do fabricante, transportador e destinatário;


▪ Localização exata da ocorrência, extensão dos danos, se há
vítimas e qual o estado delas;
▪ Características do produto, número da ONU e tipo do rótulo de
risco, tipo de embalagem e outras informações que achar
pertinentes;
▪ Condições do local, dificuldade de acesso, condições climáticas.

• não realizar qualquer ação sem estar preparado ou equipado;


• não arriscar a sua segurança, para não se tornar mais uma vítima.

Com isso, percebemos que na Classe 9 estão os produtos que apresentam


riscos não abrangidos pelas demais classes, de 1 a 8. Estão aqui
categorizados os produtos que oferecem elevados riscos de contaminação
ambiental, o que, por sua vez, pode ser muito prejudicial às pessoas, aos
animais e ao meio ambiente de modo geral.

Veja o resumo desta Unidade de Estudo123.

123 https://player.jmvstream.com/OPM8a830pTa7m6m4s04nkkA6K9qGmB/d011rg3w1n8n2ht

358
Chegamos ao final desta Unidade. Você estudou os conceitos, a
importância, o comportamento preventivo para a Classe 9, bem
como a manipulação de resíduos e os riscos múltiplos que podem
apresentar, além dos procedimentos em caso de emergência.
Com isso, concluímos o curso que trata sobre transporte de produtos
perigosos. O grande objetivo, além de se ter o conhecimento, é a proteção para
as pessoas, animais e meio ambiente. Que você, condutor de veículos de
transporte de produtos perigosos, tenha um ótimo desenvolvimento
profissional, realize seu trabalho com segurança e que também saiba tomar as
decisões corretas em caso de emergência, acidentes ou avarias. Sucesso!

Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004. Resíduos


Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. Disponível em:
<http://www.conhecer.org.br/download/RESIDUOS/leitura%20anexa%206.pdf>.
Acesso em: 30 nov. 2021.

_____. NBR 13221. Transporte terrestre de resíduos. Rio de Janeiro: ABNT,


2021. Disponível em: <https://www.normas.com.br/visualizar/abnt-nbr-
nm/6422/abnt-nbr13221-transporte-terrestre-de-produtos-perigosos-residuos>.
Acesso em: 30 nov. 2021.

_____. NBR ISO 14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental – Requisitos


com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BRASIL. Decreto n. 875, de 19 de julho de 1993. Promulga o texto da


Convenção sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos
Perigosos e seu Depósito. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 20 jul. 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0875.htm#_blank>. Acesso em:
30 nov. 2019.

_____. Decreto n. 4.581, de 27 de janeiro de 2003. Promulga a Emenda ao


Anexo I e Adoção dos Anexos VIII e IX à Convenção de Basileia sobre o
Controle do Movimento Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e seu

359
Depósito. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 jan.
2003. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4581.htm#_blank>. Acesso
em: 30 nov. 2021.

_____. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento para


o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 maio
1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
30 nov. 2021.

_____. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de


Resíduos Sólidos; altera a Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 ago.
2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 30 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.


3.632, de 9 de fevereiro de 2011. Altera o Anexo da Resolução n. 420, de 12
de fevereiro de 2004, que aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 fev. 2011. Disponível em:
<https://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=216365>.
Acesso em: 30 nov. 2021.

_____. Resolução n. 3.665, de 4 de maio de 2011. Atualiza o Regulamento


para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 maio 2011. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=114301>. Acesso em: 30 nov.
2021.

_____. Resolução n. 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções


Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos
Perigosos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 16 dez. 2016. Disponível em:
<https://anttlegis.datalegis.inf.br/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPu

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blico&num_ato=00005232&sgl_tipo=RES&sgl_orgao=DG/ANTT/MTPA&vlr_an
o=2016&seq_ato=000>. Acesso em: 30 nov. 2021.

BRASIL. ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Resolução n.


5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 16 dez.
2016. Disponível em:
<http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/50082/Resolucao_n5232.html>
. Acesso em: 30 nov. 2021.

BRASIL. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 23,


de 12 de dezembro de 1996. Dispõe sobre as definições e o tratamento a ser
dado aos resíduos perigosos, conforme as normas adotadas pela Convenção
da Basiléia sobre o controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos
perigosos e seu Depósito. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
20 jan. 1997. Disponível em:
<http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/resolucao_conama_n.23.pdf>.
Acesso em: 30 nov. 2021.

_____. Resolução Conama n. 452, de 2 de julho de 2012. Dispõe sobre os


procedimentos de controle da importação de resíduos, conforme as normas
adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos
Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 4 jul. 2012. Disponível em:
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=676>. Acesso em:
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Convenção da Basileia [Basileia, Suíça,


22 mar. 1989] – Controle de movimentos transfronteiriços de resíduos
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<http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/convencao-
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BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. CNEN – Comissão


Nacional de Energia Nuclear. Resolução CNEN 013/88. Norma CNEN-NE-5.01
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361
radiológica a serem atendidos desde a origem até o destino final das
remessas. Diário Oficial da União, 1 ago. 1988. Disponível em:
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FREITAS, C. M. de; AMORIM, A. E. Vigilância ambiental em saúde de


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O QUE É Manifesto de Transportes de Resíduos? VGResíduos, 22 mar. 2017.


Disponível em: <https://www.vgresiduos.com.br/blog/o-que-e-manifesto-de-
transportes-de-residuos/>. Acesso em: 30 nov. 2021.

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Créditos

O Curso Especializado para Condutores de Veículos de Transporte de


Produtos

Perigosos é uma obra coletiva produzida pelo IBACBRASIL – Tecnologias


Educacionais Ltda., CNPJ/MF n. 05.974.557/0001-47. Todos os direitos
reservados.

Análise de conteúdo: Lúcio Fernando Linhares Machado.

Equipe de Produção: Luciane Lippmann, Lucienne Lautenschlager, Lúcio


Fernando Linhares Machado.

Ilustrações e Vídeos: Natasha Satie Melnick.

Voz: Larissa Scramin.

Diagramação: Danilo Oliveira de Araujo.

Revisão de Texto: Caibar Pereira.

Revisão Pedagógica: Luciane Lippmann, Lucienne Lautenschlager.

Coordenação Geral: IBACBRASIL – Tecnologias Educacionais Ltda.

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