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Introdução ao Metabolismo:

Para manterem-se vivos, os organismos necessitam continuamente de energia, e a obtenção


desta ocorre pela ingestão de alimentos (carboidratos, lipídeos e proteínas).

A obtenção de energia ocorre através da oxidação de nutrientes perdendo prótons e elétrons


(H+ + e-) que tem seus átomos de carbono convertidos a CO 2. Os prótons e elétrons são
recebidos por coenzimas (NAD+ e FAD2+) que então se tornam reduzidas (NADH e FADH 2). A
reoxidação das coenzimas é obtida pela transferência dos (H + + e-) para o oxigênio molecular
que é convertido em água. A energia derivada da oxidação é utilizada para sintetizar um
composto rico em energia, ATP.

O organismo sempre busca o equilíbrio e para a geração de energia há a necessidade de


entropia (desorganização das moléculas) tendo um ΔG negativo.

ATP + H2O → ADP + Pi + H+ ΔG = -31 KJ. mol -1


(energeticamente favorável, pois, aumentou a entropia).

Os alimentos básicos são carboidratos (glicose), lipídeos (ácidos graxos) e proteínas


(aminoácidos). Os carboidratos podem gerar lipídeos, assim como o contrário, porém
proteínas podem gerar ambos, mas nenhum composto irá gerá-las através do metabolismo.
Por isso a extrema importância da ingestão de proteínas na alimentação, pois delas são
derivados dois outros macronutrientes. Além disso, existem reservas de carboidratos e lipídios,
mas são existem de proteínas.

Glicólise e formação da Acetil-CoA:

A glicose é a principal fonte de obtenção de energia para os organismos, isso porque a


oxidação desta a piruvato gera ATP e esse sendo oxidado irá gerar CO 2 aumentando a
produção de ATP da mesma maneira.

A glicose é obtida pela celulose (plantas), amido (trigo, grãos, batata) e glicogênio (carne). No
intestino essa irá ser captada por transportadores, nas células intestinais, que são proteínas
GLUT. Chegando ao sangue irá ocorrer uma hiperglicemia, assim, as células β do pâncreas
produzem insulina que irá permitir a entrada de glicose nas células. Cérebro, hemácias e retina
não precisam de insulina.

O processo consiste em glicólise (formação de glicose em piruvato) ocorrendo no citossol das


células gerando produtos que são ATP, (H+ + e-), recebidos por coenzimas, e piruvato. Na
mitocôndria, então, ocorre a oxidação do piruvato.

Nas três etapas de oxidação da glicose (glicólise, descarboxilação do piruvato e o ciclo de


Krebs) os (H+ + e-) são produzidos em reações catalisadas por desidrogenases (enzimas que
retiram hidrogênios). Algumas desidrogenases utilizam NAD +, FAD.

A glicólise pode ser dividida em quatro etapas:

1) Dupla fosforilação de hexose, á custa de 2 ATP, originando uma hexose com dois grupos
fosfato.
2) Clivagem desta hexose, produzindo duas trioses fosforiladas.
3) Oxidação e nova fosforilação, desta vez por fosfato inorgânico (Pi), das trioses fosfato,
formando duas moléculas de um intermédio com dois grupos fosfato.
4) Transferência dos grupos fosfato deste intermédio para ADP, formando 4 ATP e 2
piruvato.

NADH oxidado anaerobicamente:

A oxidação da glicose e produção de ATP estão associadas a redução de NAD +. Como NAD+
existe nas células em concentrações limitantes, muito inferiores as dos substratos, a
manutenção do funcionamento da glicólise depende da reoxidação do NADH. Em aerobiose,
utilizam-se oxigênio para oxidar o NADH e em anaerobiose o próprio piruvato produzido pela
glicólise serve como aceptor dos elétrons do NADH, sendo reduzido a lactato.

Piruvato + 2NADH + 2 H+ → Lactato + 2NAD+

Esse processo é utilizado por algumas bactérias, pelas hemácias, por fibras musculares de
contração rápida (fibras brancas) e pelas fibras musculares em geral quando submetidas a
esforço intenso, quando a quantidade de oxigênio torna-se insuficiente. Desta forma o NAD +
pode prosseguir formando ATP.

Conversão de Piruvato a Acetil-CoA:

Em conduções aeróbicas, o primeiro passo para a oxidação total do Piruvato é a sua conversão
em Acetil-CoA. O piruvato do citossol encaminha-se para a mitocôndria, nos eucariontes,
sofrendo uma descarboxilação oxidativa, como abaixo:

Piruvato + Coenzima A + NAD+ → Acetil-CoA + NADH + CO2

A reação de formação da Acetil-CoA é irreversível e ocorre em etapas sequenciais catalisadas


por um sistema multienzimático, chamado complexo piruvato desidrogenase. O complexo
contem três enzimas e cinco coenzimas (FAD, Ácidos lipóico, Tiamina pirufosfato, NAD e
Coenzima A).

É importante salientar que, as três enzimas estão ligadas entre si, assim como a E1 está ligada
ao TPP, E2 ao Ácido Lipóico e E3 ao FAD. A E1 retira um CO 2 do Piruvato e liga a molécula
restante ao TPP. Ainda a E1 desloca o Piruvato, ligando-o ao Ácido Lipóico que perde sua
ligação dissulfeto reduzindo um S. A E2 então através da Coenzima A, liga-o e assim a
coenzima libera um H que reduz o outro S do ácido lipóico, formando a Acetil-CoA. A E3,
então, desloca os hidrogênios que estão ligados nos S da coenzima, ácido lipóico, e liga-os no
FAD. Ainda a mesma enzima então libera esses H ligando-os no NAD + que se torna NADH + H +,
fazendo com que a estrutura do complexo retorne a ser como era originalmente podendo
iniciar um novo ciclo.

Via das Pentoses-Fosfato:

A via das pentoses fosfato é uma via alternativa da oxidação de glicose, que leva a produção de
dois compostos importantes: ribose-5-fosfato (pentose constituinte dos nucleotídeos que
compõem os ácidos nucleicos e de varias coenzimas) e a forma reduzida de NADPH (atua como
coenzima doadora de H em sínteses redutoras e em reações de proteção contra compostos
oxidantes). Na via das pentoses-fosfato, a energia derivada da oxidação da glicose é
armazenada sob a forma de poder redutos (NADPH) e não ATP, como na glicólise. Além disso,
o NADPH combate radicais, sendo de extrema importância para a integridade das células. É
importante entender que a via das pentoses-fosfato irá estar dividida em duas partes:

1) Oxidativa: Irá formar dois NADPH, através da a oxidação das moléculas, além da
formação de CO2 que se encaminha para a respiração. Assim é gerando a ribose-5-
fosfato que é um isômero.
2) Não oxidativa: Esta parte irá ocorrer o processo onde irá produzir energia utilizando a
ribose-5-fosfato, gerando frutose-6-fosfato e gliceraldeido-3-fosfato.

Biossíntese e degradação de Glicogênio:

O glicogênio é um polímero de glicose que constitui a forma de reserva deste açúcar. É uma
vantagem natural ocorrendo a redução da osmolaridade, resultante do menor numero de
partículas em solução. É sintetizado principalmente pelo fígado e músculos quando a oferta de
glicose supera as necessidades energéticas imediatas destes órgãos. O glicogênio muscular
será utilizado pelo mesmo, enquanto no caso do fígado será usado por todo o corpo.

 Degradação do Glicogênio: Na cadeia ocorre a retirada das moléculas de glicose pela


Glicogênio fosforilase que retirando a glicose adiciona um Pi na mesma. Quando duas
ramificações adjacentes ficam com 4 moléculas cada uma, a Transferase move 3
moléculas de glicose para uma das ramificações deixando apenas uma molécula em
uma das ramificações, isso porque a glicose ligada ao ramo possui uma ligação α-1,6,
assim a α-1,6 Glicosidase irá fazer a retirada desta glicose formando H 2O também. A
partir disto a Glicogênio Fosforilase pode continuar novamente.
Como a glicose foi fosforilada, torna-se glicose-1-fosfato, a enzima Fosfoglicomutase
transforma-a em glicose-6-fosfato que no musculo já irá seguir para a via glicolítica
(visto que será usado já no próprio), e no fígado ainda sofre a adição e água e retirada
do Pi pela Glicose-6-Fosfatase se tornando Glicose novamente e sendo encaminhada
para todo o corpo.
 Síntese de Glicogênio: A Glicoquinase transforma a Glicose em glicose-6-fosfato
ocorrendo o gasto de um ATP, assim, a Fosfoglicomutase modifica-a em glicose-1-
fostato que pela ação da Glicose-1-fosfato-uridil-transferase irá virar UDP-Glicose.
Após isto a Glicogênio sintase desprende o UDP da glicose que se liga ao glicogênio.

Não esquecer que se o glicogênio está sendo formado no fígado é usado a Glicoquinase e no
músculo a Hexoquinase.

A Glicogenina é uma enzima que liga a glicose a tirosina, quando não já mais reservas e está
começando o estoque novamente, assim a glicogênio sintase pode começar a unir as glicoses
através de ligações nas ramificações α-1,6, enquanto com a tirosina é α-1,4.

Metabolismo de Sacarose e Lactose:

Ler o metabolismo de transformação de sacarose e lactose em glicose e não esquecer que é


um processo diferente apenas na primeira parte da Glicólise e que há o mesmo gasto de ATP,
no caso 2. Galactose não é um açúcar tão energético então precisa ser convertido em glicose.
Gliconeogênese:

A maioria dos tecidos é capaz de suprir suas necessidades energéticas a partir da oxidação de
vários tipos de compostos: açúcares, aminoácidos, ácidos graxos. Alguns tecidos e células de
animais superiores, entretanto, utilizam exclusivamente glicose, como é o caso das células do
cérebro e hemácias. Após o animal se alimentar, suas reservas são formadas e a quantidade de
energias necessária para o momento é utilizada. À medida que vai diminuindo a concentração
de glicose circulante derivada diretamente da absorção de alimentos, a degradação crescente
de glicogênio hepático incumbe-se da manutenção da concentração adequada de glicose
sanguínea.

No entanto, a reserva hepática de glicogênio é limitada e insuficiente para manter níveis


glicêmicos normais, então, há necessidade de outra via metabólica de produção de glicose,
sendo a Gliconeogênese, a síntese de glicose a partir de compostos que não são carboidratos:
aminoácidos, lactato e glicerol.

Com exceção da lisina e leucina, todos os aminoácidos podem originar glicose. Os aminoácidos
são provenientes de degradação de proteínas no músculo. O lactato origina-se dos músculos
submetidos a contração intensa e de outras células que degradam glicose anaerobicamente –
medula renal, retina e hemácias. O glicerol é derivado da hidrolise de triacilgliceróis do tecido
adiposo durante o jejum.

O fígado é o principal órgão pela Gliconeogênese, e apenas em casos de jejum muito


prolongados, o córtex renal chega a dar uma contribuição importante.

1) A Alanina e Lactato são transformados em Piruvato pela Alanina Amino Transferase e


Lactato Desidrogenase, respectivamente. Então, dentro da mitocôndria a Piruvato
Carboxiquinase transforma-o em Oxalacetato. Saindo e indo para o citossol,
novamente, através da Fosfoenolpiruvato Carboxiquinase é retirado o CO2 colocado
anteriormente se transformando e Fosfoenolpiruvato.
2) Ocorre a conversão de Frutose-1,6-bisfosfato em frutose-6-fosfato pela Frutose-1,6-
bisfosfatase.
3) Conversão de glicose-6-fosfato em glicose pela Glicose-6-Fosfatase.
A formação com Glicerol transforma-o em glicerol-3-fosfato com a Glicerol Quinase e, então, a
Glicerol-3-fofato Desidrogenase forma a diidroxacetona fosfato.

Quando ocorre a degradação de triglicerídeos, forma-se glicerol e corpos cetônicos que serão
uma fonte energética de músculos e tecidos periféricos, podendo ser usados como energia no
cérebro em casos extremos.

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