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MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DO TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE CARGAS
(Política Nacional de Pisos Mínimos, Pagamento Eletrônico de Frete, Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas e Vale-Pedágio obrigatório )

Coordenação de Padronização da Fiscalização de Transporte e Trânsito


Gerência de Fiscalização
Superintendência de Fiscalização de Serviços de Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT

Coordenação de Padronização da Fiscalização de Transporte e


Trânsito—COPAT
Gerência de Fiscalização—GEFIS
Superintendência de Fiscalização de Serviços de Transporte
Rodoviário de Cargas e Passageiros—SUFIS

DIAGRAMAÇÃO
Assessoria de Comunicação ANTT
Coordenação de Padronização da Fiscalização de Transporte e
Trânsito—COPAT

AUTORES:
Andrei Rodrigues, João Marcelo Carneiro e Marcelo Bavier Mar-
cos

Colaboradores: Alexandre Garrone de Carvalho, André Luis Fer-


reira Borde, Ana Paula Moreira da Silva, André Amâncio Trajano,
Cristiana Schmitt Stringuini, Éder Pereira da Silva, Jader Cesar de
Menezes e Silva, Jefferson Fabrício Girão da Silva, Joaquim Fa-
gundes Silva, Katia Regina Klimkowski da Silveira, Leonardo Sid-
ney da Silva Lula Pereira, Lucas Matheus de Castro Souza, Marcli-
ce Souza dos Santos, Matheus Santos Picinatti, Otto Amaury de
Carvalho Alves, Paulo Henrique da Silva Moreira, Sabrina Scholte
Reis Gonçalves, Samuel José Guizo ,Sepé Tiaraju Vargas, Walter
Onório Pacheco

FICHA CATALOGRÁFICA
Superintendência de Fiscalização de Serviços de Transporte Rodoviário
de Cargas e Passageiros—SUFIS (2022) Manual de fiscalização do trans-
porte rodoviário de cargas, Brasília-DF, ANTT, 57p
MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DO TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGAS
(Política Nacional de Pisos Mínimos, Pagamento Eletrônico de Frete, Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas e Vale-Pedágio obrigatório )

CAMPO DE APLICAÇÃO:
Público Interno

1ª EDIÇÃO - BRASÍLIA
MARÇO DE2022
Referências

Leis, Decretos, Resoluções, Ajustes e Súmulas referências para a


fiscalização desenvolvida pela ANTT.

Lei nº 10.209/2001

Lei nº 10.233/2001

Lei nº 11.442/2002

Lei nº 13.703/2018

Decreto nº 3.525/2000

Resolução ANTT nº 2.885/2008

Resolução ANTT nº 3.658/2011

Resolução ANTT nº 4.799/2015

Resolução ANTT nº 5.862/2019

Resolução ANTT nº 5.867/2020

Súmula ANTT nº 06/2020

Ajuste SINIEF nº 09/2007


Manual de Fiscalização do Transporte Rodoviário Internacional de Passageiros 3ª Edição 2022

INTRODUÇÃO
A Agência Nacional de Transportes Terres-
tres – ANTT, entidade integrante da Adminis-
tração Federal indireta, foi criada pela Lei nº
10.233, de 05 de junho de 2001, regulamen-
tada pelo Decreto nº 4.130, de 13 de feverei-
ro de 2002, tem como objetivo implementar
políticas e regular ou supervisionar as ativida-
des de prestação de serviços de transportes
exercidas por terceiros no âmbito de sua es-
fera de atuação e atribuições. É dever da
ANTT, como órgão regulador, zelar pela obe-
diência às normas vigentes e adequada pres-
tação dos serviços aos usuários, bem como
buscar a harmonia entre estes, o Estado e os
prestadores de serviço.

Quanto ao Transporte Rodoviário de Car-


gas—TRC, a ANTT possui competência para
atuar em quatro grandes frentes regulatórias,
sendo: Piso Mínimo do Frete - PMF, Paga-
mento Eletrônico do Frete - PEF, Vale-
Pedágio Obrigatório - VPo, Registro Nacional
do Transportador Rodoviário de Cargas -
RNTRC e Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos - TRPP.

Apesar da atuação no controle de peso, a


ANTT atua como órgão executivo do Sistema
Nacional de Trânsito - SNT, não tendo atribui-
ções legais para regulamentar o tema.

No presente Manual serão tratados os aspec-


tos referentes ao PMF, PEF e VPo, ficando o
TRPP em uma material exclusivo, devido sua
complexidade e volumoso material.
Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

SUMÁRIO

1 POLÍTICA NACIONAL DE PISOS MÍNIMOS .................................................. 9


1.1 Fundamentação legal ................................................................................... 9
1.1.1 Histórico da legislação ............................................................................ 9
1.1.2 Escopo da regulamentação ...................................................................10
1.2 Definições ...................................................................................................12
1.3 Metodologia, aplicação e cálculo dos pisos mínimos ..................................13
1.4 Considerações importantes .........................................................................16
1.4.1 Documentação que acoberta a Operação de Transporte ......................16
1.4.2 Transporte rodoviário de carga própria ..................................................18
1.4.3 Transporte rodoviário com mais de um contratante ...............................18
1.4.4 Transporte rodoviário internacional........................................................18
1.5 Infrações aplicáveis .....................................................................................21

2 PAGAMENTO ELETRÔNICO DE FRETE .....................................................22


2.1 Conceitos empregados neste Capítulo ....................................................22
2.2 Orientações gerais ......................................................................................23
2.2.1 Obrigatoriedade do CIOT .......................................................................23
2.2.2 Pagamento do frete ...............................................................................24
2.2.3 Cadastro da Operação de Transporte e geração do CIOT ....................25
2.2.4 Consulta pública do PEF .......................................................................25
2.2.5 Pernada Nacional ..................................................................................26
2.3 Identificação das partes ..............................................................................26
2.4 Infrações aplicáveis .....................................................................................27

3 REGISTRO NACIONAL DE TRANSPORTADORES RODOVIÁRIOS DE


CARGAS ................................................................................................................29
3.1 Conceitos empregados neste Capítulo .......................................................29
3.2 Orientações gerais ......................................................................................31
3.2.1 Inscrição no RNTRC ..............................................................................31

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

3.2.2 Documentação obrigatória .....................................................................31


3.2.3 Consulta pública do RNTRC ..................................................................32
3.2.4 Pernada Nacional ..................................................................................33
3.2.5 RNTRC Digital .......................................................................................33
3.3 Identificação das partes ..............................................................................33
3.4 Infrações aplicáveis .....................................................................................34

4 VALE-PEDÁGIO OBRIGATÓRIO ..................................................................37


4.1 Fundamentação legal ..................................................................................37
4.1.1 Histórico da legislação ...........................................................................37
4.1.2 Instrumentos legais aplicáveis ...............................................................38
4.1.3 Demais instrumentos legais aplicáveis ..................................................39
4.1.4 Escopo da regulamentação ...................................................................39
4.2 Legislação ...................................................................................................40
4.2.1 Documentação que acoberta a Operação de Transporte ......................40
4.2.2 Regras Gerais ........................................................................................43
4.2.3 Considerações importantes ...................................................................44
4.2.3.1 Do embarcador................................................................................44
4.2.3.1.1 Caracterização do embarcador ...................................................44
4.2.3.1.2 Casos de equiparação ao embarcador:.......................................45
4.2.3.1.3 Caso em que o infrator é o destinatário da carga ........................45
4.2.3.1.4 Das responsabilidades do embarcador .......................................45
4.2.3.2 Da não obrigatoriedade de antecipação do Vale-Pedágio ..............46
4.2.3.2.1 Transporte rodoviário de carga própria .......................................46
4.2.3.2.2 Transporte rodoviário com mais de um embarcador ...................46
4.2.3.2.3 Transporte rodoviário internacional .............................................47
4.2.4 Das operadoras de rodovias sob pedágio .............................................49
4.2.5 Das empresas habilitadas ao fornecimento do Vale-Pedágio ................49
4.2.6 Sistemática de comercialização do Vale-Pedágio .................................50
4.3 Infrações aplicáveis .....................................................................................51

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Infrações Piso Mínimo do Frete ...............................................................21


Tabela 2 – Infrações Pagamento Eletrônico do Frete - PEF .....................................27
Tabela 3 – Infrações RNTRC ....................................................................................34

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Tabela 4 – Infrações Vale-Pedágio Obrigatório .........................................................51

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo Nota Fiscal ...................................................................................19


Figura 2 – Identificação do transporte internacional ..................................................48
Figura 3 – Exemplo de DANFE .................................................................................54
Figura 4 – Exemplo de DACTE .................................................................................55
Figura 5 – Exemplo de DACTE (2) ............................................................................56
Figura 6 – Modelo de DAMDFE.................................................................................57

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

1 POLÍTICA NACIONAL DE PISOS MÍNIMOS

1.1 Fundamentação legal

1.1.1 Histórico da legislação

A Política Nacional de Pisos Mínimos de Transporte Rodoviário de Cargas - PNPM-


TRC foi criada pelo Governo Federal em resposta à manifestação dos caminhoneiros, ocorrida
em maio de 2018. Foi instituída, inicialmente, com a publicação da Medida Provisória nº 832,
de 27 de maio de 2018, objetivando “promover condições razoáveis à realização de fretes no
território nacional, de forma a proporcionar a adequada retribuição ao serviço prestado”.
Posteriormente, em 08 de agosto de 2018, a mencionada medida provisória foi convertida na
Lei nº 13.703/2018.
A Lei nº 13.703/2018 atribuiu à ANTT a função de regular o assunto, determinando a
publicação de norma estabelecendo os pisos mínimos referentes ao quilômetro rodado na
realização de fretes, por eixo carregado, consideradas as distâncias e as especificidades das
cargas definidas no art. 3º da Lei.
Em decorrência da previsão legal, foi publicada a Resolução ANTT nº 5.820/2018, que
estabeleceu metodologia a ser aplicada no cálculo e publicou a tabela com os pisos mínimos de
fretes referentes ao quilômetro rodado na realização de frete, por eixo carregado, para diferentes
tipos de carga (geral, a granel, frigorificada, perigosa e neogranel). Tal Resolução foi submetida
a algumas alterações pontuais por meio da Resolução ANTT nº 5.827/2018, Resolução ANTT
nº 5.828/2018, Resolução ANTT nº 5.833/2018, Resolução ANTT nº 5.835/2018 e Resolução
ANTT nº 5.839/2019. Algumas dessas alterações ocorreram em razão do art. 5° da Lei nº
13.703/2018, que deixou a cargo da ANTT a atualização dos valores dos pisos mínimos sempre
que houver oscilação superior a 10% no preço do óleo diesel. Por sua vez, a Resolução ANTT
nº 5.833/2018 incluiu na Resolução ANTT nº 5.820/2018 as medidas punitivas para os casos
de descumprimento dos pisos mínimos.
A Lei nº 13.703/2018 ainda estabeleceu que a publicação dos pisos e da planilha de
cálculo ocorrerá até os dias 20 de janeiro e 20 de julho de cada ano, e os valores serão válidos
para o semestre em que a norma for editada. Adicionalmente, a mencionada Lei reforça que o
processo de fixação dos pisos mínimos deverá ser técnico, ter ampla publicidade e contar com
a participação dos representantes dos embarcadores, dos contratantes dos fretes, das

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

cooperativas de transporte de cargas, dos sindicatos de empresas de transportes e de


transportadores autônomos de cargas.
Nesse contexto, a ANTT contratou a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz -
FEALQ, entidade vinculada à Universidade de São Paulo-USP, para a execução do projeto de
“revisão de metodologia de definição, monitoramento e atualização de dados e informações
com vistas à implementação da política nacional de pisos mínimos do transporte rodoviário de
cargas e à adequação da tabela de fretes”. Essa entidade, que foi contratada para 3 ciclos
regulatórios (20/07/2019, 20/01/2020 e 20/07/2020), realizou estudos, pesquisas e consultas aos
agentes de mercado, para estabelecer novas minutas de resolução, composta de regras gerais,
metodologia, parâmetros operacionais e mercadológicos para cálculo dos pisos mínimo de frete,
em atendimento ao disposto no art. 6º da Lei nº 13.703/2018 para os ciclos regulatórios que se
encerraram em 20/07/2019 (1º Ciclo Regulatório), 20/01/2020 (2º Ciclo Regulatório) e
20/07/2020 (3º Ciclo Regulatório).
Também em atendimento ao art. 6º, que estabelece a participação de diferentes agentes
de mercado, as minutas de resolução dos 1º, 2º e 3º Ciclos Regulatórios foram submetidas,
respectivamente, à Audiência Pública nº 002/2019, à Audiência Pública nº 017/2019 e à
Consulta Pública nº 001/2020 que tiveram por objetivo colher contribuições com vistas ao
estabelecimento das regras gerais, da metodologia e dos indicadores dos pisos mínimos,
referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes, por eixo carregado, instituído pela
PNPM-TRC.
Ao fim dos processos de participação e controle social mencionados, que observaram o
disposto na Resolução ANTT nº 5.624/2017, a ANTT publicou Resolução ANTT nº
5.867/2020, com as regras gerais, a metodologia e os coeficientes dos pisos mínimos, referentes
ao quilômetro rodado na realização do serviço de transporte rodoviário remunerado de cargas,
por eixo carregado.

1.1.2 Escopo da regulamentação

A Resolução ANTT nº 5.867/2020 estabelece as regras gerais, a metodologia e os


coeficientes dos pisos mínimos, referentes ao quilômetro rodado na realização do serviço de
transporte rodoviário remunerado de cargas, por eixo carregado, instituído pela Política
Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas - PNPM-TRC.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Assim, o primeiro aspecto do alcance da legislação já foi definido: Transporte


Rodoviário Remunerado de Cargas-TRRC. Outros dois aspectos podem ser observados através
da análise da metodologia utilizada nos cálculos dos pisos mínimos de frete (Anexo I da referida
Resolução):
➢ Uso de veículos movidos a diesel; e
➢ Realização de operações de Transporte Rodoviário de Carga Lotação.

Portanto, para facilitar o entendimento, podemos enumerar as situações em que não se


aplicam as disposições referentes à PNPM-TRC:
➢ Operações de Transporte Rodoviário de Carga Própria-TCP;
➢ Operações de Transporte Rodoviário Internacional de Cargas-TRIC;
➢ Operações de Transporte Rodoviário Remunerado de Cargas-TRRC, quando:

• Executadas com veículos movidos a combustível diferentes do diesel;


• Envolvendo mais de um contratante;
• Envolvendo mais de um par origem e destino; ou
• Acobertadas por mais de um Conhecimento de Transporte ou Nota Fiscal (de
prestação de serviço).

Desta forma, o campo de aplicação da legislação referente ao Piso Mínimo de Frete é o


serviço de Transporte Rodoviário Nacional Remunerado de Cargas, que cumpram os seguintes
requisitos:
➢ Objeto de um único contrato de transporte (sejam celebrados por pessoa física,
pessoa jurídica ou equiparados, inclusive em casos de subcontratação);
➢ Envolvendo um único contratante da totalidade da capacidade de carga da
composição veicular (inclusive as entidades privadas, os órgãos da
administração pública direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.);
➢ Entre um par origem e destino; e
➢ Acobertado por um único Conhecimento de Transporte ou Nota Fiscal (de
prestação de serviço).

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

1.2 Definições

• Carga geral: a carga embarcada e transportada com acondicionamento, com marca de


identificação e com contagem de unidades;
• Carga geral perigosa: carga geral que contenha produto classificado como perigoso para
fins de transporte ou represente risco para a saúde de pessoas, para a segurança pública
ou para o meio ambiente;
• Carga líquida a granel: a carga líquida embarcada e transportada sem acondicionamento,
sem marca de identificação e sem contagem de unidades;
• Carga líquida perigosa a granel: a carga líquida a granel que seja classificada como
perigosa para fins de transporte ou represente risco para a saúde de pessoas, para a
segurança pública ou para o meio ambiente;
• Carga sólida a granel: a carga sólida embarcada e transportada sem acondicionamento,
sem marca de identificação e sem contagem de unidades;
• Carga sólida perigosa a granel: a carga sólida a granel que seja classificada como
perigosa para fins de transporte ou represente risco para a saúde de pessoas, para a
segurança pública ou para o meio ambiente;
• Carga frigorificada: a carga que necessita ser refrigerada ou congelada para conservar
as qualidades essenciais do produto transportado;
• Carga frigorificada perigosa: a carga frigorificada que seja classificada como perigosa
para fins de transporte ou represente risco para a saúde de pessoas, para a segurança
pública ou para o meio ambiente;
• Carga neogranel: a carga formada por conglomerados homogêneos de mercadorias, de
carga geral, sem acondicionamento específico cujo volume ou quantidade possibilite o
transporte em lotes, em um único embarque;
• Carga conteinerizada: a carga embarcada e transportada no interior de contêineres;
• Carga conteinerizada perigosa: a carga conteinerizada que seja classificada como
perigosa para fins de transporte ou represente risco para a saúde de pessoas, para a
segurança pública ou para o meio ambiente;
• Carga a granel pressurizada: a carga sólida embarcada e transportada sem
acondicionamento, sem marca de identificação e sem contagem de unidades, com a
descarga pressurizada;

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

• Composição veicular: conjunto formado pelo veículo automotor de carga e um ou mais


implementos rodoviários;
• Frete: pagamento realizado ao transportador rodoviário de cargas, inscrito no Registro
Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC, referente ao serviço de
transporte para a movimentação de cargas realizado em vias públicas, no território
nacional, por conta de terceiros, com origem e destino fixados em contrato;
• Implemento rodoviário: veículo rebocado acoplável a um veículo de tração ou
equipamento veicular complemento de veículo automotor;
• Operação de transporte de alto desempenho: operação de transporte, especificada em
contrato, com utilização de veículos de frotas dedicadas ou fidelizadas, para transporte
das cargas definidas nos incisos de I à XII, em 2 (dois) ou 3 (três) turnos, respeitadas as
legislações trabalhista e de trânsito, com tempo total de carga e descarga de até três
horas, na qual o contratante se responsabiliza tanto pelo carregamento, quanto pelo
descarregamento da carga;
• Tempo de carga e descarga: o tempo total em que o veículo realiza os procedimentos de
carga e descarga, incluindo o tempo de pesagem, tempo de checagem e liberação de
documentos;
• Transporte rodoviário de carga lotação: serviço de transporte objeto de um único
contrato de transpor-te, envolvendo um único contratante da totalidade da capacidade
de carga da composição veicular, entre um par origem e destino e acobertado por um
único Conhecimento de Transporte ou Nota Fiscal; e
• Veículo automotor de carga: equipamento autopropelido destinado ao transporte
rodoviário de cargas ou a unidade de tração homologada para tracionar implementos
rodoviários em vias públicas.

1.3 Metodologia, aplicação e cálculo dos pisos mínimos

A tabela com os coeficientes de pisos mínimos referentes ao quilômetro rodado na


realização de fretes consta no ANEXO II da Resolução ANTT 5867/20, obtidos a partir da
aplicação da metodologia constante no ANEXO I da mesma resolução.
Atenção - Não integram o cálculo do piso mínimo:
I - Lucro;
II - Pedágio;

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1ª Edição 2022

III - valores relacionados às movimentações logísticas complementares ao


transporte rodoviário de cargas com uso de contêineres e de frotas dedicadas ou
fidelizadas, porém o pagamento do retorno vazio é obrigatório para o transporte
de contêineres e nos casos de veículos de frotas específicas, dedicados ou
fidelizados por razões sanitárias ou submetidos a certificações que delimitem o
tipo de produto que pode ser transportado. O pagamento do retorno vazio
obrigatório deverá ser calculado como sendo 92% (noventa e dois por cento) do
valor do coeficiente de custo de deslocamento (CCD) da composição veicular
utilizada multiplicado pela distância de retorno, conforme fixado em contrato; e
IV - Despesas de administração, tributos, taxas e outros itens não previstos no
ANEXO I da Resolução ANTT 5867/20.
Para compor o valor final do frete a ser pago ao transportador, deverão ser negociados
os valores dos incisos I, III e IV, citados acima.
O valor do pedágio, quando houver, deverá ser obrigatoriamente acrescido aos pisos
mínimos, devendo o pagamento ser realizado na forma da Lei nº 10.209, de 23 de março de
2001, e regulamentação vigente.
A PNPM-TRC considera a totalidade de eixos da composição do veículo que será
utilizado na operação de transporte, suspensos ou não.
Para o caso de operações de Transporte Rodoviário de Carga Lotação em que sejam
transportadas cargas distintas, sujeitas à classificação em mais de um tipo de carga, deverá ser
considerada aquela que resulte em maior valor.
Os pisos mínimos de frete devem ser calculados por meio dos coeficientes de
deslocamento (CCD) e dos coeficientes de carga e descarga (CC).
Para o caso de operações de Transporte Rodoviário de Carga Lotação, calcula-se o valor
do piso mínimo de frete pela multiplicação da distância (d) pelo coeficiente de deslocamento
(CCD), somado ao coeficiente de carga e descarga (CC), onde:
I - Distância (d): distância percorrida entre a origem e o destino, em quilômetros;
II - Coeficiente de custo de deslocamento (CCD): coeficiente de custo de
deslocamento, em reais/quilômetro; e
III - Coeficiente de custo de carga e descarga (CC): coeficiente de custo de carga
e descarga, em reais.
Para casos mais específicos de operação em que haja a contratação apenas do veículo
automotor de cargas, operação de transporte de alto desempenho ou operação em que haja a
contratação apenas do veículo automotor de cargas com operação de Alto Desempenho,

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

calcula-se o valor do piso mínimo de frete pelo mesmo método citado acima, utilizando-se dos
coeficientes de custo específico para cada caso e o número de eixos da composição veicular.
Caso a Combinação Veicular de Carga possua número de eixos não previstos no
regulamento, calcula-se o valor do piso mínimo de frete utilizando-se a quantidade de eixos
imediatamente inferior, ou superior, no caso de não existir quantidade de eixos imediatamente
inferior, aplicando-se o mesmo princípio no caso da contratação de veículo automotor de
cargas.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

1.4 Considerações importantes

1.4.1 Documentação que acoberta a Operação de Transporte

Os documentos que podem acobertar as operações do Transporte Rodoviário


Remunerado de Cargas estão estabelecidos na Resolução ANTT nº 4799/2015, que, através do
seu Artigo 22, definiu que:
“Art. 22. Na realização do transporte rodoviário de cargas é obrigatória a
emissão do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais- MDF-e, como
documento que caracteriza a operação de transporte, as obrigações e as
responsabilidades das partes e a natureza fiscal da operação, respeitado o art.
744 do Código Civil.
...
§ 2º O Documento Auxiliar do Manifesto de Documentos Fiscais-DAMDFE,
correspondente ao MDF-e deverá ser impresso para acompanhar a carga desde
o início da viagem.
§ 3º Será obrigatória a emissão de Conhecimento ou Contrato de Transporte
como documento que caracteriza a operação de transporte nos termos
estabelecidos no caput apenas nos casos em que é vedada pela legislação a
emissão de MDF-e.
§ 4º O contrato, quando utilizado como documento que caracteriza a operação
de transporte é de porte obrigatório na prestação do serviço de transporte
rodoviário remunerado de cargas durante toda a viagem ou, no caso de utilização
do Conhecimento de Transporte Eletrônico, é de porte obrigatório o Documento
Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico.”
Assim, conforme explicitado acima, durante o transporte rodoviário remunerado de
cargas, o DAM-DFE deverá seguir junto com a carga. Na impossibilidade de emissão do MDF-
e (e, consequentemente, do DAMDFE), o Contrato de Transporte ou o DACTE (Documento
Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico) poderão substituí-lo, como documento
que caracteriza a operação de transporte.
Além disso, a Resolução ANTT nº 4799/2015, por meio do seu o Artigo 23, define quais
as informações mínimas que deverão constar no documento que caracteriza a operação de
transporte. Vejamos:

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

“Art. 23. O documento que caracteriza a operação de transporte deverá ser


emitido antes do início da viagem contendo, no mínimo, as seguintes
informações:
I - nome, razão ou denominação social, CPF ou CNPJ, número do RNTRC e o
endereço do transportador emitente e dos subcontratados, se houver;
II - nome, razão ou denominação social, CPF ou CNPJ, e endereço do
embarcador, do destinatário e do consignatário da carga, se houver;
III - nome(s) e CPF do motorista(s);
IV - placa e RENAVAM do veículo automotor de cargas e, quando houver, dos
implementos rodoviários;
V - data e horário previstos para o início da viagem;
VI - endereço do local onde o transportador receberá e entregará a carga;
VII - descrição da natureza da carga, a quantidade de volumes ou de peças e o
seu peso bruto, seu acondicionamento, marcas particulares e números de
identificação da embalagem ou da própria carga, quando não embalada ou o
número da Nota Fiscal, ou das Notas Fiscais, no caso de carga fracionada;
VIII - valor do frete, com a indicação do responsável pelo seu pagamento;
IX - valor do Vale-Pedágio obrigatório desde a origem até o destino, se for o
caso;
X - identificação da seguradora e o número da apólice do seguro e de sua
averbação, quando for o caso;
XI - condições especiais de transporte, se existirem;
XII - local e data da emissão do documento, e
XIII - Código Identificador da Operação de Transporte, conforme a
regulamentação do art. 5º-A da Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007.
XIV - Autorização de acesso ao arquivo digital do documento, conforme
previsto no art. 22, §1º desta Resolução.
Parágrafo único. Para fins de fiscalização da ANTT, em caso de emissão de
documento fiscal para caracterizar a operação de transporte, as informações a
que se refere este artigo poderão ser verificadas em mais de um documento
fiscal.”

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

1.4.2 Transporte rodoviário de carga própria

O transporte de carga própria é aquele transporte não remunerado, realizado por pessoa
física ou jurídica, efetuado com veículos de sua propriedade ou na sua posse, e que se aplique
exclusivamente a cargas para uso ou consumo próprio ou distribuição dos produtos por ela
produzidos ou comercializados.
Caracteriza-se transporte de carga própria quando a Nota Fiscal da carga tem como
emitente ou como destinatário a empresa, a entidade ou o indivíduo proprietário, o
coproprietário ou o arrendatário do veículo automotor de carga. O responsável pelo frete
indicado na nota fiscal não deve divergir do proprietário, coproprietário ou arrendatário do
veículo automotor de carga.

1.4.3 Transporte rodoviário com mais de um contratante

A existência de mais de um contratante do serviço de transporte, ou seja, quando existe


mais de um documento de embarque, e que haja mais de uma pessoa (física ou jurídica,
embarcador ou equiparado) pagando frete. Nessa situação, não se aplicam as disposições
referentes à PNPM-TRC.

1.4.4 Transporte rodoviário internacional

Como já foi dito, as disposições da PNPM não se aplicam ao Transporte Rodoviário


Internacional de Cargas-TRIC, A prestação do serviço de “Transporte Rodoviário Internacional
de Cargas”, conforme definição contida na Resolução ANTT 5840/19, consiste em operação de
transporte realizada sob a responsabilidade de transportador autorizado, de forma regular ou
ocasional, cuja carga seja destinada à exportação ou importação, que tenha como origem ou
destino território de país estrangeiro, e que seja amparada por um Conhecimento Internacional
de Transporte Rodoviário - CRT.

Caso o condutor esteja portando apenas a Nota Fiscal ou o DANFE (referente à


mercadoria), pode-se verificar o preenchimento do Código Fiscal da Operação e Prestação-
CFOP nesses documentos:

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Figura 1 – Modelo Nota Fiscal

• Se o CFOP não iniciar com os algarismos 3 ou 7, está descartada a possibilidade de


Transporte Rodoviário Internacional de Cargas. Ou seja, a mercadoria não está saindo
ou chegando ao Brasil.
• Se o CFOP for iniciado com os algarismos 3 (entradas ou aquisições de serviços do
exterior) ou 7 (saídas ou prestações de serviços para o exterior) significa que a operação
de transporte é internacional. Entretanto, existem situações em que podemos nos deparar
com o CFOP iniciado por 3 ou 7, mas o documento de transporte ser um DACTE, o que
pode, por exemplo, representar mercadorias que ingressaram ou que vão sair do Brasil
pelos portos ou aeroportos, o que não garante que o modal terrestre da operação seja
internacional. Assim, neste caso, é fundamental que se tenha acesso ao documento que
acoberta a operação de transporte, pois para garantir que se esteja diante de um caso de
TRIC é necessário que tal documento seja um CRT e não um DACTE (transporte
nacional).

Atenção: “Pernada Nacional”


Com a edição da Súmula ANTT nº 06/2020 foi autorizada a realização da operação
conhecida como “pernada nacional”. Esta operação é aquela em que um transportador,
devidamente habilitado ao TRIC, subcontrata um veículo de terceiro (não habilitado ao TRIC)
para operar apenas no trecho “doméstico” da viagem.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Esta operação é permitida somente para transportadores subcontratantes brasileiros.


Assim, para que cumpra os requisitos obrigatórios dos regulamentos da ANTT, o transportador
subcontratante deverá ainda cumprir com todas as obrigações previstas pela legislação nacional
de transporte para este trecho doméstico, quais sejam:

➢ Emissão de documentação que ampare a operação de transporte do trecho nacional


(DAMDFE e/ou DACTE), conforme exigido pelo regulamento do RNTRC;
➢ Observância às normas do Pagamento Eletrônico do Frete;
➢ Observância aos valores de frete adequados àqueles estabelecidos pela PNPM-TRC; e
➢ Adiantamento do Vale-Pedágio obrigatório.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

1.5 Infrações aplicáveis

A fiscalização da Política Nacional de Pisos mínimos do Transporte Rodoviário de


Cargas ocorre simultaneamente à inspeção do RNTRC. Assim, o Auto de Infração,
independentemente do modal fiscalizado, deverá ser lavrado para cada transgressão.
Caso o infrator cometa mais de uma infração, deverão ser lavrados tantos Autos quantas
forem as infrações cometidas.

São considerados infratores sujeitos a multa:


Tabela 1 – Infrações Piso Mínimo do Frete
Infrator Amparo Legal / Descrição da Infração Outras informações
Código
CONTRATANTE ART. 09 INCISO I O CONTRATANTE QUE CONTRATAR O MULTA NO VALOR DE
RES. ANTT 5867/20 SERVI-ÇO DE TRANSPORTE DUAS VEZES A DIFERENÇA
Código 9010 RODOVIÁRIO DE CARGA ABAIXO DO ENTRE O VALOR PAGO E O
PISO MÍNIMO ESTABELECIDO PELA PISO DEVIDO COM BASE
ANTT NA RE-SOLUÇÃO,
LIMITADA AO MÍNIMO DE
R$ 550,00 E AO MÁXIMO DE
R$ 10.500,00
CONTRATANTE ART. 09 INCISO IV O CONTRATANTE QUE CONTRATAR A MULTA NO VALOR DE
RES. ANTT 5867/20 OPERA-ÇÃO DE TRANSPORTE DE DUAS VEZES A DIFERENÇA
Código 9040 ALTO DESEMPENHO E NÃO TIVER OU ENTRE O VALOR PAGO E O
NÃO APRESENTAR REGIS-TROS OU PISO DEVIDO COM BASE
DOCUMENTOS QUE COMPROVEM QUE NESTA RESOLUÇÃO, LIMI-
A OPERAÇÃO É COMPATÍVEL COM O TADA AO MÍNIMO DE R$
CONCEITO DO INCISO XVI DO ART. 2º 550,00 E AO MÁXIMO DE R$
10.500,00.
CONTRATANTE ART. 09 INCISO III OS CONTRATANTES, MULTA DE R$ 5.000,00
TRANSPORTADOR RES. ANTT 5867/20 TRANSPORTADORES, RESPONSÁVEIS
RESPONSÁVEIS POR Código 9030 POR ANÚNCIOS OU OUTROS AGENTES
ANÚNCIO DO MERCADO QUE IMPEDIREM,
OUTROS AGENTES DO OBSTRUÍREM OU, DE QUALQUER
MERCADO FORMA, DIFICULTAREM O ACESSO ÀS
INFORMAÇÕES E AOS DOCUMENTOS
SOLICITADOS PELA FIS-CALIZAÇÃO
PARA VERIFICAÇÃO DA REGULA-
RIDADE DO PAGAMENTO DO VALOR
DE FRE-TE
RESPONSÁVEIS POR ART. 09 INCISO II OS RESPONSÁVEIS POR ANÚNCIOS MULTA NO VALOR DE R$
ANÚNCIO RES. ANTT 5867/20 QUE OFERTAREM CONTRATAÇÃO DO 4.975,00
Código 9020 TRANSPOR-TE RODOVIÁRIO DE
CARGA EM VALOR INFE-RIOR AO PISO
MÍNIMO DE FRETE DEFINIDO PELA
ANTT

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

2 PAGAMENTO ELETRÔNICO DE FRETE

 Conceitos empregados neste Capítulo

• Arranjo de Pagamento: conjunto de regras e procedimentos que disciplinam a prestação


de determinado serviço de pagamento ao público, aceito por mais de um recebedor,
mediante acesso direto pelos usuários finais, pagadores e recebedores;
• Código Identificador da Operação de Transporte - CIOT: o código numérico obtido por
meio do cadastramento da Operação de Transporte nos sistemas específicos;
• Consignatário: aquele que recebe as mercadorias transportadas em consignação,
indicado no cadastramento da Operação de Transporte ou nos respectivos documentos
fiscais;
• Conta de Pagamento: conta destinada à execução de transações de pagamento em moeda
eletrônica realizadas com base em fundos denominados em reais;
• Contratado: transportador, devidamente inscrito no Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC, que for contratado para efetuar a
Operação de Transporte, indicado no cadastramento da Operação de Transporte;
• Contratante: pessoa contratualmente responsável pelo pagamento do valor do frete ao
transportador contratado para prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas,
indicado no cadastramento da Operação de Transporte;
• Instituição de Pagamento Eletrônico de Frete - IPEF: instituição de pagamento, do tipo
emissor de moeda eletrônica ou emissor de instrumento de pagamento pós-pago,
legalmente estabelecida nos termos da Lei nº 12.865, de 09 de outubro de 2013 e demais
normas do Banco Central do Brasil, e habilitada na Agência Nacional de Transportes
Terrestres, nos termos da Resolução ANTT nº 5.862/2019;
• Operação de Transporte: viagem decorrente da prestação do serviço de transporte
rodoviário de cargas, por conta de terceiros e mediante remuneração;
• Proprietário da carga: o remetente ou o destinatário da carga transportada, conforme
informações dos respectivos documentos fiscais;
• Subcontratado: o transportador contratado pelo subcontratante para realizar a Operação
de Transporte, conforme indicado no cadastramento da Operação de Transporte;
• Subcontratante: o transportador ou Operador de Transporte Multimodal - OTM que
contratar transportador para realizar a Operação de Transporte anteriormente pactuada

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

entre contratante e contratado, atraindo para si a responsabilidade pelo pagamento do


valor do frete ao subcontratado, conforme indicado no cadastramento da Operação de
Transporte;
• Transportador Autônomo de Cargas - TAC: pessoa física que exerce, habitualmente,
atividade profissional de transporte rodoviário remunerado de cargas, por sua conta e
risco, como proprietária, coproprietária ou arrendatária de até três veículos automotores
de cargas;
• TAC-equiparado: as Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC’s que
possuírem até três veículos automotores de carga em sua frota registrada no RNTRC,
considerados na data do cadastramento do CIOT ou, na sua ausência, no início da
viagem, e todas as Cooperativas de Transporte Rodoviário de Cargas - CTC’s.

2.2 Orientações gerais

2.2.1 Obrigatoriedade do CIOT

Em abril de 2011, foi publicada a Resolução ANTT nº 3.658/2011 para regulamentar o


Pagamento Eletrônico de Frete, previsto na Lei nº 11.442/2007. A Resolução ANTT nº
3.658/2011 foi substituída pela Resolução ANTT nº 5.862/2019, de 17 de dezembro de 2019,
entre as alterações incorporadas na nova regulamentação do tema, destaca-se a obrigatoriedade
de emissão do Código Identificador da Operação de Transporte - CIOT para todas as operações
do transporte rodoviário remunerado de cargas. No entanto, essa obrigação, para o caso de
contratação de transportadores que não são TAC ou equiparados, só passará a vigorar após
ulterior Deliberação da ANTT, conforme previsto na Resolução ANTT nº 5.879/2020, de 26 de
março de 2020.
Na realização do transporte rodoviário de cargas é obrigatória a emissão do Manifesto
Eletrônico de Documentos Fiscais - MDF-e como documento que caracteriza a operação de
transporte, as obrigações e as responsabilidades das partes e a natureza fiscal da operação.
O contratante ou subcontratante do serviço de transporte rodoviário de cargas deverá
cadastrar o Código Identificador da Operação de Transporte - CIOT no Manifesto Eletrônico
de Documentos Fiscais - MDF-e.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

2.2.2 Pagamento do frete

A Lei nº 11.442/07, que dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas, define que o
pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao Transportador Autônomo de Cargas
- TAC deverá ser efetuado por meio de crédito em conta mantida em instituição integrante do
sistema financeiro nacional, inclusive poupança, ou por outro meio de pagamento
regulamentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, à critério do prestador
do serviço.
Ressalte-se que são equiparados ao TAC, para fins da Lei nº 11.442/07, as Empresas de
Transporte Rodoviário de Cargas - ETC que possuírem, em sua frota, até 3 (três) veículos
registrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC, bem
como as Cooperativas de Transporte Rodoviário de Cargas - CTC.
O pagamento do frete ao TAC ou ao TAC-equiparado deve ser efetuado, obrigatoriamente, por
meio de:
• Crédito em conta mantida em instituição integrante do sistema financeiro nacional,
inclusive conta poupança e conta de pagamento; ou
• Meios de pagamento eletrônico de frete de IPEF habilitada pela ANTT.
• O contratante ou, quando houver, o subcontratante do transporte, deverá cadastrar a
Operação de Transporte, com subsequente geração e recebimento do CIOT, por meio
de:
• IPEF; ou
• Integração dos sistemas dos contratantes ou subcontratantes com os sistemas da ANTT,
para as operações de transporte em que são partes.

A conta utilizada para o pagamento do valor do frete deverá ser de titularidade do TAC,
cônjuge, companheira ou parente em linha reta ou colateral até o segundo grau, indicada
expressamente pelo TAC, vedada a imposição por parte do contratante.
O pagamento do valor do frete por meio de depósito em conta sem o cadastramento da
respectiva Operação de Transporte não impedirá a aplicação das penalidades previstas na
Resolução ANTT nº 5.862/2019.
A pessoa física que contratar o TAC ou TAC-equiparado para o transporte de cargas de
sua propriedade e sem destinação comercial fica dispensada das obrigações previstas no PEF.
É vedada a utilização de "Carta-Frete" ou outro meio de pagamento similar, bem como
de qualquer outro meio de pagamento não previsto na Resolução ANTT nº 5.862/2019 para fins

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

de remuneração do TAC ou TAC-equiparado, decorrente da prestação do serviço de transporte


rodoviário de cargas por conta de terceiros e mediante remuneração.
O valor relativo ao frete pode ser utilizado como instrumento de cálculo para a
verificação da regularidade do atendimento da Política Nacional dos Pisos Mínimos e, em caso
de irregularidade, é passível de autuação conforme a legislação correspondente.

2.2.3 Cadastro da Operação de Transporte e geração do CIOT

Para o cadastramento da Operação de Transporte e a geração do CIOT, será necessário


informar:

• O RNTRC e o CPF ou CNPJ do contratado e, se existir, do subcontratado;

• O nome, a razão ou denominação social, o CPF ou CNPJ, e o endereço do contratante


e do destinatário da carga;

• O nome, a razão ou denominação social, o CPF ou CNPJ, e o endereço do


subcontratante e do consignatário da carga, se existirem;
• Os endereços de origem e de destino da carga, com a distância entre esses dois pontos;

• O tipo e a quantidade da carga;

• O valor do frete pago ao contratado e, se existir, ao subcontratado, com a indicação da


forma de pagamento e do responsável pela sua liquidação;

• O valor do piso mínimo de frete aplicável à Operação de Transporte;

• O valor do Vale-Pedágio obrigatório desde a origem até o destino, se aplicável;

• As placas dos veículos que serão utilizados na Operação de Transporte;

• A data de início e término da Operação de Transporte; e

• Os dados da Instituição, número da agência e da conta onde foi ou será creditado o


pagamento do frete.

2.2.4 Consulta pública do PEF

Para verificar a regularidade do CIOT, deve-se acessar a consulta pública do Sistema


PEF, por meio do seguinte endereço eletrônico:
https://consultapublica.antt.gov.br/Site/ConsultaCIOT.aspx

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

2.2.5 Pernada Nacional

Aplicam-se as disposições relacionadas à Pernada Nacional, em função da edição da


Súmula ANTT nº 06/2020, onde foi autorizado, dentro do território nacional, o transporte
rodoviário de cargas destinadas à exportação ou provenientes de importação, por transportador
inscrito no Registo Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas, mesmo não habilitado
ao transporte internacional, desde que o documento comprobatório do transporte seja emitido
por Empresa de Transporte de Cargas ou Cooperativa de Transporte de Cargas habilitada ao
transporte internacional, obrigando-se a emissora do documento a cumprir os requisitos
obrigatórios previstos em regulamento da ANTT para os transportes internacional e doméstico.

2.3 Identificação das partes

Para a correta identificação das partes, deverá ser considerada a seguinte qualificação:
• O Contratante é a pessoa contratualmente responsável pelo pagamento do valor do frete
ao transportador contratado para prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas,
indicado no cadastramento da Operação de Transporte;
• O Subcontratante é o transportador ou Operador de Transporte Multimodal - OTM que
contratar transportador para realizar a Operação de Transporte anteriormente pactuada
entre contratante e contratado, atraindo para si a responsabilidade pelo pagamento do
valor do frete ao subcontratado, conforme indicado no cadastramento da Operação de
Transporte; e
• O Contratado é o transportador, devidamente inscrito no Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC, que for contratado para efetuar a
Operação de Transporte, indicado no cadastramento da Operação de Transporte.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

2.4 Infrações aplicáveis

Na ocorrência de conduta que infrinja a regulamentação em vigor, deverá ser lavrado


Auto de Infração, que constituirá processo administrativo específico, assegurada ampla defesa
e obedecidos os ritos processuais vigentes, de acordo com a Resolução ANTT nº 5.083/2016.
Deverá ser lavrado um Auto para cada infração. Caso o infrator cometa mais de uma infração,
deverão ser lavrados tantos Autos quantas forem as infrações cometidas.
A Resolução ANTT nº 5.862/2019, em seu artigo 19, estabelece as seguintes infrações
para os agentes do mercado de transporte rodoviário de cargas:

Tabela 2 – Infrações Pagamento Eletrônico do Frete - PEF


Amparo Legal Descrição da Infração Autuado Valor da Multa
Art. 19, inciso I, alínea “a” O contratante ou O contratante ou RS 550,00
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de
transporte rodoviário de transporte rodoviário de
cargas que cobrar do cargas.
contratado ou
subcontratado os valores
referentes aos serviços
descritos no art. 15 da
Resolução ANTT nº 5.862/19.
Art. 19, inciso I, alínea “b” O contratante ou O contratante ou 100% do valor do frete,
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de limitada ao mínimo de R$
transporte rodoviário de transporte rodoviário de 550,00 e máximo de R$
cargas que desviar, por cargas. 10.500,00
qualquer meio, o pagamento
do frete em proveito próprio
ou de terceiro diverso do
contratado.
Art. 19, inciso I, alínea “c” O contratante ou O contratante ou 50% do valor total de cada
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de frete irregularmente pago,
transporte rodoviário de transporte rodoviário de limitada ao mínimo de R$
cargas que efetuar o cargas. 550,00 e máximo de R$
pagamento do frete, no todo 10.500,00
ou em parte, de forma
diversa da prevista na
Resolução
Art. 19, inciso I, alínea “d” O contratante ou O contratante ou 100% do valor do frete,
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de limitada ao mínimo de R$
transporte rodoviário de transporte rodoviário de 550,00 e máximo de R$
cargas que efetuar qualquer cargas. 10.500,00
deságio no frete ou cobrança
de valor para efetivar os
devidos créditos nos meios
de pagamento previstos na
Art. 19, inciso I, alínea “e” O contratante ou O contratante ou 50% do valor total de cada
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de frete irregularmente pago,
transporte rodoviário de transporte rodoviário de limitada ao mínimo de R$
cargas que deixar de cargas. 550,00 e máximo de R$
respeitar a escolha do meio 10.500,00
de pagamento por parte do

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

transportador, de acordo
com o art. 4º da Resolução
ANTT nº 5.862/19.

Art. 19, inciso I, alínea “f” O contratante ou O contratante ou R$ 5.000,00


subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de
transporte rodoviário de transporte rodoviário de
cargas que deixar de cargas.
cadastrar a Operação de
Transporte.
Art. 19, inciso I, alínea “g” O contratante ou O contratante ou 100% do valor do piso
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de mínimo de frete aplicável à
transporte rodoviário de transporte rodoviário de Operação de Transporte,
cargas que gerar, com intuito cargas. limitada ao mínimo de R$
de burlar a fiscalização, CIOT 550,00 e máximo de R$
com dados divergentes 10.500,00
daqueles correspondentes
ao da efetiva contratação do
frete.
Art. 19, inciso I, alínea “h” O contratante ou O contratante ou R$ 550,00
subcontratante do serviço de subcontratante do serviço de
transporte rodoviário de transporte rodoviário de
cargas que deixar de cargas.
cadastrar o Código
Identificador da Operação de
Transporte - CIOT no
Manifesto Eletrônico de
Documentos Fiscais - MDF-e.
Art. 19, inciso II, alínea “a” O contratado que permitir, O contratado do serviço de R$ 1.100,00
por ação ou omissão, o uso transporte rodoviário de
dos meios de pagamento de cargas.
frete de sua titularidade de
forma irregular ou
fraudulenta.
Art. 19, inciso IV Quem comercializar meio de Quem estiver efetivamente RS 10.500,00
pagamento eletrônico sem comercializando.
habilitação outorgada pela
ANTT.

Art. 19, inciso V Quem comercializar carta- Quem estiver efetivamente RS 10.500,00
frete ou outro meio de comercializando.
pagamento similar como
forma de pagamento do
valor do frete ao TAC ou
TAC-equiparado.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

3 REGISTRO NACIONAL DE TRANSPORTADORES RODOVIÁRIOS DE


CARGAS

3.1 Conceitos empregados neste Capítulo

• Arrendamento: contrato de cessão de uso do veículo de cargas, mediante remuneração;


• Conhecimento de Transporte Eletrônico - CT-e: documento de existência apenas digital,
emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais,
uma prestação de serviço de transporte de cargas realizada por qualquer modal
(Rodoviário, Aéreo, Ferroviário, Aquaviário e Dutoviário), instituído pelo Ajuste
SINIEF 09/2007;
• Contratante: pessoa contratualmente responsável pelo pagamento do frete ao
transportador, para prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas;
• Contrato de Transporte: espécie de negócio jurídico em que uma pessoa ou empresa se
obriga, mediante retribuição, a transportar, de um local para outro, pessoas ou coisas
animada ou inanimada;
• Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas - CTC: sociedade simples, com forma
e natureza jurídica própria, de natureza civil, constituída para atuar na prestação de
serviços de transporte rodoviário de cargas, visando à defesa dos interesses comuns dos
cooperados;
• Dispositivo de identificação eletrônica: equipamento eletrônico, baseado em padrão
nacional, utilizado na identificação eletrônica de veículo automotor de carga;
• Documento Auxiliar de Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais - DAMDFE:
documento impresso, auxiliar de Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-
e), instituído pelo Ajuste Sistema Nacional Integrado de Informações Econômico-
Fiscais, Ajuste SINIEF 21, de 10 de dezembro de 2010 e alterações, utilizado para
acompanhar a carga, para fins de fiscalização;
• Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC: pessoa jurídica constituída por
qualquer forma prevista em Lei que tenha o transporte rodoviário de cargas como
atividade econômica;
• Expedidor: aquele que entrega a carga ao transportador para efetuar o serviço de
transporte sendo, no caso de subcontratação ou redespacho, o transportador que entrega
a carga para que outro transportador efetue o serviço de transporte;

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

• Identificação eletrônica: identificação, por meio de tecnologia de radiofrequência, do


veículo automotor de carga cadastrado na frota do transportador inscrito no RNTRC;
• Implemento rodoviário: veículo rebocado acoplável a um veículo de tração ou
equipamento veicular complemento de veículo automotor incompleto;
• Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais - MDF-e: documento fiscal digital que
caracteriza a operação de transporte, instituído pelo Ajuste SINIEF 21/2010;
• Motorista: profissional habilitado e condutor do veículo automotor de carga;
• Subcontratação: contratação de um transportador por outro para realização do transporte
de cargas para o qual fora contratado;
• TAC-Auxiliar: motorista autorizado pelo Transportador Autônomo de Cargas a
conduzir o veículo automotor de carga de sua propriedade ou na sua posse para o
exercício da atividade de transporte rodoviário remunerado de cargas;
• Transportador Autônomo de Cargas - TAC: pessoa física que exerce, habitualmente,
atividade profissional de transporte rodoviário remunerado de cargas, por sua conta e
risco, como proprietária, coproprietária ou arrendatária de até três veículos automotores
de cargas;
• Transportador Rodoviário de Carga Própria - TCP: pessoa física ou jurídica que realiza
o transporte de carga própria;
• Transportador Rodoviário Remunerado de Cargas - TRRC: pessoa física ou jurídica que
exerce a atividade econômica de transporte rodoviário de cargas, por conta de terceiros
e mediante remuneração;
• Transporte de carga própria: transporte não remunerado, realizado por pessoa física ou
jurídica, efetuado com veículos de sua propriedade ou na sua posse, e que se aplique
exclusivamente a cargas para uso ou consumo próprio, ou distribuição dos produtos por
ela produzidos ou comercializados;
• Transporte remunerado de cargas: transporte realizado por pessoa física ou jurídica, com
o objetivo de prestação do serviço de transporte a terceiros, mediante remuneração;
• Veículo automotor de carga: equipamento autopropelido destinado ao transporte
rodoviário de cargas ou a unidade de tração homologada para tracionar implementos
rodoviários em vias públicas.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

3.2 Orientações gerais

3.2.1 Inscrição no RNTRC

A Lei nº 11.442/07, que dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas, define que o
transporte de que trata o RNTRC, deve ser: realizado em vias públicas, dentro do território
nacional, realizado por conta de terceiros e mediante remuneração.
O transportador rodoviário remunerado de cargas poderá se inscrever no RNTRC em
uma das seguintes categorias:
• Transportador Autônomo de Cargas - TAC;
• Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC;
• Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas - CTC.

3.2.2 Documentação obrigatória

Na realização do transporte rodoviário de cargas é obrigatória a emissão do Manifesto


Eletrônico de Documentos Fiscais - MDF-e, como documento que caracteriza a operação de
transporte, as obrigações e as responsabilidades das partes e a natureza fiscal da operação.
É obrigatória a emissão de Conhecimento de Transporte Eletrônico - CT-e ou Contrato
de Transporte, como documento que caracteriza a operação de transporte, apenas nos seguintes
casos, em que é vedada, pela legislação, a emissão de MDF-e:
• Microempreendedor Individual - MEI, de que trata o art. 18-A da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
• Pessoa física ou jurídica não inscrita no cadastro de contribuintes do ICMS;
• Produtor rural, acobertados por Nota Fiscal Avulsa Eletrônica - NFA-e;
• Pessoa física ou jurídica responsável pelo transporte de veículo novo não
emplacado, quando este for o próprio meio de transporte, inclusive quando
estiver transportando veículo novo não emplacado do mesmo adquirente.

O documento de transporte deverá conter, no mínimo, as seguintes informações contidas


no art. 23 da Resolução ANTT nº 4.799/15:
• Nome, razão ou denominação social, CPF ou CNPJ, número do RNTRC e o
endereço do transportador emitente e dos subcontratados, se houver;

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

• Nome, razão ou denominação social, CPF ou CNPJ, e endereço do embarcador,


do destinatário e do consignatário da carga, se houver;
• Nome(s) e CPF do motorista(s);
• Placa e RENAVAM do veículo automotor de cargas e, quando houver, dos
implementos rodoviários;
• Data e horário previstos para o início da viagem;
• Endereço do local onde o transportador receberá e entregará a carga;
• Descrição da natureza da carga, a quantidade de volumes ou de peças e o seu
peso bruto, seu acondicionamento, marcas particulares e números de
identificação da embalagem ou da própria carga, quando não embalada ou o
número da Nota Fiscal, ou das Notas Fiscais, no caso de carga fracionada;
• Valor do frete, com a indicação do responsável pelo seu pagamento;
• Valor do Vale-Pedágio obrigatório desde a origem até o destino, se for o caso;
• Identificação da seguradora e o número da apólice do seguro e de sua averbação,
quando for o caso;
• Condições especiais de transporte, se existirem;
• Local e data da emissão do documento;
• Código Identificador da Operação de Transporte, conforme a regulamentação do
art. 5º-A da Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007; e
• Autorização de acesso ao arquivo digital do documento, conforme previsto no
art. 22, §1º da Resolução ANTT nº 4.799/15.

Para fins de fiscalização da ANTT, em caso de emissão de documento fiscal para


caracterizar a operação de transporte, as informações mínimas obrigatórias poderão ser
verificadas em mais de um documento fiscal.
O emitente do documento fiscal deve autorizar a ANTT a ter acesso ao conteúdo digital
do documento, mediante o preenchimento do CNPJ da ANTT (04.898.488/0001-77) no campo
(autXML) do arquivo digital XML.

3.2.3 Consulta pública do RNTRC

Para verificar a regularidade do transportador (autônomo, empresa ou cooperativa) e


do(s) veículo(s) utilizado(s) no transporte junto ao RNTRC, deve-se acessar a consulta pública
do Sistema RNTRC, no site da ANTT.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

3.2.4 Pernada Nacional

Aplicam-se as disposições relacionadas à Pernada Nacional, em função da edição da


Súmula ANTT nº 06/2020, onde foi autorizado, dentro do território nacional, o transporte
rodoviário de cargas destinadas à exportação ou provenientes de importação, por transportador
inscrito no Registo Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas, mesmo não habilitado
ao transporte internacional, desde que o documento comprobatório do transporte seja emitido
por Empresa de Transporte de Cargas ou Cooperativa de Transporte de Cargas habilitada ao
transporte internacional, obrigando-se a emissora do documento a cumprir os requisitos
obrigatórios previstos em regulamento da ANTT para os transportes internacional e doméstico.

3.2.5 RNTRC Digital

O cadastro e a atualização cadastral no RNTRC podem ser feitos de duas maneiras: pelo
RNTRC Digital (gratuito), ou presencialmente, comparecendo a um ponto de atendimento
credenciado de acordo com a categoria desejada (TAC, ETC ou CTC).
O RNTRC Digital é uma nova maneira do transportador solicitar o seu cadastro,
gerenciar frota (inclusão e exclusão de veículos) e manter suas informações atualizadas no
RNTRC.
O transportador poderá solicitar os serviços referentes ao RNTRC diretamente pela
internet e gratuitamente, não sendo necessário comparecer a um ponto de atendimento ou
encaminhar documentos.
As instruções para acessar ao RNTRC Digital estão disponíveis no endereço eletrônico:
https://portal.antt.gov.br/rntrc

3.3 Identificação das partes

Para a correta identificação das partes, deverá ser considerada a seguinte qualificação:
• O Contratante é a pessoa física ou jurídica responsável pela contratação do
serviço de transporte. Esta pessoa é identificada por meio do documento que
acoberta a operação de transporte, em conjunto com as informações sobre a

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

propriedade do veículo (ou da Combinação Veicular de Carga - CVC) usado no


respectivo serviço de transporte; e
• O Transportador é a pessoa física ou jurídica responsável pela realização da
operação de transporte. Esta pessoa também é identificada por meio do
documento que acoberta a operação de transporte, em conjunto com as
informações sobre a propriedade do veículo (ou da Combinação Veicular de
Carga - CVC) usado no respectivo serviço de transporte.

3.4 Infrações aplicáveis

Na ocorrência de conduta que infrinja a regulamentação em vigor, deverá ser lavrado


Auto de Infração, que constituirá processo administrativo específico, assegurada ampla defesa
e obedecidos os ritos processuais vigentes, de acordo com a Resolução ANTT nº 5.083/2016.
Deverá ser lavrado um Auto para cada infração. Caso o infrator cometa mais de uma
infração, deverão ser lavrados tantos Autos quantas forem as infrações cometidas.
A Resolução ANTT nº 4.799/15, em seu artigo 36, estabelece as seguintes infrações
para os agentes do mercado de transporte rodoviário de cargas:
Tabela 3 – Infrações RNTRC
Amparo Legal Descrição da Infração Autuado Valor da Multa
Art. 36, inciso I O transportador, inscrito ou não no O transportador que estiver de RS 550,00
RNTRC, obstruir ou, de qualquer fato realizando o transporte, ou
forma, dificultar a fiscalização seja, transportador proprietário
durante o transporte rodoviário de ou arrendatário do veículo
cargas. utilizado no transporte.
Art. 36, inciso II Contratar o transporte rodoviário O responsável contratualmente R$ 1.500,00
remunerado de cargas de pelo pagamento do frete ao
transportador sem inscrição no transportador, para prestação
RNTRC ou com inscrição vencida, do serviço de transporte
suspensa ou cancelada. rodoviário de cargas.
Art. 36, inciso III Deixar de fornecer documento O embarcador ou destinatário 5% sobre o valor da
comprobatório do horário de carga, limitada ao
chegada e saída do transportador mínimo de R$550,00 e
nas dependências da origem ou do máximo de
destino da carga ou apresentar R$10.500,00
informação em desacordo com o
art. 32
Art. 36, inciso IV Emitir o documento obrigatório O embarcador ou destinatário RS 550,00
definido no art. 32 desta Resolução
para fins de transporte rodoviário
de cargas por conta de terceiro e

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

mediante remuneração, em
desacordo ao regulamentado

Art. 36, inciso V, Deixar de atualizar as informações O transportador que não RS 550,00
alínea “a” cadastrais. atualizou os dados cadastrais no
RNTRC.
Art. 36, inciso V, Apresentar informação falsa para O transportador que apresentou R$ 3.000,00
alínea “b” inscrição no RNTRC. informação falsa para inscrição
no RNTRC.
Art. 36, inciso V, impedir, obstruir ou, de qualquer O transportador RS 550,00
alínea “c” forma, dificultar o acesso às
dependências, às informações e aos
documentos solicitados pela
fiscalização:
Art. 36, inciso VI, sem o Dispositivo de Identificação O transportador RS 550,00
alínea “a” Eletrônica no veículo automotor de
carga ou em desacordo com o
regulamentado
Art. 36, inciso VI, como Dispositivo de Identificação O transportador R$ 3.000,00
alínea “b” Eletrônica de outro veículo
automotor de carga
Art. 36, inciso VI, com o Dispositivo de Identificação O transportador R$ 3.000,00
alínea “c” Eletrônica fraudado, violado ou
adulterado
Art. 36, inciso VI, com qualquer dispositivo que O transportador R$ 3.000,00
alínea “d” impeça a correta leitura do sinal
gerado pelo Dispositivo de
Identificação Eletrônica
Art. 36, inciso VII O transportador inscrito ou não no O transportador proprietário do R$ 1.500,00
RNTRC que efetuar transporte veículo ou implemento.
rodoviário de carga por conta de
terceiro e mediante remuneração
em veículo de categoria
“particular”.
Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está RS 550,00
alínea “a” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRRC.
mediante remuneração sem portar
o documento obrigatório de que
trata o art. 22 da Res. ANTT nº
4.799/15 ou não apresentar Nota
Fiscal de que trata o art. 32 da
citada Resolução.
36, inciso VIII, alínea Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está RS 550,00
“b” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRC.
mediante remuneração sem indicar
o número da apólice do seguro
contra perdas ou danos causados à
carga, acompanhada da
identificação da seguradora na
documentação que acoberta a
operação de transporte.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está RS 750,00
alínea “c” carga por conta de terceiro e realizando o TRC.
mediante remuneração em veículo
automotor de carga ou implemento
rodoviário não cadastrado na frota
do transportador rodoviário
remunerado de cargas inscrito no
RNTRC.
Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está R$ 1.000,00
alínea “d” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRC.
mediante remuneração com o
registro no RNTRC suspenso ou
vencido.
Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está R$ 1.500,00
alínea “e” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRC.
mediante remuneração sem estar
inscrito no RNTRC.
Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está R$ 1.500,00
alínea “f” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRC.
mediante remuneração sem
contratar o seguro contra perdas ou
danos causados à carga ou
empreender viagem com apólice em
situação irregular.
Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está R$ 2.000,00
alínea “g” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRC.
mediante remuneração com o
registro cancelado no RNTRC.
Art. 36, inciso VIII, Efetuar transporte rodoviário de O transportador que está R$ 3.000,00
alínea “h” carga por conta de terceiro e efetivamente realizando o TRC.
mediante remuneração para fins de
consecução de atividade tipificada
como crime.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

4 VALE-PEDÁGIO OBRIGATÓRIO

4.1 Fundamentação legal

4.1.1 Histórico da legislação

Após a greve de caminhoneiros brasileiros, ocorrida no ano de 1999, foi criado o Vale-
Pedágio obrigatório, cujo principal objetivo era atender a uma das principais reivindicações dos
transportadores autônomos: a desoneração do transportador do pagamento do pedágio.
Assim, em 2 de maio de 2000, foi editada a Medida Provisória nº 2.024, instituindo o
Vale-Pedágio obrigatório sobre o transporte rodoviário de carga e dando outras providências.
Em seguida, foram editados vários outros normativos sobre o tema. Segue abaixo tais
instrumentos legais, em ordem cronológica:
• Medida Provisória nº 2.025-1, de 3 de maio de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-2, de 2 de junho de 2000.
• Decreto nº 3.525, de 26 de junho de 2000. Assunto: Regulamenta a
implementação do Vale-Pedágio obrigatório sobre o transporte rodoviário de
carga e dá outras providências.
• Medida Provisória nº 2.025-3, de 29 de junho de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-4, de 28 de julho de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-5, de 28 de agosto de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-6, de 27 de setembro de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-7, de 26 de outubro de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-8, de 23 de novembro de 2000.
• Medida Provisória nº 2.025-9, de 21 de dezembro de 2000.
• Medida Provisória nº 2.107-10, de 27 de dezembro de 2000.
• Medida Provisória nº 2.107-11, de 26 de janeiro de 2001.
• Medida Provisória nº 2.107-12, de 23 de fevereiro de 2001.
• Lei nº 10.209, de 23 de março de 2001. Assunto: Institui o Vale-Pedágio
obrigatório sobre o transporte rodoviário de carga e dá outras providências.
Observação: Alterada pela Lei nº 10.561, de 2002.
• Medida Provisória nº 68, de 04 de setembro de 2002. Assunto: Altera as Leis nº
10.209, de 23 de março de 2001, e nº 10.233, de 5 de junho de 2001, transferindo

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

à ANTT a competência para regulamentação, coordenação, delegação,


fiscalização e aplicação das penalidades relativas ao Vale-Pedágio obrigatório,
atividades até então desempenhadas pelo Ministério dos Transportes.
Observação: Convertida na Lei nº 10.561, de 2002.
• Resolução ANTT nº 106, de17 de outubro de 2002. Assunto: Aprova os atos
relativos à regulamentação da implantação do Vale-Pedágio obrigatório,
disciplinando a sistemática de utilização e fiscalização, direta ou por
provocação, a aplicação de penalidades, a arrecadação das multas, o devido
procedimento, o exercício da defesa e a instância recursal. Observação:
Revogada pela Resolução ANTT nº 673, de 2004.
• Lei nº 10.561, de 13 de novembro de 2002. Assunto: Ratifica as alterações das
Leis nº 10.209, de 23 de março de 2001, e nº 10.233, de 5 de junho de 2001,
implementadas através da Medida Provisória nº 68, de 2002.
• Resolução ANTT nº 673, de 04 de agosto de 2004. Assunto: Dispõe sobre a
regulamentação do Vale-Pedágio obrigatório (a habilitação de empresas
fornecedoras e respectivos modelos e sistemas, a concessão de regime especial,
a fiscalização e aplicação de penalidades, a arrecadação das multas e o devido
processo legal) e dá outras providências. Observação: Revogada pela Resolução
ANTT nº 2885, de 2008.
• Resolução ANTT nº 715, de 31 de agosto de 2004. Assunto: Altera a Resolução
ANTT nº 673, de 2004 e dá outras providências. Observação: Revogada pela
Resolução ANTT nº 2885, de 2008.
• Resolução ANTT nº 2885, de 09 de setembro de 2008. Assunto: Estabelece as
normas para o Vale-Pedágio obrigatório e institui os procedimentos de
habilitação de empresas fornecedoras em âmbito nacional, aprovação de
modelos e sistemas operacionais, as infrações e suas respectivas penalidades.
Observação: Alterada pela Resolução ANTT nº 3850, de 2012.

4.1.2 Instrumentos legais aplicáveis

Dentre todos esses dispositivos legais, apresentados no item anterior, quando se trata
especificamente do processo de fiscalização do Vale-Pedágio obrigatório, devemos nos ater aos
seguintes normativos:
• Decreto nº 3.525/2000

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

• Lei nº 10.209/2001
• Lei nº 10.233/2001
• Resolução nº 2.885/2008

4.1.3 Demais instrumentos legais aplicáveis

O Vale-Pedágio obrigatório foi instituído no universo do transporte rodoviário de


cargas, por meio da Lei nº 10.209/2001, e para compreender sua aplicação, bem como o
processo de fiscalização que o envolve, é necessário recorrer também às disposições dos
seguintes normativos:
• Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007, que trata do transporte rodoviário de
cargas por conta de terceiros e mediante remuneração.
• Resolução ANTT nº 4.799, de 27 de julho de 2015, que regulamenta
procedimentos para inscrição e manutenção no Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas-RNTRC.

4.1.4 Escopo da regulamentação

Segundo a Resolução ANTT nº 2.885/2008, o Vale-Pedágio obrigatório somente poderá


ser comercializado para utilização no exercício da atividade de transporte rodoviário de cargas,
por conta de terceiros e mediante remuneração, por transportador inscrito no Registro Nacional
de Transportadores Rodoviários de Carga - RNTRC
Além disso, esse normativo também estabeleceu que as disposições do Vale-Pedágio
obrigatório não se aplicam ao transporte rodoviário internacional de cargas e que durante a
realização de transporte com mais de um embarcador, não há obrigatoriedade de antecipação
do Vale-Pedágio, devendo o valor ser calculado mediante rateio por despacho, destacando-se o
valor do Vale-Pedágio obrigatório e o do frete no documento comprobatório de embarque para
quitação juntamente com o valor do frete.
Assim, não se aplicam as disposições referentes ao Vale-Pedágio obrigatório ao:
• Transporte Rodoviário de Carga Própria-TCP;
• Transporte Rodoviário Internacional de Cargas-TRIC;
• Transporte Rodoviário Remunerado de Cargas-TRRC, quando executado por
transportador não cadastrado no RNTRC; e

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

• Transporte Rodoviário Remunerado de Cargas-TRRC, quando envolvendo mais


de um embarcador.

Desta forma, o campo de aplicação da legislação referente ao Vale-Pedágio obrigatório


é o Transporte Rodoviário Remunerado de Cargas-TRRC executado por transportador
cadastrado no RNTRC e com apenas um Embarcador da carga (ou equiparado).

4.2 Legislação

4.2.1 Documentação que acoberta a Operação de Transporte

Os documentos que podem acobertar as operações do Transporte Rodoviário Remunerado de


Cargas estão estabelecidos na Resolução ANTT nº 4799/2015, que, através do seu Artigo 22,
definiu que:
“Art. 22. Na realização do transporte rodoviário de cargas é obrigatória a emissão do
Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais- MDF-e, como documento que caracteriza
a operação de transporte, as obrigações e as responsabilidades das partes e a natureza
fiscal da operação, respeitado o art. 744 do Código Civil.
...
§ 2º O Documento Auxiliar do Manifesto de Documentos Fiscais-DAMDFE,
correspondente ao MDF-e deverá ser impresso para acompanhar a carga desde o início
da viagem.
§ 3º Será obrigatória a emissão de Conhecimento ou Contrato de Transporte como
documento que caracteriza a operação de transporte nos termos estabelecidos no caput
apenas nos casos em que é vedada pela legislação a emissão de MDF-e.
§ 4º O contrato, quando utilizado como documento que caracteriza a operação de
transporte é de porte obrigatório na prestação do serviço de transporte rodoviário
remunerado de cargas durante toda a viagem ou, no caso de utilização do Conhecimento
de Transporte Eletrônico, é de porte obrigatório o Documento Auxiliar do
Conhecimento de Transporte Eletrônico.”
Assim, conforme explicitado acima, durante o transporte rodoviário remunerado de
cargas, o DAMDFE deverá seguir junto com a carga. Na impossibilidade de emissão do MDF-
e (e, consequentemente, do DAMDFE), o Contrato de Transporte ou o DACTE (Documento

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico) poderão substituí-lo, como documento


que caracteriza a operação de transporte.
Além disso, a Resolução ANTT nº 4799/2015, por meio do seu o Artigo 23, define quais
as informações mínimas que deverão constar no documento que caracteriza a operação de
transporte. Vejamos:
“Art. 23. O documento que caracteriza a operação de transporte deverá ser emitido antes
do início da viagem contendo, no mínimo, as seguintes informações:
I - nome, razão ou denominação social, CPF ou CNPJ, número do RNTRC e o endereço
do transportador emitente e dos subcontratados, se houver;
II - nome, razão ou denominação social, CPF ou CNPJ, e endereço do embarcador, do
destinatário e do consignatário da carga, se houver;
III - nome(s) e CPF do motorista(s);
IV - placa e RENAVAM do veículo automotor de cargas e, quando houver, dos
implementos rodoviários;
V - data e horário previstos para o início da viagem;
VI - Endereço do local onde o transportador receberá e entregará a carga;
VII - descrição da natureza da carga, a quantidade de volumes ou de peças e o seu peso
bruto, seu acondicionamento, marcas particulares e números de identificação da
embalagem ou da própria carga, quando não embalada ou o número da Nota Fiscal, ou
das Notas Fiscais, no caso de carga fracionada;
VIII - valor do frete, com a indicação do responsável pelo seu pagamento;
IX - valor do Vale-Pedágio obrigatório desde a origem até o destino, se for o caso;
X - identificação da seguradora e o número da apólice do seguro e de sua averbação,
quando for o caso;
XI - condições especiais de transporte, se existirem;
XII - local e data da emissão do documento, e
XIII - Código Identificador da Operação de Transporte, conforme a regulamentação do
art. 5º-A da Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007.
XIV - Autorização de acesso ao arquivo digital do documento, conforme previsto no
art. 22, §1º desta Resolução.
Parágrafo único. Para fins de fiscalização da ANTT, em caso de emissão de documento
fiscal para caracterizar a operação de transporte, as informações a que se refere este
artigo poderão ser verificadas em mais de um documento fiscal.”

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

Já a Resolução ANTT nº 2885/2008, em relação a obrigações referentes à documentação


de porte obrigatório (durante as operações de transporte rodoviário remunerado de cargas), diz
o seguinte:
“Art. 2º Para os fins previstos nesta Resolução, entende-se por documento
comprobatório de embarque o Documento de Transporte ou Documento Fiscal que
contenha informações de transporte.
...
Art. 7º Compete ao embarcador:
...
II - registrar, no documento comprobatório de embarque, o valor do Vale-Pedágio
obrigatório e o número de ordem do seu comprovante de compra ou anexar o comprovante da
compra disponibilizado pela operadora de rodovia sob pedágio ou pela empresa fornecedora do
Vale-Pedágio.”

Dessa maneira, para efeito de fiscalização do Vale-Pedágio obrigatório (que ocorre


conjuntamente com a inspeção do RNTRC), poderão ser apresentados (como documentos que
caracterizam a operação de transporte ou documentos comprobatórios de embarque) os
seguintes documentos: o DAMDFE, o DACTE ou o Contrato de Transporte, desde que
contenham as informações mínimas descritas no Artigo 23 da Resolução ANTT nº 4799/2015,
acrescidas do número de ordem do comprovante de compra do Vale-Pedágio obrigatório.
Cabe ressaltar que as informações mínimas obrigatórias podem estar dispostas em mais
de um documento fiscal, inclusive em Notas Fiscais, Tíquetes de Balança (quando se tratar de
mercadoria sob regi-me especial das Secretarias Estaduais de Fazenda), ou outro documento
fiscal não citado acima.
Além disso, caso as informações referentes ao Vale-Pedágio obrigatório (valor e número
de ordem de compra) não estejam inseridas no(s) documento(s) fiscal(is), que acoberta(m) a
operação de transpor-te (documento de embarque), é permitido que se anexe o comprovante de
compra, disponibilizado pela operadora de rodovia sob pedágio ou pela empresa fornecedora
do Vale-Pedágio, com as informações faltantes.
Finalmente é importante salientar que existem algumas informações obrigatórias,
apresentadas no Artigo 23 da Resolução ANTT nº 4799/2015, que, mesmo não estando
expressamente descritas na documentação que acoberta a operação de transporte, não a
descaracteriza, ou seja, não invalida tal documentação. Vejamos abaixo quais são:

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

➢ A identificação da seguradora e o número da apólice do seguro e sua averbação.


A falta dessa informação não invalida a documentação, pois há uma autuação
específica para tal irregularidade (Artigo 36, VIII, “b”, da Resolução ANTT nº
4799/2015).
➢ O Código Identificador da Operação de Transporte (CIOT).
Essa informação somente será obrigatória se o CIOT tiver sido gerado para o
Pagamento Eletrônico de Frete-PEF. Caso não tenha sido gerado, a autuação será
feita com base na legislação do PEF.
➢ A data e horário previstos para o início da viagem.
A ausência dessa informação não invalida o documento, desde que o horário de
emissão do documento esteja preenchido.
➢ A indicação do responsável pelo pagamento do frete.
A falta dessa informação não invalida o documento, visto que, na ausência dessa
informação, será considerado como o responsável pelo pagamento do frete o
emissor do documento fiscal apresentado.

4.2.2 Regras Gerais

O Vale-Pedágio obrigatório é a forma de o embarcador (ou equiparado) antecipar ao


transportador as despesas relativas ao valor do pedágio, que deverão ser pagas durante o
transporte rodoviário de cargas, nas rodovias brasileiras concedidas. Esse tema, de maneira
geral, é regido pelas seguintes regras:
• O valor do Vale-Pedágio não integra o valor do frete, não será considerado
receita operacional ou rendimento tributável, nem constituirá hipótese de
incidência de contribuições sociais ou previdenciárias;
• O Vale-Pedágio Obrigatório somente poderá ser comercializado para utilização
no transporte rodoviário remunerado de cargas, por transportador inscrito no
Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga - RNTRC;
• O transportador rodoviário que transitar sem carga por disposição contratual terá
direito à antecipação do Vale-Pedágio Obrigatório em todo o percurso
contratado;
• O embarcador (ou equiparado), independentemente do valor do frete, deve
antecipar o Vale-Pedágio Obrigatório ao transportador, em modelo próprio,

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

fazendo o registro no Documento de Embarque, com a indicação do seu valor e


do código da transação efetuada;
• O Vale-Pedágio Obrigatório deve corresponder ao valor cobrado em todas as
praças de pedágio existentes na rota de viagem contratada, por veículo.
Lembrando que a suspensão dos eixos não influirá no cálculo do valor do
pedágio;
• Na realização de transporte com mais de um embarcador, não há obrigatoriedade
de antecipação do Vale-Pedágio;
• Compete à ANTT a adoção das medidas relativas à: implantação,
regulamentação, coordenação, delegação, fiscalização e aplicação de
penalidades, relativas à legislação do Vale-Pedágio Obrigatório;
• As operadoras de rodovias sob pedágio deverão aceitar todos os modelos e
sistemas operacionais aprovados pela ANTT, comercializados pelas empresas
fornecedoras do Vale-Pedágio Obrigatório, habilitadas em âmbito nacional;
• Cabe à ANTT a habilitação das empresas fornecedoras de Vale-Pedágio
Obrigatório em âmbito nacional e a aprovação dos respectivos modelos e
sistemas operacionais, sendo considerado modelo operacional a forma como se
materializa o meio de pagamento antecipado do valor correspondente ao
pedágio;
• A fiscalização poderá ocorrer tanto nas dependências do embarcador, quanto nas
rodovias sob pedágio; e
• Sempre que julgar oportuno, a ANTT poderá solicitar esclarecimentos
complementares acerca do Vale-Pedágio Obrigatório, inclusive para fins de
habilitação, fiscalização e controle.

4.2.3 Considerações importantes

4.2.3.1 Do embarcador

4.2.3.1.1 Caracterização do embarcador

Para efeito das disposições da Resolução ANTT nº 2.885/2008, considera-se


embarcador: o proprietário originário da carga, contratante do serviço de transporte rodoviário

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

de cargas (o responsável pelo pagamento do frete, seja na origem ou no destino do percurso


contratado).

4.2.3.1.2 Casos de equiparação ao embarcador:

Equipara-se ao embarcador:
• O contratante do serviço de transporte rodoviário de cargas, que não seja o
proprietário originário da carga; ou

• A empresa transportadora que subcontratar serviço de transporte rodoviário de


carga.

É importante perceber que o destinatário da carga (quando responsável pelo frete)


poderá ser equiparado ao embarcador, para efeito das responsabilidades relativas ao Vale-
Pedágio obrigatório.

4.2.3.1.3 Caso em que o infrator é o destinatário da carga

Para que se considere o destinatário como infrator, deve-se observar as seguintes


condições:
• O frete deve ser de sua responsabilidade;

• Deve inexistir subcontratação (contratação direta do transportador);

• A constatação de que não houve a antecipação do Vale-Pedágio ou que, ainda


que tenha havido tal antecipação, o seu registro (do valor e do código da
transação efetuada) não tenha sido feito (ou anexado) na documentação que
acoberta a operação de transporte.

4.2.3.1.4 Das responsabilidades do embarcador

São responsabilidades do embarcador (artigo 7º da Resolução ANTT nº 2.885/2008):


• Adquirir o Vale-Pedágio Obrigatório, independentemente do valor do frete;

• Repassar ao Transportador Rodoviário de Cargas, no ato do embarque


decorrente da contratação do serviço de transporte, o Vale-Pedágio obrigatório,
correspondente ao tipo de veículo, no valor necessário à livre circulação entre
sua origem e o destino; e

• Registrar na documentação que acoberta a Operação de Transporte (Nota


Fiscal, inclusive a Nota do Produtor Rural, Documento Auxiliar da Nota Fiscal
Eletrônica –DANFE, Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga –

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
1ª Edição 2022

CTRC, Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico –


DACTE, Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais
– DAM-DFE ou Contrato de Transporte) o valor do Vale-Pedágio Obrigatório e
o número de ordem do seu comprovante de compra ou anexar o comprovante de
compra disponibilizado pela operadora de rodovia sob pedágio ou pela empresa
fornecedora do Vale-Pedágio, com os respectivos valores.

4.2.3.2 Da não obrigatoriedade de antecipação do Vale-Pedágio

Não haverá obrigatoriedade de antecipação do Vale-Pedágio nas seguintes situações:


• Veículo rodoviário de carga vazio (desde que não possua contrato que o obrigue
a circular vazio, no retorno ou ida, até o ponto de carga/descarga).
• Na realização de transporte rodoviário com mais de um embarcador (ou
equiparado).
• No transporte rodoviário internacional de cargas realizado por empresas
habilitadas ao transpor-te internacional e cuja viagem seja feita em veículo de
sua frota autorizada (inclusive no caso de viagem ocasional).
• No transporte de carga própria, realizado por veículo ou frota própria.
Lembrando que o vínculo entre o proprietário do veículo ou da frota com a carga
deve estar claramente comprovado.

4.2.3.2.1 Transporte rodoviário de carga própria

O transporte de carga própria é aquele transporte não remunerado, realizado por pessoa
física ou jurídica, efetuado com veículos de sua propriedade ou na sua posse, e que se aplique
exclusivamente a cargas para consumo próprio ou distribuição dos produtos por ela produzidos
ou comercializados.
Caracteriza-se transporte de carga própria quando a Nota Fiscal da carga tem como
emitente ou como destinatário a empresa, a entidade ou o indivíduo proprietário, o
coproprietário ou o arrendatário do veículo automotor de carga.

4.2.3.2.2 Transporte rodoviário com mais de um embarcador

No âmbito da legislação do Vale-Pedágio obrigatório, o transporte rodoviário com mais


de um embarcador caracteriza-se pela existência de mais de um contratante do serviço de

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1ª Edição 2022

transporte, ou seja, quando existe mais de um documento de embarque, e que haja mais de uma
pessoa (física ou jurídica, embarcador ou equiparado) pagando frete. Nessa situação, não há
obrigatoriedade de antecipação do Vale-Pedágio.
Vale ressaltar que, independentemente da quantidade de documentos de embarque, se
ficar caracterizado que o frete é por conta de um mesmo embarcador, ou equiparado, ou seja,
um só contratante, esse embarcador responsável pelo pagamento do frete é o responsável pela
antecipação do Vale-Pedágio.
Na existência de vários documentos de embarque de um mesmo embarcador, ou
equiparado, quando da lavratura do Auto de Infração, o agente fiscalizador deverá indicar o
número de uma delas no campo apropriado e descrever a situação no campo referente às
observações do agente.
Para facilitar o entendimento, é importante ressaltar que a análise da situação em relação
à quantidade de embarcadores deve ser feita na última contratação, ou seja, na contratação do
transportador que efetivamente realizará o transporte. Como exemplo, podemos citar o caso de
uma operação de transporte que, inicialmente, envolve vários embarcadores, mas que, ao ser
realizada uma subcontratação (de outro transportador, que realizará o serviço), passa a ter
apenas um embarcador: o subcontratante (que passa a ser o responsável pela antecipação do
Vale-Pedágio).

4.2.3.2.3 Transporte rodoviário internacional

Como já foi dito, as disposições do Vale-Pedágio obrigatório não se aplicam ao


Transporte Rodoviário Internacional de Cargas-TRIC, que é entendido como aquele serviço de
transporte rodoviário de cargas em que a origem da prestação ocorre em um determinado país
e o destino em outro.
É importante ressaltar que, quando o embarcador (responsável pelo pagamento do frete)
for uma empresa com endereço fora do Brasil (observado na documentação de transporte), a
autuação fica impossibilitada em decorrência das dificuldades para notificar o autuado.

Atenção: Como identificar o TRIC?


As duas características fundamentais na definição do TRIC são:
• A transposição da fronteira terrestre pela carga, durante a operação de transporte;
e

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• O documento que ampara a operação de transporte é o CRT (Conhecimento


Internacional de Transporte Rodoviário).

Caso o condutor esteja portando apenas a Nota Fiscal ou o DANFE (referente à


mercadoria), pode-se verificar o preenchimento do Código Fiscal da Operação e Prestação-
CFOP nesses documentos.

Figura 2 – Identificação do transporte internacional

Se o CFOP não iniciar com os algarismos 3 ou 7, está descartada a possibilidade de


Transporte Rodoviário Internacional de Cargas. Ou seja, a mercadoria não está saindo ou
chegando ao Brasil.
Se o CFOP for iniciado com os algarismos 3 (entradas ou aquisições de serviços do
exterior) ou 7 (saídas ou prestações de serviços para o exterior) significa que a operação de
transporte é internacional. Entretanto, existem situações em que podemos nos deparar com o
CFOP iniciado por 3 ou 7, mas o documento de transporte ser um DACTE, o que pode, por
exemplo, representar mercadorias que ingressaram ou que vão sair do Brasil pelos portos ou
aeroportos, o que não garante que o modal terrestre da operação seja internacional. Assim, neste
caso, é fundamental que se tenha acesso ao documento que acoberta a operação de transporte,
pois para garantir que se esteja diante de um caso de TRIC é necessário que tal documento seja
um CRT e não um DACTE (transporte nacional).
Aplicam-se as disposições relacionadas à Pernada Nacional, em função da edição da
Súmula ANTT nº 06/2020, detalhada no item 1.3.4 deste Manual.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
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4.2.4 Das operadoras de rodovias sob pedágio

É obrigação da operadora de rodovia sob pedágio aceitar todos os modelos e sistemas


operacionais do Vale-Pedágio, aprovados pela ANTT, comercializados pelas empresas
fornecedoras do Vale-Pedágio Obrigatório, habilitadas em âmbito nacional, utilizados por
veículos de carga, correspondentes ao valor da tarifa de pedágio vigente na data de sua efetiva
utilização.
Considera-se Operadora de Rodovia Pedagiada, a concessionária de serviço público,
pessoa jurídica constituída especificamente para tal fim, titular do respectivo contrato de
concessão de rodovia, a entidade da administração pública indireta, ou órgão da administração
pública direta, responsável pela administração da praça de pedágio.
Segundo os artigos 8º e 9º da Resolução ANTT nº 2885/2008, compete à Operadora de
Rodovia Sob Pedágio:
• Disponibilizar estatística dos Vales-Pedágio recebidos, na forma e prazo a ser
definido pela ANTT;
• Aceitar todos os modelos e sistemas de Vale-Pedágio de empresas habilitadas
pela ANTT;
• Informar aos usuários os modelos de Vale-Pedágio obrigatório aceitos;
• Comunicar à ANTT qualquer irregularidade que venha a ocorrer quando do uso
do Vale-Pedágio obrigatório; e
• Registrar, informando à ANTT, os modelos operacionais de fornecimento de
Vale-Pedágio Obrigatório que estejam à disposição dos usuários e eventuais
restrições de uso.

4.2.5 Das empresas habilitadas ao fornecimento do Vale-Pedágio

Os modelos habilitados pela ANTT devem ser, obrigatoriamente, aceitos em todas as


praças de pedágio, sejam elas federais, estaduais ou municipais.
As operadoras de rodovias sob pedágio poderão utilizar modelos operacionais de Vale-
Pedágio obrigatório de âmbito estadual, desde que a fornecedora de Vale-Pedágio obrigatório
em âmbito estadual (a empresa que comercializa modelos operacionais de Vale-Pedágio
obrigatório aceitos apenas em um Estado da Federação) tenha registrado tais modelos junto à
ANTT.

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As empresas atualmente habilitadas pela ANTT ao fornecimento do Vale-Pedágio


obrigatório em nível nacional podem ser consultadas no endereço eletrônico da ANTT.

4.2.6 Sistemática de comercialização do Vale-Pedágio

O fornecimento do Vale-Pedágio obrigatório se dará sob as seguintes condições:


➢ Os custos incidentes no fornecimento do Vale-Pedágio obrigatório serão fixados de
comum acordo entre o embarcador e a empresa fornecedora; e
➢ As condições de repasse do valor das tarifas de pedágio serão estabelecidas de comum
acordo entre as operadoras das rodovias pedagiadas e as empresas fornecedoras.

Como não existe, na legislação referente ao Vale Pedágio Obrigatório, a previsão de


qualquer tipo de dedução, que pudesse ser feita em relação ao transportador que efetivamente
realizará a prestação de serviço, então os custos incidentes de seu fornecimento ficarão a cargo
do embarcador ou da empresa fornecedora, conforme descrito no item “a” acima (inciso I, do
artigo 19, da Resolução ANTT nº 2885/2008).

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1ª Edição 2022

4.3 Infrações aplicáveis

A fiscalização do Vale-Pedágio obrigatório ocorre simultaneamente à inspeção do


RNTRC. Assim, o Auto de Infração, independentemente do modal fiscalizado, deverá ser
lavrado para cada transgressão.
Caso o infrator cometa mais de uma infração, deverão ser lavrados tantos Autos quantas
forem as infrações cometidas, levando-se em consideração, além das disposições da legislação
do RNTRC, o disposto no artigo 20, da Resolução ANTT nº 2885/2008.
De acordo com esse artigo, são considerados infratores sujeitos a multa:
Tabela 4 – Infrações Vale-Pedágio Obrigatório
Multas sujeitas ao embarcador
Amparo Descrição da Infração Código Outras
Legal informações
ART. 20 INCISO I O EMBARCADOR QUE NÃO OBSERVAR AS 721 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT DETERMINAÇÕES CONTIDAS NO ART. 7º DA POR VEÍ-CULO, A
2885/2008 RES. ANTT 2885/2008. CADA VIAGEM
ART. 7, INCISO I: NÃO ADQUIRIR E NÃO
REPASSAR AO TRANSPORTADOR RO-DOVIÁRIO
DE CARGA, NO ATO DO EMBARQUE, O VALE-
PEDÁGIO OBRIGATÓ-RIO,
INDEPENDENTEMENTE DO FRETE,
CORRESPONDENTE AO TIPO DE VEÍCU-LO, NO
VALOR NECESSÁRIO À LIVRE CIRCULAÇÃO
ENTRE A SUA ORIGEM E O DESTINO
ART. 20 INCISO I O EMBARCADOR QUE NÃO OBSERVAR AS 722 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT DETERMINAÇÕES CONTIDAS NO ART. 7º DA POR VEÍ-CULO, A
2885/2008 RES. ANTT 2885/2008 CADA VIAGEM
ART. 7, INCISO II: NÃO REGISTRAR, NO
DOCUMENTO COMPROBATÓRIO DE EMBARQUE,
O VALOR DO VALE-PEDÁGIO OBRIGATÓRIO E O
NÚMERO DE OR-DEM DO SEU COMPROVANTE
DE COMPRA OU ANEXAR O COMPROVANTE DA
COMPRA DISPONIBILIZADO PELA OPERADORA
DE RODOVIA SOB PEDÁGIO OU PELA EMPRESA
FORNECEDORA DO VALE-PEDÁGIO.
Multas sujeitas à Operadora de Rodovia Sob Pedágio
Amparo Descrição da Infração Código Outras
Legal informações
ART. 20 INCISO II A OPERADORA DE RODOVIA SOB PEDÁGIO, QUE 820 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT NÃO OBSERVAR AS DETERMI-NAÇÕES A CADA INFRA-ÇÃO
2885/2008 CONTIDAS NOS ARTS. 8º E 9º DA RES. ANTT COME-TIDA,
2885/2008 CUMULATI-
ART. 8: AS OPERADORAS DE RODOVIAS SOB VAMENTE
PEDÁGIO DEVERÃO ACEITAR TO-DOS OS
MODELOS E SISTEMAS OPERACIONAIS
APROVADOS PELA ANTT, DAS EMPRESAS
FORNECEDORAS DO VALE-PEDÁGIO
OBRIGATÓRIO HABILITADAS EM ÂMBITO
NACIONAL.

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ART. 20 INCISO II A OPERADORA DE RODOVIA SOB PEDÁGIO, QUE 920 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT NÃO OBSERVAR AS DETERMI-NAÇÕES A CADA INFRAÇÃO
2885/2008 CONTIDAS NOS ARTS. 8º E 9º DA RES. ANTT COME-TIDA,
2885/2008. CUMULATI-
ART. 9: NÃO DISPONIBILIZAR ESTATÍSTICA DOS VAMENTE
VALES-PEDÁGIO OBRIGATÓ-RIOS RECEBIDOS,
NA FORMA E PRAZO A SER DEFINIDO PELA
ANTT
20 INCISO II A OPERADORA DE RODOVIA SOB PEDÁGIO, QUE 921 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT NÃO OBSERVAR AS DETER-MINAÇÕES A CADA IN-FRAÇÃO
2885/2008 CONTIDAS NOS ARTS. 8º E 9º DA RES. ANTT COMETIDA,
2885/2008. CUMULATIVAMENT
ART. 9: NÃO INFORMAR AOS USUÁRIOS OS E
MODELOS DE VALE-PEDÁGIO OBRIGATÓRIO
ACEITOS
ART. 20 INCISO II A OPERADORA DE RODOVIA SOB PEDÁGIO, QUE 922 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT NÃO OBSERVAR AS DETER-MINAÇÕES A CADA INFRAÇÃO
2885/2008 CONTIDAS NOS ARTS. 8º E 9º DA RES. ANTT COMETIDA,
2885/2008. CUMULATIVAMENT
ART. 9: NÃO COMUNICAR À ANTT QUALQUER E
IRREGULARIDADE QUE VE-NHA A OCORRER
QUANDO DO USO DO VALE-PEDÁGIO
OBRIGATÓRIO
ART. 20 INCISO II A OPERADORA DE RODOVIA SOB PEDÁGIO, QUE 923 MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT NÃO OBSERVAR AS DETER-MINAÇÕES A CADA INFRAÇÃO
2885/2008 CONTIDAS NOS ARTS. 8º E 9º DA RES. ANTT COMETIDA,
2885/2008. CUMULATIVAMENT
ART. 9: NÃO REGISTRAR, INFORMANDO À ANTT, E
OS MODELOS OPERACIO-NAIS DE
FORNECIMENTO DE VALE-PEDÁGIO
OBRIGATÓRIO QUE ESTEJAM À DISPOSIÇÃO
DOS USUÁRIOS E EVENTUAIS RESTRIÇÕES DE
USO.
ART. 20 INCISO III QUEM COMERCIALIZAR E/OU UTILIZAR O - MULTA DE R$ 550,00
RES. ANTT VALE-PEDÁGIO OBRIGATÓRIO EM POR OCORRÊNCIA
2885/2008 INOBSERVÂNCIA ÀS DISPOSIÇÕES DO ART. 3º
DA RES. ANTT 2885/2008.
ART. 3º O VALE-PEDÁGIO OBRIGATÓRIO DE QUE
TRATA ESTA RESOLUÇÃO SOMENTE PODERÁ
SER COMERCIALIZADO PARA UTILIZAÇÃO NO
EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGAS, POR CONTA DE
TERCEIROS E MEDIANTE REMUNERAÇÃO, POR
TRANSPORTADOR INSCRITO NO REGISTRO
NACIONAL DE TRANSPORTADORES
RODOVIÁRIOS DE CARGA - RNTRC.
PARÁGRAFO ÚNICO. O TRANSPORTADOR
RODOVIÁRIO QUE TRANSITAR SEM CARGA POR
DISPOSIÇÃO CONTRATUAL TERÁ DIREITO À
ANTECIPAÇÃO DO VALE-PEDÁGIO
OBRIGATÓRIO EM TODO O PERCURSO
CONTRATADO

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Sem prejuízo da aplicação da(s) multa(s) administrativa(s), nas hipóteses de infração ao


disposto na legislação do Vale-Pedágio obrigatório, o embarcador será obrigado a indenizar o
transportador em quantia equivalente a duas vezes o valor do frete.
Além disso, o descumprimento dos artigos 17 e 18 da Resolução ANTT nº 2885/2008,
implica o cancelamento da habilitação da empresa fornecedora e da aprovação do modelo
operacional do Vale-Pedágio Obrigatório.
O artigo 17 estabelece que a habilitação das empresas fornecedoras de Vale-Pedágio
Obrigatório em âmbito nacional e a aprovação dos respectivos modelos e sistemas operacionais,
por parte da ANTT, não poderão ser objeto de qualquer tipo de transferência ou cessão.
Por fim, o artigo18 afirma que qualquer alteração nas condições de habilitação das
empresas fornecedoras de Vale-Pedágio Obrigatório em âmbito nacional e de aprovação dos
respectivos modelos e sistemas operacionais deverá ser comunicada pela empresa fornecedora
à ANTT, no prazo de trinta dias de sua ocorrência.

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
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Figura 3 – Exemplo de DANFE

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
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Figura 4 – Exemplo de DACTE

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
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Figura 5 – Exemplo de DACTE (2)

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Manual de Procedimentos de Fiscalização Consolidado do TRC
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Figura 6 – Modelo de DAMDFE

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