1) O metabolismo de proteínas envolve a síntese, endereçamento, degradação e mais de 100 enzimas. É o processo bioquímico mais complexo.
2) A síntese de proteínas ocorre nos ribossomos em 5 etapas: ativação de aminoácidos, iniciação, alongamento, terminação e enovelamento. O endereçamento usa sequências sinalizadoras para direcionar as proteínas a seus locais de ação.
3) A degradação de proteínas indesejadas o
Descrição original:
O metabolismo das proteínas é a via biossintética mais complexa do ser
humano, e vem sendo um desafio nas pesquisas científicas em bioquímica. Cerca de
90 % da energia química utilizada para todas as vias bioquímicas é reservada ao
metabolismo das proteínas, que envolve mais de 100 enzimas entre a síntese,
destinação e degradação.
1) O metabolismo de proteínas envolve a síntese, endereçamento, degradação e mais de 100 enzimas. É o processo bioquímico mais complexo.
2) A síntese de proteínas ocorre nos ribossomos em 5 etapas: ativação de aminoácidos, iniciação, alongamento, terminação e enovelamento. O endereçamento usa sequências sinalizadoras para direcionar as proteínas a seus locais de ação.
3) A degradação de proteínas indesejadas o
1) O metabolismo de proteínas envolve a síntese, endereçamento, degradação e mais de 100 enzimas. É o processo bioquímico mais complexo.
2) A síntese de proteínas ocorre nos ribossomos em 5 etapas: ativação de aminoácidos, iniciação, alongamento, terminação e enovelamento. O endereçamento usa sequências sinalizadoras para direcionar as proteínas a seus locais de ação.
3) A degradação de proteínas indesejadas o
O metabolismo das proteínas é a via biossintética mais complexa do ser
humano, e vem sendo um desafio nas pesquisas científicas em bioquímica. Cerca de 90 % da energia química utilizada para todas as vias bioquímicas é reservada ao metabolismo das proteínas, que envolve mais de 100 enzimas entre a síntese, destinação e degradação. Já vimos no segundo módulo deste curso como funciona o código genético. Agora iremos focar no processo de iniciação, alongamento e terminação da síntese proteica, que envolve a ativação de precursores antes da síntese e o processamento após a síntese. A biossíntese das proteínas envolve cinco etapas. Na primeira, ocorre a ativação dos aminoácidos. O grupo carboxila do aminoácido deve estar ativado para que ocorra a ligação peptídica e deve sempre existir um elo entre cada aminoácido e a informação contida no mRNA. Logo, esta primeira etapa envolve a ligação do aminoácido a um tRNA, ocorre no citosol e envolve a participação de enzimas do tipo aminoacil-tRNA sintetases. A segunda etapa é chamada de iniciação, onde o mRNA liga-se à menor das subunidades ribossômicas e ao aminoacil-tRNA de iniciação. Em seguida, liga-se à subunidade maior, formando o complexo de iniciação, pareando o aminoacil-tRNA com o códon UAG. A terceira etapa, o alongamento, é formada pela ligação de outros aminoácidos e requer a participação de proteínas conhecidas como fatores de alongamento, e assim como as etapas anteriores, envolve a participação de GTP. A quarta etapa é a terminação e liberação, sinalizada por um códon de terminação. A quinta e última etapa é o enovelamento e processamento pós-tradução, para que a proteína obtenha sua forma tridimensional biologicamente ativa. Este processo todo envolve revisões e regulações para que a proteína seja sintetizada corretamente. Como você já viu anteriormente este tópico, focaremos agora no endereçamento e degradação das proteínas. 2
O processo de endereçamento de proteínas é complexo e não muito bem
esclarecido pela ciência. Imagina que possuímos muitas estruturas, muitos compartimentos, muitas organelas, muitas funções específicas em cada célula do nosso corpo e todas estas funções necessitam de proteínas e enzimas diferentes, todas elas (com poucas exceções) sintetizadas pelos ribossomos no citosol conforme vimos anteriormente. De uma forma resumida, as proteínas que exercem funções no citosol permanecem nele após sua síntese. As proteínas que serão secretadas, que vão fazer parte da membrana celular ou que vão para lisossomos compartilham as etapas iniciais de uma via que começa no retículo endoplasmático. Já as que vão para as mitocôndrias ou para o núcleo possuem mecanismos separados. O conceito mais importante do endereçamento é o da sequência sinalizadora. Esta é uma sequência curta de aminoácidos que direciona a proteína para seu local de ação, e em seguida é removida para que a proteína possa se tornar ativa e exercer sua função. Esta sinalização também é utilizada para a degradação seletiva das proteínas após seu uso. Uma das vias mais estudadas de endereçamento envolve a translocação da proteína para dentro do retículo endoplasmático após sua síntese por meio de sequências sinalizadoras no terminal amino. Estas sequências diferem de acordo com a proteína, mas possuem algumas características em comum: ▪ Possuem entre 10 e 15 resíduos de aminoácidos hidrofóbicos; ▪ Possuem pelo menos 1 resíduo carregado positivamente, em geral próximo ao terminal amino e anterior aos aminoácidos hidrofóbicos; ▪ Possuem uma sequência polar no terminal carboxila, geralmente de cadeias curtas (ex.: alanina) e próximas a um sítio de clivagem. Agora vamos voltar ao processo de síntese, onde tudo se inicia. No começo os ribossomos estão livres sintetizando as proteínas. A sequência sinalizadora costuma ser a primeira a aparecer, fazendo com que ela e o ribossomo que está sintetizando sejam ligados a interrompendo a síntese após cerca de 70 resíduos de aminoácidos. O GTP ligado à PRS direciona o ribossomo contendo o mRNA e a proteína incompleta para receptores de PRS que estão localizados no retículo endoplasmático, fazendo que a proteína incompleta se junte ao complexo de translocação do peptídeo. A PRS separa-se do ribossomo através da hidrólise da molécula de GTP, e o alongamento da proteína continua, com o auxílio de moléculas de ATP, fazendo que 3
toda a estrutura proteica vá para dentro do retículo endoplasmático.
Por fim, a sequência sinalizadora é removida por uma enzima peptidase de sinalização dentro do retículo endoplasmático e o ribossomo é então liberado e reciclado. Este processo, embora descrito para o endereçamento de proteínas ao retículo endoplasmático, contém fundamentos do endereçamento para os outros locais da célula, através de outras enzimas e sequências. Após a remoção da sequência sinalizadora as proteínas são enolevadas, formam as ligações dissulfeto que auxiliam na sua estrutura tridimensional e, muitas vezes, são glicosiladas formando as glicoproteínas (através de resíduos de Asn). Estas são ditas proteínas N- glicosiladas e embora a primeira etapa do processo de glicosilação seja comum, diferentes vias podem resultar na formação das glicoproteínas. Outra forma de glicosilação de proteínas é a construção de proteínas O-ligadas, através do complexo de Golgi. As proteínas que estão no citosol podem chegar ao complexo de Golgi ou as proteínas N-glicosiladas são transportadas para o complexo de Golgi através de vesículas transportadoras para serem modificadas. Por um mecanismo ainda não muito bem esclarecido, o complexo de Golgi distribui as proteínas e as endereça para seu destino final, onde desempenharão suas funções. A ciência que estuda estas vias é a bioquímica de glicoconjugados e é uma ciência muito recente. O processo mais bem conhecido até o momento é o transporte de hidrolases para os lisossomos. Uma hidrolase é reconhecida pelo complexo de Golgi através de uma fosfotransferase, responsável pela adição de fosfato aos resíduos de manose presentes no oligossacarídeo da hidrolase (uma glicoproteína). Os resíduos de manose-6-fosfato em oligossacarídeos N-ligados são responsáveis por direcionar as proteínas ao lisossomo. Uma particularidade do endereçamento envolve o transporte de proteínas para o núcleo. A comunicação entre o núcleo e o citosol ocorre por poros nucleares, e o transporte das proteínas para o núcleo envolve a passagem de subunidades pequenas das proteínas através destes poros, para serem montadas já dentro do núcleo. A sequência de sinalização para estes casos é denominada SLN (sequência de localização nuclear) e não é removida após a chegada da proteína. Em geral, essas sequências contêm entre quatro a oito aminoácidos básicos consecutivos (ex.: Arg e Lys) e podem ser encontradas em qualquer parte da cadeia primária de aminoácidos. 4
O transporte para o núcleo ocorre com o auxílio de proteínas ditas importinas α e β.
Outra forma de obter proteínas é através da importação exterior à célula. Essa forma de obtenção de proteínas ocorre por receptores localizados nas membranas celulares, e exemplos biológicos incluem a importação do LDL, transferrina e hormônios. O processo é chamado de endocitose e é explorado por alguns vírus para poderem entrar na célula e usar a maquinaria celular para sua multiplicação. Vamos agora estudar a degradação das proteínas. Este processo é responsável pela reciclagem dos aminoácidos e por não deixar nosso organismo formar proteínas anormais ou não desejáveis. Os sistemas de degradação estão localizados no citoplasma e são dependentes de ATP. Outros processos de degradação podem ocorrer nos lisossomos. A via dependente de ATP envolve a proteína ubiquitina, que se liga de forma covalente aos resíduos de Met da proteína a ser degradada através da catálise realizada por três enzimas separadas (E1, E2 e E3). O complexo de degradação é conhecido por proteassomo 26S e envolve o processo de desenovelamento de proteínas ubiquitinadas. O mau funcionamento da via da ubiquitinação está relacionado ao desenvolvimento de tumores, além da suspeita de participação em doenças renais, asma, Alzheimer, Parkinson, fibrose cística, síndrome de Liddle e muitas outras. Isso mostra o quanto à degradação das proteínas é um processo tão importante quanto suas sínteses, e assim como o endereçamento de proteínas, é uma área da ciência ainda pouco conhecida.
ESQUEMA DA UBIQUITINA
WIKIPEDIA, 2011. CABOLISMO DE AMINOÁCIDOS
A degradação dos aminoácidos é importante para fornecer intermediários
e precursores do ciclo do ácido cítrico, sendo então metabolizados a CO2 e H2O ou utilizados na gliconeogênese. Estes intermediários são: piruvato, α- cetoglutarato, succinil-CoA, fumarato, oxaloacetato, acetil-CoA e acetoacetato. De acordo com a via catabólica, os aminoácidos podem ser divididos em glicogênicos e cetogênicos.
▪ Aminoácidos glicogênicos: são precursores da glicose, ou
seja, se degradam em um dos cinco primeiros intermediários citados acima. ▪ Aminoácidos cetogênicos: podem ser convertidos em ácidos graxos ou corpos cetônicos, sendo degradados a acetil-CoA ou acetoacetato.
Existem cinco aminoácidos que são ditos glicocetogênicos, pois podem
atuar das duas maneiras: triptofano, fenilalanina, tirosina, treonina e isoleucina. Os aminoácidos alanina, cisteína, glicina, serina e treonina são degradados produzindo piruvato. O triptofano, por ser degradado produzindo alanina, pode ser incluído neste grupo. A alanina sofre uma reação de transaminação com o α-cetoglutarato liberando o piruvato. A cisteína é degradada por meio de duas etapas: remoção do átomo de enxofre e transaminação. A serina é convertida em piruvato pela ação da serina desidratase. Já a glicina possui três vias de degradação, sendo que somente a via da conversão da glicina em serina pela adição de um grupo hidroximetila pela serina hidroximetiltransferase leva à produção do piruvato. A treonina possui duas vias de degradação, a via que leva ao piruvato envolve a conversão da treonina em glicina em dois passos pela ação da enzima treonina desidrogenase. O acetil-CoA é o produto final da degradação dos aminoácidos triptofano, lisina, fenilalanina, tirosina, leucina, isoleucina e treonina. Alguns destes aminoácidos resultam em acetoacetil-CoA, que então é convertido a acetil-CoA. Muitas das reações envolvidas nestas vias são semelhantes às etapas de oxidação de ácidos graxos. Em especial, dois aminoácidos devem ser destacados para esta via catabólica. O primeiro é o triptofano, que durante sua degradação produz precursores importantes para a biossíntese de diferentes biomoléculas, como o NAD e a serotonina. O segundo é a fenilalanina, já que defeitos genéticos em seu processo de degradação levam a doenças hereditárias como a fenilcetonúria e retardo mental, além de ser precursora dos hormônios adrenalina, noradrenalina e dopamina, e do pigmento melanina. Os aminoácidos prolina, glutamato, glutamina, arginina e histidina são convertidos a α- cetoglutarato. Já a metionina, a isoleucina, a treonina e a valina são degradadas produzindo succinil-CoA, através de reações de transaminação e descarboxilação. Em geral o processo catabólico é realizado no fígado, porém isto não ocorre para os aminoácidos leucina, isoleucina e valina, já que estes possuem cadeias laterais ramificadas. A oxidação destes três aminoácidos ocorre no tecido muscular, no adiposo, no renal e no cerebral. Estes órgãos possuem uma aminotransferase específica não disponível no fígado. O conjunto enzimático que participa destas reações é chamado de complexo da desidrogenase dos α- cetoácidos de cadeia lateral ramificada, regulado por modificações covalentes de acordo com o conteúdo de aminoácidos presente na nossa dieta. O oxaloacetato é formado pela degradação dos aminoácidos asparagina e aspartato. A asparagina é convertida em aspartato pela ação da asparaginase, e o aspartato sofre uma reação de transaminação com o α-cetoglutarato para produzir o oxaloacetato (e glutamato). Todos os processos citados também geram NADH e FADH2.
CICLO DA UREIA
Nós já estudamos anteriormente a excreção do nitrogênio através da
forma de ácido úrico, principal forma para aves e répteis. Em organismos aquáticos, que podem utilizar grandes quantidades de água para a excreção, a forma predominante é a amônia. Outra forma de excreção do nitrogênio é através da ureia, principal forma de excreção nos vertebrados. A ureia é sintetizada no fígado e secretada na corrente sanguínea, sendo posteriormente captada nos rins e excretada pela urina. O ciclo da ureia foi o primeiro a ser entendido pelos bioquímicos, em 1932 por Kurt Henseleit e Hans Krebs (o mesmo que descreveu o ciclo do ácido cítrico, ou ciclo de Krebs, em 1937). O ciclo da ureia pode ser dividido em cinco reações: ▪ O fornecimento do primeiro átomo de nitrogênio da ureia ocorre com a formação do carbamoilfosfato através da carbamoilfosfato- sintetase, que teoricamente não seria um componente do ciclo da ureia, já que é responsável pela produção do precursor carbamoilfosfato, este sim, componente do ciclo. Essa reação envolve três passos e podem ocorrer sob duas formas, ambas em etapas irreversíveis, sendo o passo limitante do ciclo da ureia. ▪ O grupo carbamoil do carbamoilfosfato é então transferido para a ornitina, produzindo citrulina pela ornitina-transcarbamoilase. Esta reação ocorre na mitocôndria e a ornitina entra nesta organela por meio de um transportador específico. A citrulina produzida é exportada para o citosol, onde o ciclo é continuado. ▪ O grupo ureído da citrulina é condensado com um grupo amino do aspartato através da argininosuccinato sintetase, fornecendo o segundo átomo de nitrogênio da ureia. ▪ A enzima argininossuccinase elimina a arginina ligada ao esqueleto do aspartato, que forma fumarato (que segue outras vias para formar oxaloacetato). A arginina liberada é o precursor da ureia. ▪ A arginina é então hidrolisada na última etapa do ciclo catalisada pela arginase, produzindo ureia e regenerando a ornitina, que retorna para a mitocôndria, dando continuidade ao ciclo. Todo o processo é energeticamente custoso e o ATP utilizado provém da oxidação do acetil-CoA pela degradação dos esqueletos de carbono dos aminoácidos.
A regulação deste ciclo envolve a ativação alostérica por N-
acetilglutamato, sintetizado a partir de glutamato e acetil-CoA pela enzima N- acetilglutamato sintase seguido de um processo de hidrólise. As demais etapas da via são controladas pela concentração do substrato disponível.
CASO CLÍNICO: INTOXICAÇÃO POR AMÔNIA
Como vimos anteriormente, a amônia é a principal forma de excreção do
nitrogênio no ambiente aquático. Porém, em seres humanos uma exposição a altas concentrações de amônia pode levar ao quadro de intoxicação. Essa exposição pode ocorrer por inalação de produtos de limpeza, ou mesmo o contato destes com a pele, inalação durante a aplicação de fertilizantes em áreas agrícolas e ingestão de água e alimentos contaminados com amônia (usada, por exemplo, como estabilizante em alguns alimentos). A intoxicação por amônia pode levar a quadros de irritação nos olhos e no nariz, queimaduras na pele e corrosão da boca, garganta e estômago. Por isso, evite campos com fertilizantes, mantenha a casa sempre arejada e proteja-se durante a utilização de materiais de limpeza. Aqui termina nosso curso de Bioquímica – Biomoléculas e Metabolismo. Espero que você tenha aprendido bastante. Em caso de dúvida não hesite em contatar nossos tutores. Tenho certeza que você já possui as ferramentas necessárias para conseguir se aprofundar em temas específicos da bioquímica que possam estar envolvidos em seu ambiente de estudo ou de trabalho. REFERÊNCIAS