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MÁQUINAS TÉRMICAS
Baía-Farta, 2024
IPBF BG-3050, Baía Farta-2024
Palavra do professor-autor
Prezados alunos, cá estamos nós para mais uma breve jornada, onde juntos vamos procurar
atender as expectativas que todos buscam para se aperfeiçoar nas áreas que envolvem o Curso
Técnico de Máquinas e Motores. Estudar os aspectos que dizem respeito aos motores de
combustão interna, seus sistemas e as relacções entre os elementos que o compõem para seu
funcionamento. Garantir, através da aprendizagem, domínio e conhecimentos necessários
para a formação de profissionais capacitados que atendam eficientemente a grande demanda
existente na área de Máquinas e Motores, hoje, em Angola.
Aproveitem essa oportunidade e façam desse momento um diferencial no desenvolvimento
de potencialidades para suas actividades profissionais.
Bom proveito!
Prof. Eng. João Elias Gomes
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... V
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7
2. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS A COMBUSTÃO ................. 7
2.1 Térmicos de combustão externa............................................................................... 7
3.4 Pontos mortos, curso, cilindrada, volume morto, taxa de compressão .................. 11
3.5 Princípio de funcionamento do motor de quatro tempos com admissão natural ... 14
3.6 Princípio de funcionamento do motor de dois tempos com admissão natural ....... 16
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2. 1- Combustão externa ............................................................................................. 7
Figura 2. 2- MCI alternativo ciclo Diesel. .............................................................................. 9
Figura 2. 3- Curso ................................................................................................................. 11
Figura 2. 4- Cilindrada ......................................................................................................... 11
Figura 2. 5- Volume morto ................................................................................................... 12
Figura 2. 6- Taxa de compressão .......................................................................................... 12
Figura 2. 7- Veículo do exemplo. ......................................................................................... 13
Figura 2. 8. Ciclos operacionais do motor Otto de quatro tempos ....................................... 15
Figura 2. 9- Ciclos operacionais do motor Diesel de quatro tempos. ................................... 16
Figura 2. 10. Ciclos operacionais do motor Otto 2 tempos. ................................................. 16
Figura 2. 11. Comparação do motor Wankel e o alternativo ................................................ 18
Figura 2. 12. Partes do motor Wankel .................................................................................. 18
Figura 2. 13- Vista lateral de um mecanismo biela-manivela .............................................. 29
Figura 2. 14- Cambota. ......................................................................................................... 29
Figura 2. 15- Componentes do veio de manivela ................................................................. 29
Figura 2. 16- Pistão de um MCI ........................................................................................... 31
Figura 2. 17- Constituição do pistão..................................................................................... 32
Figura 2. 18- Tipos de anéis ................................................................................................. 34
Figura 2. 19- Anéis de compressão. ..................................................................................... 34
Figura 2. 20- Anéis de controlo de óleo ............................................................................... 34
Figura 2. 21- Biela e sua constituição................................................................................... 35
Figura 2. 22- Eixo de cames ou comando de válvulas. ........................................................ 36
Figura 2. 23- Comando de válvulas variável. ....................................................................... 37
Figura 2. 24- Balancins ......................................................................................................... 37
Figura 2. 25- Tucho mecânico. ............................................................................................. 38
Figura 2. 26- Tucho hidráulico ............................................................................................. 38
Figura 2. 27- Balancins roletados ......................................................................................... 39
Figura 2. 28- Diversos tipos de válvulas. ............................................................................. 39
Figura 2. 29- Componentes das válvulas .............................................................................. 40
Figura 2. 30- Tipos de válvulas ............................................................................................ 40
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1. INTRODUÇÃO
Os motores podem ser definidos como todo tipo de conjunto mecânico capaz de transformar
uma determinada energia em energia mecânica. Os motores são classificados, segundo a
energia que transformam, da seguinte forma:
Eólicos- utilizam-se do movimento do ar. Nestes motores hélices são impulsionadas
por fluxo de ar. São destinados normalmente ao bombeamento de água, moinhos e,
actualmente também para geração de energia eléctrica.
Hidráulicos- direccionamento do fluxo hidráulico através de uma turbina hidráulica,
impulsionando um eixo produzindo movimento de rotação. Destinado
tradicionalmente ao accionamento de máquinas estacionárias.
Eléctricos- utiliza as propriedades magnéticas da corrente eléctrica para
accionamento de um eixo. Aplicações inúmeras. Possibilidade de atingir uma grande
gama de potências, desde motores eléctricos minúsculos a motores de porte elevado.
Térmicos- baseado nas propriedades térmicas das substâncias. Aumento do volume
e pressão para produzir movimento linear transformado em movimento de rotação
através do conjunto biela-manivela.
Este ultimo é de onde recairá o nosso estudo.
2. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS A COMBUSTÃO
As máquinas a combustão são classificadas em: térmicos de combustão externa e térmicos
de combustão interna.
2.1 Térmicos de combustão externa
A combustão é realizada externamente ao motor, isto é, o calor é produzido fora do motor
em local denominado de caldeira (fig. 2.1). Em geral utiliza-se vapor d’água proveniente da
elevação de pressão no processo de ebulição. Nesta categoria se enquadram os motores das
locomotivas a vapor. Actualmente o princípio é utilizado nas Usinas Termoelétricas,
podendo utilizar combustível fóssil ou nuclear.
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Em 1886, Karl Benz (engenheiro alemão nascido em 1844) desenvolveu um motor de quatro
tempos alimentado por gasolina. Esse motor era mais pesado e mais lento que o motor
Daimler-Maybach, porém duas características desse veículo persistem até hoje: a válvula de
haste curta e o sistema de refrigeração à água (a água não circulava, ficava armazenada num
compartimento) que tinha de ser constantemente abastecido para manter-se cheio e
compensar as perdas por ebulição. Nascia assim, o pai do automóvel (Giucci, 2004).
Outro tipo de motor que consagrou-se no século XIX, foi o concebido por Rudolf Diesel
(engenheiro alemão nascido em 1858), em 1892. Este dispositivo, senhor absoluto hoje em
dia nos transportes públicos, de carga e marítimos, permitiu atingir um rendimento nunca
antes obtido em motores de combustão interna e, funciona com o princípio da auto-ignição,
onde a compressão do ar eleva-se até ao ponto que o combustível admitido inflama-se por si,
definindo assim o ciclo Diesel.
O grande mérito de Rudolf Diesel foi demonstrar termodinamicamente que este tipo de motor
tinha um rendimento superior. Ele desenvolveu previamente o conhecimento desta ciência,
demonstrando o desempenho de sua máquina antes da sua construção.
O ciclo Diesel é essencialmente caracterizado pela combustão ser causada pela compressão
da mistura ar/combustível, enquanto no ciclo Otto a combustão é causada por uma faísca
proveniente da vela de ignição.
3.2 Definição
Os MCI, são um conjunto de órgãos que se combinam entre si, tendo, cada um, uma função
específica, com a finalidade de produzir movimentos de rotação, por meio da força de
explosões alternadas, resultantes da queima da mistura de combustível com ar dentro de
cilindros fechados (fig. 2.2). Dependendo da marca e do tipo de veículo, o motor é instalado
longitudinal ou transversalmente, na dianteira ou na traseira.
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Figura 2. 3- Curso
Cilindrada
É o volume total deslocado pelo pistão entre o PMI e o PMS, multiplicado pelo número de
cilindros do motor. É indicado em centímetros cúbicos (cm3) (Fig. 2.4) e a fórmula para
calculá-la é a seguinte:
𝜋. 𝐷2
𝐶=( . 𝐶𝑢𝑟𝑠𝑜) . 𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑠 (𝑒𝑚 𝑐𝑚3 )
4
Figura 2. 4- Cilindrada
Para maior compreensão, vamos calcular a cilindrada de um motor que tem as seguintes
características: 4 cilindros, cujo diâmetro é de 85,5 mm e o curso do pistão é 69,0 mm.
𝜋.𝐷 2
𝐶=( . 𝐶𝑢𝑟𝑠𝑜) . 𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑠
4
𝜋.(85,5 𝑚𝑚)2
𝐶=[ . 69 𝑚𝑚] . 4
4
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Tomando como exemplo o motor de um Corsa Sedan GL (GM), (Fig. 2.7). Do catálogo,
obtêm-se as seguintes informações:
Cilindrada: 1600,0 cm³ Diâmetro do Cilindro: Taxa de Compressão:
79,0 mm 9,4:1
Número de Cilindros: 4,0 Curso do Pistão: 81,5 mm
Como a Taxa de Compressão já é dada, pode-se calcular então o volume da câmara de
combustão v.
Pode-se, então, calcular a altura deixada no cilindro para a abertura das válvulas:
𝜋.𝐷 2 4𝑣 4.47,56 𝑐𝑚3
𝑣=( . ℎ) ∴ ℎ = (𝜋.𝐷2 ) = = 0,97 𝑐𝑚 = 9,7 𝑚𝑚
4 𝜋.(7,9 𝑐𝑚)2
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OBS: A Taxa de Compressão é uma propriedade inerente ao motor (bloco, cabeçote, pistões)
e não ao combustível utilizado no mesmo. Assim, não se altera a Taxa de Compressão de um
motor apenas modificando o tipo de combustível consumido.
EX: Imagine que a altura (h) do cilindro que compõe o volume morto (câmara de combustão)
tenha sido rebaixada de 0,6 mm. Qual será a nova Taxa de Compressão deste motor?
𝜋.𝐷 2 𝜋.(7,9 𝑐𝑚)2
𝑣=( . ℎ) = . (0.97 − 0,06) 𝑐𝑚 = 44,605 𝑐𝑚3
4 4
𝐶+𝑣 399,486 𝑐𝑚3 +44,605 𝑐𝑚3
𝑇𝐶 = = = 9,956 ≅ 10,0
𝑣 44,605 𝑐𝑚3
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pela quantidade de ar admitido, o motor tem de receber uma dada quantidade de combustível.
A relação entre estas duas quantidades dá-se o nome de relação ar-combustível ou A/C (A
vem de “ar” e C de “combustível”). A/C=Mar/Mc
Do mesmo modo pode-se definir a relação: C/A=Mc/Mar
Quando a relação entre o ar e o combustível é tal que todo o combustível é (ou pode ser)
queimado utilizando todo o ar disponível, dizemos que a mistura é estequiométrica e
especifica-se por (A/C)est. Um motor ao qual se forneça mais combustível que o requerido
pela estequiometria diz-se que há queima de uma mistura rica, e ao contrário chama-se
mistura pobre. A avaliação da “riqueza” ou “pobreza” da mistura é feita pelos seguintes
parâmetros.
Riqueza: φ=((A/C)est)/(A/C)=(C/A)/((C/A)est)
Excesso de ar: λ=(A/C)/((A/C)est)=((C/A)est)/(C/A)
Uma mistura estequiométrica apresenta λ=1 e φ=1, para misturas ricas λ1 e para misturas
pobres λ>1 e φ1.
4.3.2.2 Relação ar-combustível
Qualquer reacção química é representada pelo seguinte esquema:
Reagentes ---Cadeia de reacção----> Produtos de reacção
A mistura de combustível e de comburente é a mistura reagente (Reagentes) resultando os
produtos de combustão ou de reacção.
4.3.2.2.1 Gasolina
Os reagentes (gasolina, oxigénio e azoto) por intermédio de centelha geram os produtos de
reacção (dióxido de carbono, água, azoto, etc). O composto utilizado para representar a
gasolina é o C9H20 (nonano), isto deve-se a ser um dos que melhor representa a gasolina.
4.3.2.2.2 Gasóleo
O composto utilizado para representar o gasóleo é o C12H26 (dodecano ou n-dodecano), isto
deve-se a ser um dos que melhor representa o gasóleo. Mas o composto pode variar entre
C10H20 (deceno) e C15H28.
4.3.2.3 Avaliação Do Rendimento Da Combustão
Se a composição do combustível e a composição dos produtos de sua combustão são
medidos, o rendimento da combustão pode ser calculado. A quantidade teórica de ar (ou
oxigénio) para combustão completa e a composição estequiométrica dos produtos
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combustíveis são calculados e comparados com a composição real obtida pela análise dos
gases de combustão; isto pode mostrar:
Qual a quantidade de calor que está a ser desperdiçada para aquecer quantidades
excessivas de gases de combustão; isto quer dizer que se está a utilizar mais ar que o
necessário. (Na prática é necessário excesso de ar sobre a quantidade de ar
estequiométrica para assegurar uma combustão completa).
Se o combustível não é todo queimado, a combustão não ocorre completamente. Isto
é demostrado pela presença de CO, fumaça, combustível não queimado e
possivelmente hidrogénio nos produtos de reacção.
Como foi observado previamente, um combustível específico requer uma quantidade
específica de ar para a combustão teoricamente completa, mas na prática necessita de uma
quantidade adicional de ar para atingir praticamente a combustão completa. Abaixo desta
quantidade prática, que é uma função de algumas variáveis (tipo de combustível, das
condições de combustão, etc,) é desperdiçado combustível e esta condição pode ser
reconhecida pelo aparecimento de quantidades excessivas de monóxido de carbono no gás
de combustão, um pouco antes da produção da fumaça preta (fuligem). Acima desta
quantidade, o calor é perdido devido às quantidades excessivas de gás de combustão e é
reconhecido pela grande quantidade de oxigénio no gás na exaustão.
4.3.2.4 Excesso de ar
Quando a quantidade de ar da mistura reagente excede a quantidade estritamente necessária,
a mistura tem excesso de ar. Portanto nas reacções de queima em que a quantidade de ar
misturada com o combustível é a estritamente necessária, a combustão deveria ser completa.
Porém, tal não acontece na prática porque a mistura de combustível e de comburente nunca
é perfeita: haverá sempre zonas da mistura reagente em que o combustível terá ar a mais para
reagir, e assim haverá outras zonas em que o combustível terá ar a menos para o mesmo
efeito.
Quando o carbono arde, ou seja, reage com o oxigénio, resulta o aparecimento de monóxido
de carbono (CO), ou de dióxido de carbono (CO2). O CO é o produto da queima incompleta
de carbono, ou seja, o CO é ainda combustível. Quando surge CO nos fumos de qualquer
queima, pode concluir-se que essa queima é deficiente. O CO2 já não é combustível, e por
isso resulta da queima completa de carbono.
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De notar que o combustível só reage com o oxigénio de que precisa para arder, segundo a
reacção estequiométrica, e por isso o excesso de ar, ou seja, a quantidade de ar para além da
estritamente necessária à queima, sai nos produtos da combustão sem ter reagido.
Para combustíveis gasosos ou combustíveis líquidos voláteis, que se misturam bem com o
ar, o valor do excesso de ar é baixo, na ordem de 10 a 20%. Para combustíveis pouco voláteis
ou sólidos, cuja mistura com o ar é difícil, o valor do excesso de ar pode subir até aos 300%.
Tínhamos que os reagentes de combustão eram:
Tabela 2. 3- Reagentes da combustão
Excesso de ar
Combustível Reagentes
Gasolina 20% Gasóleo 300%
Gasolina ×C ×C××
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𝑊 = 𝐹⃗ ∗ 𝑑 = 𝐹⃗ ∗ 𝐿 (J)
Onde, W= trabalho mecânico = energia mecânica; d=L= curso do pistão; d= distância
percorrida na direção da força F; F= força na expansão.
Trabalho de uma força constante e não paralela ao deslocamento
Quando a aplicação da força é constante e não paralela, como no esquema acima, calcula-se
o trabalho da seguinte forma:
𝑊 = 𝐹⃗ ∗ 𝑑 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝐹⃗ ∗ 𝐿 (J)
Onde, cosθ = é cosseno do ângulo formado entre a força e o deslocamento sofrido pelo corpo.
Dependendo do valor de θ, o trabalho de uma força pode ser:
(Pe) Maior pressão resulta em maior força F; maior força F resulta em maior trabalho
mecânico.
Onde, Pe= Pressão na expansão; F= força na expansão; A= área do cilindro.
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5.3 Potências
A potência representa a taxa de transformação da energia ao longo do tempo. Nos motores
de combustão interna a energia térmica é proveniente da reação de combustíveis com o ar
atmosférico. Nem toda a energia térmica gerada na combustão é transformada em energia
mecânica pelos motores térmicos. Assim, para fins de avaliação desses motores, temos três
tipos de potências: teórica, indicada e efetiva. A potência deve ser expressa na unidade do
Sistema Internacional, isto é, em W ou seus múltiplos.
5.3.1 Potência teórica
É a potência estimada com base em propriedades físicas e consumo de combustível. Essa
potência considera que toda energia térmica proveniente da combustão é convertida em
energia mecânica.
𝑃𝑇 = 𝑝𝑐 . 𝑞. 𝑑
em que, PT = potência teórica; pc = poder calorífico do combustível, kcal.kg-1 ; q = consumo
de combustível, L.h-1 ; d = densidade do combustível, kg.L-1
Tabela 2. 5- Algumas características dos principais combustíveis
Combustível Densidade Poder Calorífico Superior Relação Estequiométrica
(kg/L) kJ/kg kCal/kg Ar/Combustível
Butano 0,580 49500 11831 15,50
Propano 0,509 50300 12022 15,70
Gasolina Comum 0,735 47600 11377 15,20
Diesel N. 1 0,823 45700 10923 15,00
Diesel N. 2 0,834 45500 10875 15,00
Álcool Metílico 0,792 22700 5426 6,49
Álcool Etílico 0,785 29700 7099 9,03
Álcool Butílico 0,805 36100 8628 11,20
5.3.2 Potência indicada
A potência indicada é estimada a partir da pressão na expansão, características dimensionais
e rotação da árvore de manivelas do motor. Após a combustão ocorre aumento da temperatura
e pressão. A pressão desloca o pistão do PMS para o PMI havendo realização de trabalho
mecânico. De maneira geral, a potência indicada pode ser estimada por meio da Equação a
baixo.
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em que,
PI = potência indicada, W; F = força na expansão, N; L = curso do pistão, m; t = tempo para
realizar o ciclo, s; P = pressão na expansão, Pa; A = área do cilindro, m2 ; Vcil = volume do
cilindro, m3 ; n = número de cilindros.
A potência indicada depende do ciclo do motor, isto é, se o motor é dois tempos (2T) ou
quatro tempos (4T).
5.3.2.1 Motores 2T
Nestes motores são necessários dois cursos para realizar o ciclo, e a potência indicada é
estimada conforme a Equação a seguir:
2𝐿 2𝐿 1
𝑡2𝑇 = 𝑉 ∴ 𝑉𝐿𝑃 = 2𝐿. 𝑁 ∴ 𝑡2𝑇 = 2𝐿𝑁 = 𝑁
𝐿𝑃
t2T = tempo para realizar o ciclo em motores 2T, s; VLP= velocidade linear do pistão; L= curso
𝑃𝐼2𝑇 = 𝑉𝑐𝑖𝑙 . 𝑛. 𝑃. 𝑁
em que,
PI = potência indicada para motores 2T, W; P = pressão na expansão, Pa; Vcil = volume do
cilindro, m3 ; N = rotação do motor, rps; n = número de cilindros do motor.
5.3.2.2 Motores 4T
Nestes motores são necessários quatro cursos para realizar o ciclo, a potência indicada é
estimada conforme Equação a baixo.
4𝐿 4𝐿 2
𝑡4𝑇 = 𝑉 ∴ 𝑉𝐿𝑃 = 2𝐿. 𝑁 ∴ 𝑡4𝑇 = 2𝐿𝑁 = 𝑁
𝐿𝑃
1
𝑃𝐼4𝑇 = 𝑉𝑐𝑖𝑙 . 𝑛. 𝑃. 𝑁. 2
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5.4 Rendimento
Os rendimentos dos motores térmicos são usados como parâmetros comparativos entre
motores na avaliação de perdas caloríficas e mecânicas. São coeficientes que expressão a
eficiência dos motores térmicos na conversão da energia proveniente da combustão.
5.4.1 Rendimento térmico
O rendimento térmico representa o percentual de energia térmica que está sendo convertido
em energia mecânica nos pistões. É calculado pela seguinte equação:
𝑃
ɳ𝑇 = 𝑃 𝑖
𝑇
6. MECANISMO BIELA-MANIVELA
O mecanismo biela manivela é um mecanismo utilizado para transmitir a energia
piezométrica, oriunda do fenômeno da combustão, até o eixo virabrequim. Esse mecanismo
é composto por: pistão, biela, pino de conexão, bucha, bronzina e por uma parte do
virabrequim, que é constituído por dois moentes, um munhão e pelas hastes que conectam
essas estruturas. A Figura 2.13 ilustra a vista lateral de um mecanismo biela manivela.
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1- Munhões
2- Moentes
3- Rolamento de agulha
4- Rasgo de chaveta
5- Flange Figura 2. 14- Cambota.
6- Orifícios de lubrificação
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Figura 2. 18- Tipos de Figura 2. 19- Anéis de compressão. Figura 2. 20- Anéis de controlo
anéis de óleo
6.2.4.3 Arranjos
São usados dois anéis de compressão para que a vedação seja redundante.
Um próximo ao topo e outro no meio da cabeça do pistão.
Um anel de controlo de lubrificação mais próximo ao topo da saia do pistão.
Três anéis são a configuração mais usada actualmente.
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da manivela. Ela faz parte do conjunto móvel, construída em aços especiais ou ferro fundido
nodular.
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Obs.: Nos motores 16 Válvulas, principalmente os 1000 cc, acontecem casos de as válvulas
de admissão e escapamento terem os mesmos diâmetros.
7.4.2 Válvulas de escapamento
Permitem o escapamento dos gases queimados pela combustão;
Vedam a abertura de escapamento no tempo de compressão.
Devido à temperatura dos gases de escape ser maior que a temperatura da mistura de
ar/combustível na admissão, as válvulas de escapamento são fabricadas em materiais mais
resistentes.
Obs.: Em alguns casos, nos motores turbinados originais de fábrica as válvulas de
escapamento trazem em seu interior “sódio”, que permite uma melhor dissipação de calor.
Estas válvulas podem ter sua temperatura de trabalho reduzida em até 150º C, igualando-se
a uma válvula dos motores aspirados.
Constituição da válvula
A válvula é formada por uma série de partes que garantem seu funcionamento adequado:
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Cada válvula se mantenha aberta o tempo necessário para uma boa admissão de mistura
ou ar;
A lavagem do cilindro;
A completa expulsão dos gases queimados;
Que funcione suave e eficientemente nos mais variados regimes de rotação do motor.
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Figura 2. 33- Componentes do sistema de lubrificação. Figura 2. 34- Cárter de chapa de aço
Fonte: Transparências de Motores FIAT Fonte: Manual Motor AT 1000 – VW
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Para verificação de algum tipo de problema com a bomba de óleo, deve-se instalar um
manômetro no local do interruptor de óleo e comparar com valores dos manuais dos
fabricantes. Na mesma carcaça da bomba de óleo, está instalada a válvula reguladora de
pressão.
Esta válvula tem a função de, através de uma mola, controlar a pressão máxima de óleo que
o motor pode suportar em segurança. Através de uma mola e de um êmbolo, quando a pressão
de óleo vencer a força da mola, esta e o êmbolo cedem e desviam uma parte do óleo para a
entrada da bomba ou para o cárter.
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Com o funcionamento do motor, a árvore de manivelas gira e, através de uma correia, aciona
a turbina que força o ar a circular pelo motor e remover o excesso de calor gerado pelo seu
funcionamento. Neste sistema, teremos instaladas, ao redor de todo o motor, chapas metálicas
que direcionam o ar forçado a passar por todos os componentes.
O ar é direcionado a passar pelas aletas, saliências fundidas na própria carcaça do motor, que
aumentam a área de contato com o ar. Com isso, teremos maior dissipação do calor.
Quando o motor está frio, a válvula termostática, que controla a troca de calor do motor, está
fechada. Ao aquecimento do motor, esta válvula causa uma abertura para que o calor saia e
o ar menos aquecido entre e circule. Assim, ocorre a circulação para troca de calor. O óleo,
neste sistema, possui função muito importante, devido à existência de um radiador, por onde
este circula para fazer a troca de calor dos componentes internos do motor. Por possuir
poucos componentes, este sistema praticamente não requer manutenção, a não ser o cuidado
com a correia da turbina.
9.3 Vantagens e desvantagens de cada sistema:
9.3.1 Vantagens
Tabela 2. 9- Vantagens dos sistemas de rrefecimento
Sistema com Fluído de Arrefecimento Sistema Arrefecido a Ar
Mantém a temperatura do motor mais Não há fluído de arrefecimento para ser
uniforme, independentemente da examinado;
temperatura externa;
O motor é mais silencioso: a camada de Defeitos são mais raros;
fluído entre os cilindros age como
amortecedor de ruídos.
Menor peso por não ter radiador e fluído de
arrefecimento;
O motor atinge a temperatura normal de
trabalho mais rapidamente.
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9.3.2 Desvantagens
Tabela 2. 10- Desvantagens dos sistemas de arrefecimento
Sistema com Fluído de Arrefecimento Sistema Arrefecido a Ar
Exige verificação periódica do nível do A temperatura externa influencia no
fluído; sistema;
Manutenção mais cara; Motor mais ruidoso, pois as aletas formam
pequenos amplificadores sonoros
Veículo mais pesado por ter radiador e
fluído;
Atinge a temperatura de trabalho mais
lentamente.
10. SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO
A alimentação do motor realiza-se pelo conjunto ar combustível, este conjunto designa-se de
mistura. A mistura alimenta o motor e este produz trabalho mecânico, gases de escape e
perdas caloríficas, como se pode ver na Figura a baixo.
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Sendo que no carburador o volume de ar que passa por este controla o combustível da
mistura, este sistema só pode ser usado em gasolina pois a mistura ocorre antes da admissão.
10.1 Carburador
Principal componente do sistema de alimentação de um veículo e com funcionamento
totalmente mecânico, o carburador tem a função de realizar a mistura de ar com combustível
e enviar essa mistura para o motor na medida adequada às condições do motor para que seu
desempenho e consumo sejam perfeitos.
Quanto ao comportamento do motor, as misturas são classificadas em quatro tipos
fundamentais:
Limite pobre: a chamada excessivamente lenta durará quase todo o tempo de
expansão provocando super aquecimento da câmara de combustão, tornando o
funcionamento do motor bastante instável.
Mistura econômica: mistura levemente pobre, fazendo com que a queima do
combustível seja completa, produzindo o mínimo de consumo específico.
Mistura de máxima potência: mistura levemente rica, fazendo com que o ar admitido
seja totalmente aproveitado, produzindo máxima potência.
Limite rico: o excesso de combustível dificulta a propagação da chama, provoca o
resfriamento da câmara, inclusive com a extinção da chama tornando o
funcionamento do motor irregular. Basicamente o carburador é constituído de um
reservatório de combustível (cuba) cujo nível é mantido constante por uma boia e
uma válvula de agulha. A vazão do ar é controlada através de uma borboleta de
aceleração. O ar passa por um venturi (difusor), aumentando a velocidade do fluxo,
o que provoca a sucção do combustível que está na cuba através de um orifício
calibrado (gicleur). Com a variação de carga do motor (depressão) a quantidade de
combustível também varia, fazendo com que a relação ar/combustível se mantenha
aproximadamente constante.
O carburador elementar não é capaz de atender às mais diversas condições de utilização de
um veículo. Para isso, o carburador deve ser dotado de diversos sistemas auxiliares, dentre
os quais destacamos os principais:
Sistema de alimentação: controla a entrada de combustível na cuba através da boia e
da válvula estilete;
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Retire o suporte e o filtro Retire o gargulante, Remova a tampa do Na tampa, com uma
de ar, desconecte o cabo ou gicleur, e carburador e com chave de boca,
do afogador e as
mangueiras e remova o
desmonte-o para cuidado retire a desaperte e retire a
carburador do motor. retirar a agulha. haste que liga a válvula de agulha ou
Depois, apoie a peça borboleta de estilete, também
firmemente numa morsa aceleração. chamada de válvula
ou dispositivo de fixação da boia.
e comece o processo de
desmontagem, retirando
a mola de retorno do
acelerador.
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Figura 2. 43- Representação dos varios locais de mistura para motores a gasolina
No sistema Port Fuel Injection (PFI ou injecção indirecta) o combustível é injectado no canal
de admissão. Neste sistemas podemos ter dois tipos diferentes de injecção, sendo eles a
injecção mono-ponto e injecção multi-ponto. A injecção mono-ponto não permite um
controlo de mistura em cada cilindro enquanto que a injecção multiponto permite este
controlo e até injectar em diferentes alturas. Os dois tipos de injecção são representados na
Figura 2.44.
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câmara de turbulência, onde se mistura com o Diesel durante a injecção. O ar que entra na
câmara de turbulência é forçado a fazer um movimento de remoinho, o que facilita a mistura
com o Diesel.
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Bateria
Chave de ignição
Bobina de ignição
Distribuidor
Cabos de alta tensão
Velas de ignição
Quando se dá o fecho do circuito por intermédio da chave de ignição, a corrente procedente
da bateria passa pelo primário da bobina e, daqui, aos contactos do ruptor, que por se
encontrar fechado, deixa passar a corrente à massa. Quando a came gira, ergue o contacto e
corta a passagem da corrente pelo ruptor. Neste momento e em virtude da indução
electromagnética, produz-se a indução de uma corrente de alta tensão no enrolamento
secundário da bobina, criando-se um impulso de alta tensão que passa pelo cabo até à cabeça
do distribuidor. Aqui o contacto móvel do distribuidor vai repartindo a corrente que recebe
sucessivamente a cada uma das velas, produzindo-se a faísca na vela adequada. Cada vez
que o ruptor separa os seus contactos (platinados), induz-se uma corrente no enrolamento
secundário da bobina que cessa quando os contactos tornam a fechar-se.
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de controlo) vai fazer actuar o relê, que tem duas funções fundamentais:
estabelecer/interromper a alimentação do motor de arranque e engatar/desengatar o pinhão
na/da cremalheira do volante do motor.
O motor de arranque é um motor eléctrico de corrente contínua, compacto mas ao mesmo
tempo suficientemente potente para arrancar o motor de combustão (na ordem dos 4 CV - 3
KW). A elevada corrente necessária para o funcionamento do motor de arranque (na ordem
dos 100 - 300 A), produz um grande aquecimento dos condutores, não se devendo manter
em funcionamento contínuo mais de 30 segundos, sob perigo de danificação (isolamentos,
etc.). Devem também esperar-se cerca de 2 minutos para uma nova tentativa de arranque.
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