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As Organelas na Síntese e

Degradação de Macromoléculas
Retículo Endoplasmático

As membranas do retículo endoplasmático são lipoproteicas, mas contêm


também glicídios que estão voltados para a porção luminal.

Algumas das proteínas dessa membrana incluem o citocromo P450, assim


como enzimas que participam em outros processos: glicose-6-fosfatase,
enzimas que produzem esteroides, que conjugam proteínas com glicídios,
entre outras.

A proteína transmembrana CLIMP-63 é responsável por ancorar o RE com


o citoesqueleto e também manter a forma de suas cisternas. Algumas
proteínas são específicas de um dos tipos de RE.

O conteúdo das cisternas depende do tipo de RE, o tipo celular e o grau de


produção que a célula exige.

Retículo Endoplasmático Rugoso

O retículo endoplasmático rugoso está fortemente associado à síntese


de proteínas através dos polirribossomos que estão na parede de suas
cisternas. Os polirribossomos também podem estar dispersos no
citoplasma.

As proteínas traduzidas pelos polirribossomos do RER são acumuladas


nas cisternas onde irão se acumular em vesículas para, posteriormente,
serem direcionadas para seu destino. Essas proteínas são
componentes do próprio RE, do complexo de Golgi, da membrana
plasmática e o material de secreção celular.

A estrutura primária das proteínas são formadas nos ribossomos pelo


processo de tradução do mRNA. Cada trinca de nucleotídeos do
mRNA se chama códon e é um código que corresponde a um
aminoácido. A unidade menor do ribossomo se liga ao primeiro códon
do mRNA. Então, a subunidade maior se liga e vai lendo códon a
códon. A cada códon, o tRNA adiciona o aminoácido correspondente e
vai formando a cadeia polipeptídica. A leitura é feita no sentido 5” → 3’.

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Existe um códon que sinaliza o início da produção da cadeia peptídica e
três códons que podem sinalizar que a fabricação seja terminada.

As proteínas do RER possuem a sequência sinal, que são os 20


primeiro aminoácidos que sinalizam que essa proteína é direcionada
para o RER. Assim que inicia-se a produção, a sequência sinal é
prontamente reconhecida pela partícula reconhecedora de sinal
(PRS) no citoplasma. Essa partícula, feita de RNA associado à
proteínas, pausa a produção até encontra o receptor desta cadeia na
membrana do RE. Então liga-se a ela pela mediação de GTP e a
subunidade maior do ribossomo se liga com um complexo proteico que
continua a tradução.

Os translocons funcionam como túneis que levam a cadeia


polipeptídica para a cisterna. São compostos pelo complexo sec61, que
a porção que funciona como um túnel, TRAP E TRAM, peptidase
sinal, que cliva a sequência sinal da cadeia polipeptídica e o complexo
OST, que adiciona oligossacarídeos ás cadeias polipeptídicas..

As proteínas que irão compor as membranas, diferente das que serão


secretadas, não são liberadas na cisterna. Em alguma porção há um
segmento que interrompe o processo de translocação e a proteína fica
ancorada à membrana do RE. A partir daí, ela será levada para o seu
destino em uma vesícula da cama lipídica.

As chaperonas são uma família de proteínas presente tanto na cisterna


quanto na membrana e no citosol, que realizam o dobramento da
estrutura primária da cadeia polipeptídica para que ela se transforme
precisamente na sua conformação tridimensional. A calnexina e a
calrreticulina estão envolvidas no processamento de glicoproteínas e
são dependentes de cálcio. Já a bip é dependente de ATP e trabalha
em proteínas não glicosídicas. A dissulfeto isomerase estabelece as
pontes dissulfeto entre as cisteína para estabilizar a configuração
tridimensional.

As chaperonas também realizam o controle de qualidade das proteínas.


Caso elas se dobrem de forma incorreta, são translocadas para o
citoplasma onde serão degradas.

As proteínas presentes na cisterna são envoltas por vesículas advindas


da membrana do retículo endoplasmático transicional, uma região

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próximo a Golgi e sem ribossomos. Daí, são enviadas para o complexo
de Golgi.

O RER deve também manter as suas proteínas residentes e realiza isso


através da concentração de cálcio e da presença de aminoácidos
sinalizadores que compõem essas proteínas e sinalizam que
determinada proteína pertence ao RER. Assim, caso ela saia
acidentalmente da cisterna, é devolvida pelo complexo de Golgi.

Retículo Endoplasmático Liso

Produz praticamente todos os lipídios que compõem membranas


celulares. Alguns tem seu início aqui e são completados no Complexo
de Golgi, assim como o Complexo de Golgi adiciona a porção glicídica
dos glicolipídios.

As enzimas responsáveis pela produção dos fosfolipídios se localizam


na porção citosólica da membrana do REL, assim como aquelas que
produzem colesterol e ceramidas (Citocromos P450 e b5). Assim,
quando a molécula é produzida, ela é incorporada à membrana do REL.
As flipases são responsáveis por orientar essas moléculas para a face
voltada à cisterna.

A dessaturação de ácidos graxos ocorre no REL através da redução do


oxigênio presente nas cadeias do citocromo b5

A desintoxicação do corpo ocorre pela ação do citocromo P450 e sua


redutase através da hidroxilação de compostos orgânicos pela
incorporação de uma molécula de O advinda do O2 (a outra molécula é
usada para formar H2O), o que os torna mais hidrossolúvel e demais
fácil eliminação pelo organismo.

A conjugação da bilirrubina ocorre no REL dos hepatócitos pela ação da


enzima glicuroniltransferase.

O uso prolongado de barbitúricos e outros fármacos aumenta a


quantidade de REL em célula e até estimula a perda de ribossomos do
RER para aumentar a degradação dessas moléculas. Logo, as mesmas
doses podem perder seu efeito ao longo prazo.

A degradação da glicose-6-fosfato, decorrente da glicogenólise, em


glicose e íon fosfato ocorre na cisterna do REL por ação da glicose-6-
fosfatase. Assim, essa glicose pode ser enviada para a corrente

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sanguínea e ser utilizada em outros tecidos diferentes do fígado e do
rim (acumuladores de glicogênio).

As cisternas do REL são os principais reservatórios de cálcio das


células e sua saída e entrada são muito bem controladas por canais e
bombas de cálcio presente na membrana do REL e que reagem aos
estímulos químicos. Dentro da cisterna, esse íon fica ligado a proteínas
como a calrreticulina (principal em células não musculares) e a
calsequetrina (principal em células musculares).

As moléculas de lipídios no REL sofrem três destinos:

1. São anexadas à própria membrana do RE;

2. São levadas por vesículas para o Complexo de Golgi, lisossomos,


endossomos ou para repor a membrana plasmática.

3. São associadas às proteínas transportadoras de lipídios (LTP)


que são proteínas anfipáticas que levam esses lipídios para uma
membrana que o necessita como as membranas das mitocôndrias,
dos peroxissomos ou dos plastídeos.

Complexo de Golgi

É um organela membranosa (membrana lipoproteica) composta por


cisternas representadas por sáculos alongados e achatados que se
empilham. Associadas a eles existem vesículas que transportam material
advindo do RE, levando entre as cisternas ou direcionando para outra
organela.

A face cis é convexa e voltada para o núcleo e o RE e recebe material


deste último. Ela vai sendo formada pelas vesículas que saem do RE e se
fundem para formar o compartimento intermediário. Os vários
compartimentos intermediários se unem e formam a face cis. Já a face
trans é côncava e voltada para a MP e é dela que saem as vesículas que
irão levar material para outros locais da célula. Entre as faces estão as
várias cisternas.

Muitas proteínas residentes das membranas do Complexo de Golgi são


relacionadas à glicosilação (glicosiltransferases), sulfatação
(sulfotransferases) e fosforilação (fosfotransferases). Existem ainda as
proteínas em trânsito.

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O conteúdo das cisternas é extremamente variável entre os tipos celulares
e, mesmo no Golgi da mesma célula, o conteúdo, que inclui glicoproteínas,
polissacarídeos e enzimas, varia entre suas cisternas.

No complexo de Golgi ocorre o refinamento das glicoproteínas, onde sua


porção glicídica pode permanecer inalterada, ou pode ser parcialmente
hidrolisada e sofrer adição de novos sacarídeos.

As moléculas lisossomais sofrem uma marcação de manose-6-fosfato no


complexo de Golgi. Assim, elas são diferenciadas das moléculas que
seguirão para as vesículas e para a composição da MP.

No Golgi ocorre a formação das glicosaminaglicanas que irão compor a


porção glicídica das proteoglicanas que formam a MEC.

Outra função é a de metabolismo dos lipídios advindos do REL. Isso inclui a


formação da esfingomielina e de glicolipídios através da adição de
diferentes porções glicídicas a moléculas de ceramida.

Após as alterações pós-traducionais das moléculas, elas utilizam a via


secretora e são empacotadas em vesículas e sinalizadas para seu destino
final. na ausência de sinalização, essas vesículas usam a via contínua que
leva à MP, seja para recompor sua estrutura ou para secretar o material na
superfície celular de forma desregulada. Existe uma porção da via
secretora que somente realiza a exocitose de sua vesícula se receber um
sinal extracelular, como é o caso de vesículas hormonais e das células
acinosas do pâncreas.

Vesículas e seu Transporte

A superfície citoplasmática das vesículas é recoberta por proteínas que


regulam o processo de fusão da vesícula com a membrana a qual ela é
destinada. Existem três tipos de cobertura de vesículas:

1. Clatrina- são as vesículas recobertas pela proteína clatrina. Elas


regulam a passagem de enzimas lisossomais para os endossomos,
assim como reciclam os receptores de manose-6-fosfato de volta para a
face trans do complexo de Golgi. A clatrina recobre toda a membrana
da vesícula e se liga à ela através das adaptadoras de clatrina (AP).
Essas proteínas, juntamente com os receptores da superfície da
vesícula regulam a entrada das substâncias na vesícula.

2. COP I- realizam o transporte entre as cisternas do complexo de Golgi, o


transporte retrógrado do Golgi para o RE e o transporte do material

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destinado à MP.

3. COP II- fazem o transporte do RE para o complexo de Golgi.

As proteínas SNARE são responsáveis pelo processo de fusão da vesícula


com a membrana a qual ela se destina. A vSNARE está presente na
membrana da vesícula enquanto a tSNARE está presente na membrana
alvo. As vesículas são transportadas pelos microtúbulos até a membrana
alvo e esses dois receptores se reconhecem formando o transSNARE que
completa a fusão.

Quando a vesícula é secretada, seu conteúdo em condensado e acidificado


por meio de bombas de prótons presente em sua membrana.

Muitas proteínas são colocadas nas vesículas em uma forma inativa que só
se tornará ativa após sofrer algum processamento no local onde deve atuar.
Além disso, outras são colocadas como poliproteínas que poderá ser
clivada de diferentes maneiras em proteínas menores. Esse processo
permite que a proteína atue somente no local destinado a sua atuação e
não em um local inadequado que agrida a célula.

Vias de Degradação

A MP é resposta à medida que as vesículas de secreção se combinam a ela


para excretar no MEC. Isso faz um contrabalanço na retirada da MP para
formação da vesícula endocítica e permite que MP esteja sempre do
mesmo tamanho.

Via Lisossomal

Os lisossomos são organelas compostas por uma membrana


lipoproteica que envolve enzimas chamadas de hidrolalases ácidas,
pois têm sua atividade máxima em pH ácido.

As membranas dos lisossomos possuem proteínas próprias que


regulam a entrada de moléculas. Entre elas estão: LAMP-1 e LAMP-2,
LIMP, LGP e cistinosina, da qual a ausência é responsável pela
cistinose.

Os lisossomos possuem um complexo enzimático em sua membrana


dos quais parte das enzimas é responsável por quebrar o ATP e a outra
porção realiza a função de bomba de prótons para o seu interior.

O conteúdo enzimático dos lisossomos é extremamente variável de


acordo com o tipo celular e são capazes de digerir quase todas as

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moléculas presentes na célula.

O material digerido pelos lisossomos vêm da endocitose, da via


biossintética ou da autofagia.

Via Endocítica

Responsável pela interiorização e degradação de material extracelular.

Esse material adentrará por endocitose e as vesícula da endocitose irão


se fundir aos endossomos.

Os endossomos, que são complexos de tubos que percorrem o


citoplasma, também possuem um complexo de enzimas ATPásicas e de
bomba de prótons que acidifica seu interior assim como nos lisossomos.

Primeiramente, as vesículas são unidas aos endossomos precoces


que possuem o pH levemente mais ácido (6,5) que o neutro do citosol.
Assim, há a separação das moléculas de seus receptores e isso permite
que esses receptores sejam reciclados de volta para a MP.

Os receptores que continuam ligados seguem para o lúmen


endossomal primário e a maior parte é degradada, isso diminui o
número total de receptores da célula e esse efeito também é
responsável por tolerância a fármacos (vide atuação do REL).

Posteriormente, há a formação das vesículas endossômicas


carreadoras que são levadas pelos microtúbulos contendo o material
restante até a os endossomos tardios, local mais ácido (pH 6,0).
nesse local há a reciclagem dos receptores de manose-6-fosfato. O
compartimento final do endossomo tardio é bem mais ácido (5,0) e
restam somente enzimas hidrolíticas e o material endocitado. Daí, eles
são direcionados para os lisossomos que farão o restante da digestão e
o seu produto sairá pelos receptores lisossomais para ser utilizado na
síntese de novas substâncias.

Via Fagocítica e Autofágica

Quando uma partícula é fagocitada, o fagossomo que se forma ao redor


dele se funde com o lisossomo para formar um fagolisossomo. As
bombas de próton na sua membrana acidifica o meio intravesicular para
aproximadamente 4,5, pH ótimo para as hidrolases realizarem seu
trabalho.

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Quando a célula necessita degrada alguma estrutura envelhecida, ela
realiza o processo de autofagia. Nesse processo, se forma uma
membrana ao redor do que será degradado, o autofagossomo. Ele se
funde com o lisossomo formando o autolisossomo, onde ocorrerá a
degradação da molécula.

Os lisossomos podem secretar suas enzimas no MEC mediante a


algum estímulo. É o caso dos lisossomos secretores presentes no
osteoclasto e em algumas células de defesa.

Via Ubiquitina-proteossomos

Realiza a degradação seletiva de proteínas desnecessárias ou com


defeito em sua estrutura.

Esse processo ocorre nos proteossomos, que são complexos


multienzimáticos presentes tanto no citoplasma quanto no núcleo e
existem dois tipos: 20S e 26S.

A proteína a ser degrada será ligada covalentemente à ubiquitina em


todos os seus radicais lisina.

Então, a ubiquitina é reconhecida nos compartimento laterais dos


proteossomos que a separa da proteína e leva a proteína a ser degrada
à câmara central, onde se encontra as enzimas proteolíticas. O produto
é peptídeos que serão degradados, no citosol, em aminoácidos que
serão reutilizados.

O proteossomo 20S pode degradar proteínas independente de ATP e


da ubiquitina.

Os proteossomos que não são mais necessários são degradados por


autofagia.

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