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Salgado, Lia
Como vencer a maratona dos concursos públicos / Lia Salgado. – 6. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2019.
1. Concursos públicos - Método de estudo 2. Concursos públicos - Narrativas
pessoais I. Título.
18-1725
CDU 37.041
Diretoria executiva Flávia Alves Bravin Diretora editorial Renata Pascual Müller
Gerência editorial Roberto Navarro Consultoria acadêmica Murilo Angeli Dias dos
Santos Edição Liana Ganiko Brito Catenacci Produção editorial Ana Cristina Garcia
(coord.) | Carolina Massanhi | Luciana Cordeiro Shirakawa | Rosana Peroni Fazolari
Arte e digital Mônica Landi (coord.) | Claudirene de Moura Santos Silva | Guilherme
H. M. Salvador | Tiago Dela Rosa | Verônica Pivisan Reis Planejamento e processos
Clarissa Boraschi Maria (coord.) | Juliana Bojczuk Fermino | Kelli Priscila Pinto | Marília
Cordeiro | Fernando Penteado | Mônica Gonçalves Dias | Tatiana dos Santos Romão
Novos projetos Fernando Alves Diagramação (Livro Físico) Luciano Assis Revisão
Adriana Cláudio Capa Mayara Enohata
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184 do Código Penal.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
ADVERTÊNCIA
DECISÃO
DEPRESSÃO
AGORA É SÉRIO
PRESENTES
2000 OUTUBRO
2001 JANEIRO
SONO?
2001 MARÇO
PLANEJAR É PRECISO
DE NOVO?
2002 JUNHO
ESTUDAR É DIVERTIDO
2002 JULHO
ESTÁ DESEMPREGADO?EXCELENTE!
EQUILÍBRIO É A CHAVE
ESSA É A LEI
ENFIM, O EDITAL...
FILHOS PEQUENOS
A ESTRATÉGIA DO GUERREIRO
DEPOIS DE TUDO
10 ANOS DE TRABALHO
E BEM DEPOIS...
UM PEDIDO OU UM DESEJO?
AGRADECIMENTOS
Meu sócio, que teve de segurar a barra sozinho tantas vezes e nunca me
cobrou por isso...
Meu irmão, que foi babá, office boy, motorista e funcionário do ateliê,
cobrindo minhas múltiplas funções...
Tantas pessoas queridas, que torceram sinceramente pelo meu sucesso...
Mauro, responsável por eu ter entrado nessa corrida e por ter me mantido
nela...
O curioso é que isso não provocou uma redução da procura pelos concursos
públicos – ao contrário. Nunca se falou tanto no assunto. Atualmente, todos
os veículos de informação têm um segmento especializado, de forma que o
que era antes restrito a uma minoria é hoje de domínio público. Todo mundo
conhece alguém que fez ou está fazendo concurso.
Além disso, aos poucos as regras estão ficando mais claras, nem sempre a
partir de leis que definem os direitos dos candidatos – ainda carecemos de
uma lei geral sobre o tema –, mas em muitos casos por decisões judiciais
reiteradas ou de instância superior.
2013
Lia Salgado
APRESENTAÇÃO
Então, não espere muito mais do que isso. Sou alguém que poderia sentar-
se ao seu lado na sala ou num grupo de estudo e contar coisas que descobriu
quando passou por essa estrada, um tempo atrás. Aqui relato as muitas
bobagens que cometi durante a trajetória e que me fizeram perder um tempo
desnecessário. Quem sabe assim você poderá evitá-las?
Está insatisfeito no emprego? Ano após ano, dizendo que gostaria de mudar
de vida? O que acha de colocar um objetivo luminoso à sua frente?
I Está satisfeito com o seu trabalho, mas não com a remuneração; precisa
ganhar mais, mas não tem coragem de largar o emprego (e nem deve
mesmo).
II Ganha bem, mas não está satisfeito com o tipo de trabalho que realiza e
adoraria “virar a mesa”.
III Gosta do seu trabalho, ganha bem, mas se sente inseguro, porque sabe
que pode ser mandado embora de uma hora para outra.
Opções I, II, III, IV: o concurso público pode ser uma excelente solução
para a sua vida.
E acabou de concluir o ensino médio (2º grau), talvez o seu maior sonho
seja ingressar numa universidade a fim de conseguir uma boa colocação no
mercado de trabalho. Em resumo: um bom emprego, com um bom salário.
Veja bem: em ambas as situações, você teria mais alguns anos de formação
pela frente e, depois, mais uns dois para encontrar seu espaço e começar a ser
minimamente remunerado.
Então pense: em dois anos (que você levaria para se inserir no mercado de
trabalho), você pode, seguramente, estar com um bom emprego, bom salário
e, aí, dedicar-se à profissão dos seus sonhos, sem a preocupação de que seja
tão rentável a curto prazo.
O concurso público pode significar uma excelente opção nos três casos.
Por tudo o que foi dito, sugiro que reflita: há quanto tempo as coisas estão
difíceis para você? Quantas alternativas de solução para sua vida financeira já
foram tentadas? Será que não vale a pena investir em algo garantido e
definitivo, mesmo que demore um pouco?
E POR QUE CONCURSO PÚBLICO?
O concurso público, ao contrário, permite que você inicie uma nova etapa
de vida – seja em outra área de atuação, melhor patamar salarial ou mesmo
um primeiro emprego –, independentemente de idade, sexo, experiências
anteriores (ou não), classe social, estado civil, número de filhos. Existe uma
troca justa: a Administração Pública precisa de servidores com determinados
conhecimentos; você se qualifica por meio do estudo, comprova isso na
realização da prova e obtém um emprego digno, com remuneração
compatível.
Não à toa a Administração está cada vez mais eficiente e moderna. Esta é a
tendência. Claro que há nichos ainda dos tempos antigos, mas isso, via de
regra, está associado à ausência de concursos para ingresso de novos
servidores. Onde os concursos acontecem regularmente, o que se observa é a
gradativa reciclagem de processos e procedimentos. O encontro que acontece
entre o conhecimento histórico da instituição (depositado nos servidores mais
antigos) e os novos recursos e talentos (trazidos pelos novos aprovados)
permite a saudável oxigenação do ambiente de trabalho, ainda que nem
sempre isso ocorra sem traumas, como é natural em qualquer situação de
mudanças.
Outra crítica comum é que estaríamos abrindo mão dos nossos sonhos.
Digo que nem sempre é possível viver de sonhos, quando se tem contas a
pagar, família a sustentar e uma vida profissional a construir. Nem todos
podem contar com apoio financeiro da família enquanto aguardam que a
carreira frutifique. Até porque não basta competência para que isso aconteça;
é preciso oportunidade e tempo para se posicionar bem no mercado privado e
ser adequadamente remunerado. Vou comentar o meu caso mais adiante, no
capítulo “10 anos de trabalho”.
Por tudo isso, vejo nos concursos públicos uma oportunidade ímpar. Para
quem não se definiu profissionalmente, não encontrou ainda a verdadeira
vocação, mas tem muitos talentos que serão úteis à Administração Pública,
por exemplo. Para quem está no mercado privado há algum tempo, mas
deseja subir de patamar e percebe que não será possível permanecendo na
situação atual; ou até atingiu um excelente patamar de remuneração, mas vive
assombrado com o fantasma da demissão. E, também, para quem sabe
exatamente o que “quer ser quando crescer”, mas precisa ter alguma
estabilidade financeira para investir na profissão.
Vale lembrar, ainda, que há concursos para os cargos mais variados. Desde
concursos de nível fundamental incompleto até nível superior de formações
surpreendentes, como astronomia, por exemplo. Assim, também é possível
atuar na profissão escolhida dentro do serviço público, com segurança e bom
salário.
E, se realmente deseja, faça algo agora. Não adianta pensar que decidiu.
Ratifique esta decisão por meio de uma atitude concreta. Pesquise na internet,
em mídias especializadas, busque jornais de concursos, converse com pessoas
do meio e defina o primeiro passo: matricule-se num bom curso (presencial
ou via internet) ou contrate uma consultoria especializada (sim, isso existe e
pode funcionar muito bem) e planeje seus estudos. Materialize a sua decisão:
vou estudar para concurso.
1999 ÚLTIMOS MESES COMIGO FOI
ASSIM
Na virada do ano de 1999 para 2000, tomei a decisão. Pensei que em seis
meses estaria empregada. Já tinha feito provas anteriores com sucesso. Ia ser
moleza...
Não tinha percebido que os tempos eram outros. Naquela época, período de
recessão prolongada, transformação acelerada do mercado de trabalho,
rotatividade de mão de obra, tudo isso gerava uma insegurança muito grande
para quem estava na economia privada. Daí a procura cada vez maior pelos
concursos públicos: a possibilidade de obter um emprego por seus próprios
méritos e esforços, além de uma certa garantia de estabilidade. Sem falar no
orgulho de ser concursado.
Por outro lado, e em função disso, os programas tornavam-se cada dia mais
abrangentes e os candidatos, extremamente bem preparados.
A minha situação pessoal também era muito diferente: quando fiz os outros
concursos, eu era somente estudante; agora, carregava a responsabilidade de
ser chefe de família, com todas as atribuições decorrentes.
Com todas essas questões, de que forma começar a estudar depois de tantos
anos? Não sabia o que fazer. Procurei anúncios de cursinhos no jornal.
Telefonei para o que mais me agradou: início do Básico Fiscal em 14 de
março de 2000. Começou ali a minha maratona.
DECISÃO
Após mais algum tempo, outros sairão da sua frente, pelos mesmos
motivos. Se você continuou, já estará perto dos primeiros da fila. Chegará o
momento em que não haverá ninguém na sua frente. Você está preparado/a,
domina as principais matérias, aprendeu a estudar, está em plena condição.
Passará no concurso que quiser!
Portanto, como ouvi quando comecei, “só há dois tipos de candidato: o que
desiste e o que passa”.
Agora, imagine sua vida daqui a três anos (numa hipótese conservadora), se
você começar a estudar do “zero”, com muitas dificuldades, mas não desistir?
Como estará?
– Preciso da sua ajuda. Não estou satisfeito com a vida que eu tenho e
decidi prestar concursos públicos. É uma preparação longa e difícil, mas eu
conheço muita gente que mudou a vida desse jeito e é o que eu também
quero.
A parte mais complicada deste projeto é que não há como prever em quanto
tempo eu vou conseguir a aprovação. A parte boa é que, quando eu
conseguir, a nossa situação financeira vai melhorar e teremos mais tempo e
qualidade de vida.
Acho importante lembrar sempre que seu amor permanece. E, ainda, que o
afastamento é temporário e motivado pelo estudo, e não por deixar de gostar.
Para crianças pequenas, dizer também, de forma simples e clara, que você vai
fazer uma prova importante e que, depois, terão tempo juntos e dinheiro para
brinquedos e passeios. E, principalmente, diga sempre que as ama muito.
Para os meus filhos, eu dizia que poderíamos viajar juntos, comprar coisas,
ir a restaurantes, e que eu seria mais calma e feliz. Enfim, uma mãe melhor.
Ela lembra que, no início, parecia que sua cabeça fazia barulho, como uma
máquina enferrujada que volta a funcionar. Temia não ser capaz, mas insistiu,
porque era uma chance única. Conquistou sua vaga.
– Tem, tem sim: perseverança. É não desistir, não desistir, e não desistir!
Independentemente dos obstáculos ou dificuldades que apareçam. Lembrar
que, ao alcance do seu braço, está a solução definitiva para seus problemas
financeiros.
Não é a profissão com a qual você sempre sonhou? Talvez não, mas pode
permitir que depois você se dedique àquela profissão, desde que, obviamente,
haja compatibilidade de horário e não exista vedação legal.
Além disso, são cada vez mais comuns concursos para as mais variadas
áreas de formação. O que significa dizer que você pode exercer a sua
profissão no serviço público, com a vantagem de bom salário e segurança
garantidos.
Desde jovem, sempre gostei muito de estar na praia. Assim, com o objetivo
de tornar a tarefa mais agradável, escolhi iniciar as corridas nas areias de
Itacoatiara, uma praia linda da minha cidade. Meu filho mais velho dispôs-se
a acompanhar-me.
Bom, levei aproximadamente uma hora para correr os tais vinte minutos.
Corria, andava, descansava, voltava a correr.
Meu filho, de personal trainer (só pelo amor, porque ele não era da área),
motivando-me e estimulando-me a vencer meus limites.
Controlei a depressão, e era essa corrida que me dava forças para vencer o
stress nas épocas mais tensas da preparação.
Mas é claro que, na prática, as coisas não funcionavam assim, com essa
organização. As solicitações eram simultâneas, e muitas vezes atendia a
telefonemas de clientes e filhos na aula, resolvia coisas de casa e deveres
escolares das crianças junto com o trabalho e estudava enquanto cuidava
deles. Aprendi a “multiplexar” (ainda bem que sou geminiana)...
Nos dias em que não tinha aula, pretendia rever a matéria em casa pela
manhã. Mas, aí, o ateliê exigia minha presença, e a culpa por estar
abandonando o trabalho nas costas dos meus sócios inviabilizou essa
alternativa.
Eu gosto muito de “conversar” com a matéria: – Ah, então é por isso que...
Ou até:
Claro que não, a menos que a sua vida esteja boa do jeito que está!
Quando iniciamos nossa vida estudantil também temos pela frente tantos
conteúdos diferentes e tantos anos de estudo que, se pensássemos a respeito,
certamente nos recusaríamos a ingressar na escola. Entretanto, a coisa
acontece de forma gradativa e natural, com os assuntos se sucedendo e se
tornando mais complexos aos poucos.
Ao longo dessa quase uma década desde a minha aprovação, o mundo dos
concursos públicos sofreu profundas transformações. Talvez a mais
significativa seja a disseminação do ensino a distância. Quando eu iniciei os
estudos, mesmo a internet não era acessível para qualquer pessoa. Quem não
tinha boas condições financeiras (como era o meu caso) não tinha internet ou,
se tivesse, a conexão era por meio de linha discada – um horror de lentidão.
Mas a tecnologia se desenvolveu absurdamente e está cada vez mais
disponível para outros segmentos da sociedade, com a invasão dos
computadores e celulares com internet.
A outra desvantagem é você ficar mais isolado das outras pessoas que têm
um projeto similar e, com isso, deixar de trocar informações preciosas
relacionadas a materiais, concursos iminentes e outras dicas úteis. Além
disso, a oportunidade de compartilhar experiências – tanto boas quanto ruins
– traz algum conforto emocional, tão necessário para quem está enfrentando
essa maratona de estudos e privações.
Eu, por exemplo, nas duas primeiras fases do ISS-RJ, estive bem
posicionada nos simulados, conseguindo até um primeiro lugar entre a elite
dos concursandos. Em compensação, na terceira fase ficava sempre entre os
últimos e o sábado tornou-se um dia muito difícil para mim – não conseguia
sequer terminar a prova no tempo determinado, porque havia muitas matérias
de exatas que, decididamente, não eram o meu forte. Entretanto, continuei
batalhando, fazendo exercícios para reduzir o tempo de solução e, graças a
Deus, a prova não trouxe tantas questões longas. No fim das contas, foi a
minha melhor pontuação naquele concurso.
2001 JANEIRO
Enfim, depois disso houve outros concursos, mas nenhum com vagas para
o Rio. Como seria um ônus muito grande mudar-me para outra cidade
sozinha com as crianças, nem tentei.
TOQUES E DICAS PRÁTICAS (conselhos
não, por favor...)
INVESTIMENTO
Existem pessoas que optam por estudar sozinhas em casa, sem assistir a
aulas. Particularmente, acho importante frequentar um curso para ter uma
referência do que está acontecendo e manter-se atualizado/a. Também
observo que ajuda a ter um foco melhor em relação ao que é importante
estudar. Porque não é só teoria, mas tendências de julgamentos,
posicionamento do STF, alterações nas leis... Além disso, o contato com os
concorrentes não deixa você esquecer que eles existem. De longe, tudo esfria
e você perde a noção de como está sua colocação na maratona.
Uma alternativa muito interessante que surgiu no ambiente dos concursos
públicos é a consultoria especializada ou coaching para a preparação. Há
diversos formatos, qualidades e preços, e é importante pesquisar e buscar
referências, assim como na compra de qualquer serviço ou produto. É uma
opção intermediária entre frequentar cursos e estudar sozinho/a. Uma grande
vantagem é evitar o tempo consumido na busca do melhor material e forma
de estudo. Algumas consultorias limitam-se a indicar o material, enquanto
outras fazem também o acompanhamento do estudo.
ORGANIZAÇÃO
Você tem um lugar no mundo. Pode ser uma mansão (não creio muito –
para que estaria enfrentando essa loucura?), um apartamento inteiro, um
quarto ou um cantinho.
LOCAL DE ESTUDO
Limpo, organizado, confortável, bem iluminado e fresco. Vale investir
numa boa cadeira, pois é lá que você passará muitas horas do dia.
BIBLIOTECAS
Hum... você já deixou acumular matéria? Sugiro então que volte o estudo
ao início de cada disciplina, como se nunca a tivesse estudado antes, sem se
preocupar com o ponto em que os professores estão agora. Sempre é tempo
de “arrumar a casa”. Se houver alguma matéria que ainda não tenha sido
iniciada no curso, você deverá cuidar para mantê-la sempre em dia.
ANTES DE CADA AULA Sempre que possível, antes de iniciar cada aula
releia rapidamente suas anotações ou a apostila referente à aula anterior
daquela matéria. Pode ser uma leitura leve, apenas para relembrar o assunto e
já deixar o cérebro sintonizado com o que será abordado a seguir. Pode ser
feito durante uns 15 a 20 minutos antes da aula ou até mesmo durante o
trajeto até o curso, se isso for viável.
NUNCA MAIS
Não saia de casa nunca, nem para ir à padaria, sem levar algum material de
estudo. Não existe nada pior do que um contratempo (engarrafamento, fila,
sala de espera) que faça você ficar preso em algum lugar sem ter o que
estudar; ver o tempo passando, enquanto você está totalmente improdutivo...
A propósito, material de estudo passou a ser a sua nova rede social. É ali
que você vai usar todos os minutinhos livres do seu dia.
SONO?
E ele: – Não. Quer dizer, será que foi por isso que ontem só consegui
dormir às duas e tal?
Até então a coisa funcionava de modo aleatório: todo o tempo livre de que
eu dispusesse seria dedicado ao estudo. Ocorre que, como mãe de quatro
filhos, chefe de família e trabalhando, isso era uma ilusão – não sobrava
tempo. Então, eu ficava o tempo todo angustiada, culpada por não estar
estudando enquanto realizava as outras tarefas a meu cargo. O tempo
dedicado ao estudo era pequeno e de péssima qualidade, porque meio
“roubado” de outros afazeres ou, na melhor das hipóteses, do sono...
Então, procure fazer uma ficha contendo quatro semanas (na primeira vez,
inclua até o fim do mês em curso, mesmo que seja um período menor). Se
você quiser, no fim do livro há um modelo em branco para ser copiado e
preenchido a cada mês. Ou, se preferir, produza a sua própria planilha, mas
acho importante imprimi-la e colocá-la bem à vista.
A partir daí, fica simples perceber o tempo que você realmente tem para
estudar.
De preferência, deixe uma certa folga (sem exagero), de forma que você
possa absorver imprevistos indelegáveis e inadiáveis, sem comprometer
muito o planejamento inicial.
É claro que na ficha estará o ideal a ser atingido. Muitos fatores, externos e
internos, podem interferir naquela programação e isso não é motivo para
desespero (algum mau humor por conta da interrupção é aceitável).
Turno
2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira
17h30 -
Malhar Malhar Malhar Malhar
18h30
Noite Livre
Este foi o Cláudio. O concursando mais tranquilo que conheci. Fazia três
períodos de estudo com três horas cada, sem o menor stress. Ainda tirava
uma soneca depois do almoço e fazia atividade física regularmente. Saía às
sextas-feiras e finais de semana (fazia simulados aos sábados), sem
preocupação. Aprovadíssimo no concurso, com pouco mais de um ano de
estudo. Exemplo de programação light e equilibrada, que dá para levar por
muito tempo.
1ª opção
2ª opção
Concursanda “Avançada”
1 a 2 anos de maratona. Quase pode “tocar” a vaga...
Edital publicado.
Esta foi a minha programação para a terceira fase dos concursos para Fiscal
de Rendas e Controlador, depois de mais de 2 anos de maratona – ia para a
biblioteca às 8h30 e saía de lá às 20 horas: Janeiro / 2003
*Na verdade, tudo ali era revisão; este último dia ficou como “curinga”
para o que fosse mais necessário.
Muitas vezes, era só nisso que eu pensava: estava muito perto de acabar.
Ao que ele respondeu: – É a terceira vez que faço esse módulo, com
professores diferentes.
Podia dar pause no professor toda vez que não entendia alguma coisa e,
assim, revi toda a matéria (pela terceira vez). Já tendo sanado uma boa parte
das dúvidas, essa revisão completa me permitiu um salto de qualidade. Passei
a fazer metade das questões dos simulados e a entender a correção.
Ainda assim, aquele continuava sendo meu ponto fraco. Um tempo depois,
peguei um material com um amigo – professor de Contabilidade para não
contadores. Achei que podia ser a minha salvação. É verdade que ajudou
bastante a compreender a lógica da coisa, mas ainda precisava de mais.
Bom, pelas minhas contas, foram seis módulos completos, mais tentativas
solitárias... A meu favor, tenho a declarar que sou formada em Direito.
Enfim, nem sempre as coisas foram muito fáceis...
2001 FIM DE ANO
Foi publicado o edital para o ICMS São Paulo – prova em janeiro de 2002.
Início de verão era o período de mais trabalho no ateliê. Eu tinha de fazer
uma escolha: salvar o dinheiro do mês ou investir no futuro e na solução
definitiva.
Além disso, minha avó (com 99 anos à época) ficou trinta dias internada no
hospital; filhos e filhas, netos e netas, revezávamos plantões.
– Vamos à praia?
– Ai, você não liga mais para mim, nunca tem tempo para me dar atenção.
Diversos...
– Você ainda não passou? Será que adianta ficar estudando assim?
– E se você não passar, o que vai fazer? (essa foi do meu filho de 18 anos,
antes da última prova; uma delícia...).
– Você não acha que precisa cuidar mais dos seus filhos? Nem tudo pode
ser adiado! (o de 15 anos...).
– E se me der um “branco”?
Ou ainda: – Nunca passo nas provas, sempre fui péssimo/a aluno/a, não
tenho base...
Jogue fora todo aquele registro negativo. Você hoje é uma pessoa adulta
(ou quase) e tem algo que não tinha antes: maturidade. Isso faz toda a
diferença. Pode acreditar!
Assim que virou o ano, saiu o edital para o concurso do ISS-Niterói (RJ).
Eu reduzi minha carga horária de trabalho e dediquei todas as manhãs àquele
concurso: nos dias em que não tinha aula, estudava em casa. Agora, tinha
novamente um objetivo concreto à frente. Mas, mesmo expandindo o tempo
de estudo, ainda me sentia – e estava – muito “crua”. A prova disso é que, na
véspera da prova, eu achei melhor fazer uma revisão geral das matérias: 20
minutos para cada uma (e acreditei nisso!). Até hoje, rimos disso eu e a
Flávia (que, àquela época, já se tornara minha companheira de batalha).
Obviamente impossível.
Mesmo assim, fiquei em 44º lugar. Mas eram apenas trinta vagas.
É uma das piores sensações. Às vezes, a gente se sente preparada, acha que
tem condições de passar e, quando chega o resultado, não conseguiu.
Depois, acenda uma luz dentro de você e lembre que perdeu somente uma
batalha de uma guerra com várias oportunidades. Olhando por outro ponto de
vista, é uma situação privilegiada, porque, quando vencer sua primeira
batalha, terá vencido toda a guerra, não importando quantas vezes tenha sido
derrotado anteriormente. Então, a luta continua e o guerreiro tem de se
levantar. Procure ver, com isenção, o que pode ser melhorado: examine suas
armas, sua condição física, sua estratégia. Não é mais hora de pena ou ódio,
que enfraquecem. Mire seu objetivo e caminhe para ele.
O que eu quero deixar claro é que podem existir momentos muito difíceis
na vida do concursando, momentos de grande decepção: não fomos
aprovados em algum concurso, o concurso foi anulado, tivemos algum
impedimento sério no período da prova (doença pessoal ou na família, por
exemplo)... A vida não para porque temos um concurso pela frente e, muitas
vezes, ela até nos atropela. É importante, aliás, decisivo, que você não se
deixe vencer nessa hora. Ficamos abatidos, confusos, decepcionados, mas
busque forças para seguir adiante até o objetivo. Se você desistir, seria como
jogar fora todo o tempo, dinheiro e energia já investidos no projeto. A relação
custo/benefício fica desfavorável e o registro que fica é o da derrota. Se você,
ao contrário, seguir adiante, quando conquistar a vaga e a vida que desejava,
terá, para sempre, o registro da vitória. E o resto da vida para usufruir!
Engraçado como tanta gente acha que seria melhor estudar uma disciplina
até o fim, para somente depois passar para outra, e assim por diante.
Passei mais de trinta dias parada, desanimada. Cheguei mesmo a achar que
tinha desistido do projeto “concurso público”. Ficar tão perto das vagas e não
conseguir foi mais doloroso do que as outras reprovações – e já era o terceiro
fracasso.
Empacotei todo o material de estudo, e confesso que senti certo alívio por
tirar aquele peso da minha vida. Voltei a ter tempo para ficar com as crianças
à noite e nos fins de semana, e isso fazia parecer que eu estava tomando a
melhor decisão.
Mas, com o passar das semanas percebi que os problemas que me haviam
levado a iniciar o projeto permaneciam ali: falta de dinheiro e de perspectiva
para criar com segurança os meus quatro filhos. E não encontrei outra
solução para a minha vida. Assim, por uma questão de sobrevivência, decidi
reagir e voltar à luta: os jornais estavam divulgando novo concurso para
fiscal do INSS, que viria com muitas vagas.
NADA DE JEJUM
Seu cérebro consome energia enquanto você estuda. Logo, você precisa
ingerir carboidrato (fruta, pão, bolo, cereais) a cada três horas. Caso
contrário, ele fica sem matéria-prima para trabalhar.
Mas tome cuidado! Não abuse, porque permanecerá sentado por muitas
horas. Será quase inevitável ganhar uns quilinhos extras.
REFORÇO
Acho que vale uma força extra para melhorar o seu desempenho:
vitaminas, complementos alimentares, calmantes naturais, fortificantes,
antifadiga. Procure orientação médica ou use recursos naturais que não
apresentem contraindicação. Jamais comprometa sua saúde.
ATIVIDADE FÍSICA Caminhada é uma ótima opção para quem tem vida
sedentária. Não requer grandes preparos (somente um alongamento antes e
depois) nem oferece riscos. Um tênis confortável, roupas leves e disposição
são suficientes. Evite horário de muito calor e use protetor solar se fizer a
atividade durante o dia. O resultado é uma melhora acentuada da disposição
física, da concentração (experimente e se surpreenderá) e até do humor. O
que está esperando?
EQUILÍBRIO
SUBLINHE
FICHAS-RESUMO X RESUMOS
DÚVIDAS
Você vai perceber que, a cada vez que retornar ao mesmo ponto, mais
lacunas serão preenchidas e a compreensão da matéria se torna mais efetiva.
Peça também ajuda aos professores. É difícil para algumas pessoas, mas
eles têm muita experiência e são nossos aliados nessa batalha.
ESTUDAR É DIVERTIDO
Sem falar que vamos nos tornando cidadãos mais completos e conscientes
pelo estudo de matérias como o Direito Constitucional e o Direito
Administrativo.
Sim, eu concordo que quem está empregado, com as contas pagas e comida
em casa, tem mais tranquilidade. Mas, por isso mesmo, não tem tanto
empenho e, na hora em que surgirem os obstáculos ou as tentações (feriados,
programas etc.), pode não ter a mesma determinação que você. Para quem
está sem dinheiro para passeios, o melhor é estudar. Mas, por favor, não se
considere uma pessoa merecedora de pena! Pense que está preparando seus
passeios futuros, com dinheiro no bolso e segurança.
DIA LIVRE + ATIVIDADE FÍSICA =
CONTINUIDADE
Olha só! Se até Ele tirou um dia de descanso na semana, por que nós,
simples mortais, não faríamos o mesmo?
De qualquer forma, seja feliz, muito feliz nessas vinte e quatro horas. Isso é
combustível para a empreitada da semana. Acredite! E é o que vai garantir a
continuidade da sua maratona até a conquista da vaga, independentemente do
tempo necessário para isso acontecer.
MARATONISTA, MEXA-SE!
O estudo deve passar a fazer parte da sua vida – como atividade prioritária,
é verdade –, mas não pode impedir você de viver. Corpo, mente, emocional e,
até, espiritual devem estar em harmonia, como seus aliados.
Na semana seguinte...
n Cada um passa quando chega a sua hora. Acredito que não são somente
conhecimentos técnicos, mas todo um momento de vida que converge para a
aprovação.
Além disso, se você está querendo mudar de vida, talvez devesse pensar
sob outra ótica: qual é sua maior motivação no concurso público? Já sei:
segurança e bom salário. Mas é importante pensar, também, na atividade que
será exercida, e não só no salário, para escolher melhor. Afinal, aquele será o
seu trabalho de todos os dias, por muitos e muitos anos. Há ainda outros
aspectos interessantes a serem considerados, tais como: oportunidade de sair
da cidade onde mora, flexibilidade de horário, outro patamar salarial...
Outro fato que deve ser levado em conta é que você não precisa encerrar a
trajetória na primeira aprovação. Quando chegamos ao ponto de sermos bem-
sucedidos em um concurso, estamos realmente preparados. Dominamos as
matérias comuns e temos tempo e serenidade para dedicar às específicas.
Amadurecemos e sabemos fazer a melhor prova possível. Lembre-se: não
existe sorte em concurso público. O resultado é fruto do estudo sério e
eficiente. E a aprovação é o atestado de que estamos num patamar de
excelência. Portanto, se formos aprovados e seguirmos estudando, a chance
de conquistarmos colocações cada vez melhores em concursos posteriores (da
mesma área, claro) é enorme. Por isso, se observarmos o histórico de quem
passa nos primeiros lugares, veremos que é comum uma trajetória de
aprovações anteriores na mesma área. São gênios? Não (somente alguns
poucos)! Simplesmente prosseguiram na maratona, aproveitando o
conhecimento e a experiência adquiridos e qualificando-se cada vez mais.
Assim como um atleta que, após anos de treinamento, passa a bater todos os
recordes. Com a vantagem de que, em competições desportivas, sempre pode
aparecer alguém com talento natural superior, independentemente de
treinamento. No nosso caso, não existe mágica, mas uma quantidade de
conhecimento que deve ser assimilada passo a passo. Por isso, a chance de
cair um craque de repente na sua frente, invertendo a ordem anterior da fila, é
mínima. Desta forma, pode ser interessante, em alguns casos, fazer um
concurso inferior às suas pretensões para aliviar a pressão, e continuar se
preparando para o concurso “dos sonhos” até conquistá-lo (o que poderá ser
mais fácil, se já estiver empregado e confiante de que é capaz).
Em muitas coisas. Tudo o que conversamos, até agora, tinha como objetivo
a continuidade da maratona, já que não sabíamos quanto tempo ainda haveria
pela frente. A publicação do edital do seu concurso inverte a situação:
passamos a ter uma data concreta, próxima (sempre mais próxima do que
gostaríamos ou precisaríamos...) e temos de priorizar o estudo acima de,
praticamente, todo o resto. É a hora do arranque final, quando cada minuto é
precioso.
Antes de tudo, pare e examine sua situação com “olhos de ver”: você tem
chances reais de sucesso nesta prova? Porque, caso contrário, é melhor
continuar no ritmo normal, aprofundando as matérias gerais, a fim de ter
condições de vencer num momento mais adiante. Enquanto isso, os
“apavorados” ficam fazendo todas as provas que aparecem, e módulos
específicos que só servirão para um concurso, sem ter ainda base suficiente.
Quando vier o próximo, você terá um conhecimento mais sólido nas matérias
básicas e, assim, terá serenidade e tempo para estudar somente as específicas.
Já quem ficou “atirando para todos os lados” estará em desvantagem.
O.k. Chegamos à conclusão de que “estamos no páreo”. Primeira
providência: verificar quantas semanas teremos até a prova e fazer um
planejamento global. Se possível, deixando as duas últimas semanas para
revisar todas as matérias – isto é o ideal. Na pior das hipóteses, deixe pelo
menos a última semana para revisão. Se você está seguro nas matérias gerais
e vem fazendo uma manutenção bacana, conseguirá revisá-las em pouco
tempo.
Mas preste atenção! Não divida o tempo uniformemente. Deixe mais tempo
para as matérias em que você tem mais dificuldade ou está mais fraco/a, e
menos tempo para aquelas em que está bastante tranquilo/a. Leve, também,
em conta a extensão da matéria (algumas são enormes e outras têm o
conteúdo mais limitado) e, ainda, a importância e o peso de cada uma na sua
prova. É preciso ter muito cuidado, ainda, com aquelas que parecem bobas, a
respeito das quais só cairão poucas questões, mas que eliminam o candidato
que “zerar”. De que adianta fazer uma excelente prova e ser desclassificado
por causa daquela matéria que parecia tão simples? É de chorar...
Cumpra as metas desde o início, para evitar a aflição dos últimos dias,
quando já não haverá mais tempo. Se necessário, crie novos horários de
estudo para repor o que não tiver sido suficiente. Afinal, é a hora do seu
sprint*.
Na semana (ou semanas) de revisão, leia seus resumos. É claro que você os
fez, com anotações de casos específicos, aqueles detalhes que você sempre
esquece, dicas das pegadinhas em que você se atrapalha... Você fez, não fez?
Revise fórmulas, detalhes.
Se isso não for possível para você, pelo menos estabeleça uma hora-limite
em que, como dizia meu sócio, “fechou o barracão”. Nos desfiles de escola
de samba, as coisas nunca ficam exatamente conforme idealizado; sempre
falta um retoque aqui ou ali. Mas existe o momento em que é preciso parar
tudo, porque a escola tem de sair.
Fiz essa bobagem na primeira prova do ISS: fiquei relendo a matéria até
tarde da noite. Quase “apaguei” na hora da prova, não de sono, porque a
adrenalina não permitiria, mas de exaustão mental. Cometi erros que
poderiam ter sido evitados se estivesse em melhores condições. Aprendi a
lição.
FILHOS PEQUENOS
Uma das coisas mais dolorosas do meu tempo de estudo era ter de ficar
ausente da vida dos meus filhos.
Com isso, só via as crianças pela manhã, antes de irem para a escola, e
depois no outro dia, pela manhã, porque quando chegava elas estavam
dormindo. Era muito ruim para todos nós, mas penso que foi o menorzinho
quem mais sofreu. Ele era muito pequeno e ficava difícil explicar por que eu
“desaparecia” de casa. Ele se agarrava às minhas pernas e chorava, pedindo
para eu não ir para a “minha escola”. Perguntava se quando ele chegasse em
casa da escola eu estaria ali. E eu tinha de dizer que não estaria, que precisava
estudar porque um dia ia “escrever umas coisas” (não havia como explicar o
que era uma prova) e depois a gente ia ganhar muito dinheiro, eu ia comprar
brinquedos, passear com ele, comer em restaurantes.
No fim da tarde, eram os irmãos mais velhos que cuidavam dos menores,
davam jantar e os colocavam para dormir. Muitas vezes ligavam para mim,
porque o caçula estava chorando.
POR QUE PRECISO PASSAR?
Preciso:
. ser feliz.
Com o tempo, descobri que a conexão com a minha real necessidade trazia
a proteção desejada. Quando estamos ligados à nossa essência, estamos
também ligados ao Universo, e tudo trabalha na mesma sintonia, a nosso
favor.
Vá com uma roupa confortável e fresca, e leve agasalho, porque pode estar
muito frio ou muito quente na sala – é imprevisível.
Esses cuidados garantem que nada desvie sua atenção da prova, nem
comprometa o seu rendimento.
Durante todo o tempo da prova, confie no trabalho que foi feito. Mesmo
que apareça uma coisa que você nunca viu, leia com calma e atenção e tente
relacionar com algo que conheça. Um bom recurso é “conversar” com a
prova, tentar perceber a intenção do examinador.
Cuidado com a letra, com as contas. Para não ser traído por uma
observação confusa, tente organizar as anotações. Vale até usar a carteira
como rascunho – se o edital permitir levar lápis e a carteira for de fórmica
clara. Quando acabar a prova, apague tudo, por uma questão de gentileza...
E se houver redação? Talvez seja melhor fazê-la logo após essa primeira
“rodada” (salvo se não estiver conseguindo desenvolvê-la de jeito algum; aí é
mais prudente adiantar as questões). Porque, quando voltar para a parte
objetiva, já haverá certa tranquilidade de que tudo o que você sabe está feito e
a redação, pronta.
Foi até o fim da prova uma vez? Retorne, então, à primeira matéria
escolhida, com a consciência de que garantiu muitos pontos. Siga,
novamente, até a última matéria, sem reler aquilo a que respondeu com
segurança da primeira vez. Dedique-se às questões que dependem de você
pensar um pouco mais, mas que não tomarão muito tempo. Por vezes, é só
uma questão de compreender melhor o enunciado. A serenidade de já ter feito
boa parte da prova torna o seu olhar mais preciso e a mente mais atenta.
Muitas vezes, esta segurança é suficiente para enxergarmos coisas que
haviam passado despercebidas na tensão do primeiro momento. Dedique-se,
também, às questões mais trabalhosas, mas às quais você sabe responder.
Siga até o fim da prova.
MATÉRIAS
. Direito Penal
Por via das dúvidas, deitei na cama às 8 da noite com o Código Tributário
Nacional e a Constituição Federal. Resultado: reli todo o Sistema Tributário
na Constituição e todo o Código Tributário Nacional, com medo de esquecer
alguma coisa importante. Fechei o material às 11 da noite, com a cabeça meio
oca.
Gosto de entrar logo na sala, para escolher o local mais fresco (as provas
aconteceram no Rio de Janeiro e em pleno verão). Levo barrinha de cereais e
água.
No terceiro retorno é que vou “espremer os miolos” com o que não sei. Só
que, nesse momento, já garanti os pontos de tudo o que sabia. O tempo que
resta será para aquelas questões mais difíceis e para marcar o cartão de
respostas.
Aliás, destine tempo suficiente para o cartão, porque não tem a menor
graça perder questão certa porque marcou o cartão correndo e errou. Para ser
sincera, é um dos momentos em que fico mais tensa, totalmente alerta para
não me enganar.
Naquele dia, quando cheguei a casa, comi algo e caí na cama. Dormi
durante umas três horas seguidas.
RESULTADO DA 1ª PROVA 132º LUGAR
Tive muito medo: ainda estava longe das cinquenta vagas e aquela era, a
princípio, a “minha” prova, já que sou formada em Direito.
2002 OUTUBRO PANE!
Ele me olhava atônito, sem saber bem o que fazer. Disse-me que poderia
contar com sua ajuda, que me acalmasse, tudo ia sair bem. Como não havia
mesmo outra opção, lavei o rosto no banheiro, respirei fundo e fui para a sala
de aula continuar a batalha.
Foi aí que decidi oferecer-me uma “carga extra” de energia e passei a tomar
complementos alimentares e antifadiga, além de correr na praia. Foi uma
virada! Parei de sofrer e decidi lutar até o fim.
2002 24 DE NOVEMBRO ISS – 2ª PROVA
MATÉRIAS
Cheguei mais perto, mas ainda havia posições a conquistar. E somente mais
uma prova. Seria minha última chance naquele concurso.
Pode parecer maluquice, mas hoje agradeço a Deus por não ter sido
chamada para o Município de Niterói naquele momento. Isso me teria
afastado da batalha. Na verdade, a necessidade imperiosa de resolver a
questão financeira foi determinante para o meu empenho.
Também não tinha mais o direito de desistir, porque não poderia devolver o
tempo, atenção, cuidados, de que havia privado minha família, nem o que
havia sido investido a um custo tão elevado, emocional e financeiramente.
Eles acreditaram em mim – também não ofereci alternativa –, e eu não podia
desapontá-los.
MAS NEM TUDO É TRISTEZA E
PREOCUPAÇÃO
Existe aquele dia em que você acorda com muita disposição, decidido a ter
um dia produtivo de estudo. Arruma-se, toma café e senta-se para estudar (ou
vai para a biblioteca). Pega a ficha da programação, vê a matéria, abre livros
e cadernos sobre a mesa e começa a ler. De repente, você percebe que já
passou três páginas e não se lembra de nada, nem sequer do assunto. Resolve
voltar. Lê em voz alta. Sente-se um papagaio idiota. O pensamento está
longe. Começa a se lembrar de tarefas e outras providências pendentes. O que
fazer?
Tenho um amigo para o qual nada do que foi dito no capítulo anterior tem
aplicação. Ele sempre estudou muito, demais até. Sabia tudo de todas as
matérias. Quando pedíamos que nos tirasse alguma dúvida, dava uma aula
completa sobre o assunto.
O problema é que ele não sabia equilibrar, e não buscava algum lazer,
atividade física, relaxamento. Cobrava-se muito e permitia-se pouco. Graças
a Deus, isso não foi suficiente para prejudicar sua colocação no concurso,
mas houve momentos em que fez menos do que sabia e ficou assustado.
Se você tem esse perfil, gostaria que lembrasse: para darem o melhor
rendimento, seu corpo e sua mente precisam ser bem tratados. O tempo
dedicado ao cuidado da saúde (sono, boa alimentação, atividade física e
algum lazer) retornará multiplicado para o estudo sob a forma de atenção,
concentração, assimilação (com tantos “ão” perderia pontos em uma
redação).
Por outro lado, o corpo desgastado pode sabotar você no momento mais
inconveniente, ficando doente ou dando uma pane emocional na hora da
prova, por exemplo.
Portanto, reserve um dia por semana para sair, ver amigos, namorar, enfim,
fazer algo de que goste muito e, durante esse tempo, não se culpe, por favor!
Estará investindo no estudo da mesma forma.
2002 DEZEMBRO DIFICULDADES
– Mamãe, vem pra casa. Eu não quero ficar com o Pedro – soluçava meu
filhinho de 5 anos.
Várias vezes, nos períodos em que tínhamos aula todas as noites, ele
chorava antes de ir para a escola, implorando para que eu estivesse em casa
quando ele chegasse.
Tive de deixar.
FESTAS
NATAL?
Aquela foi a primeira vez, desde que tive meu primeiro filho, em que não
armei árvore de Natal. Nem uma bolinha, uma luzinha, uma bota de Papai
Noel.
O apartamento para onde eu havia mudado era pequeno para nossa família,
então levei somente o essencial. Enfeites e árvore de Natal ficaram, junto
com tantas outras coisas, no sótão da casa de minha mãe. Não podia dispor
do tempo necessário para localizá-los e, como só parei de estudar no próprio
dia 24 de dezembro, não consegui arranjar nada de decoração. O máximo que
consegui foi “inventar” uma lembrancinha para as crianças.
E RÉVEILLON?
“Estou com medo”, disse assim que sentei na sala de estudo da biblioteca.
Eu simplesmente me debrucei sobre a mesa e comecei a chorar
convulsivamente. Era uma quinta-feira e a última prova do concurso
aconteceria no domingo. Leo (meu parceiro de estudo) fechou a porta da
salinha a fim de preservar o silêncio, porque eu não parava de soluçar. Ele
tentou me encorajar e me acalmar. Eu ouvi atentamente o que ele falou,
respirei fundo, mas não havia jeito de parar de chorar.
MATÉRIAS
Matemática: não lembrava quase nada: frações, áreas etc. Leo começou
desde os conceitos iniciais para que eu pudesse “tirar a poeira” de anos.
Tenho bom raciocínio, mas sou dispersa nas contas, obstáculo que exigiu um
enorme esforço para ser superado. Fiz centenas de exercícios para acostumar-
me e ganhar agilidade. Tempo, nesta última etapa, era problema.
Foi a etapa que ofereceu o maior desafio, porque havia duas matérias –
Estatística e Matemática – que a maioria dos outros candidatos dominava e eu
não, o que me deixava em desvantagem.
Além disso, era a última prova. Depois não haveria como recuperar
posições, e eu precisava subir na classificação para chegar aos cinquenta
primeiros.
Fiquei gelada! Estava pertinho das cinquenta vagas, mas não dentro delas.
Faltava a nota da redação.
Rezei muito, muito, pedindo que a redação pudesse jogar-me para dentro
dos cinquenta primeiros. Sabíamos que até o centésimo deveria ser chamado,
mas não no primeiro momento. E a pressão que eu vivia era enorme. A
criatividade para fazermos malabarismos de sobrevivência estava no fim. Os
recursos esgotavam-se e não sabia mais o que fazer...
*****
– Saíram as notas das redações: você tirou a maior nota, disparado! Foi
para quinto lugar na classificação final!
Quase morri! Então eu tinha vencido! Não conseguia entender bem o que
estava acontecendo. Fiquei meio paralisada, com medo de acreditar.
Agradeci muito por sempre ter gostado de ler e escrever. Bendito vício!
DEPOIS DE TUDO
Cuidado apenas com as expectativas – suas e dos outros. Porque você vai
conquistar o que deseja, é somente uma questão de tempo e persistência. Mas
não coloque sobre você mais pressão do que a inevitável nem culpa por
alguma eventual reprovação. É projeto de médio/longo prazo. Prepare-se, e
também os outros, para isso.
É claro que cada pessoa tem sua trajetória. Nem tudo o que serviu para
mim se adequará a você. A minha intenção é que, nos momentos mais
difíceis, em que parece que nada está dando certo, você possa ao menos
lembrar que outras pessoas passaram por isso. E venceram.
Acho que ficou claro que eu não tive um caminho linear, arrumadinho.
Foram subidas e descidas constantes até encontrar o passo certo. Você
também pode.
Hoje, olho para trás e vejo com orgulho o que vivi. Os tempos de
dificuldades foram extremamente dolorosos em alguns momentos, mas eu
não seria hoje o que sou se não tivesse passado por tanta coisa. Foram
oportunidades de aprendizado e crescimento que me permitiram
redimensionar a vida. Deram-me a certeza de que sou capaz de enfrentar
adversidades. Também me trouxeram a humildade para aceitar situações que
não podemos mudar de imediato. Descobri que elas trazem sempre um
ensinamento que, quando compreendido, permite a transformação. Aprendi
que é preciso cuidar da terra e da semente, mas a natureza tem seu próprio
tempo de acontecer.
Eu, hoje, sou feliz com o que tenho, com o que sou. Na verdade, já me
sentia feliz enquanto lutava, porque havia descoberto a minha força. Já me
sentia agradecida pelos meus filhos, meus pais, meus amigos. Por isso, nos
momentos de equilíbrio, acreditava que minha hora de passar havia chegado.
Havia amadurecido e internalizado os ensinamentos. Só faltava concretizar a
questão material. Era receber a medalha e o passaporte para uma nova etapa
de crescimento, em relação a outras questões. Afinal, não era isso o que eu
estava buscando?
29 de julho de 2013: uma década após a minha posse. Muita gente pediu
que eu escrevesse sobre o que aconteceu na minha vida durante esse tempo.
Acho que é natural querer saber o que há depois que se rompe a faixa de
chegada da maratona.
Houve também – e não foram poucos – quem investisse cada vez mais em
aprofundar os conhecimentos necessários ao exercício da função pública.
Novas faculdades, mestrados, MBA e outros cursos são ferramentas
importantes para quem deseja galgar posições como servidor.
Assim que descobri que não precisava mais estudar, fiquei um pouco sem
saber o que fazer com o tempo livre. Mas logo, logo descobri. Durante alguns
meses, tudo o que eu queria fora do trabalho era diversão. Combinei com os
meus filhos que criaríamos o hábito de celebrar. Celebrar a vida, os
acontecimentos, as datas importantes. Era preciso passar a limpo o tempo de
privações e marcar muito bem a mudança.
Mas, mesmo com um bom salário, eu era responsável por uma família de
cinco pessoas e tinha dívidas a saldar. Os primeiros tempos foram dedicados
a isso. Eu procurava construir a nova vida aos poucos, enquanto organizava o
que tinha ficado para trás.
Uma vez fomos a Cabo Frio e nos hospedamos em frente à praia para
apreciar o nascer do sol. Inscrevemo-nos todos (inclusive eu) para fazer aula
de surfe. Foi muito divertido e até eu consegui pegar onda em pé – tenho
fotos para provar. Essas bobagens tornam a vida mais leve.
A outra, anos depois, uma plateia de – pasme! – 2.300 pessoas. Tremi. Mas
logo fui recuperando a serenidade e, quando percebi, estava conseguindo
mobilizá-los como costumo fazer nas minhas palestras. Gosto quando as
pessoas riem e se emocionam alternadamente, porque sei que consegui tocá-
las de verdade. Quando acabei e agradeci, as pessoas começaram a aplaudir,
as da frente ficaram de pé, as seguintes, as outras e todo aquele mar de gente
ficou ali, de pé, batendo palmas. Eu não conseguia sair.
Ainda hoje, tantos anos passados, agradeço todos os dias pela vida que
conquistei. Em diversos momentos, tanto eu quanto meus filhos nos pegamos
observando o que temos agora e apreciando o quanto a vida mudou.
São coisas maiores também, como ter ido à Europa duas vezes, poder ter
um carro do tamanho da família, morar em um apartamento melhor.
São coisas ainda maiores, como ver os filhos mais velhos caminhando em
suas profissões, buscando seus passos na vida e saber que posso dar o suporte
necessário à sua formação em todos os sentidos; perceber que sou mesmo
uma pessoa melhor, mais inteira e equilibrada.
E, ainda, algo tão grande e tão simples como me saber feliz nas novas
batalhas que a vida apresenta, ou que eu mesma busco, ou ambas as coisas.
Saber que o caminho percorrido me serve para ajudar quem vem depois e que
o desconhecido me desafia e encanta.
Mas, de tudo, o mais gostoso é olhar nos olhos de cada filho e ver que não
ficou uma marca ruim dos tempos difíceis.
Explico. Minha mãe tem 89 anos; meu netinho, 1 ano e meio. São situações
que se transformam rapidamente e que eu não quero perder. A presença
física, nesses casos, é essencial. Além disso, existe a minha vida, que esteve
quase sempre na corda bamba, em precário equilíbrio, espremida entre
tarefas.
Aqui vem a parte que mais interessa a você, já que é o tema prioritário
deste livro: o acesso à universidade nessa modalidade se dá por meio de
concurso público.
O edital não tinha data certa para ser divulgado, e eu coloquei um lembrete
no celular para verificar toda 2ª feira se tinha saído alguma coisa. Já tinha
examinado o do ano anterior para entender mais ou menos como funcionava,
número de vagas, conteúdo cobrado, etc.
O fim de semana era o limite para eu tentar alguma coisa ou desistir de vez.
Faltavam 15 dias para a prova. Paralisei todos os acontecimentos externos (e
internos) e decidi usar todos os recursos de que eu dispunha, apesar de a
chance ser bem pequena. É possível fazer essa blindagem emocional, apesar
de não ser recomendável; use somente em casos extremos, quando for preciso
e realmente importante agir de forma imediata.
Adiantei o que pude no fim de semana e usei os poucos dias (noites, porque
estava trabalhando durante o dia) que tinha lendo o livro, preparando as
fichas, resolvendo a prova do ano anterior, revisando, revisando, revisando.
Sendo bem sincera, eu não achava que ia conseguir. Era uma vaga. Mas iria
até o fim.
No dia, fiquei nervosa como em qualquer concurso. Respirei. Usei a
experiência de concurseira ali também. Marquei o cartão com cuidado.
Vale ressaltar que a minha aprovação não foi definida pela matéria em que
eu me sentia mais segura: redação. Os quatro primeiros classificados tiraram
a mesma nota na discursiva. Acertar todas as questões de filosofia (matéria
totalmente nova para mim) e de português garantiu a minha vaga.
Ainda assim, há algo muito diferente: o tempo. Agora, cada dia é um dia a
ser vivido. Tudo o que está sendo colocado na minha vida é uma escolha.
Cada passo, cada sim e cada não passa pelo meu coração. Respirar e sentir.
Quando não tenho clareza do que desejo, espero.
Agora, escolhi viver e ser feliz. Faltava ticar esse item da lista.
UM PEDIDO OU UM DESEJO?
Nas páginas anteriores, eu procurei passar o que julgo que pode ser útil, de
uma forma direta ou indireta, para o seu sucesso nessa empreitada.
Mas gostaria de acreditar, ou mesmo pedir, que quando você tiver superado
essa etapa do caminho, possa perceber a exata importância do dinheiro e a
real dimensão que você tem neste mundo. A fronteira que nos separa uns dos
outros e da natureza é mera ilusão. Na verdade, somos todos parte de uma
mesma criação, e cada passo ou gesto que fazemos interferem no todo, quer
tenhamos ou não essa consciência. Da mesma forma, quanto mais pessoas
estiverem equilibradas e felizes, melhor será a vida de todos nós.