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Módulo 4

Manejo da Lavoura
Olá! Receba nossas boas-vindas ao Módulo 4 do curso!

Você já deve saber que, para ter uma lavoura com boa produtividade, não basta apenas plantar boas
sementes. É preciso cultivá-las, ou seja, cuidar do seu crescimento em todas as etapas.

Por isso, neste módulo, você vai aprender sobre diferentes tipos de adubação, para garantir os nutrien-
tes necessários às plantas. Vai aprender também como fazer o controle de pragas e doenças por meio do
manejo integrado e, por fim, como fazer as podas no cacaueiro.

Tudo pronto para adquirir todo esse conhecimento? Então, avance para a Aula 1 e comece seus estu-
dos!

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Módulo 4 - Aula 1

Adubação

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Edu, tô impressionada com os resultados que a gente tem alcançado nessa trajetória. Am-
pliamos a lavoura e estamos renovando a área que já tínhamos... Vi que várias vezes você
mexeu com adubo, mas ainda não te perguntei sobre o assunto...

- É verdade, Gabi. Se você quer uma lavoura altamente produtiva, não pode descuidar dos
nutrientes que são oferecidos aos cacaueiros. Tenho aplicado adubos tanto na lavoura nova
quanto na antiga, e tem técnica pra isso. Deixa eu te explicar melhor...

A adubação é um processo de extrema importância numa plantação, pois é responsável pela qualidade
dos produtos cultivados. A prática nutre a planta com substâncias necessárias para seu crescimento sau-
dável, e isso se reflete na produtividade e na lucratividade do produtor.

Nesta aula, você vai aprender sobre a nutrição dos cacaueiros e conhecer diferentes formas de aduba-
ção.

Adubação/nutrição de cacaueiros
Você já sabe que, assim como os seres humanos, as plantas precisam estar nutridas para crescerem for-
tes e saudáveis. Para a lavoura de cacau, como em muitas outras, o mais comum é o uso de fertilizantes.
Seu uso tem relação com alguns aspectos, como:

⚫ o tipo de solo (disponibilidade de nutrientes e textura);


⚫ a produtividade esperada; e
⚫ a necessidade de reposição de nutrientes em cada ciclo
ou safra.

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No caso das plantas, os nutrientes essenciais podem ser de dois tipos, ambos essenciais para promover o
desenvolvimento e a formação de flores e frutos saudáveis, veja a seguir:

N B
Ca
P Fe Cu
S
K
Cl Zn
Mg P N
K Mb Mg

Macronutrientes Micronutrientes
São requeridos em São necessários para
maior quantidade pela os vegetais, mas em
planta. Os principais quantidade menor. Os
são: nitrogênio (N), principais são: boro
potássio (K), fósforo (B), cloro (Cl), mo-
(P), cálcio (Ca), magné- libdênio (Mb), cobre
sio(Mg) e enxofre (S). (Cu), ferro (Fe), zinco
(Zn) e manganês (Mn).

A adubação é feita após a correção do pH do solo, no momento do plantio e durante o crescimento e o


desenvolvimento da cultura em campo. Adubos orgânicos ou químicos, com diferentes teores de nu-
trientes, podem ser usados como fertilizantes. Confira a diferença entre eles.

Os adubos orgânicos são obtidos por meio de materiais de


origem vegetal ou animal.

São ricos em N, P e K e micronutrientes, disponíveis na for-


ma de esterco, farinhas, bagaços, cascas e restos vegetais,
decompostos ou em processo de decomposição.

Eles melhoram a qualidade física, química e biológica do


solo.

Os adubos químicos são encontrados em três tipos principais. Confira:

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Adubos químicos

Nitrogenados Fosfatados Potássico Outros

Ureia Superfosfato Cloreto de Enxofre, boro,


simples potássio cobre, ferro,
manganês, zinco

Sulfato de
Superfosfato Sulfato de
amônio
triplo potássio

Nitrocálcio Monoamônio
fosfatado

Atenção!
Não deixe de contar com o apoio especializado. Tanto a recomendação de correção
de solo (com uso de calcário ou outro composto) quanto do fertilizante deverá ser
feita pelo responsável técnico, engenheiro agrônomo ou técnico agrícola.

Adubação de plantio ou fundação


A matéria orgânica contida no solo é resultante de restos vegetais e animais que sofrem a ação de mi-
crorganismos (fungos e bactérias) pelo processo conhecido como decomposição. É a parte mais rica do
solo, porque a decomposição desses materiais resulta no fornecimento de nutrientes às plantas. Além
disso, desempenha papel essencial na manutenção solo, pois influencia a estrutura e a estabilidade do
solo, a retenção de água, a manutenção da biodiversidade, dentre outros.

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Dada a diversidade de matéria orgânica existente, é neces-
sário fazer a adubação com os macro e micronutrientes de
acordo com a análise química do solo.

Também é importante acrescentar uma fonte de matéria


orgânica em estágio avançado de decomposição, como o
húmus de minhocas.

Neste tópico, você vai aprender a fazer a primeira adubação, confira:

Na prática

Em até três dias após o plantio das mudas de cacau, deve-


-se abrir duas covas pequenas e rasas, chamadas covetas, a
uma distância de 30 cm do caule do cacaueiro, onde serão
aplicados fertilizantes que tenham fósforo (P). Esse ele-
mento é fundamental para o desenvolvimento das raízes
das mudas, e essa adubação é essencial, uma vez que os
solos brasileiros são pobres em fósforo.

Caso você tenha cacaueiros de baixa produtividade, pre-


tenda fazer uma enxertia de topo e trazer novos clones
para renovar o cultivo, faça a adubação de plantio em até
3 dias após o enxerto.

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O cultivo intensivo de cacaueiros com o uso prolongado
de fertilizantes químicos pode resultar numa necessidade
maior de micronutrientes pela planta. Isso causa sintomas
de deficiência nutricional pela falta de B, Mn, Fe e Cu.

No sistema cabruca, por conta da maior diversidade de


plantas e árvores, essa perda nutricional costuma ser
menor.

Vá além!
Para conhecer os sintomas da deficiência nutricional do cacaueiro, clique aqui e
conheça o Manual de nutrição e adubação do cacaueiro.

Adubação de manutenção e de produção


A adubação de plantio ou fundação é muito importante, mas não a única! Agora, conheça a adubação de
manutenção e de produção.

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Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.

Quer saber como é feita a adubação de manutenção e de produção? Então, acompanhe!


A adubação de manutenção é feita durante os três primeiros anos de cultivo, utilizando
adubos nitrogenados e potássicos, divididos em três parcelas e aplicados em cobertura
depois que as mudas se estabeleceram na área, na projeção da copa.

A primeira parcela deve ter quarenta por cento da dose total recomendada pelo agrôno-
mo ou técnico, e é aplicada no início do período chuvoso. As demais devem ser colocadas
em intervalos de cinquenta a sessenta dias, e cada parcela corresponde a trinta por cento
da dose total.

Caso use adubos de fonte de fósforo, a aplicação pode ser feita de uma única vez, no
momento da primeira parcela de adubos contendo nitrogênio e potássio, porque a planta
demora para absorver o fósforo. Nos dois primeiros anos, os fertilizantes devem ser incor-
porados ao solo. Também são recomendadas as práticas de conservação do solo, como
o uso de cobertura morta, como restos vegetais, na projeção da copa, para retenção de
umidade e controle de plantas invasoras.

A forma de aplicação depende da idade das plantas. Se tiver menos de dois anos, o adubo é
depositado ao redor da coroa num raio de meio metro. Entre dois e três anos, num raio de
um metro. Entre três e quatro anos, num raio de um metro e meio.

A adubação de produção é feita após o quarto ano de cultivo, com adubos contendo nitro-
gênio e potássio divididos em pelo menos três parcelas e aplicada a lanço, ou seja, não é
necessário revolver a terra para incorporação.

Fique atento! O adubo deve ser distribuído no quadrante formado pelas plantas, evitando
o desperdício. Dessa maneira, as “ruas” não recebem adubo, gerando economia. A aplica-
ção é feita conforme as recomendações citadas anteriormente: a primeira parcela, equiva-
lente a quarenta por cento da dose total, é feita no período chuvoso e o restante em até
sessenta dias.

Muito bem! Agora você já sabe como é feita a adubação de manutenção e de produção.

Adubação foliar
A adubação foliar é importante, principalmente para evitar deficiências de micronutrientes que reduzem
a produtividade, muito comum em regiões com solos de baixa fertilidade, como o sudeste da Bahia.

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Além da análise de solo, é possível fazer a análise das folhas para conhecer os níveis de nutrientes
absorvidos e a necessidade de suplementação. O método consiste na análise química que compara uma
folha sadia (ou seja, com nutrição adequada) com outra com sintomas de deficiência. Conheça agora o
passo a passo dessa adubação.

Na prática

Para isso, colete uma amostra de quatro folhas (amostra


simples) de 10 plantas por gleba/talhão/hectare. A união
de amostras simples é chamada amostra composta, que
será analisada em laboratório.

As folhas selecionadas devem ser a terceira da extremida-


de de um ramo posicionado na altura mediana da árvore
durante o verão (dezembro a janeiro).

Evite aquelas com ataque de pragas, doenças, danos me-


cânicos ou que tenham recebido produtos químicos.

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As folhas devem ser acondicionadas em sacos de papel e
enviadas para o laboratório no mesmo dia da coleta. Caso
não seja possível fazer o envio em até 8 horas, as amostras
devem ser mantidas em temperatura baixa (de 7 a 10 °C).

Após a análise, você saberá o nível dos nutrientes presentes nas plantas, o que permitirá uma adubação
mais precisa. Nos casos de deficiência de micronutrientes, é necessário fazer adubações mensais até que
os sintomas desapareçam. Elas devem ser feitas em dias ensolarados até as 10h. Deve-se pulverizar a
solução na parte inferior das folhas.

Dos micronutrientes, o zinco é o que mais demanda atenção, já que sua deficiência pode causar a morte
da planta. Por isso, consulte um técnico/agrônomo para saber a quantidade a aplicar.

Alguns cuidados podem aumentar a eficiência da adubação e reduzir custos:

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Aplique os adubos foliares
Faça análise do solo e Faça o controle de em áreas de baixa
das folhas pragas e doenças incidência de ventos e com
terreno pouco declivoso

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Faça o manejo do
Corrija o pH e a sombreamento compatível
fertilidade do solo com seu sistema de cultivo

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Fertirrigação
Uma opção para recuperar áreas dizimadas pela vassoura-de-bruxa é a produção de cacau com mudas
clonais, com irrigação e fertirrigação, especialmente em regiões do Semiárido brasileiro. Mas você sabe o
que é fertirrigação? Descubra agora!

podcast
Direto do campo
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O que é fertirrigação?

É o uso de fertilizantes diluídos em água e aplicados diretamente via água de irrigação. Essa
é uma alternativa econômica porque otimiza o uso dos equipamentos, reduzindo o custo
com a aplicação de agroquímicos. Com a técnica, é possível aumentar o peso das sementes,
passando de 0,8 gramas para até 1,4 gramas.

Para a fertirrigação ser um sucesso, é preciso manter as condições de água ideais para o cacau e conhe-
cer o nutriente mineral aplicado na cultura. Atente-se às necessidades nutricionais do cacaueiro.

Agora que você já sabe que a fertirrigação é uma boa ideia, conheça outras vantagens:

⚫ suprimento ideal de nutrientes à cultura, disponibiliza-


dos conforme a demanda de absorção da planta;

⚫ pouco desperdício de fertilizantes, já que os nutrientes


são aplicados apenas na área irrigada; e

⚫ aplicação parcelada de adubos e, consequentemente,


fornecimento uniforme de nutrientes.

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Para que a fertirrigação seja bem-sucedida, a água deve ser de boa qualidade e os nutrientes usados
devem ter alta solubilidade, pois a solução não deve formar precipitados (grumos), que podem entupir o
sistema de irrigação.

Use os sistemas por gotejamento ou microaspersão, pois a aplicação da água com fertilizante é feita na
zona radicular do cacaueiro. A solução deve ter pH entre 5,0 e 6,3 para evitar a precipitação de nutrien-
tes e o entupimento dos bicos de irrigação.

A frequência de aplicação depende do clima, da textura do solo, da qualidade da água e da idade do


cacaueiro, mas, normalmente, são feitas aplicações quinzenais. Confira a seguir a dose adequada de
fertilizante.

O nitrogênio é 20% da dose total No caso do potássio,


bastante requerido de fósforo pode ser 70% devem ser usa-
quando o cacaueiro usada 30 dias após dos no momento do
está na fase de emis- a floração; 70% nos plantio, e 30% aplica-
são de folhas. Então, quatro primeiros me- do com o N e o K.
é necessário aplicar ses de formação dos
de 10 a 15% da dose frutos, e o restante,
total definida pelo após esse período.
agrônomo/técnico
antes de cada emis-
são foliar, quando as
gemas ficam entume-
cidas, inchadas.

Atenção!
Elaborar um cronograma detalhado para a aplicação de fertilizantes é uma boa
estratégia para alcançar altos rendimentos na lavoura. Não deixe de elaborar o seu!

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E na sua porteira?
Esta aula teve por objetivo apresentar como deve ser a adubação do ca-
caueiro. Você aprendeu sobre:

⚫ A adubação/nutrição de cacaueiros;
⚫ A adubação de manutenção;
⚫ A adubação de produção;
⚫ A adubação foliar; e
⚫ A fertirrigação.
Agora, diante do cenário apresentado e pensando na sua realidade, reflita: quais técnicas pre-
cisam ser aprimoradas na sua propriedade?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, preciso planejar bem os momentos de adubação.


A lavoura que está em recuperação pode ter necessidades dife-
rentes da área que recebeu novas mudas. Vou precisar coordenar
esses dois calendários de forma prática. Como estou em busca
de alta produtividade, se eu me descuidar da adubação, não terei
os resultados que preciso para a saúde financeira do sítio Santo
Isidoro!

Agora, avance para a Aula 2 e aprenda a identificar as principais pragas e doenças do cacaueiro, como
controlá-las e a importância do manejo integrado nesse processo.

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Módulo 4 - Aula 2
Controle de pragas
e doenças

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
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- Edu, sei que a gente tá fazendo um ótimo trabalho e que você tá me acompanhando em
cada detalhe. Mas preciso ser sincera: tenho tanto medo que a vassoura-de-bruxa retorne à
lavoura e a gente acabe perdendo todo esse esforço... O que podemos fazer pra evitar isso?

- Sabe, Gabi, na verdade não é só com a vassoura-de-bruxa que a gente tem que se preocu-
par. Existem outras pragas e doenças que podem afetar os cacaueiros... Deixa eu te expli-
car.

No início deste curso, você aprendeu que a vassoura-de-bruxa foi uma das grandes responsáveis pelo
declínio da produção de cacau no sul da Bahia. Você se lembra?

As lavouras representam um grande atrativo para as pragas


que, na maioria das vezes, se espalham rapidamente e cau-
sam danos nas culturas. Como solução, temos o controle de
pragas agrícolas que pode ser aplicado por meio de diversas
técnicas.

Nesta aula, você vai conhecer as principais pragas e doenças do cacaueiro, os métodos de controle e o
manejo integrado delas.

Controle de pragas e doenças


O cacaueiro é uma planta bastante suscetível ao ataque de fitopatógenos (fungos e bactérias) e insetos

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herbívoros. Uma produção sustentável parte da definição de manejos produtivos para prevenir o ataque
dessas doenças e pragas. Mas o que é manejo integrado?

Manejo integrado nada mais é do que um conjunto de técnicas que, quando unidas, garantem grande
proteção aos cultivos contra doenças e pragas.

Que tal darmos início ao assunto falando sobre como lidar com as principais pragas e doenças do ca-
caueiro?

Videoaula
De olho no horizonte
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Agora você vai saber mais sobre as pragas e as doenças que afetam o cacaueiro. Acompa-
nhe!

O cultivo de cacau possui uma diversidade de insetos associados às plantas, desde espé-
cies que polinizam as flores até as que causam danos econômicos. No cacaueiro, os insetos
herbívoros aparecem na época de lançamento das folhas novas e durante o crescimento
dos frutos. No sistema pleno sol, esse momento coincide com temperaturas elevadas e
falta de água, estimulando as pragas, que reduzem a produtividade e a qualidade das plan-
tações.

Por isso, quanto mais espécies vegetais diferentes plantadas em uma área de cultivo, menor
a chance de um inseto se tornar uma praga agrícola, já que a diversidade de inimigos natu-
rais estimula o equilíbrio entre os indivíduos. Isso torna os sistemas cabruca e agroflorestal
mais vantajosos, não é?

Mas não são apenas os insetos que causam preocupação! O cacaueiro é uma planta bastante
suscetível ao ataque de bactérias e fungos causadores de doenças. Mas como evitá-los?
Uma produção sustentável parte de manejos produtivos para prevenir o ataque dessas do-
enças e pragas.

A estratégia mais efetiva é optar por híbridos ou clones resistentes às principais ameaças
no momento da seleção de mudas para cultivo. Outras ações, como a manutenção da diver-
sidade vegetal e animal, o manejo do sombreamento, a nutrição das plantas, são fatores
importantes para manter o cacaueiro sadio e diminuir os efeitos dos ataques em seu cultivo.

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Porém, caso ainda ocorra a incidência de pragas e doenças na lavoura, é necessário entrar
com práticas corretivas, como o uso de inseticidas e outros defensivos, na medida necessá-
ria para controlar o problema. Os agroquímicos devem ser utilizados sob recomendação
técnica!

Quer conhecer em detalhes as principais doenças e pragas? Então, continue seus estudos!

Principais doenças do cacaueiro


e manejo integrado
As doenças são anormalidades provocadas por bactérias, fungos, nematoides e vírus. Podem ser agrava-
das por falta ou excesso de nutrientes, água e luz. Portanto, para que aconteça, são necessários:

Agente causal Planta


(patógeno) suscetvel

Planta oente

Aiente
favorável

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As principais doenças do cacaueiro são de origem fúngica,
como:

⚫ a vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa);

⚫ a podridão-parda (Phytophthora spp.);

⚫ o mal-do-facão (Crinipellis perniciosa); e

⚫ a monilíase (Moniliophthora roreri).

Outras de impacto econômico são o mal-rosado (Erythricium salmonicolor), a podridão-de-raízes (Roselli-


nia sp.), a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) e a morte-súbita (Verticillium dahliae).

A seguir, você vai saber mais sobre as principais doenças.

Vassoura-de-bruxa
Muito já falamos sobre a vassoura-de-bruxa, mas, agora, vamos detalhá-la para que você possa reconhe-
cê-la no campo.

Por anos, a doença ficou restrita à Amazônia, mas se expandiu por todo o país, chegou aos grandes cen-
tros produtores e ainda causa diversos problemas econômicos, sociais e ambientais. Com grande impac-
to, pode causar perdas de até 90% da produtividade! Conheça agora os sintomas dessa doença:

Os sintomas da vassoura-de-bruxa são a superbro-


tação de folhas, o excesso de gemas laterais e o
engrossamento (inchaço) dos ramos da planta, que
causa o aparecimento de “vassouras”.

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Elas podem ter forma e tamanho variados e alcançar
o triplo do diâmetro, do tamanho e do volume de
folhas de um ramo normal.

Nos casos mais severos, há formação de tecido morto


(necrose) e morte das gemas, sem que surja o aspec-
to de vassoura. Pode também ocorrer a formação de
flores anormais.

Caso os frutos se desenvolvam a partir de flores in-


fectadas, apresentam um formato que lembra o mo-
rango e não crescem; a coloração também é alterada
e passa do verde/vermelho para o preto.

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Os sintomas da vassoura-de-bruxa são facilmente
confundidos com a podridão-parda, doença que você
conhecerá a seguir. Para diferenciá-las, apalpe o fruto
infectado: o fungo ataca de dentro para fora, ao con-
trário da podridão.

Atenção!
O manejo integrado consiste em impedir o aparecimento da vassoura-de-bruxa e
o controle imediato logo quando aparecem os primeiros sintomas. Para isso, faça a
poda constantemente, atente-se ao sombreamento e faça aplicação de defensivos à
base de cobre. Além disso, ao renovar a lavoura, escolha mudas de híbridos e clones
resistentes ao fungo.

Podridão-parda
Até 1989, era a principal doença do cacaueiro no sul da Bahia. O fungo atinge os frutos, as almofadas
florais, os troncos e as raízes e causa o apodrecimento desses tecidos. A doença pode causar perdas que
chegam a 30% da produção e ocorre em quase todas as regiões que cultivam o cacau pelo mundo.

Os sintomas são pequenas lesões nos frutos, que com 14


dias, apodrecem completamente e apresentam um cheiro
característico de peixe.

Outras regiões da planta são afetadas: os ramos “chupões”


e os lançamentos foliares apresentam lesões necróticas
escuras.

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O controle compreende o uso de medidas preventivas, como:

⚫ a aplicação de fungicidas protetores à base de cobre;


⚫ a retirada dos frutos infectados;
⚫ as colheitas frequentes;
⚫ a redução do sombreamento;
⚫ a poda; e
⚫ o uso de variedades resistentes.

Monilíase
Trata-se de uma doença muito grave, que ataca os frutos do cacau em qualquer fase do desenvolvimen-
to e resulta em perdas totais da produção. Conheça mais sobre a doença:

A monilíase está presente em todos os países da


América Latina que produzem cacau. No Brasil, a
doença ainda é quarentenária, o que significa que
ela tem impacto econômico potencial, mas ainda não
está amplamente distribuída nem oficialmente con-
trolada. Atualmente temos focos detectados no Acre
e no Amazonas.

Nessas regiões, onde foi constatada o aparecimen-


to da monilíase, os danos foram maiores do que os
causados pela vassoura-de-bruxa e representam uma
ameaça real aos cultivos de cacau no Brasil.

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A disseminação da doença pode ocorrer pelo con-
tato direto com plantios e material vegetal infectado
ou pelo contato indireto, por meio de sacarias, equi-
pamentos, roupas e até calçados.

Observe os sintomas iniciais, que ocorrem nos frutos


mais jovens, como a formação de inchaços e depres-
sões. Durante o período de 5 a 12 dias após o surgi-
mento dos primeiros sintomas, é possível observar
a presença de um pó acinzentado na superfície dos
frutos. Esse pó são os esporos do fungo, ou seja, as
estruturas reprodutivas do patógeno, que vão disse-
minar a doença por toda a área de cultivo.

Cerca de 45 a 90 dias após a infecção, aparecem


manchas cor-de-chocolate ou castanhas-escuras nos
frutos.

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Atenção!
Atente-se e monitore seu cultivo, principalmente durante o período de frutificação,
para observar se existe algum fruto com os sintomas listados acima. Caso encontre,
não retire os frutos das árvores; isole a área e comunique imediatamente às autori-
dades competentes: entre em contato com a Ceplac e a Superintendência Federal
de Agricultura e Agências de Defesa Estadual (SFA). Lembre-se de que o contato
com o fruto contaminado pode disseminar a doença por toda a área!

Vá além!
A prevenção é a principal forma de evitar que a monilíase chegue ao seu plantio de
cacau. Evite transitar com frutos, sementes e mudas de viveiro não certificados e
sacarias. Para conhecer o Protocolo de Biossegurança da Monilíase, clique aqui e
consulte as recomendações do Mapa.

Principais pragas do cacaueiro


e manejo integrado
Como vimos anteriormente, as pragas reduzem a produtividade e a qualidade das plantações ao se ali-
mentarem do cultivo. Além disso, podem transmitir doenças.

No caso do cacaueiro, as principais pragas do cultivo são:

⚫ monalônio (Monalonion spp.);


⚫ cigarrinha (Hoplophorion pertusum);
⚫ tripes (Selenothrips rubrocinctus);
⚫ vaquinha (Taimbezinhia theobromae, Percolaspis ornata e
Colaspis spp.); e
⚫ ácaro-da-gema-do-cacaueiro (Aceria Reyesi).

Selenothrips rubrocinctus

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A seguir, você vai saber mais sobre as principais pragas, confira.

Monalônio

O que é a praga Como fazer o manejo

São percevejos conhecidos popular- O manejo integrado de pragas e


mente como “chupança”. Os adultos e doenças deve ser feito com o monito-
as formas jovens (ninfas) sugam a seiva ramento da área, por meio de amos-
dos ramos novos e dos frutos. Até mes- tragens quinzenais da planta durante a
mo as folhas e os pecíolos são atacados fase de lançamento dos frutos, a pré-
por esses insetos, e, caso o ataque seja -formação dos frutos e a frutificação.
extremo, o crescimento dos ramos é
paralisado, seguido da seca e da queda Atente-se ao sombreamento da lavou-
das folhas. Isso ocorre pois, ao se ali- ra: selecione vinte plantas por hectare
mentarem, injetam toxinas que causam e observe o aspecto dos frutos. Caso
a necrose dos tecidos. encontre frutos contaminados, aja ime-
diatamente:

⚫ colete e queime os frutos danificados;


⚫ limpe a área a fim de eliminar as plan-
tas invasoras e podar as plantas;
⚫ use inseticidas registrados no Mapa; e
⚫ opte por clones resistentes.

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Cigarrinha

O que é a praga Como fazer o manejo

Os insetos adultos medem cerca de 11 O manejo integrado compreende o


mm de comprimento e são de colora- monitoramento quinzenal da seguinte
ção castanha. As fêmeas introduzem forma:
os ovos no tecido vegetal, próximo
ao pecíolo das folhas mais velhas. As ⚫ observe a presença de adultos, ninfas
ninfas surgem após a eclosão dos ovos ou ramos lesionados;
e se alimentam da seiva dos ramos, o
que confere a coloração amarelada às ⚫ faça o manejo do sombreamento,
folhas, que caem logo em seguida. pois temperaturas elevadas associadas
a períodos de estiagem favorecem a
proliferação dos insetos; e

⚫ faça podas de limpeza para eliminar


ramos atacados e use inseticidas.

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Vaquinha

O que é a praga Como fazer o manejo

As vaquinhas verdes e pretas têm com- O monitoramento deve ser feito por
primento de 3 a 5 mm e são os insetos meio da divisão da área em glebas com,
que mais atacam as plantas de cacau. no máximo 5 ha, da seleção de vinte
Alimentam-se das folhas jovens, sem plantas que tenham o dano de “rendi-
consumir as nervuras, o que causa um lhamento”. Siga este passo a passo:
aspecto chamado “rendilhamento”.
Também destroem os lançamentos fo- ⚫ coloque um tecido branco estendido
liares, a casca e os frutos do cacaueiro. sob o cacaueiro e aplique o inseticida
recomendado pelo agrônomo/técnico;

⚫ faça a contagem das vaquinhas qua-


tro horas após a aplicação. Por ser um
predador natural que pode combater
diversos insetos-pragas, só causa danos
econômicos ao atingir a média de dez
indivíduos por planta;

⚫ aplique o defensivo a cada dez dias


e suspenda o uso imediatamente ao
observar uma redução populacional dos
insetos para menos de dez por planta.

O controle cultural consiste no uso do


sombreamento ideal, que crie condi-
ções desfavoráveis para o desenvolvi-
mento da praga.

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Ácaro-da-gema

O que é a praga Como fazer o manejo

É um inseto pequeno, com cerca de 0,2 A depender da intensidade do ataque, o


mm de comprimento e coloração ama- cacaueiro pode morrer pela queda dos
relo-alaranjada. Em 1979, foi encontra- primórdios foliares. O manejo integra-
do pela primeira vez na Bahia, quando do é feito com inseticidas/acaricidas es-
causou danos severos à cultura. pecíficos para o gênero Eriophyidae, pois
não há registros no Mapa de produtos
Os sintomas são o surgimento de folhas químicos específicos para essa praga.
cloróticas, com aspecto retorcido e
alongadas. Após o ataque, o cacaueiro
perde a dominância apical e os ramos
passam a emitir várias gemas laterais.
O inseto se localiza nas gemas e causa
a atrofia da gema terminal, que resulta
em diminuição dos entrenós e queda
das folhas.

Vá além!
Além das pragas citadas aqui, é importante que você conheça também os tripes.
Clique aqui e conheça mais sobre esse inseto.

Conheça também os manuais de Manejo Integrado de Pragas (MIP). É só clicar sobre


os títulos a seguir:

• Manejo Integrado de Pragas: tudo o que você precisa saber sobre ele

• Manejo Integrado de Pragas do Cacaueiro

São muitas pragas e doenças que podem causar danos ao cacaueiro, não é mesmo? Por isso, é preciso
atentar-se à lavoura e observar atentamente os cacaueiros para agir logo ao primeiro sinal de anormali-
dade.

Você viu também que, em alguns casos, há a orientação de aplicar defensivos agrícolas, sempre sob a
orientação de um técnico especializado. Também é fundamental o uso de EPIs. Mas você sabe o que é
isso? Descubra agora!

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podcast
Direto do Campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Para que usar EPIs?

EPI significa Equipamento de Proteção Individual e se refere aos acessórios que garantem
a segurança do trabalhador. Os principais EPIs na agricultura são as luvas, as máscaras, os
óculos, uniforme cobrindo braços, peito e pernas e as botinas de proteção. Os itens devem
ser aprovados pelo Ministério do Trabalho, garantindo que o EPI é capaz de resguardar o
trabalhador dos riscos da atividade.

Diz o Currículo…
O Currículo de Sustentabilidade do Cacau traz algumas orientações específicas
sobre o uso de defensivos agrícolas. Veja:

⚫ não manuseie e/ou aplique defensivos sem equipamento de proteção individual


(EPI);
⚫ não use substâncias comerciais (químicas, biológicas ou orgânicas) para controle de
pragas e doenças sem aprovação do Mapa/Anvisa no Brasil;
⚫ use apenas defensivos indicados por receituário agronômico, implemente estraté-
gias de alternância de princípios ativos e respeite as dosagens propostas em bulas,
o período de carência e o intervalo de reentrada nas áreas;
⚫ disponha de um lugar apropriado para tríplice lavagem (ou lavagem sob pressão
em pulverizador) das embalagens vazias de defensivos. Armazene-as de maneira
apropriada (lugar seguro, isolado e identificado) sempre lavadas e perfuradas, até
sua correta devolução;
⚫ tenha um local adequado para manuseio de defensivos e misturas de caldas para
aplicação;
⚫ não use embalagens de defensivos para qualquer outra finalidade;
⚫ mantenha os defensivos em condições adequadas de armazenamento, com iden-
tificação de perigo e riscos, em ambiente fechado e ventilado, de acesso restrito e
adequado à legislação;

33
⚫ os locais de armazenamento de defensivos devem ter sistema de contenção de
vazamento e respeitar as distâncias recomendadas de mananciais, residências e
estradas; e
⚫ separe os produtos vencidos dos demais e armazene-os em local seguro até o mo-
mento da devolução. As embalagens vazias de defensivos devem retornar correta-
mente quando houver chances de devolução. Para tanto, mantenha arquivados os
recibos de devolução.

Vá além!
O trabalhador responsável por aplicar os defensivos agrícolas deve seguir os pro-
cedimentos estabelecidos na Normativa Regulamentadora n.º 31. Ela estabelece o
uso obrigatório de EPIs e a posse do certificado de treinamento para exercer essa
função. Lembre-se: segurança em primeiro lugar!

34
E na sua porteira?
Esta aula teve por objetivo apresentar as principais pragas e doenças do
cacaueiro. Você aprendeu sobre:

⚫ as principais pragas e doenças do cacaueiro;


⚫ os métodos de controle de pragas e doenças; e
⚫ o manejo integrado de pragas e doenças.

Agora, diante do cenário apresentado e pensando na sua realidade, reflita: quais ações você
poderia tomar para manter sua lavoura livre de pragas e doenças?
Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.
Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

Realmente, há mais pragas que podem afetar minha lavoura do


que a vassoura-de-bruxa. O monitoramento quinzenal, a observa-
ção da lavoura e a busca por indícios de pragas ou doenças é algo
que precisa entrar na minha rotina. E, caso eu identifique algo
diferente, precisarei consultar esses materiais que o Edu sepa-
rou para saber a forma mais adequada de agir. Preciso conseguir
identificar a praga quando ela ainda não afetou grande parte da
lavoura!

Agora, avance para a Aula 3 e compreenda a importância das podas para o cacaueiro e os principais
tipos usados.

35
Módulo 4 - Aula 3

Poda

36
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

- Edu, você comentou que semana que vem precisaremos fazer as podas dos cacaueiros
que plantamos na área nova... Não seria melhor a gente deixar que a planta cresça natural-
mente, pra ter mais galhos e produzir mais frutos?

- Ah, Gabi, pra ter alta produtividade, as coisas não funcionam dessa maneira... Uma poda
bem-feita faz com que a planta tenha mais equilíbrio, cresça com vigor e produza mais,
além de manter a copa em uma altura que facilita o manejo. Vamos conversar mais sobre
isso...

A poda da planta do cacau serve para dar forma e equilíbrio, além de melhores condições de produção,
por meio de eliminação de ramos doentes, secos, sombreados e malformados. Sem ela, o cacaueiro pode
atingir até oito metros de altura, como vimos lá no Módulo 2.

Mas a altura descontrolada é um entrave tanto para a colheita comercial quanto para a distribuição nutri-
cional da planta!

Nesta aula, você vai aprender tudo sobre essa importante etapa do manejo da lavoura.

Importância da poda do cacaueiro


Poda é, basicamente, o ato de retirar parte de plantas e cortar ramos inúteis. No cacaueiro, ela é feita
para dar forma à copa, promover melhor luminosidade e evitar o autossombreamento dos ramos, que
prejudica o processo de fotossíntese.

Veja algumas das vantagens dessa prática:

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⚫ contribui para o arejamento da plantação;
⚫ evita o aparecimento de doenças;
⚫ minimiza a invasão de copas por plantas vizinhas, que
prejudica o manejo da cultura; e
⚫ garante que as plantas tenham uma altura que facilite o
processo de colheita.

Diz o Currículo…
De acordo com o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, é fundamental imple-
mentar práticas de poda conforme recomendação técnica e que considerem a otimi-
zação da luz, a nutrição e a fitossanidade a fim de visar à produtividade e à eficiência
operacional.

Agora que você já sabe por que a poda é importante, deve estar se perguntando como ela deve ser feita.
Mas, primeiro, vamos falar das ferramentas usadas no processo.

podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Quais as ferramentas utilizadas na poda do cacau?

Para cortar ramos flexíveis sem causar danos à planta nem propiciar o desenvolvimento de
doenças e pragas, utilize tesouras de podas, facão ou faca. Para ramos grossos, escolha o
serrote. O corte deve ser sempre no formato “bisel” para evitar assim o acúmulo de água e
apodrecimento do ramo.

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Quando a poda é feita em excesso ou sem critérios técnicos, com a retirada de ramos produtivos, sa-
dios e expostos ao sol, podem ocorrer diversos problemas. Confira os principais no infográfico a seguir:

Diminuição da produtividade, por causa da


necessidade de nutrir ramos dispensáveis

Crescimento excessivo de plantas daninhas,


devido à maior incidência de luz na área

Problemas da
poda malfeita Aumento dos custos com controle, por causa
da necessidade maior de roçagens

Aumento da emissão de novos brotos e ramos no


cacaueiro, o que dificulta e exige maior manejo e
mão de obra

Tipos de podas
São quatro os tipos de poda para a manutenção do cacaueiro: de formação, de manutenção, de reabilita-
ção e poda fitossanitária. Cada uma delas tem funções específicas e devem ser feitas conforme as orien-
tações que você aprenderá a seguir.

Poda de formação
Também chamada de poda precoce, é feita nas plantas jovens, na fase de viveiro ou em áreas novas/em
renovação. O objetivo é dar forma e equilíbrio à planta por meio da retirada de brotos e de galhos inde-
sejáveis. Busca-se uma copa formada por 3 ou 4 galhos principais, em formato de cálice. Descubra como
a poda de formação deve ser feita:

39
Na prática

Os cacaueiros com idade média de 12 meses têm altura de


1,20 m. Nessa idade, o ramo principal tem o crescimento
paralisado e emite de 3 a 5 ramos que vão formar a coroa.

É a partir da coroa que inicia o processo de construção da


arquitetura da copa, por meio da seleção dos ramos, que
vão definir o equilíbrio da planta e eliminar os ramos com
espessura diferenciada, que podem causar desequilíbrio
ao cacau.

A copa formada nessa etapa inicial de desenvolvimento do


cacaueiro será a estrutura futura da árvore e, nos ramos
primários, surgirão a maioria dos frutos.

Nos anos seguintes (2.º e 3.º) são selecionados os ramos


secundários e, assim, consecutivamente, até a formação
da copa da árvore, em formato de taça. Os ramos que esti-
verem muito próximos uns aos outros e os que crescerem
no sentido interior da copa devem ser excluídos.

40
Algumas variedades, como a Criollo, tendem a ter uma
ramificação voltada para baixo, que prejudica o sombrea-
mento e a ventilação no interior da copa.

Nesse caso, a poda de formação deve ser mais cautelosa,


de modo a retirar ramos ou partes da planta que atingi-
rem a superfície do solo para proporcionar o crescimento
de ramos laterais fortes com direção ascendente.

Poda de manutenção
Esta poda busca formar uma planta com uma copa mais eficiente na captação de luz e favorecer a fase
de reprodução (produção de flores e frutos). Também é feita para manter as plantas dentro do espaça-
mento planejado inicialmente e evitar o autossombreamento.

É feita quando o cacaueiro tem mais de 2 ou 3 anos de idade, por meio de uma poda leve, para retirar
apenas os galhos mortos ou mal posicionados, uma ou duas vezes ao ano, no verão.

Mas quais ramos devem ser retirados?

Como vimos nas aulas anteriores, o cacaueiro produz ramos ortotrópicos (ramos com folhas que crescem
no formato de leque ao longo da haste, de ambos os lados) e plagiotrópicos (conhecidos como “ramos
chupeta” ou “chupão”, têm folhas que crescem ao redor do caule e surgem logo abaixo dos ramos orto-
trópicos). Ambos são de grande importância no manejo da cultura, porque influenciam a arquitetura da
copa da planta e a produtividade.

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Ramos
ortotrópicos

Ramos
plagiotrópicos

A poda deve ser feita para retirar todos esses ramos abaixo do joguete. Se isso não for feito, o cresci-
mento vertical será prejudicado e afetará todo o desenvolvimento e a produção de frutos.

Ramos mortos, doentes, fracos, secos, que estão muito próximos uns aos ou-
tros ou pendurados na árvore devem ser eliminados ainda novos. O objetivo
é impedir o desvio de nutrientes destinados para os frutos. A poda estimula
novos ramos vegetativos e busca alcançar um equilíbrio com a parte produti-
va da planta. Evite remover ramos em leque.

Poda de reabilitação
A poda de reabilitação representa a reestruturação do cacaueiro que se tornou improdutivo, porque foi
descuidado e cresceu livremente na área ou por abandono da plantação. Saiba agora como proceder
nesses casos:

42
Na prática

As podas devem ser parciais, manter os ramos mais vigo-


rosos, com folhas bonitas e distribuição uniforme, que
crescem no sentido da luz e não do solo.

Mantenha o caule também, pois isso vai estimular o brota-


mento de ramos ou “chupões” na parte basal da planta.

Retire os ramos que não estejam bem-posicionados ou


caídos ao solo e deixe apenas 25% dos ramos com melhor
aspecto visual. Após o brotamento de novos ramos, os me-
lhores rebentos serão selecionados para substituir a copa
velha da árvore.

Se a plantação estiver em péssimas condições, pode ser


feita a poda completa do caule a uma altura média de 80
cm acima do solo e que deixe os rebentos ou “chupões”
crescerem.

43
Atenção!
Você sabia que a plantação de cacau costuma reagir muito bem à poda parcial?
Quando associada a um bom manejo de adubação e a um programa eficiente de
controle de pragas, doenças e plantas invasoras, a produtividade pode aumentar
ano após ano.

Poda fitossanitária
Essa poda deve ser feita em todas as plantas, no viveiro ou no campo. Consiste em retirar todos os ramos
ou as folhas doentes com o auxílio de uma tesoura de poda. Quando as plantas são adultas, pode-se
eliminar toda a parte da planta atacada por doenças ou pragas, como folhas, botões florais, ramos ou
frutos.

A poda fitossanitária é primordial para o controle da vassoura-de-bruxa, pois remove os galhos atacados,
verdes ou secos. Atente-se a essas orientações:

⚫ elimine os ramos contaminados para impedir a propaga-


ção dos agentes infecciosos;
⚫ higienize as ferramentas usadas sempre que for passar
de uma planta para outra, principalmente se houver
incidência de mal-do-facão;
⚫ para isso, use uma solução de hipoclorito: água e água
sanitária (100 ml de água sanitária para cada 1000 ml de
água).

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A desbrota (eliminação de ramos que não produzem frutos) e a limpeza
geralmente são feitas ao fim da safra por meio do corte dos galhos secos e
doentes. A desbrota é feita antes do período chuvoso (de setembro a no-
vembro) e grande parte acontece durante a colheita dos frutos.

E na sua porteira?
Esta aula trouxe tudo o que você precisa saber sobre as podas, para que
você possa manter os cacaueiros saudáveis e com alta produtividade!
Você aprendeu sobre:

⚫ a importância da poda do cacaueiro; e


⚫ os tipos de podas: de formação, de manutenção, de reabilitação e a
poda fitossanitária.

Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: as podas são feitas adequada-
mente? Alguma técnica precisa ser revista?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, vejo que descuidamos das podas de manutenção


na lavoura antiga. Precisaremos fazer uma poda de reabilitação
nessa área para dar nova forma aos cacaueiros que não foram
substituídos para, assim, aumentar a produtividade. Também
preciso planejar direitinho meu cronograma para incluir podas
fitossanitárias na lavoura antiga, na lavoura nova e até no viveiro
de mudas.

Muito bem!
Depois de todo esse aprendizado, você já pode responder à próxima atividade.
45
Atividade
de aprendizagem

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Este é um momento de autoavaliação, em que você vai poder refletir e validar o que aprendeu neste
módulo. Leia com atenção a pergunta e, no ambiente virtual de aprendizagem, escolha a resposta ade-
quada.

Atividade de aprendizagem
Questão 1
O fornecimento adequado de nutrientes é um aspecto crucial para se al-
cançar bons rendimentos na lavoura de cacau. Assim, com base nos tipos
de adubação do cacaueiro, assinale verdadeiro ou falso:

A) A adubação de plantio (fundação) é feita no momento do plantio por meio da


abertura de covas rasas para aplicação de fertilizantes ricos em P. Este elemento
químico tem função primordial nas fases iniciais de desenvolvimento do cacaueiro.

B) Os micronutrientes (B, Mn, Fe e Cu) têm pouca importância para o cacau, pois a
planta não necessita desses elementos para fazer os processos vitais de crescimen-
to e desenvolvimento. Tampouco há expressão de sintomas na planta quando são
escassos no solo.

C) A adubação de manutenção e de produção é feita a partir do primeiro ano de


cultivo e consiste na aplicação de adubos ricos em N e K, aplicados a lanço ou in-
corporados ao solo, de forma parcelada.

D) Para fazer a adubação foliar, é necessário fazer a amostragem periódica do solo


para avaliar o teor de nutrientes disponíveis, principalmente os elementos N, P e
K, bem como observar os aspectos físicos e químicos do solo para fazer a aplicação
de adubo.

E) A fertirrigação é uma prática muito comum em regiões do Semiárido brasileiro


e consiste em fazer aplicações de adubos nitrogenados, potássicos e que contêm
micronutrientes todas as vezes que for feita a rega das plantas.

47
Atividade de aprendizagem
Questão 2
O cacaueiro é uma planta de clima tropical, nativa de florestas. Devido a
essa característica, a cultura é bastante suscetível ao ataque de pragas e
doenças que comprometem em até 100% as perdas de produtividade. A
respeito das principais doenças e pragas do cacaueiro, assinale a alternati-
va correta:

A) A vassoura-de-bruxa foi, por muito tempo, a principal doença do cacaueiro.


Hoje, não tem tanta importância. A doença, causada por uma bactéria, atinge ape-
nas o fruto, o qual passa a ter uma coloração amarronzada.

B) A podridão-parda pode causar perdas significativas, se não controlada no início.


Os sintomas compreendem a formação de lesões nos frutos que apresentam odor
fétido, parecido com o de peixe. Ramos e lançamentos foliares também são atingi-
dos.

C) O monalônio é uma praga causada por vaquinhas que se alimentam das folhas e
formam o efeito chamado “rendilhado”. O intenso ataque causa seca e queda das
folhas e compromete o desenvolvimento e a produção de frutos.

D) As cigarrinhas ficam alojadas na face inferior das folhas e nas superfícies dos
frutos e seu hábito de alimentação é do tipo raspador-sugador. Os sinais corres-
pondem ao amarelecimento das folhas e a formação de frutos com coloração
marrom.

48
Atividade de aprendizagem
Questão 3
O cacaueiro é uma planta de crescimento dimórfico, o que demanda um
calendário de poda bastante criterioso. A poda é feita para direcionar a
arquitetura da copa e promover diversos benefícios à plantação. Sobre
poda do cacaueiro, assinale verdadeiro ou falso:

A) A poda de formação é feita em mudas na fase de viveiro com o objetivo de con-


trolar pragas e doenças por meio da remoção de partes infectadas. O corte pode
ser feito com um canivete no formato de um ângulo reto.

B) A poda de manutenção é feita quando o cacau está na fase de produção de


frutos e é feita para promover uma melhor ventilação no interior das copas das ár-
vores. São retirados todos os galhos e os ramos desnecessários e mantidos apenas
os ramos plagiotrópicos (chupões).

C) A poda de reabilitação é indicada para áreas que se tornaram improdutivas. É


feita com podas parciais, que mantêm os melhores ramos e caule, para estimular o
brotamento de ramos ou “chupões” na parte basal da planta.

D) A poda fitossanitária é feita apenas em viveiro e tem o objetivo de conduzir os


ramos de forma a melhorar o sombreamento e a ventilação da área e, assim, criar
condições desfavoráveis para o surgimento de pragas e doenças e retirar os ramos
chupões que prejudicam o desenvolvimento da planta.

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