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Opiniões sobre o livro

Nesta obra, ele mostra o “caminho das pedras” para a aprovação na carreira
pública. Para isso, compartilha sua experiência de estudos, de forma leve e bem-
humorada, com ênfase na importância das metas a curto e longo prazo. Revista
EXAME
________________________
Com toda certeza “O Livro do Concurso Público” agora faz parte do meu “Top 10”
de livros de preparação para concursos públicos, ou seja, que considero
indispensável para quem quer estudar sério para concursos públicos. Charles
Dias, o Concurseiro Solitário
________________________
Fabrício Bittencourt da Cruz escreve um guia de sucesso em concursos. Porém
vai além, muito além da maratona de obstáculos que enfrentam os candidatos. Na
verdade, de forma leve, bem humorada, simples e simultaneamente erudita, dá
preciosas lições de vida aos seus leitores. Vladimir Passos de Freitas
________________________
O livro do Concurso Público ajudou-me não apenas a lograr êxito no concurso dos
meus sonhos, mas também a aprender técnicas que utilizo até hoje em minha
vida pessoal. Murilo Scremin Czezacki, Juiz Federal Substituto
Copyright

Copyright © Fabrício Bittencourt da Cruz


O livro do concurso público: 60 estratégias para aprimorar seu desempenho
Fabrício Bittencourt da Cruz
Edição e Revisão: Fernanda Grande
Design da Capa: Fernanda Grande

____________________

CRUZ, Fabrício Bittencourt da


O livro do concurso público: 60 estratégias para aprimorar seu desempenho [livro
eletrônico]/ Fabrício Bittencourt da Cruz. 2. ed. rev. ampl. Ponta Grossa: Reload, 2018.
e-book
ISBN: 978-85-54332-00-6
1. Método de estudo. 2. Concursos - aspectos psicológicos. 3. Motivação. 4. Estratégia de
estudo. I. T.
CDD: 153.1
371.3
Ficha catalográfica elaborada por Maria Luzia F. Bertholino dos Santos - CRB 9/986.
____________________

Todos os direitos reservados, incluído o direito de reprodução deste livro ou partes


dele em qualquer formato.
Dedicatória
Dedico ao meu avô Joaquim Bento da Cruz in memoriam.
Apresentação
É grande a minha satisfação em poder apresentar a obra “O LIVRO DO
CONCURSO PÚBLICO”, de Fabrício Bittencourt da Cruz, Juiz Federal
em Ponta Grossa, Estado do Paraná.

O meu prazer tem base em diferentes aspectos. O primeiro deles é porque este é
um trabalho que enaltece o bem, a vitória pelo esforço, a luta e possibilidade da
recompensa. Em um país que cultua o levar vantagem, o vencer a qualquer
preço, é animador encontrar um estudo que aponte o caminho do sucesso sem
qualquer quebra da ética e do respeito.

O segundo motivo é o fato de ter sido professor de Fabrício Bittencourt da Cruz no


mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e, por isso, ter
acompanhado alguns passos de sua trajetória vitoriosa. Dos tempos de
mestrando e Promotor de Justiça aos de Juiz Federal, professor universitário e
agora autor, pude visualizar a formação e evolução de um líder.

Feito este breve intróito, vejamos a obra.

Os concursos são atualmente a meta de milhares de brasileiros. Permitem uma


vida programada, estabilidade e segurança. Não é pouco em um mundo que se
transforma a cada dia, o que, no Direito Ambiental, se convencionou chamar de
“sociedade de risco”.

Fabrício Bittencourt da Cruz escreve um guia de sucesso em concursos. Só que


vai além, muito além da maratona de obstáculos que enfrentam os candidatos. Na
verdade, de forma leve, bem humorada, simples e simultaneamente erudita, dá
preciosas lições de vida aos seus leitores.

O livro divide-se em 59 tópicos. Plenos de citações adequadas, exemplos de vida


e casos de sucesso. A começar por aspectos aparentemente menores, como
partir as várias etapas da busca do sucesso (Senna e os dois segundos). A lição
que passa é a de que não há milagres e nem solução única para todos os
candidatos, tudo exigindo a adaptação do estilo à personalidade de cada um.

A meta de longo prazo, a necessidade de pensar positivamente, a eleição de


prioridades, a disputa com os concorrentes, forma de estudo, livros, internet, tudo
é abordado de maneira singela mas profunda. Por exemplo, no item “Siga o fluxo”,
o autor está a recomendar a renovação permanente, a necessidade de adaptar-se
aos novos tempos, novas idéias, novos doutrinadores. Não fixar-se no passado,
como é comum àqueles que passam dos 40 aos de idade.
Premiar-se pela conquista, comemorar os bons momentos, é o que se aconselha
no item “Prêmios e pequenos presentes”. Aí só incidentalmente se passa pelo
tema concurso. Na verdade o que se está a dar é uma lição de vida. Não
valorizamos as coisas boas, tendemos a dar maior dimensão às dificuldades e
com isto deixamos de aproveitar os bons momentos que a vida nos oferece.

Mesclando orientações existenciais a minuciosas lições práticas de sucesso,


desce o autor a detalhes pouco conhecidos e muito importantes. Por exemplo,
como proceder na noite anterior ao concurso, a escolha do caminho até o local da
prova, alimentação, meditação e respiração. Há aí a preocupação do verdadeiro
mestre, daquele que ensina o caminho, com verdadeiro amor pelo próximo, a
quem deseja, acima de tudo, ser útil.

Em suma, a obra “O LIVRO DO CONCURSO PÚBLICO”, do Juiz Federal Fabrício


Bittencourt da Cruz, tem mérito indiscutível e sobrepõem-se a um mero guia de
concursos. Seu valor é muito maior, pois orienta os candidatos a alcançar o
ambicionado sucesso e, ao mesmo tempo, dá-lhes seguras lições de vida.
Apresentá-la é, para mim, participar de algo bom, positivo, colaborar para que a
energia positiva à qual Fabrício Cruz se refere seja mais abrangente.

Aos concurseiros, boa sorte. Aos leitores, sejam quais forem os seus interesses,
bom proveito

Vladimir Passos de Freitas1


Agradecimentos
Muitas pessoas contribuíram, de forma decisiva, na confecção deste livro.
Agradeço especialmente ao Professor Vladimir Passos de Freitas e aos amigos
Antônio César Bochenek, Anderson Furlan, José Antonio Savaris e Dênis Willian
Justus, por terem, cada um a seu modo, impulsionado a divulgação das ideias
aqui compiladas.

Agradeço também aos amigos Roberto Jabur, Fabyano Prestes, Gustavo da


Matta, Dino Schrutt, Eduardo Souza, Rodrigo Schimidt, Rodrigo Calil, Alexandre
Bulik, Thiago Martins, Julian Farago, Marcus Thomé Guimarães e Michel Gomes
Calixto pela paciência e compreensão durante os vários anos nos quais, em prol
dos concursos, muito de minha presença restou ofuscada.

Agradeço à Fernanda, amada esposa e razão de meu viver, pelo incondicional


incentivo, pelo apoio em todos os momentos, pela sabedoria de seus conselhos e
por ter lido e ouvido, inúmeras vezes, tudo o que está aqui (e mais um pouco).

Agradeço ao meu pai, inestimável guia desde os primeiros passos rumo às


carreiras públicas; incansável professor durante todas as horas de nosso convívio;
insubstituível na orientação das importantes decisões; modelo de caráter.

Agradeço à minha mãe, exemplo de sensibilidade, coragem e atitude; fonte da


arte que colore meus dias desde sempre.
Nota à Primeira Edição
Ao publicar este livro desejo compartilhar a experiência de quinze anos dedicados
a concursos públicos. A proposta é uma obra de rápida leitura, com capítulos
curtos que possam, a qualquer momento, ser facilmente consultados.

Estão aqui compiladas ideias, posturas, caminhos e escolhas que, além de terem
sido componentes importantíssimos em minha jornada rumo às aprovações, têm
auxiliado muitas pessoas.

Durante pouco mais de uma década submeti-me a diversas espécies de testes


seletivos. Fiz concurso para Oficial de Justiça, Técnico da Receita Federal (duas
vezes), Técnico da Justiça Federal, Técnico da Justiça do Trabalho, Assessor do
Ministério Público Federal, Analista da Justiça Federal, Delegado de Polícia
Federal, Procurador da República (cinco vezes), Juiz de Direito (duas vezes),
Promotor de Justiça (duas vezes), Juiz Federal Substituto (três vezes), Professor
Universitário (duas vezes).

Depois das aprovações para os cargos de Técnico da Justiça Federal, Técnico da


Justiça do Trabalho, Assessor do Ministério Público Federal, Analista da Justiça
Federal, Delegado de Polícia Federal, Promotor de Justiça no Estado do Paraná,
Juiz Federal Substituto da 4.ª Região e para Professor do Departamento de
Direito de Estado da Universidade Estadual de Ponta Grossa, percebi que havia
chegado a hora de transmitir o conhecimento adquirido. É o que venho fazendo
desde 2006.

Nesta nova fase aproveitei instigantes oportunidades para acompanhar a


evolução de amigos, alunos e até conhecidos ocasionais em suas preparações
para concursos, não somente aconselhando-os, mas também aprendendo com
todos eles.

Notei que muito do que aprendi, tanto ao vivenciar dia a dia na qualidade de
candidato, quanto ao analisar as condutas das pessoas cujas jornadas
acompanhei de perto, pode ser compartilhado com quem tenha predisposição a
encarar o desafiador ramo dos concursos públicos.

Tive várias alegrias, mas também não foram poucos os momentos de decepção.
Contundentes foram as falhas em meu caminho. Normalmente erros cuja
percepção somente foi possível quando não havia oportunidade para corrigi-los.
Por isso, acredito que uma de minhas missões consiste em cientificar os
concursandos a respeito de equívocos comuns que podem ser evitados.
Por outro lado, os acertos também foram muitos e nada impede que, divulgados,
você possa sopesar se é, ou não, conveniente acolhê-los em sua trajetória,
apoiando-se em experiências de êxito.

A principal característica desta obra consiste no respeito à individualidade. Toda


pessoa tem qualidades, predileções e pré-compreensões que a tornam única.
Cada ser humano detém diferentes recursos materiais, éticos, históricos,
profissionais e circunstanciais que permeiam e condicionam suas opções.

Por isso, você tem em suas mãos um guia com diversas lições que podem ser
acolhidas. A escolha cabe a você. Mantenha-se sempre à vontade para discordar
ou para eleger apenas os aspectos da obra que lhe pareçam oportunos.

Não pretendo apresentar uma fórmula mágica capaz de indicar como passar em
concursos públicos. Essa fórmula cada qual obtém à sua maneira, ao percorrer o
seu caminho, diante de suas reais possibilidades. Garanto, entretanto, que muitas
das ideias aqui compiladas podem auxiliar a formular a sua mágica receita:
pessoal, única, inconfundível.

Espero contribuir para o seu sucesso.


Nota à Segunda Edição
Escrevi este livro tendo em mente três aspectos fundamentais: dinamismo,
motivação e estratégia. Motivação e estratégia constituem a essência da obra;
dinamismo constitui seu formato.

Imaginei esta obra não apenas como um livro para ser lido, mas também como
uma importante ferramenta a ser consultada pelo leitor nos mais variados
momentos que envolvem a jornada rumo à aprovação em concursos públicos.

Por isso os capítulos são todos curtos e independentes, sem uma necessária
ordem para leitura. Pela mesma razão utilizei a linguagem em primeira pessoa e
os diálogos com o leitor.

Nesta Segunda Edição a obra conta com destaques específicos para realçar a
essência de cada capítulo, facilitando também o processo de consultas
posteriores. Alterei o capítulo O Temor do Examinador, que passa a se
chamar A lógica da prova objetiva. Por sugestão do amigo José Antonio
Savaris incluí um capítulo chamado Como NÃO passar em concursos.

Cada capítulo contém uma estratégia independente e específica, motivo pelo qual
a obra passa a ser chamada de O Livro do Concurso Público: 60
estratégias para aprimorar seu desempenho.

Agradeço a todas as pessoas que gentilmente transmitiram feedbacks sobre suas


experiências e impressões sobre este livro desde o lançamento da primeira
edição em papel, proporcionando-me uma visão mais ampla sobre o perfil da
obra.
ESTRATÉGIA 1: Senna e os dois
segundos
Um episódio interessantíssimo da vida de Ayrton Senna da Silva
ocorreu quando ele ainda corria de kart. Senna, ainda garoto,
conseguia percorrer o trajeto da pista de kart em Interlagos com
enorme vantagem sobre os demais concorrentes.

A diferença não estava na qualidade dos


equipamentos, mas na maneira como ele obtinha dados
de seu rendimento.

Na época, todos os pilotos analisavam suas performances a partir


da contagem do tempo que levavam para dar uma volta no circuito.
Senna, entretanto, colhia dados parciais em outros três pontos,
além, obviamente, da contagem referente à volta completa. Assim,
ele conseguia saber com maior precisão os locais em que poderia
melhorar o desempenho.2

Esta passagem tem uma grande similaridade com a proposta deste


livro, que se originou a partir da seguinte pergunta: Seria possível
incrementar o rendimento num concurso público a partir de condutas
que não estariam, numa primeira análise, diretamente ligadas ao
indispensável estudo?

Sem dúvida alguma! As estratégias e dicas reunidas neste livro têm


essa essência. Utilizei com êxito todas as técnicas adiante
abordadas e posso atestar seu potencial.

Aos dezesseis anos de idade passei a trabalhar como estagiário na


3.ª Delegacia Regional da Receita Estadual no Paraná. Aos
dezessete passei a frequentar o Curso de Direito na Universidade
Estadual de Ponta Grossa. Cursava Direito no período noturno e
cumpria a carga horária do estágio nos outros dois períodos. Já no
primeiro ano da graduação decidi concorrer em um concurso
público. Foi um desastre, embora tivesse estudado intensamente.
Era um concurso para Oficial de Justiça do Juizado Especial. No
edital havia menção apenas à Lei 9.099/1995, que continha todas as
regras jurídicas relativas aos Juizados Especiais. O que fiz?
Simplesmente decorei a referida lei e passei a acreditar com firmeza
na possibilidade de sucesso na empreitada.

Como não tinha tempo suficiente para estudar fora do trabalho e da


sala de aula, carreguei debaixo do braço, por dias a fio, a Lei dos
Juizados Especiais, para onde ia. Descobri que, sentando na última
cadeira da sala de aula, bem na fileira que corresponde à da mesa
do professor, poderia ler e reler minha “matéria” quantas vezes
fossem necessárias.

Descobri também que a permanência nas indesejáveis filas


bancárias – tão conhecidas pelos estagiários deste imenso Brasil –
viabilizava importantes momentos de estudo durante minha corrida
em direção ao cargo de Oficial de Justiça.

Lei decorada, caneta esferográfica azul no bolso e uma


desagradável surpresa numa ensolarada manhã de domingo: a
prova era discursiva e eu não estava preparado para aquilo. Não
havia prestado a devida atenção na leitura do edital. Respondi às
cinco perguntas, sem convicção e já ciente da ínfima possibilidade
de aprovação. Numa escala de 0 a 10 obtive a nota 0,8.

O resultado estava abaixo das expectativas. Contudo, naquela


situação, encontrava-me em um momento muito importante. Eu
poderia simplesmente ter abandonado a incipiente carreira de
concurseiro, mas, quando as notas foram publicadas, dos 188
candidatos pouquíssimos haviam alcançado escores acima de 5,0.
Além disso, constatei que, do alto de meus dezessete anos, havia
sido classificado na 22.ª colocação.

A dedicação tinha valido a pena, mas certamente não seria somente


o estudo o que me levaria a uma eventual aprovação. A partir desse
evento estudei bastante, mas apliquei muitas outras técnicas que,
sem dúvida alguma, influenciaram de maneira decisiva nos
concursos subsequentes.

A primeira delas relaciona-se com a postura assumida


a partir do resultado do primeiro concurso.

A nota foi muito baixa. Contudo, algo extremamente positivo pôde


ser extraído daquele evento: o fato de que muitos candidatos,
inclusive alguns já graduados em Direito, haviam sido classificados
em posições menos interessantes e a percepção de que um novato
poderia incomodar muita gente.
ESTRATÉGIA 2: o poder da
imitação
O objetivo central deste livro consiste em divulgar os equívocos
comuns e as táticas vencedoras que se enfrentam na arena dos
concursos públicos.

Trata-se de uma compilação das ideias e experiências próprias e


daquelas vivenciadas por amigos, alunos e candidatos cujas
trajetórias eu pude acompanhar de perto durante quinze anos.

Cada capítulo contém, em sua essência, algo prático. De sensatas


ponderações para os momentos de crise – pelos quais passa a
grande maioria dos que se aventuram a fazer concursos públicos –
a estratégias de sucesso, baseadas em rigorosa disciplina diária ou
em técnicas de meditação.

Essas práticas, aqui sistematizadas, organizadas e apresentadas


com linguagem direta, decorrem, essencialmente, de minha crença
no poder da imitação. Imitar significa copiar, seguir os mesmos
passos.3

A imitação é uma potente ferramenta. Para acioná-la


precisamos somente de exemplos; exemplos pessoais,
profissionais ou bibliográficos.

Dos assuntos teóricos às práticas e posturas vencedoras, é possível


conhecermos, ou virmos a encontrar, pessoas em cujas atitudes
possamos nos espelhar. A leitura de biografias, o acesso a sites e
blogs também podem viabilizar a imitação.

Ouse perguntar, àqueles que atingiram objetivos semelhantes aos


ideais perseguidos por você, os principais aspectos dos caminhos e
das escolhas tomadas por eles. Acolha as decisões que lhe
parecerem interessantes e viáveis; aproveite a oportunidade para
pesquisar quais equívocos foram cometidos no caminho já trilhado.
Uma simples conversa lhe abrirá novos horizontes,
indicando-lhe também obstáculos que podem ser
evitados.

Sempre perguntei, pesquisei e colhi informações que pudessem me


levar às aprovações. No início eu precisava saber quantas horas, o
que e como deveria estudar. As mais variadas receitas e teses
apareceram, até que, misturando tudo, percebi o essencial: estudo,
dedicação, disciplina e organização.

Os meses foram passando. Atingi dois anos de estudo e as


aprovações começaram a aparecer. Uma, depois outra, e mais
outra.4 Minha vida girava em torno dos concursos públicos e, como
estava prestes a graduar-me em Direito, passei a preparar-me para
os da magistratura.

Poucos dias após a formatura, uma grande notícia: eu havia sido


aprovado no respeitável concurso de Analista Judiciário do Tribunal
Regional Federal da Quarta Região.5 A receita: muito, muito, muito
estudo dedicado, disciplinado e organizado.

Dois meses depois, mantendo a mesma receita, outra grande


notícia: aprovação na primeira fase do concurso para Juiz de Direito
no Estado do Paraná.

Nesse momento as coisas começaram a mudar. Faltavam poucos


dias para a segunda fase e eu não me sentia apto. Eram provas
discursivas; a experiência era vasta nas objetivas. Meu pai – eterno
incentivador e exemplo – alertou-me, em vão, para a necessidade
de dedicar mais tempo às disciplinas com as quais tinha menor
afinidade.

Sem estratégia alguma, apesar da boa atuação nas matérias que


mais gostava (e, consequentemente, estudava), fui reprovado, em
duas disciplinas, com notas inexpressivas (justamente nas matérias
objeto do alerta paterno).
Refleti exaustivamente a respeito do que vinha fazendo até então e
percebi que era preciso ir além dos estudos. A começar pela
caligrafia.

Desde então procurei desempenhar, em medidas que não


atrapalhassem o estudo diário, toda espécie de prática capaz de
incrementar meu potencial. Li desde biografias de atletas e
executivos até obras de neurolinguística, física quântica e fisiologia
do exercício.

Fiz ioga, usufruí das técnicas de relaxamento, reaprendi a respirar.


Busquei cursos de leitura dinâmica, pratiquei esportes aeróbicos e
fiz alongamento. Aceitei reeducar minha alimentação e, dia após
dia, idealizei um futuro promissor.

Mas, acima de tudo, nunca perdi uma oportunidade sequer de


aprender com quem já tinha feito o que eu desejava fazer. Esse foi,
sem dúvida alguma, o maior diferencial, pois permitiu que
simplesmente copiasse, imitasse os acertos de sucesso, evitando os
erros que até os vencedores haviam cometido.

A imitação agregou-me conhecimentos impossíveis de obtenção


solitária no curto tempo que sobrava entre um livro e outro.

Graças à técnica da imitação atingi meu propósito.

A base da imitação é essencialmente comunicativa. Não é fácil


encontrar, em nosso dia a dia, as pessoas certas e que estejam
dispostas a abrir-nos a Caixa de Pandora. Por isso, resolvi
condensar quase tudo o que aprendi neste livro. Creio que esta seja
minha função social.

Apoie-se no que achar conveniente, mas jamais deixe


de prestigiar o seu especial ponto de vista.

Discorde, se assim lhe for oportuno, mas quando sentir que


desenvolveu uma prática de sucesso passe-a adiante. Essa pode
ser a sua função social.
ESTRATÉGIA 3: a única
comparação justa
Você está iniciando seus estudos com vistas à nomeação em um
cargo público. Qualquer que seja a carreira almejada, duas
situações, embora variáveis em termos qualitativos e quantitativos,
frequentemente estarão presentes: a necessidade de aprovação em
um concurso e a existência de outros candidatos ao mesmo cargo
público.

Pode-se, é claro, modular a escolha do concurso a partir da


abrangência das matérias relacionadas nos editais, do número de
vagas existentes etc. Contudo, não há possibilidade de se evitar o
concurso público, salvo nas raras hipóteses de nomeações para
cargos em comissão.

Como não podemos evitá-lo, a alternativa que nos resta é a


submissão aos testes seletivos, sempre acompanhados do
fantasma da concorrência. Ao pensar na concorrência passamos a
nos sentir como Atlas, carregando o mundo nas costas.6

O peso que carregamos decorre da comparação com outros


candidatos.

É inevitável que admitamos a possibilidade de haver pessoas mais


preparadas do que nós, igualmente interessadas na empreitada
rumo ao desejado cargo público. O mesmo ocorre quando supomos
– e muitas vezes efetivamente sabemos – que há diversos
candidatos com maior possibilidade de dedicação diária aos
estudos.

Sugiro uma radical mudança de perspectiva, pois estou


convencido de que a única comparação justa é a sua
consigo próprio no passado.
O ato de pensar na qualidade intelectual dos demais em detrimento
da sua é um dos maiores responsáveis pela diminuição da
autoconfiança, extremamente necessária em qualquer situação
baseada em competitividade.

Siga o seu caminho; acredite nas suas metas. Nade na sua raia,
evitando olhar para o que a pessoa da raia ao lado está fazendo. Na
pior das hipóteses, caso perceba que ela está nadando, evite
comparar se o ritmo das braçadas na raia ao lado é maior que o das
braçadas na sua.

Adquira o costume de aferir se seu caminho está sendo melhor


percorrido do que ontem, se suas metas estão sendo buscadas de
modo mais eficiente do que no início dos estudos, se o ritmo e a
velocidade de suas braçadas vêm aumentando com treinamento.

Não devemos nos comparar com os outros, mas somente com nós
mesmos em relação às atitudes e escolhas anteriores. Esta é a
única comparação não só viável, mas, acima de tudo, justa.

Compare-se consigo próprio.


ESTRATÉGIA 4: pergunte às
pessoas certas
“Desde que você o deseje, pode ir a qualquer lugar e a qualquer momento”.
Richard Bach7

Você já correu uma maratona? Já pensou que talvez seja viável


completar, correndo, um percurso de 42 km?

Conte a várias pessoas que você está pensando em começar a


treinar para correr uma maratona. Pergunte o que elas pensam a
respeito.

Salvo raríssimas exceções, praticamente todos com os quais


conversei a respeito me disseram ser algo inalcançável; possível
apenas aos grandes atletas.8

Resolvi conversar com pessoas que já correram maratonas. Todos


incentivaram-me e disseram-me que, além de possível, cruzar a
linha de chegada seria um grande prazer, uma realização pessoal
inigualável.

A maratona em busca de um cargo público não é fácil e não existem


atalhos. Por isso, várias pessoas de seu convívio poderão dizer que
você está rumando em direção ao impossível.

Experimente ouvir sugestões e relatos de quem já


cruzou a linha de chegada e tire suas próprias
conclusões.

Se resolver começar, comece do início. Uma maratona inicia-se com


o primeiro passo. Terminá-la exige certa dose de tolerância à dor.
Mas não é impossível e creio que seja uma conquista inesquecível.
A maratona de estudos começa bem devagar; continua devagar e
sempre; termina depois de incontáveis horas de leitura dedicada,
mas o prazer da conquista é indizível.
ESTRATÉGIA 5: altitude e
aclimatação
Você já esteve em altitude? Conhece alguém que esteve? Caso não
conheça, certamente se lembrará de ter visto na TV ou lido algum
livro a respeito de pessoas que escalaram o Everest, mesmo sem o
uso de cilindros com oxigênio auxiliar.9

São grandes feitos, realmente. Uma escalada desse porte não é


algo que se faz da noite para o dia. Além da intensa preparação
física, do preparo psicológico e nutricional de primeira linha, é
essencial que quem almeje vencer as altas montanhas ao redor do
mundo tenha tempo. Tempo suficiente para se adaptar às condições
não só climáticas, mas também as relacionadas com a escassez de
oxigênio lá em cima.

Quanto mais alto, menos oxigênio. Quanto menos oxigênio, menor a


nossa capacidade de mandar força para os músculos e menor a
capacidade de o cérebro manter as ideias em ordem. É preciso que
o nosso organismo disponha de tempo para, à medida que se
adapta às novas condições, criar hemácias e otimizar a absorção de
oxigênio, nossa fonte primária de vida.

Esse é o motivo pelo qual subir até o topo do Aconcagua, o pico


culminante da América do Sul, é tarefa para quase um mês. Para
ascender desde Mendoza, uma cidade aos pés da Cordilheira dos
Andes no lado argentino e que está situada a oitocentos metros
acima do nível do mar, até os mais de sete mil metros de altura do
Aconcagua, é importante que se suba bem devagar, fazendo
paradas obrigatórias (e cada vez mais longas) no caminho. Caso
contrário, o corpo, sem tempo para fazer os ajustes necessários,
pode contrair soroche, o conhecido mal da altitude. Soroche pode
causar náusea, dor de cabeça, tontura, chegando ao ponto de
obrigar a pessoa a retroceder, a voltar às terras baixas.
Mas o que isto tem a ver com a preparação para concursos
públicos? Tudo!

Uso a ideia da altitude e da imprescindível aclimatação para que


você leve sempre em consideração a circunstância de que, quando
começamos nossa caminhada rumo a um concurso público, as
coisas podem parecer mais difíceis do que realmente são,
principalmente quando ainda não estamos habituados, quando
nosso organismo ainda não está adaptado às novas exigências.

Deixe-me contextualizar. Imagine-se sentado em uma cadeira com


espaldar reto e com pouco conforto em frente a uma escrivaninha.
Você tem em seu lado direito uma garrafa com água e um copo. À
sua frente um livro e, numa das mãos, uma caneta acompanhada de
uma régua. Esse é o seu aparato para estudo; esse é o seu posto
de estudo; esse foi o local no qual você decidiu passar a maior parte
de seu tempo disponível na preparação para concursos públicos.

Você está começando e certamente o seu nível de atenção ainda


não foi desenvolvido para esse tipo de estudo. O sono aparecerá.
Passados alguns minutos as suas costas vão doer, principalmente
na região da coluna cervical.

Depois de algumas semanas, você vai perceber que a sua cervical


não dói mais, que as suas costas já estão mais adaptadas e o seu
nível de atenção está mais forte, mais intenso. Além disso, o sono
vai-se embora. Por quê? Porque você está se adaptando à nova
situação, seu intelecto está se adaptando à nova rotina e o seu
corpo está se adaptando às novas condições de exigência física.

Vença os momentos iniciais. Saiba que você vai se


adaptar e respeite os seus limites no começo.

Se o seu corpo permite estudos durante meia hora, pois que assim
seja, desde que, com o tempo, com o passar dos dias, você vá
conseguindo aumentar, gradativamente, a sua capacidade de
estudo, a sua capacidade de atenção e a sua capacidade física para
dar conta do recado.

Não se esqueça: o tempo para adaptação é a chave


deste capítulo!
ESTRATÉGIA 6: à procura da
receita ideal
Uma das preocupações mais frequentes para quem está iniciando –
ou pensando em iniciar – a jornada rumo a cargos públicos é entrar
em contato com quem já foi aprovado e colher informações a
respeito da rotina diária de estudos.

O ponto central da conversa acaba girando em torno de uma dúvida


inquietante: o novato tende a querer saber quantas horas por dia a
pessoa aprovada dedicava aos estudos.

Essa pergunta é comum e tenho certeza de que a dúvida a ela


subjacente acompanha a todos. E não poderia deixar de ser
diferente, pois se você trava uma conversa com alguém que já
trilhou o caminho no qual você está apenas dando os primeiros
passos, é natural que queira obter uma resposta imediata, simples e
completa.

Independentemente da resposta (ou respostas) que você tenha


colhido, o mais importante a considerar é o fato de que nem todos
têm as mesmas possibilidades, de modo que determinado número
de horas diárias que possam ter sido suficientes para uns lhe sejam
insuficientes.

A recíproca também pode ser verdadeira: eventualmente você


necessite de menos dedicação diária do que outras pessoas.

Não nos esqueçamos de que há fatores físicos, biológicos,


emocionais, mentais, sociais e circunstanciais – quase sempre
aleatórios, fortuitos e que, portanto, estão fora de nosso alcance –
capazes de interferir decisivamente em nossa caminhada. Existem
dias em que estamos mais propensos ao diálogo, à comunicação
com aqueles que nos circundam. Em outras situações nos
encontramos mais introspectivos e tristes.
O dia a dia de quem se prepara para um concurso público contém
variáveis capazes de diminuir nossa capacidade de estudo, como
também de impulsioná-la.

Eu não faço a menor ideia do número de horas que costumava


estudar. Sempre digo que estudei durante as horas que pude, nos
dias em que isso se mostrou possível. Não estipulava regras muito
severas a respeito da carga horária de estudo diário, pois sempre
estive ciente de que a caminhada era lenta, extremamente longa e
duradoura, e de que minha disputa não pressupunha preparação
para os cem metros rasos.

Acontece que estudava sempre que isso se mostrava


viável.

Não ouso lhe aconselhar uma carga diária de estudos. Isso é com
você e a partir de suas possibilidades.

Mas lhe informo que se estudar sempre que possível,


com dedicação, confiança, disciplina e pensamento
positivo, alcançará seu objetivo.
ESTRATÉGIA 7: postura passiva
x postura ativa
Durante a nossa vida de estudos, desde que somos alfabetizados
até os momentos de graduação e pós-graduação, espera-se de nós,
enquanto eternos alunos, que assistamos paciente e
silenciosamente às aulas, que ouçamos os professores e deixemos
as perguntas – quando viáveis e autorizadas – para momentos
específicos ao final de cada exposição.

Salvo raras hipóteses, o fato é que a postura dos alunos tende a ser,
basicamente, passiva.

Somos meros coadjuvantes no processo de


aprendizado em sala de aula.

A perspectiva é rigorosamente outra quando somos avaliados.


Antes de cada avaliação, pressupõe-se que cada aluno deva
assumir uma postura ativa e estude, memorize, decore aquilo que
lhe foi transmitido em aula a fim de submeter-se a teste de
aproveitamento.

Acontece que os instantes pré-avaliações são fugazes. Logo após o


teste de conhecimento acumulado, voltamos à disciplinada postura
passiva de ouvintes silenciosos.

Como somente protagonizamos quando avaliados, não é difícil


perceber que raramente atuamos, pois nosso dia a dia
consubstancia-se em aprender ouvindo.

Passam-se os anos e, ao menos para alguns, chega o momento do


vestibular. Quem teve essa experiência sabe que o nível de esforço,
o grau de dedicação e os momentos de solitário estudo foram mais
intensos e frequentes do que aqueles nos quais houve simples
preparações para testes de aproveitamento.
Isso porque, embora nas duas situações a postura de
estudo/aprendizado seja ativa e dependa, quase com exclusividade,
do aluno, o vestibular apresenta um componente novo na vida
estudantil de muitos jovens brasileiros: a concorrência.

Em tese, o sistema vestibular permite o sucesso somente dos mais


aptos e, como existem mais candidatos do que vagas, o foco, a
disciplina e a postura ativa daquele que pretende ser aprovado
tendem a ser mais significativos e são, obviamente, imprescindíveis.

No campo dos concursos públicos a lógica é a mesma. Mas a


concorrência é maior.

Se a concorrência é maior, o nível de esforço, o grau de dedicação,


os momentos de solitário estudo, o foco, a disciplina e a postura
ativa devem ser, evidentemente, mais representativos, mais
intensos, mais contumazes.

Assuma uma postura ativa em prol de seu objetivo.


ESTRATÉGIA 8: a abstração do
mundo
Este livro tem como guia mestra a preocupação com o respeito às
características de cada leitor. Evito supor que todos detemos as
mesmas possibilidades em termos de tempo, dedicação, horários
para estudo etc.

Temos infinitas características que nos tornam


indivíduos com peculiaridades, gostos e predileções
muito distintas.

Somos natural e essencialmente inconfundíveis, ostentando


maneiras especiais de ver o mundo. Cada pessoa tem preferências
que podem, ou não, ser similares às dos outros. Prefiro estudar sem
ouvir música e manter minha concentração somente na atividade
principal, que é a leitura.

Isto não quer dizer que, a partir desta opção, deva sugerir que
estudar com o acompanhamento musical seja inadequado. Talvez o
seja somente para mim, ao passo que, para você, melodias sejam
maravilhosas companhias durante o estudo.

A missão principal desta obra consiste em apresentar técnicas,


posturas e formas de encarar o contexto dos concursos públicos
que talvez possam colaborar com você. Uso, de modo proposital, o
“talvez” porque parto do pressuposto de que cada leitor pode se
adaptar e acolher aquilo que achar mais oportuno e conveniente.

Cada candidato faz a sua interpretação das dicas e as


lapida à sua maneira.

Nem todos dispõem de um local arejado, com boa iluminação e


silêncio adequado ao desempenho de seus estudos. Não raras
vezes encontrei pessoas estudando em filas bancárias, nas
rodoviárias deste Brasil, em viagens terrestres ou aéreas.
Há quem use os já difundidos livros em áudio, por permanecer
intermináveis horas de seu dia a dia em congestionamentos, metrôs,
trens que vão e vem das grandes cidades. Independentemente das
conjunturas, está-se estudando.

Não pretendo sugerir nenhuma música como sendo a mais ou a


menos indicada para ouvir enquanto se estuda. Isso é com você.
Cada qual faz do seu jeito, do jeito que pode, nas horas em que a
viabilidade se apresenta e nos mais variados locais.

Tem um ambiente interessante para estudo? Ótimo. Não dispõe


desse luxo, mas costuma ir a bibliotecas? Excelente. Prefere ouvir
um audiolivro? Fantástico. Somente tem condições de estudar no
metrô? Faça dele o seu templo!

O mais importante é abstrair-se do mundo.

Quando estamos estudando, todos os nossos recursos corporais,


mentais e intelectuais devem estar voltados única e exclusivamente
para tal atividade, de modo a tornar a experiência mais intensa e
possibilitar melhor aproveitamento.

Não é por acaso que os cursos de leitura dinâmica exigem, como


condição essencial ao desenvolvimento da rapidez e da
compreensão, que executemos as técnicas com especial atenção,
forte doação e muita confiança. Se não nos abstrairmos do mundo,
certamente ficaremos aquém dos excelentes resultados profetizados
por tais cursos.

Conhecemos várias pessoas que, quando estão fazendo algo


importante, passam a impressão de sequer perceber nossa
presença no ambiente ou de ouvir o som da televisão, mesmo nas
situações em que algo grandioso está sendo noticiado. Por quê?

Porque estão absortas por completo em apenas uma atividade;


porque se abstraíram do mundo e mergulharam profundamente em
um contexto por elas especialmente criado para aquele momento.
Um contexto de doação, concentração, foco e
abstração.

Sob este enfoque, estou convicto de que o local de estudo não é


fator-chave para o progresso na jornada rumo a um cargo público.

Evidentemente, um lugar apropriado e silencioso é mais coerente


com a dinâmica da preparação intelectual; contudo, como nem
sempre teremos acesso ao local perfeito, é melhor contar com a real
possibilidade de estudo onde for viável no momento e, evitar, com
isso, o conhecido salvo-conduto de deixar o estudo para depois,
para amanhã, para quando houver silêncio e a luminosidade for
perfeita.

Estudemos agora, onde for viável, e, caso necessário, revisemos


depois no ambiente mais adequado.

A dica, então, é abstrair-se. Onde quer que esteja,


tente focar de um modo tão especial seu momento de
estudo a ponto de perder a noção das horas, do clima,
do ambiente.

É a concentração otimizada, levada a patamares talvez


desconhecidos por quem ainda não se doou à atividade que se
propôs.
ESTRATÉGIA 9: imediatismo x
bastidores
”Enquanto os outros apenas sonham com o sucesso, nós acordamos cedo e
trabalhamos duro para isso”.
Pedro Paulo Diniz10

Ler biografias é uma atividade interessante. Salvo raras exceções,


podemos perceber que receitas de sucesso são compostas por
diversos ingredientes e que grandes metas não são alcançadas com
facilidade.

Dissabores são constantes, mas quem cruza a linha de chegada é


porque aprendeu e evoluiu com tais dissabores, tendo sido capaz de
descobrir novos temperos, reequilibrando e harmonizando a receita
rumo a seu objetivo.

Histórias de sucesso estão repletas de intenso trabalho, dedicação


acima da média, clara abstenção, incomparável disciplina,
inabalável confiança, coragem, vontade de vencer, metas e
objetivos bem definidos, crença em algo maior, pensamento
extremamente positivo, apoio e suporte familiar, superação de
impensáveis obstáculos.

Agregue-se a tudo isso imprevistas decepções, paciência para


recomeçar quando necessário, sorte, tempo, difíceis opções.

Escolha uma personalidade de seu interesse e busque informações


a respeito da vida desse personagem. Com grande probabilidade
verificará que os obstáculos encontrados foram maiores do que
você pudesse imaginar ao olhar as fotos do ícone já no alto do
pódio.

A grande realidade consiste numa singela constatação: não existe


algo fácil no mundo competitivo.
Se você não estiver disposto a encarar o desafio,
alguém estará.

Sempre haverá alguém com muita garra para buscar os mesmos


objetivos que você no âmbito dos concursos públicos.

Certo dia uma amiga contou ter feito inscrição para concurso em
uma pequena cidade do Paraná. Além dela, haveria apenas outros
sete candidatos para a única vaga, o que tornaria a aprovação
praticamente certa.

De imediato alertei-a que, independentemente do número reduzido


de concorrentes, poderia haver uma pessoa com a mesma ou maior
vontade/necessidade de obter a aprovação. A batalha não seria
fácil.

Pouca ou muita concorrência, no âmbito da


competitividade somente vencem os mais preparados.

Concordemos ou não, esta é a realidade.

Não estou a desvelar nada romântico, reconheço. Mas a verdade


também tem de ser dita e encaro isso como uma responsabilidade.

Você pode usar todas as dicas deste e de todos os


outros livros para concursos, mas se não sentar numa
cadeira e estudar, estudar, estudar, saiba que alguém o
fará. E fará bem.

Isso é o que podemos chamar de trabalho de bastidores. O grande


público tem ciência somente dos resultados. Nos bastidores a
companhia é familiar e de amigos próximos.

Somente quem está junto testemunha o caminhar rumo ao sucesso.


Por isso, é normal, ao sabermos de histórias vencedoras,
desejarmos resultados semelhantes sem ponderar se estamos
realmente dispostos a encarar opções, dificuldades e obstáculos
similares.

Os bastidores das vidas de concurseiros com várias aprovações,


resultados desejáveis, e até invejáveis, contêm alguns dos temperos
que mencionei acima. Provavelmente os mais picantes decorreram
das diversas reprovações no caminho. Aliás, o sucesso final de um
concurseiro pode ter demandado várias e várias reprovações, o que
é absolutamente comum.

Faz a diferença quem se levanta, ergue a cabeça e


continua sua jornada, ainda que encontre pedras no
caminho.

Pertencemos a gerações imediatistas. As coisas ocorrem em


velocidade não vivenciada por quem nos antecedeu. Acontece que
imediatismo não combina com preparação para concursos públicos.

O imediatismo agrega-nos força propulsora no começo dos estudos,


afinal o objetivo é logo ali... Os bastidores, entretanto, surgem-nos
como novidades não previstas e podem tornar a chama da
empolgação inicial um simples fogo de palha que, em pouquíssimo
tempo, se apagará.

Este capítulo serve para assegurar que não existem


atalhos.
ESTRATÉGIA 10: metas de curto
prazo
“Um passo de cada vez. Não consigo imaginar nenhuma outra maneira de realizar
algo”.
Michael Jordan11

Durante cerca de seis anos permaneci idealizando como seriam as


principais características de um livro especificamente voltado para
concursos públicos. Em parte desse período submeti-me a alguns
certames e pude pôr à prova as técnicas e posturas nas quais
acreditava. Além disso, monitorei pessoas próximas a mim, que
também tinham como objetivos principais as aprovações em
concursos.

Foi um período prático, laboratorial, que viabilizou a estruturação


básica da obra, com capítulos curtos o suficiente para consultas
rápidas, a qualquer hora e em qualquer local.

Tinha tudo em mente. Sabia aonde queria chegar e havia tomado


plena consciência do porquê da partida: auxiliar, tanto quanto
possível, quem se aventura pela “selva selvagem”12 dos concursos.

Vislumbrava o global, mas não encontrava inspiração


para escrever cada capítulo.

A meta de longo prazo, a linha de chegada (livro pronto e publicado)


estava bem definida, mas o trilhar até ela parecia-me confuso.
Faltavam-me metas de curto prazo. Faltava-me a previsão do passo
a passo, até que aprendi uma lição ao ler Nunca deixe de tentar, de
Michael Jordan:

“Sempre procurei fixar metas de curto prazo. Ao olhar para trás, pude ver
como cada um daqueles passos ou conquistas me levou à etapa seguinte.
Encarava tudo com o meu objetivo em mente. Sabia exatamente aonde
queria chegar e mantinha o FOCO naquela direção. À medida que
alcançava as minhas metas, os resultados iam se somando. E eu ganhava
confiança a cada conquista.
Dê pequenos passos. Senão estará correndo o risco de sofrer de todo tipo de
frustração. De que modo você iria adquirir confiança se a única medida do seu
sucesso fosse se tornar médico? Se você se esforçasse ao máximo e não
conseguisse, isso significaria que toda a sua vida é um fracasso? É claro que não.
Todas essas etapas são como peças de um quebra-cabeça. Juntas elas formam
uma imagem. Quando a imagem está completa, a imagem foi atingida. Se isso
não acontecer, não é razão para ficar deprimido.
Se você fez o melhor que pôde, terá conquistado algo ao longo do caminho.
Poucos conseguem formar a imagem completa. Nem todos chegam a ser o
melhor vendedor ou o melhor jogador de basquete. Mas ainda assim você pode
ser considerado um dos melhores e, portanto, um sucesso”.

Foi o suficiente para perceber que deveria refletir sobre cada


capítulo de maneira individualizada, desde a idealização até a
versão que parecesse melhor acabada.

Cada capítulo passou a ser uma meta de curto prazo a


atingir.

A consequência: escrevi este capítulo convencido da efetividade


dessa tática, encontrando a cada dia mais inspiração para as etapas
seguintes, na convicção de que tudo reunido seria positivo.

Curioso foi ter notado que, instintivamente, sempre tive metas de


curto prazo na minha jornada de concurseiro. Por ter sido algo
intuitivo, não havia tomado consciência da possibilidade de
aplicação da mesma técnica para outros aspectos da vida, tal qual o
escrever este livro.

Minha responsabilidade, então, é passar adiante a lição. Dizer-lhe


que se o seu objetivo principal consiste em obter aprovação em um
concurso, pense, primeiro, nas metas de curto prazo que lhe
pareçam mais factíveis no início de sua preparação.
À medida que o tempo passar, você adquirirá conhecimento e
experiência, suas metas provavelmente serão incrementadas e,
quando comparadas com as iniciais, certamente lhe parecerão mais
sofisticadas.

Você evoluirá e suas metas também.

O importante é sempre pensar no passo seguinte rumo ao objetivo


principal, é traçar o trajeto antes de percorrer a trilha. O objetivo
final, conhecido e delimitado, é a razão da caminhada; o trajeto até
lá deve ser o mais detalhado possível.

Use e abuse das metas de curto prazo.

Elas lhe ajudarão também a ponderar, em caso de decepções lá


adiante, se você não agregou nada de positivo na caminhada ou se
apenas fracassou em uma das inúmeras metas de curto prazo.

Com certeza, ao refletir sobre o seu passado, terá também a plena


convicção de ter se tornado um tremendo vencedor, com várias e
várias conquistas, as quais, somadas, formaram uma belíssima
gravura.

Deixar de vislumbrar metas de curto prazo pode fazer com que você
pense que seja impossível atingir o objetivo principal, a partir de seu
ponto de vista inicial. Talvez sob esse prisma fique mesmo difícil
imaginar a linha de chegada, mas que tal imaginar o primeiro
passo? Depois o segundo, o terceiro... O primeiro é decidir entrar
em ação. A partir dele não existem limites.

Fixe metas de curto prazo. Some vitórias no caminho.


Junte as peças de seu quebra-cabeça e forme uma
bela imagem.
ESTRATÉGIA 11: compromisso
de longo prazo
“Vá em frente até testemunhar a sua vitória”.
Roberto Shinyashiki13

Frequentemente sou abordado com uma pergunta padrão: Fabrício,


quanto tempo você acha necessário estudar para passar?

A resposta também é padronizada:

Estude até o momento em que sentir ter realmente


atingido seus objetivos.

Não se apegue ao rigorismo temporal que impregna a mentalidade


ocidental pós-moderna. Esqueça toda e qualquer previsão futurística
que pretenda antever a data de seu sucesso.

Programe-se para seguir em frente, custe o que custar,


dure o que durar.

Causa-me abatimento presenciar excelentes candidatos


abandonando o desafiante ramo dos concursos públicos, por não
verem os resultados pretendidos dentro do prazo que estipularam.

Programando-nos para o longo prazo, assumimos posturas


compatíveis com a imprevisibilidade dos eventos futuros e com os
altos e baixos que fazem parte da vida de qualquer pessoa.

Caso você precise de uma resposta próxima da exatidão eu lhe dou


a seguinte: estude até o dia em que, depois da aprovação no
concurso, da nomeação para o cargo, da publicação de seu nome
no Diário Oficial e do seu efetivo início na nova profissão, você
sentir afinidade com o cargo e paz de espírito suficiente ao
abandono da carreira de concurseiro.
Pode ser que você tenha vontade de abandonar seu propósito. Esse
sentimento é normal. Também pensei em direcionar minha energia a
atividades que apresentassem resultados mais previsíveis.
Principalmente naquelas horas em que faltava pouco, nos
momentos do “quase”, nos quais me parecia impensável ter de fazer
mais do que já estava sendo feito em prol da aprovação.

Nesses períodos de crise podemos criar estados de espírito


capazes de re-colocar nossos pensamentos na direção certa. Basta-
nos lembrar o quanto já fizemos, batalhamos e abdicamos na busca
de nosso ideal.

Percebemos que haverá muito a perder com a mudança


de rumo.14
ESTRATÉGIA 12: construindo
edifícios
“O costume é o mestre de todas as coisas”.
Júlio César

Enquanto nos preparamos para concursos é normal sentirmos


dúvidas a respeito de nossa evolução, não sabermos se estamos
estudando de forma correta e termos receio de estarmos
desperdiçando tempo e energia com atitudes desordenadas, fora de
foco. Dificilmente encontramos um ponto para referência.

Sem referência não há boa noção a respeito de nossa


eficiência como candidatos.

Entretanto, durante a preparação para concursos, ainda que nos


submetamos a diversos deles – e nessas ocasiões os números
apresentam-se como aliados importantíssimos –, há amplos
intervalos temporais nos quais sentimo-nos como se estivéssemos à
deriva. Estudamos firme, mas sem saber com precisão se estamos
realmente progredindo.

O único conforto que pode nos ser proporcionado nesses momentos


é ter a consciência tranquila, somente atingida por quem vem
trabalhando com dedicação e, acima de tudo, disciplina.

Observe a construção de um edifício. A maioria dos operários


trabalha em ritmo bastante lento. Não se vê ninguém correndo ou
olhando a todo tempo para o relógio. Mesmo assim, com o tempo a
obra vai assumindo contornos mais imponentes. A estrutura atinge o
patamar previsto, as paredes aparecem, os sistemas hidráulico e
elétrico são instalados até, de repente, o edifício apresentar-se apto
a receber os novos moradores.
O edifício somente é concluído porque tem gente se dedicando dia
após dia em prol disso. O trabalho, essencial e necessariamente
lento, caracteriza-se, no entanto, por disciplina inigualável.

Por que os operários não correm? Primeiro porque o trabalho é


físico e, obviamente, cansativo. Segundo por terem as consciências
tranquilas, pois sabem que, cedo ou tarde, atingirão o objetivo
principal, mesmo que no dia a dia não seja possível conferir com
exatidão a evolução da obra.

Nosso estudar diário não nos fornece referências. Não há algo


exato, mas existe uma conduta que, invariavelmente, leva-nos ao
sucesso: disciplina.

Estude com disciplina. Torne o estudo sua religião.


Com essa conduta diária você construirá arranha-céus.
ESTRATÉGIA 13: a coragem de
confiar
“Não há nada que esteja inteiramente em nosso poder, senão nossos próprios
pensamentos”.
René Descartes15

Pessoa de fácil trato e sorriso aberto, Gustavo da Matta dispõe da


enorme capacidade de transmitir credibilidade em tudo o que faz.
Escolhi contar uma passagem da vida desse grande amigo para
abordar uma qualidade que todos podem explorar.

Gustavo alcançou muitos objetivos em sua vida. Além de


competência e dedicação, ele confia muito em si e sempre teve a
coragem de ousar quando outras pessoas sequer pensavam em
seguir adiante.

Logo após a graduação em Engenharia de Materiais, enfrentava


uma situação peculiar, que aflige muitos recém-formados. Ele tinha
um bom diploma em mãos, emitido por uma das melhores
faculdades da área no Brasil, mas não protagonizava nenhuma
relação de emprego.

Como qualquer pessoa em situação equivalente, foi à luta. Redigiu


seu currículo, enviando-o para todas as empresas da área. Foram
mais de quinhentas correspondências.

Mandou o currículo até para a NASA.

Quando, principalmente nas rodas de amigos, Gustavo conta essa


passagem, todos riem por considerarem inacreditável sua conduta.
Os poucos que acreditam julgam inaceitável que um recém-
graduado atreva-se a encaminhar seu próprio currículo para a
agência espacial norte-americana.
O final da história surpreende. Apesar das centenas de
correspondências enviadas, apenas a NASA respondeu dizendo
que, embora não precisasse dos serviços dele, havia arquivado o
currículo para eventuais necessidades futuras.

Perguntei a ele o motivo do envio do currículo para a agência


espacial. A resposta, também surpreendente, foi esta: “Fabrício, eu
somente saberia se precisavam de alguém com minhas
características profissionais se perguntasse. Foi o que fiz e, hoje,
tenho a certeza de que, se um dia a NASA quiser meus serviços,
entrará em contato”.

A lição que podemos retirar dessa passagem é saber que os bons


resultados somente virão se tivermos a coragem de confiar nessa
possibilidade e agirmos, com ousadia, para que isso aconteça.

Sem coragem não saímos do lugar; permanecemos


inertes observando as oportunidades a passar diante
dos nossos olhos.

No mundo dos concursos não é diferente. Um concurso pode ter


potencial para mudar a sua vida.

Confie em seus predicados pessoais e aja com


coragem para alcançar um belo futuro profissional.16
ESTRATÉGIA 14: o fator sorte
“Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”.
Tiger Woods17

Certo dia, meu grande amigo Eduardo Penteado telefonou para


contar que, numa das provas dissertativas do concurso para a
Magistratura Federal, havia conseguido responder a uma pergunta
dificílima, daquelas imprevisíveis, super específicas, que quase
ninguém sabe a resposta.

Ele estava entusiasmado por ter assistido, algum tempo atrás, a


uma palestra exatamente sobre o assunto da questão tratada em
prova. Confidenciou-me que, sem ter tido o acesso à palestra, não
saberia sequer por onde começar a responder à indagação da
banca examinadora.

Teria sido sorte? Sem dúvida, principalmente se levarmos em


consideração que um dos examinadores tinha sido o protagonista
da palestra assistida por Eduardo.

Acontece que precisamos dar sempre uma ajuda ao


fator sorte.

Eduardo somente acertou a questão porque havia feito uma


especialização a 100 km da casa dele, não costumava faltar às
aulas, inscreveu-se na palestra que, na verdade, era uma atividade
extracurricular, foi ao evento e prestou muita atenção ao que estava
sendo ensinado pelo palestrante.

Às vezes, quando vamos nos submeter a uma avaliação, estudamos


em cima da hora determinado assunto e, para nossa surpresa, a
primeira questão da prova envolve justamente o que recém-
estudamos.

Chamamos isso de sorte, acaso, coincidência.


Como seria se não tivéssemos estudado aquele assunto? A sorte
não nos acompanharia na primeira questão e a coincidência não
teria ocorrido. Devemos dar sempre uma ajuda ao acaso.

Quanto mais estudarmos, mais chance teremos de


vivenciar felizes coincidências.
ESTRATÉGIA 15: o fator tempo
A marca de whisky Johnnie Walker veicula na mídia um instigante
convite. Trata-se de apelo para que continuemos nossa jornada. O
slogan, keep walking, é uma mensagem passada ao público, logo
após forte apelo a histórias de pessoas que venceram, em algum
aspecto interessante da vida competitiva, por terem mantido a
dedicação, enquanto outros desistiam.

Dentre todos os comerciais, tenho predileção pelo que apresenta o


relato de Raul Garcia Bravo, cidadão mexicano que passou a vida
mergulhando dos penhascos de La Quebrada, Acapulco.

No início dos anos quarenta, Raul Garcia Bravo e alguns jovens


amigos começaram a atirar-se ao mar, a partir de pontos cada vez
mais altos de La Quebrada. Iniciava-se a tradição dos clavadistas,
mergulhadores que se exibem para turistas saltando do penhasco
em mergulhos inacreditáveis.

O comercial condensa antigas imagens de Raul mergulhando,


desde a época em que os saltos não eram feitos de alturas
expressivas até o mergulho sublime, a partir do ápice de La
Quebrada. Uma estimulante narrativa acompanha o vídeo:

“No começo éramos apenas jovens. Eu tinha que saber como era mergulhar lá do
topo. Com o passar dos anos, enquanto os outros desistiam, eu continuava indo
mais alto. Na minha vida nada jamais me impediu de mergulhar. Keep walking”.

A mensagem é potente. Vale a pena assisti-la, pois dela – e de


tantas outras capazes de transmitir exemplos similares – podemos
extrair considerações importantes: dedicação certamente produz
resultados positivos; contudo, os resultados virão lá adiante porque
é impossível dissociar dedicação de certa linearidade temporal. Só
se pode aferi-la com o fluir dos dias, dos meses, dos anos.

Raul Garcia praticou durante a vida toda para chegar aonde queria.
Atingiu o topo, é verdade, mas isso lhe custou
dedicação e tempo.

Precisamos de tempo para tudo, absolutamente tudo. Tempo para


nascermos, para nos desenvolvermos, para crescermos e
amadurecermos. Inevitável e implacável, o tempo passa. Cabe a
cada um, dentro daquilo que esteja ao seu alcance, aproveitá-lo e
administrá-lo da maneira que mais lhe agradar.

Administrar o tempo consiste em organizar as tarefas, os


compromissos e os lazeres diários de maneira otimizada e
disciplinada. Uma boa agenda e rigoroso cumprimento do que nela
estiver anotado são medidas simples que dão ótimos resultados.

Além da administração do tempo, podemos ponderar sobre outro


aspecto interessante: o clavadista mexicano dedicou a vida em prol
de mergulhos fantásticos; muitos outros, embora o acompanhassem
no início e partilhassem dos mesmos objetivos, desistiram.

A fórmula de sucesso consiste basicamente em aliar, à


indispensável dedicação, a consciência relacionada ao
fator tempo.

Estudar até quando? Esta pergunta está intimamente ligada ao


tempo de dedicação, um conjunto de circunstâncias tão ricas e
variadas que não permitem respostas preestabelecidas e genéricas.

É preciso tempo para maturação. Alguns mais, outros menos.

O seu tempo é basicamente aquele necessário ao


alcance de seus objetivos.

Se vai durar além do estimado, esperado ou previsto, somente o


futuro mostrará. Diversas contingências de vida estão, neste exato
momento, longe de sua previsão e certamente estarão fora de seu
alcance no porvir.
Entretanto, haja o que houver, você sempre poderá manter vivo o
seu ideal e procurar atingi-lo. Caso queira mesmo saber como é
passar em um concurso, continue remando, ainda que muitos
abandonem o barco. Estude, com dedicação, o tempo que for
necessário.

Keep walking.
ESTRATÉGIA 16: o dia a dia
“Eu li que eu havia voado pelas colinas e montanhas da França. Mas não se voa
sobre uma colina. Sobe-se em uma colina lutando lenta e dolorosamente e,
talvez, com trabalho duro, pode-se chegar ao topo antes de todo mundo”.
Lance Armstrong18

Em teoria todo mundo sabe o que fazer: estudar bastante com


dedicação, disciplina, organização e confiança todos os dias. Na
prática as coisas são bem diferentes. Vem aquele sono justo na
hora em que estamos lendo um assunto superimportante, nosso
rendimento parece não alcançar as expectativas iniciais, inúmeros
compromissos surgem justo quando precisamos de tranquilidade e
isolamento para melhor nos concentrarmos.

Gripes, dores de cabeça e problemas mais sérios de saúde


dificultam a continuidade em nossa rotina de estudos. Em geral,
muitos imprevistos atrasam nosso cronograma. Os horários para
estudo, meticulosamente escolhidos e delimitados numa folha de
papel, na prática apresentam-se apertados, insuficientes.

Às vezes permanecemos semanas sem estudar, pegamos um livro


ou apostila já lida e, pra nossa surpresa, não nos lembramos de
quase nada. Surgem aquelas terríveis sensações de insegurança e
medo. Tememos os passos seguintes, colocamos em dúvida nossa
própria capacidade e pressupomos que os outros detêm muito mais
competência para atingirem seus objetivos.

Preocupação, irritação e dúvida são nossas inseparáveis


companhias em quadros como esses, delimitados por molduras
opressoras, capazes de minimizar nossas energias a ponto de
pensarmos em desistir.

Sentimo-nos como se estivéssemos em uma praia paradisíaca, com


frio e chuva, avistando o céu em tons de cinza escuro e sem nada a
fazer além de aguardar o fim do temporal.
E se o temporal não passar?

Uma tormenta climática acaba quando tiver que acabar e pronto.


Nada que façamos ou deixemos de fazer influenciará de modo
decisivo nos desígnios naturais. Contudo, a tormenta psicológica
pode ser eliminada. Muitos estados de consciência dependem,
basicamente, de nosso modo de encarar os fatos. Nós somos
capazes de enxergar exatamente aquilo que queremos ver, da
maneira como queremos ver.

Atrasos, infortúnios, dúvidas, medos, inseguranças são coisas da


vida. Acontecem comigo, com você e com muitas outras pessoas.
Agora, tenho a certeza de que os dias ensolarados também são
uma constante em nossas vidas. Duvida?

Qual imagem lhe veio à mente quando você leu “praia


paradisíaca”?

O dia a dia de quem se aventura a estudar para concursos é


recheado por incontáveis acontecimentos positivos, negativos,
previsíveis, imprevisíveis, felizes, tristes. A vida continua e não será
nosso cronograma de estudos o instrumento mágico capaz de
eliminar o livre arbítrio de outras seis bilhões de pessoas com
vivências, desígnios, propósitos, atitudes e interesses diferentes dos
nossos.

Quando aceitamos não sermos os únicos responsáveis


por nosso destino também aceitamos a hipótese de
ninguém (incluindo a concorrência) ter condições de
controlar o próprio destino.

Vou lhe contar um segredo. Tudo isso que passa pela sua cabeça,
colocando em cheque suas perspectivas de aprovação futura, aflige
todo e qualquer candidato a concurso público. Até hoje não conheci
alguém com o dom sobrenatural de manter-se confiante a todo
tempo, em qualquer circunstância. Todos fraquejamos.
Mesmo os mais fortes, cedo ou tarde, sucumbem.

Vou lhe contar outro segredo. A vitória é alcançada por quem, assim
como Lance Armstrong,19 segue apesar das dificuldades, apesar
das tempestades da vida, apesar das fraquezas, apesar das quedas
e das pedras no caminho.

Só aprende a caminhar quem aprendeu a levantar.


ESTRATÉGIA 17: investimento
Investir é um verbo que remete à idéia de obtenção de algo. Investe-
se capital com vistas a certa lucratividade. Investe-se em bons
cursos para obtenção de bons empregos. Investe-se em idiomas
para melhor comunicar-se com o mundo.

Personalidades que vivem da própria imagem investem em


cosméticos, tratamentos de beleza, dietas de emagrecimento,
cirurgias plásticas, pois sabem que haverá bom retorno profissional.

Atletas, de amadores a profissionais, por almejarem melhores


resultados, investem em treinamentos cada vez mais sofisticados e
pagam preços altos pela tecnologia de ponta empregada nos seus
modernos equipamentos.

Profissionais qualificam-se durante suas vidas inteiras buscando, dia


após dia, apresentar diferenciais capazes de justificar suas
permanências nas empresas em que trabalham.

Concurso também é investimento. Ouso dizer que é um dos


melhores.

Pare e reflita a respeito do potencial da aprovação.

Em termos profissionais ela pode proporcionar remuneração


previsível e adequada ao cargo, férias de trinta dias, décimo terceiro
salário, previdência social, plano de saúde familiar, hora certa para
deixar o trabalho, jornada semanal bem delineada, repouso semanal
remunerado etc.

As informações acima já propiciam ambiente seguro para que você


acolha a alocação do concurso dentre os melhores investimentos.
Contudo, há mais. Ser aprovado em concurso público pode
significar radical mudança de vida.

Este é o verdadeiro potencial da aprovação.


Um de meus melhores amigos vive essa esplêndida mudança.
Fabyano Prestes desempenhou a profissão de advogado durante
sete anos, até que teve de fazer uma importante escolha. Havia sido
aprovado em concurso público para o cargo de Analista Judiciário
junto ao Tribunal Regional Eleitoral e, embora usufruísse de
excelente rendimento financeiro como advogado, estava
preocupado com sua qualidade de vida, já que não tinha tempo nem
para almoçar com tranquilidade.

A decisão não foi fácil porque ele havia angariado, com grande
esforço e dedicação, invejável carteira de clientes. Além disso, a
escolha pelo cargo público pressupunha mudança de domicílio e ele
teria de passar a residir em uma pequena cidade.

Optou pelo cargo público. Morou por alguns anos no interior, onde
levava dez minutos para chegar, a pé, ao trabalho. Tem uma vida
tranquila e livrou-se de duas úlceras estomacais. Dedica uma hora e
meia para o almoço, além de tomar chimarrão com os vizinhos ao
final de cada tarde. Construiu uma bela casa onde vive feliz com
esposa e filhas.

E no seu caso? Seria o concurso um bom investimento?

Encontre os aspectos positivos que a aprovação pode


lhe proporcionar, agarrando-se com firmeza a eles.
ESTRATÉGIA 18: qual é sua
motivação?
“Creio que se sempre olhássemos para o céu, acabaríamos por ter asas”.
Gustave Flaubert

Não pretendo sugerir este ou aquele motivo como sendo bom ou


ruim, forte ou fraco. Desejo, basicamente, colocá-lo em uma
situação especial de cogitação a partir da pergunta que deu nome a
este capítulo:

Qual é sua motivação?

Gostaria que fizesse essa pergunta a si, sem interferências


externas, sejam minhas ou de qualquer outra pessoa. Essa
interrogação propicia uma reflexão importantíssima.

A resposta deve ser sincera, pois poderá ser ela a responsável por
fazer com que você literalmente passe a devorar todos os livros e
informações que estiverem em sua frente ou abandone a ideia de
fazer concursos públicos para dedicar-se a outras atividades, mais
compatíveis com suas aspirações.

O motivo tem o poder de atribuir racionalidade e realidade à jornada


de estudos. É o fundamento de nosso esforço, a explicação, o
porquê do empenho de considerável energia na busca de um ideal.

Motivação propicia feitos incríveis, para além do imaginário de


multidões. Há quem supera os próprios limites, quem vence sérios
problemas de saúde, quem realiza façanhas até então impossíveis.

Motivar-se é ter uma causa, encontrar um porquê e a


ele agregar um propósito, uma firme disposição para
atingir uma finalidade.
A Gangliosidose GM1 é uma doença rara, degenerativa e sem cura,
decorrente da falta de enzima essencial para a reposição dos
neurônios. Adolfo Guidi descobriu que seu filho Vitor, então com
nove anos de idade, tinha essa disfunção e, segundo diagnósticos
de vários médicos, a expectativa de sobrevida era de, no máximo,
seis meses.

“Foi o momento da gente decidir: ou vejo ele morrer de uma forma


bastante trágica, cada dia um pouquinho ou vou lutar pela vida dele.
É uma questão de decisão e eu decidi lutar pela vida dele”, disse
Adolfo em emocionante reportagem veiculada pelo
Programa Via Legal.

Adolfo abandonou tudo em prol de uma missão, impossível sob o


enfoque de todos os médicos que acompanhavam o caso.
Permaneceu oito meses debruçado sobre os livros da faculdade de
medicina, dia e noite buscando uma informação que pudesse salvar
a vida de Vitor.

O engenheiro mecânico estudou desde genética até fisiologia


clínica, e descobriu que seria possível a recolocação da enzima
faltante. Moveu mundos e fundos para encontrar a enzima,
encaminhada por um laboratório europeu, cujos pesquisadores
sequer conheciam a viabilidade clínica relacionada à Gangliosidose.

Vitor havia completado 21 anos de idade, sendo o único a


ultrapassar os onze anos. O medicamento desenvolvido pelo pai
tmostrou-se eficiente, pois o ritmo da degeneração diminuiu de
forma considerável graças aos comprimidos diários, confeccionados
em farmácias de manipulação por um pai obstinado, que decidiu
doar-se por completo a um nobre propósito.

Narro esta comovente história, cujo título é “Amor Incondicional”,


para firmar algo em bases bem sólidas:

A noção do impossível somente é compartilhada por


aqueles que ainda não o atingiram.
Tudo é possível, desde que liberemos nossa imaginação e nos
autorizemos a sonhar.

A imaginação cria a realidade. Ao imaginar uma


situação futura, nosso cérebro, nossa alma e nosso
coração chegam lá primeiro.

Todo universitário recém-formado imaginou-se, já graduado, antes


mesmo de vivenciar a realidade do dia seguinte à formatura.
Qualquer objetivo já alcançado foi visitado, primeiro, pelo imaginar,
pelo desejar, pelo sonhar. Estamos, a todo tempo, realizando
sonhos, vivendo nossos sonhos.

Um forte propósito também pode ser algo material, como a


motivação apresentada por um aluno. Aos dezoito anos de idade,
ele cativava, como sonho de consumo, uma pickup Ford Ranger.
Não faziam parte do imaginário dele, enquanto adolescente,
conceitos complexos como independência financeira,
responsabilidades de fase adulta, novos horizontes profissionais etc.

Meu aluno queria dinheiro para comprar uma Ranger. Simples


assim. Então, percebeu, dentre as poucas opções ao seu alcance,
que alguns cargos públicos de nível intermediário propiciavam
atraentes resultados financeiros. Fez as contas e os fins justificaram
os meios.

Tornou-se Técnico da Justiça Federal e dirige uma Ranger


vermelha.

Com o fluir dos anos mudamos nossas opiniões, surgem novas


necessidades, os valores aos quais nos apegamos deixam de ser os
mesmos e, por óbvio, os porquês passam a ser outros. Talvez a sua
motivação seja substancial e radicalmente diferente, como o foram
todos os porquês em minha caminhada.

É formidável ter um porquê e um propósito bem definidos. O porquê


é a causa de todo o esforço, sua relação com a realidade, sua força
propulsora. O propósito é a sua inspiração, sua relação com o futuro
a tornar-se realidade, o combustível que alimentará os dias
vindouros.

Encontre o seu porquê. Contemple a sua inspiração.


Realize o seu grande empreendimento.
ESTRATÉGIA 19: sonho x visão
“A imaginação governa o mundo”.
Napoleão Bonaparte

Dormindo ou acordados, todos sonhamos. Ao sonhar, nossos


pensamentos transcendem as barreiras do espaço/tempo. Sonhos
confortam-nos com a esperança de dias melhores. Ao sonhar,
aguardamos a providência do futuro bom.

Passar em concursos sempre foi um sonho. Pensava no quão bom


seria estar aprovado e poder dedicar parte de meus dias a
atividades que não estivessem relacionadas com trabalho. Este era
o meu sonho. Abstrato, vago e com tamanha fluidez que jamais me
permitiria chegar a lugar algum.

Sonhos não desencadeiam decisão, ação, movimento.

Uma visão20 é bem diferente. A visão é o instrumento mais poderoso


que podemos utilizar para progredirmos. Isto no campo profissional,
pessoal, afetivo etc. Ao criar uma visão, tornamos o sonho
acessível, praticável, palpável, pois sabemos, com considerável
gama de detalhes, do que é preciso para atingir nosso objetivo.

Minha visão contemplava todos os dados do edital do concurso, as


características do cargo almejado (da remuneração até as questões
de responsabilidade profissional), o tempo de estudo estimado até o
dia da prova, dentre diversas outras situações que pudessem
localizar-me durante a preparação.

A visão permite-nos saber exatamente o que queremos.


Assim, sentia-me à vontade para conversar com quem já tivesse
obtido aprovação no concurso, com profissionais daquela área, com
outros candidatos, a fim de captar mais informações relacionadas
com possíveis aspectos positivos e, neles, depositar toda a minha
crença.

Na sociedade em que vivemos somos treinados, disciplinados e


hipnotizados para desejar sempre o máximo, o mais caro, o mais
difícil. Será que somente seremos felizes no topo?

Tenho firme convicção de que podemos bem transitar enquanto


coadjuvantes nesta pós-modernidade do século XXI, mas isso não
quer dizer que não possamos sonhar ou que não devamos estipular
nossas visões. É imprescindível que tentemos vislumbrar aonde
queremos chegar e qual o melhor trajeto.

Tomemos as rédeas de nossas atitudes, coordenando-as em feixes


bem direcionados a algo que possa estar ao alcance de nossa
imaginação; algo que tenha aptidão para se tornar uma visão, para
além do abstrato sonho.

A visão é uma poderosa ferramenta.


Sonhei, por muito tempo, em tornar-me Magistrado Federal. Em
mais de uma oportunidade vi meu sonho frustrado. Faltava pouco,
mas o quase não era a chave ideal para acesso ao cargo.

Os anos passaram e, entre sabores e dissabores, reprovei em


muitos concursos, mas também colhi bons frutos. Tive a felicidade
de obter a aprovação no concurso de Delegado de Polícia Federal e
no de Promotor de Justiça do Estado do Paraná. Optei pela carreira
no Ministério Público paranaense e encontrei grande realização
profissional, além de ter agregado boa experiência e congregado
eternas amizades.

Contudo, algo me impulsionava a continuar a preparação para um


concurso público em especial. Muitos, desde pessoas próximas até
conhecidos ocasionais, não compreendiam a razão de o gerúndio
continuar a fazer parte de meu dia a dia, pois eu continuava me
preparando...
O que me moveu adiante, entre o agosto de 1999 e maio de 2006,
foi uma visão. Quando assumi o cargo de Técnico Judiciário e
conheci os principais aspectos da carreira dos Juízes Federais
(atribuições, competências, remuneração, férias, estabilidade,
oportunidade de fazer justiça) decidi que me tornaria um Juiz
Federal.

Tracei o objetivo, criei a visão mais detalhada possível e passei, dia


e noite, a imaginar-me exercendo a magistratura em minha cidade
natal.

Isso foi essencial para manter minha motivação; importante ao


ponto de justificar algo inusitado. A sede da Justiça Federal mudou
para um edifício que eu não conhecia, o que tirava o poder da visão
que eu criara. Como estava me preparando, pela terceira
oportunidade, para o concurso, após o expediente no Ministério
Público fui visitar o pessoal da época em que trabalhava nas antigas
instalações da Justiça Federal.

No sexto andar, após conversar com os colegas mais próximos,


solicitei que algum deles me fizesse um curioso favor: deixasse-me
permanecer por alguns instantes no gabinete de um dos juízes, que
estava em férias.

Pedido atendido, sentei-me na cadeira do magistrado e procurei


captar todos os dados que meus cinco sentidos permitiam: os sons
dos carros na rua, a textura dos processos e da mesa, a perspectiva
do ambiente, a disposição dos móveis, a paisagem na janela.

A visão era tão detalhada que conseguia pressentir o


cheiro do cafezinho da tarde.

A partir dessa delineada visão, considerava-me cada vez mais


próximo da aprovação, que seria apenas um dos vários passos já
firmados em direção ao desempenho da magistratura. A linha de
chegada não era mais o resultado do concurso, mas o estar naquele
local como juiz federal, já aprovado e exercendo as funções do
cargo.

Compartilho esta breve passagem porque a visão


tornou-se realidade.

Sou magistrado federal há anos, dois dos quais cumprindo deveres


profissionais no sexto andar da sede da Justiça Federal em Ponta
Grossa, a cidade onde nasci. Vivo o sonho antecipado pela
imaginação e por seis anos estive exatamente no local que
embasou a mais forte visão de minha vida profissional, vendo uma
bela paisagem pela janela.

Especifique o objetivo e detalhe os aspectos do


caminho.

Quer ser defensor público? Então sugiro que conheça as


instalações e pessoas ligadas a esse cargo. Atente-se aos mínimos
detalhes, aos sons, à iluminação, ao ambiente, à textura dos
móveis... Guarde tudo isso na memória, alie aos diversos outros
fatores como salário, excelentes amizades, orgulho, felicidade e crie
a sua visão.

Almeja outro cargo? A receita é a mesma.

Estas palavras não comprovam o poder da visão.


Experimente e tire suas próprias conclusões.
ESTRATÉGIA 20: crença
Albert Einstein produziu, entre 1939 e 1941, ensaio sobre ciência e
religião.21 Na época era forte a concepção de um conflito insolúvel
entre conhecimento e crença, prevalecendo a ideia de que a crença
deveria ser substituída pelo conhecimento: toda crença que não
fosse baseada em conhecimento era considerada superstição e,
como tal, deveria ser evitada.

A crítica de Einstein a essa visão puramente racionalista parte das


seguintes formulações: a via do conhecimento, da ciência em geral,
não é suficiente para justificar nossas condutas, nossas opções,
nossos valores; o conhecimento, advindo dos métodos científicos,
não nos ensina outra coisa além de explicações sobre como os
fatos se inter-relacionam; nossas maiores aspirações, os motivos
pelos quais almejamos o próprio conhecimento, estão fora do
campo científico.

O conhecimento científico, segundo Einstein, fornece poderosos


instrumentos para que atinjamos determinada meta, seja ela qual
for. Contudo, o desejo de atingir essa meta, o porquê de querermos
atingi-la, vem de outra fonte. Nossa aspiração a algo não tem de ser
justificada com argumentos racionais, mas simplesmente sentida.

Einstein afirma que se o desejo de alcançar determinada meta


estiver vigorosamente vivo dentro de nós não nos faltarão forças
para encontrar os meios de alcançar a meta e traduzi-la em
realidade.

A ciência, por exemplo, somente pode ser criada por quem deseja
descobrir a verdade, entendendo-a. A fonte desse desejo, desse
sentimento, surge da esfera religiosa, pois até o mais cético dos
cientistas acredita em algo: ele deposita sua fé, sua crença, na
possibilidade de as leis que governam o mundo poderem ser
explicadas de modo cientificamente puro. E conclui Einstein: “Não
posso conceber um autêntico cientista sem essa intensa fé”.
Independentemente de qual seja a sua crença,
mantenha sempre vivo o desejo de alcançar sua meta,
essa força interior que já foi, em outros tempos, capaz
de mover montanhas.
ESTRATÉGIA 21: o que você
almeja?
A ética aristotélica funda-se em duas questões: O que é a
felicidade? Como alcançar a felicidade? Aristóteles analisa de que
maneira se pode conceituar o bem e argumenta não ser, a ideia de
bem, limitada às relações humanas, mas aplicável a toda e qualquer
coisa. Para ele o bem é “aquilo a que todas as coisas tendem”.22

Assim, se o bem é aquilo a que todas as coisas tendem, tudo,


absolutamente tudo, é predisposto à realização do bem e o ser
humano somente pode encontrar o bem naquilo que ele aspira.

Mas o que aspiramos? O que todo ser humano mais deseja? A


resposta, segundo Aristóteles, é a felicidade e, para o filósofo, é em
razão da busca de felicidade que todas as ações humanas são
realizadas.

Seria, então, a felicidade a explicitação de um bem único e


universal? Aristóteles discorda de Platão, para quem o bem é uma
ideia plena em si, universal e ininteligível. Afirma que o bem pode
ser considerado em diversos sentidos, pois ele não se apresenta de
forma homogênea nas diversas ações humanas: há necessidade de
se buscar o bem de cada arte do homem; o bem da medicina é a
cura; o da estratégia é a vitória; em cada esfera do agir humano há
um fim em razão do qual os homens realizam o resto de suas
atividades.

Partindo da afirmação de que o bem pode ser considerado sob


diversos sentidos, Aristóteles classifica duas espécies de bem: os
que são superiores e subordinantes (bens fins) e os que são
inferiores e subordinados (bens meios). Para ele, todo bem é um
fim, mas há bens que o ser humano deseja como fins em si
mesmos, ao passo que há bens que são necessariamente buscados
como instrumentais ao alcance dos bens fins.
Cite-se, como exemplo, a atitude de comer: comemos com o
objetivo de saciarmos a própria fome e obtermos certa dose de
energia, o que não deixa de ser um fim, mas apresenta-se como
bem meio se considerada a manutenção da própria vida como bem
superior.

O discurso aristotélico, depois da distinção entre bens fins e bens


meios, leva-nos à seguinte problemática: Haveria um bem último,
fim de todos os demais bens que, comparados, imperiosamente
apresentar-se-iam como meios? A resposta apresentada pelo
filósofo é a felicidade, centro da questão ética inicialmente
formulada.

Atualmente sustenta-se que o termo felicidade não transmite toda a


intensidade da palavra grega eudaimonia, utilizada por Aristóteles
para designar o mais alto de todos os bens praticáveis.

A felicidade (eudaimonia), como fim supremo do agir humano, para


ser assim considerada, segundo Aristóteles, deve atender às
seguintes condições:

a) tem de ser buscada como fim em si mesmo;


b) não pode se apresentar como um bem universal, transcultural e
transindividual, ou seja, incondicionado pelos padrões concretos da
vida prática dos indivíduos e das comunidades (do ethos de um
povo);
c) tem de ser um bem supremo e autossuficiente, com vistas ao qual
tudo o mais é realizado.

Aristóteles, embora não deixe de considerar o prazer como bem,


cuida de classificá-lo como meio à busca da felicidade e não como
um fim último tal como considerado pela maioria dos homens, para
os quais a honra e a autoestima, o reconhecimento público e a
posse do saber contemplativo são objetivos de felicidade.23

Volto à questão que justificou o nome deste capítulo:


O que você almeja?

Reflita sobre o potencial da aprovação no concurso desejado, sobre


as características e responsabilidades do cargo, sobre fixar
residência longe das raízes familiares e conclua se será única e
exclusivamente a aprovação no concurso a grande responsável por
sua felicidade.

Muita coisa muda com aprovações em concursos públicos, mas não


devemos depositar todas as nossas fichas numa profissão, como
sendo ela o único caminho à felicidade, ou como se fosse ela
própria a representação da felicidade.

Como disse Aristóteles, todas as ações humanas são realizadas em


busca da felicidade.

Mesmo após a aprovação, sua busca continuará.

A aprovação é um simples meio para atingir outro fim,


um bem muitíssimo maior.
ESTRATÉGIA 22: sempre há algo
positivo
“De modo geral, encontrei muitas coisas admiráveis na sociedade ocidental. Em
especial, admiro sua energia, sua criatividade e sua fome de conhecimento. Por
outro lado, diversas coisas na maneira de viver ocidental causam-me
preocupação. Uma delas é o fato de as pessoas terem uma tendência para
pensar em termos de “tudo ou nada” ou “isto ou aquilo”, o que significa ignorar a
interdependência e a relatividade das coisas. Entre dois pontos de vista,
costumam não levar em conta as posições intermediárias”.
Sua Santidade, o Dalai-Lama24

Como sempre estudei para passar, a consequência era forte


confiança em meu potencial. Assim, por acreditar, desde cedo, na
possibilidade de aprovação, mantinha-me otimista e aguardava,
ansioso, as aprovações. No entanto, os resultados não eram tão
bons quanto imaginava.

Embora acreditasse, estudasse e confiasse, eles surgiam aquém


das expectativas e as aprovações mostravam-se mais difíceis do
que eu pudesse ter imaginado no início. Ser um dos primeiros não
seria tarefa fácil.

Presenciei muitos desistirem logo no início, por terem identificado


dificuldades não previstas. Outros largaram o caminho mais tarde,
decepcionados porque não atingiam bons escores. Por que
continuei? Por que persisti se, resultado após resultado, continuava
fora do páreo, distante da zona de aprovação, abaixo da pontuação
média?

Continuei por acreditar – e isso faz parte de meu modo de ver a vida
em todos os seus aspectos – em algo positivo por detrás de
qualquer circunstância. Ainda que as aprovações se mostrassem
distantes, jamais me pareceram inatingíveis.
Acredito firmemente no propósito de que se alguém
pode, eu também posso. Isso vale para você também.

Sempre há algo bom em nossa jornada. Por mais que contemos


somente com reprovações, é claro e evidente que evoluímos!
Sempre evoluiremos enquanto candidatos, enquanto estudantes,
enquanto seres humanos.

Não obteve a aprovação? Aprenda com os equívocos


cometidos e tente não os repetir.

Conhecimento não se perde; soma-se a cada dia de estudo e o


produto final só pode ser melhor do que o inicial. São poucos os que
têm sorte e competência, na exata medida, para logo atingir seus
objetivos.

Você, eu e tantas outras pessoas talvez precisemos vivenciar – e


muito – um caminho tortuoso. Por isso nele crescemos tanto.

As virtudes da paciência, da humildade e do reconhecimento de


nossos próprios defeitos e limitações são muitíssimo bem
trabalhadas quando nos deparamos com a realidade que, às vezes,
pode não nos parecer animadora.

Uma aprovação pode ser o fruto de muitas


reprovações.

Converse com pessoas que passaram em concursos. A grande


maioria mais reprovou do que passou. Isso é fato. Comigo foi
exatamente assim. Inúmeras notas medianas levaram-me a um
crescimento importante até que conhecimento e experiência
atingissem níveis suficientes à aprovação.

Um amigo contou ter reprovado na avaliação oral para o concurso


de Juiz Federal. Antes mesmo da divulgação da relação de
aprovados, ele sabia não ter feito boa apresentação. Nervosismo e
preparo insuficiente convenceram-no da pequena chance de
sucesso.

Em momentos de crise como esse é fácil perder a cabeça, as


esperanças, mandar tudo pelos ares e, basicamente, desistir.

Contudo ele convenceu-se da existência de algo positivo: poderia


ser um vencedor no concurso seguinte, com relativa tranquilidade,
afinal de contas já atingira um patamar de excelência ao conquistar
o passaporte para a prova oral, reta final de concurso com
respeitável nível de dificuldade.

Convicto da iminente aprovação no ano seguinte, voltou a estudar


de imediato e obteve êxito. Ele estava absolutamente certo.

A magia desse ponto de vista extremamente otimista baseia-se em


franca negação ao desânimo do “quase” e na sincera ponderação
dos aspectos positivos, estes decorrentes do semear dedicado e
sementes de vigorosos frutos no futuro.

Mesmo quando imprevistos acontecem é importante aferir os


aspectos positivos. Um aluno, em certa oportunidade, chegou
atrasado para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil e teve a
infelicidade de ver os portões já fechados. O aprendizado: chegue
bem antes da hora.

Sem dúvida alguma, há algo positivo pronto para ser


descoberto.

A jornada de concursos não pode ser analisada sob a perspectiva


do tudo ou nada. Há, sem dúvida, situações intermediárias que
merecem ser sopesadas.

Em momentos de crise, sempre há uma oportunidade para


crescimento, em especial se nos dermos conta dos infinitos ganhos
no meio-termo entre o tudo e o nada. Aliás, nessa jornada, penso
que jamais haja perda.
Sempre somaremos algo.
ESTRATÉGIA 23: ampliando a
liberdade de escolha
Marilena Chauí, ao escrever a respeito da problemática da
liberdade, depara-se com as seguintes questões filosóficas: O que
está e o que não está em nosso poder? Até onde se estende o
poder de nossa vontade, de nosso desejo, de nossa consciência? O
que está inteiramente sob nosso poder e o que depende
inteiramente de causas e forças exteriores que agem sobre nós?

Explica que a liberdade não pode ser compreendida sem a


conformação desempenhada pela necessidade e pela contingência.
A necessidade apresenta-se como decorrência de situações contra
ou em prol das quais nada se pode fazer; a contingência, por sua
vez, apresenta-se como um conjunto de acasos impassíveis de
previsão.

A necessidade é o real, é o mundo tal como nos é dado, que age


por uma interminável rede de causas e efeitos independentemente
de nossas escolhas ou ações; a contingência é inconsistência,
mutabilidade, imprevisibilidade que obsta deliberações racionais
humanas, cerne da liberdade.

Liberdade possível, segundo Marilena Chauí, é a criada pela nossa


própria ação. Para ela, a liberdade encontra-se na disposição de
interpretar e decifrar os vetores do presente como possibilidades
objetivas (aberturas de novas direções, de novos sentidos).25

Quando nos dedicamos com afinco a qualquer atividade é inegável


que evoluamos. A evolução nos permite melhor decifrar os vetores
do presente e, assim, ampliar nossa liberdade para a abertura de
novas direções, de novas perspectivas de futuro.

Uma pessoa que decide aprender inglês, por exemplo. Com o


tempo, o estudo dedicado alterará de tal forma sua maneira de ver o
mundo,26 que ela será livre para assistir a muitos filmes estrangeiros
sem legenda, algo impensável antes.

O mesmo vale para os concursos públicos. Quando começamos a


estudar, nossa liberdade de escolha é limitada ao que, no início,
conhecemos.

À medida que os meses, os anos passam, o estudo nos permite


evoluir de tal maneira que podemos chegar ao ponto de escolher o
concurso que mais se adapta aos nossos interesses, de ponderar se
temos realmente chances efetivas de sucesso, de rir com aquelas
questões que já encontramos nos concursos anteriores, de repetir
atitudes de êxito, de auxiliar quem está começando.

O estudo amplia horizontes.27 O estudo revela-nos


horizontes inicialmente desconhecidos. O estudo
incrementa nossa liberdade.

O estudo propicia verdadeiros milagres aos olhos dos que estão


iniciando; jamais aos de quem os está vivenciando depois de muita
dedicação. O milagre acontece aos olhos do espectador; quem o
vivencia está apenas atingindo, racionalmente, perspectivas de
futuro que lhe foram abertas pelo estudar dedicado.
ESTRATÉGIA 24: como NÃO
passar em concursos públicos
Fernando é um veterano no ramo dos concursos públicos. Sua
dedicação aos estudos pode ser considerada cima da média
porque, embora trabalhe durante o dia, aproveita boa parte de seu
tempo livre à noite para estudar.

Para Fernando, tornar-se Delegado de Polícia seria uma grande


realização pessoal e profissional. Na luta pela aprovação há quase
quatro anos, não vem percebendo evolução, apesar de levar muito a
sério o compromisso com os livros, apostilas e resumos.

As notas alcançadas nos últimos dois concursos foram


sensivelmente inferiores às suas expectativas e às médias atingidas
nos anteriores. Sente-se distante da realização de seu objetivo
porque já não sabe mais o que fazer para atingir notas mais
expressivas.

Frustrado, está pensando seriamente em partir para um ramo


profissional menos competitivo, abandonando a carreira de
concurseiro.

Para piorar o cenário vivenciado por Fernando, seu amigo Roberto,


um bon vivant que nunca havia levado o estudo a sério, passou para
Delegado e, na linha do famoso personagem dos Paralamas do
Sucesso, comprou uma moto e passou a se sentir total.

Para Fernando parece que foi ontem o dia em que Roberto


comentou que faria concursos públicos. E foi mesmo. Roberto levou
pouco mais de dois anos para celebrar a aprovação.

Fernando não se considera próximo a Roberto ao ponto de


perguntar a ele a fórmula do sucesso. Aliás, ele acredita que
Roberto tenha mais sorte do que competência, não havendo
explicação plausível para justificar tamanha evolução em um
período tão inexpressivo quando comparado com seus quatro anos
de estudos e sua experiência de veterano.

Fernando erra em dois importantes aspectos:


pressupõe o estudo como único assunto digno de sua
atenção e menospreza a possibilidade de dialogar com
colega recém aprovado por considerá-lo pouco
experiente.

Gosto muito deste pensamento de Mark Twain: Para um homem


que tem um martelo, todos os problemas se parecem com pregos.
Os (pré) conceitos de Fernando têm muito a ver com isso. Ele
deposita toda a sua confiança em uma fórmula de estudos que não
tem propiciado ambiente seguro à aprovação. Ao contrário, os
recentes acontecimentos revelam necessidade urgente de
mudanças radicais na metodologia eleita por Fernando há quatro
anos.

Em vez de buscar algum tipo de evolução a partir de mudanças de


perspectiva, nosso amigo opta por seguir sempre do mesmo modo,
continuando a estudar à sua maneira, completamente desmotivado.

Fernando não usa estratégia.

Ela poderia somar-se ao indispensável estudo, auxiliando-o na


construção de sólidos alicerces para um evoluir contínuo, duradouro
e eficaz.

Quando o assunto é futebol todos concordamos quanto ao não


mexer em time que está ganhando, não é mesmo? Então,
logicamente devemos concordar com a necessidade de alteração
nas épocas em que o time está perdendo.

No cenário dos concursos públicos é quase a mesma coisa: receitas


de preparação que vêm surtindo bons efeitos, proporcionando
melhoria no decorrer do tempo, podem nos levar à aprovação;
receitas de preparação inadequadas, incapazes de proporcionar
evolução, devem ser substancialmente alteradas ou substituídas por
outras, mas eficazes.

Por que quase a mesma coisa? Muito simples: no futebol às vezes


se joga pelo empate; concurseiro que se preza joga sempre para
vencer.

Apresentada esta importante diferenciação, continuemos com


futebol. Quando um time vai mal, a necessidade de alterações mais
radicais é fácil de perceber. Caso o técnico durma no ponto, a
torcida e a imprensa dão-lhe o recado.

Durante a preparação para concursos públicos não é tão simples


identificar a hora da mudança de estratégia. Não temos um técnico
nos observando a todo tempo e a torcida (familiares, amigos,
colegas) normalmente não pode acompanhar de perto todas as
nossas atitudes, caminhos e escolhas. Durante toda a jornada rumo
à aprovação somos, ao mesmo tempo, jogadores e técnicos.

Cada um é responsável por suas decisões, seus


acertos e desacertos.

Um técnico de futebol usa interessantes estratégias para bem


treinar seu time. Uma delas consiste basicamente em observar a
equipe adversária, estudando-a, compreendendo-a, identificando os
pontos fortes e fracos do time opositor.

Essa observação também gera aprendizado. Ao observar a técnica


do outro, ele aprende algo. Esse aprender, no entanto, está limitado
à observação. Afinal, torcedor algum gostaria sequer de imaginar o
técnico de seu time trocando dicas com o da outra seleção pouco
antes do jogo.

No campo dos concursos públicos é diferente. Podemos, é verdade,


aprender ao observar técnicas de outros concurseiros, aplicando-as
em nosso dia-a-dia. Com o Concurseiro Solitário, por exemplo,
aprendi que não precisamos necessariamente de caneta, lapiseira,
lápis ou similares para marcar as informações importantes em um
livro, bastando que dobremos o canto da página para consultas
posteriores.

Prefiro a caneta, mas a falta dela, depois desse aprender


observando, nunca mais fará de mim um leitor-para-depois-quando-
estiver-com-caneta.

Como concurseiros podemos ir mais longe, muito além. Temos


excelentes oportunidades de ultrapassar a barreira da mera
observação. Detemos o poder da comunicação com outros
concurseiros que, numa análise detalhada, não são nossos
concorrentes diretos. Não existe, necessariamente, oposição de
interesses entre candidatos. Todos buscam a aprovação, mas a luta
é candidato x prova e não candidato x candidato.

Assim, o que nos impede de perguntar aos colegas a respeito de


suas estratégias, a respeito de suas vitórias e derrotas, seus medos
e suas expectativas? O que nos impede de compartilhar nossa
experiência, nossa técnica, nossa estratégia?

Nosso amigo Fernando está limitado por (pré) compreensões


equivocadas. A primeira delas consiste em evitar, a todo custo, uma
conversa com Roberto para saber como ele fez para passar, em
período relativamente curto, num concurso concorrido.

A segunda delas é a (pré) suposição de que Roberto teria muito


mais sorte do que experiência, não sendo merecedor, sob a ótica de
Fernando, de credibilidade ao ponto de justificar o domínio de
alguma receita de sucesso.

Fernando está perdendo uma preciosa oportunidade de conversar


com Roberto, um indivíduo acessível que ficaria honrado ao
transmitir sua experiência na preparação para o concurso de
Delegado de Polícia e orgulhoso pelo simples fato de poder
contribuir com o sucesso de alguém.
Roberto é um estrategista de primeira grandeza.

Ele sempre considerou o almejado concurso como algo difícil, mas


não impossível. Conhecia, desde o início da preparação, suas
qualidades e seus principais defeitos. O pior deles: Roberto não
gostava de estudar!

Então, Roberto trabalhou duro para entender a dinâmica do


concurso. Leu o edital dos anteriores, anotou os pontos principais e
passou a compreender profundamente as regras do jogo. Baixou da
internet provas anteriores de concursos para Delegado realizados
em diversos estados, fez todas elas, anotou os resultados, criando
tabelas e gráficos capazes de demonstrar visualmente sua
evolução, seus pontos fortes e fracos, passando a perceber o que
deveria ser estudado com mais dedicação.

Aprendeu, na prática, a arte de fazer uma prova


objetiva.

Além de diversas outras posturas interessantes, que num bate-papo


Roberto transmitiria a Fernando, uma é digna de destaque especial.
Certa vez, numa roda de amigos, Ronaldo, profissional experiente,
expusera inusitado pensamento:

Estudar é difícil, mas aprender é o maior barato.


Roberto fixou-se a essa perspectiva, passando a encarar o desafio
da preparação não como estudo, mas como aprendizado. Assim,
sua evolução era medida por assunto que deixava de ser novidade
por intermédio do estudar dedicado.

Roberto substituía o peso do ter-que-estudar-hoje pela


leveza do hoje-aprenderei-algo-novo.

Roberto construiu sólidos alicerces para serem somados ao


indispensável estudo e servirem de base a uma evolução cuja
eficácia foi comprovada por sua aprovação no concurso para
Delegado de Polícia.

Fernando, focado unicamente na repetição de atitudes que minam


suas chances de sucesso, continuará tendo uma difícil jornada
enquanto permanecer fundamentalmente vinculado a pensamentos
que inviabilizam sua adaptação a novas perspectivas, estratégias e
posturas.

Ele poderá ser aprovado um dia, mas à custa de quanto tempo?


Não seria mais interessante Fernando ousar aprender com os
outros, modificando sua estratégia e, obviamente, incrementando
suas chances de êxito?

É claro que eu não poderia profetizar o fracasso de Fernando, pois


grande parte de nossas energias durante a preparação têm de ser
direcionadas a uma básica atitude: estudar, estudar, estudar, tal qual
ele sempre esteve predisposto. Contudo, não podemos deixar de
considerar que Fernando está sem motivação, com a auto-estima lá
embaixo por causa das recentes notas e cogitando abandonar os
concursos.

O apego ao individualismo extremado, a não aceitação


da necessidade de mudança e a ausência de auto-
reflexão constituem uma boa receita de como NÃO
passar em concursos públicos.
ESTRATÉGIA 25: open your mind
“Você não está mudando a realidade exterior. Nem alterando as cadeiras e os
caminhões, os tratores e os mísseis que estão sendo lançados – você não está
mudando essas coisas! Não! Mas você está mudando a forma como percebe as
coisas, ou talvez a forma como pensa sobre elas, como percebe o mundo”.
Fred Alan Wolf28

A nova física, ou física quântica, formulada por um grupo de


notáveis cientistas do século XX (Max Planck, Albert Einstein, Niels
Bohr, Louis de Broglie, Erwin Schrödinger, Wolfgang Pauli, Werner
Heinsenberg e Paul Dirac), propiciou profundas e radicais mudanças
nos conceitos de espaço, tempo, matéria, objeto, causa e efeito.29

A descoberta da física quântica chocou a comunidade científica, a


ponto de Albert Einstein dizer que “Todas as minhas tentativas para
adaptar os fundamentos teóricos da física a esse novo tipo de
conhecimento fracassaram completamente. Era como se o chão
tivesse sido retirado debaixo de meus pés, e não houvesse em
qualquer outro lugar uma base sólida sobre a qual pudesse construir
algo”.30

Esse “novo tipo de conhecimento” envolve a maneira como


enxergamos o mundo ao nosso redor. Diferentemente da física
newtoniana – baseada na ideia central de que podemos predizer,
com grande precisão, eventos futuros31 – a física quântica é a física
da indeterminação.

O princípio da incerteza (ou da indeterminação),32 formulado por


Heinsenberg, postula que, no mundo subatômico, a imaginação
humana encontra tantos limites para tentar explicar o modo como as
coisas simultaneamente acontecem, que a relação entre dois
conceitos somente pode ser dada pelo critério da incerteza.33

Tudo é incerto; tudo depende da maneira como o observador


analisa os fenômenos no espaço subatômico. O observador, pelo
simples fato de observar um fenômeno, influencia decisivamente
nas características elementares desse fenômeno.34

Transferindo as impressões subatômicas para o mundo visível,


Heinsenberg disse que “O mundo apresenta-se, pois, como um
complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes
espécies se alteram, se sobrepõem ou se combinam, e desse modo
determinam a contextura do todo”.35

Por isso “a visão de mundo que está surgindo a partir da física


moderna pode caracterizar-se por palavras como orgânica, holística
e ecológica”.36 Ter uma visão holística, ecológica, é aceitar o todo e
suas infinitas interconexões; é entender que se faz parte desse
todo37 e que cada atitude, por ínfima que seja, tem potencial para
influenciar o todo.

As implicações da física quântica são fortíssimas,


havendo, inclusive, correntes científicas propugnando
que o observador seria literalmente capaz de criar sua
realidade.

Daí a importância desta observação: “Mal compreendido e forçado


na direção errada, o fato de que o observador humano de alguma
forma ajuda a evocar a realidade que observa poderia ter
implicações culturais desastrosas. Poderia emprestar todo o peso à
noção muito popular (a meu ver perniciosa) de que o ser individual é
o único criador dos valores – de que não há ‘verdade’ neste mundo,
mas apenas a ‘perspectiva’ de cada um”.38

Leia novamente a citação que inaugura este capítulo e perceba o


quanto as explicações elementares da física quântica podem lhe
auxiliar. Elas lhe permitem conscientizar-se do poder existente em
você, um potencial perceptivo que, independentemente de alterar ou
não a realidade cotidiana, pode proporcionar radicais mudanças,
tanto na forma como você vê as coisas, quanto nas coisas que você
realmente vê.
Todos somos capazes de otimizar nosso aparato cognitivo, alterar
nosso modo de ver o mundo e aproveitar, seletivamente, pequena
parte dos bilhões de bits de informações diárias, carregadas de
sinais que têm passado despercebidos.39 Aliás, somos campeões
nisso. Estamos, a todo tempo, rejeitando a maior parte das
informações captadas por nossos cinco sentidos porque
aproveitamos apenas aquelas às quais estamos atentos.

Nosso quotidiano é rico em experiências visuais, olfativas, auditivas,


gustativas e sinestésicas. Só que somos seletivos. Embora nosso
cérebro efetivamente capte bilhões de dados, nem tudo é
processado e pouca coisa é realmente convertida em informação
passível de percepção.

Somente percebemos aqueles dados que nosso


cérebro está predisposto a processar em informação.

Imagine um automóvel que, há tempos, você não encontra nas ruas


da cidade. Fixe mentalmente o modelo e a cor. Nos próximos dias
experimente sair por aí com o divertido objetivo de contar quantos
carros desse você encontrará. Evidentemente os carros não
“aparecerão” só porque você pensou neles. Você alterará a forma
como assimila essa informação visual. O passará a notar o que
antes não percebia porque sua atenção estará voltada ao automóvel
escolhido.

Isso é aperfeiçoar o aparato cognitivo, é estar alerta para um objeto


determinado, cuja importância era tão insignificante que seu cérebro
sequer traduzia em informação relevante.40

Quando decidir estudar algum assunto, não se mantenha limitado


ao livro ou aos exemplos dados pelos autores. Abra sua mente para
todas as experiências sensoriais que o mundo ao seu redor pode
proporcionar.

Esteja alerta para a infinidade de informações que surgirão à sua


frente, seja no jornal da noite, numa roda de amigos ou na fila do
banco.

Vivencie inúmeras e felizes coincidências e perceba


que o mundo pode estar conspirando a seu favor.
ESTRATÉGIA 26: prioridades
eleitas
Em outra passagem deste livro dissemos que estudar sempre que
possível seria o ideal, independentemente do número de horas
diárias.41

Acontece que não devemos deixar esse conselho no vazio, porque


estaríamos correndo o risco de estudar muito pouco, afinal há
muitas outras coisas para se fazer (ou não fazer) que podem,
naturalmente, comprometer nossa rotina e nossas possibilidades de
estudo.

Veja bem: estudar sempre que possível pressupõe que você já


tenha assumido a seriedade do compromisso com seus estudos
como uma de suas prioridades.

Uma ferramenta interessante pode lhe auxiliar na eleição do que é


importante e do que não tem grande relevância em seu dia a dia:

Faça uma lista de suas prioridades e coloque-as em


uma ordem decrescente de relevância.

O que está em primeiro lugar? A família? O trabalho? Os amigos? E


em segundo lugar? O lazer? O esporte?

Identifique e aloque os estudos em sua lista de prioridades, de


forma que quando houver choque entre um compromisso com
amigos e a apostila do cursinho, entre o aniversário da vovó e a aula
de lógica, entre o futebol e seu caderno de anotações, você possa
tomar uma decisão séria e razoável.

Não se preocupe se, no início, o estudo não tiver uma densa


importância, pois você estará apenas começando e ainda não
visualizando os primeiros resultados positivos.
Garanto que, com o tempo, quando você perceber que a jornada de
concurseiro tem suas compensações, seu compromisso com os
estudos irá se tornar mais forte e a importância a ele atribuída
deixará muitos colegas de futebol irritados.42

Aposto que, com o tempo e com os primeiros bons


resultados, o seu sempre que possível corresponderá a
boa parte de seu dia.
ESTRATÉGIA 27: dia ou noite?
Algumas pessoas preferem estudar durante as manhãs, logo após o
café; outros optam pelo estudo após o almoço. Também há quem
goste de estudar à noite e até mesmo durante as madrugadas.

Há sempre bons argumentos. Quem estuda de manhã parte do


pressuposto que corpo e mente descansados, após uma boa noite
de sono, viabilizam aprendizado eficiente. Quem opta pelo estudo
durante a tarde diz que é somente após o almoço que o corpo e a
mente, além de descansados, estão em pleno funcionamento e
efetivamente “acordados”.

Já os que leem à noite apostam na convicção de que um bom


aproveitamento somente pode ser obtido nos momentos de
tranquilidade, quando as árduas tarefas do dia a dia profissional já
foram devidamente cumpridas. Por outro lado, quem estuda nas
madrugadas crê que o silêncio desses momentos mostra-se ideal
para a concentração.

Você pode estar querendo saber qual é o momento ideal para o


estudo. Digo, com tranquilidade, que o momento ideal é aquele em
que você se sentir melhor.

Se gosta de dormir durante o dia e passar as madrugadas


estudando, ótimo. Caso você seja daquelas pessoas que acordam
antes do sol nascer e já estão ativas desde cedo, manhãs de
dedicação lhe são indicadas. Gosta e pode dormir até a hora do
almoço e prefere estudar durante as tardes? Excelente. Prefere
estudar depois da novela das oito? Fantástico.

O que quero dizer é que não importa o horário em que você estuda,
desde que estude. Condições de opção deste ou daquele horário às
vezes não estão ao nosso alcance. Então, estudemos quando for
viável, seja durante o dia, a noite ou as madrugadas.

Isso vale para a jornada diária.


À medida que o dia do concurso vai se aproximando, caso isso seja
viável a você, sugiro que vá, gradativamente, adequando sua rotina,
seu organismo e seu intelecto para horários compatíveis com o da
iminente avaliação.

Normalmente as provas de concursos públicos são realizadas nas


manhãs de domingo, a partir das 8h. Em regra, elas têm uma
duração que varia entre quatro e cinco horas. Então, para quem
acorda cedo e estuda nesse período, não há nada o que temer.

Entretanto, quem costuma dormir nesse horário poderá não estar


com suas faculdades físicas e intelectuais a todo vapor, o que, por
certo, afetará o desempenho e acarretará aproveitamento inferior
àquele que poderia ser alcançado acaso o horário de estudos
tivesse sido adaptado.

Programe seu organismo para estar em pleno


funcionamento nos horários compatíveis com os da
avaliação. Depois da prova você retorna à rotina
normal.
ESTRATÉGIA 28: quatorze horas
por dia?
Muitas vezes me perguntam quantas horas diárias costumava
estudar durante as preparações para os diversos concursos
públicos aos quais me submeti.

Cada dia tem sua especificidade. Cada pessoa tem suas


possibilidades, administra o tempo da forma que melhor lhe
interessa.

O que realmente importa, em minha opinião, é a seriedade do


compromisso. Se você dispõe de apenas meia hora para estudo,
pois então que estude durante esse período, tentando aproveitá-lo
ao máximo.

Mas e o “mito” das quatorze horas diárias?

Sempre preferi estudar com atenção, com seriedade,


durante curtos períodos diários.

Dificilmente tive à minha inteira disposição tempo suficiente, em um


único dia, para desfrutar de quatorze horas de estudo.

Em certa oportunidade, às vésperas de uma das provas escritas do


concurso para o cargo de Promotor de Justiça, resolvi passar todo o
fim de semana fazendo a leitura do Código Civil. Mantive-me
trancado em casa, sozinho, basicamente estudando. Manhã, tarde e
noite.

Foi uma jornada árdua que teve suas compensações, é claro.


Contudo, comparando essa experiência com o grão-em-grão do
estudo diário, percebi que, além de muitíssimo cansativa, a
atividade de estudo durante longo período não produz os frutos que
normalmente se profetiza.
Nossa capacidade de aprendizado tende a diminuir muito à medida
que nos cansamos intelectualmente. Fisicamente também
passamos a sentir dores que minam nossa atenção. Além disso,
instintivamente criamos oportunidades de escape para as mais
variadas atividades: uma pequena pausa para o cafezinho; outra
para esticar o corpo; mais uma para escutar música…

Em poucas palavras: as pretendidas quatorze horas de


estudo se perdem em um caos criado por inúmeras
variáveis que acarretam pouquíssimo aproveitamento.

Duvida? Então assista à trilogia O Poderoso Chefão, sem intervalos.


Logo na sequência assista à trilogia original de Guerra nas Estrelas.
Os seis filmes durarão cerca de quatorze horas.

Depois disso, quando estiver refletindo sobre longas jornadas de


estudo, recorde-se da experiência e acrescente outros dados, tais
como: a enorme diferença entre assistir TV em um confortável sofá
e estudar utilizando uma escrivaninha; a enorme diferença entre a
conduta passiva de assistir a filmes premiados e a conduta,
essencialmente ativa, de estudar com atenção e com o objetivo de
obter e fixar novas informações.

As lendárias quatorze horas de estudo diário com


qualidade e aproveitamento são inatingíveis.
ESTRATÉGIA 29: uma questão de
concorrência?
Libertemo-nos desse grilhão que nos mantém presos a aspectos
genéricos, forçando-nos a temer os concursos nos quais há forte
concorrência (muitos candidatos para poucas vagas).

O que interessa é a média necessária à aprovação.

Quando você atingir a nota para estar entre os aprovados não


haverá concorrência que lhe segure. A perspectiva a ser seguida é
puramente individual: os indivíduos que fazem mais pontos passam
adiante, deixando toda a concorrência para trás.

Alguns candidatos procuram os concursos no interior do país, por


acreditarem que, quanto mais longínqua a cidade, menor a
concorrência e maiores as chances de aprovação. O raciocínio tem
sua lógica, ao menos quanto à relação entre concorrência e chance
de aprovação. Deixa de considerar, todavia, o nível de
conhecimento que os levarão às possíveis aprovações. Quem lhes
garante que, no interior, os candidatos a cargos públicos estudam
menos ou têm menor conhecimento?

Seja em um concurso com poucos candidatos ou naqueles nos


quais as inscrições são feitas aos milhares, sempre haverá algo
invariável: o acesso ao cargo pressupõe as melhores notas.

Mas onde estão as melhores notas? Elas estarão em


todos os rincões deste país, sempre que houver alguém
atuando com paixão em busca da aprovação.

Como várias pessoas carregam em seus corações esse ímpeto, é


inegável a íntima relação entre atitudes individuais e médias a
serem alcançadas.
Concorrência é um mito. Mesmo no concurso com
apenas dois candidatos para uma vaga, somente
vencerá o que atingir a maior nota.

Esqueça a concorrência e dedique-se a atingir o nível para


aprovação. Esta perspectiva retirará o indevido peso que possa
estar lhe incomodando na hora da inscrição para aquele concurso
cuja aprovação é, por muitos, considerada impossível.

Novamente: esqueça a concorrência de dedique-se a


atingir o nível para aprovação.
ESTRATÉGIA 30: cursos
preparatórios ou estudo
solitário?
Bons cursos são importantes aliados, em especial no início de
nossos estudos, quando ainda temos certa dificuldade para
encontrar as informações necessárias, para juntar o material
adequado e para entender como as coisas funcionam no ramo dos
concursos públicos.

Os cursos preparatórios, desde que dirigidos por profissionais


comprometidos e chancelados por professores dedicados ao fiel
cumprimento da prometida preparação, apresentam notórios pontos
positivos.

Nem todos têm disciplina para manter a rotina de estudos. Mesmo


para os mais disciplinados, focar só os estudos, com a televisão
desligada, sem acessar a internet e com o celular no modo
silencioso, pode ser uma tarefa próxima do impossível.

Nestes casos, nada melhor do que o compromisso das


aulas no cursinho.

Encontrar material para estudar não é fácil. Nos bons cursos


preparatórios, os diretores e professores encarregam-se dessas
tarefas, apresentando à clientela-alvo abordagens sistematizadas,
esquematizadas e compatíveis com o cronograma dos concursos.
Em regra, são oferecidos cursos preparatórios específicos para
cada concurso, nisso residindo parte de seus pontos fortes.

Existem outros aspectos interessantes. A matéria trabalhada pelos


cursos preparatórios é, em regra, bem atualizada e segue as
tendências de cada concurso, seguindo à risca o edital. A didática
das aulas prioriza a essência de cada assunto, evitando, de modo
proposital, as análises de teorias mais profundas, afetas às áreas
das pós-graduações, mestrados e doutorados.
Alguns cursos proporcionam aos alunos encontros específicos para
a solução de questões dos concursos anteriores, uma prática de
extrema validade para aferição do nível do candidato em relação às
médias de aprovação anteriores.

Não é demais lembrar que, dependendo da sua maneira de


aproveitar a convivência com outros candidatos que comungam
propósitos semelhantes aos seus, estar num cursinho preparatório
viabiliza excelentes oportunidades para criar grupos de estudo,
trocar informações sobre as novidades do desejado cargo,
compartilhar material etc.

Apesar de todas essas qualidades, curso algum supre o


indispensável estudo solitário, compenetrado e
comprometido.

As aulas, embora possam conter informação de ponta, são apenas


guias, orientando nosso caminho. Os professores sabem a direção e
nos apontam o azimute correto. Contudo, mesmo sabendo onde
tocar o horizonte, cada aluno tem de percorrer, em solidão, o seu
caminho.

Algumas pessoas, por opção ou em razão da falta de acesso aos


cursinhos, estudam sozinhas. Nada impede o sucesso por esta via.
Quando há alternativas e o candidato escolhe não frequentar cursos
preparatórios, normalmente ele tem consciência de duas qualidades
essenciais: capacidade de organização e disciplina acima da média.
Trata-se de escolha racional e pragmática, pois muitas pessoas
preferem deter o total domínio sobre o que e quando estudam,
manifestando certa restrição ao rigorismo do calendário nos
cursinhos.

Quando não há opção, mas o candidato percebe ter as duas


características acima mencionadas, a carreira solitária lhe será
oportuna. Problema surge quando o candidato, sem acesso a
cursos preparatórios, não tem disciplina e dificilmente consegue
organizar o material para estudo.
Nesta hipótese a palavra-chave é adaptação. Alguém
terá que mudar radicalmente.
ESTRATÉGIA 31: o melhor livro
Certo dia uma mulher me procurou porque soube de minha
aprovação para o cargo de Promotor de Justiça. Ela gostaria de
saber quais livros eu havia lido. Sua ideia era comprar os mesmos
livros para ser aprovada já no concurso seguinte.

Durante os poucos minutos de nossa conversa, a cada obra que eu


mencionava ela respondia “eu tenho”. Salvo dois ou três
exemplares, todos os demais faziam parte da biblioteca particular de
minha interlocutora.

Intrigado, perguntei quais ela havia lido. Ouvi um titubeante, mas


sincero, “nenhum”.

Não basta adquirir o livro aclamado pela crítica, a apostila da moda


ou o resumo milagroso. Temos que nos dedicar a cada um desses
objetos.

Livros, apostilas e resumos são coisas inanimadas e em nada nos


ajudarão caso não arregaçarmos as mangas e praticarmos a boa e
atenta leitura. Costumo dizer que um livro só se torna meu depois
de lido e anotado. Aliás, depois disso ele acaba sendo insubstituível.
Não empresto os anotados, pois eventual perda não será do objeto
inanimado, mas do livro lido, e, consequentemente, insubstituível.

O que pode nos agregar um livro cujas páginas nossos olhos não
conhecem?

Portanto, caro leitor, livro bom é livro lido.

O melhor livro do mundo é aquele que você já leu, do


começo ao fim.
ESTRATÉGIA 32: internet
Qualquer informação em poucos cliques. Velocidade, praticidade,
agilidade. O mundo nas palmas de nossas mãos. A internet e as
ferramentas como o Google fazem verdadeiros milagres. Em termos
de investimento, nada alcança sua relação custo/benefício.

Evidentemente, o mundo virtual é um importante aliado em nossa


busca pela aprovação. Contudo, precisamos manter certa análise
crítica a respeito da espécie e da qualidade de informação que
acessamos via internet.

Para criar um site, por exemplo, basta pagar uma taxa anual inferior
a cinquenta reais e entender as linhas gerais da linguagem HTML.
Para publicar um texto pretensamente científico, basta que qualquer
pessoa filie-se a uma comunidade, monte seu próprio blog ou
encaminhe-o via e-mail para seus contatos. A lei da progressão
geométrica dará conta do restante.

Com estas observações pretendo apenas incentivá-lo a, em vez de


simplesmente digitar, via Google, expressões aleatórias para
encontrar a informação desejada, procurar informar-se sobre bons
sites e blogs respeitáveis. Use-os como confiáveis fontes de
pesquisa e faça bom proveito do que neles encontrar.

Outro aspecto importante: organização e paciência são


essenciais.

Assim como não conseguimos ler um livro sem que conheçamos


suas páginas, temos que ler e processar a informação obtida via
internet.

Um argumento de pesquisa é suficiente para saltarem aos nossos


olhos inúmeros links com possíveis textos relacionados.
Selecionemos os de interesse e façamos a leitura. Salvemos e
organizemos tudo, facilitando a localização dos textos na
eventualidade de precisarmos lê-los novamente.
Organize as informações. Salve seus arquivos
utilizando linguagem que garanta o acesso à
informação no futuro.
ESTRATÉGIA 33: siga o fluxo
Thomas Kuhn utiliza o conceito de paradigma para explicar que o
conhecimento científico não se desenvolve somente de modo
cumulativo e contínuo.43 A física pós-newtoniana, marcada pela
teoria da relatividade de Einstein, cuidou de superar o paradigma
até então aceito de conceitos metafísicos como espaço e tempo
absolutos.44

Outro exemplo é decorrente do princípio da indeterminação, de


Heinsemberg,45 que pôs fim à teoria mecanicista newtoniana.

O paradigma tem como característica a indicação de um universo de


valores partilhados por membros de uma comunidade. Funciona
como parâmetro e fundamento ao conhecimento em determinados
momentos histórico-culturais. Alterações paradigmáticas decorrem
de insuficiência de respostas a diversas indagações incapazes de
encontrar amparo no paradigma que já se encontra em crise.

Essas alterações implicam reordenações de princípios tidos como


inalteráveis perante o paradigma anterior, justamente porque não se
trata de mera inovação, mas de pura ruptura no pensamento
escorado no paradigma ultrapassado.46

Mudanças de paradigma ocorrem muito no mundo da moda. Num


ano as calças com barras boca de sino e cintura alta são as últimas
palavras em estilo. No ano seguinte elas representam o brega
extremado.

Isso também acontece no ramo dos concursos públicos.

A mais alta voz de hoje em doutrina pode ficar para


trás numa ruptura paradigmática e ser substituída por
voz suave, mas eloquente e convincente.

Às vezes nem é necessário que ocorra quebra de paradigma, como


a que aconteceu em 1988 com a redemocratização do país. Basta
que uma nova geração traga à tona, com densidade e coerência,
novos argumentos, novas perspectivas, novos fundamentos na
exposição de suas ideias.

Com o tempo, essas novas ideias vão se arraigando à comunidade


científica de tal forma que passa a ser considerado heresia
desconhecer o “novo”.

Mantenha-se atento para a atualidade de seu material de estudo.


Tudo bem dar bastante crédito a excelente obra doutrinária de hoje,
mas não corra o risco de fechar os olhos para o novo de amanhã.

Muito apego a obra ultrapassada faz-nos nadar contra a corrente.

Louve os bons autores, mas não deixe de seguir o


fluxo; não hesite caso sinta necessidade de abandonar
seu livro predileto por ter se tornado obsoleto.47
ESTRATÉGIA 34: a hora de pisar
fundo
Em oportunidade anterior eu lhe disse que, se você estudar sempre
que possível, independentemente do número de horas diárias, com
dedicação, confiança, disciplina e pensamento positivo, poderá
alcançar seu objetivo.48

Também salientei a importância que, com o passar dos dias, o


estudo assume em sua agenda de compromissos diários, a ponto
de você prestigiar, cada vez mais, a preparação para concursos:
priorizando o estudo em vez do futebol, a leitura em vez do animado
café com as amigas.

Nessa etapa o seu sempre que possível corresponderá a boa parte


de seu dia.49

Isso vale para o dia a dia, para a rotina durante os tempos de


calmaria, quando não há concurso com inscrições abertas. Devagar,
mas sempre.

Quando o edital do concurso desejado é publicado, as


coisas mudam.

Os candidatos que estavam, até então, parados, sem estudar,


começam do zero num ritmo frenético que pouco dura. Quem estava
estudando todo dia, sempre que possível, embora esteja com larga
e indiscutível vantagem, não deve manter o mesmo ritmo.

É a hora de pisar fundo: remarcar ou cancelar compromissos, tirar


férias do trabalho, incrementar as horas de estudo, adiar viagens a
lazer, diminuir a carga horária na academia, adaptar-se ao “fuso
horário” do concurso;50 procurar, enfim, destinar todas as energias
para a iminente avaliação.
Nesses momentos são colocadas à prova a honestidade e a
sinceridade com que cada candidato vem encarando sua
preparação para o concurso.

Pisar fundo representa doar-se, por completo, a esse


nobre objetivo.
ESTRATÉGIA 35: prêmios e
pequenos presentes
Venhamos e convenhamos. Estudar, manter a disciplina, continuar
focalizando o objetivo apesar dos obstáculos do dia a dia não é
nada fácil.

Ainda mais quando os resultados mostram-se aquém das nossas


expectativas, abaixo do esperado depois de tanto estudo e tanta
dedicação.

Por isso, um excelente antídoto ao perigo que possíveis


desapontamentos podem causar no nosso plano de estudos, na
nossa jornada rumo à aprovação, é a política de premiação.

Explico. As leis de trânsito, por exemplo, contêm diversas espécies


de sanções, graduadas de acordo com a intensidade da infração
cometida pelo motorista. Recentes estudos vêm demonstrando os
péssimos resultados obtidos com essa legislação no tocante à
inibição de possíveis condutas ilícitas a partir do exemplo de
aplicação de penas altas aos infratores.

Diante desse quadro, o Estado do Rio Grande do Sul passou a


adotar política de premiação, viabilizando redução proporcional do
IPVA a ser pago pelo motorista que permaneça determinado período
sem contar com infrações de trânsito.

Assim, cada motorista, desde que saiba que há um prêmio de


ordem financeira o aguardando caso não cometa infrações,
certamente é impelido por um móbile muitíssimo mais forte do que
simplesmente o receio de uma punição.

Os prêmios (ou pequenos presentes) podem ser livremente


estipulados, contanto que estejam dentro das nossas possibilidades.
Pode ser qualquer coisa: tênis ou sapatos novos, brinquedos
desejados no tempo de criança, uma noite num bom hotel, uma ida
à praia ou até a casa de parentes distantes, um final de semana no
camping ou numa pousada de montanha, um novo corte de cabelo,
roupas novas…

O que mais importa não é o preço ligado ao produto ou


à atitude, mas o valor que agregamos ao prêmio.

Como a jornada é árdua, mostra-se extremamente importante


perceber que o caminho já trilhado valeu a pena. Mais ou menos
assim: “depois da prova de domingo, como já terei estudado o
bastante e me submetido ao teste, nada mais justo do que, na
semana seguinte, além de não tocar em um livro sequer, pegar
umas ondas com aquela velha prancha que está esquecida, há
anos, em cima do armário da garagem”.

Comigo funcionou muito bem. Quando obtive aprovação num


concurso para Técnico Judiciário da Justiça Federal, a primeira
coisa que fiz foi passar uma noite num hotel cinco estrelas. Para um
jovem com 19 anos aquele prêmio era a mais valiosa percepção de
que a independência havia sido alcançada.

Aquele prêmio serviu também como ancoragem para


atitudes posteriores, fundamentalmente vinculadas à
ideia de que o estudo seria sempre recompensado.
ESTRATÉGIA 36: a importância
da inscrição
Muita gente, apesar de cultivar o sonho da aprovação, de manter
uma carreira pública dentre seus principais objetivos e de estudar há
tempos, evita inscrever-se para concursos. Os motivos são os mais
variados:

Vou me inscrever apenas quando estiver preparado.


A inscrição tem custos expressivos.
Não vale a pena inscrever-me por enquanto.
Só vou me inscrever quando chegar a hora certa.
Por enquanto não quero me inscrever, apenas estudar.
Os outros são melhores, mais preparados e experientes.
O que vão pensar de mim em caso de reprovação?
E se a nota for muito baixa? Eu vou ficar muito triste e
desmotivado!

Inscrição apenas quando estivermos preparados? Isso é muito vago


e faz com que permaneçamos eternamente estagnados. O futuro da
aprovação é, sob esse prisma, para lá de distante. Sequer chega a
ser utópico, pois uma utopia ao menos tem pretensão de ocorrência
futura.

Manter essa perspectiva seria como segurar no cabo de uma longa


vara de pescar, na horizontal, com uma das mãos e tentar tocar a
linha com a outra mão. Quanto mais se caminha em direção à
ponta, mais a ponta permanece inalcançável.

A inscrição tem custos expressivos? A inscrição ainda não vale a


pena?

Concurso é investimento.
Fazer concursos é arte, que se desenvolve no agir, no estar
fazendo. A experiência prática adquirida nos certames anteriores é
uma das maiores vantagens relacionadas a concursos.

Por mais que o indivíduo estude durante anos sem submeter-se a


concurso algum, até se sentir tecnicamente apto, ele ainda não
estará preparado no tocante à arte de fazer a prova. Não agregou
conhecimento prático, perdeu muitas oportunidades de
autoconhecimento e de saber como seu organismo, seu intelecto,
sua consciência portam-se durante as horas de avaliação.

Aprendemos a dirigir somente lendo as apostilas da autoescola, ou


tivemos de ir às ruas praticar, desenvolver nossas habilidades?

A teoria dissociada da prática é apenas parte do todo.

Concursos no caminho são momentos importantíssimos em nosso


aprendizado; são os aspectos práticos da nossa preparação.

A realização da prova é uma arte.

Inscrição apenas quando chegar a hora certa? O futuro é


imprevisível e talvez a hora seja agora! Como disse Martin Luther
King Júnior: “Precisamos enfrentar os fatos, meus amigos, de que o
amanhã já é hoje”.51

Por enquanto não quer se inscrever, apenas estudar? Por acaso


você tem outros objetivos a conquistar? Problemas de ordem
pessoal são, efetivamente, limitadores, mas aguardar por pura e
simples opção?

Será que você está estudando ou está, por enquanto,


pensando em estudar?
Reflexão, seriedade e sinceridade neste ponto.

Os outros são melhores, mais preparados e experientes? A grande


maioria está a passeio. Boa porcentagem de seus virtuais
concorrentes não se preparou da maneira adequada e pouco
acredita na real possibilidade de aprovação.

Procure sempre fazer parte da minoria; da minoria que


vai até lá para vencer o combate; que foge das
estatísticas. Da minoria que acredita na aprovação e
não se preocupa com concorrência.

O que pensam a nosso respeito quando reprovamos? Faço-lhe


outra pergunta: o que podem estar pensando a nosso respeito
quando nos ouvem dizer que temos medo da reprovação e, por isso,
não nos inscrevemos?

A exposição pública é libertadora.

No pior cenário, acaso efetivamente reprovemos, a intriga da


oposição logo cessará e não nos incomodará nos concursos
subsequentes. Em outra hipótese, poderemos abandonar o “eu
queria passar”, assumir publicamente o “eu vou passar” e, com
postura firme e ativa, silenciar a oposição, afinal de contas a
credibilidade perante os espectadores depende da confiança que
temos em nós.

E se a nota for muito baixa? Não existe nada mais sincero com um
candidato do que a primeira avaliação em concursos. Ainda não há
experiência, é verdade, mas é o retrato fiel do ponto de partida e
haverá sempre retratos fiéis da evolução nos concursos seguintes.

Além disso, é importante a visualização honesta da evolução de um


candidato a partir das provas que ele fez no caminho.

Notas baixas no começo são fortes sinais de que no


porvir haverá considerável evolução.

Estudo, dedicação e confiança são atitudes e postura-chave para


que, nos concursos posteriores, nossos escores sejam cada vez
mais altos.
Concretize seus projetos. Inscreva-se. Entre em ação!
ESTRATÉGIA 37: a importância
da inscrição II
“Não há vento favorável para quem não sabe aonde vai”.
Guilherme de Orange

Muitas pessoas chegam a efetivar as suas inscrições, mas o fazem


sem acreditar na possibilidade de aprovação. E dizem: “Vou me
inscrever e fazer a prova só para ver como é”; “Vou fazer um teste”;
“Estarei lá no dia da prova e seja o que Deus quiser”; “Estou
pensando em fazer concursos, mas não sei bem ao certo qual me
interessa”.

Tais afirmações literalmente minam nossa confiança.

Quando você está pensando em fazer um concurso,


você está apenas pensando. Nada mais. Não há
objetivo delimitado; não há força propulsora!

Em uma contextualização mais positiva, quando você


vai fazer um concurso, já houve uma importante
tomada de decisão; você já sabe que vai fazer e
também já sabe o que vai fazer.

Submeter-se a uma avaliação pública só para ver como é


apresenta-se como uma motivação muito diferente da submissão a
uma prova para obter a aprovação. Usar o concurso como um teste,
convenhamos, é algo totalmente desnecessário, pois os
conhecimentos podem ser testados mesmo sem sair de casa e a
custo zero.

Teste seus conhecimentos sim, mas com objetivo, com


meta, com direção.
O ato de efetuar a inscrição tem contornos peculiares. Com a
inscrição você assume um compromisso, passa a ter data certa para
fazer uma prova sob o crivo da concorrência e estar em contato com
várias pessoas que partilham do mesmo propósito.

A simples inscrição acarreta forte incremento na probabilidade de


aprovação. Afinal de contas, só ganha na loteria quem paga para
ver.

A aprovação inicia-se com a inscrição.

A inscrição concretiza outros aspectos interessantes. Passamos a


ter uma data para avaliação e isso é essencial porque permite
melhor direcionamento nos estudos. Surgem as tarefas a vencer; o
calendário a cumprir torna-se rígido. Optamos por organização,
passamos a otimizar o tempo destinado aos estudos. Executamos
as atividades diárias com dinamismo e pragmatismo, já que
precisamos poupar preciosos minutos e voltar correndo para casa
estudar.

Focalizamos com precisão o objetivo e, evidentemente,


incrementamos nossa disciplina.

Além de nos inscrevermos, é importante que façamos a inscrição


com confiança. Deixe de fazer inscrições simplesmente para “ver
como é” um concurso. Deixe de fazer inscrições simplesmente para
“testar” seus conhecimentos.

Inscreva-se para passar!

Esse é o objetivo. Este é o foco principal. Acredite no poder da


visualização, da linha de chegada, das afirmações “eu vou fazer”,
“eu vou passar”.

Inscreva-se. Visualize. Ponha-se ao alcance de ventos


favoráveis!
ESTRATÉGIA 38: a leitura do
edital
O que diferencia o xadrez do jogo de damas? O futebol do voleibol?
O tênis do golfe? As regras, naturalmente. Só joga quem conhece
as regras elementares desses jogos.

Conhecer as regras sempre será pressuposto de ordem


lógica, ou seja: temos de conhecê-las antes.

Já pensou na confusão causada, caso um dos protagonistas em


campo de futebol pegue a bola com as mãos e saia, feito um louco,
até o gol no campo do adversário? É claro que o gol não valerá.
Evidente também que o cidadão poderá até estar jogando algo, mas
esse “algo” por certo não será futebol.

Concurso é como um jogo. Suas regras estão, todas,


escritas no edital.

O edital é a lei do concurso. Do examinador ao fiscal de sala, do


forte candidato ao visitante, todos os atores desse imenso
procedimento público de seleção devem respeito ao que estiver
previsto no edital.

Antes mesmo de realizarmos nossa inscrição em determinado


concurso já estamos atentos ao que consta no edital, pois
precisamos saber se preenchemos os requisitos (idade,
escolaridade), se as inscrições já (ou ainda) estão abertas, bem
como onde elas serão feitas.

Muitas pessoas não leem todo o edital por considerarem perda de


tempo. Outras não o fazem por pensarem que é suficiente saber
data, horário e local de prova. Há também quem rotule as
informações do edital como supérfluas.
A partir de inscrito em um concurso, sugiro que o respectivo edital
seja sua leitura obrigatória. Nele você encontrará:

a lista de assuntos para estudar;


explicação sobre o cálculo das notas;
critérios de desempate;
prazos para recursos;
datas, horários, locais e duração das provas;
o horário de fechamento dos portões de acesso às salas de
prova; e
as notas mínimas para aprovação.

Além destas básicas informações, somente a leitura atenta do edital


permite que saibamos:

se poderá ser usado material de apoio, para consulta durante a


prova;
se haverá, ou não, descontos de pontos no caso de erros na
escolha das alternativas;52
qual a entidade responsável pela elaboração das questões.53

Quando conhecemos tudo o que consta no edital


passamos a ter domínio sobre todas as regras do jogo.

Você não imagina o quanto isto é importante até ser desclassificado


de um concurso por desconhecê-las ou interpretá-las sem a devida
atenção.

Presenciei, com pesar, uma situação inusitada durante o concurso


de Delegado de Polícia Federal. Éramos cerca de trinta candidatos,
todos aprovados nas etapas anteriores (objetiva e discursiva) junto
com outros tantos concorrentes.

A organização do concurso havia feito a divisão dos aprovados em


diversas turmas com não mais do que trinta pessoas para as provas
físicas. Era o dia da natação. Para seguir adiante o candidato
precisava nadar 50m sem tocar o fundo da piscina com os pés. Fácil
para quem sabe nadar. Praticamente impossível para quem não
sabe.

Todos concluíram, com sucesso e na primeira largada, o trajeto de


50m (ida e volta numa piscina semiolímpica), à exceção de um
candidato. Das três tentativas admitidas no edital ele, em duas,
havia sido reprovado porque colocara o pé no fundo da piscina.

Todos nós torcíamos pelo sucesso daquele companheiro de prova,


em especial pela comovente percepção de que a dedicação havia
sido tanta, que ele não aprendera a nadar, mas a vencer o pânico
de afundar e a deslocar-se, à sua maneira, sem técnica, mas com
condições suficientes de encarar o desafio.

Ele reprovou. Foi eliminado do concurso.

O problema não era o deslocamento na superfície da água, mas o


fato de a piscina ter apenas 25m. Quando ele completava os
primeiros 25m tinha que encostar na borda da piscina para validar a
“ida”. Nesse momento ele perdia o controle e, instintivamente,
colocava os pés no chão.

Foram momentos de emoção para todos os presentes. Creio que as


coisas poderiam ter sido diferentes caso ele tivesse atentado para a
necessidade de se preparar também para a “virada” nos 25m.

Conhecer as regras de cada jogo. Eis a questão.


ESTRATÉGIA 39: a lógica da
prova objetiva
Em regra há ao menos uma prova objetiva em cada concurso
público. As provas objetivas podem funcionar como porta de entrada
para avaliações subsequentes, discursivas ou orais, ou
simplesmente ser as únicas aplicadas.

São democráticas porque acessíveis a todos os que tiveram as


respectivas inscrições deferidas e que, é claro, chegaram ao local
de prova antes do fechamento dos portões.

São democráticas porque corrigidas por procedimentos eletrônicos


que, de maneira rápida, fazem as leituras dos gabaritos preenchidos
por todos os candidatos, classificando aqueles que obtiverem o
maior número de acertos.

Por isso, é muito importante que saibamos como


estudar para uma prova objetiva.
Normalmente, o que se espera de um candidato em uma avaliação
de tal espécie é que atinja o máximo de aproveitamento e consiga
figurar entre aqueles que atingiram os melhores escores.

O candidato prepara-se para uma prova objetiva estudando ao


máximo os assuntos discriminados no edital, não se preocupando
com detalhes que provavelmente julgue supérfluos.

Vejamos o que passa na cabeça do candidato diante da iminência


de uma prova objetiva com 100 questões. Por certo ele está
focalizado na busca de um melhor rendimento a partir de estudo da
matéria, das disciplinas indicadas no edital.

Em geral ninguém se preocupa com o estudo da prova


propriamente dita, da maneira com que ela é
confeccionada.
O que quero dizer é que existe uma lógica por trás de qualquer
prova objetiva. É o que chamo de temor do examinador.

Pois bem. Pensemos o que passa na cabeça do examinador. A


primeira ideia que nos vem à mente é aquela de que ele fará uma
prova o mais difícil possível, a fim de possibilitar o recrutamento dos
candidatos mais aptos. Essa é uma ideia pessimista e rasa.

Pessimista porque não permite que acreditemos em possíveis


questões de nível fácil. Rasa porque não se detém ao fato de que o
examinador tem uma grande responsabilidade.

O examinador carrega um fardo muitíssimo maior do


que o suportado pelo candidato.

Isto porque a prova confeccionada tem de “dar certo”, ou seja, tem


de passar pelo crivo de alguns milhares de candidatos sedentos
pela aprovação que não deixarão uma vírgula sequer longe da
possibilidade de interposição de inúmeros recursos.

Uma prova objetiva não poderá ter mais do que dez por cento das
questões anuladas, sob pena de o concurso – e consequentemente
o examinador – cair em total descrédito.

Então, qual seria a saída do examinador? Confeccionar


uma prova extremamente difícil e baseada quase em
sua totalidade em doutrina de vanguarda? Estou
convicto de que não.

Afirmo tendo por base experiências pessoais. Fiz concursos


públicos durante onze anos de minha vida. Iniciei com os que
exigiam segundo grau de escolaridade e encerrei minha carreira
com o concurso de Juiz Federal Substituto da 4.ª Região e o
concurso para Professor Assistente da Universidade Estadual de
Ponta Grossa. Ao todo foram 22 provas objetivas.
Além disso, há alguns anos, como Professor da Escola da
Magistratura do Paraná e da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, venho aplicando provas objetivas aos meus alunos e pude
perceber, a partir da perspectiva do examinador, que a elaboração
da prova objetiva é uma árdua tarefa.

A saída do examinador, e agora passando a responder à pergunta


feita há pouco, é confeccionar uma prova que tenha uma base
sólida. Mas que tipo de base sólida? Em Direito, por exemplo,
existem três alternativas: doutrina, jurisprudência e direito posto
(Constituição Federal, Constituições Estaduais, leis, decretos,
regulamentos, medidas provisórias).

A doutrina oferece um grande risco ao examinador, pois são poucos


os assuntos que não fornecem campo para intermináveis
discussões e diferentes abordagens, o que certamente torna a
questão numa prova objetiva frágil e suscetível a recursos.

A jurisprudência também não apresenta solidez suficiente a uma


questão de prova objetiva. Salvo os assuntos já sumulados ou
decididos pelos tribunais superiores, mera pesquisa na internet faz
com que percebamos a extrema volatilidade com que a
jurisprudência fornece diferentes (e até mesmo antagônicas)
respostas ao mesmo assunto.

A opção do examinador, então, queda inevitavelmente atrelada ao


direito posto. Toda e qualquer questão objetiva fundamentada em
norma constitucional ou legal dificilmente restará anulada e é por
isso que o examinador não só é tentado a preferi-la, como
efetivamente a escolhe como forma de se proteger em um porto
seguro.

Somente uma prova que conte com grande


porcentagem de questões objetivas que sigam esta
lógica mostrar-se-á segura o suficiente para
efetivamente “dar certo”.
ESTRATÉGIA 40: o dia anterior
Há certo consenso de que estudo deve ser algo a evitar no dia
anterior à prova. Afinal, segundo conhecido ditado popular, não
adiantaria marmelada na última hora. O dia anterior à prova deveria,
então, ser reservado para atividades de lazer e descanso. Melhor
descansar do que estudar em cima da hora...

É preciso coragem para deixar de estudar justo às vésperas do


concurso. Para quem está num tremendo pique de estudos, é muito
difícil simplesmente parar para relaxar numa das oportunidades
mais sujeitas às tensões que nos afligem, há menos de 24 horas da
avaliação.

Além disso, independentemente de nosso ritmo de vida, há toda


uma rotina preestabelecida que, caso interrompida para uma
pestana fora de hora, pode causar insônia à noite.

Também devemos levar em consideração o fato de que nem sempre


chegamos a esse momento tendo conseguido estudar tudo o que
desejávamos, o que pode fazer com que queiramos estudar um
pouco mais.

E aquele peso na consciência? O peso de saber que, enquanto


descansamos, diversos outros concorrentes podem estar fazendo
aquilo que abdicamos em ocasião super importante só porque,
dizem alguns, é melhor descansar?

Este é o momento do algo mais.


É o momento de ler seus esquemas, decorar novos conceitos,
telefonar para amigos e fazer perguntas de último instante.

Isso sem mencionar conhecidos relatos científicos de que nosso


cérebro é capaz de apreender recentes e novas informações,
mantendo-as ao alcance, quase à integralidade, nas 24 horas que
sucedem o acesso a tais dados. Ou seja: quando estudamos algo
novo, correto supor que, acaso o assunto seja objeto da prova,
temos fortes chances de acerto.

Sempre preferi, no dia anterior à prova, estudar o


suficiente para manter a calma e ter a consciência
tranquila.

Curiosamente, em situações nas quais, durante a prova, percebia


estar prestes a acertar uma questão cujo assunto, se não tivesse
estudado no dia anterior, seria totalmente desconhecido, minha
confiança atingia níveis interessantes. Em algumas oportunidades
foi até engraçado verificar que marmelada em cima da hora era uma
tática vencedora.

O atuar nos últimos instantes somente não funciona


para quem não atua.

Qual a probabilidade de acertarmos questões a respeito de


assuntos estudados no dia anterior se não estudarmos? Nenhuma,
rigorosamente nenhuma.

Então, caso opte por acolher esta dica, estude:

esquemas e resumos, porque são informações condensadas, de


rápido acesso e que podem ser lidas mais de uma vez;
assuntos que não lhe parecem os mais agradáveis, pois
certamente eles configuram seus pontos fracos;
disciplinas com as quais você tem pouca afinidade, porquanto
suas chances de aumentar os acertos nessas disciplinas é
proporcionalmente maior do que a chance de aumentar escore
positivo naquelas mais familiares.
ESTRATÉGIA 41: a noite anterior
Chega, enfim, a reta final. Estamos há poucas horas da prova e
devemos descansar. Não é fácil pegar no sono, principalmente
quando temos a convicção de que nos preparamos arduamente,
fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance e acreditamos com
firmeza na real possibilidade de sucesso.

Sono, neste momento é essencial. O problema: dormir não é tarefa


fácil numa hora dessas. Pensamentos vêm e vão em ritmo
acelerado; estamos ansiosos com o amanhã.

Tentamos um banho quente e relaxante, mas parece que pouco


adianta. Ainda estamos despertos, exageradamente despertos.
Surgem-nos preocupação e dúvidas. Conseguiremos dormir?
Faremos uma boa prova, estando com sono?

Ao menos algumas horas de sono conseguiremos atingir. Quando


há muita adrenalina em razão da expectativa com relação ao dia D,
nosso imaginar faz longas e demoradas viagens. Deixe que seus
pensamentos fluam.

Relaxe porque logo dormirá. Pouco, mas dormirá.

É normal que nos preocupemos com as consequências da iminente


noite maldormida. Acontece que poucas horas de sono não são
privilégios seus ou meus.

Certamente, quem está prestes a colocar à prova toda uma jornada


de dedicação, abdicação, sonho, visão, expectativa, perspectivas de
novos e mais abrangentes horizontes profissionais, encontra
dificuldades para dormir na noite anterior.

O sono dos justos, denso e profundo, fica para a noite


seguinte.
Não podemos nos esquecer de um bom jantar. Equilibrado, calórico
o suficiente para nos dar sustentação energética; leve o suficiente
para que não seja ele mais um fator a atrapalhar nossa noite de
pouco sono.

Não inove na noite anterior.

Se você não conhece comida japonesa evite experimentá-la


somente em razão de comentários favoráveis aos benefícios da
culinária asiática. Se é vegetariano, não coma carne vermelha na
noite anterior apenas porque disseram que proteína animal lhe faria
bem. Se sempre foi bom de garfo, não pense em fazer regime justo
agora.

Equilíbrio e manutenção de rotinas nutricionais são


fatores importantíssimos.

Não se esqueça do despertar. Ajuste os alarmes. Prepare-se para


acordar bem cedo, muito antes do horário de início da prova. Você
precisará de banho para ativar o organismo, café da manhã para ter
energia suficiente a encarar o desafio da prova, tempo para
deslocamento e lastro para eventuais infortúnios.

Em resumo: noite ideal para dormir bem é a seguinte ao concurso;


na anterior é pura adrenalina e pouco sono.

Várias pessoas estarão na mesma situação. Dormir


pouco não será o fim do mundo.
ESTRATÉGIA 42: o caminho até o
local de prova
“É melhor chegar três horas mais cedo do que um minuto atrasado”.
William Shakespeare

Uma das coisas mais importantes num concurso público é chegar


ao local de prova. Mais importante ainda é estar lá antes do
fechamento dos portões.

Por mais óbvias que possam parecer essas duas afirmações, é


considerável a quantidade de pessoas que simplesmente perdem a
hora e não conseguem ingressar nos locais de prova.

Os motivos são os mais variados: o despertador que não toca; a


eletricidade que “cai” durante a noite; o furo no pneu do ônibus; o
trânsito pesado.

Por melhores e mais justificáveis que sejam os motivos, a


consequência é uma só: fim de jogo para quem não chega na hora.

Sou paranaense e as provas às quais me submeti foram, em sua


maioria, realizadas na cidade de Curitiba. Conheço bem as ruas e o
trânsito da capital. Apesar disso, percorria o trajeto do hotel até o
local de prova no dia anterior, coletando dados a respeito da
duração do percurso e minimizando o risco de atraso.

Apesar da precaução, do zelo e da preocupação com o trajeto, fui


surpreendido em duas situações que quase me custaram a
oportunidade de fazer a prova.

A primeira delas aconteceu num dos cinco concursos para


Procurador da República dos quais participei. Os aprovados na
prova objetiva haviam conquistado o direito de se submeter a três
provas discursivas. Como o concurso era nacional, em todas as
capitais do país havia um local de prova apto a receber os
candidatos habilitados àquelas etapas discursivas.

O local que coube a mim foi a sede da Procuradoria Regional da


República em Curitiba, localizada na Rua XV de Novembro. Percorri
o caminho do hotel até o endereço da Procuradoria na noite anterior
à primeira prova discursiva, o que não demorou mais do que dez
minutos.

Por cautela, deixei o hotel com meia hora de antecedência (dez


minutos para chegar e outros vinte para encontrar a sala, a carteira,
assinar o termo de presença, acalmar os ânimos), convicto de que
nada poderia dar errado.

Para minha surpresa, diferentemente da grande maioria das provas


(que são realizadas aos domingos), a etapa discursiva, composta de
três avaliações em dias subsequentes, tinha início na sexta-feira e
término no domingo.

Para meu desespero, estava eu numa sexta-feira, às 8h da manhã,


no meio do rush matinal de um dia útil! Só não entrei em pânico
porque não tinha tempo para isso. As chances de chegada até a
prova eram remotas. Mesmo assim tentei e até hoje não sei como
consegui.

Em outra passagem, num sábado, durante a concentração para o


concurso do dia seguinte e depois de ter aferido o percurso, recebi
um telefonema de uma grande amiga.

Ela me alertava para o fato de que, no domingo, o trânsito seria


bloqueado em vários lugares por causa da maratona da cidade de
Curitiba. Não fosse esse telefonema eu não teria antecipado minha
saída do hotel para momentos anteriores aos bloqueios e teria
perdido a prova.

A breve passagem por essas duas experiências pessoais serve


como alerta para a circunstância de que, além de conhecer o trajeto
e o tempo de percurso, devemos nos programar para estar no local
de prova com muita antecedência.

Repito: esteja no local de prova com muita


antecedência.
ESTRATÉGIA 43: concentração
antes da prova
“Posso imaginar o que você está passando. Mas no grid lembre-se de que você é
muito bom”.
Ayrton Senna54

Quando estamos na sala de avaliação, não temos mais nada a fazer


além de aguardarmos, ansiosos, a entrega das provas e a
autorização para que iniciemos a resolvê-la.

Se você concordou com o ponto de vista acima, este capítulo lhe


servirá para conhecer uma formidável ferramenta que pode ser
usada justo naqueles instantes de calmaria, nos quais encontramo-
nos de mãos atadas, esperando que a organização do concurso
verifique todos os detalhes indispensáveis ao correto
desenvolvimento dos trabalhos.

Às vezes nos vemos esperando por mais de meia hora e,


naturalmente, começamos a dispensar atenção aos concorrentes
que estão ao redor, imaginando, a partir das fisionomias de
desconhecidos, quem teria “cara” de aprovado.

Fazemos a contagem das pessoas na sala e verificamos que quase


ninguém faltou. Focalizamos os detalhes e percebemos que muitos
candidatos carregam pastas de cursos famosos, em especial
aqueles cursos que não nos foi possível ingressar.

A partir desse cenário, as conclusões tendem a ser semelhantes:


estamos em momento de calmaria que precede a grande
tempestade; a tempestade da concorrência com pessoas bem
preparadas, agora presentes em carne e osso!

Preciso lhe contar o seguinte: existem candidatos que


se especializam em pressionar os concorrentes da
mesma sala somente com mensagens subliminares.

Aquele que decora a última novidade e, abusando de cinismo


inigualável, olha para trás e lhe pergunta se você concorda com o
assunto. Outro, de modo proposital, produz variados sons com
papéis, arrasto da mesa, espirro, somente para desestabilizar a
harmonia dos demais.

Desonestas ou não, é provável que encontremos essas pessoas.

Saiba que elas têm os mesmos receios e anseios de qualquer um


prestes a submeter-se a uma prova com potencial para mudar sua
vida. Chego a pensar tratar-se de pessoas com mais insegurança
do que o esperado na iminência da avaliação.

Afinal, se precisam usar tais subterfúgios para afligir os


concorrentes, só podem mesmo se sentir inferiores.

Cuidado para não cair nessas armadilhas.

Além de adverti-lo a respeito de candidatos mal-intencionados,


pretendo lhe indicar um instrumental que pode ser usado para
anular as preocupações normais do pré-prova, protegê-lo das
mensagens subliminares e potencializar sua confiança.

Nos instantes de calmaria evite prestar atenção nos


outros candidatos.

Não há porque dispensar interesse no que faz ou diz a


concorrência. Feche os olhos e busque acomodar sua respiração.
Use alguns minutos para se concentrar somente ao ato de respirar.
Inspire e expire profundamente até sentir diminuição em seus
batimentos cardíacos.

Sem abrir os olhos, lembre-se de tudo o que foi feito para estar ali,
presente e apto ao bom desempenho de seu propósito. Resgate as
difíceis opções tomadas em prol do estudo dedicado, mas em
detrimento do convívio com amigos e familiares queridos.

Ative em sua memória a recordação daquelas inúmeras horas nas


quais a solidão era quebrada apenas pela companhia de um livro e
um copo d’água. Intensifique sua percepção resgatando todas as
energias positivas que lhe foram doadas, relembrando-se de todas
as pessoas que, exatamente no momento da avaliação, estarão
torcendo, vibrando e orando por você.

Conscientize-se de que nessa batalha você não está


só.

Visite, em sua memória, as imagens de todas as “boas sortes”


recebidas, os apertos de mão e abraços que, na verdade,
representam fluxos de energias direcionadas a você.

Abra os olhos e vivencie a paz de espírito recém-encontrada. Note


como seu ritmo vital está mais leve.

Aproveite a excelente oxigenação cerebral obtida com


o respirar profundo e tenha um invejável desempenho.
ESTRATÉGIA 44: concentração
durante a prova
Seu mundo, agora, resume-se a algumas folhas de papel A4 e o
que nelas está escrito. O que acontece ao redor não lhe diz
respeito. Caso seja algo com você, a organização fará contato direta
e discretamente.

Evite olhar para os lados.

Não há nada importante além de seu mundo. A toda evidência o


silêncio absoluto não existirá, pois você está no mesmo ambiente
com várias pessoas. O barulho somente lhe incomodará se você
tiver suposto uma sala absolutamente silenciosa o que,
convenhamos, não existe.

Escreva seu nome à caneta no caderno de questões e no gabarito


oficial. Verifique se os seus dados foram apostos com correção pela
organização.

Em hipótese alguma tente olhar as provas dos vizinhos. Isso ocupa


a mente com pensamentos capazes de liquidar a concentração. Por
outro lado, pode ser que o candidato ao lado não faça a menor ideia
do que seja estudar para concursos e esteja ali a passeio.

Execute sua estratégia e somente volte ao mundo real


depois de entregar o gabarito, preenchido e assinado,
ao responsável pela sua sala de prova.
ESTRATÉGIA 45: prova fácil x
prova difícil
Em sua opinião, qual seria a melhor avaliação: simples ou
complexa, curta ou extensa, fácil ou difícil?

Preferências à parte, não podemos nos esquecer da igualdade de


condições entre os candidatos. De nada adianta sair comemorando
por ter encontrado uma prova fácil. Provavelmente ela foi fácil para
todos.

A mesma lógica vale para aquelas provas complexas, extensas,


cansativas e difíceis. Por que se abater se todos encararam o
mesmo rigorismo?

Portanto, muita atenção: quanto mais acessível for o nível das


questões, mais alta será a nota para aprovação e,
consequentemente, um equívoco poderá deixá-lo de fora. Por outro
lado, quanto maior o grau de dificuldade da avaliação, menor será a
nota para aprovação. No entanto, a consequência é rigorosamente a
mesma, pois um equívoco poderá deixá-lo de fora.

Não há muito a celebrar ou a praguejar a partir de análise


puramente baseada em nossas impressões, predileções e previsões
individuais.

Como existe concorrência em igualdade de condições (a mesma


avaliação para todos os candidatos), a alternativa é dar o melhor de
si, em toda e qualquer circunstância, independentemente do grau de
dificuldade.

Dê sempre o seu melhor, independentemente do estilo


da prova.
ESTRATÉGIA 46: questões
repetidas e concursos anteriores
O edital delimita o âmbito do concurso público. Nele estão descritas
todas as regras a serem seguidas por examinadores e candidatos.
Dentre essas regras, cada edital contém a relação dos assuntos que
podem ser objeto de prova.

É normal, com o passar dos anos, haver mais de um concurso para


o mesmo cargo. Consequentemente, são raros os editais com
inovações substanciais em relação aos que os precederam. Ou
seja: na maioria das situações, os editais de concursos para o
mesmo cargo são semelhantes.

Devido a isso, uma prática tem se tornado bastante comum: a


solução das avaliações dos concursos anteriores, tendo como
metas centrais a identificação do perfil das provas e a assimilação
de questões que poderão protagonizar nos concursos futuros.

Solucionar questões dos concursos anteriores: técnica


inteligente e eficaz.

Proporciona interessante adaptação do candidato ao estilo de cada


prova, auxiliando-o a prever sua atuação no concurso seguinte,
além de viabilizar acertos baseados nos gabaritos anteriores.
ESTRATÉGIA 47: questões
exageradamente difíceis
Você sabe o que significa indigenato?

Encontrei essa pergunta numa prova escrita para o cargo de


Procurador da República. O valor da resposta correspondia a dez
por cento do total de pontos possíveis. Retirando a margem de erro
comum a toda e qualquer avaliação, é certo que a pontuação
referente ao indigenato tinha especial importância.

Dos mais de quinze mil candidatos inscritos, somente os trezentos


aprovados na prova objetiva estavam ali, quebrando a cabeça para
descobrir aquela verdadeira incógnita. Havia muito a perder, pois
além da forte concorrência, a avaliação objetiva tinha sido dificílima.
Ademais, recomeçar com o olhar voltado para o concurso do ano
seguinte nunca é fácil, em especial quando se está a poucos passos
da aprovação final.

Transitei relativamente bem por todas as outras questões e, como


não poderia ser diferente, o indigenato ficou por último. Formulei
resposta com base na estrutura da palavra, dizendo, em linhas
gerais, que havia relação com proteção de interesses indígenas.

Independentemente do raciocínio desenvolvido, o que me move a


contar-lhe esta passagem é o fato de saber que, quando aparece
uma questão exageradamente difícil, não podemos entrar em
pânico.

Devemos, sempre que o edital não prever penalização para erros,


tentar responder todas as questões, mesmo quando sequer
compreendemos a pergunta. É preferível zerar tentando a zerar por
ausência de resposta.

A probabilidade de acerto aumenta de modo


exponencial pela mera circunstância de respondermos.
Não é demais lembrar que quando aparecem essas questões,
praticamente todos os candidatos estão em semelhante situação:
ninguém sabe a resposta.

Digo semelhante porque alguns têm consciência disso e mantêm a


calma; outros pensam que o problema é somente individual e
penitenciam-se por não dominar o assunto, quedando-se
preocupados e reduzindo a confiança em si.

Quando surgir algo assim, arrisque! Aventure-se porque


poderá ganhar os pontos que muitos consideram
perdidos.

Ainda não sabe o que é indigenato? Nem eu. A nota obtida foi zero,
mas, ao menos, tentei responder à questão...
ESTRATÉGIA 48: prova objetiva
(planejamento)
“Muitos cálculos levam à vitória; poucos cálculos levam à derrota”.
SUN-TZU55

Imaginemos dois candidatos com idêntico rendimento. Ambos


detêm boa média de aproveitamento, frequentaram os mesmos
cursos, leram os mesmos livros e submeteram-se aos mesmos
concursos, tendo obtido, em todas as oportunidades, notas
idênticas. Como ainda não foram aprovados, estão prestes a fazer
uma prova objetiva para o cargo de assessor da câmara municipal.

João e Maria estão animadíssimos. Identificaram os assuntos que


enfraqueciam suas notas, estudaram-nos a fundo e acreditam na
aprovação. Mas existe apenas uma vaga.

João opta pela manutenção da rotina. Tem as horas de estudo bem


definidas, é disciplinado e, ciente da pouca concorrência (apenas
ele e Maria estão inscritos), passa a estudar uma hora a mais do
que a colega. Ele aposta em seu controle emocional e em sua
tranquilidade, características negativas em Maria.

Ela teve de diminuir a carga de estudo porque a babá que cuidava


de seus filhos pediu demissão. Preocupada com essa circunstância
e já sabendo que normalmente fica nervosa durante as avaliações,
estipula estratégias para a execução da prova.

Maria reflete a respeito dos concursos anteriores e percebe ter sido


o nervosismo fruto de atitudes que teriam de ser substancialmente
alteradas. Conscientiza-se da possibilidade de incrementar seu nível
de aproveitamento, planejando o script a ser seguido no momento
da avaliação.
João aumenta a carga dos estudos diários. Maria planeja a
execução da prova por grupos de questões (das mais fáceis às mais
difíceis), estipula o tempo máximo por grupamentos, reserva tempo
razoável para preenchimento do gabarito, reserva alguns minutos
para que funcionem como lastro no caso da ocorrência de
incidentes (barulho na rua, idas ao banheiro…).

Ela também faz uma lista com material indispensável (das canetas
aos chocolates), escolhe roupas confortáveis, compatíveis com a já
verificada previsão climática e percorre, um dia antes, o trajeto de
casa ao local de prova, aferindo o tempo de deslocamento.

No dia do concurso João acorda atrasado, chega ao local da prova


em cima da hora e sem ter tomado café da manhã. O tempo voa e
ele se vê apressado ao preencher o gabarito. Já passa do meio-dia,
ele está faminto, sente sede, além de estar faz duas horas
precisando ir ao banheiro.

Enfraquece a tinta de sua única caneta. João não se sente à


vontade para solicitar uma ao fiscal porque o desrespeitou ao
reclamar do calor ambiente e do absurdo que era um concurso
daquele nível não contar com salas climatizadas. Último minuto.
Última questão a ser anotada no gabarito.

Mais uma surpresa: não há onde anotá-la! João, apressado,


descontrolado emocionalmente e praguejando contra um grupo de
funcionários grevistas que fazia piquete lá fora, põe tudo a perder ao
deixar em branco o espaço da questão número dois, marcando a
segunda no lugar da terceira, a terceira no lugar da quarta e assim
sucessivamente.

Maria mantém-se calma com relação ao barulho porque sabia tratar-


se de algo fora do alcance de todos. Coloca em prática sua
estratégia e termina a prova feliz por não ter sentido nervosismo em
momento algum.
O evidente sucesso de Maria decorre de fatores
resultantes de planejamento.

Não estou, de modo algum, sugerindo que o planejamento da


candidata suplantou o estudo. Ela já era considerada uma excelente
concorrente. Graças a fatores que fugiam ao seu controle, Maria viu-
se obrigada a criar alternativas capazes de melhorar sua atuação na
prova, apesar da diminuição dos estudos.

A estratégia efetivamente potencializa o resultado. João


provavelmente seria o vitorioso se tivesse optado por planejamento
semelhante, afinal ele havia aumentado a carga de estudos.

A essência que podemos retirar dessa narrativa consiste em


perceber que não se trata de optar entre o que fez João e o que foi
feito por Maria, mas agregar, ao já conhecido estudo dedicado,
disciplinado, confiante e bem direcionado, a estratégia que será
executada em cada avaliação.

A estratégia é utilizada nas mais variadas atividades. Das guerras


às técnicas de marketing, das palestras aos esportes. Tudo depende
de estratégia. Mesmo quando saímos de casa para ir ao mercado
planejamos como, quando, onde e por onde iremos.

Por que seria diferente nos concursos? Em competições como


essas o planejamento assume relevância ímpar, pois os mínimos
detalhes podem fazer enorme diferença.

O ponto central deste capítulo consiste em somar


estratégia a tudo o que você vem fazendo em prol de
uma aprovação.

Este é um conselho inevitável e invariável, do qual não podemos


abrir mão. Muitos candidatos, inclusive concorrentes seus, são bons
nisso.

Cabe a você desenvolver a sua estratégia.


No capítulo seguinte descrevo algumas técnicas que considero
indispensáveis. Não pretendo recomendá-las com caráter de
vinculação das suas escolhas ou desmerecendo o seu ponto de
vista. Acredito e respeito o potencial criativo de cada candidato.

Afinal, considerado o enfoque dinâmico deste livro, torna-se


imprópria a rigorosa imposição de procedimentos extremamente
detalhados, alocados de forma a inviabilizar experiências inovadoras
e, talvez, mais eficazes.56

Acolha as dicas que mais lhe agradem e crie outras adaptáveis ao


seu modo de vivenciar uma prova objetiva.

Trace a sua estratégia e seja mais eficaz. Apegue-se a


fatores que melhorem seu aproveitamento e não tema
abandonar os que não lhe trouxerem boas
experiências.
ESTRATÉGIA 49: prova objetiva
(dicas)
DICA 1: solução das questões
Encontrei, a partir de conversas que mantenho há anos com
candidatos a cargos públicos, interessante padronização
comportamental em termos de planejamento para a execução de
avaliações objetivas. Salvo raríssimas exceções, costuma-se
percorrer a prova da primeira para a última questão ou da última
para a primeira.

Sempre preferi dividir a execução da prova por matérias, iniciando a


solução das questões pelas disciplinas que tinha mais afinidade,
cuja probabilidade de atingir bons escores era maior. Não
interessava a ordem em que a questão se encontrava no âmbito
global da avaliação, mas o assunto por ela tratado. Começava a
solucionar o que melhor sabia, deixando para o final as disciplinas
que não me traziam muita segurança. Quanto mais no início, maior
a afinidade; quanto mais para o final, maior a dificuldade.

Assim, desde cedo colhia os melhores e mais doces frutos, obtendo


energia e confiança suficientes aos passos seguintes, rumo a graus
de dificuldade cada vez mais amplos.

A energia, positiva, decorria de uma singela escolha: fazer, antes, o


que era acessível, familiar. A confiança, intensa, decorria de uma
singela consequência: o sentimento de força a partir da grande
probabilidade de acertos nas questões iniciais.

A ordem de realização das questões deve ser pré-


estipulada.

No momento da prova você só tem que executar o plano, dele


evitando fugir. Afinal, se as escolhas foram prévias, tomadas em
decorrência de estratégia racionalmente determinada, o acalorado
emocional não pode acarretar mudança irrefletida de última hora.
DICA 2: tempo previsto para execução
Dividir o tempo de duração da prova pelo número de questões pode
parecer uma boa estratégia. Contudo, ainda que seja a mais
difundida, ela tende a falhar. Além de não prever reserva de alguns
minutos para o preenchimento do gabarito, não contempla nenhuma
variável.

O edital fornece dados essenciais para que saibamos, com a devida


antecedência, a duração de cada prova. Podemos usar essas
informações para preordenar nossas atitudes diante das questões;
das simples às complexas; desde as assinaladas com convicção
àquelas marcadas com forte dependência do fator sorte.

Evite a metodologia da exatidão (por exemplo: três


minutos para cada uma de cem questões na prova com
duração de cinco horas).

A dinâmica da avaliação é fluida e repleta de variáveis que


inviabilizam a tentativa de alocar, com perfeição, cada questão em
improrrogáveis intervalos. As coisas poderão sair de seu controle,
aumentando seu nível de ocupação cerebral com circunstâncias que
minam sua capacidade de raciocínio.

Utilizando a hipótese das cem questões para cinco horas de prova,


sugiro a divisão do tempo desta maneira:

uma hora para cada grupo de vinte e cinco questões, totalizando


quatro horas;
meia hora para solução de questões difíceis, para o que venho
chamando de “chutes conscientes” e para eventuais imprevistos;
meia hora para o preenchimento do gabarito.

Assim, acaso tenhamos que pensar mais do que três minutos em


uma questão, a dinâmica do agrupamento a cada vinte e cinco fará
com que, com tranquilidade, possamos readequar a execução ao
plano de ação nas questões subsequentes.
Além disto, deixamos de olhar no relógio a cada três minutos,
evitando perda de concentração.

Trabalhar com lastro é essencial em toda e qualquer


avaliação.

Questões exageradamente difíceis podem aparecer. Imprevistos


podem acontecer. Então, nada mais importante do que contar com
esses eventos, reservando meia hora para eles.

Caso tudo flua com perfeição, teremos meia hora para revisar a
prova ou refletir naquelas questões cujas respostas foram marcadas
sem confiança.

O gabarito é a alma da avaliação. Atenção é essencial


ao preenchê-lo.

Todos nós conhecemos histórias de brilhantes candidatos que


pularam uma linha e somente perceberam o equívoco quando já era
tarde demais. Esse erro é fatal.

Portanto, no mínimo, meia hora para cuidadoso


preenchimento.
DICA 3: ir ou não ao banheiro?
Melhor ir. Não é por acaso que os americanos usam a expressão
call of the nature.
DICA 4: lanche
Ninguém gosta do barulho de sacolas plásticas, papéis de bala,
embalagens de chocolate etc. Toleráveis ou não, esses efeitos
sonoros fazem parte do jogo, pois é absolutamente normal cada
candidato carregar seu cardápio preferido.

As justificativas são óbvias. Todos madrugam porque têm de chegar


cedo aos locais de prova. Mesmo os que tomam café da manhã
sentem necessidade de alimento no decorrer da avaliação, cuja
execução pode ultrapassar o horário do almoço.

A atividade cerebral, intensificada durante a realização


da prova, é movida a glicose e os snacks fornecem
esse componente energético de forma simples e
rápida.
DICA 5: sempre alerta
Assine o gabarito definitivo e verifique se seus dados estão corretos.
Desligue seu aparelho celular.
DICA 6: incidentes
Não corra o risco de focalizar, única e exclusivamente, a execução
da prova em condições perfeitas, ideais.

Seu planejamento deve prever as posturas que


assumirá diante de incidentes.

Em uma de minhas palestras motivacionais, quando falava sobre


este assunto, um acadêmico pediu a palavra e mencionou ter tido
considerável queda de rendimento em determinado concurso por
causa do barulho da rua. Por isso, ele, quem até então somente
havia estudado em locais silenciosos, passou a ler nas praças da
cidade ao menos uma vez por mês, blindando, com tal atitude, a
fragilidade anterior.

Pode-se discutir a cientificidade da curiosa escolha desse


acadêmico. Acontece que, concordem ou não os cientistas, para ele
funcionou. Esta e tantas outras brilhantes atitudes de inúmeros
candidatos proporcionam adaptação.

Adaptação do candidato e não ao candidato.


No capítulo anterior, João passou calor porque não estava trajando
roupas adequadas; contudo, ele pensava que a responsabilidade
era da organização do concurso, que o havia colocado em sala
desprovida de ar-condicionado... Na maioria das situações, quem
deve se adaptar é o candidato.

Ponderar significa ajustar, corrigir, equalizar. Das atitudes simples


(virar à direita ou à esquerda) às complexas (casar ou comprar uma
bicicleta), sempre haverá ponderação, desde que haja opção. Ou
seja: só se pondera quando existe escolha.

A adaptação entra em cena quando não se tem opção,


quando algo está fora do nosso alcance, do nosso
controle.
A inteligência do acadêmico em busca de adaptação ao barulho é
digna de nota máxima, pois não havia o que ponderar. Ele tinha que
se adaptar, fez o que pensou ser necessário e gostou muito do
resultado.

Somos capazes de prever circunstâncias inusitadas que podem


acontecer durante uma prova. Podemos, então, estabelecer os
pensamentos e as condutas que assumiremos, inclusive em
situações complicadas. Isto vale para o que for ponderável.

O imponderável está fora de nosso alcance. Logo, resta-nos a


adaptação às circunstâncias. Vale mais a pena do que perder tempo
e energia reclamando e protagonizando conflitos.

O que mais importa é a postura que assumimos diante


de infortúnios.
DICA 7: roupas
As roupas não devem pressionar a cintura, o tórax e nem o
pescoço. Respiração livre é essencial à oxigenação cerebral.

Use roupas confortáveis e compatíveis com o clima.


DICA 8: material essencial
Identidade civil. Canetas esferográficas azuis e pretas. Marca-texto
para lembrar as questões que deixarmos por último.
DICA 9: quebras de rotina
Na prova objetiva de meu segundo concurso para a Magistratura
Federal vivenciei algo novo. Estava muito nervoso e não me
lembrava de praticamente nada do que havia exaustivamente
estudado.

A novidade era o famoso “branco”, expressão usada com certa


frequência como justificativa quando o candidato não alcança as
expectativas. Até então eu não acreditava nessa possibilidade;
pensava que a desculpa do “deu branco” era apenas um salvo-
conduto usado por quem não estudava o suficiente. Até sentir na
pele o que isso significa.

Ao não conseguir sequer ler as questões com precisão, sentia-me


preocupado, angustiado, triste e incapaz de alterar a realidade que
se apresentava diante de meus olhos: eu teria de aguardar o
concurso seguinte.

O nervosismo era decorrente de peso na consciência.

Durante vários anos participei de concursos públicos e sempre


encarei com seriedade e estratégia, desde os meses de preparação
até o momento da prova.

Entretanto, na noite anterior desse fatídico concurso, aceitei o


convite de alguns amigos para um jantar. Quebrei a rotina dos
estudos de última hora, tomei algumas taças de vinho e voltei tarde
para o hotel.

Claro e evidente que não precisei de outra lição como essa. Aprendi
com erros próprios.

Você não precisa passar por situação semelhante.


Basta ler estas linhas e fazer a sua escolha.
DICA 10: alterações no programa
Abandonar a estratégia justo na hora da prova não parece ser boa
escolha.

Prestigie a razão em vez da emoção.

Siga o seu roteiro; execute o seu planejamento. A programação


meticulosamente desenhada nos momentos que antecederam a
prova é sua melhor aliada contra emoções e pensamentos
imperfeitos que podem diminuir suas chances de êxito.
DICA 11: chutes conscientes
Aparecerão questões fora do alcance de seu conhecimento. Quando
isso ocorrer – e o edital do concurso não penalizar erros – a opção é
chutar.

O “chute” não deve ser despropositado e aleatório.

Toda questão tem uma lógica a ela intrínseca, demanda raciocínio e


merece um mínimo de atenção.

Leia com cuidado o enunciado, pois muito da resposta pode estar


contido na própria pergunta; compare as alternativas, eliminando as
que lhe parecerem fora de contexto; faça sua escolha de modo
consciente, racional.
DICA 12: provas objetivas com lógicas
diferentes
Quando participamos de provas que não penalizam erros, nosso
objetivo consiste em atingir o maior número possível de acertos,
pouco importando se eles decorrerão de estudo, chutes conscientes
ou pura sorte. Quem atinge mais pontos passa adiante.

Esta é a sistemática mais comum em termos de provas objetivas.


Contudo, tem sido corriqueira a aplicação de avaliações objetivas
que seguem outras metodologias. Existem provas que penalizam
erros, ou seja: para cada questão que o candidato marca a
alternativa errada, além de não pontuar ele perde pontos que obteve
com acertos em outras questões.

Nestes casos a lógica é inversa: em vez de buscar, a todo custo,


mais acertos, o candidato deve tentar errar menos. São
perspectivas bem diferentes.

Para acertar mais vale tudo; para errar menos, precisamos ponderar
outras circunstâncias: os chutes conscientes devem ser
devidamente sopesados, pois podem custar preciosos pontos; os
chutes inconscientes sequer devem ser tentados, pois representam
pura autossabotagem.

As avaliações que penalizam erros geralmente permitem ao


candidato escolher, como opção válida para fins de gabarito, uma
alternativa inexistente nas provas tradicionais: marcar a questão
como não respondida, obviamente deixando de pontuar, mas
também não perdendo pontos. Graças a essa opção, cada
candidato pode tentar errar menos e, com isso, galgar importantes
posições rumo à aprovação.

Este assunto é de extrema importância.

Pensemos num candidato com aproveitamento médio de 75%.


Nessa média ele tem boas chances de aprovação em concursos.
Quando ele estiver montando a estratégia para a próxima avaliação
objetiva, deverá ler o edital e verificar qual será a sistemática de
avaliação.

Caso não haja penalidades para erros, ele buscará aumentar sua
média, nem que, para isso, precise chutar. Não se espera, de modo
algum, que ele deixe questões sem respostas no gabarito.

Diferente será o planejamento para a avaliação que


penalizar erros.

Com a média histórica de 75%, numa prova que, a cada questão


errada, o candidato perde o ponto obtido com questão certa, caso
ele arrisque fazer todas as questões, sua média final será de 50%
(25% de erros + 25% de penalidades). Qual a saída, então? Não
responder às questões nas quais tem sérias dúvidas.

Assim, em vez de tentar, a todo custo, aumentar os acertos, focará


atenção para errar menos. Diminuindo a margem de erros para
20%, por exemplo, a nota final será compatível com 60% de
eficiência.
DICA 13: controle emocional
O controle emocional que atingimos durante a prova decorre de um
pensar anterior a ela. Reflexão a respeito dos mínimos detalhes.
Todos podem programar o agir tranquilo e sereno durante a prova.

A psicologia usa a programação mental para eliminar certos tipos de


fobia, como o medo de avião, por exemplo. O paciente é incentivado
a imaginar-se no ambiente da aeronave, desde a decolagem até a
aterrissagem, focalizando todos os dados importantes, tais como
espaço entre as cadeiras, sons das turbinas, visão acima das
nuvens, eventuais turbulências, colocação do cinto de segurança,
sabor do lanche a bordo…

Sugiro que você separe alguns minutos e, mentalmente, coloque-se


no local de prova. Focalize todos os dados que seu intelecto
permitir. Preveja situações.

Anteveja e programe seus comportamentos e suas atitudes.


Previna-se contra o nervosismo.

Controle-se emocionalmente, chegando, antes, pelas


avenidas mentais.
ESTRATÉGIA 50: prova
discursiva
Saber não basta. Temos que saber explicar.

De que adiantará determos o conhecimento teórico para passar num


concurso se não conseguirmos transmitir tal conhecimento para a
folha de respostas?

Saber explicar pressupõe trânsito razoável pela língua portuguesa.


Boas noções de gramática e redação são indispensáveis.

A prova discursiva é um processo de comunicação. É da essência


de todo processo comunicativo que os interlocutores estejam
ligados, um ao outro, por linguagem compreensível entre ambos. O
examinador detém bom domínio das regras elementares do nosso
idioma. Portanto, devemos usar a mesma linguagem.

Erros básicos de gramática sugam pontos importantes e podem


custar-nos a aprovação. Redação mal concatenada, com ideias
vagas e dissociadas, zera nossas possibilidades de êxito.

Quando estamos respondendo às perguntas formuladas pela banca


examinadora, estamos fazendo algo mais do que simplesmente
escrevendo respostas.

Estamos nos comunicando, conversando com cada


examinador.

Para que sejamos compreendidos é imprescindível que nos


façamos compreender em bom português.

Comunique suas respostas ao examinador do modo mais claro


possível, prestigiando, sempre, a boa redação.57 Não se preocupe
se, em homenagem à clareza na exposição escrita das ideias, sua
resposta for pouco extensa.
Às vezes o belo é dizer pouco, mas de maneira
convincente. O mais importante não é a extensão da
resposta, mas a suficiência dos argumentos.
Outro aspecto importante é a estética. Fico imaginando como deve
ser a rotina de quem assume a árdua tarefa de corrigir centenas de
avaliações discursivas. Minha impressão inicial parte do
pressuposto de que o examinador corrige as provas, da primeira à
última, retirando da pilha cada uma na sua ordem.

Acontece que, cedo ou tarde, o examinador cansa. Daí, quando ele


encontra aquela prova escrita com péssima caligrafia é um
desespero. Dificuldade de compreensão, tempo perdido, leitura
travada, inevitável comparação com as provas que foram escritas de
modo mais adequado.

Imagine se, nessa conjuntura, ele estiver corrigindo a sua prova!

Estética conta. Providencie melhora em sua caligrafia,


caso necessário.

Nunca se sabe se a sua será justo a última prova a ser corrigida,


numa sexta-feira, tarde da noite, quando o examinador já estiver
cansado por ter passado horas a fio desempenhando a homérica
tarefa assumida.

Embora todos recebam folhas para rascunho, não podemos perder


tempo escrevendo toda a resposta no rascunho para, depois, passá-
la a limpo na folha definitiva.

Sugiro que o rascunho seja usado somente para a


estruturação da resposta.
Ou seja: ele deve servir apenas para que você possa se localizar
com relação aos tópicos a serem abordados, bem como para que
você possa visualizar a ordem de abordagem, de modo a atribuir, à
resposta definitiva, os aspectos importantes de uma redação (ideias
bem concatenadas, abordagem suficiente dos argumentos principais
e desfecho adequado).

Em geral, os editais contêm explicações a respeito da sistemática


de cada prova, inclusive das discursivas. Leia-o atentamente e tome
nota destas informações:

duração da prova;
número de questões a serem formuladas;
valor a ser atribuído para cada questão.

Serão estas as variáveis a ponderar quando estiver montando sua


estratégia.

Planejamento conta. Questões com valores iguais


merecem a idêntica destinação de seu precioso tempo.
Questões mais valiosas pedem mais tempo e
dedicação.

Muita atenção ao tempo destinado a cada resposta. Não existe


mágica capaz de lhe devolver o tempo perdido na confecção de
resposta longa e, obviamente, demorada.

Respeite sua estratégia. Quinze minutos excedentes na


confecção de uma resposta serão quinze minutos a
menos para a confecção de outra.

Pode ser que, ao se deparar com as questões, você sinta


necessidade de alterar os planos. Situação típica: sabe muito a
respeito da primeira questão e nada sobre a segunda.
Evidentemente o prestígio temporal penderá para a primeira. Sem
problemas, afinal cada décimo é somado para a média final, sendo
preferível tentar a nota máxima na que sabemos a arriscar tudo na
qual sequer temos por onde começar a responder.

A ordem das respostas pode ser escolhida pelo candidato. Quando


sabemos muito sobre um assunto temos que aproveitar a chance
para vender nosso produto. Assim, nada mais interessante do que
colocar a resposta predileta no começo da folha a ser entregue para
correção. Isso pode causar boa impressão perante o examinador.

O que fazer com a questão cuja resposta não temos?


Arriscar. Não há nada a perder. Deixe-a por último.
Escreva pouco e finalize-a com uma frase incompleta,
sem ponto final.

Isso transmitirá ao examinador a ideia de que você não teve tempo


suficiente para respondê-la a contento. Evite deixar questões sem
resposta.

O deixar em branco em nada lhe auxilia. Prefira, sempre, escrever


algo, por mais que, às cegas ali na prova, isso possa parecer
temerário. Pode ser que você erre feio e receba nota zero. Qual
será o prejuízo? O zero viria da mesma forma acaso não houvesse
resposta. Agora, também pode ser que você acerte em cheio,
obtendo sensível lucro.

Analise estas alternativas e tome sua decisão.

Em alguns concursos é permitida a utilização de material para


consulta. Então, no dia da prova, aparecem os candidatos com suas
bibliotecas particulares, puxando-as em imensas malas de viagem.
Se o edital admite o material de apoio, não há mesmo porque nos
contermos. Leve o que julgar importante, por mais improvável que
seja a necessidade de utilizá-lo. Conheço mais de um candidato que
não pôde responder a contento questão relativamente fácil por não
ter em mãos o material apropriado.

Preciso lhe alertar para o seguinte: quando estamos fazendo uma


prova que admite consulta, acabamos perdendo boa parte do tempo
de avaliação ao procurar a informação mais adequada no material
que levamos conosco. Este é um risco que deve ser muito bem
administrado.
Para consultar com eficiência, é imprescindível que
você conheça o seu material. Na hora da prova não
devemos procurar todas as informações, mas sim
buscá-las onde já pressupomos que elas estejam.
Assim, parte da preparação para a prova com consulta demanda
dedicação ao material de apoio.

Cuidado para não identificar sua prova. A identificação desclassifica


o candidato. Nada de usar canetas com cores fora do padrão. Não
assine sua folha de resposta. A assinatura do candidato é feita
numa folha à parte, fornecida pela organização do concurso.
ESTRATÉGIA 51: prova oral
São raros os concursos que demandam a submissão do candidato a
provas orais. Quando isso acontece, é nervosismo geral. A prova
oral, quando prevista, é a última das avaliações. O candidato já foi
aprovado em difícil prova objetiva, em que a concorrência
apresenta-se como o fator mais importante. Também já obteve êxito
em provas discursivas, que exigem muito conhecimento teórico e
sorte.

Chega a prova oral e já existe muito a perder. Há também muito a


ganhar, pois falta apenas um passo para que o candidato
testemunhe seu sucesso, acessando o desejado cargo público.

Dá para imaginar o nível de preocupação de alguém nessa


circunstância? Lembremos ainda que nem todo mundo tem
experiência para falar em público.

Tudo preocupa.

O candidato sente-se como estivesse se preparando para uma


entrevista de emprego, só que com nível de exigência intelectual
muito mais abrangente. Além disso, há outros bons candidatos que
provaram ser merecedores do cargo, afinal também foram
aprovados nas etapas anteriores e estão aguardando a avaliação
oral.

Não existe conjuntura mais propícia para


comparações.

Será que os outros estão mais preparados? Preocupamo-nos com


isso porque todos atingiram níveis de excelência e têm semelhantes
condições de sucesso.

Apenas um conforto: a concorrência, nessa etapa,


praticamente inexiste.
Em geral, a aprovação é atingida pelos candidatos que alcançarem,
ao menos, a pontuação mínima prevista no edital.

Lendas e mais lendas surgem. Todo mundo ouve falar daquele


examinador que humilha o candidato, do outro que faz perguntas
que nem os deuses teriam como responder. Todos os candidatos
que conheci na fase de minha vida dedicada a concursos quase
entraram em pânico antes de uma prova oral.

Nesta outra etapa, em que venho me dedicando a repassar as


experiências vivenciadas, é grande o número de candidatos que me
procuram, praticamente em pânico, antes da prova oral.

Na verdade ninguém sabe muito o que fazer.

Não se sabe ao certo se é importante estudar mais; não se sabe ao


certo se é importante procurar auxílio psicológico; não se sabe ao
certo o que ocorrerá durante a avaliação.

Não se sabe o que fazer porque a prova oral é imprevisível.


Empatias, antipatias, equívocos sobre assuntos relativamente
fáceis, respostas surpreendentes sobre assuntos terrivelmente
difíceis.

Tudo pode acontecer em uma prova oral. Não há como


prevê-la.

Dizem que fazer teatro é mais difícil do que fazer cinema. Claro, no
cinema busca-se a perfeição, executando-se quantas gravações
forem necessárias. O teatro é feito ao vivo, sem a possibilidade de
retomadas ou reinícios.

Prova oral é muito mais difícil do que teatro. Em ambas as


circunstâncias há plateia, mas no teatro os atores decoraram um
script e têm boa previsão do que acontecerá, inclusive do que será
feito pelos atores. Tudo é escrito, treinado, memorizado e repetido
exaustivamente antes da apresentação. Improviso é exceção.
A prova oral não tem script, os atores não se
conhecem e o objetivo não é entreter a plateia, mas
avaliar o candidato. Improviso é regra.58

Fui avaliado e aprovado em três avaliações orais.59 Aos vinte e três


anos de idade, logo depois de ter visto o meu nome dentre os
convocados para a prova que tinha potencial para abrir, em
definitivo, as portas ao cargo de Promotor de Justiça,60 senti-me
desnorteado.

Não sabia por onde começar a preparação para um evento que


provavelmente estaria entre os mais importantes de minha vida. As
pessoas de meu convívio, inclusive professores, pouco podiam
auxiliar-me rumo ao desconhecido.

Aprofundar os estudos. A obviedade dessa percepção era incapaz


de trazer-me alento, tranquilidade, pois eu sabia que todos os outros
candidatos aprovados fariam o mesmo.

Comecei a colocar em dúvida minha capacidade perante a


concorrência. Nesse momento tomei uma importante decisão: por
mais curiosidade que tivesse, não tentaria conhecer o perfil de
nenhum dos demais convocados para a prova oral.

Foi a forma que encontrei para evitar comparações infundadas.


Existem ocasiões da vida que o medo pode nos levar a
menosprezar nossas próprias qualidades em homenagem a
situações imaginárias, típicas de estados de preocupação.61

Cheguei cansado no local de prova. Noite mal e pouco dormida,


alimentação desequilibrada, nervos à flor da pele, muita tensão
muscular e respiração curta, pouco eficaz. A organização do
concurso solicitou que aguardasse ser chamado numa sala repleta
de candidatos que também esperavam suas convocações para a
prova.
O ambiente, pesado, fez-me perceber que todos estávamos tensos
e com olheiras. Para a grande maioria, aquele iminente momento de
avaliação pública era desconhecido e pouco confortável.

Ouvi meu nome e soube que era chegada a hora.


Estava muito, muito nervoso. Sentia as mãos trêmulas.
Minha voz falhou enquanto respondia à primeira
pergunta.

A partir de então a experiência foi incrível. Com o passar dos


minutos o estado emocional do início foi sendo substituído por
sensações inusitadas. Percebi que meu estado de tensão atribuía-
me grande vantagem em termos de velocidade de raciocínio.

O nervosismo ativa a produção de adrenalina; a tensão daquele


momento estava traduzindo o puro estado de alerta de meu
organismo.

Nada melhor do que estar alerta em uma prova oral!

Acertei a maioria das respostas. Errei várias, inclusive três ou quatro


fáceis. Aprendi muito.

Quero compartilhar isto com você.

Na prova oral para Juiz Federal Substituto eu já conhecia o


nervosismo extremado, tinha noção da dificuldade que seria dormir
na noite anterior, mas também estava ciente de que os demais
candidatos também estariam sentindo-se completamente perdidos.

Faço estas referências aos demais candidatos nos contextos de


provas orais porque este é o ponto de vista dos examinadores. A
banca do concurso tem diante de si, numa avaliação oral, material
humano.

As comparações são inevitáveis.


Portanto, é bom saber que todo mundo tem medo, insegurança,
sente a voz falhar e as pernas tremerem. Gaguejou na primeira
resposta? Lembre-se de que muitos já gaguejaram e muitos farão o
mesmo. Esqueceu-se daquele assunto fácil? Outros também o
fizeram.

Para além dos estudos. Esta é a chave do bom


desempenho na prova oral.

Escolha com cuidado seu traje. O ambiente é formal.62 A roupa não


pode ser justa a ponto de lhe incomodar, embora deva estar
adequada à sua compleição física.

Postura diz muito sobre uma pessoa.

A mensagem é subliminar, mas faz toda a diferença. Ombros


baixos, olhar fugidio, caminhar titubeante e nítido desconforto na
cadeira são atitudes relacionadas à insegurança. Não existe nada
de errado em senti-la, mas o problema surge quando não
assumimos posturas que a escondam.

Corpo ereto, olhar confiante, pomposo cumprimento


inicial transmitem segurança e credibilidade.

Na prova oral não se está a pedir emprego. Chega-se a esse


sublime momento por merecimento, por competência. Os
examinadores reconhecem isso e sabem que nosso nível teórico é
digno de respeito. Por isso, quando estiver sendo avaliado, assuma
a postura de um excelente vendedor.

Você estará vendendo um produto e esse produto é


você. Aja de modo a ressaltar suas qualidades.

A prova oral, no final das contas, é uma conversa. Não se espera


que todas as respostas surjam de imediato; temos tempo para
refletir; podemos solicitar mais alguns segundos, se for preciso;
podemos voltar atrás para corrigir eventuais equívocos.
A formalidade é essencial. Por isso, o “você” como forma de
tratamento é imperdoável. Use “Vossa Excelência”.

Quando não souber alguma resposta evite o “não sei”. Muito peso
para os ouvidos do examinador e para a sua consciência enquanto
candidato.

Use o “desconheço, Excelência”.

Procure bem transitar na ampla área de atuação existente entre a


intolerável arrogância e a indesejável subserviência. Com
arrogância é difícil conquistar empatia; sendo submissos não
transmitiremos confiança.

Respire. Respire. Respire.

Antes da prova procure conhecer a arena, o ambiente em que será


realizada a sessão oral de perguntas e respostas. Colha dados
importantes, como temperatura, disposição dos móveis, acústica.
Pergunte se serão utilizados microfones. Isto lhe auxiliará a evitar
surpresas.

Leve consigo um lanche. Os níveis de exigência corporal,


intelectual, mental e espiritual consumirão rapidamente suas
reservas energéticas antes mesmo do início da prova. O lanche
deve ser consumido enquanto espera a sua vez, o que pode
demorar.

Carregue um pequeno objeto (um clipe para papel, por exemplo).


Tenha-o em mãos para descarregar seu nervosismo. Esta é uma
técnica usada por muitas pessoas que falam em público. Funciona.

O mais importante: tudo o que passa com você na hora


da prova é segredo seu.

Ninguém sabe que você está transpirando mais do que o normal, a


não ser que você demonstre. Ninguém conhece seu nervosismo, até
suas atitudes revelarem esse estado.

Acima de tudo: não foi à toa que conquistou a


oportunidade de estar em uma prova oral.
Conscientize-se a respeito de suas qualidades. Confie
em si e tenha a atuação de sua vida.
ESTRATÉGIA 52: quem é o
examinador?
A resposta a esta indagação tem grande peso para candidatos na
iminência de avaliações discursivas ou orais. A quantidade de
assuntos tratados nesse tipo de prova é consideravelmente menor
do que os veiculados nas objetivas. Por outro lado, os assuntos
escolhidos pela banca para questionamentos em testes discursivos
e orais são tratados com mais profundidade.

Para conhecer um assunto com profundidade precisa-se de


dedicação e tempo. Quando uma pessoa é indicada para, na
qualidade de examinador, compor banca de concurso público
durante a realização das provas discursivas e orais, por certo ela
detém conhecimento aprofundado sobre determinados assuntos.

Digo “determinados assuntos” porque as bancas são compostas por


diversos membros: o especialista na área A faz perguntas somente
dentro desse limite; o mestre na área B faz perguntas só a respeito
dos assuntos afetos a ela; o doutor na área C limita-se a inquirir os
candidatos sobre os assuntos que caibam à sua circunscrição.

Os três já destinaram consideráveis tempo e dedicação para atingir


o domínio em suas áreas. Dificilmente mudarão, da noite para o dia,
seus estudos e suas percepções sobre as matérias que estudaram
a fundo. Dificilmente terão tempo para, em poucos dias, estudar
com profundidade outras questões além daquelas já enfrentadas na
vida acadêmica ou no dia a dia profissional.

É claro que não se espera dos candidatos nível teórico de


excelência em todos os assuntos. Espera-se argumentação coesa,
segura e convincente. Então, quando você estiver se preparando
para provas discursivas ou orais, colha dados sobre a vida
acadêmica e profissional de cada examinador.
Procure saber quem são os membros da banca e
conhecer os estudos de cada um.

Isto lhe auxiliará a atribuir coesão e segurança em sua


argumentação, tornando-a mais convincente.
ESTRATÉGIA 53: recursos
Concursos contemplam a possibilidade de recursos. Errar é humano
e a margem de erro que acompanha todo candidato também segue
os passos das bancas examinadoras.

A comprovação desta premissa é simples. Basta-nos o olhar atento


para notarmos alterações nas versões dos gabaritos oficiais de cada
concurso: a segunda versão, publicada após a análise dos recursos,
pode conter tanto a relação de questões anuladas (com a
consequente atribuição de nota a todos os candidatos que nelas não
haviam pontuado na primeira versão) quanto a relação de questões
nas quais a alternativa correta passou a ser outra.

Nesta segunda hipótese, a pontuação deve ser destinada somente


aos candidatos que marcaram a alternativa considerada correta pela
segunda versão do gabarito oficial. Os que assinalaram a alternativa
compatível com a primeira versão devem ter suas notas diminuídas.

Outra situação capaz de viabilizar recursos decorre da exigência de


assuntos não previstos no edital. Esta situação vale para todos os
tipos de prova, sejam elas as objetivas, as discursivas ou as orais.

A possibilidade de recursos reconhece o direito de todo e qualquer


candidato a opor-se aos atos das bancas examinadoras. Recorrer,
portanto, consubstancia-se em puro exercício de direito. Não se
pede favor, nem desculpas. Pede-se à organização do concurso que
faça uma séria reflexão e, eventualmente, reconheça seus
equívocos.

Quando recorrer? Estou convicto de que cada um sabe ponderar as


circunstâncias. Nas hipóteses em que a razão nos acompanha
devemos recorrer sempre. Não corramos o risco de pensar que
outras pessoas recorrerão, deixando para elas o ônus do recurso e
compartilhando com elas o bônus da alteração do gabarito (que vale
para todos, de forma idêntica).
Recorra sempre que estiver convicto a respeito de
seus argumentos.

Esta é a minha opinião. Contudo, outro ponto de vista merece ser


mencionado. Acompanhei a empreitada de um colega rumo ao
cargo de Juiz Federal. Na prova objetiva ele havia ficado quatro
questões aquém da nota de corte. Sua pontuação correspondia a
sessenta e quatro de cem pontos possíveis. Recorreu de todas as
questões que tinha errado.

Indaguei-lhe a respeito daquela atitude. Ele respondeu-me dizendo


que não havia nada a perder.

Meu colega conseguiu convencer a banca em quatro das questões


recorridas, avançou para a segunda fase do concurso e, dali em
diante, mostrou-se merecedor da aprovação.

Recorra sempre que tiver razão. Na dúvida, recorra.

Exercite seu direito e durma tranquilo, ciente de que fez tudo o que
estava ao seu alcance.
ESTRATÉGIA 54: alimentação
“Você pode ter o mais lindo carro de corrida do mundo, mas se tentar fazê-lo
andar com cerveja ele não funcionará”.
Anthony Hobbins63

Todo mundo sabe a importância de uma dieta equilibrada. Não é


difícil entender que hambúrguer, batata frita, refrigerante e sundae
de chocolate são alimentos pobres em termos nutricionais.
Complicado mesmo é resistir à tentação.

Mais complicado ainda é aceitar o abandono de hábitos que nos


acompanham desde a infância e talvez possam estar enraizados no
ambiente familiar há várias gerações. Por isso procurei auxílio
profissional.

Busquei aconselhamento nutricional por sentir


necessidade de alterar significativamente minha
alimentação.

Doutora Gláucia Helena Natividade Seleme, médica


endocrinologista que há anos acompanha meus hábitos alimentares,
disse-me em certa oportunidade que as noções do potencial de
cada alimento vêm desde os tempos da Grécia antiga.

Os gregos indicavam pão para os escravos, carne para os


guerreiros e frutas para os filósofos. Os carboidratos mantinham os
escravos calmos, mas com energia ao trabalho. A proteína dava
força e atenção aos combatentes. A frutose e sua fácil digestão não
atrapalhava o pensar dos filósofos.

Atualmente, a palavra da moda nas dietas alimentares é nutrição.


Existe certo consenso entre médicos, nutricionistas e fisiologistas ao
afirmarem que a busca pela alimentação saudável tem de passar
pela via nutricional.
Os alimentos não são somente nossos fiéis aliados na busca de
calorias, proteínas, carboidratos, açúcares e lipídios. Cada alimento
carrega nutrientes importantes que auxiliam o organismo, essa
fantástica máquina de vida, a continuar seu bom funcionamento.
São as vitaminas e os minerais.

Por isso, uma refeição composta por arroz branco, batata frita e bife
à milanesa é considerada pouco eficaz. Muitas calorias, litros de
gordura saturada e enorme dificuldade digestiva.

Tudo isso aliado ao baixo teor nutritivo do arroz branco, ao evidente


destino da gordura (que vai ser simplesmente estocada pelo corpo)
e aos sérios transtornos causados ao aparato digestivo para
conseguir dar conta do recado, consumindo boa parte da energia
recém-ingerida no próprio processo de digestão.64

Alterar velhos hábitos e percorrer a via da boa alimentação traz


benefícios imediatos. O sistema digestivo agradece-nos já nos
primeiros dias. A costumeira preguiça pós-refeições vai-se embora.
Os níveis de atenção em nossos dinâmicos dias são incrementados.
As noites de sono tornam-se significativamente melhores,
recompondo o corpo e limpando a mente para que amanheçamos
novos em folha.

Palavras e conselhos não bastam. Somente é capaz de


perceber os benefícios de uma dieta equilibrada,
nutritiva e funcional quem decide e age em prol disso.

É preciso que cada um experimente ter saudáveis hábitos


alimentares para sentir, vivenciar os incríveis benefícios
proporcionados.65 Com o tempo é difícil abandonar os novos
hábitos.

Pode-se começar por coisas simples, evitando-se radicalismos. Se


você gosta de feijoada aos sábados tudo bem, mas opte por não
comer toda a feijoada que estiver em sua frente. Saboreie porções
menores; prestigie a couve e a laranja. O sono pós-feijoada decorre
da ingestão excessiva desse pesado alimento.

Na hora do almoço, que tal fazer, primeiro, um prato de salada? Não


estou falando para abandonar os carboidratos complexos e as
proteínas, mas apenas indicando um caminho alternativo rumo à
melhoria de sua fisiologia. Saladas são alimentos funcionais,
repletos de nutrientes. A refeição deve ser complementada com o
chamado “prato principal”.

A reeducação alimentar demanda vontade, coragem e


instrução adequada.

A vontade depende de cada um. A coragem serve para suportar as


críticas decorrentes da quebra de paradigmas familiares e
comunitários, pois nem todo mundo aceita com facilidade mudanças
repentinas de atitude.66 A instrução é indispensável para lhe auxiliar
na hora da escolha dos alimentos e do planejamento de suas
refeições.

Planejamento também é um quesito-chave. Para decidir o que


comer – e principalmente o que não comer – precisamos ter noção
do que já ingerimos no dia, na semana e de nossos futuros
compromissos sociais.

Altos e baixos são constantes, mas isso é normal. A exceção é que


justifica a regra e nada melhor do que escapar à dieta, ciente de que
nos dias seguintes tudo será compensado com a retomada da rotina
saudável.

Existem infindáveis opções saudáveis. Sucos de frutas são nossos


fiéis aliados.67 Arroz integral não é coisa só de “bicho-grilo”. Pão
integral é uma delícia. A vida continua feliz com menos chocolate.68

Preste atenção quando toma suas decisões alimentares. Auxilie seu


organismo a disponibilizar energia otimizada para suas tarefas
diárias, em especial quando elas demandam grande atividade
intelectual.

É um caminho sem volta. Garanto.


ESTRATÉGIA 55: atividade física
Os benefícios obtidos com a prática regular de atividade física são
indiscutíveis. Discordar desta afirmação, hoje em dia, seria como
tentar convencer a comunidade científica a respeito da
indivisibilidade do átomo.

O corpo, quando colocado em movimento, agradece.69 Os esportes


aeróbicos proporcionam considerável melhora em nosso sistema
cardiovascular. Em termos fisiológicos, o coração fortalece e os
pulmões se expandem, tornando-se cada vez mais aptos a
continuar trabalhando em prol da vida, da nossa vida.

O corpo em movimento esbanja energia, disposição e alegria. Como


poderia ser diferente? As taxas de endorfina lá em cima, os
músculos relaxados, a pele naturalmente hidratada pela
transpiração, a oxigenação cerebral elevada a excelentes
patamares e a estrutura corporal modificada para melhor são
apenas algumas das maravilhas biológicas proporcionadas pela
atividade física.70

Mas os benefícios vão além. Quem escolhe a via da atividade física


diz adeus ao sedentarismo. O corpo sedentário tem sede. Sede de
movimento, de atividade vital. Entrar em movimento é abandonar,
em definitivo, a preguiça e descobrir, a cada novo dia, o gosto por
novos horizontes. Saúde, bem-estar, energia e dinamismo são
apenas alguns a serem revelados.71

O exercício ativa o organismo. Nosso metabolismo acelera. Por isso


ficamos mais despertos, ativos, vívidos e passamos a nos sentir
cada vez mais preparados para o dia a dia, essa imprevisível e
incrível sucessão de eventos que, nos tempos modernos, tanto
exige do corpo, da mente e do espírito.

Estou falando de disposição. O corpo em movimento


produz hormônios fantásticos e a mente agradece.
Nosso cérebro atinge níveis de satisfação hormonal tão intensos,
que nossa predisposição para encarar toda a sorte de eventos altera
substancialmente, para melhor. Otimizam-se a confiança e a
tranquilidade. O repousar noturno passa a ser brindado pelo dormir
profundo, único capaz de reorganizar a mente e o espírito para o
porvir.

Muito se fala em alívio de stress pela prática rotineira


de exercícios. Exercício é mesmo magnífica válvula de
escape.

Elimina energias negativas e reabastece o organismo com muito de


positivo. Inúmeras pessoas usam o esporte, em especial quando
praticado individualmente, como momento de introspecção,
isolamento, reflexão e higiene mental.

Com o tempo vem a consciência corporal, a aguda percepção dos


benefícios obtidos com o movimentar-se. Melhoria de postura, mais
força pra toda sorte de atitudes, alívio naquelas dores que nos
acompanhavam desde muito tempo.

A partir desse momento o corpo e a mente, juntos,


decidem nunca mais retornar ao comodismo.

Descobre-se, afinal: nada mais incômodo do que a inércia do


comodismo.

Movimento é indispensável. Cedo ou tarde todos descobrirão.


Esporte e alongamento trazem consigo só benefícios. Praticar
esportes não significa, necessariamente, buscar práticas
competitivas, mas manter ativo o ímpeto em prol da atividade física.

Essa dupla – esporte e alongamento – é maravilhosa


aliada do candidato a concursos públicos.72

Jamais abri mão da prática esportiva, mesmo nos momentos


decisivos, quando só pensava em estudar cada vez mais, ante a
proximidade de avaliações importantíssimas.

Estou convicto de que, graças à atividade física e à prática regular


de exercícios de alongamento, pude continuar, com saúde,
disposição, confiança e energia, a difícil e honrosa carreira de
candidato a concursos públicos.

O esporte proporciona verdadeiras maravilhas. Experimente


inaugurar uma rotina ligada ao movimento corporal, à transpiração,
à elevação de sua energia vital. Sinta os benefícios.

Proporcione a si essa oportunidade. Não basta


simplesmente ler estas palavras. O verbo é sentir.
ESTRATÉGIA 56: meditação
Meditação é uma palavra que pode ser usada em vários sentidos.
Pretendo abordá-la enquanto avaliação, análise, ponderação e, para
isso, utilizo-a da seguinte maneira: meditar é parar para pensar.

De tempos em tempos, durante nossa preparação para concursos


públicos, temos que refletir se as atitudes tomadas no caminho já
percorrido estão sendo adequadas, ponderar se estamos realmente
nos dedicando com afinco à busca de nosso objetivo e analisar se
ajustes são necessários.

Meditar é avaliar tudo com calma e buscar, na medida do possível,


ter um panorama geral do conjunto de circunstâncias que rodeia
nossa preparação. Muitas pessoas acreditam ser suficiente sua
fórmula de estudos, mas quando refletem a respeito e ponderam
suas próprias atitudes percebem que, na realidade, estão fazendo
pouco, agindo de modo insuficiente.

Outras exageram e somente notam a inadequação de sua receita


nos momentos em que param para vislumbrar o quanto isso pode
ser prejudicial a longo prazo.

Portanto, sugiro a autoavaliação como forma de proporcionar


evolução na jornada rumo à aprovação.

Ninguém melhor do que você para saber se há, ou não,


algo a ser alterado.

Enquanto repetirmos atitudes idênticas, dificilmente chegaremos a


resultados diferentes.

Este livro lhe indica algumas alternativas, alguns assuntos para você
meditar e aferir se está no caminho certo. De modo algum essas
alternativas substituem a sua intuição, a sua maneira de encarar o
desafio, o seu autoconhecimento.
Medite sempre que puder, calibrando a orientação de
sua bússola e recalibrando-a quando lhe parecer
oportuno.
ESTRATÉGIA 57: respiração
“O homem, no seu estado natural, não teria necessidade de que lhe ministrassem
instruções para respirar; e, da mesma forma que os animais inferiores e o recém-
nascido, respirava como devia, naturalmente, conforme os desígnios da natureza;
mas até nisso tem sofrido as influências modificadoras da civilização”.
Yogue Ramacháraca73

Hoje em dia, a busca pela alimentação saudável é uma prática


bastante difundida. Dos restaurantes especializados no
fornecimento de refeições equilibradas, baseadas em modernas
análises nutricionais, aos supermercados que dispõem de setores
repletos dos chamados produtos saudáveis (vegetais orgânicos,
cereais integrais, proteínas de soja, iogurtes com baixo teor de
gordura etc.), a cultura da saúde pela via do alimento veio para ficar.

Os benefícios decorrentes de dietas equilibradas são indiscutíveis.


Tomar consciência disto já é um grande passo. Curioso notarmos,
entretanto, a escassez de informações a respeito da importância de
uma respiração profunda, completa e adequada à manutenção de
nossa saúde em altos níveis.

O oxigênio, nosso melhor e mais abundante alimento, está


gratuitamente à disposição. Talvez seja esta a razão pela qual não
somos bombardeados pela mídia com comerciais de incentivo ao
consumo otimizado de oxigênio.

Como sabemos, o sangue é bombeado pelo coração através das


artérias, atingindo, alimentando e fortalecendo todas as partes do
organismo. O retorno do sangue ocorre nas veias, passando pelo
coração e chegando aos pulmões.

Graças à circulação sanguínea, após passar pelos vasos capilares


pulmonares, o sangue sai dos pulmões “com uma coloração rubra,
brilhante, rica em qualidades e propriedade vitais”, passa pelo
coração para ser bombeado às artérias e viajar “com a missão de
distribuir vida a todas as partes do organismo”, retornando pelas
veias “pobre, azul e sem brilho, carregado dos detritos do sistema”.74

Quando o oxigênio dos pulmões atinge a corrente sanguínea ocorre


a liberação das impurezas colhidas no organismo, com a purificação
do sangue venoso e a consequente liberação de sangue arterial
carregado de vida e nutrientes para a nova viagem.

A respiração incompleta, típica de nossa agitada vida pós-


moderna,75 leva quantidades insuficientes de ar novo aos pulmões,
dificultando a purificação completa do sangue venoso e privando o
corpo não só de nutrição, mas da indispensável liberação de
resíduos, que acabam sendo devolvidos à circulação em vez de
serem eliminados.

Todos os processos vitais dependem de boa oxigenação


sanguínea.76 O processo digestivo e o sistema nervoso também
sofrem as privações de oxigênio.

Realize um pequeno teste.

Verifique o ritmo e a intensidade de sua respiração ao final de um


dia estressante. Faça o mesmo ao apreciar o pôr do sol num
domingo, logo após uma prazeirosa caminhada ao ar livre.

Mesmo sem conhecê-lo posso arriscar um palpite: depois de um dia


de trabalho cansativo, extenuante, sua respiração estará limitada à
parte superior dos pulmões, será curta e terá frequência acelerada;
já a respiração ao entardecer de domingo será leve e profunda,
porque as partes inferiores dos pulmões estarão sendo utilizadas,
transmitindo-lhe sensação de tranquilidade.

Respirar profundamente, usar toda a capacidade pulmonar, tanto


para inspirar ar puro quanto para expirar toda a impureza do
organismo, traz-nos benefícios imediatos.
Atenção, disposição, vitalidade e saúde são qualidades inerentes à
forma como respiramos.

Respirar é viver. Respirar com qualidade é viver com qualidade.

Exercite sua capacidade respiratória.

Não é difícil. Basta lembrar-se de como fez ao presenciar o pôr do


sol de domingo e repetir as doses durante o resto da vida...
ESTRATÉGIA 58: o poder da ação
O que é mais importante: ação ou conhecimento? No cenário de
estudos para concursos públicos você pode ter ficado tentado a
indicar o conhecimento. Caso tenha optado pela ação, certamente a
percebeu como condição essencial ao próprio conhecimento.

Não existe conhecimento sem ação, teoria sem atitude. Teoriza-se


agindo. Aprende-se agindo.

Visite o seu passado. Tudo o que já aconteceu foi decorrência de


boas doses de ação. Sinta o seu presente. Você está em ação neste
exato momento. Para modelar seu futuro, não parece insensato agir
em prol de seus propósitos.

Todos somos capazes de fazer escolhas conscientes e


bem direcionadas. Contudo, isso não basta. A simples
escolha, sem movimento, não passa de uma boa
intenção.

Nossos objetivos poderão ser os mais nobres, mas serão


inalcançáveis enquanto permanecermos inertes.

Conseguir a aprovação em concurso público pode ter grande valia


na modelagem de seu futuro profissional. Firmeza de propósito,
paixão pelo objetivo e predisposição ao sucesso representarão
pouco enquanto não estiverem fortemente enraizadas em seu dia a
dia duas básicas ações: sentar na cadeira e estudar, estudar,
estudar.

Estas atitudes são poderosíssimas. Pratique-as com


dedicação, doação e rigor.

Faça delas um hábito. Semeie-as diariamente para, no futuro, colher


os primorosos frutos da pós-aprovação.
ESTRATÉGIA 59: uma questão de
energia
Deposito muito de minha confiança na troca de energias. Não
admito que possa surgir algo negativo a partir de práticas positivas.

Creio que uma vida plena de satisfação é uma vida exaltada por
boas energias. Para obter o positivo do mundo que o cerca, esteja
pronto e disponível para liberar energias positivas ao mundo ao seu
redor. Esta é a troca a que me refiro.

Deixe-me exemplificar. Quando dizemos palavrões, dirigindo-os a


outra pessoa por qualquer motivo que seja, por mais razão que
julguemos ter, além de não colhermos nada de positivo a partir
dessa atitude, estamos trocando energias ruins: enviamos a
negatividade da palavra pesada e recebemos, como recompensa,
mais negatividade.

Por outro lado, quando procuramos validar, reconhecer,


homenagear o que há de bom no próximo, permitimos que o
próximo também nos reconheça enquanto dignos de sua
homenagem, de sua validação. Aprendi com minha mãe, desde
criança, que os caminhos de nossas vidas têm mãos duplas.
Recebemos o que doamos.

O universo é energia pura. Eu, você, nós todos somos e fruímos


energia. A qualidade da energia à sua disposição depende muito da
energia por você doada, compartilhada. Quando trocamos boas
energias não estamos sós. Acreditar nisto é confortante,
principalmente nos momentos decisivos.

Saber que, mesmo à distância, contamos com uma torcida


organizada para nos dar o suporte que precisarmos, é também
assumir a responsabilidade de proporcionar o mesmo apoio aos
membros da torcida.
Blinde sua vida com boas energias, mas não deixe de
transmiti-las irrestritamente.

Quando mais precisar, não haverá apenas o desejo de boa sorte,


mas o envio de toda a sorte possível por parte daqueles que lhe
circundam, apoiam e oram por você.
ESTRATÉGIA 60: a aprovação e o
dia seguinte
O dia da aprovação é aquela festa. Depois de suportar toda a
ansiedade na espera da divulgação do resultado oficial,
encontramos nosso nome na lista dos aprovados. A linha de
chegada, enfim, atingida.

Hora de extravasar as emoções, contidas por muito tempo, de


liberar o choro da felicidade, de abraçar e ser abraçado. Momento
para perceber que valeu a pena tanto investimento, tanta dedicação.
O sonho realizado. Finalmente realizado.

A dúvida contém nossa voz até lermos nosso nome no rol da


aprovação. A partir de então surge a certeza de termos conseguido
superar todo tipo de obstáculos, dificuldades, imprevistos,
frustrações, desencantos, tristezas. Brota, então, do fundo de nossa
alma, um ímpeto impassível de contenção: o grito da vitória!

Celebramos, brindamos o sucesso que não é só nosso, mas de


todos os que nos apoiaram e propiciaram o ambiente seguro para
chegarmos aonde chegamos. Por isso compartilhamos esse sublime
momento com quem amamos e com aquelas pessoas que,
sinceramente, nos desejaram o melhor.

Não poderia deixar de desejar a você, caro leitor, momentos como


esses. A emoção é pura, vibrante, inesquecível. Atingimos o cume
da montanha e, de lá, avistamos todo o caminho percorrido. Ao
olhar para baixo sentimos, com firme convicção, que poderíamos
fazer tudo de novo.

Meu desejo também está relacionado com as emoções do dia


seguinte à aprovação. Acordar e, ainda na cama, olhar para o teto
tendo a certeza de que as coisas mudaram para melhor, é incrível.
As sensações de tranquilidade, confiança nos dias vindouros e paz
de espírito são indizíveis.
Espero, com as palavras que juntei nesta obra, auxiliá-
lo a subir na montanha escolhida. Solicito que, lá do
alto e à medida de suas possibilidades, também preste
ajuda a quem ainda estiver em franca escalada.

Desejo-lhe, enfim, toda a sorte!


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MELO, Fábio de. Quem me roubou de mim?: o sequestro da


subjetividade e o desafio de ser pessoa. 66 ed. São Paulo: Canção
Nova, 2009.

RAMACHÁRACA, Yogue. A ciência hindu-yogue da


respiração: manual da filosofia oriental sobre a respiração e seu
desenvolvimento físico, mental, psíquico e espiritual. 14. ed. rev.
São Paulo: Pensamento, 1963.

RIBEIRO, Nuno Cobra. A semente da vitória. 39 ed. São Paulo:


SENAC, 2003.
ROBBINS, Anthony. Poder sem limites: o caminho do sucesso
pessoal pela programação neurolinguística. Trad. Muriel Alves
Brazil. 49 ed. São Paulo: Best Seller, 2003.

RODRIGUES, Ernesto. Ayrton: o herói revelado. Rio de Janeiro:


Objetiva, 2004.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o


político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2003.

SHINYASHIKI, Roberto. A coragem de confiar: o medo é o seu


pior inimigo. São Paulo: Gente, 2009.

SUN-TZU. El arte de la guerra. Trad. Roberto Curto. Buenos


Aires: Longseller S.A., 2004.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Aforismos: cultura y valor. 5. ed.


Madrid: Espasa Calpe, 2007.

ZOHAR, Danah. O ser quântico: uma visão revolucionária da


natureza humana e da consciência, baseada na nova física. Trad.
Maria Antonia Van Acker. 15 ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2005.
Sobre o autor

Fabrício é casado com Fernanda e pai do Lucca.


Juiz federal, professor e escritor.
Triatleta amador.

Formação Acadêmica
Graduado em Direito na UEPG
Especialista em Direito pela ABDConst
Mestre em Direito pela PUC-PR
Doutor em Direito pela USP

Atuação Profissional
Juiz Federal
Professor na UEPG
Professor na Escola da Magistratura do Paraná
Professor na Escola de Magistratura Federal do Paraná
Presidente da Associação Paranaense dos Juízes Federais
Líder do Projeto MindTheGap: Inovação em Direito

Funções já exercidas
Magistrado Instrutor no Supremo Tribunal Federal
Secretário-Geral do Conselho Nacional de Justiça
Juiz Auxiliar da Presidência no CNJ
Juiz Federal Substituto
Promotor de Justiça
Analista Judiciário
Técnico Judiciário

Aprovações em Concursos Públicos


Juiz Federal
Promotor de Justiça
Delegado de Polícia Federal
Técnico Judiciário da Justiça Federal
Analista Judiciário da Justiça Federal
Técnico Judiciário da Justiça do Trabalho
Assessor Jurídico do Ministério Público da União
Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa

www.fabriciobittencourt.com.br
1 Desembargador Federal aposentado, ex-Presidente do Tribunal Regional
Federal da 4ª. Região. Professor doutor da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, Assessor-chefe da Corregedoria Nacional de Justiça do Conselho
Nacional de Justiça, Consultor do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente – PNUMA e Presidente da International Associaton for Courts
Administration.

2 RODRIGUES, Ernesto. Ayrton: o herói revelado. Rio de Janeiro: Objetiva,


2004, p. 29.

3 Optei por usar a expressão imitação, embora na versão traduzida para o


português mencione-se eliciação. O sentido que pretendo atribuir à imitação é o
mesmo que o atribuído pelo tradutor à eliciação: “Colher informações por
observação direta dos sinais de acesso, gestos, e assim por diante, mediante
perguntas bem formuladas, para determinar a estrutura das experiências
interiores das pessoas” (ROBBINS, Anthony. Poder sem limites: o caminho do
sucesso pessoal pela programação neurolinguística. Trad. Muriel Alves Brazil. 49
ed. São Paulo: Best Seller, 2003, p. 130-149, 384).

4Aprovação, em 2.º lugar, no Concurso para Técnico Judiciário da Justiça Federal


de Primeira Instância; Aprovação em 33.º lugar no Concurso para Técnico
Judiciário da Justiça do Trabalho; Aprovação em 1.º lugar no Concurso para
Assessor Jurídico do Ministério Público Federal.

5 Aprovação em 4.º lugar.

6Atlas era uma das divindades na mitologia grega: “Atlas, filho do Titã Japeto e da
Oceânida Climene, neto de Urano e sobrinho de Saturno, ofereceu o seu auxílio
aos Gigantes, na guerra contra Júpiter. Como castigo dessa cumplicidade, o
senhor do Olimpo, depois da vitória, condenou-o a sustentar sobre os ombros a
abóbada celeste” (COMMELIN, P. Nova mitologia grega e romana. Trad.
Thomaz Lopes. Rio de Janeiro: Tecnoprint Gráfica S.A., 1968, p. 152).

7BACH, Richard. A história de Fernão Capelo Gaivota. Rio de Janeiro:


Nórdica, 1977.

8 “É sequestro da subjetividade todo processo que neutraliza e impede o ser


humano de conhecer-se, passando a assumir uma postura ditada por outros. É
também sequestro da subjetividade a projeção da vida humana a partir de metas
rasas, em que a mediocridade é a regra a ser considerada e o pessimismo
antropológico é a consequência” (MELO, Fábio de. Quem me roubou de
mim?: o sequestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa. 66 ed. São Paulo:
Canção Nova, 2009, p. 38-39).

9 “O que leva alguém a escalar montanhas é algo que a maioria dos que não
fazem parte do mundo dos montanhistas tem muita dificuldade para entender – se
é que entende. Quando falamos em montanhismo, a impressão que isso causa na
imaginação do público não é muito diferente de quando ele ouve falar em
tubarões ou abelhas assassinas” (KRAKAUER, Jon. Sobre homens e
montanhas. Trad. Carlos Sussekind, Pedro Novaes e Rosita Belinki. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999, p. 9).

10DINIZ, Abílio. Caminhos e escolhas: o equilíbrio para uma vida mais feliz.
Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2004.

11JORDAN, Michael. Nunca deixe de tentar. Apresentação e comentários de


Bernardinho. Trad. Cláudio Figueiredo. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

12 A expressão “selva selvagem” é alusiva à selva selvaggia, descrita por Dante


Alighieri no Canto I da Divina Comédia, quando ele, acompanhado do Poeta
Virgílio, inicia sua jornada em direção ao Paraíso, não sem antes passar pelo
Inferno e pelo Purgatório (ALIGHIERI, Dante. A divina comédia. Edição
Bilíngue. Trad. Ítalo Eugenio Mauro. São Paulo: Editora 34, 1998, p. 25).

13 SHINYASHIKI, Roberto. A coragem de confiar: o medo é o seu pior


inimigo. São Paulo: Gente, 2009, p. 6.

14 “Os que caminham lentamente, se seguirem pelo caminho reto, podem avançar
muito mais adiante que os que correm, mas que se distanciam dele”
(DESCARTES, René. Discurso del método. Buenos Aires: Longseller, 2006,
p. 33).

15 DESCARTES, René. Discurso del método. Buenos Aires: Longseller, 2006,


p. 81.

16 O título desde capítulo é baseado no nome de excelente livro, cuja leitura


recomendo: SHINYASHIKI, Roberto. A coragem de confiar: o medo é o seu
pior inimigo. São Paulo: Gente, 2009.
17 Tiger Woods é um dos mais exímios golfistas de todos os tempos. Profissional
desde muito jovem e referência no mundo dos esportes, Tiger Woods afirmou, em
tom divertido, que sua sorte no jogo de golfe aumentava à medida que
incrementava o nível e a amplitude de seus treinos. Podemos retirar dessa
afirmação uma poderosa lição: quanto mais nos dedicarmos a um objetivo,
maiores chances criaremos para que o fator sorte se apresente.

18ARMSTRONG, Lance; JENKINS, Sally. It´s not about the bike: my journey
back to life. Berkley Books, 2001, p. 3.

19 Lance Armstrong, ciclista profissional desde jovem, descobriu, aos 25 anos de


idade, que estava com câncer num dos testículos e tinha dois grandes tumores no
pulmão e cérebro. O prognóstico não lhe era favorável, pois os médicos lhe
atribuíam 40% de chances de sobrevivência. Ele venceu a luta contra o câncer e,
três anos depois, em 1998, voltou a pedalar profissionalmente. Em 1999 venceu o
lendário Tour de France, a competição mais importante e tradicional do ciclismo
mundial, façanha que repetiu nos seis anos seguintes, sagrando-se
heptacampeão do Tour em 2005, quando anunciou sua aposentadoria
(ARMSTRONG, Lance; JENKINS, Sally. It´s not about the bike: my journey
back to life. Berkley Books, 2001).

20 Esta expressão é bastante difundida no campo da Programação


Neurolinguística. Para maiores informações ver ROBBINS, Anthony. Poder sem
limites. 49 ed. São Paulo: Best Seller, 2003.

21 EINSTEIN, Albert. Out of my later years: the scientist, philosopher and


man portrayed through his own words. New York: Gramercy Books, 1993, p. 19-
28.

22 ARISTÓTELES. Ética a Nicômano. Trad. Leonel Vallandro e Gerd


Bornheim. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9.

23 ARISTÓTELES. Ética a Nicômano. Trad. Leonel Vallandro e Gerd


Bornheim. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9-24.

24 DALAI-LAMA. O caminho da tranquilidade. Trad. Maria Luiza Newlands


Silveira e Márcia Cláudia Alves. Rio de Janeiro: Sextante, 2000, p. 103.

25CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12 ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 357-
365.
26 “Quando ouvimos um chinês, inclinamo-nos a considerar sua linguagem como
um balbucio inarticulado. Mas quem entende o chinês reconhecerá ali a
linguagem” (WITTGENSTEIN, Ludwig. Aforismos: cultura y valor. 5. ed. Madrid:
Espasa Calpe, 2007, p. 33).

27 Luc Ferry, ao finalizar seu livro Aprender a viver, mostra o quanto seus recentes
estudos no ramo da filosofia alteraram sua maneira de ver o mundo: “Em resumo,
creio ter ampliado o horizonte que era o meu até algum tempo atrás” (FERRY,
Luc. Apprendre à vivre – Traité de philosophie à l’usage des jeunes
générations. Paris: Plon, 2006, p. 291).

28 ARNTZ, William; CHASSE, Betsy; VICENTE, Mark. Quem somos nós? A


descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. Trad. Doralice
Lima. Rio de Janeiro: Prestígio, 2007, p. 71.

29CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Trad. Álvaro Cabral. 25. ed. São
Paulo: Cultrix, 2005, p. 71.

30CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Trad. Álvaro Cabral. 25. ed. São
Paulo: Cultrix, 2005, p. 72.

31“Esta doutrina do determinismo científico enfrentou a forte resistência de muitas


pessoas, que sentiam que ela transgredia a liberdade de Deus de fazer o mundo
correr do modo como Ele considerava próprio. Mas ela continuou sendo o
pressuposto padrão da ciência até os primeiros anos do século XX” (HAWKING,
Stephen; MLODINOW, Leonard. Uma nova história do tempo. Trad. Vera de
Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2005, p. 92).

32 “O princípio da incerteza nos diz que, ao contrário da crença de Laplace, a


natureza realmente impõe limites na nossa capacidade de predizer o futuro com o
uso de lei científica” (HAWKING, Stephen; MLODINOW, Leonard. Uma nova
história do tempo. Trad. Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro
Publicações, 2005, p. 94).

33CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Trad. Álvaro Cabral. 25. ed. São
Paulo: Cultrix, 2005, p. 74.
34 Para explicações mais detalhadas consultar: HAWKING, Stephen; MLODINOW,
Leonard. Uma nova história do tempo. Trad. Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro:
Ediouro Publicações, 2005, p. 91-107; ZOHAR, Danah. O ser quântico: uma
visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova
física. Trad. Maria Antonia Van Acker. 15 ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2005, p.
15-40.

35CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Trad. Álvaro Cabral. 25. ed. São
Paulo: Cultrix, 2005, p. 75.

36CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Trad. Álvaro Cabral. 25. ed. São
Paulo: Cultrix, 2005, p. 72.

37 “Ainda achamos estranho o conceito de que nós e o restante da vida, das


bactérias às baleias, fazemos parte da entidade bem maior e mais diversa, a Terra
viva” (LOVELOCK, James. A vingança de Gaia. Trad. Ivo Korytowski. Rio de
Janeiro: Intrínseca, 2003, p. 17).

38 ZOHAR, Danah. O ser quântico: uma visão revolucionária da natureza


humana e da consciência, baseada na nova física. Trad. Maria Antonia Van Acker.
15 ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2005, p. 52.

39 “Consideremos que só temos consciência de 2 mil bits de informação em 400


bilhões de bits de informação que processamos por segundo” (ARNTZ, William;
CHASSE, Betsy; VICENTE, Mark. Quem somos nós? A descoberta das
infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. Trad. Doralice Lima. Rio de
Janeiro: Prestígio, 2007, p. 2).

40 Segundo Candance Pert “Somos bombardeados por imensas quantidades de


informação que entra em nosso corpo e é processada. Ela entra por meio dos
nossos órgãos dos sentidos, vai se infiltrando corpo acima e, a cada passo,
vamos eliminando informação. Por fim, a que chega à superfície da consciência é
aquela que mais atende a nossos interesses” (ARNTZ, William; CHASSE, Betsy;
VICENTE, Mark. Quem somos nós? A descoberta das infinitas possibilidades
de alterar a realidade diária. Trad. Doralice Lima. Rio de Janeiro: Prestígio, 2007,
p. 46).

41 Ver ESTRATÉGIA 6: à procura da receita ideal.


42 “Nosso comportamento também influencia nossos pensamentos e nossos
sentimentos. Quando nos comprometemos a concentrar atenção, tempo, esforço
e outros recursos em alguém ou algo durante um certo tempo, começamos a
desenvolver sentimentos pelo objeto de nossa atenção, ou, em outras palavras,
nos tornamos ‘ligados’ a ele” (HUNTER, James C. O monge e o executivo.
Trad. Maria da Conceição Magalhães. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 112).

43KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 3 ed. São


Paulo: Perspectiva, 1992, p. 257-280.

44HAWKING, Stephen. O universo numa casca de noz. 3. ed. Trad. Ivo


Korytowski. São Paulo: Arx, 2001, p. 3-65.

45 HAWKING, Stephen; MLODINOW, Leonard. Uma nova história do


tempo. Trad. Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2005, p.
91-107.

46 “Cada era, cada geração possui premissas assumidas – o mundo é plano, o


mundo é redondo. Há centenas de premissas ocultas, coisas consideradas
verdadeiras, que podem ou não ser reais. Na grande maioria dos casos, esses
conceitos sobre a realidade – que fazem parte do paradigma dominante ou da
visão do mundo – não são corretos. Assim, se a história servir como guia, muitas
das nossas certezas de hoje sobre o mundo simplesmente não são verdade”
(ARNTZ, William; CHASSE, Betsy; VICENTE, Mark. Quem somos nós? A
descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. Trad. Doralice
Lima. Rio de Janeiro: Prestígio, 2007, p. 6).

47 “O Ponto da Virada é a biografia de uma ideia, que é muito simples: a melhor


maneira de compreender o surgimento das tendências da moda, o fluxo e refluxo
das ondas de crimes, assim como a transformação de livros desconhecidos em
best-sellers, o aumento do consumo de cigarros por adolescentes, os fenômenos
da propaganda boca a boca ou qualquer outra mudança misteriosa que marque o
dia a dia, é pensar em todas elas como epidemias. Ideias, produtos, mensagens e
comportamentos se espalham como vírus” (GLADWELL, Malcolm. O ponto da
virada. Trad. Talita Macedo Rodrigues. Rio de Janeiro: Sextante, 2009, p. 12-
13).

48 Ver ESTRATÉGIA 6: à procura da receita ideal.

49 Ver ESTRATÉGIA 26: prioridades eleitas.


50 Ver ESTRATÉGIA 27: dia ou noite?

51GORE, Al. Uma verdade inconveniente: o que devemos saber (e fazer)


sobre o aquecimento global. Trad. Isa Mara Lando. São Paulo: Manole, 2006, p.
10.

52 Este assunto é abordado com mais profundidade na ESTRATÉGIA 49: prova


objetiva (dicas).

53 Com o tempo adquirimos experiência e notamos diferenças substanciais no


estilo das provas elaboradas por diferentes entidades. Algumas confeccionam
questões com maior atenção a pequenos detalhes; outras elaboram-nas com
enunciados extensos.

54RODRIGUES, Ernesto. Ayrton: o herói revelado. Rio de Janeiro: Objetiva,


2004, p. 47.

55 SUN-TZU. El arte de la guerra. Trad. Roberto Curto. Buenos Aires:


Longseller S.A., 2004, p. 29.

56 “O medo de pensar diferente tem engessado mentes brilhantes. Muitos


profissionais empresários, executivos, estudantes têm asfixiado suas ideias
debaixo do manto da timidez e da insegurança. A inteligência sempre precisou do
oxigênio da audácia para respirar” (CURY, Augusto. Nunca desista de seus
sonhos. 5 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 96-97).

57 Ao prestigiar a boa redação devemos sempre ter em mente a clareza de nossa


escrita. Vladimir Passos de Freitas, em seu excelente Curso de Direito: antes,
durante e depois, salienta que “Palavras de pouco uso como, por exemplo,
objurgado, devem ser evitadas. Não auxiliam na compreensão do texto e, em vez
de cultura, demonstram a necessidade de exibição de conhecimentos. E, pior
ainda é quando estes conhecimentos não existem, fato que transparece
nitidamente ao leitor mais atento” (FREITAS, Vladimir Passos de. Curso de
Direito: antes, durante e depois. Campinas: Millenium, 2006, p. 13).

58 Não nos esqueçamos de que o improviso fez, faz e sempre fará parte de
nossas vidas: “Não existe meio de verificar qual é a decisão acertada, pois não
existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação.
Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado” (KUNDERA, Milan.
A insustentável leveza do ser. Trad. Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca.
São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 14).

59Promotor de Justiça no Estado do Paraná; Juiz Federal Substituto no Tribunal


Regional Federal da 4.ª Região; Professor da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (PR).

60 A legislação brasileira não exigia o exercício, por três anos, de profissão


privativa de bacharel em Direito como condição de acesso ao cargo de Promotor
de Justiça.

61 A palavra preocupação, formada pelas estruturas pré + ocupação, representa


estado de consciência no qual a pessoa está antecipadamente nervosa, ou seja,
pré ocupando-se com situações que sequer aconteceram. Como o futuro nos é
imprevisível, pode ser que as coisas que nos pré ocuparam não aconteçam.
Nesse caso pré ocupamo-nos à toa. Pode ser que as coisas ocorram exatamente
da forma como pré ocuparam nosso imaginar. Nesse caso a pré ocupação fará
com que vivenciemos a situação em dose dupla.

62 “Evidentemente, não é necessário vestir-se ou comportar-se como um


personagem saído de um filme de Carlos Gardel. Mas é imprescindível adaptar-se
às convenções sociais” (FREITAS, Vladimir Passos de. Curso de Direito:
antes, durante e depois. Campinas: Millenium, 2006, p. 51).

63ROBBINS, Anthony. Poder sem limites: o caminho do sucesso pessoal pela


programação neurolinguística. Trad. Muriel Alves Brazil. 49 ed. São Paulo: Best
Seller, 2003, p. 165.

64 “Diferentes alimentos são digeridos de modos diferentes. Alimentos com amido


(arroz, pão, batata e outros) requerem um meio digestivo alcalino, que a princípio
é suprido na boca, pela enzima ptialina. Alimentos proteicos (carnes, laticínios,
nozes, sementes e semelhantes) requerem um meio ácido para a digestão –
ácido hidroclorídrico e pepsina. Agora, é uma lei da química que os meios
contrários (ácido e alcalino) não podem trabalhar ao mesmo tempo. Um neutraliza
o outro. Combinações incompatíveis de alimentos roubam sua energia. Lembra-se
de como se sentiu depois de ter saído arrastado da ceia de Natal no ano
passado?” (ROBBINS, Anthony. Poder sem limites: o caminho do sucesso
pessoal pela programação neurolinguística. Trad. Muriel Alves Brazil. 49 ed. São
Paulo: Best Seller, 2003, p. 173).
65 “O motivo mais proeminente para que os pacientes me procurem é obter mais
energia. Estão cansados de se sentir cansados! É possível mudar tudo isso. Não
é preciso continuar cansado. Para elevar ao máximo a energia, precisamos incluir
certos alimentos na nossa dieta, principalmente aqueles que estimulam o
metabolismo e sustentam níveis constantes de energia” (MACKEITH, Gillian.
Você é o que você come: o poder da alimentação natural. Trad. Jussara
Simões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p. 102).

66 Dizer não à mesa pode ofender. Use, então, como táticas: “daqui a pouco” ou
“quem sabe mais tarde”.

67 “O Brasil é um país tropical com imensa variedade de frutas. Frutas


maravilhosas e extremamente saborosas. Deve-se voltar a atenção para seu
consumo. Quem ainda não está habituado deve saboreá-las delicada e
vagarosamente, sempre atento ao incrível gosto de cada fruta. São de fácil
digestão, não sobrecarregam o organismo e são excelentes combustíveis para o
dia a dia” (RIBEIRO, Nuno Cobra. A semente da vitória. 39 ed. São Paulo:
SENAC, 2003, p. 107).

68 “Os alimentos que consumimos são iguais a combustível. Dão ao nosso corpo
a energia de que precisa para funcionar bem. Quem não faz questão de que o
combustível que alimenta o corpo seja da melhor qualidade ou quantidade não se
sente tão saudável quanto poderia” (MACKEITH, Gillian. Você é o que você
come: o poder da alimentação natural. Trad. Jussara Simões. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005, p. 12).

69“O movimento funciona como uma espécie de cutucão que o organismo recebe
para trabalhar melhor. Essa cutucada o faz reagir, levando-o à transformação e ao
desenvolvimento” (RIBEIRO, Nuno Cobra. A semente da vitória. 39 ed. São
Paulo: SENAC, 2003, p. 147).

70MCARDLE, William; KATCH, Frank; KATCH, Victor. Exercise physiology:


energy, nutrition, and human performance. 5. ed. New York: Lippincott, Williams &
Wilkins Inc., 2001, p. 258-464.

71 “A vida é movimento. E é esse movimento o responsável por beneficiar seu


corpo e enriquecer seu cérebro. É muito difícil uma pessoa que faz movimento
ficar deprimida – não dá para sentir-se triste com tantos hormônios de altíssima
qualidade que são fabricados graças ao trabalho com o corpo” (RIBEIRO, Nuno
Cobra. A semente da vitória. 39 ed. São Paulo: SENAC, 2003, p. 133).

72 “Seja qual for a fase que se atravessa na vida, de estudante, de profissional


inserido no mercado ou até de aposentado, é essencial manter boa saúde física e
mental”. “Em suma, quem se prepara para concurso pode fazer intervalos
regulares a cada duas horas e dar uma pequena caminhada para arejar a mente”
(FREITAS, Vladimir Passos de. Curso de Direito: antes, durante e depois.
Campinas: Millenium, 2006, p. 66).

73RAMACHÁRACA, Yogue. A ciência hindu-yogue da respiração: manual


da filosofia oriental sobre a respiração e seu desenvolvimento físico, mental,
psíquico e espiritual. 14. ed. rev. São Paulo: Pensamento, 1963, p. 17.

74RAMACHÁRACA, Yogue. A ciência hindu-yogue da respiração: manual


da filosofia oriental sobre a respiração e seu desenvolvimento físico, mental,
psíquico e espiritual. 14. ed. rev. São Paulo: Pensamento, 1963, p. 16-20.

75SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na


pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2003.

76“É indiscutível que uma pessoa com maior capacidade de oxigenação terá um
cérebro potencialmente mais capaz e poderá fazer um trabalho mais pleno e
equilibrado” (RIBEIRO, Nuno Cobra. A semente da vitória. 39 ed. São Paulo:
SENAC, 2003, p. 57).

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