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TRANSCRIÇÃO 06 DE BIOQUÍMICA PARA P2


VIA DAS PENTOSES E ESTRESSE OXIDATIVO

GLICOSE  entra na célula e é fosforilada, aprisiona a glicose no interior celular e ela pode seguir vários
caminhos metabólicos:
 Via glicolítica – glicose transformada em piruvato
 Armazenada – glicogênio
 VIA DAS PENTOSES FOSFATOS (= ciclo das pentoses, via oxidativa direta da glicose, via da
fosfogliconalactona, rota da hexose monofosfato) – transformação da glicose em ribose-5-fosfato

VIA DAS PENTOSES FOSFATO:

FUNÇÃO:
 Formação de NADPH (coenzima transportadora de elétrons) - utilizada principalmente para a
síntese de ácido graxo, lipídio, essa síntese ocorre no fígado, tecido adiposo e glândula mamária;
outros que faz a metabolização desse NADPH é a hemácia e o córtex adrenal, que sintetiza
colesterol.
 Formação de ribose-5-fosfato – usado para sintetizar os ácidos nucleicos e do RNA; quando a célula
está com muita atividade metabólica, o número de nucleotídeos presentes pode não ser suficiente
para realizar toda essa atividade, então é necessário sintetizar um pouco mais de ribose para poder
fazer os nucleotídeos e sintetizar os ácidos nucleicos.
Isso também é importante em crianças que estão se desenvolvendo, aumentando seu conteúdo
celular, número de células e precisam de bastante síntese de DNA e RNA.

A via das pentoses acontece no CITOSOL celular, por isso as hemácias conseguem fazer.

Ela é subdividida em duas fases: oxidativa e não oxidativa/regenerativa. Essas duas fases são
interligadas.
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FASE OXIDATIVA:

Ocorre efetivamente a síntese do NADPH.


Reação oxidativa é aquela que tira elétrons e vai para outro lugar, geralmente uma coenzima
transportadora de elétrons, nesse caso, uma NADPH.
Glicose entra na célula e é fosforilada em glicose-6-fosfato.
Glicose-6-fosfato por ação da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é transformada em 6-
fosfogliconalactona. Nessa reação ocorre a retirada de elétrons da glicose-6-fosfato que são doados para NADP,
gerando NADPH.
6-fosfogliconalactona é transformada em 6-fosfogliconato, que é transformado em ribulose-5-fosfato
por ação da enzima fosfogliconato desidrogenase. Nessa reação retira-se elétrons do 6-fosfogliconato e eles são
doados para o NADP, gerando NADPH.

Formação de duas moléculas de NADPH.

Ribulose é uma cetona composta de cinco carbonos, quando a glicose é transformada em ribulose
acontece a perda de 1C que é perdido na forma de CO2.
A ribulose-5-fosfato pode dar origem a ribose-5-fosfato e ser utilizada para sintetizar nucleotídeos e
DNA/RNA, ou como a ribose é ingerida em grandes quantidades, não é necessário sintetiza-la. Então se o
organismo não estiver precisando que ribose seja sintetizada, a ribulose irá passar para fase não oxidativa.

FASE NÃO OXIDATIVA:

Uma fase de reciclagem, regenerativa.


A ribulose-5-fosfato vai ser transformada em uma molécula que seja utilizada pela célula.
A ribulose vai ser convertida por uma epimerase em xilulose-5-fosfato.
Outra via das pentoses vai acontecer, gerando mais uma ribulose-5-fosfato que vai reagir com a xilulose-
5-fosfato; isso vai gerar dois outros compostos, através da enzima transcetolase, o sedoeptulose-7-fosfato e
gliceraldeído-3-fosfato.
O gliceraldeído-3-fosfato vai reagir com o sedoeptulose-7-fosfato através da transaldolase, formando
frutose-6-fosfato e eritrose-4-fosfato.
A frutose-6-fosfato já pode ser aproveitada metabolicamente, ela pode ir para a via glicolítica; via da
gliconeogênese, originando glicose-6-fosfato que ao ter seu fosfato retirado pela glicose-6-fosfatase vira glicose
e pode ser liberado na corrente sanguínea; e a frutose-6-fosfato pode ainda voltar para a fase oxidativa,
formando mais NADPH.
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Ainda existe a molécula de eritrose-4-fosfato que não pode ser utilizada. Ela vai reagir com uma outra
xilulose-5-fosfato, originando frutose-6-fosfato e gliceraldeído-3-fosfato.
A frutose-6-fosfato e o gliceraldeído-3-fosfato podem participar da glicólise, gliconeogênese e
realimentar a via das pentoses.

Por isso essa fase é chamada de fase regenerativa, ela pega moléculas que a célula não consegue utilizar
e as transforma em moléculas que são uteis para a célula.

OBS: O primeiro gliceraldeído-3-fosfato já não é utilizado pela célula, porque a sedoeptulose-7-fosfato não teria
com quem reagir e ficaria sobrando. A sedoeptulose possui 7C, o que é muito carbono que poderia ser útil para
a célula. É mais vantajoso para a célula atrasar o uso desse gliceraldeido.

ESTRESSE OXIDATIVO:

O NADPH vai ser utilizado principalmente nas hemácias para o combate às espécies reativas de oxigênio
(EROS) – moléculas altamente reativas e que acabam destruindo as células.
Isso é importante para as hemácias porque sua destruição afeta o transporte de O 2, que compromete a
cadeia transportadora de elétrons, afetando todo o organismo; como as hemácias ficam no sangue, elas acabam
entrando em contato com muitas espécies reativas de oxigênio.

Espécies reativas de oxigênio compreendem, por exemplo, radicais livres. Para deixar de ser reativo, eles
querem estabilidade, querem ganhar elétrons; ele ataca outras moléculas para poder roubar esses elétrons.

Para evitar esse processo de destruição, as hemácias possuem a proteína glutationa reduzida – ela tem
elétrons que são justamente para serem oferecidos para as espécies reativas de oxigênio, por exemplo, o
peróxido de hidrogênio (H2O2). A glutationa fica no citoplasma.
Então a glutationa doa elétrons para o peróxido de hidrogênio, pela ação da enzima glutationa
peroxidase, virando água e oxigênio que são inertes para a célula. Já a glutationa reduzida ficará oxidada, a
glutationa oxidada é um dímero de glutationas. Essa glutationa tem que ser reduzida de novo, para isso precisa
receber elétrons e quem vai doar elétrons para ela é o NADPH, por ação da enzima glutationa redutase.
O NADPH, que doou elétrons pra glutationa oxidada virar reduzida, vira NADP + que vai ser reduzido na
via das pentoses fosfato, gerando NADPH novamente.

O peróxido de hidrogênio é muito produzido por neutrófilos, macrófagos para danificar membrana de
bactérias invasoras e cápsulas de vírus, facilitando a remoção deles.

O peroxissomo é uma organela, dentro dele ficam peroxidades e enzimas digestivas que ficam dentro
dos lisossomos; depende da funcionalidade da célula. Em células que possuem organelas, a glutationa pode
ficar dentro do peroxissomo.

Existem pessoas que tem uma deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), ele vai causar a
hemólise das hemácias, gerando uma anemia hemolítica. Se a pessoa não tem G6PD, não tem como produzir
NADPH e não vai ter como reduzir a glutationa oxidada a glutationa reduzida; sem glutationa reduzida não vai
ter como combater o peróxido de hidrogênio, o acúmulo de H 2O2 vai danificar a membrana da hemácia,
causando a hemólise. Deficiência comum em pessoas do mediterrâneo.
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RADICAIS LIVRES: átomos ou moléculas que tem elétrons desemparelhados na sua última camada eletrônica,
consequentemente são moléculas altamente reativas, porque possuem uma instabilidade molecular – elas
querem roubar elétrons de outras moléculas para se tornarem estáveis e perderem sua capacidade de
reatividade.
Quando roubam os elétrons de outra molécula, essa molécula que perdeu os elétrons se torna instável
e vira um radical livre que quer roubar elétrons de outra cadeia, ou seja, gera uma reação em cadeia. Isso que
acaba causando a degradação celular, porque esses elétrons podem ser roubados de qualquer macromolécula.

Os radicais livres também podem gerar as espécies reativas de oxigênio; grande parte das EROS são
produzidas na mitocôndria, naturalmente, na cadeia transportadora de elétrons, quando o O 2 sofre uma
redução parcial.
Para virar água o O2 precisa ganhar 4 elétrons, se ele é desligado da cadeia respiratória antes de receber
esses quatro elétrons vai gerar EROS/radicais livres.
Algumas EROS, como o óxido nítrico, são um importante sinalizador celular; é uma molécula que
funciona como segundo mensageiro celular, podendo provocar um relaxamento da musculatura, dilatando
vasos. Além disso, tem função de favorecer a fagocitose e uma ação bactericida, quando destroem a membrana
das bactérias ajudando na eliminação delas.
A consequência patológica é que esses radicais livres podem danificar as células, as proteínas
extracelulares, causando um envelhecimento e o estresse oxidativo.

O ESTRESSE OXIDATIVO pode acontecer através de fatores endógenos e exógenos.


Ele vai ocorrer quando a quantidade de EROS for maior que a quantidade de moléculas que combatem
naturalmente essas EROS. O nosso organismo tem mecanismos fisiológicos para combater a essas espécies, só
que se por alguma razão as EROS começarem a serem produzidas em quantidades excessivas, o mecanismo de
controle pode não dar conta e acontece o estresse oxidativo.
Os fatores exógenos são: fatores ambientais – agrotóxicos, aditivos alimentares, estilo de vida – excesso
de exercício, pratica de exercício por pessoas sedentárias em tempo prolongado, comer mal, uso de álcool, uso
de drogas.

As espécies reativas de oxigênio são:


 Ânion superóxido – quando o O2 recebe apenas um elétron e sai da cadeia respiratória
 Peróxido de hidrogênio – originado a partir da metabolização do ânion superóxido
 Radical hidroxila – o radical mais ativo que pode existir dentro da célula, é o mais perigoso, mais
danoso; pode ser produzido quando se tem o ferro como catalisador, o excesso de ferro no organismo
pode gerar um aumento de radical hidroxila que é altamente tóxico para a célula.
 Oxigênio singlete – quando um oxigênio tem um elétron desemparelhado
 Outros

O ânion superóxido e o peróxido de hidrogênio normalmente são os originários de todos os outros devido
à reação em cadeia.

Os efeitos tóxicos acontecem de acordo com a ação dos radicais livres em seus alvos celulares – que são
qualquer coisa que esteja dentro da célula: lipídios, causando peroxidação lipídica que fragiliza a membrana,
proteínas, com a desnaturação proteica, carboidratos, gerando a degradação dos carboidratos (principalmente
os da membrana, lipoproteínas, é a causa de um dos fatores do depósito do colesterol na camada subendotelial,
e degradação dos ácidos nucleicos, causando mutação do DNA que pode ativar ou inibir genes, podendo levar
ao surgimento de neoplasias.
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Os agentes estressores causam a produção de radicais livres, que vão provocar um dano molecular que
pode ser dano na membrana, perda de material intracelular, redução da eficiência metabólica, mutação no
DNA, comprometendo a funcionalidade do organismo. Como resultado temos um envelhecimento normal do
organismo, desenvolvimento de doenças que podem levar a morte precoce.

PATOLOGIAS ASSOCIADAS:

 Arteriosclerose – leva ao infarto agudo do miocárdio, podendo tem um AVC.


 Diabetes – os radicais livres podem desencadear uma reação autoimune no pâncreas, levando a
destruição pancreática, diminuição da produção de insulina e diabetes.
 Produção de catarata e glaucoma – destruição de proteínas do olho.
 Câncer – mutação no DNA.
 Facilitação ao desenvolvimento da AIDS – a produção de radicais livres pode ajudar o vírus a se
manifestar na doença.
 Doenças de pele – como o vitiligo, com a destruição dos melanócitos.
 Enfisema pulmonar – destruição pulmonar, troca-se o tecido normal por um tecido sem função.
 Pancreatite e hepatite – destruição do pâncreas e do fígado, normalmente associado a metabolização
do álcool que gera radicais livres.
 Doenças neurológicas e neurodegenerativas – como o Parkinson e Alzheimer
 Envelhecimento – destruição do colágeno e elastina da pele

Quando fazemos um exercício e ocorrer a produção exagerada de ácido lático, esse ácido pode danificar o
músculo. O dano muscular causa resposta inflamatória que causa infiltração de macrófagos no tecido para
limpar a área lesada, liberando proteases lisossomais para degradar o tecido e produção de radicais livres para
quebrar as membranas e facilitar a fagocitose.
Mas os radicais livres não ficam restritos aquelas células, ele pode se propagar e se não tivermos uma defesa
antioxidante ativa e suficiente, essa destruição celular pode aumentar, gerando um aumento da resposta e um
aumento da dor.
Ao fazer exercícios mais frequentemente, você não bloqueia a produção de ácido lático, mas você adapta
seu organismo ou aumentando a eficiência da metabolização ou, se tiver uma lesão muscular, ela será melhor
controlada.
Isso acontece porque quando você faz exercícios, você aumenta de 10 a 20 vezes a atividade da cadeia
respiratória, dependendo do tipo de exercício e do tempo. Também vai aumentar a produção de radicais livres
e se o mecanismo antioxidante não acompanhar esse aumento vai ter um estresse oxidativo.

Baixo condicionamento físico diminui a oferta de oxigênio, com essa diminuição você vai gastar demais o
ATP que já tem produzido, além do que normalmente seria gasto, e continua precisando de energia. O ATP vai
virar AMP que dá origem a hipoxantina, a metabolização da hipoxantina dá origem a ácido úrico e produção de
peróxido de hidrogênio.
Além disso, o baixo condicionamento físico gera uma alta produção de ácido lático, que vai causar uma
acidose metabólica que promove a degradação do tecido e se estiver fazendo metabolismo aeróbico vai ter a
produção de CO2 que também é ácido, e a acidose metabólica acaba liberando Fe da hemoglobina, o ferro livre
faz o radical hidroxila.

De maneira geral, no indivíduo normal, os efeitos do estresse oxidativo são percebidos a longo prazo e
normalmente muito graves.
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ANTIOXIDANTES:

Combatem os radicais livres ao doar elétrons para eles, tornando essa espécie instável e o antioxidante
não se desestabiliza por doar esses elétrons, cessando a cadeia destrutiva.
Se existe um equilíbrio ou se existe mais antioxidante do que radical livre formado, o organismo está
protegido. Se tem mais radicais livres do que antioxidantes, existe dano celular e acontece o estresse oxidativo.

As defesas antioxidantes endógenas podem ser de dois tipos: enzimas ou moléculas não enzimáticas.
Como superóxido desmutase, combate ânion superóxido, catalase e peroxidase, combatem peróxido de
hidrogênio, glicose-6-fosfato desidrogenase, enzimas que sintetizam e reciclam glutationa, coenzima Q,
proteínas tióis e enzimas de reparo do DNA, que não combatem os radicais livres mas reparam os danos ao DNA
causados pelos efeitos dos radicais livres.
As não enzimáticas são a glutationa, ácido úrico, albumina, bilirrubina, etc.

As defesas antioxidantes exógenos podem ser a vitamina C, vitamina E, carotenoides, polifenóis,


flavonoides, zinco e selênio.

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