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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA


SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA

COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA

CONTEUDISTAS
Ricardo de Oliveira Betat
Gelson Luis Garcia
Wilmen Vieira
João Moreira Lobo

REFORMULADOR
Daniel Pinheiro Spinelli

CÂMARA TÉCNICA/REVISORES
Thiago César Fagundes Santos
Viviane Oliveira Rodrigues

REVISÃO PEDAGÓGICA
Gizele Ferreira dos Santos Siste

SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO
Lúcio André Amorim
Renato Antunes dos Santos

DESIGNER
Ozandia Castilho Martins
Fagner Fernandes Douetts
Renato Antunes dos Santos

DESIGNER INSTRUCIONAL
Wagner Henrique Varela da Silva

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Sumário
Apresentação do Curso ............................................................................................... 8

Objetivos do Curso .................................................................................................... 12

Estrutura do Curso .................................................................................................... 12

Módulo I - LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO .................................................................. 15

Apresentação do módulo ....................................................................................... 15

Objetivos do módulo .............................................................................................. 15

Estrutura do módulo .............................................................................................. 16

Aula 1 - Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos .................. 17

1.1 Compreendendo as categorias .................................................................... 21

Aula 2 - Documentação exigida para condutor e veículo; Sinalização Viária ........ 45

2.1 Documentos exigidos para o veículo............................................................ 46

2.2 Documentação do condutor ......................................................................... 51

2.3 Sinalização Viária ......................................................................................... 54

AULA 3 — Infrações, crimes de trânsito e penalidades ............................................ 60

3.1 Infrações ...................................................................................................... 61

3.2 Penalidades ................................................................................................. 65

3.3 Crimes de Trânsito ....................................................................................... 70

AULA 4 — Regras gerais de estacionamento, parada e circulação .......................... 79

4.1 Estudo de Caso ............................................................................................ 80

4.2 Estacionamento e Parada ............................................................................ 81

4.3 Circulação .................................................................................................... 84

4.4 Principais normas de circulação e conduta, referentes à condução de veículos


de emergência ................................................................................................... 86

AULA 5 — Legislação Específica e responsabilidades do condutor de veículo de


emergência. ........................................................................................................... 92

5.1 Estudo de Caso ............................................................................................ 92

3
5.2 Veículos de Emergência .............................................................................. 94

5.3 Legislação específica para veículos de emergência .................................... 95

Finalizando ............................................................................................................ 99

Módulo II - DIREÇÃO DEFENSIVA ......................................................................... 100

Apresentação do módulo ..................................................................................... 100

Objetivos do módulo ............................................................................................ 100

Estrutura do módulo ............................................................................................ 101

Aula 1 - Direção defensiva: mais que um conceito, um ato de cidadania ............ 102

1.1 Dados e informações sobre o trânsito ........................................................ 104

1.2 Definindo Direção Defensiva ...................................................................... 110

1.3 A importância do comportamento seguro na condução de veículos


especializados.................................................................................................. 111

AULA 2 — Condições adversas: como reduzir os riscos ..................................... 118

2.1 Tipos de condições adversas ..................................................................... 119

AULA 3 — Comportamento seguro na condução de veículos de emergência .... 135

3.1. Definindo acidente de trânsito ................................................................... 135

3.2 Acidente evitável ou não evitável ............................................................... 136

3.3 A importância de ver e ser visto ................................................................. 137

3.4 A importância do comportamento seguro na condução de veículos


especializados.................................................................................................. 140

3.5 Comportamento seguro e comportamento de risco — diferença que pode


poupar vidas..................................................................................................... 142

3.6 Como ultrapassar e ser ultrapassado......................................................... 144

3.7 Principais causas de acidentes de trânsito ................................................ 149

3.8 Como evitar acidentes com outros veículos — Tipos de acidentes e como
evitá-los ............................................................................................................ 149

3.9 O acidente de difícil identificação da causa (Colisão Misteriosa): .............. 153

4
3.10 Como evitar acidentes com pedestres e outros integrantes do trânsito
(motociclistas, ciclistas, carroceiros, esqueitistas) ........................................... 156

Finalizando .......................................................................................................... 167

MÓDULO III — NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS, RESPEITO AO MEIO


AMBIENTE E CONVÍVIO SOCIAL .......................................................................... 169

Apresentação do módulo ..................................................................................... 169

Objetivos do módulo ............................................................................................ 170

Estrutura do módulo ............................................................................................ 171

AULA 1 - Primeiras providências ......................................................................... 172

1.1 Gerenciamento de risco: primeiras ações .................................................. 172

AULA 2 — Cinemática do Trauma ....................................................................... 184

2.1 Colisão frontal ............................................................................................ 185

2.2 Colisão traseira .......................................................................................... 186

2.3 Colisão transversal ..................................................................................... 187

2.4 Capotamento .............................................................................................. 188

AULA 3 — ‫ؙ‬Verificação das condições gerais da vítima de acidente ou do enfermo


............................................................................................................................. 189

3.1 EPI Básico para socorro às vítimas............................................................ 189

3.2 ABC da vida para Suporte Básico de Vida (SBV) — Exame Primário ....... 194

3.3 Controle da cervical.................................................................................... 202

AULA 4 — Controle de hemorragias ................................................................... 203

4.1 Hemorragias externas ................................................................................ 204

4.2 Choque....................................................................................................... 208

4.3 Cuidados com a vítima ou enfermo (o que não fazer)................................ 210

AULA 05 — Respeito ao Meio Ambiente ............................................................. 211

5.1 O veículo como agente poluidor do meio ambiente ................................... 212

5.2 Regulamentação do CONAMA sobre poluição ambiental causada por veículos


......................................................................................................................... 214

5
5.3 Manutenção preventiva do veículo para preservação do meio ambiente:.. 219

5.4 Infrações e crimes que têm relação com a poluição .................................. 220

AULA 06 — Noções de convívio social ............................................................... 222

6.1 O indivíduo, o grupo e a sociedade ............................................................ 223

6.2 Relacionamento interpessoal ..................................................................... 225

6.3 O indivíduo como cidadão .......................................................................... 227

6.4 A responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB............................ 228

Finalizando .......................................................................................................... 229

MÓDULO IV — RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ......................................... 231

Apresentação do módulo ..................................................................................... 231

Objetivos do módulo ............................................................................................ 232

Estrutura do módulo ............................................................................................ 232

AULA 1 — Aspectos de comportamento e de segurança na condução de veículos


de emergência ..................................................................................................... 233

1.1 O impacto da qualidade das relações interpessoais no ambiente de trabalho


do profissional de segurança pública ............................................................... 233

1.2 Comportamento preventivo versus comportamento de risco ..................... 237

1.3 Urgência ..................................................................................................... 239

1.4 Equilíbrio emocional ................................................................................... 241

1.5 Síndrome de Burnout ................................................................................. 243

1.6 Agressividade e insegurança no trânsito.................................................... 247

1.7 Fatores relacionados à agressividade ........................................................ 248

AULA 2 — Comportamento solidário no trânsito ................................................. 252

2.1 Convivência................................................................................................ 253

2.2 Por que conviver? ...................................................................................... 258

AULA 3 — O condutor e os demais atores do processo de circulação ............... 260

3.1 Tolerância .................................................................................................. 263

3.2 Intolerância................................................................................................. 264

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AULA 4 — As Normas de segurança no trânsito e os agentes de fiscalização de
trânsito ................................................................................................................. 266

4.1 Respeito aos outros ................................................................................... 266

4.2 Respeito às normas estabelecidas para segurança no trânsito ................. 269

4.3 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito ......................................... 271

AULA 5 — Atendimento aos usuários ................................................................. 273

5.1 Características dos usuários de veículos de emergência .......................... 273

5.2 Expectativas dos usuários.......................................................................... 275

5.3 Atendimento às diferenças e especificidades dos usuários (pessoas com


necessidades especiais, pessoas de determinadas faixas etárias/de outras
condições) ........................................................................................................ 276

5.4 Trauma ....................................................................................................... 278

5.5 Cuidados especiais e atenção que devem ser dispensados aos passageiros
e aos outros atores do trânsito, na condução de veículos de emergência ....... 279

Finalizando .......................................................................................................... 280

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 282

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Apresentação do Curso

Caro(a) aluno(a),

Olá!

Seja bem-vindo(a) ao curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE)!

Nós, da Rede EaD-Segen, estamos muito felizes em poder disponibilizar esta


capacitação para os profissionais que integram o Sistema Único de Segurança Pública
(Susp).

De antemão, pedimos licença para adotar um tom mais informal ao longo do


curso; isso porque pretendemos tornar a sua experiência de aprendizagem mais leve
e dinâmica, dessa forma você poderá ter um contato mais próximo com as lições e
com as experiências compartilhadas pelos conteudistas. Trata-se de um material
especialmente pensado para você, agente do Susp que conduz viaturas em geral,
unidades de resgate e de atendimento, que presta serviços de urgência e emergência
que se preocupa com seu bem-estar e com o de terceiros. Além disso, o curso é uma
exigência legal prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas você já se
perguntou qual a importância desse curso?

Saiba que não se trata de mera formalidade. É uma estratégia, na verdade,


que busca reduzir a violência e as fatalidades registradas no trânsito. Assim sendo, a
lei considera essencial preparar o condutor para o adequado exercício da atividade
profissional.

O treinamento e a constante capacitação dos agentes por meio de cursos


especializados são importantes medidas de segurança para si e para terceiros.

O trânsito de viaturas, ambulâncias ou unidades de resgate, por exemplo,


possuem prerrogativas que outros veículos não detêm. As excepcionalidades,
portanto, demandaram tratamento especial pelo legislador.

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Haja vista a natureza emergencial dos serviços, o atendimento ao cidadão
deverá se dar num curto espaço de tempo, e a demora em responder alguns pedidos
de ajuda pode resultar na continuação da vida ou na morte de alguém.

O CTB, ciente dessa necessidade, conferiu algumas prerrogativas para o


trânsito e para a circulação desses veículos.

No atendimento de emergências, o legislador definiu que algumas normas não


são aplicáveis aos seus condutores. Trata-se, portanto, de uma previsão que deve
obedecer a condicionalidades específicas e que devem ser analisadas pelo condutor,
quase sempre em situações de estresse, sob forte emoção.

Determinar a velocidade, a escolha da faixa, a mudança na direção ou a


parada repentina de um veículo de emergência deve ocorrer, na maioria das vezes,
em frações de segundos. Trata-se de decisão técnica que requer perícia e treinamento
do condutor, sempre em busca da segurança pessoal e de terceiros.

Você deve ter percebido, a essa altura, que a condução desses veículos
envolve grandes responsabilidades e a atividade, portanto, exige a aprovação em
curso especializado. Nesse sentido, a característica principal da especialização é a
qualificação prévia para seu exercício. Esse é um assunto que não costuma pautar as
discussões em quartéis ou delegacias, por exemplo. Isso se deve, em grande parte,
por conta da própria natureza da função desempenhada, na qual dirigir assume um
status de tamanha normalidade que se incorpora à rotina do operador de segurança.
Dirigir se torna mecânico e deixa de contar com a atenção necessária do motorista.

A situação é diferente, porém, quando um colega, ou até mesmo você,


envolve-se em um acidente. A partir daí, o tema toma conta das unidades de trabalho
e, muitas vezes, da própria vida do agente. Então, o que se vê em seguida é uma
sucessão de fatos que prejudicam o relacionamento pessoal e profissional e a saúde
dos envolvidos.

Procedimentos administrativos são abertos e, algumas vezes, ações civis e


criminais acontecem paralelamente. Ocorrem licenças médicas, desgaste físico e
mental, afastamentos para o comparecimento em oitivas e em tratamentos médicos.

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Nesse momento, aparecem as perguntas: o que poderia ter sido feito? Como evitar
novos casos?

Atualmente, o Brasil sofre com um tipo de violência diferente daquela


abordada nas páginas policiais dos jornais, uma violência distinta daquela
comumente combatida pela segurança pública. Trata-se da violência no trânsito.

Acidentes no trânsito são a terceira maior causa de mortes no mundo (ficando


atrás apenas das doenças cardíacas e do câncer), e o número de óbitos decorrentes
da violência pública no Brasil praticamente se iguala àquele registrado devido a
acidentes de trânsito, conforme levantamento feito pelo Observatório Nacional de
Segurança Viária.

Dessa forma, como sugestão, solicitamos que se dedique efetivamente à


leitura e siga com seus estudos em um ambiente tranquilo e de fácil concentração.
Afaste-se das distrações das redes sociais e, o mais importante: aproveite as aulas
de cabeça aberta, sem resistências desnecessárias, pois, ao disponibilizarmos o
ensino para o público adulto é notório que o interesse e autonomia são fundamentais
para o aprendizado.

Da nossa parte, buscamos a descontração e a apresentação de um conteúdo


personalizado, para atender o dia a dia do agente da segurança pública com base na
educação a distância, que permite uma melhor organização pelo aluno do tempo e do
local para sua realização. Tudo isso para que você possa despertar a curiosidade,
conservar o interesse e se identificar com o material apresentado.

Registramos que essa capacitação é destinada aos agentes do Susp que


nunca tenham realizado o curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE).
Seja pela própria Rede EaD (no antigo ambiente) ou por outro meio (presencial ou a
distância).

A validade do curso é de cinco anos, após esse período, o profissional deverá


passar por um processo de atualização frequentando o curso: Atualização de
Condutores de Veículos de Emergência (ACVE).

Alguns esclarecimentos sobre o curso:

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Ele possui 60 horas, é exclusivo para agentes que integram o Susp e
encontra-se dividido em 4 (quatro) módulos.

Observe que para o efetivo aproveitamento da capacitação é necessário que


o discente esteja com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida em qualquer
categoria.

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Objetivos do Curso

 Proporcionar ao condutor que atua no Sistema Único de Segurança Pública


condições para atuar de forma consciente, ética e legal na direção de veículos
de emergência;
 Destacar a importância de agir de forma adequada e correta no caso de
eventualidades, preparando-o para adoção de iniciativas responsáveis no
trânsito;
 Capacitar agentes para o relacionamento harmonioso com os demais
componentes do sistema viário, tais como pedestres e outros condutores; e
 Oferecer segurança no trânsito, além de conhecer, observar e aplicar
disposições contidas no CTB, na legislação de trânsito e legislação específica
sobre o transporte especializado de veículos de emergências.

Estrutura do Curso

Este curso compreende os seguintes módulos:

Módulo 1 - Legislação de Trânsito (15 horas-aula).

Módulo 2 - Direção Defensiva (15 horas-aula).

Módulo 3 - Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio


Social (15 horas-aula).

Módulo 4 - Relacionamento Interpessoal (15 horas-aula).

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Mensagem do Reformulador

Ouça o ÁUDIO 1

Caro Colega,

Desculpe-me pela intimidade, mas é que ser da segurança pública e ter a


oportunidade de desenvolver um conteúdo voltado para esse segmento torna a
atividade especial. Na realidade, somos colegas de trabalho, pessoas que lidam com
as mesmas situações e isso fica evidente durante a leitura do material.

Não quer dizer que alguém de fora do ramo da segurança pública não
pudesse ter atuado como conteudista de um curso como este; está cheio de bons
profissionais nas universidades, nas empresas e no setor público. Mas o olhar interno,
de quem vivencia o dia a dia da profissão, agrega um tipo de conhecimento da
realidade que aqueles profissionais citados anteriormente não têm. Nosso trabalho
possui particularidades, excelências e, também, as suas dificuldades.

Mas, seja você um agente da segurança pública experiente, com muitos anos
de bons serviços prestados à sociedade, seja você um novato na atividade, é possível
imaginar que tenha tido o pensamento: este curso não passa de uma besteira!
Como um curso online vai me ensinar a conduzir uma viatura policial ou uma
ambulância? Isso deve ser coisa de algum teórico que não tem o que fazer!
(Sejamos sinceros, a maioria, nesta altura do curso está pensando isso – EU estava
pensando assim quando fiz o curso pela primeira vez!)

Então, vamos a alguns esclarecimentos e combinados: o primeiro deles é:


este curso NÃO VAI ensinar você a dirigir! Muito menos ensinar a dirigir um veículo
de emergência! E nem é a finalidade dele fazer isso, até porque este é um curso
teórico. Na verdade, um dos pressupostos deste curso é que você JÁ SABE DIRIGIR!
A ideia aqui é fornecer dicas para que você possa ser um motorista mais prudente;
informações para que você conheça um mínimo de legislação para desempenhar bem

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sua função (e não se meter em problemas); e, finalmente, algumas técnicas que
podem salvar a SUA vida, a vida de seus colegas de profissão e, inclusive, a vida de
seus familiares. Nosso objetivo é ajudar você a cumprir a sua missão, finalizando seu
plantão ou turno de serviço são e salvo e sem broncas a responder! Parece bom para
você?

O segundo esclarecimento é que, sim, este curso é uma exigência legal para
a nossa profissão, prevista no art. 145, inciso IV, da Lei n. 9.503/1997, mais conhecida
como Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Se vocês forem olhar esse inciso, verão
que ele fala de dois cursos: do “curso especializado” e do “curso de prática veicular
em situação de risco”. No caso, este que você está cursando é o “curso especializado”,
que é teórico. O detalhe é que este é oferecido, lá fora (na modalidade presencial ou
a distância), por um valor de algumas centenas de reais. Aqui, a Secretaria de Gestão
e Ensino em Segurança Pública (Segen) está oferecendo a você gratuitamente,
pensando na sua capacitação!

Já o curso de prática veicular em situação de risco, apesar de ainda carecer


de uma regulamentação nacional, está sendo oferecido por algumas instituições,
como a Polícia Rodoviária Federal ou as Polícias Militares, com nomes como
“Condução Veicular Policial” ou “Condução Policial”.

O conhecimento dos dois cursos (prático e teórico) se completa. Se você tiver


oportunidade, faça o outro curso: você não vai se arrepender!

E agora, o combinado: pare de torcer o nariz e abra a sua mente! Todos


podemos aprender e crescer profissionalmente, se quisermos. Se você enxergar o
curso como uma obrigação ou como uma formalidade, seu desempenho será
prejudicado. Mas, se você vier com o espírito disposto a aprender, vai ver que aqui
tem muita coisa boa e que são aplicáveis ao SEU trabalho, ao nosso trabalho!

Por fim, desejamos a você um excelente curso! Certamente, você vai


adquirir conhecimentos úteis para a sua profissão e para a sua vida! Vocês
merecem o melhor, pois são os guerreiros e guerreiras que zelam e protegem
o nosso Brasil!

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Módulo I - LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Apresentação do módulo
Neste primeiro módulo, você estudará regras importantes relacionadas à
condução de veículos de emergência previstas na legislação de trânsito (como as
categorias de habilitação e a relação delas com os veículos, as regras de circulação,
os documentos de porte obrigatório referentes ao condutor e ao veículo, os aspectos
importantes sobre a sinalização viária etc.) e, ainda, infrações, penalidades e crimes
relacionados à direção de veículo de emergência. Daremos uma especial atenção às
modificações recentes sobre o tema, para que você possa permanecer atualizado!

Objetivos do módulo
Ao final deste módulo, o aluno deverá ser capaz de:

• Conhecer quais são as categorias de habilitação e qual a relação delas com


os veículos conduzidos;

• Saber identificar quais os veículos est apto para conduzir;

• Identificar qual a documentação exigida para o veículo de emergência e seu


condutor;

• Conscientizar-se da importância de prestar atenção à sinalização viária;

• Conhecer as principais infrações de trânsito ligadas aos veículos de


emergência;

• Revisar as principais regras gerais de estacionamento, parada e circulação;

• Conscientizar-se das responsabilidades do condutor de veículo de


emergência.

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Estrutura do módulo
Este módulo compreende as seguintes aulas:

Aula 1 — Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos;

Aula 2 — Documentação exigida para condutor e veículo; Sinalização Viária;

Aula 3 — Infrações, crimes de trânsito e penalidades;

Aula 4 — Regras gerais de estacionamento, parada e circulação; e

Aula 5 — Legislação Específica e responsabilidades do condutor de veículo de


emergência.

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Aula 1 - Categoria de habilitação e relação com veículos
conduzidos

Introdução

Caro colega profissional de segurança pública, hoje estamos iniciando o


nosso curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE). Temos certeza de que
o conteúdo estudado será útil para a sua capacitação e para seu crescimento pessoal
e profissional.

A primeira coisa que temos que nos perguntar é: eu posso conduzir um veículo
de emergência? Eu posso conduzir a viatura da corporação? Existem requisitos para
isso? Ou qualquer policial, independentemente de ter feito cursos ou treinamentos,
pode conduzir? Se o seu órgão tiver como competências o atendimento de acidentes
e o socorro de vítimas, você está habilitado para conduzir uma ambulância, caso seja
preciso?

Não se preocupe. Todas estas perguntas serão respondidas no decorrer


deste módulo!

Vamos começar. Em primeiro lugar, pegue a sua carteira de habilitação e


verifique:

● A validade da sua habilitação; e


● A categoria à qual você está habilitado.

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Figura 1: Cédula da Carteira de Motorista
Fonte: DENATRAN.

Validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH)

A validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está atrelada à validade


do Exame de aptidão física e mental. Sabia que muita gente se esquece de observar
a validade deste exame que dá validade à habilitação? Então, a primeira coisa que
devemos ter em mente é saber se a nossa CNH está dentro da validade, até porque
é infração de trânsito, de natureza gravíssima, conduzir com a CNH vencida há mais
de trinta dias.

O artigo 162, parágrafo V, do Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503/97 traz


a seguinte redação:

Art. 162. Dirigir veículo


[...] V- com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida
há mais de trinta dias:
Infração- gravíssima;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – recolhimento da Carteira Nacional de
Habilitação e retenção do veículo até apresentação de condutor
habilitado.

18
Você sabia?
A Lei n. 14.071/2020, de 13 de outubro de 2020, entrou em vigor, no dia
12 de abril de 2021. As CNHs expedidas após essa data passarão a
contar com a validade do exame de aptidão física e mental de dez anos,
para condutores com menos de 50 anos; e com a validade de cinco anos
para os condutores com idade igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e
inferior a 70 (setenta) anos de idade.

Para os condutores com idade igual ou superior a 70 (setenta) anos o


prazo de validade passa a ser de 03 (três) anos, conforme o §2, inciso III
do Artigo 147 do CTB.

Restrições da CNH

Outro fator importante é a possível existência de restrição, expressa no campo


de observações da CNH. Caso tenha encontrado uma letra isolada neste campo da
Carteira de Habilitação é sinal de que você possui alguma restrição para a condução
de veículo automotor na via pública.

Para saber a relação completa dos códigos e das restrições previstas,


devemos consultar a tabela 1, a seguir, retirada da Resolução do CONTRAN n.
425/2012, com redação dada pela Resolução do CONTRAN n. 474/2014:

Acesse o Material Complementar e confira o Anexo XV da Resolução do


CONTRAN n. 425/2012.

Vamos a alguns exemplos:

a) Um Policial Federal observa a própria CNH e percebe que no campo de


observações há uma letra “A” maiúscula. Isso indica que ele só pode conduzir
veículos automotores utilizando lentes corretivas (óculos ou lentes de contato).

19
b) Um Policial Penal observa a própria CNH e percebe que no campo de
observações há uma letra “D” maiúscula. Isso indica que ele só pode conduzir
veículos com transmissão (marcha) automática.

A violação das condições estabelecidas no campo de observações da


CNH, conforme tabela acima, configura infração de trânsito de natureza gravíssima,
prevista no art. 162, inciso VI, do CTB (com exceção das restrições “T” e “U”, punidas
com a infração do art. 195).

O artigo 162, parágrafo VI, do Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503/97


traz a seguinte redação:

Art. 162. Dirigir veículo


[...] VI- sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de
audição, de prótese física ou adaptações do veículo impostas
por ocasião da concessão ou da renovação da licença para
conduzir:
Infração- gravíssima;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – recolhimento do veículo até o
saneamento da irregularidade ou apresentação de condutor
habilitado.

O artigo 195, do Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503/97 traz a seguinte


redação:

Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autoridade


competente de trânsito ou de seus agentes:
Infração- gravíssima;
Penalidade – multa;

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Mas qual veículo você pode conduzir? Você estudará sobre essa questão
a seguir.

1.1 Compreendendo as categorias


As categorias indicam o tipo de veículo que o motorista está habilitado a dirigir.
As regras a respeito das categorias de habilitação estão definidas no artigo 143 do
Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que estabelece uma gradação entre as
categorias: “Os candidatos poderão habilitar-se nas categorias de A a E, obedecida a
seguinte gradação: [...]” (BRASIL, 1997, n.p).

Contudo, não é bem assim, uma vez que o texto do CTB é complementado
pelo anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789, de 18 de junho de 2020. Vejamos,
agora, cada uma das categorias de CNH e quais os tipos de veículos que podem ser
conduzidos com cada uma delas:

1.1.1 Categoria A
Inicialmente, vejamos o que está disposto no inciso I do art. 143 do CTB: “Art.
143. I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de duas ou três rodas, com ou
sem carro lateral” (BRASIL, 1997, n.p.).

Ou seja, a categoria A permite que o condutor conduza motocicletas e


motonetas, com motor à combustão ou elétrico, independentemente da potência do
motor, além dos triciclos motorizados, dos ciclomotores e dos ciclo-elétricos.

Saiba mais:

Conforme o Anexo I do CTB, a motocicleta é o “veículo automotor de


duas rodas, com ou sem sidecar, dirigido por condutor em posição
montada”; já a motoneta é o “veículo automotor de duas rodas, dirigido
por condutor em posição sentada.” Veja a seguir, figuras que
exemplificam os três tipos de veículos:

21
Figura 2: Motocicleta
Fonte: canva.com; SCD/EaD/Segen.

Figura 3: Motocicleta com sidecar


Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Horex_sidecar_in_Rovigo_02.JPG

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Figura 3.1: Motoneta
Fonte: canva.com; SCD/EaD/Segen.

Importante!

Complementando o CTB, o Anexo I da Resolução nº 789, de 18 de junho de


2020, diz que a categoria A pode conduzir: “Veículos automotores e elétricos, de duas
ou três rodas, com ou sem carro lateral ou semirreboque especialmente projetado
para uso exclusivo deste veículo” (BRASIL, 2020, n.p.), deixando claro que a categoria
A também permite a condução de motocicletas e motonetas elétricas e o
tracionamento de semirreboques especialmente projetados e para uso exclusivo
desses veículos.

Os ciclomotores, que são veículos que possuem motor de combustão interna


com no máximo 50 cilindradas e atingem no máximo 50 km/h, e os ciclo-elétricos
também podem ser conduzidos por condutor que possua a Autorização para Conduzir
Ciclomotores (ACC), que é uma espécie de habilitação “simplificada”. Lembrando que
os ciclomotores também estão incluídos no rol de veículos que podem ser conduzidos
com a categoria “A”.

23
Quando o veículo possuir quatro ou mais rodas, não será mais possível
conduzi-lo apenas com a categoria A, será necessária uma categoria “superior”.
Contudo, se você possuir a categoria B, C, D ou E, não está autorizado a conduzir
veículos da categoria A.

Assim, você verificará que até há uma gradação entre as categorias, mas
apenas a partir da categoria B. Deste modo, a categoria C é superior à B; a D é
superior à C e B; e a E é superior às demais. Isso quer dizer que se você possui
habilitação em uma categoria superior pode conduzir veículos da(s) categoria(s)
inferior(res), com exceção da categoria A. Esta categoria, por sua vez, engloba a
ACC.

Por isso, o condutor habilitado a conduzir qualquer tipo de veículo terá,


em sua carteira de habilitação, no campo destinado à categoria, a anotação AE,
pois se o veículo tiver duas ou três rodas ele precisará da categoria A.

Mas, você pode se perguntar: existem veículos de emergência abrangidos


pela categoria A? A resposta é sim! As motocicletas utilizadas pelas polícias para as
atividades de escolta/batedor, policiamento ostensivo e patrulhamento ostensivo são,
sim, veículos de emergência.

Figura 4: Motocicletas Harley Davidson utilizadas pela Polícia Rodoviária Federal


Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_Rodoviária_Federal#/media/Ficheiro:Motociclista_PRF01.jpg.

24
Figura 5: Motocicletas utilizadas pela Polícia Militar do Piauí
Fonte: https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/policia-amplia-projeto-voltado-para-policiamento-com-
motos.ghtml.

1.1.2 Categoria B

Conforme o inciso II do Art. 143 do CTB, a categoria B autoriza você a


conduzir veículo “motorizado, não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total
não exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito
lugares, excluído o do motorista” (BRASIL, 1997, n.p.); ou seja, com capacidade para
até nove ocupantes.

Boa parte dos concursos públicos para ingresso nas instituições de segurança
pública já preveem, como requisito, que o candidato seja habilitado na categoria B.
Talvez tenha sido esse o seu caso.

Assim, é necessário verificar dois requisitos para se certificar de que você,


habilitado na categoria B, pode conduzir determinado veículo. São eles:

• Número de ocupantes (capacidade total);

• Peso Bruto Total (PBT).

Veja sobre cada um deles!

25
Número de ocupantes (capacidade total)

Para saber a capacidade total de ocupantes de um veículo, devemos verificar


o seu Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). O CRLV, seja no
documento impresso, seja no documento eletrônico, traz, no campo “lotação”, a
indicação precisa a respeito do número de ocupantes do veículo. Caso o condutor não
esteja portando o CRLV, será necessário consultar bancos de dados informatizados
para verificar esta informação. É baseada na informação do documento que a
fiscalização verifica a correspondência entre a habilitação do condutor e o veículo
conduzido.

Figura 6: CRLV (padrão novo) com destaque ao número de ocupantes do veículo


Fonte: https://www.detran.mg.gov.br/veiculos/documentos-de-veiculos/crlv-digital.

Peso bruto total (PBT)

Antes de mais nada, cabe uma explicação do que é o Peso Bruto Total (PBT)
e como chegamos a esse número.

Primeiramente, temos que saber o conceito de Tara, que é o “peso próprio do


veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e equipamento, do combustível, das
ferramentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido
de arrefecimento, expresso em quilogramas.” (Conforme Anexo I do CTB).

Também precisamos saber o conceito de Lotação, que é a “carga útil máxima,


incluindo condutor e passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas

26
para os veículos de carga, ou número de pessoas, para os veículos de passageiros.”
(Conforme Anexo I do CTB).

Já o Peso Bruto Total (PBT), nada mais é do que o peso do veículo (tara)
+ capacidade de carga do veículo.

Mas o PBT nem sempre está expresso no CRLV, apesar de haver um campo
destinado ao registro da capacidade. Além disso, esse registro, na maioria das vezes,
não é preciso, haja vista ser preenchido de modo diverso pelos órgãos de trânsito.

Para saber qual o PBT você tem duas opções:

a) Verificar o manual do proprietário do veículo.

b) Procurar uma plaqueta, com a indicação de Tara e PBT, afixada no veículo.


Esta segunda opção é válida especialmente para os veículos de carga.

Figura 7: Plaqueta
Fonte: do conteudista.

Deixando claros os critérios, vamos agora falar dos tipos de veículos que
podem ser conduzidos com a CNH de categoria B.

Automóvel

O tipo de veículo mais comum que pode ser conduzido pelo condutor com a
categoria B é o Automóvel. Conforme o CTB, quando o veículo é destinado ao
transporte de passageiros e a sua lotação não exceda oito lugares, excluído o

27
condutor (9 ocupantes), ele é chamado de automóvel. Boa parte das viaturas que
utilizamos em nossas atividades policiais se enquadram como automóveis.

Figura 8: Viatura utilizada pela Polícia Federal


Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADcia/mais-de-500-novas-
viaturas-blindadas-ser%C3%A3o-entregues-%C3%A0-pol%C3%ADcia-federal-1.519272

Figura 9: Viatura da Polícia Ferroviária Federal


Fonte: SILVA (2012).

O quadriciclo é um tipo de ciclo motorizado que possui quatro rodas. Devido


a esta particularidade, a sua categoria de habilitação é a B. Existem dois tipos de
quadriciclos: os de cabine aberta e os de cabine fechada.

Veja o que diz a Resolução do Contran nº 573/2015 - Art. 2º, inciso I.

Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, entende-se como


quadriciclos de cabine aberta:
I - o veículo automotor com estrutura mecânica similar às
motocicletas, possuindo eixo dianteiro e traseiro, dotado de
quatro rodas, com massa em ordem de marcha não superior a
400kg, ou 550kg no caso do veículo destinado ao transporte de

28
cargas, excluída a massa das baterias no caso de veículos
elétricos, cuja potência máxima do motor não seja superior a
15kW.

Figura 10: Quadriciclos de cabine aberta


Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/quadriciclo-4-rodas-ve%C3%ADculo-sujeira-1604190/.

Por sua vez, o quadriciclo de cabine fechada, também conhecido como UTV
(Utility Task Vehicle):

Veja o que diz a Resolução do Contran nº 573/2015 - Art. 2º, inciso II:

II - o veículo automotor elétrico com cabine fechada, possuindo


eixo dianteiro e traseiro, dotado de quatro rodas, com massa em
ordem de marcha não superior a 400kg, ou 550kg no caso do
veículo destinado ao transporte de cargas, excluída a massa das
baterias, cuja potência máxima do motor não seja superior a
15kW.

29
Figura 11: Quadriciclo de Cabine Fechada (UTV)
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/utilit%C3%A1rio-ve%C3%ADculo-do-terreno-utv-
2539173.

Por fim, uma última informação sobre os quadriciclos.

Veja o que diz a Resolução do Contran nº 573/2015, Art. 4º, inciso IV:

Art. 4º Devem ser observados os seguintes requisitos de


circulação nas vias públicas para os veículos previstos no Art. 3º
desta Resolução:
IV - Circulação restrita às vias urbanas, sendo proibida sua
circulação em rodovias federais, estaduais e do Distrito Federal.

Caminhonete

Conforme o anexo I do CTB, o veículo de carga com PBT de até 3.500 kg é


definido como caminhonete. É importante, aqui, saber fazer a distinção entre
caminhonete, camioneta e utilitário.

Conforme já vimos, a caminhonete é um veículo de carga.

Veja o que diz o Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro, a definição de


Veículo de Carga:

30
VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte de
carga, podendo transportar dois passageiros, exclusive o
condutor.

Todas as caminhonetes podem ser conduzidas com CNH na categoria B. No


entanto, em razão da limitação da capacidade de passageiros, não é comum a
utilização de caminhonetes como viaturas policiais.

Figura 12: Caminhonete


Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fiat_Strada_1.4_Trekking_2012_(12825350303).jpg.

Camioneta

Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, a camioneta é um “veículo misto


destinado ao transporte de passageiros e carga no mesmo compartimento” (BRASIL,
1997, n.p). Logo, o que caracteriza as camionetas é a inexistência de separação física
entre o habitáculo de passageiros e o compartimento de carga.

A maioria das camionetas possui PBT inferior a 3500 kg; logo, podem ser
conduzidas por condutor habilitado na categoria B. No entanto, existem algumas
exceções. Na dúvida, consulte o PBT do veículo antes de conduzir.

31
Figura 13: Camioneta utilizada pela Polícia Civil de SP
Fonte: https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2019/08/novo-departamento-de-elite-da-
policia-civil-de-sp-comeca-a-funcionar.shtml.

Figura 14: Camioneta utilizada pela Polícia Rodoviária Federal


Fonte:
https://estadodeminas.vrum.com.br/app/noticia/noticias/2013/07/31/interna_noticias,48081/chevrolet-
trailblazer-passa-a-integrar-a-frota-da-policia-rodoviaria-federal.shtml.

Utilitário

Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, o utilitário é um “veículo misto


caracterizado pela versatilidade do seu uso, inclusive fora de estrada” (BRASIL, 1997,
n.p). Trocando em miúdos, podemos afirmar que, nos utilitários, diferentemente das

32
camionetas, há uma separação física entre o compartimento de carga e o habitáculo
dos passageiros.

A maioria dos utilitários possui PBT inferior a 3500 kg, logo, podem ser
conduzidas por condutor habilitado na categoria B. No entanto, assim como no caso
das camionetas, existem algumas exceções. Na dúvida, consulte o PBT do veículo
antes de conduzir.

Figura 15: Ford/Ranger utilizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do estado de Santa
Catarina
Fonte: https://notiserrasc.com.br/tv-ns-corpo-de-bombeiros-adquire-nova-viatura/

Figura 16: Viatura da Polícia Penal do estado do Ceará


Fonte: https://jcconcursos.uol.com.br/noticia/concursos/concurso-policia-penal-ce-80381

Nota: Alguns órgãos de trânsito, por desconhecimento da


legislação, costumam embaralhar os conceitos de caminhonete,
camioneta e utilitário. Logo, pode ser que, na sua prática, você

33
encontre veículos registrados de modo diverso ao que está previsto
na legislação.

Conforme exposto anteriormente, não significa que o condutor habilitado na


categoria B poderá conduzir apenas automóvel, quadriciclo ou caminhonete. Não é
isso. Mas, é correto afirmar que se o veículo for um automóvel, um quadriciclo ou uma
caminhonete, certamente a habilitação exigida será, no mínimo, a categoria B, em
virtude da definição destes veículos.

No caso das camionetas, dos utilitários e dos veículos especiais


(ambulâncias), por exemplo, para saber se você pode conduzi-los com CNH de
categoria B, é necessário verificar o PBT e a lotação do veículo.

Observação: existem algumas exceções às regras apresentadas


anteriormente. A Lei n. 12.452/2011 alterou o CTB e autorizou os condutores da
categoria B a conduzirem veículos do tipo motor-casa de até 6.000 kg, cuja lotação
não exceda a oito lugares, excluído o condutor. E, por sua vez, a alteração da Lei n.
13.097/2015 autorizou a condução, com categoria B, de tratores de roda e de
equipamentos automotores destinados a executar trabalhos agrícolas.

1.1.3 Categoria C

Conforme previsão legal do art. 143, inciso III, do CTB, a categoria C permite
conduzir “veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas”.

É importante dizer que não existe limite de peso para o condutor da categoria
C. Assim, um caminhão do tipo simples, ou seja, que não está rebocando nenhum
outro veículo, pode ter qualquer PBT e ainda assim poderá ser conduzido com a
categoria C.

34
Importante!

O anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020 deixa bem claro que o


condutor habilitado na Categoria C pode conduzir todos os veículos da categoria B.

Embora os veículos da categoria C normalmente não sejam utilizados para


atividades ordinárias de policiamento e patrulhamento ostensivo, eles costumam ser
utilizados para atividades específicas como combate a incêndios, recolhimento de
animais ou reboque de veículos.

IMPORTANTE!
Como o anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020
deixa bem claro que o condutor habilitado na Categoria C pode
conduzir todos os veículos da categoria B.

Embora os veículos da categoria C normalmente não


sejam utilizados para atividades ordinárias de policiamento e
patrulhamento ostensivo, eles costumam ser utilizados para
atividades específicas como combate a incêndios, recolhimento
de animais ou reboque de veículos.

35
Figura 17: Caminhão do Corpo de Bombeiros do Paraná
Fonte: http://www.bombeiros.pr.gov.br/Noticia/Caminhao-de-Bombeiros-de-alta-tecnologia-reforcara-
atendimentos-em-Curitiba-e-regiao.

Figura 18: Caminhão-prancha utilizado pela Polícia Militar do Distrito Federal


Fonte: http://www.pmdf.df.gov.br/index.php/institucionais/26284-pmdf-recebe-novos-caminhoes-
guincho.

O CTB, ao se referir à categoria C, menciona apenas veículos de carga com


PBT superior a 3500 kg, mas, na prática, é necessário entender que qualquer veículo
— seja de carga ou não — com PBT superior a 3.500 kg necessita de condutor da
categoria C — exceto motor-casa — salvo quando há a exigência de categoria
superior.

36
As camionetas, utilitários e veículos especiais cujo PBT supera 3500 kg
devem ser conduzidas por condutor habilitado, no mínimo, na categoria C.

Exemplificando:

Figura 19: Ambulância veículo com PTB de 4.000 kg


Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_de_Atendimento_M%C3%B3vel_de_Urg%C3%AAncia#/
media/Ficheiro:SAMU_(5641372633).jpg.

Na foto, vemos um veículo com PBT de 4.000 kg adaptado para ser utilizado
como ambulância. Não é um veículo da espécie carga, mas sim definido como
especial. Mesmo não sendo de carga, para conduzi-lo será necessária a categoria C,
pois ultrapassa o limite de PBT da categoria B.

Por fim, o trator de roda (exceto os tratores agrícolas, para os quais se exige
categoria B), o trator de esteira, o trator misto ou o equipamento automotor destinado
à movimentação de cargas ou à execução de trabalho agrícola, de terraplenagem, de
construção ou de pavimentação só podem ser conduzidos na via pública por condutor
habilitado, no mínimo, na categoria C (conforme Art. 144, caput, do Código de Trânsito
Brasileiro).

37
1.1.4 Categoria D
Conforme previsão legal do Art. 143, inciso IV, do CTB, a categoria D permite
conduzir “veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação
exceda a oito lugares, excluído o do motorista”.

Ou seja, se você for habilitado na categoria D, você pode conduzir micro-


ônibus (veículos de passageiros entre 10 e 20 lugares), vans (pelo CTB, as vans são
consideradas um tipo de micro-ônibus) e ônibus (veículos de passageiros com mais
de 20 lugares).

Os órgãos de segurança pública costumam utilizar esses tipos de veículos


para o transporte de seu efetivo. No entanto, como eles, em geral, carecem de luzes
intermitentes e dispositivos de alarme sonoro, não são considerados veículos de
emergência.

Figura 20: Ônibus da Força Nacional


Fonte: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2016/05/reuniao-vai-definir-operacao-da-forca-nacional-de-
seguranca-no-ceara.html.

38
Figura 21: Micro-ônibus da Polícia Militar de Rondônia
Fonte: https://folhanobre.com.br/2017/06/14/policia-militar-recebe-06-micro-onibus/49564/.

Resumindo:

Quando o veículo tiver lotação superior a oito lugares, excluído o condutor, é


necessário que o condutor possua habilitação na categoria D. Perceba que as
categorias C e D são facilmente compreendidas a partir da categoria B.

Para pensar:

A categoria B permite a condução de veículos com PBT não superior a 3500


kg e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o condutor. Certo?

Quando ultrapassado o limite de peso, o condutor deverá possuir qual


categoria? Resposta — “C”.

Já, se o limite de ocupantes (lotação) da categoria B for ultrapassado, será


então necessária qual categoria? Resposta — “D”.

IMPORTANTE!
O anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020 deixa
bem claro que o condutor habilitado na Categoria D pode
conduzir todos os veículos das categorias B e C.

39
1.1.5 Categoria E

A categoria E é exigida apenas quando trata-se de uma combinação de


veículos e, ainda assim, a partir de determinadas situações. Veja o texto da lei:

Art. 143 [...] V - categoria E - condutor de combinação de


veículos em que a unidade tratora se enquadre nas categorias
B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque,
trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou
mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a oito lugares
(BRASIL, 1997, n.p.).

De maneira mais simples, pode-se dizer que configura uma combinação de


veículos quando houver um conjunto de dois ou mais veículos.

Exemplificando:

Um automóvel rebocando um trailer é uma combinação de veículos.

Um caminhão-trator (“cavalinho”) atrelado a um semirreboque também é uma


combinação de veículos.

Figura 22: Combinação de veículos: caminhão-trator com semirreboque


Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carreta_VW_no_Brasil.JPG.

40
Quando for necessário conduzir uma combinação de veículos, você deverá
certificar-se se a lei exige ou não categoria E. Para isso, basta verificar a unidade
tracionada.

Por exemplo, veja este semirreboque:

Figura 23: Semirreboque para transporte de cargas


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Semirreboque#/media/Ficheiro:Presenningstrailer.JPG.

Caso o PBT, somente da unidade tracionada, for igual ou superior a 6.000 kg,
será exigida a categoria E. No exemplo acima, o PBT deste semirreboque é de 25.500
kg, logo, para conduzir um veículo capaz de tracionar este semirreboque o condutor
deverá possuir categoria E.

Caso a unidade tracionada seja destinada ao transporte de passageiros, você


deve verificar a capacidade (lotação). Se a unidade tracionada possuir lotação maior
que oito lugares, também será exigida a categoria E.

41
Ou seja, a lei exige categoria E apenas quando se tratar de uma combinação
de veículos e, ainda assim, quando a unidade tracionada possuir determinada
configuração. Quando houver uma combinação de veículos e não for exigível a
categoria E, haverá a necessidade de se verificar qual a categoria adequada ao peso
e à lotação do conjunto.

IMPORTANTE!
O anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020, deixa
bem claro que o condutor habilitado na Categoria E pode
conduzir todos os veículos das categorias B, C e D.

Ouça o ÁUDIO 2

1.1.6 Combinações de Veículos — aprofundando o assunto

Até este momento, você estudou as informações básicas a respeito das


categorias e dos veículos. Nesta parte inicial, a fiscalização se mostra uniforme na
cobrança das regras expostas. Contudo, devido a certa falta de profundidade da lei,
há casos em que a maioria das pessoas tem dificuldade em definir a categoria
adequada ao veículo. No entanto, o condutor de veículo de emergência deve dominar
o assunto, a fim de verificar se é habilitado a conduzir determinado veículo.

Esses casos normalmente ocorrem quando há uma combinação de veículos


e a categoria E não é exigível.

42
Exemplificando:

Veja a figura a seguir:

Figura 24: Reboque para jet ski


Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/jetski-salva-vidas-resgate-praia-446958/.

Considere, para fins didáticos, que este semirreboque possua um PBT de


1200 kg. Agora imagine que você está conduzindo uma viatura, uma camioneta com
lotação de cinco lugares e PBT de 1800 kg; e que você está rebocando aquele
semirreboque com PBT de 1200 kg. Somando o peso bruto total da combinação,
temos 1800 + 1200 = 3000 kg. Logo, para este caso, a categoria E não é exigível.

Observe que esta é uma combinação de veículos, mas que a categoria E, que
seria exigível apenas quando a unidade tracionada (reboque) tivesse a partir de 6.000
kg de PBT, não é necessária, pois a unidade tracionada (semireboque que carrega o
jet ski) possui apenas 1200 kg de PBT.

No exemplo acima, qual a categoria mínima necessária para conduzir a


combinação de veículos?

Resposta: Categoria B.

43
Contudo, se o reboque for um pouco maior, a situação é diferente.

Figura 25: Combinação de veículos: utilitário mais reboque


Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/1351990.

No exemplo acima, para fins didáticos, considere que o utilitário tenha um PBT
de 1950 kg e que o reboque de carga tenha um PBT de 2400 kg.

Perceba que a soma dos PBTs (1950 kg + 2400 kg = 4350 kg) ultrapassa o
limite da categoria B (3.500 kg). Nesse caso, o condutor terá que ser habilitado, no
mínimo, na categoria C.

O mesmo ocorre se o veículo rebocado for destinado ao transporte de


pessoas. Você deve somar a lotação do veículo trator e do veículo tracionado para
verificar a categoria adequada.

No entanto, o CONTRAN, a fim de alinhar o entendimento, previu a


necessidade de se considerar a unidade acoplada na verificação da categoria
necessária à condução, ou seja, é necessário somar a capacidade da unidade
tracionada.

Essa previsão está no anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020,


denominado “Tabela de Abrangência dos Documentos de Habilitação”. Ao se referir à
categoria B, a redação é a seguinte:

44
- Veículos automotores e elétricos, não abrangidos pela
categoria A, cujo Peso Bruto Total (PBT) não exceda a 3.500 kg
e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista;

- Combinações de veículos automotores e elétricos em que a


unidade tratora se enquadre na categoria B, com unidade
acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada, desde
que a soma das duas unidades não exceda o peso bruto total de
3.500 kg e cuja lotação total não exceda a oito lugares, excluído
o do motorista; […] (BRASIL, 2020b, n.p.).

Aula 2 - Documentação exigida para condutor e veículo;


Sinalização Viária

Introdução

Caro aluno, profissional de segurança pública, em nossa primeira aula você


estudou quais são as categorias de habilitação, previstas em lei, e quais veículos
podem ser conduzidos com cada uma delas. Isso é de suma importância na hora de
avaliar se você está habilitado a conduzir o veículo disponibilizado pela sua
corporação.

Dando continuidade aos nossos estudos, agora, nós veremos quais são os
documentos exigidos, para o condutor e o veículo, durante a condução. Também
estudaremos os elementos mais importantes da Sinalização Viária e como o
conhecimento dela é imprescindível para a condução com segurança, seja da viatura,
seja de seu carro particular.

Testando o conhecimento:

45
Antes de iniciar o estudo deste capítulo, pare e reflita:

Figura 26: Pare e reflita


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

2.1 Documentos exigidos para o veículo

Conforme a legislação de trânsito brasileira, o Certificado de Registro e


Licenciamento de Veículo (CRLV), também chamado de Certificado de Licenciamento
Anual (CLA) é de porte obrigatório.

Outros documentos também podem ser de porte obrigatório para o veículo,


como por exemplo, a Autorização Especial de Trânsito (AET), necessária para os
veículos cujas dimensões e peso excedam o previsto na Resolução do Contran n°
210/2006.

Certo, mas aí você pode se perguntar: o que vem a ser este documento, o
CRLV? Em que condições ele vem a ser emitido? Como ele se parece? Ele deve,
obrigatoriamente, ser emitido em papel-moeda? Ele pode ser apresentado em formato
digital?

Antes do licenciamento, cabe lembrar que todos os veículos devem ser


registrados, conforme nos ensina o Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque


ou semirreboque, deve ser registrado perante o órgão executivo
de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no Município de

46
domicílio ou residência de seu proprietário, na forma da lei
(BRASIL, 1997, n.p.).

Para comprovar o registro, o órgão executivo de trânsito do Estado ou do


Distrito Federal emite um documento chamado Certificado de Registro de Veículo
(CRV – chamado popularmente de “DUT”). O CRV NÃO É (e nunca foi) documento
de porte obrigatório! Ele nada mais é do que um documento que comprova que o
veículo é registrado e quem é o seu proprietário. Na verdade, há diversos especialistas
que orientam, taxativamente, a não portar o CRV, devido ao risco de fraude caso ele
venha a cair em mãos erradas. No entanto, não é proibido portar este documento e
não é incomum que ele seja apresentado pelos condutores em fiscalizações de rotina.

Até recentemente, o CRV era emitido apenas em meio físico (papel-moeda).


Mas, atualmente, o CRV passou a poder ser emitido em meio digital e, mesmo o
documento físico, não precisa mais ser emitido em papel-moeda. Preste atenção no
Art. 121 do CTB, com a redação dada pela Lei n. 14.071/2020, que entrou em vigor
no dia 12 de abril de 2021:

Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certificado de


Registro de Veículo (CRV), em meio físico e/ou digital, à escolha
do proprietário, de acordo com os modelos e com as
especificações estabelecidos pelo CONTRAN, com as
características e as condições de invulnerabilidade à falsificação
e à adulteração (BRASIL, 2020a, n.p).

É importante ressaltar que os CRVs emitidos até a entrada em vigor da


alteração legislativa não perdem a sua validade; e que só há a necessidade da
expedição de um novo documento nos seguintes casos: se for transferida a
propriedade, se o proprietário mudar o município de domicílio ou de residência, se for
alterada qualquer característica do veículo ou se houver mudança de categoria
(conforme previsto no Art. 123 do CTB).

47
Dica:

Uma maneira fácil de o profissional de segurança pública se


familiarizar com o modelo e com as especificações do CRV é por meio
da observação do CRV do seu veículo. Se o documento for no modelo
antigo (papel-moeda), vale a pena observar o documento com uma
lupa (para verificar os itens de segurança) e, se possível, colocá-lo em
uma luz ultravioleta. Desse modo, ao ser exposto a um documento
falso, o profissional pode saber como identificá-lo ou, ao menos,
levantar a suspeita de que há algo errado.

No entanto, diferentemente do registro, o licenciamento do veículo deve ser


realizado anualmente pelos órgãos executivos de trânsito do Estado ou do Distrito
Federal onde estiver registrado o veículo.

Veja o que diz o Artigo 130 do Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 130. “Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque


ou semirreboque, para transitar na via, deverá ser licenciado
anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado, ou do
Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo.”

Conforme o CTB, o veículo somente será considerado licenciado estando


quitados os débitos relativos a tributos, a encargos e a multas de trânsito e ambientais,
vinculados ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações
cometidas (conforme o Art. 131, § 2º do CTB). Somente após a verificação da quitação
é que será expedido o CRLV, também chamado de CLA (Certificado de Licenciamento
Anual):

Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será expedido


ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado de Registro de
Veículo, em meio físico e/ou digital, à escolha do proprietário, de
acordo com o modelo e com as especificações estabelecidos

48
pelo CONTRAN. (Redação dada pela Lei n.º 14.071/2020)
(BRASIL, 2020a, n.p).

Conforme o art. 133, caput, do CTB, o CRLV é um documento de porte


obrigatório, ou seja, durante a condução do veículo, o condutor deve estar em posse
dele. No entanto, a dispensa do porte pode ocorrer em algumas situações. Vejamos:

Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licenciamento


Anual.
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no momento
da fiscalização, for possível ter acesso ao devido sistema
informatizado para verificar se o veículo está licenciado (Incluído
pela Lei n. 13.281, de 2016) (BRASIL, 2016, n.p.).

Em relação ao modelo do CRLV, cumpre informar que, recentemente,


ocorreram alterações importantes, e que você, condutor de veículos de emergência,
deve conhecer.

Até recentemente, os CRLVs deviam ser emitidos em papel-moeda, conforme


o modelo e as especificações estabelecidas pelo CONTRAN. O modelo a seguir é
aquele previsto na Resolução do CONTRAN n. 16/1998, com as alterações dadas
pela Resolução do CONTRAN n. 775/2019:

Figura 27: CRLV — Modelo Anterior


Fonte: do conteudista.

49
Os últimos CRLVs impressos em papel-moeda foram emitidos em 31 de julho
de 2020. No entanto, dependendo da situação e do calendário de licenciamento
aplicável (nacional ou estadual), eles podem ser válidos até dezembro de 2021.

De agosto de 2020 em diante, entrou em vigor um novo modelo de CRLV.


Atualmente, o modelo do CRLV é dado pela Resolução do CONTRAN n. 809, de 15
de dezembro de 2020. A característica mais marcante desse novo modelo é que ele
pode ser impresso em papel comum; e que até mesmo o particular pode imprimi-lo:

Figura 28: Modelo de CRLV Atual, impresso em papel comum


Fonte: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-contran-n-809-de-15-de-dezembro-de-2020-
296178226.

Vale salientar que não é exigido o porte do comprovante do pagamento do


seguro obrigatório e IPVA, informações essas, via de regra, inseridas no próprio
documento do veículo.

Por fim, ainda existe a possibilidade da emissão e do porte do documento do


veículo em meio digital.

50
Saiba mais:
Caro profissional de segurança pública, para tirar todas as suas dúvidas
acerca da emissão do CRLV-e (digital), acesse o site:
https://campanhas.serpro.gov.br/cdt/

É importante que você tenha consciência de que essas mudanças (CRLV


impresso em papel comum e CRLV-e) fazem parte do esforço de desburocratização
do Governo Federal, para facilitar a vida dos cidadãos e provê-los com soluções
digitais mais baratas e confiáveis.

Por fim, vale salientar que o fato de o veículo ser classificado como de
emergência não faz com que seja necessário o porte de qualquer outro documento do
veículo. Contudo, é necessário verificar se o veículo possui os dispositivos luminosos
intermitentes e os dispositivos de alarme sonoro (sirene), e é indispensável que ele
seja um daqueles identificados no artigo 29, inciso VII do CTB, pois somente eles
podem utilizar tais dispositivos.

Exemplificando...
Um veículo conhecido como van, com capacidade para doze
pessoas, é utilizado para o transporte de pacientes entre as cidades do
interior e a capital do estado. A prefeitura proprietária do veículo o equipa
com dispositivo luminoso vermelho sobre o teto e alarme sonoro (sirene).
Contudo, no CRLV, o veículo está identificado como micro-ônibus e não há
qualquer referência à ambulância. No caso citado, o veículo não poderia
estar equipado com o que Paulus e Walter (2013) chamam de dispositivos
de prerrogativas. Apenas os veículos de emergência podem ser equipados
com tais dispositivos.

2.2 Documentação do condutor

51
No que diz respeito à documentação do condutor, você deverá sempre estar
portando a sua Carteira Nacional de Habilitação, podendo ser aquela emitida em meio
físico ou em meio digital, conforme está previsto no CTB:

Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em meio


físico e/ou digital, à escolha do condutor, em modelo único e de
acordo com as especificações do CONTRAN, atendidos os pré-
requisitos estabelecidos neste Código, conterá fotografia,
identificação e número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) do condutor, terá fé pública e equivalerá a
documento de identidade em todo o território nacional (Redação
dada pela Lei n. 14.071/2020) (BRASIL, 2020a, n.p.).

Da mesma forma que ocorre com o CRLV, o porte da CNH será dispensado
quando, no momento da fiscalização, for possível ter acesso ao sistema informatizado
para verificar se o condutor está habilitado (conforme previsto no § 1º-A, do art. 159
do CTB, inserido no CTB pela Lei n. 14.071/2020).

Saiba mais:
Para saber como você pode solicitar a sua Carteira Nacional de
Habilitação em formato digital, acesse:
https://campanhas.serpro.gov.br/cdt/

Figura 29: Modelo de CNH Digital (CNH-e)


Fonte: https://campanhas.serpro.gov.br/cdt/.

52
No caso específico da condução de veículo de emergência, também é
obrigatório o porte do certificado correspondente a esse curso.

A comprovação da conclusão do curso ocorre pelo porte do certificado de


conclusão, até que a informação seja inserida em campo específico da carteira de
habilitação.

Figura 30: Exemplo de Certificado de Conclusão do Curso de CVE


Fonte: SCD/EaD/Segen.

IMPORTANTE!
O Curso de Condutor de Veículo de Emergência possui
validade de cinco anos, quando, então, é necessário fazer a
atualização, cuja carga horária é de dezesseis horas-aula
(16h/a).

53
IMPORTANTE!
Quando você for renovar sua carteira de habilitação,
lembre-se de apresentar o comprovante da conclusão do curso
de condutor de veículo de emergência, para que seja realizada
sua inclusão na CNH.

Caro condutor de veículo de emergência, antes de iniciar o deslocamento,


certifique-se de estar portando os documentos obrigatórios do condutor e do veículo,
seja em sua forma física ou digital, pois não portar tais documentos incorre na infração
prevista no artigo 232 do CTB, que, além de prever multa referente à infração de
natureza leve, ainda determina a retenção do veículo até a apresentação do
documento (BRASIL, 1997).

Lembre-se também que, além da sua CNH (física ou digital) é necessário


portar o certificado do curso de Condução de Veículos de Emergência, caso o mesmo
ainda não tenha sido inserido no campo de observações de sua CNH.

2.3 Sinalização Viária


Não é exigido de você, condutor de veículo de emergência, nenhum
conhecimento específico no que tange à sinalização viária, além daqueles exigidos
para o condutor comum. Mas, na condução do veículo de emergência em situação de
urgência, é primordial que você conheça as determinações, advertências e indicações
da sinalização viária para prever a conduta esperada dos demais condutores da via,
já que, nessa situação excepcional, o veículo de emergência possui livre circulação.

É claro que você também deve estar preparado para as situações em que os
condutores não obedeçam às regras estabelecidas pela sinalização. Por este motivo,
o condutor do veículo de emergência deve desenvolver características específicas
para tornar o deslocamento de emergência menos perigoso.

De modo geral, então, não se esqueça de que a Sinalização Vertical de


Regulamentação tem por finalidade informar aos usuários as condições, proibições,

54
obrigações ou restrições no uso das vias. Sua forma padrão é a circular, e suas cores
são vermelha, preta e branca.

Exemplificando:

Figura 31: Placas de Regulamentação


Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004; SCD/
EaD/Segen.
Saiba mais:
Quanto ao formato, as exceções entre as placas de regulamentação são
as de “Parada Obrigatória” (formato octogonal) e a de “Dê a Preferência”
(triângulo, com um dos vértices apontando para baixo). A razão disso é
permitir que elas sejam identificadas mesmo por quem vem em sentido
contrário da via (de costas).

Por sua vez, a Sinalização Vertical de Advertência tem por finalidade


alertar os condutores sobre condições com potencial risco existentes na
via ou nas suas proximidades, tais como escolas e passagens de
pedestres. Sua forma padrão é quadrada (com um dos vértices para
baixo) e suas cores são amarela e preta.

Exemplificando:

55
Figura 32: Placas de advertência
Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004; SCD;
EaD/Segen.

Embora o desrespeito à sinalização de advertência não se constitua em


infração de trânsito, o condutor de veículo de emergência deve prestar bastante
atenção a elas, pois indicam situações potencialmente perigosas à frente, como
curvas fechadas ou cruzamentos.

Por fim, a Sinalização Vertical de Indicação pode indicar direções,


localizações, pontos de interesse turístico ou de serviços e transmitir mensagens
educativas, entre outras, de maneira a ajudar o condutor em seu deslocamento.

Exemplificando:

Figura 33: Placas de indicação


Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004;
SCD/EaD/Segen.

Tão importante quanto a sinalização vertical (placas) é a sinalização


horizontal, composta pelas marcas viárias pintadas ou aplicadas sobre o pavimento.
Esta sinalização tem a finalidade de transmitir e orientar os usuários sobre as
condições de utilização adequada da via, compreendendo as proibições, restrições e
informações que lhes permitam adotar comportamento adequado, de forma a
aumentar a segurança e ordenar os fluxos de tráfego.

56
Para saber mais

Conforme o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito - Volume 4 -


Sinalização Horizontal (conforme Resolução do CONTRAN nº 236, de 11 de maio de
2007), a sinalização horizontal deve adotar as seguintes combinações de traçados
(formas) e cores:

Padrão de traçado (formas):

● Contínua: corresponde às linhas sem interrupção, aplicadas em trecho


específico de pista;

● Tracejada ou Seccionada: corresponde às linhas interrompidas, aplicadas


em cadência, utilizando espaçamentos com extensão igual ou maior que o traço;

● Setas, Símbolos e Legendas: correspondem às informações


representadas em forma de desenho ou inscritas, aplicadas no pavimento, indicando
uma situação ou complementando a sinalização vertical existente.

Padrão de traçado (formas)

Contínua:

corresponde às linhas sem interrupção, aplicadas em trecho específico de pista;

Tracejada ou Seccionada

corresponde às linhas interrompidas, aplicadas em cadência, utilizando


espaçamentos com extensão igual ou maior que o traço;

57
Setas, Símbolos e Legendas:

correspondem às informações representadas em forma de desenho ou inscritas,


aplicadas no pavimento, indicando uma situação ou complementando a sinalização
vertical existente.

Padrão de cores:

● AMARELA, utilizada para:

– Separar movimentos veiculares de fluxos opostos;

– Regulamentar ultrapassagem e deslocamento lateral;

– Delimitar espaços proibidos para estacionamento e/ou parada;

– Demarcar obstáculos transversais à pista (lombada).

● BRANCA, utilizada para:

– Separar movimentos veiculares de mesmo sentido;

– Delimitar áreas de circulação;

– Delimitar trechos de pistas, destinados ao estacionamento regulamentado


de veículos em condições especiais;

– Regulamentar faixas de travessias de pedestres;

– Regulamentar linha de transposição e ultrapassagem;

– Demarcar linha de retenção e linha de “Dê a preferência”;

– Inscrever setas, símbolos e legendas.

● VERMELHA, utilizada para:

– Demarcar ciclovias ou ciclofaixas;

58
– Inscrever símbolo (cruz).

● AZUL, utilizada como base para:

– Inscrever símbolo em áreas especiais de estacionamento ou de parada para


embarque e desembarque de idosos e pessoas com deficiência física.

● PRETA, utilizada para:

– Proporcionar contraste entre a marca viária/inscrição e o pavimento,


(utilizada principalmente em pavimento de concreto) não constituindo propriamente
uma cor de sinalização.

IMPORTANTE!
Em relação à Sinalização Horizontal (marcas no
pavimento), o condutor de veículo de emergência deve prestar
atenção especial à marcação contínua amarela, indicando
proibição de ultrapassagem, especialmente em locais sem
visibilidade, como aclives e curvas, pois, embora durante o
deslocamento de urgência o condutor não cometa infrações de
trânsito, a ultrapassagem em tais locais pode gerar risco de
acidentes graves, tais como colisões frontais.

Da mesma forma, o condutor de veículos de emergência


deve prestar atenção especial à sinalização horizontal na cor
vermelha, pois a mesma é utilizada na marcação viária de
ciclovias e ciclofaixas. Considerando que o modal cicloviário vem
recebendo importante incremento nos últimos anos, é
importante que você se conscientize da importância de zelar
pela segurança dos ciclistas, especialmente quanto à

59
manutenção de uma distância segura ao passar por eles (no
mínimo, 1,5 metro).

Esteja sempre atento à sinalização viária, pois ela é indispensável à boa


condução do veículo, sobretudo em situação de emergência.

AULA 3 — Infrações, crimes de trânsito e

penalidades

Introdução

Caro profissional de segurança pública, na aula anterior você viu quais são os
documentos exigidos para o condutor e para o veículo de emergência, assim como
estudou sobre a importância de prestar atenção à sinalização viária para poder se
antecipar a possíveis riscos para o seu deslocamento.

Nesta aula, veremos algumas infrações que envolvem os veículos de


emergência, além de revisarmos quais são as penalidades e os crimes de trânsito.

Recordando:

60
Figura 34: Recordando
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

3.1 Infrações

Do mesmo modo que nas aulas anteriores, você estudará regras específicas
para os condutores de veículos de emergência, além de outras situações que
envolvem a condução de veículos de emergência.

Antes de mais nada, cabe informar que, nas “condições normais de


temperatura e pressão”, ou seja, em deslocamentos “normais”, fora de situações de
urgência e emergência, você, enquanto condutor especializado, estará sujeito a todas
as regras comuns, embora existam algumas regras específicas que envolvem os
veículos de emergência.

A única infração do CTB voltada especialmente para os condutores de


veículos de emergência é a prevista no artigo 222:

Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de atendimento


de emergência, o sistema de iluminação vermelha intermitente

61
dos veículos de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, de
fiscalização de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados:
Infração - média; Penalidade - multa. (BRASIL, 1997, n.p.).

Vamos pensar um pouco sobre a razão da existência dessa norma. Ela visa,
antes de mais nada, resguardar a segurança da própria equipe que está realizando o
atendimento de emergência. Uma vez que o veículo está em uma via pública, sem as
luzes intermitentes ligadas, os outros condutores podem não perceber que a viatura
está imobilizada e podem colidir contra ela ou mesmo vir a atropelar algum membro
da equipe ou a vítima que está sendo socorrida. Essa preocupação é especialmente
importante no período noturno!

IMPORTANTE!
Dependendo da situação, especialmente quando do
atendimento de ocorrências em rodovias ou vias de trânsito
rápido, é importante que a equipe providencie sinalização
adicional, por meio de cones, triângulo de segurança e/ou meios
de fortuna. Aqui, não há uma infração de trânsito associada, mas
lembre-se que a sua segurança vem em primeiro lugar!

E se o acidente ou a emergência envolver a imobilização da viatura sobre o


leito viário, você saberia como proceder nestes casos?

A resposta, caro colega, é que você deve providenciar ao menos a sinalização


mínima prevista na norma, que é a seguinte:

- Acionar, imediatamente, as luzes de advertência (pisca-alerta); e


- Providenciar a colocação do triângulo de sinalização ou equipamento
similar (pode, inclusive, usar os cones de sinalização) à distância mínima

62
de 30 metros da parte traseira do veículo (de acordo com a resolução
do Contran nº 36, de 21 de maio de 1998).

IMPORTANTE!
Fique atento, também, ao fato de nunca utilizar o pisca-
alerta do veículo ligado durante os deslocamentos de
urgência/emergência. A sinalização do veículo que indica a
situação de emergência é o alarme sonoro (sirene) e o
dispositivo luminoso intermitente sobre o teto.

Veja o que está previsto no art. 40, inciso V, alínea “a” do CTB no tocante aos veículos
“normais”:

Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes


determinações:
V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes situações:
a) em imobilizações ou situações de emergência;

É indispensável que suas manobras sejam percebidas e entendidas, com


antecedência, pelos demais usuários da via, por isso a utilização da sinalização
indicativa de mudança de direção (setas) é primordial. O uso do pisca-alerta em
desacordo com as regras estabelecidas na legislação configura infração de natureza
média. Além disso, a não indicação com antecedência da mudança de direção ou
manobra de ultrapassagem configura a infração do artigo 196 do CTB, de natureza
grave.

Por fim, cumpre informar a existência de duas infrações que envolvem a


condução de veículos de emergência, mas que são cometidas não pelo condutor do
veículo de emergência, mas sim pelos demais condutores:

63
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de
batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de
operação e fiscalização de trânsito e às ambulâncias, quando
em serviço de urgência e devidamente identificados por
dispositivos regulamentados de alarme sonoro e iluminação
vermelha intermitentes:
Infração - gravíssima;
Penalidade – multa.

Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estando este


com prioridade de passagem devidamente identificada por
dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação
vermelha intermitentes:
Infração - grave;
Penalidade – multa (BRASIL, 1997, N.P.).

IMPORTANTE!
Caso o seu órgão tenha atribuições relacionadas com a
fiscalização de trânsito, a exemplo da Polícia Rodoviária
Federal, dos batalhões de trânsito da Polícia Militar ou,
dependendo do caso, das Guardas Municipais, é importante
salientar que podem ser lavrados, contra os demais condutores,
os autos de infração referentes às condutas dos artigos 189 e
190 do CTB. No entanto, se você está atendendo uma
ocorrência de urgência, o recomendado é que você somente
anote as placas e as características dos veículos e faça as
autuações em momento posterior, na modalidade “sem
abordagem”.

64
3.2 Penalidades

As penalidades administrativas às quais você, como condutor de veículo de


emergência, está sujeito, são as mesmas de qualquer outro condutor não
especializado. Não existe a previsão de penalidade específica para o condutor de
veículo de emergência. Mas você lembra quais são as penalidades
administrativas previstas no CTB? Vamos recordar:

O rol de penalidades está listado no art. 256, in verbis:

Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências


estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição,
deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes
penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016);
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem (BRASIL,
19997, n.p.).

Gostaríamos de enfocar as duas penalidades que, em tese, são as mais


importantes de conhecer quando se vai conduzir um veículo de emergência, a multa
e a suspensão do direito de dirigir. Vamos enfocar essas duas em virtude das
novidades trazidas com a entrada em vigor, no dia 12 de abril de 2021, da Lei n.
14.071/2020, que alterou diversos dispositivos da Lei n. 9.503/1997 (CTB).

Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se, de


acordo com sua gravidade, em quatro categorias:

65
I - Infração de natureza Gravíssima, punida com multa no valor
de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete
centavos);
II - Infração de natureza Grave, punida com multa no valor de R$
195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte e três centavos);
III - Infração de natureza Média, punida com multa no valor de
R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centavos);
IV - Infração de natureza Leve, punida com multa no valor de R$
88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito centavos) (BRASIL,
2020, n.p.).

Além do valor pecuniário da multa, conforme a sua gravidade, são atribuídas


a cada infração cometida as seguintes pontuações:

Art. 259. A cada infração cometida são computados os


seguintes números de pontos:
I - gravíssima - sete pontos;
II - grave - cinco pontos;
III - média - quatro pontos;
IV - leve - três pontos (BRASIL, 2020, n.p.).

A Lei n. 14.071/2020 passou a isentar o condutor da pontuação de algumas


infrações de trânsito.
Veja o que diz o § 4º do Art. 259 do CTB:

I - praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte


rodoviário de passageiros em viagens de longa distância
transitando em rodovias com a utilização de ônibus, em linhas
regulares intermunicipal, interestadual, internacional e aquelas
em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou de
qualquer modalidade, excluídas as situações regulamentadas
pelo Contran conforme disposto no art. 65 deste Código;
(Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) (Vigência)

66
II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do art. 230 e nos
arts. 232, 233, 233-A, 240 e 241 deste Código, sem prejuízo da
aplicação das penalidades e medidas administrativas cabíveis;
(Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) (Vigência)
III - puníveis de forma específica com suspensão do direito de
dirigir. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) (BRASIL, 2020,
n.p.).

Outros quesitos que tiveram alterações provocadas pela Lei n. 14.071/2020


foram os critérios para a imposição da penalidade de Suspensão do Direito de Dirigir
(SDD). Conforme o CTB, a suspensão do direito de dirigir pode ocorrer por decisão
administrativa ou judicial. O texto que segue trata apenas da SDD administrativa.
Quanto à SDD por decisão judicial, ela só pode ser determinada, como pena ou de
forma cautelar, por um juiz; e seu descumprimento incorre no crime do Art. 307 do
CTB. Como é importante que você se mantenha atualizado, vamos dar uma olhada
em como ficou essa questão.

Basicamente, a penalidade de suspensão do direito de dirigir pode ser


aplicada em duas situações:

I. Quando se atinge uma determinada pontuação.


II. Quando se comete uma infração que preveja, especificamente, a pena de
suspensão do direito de dirigir.

Vamos dar um exemplo do segundo caso, para que você possa entender
melhor. Veja a seguinte infração:

67
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:
I - sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos de
proteção e vestuário de acordo com as normas e especificações
aprovadas pelo CONTRAN;
[…]
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; (BRASIL,
2020a, n.p.) (grifo nosso).

Nesse caso, um condutor que seja flagrado conduzindo uma motocicleta sem
o capacete de segurança, além do valor pecuniário da multa, estará sujeito também a
ter a sua CNH suspensa.

Quanto à questão da suspensão do direito de dirigir por pontuação, ela ocorre


quando o condutor atingir, no prazo de 12 meses, a seguinte contagem de pontos:

I. 20 pontos, caso constem duas ou mais infrações gravíssimas na pontuação;


II. 30 pontos, caso conste uma infração gravíssima na pontuação;
III. 40 pontos, caso não conste nenhuma infração gravíssima na pontuação.

Para os profissionais que exercem atividade remunerada, o limite será


de QUARENTA pontos, independentemente da gravidade das infrações
cometidas, conforme o §5º do Artigo 261.

Vamos dar um exemplo prático para você entender:

68
Na Prática
Marcelo cometeu, no espaço de doze meses, as seguintes infrações:
dirigir veículo sem o cinto de segurança (art. 165 – infração grave – cinco
pontos), estacionar nas vagas de deficiente, de forma irregular (art. 181,
inciso XX – infração gravíssima – sete pontos), deixar de dar passagem a
veículo de urgência (art. 189 – infração gravíssima – sete pontos) e seguir
veículo de urgência (art. 190 – infração grave – cinco pontos); totalizando
24 pontos.
Caso Marcelo seja um condutor comum, como ele cometeu duas
infrações gravíssimas, o limite para a suspensão do direito de dirigir seria
de 20 pontos. Neste caso, como ele superou esse limite, será aplicada a
ele a penalidade de suspensão do direito de dirigir.
No entanto, caso Marcelo fosse um motorista profissional, alguém
que exerce atividade remunerada na direção do veículo, como um taxista
ou caminhoneiro, a sua habilitação não seria suspensa, pois, neste caso,
ainda não teriam sido atingidos os 40 pontos.

Por fim, outra importante mudança advinda com a Lei n. 14.071 é a criação
do Registro Nacional Positivo de Condutores (RNPC), administrado pelo órgão
máximo executivo de trânsito da União (Denatran). Os condutores que não cometerem
infração de trânsito sujeita à pontuação prevista no art. 259 do CTB, nos últimos 12
meses, podem solicitar a sua inclusão no RNPC.

Mas, além de ser reconhecido, publicamente, como bom condutor, quais


vantagens o cidadão pode auferir com o seu cadastro no RNPC? Vejamos:

Art. 268-A […] § 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios poderão utilizar o RNPC para conceder benefícios
fiscais ou tarifários aos condutores cadastrados, na forma da
legislação específica de cada ente da Federação (BRASIL,
2020, n.p., grifo nosso).

69
Fica a dica:
Por se tratar de uma inovação, o RNPC ainda carece de
regulamentação por parte do Conselho Nacional de Trânsito
(CONTRAN). No entanto, é importante que você procure se
manter informado sobre a efetivação do RNPC para que possa
desfrutar dos benefícios concedidos aos bons condutores.

3.3 Crimes de Trânsito

Prezados alunos, antes de começarmos a tratar dos crimes de trânsito, em si,


gostaria de fazer uma observação: como este curso é voltado, especificamente, para
profissionais de segurança pública, este item tem um foco diferente daquele de um
curso voltado para condutores “comuns”.

Em relação aos crimes de trânsito cometidos pelo condutor do veículo de


emergência, em caso de condenação, ou até mesmo para fundamentar uma decisão
condenatória, pode o magistrado levar em consideração a especialização requerida
do condutor de veículo de emergência por meio deste curso.

Mas, além de conhecer ações que você deve evitar para que não se envolva
em situações que podem te prejudicar pessoal e profissionalmente, há um outro
aspecto: em diversas vezes, na nossa luta diária contra o crime, encontramos
criminosos e infratores sociais que cometem, também, crimes de trânsito. E é
importante que você conheça isso, para que eles possam ter a punição merecida por
seus atos torpes.

No trabalho policial, não raras vezes, o criminoso, quando está de posse de


um veículo automotor, empreende fuga para tentar se evadir da polícia e fugir das
consequências de seus atos, o que desencadeia um acompanhamento tático, que é
quando a equipe policial diligência por alcançar o veículo do infrator ou do suspeito.
Vale a pena lembrar que o acompanhamento tático é um tipo de deslocamento de

70
urgência, devendo ser feito com a as luzes intermitentes e com a sirene ligadas, para
a própria segurança e integridade da equipe policial.

Na imensa maioria das vezes em que o criminoso opta por fugir, ele acaba por
cometer um ou mais crimes de trânsito. Se ele vier a ser capturado e levado para a
Polícia Judiciária, esses crimes também devem ser relatados, para que o criminoso
receba a pena devida pelos seus atos. Note que isso é válido mesmo no caso de
veículos roubados ou furtados, pois a pena do crime não fica vinculada ao veículo,
não gerando nenhum ônus para a vítima.

Vejamos, agora quais são os crimes de trânsito previstos no Código de


Trânsito brasileiro, bem como algumas de suas características principais:

a) Homicídio Culposo praticado na Direção de Veículo Automotor:

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é


aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014)
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº
12.971, de 2014)
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014)
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de
transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
[...]

§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer


outra substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546,
de 2017)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº
13.546, de 2017).

71
Comentário: Este tipo penal se aplica apenas para o homicídio cometido de
forma culposa (seja por Imprudência, Negligência ou Imperícia), na direção de veículo
automotor. Se o veículo tiver sido usado de forma intencional para matar alguém, o
autor do crime responderá pela forma dolosa do crime de homicídio (art. 121 do
Código Penal).

Atentar para a forma qualificada pela influência do álcool, prevista no § 3º.

b) Lesão Corporal Culposa praticada na Direção de Veículo Automotor:

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses
do § 1o do art. 302. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.546, de 2017)

§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo


das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de
natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)

Comentário: Este tipo penal se aplica apenas para a lesão corporal cometida
de forma culposa (seja por Imprudência, Negligência ou Imperícia), na direção de
veículo automotor. Se o veículo tiver sido usado de forma intencional para lesionar
alguém, o autor do crime responderá pela forma dolosa do crime de lesão corporal
(art. 129 do Código Penal).

Atentar para a forma qualificada pela influência do álcool, prevista no § 2º. A


lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não se aplica para as formas
qualificadas deste tipo infracional.

72
c) Omissão de Socorro:

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato


socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de
solicitar auxílio da autoridade pública:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento
de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda
que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
instantânea ou com ferimentos leves.

d) Afastar-se do local do acidente:

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à


responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

e) Embriaguez ao Volante:

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012).

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº


12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual
ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº
12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

73
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de
alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros
meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação
dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou
toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação
dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no
caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Comentários: O crime de Art. 306 ocorre quando um condutor é flagrado


conduzindo um veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada pelo álcool
ou uma substância psicoativa que determine dependência.

Se o condutor sob o efeito de álcool tiver se envolvido em acidente com vítima,


ele responderá pelos crimes previstos nas formas qualificadas do Art. 302 e 303,
conforme o caso.

A caracterização deste tipo infracional implica, necessariamente, no


cometimento da infração de trânsito prevista no art. 165 do CTB.

Via de regra, a fiscalização de alcoolemia se dá através da utilização de


etilômetros. No entanto, o crime do Artigo 306 pode ser materializado mesmo sem o
uso do etilômetro, tendo nas provas testemunhais, vídeos e imagens algumas das
formas atualmente admitidas no direito.

f) Dirigir com a CNH Suspensa:

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação


para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de
idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no
prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
Habilitação.

74
g) Disputar corrida em via pública:

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida,


disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: (Redação
dada pela Lei nº 13.546, de 2017)

Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição


de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Redação dada
pela Lei nº 12.971, de 2014)

§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave,


e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o
risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº
12.971, de 2014)
§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo,
a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo
das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)

h) Conduzir sem possuir CNH, gerando perigo de dano:

Segundo o CTB, em seu Art. 309:

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir
ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa (BRASIL, 1997, n.p.).

Comentário: Parte significativa dos criminosos e infratores sociais têm um


desrespeito contumaz pelas normas básicas de convivência em sociedade. Por isso,
não é nenhuma surpresa o fato de que boa parte deles não se preocupe em seguir as
normas necessárias para tirar uma habilitação.

No entanto, quando esse criminoso, inabilitado, está de posse de um veículo


automotor e empreende fuga, invariavelmente, ele vai cometer atos que colocam a
vida de outras pessoas em risco, no seu afã de se evadir das forças policiais.

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Para a configuração deste tipo penal, não há a necessidade da ocorrência de
um acidente ou da existência de uma vítima, mas sim que se comprove que houve o
chamado “perigo de dano”. O perigo de dano, neste caso, se caracteriza por meio de
um comportamento ou manobra que seja caracterizado como infração de trânsito
(avançar sinal vermelho, transitar pela contramão) ou que, efetivamente, coloque
outras pessoas em risco (tirar “fino” de pedestres, fazer com que o carro que segue
no sentido contrário tenha que sair da pista, etc.). É imprescindível que o policial
conste essas informações na narrativa do boletim de ocorrência!

Vale salientar que a tese majoritária da jurisprudência tem reconhecido a


validade e a constitucionalidade do tipo penal do art. 309 do CTB:

TJ-RS – Recurso Crime RC 71001406065 RS (TJ-RS)


Jurisprudência – Data de publicação: 21/09/2007

APELAÇÃO CRIME. FALTA DE HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR.


ART. 309 DO CTB. DELITO DE TRÂNSITO. PERIGO DE
DANO. SENTENÇA CONDENATÓRIA MANTIDA. Conduta
caracterizada como ilícito penal, quando o condutor invadiu a
pista contrária em manobra de conversão à esquerda e, com
esta, atravessou-se à frente do outro veículo, concretizando o
perigo com a colisão. NEGADO PROVIMENTO À APELAÇÃO.
UNÂNIME. (Recurso Crime Nº 71001406065, Turma Recursal
Criminal, Turmas Recursais, Relator: Nara Leonel Castro
Garcia, Julgado em 17/09/2007 (BRASIL, 2007, n.p). […] § 6º A
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
utilizar o RNPC para conceder benefícios fiscais ou tarifários aos
condutores cadastrados, na forma da legislação específica de
cada ente da Federação (BRASIL, 2020, n.p., grifo nosso).

Vale salientar que o mero ato de conduzir sem habilitação, sem o cometimento
de infrações ou de manobras perigosas, não se constitui no tipo penal do art. 309. É
o caso, por exemplo, de condutor abordado em blitz, sem possuir CNH, mas que vinha

76
conduzindo de forma correta e que obedeceu aos comandos emanados pelos policiais
ou agentes de trânsito.

i) Entregar a Direção de Veículo a pessoa não habilitada:

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Comentário: O Artigo 310 visa punir os proprietários que emprestam os


seus veículos automotores a pessoas não habilitadas, com CNH cassada, com o
direito de dirigir suspenso e para aqueles que não puderem conduzir devido ao seu
estado físico e mental.

Trata-se de um crime de mera conduta. Não é necessário que o condutor


tenha cometido nenhum ato imprudente ou tenha gerado “perigo de dano”.

Trata-se de uma forma de responsabilizar àqueles que permitam que


criminosos se utilizem do veículo automotor para o cometimento de crimes, não
deixando impune os proprietários que, direta ou indiretamente, contribuem para a
intranquilidade pública.

j) Velocidade Incompatível:

Segundo o CTB, em seu Art. 311:

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de


escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros,
logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de
pessoas, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa (BRASIL, 1997, n.p.).

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Comentário: Na maioria das vezes em que o criminoso decide fugir da polícia,
ele o faz em alta velocidade e executando diversas manobras arriscadas ou perigosas
para os pedestres e/ou para os demais veículos na via. Quando esta situação ocorre
nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de
passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou
concentração de pessoas, gerando um perigo de dano para as pessoas, nós temos
caracterizado o crime do art. 311.

Note que não é necessário que haja, efetivamente, um atropelamento ou um


acidente. Não é necessária a existência de uma vítima determinada. Basta que a
conduta tenha, efetivamente, exposto outras pessoas ou veículos a riscos. Para a
caracterização deste tipo infracional também não há a necessidade de qualquer
aparelho para medição de velocidade, bastando a análise subjetiva do agente
considerando também o tipo de via (Trânsito rápido; Arterial; Coletora; Local;
Rodovias e Estradas) em que o fato ocorreu.

Nesses casos, é importante que a equipe policial descreva,


pormenorizadamente, as condutas cometidas e o local no qual isso aconteceu.

Vale a pena frisar que a tese jurisprudencial dominante é pelo reconhecimento


da validade jurídica do crime do art. 311 do CTB:

TJ-RS - Recurso Crime RC 71001553239 RS (TJ-RS)


Data de publicação: 14/02/2008

APELAÇÃO CRIME. TRAFEGAR EM VELOCIDADE


INCOMPATÍVEL COM A SEGURANÇA. ART. 311 DO CTB.
DELITO DE TRÂNSITO. PERIGO DE DANO. REINCIDÊNCIA.
CONDENAÇÃO. 1. Comprovadas a existência e a autoria do
delito, e a direção com velocidade incompatível à segurança,
mediante manobras perigosas com o veículo, em via pública,
onde havia circulação de pessoas, gerando perigo de dano. 2.
Circunstâncias judiciais adequadamente analisadas e

78
suficientes para embasar a pena base fixada além do mínimo
legal, mas em quantidade menor que a fixada na origem. 3.
Reincidência aplicada em face da comprovação de anterior
condenação. PROVIDO EM PARTE À APELAÇÃO. UNÂNIME.
(Recurso Crime Nº 71001553239, Turma Recursal Criminal,
Turmas Recursais, Relator: Nara Leonor Castro Garcia, Julgado
em 11/02/2008) (BRASIL, 2008, n.p.).

k) Inovar artificiosamente:

Segundo o CTB, em seu Art. 311:

Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na


pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o
agente policial, o perito, ou juiz:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando
da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se
refere.

AULA 4 — Regras gerais de estacionamento, parada

e circulação

Introdução

Caro profissional de segurança pública, na aula passada, nós estudamos as


principais infrações de trânsito relacionadas à condução dos veículos de emergência;
também revisamos as penalidades para as infrações de trânsito previstas no CTB e
vimos as novas regras referentes à pontuação das infrações e da suspensão do direito

79
de dirigir; e, por fim, vimos alguns crimes de trânsito que têm conexão com o trabalho
policial.

Nesta aula, nós vamos revisar as principais regras referentes ao


estacionamento, à parada e à circulação de veículos, já que esse conhecimento é
imprescindível para a condução, com segurança, dos veículos de emergência.

Recordando:

Um veículo que não cede passagem a uma viatura policial em deslocamento


de urgência comete alguma infração de trânsito?

4.1 Estudo de Caso

Caro colega profissional de segurança pública, analise a seguinte situação


hipotética:

Denílson está indo ao centro da cidade, com a sua esposa, apenas para deixar
um documento. Quando ele chega lá, percebe que o único local disponível para
estacionar é um pouco antes da seguinte placa de trânsito:

Figura 35: Placa R6-A – Proibido Estacionar


Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004.

Percebe, também, que, no local, o meio-fio está pintado na cor amarela.

80
Para não ser autuado, Denílson pede que sua esposa desça e vá deixar o
documento. Ele, no entanto, permanece no veículo, na posição do motorista, com o
motor ligado e com o cinto de segurança, atento para procurar não atrapalhar nenhum
dos demais veículos. Sua esposa vai e volta em menos de três minutos; e eles saem.

Na situação acima descrita, você saberia dizer se Denílson cometeu


alguma infração?

Ficou na dúvida? Sem problemas! Ao final deste capítulo essas situações e


outras ficarão bem claras para você.

4.2 Estacionamento e Parada

Antes de mais nada, gostaríamos que você tomasse conhecimento da seguinte


norma prevista no CTB (Lei n. 9.503/1997), que foi recentemente alterada (12 de abril
de 2021) pela Lei n. 14.071/2020:

Art. 29. [...]


VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento,
os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as
ambulâncias, além de prioridade no trânsito, gozam de livre
circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de
urgência, de policiamento ostensivo ou de preservação da
ordem pública, […] (Redação dada pela Lei n. 14.071/2020)
(BRASIL, 2020, n.p.).

Para estudarmos a aplicação desse conceito às situações práticas, devemos


ter em mente em que exatamente consiste a “circulação”, a “parada” e o
“estacionamento”.

A compreensão do que é trânsito é o primeiro conceito indispensável ao


entendimento das manobras de estacionamento, parada e circulação:

81
Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos
e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins
de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou
descarga (CTB, Art. 1º §1º) (BRASIL, 1997, n.p.).

Então, quando um veículo está parado, estacionado ou circulando, ele está


transitando. Como diferenciar quando um veículo está parado ou estacionado?
Será que a presença ou não do condutor define o assunto?

Na verdade, o CTB define que a manobra de parada é a imobilização do veículo


com a finalidade e pelo tempo estritamente necessário para efetuar embarque ou
desembarque de passageiros (BRASIL, 1997).

Situação 1:

Um ônibus de uma empresa de turismo está levando passageiros para o


aeroporto. Todos os assentos estão ocupados e, entre os passageiros, há
alguns idosos e pessoas com mobilidade reduzida, inclusive cadeirantes.
O motorista imobiliza o veículo em um determinado local no qual o
estacionamento é proibido. Os passageiros começam a descer,
ordenadamente, e um preposto da empresa os ajuda a pegar as suas
bagagens no bagageiro do ônibus. Enquanto isso, o motorista ajuda os
passageiros que têm mais dificuldade em desembarcar, inclusive tendo que
acionar a plataforma elevatória para os cadeirantes. Ao final, o motorista
prontamente retira o veículo do local.

A situação descrita corresponde a uma manobra de parada ou de


estacionamento?

Resposta: Parada.

82
Vejamos, agora, o conceito de Estacionamento.

Conforme o CTB, estacionamento é a “imobilização de veículos por tempo


superior ao necessário para embarque ou desembarque de passageiros”.

Ou seja, quando a imobilização ocorrer por tempo superior ao definido para a


parada, o veículo será considerado estacionado, mesmo com a permanência do
condutor no veículo.

Vejamos mais uma situação hipotética:

Situação 2:

Um motociclista está levando um passageiro, na garupa, para o aeroporto.


Ele imobiliza o veículo em um determinado local no qual o estacionamento
é proibido, que, por coincidência, é o mesmo local descrito na situação 1.
O garupeiro desceu, despediu-se e dirigiu-se ao aeroporto. Nesse
momento, o motociclista percebe que um conhecido está passando pelo
local e o cumprimenta. Eles conversaram por cerca de 40 segundos. Em
seguida, o motociclista sai.

A situação descrita corresponde a uma manobra de parada ou de


estacionamento?

Resposta: Estacionamento.

Para deixar bem claro: não existe um tempo determinado para diferenciar as
manobras de parada e de estacionamento. O que as diferencia é o tempo necessário
para a sua finalidade: o embarque e o desembarque de passageiros.

E quando um veículo está transitando e tem que se imobilizar devido à


sinalização ou ao trânsito como, por exemplo, em um engarrafamento? Nesse caso,
o veículo está parado ou está estacionado?

83
Na verdade, não se trata de nenhum dos dois casos. Quando o veículo estiver
utilizando a via em deslocamento ou imobilização não definida como parada ou
estacionamento, como é o caso da interrupção da marcha, estará em circulação.

4.3 Circulação

Conforme você estudou anteriormente, o veículo de emergência goza de livre


circulação, estacionamento e parada quando em serviço de urgência, de policiamento
ostensivo ou de preservação da ordem pública. Por isso, o condutor de uma viatura
policial não comete infração de trânsito ao avançar um sinal vermelho em
deslocamento de urgência, para atender uma ocorrência. Da mesma forma, não
comete infração o condutor do caminhão do Corpo de Bombeiros que circula por
passeio público para chegar ao local de um incêndio, e assim por diante, desde que
estejam acionados os dispositivos próprios dos veículos de emergência, sem prejuízo
de todo o cuidado necessário à segurança do trânsito.

Veja o que diz o CTB, em seu artigo 29, inciso VII, alíneas “a” e “b”:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento,
os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as
ambulâncias, além de prioridade no trânsito, gozam de livre
circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de
urgência, de policiamento ostensivo ou de preservação da
ordem pública, observadas as seguintes disposições:
a) quando os dispositivos regulamentares de alarme sonoro e
iluminação intermitente estiverem acionados, indicando a
proximidade dos veículos, todos os condutores deverão deixar
livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da

84
via e parando, se necessário; (Redação dada pela Lei nº 14.071,
de 2020)
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou avistarem a luz
intermitente, deverão aguardar no passeio e somente atravessar
a via quando o veículo já tiver passado pelo local; (Redação
dada pela Lei nº 14.071, de 2020).

No dia a dia, você percebe que, muitas vezes, é impossível seguir exatamente
o que está no Código. Quando os veículos se encontram todos imobilizados no
congestionamento e uma viatura policial ou ambulância precisa passar, os condutores
muitas vezes não conseguem sequer mover seus veículos, muito menos deslocarem-
se para a direita. Por isso, é comum que o condutor do veículo de emergência procure
os espaços disponíveis para seu deslocamento.

Contudo, quando você estiver conduzindo um veículo de emergência e o


trânsito estiver normal, em vias com mais de uma faixa no mesmo sentido, procure
sempre deslocar-se pela faixa da esquerda, destinada aos veículos de maior
velocidade e ultrapassagens. A faixa da esquerda é exatamente aquela que os
condutores dos demais veículos devem deixar livre quando perceberem a
aproximação do veículo de emergência.

Dessa forma, você estará contando com o procedimento padrão a ser adotado
pelos demais condutores, e eles poderão adotar os procedimentos que você espera
deles. Evite “costurar” entre os veículos, pois essa conduta pode causar confusão aos
demais condutores.

IMPORTANTE!
Utilização do Acostamento: alguns condutores de veículos de
emergência, quando em rodovias ou em vias urbanas dotadas
de acostamento, ficam na dúvida, em caso de engarrafamento
ou de trânsito intenso, se eles podem transitar com o veículo
pelo acostamento ou se isso consistiria em uma infração de
trânsito.

85
Conforme já vimos, o veículo de emergência, quando em
serviço de urgência, de policiamento ostensivo ou de
preservação da ordem pública possui livre circulação,
estacionamento e parada. Logo, é lícita a utilização do
acostamento nos casos citados.

Obviamente, há que se tomar certas cautelas, já que o


acostamento pode estar sendo utilizado para a parada ou
estacionamento de veículos, em caso de emergência, e para a
circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local
apropriado para eles.

É justamente por esses motivos que o CTB pune, com


severidade, os condutores de veículos “normais” por transitarem
pelo acostamento. Eles estão sujeitos à multa por infração
gravíssima, agravada três vezes (conforme previsto no art. 193
do CTB)!

4.4 Principais normas de circulação e conduta,


referentes à condução de veículos de emergência

4.4.1 Sinalização de Manobras

É essencial também sinalizar todas as manobras. Elas podem ser indicadas por meio
do sistema de sinalização do veículo (setas indicadoras de mudança de direção) ou
mediante gestos do condutor.

Veja como o condutor pode sinalizar, por meio de gestos, as manobras a seguir.

86
Figura 36: Gestos dos condutores
Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004.

Para pensar:

Figura 37: Para refletir


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Pense! E se você tem dúvida, verifique a alínea “a” do inciso XI do artigo 29 do


CTB. Aproveite e leia também todo capítulo destinado às regras de circulação e
conduta.

4.4.2 Distância de Segurança

A distância de segurança entre os veículos e entre o veículo e o bordo da


pista fazem parte de outra regra de circulação que merece sua atenção. No dia a dia,
o respeito à regra vai diminuir o risco de colisões, especialmente na direção de veículo
de emergência.

87
Como condutor de veículo de emergência, você vai perceber que vários
condutores ao notarem a presença do veículo com os dispositivos ligados
imediatamente atrás, têm como primeira reação frear o veículo. Por isso, sempre que
possível mantenha uma distância de segurança frontal e lateral em relação aos
demais veículos.

Perceba que, regra geral, não há um valor específico para a distância de


segurança dos veículos que seguem à frente ou ao lado, pois esta vai variar de acordo
com a velocidade, as condições do tráfego, da via, de clima, presença ou não de
luminosidade natural, etc.

No entanto, em um caso específico, existe um valor determinado para a


distância de segurança: ao passar ou ultrapassar bicicleta devemos manter uma
distância de segurança lateral de 1,5 metro (conforme Art. 201 do CTB).

Figura 38: Respeite o ciclista


Fonte: studio46.com.br.

O descumprimento desta norma é penalizado com uma infração de trânsito de


natureza leve. A razão da existência desta norma é o fato de que o ciclista é muito
mais frágil do que os veículos motorizados.

Você, na condução de veículos de emergência, deve ter um cuidado especial


ao transitar em vias com ciclistas, pois os mesmos podem se assustar com a sirene
e/ou a velocidade do seu veículo e vir a cair ao solo, o que pode ocasionar acidentes
muito graves.

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Quanto ao bordo da pista, a manutenção de uma distância segura visa,
sobretudo, à proteção dos pedestres e dos usuários que transitam por locais fora da
pista de rolamento, como passeios, calçadas, acostamento etc.

4.4.3 Equipamentos Obrigatórios e Combustível

Conforme previsto no art. 27 do Código de Trânsito Brasileiro:

Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá


verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso
obrigatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para
chegar ao local de destino (BRASIL, 19997, n.p.).

Essa regra é válida para todos os condutores e para todos os veículos, mas ela
se reveste de importância especial para os veículos de emergência, pois tais veículos
são submetidos a condições de operação desgastantes, como a circulação durante
longos períodos e/ou a circulação em vias sem pavimento ou com pavimento em más
condições.

Dessa forma, é importante que você, profissional de segurança pública, ao


assumir o serviço, faça uma boa conferência referente aos itens de segurança
obrigatórios para os veículos. O mais interessante seria você, ou a sua corporação,
adotar uma espécie de checklist (que pode ser em papel ou mesmo por um simples
aplicativo de texto de celular) para que não se esqueça de conferir.

Lista mínima de checklist de itens de segurança:

I.Combustível;
II.Nível do óleo do motor;
III.Nível do óleo da direção hidráulica;
IV.Água do limpador de para-brisa;
V.Funcionamento do sistema de iluminação e sinalização do veículo: farolete; faróis
(baixo e alto); setas (esquerda e direita); pisca-alerta; luz de freio, luz de ré e farol de
neblina (se existente);

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VI.Estado dos pneus (inclusive do pneu sobressalente) quanto à conservação, a
desgastes etc. (dica: se possível, faça a calibragem dos pneus da viatura a cada
plantão);
VII.Existência de macaco, triângulo e chave de roda;
VIII.Estado e regulagem dos espelhos retrovisores;
IX.Regulagem do banco, de acordo com a altura e a compleição física do motorista;
X.Funcionamento da buzina;
XI.Funcionamento da sirene; e
XII.Funcionamento das luzes intermitentes.

Seja diligente e cuidadoso! A ideia aqui, antes de cumprir uma norma ou evitar
uma infração, é garantir a sua segurança e a segurança de toda a equipe! Um pneu
careca, um farol queimado ou um defeito na direção hidráulica podem vir a causar um
acidente grave, pois, muitas vezes, temos que conduzir em situações limite.
Insistimos: faça o checklist! A sua família e a de seus companheiros agradecem.

Caso você se depare com algum item faltando, inoperante ou com mau
funcionamento, contacte o gestor de frota de sua instituição para que ele tome as
providências necessárias.

4.4.4 Ultrapassagem em locais proibidos ou perigosos


O CTB tem diversas regras referentes à proibição de ultrapassagens. Vejamos
aqui uma delas:

Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em vias com


duplo sentido de direção e pista única, nos trechos em curvas e
em aclives sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível,
nas pontes e viadutos e nas travessias de pedestres, exceto
quando houver sinalização permitindo a ultrapassagem
(BRASIL, 1997, n.p., grifo nosso).

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Vamos refletir um pouco: já vimos que o veículo de emergência, quando em
serviço de urgência, de policiamento ostensivo ou de preservação da ordem pública
possui livre circulação, estacionamento e parada; o que implica dizer que o condutor
não seria autuado por condutas como não parar para no sinal vermelho ou transitar
pelos acostamentos.

No entanto, o fato de termos o direito à “livre circulação” não nos dá motivo para
adotar atitudes perigosas ou imprudentes, que colocam nossa vida, a vida da equipe
ou a vida dos demais usuários da via em risco. E, se existe um quesito que merece
uma atenção especial de sua parte são as ultrapassagens em local proibido.

A indicação da proibição de ultrapassagem se dá por meio da utilização de


sinalização horizontal de faixa contínua amarela ou, de modo subsidiário, por meio de
sinalização vertical (placa proibido ultrapassar).

Figura 39: Placa R-7 – Proibido Ultrapassar


Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004/
SCD/EaD/Segen.

Vamos pensar por um momento: o engenheiro que projetou aquela via e


determinou que fosse implementada aquela sinalização não fez isso à toa.
Normalmente, a sinalização de proibição de ultrapassagem indica que, naquele local,
uma ultrapassagem pode causar risco de acidentes graves. Este é precisamente o
caso de aclives, declives e curvas sem visibilidade suficiente.

Lembre-se que se a equipe policial vier a se envolver em um acidente, ela não


poderá cumprir a sua missão. Se os bombeiros se envolverem em um acidente, quem
apagará o incêndio?

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Lembre-se que se a equipe policial vier a se envolver em um
acidente, ela não poderá cumprir a sua missão. Se os bombeiros se
envolverem em um acidente, quem apagará o incêndio?

Assim, embora, em um deslocamento de urgência, o veículo de emergência


possua livre-circulação, isso não significa que qualquer manobra deve ser realizada.
A segurança e o bom-senso devem prevalecer, sempre!

AULA 5 — Legislação Específica e responsabilidades do


condutor de veículo de emergência.

Introdução

Caro profissional de segurança pública, em nossa última aula nós estudamos


as principais regras gerais referentes à circulação, ao estacionamento e à parada de
veículos e como elas impactam o nosso trabalho na condução dos veículos de
emergência, especialmente quanto à questão da segurança.

Nessa aula, nós vamos abordar as normas de trânsito específicas para os


veículos de emergência e quais são as responsabilidades de seu condutor. Em
especial, vamos abordar as modificações legislativas trazidas pela Lei n. 14.071/2020
e como elas impactam positivamente o trabalho dos órgãos e das entidades de
segurança pública.

Recordando:

O que é que vai diferenciar as manobras de estacionamento e de parada?


Existe um limite de tempo para diferenciar as duas manobras.

5.1 Estudo de Caso

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Caro colega profissional de segurança pública, antes de iniciar o estudo deste
capítulo, vamos analisar a seguinte situação hipotética:
Estudo de Caso

Beatriz é uma viúva que mora em uma fazenda, que fica a alguns
quilômetros da sede do município, com suas duas filhas, de sete e de
quatro anos de idade. Em uma noite, ela acorda com um barulho e
percebe, pela janela do primeiro andar, que três malfeitores estão
forçando a entrada dos fundos da casa.

Desesperada, Beatriz liga para a Polícia Militar e relata a situação


que está ocorrendo, ressaltando o risco que ela e sua família estão
correndo. A Central informa a ocorrência para a equipe de policiamento
com circunscrição pelo trecho, que é a viatura na qual Adalberto é o
condutor.

Temendo pela vida e pela integridade física daquela família,


Adalberto inicia um deslocamento tático na intenção de chegar ao local
com a maior brevidade possível; deslocamento esse que se processa
em velocidade bem acima do limite de velocidade permitido das vias.
Felizmente, a equipe policial chega ao local em tempo hábil e consegue
frustrar o intento dos criminosos, vindo a prendê-los em flagrante delito.

Inclusive, conforme a investigação posterior feita pela Polícia Civil,


descobriu-se que a intenção dos criminosos também incluía abusar
sexualmente e assassinar Beatriz e suas filhas.

Algum tempo depois, chega à sede do batalhão no qual Adalberto


é lotado, três multas por excesso de velocidade, todas de natureza
gravíssima, totalizando R$ 2.641,23, fora a penalidade da suspensão
do direito de dirigir.

Na situação acima descrita, é razoável que Adalberto seja penalizado com


essas infrações, tendo que suportar, com o seu salário, o prejuízo financeiro das

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multas? É razoável que ele tenha sua habilitação suspensa? Existe amparo legal para
a conduta de Adalberto?

Muita calma nessa hora! Ao final deste capítulo, você vai entender que nossa
legislação ampara situações como essas de modo a resguardar o bom andamento do
trabalho dos órgãos de segurança pública em defesa da sociedade!

5.2 Veículos de Emergência

Os veículos de emergência são aqueles definidos no inciso VII do artigo 29 do


CTB — desde que possuam dispositivos regulamentares de alarme sonoro e
iluminação intermitente. Conforme esse dispositivo legal, são considerados como
veículos de emergência:

a) Veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento:

— Viaturas dos Corpos de Bombeiros Militares, incluindo caminhões-tanque e demais


viaturas operacionais.

b) Veículos de polícia:

— Viaturas operacionais da Polícia Federal;


— Viaturas operacionais da Polícia Rodoviária Federal;
— Viaturas operacionais da Polícia Ferroviária Federal;
— Viaturas operacionais das Polícias Civis;
— Viaturas operacionais das Polícias Militares;
— Viaturas operacionais das Polícias Penais Federal, Estaduais e Distrital; e
— Viaturas operacionais das Guardas Municipais.

c) Veículos de fiscalização e operação de trânsito:

— Viaturas operacionais do órgão executivo rodoviário da União (Departamento


Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT));

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— Viaturas operacionais dos órgãos executivos rodoviários dos Estados
(normalmente chamados DERs – Departamento de Estradas de Rodagem);
— Viaturas operacionais dos órgãos executivos rodoviários dos Municípios;
— Viaturas operacionais dos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados
e do Distrito Federal (DETRANs); e
— Viaturas operacionais dos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos
Municípios.

d) Ambulâncias:

— Do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU);


— De órgãos estaduais e municipais de saúde; e
— De empresas particulares.

IMPORTANTE!

Somente esses veículos poderão estar equipados com os


dispositivos regulamentares de alarme sonoro (sirene) e dispositivo
luminoso intermitente.

5.3 Legislação específica para veículos de emergência

Você deve ficar atento às regras definidas pelo CTB no que tange à condução
de veículos de emergência, especialmente quando se tem em conta que boa parte
destas regras foram alteradas pela Lei n 14.071/2020. Vamos ver como ficou a
legislação:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
[…]
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento,
os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as
ambulâncias, além de prioridade no trânsito, gozam de livre
circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de
urgência, de policiamento ostensivo ou de preservação da

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ordem pública, observadas as seguintes disposições: (Redação
dada pela Lei n. 14.071/2020)
a) quando os dispositivos regulamentares de alarme sonoro e
iluminação intermitente estiverem acionados, indicando a
proximidade dos veículos, todos os condutores deverão deixar
livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da
via e parando, se necessário; (Redação dada pela Lei n.
14.071/2020)
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou avistarem a luz
intermitente, deverão aguardar no passeio e somente atravessar
a via quando o veículo já tiver passado pelo local; (Redação
dada pela Lei n. 14.071/2020)
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação
vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva
prestação de serviço de urgência;
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se
dar com velocidade reduzida e com os devidos cuidados de
segurança, obedecidas as demais normas deste Código;
e) as prerrogativas de livre circulação e de parada serão
aplicadas somente quando os veículos estiverem identificados
por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação
intermitente; (Redação dada pela Lei n. 14.071/2020)
f) a prerrogativa de livre estacionamento será aplicada somente
quando os veículos estiverem identificados por dispositivos
regulamentares de iluminação intermitente; (Redação dada pela
Lei n. 14.071/2020) (BRASIL, 1997, n.p.).

Perceba que os veículos de emergência, conforme a situação, podem dispor


de quatro prerrogativas:

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Figura 40: Quatro prerrogativas
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Quando acionados ambos os dispositivos (luzes intermitentes e sirene), o


veículo terá prioridade de passagem e livre circulação, estacionamento e parada.

No entanto, para a prerrogativa do livre estacionamento, basta que sejam


acionadas apenas as luzes intermitentes do veículo. Esta prerrogativa foi adicionada
por solicitação dos órgãos que realizam policiamento ou patrulhamento ostensivo
(Polícias Militares e Polícia Rodoviária Federal) que, muitas vezes, em especial nos
grandes centros urbanos, tinham dificuldade em achar locais de estacionamento
permitidos para suas viaturas, quando estavam em serviço.

O próprio atendimento de ocorrências ficava, às vezes, comprometido, já que


nem sempre existia a possibilidade de estacionar a viatura policial em local
regulamentado diante de uma situação urgente que, por conseguinte, exige o pronto
emprego

Com essa alteração, uma viatura da polícia militar, por exemplo, realizando
policiamento ostensivo, pode estacionar sobre a calçada ou em praças sem que isso
constitua nenhuma infração de trânsito. É importante frisar que essa alteração
legislativa veio para dar retaguarda jurídica ao trabalho policial, pois muitas vezes a
sociedade questionava os locais onde as viaturas ficavam postadas.

Ouça o ÁUDIO 3

97
IMPORTANTE!

Observe que, apesar da prioridade de passagem e da livre


circulação, você deverá ter cuidado especial ao passar por
cruzamento, devendo fazê-lo em velocidade reduzida e com os
devidos cuidados de segurança.

A utilização simultânea dos dispositivos (sonoro e luminoso) só poderá ocorrer


quando da efetiva prestação de serviço de urgência. O desrespeito, apesar de não
configurar infração específica, poderá configurar uma infração de trânsito de natureza
leve (conforme o Art. 169 do CTB), referente a dirigir sem os cuidados indispensáveis
à segurança do trânsito, além de todas as demais verificadas durante o deslocamento.

O uso do dispositivo sonoro (sirene) somente deverá ocorrer quando da efetiva


prestação do serviço de urgência, uma vez que sua utilização fora desta circunstância
gera a banalização e o consequente descrédito perante a sociedade.

Outra regra define a obrigatoriedade da utilização do dispositivo luminoso em


situação de atendimento, mesmo com o veículo parado (imobilizado). O interessante
é que para o desrespeito a esta regra há infração de trânsito específica, de natureza
média (conforme o Art. 222 do CTB).

IMPORTANTE!

Entenda que somente a utilização simultânea dos dois


dispositivos confere a prioridade de passagem, a livre circulação e a
livre parada. Por isso, ao efetuar deslocamentos de urgência, mesmo
não percebendo veículos ou outros usuários nas proximidades,
durante todo o percurso mantenha os dois dispositivos ligados, pois
são eles que alertam os demais veículos e os pedestres sobre a
aproximação dos veículos de emergência.

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Finalizando
Neste módulo, você estudou que:

 As categorias de habilitação e sua relação com o veículo a ser conduzido é de


grande importância para a condução do veículo de emergência, dentro das
normas legais;
 Não é necessário o porte de nenhum documento adicional do veículo pelo fato
de ele ser caracterizado como de emergência. Já em relação ao condutor, ficou
sabendo que é necessário portar o comprovante do curso de condutor de
veículo de emergência até que a informação seja inserida na carteira de
habilitação;
 É necessário conhecer as principais infrações de trânsito, relacionadas à
condução de veículos de emergência, assim como as penalidades e os
principais crimes de trânsito;
 É importante conhecer as regras gerais de estacionamento, de parada e de
circulação, suas diferenças e a razão de sua existência; e que
 É preciso conhecer a legislação específica para o deslocamento dos veículos
de emergência, estando ciente das responsabilidades de seu condutor.

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