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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA
CAMPUS JI-PARANÁ

NUTRIÇÃO FLORESTAL
Os Elementos Minerais
Fernando Antônio Rebouças Sampaio
Nutrição Florestal

Os Elementos Minerais: critérios de essencialidade;


classificação dos nutrientes; os elementos essenciais e
benéficos para as plantas; exigências nutricionais e funções
dos macro e dos micronutrientes; deficiências minerais mais
comuns nas plantas florestais (4 AT).
História da Nutrição Mineral de Plantas
História da Nutrição Mineral de Plantas
OS ELEMEMTOS MINERAIS
 A planta usa a água e os nutrientes do solo e o oxigênio do
ar para fabricar carboidratos, gorduras e proteínas. Quanto
mais ela puder fabricar, mais alimentos ou fibras ela irá
produzir.

Processo de
nutrição vegetal
Ciclo da Produção
PROCESSO DE PRODUÇÃO DE PLANTAS

Todas as formas de vida necessitam de energia, alimento e


água. As plantas não são exceção.

FOTOSSÍNTESE

LUZ
6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2

Gás + Água Açúcar + Oxigênio

ex.: fruto, tubérculo, etc.


OS ELEMEMTOS MINERAIS
PROCESSO DE PRODUÇÃO DE PLANTAS

O Homem pode contribuir neste processo de três maneiras


 Pelo fornecimento de  Por meio do
 Pelo controle da
mais N, P, K, calcário preparo adequado
umidade através
e outros nutrientes e de práticas de
da irrigação e/ou
necessários para manejo que
drenagem ou
assegurar o deixem ao meio
práticas que
suprimento adequado ambiente o melhor
racionalizem o uso
para a obtenção de possível para o
da água;
produções ótimas crescimento.
Elementos Essenciais para Plantas Superiores
CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES DE PLANTAS

 Essenciais:
• São os elementos minerais da planta, sem os quais ela
não vive. Podem ser:
• Orgânicos (dag kg-1): C (45), H (6), O (45) e são
absorvidos da H2O e do CO2.
• Inorgânicos:
• Macronutrientes (dag kg-1): N (2-3,5); P (0,12-0,22); K
(1,5-3,0); Ca (1,0-2,5); Mg (0,2-0,4), S (0,2-0,3).

• Micronutrientes (mg kg-1): B (30); Cl (100); Cu (6); Fe


(100); Mn (50); Mo (0,1); Zn (30).
CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES DE PLANTAS

 Benéficos:
• Não são essenciais, a planta pode viver sem eles,
entretanto sua presença contribui para o crescimento,
produção ou resistências à pragas e doenças. Ex: Al,
Co, Na, Ni, Se, Si.
• Exemplo:
• Na  para algodão, beterraba
• Al  para a cultura do chá, arroz irrigado
• Si  para as gramíneas
 Tóxicos:
• Quando são prejudiciais às plantas e não se enquadram
nas classes anteriores. Ex: Al, Ni, Rb, Pb, Hg, Br, Cd,
Cr, F, I, etc.
NUTRIENTES OU ELEMENTOS ESSENCIAIS

 Análise Completa de uma Planta


 Presença de dezenas de elementos químicos
 A maior parte não tem qualquer importância à vida do
vegetal

“Nem todos os
elementos encontrados
na planta são
essenciais, mas todos
os essenciais devem
estar obrigatoriamente
presentes”
CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE
(Stout & Arnon, 1939)

 A ausência do elemento impede que a planta complete


seu ciclo;
 A deficiência do elemento é específica, podendo ser
prevenida ou corrigida somente mediante seu
fornecimento;
 O elemento deve estar diretamente envolvido na
nutrição da planta, sendo que sua ação não pode
decorrer de correção eventual de condições químicas ou
microbiológicas desfavoráveis do solo ou do meio de
cultura, ou seja, por ação indireta.
CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE

Critério Direto: o elemento participa de


um composto

Critério Indireto: na ausência, a planta


não completa o ciclo

 O elemento faz parte da molécula de


um constituinte essencial à planta
(Epstein, 1975).
Ex: O magnésio (Mg) faz parte da
molécula da clorofila
Demonstração da Essencialidade pelo
Critério Indireto

1º PASSO
 Sua carência impede que a planta complete o ciclo.
 A planta é cultivada em solução nutritiva na presença e na
ausência do elemento cuja essencialidade se procura
demonstrar, se ela mostrar anormalidades visíveis e depois
morrer, o primeiro passo terá sido dado.
Demonstração da Essencialidade pelo
Critério Indireto

2º PASSO
 O elemento tem função específica. Sintomas característicos,
só o elemento pode corrigi-lo.
 Se na falta do elemento e, na presença de outros que
apresentem características químicas muito próximas a planta
também morre, isto significa que ele não pode ser substituído.
Demonstração da Essencialidade pelo
Critério Indireto

3º PASSO
 O elemento deve estar implicado diretamente.
 Se o elemento em estudo for fornecido às folhas, e estiver
ausente da solução nutritiva, e com isso garantir um
crescimento normal da planta, fica evidente que participa
diretamente da vida vegetal, não estando com a sua presença
anulando condições desfavoráveis presentes por ventura no
sistema radicular.
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
 Refere-se às quantidades de macro e micronutrientes
que uma cultura retira do solo, do adubo e do ar (caso do N
fixado, p. e.), para atender suas necessidades, crescer e
produzir adequadamente.
 O conhecimento das necessidades nutricionais das
culturas, são elementos dos quais os técnicos devem
dispor para a elaboração das fórmulas e das
recomendações de adubações.

Macronutrientes: N  K  Ca  Mg  P = S

Micronutrientes: Fe  Mn  Zn  B  Cu  Mo
FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS NUTRIENTES

 Estrutural:
• O elemento faz parte da molécula de um ou mais
compostos orgânicos da planta, exemplo:
• Nitrogênio: componente de aminoácidos, proteínas,
etc.;
• Cálcio: pectato de cálcio da lamela média da parede
celular;
• Magnésio: componente da molécula de clorofila.
FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS NUTRIENTES

 Constituinte de enzimas:
• Refere-se geralmente a metais ou elementos de
transição (Mo), que fazem parte do grupo prostético de
enzimas e que são essenciais à atividade das mesmas;
citando-se o Fe, Cu, Mn, Mo, Zn e Ni.

 Ativador enzimático:
• Sem fazer parte do grupo prostético o elemento,
dissociável da fração protéica da enzima, é necessário
à atividade da mesma.
• Exemplo: K+, Mn2+, Mg2+, Zn2+.
FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS NUTRIENTES
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 NITROGÊNIO:
• Exigido em grandes quantidades pelas plantas (1,0 a
5,0 dag kg-1 de MS).
• Absorvido na forma de NH4+ e NO3-.
• Maiores concentrações em leguminosas. Constituintes
de proteínas (18 dag kg-1 N), aminoácidos,
nucleotídeos, coenzimas, clorofila, etc.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): inicialmente,
folhas velhas apresentam coloração verde-clara,
amarelecem e ficam com pequenos pontos ao longo do
limbo. Posteriormente, os pontos cobrem todo o limbo,
causando avermelhamento generalizado
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 FÓSFORO:
• Concentração nos tecidos vegetais variando de 0,1 a
1,0 dag kg-1.
• Absorvido na forma de H2PO4- e HPO42-.
• Fundamental como componente energético. Polifosfatos
(ATP e ADP), participa na esterificação de açúcares e
outros carboidratos, ácidos nucléicos (DNA e RNA),
fosfolipídios das membranas.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): Inicialmente,
folhas velhas ficam com coloração verde-escura,
mostrando-se arroxeadas próximo às nervuras e com
pontuações escuras ao longo do limbo. Na fase final, as
pontuações tornam-se necróticas.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 POTÁSSIO:
• Concentração nos tecidos vegetais na faixa de 1,0 a 3,5
dag kg-1.
• Absorvido na forma iônica K+.
• Ativador enzimático, metabolismo protéico, fotossíntese,
transporte de assimilados e potencial hídrico celular
(abertura e fechamento de estômatos).
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): Inicialmente,
folhas velhas apresentam avermelhamento das
bordas que progride em direção ao centro da folha.
Nesta fase, muitas vezes, ocorre secamento (necrose)
das pontas das folhas.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 CÁLCIO:
• Concentração nos tecidos vegetais: varia de 0,5 a 3,0
dag kg-1.
• Absorvido na forma iônica Ca2+.
• Paredes celulares e membranas, contribuindo para a
estabilidade estrutural e movimento intercelular de
metabólitos.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): Inicialmente,
folhas novas mostram deformação seguida de
enrolamento. Apesar de bem menos freqüente que a
deficiência de B, pode ocorrer a morte das gemas
apicais, podendo, em estádios mais avançados, ocorrer
a seca de ponteiro.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 MAGNÉSIO:
• Concentração na planta pode variar de 0,15 a 1,0 dag
kg-1 da MS.
• Absorvido na forma iônica Mg2+.
• Molécula da clorofila. Ativador das enzimas
relacionadas ao metabolismo energético, liga pirofosfato
do ATP e ADP.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): Inicialmente,
folhas velhas apresentam manchas amareladas, com
as nervuras permanecendo verdes. Além dessas
manchas, formam-se outras numerosas, de cor marrom,
de tamanho, forma e contornos variáveis, podendo
também ocorrer clorose internerval.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 ENXOFRE:
• Concentrações na planta variando de 0,1 a 0,4 dag kg-1
da MS.
• Absorvido na forma iônica aniônica SO42-.
• Aminoácidos (cisteína, metionina, cistina) que formam
as proteínas.

• Sintomas de deficiência (eucaliptos): As folhas


novas mostram leve clorose ou avermelhamento de
forma uniforme.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 BORO:
• Concentração na MS de folhas pode variar de 1 a 6 mg
kg-1 (nas monocotiledôneas), de 20 a 70 mg kg-1 (nas
dicotiledôneas) e de 80 a 100 mg kg-1 nas
dicotiledôneas produtoras de látex.
• Absorvido na forma BO33-.
• Regulador do metabolismo de carboidratos; está
associado à germinação do pólen e à formação do tubo
polínico.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos). As folhas novas
apresentam intensa clorose. No estádio final, observa-
se seca de ponteiro e morte descendente dos ramos,
com posterior superbrotamento das gemas laterais,
resultando na bifurcação do tronco.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 CLORO:
• Não é encontrado em nenhum metabólito em plantas
superiores;
• Absorvido na forma de Cl-.
• Atua como neutralizador de cátions e no equilíbrio
osmótico de plantas; evolução de O2 na fotossíntese.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos):
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 COBRE:
• Concentrações foliares normais podem variar de 5 a 30
mg kg-1 na MS.
• Absorvido na forma Cu2+.
• Atua como constituinte e cofator de enzimas; participa
do metabolismo de proteínas e de carboidratos e na
fixação simbiótica de N.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): folhas novas
deformadas; morte descendente dos ramos, caules e
ramos tortuosos; perda de lignificação, ficando os ramos
e o caule com aspecto de “caídos”.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 FERRO:
• Concentração em plantas pode variar de 50 a 150 mg
kg-1 na MS.
• Absorvido na forma iônica Fe2+.
• Integrante de proteínas (ferrodoxinas) e de enzimas dos
mitocôndrias envolvidas com transporte de elétrons.
Participa da redução do nitrato e do sulfato e síntese de
clorofila.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): as folhas novas
apresentam clorose internerval com aparência de um
reticulado fino, ou seja, as nervuras ficam verde-
escuras, enquanto o limbo foliar fica verde-claro.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 MANGANES:
• Concentração na MS de folhas varia de 20 a 100 mg
kg-1 na MS.
• Absorvido na forma Mn2+.
• Atua como ativador enzimático; estando envolvido nos
processos de oxidação e redução no sistema de
transporte de elétrons.
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): as folhas novas
apresentam clorose internerval com aparência de
reticulado grosso, ou seja, as nervuras e áreas
adjacentes ficam verde-escuras enquanto o restante do
limbo foliar permanece verde-claro.
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 MOLIBDÊNIO:
• Teor foliar de Mo normalmente é inferior a 1,0 mg kg-1.
• Absorvido na forma de MoO4-
• Está envolvido na síntese de enzimas, especialmente
das que atuam na fixação simbótica de N (nitrogenase)
e redução do nitrato (nitrato-redutase).
• Sintomas de deficiência (eucaliptos):
NUTRIENTES: FORMAS ABSORVIDAS E FUNÇÕES

 ZINCO:
• Concentração nos tecidos foliares varia de 27 a 150 mg
kg-1 na MS.
• Absorvido na forma Zn2+.
• Constituinte de alguma enzimas (desidrogenase) e
serve como cofator destas. Síntese de triptofano
(precursor de auxinas).
• Sintomas de deficiência (eucaliptos): as folhas novas
tornam-se lanceoladas, estreitas e pequenas. Na região
apical ocorre um superbrotamento das gemas com
posterior perda da dominância. A árvore fica sem
ponteiro dominante, acarretando uma redução no
crescimento em altura.
MACRONUTRIENTES: FUNÇÕES E COMPOSTOS
MACRONUTRIENTES: FUNÇÕES E COMPOSTOS
MICRONUTRIENTES: FUNÇÕES E COMPOSTOS
MICRONUTRIENTES: FUNÇÕES E COMPOSTOS
MICRONUTRIENTES: FUNÇÕES E COMPOSTOS
Obrigado pela
atenção
Até a próxima
aula

fernando.sampaio@ifro.edu.br

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