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CÁLCULO

DE
ADUBAÇÃO
CONFIRA O QUE É CÁLCULO DE ADUBAÇÃO
E COMO ELE PODE AJUDAR NO
CRESCIMENTO SAUDÁVEL DA LAVOURA.

DARE TÉCNOLOGIA E APLICAÇÃO AGRÍCOLA


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. O QUE É ADUBAÇÃO?
3. QUAIS SÃO OS NUTRIENTES ESSENCIAIS?
4. NPK : ESSENCIAIS EM TODAS AS ETAPAS
5. QUAIS SÃO OS TIPOS DE ADUBOS?
6. COMO IDENTIFICAR A NECESSIDADE DE ADUBAÇÃO?
7. CÁLCULO DE ADUBAÇÃO – ANÁLISE DE SOLO
8. CÁLCULO DE ADUBAÇÃO – CULTURA DE SOJA
9. QUANTOS KG/HA?
10. COMO É FEITO O PROCESSO DE ADUBAÇÃO?
11. CÁLCULO DE CALAGEM: APRENDA A FAZER
12. O QUE É CALAGEM? QUAIS OS BENEFÍCIOS?
13. QUAL É A IMPORTÂNCIA DA CALAGEM?
14. COMO FAZER O CÁLCULO DE CALAGEM?
15. QUAIS SÃO OS TIPOS DE CALCÁRIOS E PARA QUAIS
SOLOS ELES SÃO INDICADOS?
16. CALAGEM X GESSAGEM
17. REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

Confira o que é cálculo de adubação e como ele pode ajudar


no crescimento saudável da lavoura!

Sabemos que o desenvolvimento inadequado das plantas


está ligado a diversos fatores como a falta de nutrientes no
solo. Diante disso, o cálculo de adubação surge como
solução eficiente para indicar a quantidade necessária de
nitrogênio, fósforo, potássio entre outros.

Sendo assim, quando a cultura apresenta deficiência no


crescimento e evolução da produção, pode ser sinal da
carência de nutrientes, ou seja, há a necessidade de realizar
o processo de adubação.

Neste material, você vai entender como é feito o cálculo de


adubação e como ele pode te ajudar a garantir o
desenvolvimento saudável da sua lavoura.

Vamos lá?
O QUE É ADUBAÇÃO?

A adubação consiste em um processo que tem por


finalidade repor nutrientes que auxiliam no crescimento das
plantas. Dessa forma, ela é responsável por promover a boa
fertilização no solo para que o cultivo se desenvolva de
forma adequada.

Em síntese, a adubação tem como objetivo primordial


manter ou aumentar no solo a disponibilidade dos nutrientes
e o teor de matéria orgânica.

Isso porque a incorporação desses nutrientes ajuda a


restituir aqueles perdidos pelo solo em processos de
lixiviação, erosão, complexação, imobilização, fixação,
volatilização e, de absorção pelas plantas.
QUAIS SÃO OS NUTRIENTES ESSENCIAIS?

Os nutrientes podem ser classificados em essenciais para o


crescimento e desenvolvimento das plantas, e não
essenciais, porém benéficos. Para tanto, alguns critérios são
usados para definir a essencialidade dos nutrientes.

Dessa forma, para o nutriente ser considerado essencial ele


deve ter as seguintes características:

A ausência do nutriente impede que a planta complete


seu ciclo;
A deficiência do nutriente é específica, podendo ser
prevenida ou corrigida somente mediante seu
fornecimento;
O nutriente deve estar diretamente envolvido na nutrição
da planta, sendo que sua ação não pode decorrer de
correção eventual de condições químicas ou
microbiológicas desfavoráveis do solo ou do meio de
cultura, ou seja, por ação indireta.

Sendo assim, os nutrientes essenciais podem ser separados


em dois grupos: macro e micronutrientes.
Todavia, seis nutrientes são absorvidos e exigidos em
quantidades superiores aos demais: nitrogênio (N),fósforo
(P),enxofre (S),potássio (K),cálcio (Ca) e magnésio
(Mg),formando os chamados macronutrientes.

Por outro lado, os micronutrientes, são exigidos em


quantidades inferiores aos anteriormente citados, são: ferro
(Fe),manganês (Mn),zinco (Zn),cobre (Cu),boro
(B),molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
NPK : ESSENCIAIS EM TODAS AS ETAPAS

O NPK, Nitrogênio, Fósforo e Potássio, nutrientes


classificados como macronutrientes, são muitos utilizados
por serem essenciais em todas as etapas: crescimento,
florescimento e frutificação.

Nitrogênio (N)

Em síntese, todas as plantas precisam de nitrogênio. No


entanto, os solos mais carentes desse tipo de nutrientes são
os considerados pobres ou que serão utilizados depois do
cultivo.

Contudo, a deficiência de nitrogênio pode ser notada


quando as plantas apresentam folhas pálidas e crescimento
inapropriado.

Logo, ele pode ser definido como:


Macronutriente primário ou nobre;
Mais utilizado, mais extraído e o mais exportado pelas
culturas;
É o nutriente de obtenção mais cara;
É o mais lixiviado.
Características dos principais adubos nitrogenados
Aumentam a acidez do solo;
Índice salino relativamente elevado;
Solubilidade alta em água.

Funções
Componente da molécula de clorofila;
Componente de aminoácidos e proteínas;
Essencial para a utilização de carboidratos;
Componentes de enzimas;
Ajuda a absorção de outros elementos;
Estimula o desenvolvimento das raízes.

Fósforo (P)

O fósforo é um nutriente essencial, principalmente, para as


plantas que possuem flores e frutos. Além disso, os solos
arenosos, geralmente, necessitam desse nutriente.

Sendo assim, a deficiência do fósforo pode ser observada


em plantas cuja as raízes possuem desenvolvimento
deficiente, isto é, raquítico.

Sendo assim, ele possui os seguintes atributos:


Macronutriente primário ou nobre;
Menos extraído e o mais aplicado nas lavouras;
Nutriente que mais limita a produção.
Funções
Energia (ATP);
Estrutural (RNA e DNA).

Potássio (K)
Assim como o fósforo, o potássio é essencial para todas as
plantas, especialmente as que produzem flores e frutos.

Contudo, sua aplicação pode ser realizada em todos os tipos


de solos, principalmente os que receberam muito fertilizante
ou esterco com alto teor de magnésio.

Todavia, sua deficiência é notada quando há o florescimento


pobre nas plantas.

Assim, ele é definido como:


É o terceiro dos macronutrientes nobres;
É exigido pelas plantas em quantidades semelhantes às
de N e superiores às de P;
Nossos solos são pobres em K, mas este não é o
nutriente mais limitante da produção.

Funções
Ativador de mais de 60 enzimas;
Regula a pressão osmótica;
Abertura e fechamento dos estômatos;
Fotossíntese.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE ADUBOS?

A princípio, quando o solo não consegue suprir por si só as


necessidades nutricionais da planta, é necessário inserir os
nutrientes por meio de adubos.

Em resumo, os adubos podem ser obtidos a partir de


diferentes fontes, sendo classificados como orgânicos e
inorgânicos (minerais).

Adubos orgânicos: são aqueles obtidos por fontes naturais


como restos de plantas, estercos de animais, farinha de
ossos, ação de microrganismos e minhocas.

Adubos minerais: originalmente obtidos a partir de


elementos minerais disponíveis no ambiente.

Na prática, grande parte dos adubos podem ser aplicados


diretamente no solo, para que possam ser gradativamente
incorporados pelas plantas através das raízes.

Por isso, é muito importante que após a aplicação ocorra a


rega para que os nutrientes possam penetrar no substrato de
forma mais rápida.
COMO IDENTIFICAR A NECESSIDADE DE ADUBAÇÃO?

Em suma, a recomendação da adubação pode ser


identificada a partir de alguns passos fundamentais:

No entanto, a deficiência de nutrientes costuma provocar


alterações visíveis nas plantas. Então fique atento aos
seguintes sinais:

Sintomas de deficiência

1 – Nitrogênio, Fósforo e Potássio

Nitrogênio: clorose, especialmente nas folhas mais velhas,


plantas pouco vigorosas, crescimento lento, hastes finas,
internódios curtos e folhas eretas, produção de tubérculos
pequenos e em menor quantidade. Sendo que, quando a
deficiência de Nitrogênio é severa, pode haver manchas
necróticas e abscisão de folhas.
Fósforo: os folíolos não se expandem, enrugam-se, ficam
verde-escuros, sem brilho e curvam-se para cima. Além disso,
as folhas inferiores podem apresentar cor púrpura na parte
abaxial, as raízes e os estolões são reduzidos em número e
em comprimento, bem como, a produção de tubérculos é
reduzida.

Potássio: plantas pequenas e compactas e a folhagem tem


aparência murcha (folhas arqueadas para baixo). E mais, as
margens e os ápices das folhas mais velhas tornam-se
inicialmente amareladas, adquirem coloração amarronzada
e, por fim, tornam-se necrosadas, causando o aparecimento
de inúmeras manchas pretas pequenas entre as nervuras
nas margens dos folíolos.

2 – Cálcio, Magnésio e Enxofre

Cálcio: folhas jovens ficam menores e enrugadas, o


crescimento da planta é reduzido, apresentando caules e
folíolos finos. Dessa maneira, em condições severas, pode
haver morte da gema apical e necrose nos ápices dos brotos
dos tubérculos, porém em estágio mais avançado, há o
desenvolvimento de pontos mortos (coração negro),devido
à baixa mobilização de Cálcio para os tubérculos.
Magnésio: ocorre o amarelecimento entre as nervuras
foliares, seguido de necroses de coloração marrom,
principalmente nas folhas mais velhas, que permanecem
com as margens verdes. Por sua vez, as folhas ficam ainda
enroladas para cima, grossas e quebradiças.

Enxofre: as folhas mais novas ficam cloróticas e com lento


crescimento, mas geralmente não secam, como acontece na
deficiência de Nitrogênio.

3 – Boro, Cobre e Ferro

Boro: notam-se alterações nas partes mais novas da planta.


Assim, pode haver morte dos brotos principais, maior
brotação lateral e desenvolvimento de muitas hastes, o que
leva à produção de tubérculos menores. Além disso, os
folíolos se enrolam a semelhança ao sintoma de viroses, as
folhas são mais grossas e os internódios mais curtos.

Cobre: folhas mais novas se tornam pouco túrgidas,


podendo até mesmo, em casos graves, secar.

Ferro: clorose internerval nas folhas jovens, enquanto as


nervuras permanecem verdes. Em virtude disso, podem
aparecer lesões necróticas nas folhas.
4 – Manganês, Molibdênio, Zinco

Manganês: folhas jovens apresentam clorose internerval


acompanhada do aparecimento de pontuações pequenas e
redondas de cor marrom ou preta. Essas pontuações
ocorrem em grupos perto da nervura central em direção à
área basal dos folíolos, sendo que os pecíolos, geralmente,
permanecem verdes e sem sintomas.

Molibdênio: as plantas ficam cloróticas, raquíticas e, com o


passar do tempo, apresentam folhas pardacentas e a morte
dos bordos.

Zinco: as margens dos folíolos ficam voltadas para cima, as


folhas ficam menores, os internódios mais curtos. Em virtude
disso, pode ocorrer o crescimento reduzido da planta.
CÁLCULO DE ADUBAÇÃO – ANÁLISE DE SOLO

No geral, para realizar o cálculo de adubação, é necessário


se basear nas tabelas oficiais de cada Estado, onde há
especificação de cada cultura.

Em síntese, elas são desenvolvidas com base nos resultados


de pesquisa em adubação, nos quais são determinadas
faixas de nutrientes do solo, que podem ser classificadas em
muito baixo, baixo, médio, alto ou muito alto.

No caso do fósforo e do potássio, é necessário verificar em


que faixas os teores da análise de solo são incluídos. Feito
isto, é mostrada uma recomendação de P2O5 e K2O, em
kg/ha.

Para exemplificar, vamos utilizar uma análise do solo que


mostra os seguintes resultados:
E esta tabela para soja, utilizada no estado do Paraná.
CÁLCULO DE ADUBAÇÃO – CULTURA DE SOJA

Nosso cálculo de adubação será baseado na cultura de soja.


Em primeiro lugar, podemos verificar que pela análise do
solo, o teor de fósforo (P) é igual a 3,2 mg/dm³ e para o
potássio (K) é 24 mg/dm³ ou 0,06 cmolc/dm³.

Nota-se que a tabela recomendada para esta faixa


(assinaladas),N = 0, P2O5 = 70 a 80 kg/ha e K2O = 90 kg/ha.
Portanto, a relação NPK é 00-75-90. Utilizamos 75 que é a
média de 70-80.

No entanto, para simplificar essa relação, dividimos por 10, e


teremos: 00-7,5-09. Já multiplicando esta relação por 3
teremos: 00-22-27.

Por fim, é uma formulação de fertilizantes que pode ser


aplicada.
QUANTOS KG/HA?

A princípio, se é preciso 90 kg/ha de K2O, então (90/27) x


100 = 333 kg. Arredondamos para uma aplicação de 340
kg/ha. Portanto, esses 340 kg/ha x 22 (garantia de P2O5 da
fórmula) divididos por 100 vão fornecer 75 kg/hade P2O5.

No entanto, se multiplicarmos a relação por 2 teremos uma


outra formulação: 00-15-18. Para achar a quantidade: (75/15)
x 100 = 500 kg/ha.
Dessa forma, esses 500 kg/ha x 18 (garantia de K2O na
fórmula) divido por 100 vai fornecer 90 kg/ha de K2O.
Quanto ao P2O5, 500 kg/ha x 15 dividido por 100 é igual a
75 kg P2O5/ha.

Após realizar o cálculo de adubação e definir a quantidade


ideal de nutrientes, é o momento de realizar a adubação.
Veja a seguir!
COMO É FEITO O PROCESSO DE ADUBAÇÃO?

Com o passar dos anos a agricultura evoluiu e hoje conta


com técnicas modernas no processo adubação, como é o
caso do sistema de semeadura direta. Entenda!

Sistema de semeadura direta

De acordo com dados da Embrapa, quase 70% das áreas


cultivadas com soja e milho utilizam o sistema de semeadura
direta (SSD),uma forma de manejo conservacionista em que
o impacto da atividade agrícola sobre o solo é reduzido.

Em síntese, no sistema de semeadura direta, a palhagem e as


sobras de vegetais de culturas passadas são deixados na
superfície do solo, favorecendo uma cobertura que não só
evita processos danosos como a erosão. Além disso,
enriquece o solo com matéria orgânica, diminuindo a
necessidade da aplicação de fertilizantes.
Dessa forma, o solo só é manipulado na hora efetiva da
semeadura, de forma bem mais superficial. Logo, as
semeadeiras específicas para o plantio direto têm discos que
cortam a palhada e possibilitam o depósito de adubo e
sementes nos sulcos.

Simultaneamente, as colhedeiras utilizadas no SSD já picam


e produzem a cobertura vegetal responsável por proteger o
solo. Assim, com o SSD, a compactação do solo também é
reduzida, simplificando a infiltração de água e a
consequente movimentação de nutrientes.

Como não existe um trabalho prévio no solo, no SSD a


adubação costuma ser realizada em dois métodos: direto na
linha de semeadura ou a lanço, sobre o solo.

Adubação na linha

A adubação direta na linha ocorre quando os fertilizantes já


são introduzidos na linha do sulco da semeadura.

Em outras palavras, os fertilizantes são aplicados ao mesmo


tempo em que a semeadura é realizada, com a utilização de
uma semeadora-adubadora, capaz de executar esse
processo.
Adubação a lanço

A adubação a lanço é aquela realizada na superfície do solo,


com a utilização de adubadoras com sistema de distribuição
a lanço. Com ela, o trabalho é realizado antes mesmo da
semeadura, antecipando a aplicação total ou parcial de
nutrientes requeridos em uma cultura.

Adubação foliar

Muito utilizada por produtores, a adubação foliar é o


processo de a aplicação de nutrientes minerais na folha
vegetal. Com absorção total (absorção passiva e ativa),supre
as carências nutricionais em qualquer lugar da morfologia da
planta.

Dessa forma, ela não se limita à aplicação de soluções de


nutrientes apenas à folhagem das plantas, o tratamento
pode se estender aos ramos novos e adultos, das estacas e
dos troncos.
Vimos que a quantidade de adubos aplicada nas plantas
interferem diretamente no bom crescimento e
desenvolvimento das culturas.

Diante disso, o cálculo de adubação assume um papel


determinante para o sucesso de uma lavoura, uma vez que,
indica a quantia ideal de nutrientes necessários para que ela
cresça de forma saudável.
CÁLCULO DE CALAGEM: APRENDA A FAZER

O cálculo de calagem representa uma excelente forma de


corrigir os solos brasileiros, que em grande parte, são
intemperizados e apresentam Ph ácido, isto é, elevada
concentração de alumínio trocável e fertilidade natural baixa.

Neste artigo você vai ter a oportunidade de aprender como


aplicar essa prática agrícola que tem proporcionado vários
benefícios para as lavouras.

Vamos lá?

O QUE É CALAGEM? QUAIS OS BENEFÍCIOS?

A calagem consiste na adição de calcário ou cal virgem no


solo para elevar o ph, diminuir os teores de AL³ trocável e
disponibilizar macronutrientes como Ca e Mg para o
desenvolvimento das plantas.

De modo geral, ela é uma das primeiras operações de


preparo do solo para o cultivo de uma lavoura. Assim,
materiais de caráter básico são acrescentados no solo para
neutralizar a sua acidez.

Contudo, a sua aplicação é feita em boa parte dos solos


brasileiros, já que a acidez elevada é uma característica
comum na maioria deles.
Em meio aos benefícios que a calagem pode proporcionar
estão:

Eleva o ph do solo;
Fornece suprimento de cálcio de magnésio;
Estimula o crescimento de raízes;
Aumenta o sistema radicular;
Reduz a disponibilidade de alumínio e manganês;
Favorece a fixação biológica de nitrogênio;
Eleva a mineralização da matéria orgânica.

QUAL É A IMPORTÂNCIA DA CALAGEM?

Como foi dito anteriormente, a maioria dos solos brasileiros


são ácidos. Isso significa que eles possuem íons H+ e Al+3,
originados da intensa lavagem e lixiviação dos nutrientes do
solo, da retirada dos nutrientes catiônicos pela cultura e da
utilização defertilizantes de caráter ácido.

Diante disso, podemos afirmar que a alta acidez do solo é um


dos principais problemas que favorecem a baixa
produtividade nas plantações.
Na prática, essa acidez é diagnosticada com base no pH
menor que 7 (ponto neutro),o que provoca a liberação de
elementos tóxicos para os vegetais, como o alumínio. Além
disso, é sinal de terreno com baixa fertilidade e carente de
cálcio, magnésio e potássio.

Sendo assim, a calagem representa uma solução para


corrigir o solo, neutralizando a acidez e fornecendo
nutrientes que contribuem o aumento da produtividade.

De que forma é feita a calagem?

Em síntese, para realizar o processo de calagem, alguns


aspectos importantes devem ser considerados. Por isso, eu
vou te apresentar o passo a passo.

Amostragem do solo

O primeiro passo é coletar a amostra para que seja feita a


análise química do solo com base nas orientações do
laboratório que irá realizar o procedimento.

Encaminhamento para o laboratório

Logo após a coleta da amostra, ela deverá ser encaminhada


para o laboratório devidamente identificada com dados
como: data, local da coleta, responsável, dentre outros.
Definição do tipo e da dose de calcário

A partir do resultado da análise, será possível identificar qual


tipo de calcário será necessário utilizar e a quantidade
adequada (nessa etapa é realizado o cálculo de calagem).

Aquisição do Produto

Então, com o tipo de calcário definido, é o momento de


pesquisar fornecedores e considerar valores com transporte,
caso não haja produto perto da região.

Aplicação do calcário

A princípio, existem duas formas de fazer a aplicação do


calcário: distribuição do calcário na superfície sem a devida
subsequente incorporação (plantio direto) ou distribuição
do calcário acompanhada de incorporação por aração e
gradagem (plantio convencional).

A aplicação deve ser realizada 2 meses antes do plantio para


que o calcário seja incorporado ao solo.
COMO FAZER O CÁLCULO DE CALAGEM?

Em resumo, o cálculo de calagem é feito por meio de alguns


métodos utilizados para identificar a necessidade de
calagem.

Contudo, são realizados cálculos de calagem com base em


conceitos básicos como: soma das bases, CTC’s efetiva (t) e
potencial (T),saturação das bases (V%),saturação por
alumínio (m%),percentagem de saturação de Ca, Mg e de K e
relação Ca/Mg.

Método da elevação da porcentagem de saturação por


bases

O cálculo de calagem baseado no método da elevação da


porcentagem de saturação de bases consiste na seguinte
fórmula:

t.ha-¹ de calcário = (V2 – V1).T/PRNT

V2 = 70% (saturação por bases desejada)


V1 = saturação por bases atual (análise do solo) = [(Ca²+ +
Mg²+ + K+).100] /T
T = capacidade de troca catiônica [Ca²+ + Mg²+ + K+ + (H +
Al)], em cmolc.dm-³
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser
aplicado
Método da neutralização do Al³+ e fornecimento de Ca²+
+ Mg²+

Da mesma forma podemos realizar o cálculo de calagem


baseado no método da neutralização do Al³+ e fornecimento
de Ca²+ + Mg²+ .

t.ha-¹ de calcário = Y.[Al³+ – (mt.t/100)] + [X-(Ca²+ +


Mg²+)].100/PRNT

X= exigência em cálcio e magnésio pela cultura


mt = máxima saturação por alumínio admitida pela cultura
Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do
solo. Pode ser determinado conforme a textura.
Para solos arenosos (0 a 15% de argila),textura média (16 a
35% de argila),argilosos (36 a 60% de argila),muito argilosos
(61 a 100% de argila).

Nesse sentido, são utilizados os valores de Y (0 a 1,0; 1,0 a


2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0 respectivamente).

Método SMP

Por fim, o SMT, muito utilizado nos estados do Rio Grande do


Sul e Santa Catarina, esse método é baseado no índice SMP
para indicação de calagem.
No cultivo de cebola, por exemplo, é definido o índice SMP
na análise do solo a fim de obter a quantidade de calcário
necessária para elevar o pH do solo a 6,0, conforme o uso da
tabela a seguir.

Quantidade de calcário (PRNT 100%) com base no índice


SMP, visando atingir o pH 6,0 em água, para correção da
acidez dos solos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE CALCÁRIOS E PARA QUAIS
SOLOS ELES SÃO INDICADOS?

No geral, o calcário é obtido pela moagem de rocha calcária


e possui carbonato de cálcio (CaCO3) e magnésio (MgCO3)
em sua composição, podendo ser classificado em calcíticos,
dolomíticos e magnesianos.

Calcíticos: contém maior concentração de carbono de


cálcio (CaCO3) e baixo teor de carbonato de magnésio
(MgCO3),abaixo de 10%. Todavia, ele é indicado
especialmente para solos carentes de cálcio.

Dolomíticos: dispõe de um teor de MgCO3 acima de 25%.


Sendo assim, é recomendado para o reparo do solo com
deficiência em cálcio e magnésio.

Magnesianos: possui de 10% a 25% de MgCO3, por isso é


apropriado para solos com deficiência em magnésio.
CALAGEM X GESSAGEM

Antes de concluir, é importante esclarecer algumas dúvidas


importantes em relação as práticas de calagem e gessagem.

O que é calagem, você já sabe!

O processo de calagem consiste na aplicação de calcário ou


cal virgem no solo para elevar o ph , diminuir os teores de
AL³ trocável e disponibilizar macronutrientes como Ca e Mg
para o desenvolvimento das plantas.

E a gessagem?

Ao contrário do que muitos imaginam, a gessagem não tem


como função corrigir o pH do solo.

A gessagem é utilizada para insolubilizar formas fitotóxicas


do alumínio disponíveis no solo e com isso “carregar”
nutrientes em profundidade, impedindo-os de sofrer
processos de lixiviação, por exemplo.

Como resultado, ela proporciona o melhor desenvolvimento


e aprofundamento do sistema radicular das plantas, bem
como, favorece a absorção de água e nutrientes como um
todo.
Enfim, nesse material você teve a oportunidade de saber o
que é calagem e compreender a sua importância para o
aumento da produtividade agrícola.

Além disso, conferiu os principais métodos de cálculo de


calagem e aprendeu sobre os tipos de calcário.

Então, aproveite essas informações e coloque em prática!


REFERÊNCIAS

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